19.09.2017 Views

GAZETA DIARIO 386

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Foz do Iguaçu, segunda-feira, 18 de setembro de 2017<br />

ENCARCERADAS<br />

Cidade<br />

11<br />

Foz tem mais de 140 mulheres<br />

presas por tráfico de drogas<br />

O levantamento do Depen, com base nos registros do sistema prisional,<br />

aponta ainda que 80% das detentas são mães e chefes de família<br />

Da redação<br />

Reportagem<br />

Mais de 170 mulheres vivem<br />

hoje atrás das grades no<br />

Centro de Reintegração Social<br />

Feminino de Foz do Iguaçu<br />

(Cresf). Desse total, 85% delas<br />

(cerca de 140) estão detidas<br />

por envolvimento com o<br />

tráfico de drogas. A maioria<br />

tem idade entre 18 e 35 anos, é<br />

mãe e está longe de seus filhos<br />

e de seus lares, enfrentando situações<br />

diárias de violação de<br />

direitos à espera do julgamento,<br />

que pode levar anos.<br />

Segundo dados do Departamento<br />

Penitenciário do Paraná<br />

(Depen), Foz do Iguaçu reduziu<br />

a população carcerária<br />

feminina em quase 30% nos<br />

últimos cinco anos, no entanto<br />

a realidade é sempre preocupante,<br />

principalmente pela "facilidade"<br />

de uso e comércio de<br />

entorpecentes na região.<br />

Em 2013, conforme registro<br />

do sistema prisional (sem incluir<br />

dados de delegacias), havia<br />

250 mulheres cumprindo<br />

pena em regime fechado. No<br />

ano de 2014, o número caiu<br />

para 22, passando a 219 em<br />

2015. Entre 2016 e 2017, houve<br />

uma redução de 47 detentas,<br />

passando de 225 para atuais<br />

178.<br />

No Paraná, os registros oscilaram<br />

bastante, mesmo assim<br />

é possível perceber uma<br />

redução significativa de 2015,<br />

quando havia 1.025 mulheres<br />

encarceradas, para agosto deste<br />

ano, 671. Na contramão, os<br />

dados nacionais apontam que<br />

o Brasil teve um crescimento<br />

de 19,6% no registro de mulheres<br />

presas, passando de 37.380<br />

em 2014 para 44.721 em 2016.<br />

De todas as detentas no<br />

país, 43% ainda não tiveram<br />

seus casos julgados em definitivo,<br />

e cerca de 60% possuem<br />

envolvimento com o tráfico.<br />

Dentro desse contexto, o Depen<br />

aponta que a maioria das<br />

mulheres submetidas ao cárcere<br />

não possui ligação com grandes<br />

organizações criminosas e<br />

também não ocupa posições de<br />

gerência ou alto nível nesse<br />

tipo de crime.<br />

Grande parte das presas<br />

entrou no submundo do tráfico<br />

assumindo o "serviço" dos<br />

companheiros que já se encontram<br />

detidos. Sob ameaça de<br />

terceiros e com baixa escolaridade,<br />

elas acabam tornandose<br />

"vítimas" e não veem outra<br />

saída que não a de submeterse<br />

às ordens dos traficantes e,<br />

por vezes, arriscar a própria<br />

vida para salvar a do marido e<br />

dos filhos.<br />

A maioria das mulheres presas tem idade entre 18 e 35 anos, é<br />

mãe e está longe de seus filhos e de seus lares<br />

Atualmente cerca de 170 mulheres cumprem pena em Foz<br />

Mães<br />

encarceradas<br />

Um estudo divulgado pela<br />

Fundação Oswaldo Cruz<br />

(Fiocruz) aponta que 83%<br />

das presas têm pelo menos<br />

um filho e 31% delas são<br />

chefes de família. Nos<br />

presídios, de cada três<br />

mulheres grávidas, uma foi<br />

obrigada a usar algemas na<br />

internação para o parto, e<br />

mais de metade não teve o<br />

número necessário de<br />

consultas pré-natal.<br />

Ainda segundo a pesquisa,<br />

15% das detentas sofreram<br />

algum tipo de violência<br />

durante o tempo de<br />

hospitalização, 32% não<br />

fizeram teste de sífilis e<br />

4,6% das crianças nasceram<br />

com forma congênita da<br />

doença.<br />

Na maioria dos presídios, a<br />

criança só pode permanecer<br />

com a mãe até completar 1<br />

ano de idade. Após esse<br />

período, ela é entregue a<br />

algum familiar ou abrigo e<br />

geralmente não poderá ter<br />

contato com a mãe, muitas<br />

vezes por escolha da presa,<br />

que não quer ver o filho<br />

dentro da prisão. A criança<br />

cresce sob vulnerabilidade<br />

social, resultante de um<br />

sistema que não sabe lidar<br />

com a justiça e os direitos<br />

humanos.<br />

F

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!