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GAZETA DIARIO 321

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Foz do Iguaçu, segunda-feira, 3 de julho de 2017<br />

Política<br />

03<br />

POR QUEBRA DE DECORO<br />

Processo no Conselho de Ética da Câmara<br />

termina em cassação de cinco vereadores<br />

Por 13 votos a 1, vereadores votaram em silêncio pela perda de mandato; defesa tentará anulação do processo<br />

Da redação<br />

Reportagem<br />

O processo do Conselho de<br />

Ética da Câmara Municipal terminou<br />

na cassação de cinco<br />

vereadores acusados de quebra<br />

de decoro ao tomar posse quando<br />

estavam presos na Operação<br />

Pecúlio. O Diário Oficial<br />

deve fazer a publicação da cassação<br />

hoje (3) ou amanhã (4).<br />

Em sessão no sábado (1º), que<br />

durou praticamente o dia inteiro,<br />

o plenário decidiu, por 13<br />

votos a 1, pela perda do mandato<br />

de Rudinei de Moura<br />

(PEN), Luiz Queiroga (DEM),<br />

Anice Gazzaoui (PTN), Edílio<br />

Dall’Agnol (PSC) e Darci<br />

DRM (PTN).<br />

O único voto contrário à<br />

cassação foi do vereador Beni<br />

Rodrigues (PSB). "O plenário<br />

é soberano, e cada um deve votar<br />

de acordo com a consciência.<br />

Votei contra a perda do<br />

mandato porque ao meu ver<br />

não houve quebra de decoro<br />

parlamentar. Outras colegas<br />

pensam diferentes, mas na minha<br />

opinião é injusto decretar<br />

a cassação destes vereadores<br />

que ainda não foram julgados<br />

no processo da Operação Pecúlio<br />

e podem provar a inocência.<br />

Eu também sou acusado e vou<br />

provar minha inocência", afirmou<br />

Beni.<br />

Na Operação Pecúlio, tanto<br />

Beni quanto os cinco vereadores<br />

cassados respondem após a<br />

denúncia do Ministério Público<br />

Federal por suposta participação<br />

no chamado esquema do "mensalinho"<br />

em que teriam recebido<br />

Foto: CMFI<br />

Em sessão no sábado (1º), que durou praticamente o dia inteiro, o plenário decidiu, por<br />

13 votos a 1, pela perda do mandato dos cinco vereadores<br />

vantagens financeiras em troca<br />

de apoio político na Câmara ao<br />

ex-prefeito Reni Pereira (PSB).<br />

As acusações referem-se a fatos<br />

supostamente ocorridos na legislatura<br />

passada.<br />

Dos 12 vereadores presos<br />

em 15 de dezembro do ano passado,<br />

Beni e os outros cinco já<br />

tinham sido reeleitos. Beni não<br />

foi denunciado no Conselho de<br />

Ética porque, como a prisão<br />

dele foi temporária, acabou liberado<br />

antes da data da posse<br />

oficial. Os demais foram empossados<br />

no dia 18 de janeiro em<br />

ambiente conturbado na Câmara,<br />

quando foram conduzidos<br />

da prisão para assinatura do livro<br />

de posse.<br />

A repercussão negativa do<br />

ato de posse foi considerada<br />

pelo Conselho de Ética uma<br />

exposição vexatória do Legislativo.<br />

Na conclusão do processo<br />

disciplinar, o conselho apresentou<br />

pedido de cassação, que<br />

foi acatado pelo plenário por<br />

maioria esmagadora.<br />

Anderson deixou<br />

o plenário<br />

Os 13 vereadores que decretaram,<br />

em nível administrativo,<br />

a perda do mandato dos cinco<br />

acusados de quebra de decoro<br />

ficaram em silêncio durante<br />

a discussão do assunto. Nenhum<br />

usou o tempo de até 15<br />

minutos ao qual tinha direito<br />

para argumentar e justificar o<br />

voto. Apenas quando solicitados<br />

pelo presidente da sessão,<br />

Elizeu Liberato (PR), que verbalizassem<br />

o voto, eles se levantavam<br />

um a um e declaravam:<br />

"Senhor presidente, meu<br />

voto é sim".<br />

Logo na primeira votação,<br />

o vereador Anderson de Andra-<br />

de (PSC) usou o microfone<br />

para dizer que não se sentia à<br />

vontade para julgar outros colegas<br />

e anunciou que iria retirar-se<br />

do plenário. Com isso, o<br />

painel passou a considerá-lo<br />

ausente na votação. Na sequência,<br />

Anderson teria sentido<br />

um mal-estar e sido atendido<br />

pelo SAMU.<br />

O suplente Edson Narizão<br />

(PTB), que assumiu o lugar de<br />

Rogério Quadros (PTB) para<br />

as sessões de julgamento da<br />

perda de mandato, perguntou<br />

ao presidente da sessão se poderia<br />

abster-se, porém como foi<br />

informado de que só poderia<br />

votar sim ou não, resolveu votar<br />

pela cassação. "Foi uma decisão<br />

complicada, mas faz parte<br />

da política, e você tem que<br />

se posicionar. Espero que a<br />

questão seja efetivamente resolvida<br />

na Justiça", afirmou.<br />

Virar a página<br />

O vereador Marcio Rosa<br />

(PSD), vice-presidente do<br />

Conselho de Ética, declarou à<br />

imprensa que durante o<br />

processo administrativo todos<br />

os pontos foram avaliados.<br />

"Analisamos a acusação e<br />

ouvimos as defesas e<br />

cumprimos todas as etapas,<br />

conforme a lei. A conclusão foi<br />

de que efetivamente houve<br />

quebra de decoro", apontou.<br />

De acordo com ele, o<br />

desfecho, com a cassação de<br />

cinco vereadores, não é<br />

motivo de comemoração. "Não<br />

temos nada a comemorar. É<br />

momento triste com os<br />

próprios pares sendo julgados<br />

e a população angustiada<br />

também ao ver o nome da<br />

cidade sendo veiculado dessa<br />

forma em rede nacional. O<br />

que mais desejamos agora é<br />

virar essa página e escrever<br />

uma nova história na política<br />

da cidade", concluiu o<br />

vereador.<br />

Durante a sessão, seis<br />

advogados se revezaram na<br />

tribuna repetindo<br />

argumentos sobre ilegalidades<br />

no processo e ofensa a vários<br />

princípios básicos da<br />

Constituição e a garantias<br />

individuais. Todos afirmaram<br />

à imprensa que vão recorrer à<br />

Justiça, pedindo a anulação do<br />

processo disciplinar, para<br />

reverter a cassação dos<br />

vereadores. Apesar da<br />

expectativa de tensão, os<br />

membros da PM e da Guarda<br />

Municipal destacados para a<br />

segurança não tiveram<br />

trabalho.<br />

R

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