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GAZETA DIARIO 417

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Foz do Iguaçu, quarta-feira, 25 de outubro de 2017<br />

Geral<br />

15<br />

POLÍTICA<br />

Moro e Dallagnol defendem reformas<br />

legislativas para barrar corrupção<br />

Juiz federal chamou de "desvirtuamento" do STF o fato de dedicar-se a questões excepcionais, o que não caberia à Corte Suprema<br />

Fernanda Cruz<br />

Repórter da Agência Brasil<br />

O juiz Sérgio Moro, da 13ª<br />

Vara Criminal de Curitiba, e o<br />

procurador da República Deltan<br />

Dallagnol, coordenador da<br />

Lava Jato no Ministério Público<br />

Federal, defenderam ontem<br />

(24) reformas legislativas, e até<br />

mesmo na Constituição, como<br />

forma de barrar a corrupção no<br />

país. Ambos participaram do<br />

Fórum Estadão Mãos Limpas<br />

e Lava Jato, na capital paulista.<br />

Moro disse que não se vê,<br />

na sociedade, um movimento<br />

empenhado em mudar práticas<br />

como, por exemplo, a de loteamento<br />

político de cargos na<br />

Petrobras, que facilitou as fraudes<br />

em contratos da estatal.<br />

"Não quero assumir uma bandeira<br />

política, falo isso como ci-<br />

dadão", afirmou Moro. Para o<br />

juiz, a eliminação da corrupção<br />

precisa partir dos brasileiros.<br />

Dallagnol concordou e disse<br />

que é preciso ir além do trabalho<br />

do Judiciário.<br />

"Um discurso salvacionista<br />

seria dizer que a Lava Jato vai<br />

salvar o país. Mas nós somos<br />

limitados, tiramos algumas<br />

maçãs podres do barril com as<br />

limitações que o sistema tem",<br />

afirmou. "A mudança está nas<br />

mãos da sociedade. Se o Congresso<br />

que está lá não aprova<br />

[medidas contra a corrupção],<br />

tem que colocar quem aprova<br />

em 2018", acrescentou.<br />

Delação premiada<br />

Para Moro, a colaboração<br />

premiada, usada na Lava Jato,<br />

apesar de ser uma medida controversa,<br />

serviu como impulso<br />

para a revelação dos crimes.<br />

"Como a vítima é o Erário, usar<br />

um criminoso contra o outro é<br />

uma técnica importante". Segundo<br />

o juiz, é fundamental<br />

que os delatores sofram alguma<br />

pena. "Mas que seja minorada,<br />

não a mesma sanção,<br />

como se não houvesse a colaboração",<br />

acrescentou.<br />

O juiz ainda defendeu a prisão<br />

preventiva aplicada no Brasil<br />

pela Lava Jato apenas em<br />

casos de exceção. "A legislação<br />

permite [a prisão preventiva]<br />

para proteger provas, evitar<br />

fuga e evitar a continuidade da<br />

prática dos crimes", ressaltou<br />

Moro. De acordo com Dallagnol,<br />

somente 3% das pessoas<br />

presas na operação não tiveram<br />

condenação definitiva. "As prisões<br />

preventivas são restritas<br />

às pessoas mais relevantes e<br />

com poder de decisão mais consistente",<br />

disse ele.<br />

Foto : Arquivo<br />

O juiz Sérgio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol<br />

defendem reformas legislativas para barrar a corrupção<br />

Supremo<br />

Outro assunto levantado<br />

foi o que o juiz chamou de<br />

"desvirtuamento" do Supremo<br />

Tribunal Federal (STF) em<br />

julgamentos de casos criminais<br />

concretos, em vez de se<br />

dedicar a questões excepcionais,<br />

como foi a do ensino religioso<br />

em escolas. "Decidir busca<br />

e apreensão, quebra de sigilo,<br />

isso tem que ser mudado. A<br />

Lava Jato ilustra essa dificuldade<br />

pelo excesso de processos",<br />

afirmou Moro.<br />

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