2017_0619 - Revista LEVE 2a edição
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Especial Saúde<br />
ABORDAGEM<br />
MULTIDISCIPLINAR<br />
Cirurgia robótica e<br />
videolaparoscopia são<br />
opções de técnicas<br />
usadas no tratamento<br />
da hérnia abdominal<br />
“<br />
O sobrepeso, o uso<br />
excessivo de corticoide<br />
e o cigarro podem<br />
alterar as fibras de<br />
colágeno no corpo,<br />
contribuindo para o<br />
surgimento da hérnia”<br />
Dr. Sergio Roll<br />
Método seguro<br />
As telas são recursos bastante utilizados para o fechamento<br />
da parede abdominal em cirurgias de correção da hérnia.<br />
Feitas de polipropileno ou de poliéster, elas cobrem o orifício<br />
da hérnia e criam uma camada protetora dos pontos de<br />
fraqueza abdominal, reduzindo as chances de que ela volte a<br />
aparecer no mesmo local, a chamada recidiva.<br />
Tipos de hérnia abdominal<br />
INGUINAL: Ocorre na região da virilha e é a mais comum<br />
entre as hérnias abdominais.<br />
FEMORAL: Também chamada de crural, ocorre quando<br />
há passagem de conteúdo abdominal pelo canal femoral e<br />
pode resultar em protusão na região da virilha e da coxa.<br />
UMBILICAL: Pode ser de nascimento (que, em geral,<br />
fecha-se naturalmente na primeira infância) ou adquirida,<br />
por um defeito na cicatriz do umbigo. Em mulheres, pode<br />
ser provocada por gestação com ganho excessivo de peso.<br />
EPIGÁSTRICA: Nesse caso, é a linha mediana do<br />
abdome, acima ou abaixo do umbigo, a atingida. É<br />
possível ser acometido por duas ou mais hérnias<br />
epigástricas ao mesmo tempo.<br />
DR. SERGIO ROLL<br />
Especialista em hérnia e coordenador<br />
do Centro de Hérnia do Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz<br />
INCISIONAL: É resultado da cicatrização e/ou do<br />
fechamento inadequados da parede abdominal depois<br />
de uma cirurgia. É a hérnia que mais apresenta<br />
chances de recidiva.<br />
peso, espirrar ou tossir com vigor são movimentos<br />
que aumentam a pressão intra-abdominal. Para quem<br />
tem esse orifício já dilatado, esses estímulos são suficientes<br />
para forçar para fora gordura ou parte de um<br />
órgão (em geral, o intestino) e provocar a protuberância<br />
típica da hérnia abdominal.<br />
POR QUE ISSO?<br />
A hérnia abdominal está ligada a uma predisposição<br />
a produzir colágeno do tipo I ou III de maneira<br />
insatisfatória. Mas há outras circunstâncias que podem<br />
enfraquecer pontos da fáscia muscular, como<br />
envelhecimento, obesidade, diabetes, uso de medicamentos<br />
à base de corticoide, queda da imunidade<br />
e tabagismo. Também não é raro que uma hérnia<br />
apareça depois de uma cirurgia – como a de redução<br />
do estômago, por exemplo –, em especial se o<br />
fechamento da parede abdominal não for feito corretamente<br />
ou se a cicatrização não for boa. Nesse<br />
caso, a hérnia é do tipo incisional (saiba mais sobre<br />
os tipos de hérnia abdominal no box ao lado).<br />
Para o tratamento da hérnia ventral, a cirurgia é<br />
o procedimento mais indicado. O conteúdo corporal<br />
pode sair através dele e entrar de novo, espontaneamente,<br />
na cavidade abdominal. Em alguns casos,<br />
pode ser necessária uma massagem que coloque-o<br />
de volta ou, ainda, as vísceras podem sair e ficar<br />
encarceradas, formando o tal calombo permanente.<br />
Em episódios mais sérios – as chamadas hérnias<br />
complexas –, a porção que fica para fora do orifício<br />
deixa de ser irrigada e necrosa. “Realizada eletivamente,<br />
a cirurgia de correção da hérnia abdominal<br />
é simples. Se for feita em um momento de emergência,<br />
pode ser uma operação muito mais complicada”,<br />
avalia o Dr. Roll.<br />
TRATAMENTO INTEGRAL<br />
“A cirurgia de hérnia abdominal evoluiu muito nos<br />
últimos 20 anos, mas ainda são poucas as instituições<br />
especializadas, como o Centro de Hérnia do<br />
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que tratam a hérnia<br />
com abordagem multidisciplinar, do pré ao pós-operatório”,<br />
conta o médico.<br />
Alguns diferenciais contribuem para a excelência<br />
da Instituição no tratamento da hérnia, a começar<br />
pelo fato de que o Centro oferece intervenção com<br />
técnica aberta, com videolaparoscopia e com técnica<br />
robótica, de acordo com a especificidade do caso.<br />
“Nem sempre a opção mais moderna é a mais indicada;<br />
há situações em que a cirurgia aberta é a melhor.<br />
Usamos, inclusive, técnicas mistas quando necessário”,<br />
explica. Ele enfatiza, ainda, que a presença de<br />
um cirurgião plástico é parte importante do enfoque<br />
adotado: “Esse profissional é fundamental em casos<br />
de cirurgia bariátrica em que, além da sobra de pele, o<br />
paciente tem hérnia”.<br />
Um fisiatra (especializado em reabilitação) também<br />
integra o corpo clínico do Centro de Hérnia.<br />
Além de dar orientações pós-operatórias – em especial<br />
para atletas, que constituem grande parte<br />
dos pacientes –, o fisiatra atua no pré-operatório de<br />
casos em que o conteúdo que saiu pela abertura da<br />
hérnia é bastante volumoso. “Pode ser necessário<br />
aumentar a cavidade abdominal ou fazer os músculos<br />
relaxarem para que alças intestinais voltem<br />
ao lugar”, explica o Dr. Roll. O trabalho de um nutricionista,<br />
de enfermeiros especializados em feridas<br />
e em fisioterapia respiratória ou motora completa a<br />
abordagem multidisciplinar.<br />
“O sucesso de uma cirurgia depende dessa atuação<br />
multidisciplinar. Para operar um tabagista,<br />
por exemplo, é preciso preparar seu pulmão, ou ele<br />
pode virar um tossidor crônico, fazendo com que a<br />
hérnia volte. Com uma avaliação integral, fica mais<br />
fácil garantir a qualidade de vida do paciente e seu<br />
retorno às atividades, e também minimizar as chances<br />
de complicações pós-operatórias e de recidiva.<br />
Seja qual for o tamanho do problema, o Centro de<br />
Hérnia tem condições de dar solução completa a<br />
ele”, diz o médico.<br />
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<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
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