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<strong>World</strong> <strong>of</strong> <strong>Metal</strong><br />
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Reportagens<br />
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Tiago Fidalgo<br />
Entrevistas<br />
João Coutinho<br />
Fernando Ferreira<br />
João Pedro Silva<br />
EDITORIAL<br />
Sonhos<br />
Certamente é especial para mim, como amante da música, estar aqui a escrever estas<br />
linhas numa edição que traz os Septicflesh, vinte anos após ter sido introduzido à banda<br />
através do genial ainda que pouco acessível "Esoptron", um álbum que desafia o teste<br />
do tempo e representativo da primeira fase da carreira da banda grega. Um álbum que<br />
também foi a principal inspiração para o conto deste mês, a segunda parte na saga<br />
"Pesadelos", embora toda a discografia da banda tenha servido como referência. Vinte<br />
anos depois, com um novo álbum cá fora e com um pequeno hiato, a banda revela estar<br />
em pico de forma. É engraçado como as coisas mudam. Obviamente que vinte anos<br />
é muito tempo mas quantas vezes vimos que nada muda por mais tempo que passe?<br />
Neste caso, não há razão para a nostalgia amarga. Septicflesh está melhor que nunca,<br />
majestoso e poderoso assim e ficámos a saber sobre tudo na banda exclusiva que a banda<br />
nos deu, que é o grande destaque deste mês.<br />
A sua música sempre puxou ao lado mais onírico da arte e tal como com Cradle Of<br />
Filth no mês passado, sempre foi inspiradora para que pudéssemos criar algo nosso.<br />
É essa a inspiração necessária para estarmos aqui todos os meses, para tentarmos<br />
expandir a <strong>World</strong> Of <strong>Metal</strong> cada vez mais. Novas parcerias - <strong>Metal</strong> Keeper Fest, Black<br />
Kactus Booking e Records e ainda Vagos <strong>Metal</strong> Fest - um novo site e ainda a vontade<br />
de fazer mais. Sonhar mais. É o poder dos sonhos. Além de não pagarem impostos,<br />
são inesgotáveis. Se não perdermos aquela inocência, aquela loucura que nos diz para<br />
seguirmos o coração e irmos atrás das nossas paixões.<br />
Ninguém está livre disso e pode acontecer a qualquer um. Acomodar-nos à segurança<br />
e lentamente morrermos ao som da conformidade. É a inspiração de bandas como<br />
Septicflesh, Belphegor ou Satyricon, que não desistem e continuam a seguir a sua paixão<br />
e coração, ano após ano, álbum após álbum. Essa é a lembrança para nós, humildes<br />
apreciadores de música, de que as paixões, as verdadeiras, são eternas. Tal como a<br />
música em si. O sonho existe para ser vivido e tornado realidade.<br />
Fernando Ferreira – <strong>Outubro</strong> <strong>2017</strong><br />
3
Indice<br />
5 - Sempre A Partir<br />
6 - Veinless<br />
10 - Manilla Road<br />
14 - Mandragora Malevola<br />
16 - Korpiklaani<br />
18 - Avatarium<br />
20 - In Vein<br />
22 - eluveitie<br />
24 - Affäire<br />
30 - Satyricon<br />
32 - Belphegor<br />
36 - Septicffllesh<br />
40 - Especial Steven Wilson<br />
44 - PEsadelos - Cap 2<br />
50 - Artwork Insights<br />
52 - Top 20 1956<br />
55 - Reviews<br />
74 - ÁAlbum do Mêes<br />
75 - Máaquina do Tempo<br />
78- Cavaleiros da Tavola Triangular<br />
80 - <strong>Metal</strong> Missionaries<br />
81 - WOM Live Report<br />
99 - Agenda<br />
Foto na 4Contracapa<br />
por Sónia Ferreira<br />
Foto Cradle Of Filth por<br />
Artūrs Bērziņš
Sempre A Partir<br />
Por Conan, o Barbeiro<br />
Porque é que as pessoas não se contentam com o que têm? Porque é que a sua felicidade não depende<br />
apenas dos seus feitos, das suas conquistas e façanhas? Porque é que na ausência de alguma das anteriores<br />
faz com que se procure a derrota dos outros para preencher esse vazio? Não é chegar a um ponto triste<br />
da existência humana quando o nosso valor depende unicamente daquilo que se passa na vida anterior?<br />
Que tipo de pessoas patéticas são estas que se alimentam da forma como colocam entraves na vida dos<br />
outros? E porque é que não percebem que esse alimento que nunca as satisfaz? Que vão contiuar a viver<br />
de forma mesquinha, de sabotagem em sabotagem, à espera da felicidade?<br />
Isto são perguntas sem resposta, embora não sejam apenas pura retórica. È comum encontrarmos invejas<br />
daqueles que por qualquer motivo concentram-se noutras pessoas do que neles próprios. É também<br />
comum termos aqueles que culpam os outros pelos seus desastres. A culpa não é deles mesmos. É mais<br />
fácil viver assim. É fácil, perante os outros, dizer que se foi vítima das patifarias daqueles de quem não<br />
gostamos. Todos temos os nossos próprios e é impossível gostarmos de todos aqueles que encontramos<br />
no caminho, assim como é impossível todos gostarem de nós. Nem é isso que está em questão.<br />
É um círculo vicioso, usar o que nos aconteceu como desculpa para nos deitarmos abaixo, para sermos a<br />
vítima e depois para fazer o mesmo aos outros (que provavelmente nem têm nada a ver com o assunto).<br />
Como se tudo o que tivessemos seria a necessidade de encontrar uma justificação para nos sentirmos<br />
vingados - "Já que me fizeram a mim...". O que é algo igualmente tão parvo. A verdade é que quem<br />
tem inveja, vai sempre ter inveja. Vai sempre puxar para baixo aqueles que de alguma forma estão no<br />
seu caminho e encontram-se felizes ou pelo menos demonstram isso. Haverão sempre aqueles que vão<br />
considerar isso como uma <strong>of</strong>ensa pessoal.<br />
Agora a pergunta mais importante que podemos fazer é... Será que pessoas como estas merecem sequer<br />
que se gaste energia a pensar nelas? Falar é fácil, principalmente quando se sente que se está a tentar<br />
andar para a frente e só se sente é mãos a agarrem-nos e a puxar para trás e pés a rasteirar. É fácil perder a<br />
calma e desanimar perante este tipo de situações, mas não estamos a falar do que é fácil. Estamos a falar<br />
do que é correcto.<br />
Portanto, cambada de invejosos e sarnentos, filhos dum tinhoso coxo e zarolho com pústulas no trombil,<br />
metam-se na vossa vida e deixem a inveja para os outros. Se alguma coisa tem sucesso e isso vos faz<br />
comichão no pelo, podem bem empregar a vossa energia e atenção para aquilo que gostam. Não foquem<br />
o que vos faz comichão no pelo porque isso é pedir que mais cedo ou mais tarde o vosso pelo seja coçado<br />
por um poste de madeira de dois metros com pregos ferrugentos que a vida se vai encarregar de vos<br />
espetar pelas nalgas adentro. Ou alguma vez viram um invejoso a triunfar na vida a longo prazo ou a<br />
morrer feliz?<br />
5
eNTREVISTA<br />
Os Veinless são um dos bons valores da música pesada nacional. Após alguns anos de<br />
ausência dos registos de estúdio, regressam com "IX", o segundo álbum. Dinâmico e com<br />
um espectro bastante alargado, "Ix" é um álbum que muda o jogo para a banda e mostra<br />
um novo caminho que a mesma irá seguir no futuro. Fomos falar com os Veinless, aqui<br />
representados por António Boeiro (vocalista), Roger (guitarrista), Kronos (guitarrista) e Alex<br />
(baixista<br />
Fernando Ferreira<br />
Grande álbum de estreia.<br />
Começamos já assim à bruta.<br />
É um sinal de perseverança e<br />
dedicação “IX” estar cá fora?<br />
Como é que o sentem?<br />
António – Este álbum sinto-o...<br />
acho que o sentimos, com, acima<br />
de tudo, um grande orgulho<br />
porque foi um trabalho que não<br />
foi conseguido de repente. Foi<br />
um trabalho que foi feito ao<br />
longo de algum tempo, não só<br />
de composição para o álbum mas<br />
tudo antes, tudo o que aconteceu<br />
antes. Tínhamos o primeiro<br />
álbum e depois de concertos...<br />
mesmo antes, decidimos que<br />
precisávamos de fazer coisas<br />
novas. Houve perspectivas novas<br />
que surgiram na banda. Abordei<br />
a banda a propósito do que<br />
eles achavam de fazer músicas<br />
em português, a cantar em<br />
português. Daí o álbum ser um<br />
bocado híbrido, digamos assim,<br />
6<br />
porque já tínhamos músicas em<br />
inglês que não queríamos perder,<br />
eram fortes. E daí introduzirmos<br />
músicas em português que penso<br />
que resultaram. Mas é um álbum<br />
que vemos com muito carinho e<br />
muita vontade de marcar a nossa<br />
posição no mundo da música<br />
portuguesa.<br />
Qual tem sido o feedback<br />
que têm tido até agora deste<br />
álbum?<br />
Roger – Infelizmente ainda<br />
não tivemos uma grande<br />
oportunidade de o apresentar ao<br />
vivo, por inúmeras situações,<br />
algumas pessoais. Aliás, já<br />
tivemos que dar um concerto com<br />
um músico convidade porque<br />
infelizmente o nosso grande<br />
Kronos, o guitarrista, está com<br />
um problema chato na perna e de<br />
maneira que tivemos que parar<br />
um bocadinho com a divulgação<br />
do nosso álbum. O que foi uma<br />
pena porque perdemos uma<br />
altura muito boa, que foi a parte<br />
do Verão mas tencionamos voltar<br />
à estrada o mais rapidamente<br />
possivel porque além de nos<br />
darmos todos muito bem a<br />
nível de composição e para nós<br />
estarmos dentro do estúdio é<br />
um dia muito bem passado, seja<br />
a compôr, seja a gravar seja<br />
a confraternizar (risos) mas a<br />
verdade é que gostamos muito<br />
dos palcos e do público que nos<br />
acompanha. Também fizemos<br />
algumas experiências antes<br />
da gravação do álbum que foi<br />
tocar algum dos temas ao vivo.<br />
Tivemos uma recepção muito<br />
boa principalmente com temas<br />
como “Outra Vez” que as pessoas<br />
se revêem muito com aquele<br />
tema, a nível lírico. Temas como<br />
“Land Of Dust”, “Wake Up”<br />
que fazem as pessoas viverem<br />
a nossa música de maneira um<br />
bocadinho diferente, porque<br />
estavam habituados a uns<br />
Veinless mais contidos, penso<br />
eu, e nós neste álbum tivemos<br />
uma abordagem um bocadinho<br />
diferente. Não só por tentarmos<br />
os temas em português, mas<br />
também a nível da especifidade<br />
e de tentarmos de alguma forma<br />
termos um álbum um bocadinho<br />
excêntrico a nível de estilos e de<br />
performance e de tudo mais.<br />
Apesar de no <strong>Metal</strong> Archives<br />
estarem catalogados como<br />
thrash metal, esse é um rótulo<br />
que não serve para vos definir,<br />
certo? Há bastante variedade<br />
em “IX” que vai bem mais<br />
além do que apenas thrash. Se<br />
tivessem que vos definir, qual<br />
seria o género onde se sentem<br />
mais confortáveis?<br />
Roger – Este é um problema que<br />
temos desde o início da nossa<br />
banda: nunca nos conseguimos<br />
definir. Penso que falo por<br />
todos porque para já temos<br />
elementos de vertentes musicais<br />
completamente diferentes na<br />
banda, que felizmente se juntaram<br />
e conseguem fazer temas coesos<br />
e que têm sentido. Mas a nível de<br />
estilo, de música para música, é<br />
uma coisa que se veio a ter. Não<br />
nos queremos descaracterizar
com nada. Não queremos nos prender<br />
com nenhum estilo de música mas isso<br />
é algo que veio de forma natural. Não é<br />
algo que digamos ou que se imponha a<br />
nós próprios. É algo que vem de forma<br />
muito natural, é assim, é o que é. Temos<br />
alguma dificuldade em caracterizar-nos,<br />
é verdade mas de certa maneira isso para<br />
nós é bom porque não nos prendemos a<br />
estilo nenhum.<br />
Em termos de influências, também<br />
parecem ser bastantes e variadas.<br />
Se pudessem eleger bandas que vos<br />
inspirem directamente quais seriam?<br />
Kronos – Todos nós temos algumas,<br />
diferentes umas das outras. Passámos por<br />
projectos diferentes até, a nível musical.<br />
Por mim, por exemplo é Faith No More<br />
António – Tenho um espectro musical<br />
sempre muito abrangente e acho que a<br />
música deve ser vista de uma maneira<br />
abrangente e não limitada mas em<br />
relação aos Veinless, as bandas que<br />
provavelmente mais me influenciaram<br />
na voz – tento fazer uma voz que seja<br />
única em português, o que não é fácil –<br />
são os Ministry e Nine Inch Nails, são<br />
duas bandas que aprecio para além de<br />
outros espectros musicais.<br />
Roger – Pessoalmente preferia não falar<br />
em bandas. Acho que não só eu como<br />
toda a banda houve todos os estilos<br />
de música que possamos imaginar. A<br />
minha influência a nível de composição<br />
na banda se calhar tem mais a ver com<br />
o rock alternativo, um pouco de música<br />
gótica, um pouco de metal alternativo,<br />
thrash. Eu ouço de tudo um pouco e as<br />
composições vêm um bocadinho daí.<br />
Não de bandas em particular mas de<br />
estilos. Todas as músicas de todas as<br />
bandas que mexem comigo acabam por<br />
ficar cá. Mas a ter de mencionar uma<br />
banda, uma que me influencia desde<br />
pequeno, Paradise Lost.<br />
A opção de usarem tanto o português<br />
como o inglês nas vossas músicas foi<br />
uma decisão pensada ou sentida?<br />
António – As duas coisas.<br />
Kronos – Sim, as duas coisas porque já<br />
falávamos disso já há bastante tempo.<br />
António – Foram exactamente as duas<br />
coisas. Fui eu que abordei, volto a<br />
repetir. Foi sentido... é mais fácil para<br />
mim se surgir a cantar de improviso,<br />
por exemplo, alguém a tocar uma<br />
malha, o que surge é mais fácil cantar<br />
em inglês. Mas como gosto de desafios<br />
e o português para mim é uma língua<br />
em que eu me movimento com alguma<br />
facilidade através da poesia... e por outro<br />
lado, comecei a achar e haviam pessoas<br />
que diziam que devíamos apostar no<br />
português... e de facto é que no mercado<br />
dentro deste género – Veinless não tem<br />
género mas dentro de um género mais<br />
pesado e metal – há pouca gente a<br />
cantar em português e a fazer este tipo<br />
de música que fazemos e foi também<br />
apostarmos ir por aí.<br />
Roger – Obviamente que teve que<br />
ser um pouco pensado. As músicas,<br />
infelizmente não se adaptam todas. Ou<br />
seja a nível de rock, a nível de metal,<br />
o português é um bocado complicado<br />
soar bem. Felizmente o Tó tem essa<br />
facilidade e nós como músicos tivemos<br />
que nos adaptar a nível de composição.<br />
Isso é notório nas músicas cantadas em<br />
português.<br />
Kronos – E foi pensado no sentido que foi<br />
uma aposta, uma abordagem diferente.<br />
Todas as componentes<br />
das letras falam de<br />
experiências físicas,<br />
espirituais, emocionais.<br />
Falam da natureza, do<br />
mundo que nos rodeia<br />
e das experiências que<br />
vamos tendo ao longo da<br />
nossa vida.<br />
Ainda em relação às letras, as mesmas<br />
são bastante fortes e dramáticas,<br />
quase que convidam a uma<br />
componente teatral que supomos que<br />
tenha uma outra vida em cima dos<br />
palcos. Quando escrevem (ou quando<br />
escreveram estas músicas) têm em<br />
conta essa componente?<br />
António – Sim, sem dúvida. Claro<br />
que sim. Todas as componentes das<br />
letras falam de experiências físicas,<br />
espirituais, emocionais. Falam da<br />
natureza, do mundo que nos rodeia e das<br />
experiências que vamos tendo ao longo<br />
da nossa vida. Não são reduzidas a uma<br />
só coisa. É um espectro enorme de<br />
emoções tanto físicas como espirituais,<br />
como extra-espirituais, como quiserem<br />
tirar proveito disso. Como tal, muitas<br />
vezes são coisas que me são intrínsecas,<br />
mas muitas vezes são coisas que<br />
também me são partilhadas por quem as<br />
ouve. De alguma maneira sente que já<br />
viveu alguns momentos daqueles e que<br />
se identifica.<br />
Roger – Inclusive tivemos algumas<br />
situações de concertos de pessoas que<br />
vieram ter connosco de propósito por<br />
causa das letras por se identificaram<br />
com determinados temas.<br />
António – Normalmente quando<br />
escrevo, escrevo para mim mas sempre<br />
com a preocução de que alguém vá ler.<br />
Com a preocupação de partilha, de não<br />
deixar que fique na gaveta. Se escrevi<br />
tenho que partilhar.<br />
Kronos – Para finalizar a ideia, nota-se<br />
quanto quando estamos a tocar vivo.<br />
Sinto que as pessoas estão a sentir as<br />
letras e as músicas.<br />
A par disso também tiveram um vídeo<br />
a ser premiado com um segundo<br />
lugar no Festival internacional de<br />
Curtas-Metragens de <strong>2017</strong>, o que é<br />
sempre gratificante. A storyline para<br />
o video-clip partiu da banda ou da<br />
equipa que produziu o video?<br />
António – Partiu da letra. O realizador<br />
é meu amigo, eu abordei-o, o João<br />
Pina, e ele pediu-me a letra. Portanto o<br />
storyboard do “Outra Vez” é a letra. Foi<br />
através dela que o João Pina concebeu<br />
todo o principio do vídeo. O João Pina<br />
não é um realizador, é uma coisa que já<br />
não existe muito no mundo do cinema.<br />
É um cinematógrafo. É um gajo que faz<br />
tudo. Realiza, produz, filma. É a equipa<br />
de filmagem toda (risos). Um grande<br />
bem haja ao João Pina, desde já um<br />
grande obrigado<br />
Quanto a concertos, o que têm<br />
planeado para divulgar “IX”?<br />
Roger – Neste momento temos duas<br />
agências para fazer principalmente a<br />
divulgação do álbum tanto em Portugal<br />
como no estrangeiro do álbum e não só.<br />
Essas agências, em principio, a ideia é<br />
marcar-nos uma digressão em Portugal<br />
e depois para irmos lá fora, caso a<br />
aceitação do álbum for boa, a nossa<br />
ideia é fazermos umas viagenzinhas,<br />
passearmos um poucquinho pela<br />
Europa principalmente. (risos) Termos<br />
uma experiência que nunca tivemos<br />
em Veinless. Alguns dos membros de<br />
Veinless já tiveram oportunidade de<br />
tocar no estrangeiro mas Veinless é uma<br />
banda muito territorial. Os nossos fãs<br />
são muito da nossa zona mas por culpa<br />
nossa porque nunca nos aventurámos<br />
muito longe, nunca nos mandámos<br />
para fora de pé, mas isso é totalmente<br />
culpa nossa porque nunca tivemos uma<br />
agência. Por sermos parvos porque<br />
é mesmo assim, porque precisamos<br />
de alguém que nos ajude. Queremos<br />
que certa maneira esse erro seja<br />
colmatado com uma agência a trabalhar<br />
com Veinless. É muito importante.<br />
Chegámos a essa conclusão passados<br />
quinze anos (risos).<br />
António – Não é nada que não tenha dito<br />
já desde início (risos) mas finalmente as<br />
mentes mais conservadoras finalmente<br />
se abriram. (risos)<br />
7
A ligação à editora NBQ Records,<br />
como surgiu e como tem sido<br />
até agora? Está previsto terem<br />
distribuição internacional?<br />
Alex – A distribuição internacional<br />
existe. Fizemos mil cópias do CD,<br />
ficámos com quinhentas para vendermos<br />
a nível nacional e o Fernando (Roberto,<br />
da NBQ Records) ficou incumbido de<br />
vender a nível internacional. Isto surgiu<br />
através de um contacto da Loja do<br />
Rock, eles já tinham o disco gravado<br />
(eu não participei na gravação) e falouse<br />
com o Fernando que eu conhecia<br />
pessoalmente e uma coisa levou à outra.<br />
Foi bastante fácil e ele está a ajudar-nos<br />
bastante.<br />
Roger – Sim e uma coisa que facilitou<br />
realmente foi o Fernando ter gostado<br />
do nosso som. Para nós foi muito<br />
bom, porque uma pessoa como ele que<br />
trabalha com muitos músicos, querer<br />
apostar, querer ajudar uma banda que<br />
não conhece de lado nenhum, ou melhor<br />
por apenas conhecer um elemento<br />
que nem sequer participou no álbum e<br />
quando o ouve diz “ok, eu quero ajudar<br />
estes malucos” para nós foi um motivo<br />
de orgulho. Podemos dizer até que ele<br />
nos ajudou monetariamente a colocar<br />
este álbum cá fora, algo que não faria se<br />
não acreditasse na banda.<br />
Aquilo que podemos notar ao longo<br />
dos anos no underground é que<br />
as bandas têm grande dificuldade<br />
em chegar ao primeiro álbum e<br />
que depois essa dificuldade parece<br />
acrescer ainda mais para lançar<br />
os seguintes, sendo comum termos<br />
bandas com vinte anos de carreira<br />
com apenas dois álbuns lançados.<br />
No vosso caso, já estão a pensar no<br />
futuro em termos criativos?<br />
Kronos - Nós temos neste momento o<br />
terceiro álbum a mais de meio. Ideias,<br />
coisas já estruturadas. Falta fazer o<br />
processo que fizemos com este.<br />
Roger – Fazer a nossa pré-produção<br />
e arrancar para estúdio novamente.<br />
Queremos acreditar que este álbum não<br />
vai demorar tanto tempo a sair como<br />
o anterior e principalmente como o<br />
primeiro (risos).<br />
António - E vou ser audaz e dizer que o<br />
próximo é todo em português.<br />
Roger – Isso é segredo!<br />
António – Não é.<br />
Roger - Para mim era. (risos)<br />
António - Agora deixou de ser.<br />
Kronos – Uma coisa que é inerente a<br />
todos nós. Já tocamos juntos há muitos<br />
anos. Já a meio do processo (do álbum)<br />
8<br />
nos conhecíamos bem, agora ainda mais<br />
nos conhecemos, a nível musical como<br />
pessoal e uma coisa que ajuda é ser fácil<br />
fazermos música juntos.<br />
Roger – Acho que Veinless teve um<br />
problema desde o início que foi arranjar<br />
o elemento certo na voz. Todos os outros<br />
têm sido os mesmos, além do Eddie<br />
que resolveu deixar-nos por questões<br />
pessoais e agora temos o Alex que<br />
felizmente que nos caiu literalmente do<br />
céu. É uma pessoa com quem muito é<br />
fácil trabalhar.<br />
Alex – Pá, obrigado.<br />
Kronos – O Alex parece que sempre fez<br />
parte da banda.<br />
Roger – Parece, sem dúvida, que fez<br />
sempre parte da banda.<br />
António – Este é um tema que está<br />
relacionado com a pergunta. Com o facto<br />
de ter demorado tanto tempo a gravar o<br />
segundo álbum. A banda tem quinze ou<br />
dezasseis anos de existência e muitos<br />
desses anos não são verídicos digamos<br />
assim...<br />
Roger – Cinco vocalistas diferentes.<br />
Em Portugal, infelizmente,<br />
ainda se acha que os<br />
artistas vivem do ar. Não<br />
pagam contas, não pagam<br />
água, não pagam luz.<br />
António - ... Muitos desses anos a banda<br />
não tinha uma formação estável e sólida<br />
e como tal não produzia coisas que<br />
pudessem ser gravadas ou postas em<br />
palco. Essa solidez surgiu quando me<br />
convidaram e eu aceitei. Quando o Eddie<br />
que já tinha saído da banda e voltou<br />
outra vez. Decidimos que já tinhamos<br />
uma formação sólida, já tinhamos coisas<br />
sólidas que podíamos apresentar e<br />
avançar. Fizemos, como costumo dizer,<br />
deixar de brincar às bandas e marcar a<br />
nossa posição no panorama musical.<br />
Roger – E acho que o facto de que<br />
quando o Tó entrou, a banda já tinha<br />
muitos anos e já tínhamos muitas ideias<br />
e muitas músicas compostas. Muitas das<br />
coisas já estavam feitas e a verdade é que<br />
o Tó teve uma facilidade enorme...<br />
António – Não foi, foi um desafio. Tive<br />
que criar refrões em sítios onde não<br />
existiam...<br />
Roger – Estarmos a criar músicas sem<br />
voz é muito complicado. Optámos<br />
pelo feeling, optámos por imaginar<br />
refrões. Obviamente quem vem de fora<br />
vê a música estruturalmente de forma<br />
diferente. Mas ele conseguiu, felizmente<br />
e por isso é que o nosso primeiro álbum<br />
saiu muito rapidamente logo o Tó entrou.<br />
A nível lírico, nós sabemos como é o<br />
Tó a escrever, tem sempre muita coisa,<br />
muito material. Muita coisa foi escrita<br />
logo na altura...<br />
António – Todas.<br />
Roger – Todas, não é? Foi um processo<br />
muito simples mal se deu a entrada do<br />
Tó.<br />
Qual é a vossa maior ambição, como<br />
banda?<br />
Kronos – Conquistar o mundo. (risos)<br />
António - Acho que é a ambição de<br />
qualquer artista em Portugal. É uma<br />
pergunta muito interessante porque<br />
em Portugal, infelizmente, ainda se<br />
acha que os artistas vivem do ar. Não<br />
pagam contas, não pagam água, não<br />
pagam luz. Não têm filhos ou se têm o<br />
ar é que os alimenta (risos) o ar é que<br />
paga as contas. Como dizia há bocado<br />
é deixar de brincar aos músicos. Tenho<br />
felizmente projectos em que o faço<br />
pr<strong>of</strong>issionalmente, não só de música mas<br />
também de poesia e teatro, mas ainda não<br />
consigo viver da arte em Portugal. Vou<br />
tentando e o meu sonho é precisamente<br />
esse, fazer aquilo que melhor sei e gosto<br />
de fazer e que trabalho arduamente<br />
porque não se esqueçam que ser artista<br />
não é simples. Existe um trabalho e não<br />
é nada fácil. Muito difícil e árduo. É<br />
passar horas e horas em estúdio, horas<br />
e horas a queimar as pálpebras como o<br />
Roger que foi ele que gravou o primeiro<br />
álbum e passou noites em branco porque<br />
havia um som que não estava bem... é<br />
um trabalho muito duro e tem que ser<br />
dignificado e pago por isso. As pessoas<br />
têm que perceber que os artistas têm que<br />
ser pagos e viver da sua arte.<br />
Kronos – Fazer valer aquilo fazemos.<br />
Roger – E não esquecer que os músicos<br />
têm que conciliar as bandas com os seus<br />
trabalhos porque infelizmente a música<br />
é patrocinada pelos nossos trabalhos. O<br />
dinheiro que ganhamos é para investir<br />
em amplificadores, em salas de ensaio,<br />
em concertos que não nos pagam e que<br />
temos que investir no transporte. Existe<br />
uma conciliação muito grande a nível de<br />
trabalho, tempo, família<br />
Kronos – Eu diria que é a fusão de duas<br />
coisas. O tentar fazer com que as pessoas<br />
dêem valor ao trabalho que estamos<br />
a realizar. E ao mesmo tempo tentar<br />
abranger o maior número de pessoas<br />
com o nosso trabalho.<br />
António – Subscrevo.
9
eNTREVISTA<br />
NTREVISTA<br />
UP THE HAMMERS<br />
& DOWN THE<br />
NAILS<br />
10<br />
40 anos ao serviço do heavy metal<br />
Há 40 anos os Manilla Road, tomavam forma no Wichita, Kansas, decorria a década de 70, partindo<br />
para aquilo que seria uma viagem pelo que vinha mais tarde a ser denominado de metal épico, digna<br />
de registo, numa longa jornada marcada pela loucura dos altos e baixos do panorama heavy metal<br />
dos anos 90, que quase colocaram ponto final na banda. Foram resistindo contando sempre com<br />
uma legião de fans bastante fieis ao seu estilo e aos seus princípios., o que ainda hoje os faz correr<br />
mundo! Em tempo de aniversário marcado com a estreia de um novo trabalho, de nome To Kill A<br />
Kinge de mais uma tournée, os Manilla Road, com o seu mestre, fundador,compositor, guitarrista e<br />
vocalista Mark the Shark Shelton no leme, Bryan Hellroadie Patrick, voz, Andreas Neudi Neuderth,<br />
bateria e Phil Ross, no baixo, parecem mais fortes do que nunca. Do nosso país guardam excelentes<br />
memórias e aqui pretendem voltar novamente em breve. A WOM foi à conversa com Mark 'The<br />
Shark' Shelton e Bryan 'Hellroadie' Patrick, onde falou sobre, passado, presente e planos futuros. 40<br />
anos de Manilla.<br />
Miguel Correia<br />
Foto por Richard Cathey
Altos e baixos até ao momento?<br />
Shark - Houve muitos<br />
pontos altos ao longo do<br />
caminho. Aprender música<br />
era provavelmente o primeiro.<br />
Seguido por muitos eventos ao<br />
longo dos anos, como encontrar<br />
outros músicos que queriam<br />
formar uma banda comigo, o<br />
primeiro dos sonhos dos Manilla<br />
Road, era conseguir chegar pela<br />
primeira vez a um estúdio, para<br />
assim poder gravar, encontrando<br />
um negócio de rótulos,<br />
chegando a fazer shows com<br />
outras grandes bandas que eu<br />
idolatrado, podendo viajar pelo<br />
mundo. Estes são apenas alguns<br />
dos pontos altos e eu gostaria de<br />
acrescentar que este ano inteiro<br />
foi talvez como um ponto alto<br />
para mim. No que diz respeito<br />
aos pontos baixos, penso que<br />
talvez o nível mais difícil tenha<br />
sido o meio do final da década<br />
de 1990. Era uma conquista<br />
apenas para continuar sendo um<br />
músico de metal naqueles dias e<br />
para passar por esses momentos<br />
e realmente levar a banda de<br />
volta à vida no olho do público<br />
foi com certeza um dos maiores<br />
altos.<br />
Em algum momento naquele<br />
inicio sentiste que poderiam<br />
chegar até aqui?<br />
Shark - Claro, era um sonho,<br />
eu sempre sonhei e esperava<br />
que chegar ao nível em que os<br />
Manilla Road estão agora. E<br />
acho que eu teria que dizer, que<br />
eu sabia porque eu mantive fé na<br />
música e nunca desisti, mesmo<br />
quando parecia infrutífero<br />
continuar. Então eu acho que<br />
sempre acreditei que deixaria<br />
pelo menos alguma forma de<br />
pegada musical nos livros de<br />
história. Tenho a sorte de estar<br />
vivo e poder fazer o que faço e ter<br />
uma base de fãs incrivelmente<br />
fiel que me permite continuar<br />
a fazer música, o que é outro<br />
ponto alto fantástico para minha<br />
carreira, uma vez que se não<br />
fossem eles e se não fosse para<br />
eles, os Manilla Road, nunca<br />
teriam sido o que somos.<br />
Em meados dos anos<br />
90, a cena do metal<br />
estava quase morta.<br />
Acho que a maioria das<br />
pessoas pensa que os<br />
Manilla Road foram<br />
dissolvidos, ou parou<br />
por quase 9 anos, mas<br />
isso não é verdade.<br />
Shark, o que aconteceu<br />
durante os anos 90?<br />
Sobreviveram, mas não foi<br />
fácil!<br />
Shark - Em meados dos anos<br />
90, a cena do metal estava quase<br />
morta. Acho que a maioria das<br />
pessoas pensa que os Manilla<br />
Road foram dissolvidos, ou parou<br />
por quase 9 anos, mas isso não<br />
é verdade. A única vez em que<br />
os Manilla Road não estiveram<br />
juntos de alguma forma foi<br />
por um período de 2 ou 3 anos<br />
enquanto eu estava envolvido<br />
com outra banda que formei<br />
chamada Circus Maximus. Nós<br />
ainda fizemos um álbum, mas a<br />
editora decidiu que ele deveria<br />
ser lançado como um álbum<br />
dos Manilla. Depois disso,<br />
Randy Foxe e Harvey Patrick,<br />
juntaram-se a nós e mantivemos<br />
essa formação por alguns anos<br />
trabalhando localmente na nossa<br />
cidade natal de Wichita. Não<br />
conseguimos encontrar uma<br />
editora à qual nos pudéssemos<br />
juntar e o mercado do nosso<br />
estilo de música, mesmo em<br />
nosso próprio pais, estava<br />
desaparecendo. Nós estávamos<br />
à beira da popularidade séria<br />
com lançamentos como Crystal<br />
Logic, Open The Gatese The<br />
Deluge, mas foi de curta<br />
duração, pois tudo parecia virar<br />
numa direção desfavorável para<br />
nós. E sim, houve algumas<br />
perdas que você pode dizer<br />
quando se trata de membros<br />
da banda indo e vindo. Mas<br />
está tudo bem, porque sempre<br />
pretendi que a Manilla Road<br />
fosse uma entidade em evolução<br />
de qualquer maneira, então, na<br />
realidade, todas as mudanças<br />
ao longo dos anos ajudaram<br />
a manter essa evolução em<br />
andamento.<br />
Foi essa a principal razão para<br />
que a banda se mantivesse?<br />
Shark - Essa é a mais simples das<br />
perguntas para eu te responder.<br />
O amor pela música e pelos<br />
nossos fãs, foram o grande foco.<br />
Como eu disse antes, nossos<br />
fãs são realmente a razão pela<br />
qual aos Manilla Road ainda<br />
estão hoje aqui e, enquanto<br />
houver esse tipo de apoio e<br />
amor, continuarei a fazer o meu<br />
melhor para manter a banda viva<br />
enquanto os fãs desejarem.<br />
No início, as tuas influências<br />
levaram a que a tua música<br />
fosse descrita como rock ou<br />
metal espacial. Como surge<br />
um som assim, quais são as<br />
principais influências?<br />
11
Shark - Naquela época eu<br />
estava realmente na onda<br />
Hawkwind, Pink Floyd, UFO<br />
na sua fase inicial, Scorpions<br />
etc. Eu, para além disso também<br />
fui influenciado pela música<br />
sintetizadora de nomes como<br />
Vangelis, Tangerine Dream,<br />
Synergy entre outros. Então, a<br />
abordagem do acid rock estava<br />
meio embutida em mim. A<br />
minha primeira grande influência<br />
de guitarra foi Jimi Hendrix, e<br />
ele era aquele tipo de material,<br />
de guitarra espacial. Eu tenho<br />
muitas influências ao longo de<br />
todos os anos começando com<br />
compositores clássicos para<br />
Black Sabbath, Deep Purple,<br />
Uriah Heep, Return To Forever,<br />
King Crimson, Judas Priest,<br />
Iron Maiden e uma infinidade<br />
de outros que ajudaram a moldar<br />
meu estilo de escrever e tocar.<br />
Há realmente muitos mais, o que<br />
torna difícil de nomeá-los todos.<br />
Nós estaríamos aqui todo o dia e<br />
noite fazendo essa lista.<br />
Quem são os teus guitarristas<br />
favoritos?<br />
Shark - Toni Iommi, Michael<br />
Schenker, Hendrix, Al Dimiola,<br />
Robert Fripp, Glen Tipton and<br />
K.K. Downing, Dave Murray and<br />
Adrian Smith, Billy Gibbons,<br />
Brian May, Alex Lifeson, e mais<br />
uma vez estariamos aqui muito,<br />
muito tempo para completar esta<br />
lista.<br />
Um novo álbum! Agora que<br />
"To Kill A King" está na rua,<br />
como vocês se sentem, comesse<br />
trabalho e quais são as reações<br />
dos fãs e da imprensa até<br />
agora?<br />
Shark - Olha, eu adoro o álbum.<br />
Acho que é um dos nossos<br />
12<br />
melhores esforços de produção<br />
no Midgard Sound Labs e estou<br />
muito orgulhoso disso. Adoro<br />
as músicas e performances e as<br />
obras que Paolo fez são incríveis<br />
como sempre. Quanto à resposta,<br />
tudo bem que eu ouvi de nossos<br />
fãs? Quanto à imprensa parece<br />
que é 95% sim e 5% não. Eu<br />
geralmente não me concentro<br />
nas críticas, mas devo admitir<br />
que é bom quando a maioria<br />
deles é favorável, naturalmente.<br />
Bryan - Eu estou muito animado<br />
e orgulhoso com as reações dos<br />
fans e até de grande parte da<br />
imprensa. Tudo muito positivo<br />
e na mouche para aquilo que<br />
foram os objetivos que o Mark<br />
estava a tentar alcançar. Cada<br />
um dos álbuns tem sua própria<br />
identidade e este não é diferente.<br />
Grande composição e letras<br />
misturadas com a bateria de<br />
Neudi e nosso novo baixista Phil<br />
Ross...<br />
Comparado com o material<br />
dos anos 80?<br />
Shark - Espero que existam mais<br />
semelhanças do que diferenças,<br />
porque nós só podemos ter esta<br />
opinião depois de ter passado<br />
e experimentado tudo o que<br />
ficou. Há muitas semelhanças<br />
que eu ouço em To Kill A King<br />
com Out Of The Abyss, The<br />
Delugeaté com Mystification<br />
em algumas passagens. Mas,<br />
na maioria das vezes, não tento<br />
acompanhar as comparações. Eu<br />
costumo ir na direção que meus<br />
próprios escolhas me levam. Eu<br />
gosto de deixar a inspiração da<br />
música conduzir o processo de<br />
criação, mais do que a precisão<br />
da premeditação. Eu não gosto<br />
de aderir à equação da música<br />
normal e amo experimentar com<br />
os estilos de fusão juntos. Este<br />
tem sido um padrão desde a<br />
década de 80 que ainda continua<br />
até hoje.<br />
Bryan - As semelhanças são<br />
simples...Mark Shelton! As<br />
diferenças também são simples...<br />
Mark Shelton, mais antigo e<br />
mais sábio! (risos) Eu posso<br />
entender os fãs na tentativa<br />
de comparar o novo material<br />
com o dessa época. Sabes, está<br />
estruturadoem músicas com<br />
longos anos de estilo, solos e riffs<br />
que hipnotizam melodicamente<br />
sua mente, está tudo aí!<br />
Shark, como é o trabalho de<br />
dividir as vozes com o Bryan.<br />
A chegada dele alterou alguma<br />
coisa no teu processo de<br />
composição?<br />
Shark - Na verdade não. Ele<br />
pode cantar algo mais do que eu<br />
posso nesta altura. Seu alcance<br />
vocal é mais alto do que o meu,<br />
desde que eu possa cantar, ele<br />
também pode. Nós decidimos<br />
quem irá cantar determinada<br />
música após o processo de<br />
criação e acabou. Embora<br />
existam algumas músicas que<br />
eu tenho especificamente para o<br />
Bryan ou mesmo a voz dele em<br />
mente ao trabalhar nelas. Mas eu<br />
não diria que mudou o processo<br />
de escrita...<br />
Bryan, o teu papel na banda<br />
mudou, eras roadie, road<br />
manager, entre outras papeis<br />
que desempenhaste. O ano<br />
2000 trouxe nova mudança,<br />
mas agora mais visível. Dividir<br />
as vozes com Mark...esta<br />
mudança mudou alguma coisa<br />
em ti, mudou a forma como<br />
olhavas para a banda, estando<br />
agora num papel diferente?
Bryan - Olha, só isto, desde ai<br />
estou a viver a melhor fase da<br />
minha vida e não mudaria nada!<br />
Mark tem feito isso há muito<br />
tempo e estou feliz em fazer parte<br />
da jornada junto com ele todos<br />
esses anos, de diferentes formas...<br />
Para vocês para além das<br />
vossas influências musicais,<br />
quais são as bandas que mais<br />
vos impressionam nestes<br />
últimos dez anos?<br />
Shark - Quanto às novas<br />
bandas de metal, seria uma lista<br />
bastante longa, mas deixo alguns<br />
bastante interessantes como<br />
Argus, Ironsword, BattleRam,<br />
BattleRoar, Etrusgrave, Mist,<br />
Castle, Firebrand Superrock,<br />
Orchid, Night Demon... poderia<br />
estar aqui a noite toda (risos).<br />
Bryan - Ah, só bandas metal....<br />
Night Demon! Visigoth, Eternal<br />
Champion, estas três para mim<br />
são fantásticas!<br />
Concordam com a afirmação<br />
de Gene Simmons de que O<br />
Rock Morreu?<br />
Shark - Ah não!<br />
Bryan - Olha...fácil, acima<br />
de tudo que se foda o Gene<br />
Simmons! O rock pode estar<br />
morto “BUT METAL IS ALIVE<br />
AND KICKING ASS!” Olha<br />
para Portugal, Ironsword! “They<br />
kick ass”, digo o que sinto de<br />
todo o coração, só a verdade!<br />
Há projetos paralelos em<br />
curso?<br />
Shark - Agora, estou já a trabalhar<br />
no próximo álbum dos Manilla<br />
Road. Eu já tenho um projeto<br />
gravado com Rick Fisher chamado<br />
Riddlemaster, que será lançado<br />
em dezembro deste ano e também<br />
terminei um álbum eletrónico, só<br />
meu, que será lançado digitalmente<br />
em algum momento num futuro<br />
próximo também. Por enquanto,<br />
acho que é suficiente considerando<br />
todas as turnês que fazemos nos<br />
dias de hoje.<br />
Bryan - Sim, sim, gostava de um<br />
dia fazer qualquer coisa a solo...<br />
Duas visitas a Portugal. O<br />
nosso país em duas palavras.<br />
Em duas palavras. Pensam um<br />
dia regressar?<br />
Shark - Olha, nós contamos voltar<br />
assim que for possível. Fiquei<br />
estupefacto quando atuamos no<br />
<strong>Metal</strong> Keeper festival este ano<br />
e claro agradecemos a todos os<br />
nossos fans o carinho e atenção.<br />
Up The Hammers and Down<br />
The Nails.<br />
Bryan - Espero regressar muito<br />
em breve! Amo Portugal, sem<br />
dúvida! Os nossos fans são<br />
apaixonados e inteligentes,<br />
sempre com um sorriso...adorei<br />
Para todos vocês...Up the Super<br />
Bock to the North And Up the<br />
Sagres to the South! (risos)<br />
Cheers..... Felicidades!<br />
13
eNTREVISTA<br />
NTREVISTA<br />
O black metal nacional está longe de estar estagnado. O álbum de<br />
estreia dos Mandragora Malevola, "Awakening The Impvre" é só<br />
mais uma prova. No entanto, a banda vai mais além do black metal e<br />
é uma força completa no que à música extrema diz respeito. A banda<br />
é composta pelo duo Kaos e Igniferum e ambos receberam-nos para<br />
uma conversa esclarecedora sobre o mundo negro dos Mandragora<br />
Malevola.<br />
Fernando Ferreira<br />
Olá pessoal. Muitos<br />
parabéns pelo vosso<br />
álbum de estreia, que<br />
é uma excelente obra<br />
de black metal, bem<br />
dinâmico. Calculo que<br />
estejam satisfeitos com o<br />
resultado final.<br />
Kaos – Boas! Antes de<br />
mais, obrigado pelo apoio<br />
fornecido pela <strong>World</strong> <strong>of</strong><br />
<strong>Metal</strong> e parabéns pelo<br />
vosso trabalho! Sim,<br />
eu pessoalmente estou<br />
bastante satisfeito com<br />
o trabalho! Claro que<br />
poderia estar muito melhor,<br />
mas essa autocrítica é<br />
sempre normal depois de<br />
se terminar um trabalho,<br />
existe sempre algo que<br />
poderia ser melhorado<br />
14<br />
ou ter sido feito de outra<br />
forma. Tento nem sequer<br />
pensar nisso, está feito<br />
e lançado, agora não há<br />
muito a fazer, não vale<br />
pena nos lamentarmos.<br />
Quais têm sido as reacções<br />
que têm recolhido até<br />
agora de “Awakening<br />
The Impvre”.<br />
Kaos – Até ao momento,<br />
com apenas o álbum em<br />
formato digital e em edição<br />
de autor, as reacções<br />
têm sido satisfatórias.<br />
Curiosamente, penso<br />
que tenhamos tido mais<br />
alcance com a Demo de<br />
2015 do que propriamente<br />
com o álbum até ao<br />
momento, mas assim é<br />
a vida… Vamos ver se<br />
com o lançamento em<br />
formato físico este Outono<br />
pela Throats Productions<br />
se rompemos algumas<br />
barreiras e se chegamos a<br />
um público maior.<br />
É possível notar uma<br />
evolução da demo “Black<br />
Flame Ov Illumination”<br />
para “Awakening The<br />
Impvre”. Foi algo<br />
pensado, o caminho<br />
que queriam seguir?<br />
Principalmente no que<br />
diz respeito à variedade<br />
e abrangência nos<br />
arranjos.<br />
Igniferum – Desde que<br />
fundámos a banda em<br />
2013 que o nosso objectivo<br />
foi sempre a criação do<br />
álbum "Awakening the<br />
Impvre". A composição e<br />
escrita de todas as músicas<br />
e letras para o álbum ficou<br />
terminada em 2014. No<br />
entanto, passado dois<br />
anos desde a fundação de<br />
Mandragora Malevola,<br />
ainda não tinhamos nem<br />
uma amostra do nosso<br />
trabalho nem consciência<br />
de como este seria recebido,<br />
e por isso decidimos<br />
lançar a demo "Black<br />
Flame Ov Illumination"<br />
em 2015. Esta demo é<br />
essencialmente uma versão<br />
menos trabalhada de duas<br />
músicas do álbum, e contém<br />
uma faixa exclusiva,<br />
"Mandragora Malevola",<br />
que serve o propósito de<br />
apresentar os ideais da<br />
banda. A evolução que se<br />
deu entre o lançamento<br />
da demo e do álbum<br />
deve-se essencialmente<br />
à regravação de alguns<br />
instrumentos e a uma<br />
mistura mais paciente.<br />
O formato duo tem ganho<br />
bastante adeptos na cena
lack metal. No vosso caso,<br />
como funciona? O Igniferum<br />
trata de todas as composições<br />
e depois Slade Von Kaos trata<br />
das letras ou ambos têm igual<br />
impacto no processo de escrita?<br />
Igniferum – Basicamente é<br />
isso, eu trato da composição e o<br />
Kaos das letras, e cada um revê<br />
e critica o trabalho do outro.<br />
Para o "Awakening the Impvre"<br />
começámos por decidir o tema do<br />
álbum e como é que este deveria<br />
ser abordado musicalmente,<br />
em quantas músicas deveria ser<br />
dividido, e como elas deveriam<br />
fluir entre si ao longo de toda<br />
a duração do álbum. Tomadas<br />
as decisões gerais, passei à<br />
composição das músicas. Ao<br />
terminar as músicas, apresenteias<br />
ao Kaos para ele criticar e fui<br />
fazendo as alterações necessárias<br />
até estarem "aprovadas". À<br />
medida que as músicas foram<br />
sendo terminadas, começou ele<br />
a escrever as letras, as quais<br />
também critiquei ou "aprovei".<br />
O "formato duo" provavelmente<br />
ganha tais adeptos porque permite<br />
que o trabalho de composição e<br />
de estúdio corra com muito mais<br />
fluidez e perfeição, ao contrario<br />
de bandas com mais membros,<br />
onde quase que inevitavelmente<br />
surgem mais dificuldades e<br />
problemas de comunicação<br />
e organização, o que resulta<br />
ou no atraso ou até mesmo na<br />
impossiblidade de terminar um<br />
projecto.<br />
Que tipo de inspiração mais<br />
próxima têm os Mandragora<br />
Malevola? E é mais nacional<br />
ou internacional?<br />
Kaos – Pessoalmente não<br />
sigo de perto o movimento<br />
nacional. Conheço os principais<br />
representantes do género em<br />
Portugal, até porque não são<br />
muitos, mas não nos identifico<br />
com eles. É no panorama<br />
internacional, Escandinavo<br />
e Polaco, que Mandragora<br />
Malevola mais se identifica mas<br />
tentamos não nos comprometer<br />
ou nos limitar a seja o que for em<br />
termos de influencias. O nosso<br />
objectivo, aliás como penso<br />
de qualquer banda, é ter uma<br />
sonoridade própria e honesta.<br />
Ponderam dar concertos ao<br />
vivo e em ampliar a formação<br />
para o efeito?<br />
Igniferum – Temos a<br />
possibilidade de tocar ao vivo<br />
em aberto, mas se trabalhar a<br />
dois tem um defeito é mesmo<br />
esse: duas pessoas não fazem o<br />
trabalho de cinco em cima de<br />
um palco. Não só não temos de<br />
momento músicos suficiente<br />
disponiveis e interessados para<br />
trabalhar connosco, como a<br />
nossa própria disponibilidade<br />
não permite tocar ao vivo.<br />
Cada vez são menos os<br />
concertos em Portugal com<br />
bandas nacionais de Black<br />
<strong>Metal</strong>. Aparentemente<br />
existe hoje uma preferência<br />
pela mesma formula já<br />
repetida do Thrash/Death/<br />
Core.<br />
Em relação à cena de black<br />
metal nacional, como é a<br />
vossa visão da mesma? Desde<br />
concertos até às bandas em si.<br />
Kaos – Como já tinha respondido<br />
anteriormente, actualmente não<br />
sigo a cena nacional de perto.<br />
Segui nos anos 90 e princípios<br />
de 2000, mas depois deixei<br />
de ter interesse, até porque o<br />
movimento morreu um pouco.<br />
Existem boas bandas em Portugal<br />
que são as que sobreviveram<br />
desde essa altura mas no que diz<br />
respeito a sangue novo estou um<br />
pouco desactualizado. Também<br />
reparo que cada vez são menos<br />
os concertos em Portugal com<br />
bandas nacionais de Black <strong>Metal</strong>.<br />
Aparentemente existe hoje uma<br />
preferência pela mesma formula<br />
já repetida do Thrash/Death/Core.<br />
É isso que observo em Portugal,<br />
o cenário é igual de norte a sul<br />
do país, sempre com as mesmas<br />
bandas e praticamente sempre o<br />
mesmo género musical. O Black<br />
<strong>Metal</strong> está vivo em Portugal e<br />
existe público, simplesmente não<br />
se vê! E se calhar é assim mesmo<br />
que deve de ser, estar restringido<br />
a um Underground dentro do<br />
próprio Underground.<br />
Segundo a vossa página do<br />
facebook, onde se pode ler e<br />
passo a citar “Mandragora<br />
Malevola é um manifesto de<br />
liberdade moral, o caminho<br />
esquerdo da independência<br />
espiritual, o local onde o<br />
Homem se ergue no Centro<br />
do Universo. Mandragora<br />
Malevola não tem o propósito<br />
de descarregar energias ou<br />
exorcizar demónios, mas sim<br />
conhece-los e aceitá-los como<br />
parte essencial da natureza<br />
Humana.” Mais do que apenas<br />
black metal, do que a soma<br />
de letras e riffs, a essência<br />
dos Mandragora Malevola é<br />
fundamentalmente filosófica,<br />
não? Essa é uma componente<br />
que falta no black metal hoje<br />
em dia?<br />
Kaos – Para mim o Black <strong>Metal</strong><br />
passa por ser mais filos<strong>of</strong>ia do<br />
que propriamente a música. O<br />
que tentamos com Mandragora<br />
Malevola não é transmitir um<br />
Satanismo Medieval de adoração<br />
ao Demónio, até porque isso para<br />
mim não faz qualquer sentido e<br />
me é extremamente contraditório<br />
em muitos sentidos. O que<br />
tentamos é mostrar um estado<br />
de revolta a qualquer sistema<br />
mandatário que nos impeça de<br />
pensar ou agir como realmente<br />
temos necessidade de o fazer,<br />
e obviamente o nosso alvo é a<br />
religião que nos tornou escravos<br />
e nos limitou o pensamento ao<br />
longo dos séculos com ideais<br />
que não fazem rigorosamente<br />
sentido nenhum, especialmente<br />
nos dias de hoje. Para mim é<br />
esta a essência na mensagem do<br />
Black <strong>Metal</strong>, seres o teu próprio<br />
Deus e seguires as tuas próprias<br />
ideias. Obviamente a música<br />
é um factor importante mas<br />
podemos encontrar os mesmos<br />
blastbeats, guitarras rasgadas,<br />
teclados ou gritos em outros<br />
géneros musicais no metal, mas<br />
a filos<strong>of</strong>ia do Black <strong>Metal</strong> é<br />
única! É isso que, para mim, faz<br />
o Black <strong>Metal</strong> ser tão genuíno e<br />
magnífico!<br />
15
eNTREVISTA<br />
eNTREVISTA<br />
Korpiklaani são uma das bandas mais queridas do folk metal. Como foi possível comprovar no<br />
concerto meses atrás no Vagos <strong>Metal</strong> Fest, grande parte dessa adoração vem das actuações<br />
festivas da banda. Por isso mesmo, o lançamento do primeiro álbum/DVD ao vivo da banda é um<br />
acontecimento. Fomos falar com Sami Pertulla para ficarmos a saber mais sobre este lançamento<br />
e sobre os planos futuros da banda.<br />
João Coutinho<br />
16
Finalmente os Korpiklaani têm<br />
um álbum/DVD ao vivo. É esse o<br />
sentimento dos vossos fãs. É também<br />
o vosso?<br />
Sim, claro! Já queríamos fazer um<br />
dvd à muito tempo, mas finalmente<br />
conseguimos fazê-lo desta vez e<br />
nesta ocasião. Tentamos numa tour<br />
na America do Sul mas houve uns<br />
problemas técnicos que levaram a que<br />
não fosse possível mas, finalmente,<br />
juntamos material suficiente para o<br />
fazer.<br />
Porquê agora? É a altura perfeita<br />
pra lançar este tipo de álbum?<br />
Sim, penso eu. O nosso último álbum<br />
de estúdio foi lançado em 2015 e por<br />
isso acho que esta é uma boa altura para<br />
este lançamento. Primeiro de tudo, não<br />
é assim tão fácil fazer um álbum ao<br />
vivo. O nosso vocalista misturou ele<br />
mesmo o álbum. Leva sempre o seu<br />
tempo pra lançar o DVD.<br />
Não há qualquer trabalho de estúdio<br />
por de trás do “Live At Masters Of<br />
Rock”. Tiveram vários concertos<br />
para considerar qual seria o melhor<br />
para lançar ou sabiam desde o<br />
começo que o concerto no Masters<br />
<strong>of</strong> Rock seria ideal?<br />
No DVD estarão 2 concertos. Ambos<br />
do Masters <strong>of</strong> Rock! Acho que o tempo<br />
é certo, como já te disse. Já andamos há<br />
muito tempo a tentar arranjar material<br />
mas ainda não tínhamos sido capazes<br />
de o fazer. Tudo leva o seu tempo.<br />
Quando as bandas têm um certo<br />
número de anos de carreira, é<br />
inevitável ter uma certa fórmula<br />
quando tocam ao vivo, há muitas<br />
que têm de tocar. Tentam não tocar<br />
sempre as mesmas músicas e mudar<br />
a setlist?<br />
Claro que há clássicos que não<br />
podemos deixar de fora. Músicas como<br />
“Vodka”, por exemplo. Não mudamos<br />
de setlist muito frequentemente, sendote<br />
franco. Quando lançamos um álbum<br />
novo claro que tentamos introduzir<br />
músicas novas mas à parte disso não<br />
costumamos mudá-la.<br />
Qual foi o local mais exótico onde já<br />
tocaste?<br />
Penso que uma das memórias mais<br />
exóticas que tenho é nos Cárpatos,<br />
num festival lá. É no meio do nada mas<br />
é extremamente bonito e o festival é<br />
no topo de uma montanha. Tem uma<br />
vista tão bonita e sentia me como se<br />
estivesse no paraíso.<br />
Vão fazer algumas promoção ao vivo<br />
do DVD?<br />
Sim, estamos a fazer isso e a Nuclear<br />
Blast está a ajudar nos. É sempre bom<br />
termos vídeos a saírem de modo a<br />
cativar Ainda mais os fãs a comprarem<br />
o nosso DVD e estarem atentos ao<br />
lançamento.<br />
O “Noita” foi lançado à dois anos.<br />
Novidades em relação ao ovo álbum?<br />
Quando o podemos esperar?<br />
No próximo ano. Estamos a trabalhar<br />
nele para que no próximo ano esteja cá<br />
fora.<br />
Considerando que estamos a falar<br />
porque há um álbum ao vivo que<br />
vocês estão a lançar, eu tenho<br />
que perguntar ... quando estás a<br />
escrever músicas novas, tentas<br />
levar em consideração como elas<br />
vão soar ao vivo, ou o vosso foco<br />
é apenas escrever o melhor que<br />
conseguirem? Já te deparas-te com<br />
algumas músicas que ao vivo não<br />
têm a mesma sensação que na sala<br />
de ensaios?<br />
Claro. É uma pergunta difícil. Algumas<br />
musicas soam melhor no álbum, é<br />
verdade. Acho que, por exemplo, não<br />
tocamos o “Noita” todo ao vivo porque<br />
sentimos que algumas musicas não<br />
são tão boas ao vivo e, mesmo por<br />
esse motivo, decidimos que não as<br />
deveríamos tocar.<br />
17
eNTREVISTA<br />
Avatarium surpreenderam tudo e todos com a sua estreia e têm<br />
vindo a solidificar o seu percurso com um crescimento musical<br />
impressionante. "Hurricano and Halos" junta-se a esse propósito<br />
e é a razão de mais uma digressão. Fomos falar com Marcus<br />
Jidell, guitarrista, e ficámos a conhecer mais sobre o mundo dos<br />
Avatarium<br />
João Coutinho<br />
18
Pronto para mais uma<br />
digressão? Ansioso por<br />
tocar?<br />
Sim, estou extremamente<br />
entusiasmado! Vai ser a<br />
primeira vez com os novos<br />
membros da banda! São<br />
músicos extremamente<br />
talentosos e não posso<br />
esperar por tocar com<br />
eles! Estou extremamente<br />
entusiasmado para tocar as<br />
novas músicas, sabe muito<br />
bem.<br />
Nos próximos concertos,<br />
vão trazer mais músicas<br />
“Hurricane And Halos”<br />
para a setlist?<br />
Sim, claro! Acho que<br />
finalmente temos a<br />
possibilidade de fazer a<br />
setlist que sempre quisemos<br />
fazer. Há tantas musicas<br />
diferentes, muitas com<br />
imensa energia, o que é<br />
muito bom. Adoramos<br />
as pesadas e calmas mas<br />
também é excelente ter<br />
músicas enérgicas. Por isso<br />
sim, vai haver muita energia<br />
no alinhamento!<br />
O Leif Edling vai tocar<br />
com vocês nesta digressão?<br />
Não, não. Ele não toca no<br />
álbum. Ele é como se fosse<br />
um mentor, Ainda escreve<br />
algumas coisas para a banda<br />
mas não, não vai connosco<br />
em digressão. Neste<br />
momento o nosso baixista<br />
é considerado dos melhores<br />
das Suécia e mal posso<br />
esperar para tocar com ele,<br />
tem muita energia ao vivo, o<br />
que será ótimo para a banda.<br />
Sobre o próprio álbum,<br />
isto realmente demonstra<br />
que vocês já possuem a<br />
vossa própria identidade.<br />
Vocês sempre tiveram<br />
isso, mas percorreram<br />
um longo caminho desde<br />
ser apenas doom metal<br />
com voz feminina. Agora<br />
parece muito difícil rotular<br />
o vosso som - que na minha<br />
opinião é um elogio por<br />
conta própria. Esse foi<br />
o objetivo ao escrever<br />
"Hurricane And Halos”?<br />
Muito Obrigado! Fico muito<br />
feliz por teres gostado do<br />
álbum! Acho que é uma<br />
coisa natural para nós seguir<br />
este caminho. Claro que<br />
adoramos bandas doom como<br />
os Sabbath mas também<br />
é importante a energia e<br />
as músicas acousticas!<br />
Tentamos sempre encontrar<br />
a nossa própria voz e o nosso<br />
próprio estilo.<br />
Ainda sobre o vosso som,<br />
tu e a banda têm sempre<br />
uma ideia clara do que<br />
fazer criativamente?<br />
Sim, acho que nós temos<br />
sempre uma ideia clara do<br />
que pretendemos atingir.<br />
Quanto mais tocas, mais<br />
facilmente encontras o<br />
teu som. É um processo<br />
natural. Tentamos explorar<br />
o nosso som de modo a<br />
torná-lo pessoal e único. Há<br />
demasiadas bandas em que<br />
um membro quase “ordena”<br />
os outros a tocar um estilo de<br />
música. Nós não queremos<br />
estar incluídas nesse lote de<br />
bandas.<br />
Não importa o som, parece<br />
que a Jennie está cada vez<br />
mais à vontade com seu<br />
papel como frontwoman,<br />
não concordas?<br />
Sim, ela cada vez melhora<br />
mais e mais. Cada vez que<br />
tocamos ao vivo ela está<br />
melhor. Tornou-se uma<br />
excelente frontwomen. Ela<br />
segura tudo, musicalmente e<br />
em termos de concertos. Ela<br />
é muito confiante. A coisa<br />
mais impressionante nela<br />
é que consegue ser frágil e<br />
poderosa ao mesmo tempo.<br />
Podemos esperar os<br />
Avatarium em Portugal<br />
num futuro próximo?<br />
Adoraria! Neste momento<br />
não tenho a certeza. Não<br />
sei a razão pela qual não<br />
tocarmos aí. Desta vez<br />
vamos ter uma pequena<br />
tour, de 15 dias, que é o que<br />
podemos fazer no momento,<br />
devido a motivos familiares<br />
e pessoais. Felizmente no<br />
próximo ano iremos tocar aí,<br />
espero eu!<br />
Vou terminar com uma<br />
sugestão, Avatarium e The<br />
Doomsday Kingdom. O<br />
que achas? Provavelmente<br />
terias de tomar esteroides<br />
mas seria um grande<br />
alinhamento.<br />
(Risos). Seria um conjunto<br />
de bandas bastante bom<br />
mas não tenho a certeza se<br />
conseguiria tocar por duas<br />
bandas(risos). Acho que o<br />
King Diamond fez isso com<br />
os Mercyful Fate mas não<br />
tenho a certeza (risos).<br />
19
eNTREVISTA<br />
Da cena underground nacional, os In Vein são uma das<br />
bandas de destaque e que mais têm tocado ao vivo. Numa<br />
pausa entre descarregar material e subir ao palco para mais<br />
um concerto, tivemos uma curta conversa com o Paulo<br />
Monteiro, um dos guitarristas da banda, que demonstrou<br />
muita animação por poder tocar cada vez para mais pessoas.<br />
João Coutinho<br />
20
O vosso primeiro álbum<br />
de estúdio é intitulado<br />
“Ressurect”.Como têm<br />
sido as reações não só do<br />
público mas também da<br />
imprensa?<br />
O público gostou e comprou<br />
o disco. A imprensa pareceme<br />
que estava à espera de<br />
mais da nossa parte. Fica<br />
aqui prometido à imprensa<br />
que o próximo álbum será<br />
melhor e que os In Vein<br />
tentarão demonstrar, Ainda<br />
mais, a sua identidade.<br />
Falando um pouco mais a<br />
fundo do álbum, há algum<br />
tema que liga todos as<br />
faixas ou são elas apenas<br />
vivências dos membros da<br />
banda?<br />
Todas elas são vivências do<br />
nosso vocalista. A ligação<br />
entre elas é o António visto<br />
que são todas vivências dele.<br />
Ele quis contar a história da<br />
infância e da adolescência<br />
dele através das nossas letras<br />
e penso que foi algo muito<br />
bem conseguido.<br />
Antes de começarem<br />
a trabalhar no álbum<br />
tinham uma ideia clara do<br />
que pretendiam atingir? Se<br />
sim, conseguiram-No?<br />
Conseguimos atingir o<br />
máximo de nós. Em termos<br />
de som superamos, sem<br />
duvida, tudo aquilo que nós<br />
pensamos no início. Para<br />
nós era incapaz fazer algo<br />
tão bom a nível de som,<br />
mas chegamos lá e estamos<br />
extremamente orgulhosos<br />
do que atingimos. Mesmo a<br />
nível de produção.<br />
Houve alguma razão em<br />
específico para a escolha<br />
da Raising Legends para o<br />
lançamento do vosso álbum<br />
de estreia? Há planos para<br />
distribuição lá fora?<br />
Simplesmente por ser a<br />
melhor escolha no norte de<br />
Portugal. Trabalhamos muito<br />
para isto mas felizmente<br />
conseguimos e aqui estamos.<br />
Claro que há planos para<br />
distribuição lá fora, há<br />
sempre. Mas para o próximo<br />
já está quase garantido.<br />
Temos conseguido<br />
ter quase sempre o<br />
mesmo panorama<br />
de reações, havendo<br />
sempre festa.<br />
Além de vários concertos<br />
que têm dado um pouco<br />
por todo lado para<br />
promover o “Resurrect”<br />
foram confirmados como<br />
primeiro nome do Vagos<br />
<strong>Metal</strong> Fest. Como te sentiste<br />
quando contactaram a<br />
banda e como surgiu a<br />
oportunidade? Devem<br />
tudo ao vosso fã que levou<br />
o cartaz para o recinto?<br />
Devemos grande parte a esse<br />
mítico cartaz. 80% ou até<br />
mais foi devido ao facto de<br />
eles quererem e acreditarem.<br />
O resto penso que foi o<br />
trabalho que já andamos a<br />
desenvolver desde o início<br />
da banda, que nos levou a<br />
tocar num festival de nome<br />
como o Vagos.<br />
Como tem sido a<br />
experiência da digressão<br />
do “Resurrect” até ao<br />
momento?<br />
A experiência tem sido<br />
satisfatória. Temos conseguido<br />
ter quase sempre o<br />
mesmo panorama de reações,<br />
havendo sempre festa. E<br />
enquanto houver festa nós<br />
estamos feliz e queremos<br />
sempre mais (risos).<br />
Em termos de <strong>of</strong>ertas para<br />
tocar no estrangeiro, já<br />
tiveram? Várias bandas<br />
underground no nosso<br />
país como os Analepsy têm<br />
tido <strong>of</strong>ertas para tocar no<br />
estrangeiro. Para os In Vein<br />
isto é possível ou Ainda é<br />
uma realidade longínqua?<br />
Sem ser uma ida a Almada<br />
não (risos). É margem sul,<br />
não é bem Portugal (risos).<br />
Não é algo tão longínquo mas<br />
não é fácil para uma banda<br />
fazer esses quilómetros<br />
todos. Mas vamos tentar<br />
melhorar para em breve<br />
estarmos a tocar lá fora!<br />
21
eNTREVISTA<br />
NTREVISTA<br />
Os Eluveitie s<strong>of</strong>reram uma pesada mudança no seu alinhamento<br />
- que veio a resultar no nascimento dos Cellar Darling - e os fãs<br />
temeram que a banda não conseguisse recuperar. Com a segunda<br />
parte de "Evocation", um ábum inteiramente acústico, a banda<br />
renasce e cala as bocas de preocupação. Fomos confirmar com<br />
Chrigel Glanzmann, líder e membro fundador da banda, como está a<br />
ser este momento de renovação.<br />
João Coutinho<br />
22
Aqui estamos nós com o novo<br />
álbum dos Eluveitie, após um<br />
difícil período. Como te sentes<br />
com o álbum lançado?<br />
Sinto-me muito, muito feliz!<br />
Com uma transformação tão<br />
grande no alinhamento deves<br />
ter passado um momento<br />
difícil. Esperavas que isto<br />
acontecesse?<br />
Bem... (risos) estivemos juntos<br />
por mais ao menos dez anos, e<br />
isso pode ser considerado um<br />
logo período de tempo,<br />
por isso sim. As pessoas<br />
desenvolvem-se e os<br />
grupos também. É algo<br />
natural. Claro que se<br />
me dissesses isto há<br />
cinco anos atrás eu não<br />
acreditaria. Isto não é<br />
algo que esperas que<br />
acontece mas sim, pode<br />
acontecer e neste caso<br />
aconteceu. O último ano<br />
foi muito difícil. Como<br />
banda e mesmo a nível<br />
pessoal.<br />
De qualquer maneira,<br />
aqui estás tu, com<br />
o “Evocation II:<br />
Pantheon”. Podes nos<br />
dizer se esta segunda<br />
parte fora planeada<br />
para ser lançada<br />
agora? E tiveram<br />
os novos membros<br />
impactos nas novas<br />
composições?<br />
Sim, ambos. A decisão<br />
foi tomada já há algum<br />
tempo. A maioria da<br />
escrita de letras foi feita<br />
nos últimos meses e<br />
sim, os novos membros<br />
tiveram impacto.<br />
Sempre foi assim<br />
e sempre será. Nos<br />
últimos 12 meses e com os novos<br />
membros a atmosfera na banda<br />
tem sido excelente. Crescemos<br />
todos como um grupo de pessoas<br />
e músicos! É uma atmosfera<br />
muito familiar mas muito<br />
dedicada!<br />
Escrever exclusivamente<br />
material acústico é mais<br />
desafiador não achas? Com<br />
distorção podes esconder<br />
algumas falhas mas em<br />
acústico não há espaço para<br />
errar. Sentes alguma pressão<br />
extra ou é normal para ti?<br />
Eu não sinto a pressão e acho que<br />
nenhum de nós a sente. Não acho<br />
que este é o caso. Nós estamos<br />
a produzir um álbum e queremos<br />
que seja bom, seja em acústico<br />
ou não.<br />
Podemos esperar uma digressão<br />
completamente em acústico<br />
para promover o “Evocation<br />
II”? Ou vão misturar as vossas<br />
duas faces?<br />
Nunca digas nunca. Mas para já<br />
não vamos dar uma digressão<br />
completamente acústica. Para<br />
já, ir em digressão pela Europa<br />
está confirmada e vamos com<br />
uma digressão completamente<br />
metálica. Isto não quer dizer<br />
que não tocaremos músicas<br />
do álbum. Tu podes colocar<br />
algumas musicas do álbum num<br />
Set metálico, na minha opinião!<br />
“Evocation” como o nome<br />
sugere, invoca a natureza,<br />
as maneiras e as crenças<br />
antigas. Consideras que os<br />
tempos antigos eram mais<br />
saudáveis que o tempo que<br />
vivemos ultimamente? E que<br />
a preocupação com a natureza<br />
caiu no esquecimento?<br />
Por um lado, temos de admitir<br />
que infelizmente já está no<br />
esquecimento. Na minha opinião,<br />
é mais saudável do que o que<br />
temos hoje em dia. Eu escrevo<br />
as letras para mim mesmo e<br />
não gosto muito de<br />
pregar as ideias das<br />
minhas letras, são<br />
apenas as minhas<br />
ideias pessoais.<br />
Sentes que agora<br />
tens uma união<br />
forte dentro da<br />
banda? E podes<br />
nos falar um pouco<br />
mais dos novos<br />
membros?<br />
Tenho de dizer<br />
que quando os<br />
membros antigos<br />
saíram da banda<br />
nós percebemos<br />
que tínhamos de<br />
procurar bem por uns<br />
novos integrantes.<br />
Sabíamos que<br />
tínhamos tempo<br />
para escolher mas<br />
ao mesmo tempo<br />
tínhamos muitas<br />
digressões marcadas<br />
e concertos em<br />
festivais que<br />
dissemos, desde<br />
o início que não<br />
iríamos cancelar.<br />
Todos são<br />
excelentes músicos<br />
e contribuíram para<br />
o melhoramento dos<br />
Eluveitie como um todo!<br />
Vieram a Portugal e foram bem<br />
recebidos. Sabes se vão voltar<br />
em breve? Está algo planeado?<br />
Como deves calcular não somos<br />
nós que marcamos as digressões<br />
e não sei as datas em particular<br />
das digressões! Mas sim, espero<br />
que seja possível voltar a tocar<br />
em Portugal!<br />
23
THE NEON GODS<br />
“Ao contrário daquilo que as modas e a ditadura da<br />
indústria musical dos 1990’s tentaram estabelecer, o<br />
Rock n Roll não tem de ser lamechas, inocente e pálido.”<br />
24
“Infelizmente, o panorama nacional nunca foi fértil em bandas inspiradas na faceta glam do hard rock<br />
mas, à primeira vista, parece que estamos agora bem representados com os AFFÄIRE ” - Revista Loud!<br />
“Melhor banda portuguesa do ano” Programa de rádio "On The Rocks"<br />
“It’s always a good sign if within a few seconds, you know you are going to like a band. AFFÄIRE play the kind<br />
<strong>of</strong> ’80s friendly glam and/or sleaze metal music that is easily what I want to hear.” - Sleaze Roxx (Canadá)<br />
“Band <strong>of</strong> the week” - Rock Or Die (Japão)<br />
Foi desta forma que “At First Sight”, primeiro álbum dos portugueses AFFAIRE foi acolhido na imprensa<br />
especializada, a nível nacional e mundial! Depois partilharem palcos com nomes como Paul Di Anno e os<br />
House Of Lords, surgem agora, com o EP “Neon Gods”, mais recente trabalho. A WOrld <strong>of</strong> <strong>Metal</strong> foi à conversa<br />
com J.P. Constanza, baterista da banda lusa e tentou saber quem são e para onde vão...<br />
Miguel Correia<br />
25
Como e em que contexto<br />
surgiram os Affaire? Quem<br />
são os Affaire?<br />
Demo-nos a conhecer no<br />
verão de 2011, altura em que<br />
aparecemos aparentemente do<br />
nada com o single “Born Too<br />
Late” (lançado apenas em vinil),<br />
com a estreia ao vivo e com uma<br />
personalidade já traçada. Para<br />
trás tinha ficado cerca de um<br />
ano com algumas experiências<br />
de line-up, composição e<br />
preparação da identidade da<br />
banda. E ainda mais para trás<br />
fica o acumular de ideias durante<br />
anos que não faziam sentido na<br />
minha banda anterior. Quando<br />
essa banda acabou, abriu-se<br />
naturalmente uma janela para os<br />
Affäire ganharem forma. Desde<br />
a fundação estamos eu (J.P.<br />
Costanza, baterista) e o Rick<br />
Rivotti (guitarrista). A formação<br />
completa-se com o D.D. Mike<br />
na voz e o Tawny Rawk no<br />
baixo.<br />
Quais as vossas influências<br />
musicais?<br />
O grandioso hard rock dos 80s<br />
é o grande responsável pelo<br />
som que fazemos, não há que<br />
negá-lo, antes pelo contrário,<br />
é a principal e assumidíssima<br />
influência. Mas não é a única.<br />
Sempre tivemos no sangue<br />
o gosto pelo heavy metal<br />
tradicional e pelo punk rock.<br />
Sem entrar em demasiados subgéneros,<br />
é correcto dizer-se que<br />
estes são os ingredientes que<br />
estão na base do que fazemos.<br />
Foi o início de um sonho?<br />
Todos nós já passámos por outras<br />
bandas e não partimos para os<br />
Affäire a sonhar com contos de<br />
fadas. Também temos noção do<br />
26<br />
contexto em que vivemos, tanto<br />
no que diz respeito à época<br />
como à localização geográfica.<br />
Mesmo assim, esta é a nossa<br />
identidade e acreditamos nela.<br />
O meu sonho é no fim do ano<br />
a banda ter subido mais uns<br />
degraus relativamente a um<br />
ano atrás, não parar de crescer<br />
ainda que a velocidade não seja<br />
meteórica. Poder fazer o som que<br />
queremos, com credibilidade,<br />
ir lançando trabalhos novos<br />
com regularidade e ir gerando<br />
interesse de novas pessoas já<br />
é uma recompensa valiosa.<br />
Se chega? Não, não chega.<br />
Acho que seremos sempre<br />
eternos insatisfeitos. Importa é<br />
transformar essa “inquietude”<br />
em produtividade e fazer com<br />
que, no fim do dia, a banda<br />
ganhe com isso.<br />
Poder fazer o som<br />
que queremos, com<br />
credibilidade, ir<br />
lançando trabalhos<br />
novos com regularidade<br />
e ir gerando interesse de<br />
novas pessoas já é uma<br />
recompensa valiosa. Se<br />
chega? Não, não chega.<br />
Certamente marcante foi a<br />
experiência de abrir para<br />
nomes como Paul Di Anno<br />
e House <strong>of</strong> Lords, como foi<br />
a receção dos diferentes<br />
públicos, até porque estamos a<br />
falar de nomes com sonoridade<br />
algo distinta.<br />
Talvez estejamos a meio<br />
caminho entre Paul Di Anno<br />
(NWOBHM e punk rock) e<br />
House <strong>of</strong> Lord (melodic hard<br />
rock/AOR). Talvez por isso não<br />
destoamos completamente de<br />
nenhum, o que ajuda a explicar<br />
termos sido bem recebidos,<br />
até com alguma curiosidade.<br />
Não é que sejamos famosos<br />
agora, mas esses concertos<br />
aconteceram ainda no primeiro<br />
ano de actividade dos Affäire e<br />
certamente 90% de quem lá foi<br />
não fazia ideia de quem éramos.<br />
Foi um passo para conseguirem<br />
se juntar à Demon Doll<br />
Records? Foi fácil chegar ai?<br />
Penso que o interesse da Demon<br />
Doll se deveu claramente a<br />
terem ouvido um advance do<br />
nosso álbum de estreia. No dia<br />
seguinte enviaram-nos logo<br />
uma proposta de contrato. Dito<br />
assim, parece que foi fácil, mas<br />
o que lhes chegou às mãos não<br />
nos caiu do céu. Foi importante<br />
termos lançado o nosso álbum<br />
de estreia por uma editora de<br />
culto deste género, para mais<br />
sediada na histórica “capital”<br />
do Hard Rock, Los Angeles.<br />
Abriu-nos algumas portas, algo<br />
que de outra forma dificilmente<br />
aconteceria.<br />
Ai então surge “At First<br />
Sight”, vosso primeiro longa<br />
duração <strong>of</strong>icial. A critica não<br />
podia ter sido melhor. O que<br />
sentiram?<br />
Está quase a fazer dois anos<br />
que saiu o “At First Sight” e a<br />
sensação é que já foi há mais.<br />
A verdade é que foi uma estreia<br />
sólida, onde nada foi deixado ao<br />
acaso. Se o álbum saísse hoje,<br />
continuaria muito satisfeito com
o resultado final. Aconteceu<br />
muita coisa entretanto e,<br />
modéstia à parte, constatamos<br />
que esse álbum colocou-nos<br />
no mapa deste género musical<br />
no underground internacional e<br />
deixou uma marca no Hard Rock<br />
nacional. A excassez de bandas<br />
portuguesas assumidamente<br />
deste género também ajuda, é<br />
um facto.<br />
Acham que tudo isso elevou<br />
ainda mais a fasquia para os<br />
objetivos da banda?<br />
Sem dúvida, mas penso que<br />
respondemos bem a isso. O<br />
novo disco “Neon Gods” está<br />
aí e, mais do que o que nós<br />
achamos, importa as pessoas<br />
ouvirem e darem a sua sentença<br />
quanto a essa fasquia. Apesar da<br />
edição em digipack, facilitámos<br />
a audição disponibilizando as<br />
músicas todas nas plataformas<br />
digitais, à medida de cada um...<br />
Olhando para o passado, anos<br />
80....acham que seria mais<br />
fácil vingar nessa altura?<br />
Porquê?<br />
Em Portugal teria sido<br />
bastante difícil, mas teríamos<br />
mais hipóteses, dada a maior<br />
popularidade deste género<br />
na época e a maior abertura<br />
de grandes editoras para<br />
lançamentos de rock. Nos<br />
E.U.A., as hipóteses seriam<br />
outras, mas também é verdade<br />
que havia uma competitividade<br />
extrema. Para cada banda<br />
que rompia, 999 falhavam na<br />
sombra. Mas tudo estava em<br />
aberto, tudo podia acontecer. E<br />
ao menos estaríamos a viver o<br />
sonho, a acreditar que iria durar<br />
para sempre e sem fazer ideia<br />
de que iria aparecer uma nuvem<br />
negra chamada grunge! Sem<br />
dúvida que trocava.<br />
Diferenças para o que se vê<br />
atualmente?<br />
Incomparável. Só podemos falar<br />
do conhecimento “histórico”<br />
que temos, porque nos anos 80<br />
nenhum de nós tocava ainda em<br />
bandas. Falando de Portugal,<br />
agora existem melhores<br />
condições para haver uma<br />
gravação decente e para uma<br />
banda ter uma “carreira” mais<br />
sólida. A nível global, tenho<br />
obivamente de mencionar a<br />
música na era digital como um<br />
pau de dois bicos: por um lado,<br />
permite um acesso mais livre para<br />
uma divulgação sem barreiras<br />
do ponto de vista das bandas e a<br />
um poço sem fundo para quem<br />
quer conhecer mais música,<br />
seja ela recente ou antiga. Por<br />
outro, banaliza e desvaloriza o<br />
produto musical. Ninguém quer<br />
saber dos músicos que gravaram<br />
e lançaram algo com esforço<br />
e baseado nas suas poupanças<br />
pessoais, é como se até a autoria<br />
da música tivese passado a ser<br />
uma ideia descabida ou virtual.<br />
Além de que a facilidade de<br />
acesso conduziu a uma <strong>of</strong>erta<br />
extremamente saturada.<br />
Quais as maiores dificuldades<br />
com que uma banda se depara<br />
de hoje em dia, pois são poucos<br />
os artistas nacionais que<br />
conseguem, vá lá sobreviver,<br />
só da música?<br />
Talvez comece na falta de<br />
abertura dos principais meios<br />
de divulgação para sair do<br />
círculo restrito dos lobbies/<br />
grupos económicos/editoras/<br />
promotores que insistem em<br />
promover os mesmos de sempre,<br />
em preferir manter a postura de<br />
carneirinho que ouve o que lhe<br />
impingem e promove o que lhe<br />
mandam promover. E porque o<br />
fazem? Para tentarem provar-se<br />
relevantes, desesperadamente<br />
jovens ou simpelsmente para<br />
garantirem a continuidade<br />
desses círuclos de interesses.<br />
Sem divulgação nos maiores<br />
canais, as bandas que fogem<br />
ao “mais do mesmo” ou que<br />
não estão inseridos nessas<br />
correntes de favores estão<br />
de certa forma confinadas ao<br />
underground. Falando do lado<br />
financeiro, é uma conversa já<br />
um pouco gasta mas penso que<br />
existe uma relação directa entre<br />
a ausência de incentivos e o<br />
desconhecimento generalizado<br />
no exterior sobre música<br />
portuguesa, exceptuando o<br />
fado. Em muitas das críticas<br />
que lemos ao nosso trabalho,<br />
temos de levar com a cassete do<br />
“Portugal é conhecido pelo seu<br />
sol e praias mas não por uma<br />
tradição de bandas de rock ou<br />
metal”...<br />
Lembro neste seguimento dos<br />
Moonspell, com toda a certeza<br />
o nome mais consagrado<br />
mundialmente da cena metal<br />
nacional. Sons diferentes, mas<br />
ambições iguais, é assim com<br />
os Affaire?<br />
Os Moonspell tiveram a sorte<br />
de surgir no timing certo – o<br />
boom do gothic metal nos 90s<br />
- mas também tiveram mérito<br />
no trabalho consistente que<br />
os mantem no topo da cena<br />
nacional há mais de 20 anos.<br />
Mas há bandas portuguesas com<br />
as quais me identifico mais e que<br />
mereciam mais algum tempo<br />
de antena. A cena nacional<br />
27
não pode ser vista como, de<br />
um lado, os reis Moonspell<br />
como um eucalipto e, o resto,<br />
a plebe, mera paisagem para<br />
encher o cenário. Compreendo<br />
que tenham mais destaque, mas<br />
considero desmesurado que, das<br />
raras vezes que o conservador<br />
mainstream nacional espreite<br />
no hard’n’heavy, veja sempre<br />
os mesmos. Seria um bocado<br />
forçado dizer que ambicionamos<br />
chegar ao nível de notoriedade<br />
deles. As probabilidades jogam<br />
contra nós e, como disse atrás, a<br />
ambição é fazer por ir crescendo<br />
e logo se vê onde conseguimos<br />
chegar.<br />
Como veem o panorama<br />
nacional? Bandas de<br />
referência para vocês?<br />
Sinceramente, nós preocupamonos<br />
sobretudo em fazer bem a<br />
nossa parte. E daí parte o nosso<br />
contributo. Sabemos que há<br />
bandas interessantes, mas não<br />
somos propriamente ávidos<br />
conhecedores da actualidade<br />
do panorama nacional. Isto<br />
explica-se em parte com o<br />
facto de sermos totalmente<br />
influenciados a nível musical, de<br />
ética de trabalho e da forma de<br />
pensar a banda com exemplos<br />
vindos de outros países. Por<br />
isso, é natural que não exista<br />
nenhuma banda nacional que<br />
seja uma referência para nós:<br />
nenhuma nos influenciou. O<br />
que não quer dizer que não<br />
gostemos de bandas nacionais.<br />
As minhas preferências vão<br />
para Tarantula, Midnight Priest<br />
e o álbum de 1992 dos Joker,<br />
“Ecstasy”. Acho que a única<br />
banda nacional consensual nos<br />
Affäire e presença certa quando<br />
estamos na estrada são os<br />
28<br />
míticos Ena Pá 2000!<br />
Sendo o nosso meio algo curto,<br />
digo isto no sentido de sentir<br />
e perceber que a imprensa<br />
escrita é reduzida, abundam<br />
claro as publicações digitais,<br />
que implicam menores custos,<br />
mas para as quais nós sentimos<br />
muitas das vezes o fechar da<br />
porta por parte de grandes<br />
promotores, a rádio está<br />
há muito “comprada” para<br />
determinadas divulgações, e<br />
grande parte dos concertos vai<br />
funcionando um pouco como<br />
underground, arrastando<br />
“minorias”, devido aos espaços<br />
também eles não <strong>of</strong>erecerem<br />
as melhores condições para<br />
outros voos. Não estou a<br />
menosprezar, estou só a<br />
tentar perceber, qual a vossa<br />
sensibilidade e o que acham<br />
que falta para que tudo fosse<br />
diferente, mais motivante<br />
para o vosso lado, enquanto<br />
músicos, compositores?<br />
Essas são perguntas que também<br />
fazemos a nós próprios. Para<br />
bandas da nossa “divisão”, não<br />
acho que haja falta de espaços<br />
com condições razoáveis. Talvez<br />
haja alguma falta de amor à<br />
música e à cultura rock n roll.<br />
Em querer ajudar a manter viva<br />
uma cena e ajudá-la a crescer.<br />
Há obviamente excepções e,<br />
falando pelos Affäire, sempre<br />
tivemos bastante airplay nas<br />
principais rádios nacionais<br />
ligadas ao rock. Em programas<br />
de autor, é certo, onde “políticas”<br />
não entram, mas também é<br />
nesses que se vê o amor à<br />
camisola. Sentimento que já<br />
falta quando existem inúmeras<br />
casas com nomes pomposos -<br />
fica sempre “cool“ usar e abusar<br />
da palavra rock, mas depois não<br />
ter a integridade de fazer jus<br />
ao nome. Seja por preferirem<br />
apostar consecutivamente em<br />
bandas de covers ou por uma<br />
atitude de quem faz um favor<br />
em receber bandas para tocar ao<br />
vivo. Infelizmente, esse amor<br />
à camisola também falta no<br />
público que diz gostar de rock.<br />
Tirando uma restrita minoria,<br />
quase ninguém tem coragem de<br />
sair de casa para ver concertos<br />
que não sejam as romarias ao<br />
Parque Marítimo de Algés...<br />
O EP “Neon Gods”, surge este<br />
ano com 4 temas originais uma<br />
cover, “I Saw Her Standing<br />
There”, dos The Beatles, que<br />
eu particularmente acho<br />
fantástica e aproveito para vos<br />
dar os parabéns pelo trabalho.<br />
Qual o próximo passo?<br />
Obrigado pelas palavras e pelo<br />
interesse! O novo disco é muito<br />
recente e ainda há muita gente<br />
que precisa de nos conhecer,<br />
só que ainda não sabe! Essa<br />
é a nossa tarefa constante e<br />
quero aproveitar para agradecer<br />
a todas as pessoas que têm<br />
perdido o seu tempo a partilhar<br />
a nossa música por aí e a darnos<br />
a conhecer, a troco de nada!<br />
Isto seria muito mais crítico sem<br />
esse apoio e é uma das razões<br />
que nos faz continuar aqui.<br />
Ainda nos continuam a chegar<br />
críticas ao disco vindas de todo<br />
o lado, que vamos partilhando<br />
nas redes sociais. Neste outono<br />
vai sair o primeiro videoclip<br />
<strong>of</strong>icial retirado de “Neon<br />
Gods”. Paralelamente, estamos<br />
a trabalhar em músicas novas<br />
e não escondo que em 2018<br />
vamos querer dedicar-nos a um<br />
segundo álbum.
29
eNTREVISTA<br />
"Deep Calleth Upon Deep" é provavelmente um dos discos mais<br />
aguardados do ano. Depois das notícias sobre o tumor de Satyr e<br />
a incerteza acerca do futuro da banda - afinal este poderá muito<br />
bem ser o seu último álbum - fizeram com que as atenções se<br />
concentrassem ainda mais. Frost recebeu-nos para um simpática<br />
conversa acerca do actual momento da banda, o novo álbum e para<br />
além dele.<br />
João Coutinho<br />
30
Como é ter mais um álbum<br />
e começar a montanha<br />
russa de entrevistas outra<br />
vez?<br />
É sempre entusiasmante<br />
começar mais um ciclo de<br />
entrevistas com o novo álbum<br />
“Deep Calleth upon Deep”.<br />
Já não lançávamos um álbum<br />
desde 2013 e estou ainda<br />
mais entusiasmado com o<br />
que ainda há por vir. Espero<br />
que os nossos fãs estejam tão<br />
entusiasmados como eu e o<br />
Satyr por começar mais uma<br />
jornada!<br />
O álbum anterior foi sentido<br />
como que se mostrasse toda<br />
a vossa carreira, e ainda<br />
foi capaz de trazer de volta<br />
alguns fãs antigos. Esse<br />
facto constituiu um desafio<br />
extra para escrever "Deep<br />
Calleth upon Deep"?<br />
Sim, claro. Já andamos por<br />
aí a fazer música há algum<br />
tempo e sempre quisemos<br />
melhorar cada vez mais<br />
de álbum para álbum.<br />
Sempre tentámos inovar e<br />
desenvolver um pouco o<br />
estilo de música que tocamos.<br />
Sentimos que realmente<br />
atingimos o objectivo que<br />
nos auto propusemos com o<br />
“Deep Calleth Upon Deep”!<br />
E é um sentimento excelente<br />
quando as coisas correm<br />
como desejamos.<br />
Para ti qual é o melhor ponto<br />
do "Deep Calleth Upon<br />
Deep"? Achas que terá um<br />
papel preponderante na<br />
vossa música como o vosso<br />
álbum auto-intitulado?<br />
Sim, apesar de para mim<br />
este ser um álbum muito<br />
diferente que nos leva para<br />
outro patamar. Tem sido uma<br />
jornada longa. Este álbum<br />
é um passo Ainda mais em<br />
frente dos Satyricon.<br />
Podes falar-nos um pouco<br />
mais do processo de escrita<br />
do álbum? Ensaiaste muito<br />
com o Satyr e as ideias<br />
saíram daí?<br />
Claro, ensaiamos muito.<br />
Fomos ensaiar e sentimos que<br />
tínhamos imensa criatividade<br />
em nós que deveria ser<br />
explorada. Queríamos<br />
depositar Ainda mais de<br />
nós no “Deep Calleth Upon<br />
Deep” do que havíamos feito<br />
em trabalhos anteriores. É<br />
um processo muito dinâmico<br />
e orgânico compôr e ensaiar.<br />
Tudo o que nos fizemos<br />
vem realmente do fundo<br />
do nosso coração, desde o<br />
primeiro dia.<br />
A condição do Satyr (tumor<br />
do cérebro), vai afetar os<br />
planos para digressões?<br />
Temos muitos planos para<br />
digressões! Temos planos<br />
para praticamente todo o<br />
mundo. Europa, América. O<br />
álbum vai sair e vamos andar<br />
em digressão por todo o<br />
mundo durante 2018. Não me<br />
lembro se vamos a Portugal<br />
mas seria ótimo!<br />
Os Satyricon têm agora uma<br />
longa e diversa carreira.<br />
Há algum momento na<br />
carreira dos Satyricon que<br />
hoje em dia não aprecies<br />
tanto como antes?<br />
Tudo o que nos fizemos vem<br />
realmente do fundo do nosso<br />
coração, desde o primeiro<br />
dia. Por isso acho que<br />
não. Estou extremamente<br />
satisfeito com toda a carreira<br />
dos Satyricon e penso que<br />
ainda temos muito mais<br />
por onde explorar, tentando<br />
sempre evoluir Ainda mais<br />
como banda.<br />
Estás em duas bandas que<br />
tocam Black <strong>Metal</strong> mas são<br />
muito diferentes uma da<br />
outra. Como sentes o género<br />
hoje em dia, especialmente<br />
toda a diversidade nele?<br />
Não penso muito sobre isso.<br />
Temos a nossa identidade<br />
e uma voz muito clara<br />
na maneira como nos<br />
expressamos. Acho que isso<br />
é mais que suficiente.<br />
Os Satyricon têm uma<br />
carreira rica, onde sentimos<br />
que alcançaram tanto, mais<br />
do que a maior parte sonha.<br />
O que falta alcançar? O<br />
que ainda há para fazer?<br />
Acho que deve haver algo que<br />
ainda não atingimos e que<br />
falta fazer. Mas está na nossa<br />
natureza ser impressivieis,<br />
mesmo para nós próprios.<br />
Temos respirado e vivido<br />
este álbum, mas mais álbuns<br />
virão e teremos oportunidade<br />
de fazer Ainda mais!<br />
31
Belphegor, pioneiros do metal extremo e uma das bandas mais poderosas e enraivecidas do momento. Com "TotenRitual"<br />
como novo trabalho, não podíamos deixar de ter uma conversa com Helmut, o verdadeiro filho de satanás. Uma conversa<br />
intimista na qual o vocalista nos fala do seu recente problema de coração e de todos os excessos na vida da banda.<br />
João Coutinho<br />
“TotenRitual” é o nome do vosso novo lançamento . É um registo escuro e pesado dos Belphegor. O tens a<br />
dizer sobre isso?<br />
O nosso objectivo principal foi criar a <strong>of</strong>erta mais brutal e pesada que consagramos até agora. Os tambores são<br />
extremamente explosivos e muito técnicos com blastbeats, "fills", mudanças de tempo. O baixo é como um tanque<br />
panzer que atravessa o terreno. As quatro guitarras rítmicas são agressivas e com um tom demoníaco obscuro. Também<br />
acho que esta é a minha mais variada e melhor performance vocal até ao momento. Tenho grunhidos, gritos, spoken<br />
32
word, cantos e até coros de monge como em “Apophis - Black Dragon" e "Embracing A Star“. Estou realmente<br />
orgulhoso deste álbum e mal posso esperar até que ele seja lançado. Ele leva aos limites de tudo o que fizemos<br />
anteriormente.<br />
Como foi o processo de gravação e composição do álbum?<br />
“TotenRitual” é a representação perfeita dos Belphegor numa encarnação ainda mais intensa e possuída. Faixas<br />
como "The Devil's Son", "Swinefever - Regent Of Pigs", "Baphomet" são provavelmente o melhor exemplo de como<br />
queríamos tocar no ano de <strong>2017</strong>. A parede de som é simplesmente brilhante e impressionante, forjada na Flórida<br />
/ E.U.A. por Jason Suec<strong>of</strong> e Mark Lewis nos estúdios Audiohammer. O feedback tem sido impressionante até ao<br />
momento.<br />
33
"não diria que estou mais forte, uma operação de<br />
Vocês consideram o “Totenritual” o álbum mais ambicioso da vossa<br />
carreira? Puxando os limites do que vocês fizeram no passado?<br />
Sim, considero este o mais ambicioso. Esse foi o plano principal, com esta<br />
linha mais forte que já tivemos para um registo Belphegor até agora. Parece<br />
ótimo e estou muito orgulhoso deste novo LP. Deve notar-se que gravei todas<br />
as guitarras para o álbum, mas contratamos sempre um guitarrista de sessão<br />
experiente para apresentações ao vivo. O Serpenth faz tatuagens quando não<br />
está ocupado com os Belphegor e é verdade que ele gravou o logotipo original<br />
no estômago do baterista. Essa exibição de dedicação tornou mais claro que<br />
queríamos assumir o baterista dos monstros alemães Bloodhammer na banda<br />
como um membro permanente. Ele possui um estilo muito dinâmico e técnico.<br />
Com ele na banda, conseguimos trazer todos os aspectos do nosso som para<br />
o próximo nível de extremidade. Tudo parece mais brutal, mais possuído e<br />
alcançou a vibração ritualista que imaginamos desde o início deste projeto.<br />
Mesmo que este seja mais um álbum de metal extremo, não parece<br />
previsível ou, como algo que já tenhamos ouvidoo antes. Como é<br />
que conseguem fazer um registo que se sente fresco, mas também<br />
permanecendo completamente fiel às origens do metal extremo?<br />
Primeiro, as tuas palavras são muito apreciadas. Bem, a razão principal é<br />
definitivamente que sintonizamos as nossas guitarras ainda mais baixas, de<br />
modo a obter uma vibração mais baixa e mais ritmada. Temos muitas afinações<br />
neste álbum: ajustes muito baixos em Si e Lá sustenido. Esse foi um grande<br />
desafio para mim e para o Serpenth, o baixista. As duas afinações diferentes<br />
demoraram muito tempo extra a estabelecer com cordas novas e mais espessas<br />
e diferentes configurações de guitarra. Ele mostrou-me um novo mundo, foi<br />
emocionante com todo o processo de composição / gravação do “Totenritual”.<br />
E foi a decisão certa, então o nosso som desenvolveu-se novamente, ficou<br />
fresco e aumentamos a dinâmica e a intensidade completamente dedicadas à<br />
34<br />
música extrema<br />
Após a infecção pulmonar, voltaste<br />
poderosa do que antes. Achas que est<br />
para fazeres música ainda melhor p<br />
melhores concertos ao vivo?<br />
Eu não diria que estou mais forte, uma o<br />
feridas irreversíveis. A banda é mais f<br />
fazer um concerto tão bruto como actu<br />
pouco mais sábio e mais focado hoje em<br />
operação e nós estávamos cercados de<br />
ou tocássemos. Tudo foi excesso por m<br />
mal: eu não quero perder esses tempo<br />
suicida”, mas se o meu corpo não tiv<br />
estaria morto agora ou mesmo num h<br />
um pouco de sorte, porque eu sei que<br />
forma. Fiquei apaixonado por aquilo,<br />
importante como comer. De qualquer<br />
quando estas próximo da morte. O m<br />
trouxe um novo tipo de loucura de vol<br />
banda.<br />
De volta ao dia em que vocês co<br />
misturar tão bem ambos os géneros<br />
que nunca tinha sido feita antes?<br />
Sim, estávamos entre as primeiras b<br />
simbiose perfeita de ambos os estilos e<br />
estivessem a fazer isto. A cena extrem<br />
Death <strong>Metal</strong>. Para nós, foi natural, já
coração faz sempre algumas feridas irreversíveis."<br />
ainda mais forte e com a voz mais<br />
a foi uma espécie de motivação extra<br />
ara os fãs quando voltaste? E fazer<br />
peração de coração faz sempre algumas<br />
orte hoje em dia, nunca conseguimos<br />
almente. Para mim, talvez eu seja um<br />
dia. Eu era viciado em álcool antes da<br />
excessos, onde quer que estivéssemos<br />
ais de quinze anos. Não me interpretem<br />
s, foi ótimo viver este “estilo de vida<br />
esse que parar, tenho certeza de que<br />
ospital psiquiátrico. Então, sim, tive<br />
nunca teria parado o excesso de outra<br />
muito apaixonado e na época, era tão<br />
forma, há um tipo especial de loucura<br />
eu coração não estava a trabalhar. Eu<br />
ta comigo, que certamente melhorou a<br />
meçaram, como foram capazes de<br />
de metal extremo de uma maneira<br />
andas da Europa que criaram uma<br />
xtremos. Não havia outras bandas que<br />
a do metal foi dividida em Black and<br />
que o nosso antigo guitarrista Sigurd<br />
[1993-2006] era mais o maníaco do Black <strong>Metal</strong>, enquanto eu estava mais no<br />
Death <strong>Metal</strong>, e nós éramos os principais compositores, então, sim, é isso que<br />
fizemos, tentando fundir esses sons majestosos arcaicos juntos , e criamos o<br />
nosso som desde então.De qualquer forma, somos pioneiros no <strong>Metal</strong> extremo<br />
e nós trabalhamos muito para chegar a este ponto.<br />
Vocês anunciaram uma digressão européia e Portugal não está na lista.<br />
Algum motivo especial ou não havia interesse dos promotores? Vocês<br />
acham que podem voltar cá para tocar no SWR Barroselas metal Fest<br />
Tal como fizeram em 2013?<br />
Sabes que não somos promotores. Está na hora de voltar a Portugal. Já faz<br />
um tempo e esperamos ter a oportunidade em 2018. Um festival ao ar livre<br />
seria excelente, nós entraríamos com um ritual completo para dar às pessoas<br />
uma performance diferente. É mais uma cerimónia de morte e magia do que<br />
um concerto de metal típico. Assim que ouço a introdução, cheiro o incenso,<br />
a minha mente muda para outra realidade e eu desço para outro reino. Eu<br />
adoro deixar espiritualmente o meu corpo num mundo demoníaco por mais<br />
de uma hora. Cada concerto tem o seu próprio sentimento, cada cerimónia é<br />
desafiadora, não importa se tocamos para 200 ou 20.000 pessoas.<br />
Obrigado pelo teu tempo e muita sorte com o álbum e as digressões!<br />
Espero ver-te em breve em Portugal!<br />
Obrigado pelo espaço na <strong>World</strong> Of <strong>Metal</strong>, João. Além disso, eu quero agradecer<br />
às pessoas que ouvem os nossos CDs, compram merch nos concertos e todos<br />
os que frequentam os rituais ao vivo dos Belphegor. Bem, espero que as<br />
pessoas não possam esperar para ter o novo álbum, intitulado “Totenritual”,<br />
e apoiar-nos para que possamos continuar a marchar com a máxima força em<br />
todo o mundo! Voltar a Portugal em 2018 é o plano. O inferno espera-nos!<br />
35
Os Septicflesh foram mais uma daquelas bandas da vaga dos anos 90 que “explodiram” completam<br />
a banda assumiu um papel de destaque no panorama da música extrema mundial, fazendo digressõ<br />
pelos seus artworks idealizados por Seth Siro, que também já trabalhou para bandas nacionais com<br />
conversa via Skype com um dos gênios por detrá<br />
36
ente pelo mundo. Com a sua mistura inegavelmente estonteante de Death <strong>Metal</strong> e orquestrações,<br />
es por todo o mundo e vendendo milhares e milhares de discos. Além da sua música, são conhecidos<br />
o Moonspell. Com o “Codex Omega” sempre bem presente nas nossas mentes tivemos uma excelente<br />
s da máquina, Christos Antoniou. - João Coutinho<br />
37
O “Codex Omega” é totalmente diferente<br />
do “Titan” ou de outros álbuns dos<br />
SepticFlesh.<br />
O “Codex Omega” aparece após<br />
27 anos de carreira e está a ser<br />
considerado um dos vossos discos<br />
mais consistentes. Partilhas da<br />
mesma opinião?<br />
Sim, o “Codex Omega” destaca-se<br />
como sendo o nosso melhor e mais<br />
maduro trabalho. Tem elementos<br />
de todas as eras dos SepticFlesh.<br />
Trabalhamos arduamente para<br />
este álbum, estávamos muito<br />
concentrados a fazer várias<br />
experiências. Foram diversas<br />
coisas que fizemos, de modo a<br />
que o novo trabalho soasse a algo<br />
fresco. Até agora pela crítica e pela<br />
recepção que já tivemos parece<br />
que o “Codex Omega” será o disco<br />
de maior destaque em toda a nossa<br />
discografia. Estamos ansiosos por<br />
38<br />
ouvir Ainda mais opiniões sobre o<br />
nosso novo álbum!<br />
A parte orquestral é, como<br />
de costume, um dos melhores<br />
pontos da vossa música. Onde se<br />
inspiram para as escrever?<br />
Sabes, somos todos fãs de bandas<br />
sonoras e música clássica. E isso é<br />
muito importante, visto que assim<br />
partilhamos todos as mesmas<br />
influências. Ouvimos muita música<br />
moderna e diversos compositores<br />
mundiais e usamos esta “arma” à<br />
nossa maneira. Nunca temos de<br />
contratar ninguém. É algo bastante<br />
simples de fazer para nós porque<br />
temos todos os mesmos interesses<br />
e conseguimos criar as diferentes<br />
partes de orquestra, o que é<br />
extremamente importante para<br />
uma banda como nós.<br />
Quando pensamos que vocês não<br />
conseguem escrever um álbum<br />
melhor, vocês vão lá e escrevemno.<br />
Como é que conseguem<br />
escrever música tão complexa<br />
e fazê-la parecer tão simples ao<br />
mesmo tempo? E fazer sempre<br />
melhor do que haviam feito<br />
anteriormente?<br />
Para nós cada um dos nossos álbuns<br />
é especial. Ficamos nos nossos<br />
estúdios privados, a pensar em<br />
algumas ideias. Fazemos sempre<br />
um “brainstorming” com algumas<br />
das ideias para composições e<br />
vamos sempre à procura de algo<br />
que tenha qualidade e que nos
satisfaça. Para os SepticFlesh estes<br />
processos são todos extremamente<br />
importantes. O processo de<br />
composição, as letras, o artwork.<br />
Nós levamos o nosso tempo. Não<br />
tentamos apressar demasiado as<br />
coisas e damos sempre o nosso<br />
melhor. Vamos fazer isso sempre.<br />
Quando sentirmos que não temos<br />
nada para <strong>of</strong>erecer a quem nos<br />
ouve paramos a banda, é simples.<br />
Nos álbuns dos Septicflesh o que<br />
vem primeiro, as orquestrações<br />
ou os riffs?<br />
Bem, tudo é igual. Porque, na<br />
verdade, nós tocamos metal. E<br />
mesmo sendo a parte orquestral<br />
importante para nós e sendo<br />
também uma maneira de nos<br />
distinguirmos dos outros, o metal<br />
é também muito importante. Posso<br />
dizer que as partes orquestrais<br />
são fundamentais na banda, tendo<br />
exatamente o mesmo peso que a<br />
parte dos riffs.<br />
Falando sobre o novo produtor<br />
neste álbum. O que é que o Jens<br />
Bogren trouxe aos Septicflesh?<br />
Foi recomendado pelos<br />
vossos amigos portugueses, os<br />
Moonspell?<br />
O Jens Bogren é um produtor muito<br />
ativo. Ele já trabalhou com tantas<br />
bandas grandes e nós tentamos<br />
sempre mudar de produtor, de<br />
modo a não soarmos igual ao<br />
nosso lançamento anterior. O Jens<br />
é um produtor excelente e acho<br />
que ele fez o melhor trabalho até<br />
ao momento em todos os álbuns<br />
de SepticFlesh. Aprendemos<br />
certas coisas com ele. Aprendemos<br />
como combinar e, especialmente,<br />
encontrar o equilíbrio entre as<br />
partes orquestrais e as partes de<br />
metal, e adoramos o facto de ele<br />
ter feito a mixagem também. É um<br />
prazer ter este tipo de produtores.<br />
Adoramos tê-lo como produtor do<br />
“Codex Omega”.<br />
Consideras que a mudança no<br />
som em termos de atmosfera do<br />
“Titan” para o “Codex Omega”<br />
é devido ao produtor, à banda ou<br />
aos dois?<br />
É um som completamente diferente.<br />
O Jens traz um som muito diferente<br />
aos discos. Claro que o produtor<br />
não é suficiente para fazer um bom<br />
álbum. Como eu já tinha dito, tu<br />
tens de encontrar a tua maneira,<br />
pois a música vem do teu coração,<br />
dos teus dedos. Não é só o som. O<br />
som é muito importante mas vem<br />
depois. Primeiro tens de ter uma<br />
visão da maneira como te queres<br />
expressar. Temos de experimentar,<br />
temos de nos concentrar, temos<br />
de nos dedicar aquilo em que<br />
acreditamos. O “Codex Omega” é<br />
totalmente diferente do “Titan” ou<br />
de outros álbuns dos SepticFlesh.<br />
De onde veio o nome “Codex<br />
Omega”?<br />
Bem, “Codex Omega” é o 3º<br />
testamento. É uma música<br />
extremamente anti-religiosa que<br />
defende que todas as Bíblias foram<br />
concedidas por mentes humanas e<br />
a maneira mais eficiente de liderar<br />
as ações e os pensamentos de<br />
alguém.<br />
Como todos nós sabemos o<br />
Seth Siro é o responsável pelo o<br />
artwork nos SepticFlesh e este<br />
novo álbum não foi exceção. No<br />
processo, ele vem com uma capa<br />
final e mostra ao resto da banda,<br />
ou vocês discutem algumas<br />
ideias para que ele depois possa<br />
trabalhar?<br />
Nós temos algumas conversas<br />
no início mas primeiro, como é<br />
óbvio, vem a música e só depois<br />
vem o visual e as letras. Nós<br />
temos a nossa opinião mas nós não<br />
interferimos muito no trabalho do<br />
Seth. Ele faz o design à maneira<br />
dele. Nós confiamos uns nos outros<br />
e sabemos sempre que o Seth traz<br />
o melhor trabalho possível, bem<br />
como eu nas orquestrações. É uma<br />
química que já funciona à tantos<br />
mas tantos anos.<br />
Também gostaríamos de vos<br />
congratular por terem batido o<br />
recorde de pre vendas da Season<br />
Of Mist. Deve ter sido uma<br />
grande sensação. Como foi a tua<br />
reação?<br />
Ficamos extremamente satisfeitos.<br />
Só demonstra que o álbum foi<br />
devidamente apreciado por parte<br />
dos nossos ouvintes e demonstra<br />
que nos expandimos, de certa<br />
forma, para um conjunto de novos<br />
fãs. É sempre receber este tipo<br />
de notícias mas nós continuamos<br />
a trabalhar. Pretendemos sempre<br />
alcançar mais e melhor.<br />
Em termos de digressões,<br />
sabemos que vão andar em<br />
digressão com os FleshGod<br />
Apocalypse em Breve. Têm<br />
outros planos que incluam<br />
Portugal?<br />
Nós vamos fazer uma digressão<br />
europeia e outra norte americana<br />
mas é demasiado cedo para<br />
mencionar algo sobre essa<br />
descrição. Vamos à América<br />
Latina com os FleshGod, depois<br />
temos alguns concertos no Dubai,<br />
África do Sul. Depois vamos<br />
nos concentrar nas digressões na<br />
Europa e Estados Unidos!<br />
39
Steven Wilson<br />
O Senhor Progressivo<br />
Por Filipe Ferreira<br />
40
Algures no final dos anos 80 e influenciado<br />
pelo som de bandas de rock progressivo<br />
dos anos 70 como Pink Floyd, Steven<br />
Wilson começou a fazer experiências<br />
num estúdio caseiro sendo autodidata<br />
em vários instrumentos como guitarra,<br />
teclados, baixo, flauta entre outros.<br />
Eventualmente essas experiencias<br />
tornaram-se nos Porcupine Tree ao uma<br />
das bandas mais importantes no rock<br />
progressivo dos anos 90 em diante. Além<br />
da carreira com os Porcupine Tree e muitos<br />
outros projectos como Blackfield ou No-<br />
Man, Wilson ganhou também fama como<br />
engenheiro de som tendo feito misturas<br />
para álbuns de Anathema, Jethro Tull ou<br />
King Crimson, e como produtor, tendo<br />
por exemplo produzido e participado em<br />
vários álbuns de Opeth incluindo a obraprima<br />
da banda sueca “Blackwater Park”.<br />
Em 2010 depois de terminar a tour do álbum<br />
dos Porcupine Tree “The Incident” Wilson<br />
decidiu colocar a banda na gaveta durante<br />
algum tempo e dedicar-se á carreira a solo<br />
já que os vários membros dos Porcupine<br />
Tree tinham ideias diferentes para o rumo<br />
a seguir. Ao longo dos anos a banda<br />
britânica passou por várias fases, desde<br />
o som mais progressivo e psicadélico até<br />
ao álbum de 1996 “Signify” ao prog mais<br />
acessível de “Stupid Dream”e “Lightbulb<br />
Sun”, e por fim desde a entrada do<br />
baterista Gavin Harrison no álbum “In<br />
Absentia” (ainda hoje o meu preferido),<br />
os Porcupine Tree tornaram o som mais<br />
pesado aproximando-se mais do metal.<br />
Em 2008 Steven Wilson já tinha editado um<br />
álbum a solo como forma de experimentar<br />
sonoridades diferentes do que fazia nos<br />
Porcupine Tree. Agora ao decidir dedicarse<br />
totalmente á carreira a solo, Wilson<br />
acabou por continuar a abordagem de<br />
experimentação com o lançamento de<br />
álbuns bastante diferentes entre si, desde o<br />
jazzy “Grace for Drowning”até ao regresso<br />
ás grandes influencias das bandas dos 70s<br />
em “The Raven that refused to Sing (and<br />
other stories)”e “Hand. Cannot. Erase.”,<br />
ao som pop de “To The Bone”.<br />
Se por um lado é uma pena uma banda<br />
como Porcupine Tree estar parada,<br />
também é verdade que desde 2011 esta<br />
nova liberdade criativa permitiu a Wilson<br />
lançar alguns dos melhores trabalhos<br />
da sua já longa carreira. Aproveitando o<br />
lançamento do novo álbum “To The Bone”,<br />
fazemos aqui uma retrospetiva da carreira<br />
a solo de Steven Wilson, incluindo esse<br />
mesmo álbum.<br />
41
“Insurgentes”<br />
2008 - Kscope<br />
“Grace for Drowning”<br />
2011 - Kscope<br />
“The Raven that Refused to<br />
Sing (and other stories)”<br />
2013 - Kscope<br />
O álbum de estreia a solo de Steven<br />
Wilson, a fundador e a principal<br />
mente por trás dos Porcupine<br />
Tree, é uma homenagem às<br />
bandas de shoegaze do final dos<br />
anos 80. Os elementos prog rock<br />
estão lá mas embrulhados num<br />
manto de rock indie bem visível<br />
na primeira música (e grande<br />
destaque do álbum) "Harmony<br />
Korine", também o tema mais<br />
direto. Temos ainda as mais<br />
ambientais "Abandoner", "Veneno<br />
Para Las Hadas" ou as baladas<br />
"Insurgentes" e "Significant<br />
Other". Vemos ainda já uma pista<br />
para a direção em que o músico<br />
inglês irá no futuro a solo na muito<br />
jazzy "No Twilight Within the<br />
Courts <strong>of</strong> the Sun".<br />
42<br />
7.5/10<br />
Depois de "The Incident" dos<br />
Porcupine Tree, Steven Wilson<br />
decidiu por a banda inglesa na<br />
gaveta por algum tempo enquanto<br />
se concentrava no trabalho a<br />
solo. O resultado foi este "Grace<br />
for Drowning", um trabalho bem<br />
diferente do som quase metal<br />
progressivo que os Porcupine<br />
Tree tinham vindo a fazer nos<br />
últimos anos. Neste álbum duplo<br />
a abordagem é mais s<strong>of</strong>t em<br />
termos musicais, as músicas são<br />
mais ambientais e progressivas<br />
com as influências de jazz muito<br />
salientes especialmente em<br />
temas longos como "Sectarian",<br />
"Remainder The Black Dog" ou<br />
"Raider II". Existe ainda espaço<br />
para uma melancolia suave<br />
em "Deform to Form a Stare<br />
Postcard", ou para temas mais<br />
experimentais "No Part <strong>of</strong> Me",<br />
"Track One" ou a perturbadora<br />
"Index". Um álbum suave no som,<br />
pesado no sentimento e com uma<br />
aura bizarra que talvez não seja<br />
tão fácil de ouvir como outros<br />
trabalhos do britânico, mas tem<br />
uma qualidade enorme.<br />
9/10<br />
Se em "Grace for Drowning Steven<br />
Wilson tinha ido buscar influencias<br />
mais progressivas com uma boa<br />
dose de jazz, neste "The Raven<br />
that Refused to Sing (and other<br />
stories)" o som do rock progressivo<br />
dos anos 70 foi abraçado na sua<br />
totalidade. Para isto Wilson contou<br />
com a ajuda de Alan Parsons na<br />
qualidade de engenheiro de som,<br />
função que tinha já desempenhado<br />
no clássico "Dark Side <strong>of</strong> the<br />
Moon" dos Pink Floyd. Luminol<br />
com a sua longa intro instrumental<br />
pautada pelo forte baixo e os<br />
teclados funciona desde logo<br />
como um mergulho neste ambiente<br />
proggy. Não sendo este um álbum<br />
conceptual existe no entanto um fio<br />
comum a todas as músicas, cada<br />
uma conta uma história envolvendo<br />
elementos sobrenaturais e morte<br />
de alguma forma. Na melancólica<br />
"Drive Home" um homem que<br />
perdeu a parceira num acidente<br />
de viação, o relojoeiro que mata a<br />
mulher e a enterra em casa em "The<br />
Watchmaker" ou um idoso as portas<br />
da morte que pede a um corvo que<br />
cante para recordar a irmã á muito<br />
desaparecida na emocional "The<br />
Raven That Refused to Sing". Este<br />
álbum é a perfeita demonstração<br />
de rock progressivo á moda dos<br />
anos 70 com um som e produção<br />
perfeitos, com a sensibilidade<br />
muito particular de Steven Wilson.<br />
9.5/10
“Hand. Cannot. Erase.”<br />
2015 - Kscope<br />
“4 ½ ”<br />
2016 - Kscope<br />
“To the Bone”<br />
<strong>2017</strong> - Caroline International<br />
"Hand. Cannot. Erase" é um álbum<br />
conceptual inspirado na história de<br />
Joyce Carol Vincent, uma jovem<br />
mulher londrina que após se isolar de<br />
família e amigos viria a morrer no seu<br />
apartamento e apenas foi descoberta<br />
dois anos mais tarde. Musicalmente<br />
estamos ainda na esfera do rock<br />
progressivo totalmente influenciado<br />
pelas grandes bandas dos anos 70<br />
com Pink Floyd a vir á mente mais que<br />
uma vez, particularmente em Regret<br />
#9. Ainda assim ao contrário do álbum<br />
anterior, "Hand. Cannot. Erase." tem<br />
uma sonoridade mais moderna ao<br />
mesmo tempo. O tema do isolamento<br />
está sempre presente, mas este<br />
álbum acaba por ser musicalmente<br />
menos negro que o anterior "The<br />
Raven that Refused to Sing (and other<br />
stories)" e com temas que apesar de<br />
serem melancólicos têm uma certa<br />
luz como "3 Years Older" ou "Happy<br />
Returns". A grande excepção a essa<br />
luz é o tema "Routine" um dos mais<br />
deprimentes que Steven Wilson já<br />
escreveu, mas ao mesmo tempo<br />
incrivelmente belo. Este álbum acaba<br />
por estar polvilhado por momentos<br />
instrumentais de enorme qualidade<br />
como em Home Invasion a já referida<br />
"Regret #9" ou "Ancestral". O tema<br />
mais semelhante a um single é a<br />
música titulo que é simplesmente<br />
perfeita. "Hand. Cannot. Erase." é<br />
um álbum extremamente sólido que<br />
flui de forma perfeita consegue ser<br />
um álbum que ganha muito em ser<br />
ouvido todo de seguida, mas todas<br />
as musicas sobrevivem sozinhas.<br />
Steven Wilson está aqui na sua<br />
melhor forma, e entregou um álbum<br />
que facilmente se tornou num dos<br />
meus preferidos de sempre.<br />
10/10<br />
Como o próprio nome indica 4 ½<br />
é o ponto intermédio entre o 4º<br />
álbum a solo de Steven Wilson<br />
"Hand. Cannot. Erase." e o 5º "To<br />
The Bone". Este EP contém várias<br />
músicas vindas das sessões<br />
de "Hand. Cannot. Erase." mas<br />
que não entraram no álbum. Os<br />
temas contêm o mesmo estilo<br />
que o 4º álbum do britânico<br />
destacando-se "My Book <strong>of</strong><br />
Regretse Happiness III" que é<br />
bem mais alegre que qualquer<br />
coisa em "Hand. Cannot. Erase.".<br />
Temos ainda vários instrumentais<br />
com destaque para o excelente<br />
"Vermillioncore" com destaque<br />
para o excelente trabalho do<br />
baterista Craig Blundell. Para<br />
o fim temos ainda uma versão<br />
do clássico de Porcupine Tree,<br />
"Don’t Hate Me" em dueto com a<br />
cantora israelita Ninet Tayeb que<br />
assenta que nem uma luva na<br />
música. Um EP interessante para<br />
fãs de Steven Wilson.<br />
8/10<br />
Desde que se voltou a concentrar<br />
no projecto a solo que Steven<br />
Wilson tem abraçado o papel<br />
de porta-estandarte do rock<br />
progressivo, tendo vindo a lançar<br />
dos melhores álbuns da carreira.<br />
Agora com este "To The Bone"<br />
o multi-instrumentista foi buscar<br />
inspiração às suas influências<br />
de tendência mais prog pop<br />
vindas dos anos 80 como Peter<br />
Gabriel, Kate Bush ou Talk<br />
Talk. O resultado foi um álbum<br />
orientado às canções, em que<br />
os vários temas são mais curtos<br />
e imediatos com um tom mais<br />
feliz. O expoente máximo disto<br />
é "Permanating" facilmente a<br />
musica mais alegre e comercial<br />
que Wilson fez em toda a carreira.<br />
Mas antes dos fãs de prog rock<br />
entrarem em pânico, há que dizer<br />
que em To The Bone continuamos<br />
no universo do progressivo com<br />
o toque característico do músico<br />
inglês. Bem prova disso são<br />
temas como "Refuge", "Song <strong>of</strong><br />
Unborn" ou "Blank Tapes". Entre<br />
os vários temas destacam-se<br />
o tema titulo, "Nowhere Now",<br />
"The Same Asylum As Before" ou<br />
"Song <strong>of</strong> I". "To The Bone" não<br />
é o trabalho de um musico que<br />
se rendeu ao mundo da música<br />
comercial, é apenas mais um local<br />
que Wilson visita, e um álbum<br />
sólido que pode agradar aos fãs<br />
mais antigos, e conquistar novos.<br />
9/10<br />
43
44<br />
Pesadelos<br />
por Fernando Ferreira<br />
Capírtulo II - Os Lugares Místicos da Madrugada<br />
-Calma Ana.<br />
-Calma?! Calma?! Eu acabei de perder o meu filho e quase perdi o meu segundo esta noite!<br />
Como podes esperar que esteja calma?!<br />
-Eu posso compreender o que...<br />
-Não, não compreendes! Tu não viste o teu filho a mergulhar num coma que dura há meses!<br />
Nem tiveste o teu filho mais novo a acontecer o mesmo esta noite!<br />
-Sim, é verdade mas não fui eu que fui ter contigo. Foste tu que vieste ter comigo, lembras-te?<br />
-Mas o André... não foram vocês...<br />
-É o que estou a tentar explicar-te desde que chegaste... eu nunca iria iniciar o André no<br />
programa sem a tua autorização. Eu nem queria que o Diogo entrasse. Foste tu.<br />
Ana perde as forças nas pernas e Jones ampara-a, sentando-a na cadeira.<br />
-Então, como é que ele...?<br />
-Não sei. Temos estado a tentar perceber o que se passou com o Diogo, a comparar os dados<br />
com o que temos de todos os que caíram no sono sem chegar a qualquer conclusão. O único<br />
avanço que tivemos foi a noite passada quando...<br />
-Quando o André entrou no programa.<br />
-Eu não sei como ele o fez mas não posso ignorar o que outros chamam de coincidências.<br />
Já sabes que acredito que não existem coincidências. Porque é que tu sugeriste que o Diogo<br />
entrasse no programa?<br />
-Tu sabes bem porquê!<br />
-Faz-me a vontade, é importante.<br />
Ana suspira.<br />
-Sugeri porque ele demonstrou-me ter uma capacidade incomum para controlar os sonhos.<br />
Por chegar até a chamar-me aos sonhos dele. Fui idiota e condenei o meu filho, foi o que eu fiz!<br />
-Foi esse sentimento de culpa que fez com que te afastasses do teu filho. Mas sabes o que eu acho?<br />
Acho que foi esse afastamento que levou a que o André quisesse ir à procura do irmão. - Ana<br />
prepara-se para protestar mas Jones levanta a mão, pedindo-lhe para acabar - Aquilo que não sabes<br />
é que as habilidades do Diogo não são exclusivas a ele. Na verdade, talvez o André seja até mais<br />
poderoso que ele. Aquilo que tu fizeste acabou por despertar exactamente esse poder latente. O<br />
rapaz continuou onde o Diogo ficou, chamou-te ao sonho e conseguiu seguir em frente.<br />
-Como é que sabes que ele seguiu em frente...? Ele assinou um contrato com o diabo!<br />
-Ok, primeiro, ambos sabemos que o diabo que tu viste não é, não pode ser visto como o<br />
diabo literalmente. Apenas aquilo que o diabo representa. Aquilo que não te podes esquecer
é que ele pegou onde o Diogo ficou, ou seja, ele não está a combater o seu subconsciente,<br />
está a combater o subconsciente do irmão. São os nossos próprios medos que nos deixam<br />
paralisados, os dos outros são mais fáceis de superar.<br />
-Tenho tanto medo de o perder a ele também...<br />
-Eu sei. Não te vou dar falsas esperanças. Continuamos a não saber como chegar ao sono,<br />
continuamos a não saber o que acontece lá. No entanto, o que sabemos é que o teu filho não caiu<br />
no sono. Os sinais vitais dele indicam apenas que está a dormir. O que também sabemos é que tu<br />
entraste no sonho, ou seja, continuamos a ter uma perspectiva daquilo que aconteceu lá dentro.<br />
-Mas eu não fiz nada!<br />
-Eu sei, foi ele que te chamou. E se o fez uma vez, vai fazê-lo novamente. Aliás, o teu<br />
subconsciente poderá estar lá neste momento, sem te aperceberes. Mas temos forma de saber<br />
tudo, não te preocupes. Os teus sonhos serão tão vívidos como um filme. Neste momento o<br />
André é a melhor hipótese que tens de recuperar o Diogo.<br />
As chamas extinguem-se e tudo desaparece, como que sugado por um furacão. Um urro<br />
infernal luta contra o inevitável mas não há como escapar à inevitabilidade. Palavras de ódio,<br />
juras de vingança e maldições lançadas que não surtem o efeito desejado. O demónio sabe<br />
disso e isso só faz com que o seu ódio aumente ainda mais. Apenas a mulher fica.<br />
-O que aconteceu... a tudo?<br />
-Desapareceram.<br />
-Onde estamos?<br />
-Não sei. Algum lugar sossegado...<br />
A luz brilha fazendo com que o branco pulse e cores comecem a jorrar dele. Cores que pintam<br />
paisagens de civilizações há muito esquecidas. As correntes do tempo são cortadas e manipuladas<br />
ao sabor dos seus desejos. Lemuria, Pnath e Sarnath. Os segredos do Universo estão ao seu alcance.<br />
Se ele mantiver os olhos abertos para eles. Esse é o seu desafio. A sua mãe, que continua atrás de si,<br />
sabe disso. Também sabe que a sua posição é fácil. Que os seus próprios demónios, os seus próprios<br />
receios conscientes podem afastá-la daquele lugar privilegiado. Enquanto isso, André mergulha<br />
num mar de letargia perigoso. Onde as distracções surgem subtilmente. Instalam-se iludindo o<br />
seu verdadeiro propósito. Assim como a sua própria mãe poderia ser levada a puxar o capuz do seu<br />
manto para cima e a abrir o portal para a serpente assumir o seu lugar. Não é algo voluntário, ela<br />
não tem escolha, mas ainda assim pode tentar usar isso a seu favor.<br />
- "Prova o fruto do conhecimento, bebe o sumo da sabedoria e verás o que os teus olhos não<br />
conseguem ver. E aí chegarás à Utopia!"<br />
André está mergulhado numa doce dormência, num sono dentro do sono. Numa morte letárgica<br />
que o vai envolvendo. À sua revelia vai crescendo um jardim à beira-mar, com pilares a cercá-lo.<br />
Enquanto passeia dormente pelo jardim, encontra uma pequena estátua de uma Fénix dourada. O<br />
céu cobriu-se de nuvens púrpura que choraram lágrimas de cristal, enlameando a pequena estátua.<br />
-" A explicação correcta de símbolos depende de unicamente de ti. Não tenho muito tempo, o falso sol<br />
vai mandar-me embora". - A figura encapuzada pega no ídolo e limpa-o, fazendo com que o mesmo<br />
brilhe um dourado intenso. Do lugar de onde saiu nasce uma flor que germina rapidamente -Tu és<br />
o senhor dos sonhos. Não permitas que... - a voz muda para um tom mais sibilante - ... durmasssss.<br />
45
A luz vai desvanescendo. "A visão invertida da alma é absorvida pelo turbilhão do ego caótico,<br />
nu pela companhia familiar e quente da matéria". André não sabe mas é aqui onde "os desejos<br />
e os medos são moldados, multiplicados sem controlo ao ritmo do êxtase, reunidos sob a<br />
ameaça de futuras aflições". Ele tem apenas doze anos, não pode compreender o sítio onde<br />
está nem o perigo que está a correr. Este é o local de todas as possibilidades, onde tudo é real<br />
e irreal simultaneamente. Onde "futuros paralelos que possam nunca acontecer bloqueiam a<br />
entrada ao refúgio sagrado interno." Apesar de se pensar que os sonhos são o portal para o<br />
subconsciente, na verdade eles são o portal mais puro para todas as realidades, para todos os<br />
mundos. Onde se pode chegar a todo o lado... e onde todos podem chegar até si.<br />
A dormência é crescente o que faz com que a inquietação da sua mãe para controlar a figura<br />
encapuzada seja descontrolada mas esse é precisamente o caminho para abrir o caminho para o<br />
demónio. André alterou o contrato que assinou com o demónio porque aqui ele pode fazer tudo<br />
o que quer. O segredo para triunfar é precisamente esse: querer. Pequenas sugestões, largadas<br />
de forma subtilmente fazem com que o caminho desejado pelo caminho seja seguido. No entanto<br />
existem outras sugestões. Deixadas pela sua mãe antes do demónio se apoderar do seu espaço.<br />
Conforme a noite vai cobrindo os olhos de André, apenas uma luz permanece brilhante: a Fénix.<br />
A estátua ganha vida e as pequenas mas poderosas asas batem, soltando faíscas pela escuridão.<br />
E voa em redor de André até a escuridão ser total e apenas o dourado fogo restar.<br />
-Cansssssado... porque mão dessscansssasss? Desssscansssa. Sssó por um bocado...- as palavras<br />
são pr<strong>of</strong>eridas suavemente, mais baixo que um pensamento mas mesmo assim André obedece<br />
e cai prostrado no chão.<br />
A Fénix tenta continuar a voar mas é cada vez mais difícil até que volta até à posição inicial. O<br />
dourado é substituído por um azul gelo que começa a espalhar-se pelo chão, pelas árvores e por<br />
tudo o que encontra pela frente. O negro é vencido pelo castelo de gelo que se formou. Vazio de<br />
vida, um tesouro sem preço para as crianças do sonho da serpente. Elas estão no grande pátio.<br />
Imóveis, estéreis, estátuas sem vida. O corpo de André começa aos poucos a empalidecer. A perder<br />
a cor. Tal como a Fénix. Seduzido como um bebé pelo sono onde toda e qualquer resistência<br />
é inútil. A dormência canta-lhe aos ouvidos como as sereias encantavam os marinheiros, com<br />
histórias de luxúria e promessas de riqueza. O demónio não sabe que André vai usar o canto das<br />
sereias para encontrar o caminho de volta, como pequenas migalhas no chão.<br />
O demónio deixa cair o manto e ri. A sua gargalhada ecoa pelos corredores frios do castelo<br />
de gelo.<br />
-Rapazinho, pensaste mesmo que poderias triunfar sobre mim? Eu desprezo toda a vida e toda a<br />
humanidade. Os teus sentimentos, tão nobres, são um festim em minha honra. O teu medo, um<br />
banquete pelo qual me delicio. Mas não é mais do que um aperitivo para o prato principal: a tua alma.<br />
O seu corpo jaz gelado no chão duro e transparente. As sereias cantam abaixo de si, circulando-o,<br />
como os tubarões circulam a sua presa. O seu canto atravessa a grossa camada de gelo e leva-o<br />
a afundar-se naquilo que mais deseja. Em seu redor múltiplas estacas de gelo nascem do<br />
chão, enquanto ele continua a ser alimentado pelo seu objectivo. Aquilo que mais deseja é o<br />
seu irmão de volta e é ele que se materializa ao seu lado. Simultaneamente, André desperta e<br />
quando verifica que conseguiu finalmente chegar a Diogo, abraça-o com toda a sua força.<br />
46
- Calma rapaz, estamos a sonhar mas ainda sinto as minhas costelas a ceder e os pulmões a<br />
apertar. - André afrouxa o abraço por segundos, sorri e volta a apertar o irmão de igual forma<br />
- Ok, ok rapagão. Vamos lá sair daqui.<br />
- Sabes como sair daqui?<br />
- Não faço ideia. Tu é que tiveste que vir buscar-me, lembras-te? Como é que chegaste até<br />
aqui?<br />
- Não sei... fui andando.<br />
- Bem, já vemos isso. Agora é que temos sair daqui. Se bem me lembro, era tudo uma questão<br />
de vontade... - conforme pr<strong>of</strong>ere estas palavras - as estacas de gelo descem, tal como tinham<br />
subido - Bem, e agora? Esquerda ou direita?<br />
-Eu também tenho truques, mano - o castelo começa a derreter e um grande mar é formado a<br />
seus pés e à frente de ambos, uma porta eleva-se da água - Vamos embora?<br />
- Onde é que essa porta vai dar?<br />
- A casa. A mãe vai-se passar quando te vir.<br />
- A casa? Não podemos ir para casa.<br />
- Como assim? Temos que ir para casa. Tu andas fugido ou quê?<br />
- Nada disso, miúdo. Isto são cenas de adultos.<br />
- Epá chega dessa coisa de adultos! A mãe andou dois meses a chorar pelos cantos sem me<br />
dizer nada, como se eu fosse um monte de lixo. Cada vez que eu perguntava o que se passou<br />
ela dizia que era uma criança, que eu não percebia. Mas eu estou aqui agora, não estou?!<br />
- Ok, miúdo, e eu estou-te grato por isso, mas há aqui muito mais em jogo do que apenas o teu<br />
maninho aqui. Por isso, segue pela porta que a mãe já deve estar preocupada.<br />
- A mãe não se preocupa comigo, só contigo.<br />
- Não sejas tótó, pá. Tu és a luz dos olhos dela.<br />
- Nunca senti isso...<br />
- Ouve, maninho, a mãe trabalha num sítio onde fazem investigações... digamos, científicas. E<br />
eu <strong>of</strong>ereci-me como voluntário. É algo que tenho de fazer, não posso desistir.<br />
- Então eu vou contigo!<br />
Antes que Diogo consiga protestar, a porta abre-se e de lá saem uma hora de demónios alados<br />
que voam na direcção dos irmãos que mal têm tempo para se baixar.<br />
- Eles encontraram-nos! - diz Diogo.<br />
- E nós temos que sair daqui. Tu disseste que tinhas que fazer qualquer coisa. FAZ QUALQUER<br />
COISA!<br />
- Mergulha!<br />
André obedece ao irmão e tenta não demonstrar o medo que sente por estar a mergulhar na<br />
água. Neste reino, aquilo que ganha vida é aquilo a que é dado atenção. E no momento em que<br />
o seu corpo irrompe pelas águas geladas, as mesmas aquecem para uma temperatura tropical.<br />
Uma temperatura que convida a aproximação de...<br />
-"Tubarões!" - a palavra ecoa na mente de André e faz com que o seu corpo congele, algo que<br />
não passa despercebido ao seu irmão que consegue ouvir os seus pensamentos.<br />
-"André! Não te esqueças, isto é um sonho! Agora mete-me uma ventoinha nesse cu e mexe-te"!<br />
- apesar da mensagem enviada, não adiantou. André estava imóvel e prestes a ser dilacerado<br />
47
por um tubarão branco. Como um torpedo, Diogo vai na direcção do irmão e pega nele, levando-o<br />
para longe. Apesar de estarem debaixo de água, a sensação é como se estivessem a voar, com a<br />
água a <strong>of</strong>erecer a mesma resistência que o ar <strong>of</strong>erece. Entram numa caverna aquática e passam<br />
por um labirinto aquático até que chegam finalmente a uma câmara onde têm ar e terra firme.<br />
- Estás bem, miúdo? - André cospe água enquanto tenta recuperar o fólego, algo que ainda<br />
demora alguns longos minutos - Estás bem? - o irmão responde afirmativamente com um<br />
aceno de cabeça - Não podes ter medo. Neste sítio, os teus medos voltam-se contra ti. Nunca<br />
te tinha acontecido antes?<br />
- Não... não pensei em coisas que tinha medo. Pensei apenas em ir ter contigo.<br />
- Faz sentido. Não te preocupes, eu tropecei tantas vezes que é um milagre estar aqui.<br />
- Como é que te apanharam?<br />
- Não vamos pensar nisso... vamos antes concentrar-nos no nosso objectivo.<br />
- Ir para casa!<br />
- Não, meu. Ir em frente!<br />
- Mas como é que eu hei-de saber concentrar-me no objectivo se não sei qual é o objectivo?<br />
- Maninho, nem eu sei. Ninguém sabe. Ninguém chegou tão longe como nós dois.<br />
- Então, como é que sabes para onde tens que ir?<br />
- Pistas. Pequenas pistas. Tal como na vida, tens que saber em quem confiar, em que direcções<br />
deves seguir.<br />
- Ainda acho que há algo que não me estás a dizer.<br />
Antes que pudesse elaborar mais, um grupo solene de encapuzados entra na câmara.<br />
-"Este é o nosso tempo. Aqui está encerrado o conhecimento de toda a nossa civilização.<br />
Vivemos muitos anos antes de vós. Ascendemos e desaparecemos e a nossa herança ficou<br />
perdida. Até agora. Abram a vossa mente, fechem os olhos e aprendam."<br />
Um turbilhão de informação é transmitida para os irmãos. Segredos do Universo. Da vida na<br />
Terra, das civilizações perdidas da Lemúria e Atlântida . Conhecimento milenar, segredos de<br />
como atravessar dimensões, controlar o tempo e desafiar as leis da física. Quando abrem os<br />
olhos estão no espaço sideral. Constelações de estrelas, buracos negros e supernovas.<br />
"Não tenham medo. Relaxem. Abrimos os nossos portais do conhecimento para que percebam o<br />
que têm de fazer. Percebam de onde vieram. E percebam quem são. Esta é uma ligação que vão<br />
ter sempre. Poderá ser sentido como um caos na vossa mente durante alguns momentos mas é<br />
um instante de habituação. O nosso conhecimento vai ser a vossa estrela de iluminação. A vossa<br />
estrela caótica. O vosso caminho para se reinventarem. Para se recriarem. Vocês podem ser tudo o<br />
que quisrem. Não há limites. Apenas aqueles que quiserem impor a vós próprios. Vejam. Ouçam.<br />
Sintam. Tudo o que é agora. Tudo o que foi. Agora vejam tudo o que está para além disso."<br />
Do vazio do espaço, passam novamente para a caverna húmida mas o grupo de encapuzados<br />
já lá não está. Diogo toma a dianteira e sobe o conjunto enorme de escadas que os levam até<br />
à superfície. À sua frente, um enorme deserto. Vazio. Desolador. Uma brisa suave sopra grãos<br />
de areia que fazem com que se forme uma figura de manto com capuz, uma figura que André<br />
associa à sua mãe mas ele sabe que é outro ser que ali está.<br />
- "Bem vindos. Contemplem... a terra prometida. Suméria!" - atrás da entidade revela-se uma<br />
porta, tal como aquela conjurada pelo André anteriormente. Tal como antes, ela abre-se e<br />
48
sai de lá novamente o bando de demónios alados que encobrem o céu de negro. Com uma só<br />
entidade, descem dos céus tomando uma forma de uma mão que com unhas bem pontiagudas<br />
pegam na figura encapuzada e a atiram para os pés dos irmãos que ficam com o seu sangue<br />
gelado quando vêem que é o rosto da sua mãe que é revelado.<br />
- Fujam antes que sejam... - o seu rosto contorce-se como se pele estivesse a ser esticada como<br />
plasticina até que surge o rosto do demónio - ...todos consumidos, sacos de carne!<br />
- Mãe! - André grita e vai na direcção da figura que está caído no chão.<br />
- André! Vamos embora!<br />
- É a mãe!<br />
- Nada é o que parece e isto não é mais que uma distracção! Temos que ir!<br />
- Para onde é que vamos, estamos no meio do deserto!<br />
- Puto, estás a ficar burro, ou quê?! Pensa!<br />
Mais uma vez, as emoções de André levam a melhor em relação ao seu instinto e às suas<br />
capacidades de manipular os sonhos. Era esse o intento do demónio. Instigado pelo irmão,<br />
André volta à frieza. O medo de perder a mãe continuava bastante presente mas ele sabe que<br />
não pode ceder o controlo do seu poder. Não neste momento.<br />
- Corram rapazinhos, corram. Tornem este momento ainda mais saboroso. Tal como a vossa<br />
mãe o torna ainda mais prazeiroso a tentar resistir ao inevitável. Não há como escapar, tal<br />
como vocês não conseguem escapar das vossas fraquezas.<br />
- Tretas! - diz André desafiador - Para quem não gosta de sacos de carne, andas com muita<br />
vontade de te meteres dentro de um.<br />
- Puto, o que é que...? - Diogo não acaba a questão quando André lhe pisca o olho. Aquele<br />
sinal de confiança é totalmente novo para ele, afinal, o seu irmão sempre transmitiu dúvida e<br />
sempre quis estar escondido do centro das atenções, mas havia algo que lhe diz que este era<br />
um lado do seu irmão totalmente novo para si.<br />
- "As minhas veias são negras do sangue de Tiamat. Os meus olhos espalham-se como as rodas<br />
do tempo e do espaço. A minha vontade é forte como um golpe da espada de Marduk. Eu não<br />
sou humano porque eu escolho saber". Eu escolho o conhecimento acima da fraqueza! Viver<br />
como um deus. Todos nós somos deuses que vos permitimos viver com as nossas migalhas.<br />
Nós viemos aqui para viver para sempre. Nós cheiramos a vossa carne e o vosso medo!"<br />
- E mesmo assim, ainda querem passar para o nosso corpo... cheira-me a tretas.<br />
- Rapaz insolente! Vais pagar caro pela tua insolência! Vou comer a tua alma!<br />
Das areias atrás do demónio algo parece elevar-se. Uma montanha de areia que vai escorrendo<br />
até revelar olhos e uma boca, que começa a sugar ar como se fosse o alimento de um esfomeado.<br />
- Estás com fome? Ele também! - André volta-se para o irmão - Vamos embora?<br />
- O que é aquilo? - pergunta Diogo<br />
- Um Titã. Ou melhor, O Titã. Cronos. O gajo que gosta de comer deuses ao pequeno-almoço.<br />
Um lanche com demónios também deve ser bom.<br />
Diogo sorriu. Sempre achou que o seu irmão era um fechado no seu mundo, agarrado aos<br />
livros. Um marrão. Curiosamente tudo aquilo que o fez invejar na altura é aquilo que está<br />
agora a fazê-lo aproximar dele.<br />
Uma porta nasce do chão e abre-se. André pergunta:<br />
- Vamos para o próximo nível?<br />
49
Artworks Insights<br />
Spiros não só é o baixista e vocalista dos<br />
Septicflesh desde o início da carreira da banda<br />
como também o responsável pelas capas da<br />
banda. Para não nos focarmos exclusivamente<br />
no universo da banda grega, vamos destacar<br />
algumas das mais impressionantes obras de<br />
Spiros, fora dos Septicflesh (voltaremos a eles<br />
definitivamente num futuro próximo). Podemos<br />
dividir o seu trabalho em duas vertentes - pinturas<br />
e as fotomanipulações, onde usa uma série de<br />
estilos e formas diferentes de arte apenas como<br />
um só. Para este artigo, vamos pegar-nos neste<br />
último estilo por ser aquele que Spiros usa nos<br />
últimos tempos. Algumas capas não vamos<br />
conseguir reproduzir por falta de espaço - e<br />
aquele reservado peca por ser inferior ao que as<br />
obras em si mereceriam.<br />
Se pegarmos numa capa como "Antibody" dos<br />
Before The Fall (primeira imagem da coluna),<br />
temos um exemplo do seu estilo. A figura<br />
50
deformada/alterada no centro da capa, a sujidade do cinza mas ainda<br />
assim um certo brilho. No entanto também temos outras formas, onde<br />
ainda é possível notarmos elementos chave do seu estilo, mas com umas<br />
cores mais apelativas como "Pestapokalypse VI" dosBelphegor (segunda<br />
imagem da coluna). O bizarro e até uma certa dose de desconforto ao<br />
olhar parece ser o elemento chave. Poderá sentir-se que é um estilo<br />
algo limitado mas se olharmos para uma capa como o último trabalho<br />
dos já mencionados Belphegor. O "Totenritual" é um daquelas capas de<br />
álbum que merece ser apreciada em vinil, tal como os clássicos, cheia de<br />
detalhes. Aliás, merece ser apreciada em poster gigante. O anterior álbum<br />
da banda austríaca, "Conjuring The Dead" também não se fica atrás como<br />
poderão ver nesta mesma página.<br />
Os Dagoba, que também vêem o seu álbum a ser analisado nesta edição,<br />
"Black Nova", têm direito a uma grande capa, representativa do talento<br />
do artista grego. Uma clássica, que todos já a viram algures - mesmo<br />
que tenha mais impacto que a própria música da banda que representa,<br />
é a capa de "Ageing Accelerator" dos Defect Designer. Temos outras<br />
obras de arte como o trabalho para "A Step Beyond Divinity" dos Embryo<br />
ou "Caligvla" dos Ex Deo, ou até mesmo a emblemática "The Atrocity<br />
Exhibition: Exhibit A" dos Exodus.<br />
Como um acesso constante aos nossos sonhos mais tenebrosos (que capas<br />
como "At The Gate Of Sethy" dos Nile, "In Requiem" dos Paradise Lost ou<br />
"Extinct" dos Moonspell") Spiros apresenta-nos personagens invulgares,<br />
aberrações que não admitimos existir a não ser nos nossos pesadelos<br />
mais pr<strong>of</strong>undos. Confronta-nos com essas visões que normalmente nos<br />
dariam medo e faz com que fiquemos irremediavelmente atraídos. Um<br />
mundo infindável a explorar, sem dúvida.<br />
51
Top 20 1956<br />
ELVIS PRESLEY<br />
“Elvis Presley”<br />
RCA Music<br />
O primeiro<br />
álbum do<br />
Rei. Se houve<br />
um nome<br />
que tenha<br />
influenciado<br />
o rock'n'roll,<br />
Elvis Presley foi<br />
provavelmente<br />
o primeiro. Não<br />
que tenha sido pioneiro nas músicas que<br />
tocava, ou sequer fosse um compositor,<br />
mas o seu estilo marcou toda uma<br />
geração, chocou outra e influenciou um<br />
mundo inteiro de músicos, incluindo uns<br />
certos The Beatles..." Blue Suede Shoes"<br />
tornou-se um clássico incontornável.<br />
se ter um novo capítulo e apesar de não<br />
beliscar os trabalhos anteriores, revelanos<br />
o quanto já tínhamos saudades destes<br />
narco-traficantes. Esperemos que não seja<br />
necessário esperar tanto tempo desta vez.<br />
DUKE ELLINGTON<br />
“Ellington At Newport”<br />
Columbia Records<br />
Os álbuns ao vivo só se notabilizaram<br />
no rock décadas mais tarde mas o<br />
jazz já tinha deixado o exemplo e este<br />
álbum é um dos exemplos maiores.<br />
Este álbum ao vivo foi apontado pela<br />
crítica como a melhor performance<br />
de sempre de Duke Ellington , nome<br />
imortal do género, e é um dos<br />
melhores álbuns de sempre no geral e do jazz em particular.<br />
A magia do jazz a acontecer em tempo real<br />
CHARLES MINGUS<br />
"Pithecanthropus Erectus"<br />
Atlantic Records<br />
Charles<br />
Mingus<br />
foi um dos<br />
n o m e s<br />
grandes<br />
do Jazz.<br />
Baixista,<br />
pianista e um<br />
dos grandes compositores do jazz<br />
tem aqui uma das suas grandes<br />
obras primas em nome próprio.<br />
O primeiro álbum em que o Angry<br />
Man Of Jazz ensina aos seus<br />
músicos as suas composições<br />
por ouvido, sem pauta, resultou<br />
num dos maiores clássicos do jazz<br />
moderno.<br />
52<br />
RAVI SHANKAR<br />
"Three Ragas"<br />
His Master's Voice<br />
Raga é um modo da música clássica<br />
indiana e este álbum, o primeiro de<br />
Ravi Shankar (o expoente máximo da<br />
música indiana no ocidente), pode ser<br />
visto como um dos maiores clássicos<br />
da <strong>World</strong> Music e claro, para quem<br />
aprecia sitar está aqui uma das obras<br />
primordiais do instrumento. Uma década mais tarde, os<br />
The Beatles, mais concretamente George Harrison traria o<br />
interesse pela sua sonoridade de forma mais generalizada.
JOHNNY BURNETTE AND THE ROCK 'N ROLL TRIO<br />
"Johnny Burnette and the Rock 'n Roll Trio"<br />
Coral<br />
Es t a<br />
banda foi<br />
responsável<br />
por um dos<br />
primeiros<br />
grandes<br />
álbuns do<br />
rockabilly.<br />
Claro que<br />
naqueles<br />
tempos não<br />
era muito comum lançar LPs. Vivíamos na<br />
era dos singles e este álbum funciona quase<br />
como uma compilação desses singles. Seja<br />
como for é um tesouro do género que deve<br />
ser pesquisado.<br />
GENE VINCENT<br />
FATS DOMINO<br />
"Fats Domino Rock And Rollin'"<br />
Imperial<br />
Fa t s<br />
Domino,<br />
um dos<br />
maiores<br />
nomes do<br />
rhythm<br />
and blues<br />
(género<br />
usado para<br />
catalogar<br />
a música<br />
afro-americana e que teve diversas<br />
formas com o passar do tempo) movido<br />
a piano e a introdução do rock'n'roll ao<br />
instrumento de forma mais activa. Fats<br />
Domino tem aqui uma colecção dos seus<br />
primeiros clássicos.<br />
B.B. KING<br />
“Singin' The Blues”<br />
Crown Records<br />
Primeiro<br />
álbum<br />
de B.B.<br />
King, O<br />
grande<br />
guitarrista<br />
blues do<br />
século XX.<br />
Se a noção<br />
de guitar<br />
hero ainda<br />
era desconhecida, o trabalho de B.B. King<br />
fala mais alto e a sua eterna devoção ao<br />
blues reservou-lhe um lugar espacial na<br />
história da música popular. E aqui começa<br />
a sua carreira discográfica.<br />
BILL EVANS<br />
"New Jazz Conceptions"<br />
Riverside Records<br />
Primeiro álbum de Bill Evans<br />
em nome próprio, um dos<br />
grandes nomes do jazz. Pianista,<br />
compositor e revolucionário, aqui<br />
temos o início de uma carreira<br />
brilhante. Este álbum foi um flop<br />
de vendas mas aclamado pela<br />
crítica na altura. Não é o seu<br />
melhor álbum mas é um embrião<br />
que se viria a revelar mais tarde.<br />
BIG JOE TURNER<br />
"The Boss Of The Blues”<br />
Atlantic Records<br />
Big Joe<br />
Turner<br />
poderá não<br />
ser um dos<br />
nomes em<br />
que se pensa<br />
quando<br />
se fala em<br />
rock'n'roll<br />
mas é um dos<br />
fundadores<br />
do rock'n'roll. Apesar de ter lançado muitos singles<br />
desde a década de quarenta, o seu primeiro álbum<br />
só chegou em 1956. Mais tarde muitos músicos<br />
brancos pegariam nos seus êxitos e levariam as<br />
suas composições a um leque mais alargado de<br />
público.<br />
THAD JONES<br />
“Bluejean Bop!”<br />
Capitol Records<br />
Outro<br />
d o s<br />
grandes<br />
influenciadores<br />
do<br />
rock'n'roll<br />
foi Gene<br />
Vincent.<br />
Em 1956, o<br />
rock'n'roll<br />
era a mais<br />
recente sensação e as editoras começavam<br />
à procura da próxima sensação. Gene<br />
Vincent foi um dos pioneiros. Um álbum<br />
cheio de boas malhas de rock'n'roll,<br />
recomendado para quem se interessa<br />
pelas raízes do rock.<br />
“The Magnificent Thad Jones”<br />
Blue Note<br />
Podemos<br />
só dizer<br />
que Thad<br />
Jones é<br />
consider<br />
a d o<br />
um dos<br />
melhores<br />
trompetistas<br />
de<br />
sempre e<br />
seria razão suficiente não só para justificar<br />
o título algo arrogante do álbum como<br />
para também fazer com que se fique<br />
curiosidade em ficar a conhecer este<br />
grande músico.<br />
CECIL TAYLOR QUARTET<br />
“Jazz Advance”<br />
Transition<br />
Primeiro álbum de Cecil Taylor,<br />
apontado como um dos<br />
pioneiros do free jazz e este<br />
álbum é considerado como um<br />
dos grande álbuns de estreia do<br />
género. Mesmo que o free jazz<br />
não seja um estilo fácil de ouvir, é<br />
representativo do arrojo que o rock<br />
e o metal iriam incorporar anos<br />
mais tarde.<br />
53
BUDDY JOHNSON<br />
“Rock'n'Roll Stage Show”<br />
Wing<br />
Apesar de ser uma reedição,<br />
é importante referir este<br />
trabalho. Buddy Johnson e a sua<br />
orquestra ficaram conhecidos pela<br />
sua fusão do jazz com o blues,<br />
pavimentando assim o caminho<br />
para o chamado Rhythm & Blues.<br />
Fazendo a transição do período<br />
das big bands para o blues e<br />
rock'n'roll, a sua banda foi das<br />
poucas a conseguir sobreviver.<br />
A razão está exemplificada neste<br />
álbum.<br />
CLIFFORD BROWN AND MAX ROACH<br />
“At Basin Street”<br />
EmArcy<br />
Clifford<br />
Brown<br />
foi uma<br />
promessa<br />
do jazz,<br />
um grande<br />
trompetista<br />
enquanto<br />
Max Roach<br />
um dos<br />
grandes<br />
bateristas do século XX tendo brilhado tanto<br />
no jazz como noutros géneros. Este seria o<br />
último trabalho deste quinteto já que Brown<br />
e Richie Powell viriam a falecer com apenas<br />
25 e 24 anos no final de 1956 num acidente<br />
de carro onde a mulher de Powell também<br />
faleceu.<br />
MARTY ROBBINS<br />
“Rock'n Roll'n Robbins: Marty Robbins Sings”<br />
Columbia Records<br />
E quando<br />
temos<br />
um cantor,<br />
compositor,<br />
multiinstrumentista,<br />
actor e até<br />
condutor<br />
de carros<br />
da Nascar,<br />
que se notabilizou no country mas decide<br />
dar o seu pezinho no rock'n'roll e blues?<br />
Não é dos seus álbuns mais conhecidos<br />
(ele que gravou mais de cinquenta) mas<br />
sem dúvida que merece ser conferido<br />
pelos fãs de rock'n'roll).<br />
BILL HALEY & HIS COMETS<br />
“Rock'n'Roll Stage Show”<br />
Decca<br />
Ad<br />
pesar<br />
e<br />
não ter<br />
um tema<br />
que se<br />
destaque<br />
ou que<br />
t e n h a<br />
ficado<br />
tanto na<br />
memória<br />
c o m o<br />
os seus<br />
grandes<br />
êxitos anteriores, este álbum foi o primeiro<br />
que a banda editou ou não foi repescar<br />
singles previamente lançados. Apesar<br />
de ter vários temas que resultaram em<br />
singles, ainda têm outros sete temas<br />
originais. Também é marcado pela tentativa<br />
de variar, com alguns temas instrumentais.<br />
BIG BILL BROOZY<br />
CLIFFORD BROWN<br />
“Memorial”<br />
Prestige<br />
Já falámos neste top de<br />
Clifford Brown e do seu génio.<br />
Desaparecido cedo demais, este<br />
álbum recupera duas sessões<br />
de gravação do grande músico,<br />
anos antes de morrer. Uma<br />
representação de um dos grandes<br />
valores do jazz que desapareceu<br />
cedo demais.<br />
54<br />
DAVE BRUBECK<br />
“Brubeck Plays Brubeck”<br />
Columbia Records<br />
Já<br />
falám<br />
o s<br />
de como<br />
o Jazz foi<br />
o género<br />
m a i s<br />
livre e ao<br />
mesmo<br />
tempo que<br />
puxava<br />
até ao<br />
limite as habilidades técnicas dos seus<br />
músicos. Este álbum é uma experiência<br />
por parte de Dave Brubeck, um dos<br />
grandes impulsionadores do chamado<br />
cool jazz, onde cada tema apresenta-se<br />
como inacabado, sendo esboços de uma<br />
ideia, de uma emoção surgida através de<br />
improvisação. Um espírito que o rock'n'roll<br />
viria a beneficiar muito.<br />
THE PLATTERS<br />
“Big Bill Blues”<br />
Disques Vogue<br />
Big<br />
Bill<br />
Broozy<br />
foi um dos<br />
grandes<br />
compositores,<br />
cantores e<br />
guitarristas<br />
de<br />
blues da<br />
primeira<br />
metade do século 20 além de ter sido uma<br />
das principais figuras do desenvolvimento<br />
do género. Este álbum é um dos que<br />
marcou o regresso às raízes mais folk<br />
do género e uma excelente introdução à<br />
carreira deste influente músico.<br />
“The Platters”<br />
Mercury<br />
Os<br />
The<br />
Platters<br />
f o r a m<br />
uma das<br />
primeiras<br />
representações<br />
do<br />
rock'n'roll,<br />
fazendo<br />
a ponte<br />
entre o prérock'n'roll<br />
(principalmente pelas harmonias<br />
vocais) com aquilo que o rhythm and<br />
blues viria a trazer de novo. Apesar deste<br />
trabalho não ter dois dos seus grandes<br />
êxitos, lançados no ano anterior - "Only<br />
You" e "The Great Pretender", é uma óptima<br />
representação do seu estilo
Reviews do mes<br />
ACROSS THE ATLANTIC AEGRUS ALAZKA<br />
“Works Of Progress ” “Thy Numinous Darkness” “Phoenix”<br />
Sharptone Records Saturnal Records Arising Empire<br />
Descobrimos a pólvora.<br />
Poderá parecer (e é parvo!)<br />
mas temos que encontrar<br />
maneiras de enganar o<br />
nosso preconceito. Para<br />
cada nova banda que<br />
nos surge e que tresanda<br />
a metalcore, queremos<br />
evitar aquele pensamento<br />
"ok, lá vamos nós outra<br />
vez", porque é muito condicionante e por muito que<br />
queiramos ter uma visão de fã, queremos ter uma visão<br />
de fã aberta. Sabem, daqueles porreiros, contentes<br />
com a vida e a vida contentes com eles. E mediante<br />
isso tudo, ao ouvir os Across The Atlantic e o seu<br />
segundo álbum "Works Of Progress", finalmente nos<br />
apercebermos que a forma que o metalcore nos soa<br />
bem (isto é apesar de todos os seus lugares comuns)<br />
é quando é associado a sonoridades mais punk rock<br />
(ou punk pop) que é precisamente o que a banda<br />
faz aqui em quase todo o álbum. Não negamos que<br />
as melodias são as mesmas de sempres, que temos<br />
refrães com vozinhas bonitinhas e os breakdowns<br />
espalhados com fartura, mas o que é certo é que no<br />
final a coisa resulta e este é um álbum que se ouve<br />
bem. Nunca é tarde para ver a luz.<br />
Se dissermos<br />
que uma banda<br />
toca black metal,<br />
pouco fica deixado<br />
à imaginação. Se<br />
dissermos que essa<br />
banda é finlandesa,<br />
mais apertado<br />
fica o cerco. Os<br />
Aegrus não fogem aos lugares comuns<br />
neste seu trabalho com uma produção<br />
primitiva mas ainda assim com o toque<br />
certo de ambiente para que sintamos<br />
que nos sintamos cativados. A tradição<br />
finlandesa e a sua sombra andam muito<br />
por aqui mas não o suficiente para ocultar<br />
a sua própria identidade, já firmada com<br />
trabalhos anteriores, sendo que a melodia<br />
inesperadamente catchy é sem dúvida o<br />
seu traço mais reconhecível. Cru mas bom.<br />
[8/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira<br />
Anteriormente<br />
conhecidos como<br />
Burning Down Alaska,<br />
os Alazka mudaram o<br />
alinhamento e o seu<br />
foco e este é o seu<br />
álbum de estreia. Para<br />
os fãs de metalcore<br />
mais melódico, estas<br />
até são boas notícias,<br />
já que a banda apresenta uma sonoridade<br />
interessante, acessível a quem gosta de coisas<br />
mais melódicas, não deixando de ter a sua voz<br />
gritada e alguns breakdowns. O seu grande<br />
trunfo reside, todavia, na capacidade da banda de<br />
apresentar interessantíssimos leads de guitarra<br />
que fazem com que os temas não se tornem<br />
tão banais quanto se esperaria. Outra grande<br />
vantagem surge na voz limpa e cheia de emoção<br />
de Kassim Aule, que fazem com que o som<br />
consiga superar todas os defeitos normalmente<br />
associados ao género. E para quem aprecia a<br />
vertente mais leve do metalcore, então este é<br />
definitivamente um dos álbuns do ano.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
ALPHA TIGER<br />
“Alpha Tiger”<br />
Steamhammer<br />
Podemos dizer que<br />
os Alpha Tiger tocam<br />
power metal. Afinal têm<br />
todos os elementos que<br />
fazem parte do género.<br />
No entanto, ouvindo<br />
o seu som com um<br />
pouco mais de cuidado<br />
facilmente notamos<br />
influências mais<br />
clássicas. E nem é pegar na escola neoclássica<br />
iniciada pelo Ritchie Blackmore e propagada até<br />
ao infinito por Yngwie Malmsteen. É um feeling<br />
de hard rock clássico que poderá confundir<br />
alguns - principalmente pelos ocasionais<br />
arranjos de orgão hammond (curiosamente não<br />
têm um teclista entre a formação) mas que sem<br />
dúvida conquistará todos aqueles que gostam<br />
de heavy metal clássico. Apesar de ser o quarto<br />
álbum da banda, este trabalho auto-intitulado<br />
poderá surgir como uma surpresa para muitos<br />
fãs do género. Uma excelente surpresa.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
ALTER BRIDGE<br />
“Live At O2 Arena + Rarieties”<br />
Napalm Records<br />
Os Alter Bridge<br />
sempre me<br />
passaram ao lado.<br />
Afinal a primeira<br />
introdução com a<br />
banda foi a frase<br />
"são os Creed<br />
sem o vocalista".<br />
Confessemos que não é o melhor<br />
argumento de marketing para um<br />
metalhead. O lado bom de estarmos<br />
neste meio é que muitas vezes somos<br />
confrontados com coisas que na<br />
nossa vida pessoal não iríamos pegar<br />
e foi desde o momento em que tive a<br />
oportunidade de analisar o último álbum<br />
de originais da banda que comecei a vêlos<br />
de uma forma diferente que apenas<br />
uma banda que tinha um vocalista<br />
que tinha um timbre arraçado de<br />
Eddie Vedder e que tocavam músicas<br />
catitas para passar na rádio. O seu<br />
espírito é alternativo, sem dúvida, mas<br />
apresentam-se bem mais pesados. Isto<br />
tudo para dizer que é graças a esse cair<br />
de preconceito que é mais fácil apreciar<br />
este álbum ao vivo. Longe daquilo que<br />
são os álbuns actualmente, bonitinhos,<br />
limpinhos. "Live At O2 Arena" apresenta<br />
a banda em excelente momento de<br />
forma, a passar um pouco por toda a<br />
sua carreira, com momentos acústicos,<br />
momentos bem pesados (como a "The<br />
Other Side" e "Isolation") e ainda um<br />
CD bónus cheio de raridades que a<br />
banda foi coleccionando ao longo da<br />
sua carreira. É um pacote que agradará<br />
definitivamente aos fãs mas também<br />
recomendamos aqueles que, tal como<br />
eu, tinha algum tipo de preconceito. De<br />
certeza que depois disto caem por terra.<br />
[8.5/10] Fernando Ferreira<br />
55
AMERICAN WRECKING COMPANY<br />
“Everything and Nothing”<br />
Pavement Entertainment<br />
Logo aos primeiros<br />
segundos de<br />
"Everything And<br />
Nothing", o tematítulo<br />
deste álbum dos<br />
American Wrecking<br />
Company, ficámos logo<br />
impressionados pela<br />
potência do mesmo.<br />
Estão a ver aquele<br />
crossover que é bem bruto, tão bruto que<br />
quase parece death metal? Foi essa a sensação<br />
que tivemos quando ouvimos Pro-Pain pela<br />
primeira vez e foi exactamente o que sentimos<br />
aqui. A diferença é que em relação a Pro-Pain<br />
ainda conseguem ser mais brutos, muito graças<br />
à prestação vocal de T.J. Cornelius. Também<br />
temos no entanto bons riffs e boas malhas,<br />
ficando no entanto a faltar um pouco mais de<br />
dinâmica. Ainda assim este é um álbum para<br />
lembrar à malta de hoje como se misturava<br />
hardcore com metal. À homem!<br />
AN ASSFULL OF LOVE<br />
“Monkey Madness”<br />
Edição de Autor<br />
Além do nome sugestivo<br />
e bem colorido, os An<br />
Assfull Of Love também<br />
nos trazem um som<br />
interessante que parece<br />
disparar em várias<br />
direcções acertando<br />
quase em todas. Temos<br />
um espírito rock aliada<br />
a músicas tipicamente<br />
rock (ou hard rock) e até tiques hardcore<br />
(nomeadamente os refrães gritados como<br />
palavras de ordem). Junta-se isto tudo com<br />
uns bons solos, melodias cativantes e está-se<br />
lançado. Não é preciso muito para fazer um<br />
grande disco, apenas boas músicas e talento,<br />
claro. Uma boa surpresa para quem gosta de<br />
coisas mais alternativas. E também mais velha<br />
guarda. Para quem gosta de boa música, pronto.<br />
ANTARKTIS<br />
“Ildlaante”<br />
Agonia Records<br />
Quando se fala<br />
em pós-rock, não<br />
esperamos nada de<br />
novo. Quando se fala<br />
em pós-metal, igual.<br />
No entanto, quando<br />
temos uma banda<br />
que mistura os dois<br />
mundos e ainda<br />
lhe junta aquele feeling doom cavernoso,<br />
então são razões mais que suficientes<br />
para estarmos interessados. E o facto dos<br />
Antarktis contarem com membros e exmembros<br />
de In Mourning e October Tide é um<br />
extra. Dos bons. O resultado é um dos álbuns<br />
de estreia mais entusiasmantes que ouvimos<br />
nos últimos tempos, pesado, com uso<br />
inteligente (e não exagerado) de atmosferas<br />
e ambiências. Em suma, fantástico, que nos<br />
obriga a dizer que esta é mais uma banda a<br />
que queremos estar atentos no futuro.<br />
[7.2/10] Fernando Ferreira<br />
[7.5/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira<br />
ANUBI'S SERVANTS<br />
“Duat”<br />
Edição de Autor<br />
A capa mete medo ao<br />
susto - boa candidata<br />
para os nossos<br />
Artwork Insights - pelo<br />
que o som tem que<br />
fazer uma bela figura<br />
em compensação. E<br />
por acaso... até faz!<br />
Thrash metal cru,<br />
bruto e raçudo com umas pitadas de death<br />
metal, principalmente pela abordagem vocal.<br />
Reza a história da banda que inicialmente<br />
eram para ser uma banda de punk<br />
instrumental, mas depois flui para terem voz<br />
e chegarem ao thrash metal. Talvez não seja<br />
algo que se possa notar no som da banda,<br />
apesar de terem um som primitivo, mas<br />
de qualquer forma é uma boa amostra do<br />
potencial que a banda tem - relembrandonos<br />
o potencial que vimos em bandas como<br />
Painstruck. Veremos se chegam a algo mais<br />
concreto e sólido.<br />
[6.5/10] Filipe Ferreira<br />
ASTRAROT<br />
“We Can't Win”<br />
Straight from the Heart Records<br />
Os Astrorot são<br />
uma banda recente<br />
(começaram em 2015)<br />
que têm em "We Can't<br />
Win" o seu álbum<br />
de estreia. Podemos<br />
achar que é demadiado<br />
tempo para editar já<br />
um álbum no entanto,<br />
como bem sabemos,<br />
os tempos são outros e não há propriamente<br />
um livro de regras. Com um som moderno,<br />
apoiado na tradição metalcore, "We Can't Win"<br />
não surpreende mas também essa não deveria<br />
ser esse o objectivo. Temos vozes limpas, vozes<br />
gritadas, alguns breakdowns (não muitos,<br />
felizmente), e bons temas. Aliás, são os bons<br />
temas que fazem com que passemos por cima<br />
daquilo que já ouvimos muitas vezes noutros<br />
lados. Esta estreia não surpreende e até tem<br />
uma falta de dinâmica como um todo mas (e<br />
este é um grande "mas") consegue mostrarnos<br />
talento que poderá ver a desabrochar de<br />
maneira (mais) convincente no futuro.<br />
[6/10] Fernando Ferreira<br />
ATROX<br />
“Monocle”<br />
Dark Essence Records<br />
Já se devem ter<br />
esquecido dos Atrox.<br />
Afinal a banda esteve<br />
calada durante quase<br />
dez anos. Tempo<br />
suficiente para mudar<br />
algumas coisas no<br />
seu som, que por<br />
si só já era volátil.<br />
Experimentalismo foi<br />
aquilo pelo qual a banda se notabilizou. A sua<br />
mistura de sonoridade industrial com ambientes<br />
góticos e progressivos é também o que domina<br />
"Monocle". Não vamos mentir, este é um trabalho<br />
que não vai entrar à primeira. É desafiador, tão<br />
desafiador como a primeira vez que ouvimos<br />
os trabalhos mais ousados dos King Crimson.<br />
Também é inqualficável, mas não deixa de nos ir<br />
prendendo aos poucos. Se houve paciência para<br />
este processo, poderá compensar o esforço.<br />
[7/10] Fernando Ferreira<br />
56<br />
AYO RIVER<br />
“Failed State”<br />
Edição de Autor<br />
É bom no final<br />
do dia sair da<br />
metalurgia pesada<br />
e entrar no mundo<br />
do rock indie para<br />
apreciar o mundo de<br />
maneira diferente.<br />
Pessoalmente, é para<br />
esse efeito que muita<br />
da música que não ouvimos regularmente<br />
é usada. No entanto, justiça seja feita<br />
a este projecto Ayo River que tem aqui<br />
a sua estreia, não é apenas música para<br />
ouvir de fundo. Temos uma boa produção,<br />
sem grandes exageros digitais, orgânicas<br />
e muito low pr<strong>of</strong>ile. Depois - e é a parte<br />
que interessa, temos grandes músicas.<br />
Daquelas que apesar de não serem<br />
imediatamente coladas ao cérebro, são<br />
agradáveis de ouvir. Este é um projecto<br />
muitissimo interessante que para quem<br />
gosta de música indie gostará de certeza.<br />
[7/10] Fernando Ferreira<br />
AYREON<br />
“The Source”<br />
Music Theories Recordings<br />
O novo álbum do<br />
projecto da opera<br />
metal progressivo<br />
Ayreon é também<br />
uma prequela ao<br />
álbum “01011001”<br />
(Y em ASCII) de<br />
2008. Mais uma<br />
vez a escolha de vozes é excelente<br />
contando com James LaBrie (Dream<br />
Theater), Hansi Kürsch (Blind Guardian),<br />
Simone Simons (Epica), Floor Jansen<br />
(Nightwish), Tommy Karevik (Kamelot),<br />
Tobias Sammet (Edguy, Avantasia),<br />
Russell Allen (Symphony X) e Tommy<br />
Rogers (Between the Buried and Me)<br />
para referir só alguns. Em “The Source”<br />
é contada a história de como o planeta<br />
“Alpha”foi destruído por tecnologia e os<br />
sobreviventes seguiram numa nave até<br />
ao planeta Y (planeta de onde são as<br />
personagens de “01011001”), e como<br />
são obrigados a consumir “a fonte”<br />
uma solução química que lhes muda o<br />
físico para poderem sobreviver no novo<br />
planeta. Um dos pontos que menos<br />
gostei é a repetição de temas nos últimos<br />
álbuns de Ayreon, o tema da dependência<br />
tecnológica, autodestruição por causa<br />
da tecnologia já foi muito abordado por<br />
Arjen Lucassen e volta aqui a sê-lo, o<br />
que infelizmente dá uma sensação de<br />
deja-vu. Também em termos musicais<br />
Lucassen não se desvia muito da matriz<br />
ainda assim não ficamos reduzidos<br />
ao sentimento de “mais do mesmo”,<br />
estamos perante um álbum mais pesado<br />
e diria mesmo com uns toques de<br />
Power <strong>Metal</strong> (“Run! Apocalypse! Run!”)<br />
que mantem ainda assim os elementos<br />
mais folk. Depois de não ter apreciado<br />
o anterior “The Theory <strong>of</strong> Everything”,<br />
este é um regresso á forma.<br />
[8.5/10] Filipe Correia
BLACK STONE CHERRY<br />
“Black To Blues”<br />
Mascot Records<br />
Que grande som!<br />
Nada como o blues a<br />
fundir-se com o rock<br />
pesado para termos<br />
consciência de como<br />
tudo começou no<br />
blues - algo que<br />
temos vindo a focar<br />
na nossa rúbrica de<br />
tops e no nosso programa da Máquina do<br />
tempo. Enquando os Black Stone Cherry<br />
não lançam nada, a banda optou por<br />
lançar este EP de covers onde reinterpreta<br />
clássicos de Muddy Waters, Howlin' Wolf<br />
e Albert King entre outros. Malhoões como<br />
"Hoochie Coochie Man" e "Born Under<br />
A Bad Sign" são clássicos imortais que<br />
recebem uma roupagem moderna mas<br />
sem trair as suas verdadeiras identidades.<br />
Grande vício, grande EP.<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
BLOODSTRIKE<br />
“Execution Of Violence”<br />
Redefining Darkness Records<br />
Este álbum abre com<br />
um excelente conjunto<br />
de riffs, sonantes<br />
num estilo Death<br />
<strong>Metal</strong> moderno, com<br />
excelente composição<br />
de guitarra, e com voz<br />
feminina em formato<br />
grunhido que mantém<br />
sempre o mesmo<br />
estilo. Os arranjos de guitarra são muito bem<br />
executados, com momentos, em alguns temas,<br />
de riffs cativantes e melódicos, havendo sempre<br />
os momentos de Death <strong>Metal</strong> mais clássico. A<br />
produção está bem conseguida, as guitarras estão<br />
bem equilibradas e soam bem; o baixo preenche; a<br />
bateria tem também um bom equilíbrio dentro do<br />
som, estando com uma sonoridade moderna e com<br />
um belo som dos seus componentes; a voz poderia<br />
estar ligeiramente mais destacada, fica um pouco<br />
baixa em alguns momentos. O álbum deste projecto<br />
dos Estados Unidos da América tem a duração de<br />
38minutos onde destaco os tema Procreating <strong>of</strong><br />
Death, Detest Mortality e Hell's Wasteland.<br />
[7.2/10] David Carreto<br />
BLEEDING<br />
“Elementum”<br />
Pure Steel Records<br />
Confirmo de<br />
Elementum tudo o<br />
que a biografia da<br />
banda traz como<br />
referência. Estamos<br />
perante um trabalho<br />
interessante<br />
marcado por<br />
estruturas complexas, onde o trabalho<br />
do grupo parece ganhar em espaços<br />
à demarcação individual. Não encaixo<br />
com a voz, para mim parece algo fora<br />
do contexto da sonoridade criada, não<br />
tirando mérito a Haye Graf, mas é o que<br />
ressalta. Tudo o resto, apresenta típicas<br />
mudanças de tempo no seu ritmo, sendo<br />
estas o ingrediente para um resultado<br />
instrumental digno de registo. O álbum<br />
tem passagens pesadas, com riffs metal<br />
bem agradáveis...mas só isso!<br />
BOOL<br />
“Fly With Me”<br />
Edição de Autor<br />
[6.5/10] Miguel Correia<br />
Nem sempre temos<br />
bandas apostadas em<br />
recriar as sonoridades<br />
da década de setenta.<br />
Os alemães Bool<br />
focam-se numa<br />
época mais recente:<br />
a década de noventa.<br />
O que temos aqui<br />
é uma sonoridade tipicamente alternativa<br />
que só muito raramente coloca o pé no<br />
pedal do peso. Esta colecção de músicas é<br />
interessante e até consegue trazer-nos algum<br />
tipo de nostalgia mesmo não traga nenhuma<br />
lembrança dos grandes do género (Nirvana,<br />
Soundgarden, Alice In Chains e Pearl Jam) e<br />
tenha uma vibe mais rock tradicional. Vale a<br />
pena conferir.<br />
[6.9/10] Fernando Ferreira<br />
BLOOD GOD<br />
“Rock'N'Roll Warmachine”<br />
Massacre Records<br />
Já falámos aqui algumas<br />
vezes dos Blood God, como<br />
uma proposta peculiar<br />
por estar associada aos<br />
Debauchery, tanto por ter<br />
a mesma mente criativa<br />
- Thomas Gurrath - e por<br />
ambas as bandas terem-se<br />
juntado numa espécie de<br />
split ("Thunderbeast) onde<br />
a única diferença era a voz. Do lado dos Debauchery, a<br />
voz típica do death metal. Do lado dos Blood God, uma<br />
voz descendente de AC/DC (Brian Johnson) e Accept<br />
(Udo Dirkschneider). É precisamente com os Blood God<br />
que nos focamos nesta compilação que reúne os três<br />
álbuns da banda já editados. Começamos pelo último, o<br />
já mencionado "Thunderbeast" e acabamos o primeiro,<br />
"No Brain But Balls", ficando o "Blood Is My Trademark"<br />
no meio. Se gostam das duas influências atrás citadas<br />
e não conhecem a banda, esta é uma boa forma (e<br />
barata!) de ficar com toda a sua discografia, tendo<br />
ainda muitas faixas bónus como brinde - "Painkiller"<br />
dos Judas Priest, "Fast As A Shark" dos Accept, "Hail<br />
Caesar" dos AC/DC, "Heavy Duty" dos Judas Priest e<br />
ainda os originais "Rock'N'Roll Warmachine", "Demon<br />
Lady", "Riff Hit" e "Hard Rocking".<br />
[7.5/10] Fernando Ferreira<br />
BREAKING SAMSARA<br />
“Light Of A New Beginning”<br />
Edição de autor<br />
Os riffs de rock<br />
tradicionais de Light<br />
Of A New Beginning<br />
não serão certamente<br />
os mais emocionantes<br />
que irão ouvir, mas os<br />
vocais fortes e os solos<br />
de guitarra que soam<br />
implacáveis, deixam<br />
definitivamente a sua<br />
marca. Em todo o trabalho. Restless Nightsaté<br />
consegue deixar água na boca, com um hard and<br />
heavy style, mas depois a banda parece abrandar<br />
a velocidade com que nos deixa no final desta<br />
primeira faixa. Dai em diante continuam as batidas<br />
rockeiras melódicas, até momentos onde soa um<br />
piano, Light Of A New Beginning, que deixa um<br />
ambiente muito interessante de se ouvir e onde<br />
o solo também é arrasador! Não conhecia os<br />
alemães aqui apresentados, mas honestamente<br />
apesar de esperaralgo mais, tendo em conta a<br />
abertura, não fiquei desencantado e é um trabalho<br />
que tive o gosto de voltar a ouvir!<br />
[8/10] Miguel Correia<br />
BRIQUEVILLE<br />
“II”<br />
Pelagic Records / Cargo<br />
Dentro de um<br />
estilo mais post<br />
metal, com muitas<br />
partes dignas de<br />
uma banda sonora,<br />
guitarradas pesadas<br />
e distorcidas<br />
com variações de<br />
ritmo e tempos que não chamam o<br />
aborrecimento; a bateria soa excelente e<br />
que enche o som proporcionando uma<br />
enorme variedade; a ausência da voz na<br />
maior parte do álbum, aparecendo de<br />
uma forma mais declamatória. Um álbum<br />
que a cada audição parece proporcionar<br />
novas camadas, sons que não nos<br />
apercebemos numa única audição, é<br />
sem duvida um ambiente pesado mas<br />
de âmbito mais ambiental, no sentido<br />
de que o som é maioritariamente<br />
instrumental. Um projecto belga, com<br />
momentos muito bem conseguidos<br />
em apenas 3 temas, todos acima dos<br />
10 minutos, totalizando 42 minutos de<br />
ambientes por vezes algo misteriosos,<br />
com cadência arrastada variando com<br />
momentos de agressividade rítmica.<br />
De destacar o inicio de "AKTE V" é<br />
claramente um momento headbanging<br />
quer pelo ritmo de uma das guitarras<br />
quer pela bateria, faz algo que seria<br />
típico de um final de tema num concerto<br />
ao vivo. Face ao estilo e ao som que<br />
apresentam este projecto faz-me<br />
lembrar Russian Circles ou Pelican, mas<br />
com a sua marca individual. Em suma<br />
um som para degustar com tempo.<br />
[7.1/10] David Carreto<br />
CANNABIS CORPSE<br />
“Left Hand Pass”<br />
Season Of Mist<br />
Já estamos fartos de<br />
dizer isto mas não nos<br />
cansamos. Somos fãs<br />
dos Cannabis Corpse.<br />
Até admitimos que o<br />
"gimmick" de termos<br />
títulos de músicas de<br />
death metal clássico<br />
adulterado esgota-se<br />
rapidamente, mas há muita música boa por<br />
trás deste gimmick. Entombed, Bolt Thrower,<br />
Nile, Suffocation (entre muitos outros) e<br />
charros. E funciona. Continua a funcionar<br />
ao quinto álbum. Se os títulos puxam à<br />
brincadeira, o death metal é de alta qualidade.<br />
O quarto álbum poderá não ter convencido<br />
todos os que os continuam a ver apenas<br />
como um gimmick, mas temos aqui grandes<br />
malhas de death metal clássico: "<br />
The 420th Crusade" inicia o trabalho da<br />
melhor forma e outros grandes temas<br />
("In Battle There Is No Pot" e "Effigy <strong>of</strong> the<br />
Forgetful" asseguram a restante qualidade.<br />
Uma banda a sério!<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
57
58<br />
CENTURIES OF DECAY<br />
“Centuries Of Decay”<br />
Edição de Autor<br />
O Canadá continua a<br />
trazer-nos boas bandas,<br />
desta feita no pós-metal<br />
embebido de death metal<br />
- ou será o inverso?.<br />
Os Centuries Of Decay<br />
lançam o seu álbum de<br />
estreia e deixam uma<br />
boa impressão com<br />
o mesmo. Temos um<br />
poder que apenas podemos encontrar paralelo<br />
com os nossos Process Of Guilt, embora aqui<br />
não tenha tanto foco no peso do groove e opte<br />
por soluções mais próximas da violência sónica<br />
do death metal. Mas será redutor qualquer tipo<br />
de rótulo e quando assim é, é porque temos<br />
músicas que nos deixam marcas pr<strong>of</strong>undas.<br />
Abordagem única e bem interessante, onde<br />
a influência hardcore (metal, death, pós) se<br />
une a elementos progressivos e até a tiques<br />
tradicionais do metal fazem com que este álbum<br />
seja obrigatório conhecer por todos aqueles que<br />
temem pela continuidade da boa música extrema.<br />
Have no fear, Centuries Of Decay are here!<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
COMEBACK KID<br />
“Outsider”<br />
Nuclear Blast<br />
Ainda me recordo da<br />
primeira vez que ouvi<br />
Comeback Kids, num<br />
EP editado por volta<br />
do início do milénio.<br />
Era a face de uma cena<br />
hardcore latente e cada<br />
vez mais evidente. Acabei<br />
por não acompanhar a<br />
carreira deles mas ei-los<br />
que surgem novamente à minha frente, desta feita<br />
quando editam este seu sexto trabalho de estúdio<br />
"Outsider". Daquilo que nos lembramos, permanece<br />
igual. Poderá ser um mau início de análise, afinal já<br />
passaram mais de quinze anos, mas não preocupai.<br />
Não se trata de dizer que a banda não evoluiu<br />
ou mudou. Apenas a sua essência permanece<br />
inalterada, o que, pessoalmente, é extremamente<br />
positivo. No seu som, temos uma produção<br />
poderosa que só faz com que as dinâmicas ora<br />
hardcore, ora mais punk ora metal ainda surjam<br />
com mais força. É um regresso em grande que<br />
para muitos será uma introdução. Complete-se<br />
apenas que é uma introdução que fará a pena já<br />
que a paixão pelo hardcore poderá nascer de<br />
álbuns assim.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
CREMATORY<br />
“Live Insurrection”<br />
Steamhammer<br />
Os Crematory são A<br />
banda de metal gótico<br />
alemã. Não há nenhuma<br />
que tenha uma história<br />
tão ilustre e mais antiga.<br />
Podemos discordar da<br />
relevância de alguns dos<br />
seus trabalhos mas o seu<br />
valor não poderá estar<br />
em disputa. Mesmo<br />
quando os álbuns ao vivo já não têm grande<br />
impacto comercialmente não deixa de ser a melhor<br />
forma de comemorar a carreira, principalmente<br />
quando acompanhado da componente visual - a<br />
qual não tivemos acesso. Temos um alinhamento<br />
com um foco no último álbum de originais mas<br />
ao qual não escapam também outros momentos<br />
fortes da sua discografia, como a "Fly" e a<br />
inevitável "Tears Of Time", que é brindada com um<br />
belo solo de guitarra. É um excelente prémio para<br />
os fãs e também uma forma de se introduzir ao<br />
seu som, mesmo que por vezes nos pareça tudo<br />
um pouco certinho demais (exceptuando pelo tal<br />
solo de guitarra), mas esse já é um mal geral e não<br />
exclusivo aos Crematory.<br />
[7.7/10] Fernando Ferreira<br />
CIRCUS MAXIMUS<br />
“Havoc In Oslo”<br />
Frontiers Records<br />
Os noruegueses<br />
Circus Maximus não<br />
são exactamente<br />
pr<strong>of</strong>ícuos, afinal têm<br />
quase duas décadas<br />
de existência e apenas<br />
quatro álbuns editados,<br />
sendo que o último é<br />
"Havoc", precisamente<br />
o trabalho onde a<br />
banda se apoiou para este trabalho ao vivo,<br />
com seis escolhas, não negliciando também o<br />
resto de catálogo, embora tenha sido o terceiro<br />
álbum,"Nine", o outro maior beneficiado. Não<br />
podemos dizer que tenhamos grande diferença<br />
nestas representações em relação aos temas<br />
de estúdio, mas sem dúvida que se sente toda<br />
a energia da banda a tocar ao vivo - isso hoje<br />
em dia é algo assinalável. <strong>Metal</strong> progressivo<br />
perfeito mas com alma e poder, numa banda<br />
que apesar de não conquistar propriamente as<br />
atenções generalizadas dos fãs do género, tem<br />
sem dúvida valor. Esta é mais uma prova.<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
CRADLE OF FILTH<br />
“Cryptoriana - The Seductiveness <strong>of</strong> Decay”<br />
Nuclear Blast<br />
Fazer uma review de um<br />
álbum de Cradle Of Filth<br />
é uma missão delicada.<br />
É uma banda cujo<br />
universo se marca pela<br />
falta de consensos, seja<br />
pelo seu controverso<br />
historial de saídas e<br />
entradas de membros,<br />
ou pelo fosso enorme<br />
entre aqueles que a dispensam como um acto<br />
de circo e aqueles que a respeitam por aquilo<br />
que é: uma banda de <strong>Metal</strong> cujo auspicioso<br />
início de carreira a condenou a ter de conviver<br />
com a sombra de um passado repleto de<br />
autênticos clássicos do <strong>Metal</strong> extremo. Tentar<br />
suplantar trabalhos como VEmpire, Dusk and<br />
Her Embrace e Cruelty and the Beast é tarefa<br />
ingrata, para não dizer impossível - essa foi e<br />
será sempre a grande cruz dos Cradle Of Filth.<br />
Eis que, depois de um marasmo que teve o seu<br />
ponto baixo talvez com o álbum Thornography,<br />
os britânicos dão mais um passo certo em<br />
direcção ao patamar de excelência que já foi,<br />
outrora, deles.<br />
O que dizer então sobre a música em si? Muito<br />
resumidamente, podemos afirmar que este<br />
álbum é, na sua essência, uma continuação<br />
do seu antecessor, mas melhorado em quase<br />
todos os aspectos possíveis. Ademais, o<br />
que é bastante e agradavelmente notório é<br />
a capacidade demonstrada em ir beber às<br />
velhas malhas memoráveis muitas daquelas<br />
nuances que tanta fama deu aos velhos Cradle<br />
<strong>of</strong> Filth - os riffs intricados, imprevisíveis, que<br />
vão desde o mais selvaticamente brutal aos<br />
ganchos mais sonantes, aqui e ali pautados<br />
pelas harmonias á là Iron Maiden que todos,<br />
de alguma forma, apreciamos; o dom de<br />
deambular entre a brutalidade e a melodia...<br />
Aliás, se podemos afirmar que estes Cradle Of<br />
Filth têm, neste ponto no tempo e no espaço,<br />
um grande trunfo, esse é o de que são um<br />
excelente conjunto de músicos, cheios de<br />
imaginação e técnica (e claramente fãs dos<br />
primeiros álbums da banda), que no seu todo<br />
perfazem uma máquina perfeitamente oleada.<br />
Por outro lado, se podemos indicar algo que<br />
ainda os separa daquele passado glorioso, de<br />
uma forma muito específica e arriscadamente<br />
injusta, é a tendência para as orquestrações<br />
excessivamente floreadas quando estas eram,<br />
em outros tempos, aplicadas no sentido de<br />
criar uma atmosfera mais negra, sinistra,<br />
sedutoramente erótica, épica.<br />
Ainda assim, malhas como Exquisite Torments<br />
Awaits, Wester Vespertine, Death and the<br />
Maiden e You Will Know the Lion By It's Claw em<br />
nada ficam abaixo do brilhante, sendo cada uma<br />
CODE RED<br />
“Incendiary”<br />
AOR Heaven<br />
Um grande álbum de<br />
AOR!!!! Para os fans<br />
do género musical,<br />
deixo aqui um alerta<br />
vermelho, estamos<br />
perante um excelente<br />
trabalho, cheio de<br />
talento criativo!<br />
Sahara, lembram-se?<br />
Ok, se não, aqui vai,<br />
este projeto conta com a presença de Ulrick<br />
Lönnqvist, vocalista dessa mesma banda, que<br />
se limitou a um único trabalho, mas que deu<br />
cartas, se não estou em erro por volta do ano<br />
2000 ou 2001 e agora com este Incendiary<br />
deixa um rasto de fogo cheio de rock melódico<br />
puro, com performances majestosas ao longo<br />
das dez faixas que o compõem. Não sendo o<br />
meu género favorito, aprecio, contudo, toda a<br />
qualidade, num pare de músicas que me dão<br />
a ouvir e é sempre com muito entusiasmo que<br />
escrevo sobre algo tão único! Destacar uma ou<br />
outra faixa seria certamente injusto perante um<br />
trabalho tão equilibrado.<br />
[10/10] Miguel Correia<br />
CRAWL<br />
“This Sad Cadav’r”<br />
Black Bow Records<br />
Os primeiros quatro<br />
minutos e meio de<br />
I a primeira faixa de<br />
This Sad Cadav’r são<br />
preenchidos apenas<br />
por um som ambiente<br />
inquietante digno de um<br />
filme de terror, cortado<br />
ocasionalmente pelo<br />
som de passos. A<br />
partir daí segue-se cerca de mais 7 minutos<br />
de distorção e sons guturais. O som dos Crawl<br />
é sujo, arrastado e lembra caves cobertas<br />
de fungos e sangue ressequido funcionando<br />
muito bem como som ambiente para um filme<br />
de gore. Infelizmente quase não existe uma<br />
estrutura musical ou algo que se assemelhe<br />
a um riff para acompanhar este ambiente<br />
medonho construído pela banda. As restantes<br />
IIe III são quase tiradas a papel químico tendo<br />
um tempo ligeiramente mais rápido. Isto faz de<br />
This Sad Cadav’r bom para fãs do estilo noise/<br />
doom ou para quem quer ruido de fundo meio<br />
assustador, mas falha como álbum.<br />
[4/10] Filipe Ferreira<br />
delas (à excepção da primeira) uma espécie de<br />
microcosmos onde existe espaço para os mais<br />
variados momentos de dinâmica expressiva.<br />
Não de menor importância, a própria prestação<br />
de Dani, que parece não só ter aprendido a<br />
jogar com as cartas que tem, gerindo melhor<br />
os momentos em que passa de um lower pitch<br />
para o registo alto seu trademark, como parece<br />
também ter recuperado alguma daquela potência<br />
e crueza vocal de outrora, denotada em alguns<br />
momentos que se tornam verdadeiramente<br />
arrepiantes (a parte final de You Will Know the<br />
Lion By It's Claw deixará qualquer velho fã com<br />
um sorriso na cara).<br />
Em suma, vindo de uma banda como Cradle<br />
Of Filth, com o enorme, variado e controverso<br />
legado que carrega, não podemos exigir mais<br />
do que isto. Por outro lado, e dado o evidente<br />
crescendo de forma evidenciado por Dani e<br />
pela excelente equipa que reuniu à sua volta,<br />
nunca se sabe se o futuro não nos reserva um<br />
regresso definitivo e inequívoco a um trono<br />
que já lhe pertenceu. Basta esperar que a velha<br />
maldição - a da incessante saída e entrada de<br />
músicos - não venha a destruir aquilo que tem<br />
vindo a ser construído nestes últimos tempos.<br />
Com muito mérito.<br />
[8.5/10] Jaime Nôro
CRIPPER<br />
“Follow Me: Kill”<br />
<strong>Metal</strong> Blade Records<br />
Os Cripper estão de<br />
volta com o seu quinto<br />
trabalho. Para quem<br />
não sabe, esta é uma<br />
banda de death/thrash<br />
metal potente que tem<br />
na voz Britta "Elchkuh"<br />
Görtz o seu destaque.<br />
No entanto, nem só<br />
de voz bruta por parte de uma mulher vivem<br />
os Cripper, há por aqui mérito instrumental<br />
suficiente para manter o interesse durante<br />
todo o trabalho. É pena é que esse interesse<br />
não seja mantido de forma mais convincente.<br />
Por outras palavras faltam aqui malhões,<br />
daqueles que nos deixem espantados e<br />
boquiabertos. Claro que existem bons riffs e<br />
solos, no entanto, nada que nos deslumbre.<br />
Para quem se esteja a sentir menos exigente<br />
e apenas quer ganga da forte, este é o disco<br />
a ouvir<br />
[6.9/10] Fernando Ferreira<br />
DARK AVENGER<br />
“The Beloved Bones: Hell”<br />
Rockshots Records<br />
Nos tempos em que<br />
a Rock Brigade ainda<br />
era distribuída em<br />
Portugal lembro-me do<br />
lançamento do primeiro<br />
álbum dos brasileiros<br />
Dark Avenger. Na altura<br />
não tinha acesso à<br />
internet para ir logo<br />
atrás de nomes para<br />
comprovar as boas críticas mas ficaram sempre<br />
as boas palavras deixadas para esse trabalho que<br />
me levariam a adquiri-lo assim que o encontrei.<br />
Entretanto a Rock Brigade deixou de ser distribuída<br />
por cá, a banda lançou mais um álbum em 2001 e<br />
viria a cessar funções poucos anos depois. Voltaria<br />
ao activo na presente década com um álbum<br />
de estúdio e este é o seu quarto. E o que temos<br />
aqui? Heavy/power metal de excelente qualidade<br />
que não se limita aos lugares comuns do género<br />
e até se arma em bruto e vai um pouco mais longe<br />
por vezes com guturais e ritmos que não soariam<br />
deslocados num álbum de death/thrash metal.<br />
Não só a banda voltou com a garra toda como<br />
está disposta a evoluir e a arriscar. Como é que<br />
podemos não gostar disso?<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
DAGOBA<br />
“Black Nova”<br />
Century Media Records<br />
Ainda me lembro da<br />
primeira vez que ouvi<br />
falar dos Dagoba.<br />
Uma altura em que o<br />
metal moderno, soava<br />
realmente moderno,<br />
graças a alguns.<br />
Apesar da banda não<br />
ter impressionado o<br />
mundo do metal por<br />
aí além, a sua qualidade permaneceu ao longo<br />
dos anos mesmo sem deslumbrar. No mundo<br />
cínico em que vivemos, pensamos que uma<br />
banda com este historial já não nos consegue<br />
surpreender. Bem... surpresa! "Black Nova"<br />
é um grande disco de metal moderno de<br />
retinques industrial. Não soa como se andasse<br />
atrás de uma moda qualquer e soa fresco. Mais<br />
que isso, não é uma lista de lugares comuns,<br />
é um conjunto de grandes temas, melódicos,<br />
pesados e até, pasme-se, memoráveis. Como<br />
já dissemos muitas vezes, o preconceito é um<br />
atraso de vida.<br />
DARKFLIGHT<br />
[8.7/10] Fernando Ferreira<br />
“The Hereafter”<br />
Symbol Of Domination Prod.<br />
Depressão, here we<br />
go. Estando num lugar<br />
particularmente feliz da<br />
nossa vida, chegamos<br />
a temer que possamos<br />
perder a capacidade<br />
de analisar a bela<br />
da proposta doom<br />
depressiva. Como não<br />
viramos as costas aos<br />
desafios foi satisfação que mergulhamos na<br />
depressão musical dos búlgaros Darkflight.<br />
Este é já o seu quarto álbum (a banda tem<br />
atravessado algumas peripécias na sua carreira<br />
o que não admira que ganhem motivações para<br />
tocar música depressiva) e traz-nos seis longos<br />
temas, onde o ritmo não passa do downtempo<br />
mas é cheio de dinâmicas, principalmente ao<br />
nível da voz e da guitarra solo. Bons arranjos<br />
e no geral bons temas, que fazem com que este<br />
trabalho seja um dos grandes destaques do ano<br />
no que ao black/doom diz respeito.<br />
[8.5/10] Fernando Ferreira<br />
DANIELE MYLES<br />
“Euphoria's Haze”<br />
Daniele Myles Records<br />
"Euphoria's Haze"<br />
é interessante e ao<br />
mesmo tempo deixa-nos<br />
perplexos. Não reinventa<br />
a roda - até pega<br />
num género bastante<br />
explorado, o hard'n'heavy<br />
- mas mistura diversos<br />
tiques que até nem<br />
costuma aparecer juntos.<br />
Temos uma voz que remonta ao hard rock mais<br />
glam, uma produção caseira mas que até resulta, e<br />
pormenores de baixo e guitarra bem interessantes<br />
(a bateria parece-nos programada mas com um<br />
óbvio esforço em disfarçar esse facto). É um álbum<br />
de estreia promissor pelo talento evidenciado mas<br />
que nos indica vários pormenores a ter em conta,<br />
principalmente na mistura. A voz de Daniele é<br />
característica e parece-nos que a mistura não a<br />
favorece, expondo-a demasiado. A bateria está<br />
demasiado alta, principalmente o pedal. São<br />
detalhes mas que acabam por deixar o pé atrás,<br />
principalmente nas primeiras audições. Bons<br />
temas, e muito potencial. Agora é preciso uma<br />
mistura mais equilibrada para salientar os pontos<br />
fortes e minimizar os fracos.<br />
[6.7/10] Fernando Ferreira<br />
DAWN OF DISEASE<br />
“Ascension Gate“<br />
Napalm Records<br />
O death metal melódico<br />
parece mesmo estar<br />
na ordem do dia o<br />
que só nos prova de<br />
que quando as modas<br />
passam, só fica mesmo<br />
a boa música. E por<br />
death melódico, falamos<br />
daquele tradicional, que<br />
além da brutalidade<br />
do death metal, lhe junta leads de guitarra bem<br />
atractivo e as harmonias que são reminiscentes<br />
de uns Iron Maiden e Judas Priest. Ou por outras<br />
palavras, não há aqui sombras de metalcore. Os<br />
Dawn Of Disease já nos habituaram à qualidade e<br />
este quarto álbum surge apenas como surpresa por<br />
ser lançado tão pouco tempo depois de "Worship<br />
The Grave", de 2016. Um conjunto bastante forte<br />
de músicas que vai para além do gimmick retro.<br />
Isto é a clássico, metal clássico intemporal. E por<br />
muito que seja entusiasmo imediato causado por<br />
malhões como "Perimortal" ou o épico "Mundus<br />
Inversus", temos fé que vamos voltar a ele muitas<br />
mais vezes no futuro e com igual entusiasmo.<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
DEAD LORD<br />
“In Ignorance We Trust”<br />
Century Media Records<br />
Confesso que<br />
à primeira este<br />
trabalho irritoume.<br />
Não por ser<br />
assumidamente<br />
retro, nem por ter<br />
uma voz, melodias<br />
e harmonias de<br />
guitarras à la Phil<br />
Lynott/Thin Lizzy, até porque seriam<br />
razões para gostar logo à partida. Não,<br />
foi mesmo por parecer-nos apático. Sem<br />
força. Algo que consequentes audições foi<br />
desaparecendo embora fiquemos com a<br />
noção de que um pouco mais de pujança<br />
não fariam mal a estas músicas, no entanto,<br />
se isso acontecesse provavelmente o seu<br />
charme iria à vida também. Soa vintage<br />
mas sem grande pretensões, este é um<br />
álbum que para quem tem saudades<br />
de Thin Lizzy e da sua fórmula de fazer<br />
música fará todo o sentido conhecer.<br />
[7/10] Fernando Ferreira<br />
DEAD RIDER<br />
“Crew Licks”<br />
Drag City<br />
Este som é estranho.<br />
Já ouvimos sons<br />
estranhos antes<br />
e por norma até<br />
gostamos mas este...<br />
deixa-nos perplexos.<br />
Desconcertante<br />
música electrónica<br />
que começa por soar<br />
ambient passando depois para um blues rock<br />
inspiradissimo, com bons solos, passando<br />
a trip hop, voltando ao rock, desta feita até<br />
bem clássico, mergulhando no rock industrial<br />
típico da década de noventa (onde os Nine<br />
Inch Nails são a principal referência) e é por<br />
esta altura que nos declaramos <strong>of</strong>icialmente<br />
perdidos. A faceta rock é bem interessante,<br />
seja pelo groove seja pelo trabalho da guitarra<br />
solo. A componente electrónica também nos<br />
soa nostalgicamente bem. O problema é que<br />
tudo isto junto, não soa a um produto coeso.<br />
Interessante mas poderia ser bem mais que<br />
isso.<br />
DER WEG EINER FREIHEIT<br />
“Finisterre”<br />
Season Of Mist<br />
Os Der Weg Einer<br />
podem não ser a<br />
proposta típica de black<br />
metal - pelo menos<br />
a avaliar pelas suas<br />
fotos promocionais<br />
- mas depois de se<br />
ouvir chega-se à<br />
conclusão daquilo<br />
que já sabemos - a imagem vale o que vale<br />
e é melhor sempre comprovar do que confiar<br />
em julgamentos preconceituosos. Ao quarto<br />
álbum a banda demonstra já ser bem veterana<br />
na arte de compor grandes temas de black<br />
metal épico e melódico e aqui apresentam<br />
mais cinco longos temas (os mais curtos têm<br />
cerca de cinco minutos cada) onde a melodia<br />
andam de mãos dadas com a agressividade,<br />
sem ser necessário recorrer às tendências<br />
mais recentes do pós-black metal (não que<br />
exista algo de errado com isso). Melancólico,<br />
pesado e épico são apenas algumas das suas<br />
características. Surpreendentemente viciante<br />
é aquela que mais nos fica em mente.<br />
[5.5/10] Fernando Ferreira [9.2/10] Fernando Ferreira<br />
59
DIE APOKALYPTISCHEN REITER<br />
“Der Rote Reiter”<br />
Nuclear Blast<br />
Confessamos que os<br />
Die Apokalyptischen<br />
Reiter foi uma banda<br />
que nos cativou no<br />
seu início de carreira<br />
mas que depois<br />
foi caindo numa<br />
fórmula demasiado<br />
previsível para que<br />
mantivessemos esse interesse. E foi com<br />
esse estado de espírito que avançámos para<br />
este álbum. Qual não foi a nossa surpresa<br />
que "Der Rote Reiter" bate-nos de frente<br />
como o comboio de Chelas. Num sentido<br />
positivo! Pesado, com blastbeats, melodias<br />
imprevisíveis e bem caçadas e longe de<br />
qualquer tipo de moda, este é um álbum que<br />
nos faz querer olhar para trás para termos<br />
a certeza de que não houve mais a passarnos<br />
despercebido. Uma excelente surpresa,<br />
indicado para todos os que gostam de<br />
melodia no seu metal extremo.<br />
DIMMAN<br />
“Guide My Fury”<br />
Inverse Records<br />
E que saudades do<br />
bom e velho death<br />
metal melódico<br />
vindo da Finlândia!<br />
Principalmente daquele<br />
mais clássico (ou<br />
seja, nada na onda de<br />
Children Of Bodom). Os<br />
Dimman estão a seguir<br />
o percurso clássico de<br />
carreira, lançando EPs de preparação para o<br />
primeiro trabalho de originais. Nesse percurso,<br />
"Guide My Fury" é o segundo EP da conta mas<br />
se tivesse mais umas músicas nem se punha<br />
em causa ser um álbum. A fórmula não é nova<br />
mas quando bem feita, é uma que nunca nos<br />
cansa. Guturais de death metal junto com leads<br />
melódicos e de extremo bom gosto assim como<br />
um noção rítmica bem sólida. Se tivesse surgido<br />
uns anos atrás poderíamos dizer que o sucesso<br />
era inevitável. Hoje em dia as coisas não são<br />
assim tão claras mas ainda assim as indicações<br />
que deixam são muito, muito boas.<br />
[8.6/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira<br />
DISFIGURED HUMAN MIND / INSOMNIA ISTERICA<br />
“Morbid Schizophrenic Minds In The Cabaret Noisecore”<br />
Murder Records<br />
Os Disfigured<br />
Human Mind são<br />
impressionantes. Tudo<br />
bem que a nossa média<br />
de avaliação do seu<br />
trabalho não é acima da<br />
média mas temos que<br />
dar a mão à palmatória<br />
que neste momento<br />
no underground não<br />
existe banda mais trabalhadora - este é um<br />
dos nove lançamentos que a banda lançou até<br />
agora. Sempre no limiar caótico que separa o<br />
grindcore do noise, o que podemos esperar<br />
da banda são sete temas em pouco mais de<br />
oito minutos que até têm um ambiente necro<br />
bastante interessante. Os seus companheiros<br />
de split são os Insomnia Isterica, do qual não<br />
temos muitas mais informações mas por<br />
aquilo que apresentam aqui, temos algo que se<br />
assemelha a um ensaio dos Brutal Truth e que<br />
sinceramente não nos convence. Neste split, os<br />
Disfigured Human Mind ganham claramente e<br />
carregam-no às costas.<br />
[6.7/10] Fernando Ferreira<br />
60<br />
Disfigured Human Mind / New York Against The Belzebu<br />
“Só Queremos Dizer Merda e Meter Nojo”<br />
Murder Records<br />
Disfigured Human Mind<br />
strikes back! Desta feita<br />
com um dos nomes<br />
clássicos do grindcore<br />
brasileiro, os New York<br />
Against The Belzebu.<br />
Comecemos pelos<br />
Disfigured Human<br />
Mind que apresentam<br />
uma dose cavalar de<br />
noise onde a distorção é de tal forma que tudo<br />
o resto parece imperceptível. Aliás, nos quase<br />
treze minutos que duram as dezasseis músicas<br />
(a contar com a intro), é difícil perceber quando<br />
começa uma e quando acaba outra. No lado<br />
dos New York Against The Belzebu, temos<br />
um ensaio que a banda registou em 1996,<br />
com o som típico de algo do género. Serve<br />
como curiosidade a raridade e no geral é bom<br />
lançamento underground para quem aprecia a<br />
barulheira.<br />
ELA<br />
[6.5/10] Fernando Ferreira<br />
“Second Reality”<br />
Massacre Records<br />
Quem é Ela? Poderão<br />
achar que não faz<br />
muito sentido esta<br />
pergunta já que se<br />
trata, aparentemente<br />
de forma óbvia,<br />
de uma banda. É<br />
efectivamente uma<br />
banda, liderada pela<br />
amiga Ela, vocalista com uma carreira já<br />
considerável, tendo passado por vários<br />
projectos. Ao que tudo indica, este é o<br />
segundo trabalho com esta designação e<br />
o que apresenta é power metal melódico<br />
que não surpreende por aí além mas<br />
consegue cativar o suficiente para que se<br />
lhe dedique algumas boas audições. Faltalhe<br />
no entanto um pouco mais de fogo e<br />
de malhas marcantes, como a "Welcome<br />
To Zombieland". Nada que nos impeça de<br />
mantê-los debaixo de olho.<br />
DIVINITY COMPROMISED<br />
“Terminal Qumran”<br />
No Dust Records<br />
D i v i n i t y<br />
Compromised é<br />
uma banda de metal<br />
progressivo fundada<br />
em 2009. “Terminal”,<br />
de <strong>2017</strong>, é o seu<br />
segundo full length,<br />
sucedendo a “A<br />
<strong>World</strong> Torn” de 2013.<br />
Com um prog que se aproxima, umas<br />
vezes, de Dream Theater, principalmente<br />
nos vocais, e outras de Symphony X, nas<br />
riffs mais heavy, Divinity Compromised<br />
consegue fazer arranjar espaço para<br />
algo seu. Apesar de apresentar uma<br />
sonoridade que revela rapidamente as<br />
suas influências, a banda consegue<br />
surpreender e entreter com a sua<br />
composição. Os momentos mais pesados<br />
e os mais suaves estão bem intercalados,<br />
nunca caindo no redundante e no<br />
aborrecido. Um dos melhores momentos<br />
é o último par de minutos da faixa “The<br />
Definition <strong>of</strong> Insanity”. Com samples de<br />
discursos de políticos (em destaque, de<br />
Donald Trump) a combinação da cadência<br />
do instrumental com as vozes cria um<br />
ambiente singular, em que crítica e arte<br />
se combinam perfeitamente. O vocalista,<br />
Lothar Keller, apresenta uma voz que tanto<br />
sobe e desces escalas com facilidade e<br />
doçura, como também consegue adquirir<br />
a rispidez e a agressividade para conferir<br />
o peso que o instrumental por vezes pede.<br />
De notar o excelente uso das teclas, por<br />
vezes quase impercetível, que confere<br />
uma pr<strong>of</strong>undidade ao som desta banda<br />
que, sendo independente, supera muitos<br />
lançamentos de grandes gravadoras.<br />
Para não falar das riffs e dos solos,<br />
perfeitamente executados. Um grupo<br />
de músicos excecionais que faz deste<br />
trabalho um grande álbum que, como uma<br />
montanha-russa musical, leva o ouvinte<br />
por paisagens épicas, planícies suaves,<br />
e montanhas ameaçadoras e rochosas<br />
(neste caso, metálicas). Um 8 em 10,<br />
com um grande respeito por músicos<br />
excelentes que merecem uma visibilidade<br />
muito maior.<br />
EAGLEHEART<br />
“Reverse”<br />
Scarlet Records<br />
Não começa nada<br />
mal...Until The Fear Is<br />
Gone, arranca logo a<br />
seguir a uma pequena<br />
e majestosa intro de<br />
nome "Awakening" trata<br />
de mostrar o que ai vem<br />
sem grandes rodeios.<br />
Depois é um desfilar de<br />
temas arrepiantes! Ainda<br />
hoje, falava sobre os naturais clichés que nos<br />
soam pelos diversos estilos musicais e aqui não<br />
fugimos à regra: power metal, e tudo o que está<br />
associado à sua sonoridade...Reverse, Eagleheart,<br />
sim estes mesmos, eles combinam tudo isso e<br />
recriam algo que vai deixar os fans do género de<br />
boca aberta e certamente vão apreciar esta obra<br />
de arte. Vocais potentes e melódicos, solos de<br />
guitarra memoráveis e uma batida de vitorioso<br />
combate. Cada faixa contem uma tonalidade de<br />
outras bandas que já aprendemos a apreciar pela<br />
sua grandiosidade e rapidez, mas os Eagleheart dão<br />
um toque muito sui generis ao seu som e com toda<br />
a certeza estão no caminho para se juntar às lendas<br />
do género. Força, porque estes Checos vão arrasar!<br />
ELUVEITIE<br />
[9/10] Miguel Correia<br />
“Evocation II - Pantheon”<br />
Nuclear Blast<br />
Muita expectativa<br />
para esta segunda<br />
parte de "Evocation".<br />
Não pelo álbum em si<br />
mas principalmente<br />
pela fase em que<br />
os Eluveitie se<br />
encontram. Com<br />
uma mudança<br />
pr<strong>of</strong>unda de alinhamento, a banda surge<br />
renovada e reformulada, mostrando que<br />
o seu folk metal ainda continua a ser<br />
temível para a concorrência. Não sabemos<br />
como é que a coisa vai ser no futuro já<br />
que este álbum acústico não nos mostra<br />
exactamente como a banda soa em todo<br />
o seu esplendor mas achamos que pelo<br />
menos para aqueles que estavam mais<br />
preocupados poderão ficar descansados.<br />
Temos aqui quase vinte músicas que são<br />
ideais para festejar e celebrar aos deuses<br />
antigos.<br />
[7/10] Fernando Ferreira [8/10] João Freitas<br />
[8.7/10] Fernando Ferreira
ENSIFERUM<br />
“Two Paths”<br />
<strong>Metal</strong> Blade Records<br />
Os Ensiferum poderão<br />
não ser a escolha mais<br />
óbvia no que ao folk<br />
metal diz respeito,<br />
principalmente pelo<br />
seu som mais épico e<br />
próximo do death metal<br />
melódico. Categorias<br />
e rótulos aparte, esta<br />
é uma banda que já<br />
conquistou o seu espaço na cena da música<br />
extrema. Ao sétimo álbum e após uma compilação<br />
o ano passado, aquilo que esperamos é aquilo<br />
que sempre tivemos: metal melódico e muitos<br />
gancho melódicos, feitos para serem entoados<br />
ao vivo. Poderão haver vozes críticas que refiram<br />
que a música da banda finlandesa não passa<br />
disso mesmo e que tal como outras bandas que<br />
surpreenderam no início de carreira (como uns<br />
Rhapsody, Children Of Bodom e Sonata Arctica),<br />
chega a um ponto em que não têm nada de novo<br />
para apresentar. Efectivamente não há nada de<br />
novo, apenas mais onze músicas novas que nos<br />
trazem o melhor que a banda sabe fazer. "Apenas"<br />
que já é muito.<br />
[8.6/10] Fernando Ferreira<br />
EPICA<br />
“The Solace System”<br />
Nuclear Blast<br />
Após um excelente "The<br />
Holographic Principle",<br />
era inesperado termos<br />
notícias de estúdio tão<br />
depressa por parte<br />
da banda holandesa<br />
Epica, mas aqui estão<br />
eles, após (menos de)<br />
um ano com este "The<br />
Solace System", um EP que nos traz seis temas<br />
de natureza mais condensada do que aquilo<br />
que a banda faz normalmente. Não se trata de<br />
material de refugo, já que há por aqui grandes<br />
malhas - "Fight Your Demons" é de uma potência<br />
avassaladora, isto já sem falar do tema título.<br />
Será um trabalho que deverá estar associado<br />
ao último álbum de estúdio e que serve como<br />
complemento do mesmo - daí a razão, talvez,<br />
de ter sido lançado tão pouco tempo depois. Na<br />
nossa opinião é indispensável para quem gostou<br />
de "The Holographic Principle".<br />
[8.7/10] Fernando Ferreira<br />
ESHTADUR<br />
“Mother Gray”<br />
Bleeding Music Records<br />
Depois de analisado o<br />
single do tema Cornered<br />
At The Earth numa<br />
edição anterior, temos<br />
finalmente em mãos o<br />
álbum deste projecto<br />
Colombiano, onde o<br />
tema referido se destaca,<br />
mas vários outros temas<br />
acompanham a mesma<br />
sonoridade e execução durante os 49 minutos<br />
do álbum de Black <strong>Metal</strong> Melódico com cheiro a<br />
Blackened Death <strong>Metal</strong>, com produção moderna e<br />
excelentes variações. A voz não é tipicamente Black<br />
<strong>Metal</strong>, como momentos mais graves quase Death<br />
<strong>Metal</strong>/<strong>Metal</strong>core, o que dá talvez a identidade de<br />
estilo são as guitarras e a bateria, que procurando<br />
criar melodias pesadas e sonantes. Apresentandose<br />
com belas composições e solos cativantes<br />
na guitarra, e a bateria tem um som cheio e<br />
extremamente agradável, quer pela composição<br />
apresentada como pela sonoridade individual dos<br />
seus componentes. Com alguns pormenores de<br />
sintetizadores ora a introduzir, ora a realçar ou<br />
complementar alguns momentos.<br />
[8.3/10] David Carreto<br />
ESKIMO CALLBOY<br />
“The Scene”<br />
Century Media Records<br />
FIVE THE HIEROPHANT<br />
FROM THE HELLMOUTH / MUTILATRED<br />
“Over Phlegethon”<br />
“Split”<br />
Dark Essence Records<br />
Redefining Darkness & Seeing Red Records<br />
Aquilo que cada vez<br />
Quando a apresentação<br />
Apesar de não haver<br />
mais temos a impressão<br />
é feita com a frase<br />
grandes expectativas<br />
é que o metal moderno<br />
"Paisagens sonoras<br />
quando nos aparece um<br />
está cada vez mais<br />
ritualistas fundidas<br />
split entre duas bandas<br />
convencional. Em vez<br />
de trazer surpresa e<br />
com black metal, jazz,<br />
pós-metal e ambient,<br />
de death metal em cima<br />
da mesa, é bom ver que<br />
revolução, agarrase<br />
é impossível não<br />
ainda nos conseguem<br />
a uma série de<br />
ficarmos logo rendidos<br />
surpreender. Não que<br />
lugares<br />
que<br />
comuns<br />
infelizmente<br />
- e até acrescentamos o<br />
doom à conta e o rock<br />
psicadélico. Para já quando logo na primeira<br />
música (a épica e hipnótica "Queen Over<br />
Phlegethon") se ouve o sax<strong>of</strong>one nos primeiros<br />
momentos é paixão à primeira vista. Este<br />
primeiro trabalho do trio britânico poderá não<br />
ser daqueles que chamará a atenção dos fãs de<br />
black metal mas sem dúvida que todos os fãs de<br />
sonoridades cheias de psicotrópicos da década<br />
de setenta que vão ficar apaixonados tal como<br />
nós. É um daqueles sons que é difícil de explicar<br />
e sobretudo de memorizar mas enquanto se<br />
está a ouvir, não se consegue sair dele. No final<br />
fica apenas a mensagem gravada: "ouvir de<br />
novo". Sim, nós obedecemos, amo.<br />
exista aqui algo de<br />
transcendente e que<br />
fure as regras mas sem dúvida que temos o estilo<br />
a ser tratado de forma muitíssimo competente.<br />
Os Mulitrated talvez sejam um pouco menos<br />
interessantes, com uma abordagem menos<br />
cativante ao seu death metal brutal, no entanto,<br />
apresenta-nos oito minutos de noise bruto a<br />
fechar a sua participação no split. Por outro lado<br />
os From The Hellmouth chegam-nos cheios de<br />
pujança e com um extremo bom gosto em riffs e<br />
ganchos memoráveis - sim, continuamos a falar<br />
de death metal. Surpreendente e recomendado.<br />
[5/10] Fernando Ferreira [9.5/10] Fernando Ferreira<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
são sempre os mesmos. E apesar de todo o<br />
entusiasmo e capacidade para fazer músicas e<br />
(principalmente) refrões atractivos, o que temos<br />
aqui é mais do mesmo. São o mesmo tipo de<br />
ritmos, breakdowns, arranjos electrónicos,<br />
efeitos na voz. Tudo aquilo que já andamos<br />
a ouvir desde 2005 e que já estamos um<br />
bocadinho fartos. Esta banda tem tido imenso<br />
sucesso na Alemanha quer em vendas quer em<br />
digressões e o que apresentam não contradiz<br />
que o continuem a tenter. O problema é mesmo<br />
nosso, já estamos cansados.<br />
GAEREA<br />
“Gaerea ”<br />
Everlasting Spew Records<br />
Black <strong>Metal</strong> negro,<br />
agressivo e por vezes<br />
decadente que produzem<br />
uma dinâmica e variedade<br />
ao som que é de destacar<br />
pela positiva face ao<br />
produto final conseguido.<br />
A composição mantém<br />
uma raiz nas guitarras<br />
executadas em tremolo<br />
picking, com boas variações e momentos que<br />
provocam sensações mais introspectivas, muito<br />
inspiradas nas letras interessantes, executadas<br />
numa voz arranhada e gritada; na bateria bem<br />
agressiva quando é momento mas também versátil<br />
e muito bem executada; e por fim no baixo que<br />
preenche a muralha de som. A produção é moderna<br />
e bem conseguida onde todos os instrumentos<br />
soam agradáveis e estão equilibrados, fazendo<br />
com que todos sejam audíveis na medida certa.<br />
De notar que este é um projecto nacional recente,<br />
que pela qualidade apresentada abre o apetite<br />
para o que podem produzir a seguir, e deixam-me<br />
pessoalmente alguma expectativa para ouvir como<br />
será o seu primeiro álbum, pois para primeira<br />
impressão este EP merece audição.<br />
GLOOMY GRIM<br />
“Fuck The <strong>World</strong>, War Is War!”<br />
Symbol Of Domination Prod.<br />
Como dissemos<br />
aquando o lançamento<br />
do "The Age Of<br />
Aquarius", os Gloomy<br />
Grim eram uma banda<br />
bastante diferente<br />
daquilo que se<br />
apresentam agora. Esta<br />
compilação das suas<br />
primeiras demos é a<br />
prova que precisamos para sustentar a nossa<br />
afirmação. Nestes primeiros trabalhos é<br />
visível uma abordagem bem peculiar, quase<br />
industrial - a bateria era programada sem<br />
grandes esforços para esconder o facto - e<br />
com músicas desconfortáveis (literalmente) e<br />
que não iam nem ao encontro da abordagem<br />
melódica/sinfónica das referências da altura<br />
(Cradle <strong>of</strong> Filth e Dimmu Borgir) nem estavam<br />
perto do lado mais extremo do black metal.<br />
Curiosamente esse era um dos seus atractivos.<br />
Como as demos já estão esgotadas há já muito<br />
tempo, esta é a única oportunidade para colocar<br />
as mãos neste temas.<br />
GRANT THE SUN<br />
“Grant The Sun”<br />
Mas-Kina Recordings<br />
Quando vimos os<br />
títulos em castelhano<br />
pensámos que<br />
iríamos ouvir algo<br />
para quebrar o ritmo<br />
anglo-saxónico.<br />
Só depois nos<br />
apercebemos que<br />
estávamos perante<br />
música instrumental, o que para nós é<br />
ainda melhor. Aliás, é perfeito. Consoante<br />
a música ser boa. Felizmente é. Os<br />
nuestros hermanos Lodo apresentamse<br />
com um pós-metal que não foge ao<br />
sludge para nos trazerem seis longas<br />
tapeçarias sonoras (média de duração<br />
é de seis minutos e meio) que são do<br />
mais viciante que poderíamos ter. Um<br />
grande álbum de estreia e uma enorme<br />
surpresa, daquelas que gostamos que nos<br />
surgem de nenhures. Neste Lodo não nos<br />
importamos de afundar.<br />
[8.6/10] David Carreto [7/10] Fernando Ferreira<br />
[9.3/10] Fernando Ferreira<br />
61
HATE MOON<br />
“The Imprisoning War”<br />
Folkvangr Records<br />
Da Pennsylvania<br />
(EUA) chega-nos<br />
uma proposta<br />
bem interessante<br />
dentro do Black<br />
<strong>Metal</strong> sinfónico.<br />
Intitulada Hate<br />
Moon, a banda<br />
formada pelos dois membros Tuathail<br />
(guitarra/teclado/bateria) e Tohmar<br />
(vocais/baixo/guitarra) presenteianos<br />
com um trabalho que explora as<br />
origens culturais dos dois músicos<br />
americanos de descendência<br />
irlandesa.<br />
Apostando numa sonoridade<br />
com contornos bastante épicos,<br />
a sonoridade de The Imprisoning<br />
War vai alternando com extrema<br />
agressividade e um lado mais<br />
sinfónico com elementos sonoros<br />
sintetizados, que proporcionam uma<br />
excelente ambiência sonora, tanto em<br />
temas mais curtos, como “Storm the<br />
Gates”, como em faixas mais longas,<br />
como “The Skeleton Forest”. Contudo,<br />
todo o trabalho dos Hate Moon é<br />
um conjunto de brutalidade épica e<br />
anciã, a recordar os tempos antigos<br />
que misturam a história e fantasia da<br />
mitologia nórdica e celta.<br />
Pese embora os vocais não serem os<br />
mais tradicionais no género, fazendose<br />
notar uma espécie de influência do<br />
screamo mais moderno, na realidade,<br />
a sua junção com a parte instrumental<br />
cria um ambiente bem interessante<br />
dentro do Black <strong>Metal</strong> que a banda<br />
propôs. Em suma, The Imprisoning<br />
War é uma proposta a ter em conta em<br />
um dos lançamentos do underground<br />
metálico que os fãs deveriam dar uma<br />
oportunidade.<br />
HEAT<br />
“Night Trouble”<br />
This Charming Man Records<br />
De Berlim, os<br />
classic rockers<br />
Heat, apresentam o<br />
seu terceiro longa<br />
duração Night<br />
Trouble, que sai<br />
no próximo dia 13<br />
de outubro. O que<br />
esperar? Bem, velho<br />
estilo rock, bem rasgadinho, solos e ritmos<br />
vibrantes compondo musicas simples e<br />
por vezes algo melancólicas, mas quando<br />
o ouvimos ficamos com a ideia de um<br />
enorme esforço da banda germânica, uma<br />
vez que comparativamente com trabalhos<br />
anteriores se nota uma melhoria na<br />
produção com um som mais pr<strong>of</strong>issional.<br />
A ouvir, claro que sim!<br />
HUMANITY ZERO<br />
“Withered In Isolation”<br />
Satanath Records<br />
HENRY METAL<br />
“So It Hath Begun”<br />
Edição de Autor<br />
Um passo, o primeiro,<br />
de um projeto de hard/<br />
heavy rock, que para<br />
os fãs ou apreciadores<br />
do género não deixará<br />
ninguém desapontado.<br />
São faixas como a<br />
brilhante "Butthead<br />
Maven" que me faz<br />
ter esta opinião, pois<br />
trata-se de um tema incrível, que serve para<br />
demonstrar que Henry <strong>Metal</strong> é um artista que<br />
realmente sabe como dar o que os outros<br />
querem. “Henry's Saga” tem o som da guitarra<br />
Thin Lizzy, bem ao estilo de Gary Moore e<br />
até mesmo as influências de John Sykes.<br />
Outras passagens revelam uma aparente raiva<br />
forçosamente escondida, “Squeeze You” e<br />
“Boss Of Me”, por exemplo.A globalidade do<br />
álbum é o sangue que corre nas veias de quem<br />
o construiu, cheio de excelentes musicas rock,<br />
fáceis de aceitar e cantar.<br />
[8/10] Miguel Correia [7.5/10] Miguel Correia<br />
Os Humanity Zero<br />
surgem-nos da<br />
Grécia, já com um<br />
longo historial, com<br />
"Withered In Isolation"<br />
a ser o oitavo álbum<br />
lançado desde 2008,<br />
o que é uma média<br />
bem alta. A dúvida que<br />
nos assalta será de verificar se a média no<br />
que diz respeito à qualidade também é alta.<br />
Conforme mergulhamos neste trabalho,<br />
percebemos que o seu foco é o death/doom<br />
clássico, lembrando-nos os primórdios de<br />
bandas como Anathema, Paradise Lost ou<br />
My Dying Bride. Arranjos simples e melodias<br />
de guitarra solo bastante convincentes<br />
fazem com que este álbum surja como uma<br />
agradável surpresa. De tal forma que nos<br />
dá vontade de verificar o resto da já longa<br />
discografia da banda grega.<br />
IGNOMINIOUS<br />
“The Throne And The Altar”<br />
Hidden Marly Production<br />
Black metal hungaro<br />
poderá não ser uma<br />
grande referência<br />
mas os Ignominious<br />
até nem se dão nada<br />
mal. Após seis anos<br />
de silêncio sob a<br />
estreia "Death Walks<br />
Amongst Mortals",<br />
a banda apresenta o seu segundo álbum<br />
sobre a forma deste "The Throne And The<br />
Altar". Não surpreendendo na forma - black<br />
metal tipicamente escandinavo próprio<br />
do underground da década de noventa -<br />
acaba por cativar pelo seu entusiasmo e<br />
pela sua melodia, mesmo sem ter arranjos<br />
de teclados. Produção crua e uma certa<br />
mística que faz com que se ouça muito<br />
bem. Para quem procura uma viagem ao<br />
passado no seu black metal, este é um<br />
bom destino.<br />
[7.5/10] Fábio Pereira [8.7/10] Fernando Ferreira<br />
[7/10] Fernando Ferreira<br />
IN TORMENTATA QUIETE<br />
“Finestatico”<br />
My Kingdom Music<br />
Necrot são o<br />
puro Death <strong>Metal</strong><br />
oldschool em Pleno<br />
século 21. Puro e<br />
cru, completamente.<br />
Começa logo com<br />
o pedal duplo que,<br />
apontado a nós<br />
como uma pistola,<br />
<strong>of</strong>erece momentos de destruição aos<br />
nosso ouvidos. Os riffs são gordos e<br />
densos, como que criando uma sólida<br />
parede de som quase impossível de<br />
derrubar. A agressividade como palavra<br />
de ordem não é algo que nos tenha sido<br />
apresentado propriamente ontem. Ao<br />
longo que os minutos vão passando,<br />
somos confrontados com mais do mesmo,<br />
tornando difícil de digerir o álbum na sua<br />
totalidade.<br />
INTEGRAL<br />
“Resilience”<br />
Ghastly Music<br />
Quando referimos<br />
que o metalcore e o<br />
deathcore já pouco de<br />
novo têm a <strong>of</strong>erecer,<br />
são bandas como os<br />
Integral que nos dão<br />
razão. Não por evitarem<br />
os ditos géneros mas<br />
por os incorporarem<br />
com outros géneros,<br />
neste caso, o death metal técnico. Até julgamos<br />
que, sem ser <strong>of</strong>icialmente, o death metal<br />
técnico é a tábua de salvação do deathcore.<br />
Como generalizar é o ponto de partida para o<br />
preconceito, vamos continuar a analisar caso a<br />
caso. Os italianos Integral conseguem conciliar<br />
de forma perfeita breakdowns e solos de<br />
extrema inspiração, que fazem com que temas<br />
como "Collapsed Cubes" e "Mechanical Existence<br />
Construction" nos soem extremamente<br />
interessantes. Este é um daqueles álbuns que<br />
nos vemos a voltar muitas mais vezes no futuro<br />
- o que já diz muito do seu impacto.<br />
JOHN STEVEN MORGAN<br />
“Solo Piano Works”<br />
Dark Martha Records<br />
Bem pessoal da<br />
metalada pura e dura.<br />
Podem ir descansar.<br />
Não há aqui para nós. O<br />
resto do pessoal que até<br />
gosta de outras coisas<br />
podem permanecer<br />
que isto até é capaz de<br />
vos interessar. John<br />
Steven Morgan é um<br />
compositor e pianista conhecido no circuito de<br />
jazz. "Então e o que é que isto tem a ver com<br />
o mundo do metal?" Bem, o senhor também é<br />
compositor para o projecto Wreche, black metal<br />
experimental? Interessante, não? É como a<br />
música aqui. Pequenas peças ao piano, cruas<br />
e puras e bastante emocionais. Algo que ficaria<br />
bem num filme qualquer onde as relações e<br />
emoções fossem um dos grandes tópicos.<br />
O resultado é um álbum zen que sabe bem<br />
ouvir para limpar o sistema das toxicidades do<br />
quotidiano. E não, não é música para dormir.<br />
Acreditem.<br />
62<br />
[6/10] João Coutinho [8.4/10] Fernando Ferreira<br />
[8/10] Fernando Ferreira
JORN<br />
“Life On Death Road”<br />
Frontiers Records<br />
Jorn Lande<br />
não precisa de<br />
apresentações, toda<br />
o seu percurso e<br />
reputação adquirida<br />
enquanto vocalista<br />
e compositor o<br />
precede. São muitos<br />
anos de metal, quase<br />
30, se não estou em erro, e este “Life On<br />
Death Road” marca o seu nono trabalho<br />
original de estúdio, trazendo mais uma<br />
vez o peso do metal, navegando para<br />
sonoridades AOR, ao nível elevado a que<br />
Jorn já nos habituou e mais uma vez<br />
acompanhado por nomes sonantes e de<br />
peso no panorama musical: Matt Sinner<br />
(baixo), Francesco Jovino (bateria), Alex<br />
Beyrodt (guitarra), complementados<br />
por Alessandro Del Vecchio nas teclas.<br />
Recomendo!<br />
KA BAIRD<br />
“Sapropelic Pycnic”<br />
Drag City<br />
Já estamos habituados<br />
a que nos chegue<br />
da Drag City as<br />
propostas musicais<br />
mais inesperadas<br />
mas mesmo assim<br />
ainda nos consegue<br />
surpreender. Ka Baird<br />
é difícil de definir. Este<br />
projecto poderá inserirse<br />
na vertente mais experimental da música<br />
ambient e avantgarde, onde sons estranhos,<br />
alguns orgânicos, outros fruto de sintetizadores<br />
se juntam a uma voz angelical que aparece de<br />
vez em quando. O resultado é desconcertante<br />
tanto como hipnótico. Definitivamente não é<br />
algo para ouvir todos os dias mas tem um efeito<br />
estranhamente calmante - compreendemos<br />
que possa irritar também. Um álbum de estreia<br />
que não nos deixa indicações para o que possa<br />
vir no futuro - a dificuldade para compreender<br />
o presente já é difícil - mas sem dúvida que<br />
uma obra que vai crescer com consequentes<br />
audições.<br />
KING PARROT<br />
“Ugly Produce”<br />
Agonia Records<br />
Os King Parrot já têm<br />
dado nas vistas desde<br />
o lançamento do álbum<br />
de estreia em 2012<br />
mas foi com "Dead<br />
Set", lançado pela<br />
editora de Phil Anselmo<br />
(Housecore Records)<br />
nos E.U.A e na Europa<br />
pela Agonia Records<br />
que as portas se abriram verdadeiramente.<br />
"Ugly Produce" pega nisso e eleva tudo um<br />
pouco. Qualidade, potência e intensidade, num<br />
álbum que apesar de unidimensional, não deixa<br />
de impressionar. Talvez o grande defeito é não<br />
<strong>of</strong>erecer uma faixa que seja que se destaque.<br />
Por outro lado, todas se equivalem por uma<br />
qualidade acima da média. Um álbum ao qual<br />
teremos ainda que dedicar mais audições mas<br />
que só esse facto - ser unidimensional mas<br />
mesmo assim puxar-nos para ouvir mais - é<br />
razão para ficarmos impressionados.<br />
[9/10] Miguel Correia [7/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira<br />
KORPIKLAANI<br />
“Live At Masters Of Rock”<br />
Nuclear Blast<br />
Nada como vir do Vagos<br />
<strong>Metal</strong> Fest e recordar uma<br />
das grandes actuações<br />
do festival com este "Live<br />
At Masters Of Rock",<br />
embora aqui tenhamos<br />
direito a muitas mais<br />
músicas do que aquelas<br />
que ouvimos na meca<br />
metaleira nacional. Dois<br />
CDs com duas actuações da banda, uma registada<br />
em 2016 e outra em 2014. Já sabemos o que<br />
estão a pensar - duas actuações, provavelmente<br />
dois espectáculos bastante semelhantes. Também<br />
estavamos cépticos e embora a música dos<br />
Korpiklaani não seja das mais surpreendentes<br />
que possa existir e realmente exista a repetição<br />
de alguns temas, a verdade é que os espectáculos<br />
são diferentes o suficiente para que compense<br />
a compra. Tal como compensaria ir ver a banda<br />
com o intervalo de dois anos a um festival como o<br />
Masters Of Rock. Além de ser o primeiro trabalho<br />
ao vivo da banda finlandesa (e também DVD/Blu<br />
Ray), deverá ser valorizado por não ter qualquer<br />
tipo de overdubs. What you heard is what you get.<br />
Para fãs e curiosos, recomendado.<br />
KRYPTONITE<br />
“Kryptonite ”<br />
Frontiers Records<br />
Estamos perante um<br />
projeto, reunidos por<br />
uma editora. Quando<br />
nomes como Jakob<br />
Samuel, voz de The<br />
Poodles, conheceu<br />
Alessandro Del<br />
Vecchio, produtor<br />
interno da Frontiers<br />
Records e um escritor<br />
á altura dos seus gostos chamado Neal<br />
Schon, Fergie Frederiksen, Steve Lukather e<br />
muito mais, o resultado é este KryptoniteO<br />
projeto também apresenta o guitarrista<br />
Michael Palace, o baixista Pontus Egberg e o<br />
baterista Robban Bäck com resultados algo<br />
impressionante. Bom, vamos lá, Chasing<br />
Fire, Across The Watere Get Out Be Gone, são<br />
musicas carregadas de ambiente típico AOR e<br />
claro recheado de conceitos líricos pr<strong>of</strong>undos e<br />
inteligentes, com uma grande energia. Será que<br />
apesar de tudo haverá espaço para um segundo<br />
trabalho destes Kryptonite?<br />
[8/10] Fernando Ferreira [7/10] Miguel Correia<br />
LENG TCH'E<br />
“Razorgrind”<br />
Season Of Mist<br />
Os Leng Tch'E são um<br />
dos nomes maiores do<br />
grindcore da Bélgica<br />
a par dos Agathocles,<br />
embora sejam uma<br />
banda (um pouco)<br />
mais recente. Quando<br />
partimos para a<br />
audição de um álbum<br />
de grindcore, é fácil<br />
esperarmos algo específicamente, no entanto,<br />
com este "Razorgrind" podemos esperar<br />
algumas surpresas. Para já, e graças a uma<br />
produção bem potente, há por aqui um espírito<br />
death metal bem acentuado. Depois existem<br />
por aqui dinâmicas e pormenores excelentes<br />
que ajudam a que não se sinta que este é<br />
apenas mais um álbum grindcore. Se pegarmos<br />
num malhão como "Ginea Swine" onde até<br />
teclados vintage temos, é fácil perceber ao que<br />
nos referimos. "Razorgrind" é praticamente<br />
inesgotável, dadas as vezes que lhe queremos<br />
dedicar audições e um regresso (após sete anos<br />
de ausência) muito bem acolhido por todos os<br />
que gostam de música extrema.<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
LEPROUS<br />
LONEWOLF<br />
“Malina”<br />
InsideOut Music<br />
pdoemos classificá-lo como trip hop,<br />
até à forma como progride sendo que os<br />
momentos emocionais tendem a sobreporse<br />
à intensidade que a banda já nos tinha<br />
“Raised On <strong>Metal</strong> ”<br />
Massacre Records<br />
Os Leprous já habituado. E este poderá ser o grande<br />
Estes franceses,<br />
deixaram de ser uma desafio para quem gostava principalmente<br />
trazem-nos um<br />
novidade há já algum dessa componente. No entanto, apesar da<br />
álbum cheio de<br />
tempo. Nem memso nítida mudança de direcção, não se pode<br />
metal pesado reto<br />
uma promessa. Já dizer que a identidade da banda tenha<br />
e intransigente; As<br />
são uma confirmação sido renegada. Melodias fáceis de fixar,<br />
músicas são rápidas<br />
e uma força a ter em alguma complexidade nos ritmos mas no<br />
com coros atraentes.<br />
conta no espectro do geral estruturas das músicas mais simples<br />
Com isso, e também<br />
metal progressivo. e fáceis de assimilar, assim como um<br />
devido à voz muito<br />
Depois de um "The Congregation" que ambiente quase pop. Curiosamente será característica do guitarrista / vocalista<br />
lhes trouxe sucesso e digressões por todo por essa facilidade de assimilação que o Jens Börner, a banda desenvolveu<br />
o lado (que nos brindou com um grande álbum talvez se torne algo difícil de digerir. totalmente um som que é imediatamente<br />
concerto no Lisboa Ao vivo) a expectativa "Malina" marca um ponto de viragem mas reconhecível. 'Raised On <strong>Metal</strong>' não é uma<br />
era grande e nem teve que ser alimentada não compromete, fazendo com que apesar exceção e é outro registro Lonewolf típico<br />
muito porque dois anos depois cá está o da mudança, continuamos a caminhar que irá satisfazer seus desejos de heavy<br />
sucessor. Ainda assim, o que temos é um com eles.<br />
metal mais pr<strong>of</strong>undos e irá especialmente<br />
trabalho substancialmente diferente de<br />
tudo o que a banda apresentou até agora.<br />
Para já está bastante mais acessível. Desde<br />
agradar os fãs de Grave Digger e Running<br />
Wild. O verdadeiro metal pesado, os picos<br />
e o couro ainda são a lei! Soltem os lobos...<br />
a forma como começa com "Bonneville",<br />
um tema que na maior parte da sua duração<br />
[8/10] Fernando Ferreira [8/10] Miguel Correia<br />
63
MANILLA ROAD<br />
“To Kill A King”<br />
Golden Core Records<br />
Depois do brilhante<br />
The Blessed Curse,<br />
os lendários reis<br />
do metal épico<br />
Manilla Road, que<br />
celebram 40 anos<br />
de existência, estão<br />
de volta com este<br />
To Kill A King. Mark<br />
the Shark Shelton, Bryan Hellroadie<br />
Patrick e Andreas Neudi Neuderth,<br />
acompanhados à data por Phil Ross no<br />
baixo, projetam neste trabalho aquilo que<br />
é a imagem destes Manilla: riffs e solos<br />
bem melódicos e muito característicos,<br />
projetados num ritmo muito próprio, os<br />
duelos nas vozes de Patrick e Shelton, e<br />
a sólida secção rítmica, numa batida bem<br />
progressiva, tudo traduzido em 10 faixas<br />
bem consistentes e plenas de criatividade,<br />
passando por momentos de demonstração<br />
de metal bem furioso, rasgado, The Arena<br />
é disso um bom exemplo, que ao mesmo<br />
tempo serve para elevar a melancolia<br />
trazida da faixa anterior. A longa abertura<br />
deixa antever a boa forma do quarteto<br />
do Wichita, Kansas, e ao longo de todo o<br />
trabalho faixas como Castle <strong>of</strong> the Devile<br />
Ghost Warriors, trazem logo à memória os<br />
bons velhos tempos, que os tornou uma<br />
das bandas de culto da cena heavy metal<br />
e que ainda hoje são respeitados por todo<br />
o seu percurso. Shelton é um mestre do<br />
metal, queiramos ou não, o percurso da<br />
banda fala por si e quem desenha hinos<br />
como The Talismane The Other Side<br />
não precisa de outro reconhecimento se<br />
não o dos seus fans. Estamos perante<br />
um trabalho nada antiquado, muito<br />
bem pensado e também ele capaz de<br />
demonstrar o som constante e evolutivo<br />
da banda, que se percebe sempre fiel às<br />
suas raízes. Os Manilla continuam a elevar<br />
os seus padrões criativos e a demonstrar<br />
que velhos são os trapos!<br />
MIDNITE CITY<br />
“Midnite City”<br />
AOR Heaven<br />
Ai está mais uma<br />
nova banda que<br />
tem na sua formção<br />
Midnite City o líder<br />
dos Tigertailz,<br />
Rob Wylde, Pete<br />
Newdeck (Newman<br />
/ Eden's Curse,<br />
Blood Red Saints),<br />
o guitarrista Miles Meakin e Shawn<br />
Charvette em teclados. O som de Midnite<br />
City é basicamente o rock duro melódico<br />
dos anos 80 com algumas pinças fortes<br />
da cena Hair <strong>Metal</strong>. São musicas muito<br />
surpreendentes de tirar o folego com<br />
guitarras bem fortes, com vocais cheios de<br />
atitude, criando grandes melodias! Notase<br />
o à vontade para compor musica dentro<br />
desta sonoridade, sendo uma estreia<br />
muito bem conseguida. A não perder de<br />
vista! Grande trabalho!<br />
[10/10] Miguel Correia [10/10] Miguel Correia<br />
64<br />
MIDNITE HELLION<br />
“Condemned To Hell ”<br />
Witches Brew<br />
Considerando<br />
as inúmeras<br />
mudanças de<br />
formação nos<br />
últimos seis<br />
anos (pelo<br />
menos quatorze<br />
guitarristas, baixistas e vocalistas<br />
diferentes já não estão na banda),<br />
o que sempre provoca alguma<br />
instabilidade, Condemned To Hell é um<br />
punhado de nove faixas de excelência<br />
que que cruzam linhas thrash e<br />
metal clássico. A formação atual está<br />
reduzida a um trio, mas onde a base é<br />
composta pelo baterista Drew Rizzo e<br />
o baixista / vocalista Rich Kubik. Bom,<br />
voltando ao álbum, as duas primeiras<br />
faixas, podem-nos deixar de pé atrás,<br />
não causando muito impacto e ouvir<br />
nessa fase de interlúdio a passagem<br />
sonora de Michael Jackson Black Or<br />
White seguido de um...wait a minute,<br />
this is not heavy metal...arrancando<br />
de punho erguido para um conjunto<br />
de riffs bem duros e pesados bem old<br />
school, mas como disse atrás, que<br />
não impressionam! Daí em diante as<br />
coisas aquecem e bem! Cross The<br />
LIne, é mesmo um atravessar de linha,<br />
para algo então muito, mas muito<br />
thrasher, com grandes solos e ritmos<br />
rasgados. Para a banda de New Jersey,<br />
fica o conselho: estabilidade, porque<br />
as ideias estão aí, mas precisam de ser<br />
mais equilibradas. Vamos aguardar<br />
por futuro lançamentos.<br />
[7/10] Miguel Correia<br />
MIST OF MISERY<br />
“Shackles Of Life”<br />
Black Lion Records<br />
O duo sueco<br />
conhecido como Mist<br />
Of Misery (entretanto<br />
ampliado a quarteto)<br />
deu nas vistas com<br />
o segundo álbum de<br />
originais editado no<br />
ano passado. Quem<br />
gostou nem teve que<br />
esperar muito tempo por nova música já que<br />
aqui está este EP que nos traz três temas<br />
novos acompanhados de três interlúdios<br />
e uma outro. A fórmula do seu black metal<br />
sinfónico e melancólico continua bem<br />
acutilante e eficaz. A fugir ao pós-black<br />
metal, abraçando o género mais tradicional<br />
mas ainda assim a não fugir à melodia, este<br />
é um EP indicado para quem gosta música<br />
orquestral e emocional, sem esquecer,<br />
obviamente o peso. Um bom momento da<br />
banda para se introduzir ao seu som.<br />
MITOCHONDRION<br />
“Antinumerology”<br />
Krucyator Production<br />
De vez em quando<br />
falamos do poder<br />
terapeutico da música<br />
indie ou ambient,<br />
como desintoxicação.<br />
Não só da metalda<br />
como do próprio<br />
stress. É um ponto<br />
válido no qual<br />
acreditamos ser fundamental à sanidade<br />
humana. Outro bastante válido para o<br />
mesmo fim é precisamente ouvir algo como<br />
este EP dos Mitochondrion, banda canadiana<br />
de black/death metal que espalha porrada a<br />
torto e direito como se fosse um cruzamento<br />
do Stallone com o Schwarzenegger.<br />
Daquela que até nos faz sugar toda a nossa<br />
agressividade depois de a puxar ao de cimo<br />
e sentir uma libertação como se tivessemos<br />
cinco horas no ginásio. Aliás, se esta música<br />
estivesse no ginásio era garantido que os<br />
treinos passavam de uma hora para meia.<br />
[8/10] Fernando Ferreira [8.3/10] Fernando Ferreira<br />
MOONLIGHT DESIRES<br />
“Just The Hits: 1981-1985”<br />
Edição de Autor<br />
Esta é uma ideia<br />
fantástica que já<br />
anda na nossa<br />
mente desde...<br />
sempre? Não, não<br />
nos roubaram a<br />
ideia, até porque não<br />
registámos patente mas como bons filhos<br />
da década de oitenta, não há nada mais<br />
que nos encante que pegar em músicas<br />
pop da nossa infância e adolescência e<br />
vê-la transportada para o universo rock.<br />
Imensas bandas já o fizeram no passado<br />
- os Atrocity são uma das mais ilustres<br />
- pelo que os Moonlight Desires não são<br />
revolucionários. Nem pretendem sê-lo<br />
mas o que fazem, fazem-no com uma<br />
mestria assinalável. Este é o segundo<br />
trabalho (a estreia veio na forma de<br />
"Frankie Goes To Hamilton", onde se<br />
dedicaram a reiventar músicas clássicas<br />
de amor) e é um mimo. Principalmente<br />
pela forma como músicas pop da década<br />
de oitenta são transformadas em temas<br />
rock moderno. Temos Duran Duran, Rod<br />
Stewart, Kim Carnes, Simply Red, Frankie<br />
Goes To Hollywood, entre outros. Esta<br />
é uma viagem no tempo que nem se dá<br />
conta que se está a ter, o que só demonstra<br />
tanto a qualidade das músicas como a<br />
capacidade da banda em reinventar temas.<br />
Só falta referir que os impulsionadores da<br />
banda são os mesmos por trás da série<br />
"Sons Of Butcher" (uma espécie de Spinal<br />
Tap canadiano), cujo tema é o genérico do<br />
nosso program Entrevista Estapafúrdia.<br />
Brilhante!<br />
[9/10] Fernando Ferreira
MOULDERED<br />
“Chronology Of A Rotten Mind”<br />
Satanath Records<br />
Não queremos saber<br />
se nos estamos a<br />
repetir. Gostamos da<br />
fruta sul-americana.<br />
Os tempos já não são<br />
o que eram e hoje em<br />
dia é possível termos<br />
um underground<br />
pulsante vindo de<br />
países como a Colômbia de onde nos surge<br />
esta estreia dos Mouldered. Em abono da<br />
verdade, não é nada que não tenhamos já<br />
ouvido antes. Death metal brutal a convidar<br />
ao slam - algo que apanhámos um fartote<br />
no início do milénio. Mas há algo neste<br />
conjunto de faixas que faz com que o que<br />
nos surge consiga cativar sem grande<br />
dificuldade. Bom death metal, a fugir à<br />
falta de dinâmica do slam - ouçam lá a<br />
"Mind Control" e digam lá se conseguem<br />
resitir a todos aqueles solos adoráveis.<br />
[7.5/10] Fernando Ferreira<br />
MR. BIG<br />
“Defying Gravity”<br />
Frontiers Records<br />
Estamos perante<br />
uma banda que não<br />
desperdiça o seu tem<br />
em estúdio. Uma vez<br />
envolvidos no processo<br />
de criação e gravação,<br />
o resultado tem de ser<br />
sempre surpreendente,<br />
não fossem os Mr.<br />
Big, uma das bandas<br />
que também marcou uma época, mas que<br />
atualmente também se preocupa em manter o nível<br />
conquistadonesses tempos. Riffs pesados, onde a<br />
guitarra e o baixo soam num sincronismo perfeito,<br />
as harmonias vocais são ricas e bem melódicas<br />
e pontualmente lá surgem umas brincadeiras de<br />
Gilbert que continua um mestre nas seis cordas,<br />
compondo um punhado de musicas muito bem<br />
estruturadas, mas um senão, acho a mistura<br />
perfeita, mas a produção poderia ter sido um pouco<br />
mais trabalhada, pois sonoramente o disco perde<br />
alguma intensidade. Se és um fan dos Mr. Big,<br />
Defying Gravity não vai desapontar, pois trata-se<br />
de um clássico som hard rock, tocado por mestres<br />
numa singularidade que os torna especiais e se<br />
destacam, provando que ainda têm muito para dar.<br />
[8.5/10] Miguel Correia<br />
MYRKUR<br />
“Mareridt”<br />
Relapse Records<br />
Não conseguimos<br />
perceber todo o ódio<br />
a esta banda/projecto<br />
ou à pessoa que dá<br />
vida a Myrkur. Parece<br />
que veio mexer com<br />
algumas sensibilidades<br />
e caiu no goto falar<br />
mal. A razão de não<br />
conseguir perceber é<br />
principalmente pela música ser boa. Não, não<br />
traz nada de novo. Não, não é revolucionário.<br />
Sim, é bastante melódico e sim, por vezes até<br />
se aproxima do pop (como na "Crown" que nos<br />
remete para terrenos da Enia e da música da<br />
década de oitenta), mesmo que o folk esteja<br />
sempre presente. E a música é boa! Era boa em<br />
"M" e é boa aqui em "Maredit". Não é a salvação<br />
do black metal nem o seu futuro, mas também<br />
não é a hecatombe de satanás que muito<br />
apregoam. Da nossa parte... aprovado!<br />
[8.7/10] Fernando Ferreira<br />
NATIONAL SUICIDE<br />
“Massacre Elite”<br />
Scarlet Records<br />
Thraaaaaaaaaaaaaaaash!<br />
Os National Suicide são<br />
um daqueles nomes<br />
que mesmo sem ser<br />
grande - comparado<br />
com pesos pesados<br />
como Havok e Harlott -<br />
entre os novos nomes<br />
do thrash, não deixa de<br />
ser um dos mais interessantes. Riffs galopantes e<br />
tocados à velocidade da luz, uma intensidade old<br />
school ao qual se junta a voz de Stefano Mini que<br />
parece um Udo Dirschneider (ex-Accept e actual<br />
U.D.o.) vitaminado, assim como a própria música<br />
tem muitos elementos de heavy metal tradicional<br />
principalmente nas guitarras solos. É um álbum<br />
curto e grosso mas que não nos cansamos<br />
de ouvir. Nós não nos cansamos de thrash, é<br />
verdade, mas quando nos é apresentado nesta<br />
forma, ficamos sem resistências para o quer que<br />
seja a não ser para gritar... thraaaaaaaaash!<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
NECROPHOBIC<br />
“Pesta”<br />
Century Media Records<br />
Já estava na altura<br />
dos Necrophobic<br />
deitarem qualquer<br />
coisa cá para<br />
fora. Uma das<br />
mais ilustres (e<br />
subestimadas)<br />
bandas do death<br />
metal sueco regressa<br />
com um EP após quatro anos de silêncio<br />
do anterior trabalho, o ambicioso "Womb<br />
Of Lilithu". E o que é que podemos<br />
esperar? Death metal blasfemo como a<br />
banda já nos habituou a fazer e em grande<br />
forma. Com apenas duas faixas, este EP só<br />
peca mesmo por curto. Ainda assim, a sua<br />
qualidade faz com que queiramos ouvir<br />
várias vezes "Pesta" e "Slow Asphyxiation",<br />
os dois temas em questão.<br />
NECRYTIS<br />
"Countersigns"<br />
Pure Steel Records<br />
Estamos perante um<br />
mix de elementos<br />
metal tradicionais e<br />
prog....construindo<br />
um som moderno e<br />
bem trabalhado. É<br />
um álbum de estreia,<br />
mas já vem cheio<br />
de intenção!Então o<br />
que esperar? A banda tem no seu line up<br />
Toby Knapp, veterano guitarrista da cena<br />
norte americana de heavy / power metal,<br />
logo não poderia estar mais bem entregue<br />
a construção das linhas de guitarra:<br />
bastante melódicas, riffs power-house,<br />
que levam som deste álbum a um nível<br />
bem elevado e com um ritmo tremendo<br />
do principio ao fim. Acho que fica aqui a<br />
dica para os apreciadores, é um trabalho<br />
surpreendente! Vamos lá ouvir!<br />
[8/10] Fernando Ferreira [8/10] Miguel Correia<br />
NEMECIC<br />
“The Deathcantation"<br />
Inverse Records<br />
Mais uma banda<br />
finlandesa a estrear-se<br />
mas se esperam algo<br />
extremamente polido<br />
e melódico, podem<br />
desenganar-se. Os<br />
Nemecic apresentamse<br />
com uma mistura<br />
de thrash e death<br />
metal que têm vindo a aperfeiçoar há mais<br />
de uma década. A banda passou por diversas<br />
fases e encarnações (esta é a sua terceira)<br />
mas agora parece que acertaram em cheio.<br />
Som dinâmico, cheio do melhor que o estilo<br />
mais clássico e old school e também a<br />
vertente moderna tem para <strong>of</strong>erecer. Não são<br />
os elementos que a compõem que fazem a<br />
diferença mas a forma como eles são usados<br />
e como vão desaguar a um excelente álbum<br />
de originais e uma excelente estreia.<br />
[8.4/10] Fernando Ferreira<br />
NETHERBIRD<br />
“Hymns From Realms Yonder"<br />
Black Lodge Records<br />
Um álbum de<br />
compilação pode<br />
ser uma faca<br />
de dois gumes.<br />
Enquanto que, por<br />
um lado, pode ter<br />
um inquestionável<br />
valor na forma<br />
como homenageia<br />
e revolve o percurso de uma banda, por<br />
outro, pode ser nocivo na forma como<br />
denuncia incoerências, imaturidades<br />
e inconsistências que não raramente<br />
mancham esses mesmo percursos,<br />
pelo simples facto destas crescerem e<br />
evoluírem nos seus trilhos artísticos.<br />
Hymns From Realms Yonder é uma<br />
compilação de b-sides, covers, músicas<br />
lançadas em formato digital que não<br />
conseguiram chegar aos lançamentos<br />
discográficos originais, entre outros<br />
"restos". Assumido o risco, os Netherbird<br />
ganham, apesar de tudo, esta aposta.<br />
É que apesar de termos as expectáveis<br />
mudanças de tom incontornáveis num<br />
trabalho deste género - onde passamos<br />
por fases variadas, onde ora temos uma<br />
vibe viking, épica, guerreira, ora temos<br />
uma atmosfera mais sinistra e ameaçadora<br />
e orelhuda, de riffs mais austeros e<br />
orquestrações com cheiro a gótico - existe<br />
uma argamassa coerente que consegue<br />
unificar esta disparidade: aquele espírito<br />
Black "<strong>Metal</strong>esco" melódico tradicional<br />
dos anos 90 cujas influências radicam no<br />
Heavy <strong>Metal</strong>.<br />
Não é um trabalho de encher o olho, mas é<br />
certamente um bom cartão de visita para,<br />
a partir daqui, melhor indagar nas <strong>of</strong>ertas<br />
musicais destes suecos. Assim sendo,<br />
"restos" talvez não seja, de todo, a palavra<br />
mais justa para descrever as malhas que<br />
o compõem.<br />
[7/10] Jaime Nôro<br />
65
NOSELF<br />
“Human-Cyborg Relations Episode 1”<br />
Zombie Shark Records<br />
Os NoSelf inseremse<br />
naquilo que é<br />
chamado como<br />
revivalismo nu metal.<br />
É verdade, há por aí um<br />
revivalismo nu metal,<br />
felizmente passou-nos<br />
despercebido. Com o<br />
conhecimento de que<br />
os NoSelf fazem parte<br />
do movimento limita logo a nossa boa-vontade.<br />
Felizmente o som não nos apresenta todos<br />
aqueles tiques que aprendemos a odia. Apenas<br />
alguns. Com uma compomente e conceito<br />
electrónico bastante presente que até apontam<br />
mais para o metalcore do que propriamente<br />
nu metal, este é um EP interessante e que não<br />
se distancia dos géneros citados atrás e até os<br />
abraça. É isso que acaba por nos conquistar,<br />
mesmo que o interesse não perdure muito.<br />
[6/10] Fernando Ferreira<br />
NOSTOC<br />
“Ævum”<br />
Edição de Autor<br />
Os Nostoc chegam<br />
pela calada e levam<br />
tudo à frente. "Ævum"<br />
é o álbum de estreia<br />
da banda embora não<br />
seja o seu primeiro<br />
lançamento - a banda<br />
conta com uma demo e<br />
um single no currículo<br />
- mas soa de forma<br />
tão poderosa que parece que já andam nisto há<br />
décadas. Temos death metal bruto com cariz<br />
progressivo. Temas longos e complicados que<br />
se enrolam em nosso redor e vão tecendo uma<br />
teia que nos deixa irremediavelmente presos.<br />
Este é um álbum contra a corrente do tempo.<br />
Mesmo que possa ter um efeito imediato (em<br />
nós teve) vai exigir muito mais do ouvinte<br />
do que aquilo que ele/a está provavelmente<br />
habituado. Tal como nós gostamos. Complexo,<br />
pesado, intenso. Não é preciso mais, mas eles<br />
ainda entregam mais. Pr<strong>of</strong>undidade, solos<br />
mirabolantes e uma voz cavernosa. Encerramos<br />
o nosso caso.<br />
NOVAE MILITIAE<br />
“Gash’khalah”<br />
Edição de autor<br />
O álbum começa<br />
com uma introdução<br />
sintetizada muito<br />
etérea, que introduz um<br />
black metal decadente,<br />
voz grave e demoníaca<br />
brilhantemente<br />
executada, som amplo<br />
extremo e repleto de<br />
frequências que eu chamaria ambientalmente<br />
negras. A produção está bem equilibrada e<br />
deixa que a muralha de som nos mergulhe no 2ª<br />
álbum deste projecto francês onde o ambiente<br />
de terror e desespero complementado com<br />
excelente black metal nos remete para<br />
outros produtos da imaginação. Repleto de<br />
agressividade e onde todos os sons têm o<br />
seu espaço, um excelente trabalho baseado<br />
na devastação sem grandes pausas, apenas<br />
nos ritmos deambulantes que continuam a ser<br />
pouco lentos apesar de embalantes. São cerca<br />
de 55 minutos de caos para os apreciadores.<br />
[9.3/10] Fernando Ferreira [9/10] David Carreto<br />
NOVELISTS<br />
“Noir”<br />
Edição de Autor<br />
Coisas como o rótulo<br />
metalcore progressivo<br />
deixam qualquer<br />
um desconfiado,<br />
certo? Como que se<br />
de alguma forma se<br />
tivesse a intenção<br />
de se afastar do<br />
metalcore, colocando<br />
outro elemento em cima da mesa. Talvez seja<br />
apenas teoria da conspiração ou mau feitio<br />
contra o metalcore. No entanto e em defesa<br />
do segundo álbum dos franceses Novelists, a<br />
música aqui não é má de todo. Não notamos<br />
qualquer influência progressiva. Parece tocar<br />
em todos os botões habituais do metalcore,<br />
no entanto fazem-no de forma que não nos<br />
importamos que o façam - ou seja, não<br />
enjoa. Melódico e cativante este é um álbum<br />
ao qual queremos voltar no futuro e que<br />
tem hipótese de crescer ainda mais após as<br />
primeiras audições.<br />
NUKLEAR WARFARE<br />
“Empowered By Hate”<br />
Edição de autor<br />
Thrash directo e<br />
sem rodeios é o que<br />
os alemães Nuclear<br />
Warfare nos propõem<br />
com este quinto<br />
álbum de originais.<br />
Existe um sentimento<br />
revivalista da era<br />
dourada do thrash<br />
em Empowered by Hate bem presente<br />
em musicas como After the Battle, Let<br />
the Hate Reign ou A Nice Day. Sendo esta<br />
uma banda alemã acaba por ser curioso<br />
a existência de uma música como Mata<br />
Com Faca, fruto da presença do baterista<br />
brasileiro Alexandre Brito. A produção<br />
contribui muito para o feeling old school, a<br />
simplicidade da execução assenta bem no<br />
que os Nuclear Warfare sendo a voz como<br />
ponto mais fraco. Para quem sente falta de<br />
uma boa thrashada á moda antiga esta é<br />
uma boa sugestão.<br />
[8/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira<br />
OCCASVS<br />
“Nocturnal Majestic Mysteria”<br />
Unspeakable Axe Records<br />
"Nocturnal Majestic<br />
Mysteria" não<br />
engana ninguém. É<br />
black metal. É black<br />
metal com toques<br />
melódicos graças a<br />
arranjos de teclados.<br />
É black metal diverso<br />
e dinâmico. Soa<br />
vintage mas sem soar propriamente retro,<br />
nem tem uma colagem a qualquer cena em<br />
específico. A banda é chilena mas vai para<br />
além do estereotipo do metal extremo sularmericano,<br />
sem recair na solução fácil do<br />
metal escandinavo embora englobe aqui<br />
muitas das suas características. Não, há mais<br />
aqui. Há algo mais. Um desconforto, uma<br />
finesse e ao mesmo tempo uma brutalidade<br />
que junta death metal ao thrash metal,<br />
mistura tudo no mesmo prato e apresenta-o<br />
de forma bem atraente. Occasvs lança o seu<br />
álbum de estreia e uma grande promessa em<br />
relação ao seu futuro. Uma promessa que<br />
vamos querer cobrar.<br />
[8.3/10] Fernando Ferreira<br />
66<br />
OMINOUS SHRINE<br />
“Ο Δρόμος Της Αποθεώσεως”<br />
Edição de autor<br />
Projecto francês<br />
de blackened<br />
death metal com<br />
muitas influências<br />
de doom, no seu<br />
álbum de estreia<br />
composto por 7<br />
temas, sendo um<br />
deles uma introdução de 3minutos<br />
de ambiente negro e percussão<br />
muito tribal. Este foi um álbum que<br />
precisou de mais de uma audição para<br />
percepcionar o seu ambiente, pois<br />
apesar de algum caos na produção<br />
que se nota principalmente nas partes<br />
onde todos os instrumentos mais a<br />
voz se fazem sentir por períodos mais<br />
longos, acaba por criar um ambiente<br />
próprio e até interessante. Com partes<br />
agressivas, outras mais doomish,<br />
com voz dentro do estilo death metal,<br />
bateria sempre a guiar o ritmo, com<br />
momentos ritualistas e excelentes<br />
pormenores de criatividade. O ponto<br />
mais negativo será a produção, que<br />
apesar de captar os instrumentos<br />
em perfeitas condições, perde um<br />
pouco no equilíbrio entre eles em<br />
momentos mais agressivos, quando<br />
todos se apresentam para fazer parte<br />
da musica em questão, por outro<br />
lado cria o seu próprio ambiente e<br />
por escolha pode ser preferível uma<br />
produção mais suja. Para o ambiente<br />
negro e decadente que apresenta, é<br />
perfeitamente aceitável, e acaba por<br />
estar presente na diversidade de estilo<br />
que a banda apresenta.<br />
OMRADE<br />
“Nade”<br />
My Kingdom Music<br />
O termo Avantgarde<br />
<strong>Metal</strong> poderá induzir<br />
muitos em engano.<br />
Passamos a explicar.<br />
Qualquer que seja o<br />
subgénero do metal<br />
que tenha lá metal no<br />
meio, tudo o resto é<br />
ignorado. O que poderá<br />
levar a que se tenha algum choque quando se<br />
repare que a componente metal é pouca ou<br />
praticamente inexistente e a existir é na vertente<br />
Paradise Lost, entre o "One Second" e "Host"<br />
com algumas excepções. No entanto isso não é<br />
o mesmo que dizer que seja má música. Muito<br />
pelo contrário. Para quem gosta de relaxar num<br />
ambiente (quase) chillout, trip hop, de arranjos de<br />
clarinete e sax<strong>of</strong>one, então tem aqui um viagem<br />
em grande. Este trabalho consegue agarrar sem<br />
se colcar a nenhum género em específico, o que<br />
só faz com que soe ainda mais refrescante. Agora<br />
atenção, metal... não há muito por aqui.<br />
[7.1/10] David Crreto [7/10] Fernando Ferreira
ON TOP<br />
“Top Dollar”<br />
Horror Pain Gore Death Productions<br />
Diretamente de Filadélfia,<br />
Pensilvânia, o trio<br />
formado por Jaron<br />
Gulino, vocais, Danny<br />
Piselli, bateria e a sua<br />
mais recente aquisição<br />
Ric Haas, guitarra e<br />
vocais, dão corpo a um<br />
som bem Hard Rock,<br />
de fazer corar os seus<br />
antepassados dos sagrados anos 80’s, mesmo que<br />
inspirados por eles. Os On Top, não pretendem<br />
deixar os seus créditos por mãos alheias e de<br />
forma alegre e bem divertida rasgam quatro<br />
malhas bem fortes que arrasam os mais corajosos,<br />
sim digo isto porque de hoje em dia temos de ter a<br />
coragem de dar uma oportunidade a novos nomes.<br />
Lovin The Devil, Walk This Walk, This Waye<br />
Everything são realmente 4 faixas muito, muito<br />
boas, preenchidas por riffs e solos de guitarra bem<br />
rasgados equilibrados por umas batidas de nos<br />
fazer saltar da cadeira. Ok, eles causaram muito<br />
boa impressão e a cena metal está a precisar de<br />
som assim, tocado sem rodeios<br />
PORTRAIT<br />
“Burn The <strong>World</strong>”<br />
<strong>Metal</strong> Blade Records<br />
Aos poucos os Portrait<br />
têm andado a ficar<br />
com um reputação<br />
no meio do heavy<br />
metal tradicional<br />
bem considerável.<br />
Ao ouvir "Burn The<br />
<strong>World</strong>" é fácil perceber<br />
que essa reputação<br />
é completamente<br />
merecida e que ainda não chega para ser feita<br />
justiça no mundo. Quando falamos do espírito<br />
da década de oitenta e em como o heavy<br />
metal tinha algo que entretanto se perdeu em<br />
produções digitais e inócuas de alma, é eesse<br />
espírito que vive aqui. Verdadeiro heavy metal<br />
que vicia mesmo. Para quem acha que o<br />
metalcore é a única forma de tentar introduzir<br />
o género às novas gerações, apresentamos<br />
malhões como o tema-título, "Martyrs" e "Pure<br />
Of Heart". Um dos grandes álbuns do ano senão<br />
mesmo o melhor álbum de heavy metal de<br />
<strong>2017</strong>!<br />
PABST / AUTISTI<br />
“Split 7"”<br />
Crazy Sane Records<br />
Quando duas<br />
grandes bandas do<br />
rock alternativo/<br />
psicadélico se<br />
juntam, obviamente<br />
que ficamos logo<br />
interessados. De um<br />
lados os Pabst e o<br />
seu rock alternativo<br />
vintage que nos remonta à década de<br />
noventa, àquilo que os Oasis e os The<br />
Smashing Pumpkins deveriam ter feito<br />
num tema, "Exciter" que soa mesmmo. Do<br />
outro os Autisti, vêm do mesmo sítio (rock<br />
alternativo) mas vão desaguar a àguas<br />
mais psicadélicas e até noise. Para quuem<br />
não passa sem propostas destas, este split<br />
é obrigatório.<br />
PARADISE LOST<br />
“Medusa”<br />
Nuclear Blast<br />
É engraçado ver<br />
como a vida dá<br />
voltas. Os Paradise<br />
Lost são um bom<br />
exemplo em como<br />
seguir o coração<br />
compensa. Do<br />
death/doom, ao<br />
metal gótico,<br />
passando pelo rock electrónico de<br />
tendências góticas e desde aí voltando<br />
lentamente ao início. Cada álbum tem um<br />
espírito diferente e, no geral, não há nada<br />
de escandalosamente mau. Apenas alguns<br />
álbuns menos conseguidos. "Medusa"<br />
está no espectro oposto, como um dos<br />
álbuns mais bem conseguidos por parte<br />
da banda. É que conseguir recuperar<br />
o peso de outrora, as raízes, de forma<br />
completamente fluída e natural, não é algo<br />
fácil de encontrar. Agora que falamos,<br />
talvez não exista nenhum caso, portanto<br />
[8.5/10] Miguel Correia [7/10] Fernando Ferreira podemos dizer que a banda fez algo que<br />
nunca ninguém tinha feito antes: fez o<br />
impossível. Mas em relação ao álbum em<br />
si. Tudo é clássico. O ambiente negro e<br />
PROCESS OF GUILT<br />
melancólico, as melodias típicas da banda<br />
“Black Earth”<br />
(e daí o dizermos que é um álbum que<br />
Bleak Recordings<br />
flui naturalmente, não é um regresso ao<br />
passado ignorando tudo o que está para<br />
Finalmente novo trás. É um regresso ao passado que passa<br />
álbum de Process pela contínua evolução da banda que nunca<br />
Of Guilt! Esta<br />
deixou de ter em toda a sua carreira), uns<br />
guturais impressionantes de Nick Holmes<br />
banda, e não e a banda toda compenetrada em fazer um<br />
dizemos isto por dos seus mais sólidos trabalhos desde<br />
ser portuguesa, é<br />
sempre. Ainda é cedo para vermos como<br />
se posiciona na sua discografia, mas pelo<br />
uma das melhores impacto que tem quase que arriscamos<br />
bandas de sempre. A música que que está entre os seus melhores três<br />
fazem não é acessível mas ainda<br />
álbuns, ao lado de "Draconian Times" e<br />
"Icon" - claro que é sempre uma questão<br />
assim é daquela que fala directamente de opinião...<br />
ao coração do ouvinte. Mais do que<br />
palavras, notas musicais, sons e<br />
ritmos, eles transmitem sentimentos<br />
e emoções e muitas vezes não são<br />
sentimentos e emoções com as quais<br />
queiramos lidar. Pelo menos foi isto<br />
[9.6/10] Fernando Ferreira que nos foram apresentando ao<br />
longo de uma carreira sólida. Cinco<br />
anos passaram desde "Fæmin" e nem<br />
[9.6/10] Fernando Ferreira<br />
o split com os Rorcal apaziguou a PSY:CODE<br />
coisa. "Black Earth" é tudo aquilo que<br />
“Morke”<br />
esperávamos: doom pintado a pós<br />
Pavement Entertainment<br />
Projecto de Black metal, com o poderio em termos<br />
Os Psy:Code, apesar<br />
metal experimental rítmicos (a um nível apocalíptico) onde<br />
de se inserirem no<br />
dos Estados Unidos<br />
as faixas se vão sucedendo, fluindo<br />
espectro metalcore,<br />
da América com<br />
demonstram não<br />
influências de naturalmente como se a divisão entre<br />
estar atados pelas<br />
shoe-gaze, e rock<br />
elas fosse apenas um mero detalhe.<br />
limitações do género.<br />
psicadélico, este é o seu<br />
Para já, estão bastante<br />
ultimo EP com 3 temas Não é um álbum que entre à primeira,<br />
mais próximos da<br />
de aproximadamente<br />
não é um álbum para celebrar a vida,<br />
vertente moderna<br />
é uma viagem aos nosso cantos mais<br />
obscuros da alma. Se as actuações da<br />
banda são inesquecíveis, é de esperar<br />
que no disco um impacto fosse menor.<br />
Aqui temos mais uma prova que não.<br />
PROSTITUTION<br />
“Egyptian Blue”<br />
Edição de Autor<br />
20minutos. Ao iniciar a<br />
audição do álbum a primeira coisa a se notar é<br />
a produção, está abafada na voz; a bateria tem<br />
uma som de tarola ligeiramente alto, timbalões<br />
um pouco baixos, na minha opinião poderia<br />
ser encontrado outro equilíbrio na sonoridade;<br />
as guitarras e o baixo soam agradáveis e<br />
escapam ao defeito de produção. Quanto à<br />
composição, a voz demonstra bons gritos, as<br />
guitarras apresentam ritmos adequados ao<br />
estilo mais experimental com bons momentos<br />
de composição, e o baixo acompanha. Destaco<br />
o tema Elevated Droves como o tema que mais<br />
me cativou e do qual gostei mais.<br />
[6.4/10] David Carreto [9.7/10] Fernando Ferreira<br />
do metal extremo que teve a sua génese no<br />
início do milénio (ou pelo menos na transição<br />
para o mesmo) onde os elementos e arranjos<br />
electrónicos têm um papel importante. A<br />
banda já tinha provado o seu valor com os<br />
dois bons álbuns anteriores e este não é<br />
excepção embora também peque por não<br />
conseguir dar o desejado (por nós) passo<br />
em frente. Restam-nos um bom conjunto<br />
de temas, ora mais melódicos, ora mais<br />
agrestes mas que no geral não desiludem<br />
para quem procura um metalcore a fugir ao<br />
banal.<br />
[7.3/10] João Coutinho<br />
67
PROMETHEUS<br />
“Consumed In Flames”<br />
Katoptron IX Records<br />
Vindos de terras de<br />
Alexandre, o Grande,<br />
os Prometheus<br />
trazem-nos aqui uma<br />
bela compilação de<br />
malhas. "Compilação"<br />
não será aqui uma<br />
palavra escolhida por mero acaso, ainda<br />
que não seja para se interpretar na sua<br />
forma típica. É que embora possamos<br />
"catalogar" este conjunto de músicas como<br />
pertencentes à grande família do Blackened<br />
Death <strong>Metal</strong>, num exercício generalizante,<br />
é inequívoca a miscelânea de influências<br />
díspares que se sentem ao ouvirmos<br />
um álbum como Consumed by Fire. De<br />
Mayhem na era Grand Declaration <strong>of</strong> War<br />
ao exotismo oriental/mediterrânico de uns<br />
Melechesh, e oscilando entre a violência<br />
rítmica (e as temáticas mitológicas ) de uns<br />
Behemoth e as pr<strong>of</strong>undezas dissonantes<br />
á là Deathspell Omega, encontramos<br />
aqui um pouco de tudo, organizado com<br />
competência técnica e coerência q.b.,<br />
numa entrega que no global se torna muito<br />
própria e respeitável. A originalidade da<br />
fórmula, portanto, reside, no fundo, na<br />
forma como compila todas estas fórmulas<br />
já pouco originais. E se é isso que, por<br />
um lado, torna este trabalho um trabalho<br />
"seguro" e de qualidade consensual, é<br />
também isso que o impede de atingir um<br />
estatuto de "marco indispensável" que,<br />
neste momento, com tanta e tanta música<br />
disponível, apresenta uma face cada<br />
vez mais invisível. A produção - densa,<br />
potente e organizada - merece aqui um<br />
bom destaque ao coroar um bom álbum<br />
com uma imagem sonora à altura.<br />
QUIET RIOT<br />
“Road Rage”<br />
Frontiers Records<br />
Os Quiet Riot são um<br />
nome desconhecido<br />
hoje em dia a não<br />
ser para aqueles<br />
que se lembram<br />
da excelente malha<br />
"<strong>Metal</strong> Health",<br />
retirada do álbum com o mesmo nome<br />
que foi um dos grandes sucessos do heavy<br />
metal no mainstream (embora este heavy<br />
metal esteja mais próximo do hard rock<br />
mas não sejamos tão picuinhas). Também<br />
se poderão lembrar do facto de ser a banda<br />
de Rhandy Rhoads antes de ir tocar com<br />
Ozzy Osbourne e ficar imortalizado como<br />
um dos melhores guitarristas de sempre.<br />
A banda não conseguiu repetir o feito e<br />
mais de trinta anos já passaram mas nunca<br />
desistiu e este álbum é representativo dessa<br />
perseverança. Cru, bem mais próximo do<br />
hard rock do que propriamente do heavy<br />
metal, este álbum foi regravado com o<br />
vocalista James Durbin (do concurso<br />
American Idol) após o vocalista anterior,<br />
Seann Nicols, ter saído. O resultado não<br />
é particularmente memorável mas não<br />
podemos dizer que seja um mau álbum.<br />
Tem feeling (um feeling primitivo de blues<br />
e rock), tem raça e é bastante (demasiado)<br />
orgânico. A própria voz de Durbin parecenos<br />
demasiado aguda para aquilo que a<br />
música nos traz. Mas ainda assim, não<br />
deixa de ser um bom álbum rock.<br />
[8/10] Jaime Nôro [6/10] Fernando Ferreira<br />
RAGE<br />
“Seasons Of The Black”<br />
Nuclear Blast<br />
Inesperadamente não só<br />
os Rage recuperaram da<br />
mudança de alinhamento<br />
com um bom álbum,<br />
como passado um ano<br />
depois voltam para mais.<br />
"Seasons Of The Black"<br />
pega onde "The Devil<br />
Strikes Again" ficou. Mais<br />
directo, heavy/power/<br />
thrash à semelhança do que a banda fazia no<br />
início da carreira. Foi uma viagem ao passado bem<br />
sucedida como poucos conseguem fazer embora<br />
a faceta mais melódica e sinfónica também façam<br />
parte da identidade da banda. Não sabemos se vai<br />
alguma vez vai voltar mas até agora não sentimos<br />
muita falta. Temas sólidos com aqueles refrães<br />
marcantes continuam presentes e no final acaba<br />
por ser tão bom como o anterior. Ainda assim<br />
talvez não chegue a ser um álbum tão marcante<br />
como outros no passado, mas como tantos<br />
trabalhos lançados já ninguém espera isso. Os<br />
Rage continuam vivos e de óptima saúde e é isso<br />
que interessa.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
REQUIEM LAUS<br />
“Last Winter”<br />
Edição de Autor<br />
Pouco tempo depois<br />
de terem lançado o EP<br />
"A Higher Claim" no<br />
final do ano passado e<br />
de reeditarem a demo<br />
de "For The Ones Who<br />
Died", os Requiem<br />
Laus, mítica banda<br />
madeirense, lança o seu<br />
quarto EP, este "Last<br />
Winter" que é uma excelente amostra de todo<br />
o seu poderio actual, aliás, como já tinha sido<br />
"A Higher Claim". A mistura entre o black/death<br />
metal mais melódico com alguma da melancolia<br />
do doom nacional resulta numa boa colecção<br />
de temas. Como sempre, temos direito a intro,<br />
outro e a interlúdio - como manda a tradição<br />
da década noventa. Poderia ser algo que nos<br />
fizesse pensar que estavam a encher chouriços<br />
mas como este EP, sentimos nós, deve ser<br />
encarado como um único tema de vinte e dois<br />
minutos, tal facto deixa de ter peso. Na nossa<br />
opinião só falta materializar todo este poder<br />
num terceiro álbum de originais.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
68<br />
RIDING PANICO<br />
“Rabo de Cavalo”<br />
Edição de autor<br />
Os Riding Panico são já<br />
um dos grandes nomes<br />
do rock nacional.<br />
São-no sem fazer<br />
concessões comerciais,<br />
em aparecer programas<br />
da manhã de televisão.<br />
São porque construiram<br />
uma carreira sólida com<br />
excelentes concertos<br />
e excelentes trabalhos de estúdio. Como este<br />
Rabo de Cavalo. Temos aqui mais um grande<br />
álbum onde o rock instrumental desconcertante<br />
junta-se a uma fluidez melódica que se instala. É<br />
dar a razão àquela máxima: primeiro estranhase<br />
e depois entranha-se. Em alguns momentos<br />
como no single "Rosa Mota", podemos dizer<br />
que é o inverso. Primeiro entranha-se, depois<br />
estranha-se, e depois ainda se entranha mais.<br />
É sem dúvida um álbum indispensável para os<br />
amantes não só do rock instrumental mas da<br />
música desafiante.<br />
[8.7/10] Fernando Ferreira<br />
ROUGH GRIND<br />
“Four for the Road”<br />
Inverse Records<br />
A banda finlandesa<br />
de rock / metal<br />
Rough Grind lançou<br />
seu novo EP "Four<br />
for the Road". Rough<br />
Grind serve uma<br />
mistura interessante<br />
de hard rock e heavy<br />
metal com algumas<br />
influências clássicas do rock. E eles<br />
entregam o seu som com uma energia e<br />
atitude rebelde, bem tipica do rock'n'roll.<br />
Riffs pesados e ritmos rasgados, que<br />
lhes podem abrir portas a uma nova vaga<br />
de fans, provando que destas bandas<br />
também surgem outras sonoridades<br />
com qualidade, num som de certa forma<br />
simples e limpo que agrada e agarra de<br />
imediato! São só quatro temas, mas ficam<br />
debaixo de olho para futuros lançamentos.<br />
[8.5/10] Miguel Correia<br />
ROW OF ASHES<br />
“Let The Long Night Fade”<br />
Third I Rex<br />
Este não é um trabalho<br />
de fácil assimilação. "Let<br />
The Long Night Fade"<br />
é o trabalho de estreia<br />
da banda britânica dos<br />
Row Of Ashes e remetenos<br />
para quando o póshardcore<br />
estava a dar<br />
os primeiros passos.<br />
Como um novo sentido<br />
de desconforto, da forma de lidar com questões<br />
interiores que até então não nos tinha passado pela<br />
frente, aliada à música mais abrasiva possível. Essa<br />
era a nossa sensação e foi algo que revisitámos<br />
agora, perante músicas como "Gravesend" e "Mass<br />
Strandings". Tal como na altura, a primeira reacção é<br />
de perplexidade. Sem saber como reagir. Não é um<br />
género preferencial mas não lhe somos indiferentes.<br />
É nesse ponto que entram as audições consequentes,<br />
onde temos oportunidade para melhor absorver uma<br />
série de dicotomias sonoras, ora doces ora amargas,<br />
que compõe este álbum de estreia. Confessamos que<br />
ainda estamos a meio deste processo - alguns álbuns<br />
exigem de nós tempo que não temos para dar - mas o<br />
que podemos dizer até agora é que a média é positiva.<br />
Com tendência a crescer com o passar do tempo.<br />
[7/10] Fernando Ferreira
RUBY THE HATCHET<br />
“Planetary Space”<br />
Tee Pee Records<br />
Sabem aquele feeling<br />
orgânico que a<br />
música da década de<br />
setenta tem? Aquele<br />
feeling mágico, onde<br />
temos mais do que<br />
instrumentos a serem<br />
tocados. Em que temos<br />
sensações a serem<br />
transmitidas. É esse<br />
feeling que temos aqui, para aliar ao facto de<br />
temas como "Killer" e Symphony Of The Night"<br />
serem autênticas naves espaciais, tal não é o<br />
seu poder nos transportar para outro mundo.<br />
O (hard) rock psicadélico tem tendência a ser<br />
extravagante e a afastar as pessoas com a mente<br />
mais fechada, mas no caso dos Ruby Hatchet<br />
temos uma série de ganchos que nos puxam<br />
logo desde riffs que soam a clássico assim<br />
como a voz de Jillian Taylor que ainda dá um ar<br />
mais místico à coisa. Um álbum hipnótico.<br />
SATYRICON<br />
“Deep Calleth Upon Deep”<br />
Napalm Records<br />
Os Satyricon vão ser sempre<br />
um dos nomes<br />
grandes do black<br />
metal, mesmo que<br />
andem afastados<br />
do género há<br />
quase vinte anos.<br />
A banda de Satyr e Frost não desvia<br />
do caminho que tem feito nos últimos<br />
anos. E isto significa que sim, é um<br />
passo em frente e não o tão ansiado<br />
regresso às raízes por alguns fãs.<br />
Ainda assim, é capaz de ser o álbum<br />
dos últimos anos onde temos alguns<br />
riffs que relembram os primeiros<br />
tempos mas sem fugir ao que são<br />
actualmente. E o que é que são<br />
actualmente? É difícil de explicar. Não<br />
é o black n'roll de "Volcano" e nem é os<br />
ambientes industrializados do "Rebel<br />
Extravaganza", não é taxativamente<br />
algo que a banda já tenha feito mas<br />
soa exactamente ao que esperaríamos<br />
por parte da banda. Produção bem<br />
orgânica - faz-nos sentir que estamos<br />
a ouvir o ensaio da banda - e músicas<br />
que não entram à primeira mas<br />
deixam o bichinho para que voltemos<br />
a elas não muito mais tarde. Desde os<br />
toques de sax na "Dissonant" até às<br />
estruturas mais progressivas de "To<br />
Your Brethren In The Dark", este é um<br />
álbum que mostra os Satyricon como<br />
uma entidade viva e capaz de progredir.<br />
Mesmo que essa progressão não seja<br />
imediatamente apelativa.<br />
SANGUE NERO<br />
“Viscere”<br />
Third-I-Rex<br />
[7/10] Fábio Pereira<br />
SATELLITE MODE<br />
“Wild Excuses”<br />
Edição de Autor<br />
Da Toscânia cheganos<br />
o Black <strong>Metal</strong><br />
Os Satellite Mode<br />
são um duo invulgar<br />
de aparecer aqui nas<br />
experimental e<br />
páginas da <strong>World</strong> Of<br />
caótico dos Sangue<br />
<strong>Metal</strong>. A sua sonoridade<br />
encaixa-se no indie<br />
Nero. Lançado no<br />
pop/rock, com ênfase<br />
decorrer do mês<br />
no pop. Ainda assim<br />
de Julho de <strong>2017</strong>,<br />
a forma invulgar e<br />
atractiva com que<br />
Viscere insere-se no que podemos designar conseguem tornar músicas (aparentemente)<br />
como a vertente melódica do Black <strong>Metal</strong>, descartáveis memoráveis não deixa de<br />
mas associada a uma experimentação nos impressionar. Apesar de ser acessível,<br />
duvidamos que este seja um trabalho que<br />
de ritmos e variações sonoras capazes chegue às rádios, já que toda a genialidade<br />
de criar uma atmosfera tensa, instável e parece passar ao lado de tudo o que é<br />
capaz de suscitar um certo temor na sua mainstream - esperamos estar errados, claro.<br />
Apesar dos originais se colarem na cabeça,<br />
audição. O caos sonoro recorre muito a é a emocional versão da "Wicked Game",<br />
ritmos alucinantes de tremolo na guitarra original de Chris Isakk, que realmente brilha,<br />
e a blast beats desenfreados, em conjunto principalmente pela voz de Jess Carvo. Alma.<br />
Se quiserem ver como é ouvir alma a cantar,<br />
com uma proposta vocal completamente peguem nisto meus amigos.<br />
rasgada e visceral, que mantém também<br />
[8.5/10] Fernando Ferreira ela um ritmo intenso.<br />
[8.8/10] Fernando Ferreira<br />
Abordando temas relacionados com o<br />
misticismo, magia e o próprio caos em<br />
si, Viscere é uma proposta que incorpora SECRET RULE<br />
elementos do tradicional Black <strong>Metal</strong>,<br />
“The Key To The <strong>World</strong>”<br />
mais cru e rasgado, com outros mais<br />
Pride & Joy Music<br />
modernos, como a produção e a forma<br />
Os Secret Rule foram<br />
como vai experimentando recorrer a<br />
formados no início de<br />
mudanças de ritmo, seja na velocidade<br />
2014 com a intenção de<br />
se criar um som especial<br />
e no peso, que transformam este longa<br />
com ritmos poderosos<br />
duração dos Sangue Nero em algo<br />
e melodias cativantes.<br />
mais difícil de assimilar numa única<br />
A banda é liderada pela<br />
poderosa voz de Angela<br />
audição. A incorporação de alguns<br />
Di Vincenzo (Kyla Moyl) e<br />
instrumentos e sonoridades tribais, como<br />
pelo guitarrista principal<br />
Andy Menario (Martiria), que é conhecimdo por<br />
o didjeridu, associada à nova vaga do ter trabalhado com grandes nomes como Vinny<br />
experimentalismo no Black <strong>Metal</strong>, podem Appice (Black Sabbath, Dio), Jeff Pilson (Dokken,<br />
Foreigner) e Carlos Cavazo (Quiet Riot). O line-up<br />
facilitar a que o novo trabalho dos italianos é fechado pelo baixista Michele Raspanti (Graal) e<br />
possa ter algum sucesso e ser descoberto pelo baterista Nicola Corrente (Enemynside, Stick<br />
por vários ouvintes.<br />
the out, Starkiller Sound).O novo álbum "The Key<br />
to the <strong>World</strong>" será lançado pela Pride & Joy Music<br />
em 10 de novembro de <strong>2017</strong>. Henrik Klingenberg<br />
(Sonata Arctica) e conta com dois novos Henning<br />
Basse (Firewind e MaYan) e Ailyn Giménez (ex<br />
Sirenia) e será pelo que nos foi dado a ouvir mais<br />
um momento incrível bem, com uma composição<br />
muito cativante, cheia de elementos rock prog,<br />
góticos e power metal bem poderosos para os<br />
nossos ouvidos!<br />
[7.5/10] Fernando Ferreira<br />
SCANNER<br />
“The Galactos Tapes”<br />
Massacre Records<br />
Depois das reedições<br />
que os Scanner<br />
tiveram no passado<br />
ano, temos agora para<br />
comemorar o trigésimo<br />
aniversário da banda,<br />
esta "The Galactos<br />
Tapes" que consiste<br />
numa compilação que<br />
abrange seis álbuns de<br />
originais e que está divida entre 2 CDs. De um<br />
lado (ou seja no primeiro CD) temos músicas<br />
escolhidas pelos fãs da banda, retiradas da sua<br />
discografia. Do outro temos o segundo CD que<br />
nos traz uma série de clássicos regravados<br />
pela banda pelo actual vocalista (que já está na<br />
banda há mais de uma década). O resultado é<br />
uma colecção essencial para tanto se introduzir<br />
ao som da banda como para velhos fãs. E as<br />
regravações são uma actualização bem vinda<br />
ao seu som de metal clássico já vintage. É a<br />
excepção que comprova a regra e que nos diz<br />
que esta compilação é recomendada.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
SECRET SPHERE<br />
“The Nature Of Time”<br />
Frontiers Records<br />
[9/10] Miguel Correia<br />
Passado é isso mesmo,<br />
passado e começo a<br />
falar dos Secret Sphere,<br />
desta forma porque<br />
nunca foram um abanda<br />
muito reconhecida no<br />
panorama metal mundial!<br />
Os motivos? Não sei,<br />
nem é o importante, se<br />
a banda teve a sua quota<br />
de culpa, com “The Nature Of Time” parece terem<br />
aprendido os erros e demonstram capacidade em<br />
se relançar e reclamar pela devida oportunidade.<br />
Trabalho muito ambicioso, numa linha power<br />
metal, rock progressivo, com elementos sinfónicos<br />
bem presentes e totalmente cheio de confiança.<br />
Demonstram uma habilidade nata na conjugação<br />
e equilíbrio dos estilos utilizados, nunca soando<br />
esgotados, parece que estamos sempre a descobrir<br />
pequenos pontos ao longo de todo o trabalho,<br />
que nos prendem na audição. A produção, ajuda<br />
em muito, resultando num punhado de musicas<br />
memoráveis, com arranjos dramáticos, melódicos<br />
e muito técnico. Candidato a álbum favorito de<br />
power metal deste ano de <strong>2017</strong>!<br />
[9/10] Miguel Correia<br />
69
SEPTICFLESH<br />
“Codex Omega”<br />
Season Of Mist<br />
"Codex Omega" é<br />
um dos álbuns mais<br />
aguardados para <strong>2017</strong><br />
e não são necessárias<br />
muitas audições<br />
para verificarmos<br />
que não se tratavam<br />
de expectativas<br />
infundadas. Se Titan<br />
era um colosso bruto<br />
de metal sinfónico extremo, "Codex Omega"<br />
é grandioso e recupera grande parte da<br />
atmosfera e requinte sacrificado no último<br />
trabalho, principalmente pelas vozes limpas<br />
que surgem no ponto ideal. Místico, poderoso<br />
e até assombroso, este é um álbum que vai para<br />
muito além do que se lhe era exigido. Apesar<br />
de exigir algumas audições, e ao contrário dos<br />
seus antecessores, facilmente concedemos<br />
mais umas rodagens, sem qualquer de enfado.<br />
Sem dúvida que o mais grandioso trabalho da<br />
banda nesta segunda encarnação.<br />
SIFTING<br />
“Not From Here”<br />
Eclipse Records<br />
O som dos Sifting<br />
é bem refrescante.<br />
Começando assim<br />
supõe-se logo que<br />
vamos afirmar<br />
como é a salvação<br />
do rock e como<br />
nos mostram algo<br />
esplendorosamente<br />
novo. Nem por isso. É o problema de hoje<br />
em dia, esperamos que seja tudo ou muito<br />
bom ou muito mau. Ou revolucionário ou<br />
experimental. Os Sifting apresentam-nos<br />
várias facetas ao longo deste álbum, sendo<br />
que o rock é aquela que está presente<br />
em todas elas. Ora mais alternativo ora<br />
até progressivo (progressivo a um nível<br />
de Threshold por exemplo) este álbum é<br />
um autêntico desfilar de surpresas. Bem<br />
conseguido e um poço de talentos, uma<br />
banda que já devíamos ter encontrado à mais<br />
tempo.<br />
SILIUS<br />
“Hell Awakening”<br />
Massacre Records<br />
Trabalho de estreia<br />
dos austríacos Silius<br />
que apresentam<br />
um thrash metal a<br />
lembrar aquele que<br />
nos ia surgindo na<br />
década de noventa<br />
(na segunda metade)<br />
e que apesar dos<br />
altos níveis de energia, fica a sensação de<br />
que falta algo. Temos riffs, temos fulgor<br />
mas parece não ser suficiente para que<br />
fiquemos totalmente convencidos. Por outro<br />
lado, existem indicadores que a banda talvez<br />
possa apresentar algo bem mais interessante<br />
no futuro -a mais melancólica "Kingdom<br />
Of Betrayal" e a pujante "Evol Monument"<br />
são excelente indicadores. Como álbum<br />
de estreia não podemos dizer que seja um<br />
mau trabalho (não é!), no entanto falha em<br />
impressionar-nos em relação à competição<br />
fortíssima.<br />
[9.5/10] Fernando Ferreira [7.9/10] Fernando Ferreira [6.5/10] Fernando Ferreira<br />
SINICLE<br />
“Angels & Demons”<br />
Edição de Autor<br />
O trio oriundo de<br />
Los Angeles, Sinicle,<br />
formados por Drew<br />
Zaragoza, (voz e<br />
guitarra), Justin Miller,<br />
(Baixo) e Diego Patino,<br />
bateria, combinam<br />
um groove <strong>Metal</strong>,<br />
patenteado num rock<br />
angustiante, mas<br />
enérgico, colocando-os num mundo próprio,<br />
mas bem comprometidos com os seus<br />
objetivos de dominar o seu espaço e estilo.<br />
<strong>Metal</strong> pesado e arrojado capaz de rebentar com<br />
os tímpanos de qualquer um que se proponha<br />
a ouvi-los. Tendo sido um dos elementos do<br />
cartaz do Ozzfest Meets Knotfest de 2016, a sua<br />
última versão de Still In Mind obteve um bom<br />
reconhecimento na imprensa mundial, levando<br />
à participação em outros festivais, gigs com<br />
monstros como os Exodus, Allegaeon e Rex<br />
Brown entre outros.<br />
SKEIN<br />
“Deadweight”<br />
Inverse Records<br />
Segundo álbum de<br />
originais da banda<br />
finlandesa Skein que<br />
apresenta um bom<br />
equilíbrio entre o metal<br />
moderno e o som mais<br />
alternativo. Na teoria<br />
poderá não parecer<br />
grande coisa, não muito<br />
diferente do som metalcore que recebemos<br />
todos os dias mas na prática as coisas revelamse<br />
algo diferente. Temos alguma atmosfera que<br />
torna o seu som mais peculiar do que aparenta.<br />
Sem ir por caminhos pós-metal mas também<br />
sem se afastar muito de alguns dos seus<br />
ambientes, este é um trabalho dinâmico que<br />
confundirá os vossos preconceitos enquanto se<br />
instala aos poucos. Pesado, melódico, sensível<br />
e intenso. Um daqueles álbuns que poderá ser<br />
desprezado à primeira mas que depois fica<br />
gravado.<br />
[7/10] Miguel Correia [8/10] Fernando Ferreira<br />
SOCIAL CRASH<br />
“Burn Out”<br />
Wormholedeath<br />
Por vezes é bom<br />
ouvir música sem<br />
expectativas. As<br />
mesmas poderão<br />
tapar-nos aos olhos<br />
acerca de qualidades<br />
mais subtis. Foi sem<br />
expectativas que<br />
avançámos para "Burn<br />
Out", o álbum de estreia dos Social Crash. No<br />
entanto, não foi devido a elas que notámos as<br />
qualidades mais subtis. Não as conseguimos<br />
encontrar porque elas são mesmo raras.<br />
Temos algumas melodias boas aqui e ali -<br />
aquele solo da "Alive" soa a rock clássico -<br />
mas não muito mais. Supostamente a banda<br />
toca punk rock experimental e quanto a<br />
isso só podemos dizer que provavelmente a<br />
experiência será esconder essa faceta da sua<br />
música. Falta pulso e ganchos para que estas<br />
músicas fiquem na memória.<br />
[410] Fernando Ferreira<br />
SONS OF TEXAS<br />
“Forged By Fortitude”<br />
Spinefarm Records<br />
O que dá som brito,<br />
moderno com aquele<br />
cheiro sulista que vai<br />
do southern rock até ao<br />
que os Pantera fizeram?<br />
Os Sons Of Texas. A<br />
banda já tinha deixado<br />
boa impressão com<br />
"Baptized In Blood", o<br />
seu álbum de estreia<br />
editado dois anos atrás e este segundo trabalho<br />
reforçam essa impressão. <strong>Metal</strong> sulista que faz<br />
lembrar Lamb Of God e Pantera na voz mas<br />
que tem muito do poder do metal moderno que<br />
tem intenções de actualizar o hard rock. É uma<br />
descrição que não elucida mas poderá ajudar.<br />
Não é heavy, não é rock nem é thrash. É de tudo<br />
um pouco. A ideia é manter as coisas simples<br />
e o feeling a mil e é isso que conseguem fazer.<br />
Um bom álbum para quem gosta do som do<br />
deserto.<br />
SORCERER<br />
“Sirens”<br />
<strong>Metal</strong> Blade Records<br />
Os Sorcerer são um<br />
bom exemplo de<br />
como a Suécia deve<br />
ter qualquer coisa<br />
na água. Aliás, toda<br />
a Escandinávia mas<br />
isso já divagamos.<br />
Depois de um<br />
excelente álbum de<br />
estreia em 2015 (e também um EP), a<br />
banda de heavy metal épico e tradicional<br />
volta à carga com este single dois anos<br />
depois. Single com dois temas mas que<br />
são uma óptima introdução ao próximo<br />
álbum de originais, "The Crowning Of The<br />
Fire King" além de cativar qualquer um que<br />
ainda não conheça o som da banda. Para<br />
quem gosta de coleccionar vinil, esta será<br />
uma escolha obrigatória.<br />
SORCERER<br />
“The Crowning Of The Fire King”<br />
<strong>Metal</strong> Blade Records<br />
Quando dissemos a<br />
propósito do single<br />
"Sirens" que esta<br />
banda é obrigatória<br />
para os amantes do<br />
som da velha guarda<br />
não estávamos<br />
a brincar. "The<br />
Crowning Of The<br />
Fire King", o segundo álbum de originais<br />
da banda sueca é uma lição de como<br />
fazer heavy/doom clássico. E claro que é<br />
impossível não fazermos comparações<br />
com os Candlemass, mas os Sorcerer não<br />
são simples cópias. E é possível notar a<br />
evolução da banda desde o álbum anterior.<br />
Este é mais um álbum clássico que vemos<br />
a desafiar o teste do tempo, mais um<br />
clássico cortesia da <strong>Metal</strong> Blade.<br />
70<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
[9.3/10] Fernando Ferreira
SPACE VACATION<br />
“Sing The Night In Sorrow”<br />
Tee Pee Records<br />
Ao receber este trabalho<br />
Os Sweet Apple são<br />
fiquei curioso de o ouvir,<br />
uma congregação<br />
até porque já tinha tido<br />
de pessoal que faz<br />
feedback positivo desta<br />
boa música. Temos<br />
banda austríaca, mas<br />
J. Mascis (Dinosaur<br />
sinceramente nunca de<br />
Jr., Witch, Heavy<br />
me dei ao trabalho de<br />
Blanket), Tim Parnin<br />
tentar dar os devidos<br />
(Cobra Verde, Chuck<br />
créditos à mesma. Bom,<br />
então, o novo álbum<br />
Mosley), John Petkovic<br />
"Anywhere We Dare" traz as lendas legítimas e<br />
(Cobra Verde, Death<br />
pesadas austríacas de nome Speed Limit de volta <strong>of</strong> Samantha, Guided By Voices) e Dave<br />
aos circuitos do metal. Formados em 1979, em Sweetapple (Witch, Eerie, Dusty Skull). E como<br />
1994 s<strong>of</strong>reram o revés de uma paragem indefinida, se não bastasse, ainda temos Mark Lanegan<br />
mas em 2008, os pioneiros de metal melódico (Screaming Trees, Queens <strong>of</strong> the Stone Age),<br />
voltaram, e pelos vistos continuaram a <strong>of</strong>erecer Robert Pollard (Guided by Voices), Rachel<br />
qualidade nas suas musicas, violentos golpes de Haden (Haden Triplets) e Doug Gillard (Guided<br />
guitarra, que soam algo trabalhadas e s<strong>of</strong>isticadas, by Voices, Nada Surf) a participaram. E quase<br />
temperadas por emoções pr<strong>of</strong>undas nas linhas que chegámos ao final da review sem sidzer o<br />
vocais. Os cinco roqueiros oriundos do berço de que realmente temos. E o que temos? Rock.<br />
Mozart nunca perderam o seu foco, em variedade, Orgânico. Arraçado de folk. Arraçado de<br />
aspetos melódicos e harmonia, todos dentro de alternativo. Com vida e alma. Cru, visceral mas<br />
seu próprio estilo. Os verdadeiros fãs de metal vão com sensibilidade. Sweet Apple é mais que uma<br />
com toda a certeza ficar satisfeitos por "Anywhere<br />
super-banda. É uma super-banda que lança<br />
We Dare" ser a porta de retorno.<br />
super-discos. Este é o último deles. Vão ouvir.<br />
[10/10] Miguel Correia [8.5/10] Miguel Correia [8/10] Fernando Ferreira<br />
“Lost In The Black Divide”<br />
Pure Steel Records<br />
Heavy metal que<br />
nos faz recordar os<br />
anos 90 de Ozzy<br />
Osbourne. Este<br />
quarteto que conta<br />
na sua formação<br />
com o ex-guitarrista<br />
dos Vicious Rumors,<br />
Kiyoshi Morgan e<br />
o vocalista Scott Shapiro, reproduz um<br />
metal verdadeiro, rápido e melodioso...<br />
com influências de Enforcer e Skullfist<br />
Thin Lizzy, Iron Maiden e Diamond Head,<br />
para além do já referido Ozzy. As faixas são<br />
globalmente cheias de ritmo de guitarra e<br />
soam bem pesadas, mas os vocais soam<br />
um pouco AOR, limpas, mas seguras. Na<br />
minha opinião abusam das harmonias<br />
vocais, mas Stay Away, por exemplo traz<br />
uma mudança ao que globalmente se ouve<br />
no seu ritmo. Space Vacation...heavy metal<br />
como deve ser!<br />
SPEED LIMIT<br />
“Anywhere We Dare”<br />
Pure Steel Records<br />
SWEET APPLE<br />
TARANTIST<br />
“Not A Crime”<br />
Edição de Autor<br />
Mais uma capa<br />
tenebrosa. Como é<br />
possível levar a música<br />
a sério quando a capa<br />
mete medo à noite<br />
escura? A imagem não<br />
é tudo mas certamente<br />
ajuda e é um indicativo<br />
para o que podemos<br />
encontrar. Neste caso<br />
concreto temos uma espécie de rock/metal<br />
industrial com origem em Teerão, no Irão.<br />
Admiramos a perseverança da banda que tinha<br />
que tocar às escondidas e que passando o<br />
seu som de boca em boca começou a ganhar<br />
algum conhecimento além fronteiras e que os<br />
levou a irem para os E.U.A. onde encontraram<br />
outro tipo de problemas. No entanto, o som<br />
que apresentam, que é isso que interessa, não<br />
é nada atractivo. Não cativa, não inova e chega<br />
até a ser aborrecido. Consegue até ser pior do<br />
que aquilo que a capa sugere, o que à partida<br />
parece impossível.<br />
TEMPERANCE<br />
“Maschere”<br />
Maschere - A Night At The Theater<br />
Posso estar errado, mas é<br />
dos poucos registos ao vivo<br />
que ouço que foi gravado<br />
e ok, o que se recolheu<br />
e como se recolheu,<br />
assim fica, com todos os<br />
ingredientes de um concerto<br />
ao vivo! Os Temperance<br />
foram fundados em<br />
dezembro de 2013 e, desde<br />
então, ano após, os italianos<br />
lançaram três álbuns completos e permanecem bastante<br />
ativos, chegando a partilhar inclusive os palcos com<br />
nomes como Within Temptation, Rhapsody de Luca<br />
Turilli e Nightwish e por aqui já dá para entender<br />
a veio musical que influência estes italianos. Com<br />
um excelente som, que não é de modo algum inferior<br />
às produções realizadas em estúdio, e onde a voz de<br />
Chiara Tricarico prova ao vivo soa tão poderosa e clara<br />
- e também pode lidar com notas extremas com facilidade.<br />
Além disso, os instrumentos e os vocais são misturados<br />
habilmente com as cordas e o coro ampliando<br />
ainda mais o som. O resultado é realmente fascinante e<br />
envolvente, desde que se goste do género que o quarteto<br />
interpreta. Tudo está perfeitamente gravado, com<br />
sons completos, poderosos e claros. A execução está em<br />
níveis muito bons.<br />
[3/10] Fernando Ferreira [8/10] Miguel Correia<br />
TERRIBLE OLD MAN<br />
“Fungi From Yuggoth”<br />
Edição de autor<br />
H.P. Lovecraft!!!<br />
Quem se recorda?<br />
Ok, esta famoso<br />
escritor foi a fonte<br />
de inspiração deste<br />
segundo trabalho<br />
dos TOM. Todas as<br />
faixas são baseadas<br />
no mesmo ciclo de<br />
poemas de H.P. Lovecraft acompanhados<br />
de um som heavy metal de boa qualidade<br />
atraente e poderoso e com passagens<br />
bem sombrias e tensas! O álbum até que<br />
é divertido de ouvir, lá está, parafraseando<br />
assuntos místicos-melodramáticos, que<br />
num todo acaba por ser bem-sucedido,<br />
mesmo que não seja nada de inovador.<br />
[7.5/10] Miguel Correia<br />
THE HAUNTED<br />
“Strength In Numbers”<br />
Century Media Records<br />
Depois de toda<br />
a confusão com<br />
os The Haunted,<br />
parece que as<br />
coisas voltaram a<br />
entrar nos eixos.<br />
"Exit Wounds" foi<br />
um bom regresso mas não convenceu<br />
todos os que tinham presenciado a<br />
cisão que houve no seio da banda.<br />
Quatro anos já passaram desde a<br />
confusão e três desde o álbum de<br />
regresso. E "Strength In Numbers"<br />
coloca um ponto final em tudo<br />
isso definitivamente. É certo que<br />
pega na fórmula do disco anterior<br />
e apenas a aperfeiço-a. Para quem<br />
estava habituado a ter discos da<br />
banda diferentes, este poderá ser<br />
uma desilusão. No entanto, em<br />
compensação temos um grande<br />
álbum que não cansa ouvir. Grandes<br />
riffs, Marco Aro em excelente forma<br />
e boas músicas que nos vemos a<br />
fazer headbang ao vivo - "Tighten The<br />
Noose" é definitivamente uma delas.<br />
"Strength In Numbers" pode ser visto<br />
como uma oportunidade perdida ou<br />
como um grande álbum. No nosso<br />
caso, optamos pela segunda.<br />
[8.3/10] Fernando Ferreira<br />
THE HIRSCH EFFEKT<br />
“Eskapist”<br />
Long Branch Records / SPV<br />
A matemática nunca foi o<br />
nosso forte. Admitimos<br />
a sua importância num<br />
mundo cada vez mais<br />
informatizado, mas<br />
sinceramente nunca<br />
nos cativou o suficiente.<br />
Talvez seja o nosso<br />
espírito preguiçoso<br />
mas a verdade é que é<br />
muita confusão para a nossa cabeça. E foi essa<br />
a primeira impressão com este trabalho dos<br />
alemães The Hirsch Effekt, "Eskapist". Há por<br />
aqui aquele espírito endiabrado do mathcore que<br />
já reconhecemos em bandas como The Dillinger<br />
Escape Plan, mas "Eskapist" traz- nos mais do<br />
que apenas mathcore. Traz-nos ambiência,<br />
capacidade de cativar com padrões reconhecíveis<br />
e traz-nos canções, que são mais do que<br />
espasmos e contracções de cinco em cinco<br />
segundos cujo objectivo é desafiar o ouvinte.<br />
O efeito é positivo e faz com que digamos com<br />
orgulho que gostamos de mathcore. Mesmo<br />
sendo preguiçosos.<br />
[7.8/10] Fernando Ferreira<br />
71
72<br />
THE LURKING FEAR<br />
“Out Of The Voiceless Grave”<br />
Century Media Records<br />
Prontos para mais<br />
uma uma super-banda<br />
sueca? Se calhar por<br />
esta altura já estão<br />
cansados de superbandas,<br />
sueca ou não.<br />
Compreendemos isso<br />
mas... só pedimos que<br />
se abra uma excepção,<br />
afinal estamos a falar<br />
de uma banda (e é verdadeira banda e não<br />
projecto) que junta membros e ex-membros<br />
de At The Gates, God Macabre, Crippled Black<br />
Phoenix, Infestdead, Marduk, The Haunted,<br />
Embalmed, Skitsystem, entre muitos outros.<br />
Sim, sim, já sabemos. Nomes não são nada<br />
se a música não trouxer qualidade. E esta traz.<br />
E muita. Death metal de qualidade tipicamente<br />
sueco. Não é retro. Não é revolucionário. Nem<br />
é prepotente, é simplesmente boa música<br />
extrema made in Gothenburg. É preciso dar<br />
mais argumentos?<br />
THE RADIO SUN<br />
“Unstoppable”<br />
Pride & Joy Music<br />
É o quarto álbum<br />
desta banda<br />
australiana. Hard<br />
Rock melódico<br />
AOR no seu mais<br />
puro contexto.<br />
O vocalista Jase<br />
Old e o guitarrista Stevie Janevski<br />
escreveram um monte de novas<br />
canções de rock melódico com a ajuda<br />
do produtor Paul Laine (Dark Horse,<br />
The Defiants). Vozes melodiosas e<br />
solos contagiosos são uma grande<br />
parte do som da banda, reforçada pelo<br />
baixista Anthony Wong e pelo baterista<br />
Gilbert Annese. Curiosamente, estive<br />
perante um punhado de reviews<br />
de bandas desta sonoridade e não<br />
sendo a minha preferida, tal feito<br />
permitiu uma pequena comparação<br />
e concluiu que em todos os projetos<br />
que foram dados a ouvir, a grande<br />
qualidade é uma marca em todos<br />
eles. Os Radio Sun, querem que este<br />
Unstoppable seja imparável e eu faço<br />
mesma pergunta que deixei no ar em<br />
outros momentos: e se este trabalho<br />
fosse lançado na década de 80? Não<br />
existe uma receita para isto, e estes<br />
australianos demonstram-no tocando<br />
musica que se sente feita com paixão<br />
e de forma simples.<br />
THE NEW ROSES<br />
“One More For The Road”<br />
Napalm Records<br />
No meio de tanta<br />
coisa retro, chega<br />
a uma altura que o<br />
preconceito parece que<br />
fala mais alto do que a<br />
boa música. E depois<br />
temos bandas como<br />
os The New Roses que<br />
nos trazem hard rock<br />
clássico que parece<br />
que está atrasado uns trinta anos. Esta poderia<br />
ser uma machadada mas a verdade é que se<br />
ainda hoje ouvimos álbuns como "Apetite For<br />
Destruction" é porque o hard rock não foi uma<br />
moda passageira. "One More For The Road"<br />
poderá não ter o impacto do álbum de estreia<br />
dos Guns N' Roses mas é um desfilar de<br />
grandes malhas, raçudas, com grande feeling<br />
rock, que acreditamos que possa ser ouvido<br />
daqui a trinta anos com o mesmo prazer que<br />
ouvimos hoje. E a soar tão actual como tal.<br />
[9.3/10] Fernando Ferreira [8.8/10] Fernando Ferreira<br />
THRESHOLD<br />
“Legends Of The Shires”<br />
Nuclear Blast<br />
Os Threshold são<br />
uma das bandas<br />
mais interessantes<br />
que o metal<br />
progressivo tem.<br />
Ponto. Não têm o<br />
sucesso dos Dream<br />
Theater nem são tão imediatos mas<br />
têm um nível qualitativo invejável -<br />
esta malta é incapaz de lançar um<br />
álbum mau. E não foi desta. Com<br />
troca de vocalista - regressa Glynn<br />
Morgan (que saiu da banda depois<br />
de "Psychedelicatessen" de 1994) -<br />
até poderíamos ter alguma dúvida<br />
em relação ao que viria mas a banda<br />
nem regressa ao passado nem se<br />
desvia do caminho que tem trilhado.<br />
A sua voz é mais melódica e faz-nos<br />
aproximar por vezes dos momentos<br />
mais acessíveis do art rock. Ainda<br />
assim isso não disvirtua o resultado.<br />
Temas longos e complexos que vão<br />
exigir segundas audições, a veneração<br />
dos deuses do rock progressivo inglês<br />
(Marillion, Pink Floyd, Genesis, Yes<br />
e por aí fora) sem desvirtuar a sua<br />
própria identidade. Este é um álbum<br />
que vai ao contrário da tendência de<br />
hoje em dia, onde tudo é discartável.<br />
Aqui, o ouvinte terá de parar para<br />
ouvir e absorver quer a música, quer o<br />
conceito que fala do crescimento e da<br />
forma como o ser humano muda a sua<br />
perspectiva da vida conforme cresce.<br />
Mais um grande álbum de uma grande<br />
banda.<br />
[9/10] Miguel Correia [9.5/10] Fernando Ferreira<br />
THE NIGHTS<br />
“The Nights ”<br />
Frontiers Records<br />
Finlândia!!! Ya, a<br />
velha escola do<br />
hard rock está viva,<br />
e bem, por aqueles<br />
lados! Simples,<br />
rock melódico<br />
que se sente foi<br />
tocado com paixão, com as raízes<br />
bem patentes no que se fazia nos anos<br />
80, é verdade, mais uma banda que se<br />
estreia e vai beber as suas influências<br />
a essa época, mas sente-se algo<br />
de muito genuíno neste trabalho<br />
de estreia. Criaram algo brilhante...<br />
sim posso dizer isso! Este álbum<br />
se fosse lançado nessa época teria<br />
sucesso assegurado! Não duvido!<br />
A estrutura musical é fantástica,<br />
linhas de guitarra bem rockeiras,<br />
teclados que preenchem os espaços<br />
sem mácula e solos que aumentam<br />
o nível do que se ouve a claro a voz<br />
bem polida e adequada ao estilo...que<br />
posso dizer mais? Os rapazes não<br />
estão a inventar ou a reinventar<br />
algo, mas tiveram a capacidade de<br />
fugir aos sons algo macios e melosos<br />
que se ouviam nessa altura. Estão<br />
equilibrados e gostava que poder ouvir<br />
mais alguma coisa deles no futuro!<br />
[10/10] Miguel Correia<br />
THY ART IS MURDER<br />
“Dear Desolation”<br />
Nuclear Blast<br />
Thy Art Is Murder é um<br />
daqueles nomes que<br />
convida à porrada e os<br />
primeiros instantes de<br />
"Slaves Beyond Death"<br />
prova isso mesmo.<br />
Quando todos fogem<br />
do deathcore como<br />
diabo da cruz - menos<br />
bandas novas que chegam cheias de lugares<br />
comuns - é bom ver que veteranos como os<br />
australianos Thy Art Is Murder (com uma<br />
carreira superior a dez anos, já lhes podemos<br />
chamar isso, principalmente num género<br />
que ninguém crê ter futuro) não fogem ao<br />
que são e principalmente, não se deixam<br />
limitar pelas limitações do género musical<br />
que abraçaram. Esta desolação cativa e vicia,<br />
algo que não esperávamos, sinceramente.<br />
Potente e sobretudo dinâmico, ora aí aqui<br />
está um bom exemplo de como fazer bom<br />
deathcore.<br />
[8.5/10] Fernando Ferreira
VERTHEBRAL<br />
TRAVELIN JACK USNEA<br />
“Commencing Countdown” “Portals Into Futility”<br />
“Regeneration”<br />
Steamhammer<br />
Relapse Records<br />
Satanath Records<br />
Os Blues Pills foram<br />
Quem é que já<br />
Mais fruta sulamericana?<br />
Venha<br />
uma revolução.<br />
tinha saudades da<br />
Conseguiram capturar<br />
boa dose de metal<br />
ela. Com o crivo de<br />
o amor que sempre<br />
cavernoso dos norteamericanos<br />
Usnea?<br />
Records, temos aqui<br />
qualidade da Satanath<br />
tivemos dentro de nós<br />
ao hard rock clássico.<br />
Nós definitivamente<br />
esta estreia por parte<br />
E não é dizer que todas<br />
tivemos. A banda<br />
dos Verthebral que<br />
as bandas que surgiram<br />
norte-americana é um<br />
apresentam um death<br />
entretanto são uma<br />
dos poucos exemplos<br />
metal bruto mas cheio<br />
cópia daquilo que eles<br />
que consegue tornar<br />
fazem. Mas há lá aquele espírito, de liberdade, o funeral doom num género verdadeiramente<br />
de potencial. É um álbum que pega no género<br />
de pureza. Espírito que nos remonta a quando interessante, sendo essencial para isso a forma tal como era feito na década de noventa<br />
a música era feita e sobretudo sentida de outra como mistura influências e sobretudo ambientes e transporta-o para os dias de hoje. Sem<br />
forma. É precisamente esse espírito que temos black metal. O resultado? Verdadeiras peças exageros técnicos, com grande feeling nos<br />
aqui na perfeição. E não é retro. Não é pegar em claustr<strong>of</strong>óbicas que nos agarram do primeiro solos e com uma voz pr<strong>of</strong>unda e clássica. É<br />
algo que já foi feito e reciclar como numa linha ao último instante. Quando estamos a falar de um daqueles trabalhos que não temos razão<br />
de montagem. É música orgânica, viva, que cinco longos temas, ainda mais impressionante para destacar de todos os outros mas que<br />
respira e é imperfeita tal como deve de ser. Para é o feito. Sem dúvida que um dos grandes também não nos dá nenhuma razão para não<br />
quem não passa sem recordar Scorpions antigo álbuns doom de <strong>2017</strong> e ameaça ser - apenas o fazer. O que no balanço final é o que o faz<br />
ou todo aquele espírito (e não estamos a falar o tempo o pode provar - o melhor da banda até com que seja obrigatório para todos os fãs<br />
de identidades semelhantes) de bandas de hard agora.<br />
de death metal, tornando as coisas bastante<br />
rock clássico, aqui é uma forma de fazer esse<br />
simples.<br />
processo mas com música nova. Um autêntico<br />
vício.<br />
[8.5/10] Fernando Ferreira [9.4/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira<br />
VON JUSTICE<br />
“Bret Hart”<br />
Edição de Autor<br />
Por momentos veiome<br />
à memória os<br />
tempos MOD ou SOD<br />
em todas aquelas<br />
paródias musicais.<br />
Von Justice e “Bret<br />
Hart EP” não vai<br />
mais longe do que<br />
isso, uma pequena<br />
paródia punk de vocais abafados, dedicada<br />
não só a Bret Hart conhecido wrestler, mas<br />
também a Hulk Hogan, Jimmy Hart e Ric<br />
Flair. Eles partilham o gosto à modalidade,<br />
em formato EP, numa sonoridade<br />
punkólica, que se torna bem divertido de<br />
se ouvir.<br />
WAND<br />
“Plum”<br />
Drag City<br />
Segundo consta,<br />
e apesar de ser o<br />
quarto álbum da<br />
banda desde que<br />
começou em 2013,<br />
"Plum" é o primeiro<br />
trabalho em dois<br />
anos, onde a banda<br />
sentiu a necessidade<br />
de parar, refocar e apontar baterias a novas<br />
formas de fazer música. Novos membros<br />
e uma nova forma de sentir a música, que<br />
agora surgiu muito de improvisações. O<br />
resultado é sem dúvida positivo, onde o<br />
seu garage rock surge tão próximo dos<br />
momentos mais clássicos dos The Beatles<br />
assim como se aproxima de terrenos<br />
mais psicadélicos. Para quem já se tinha<br />
esquecido deles, aqui está uma boa forma<br />
de se relembrar.<br />
[6/10] Miguel Correia [8/10] Fernando Ferreira<br />
ZORNHEYM<br />
“Where Hatred Dwells And Darkness Reigns”<br />
Non Serviam Records<br />
O black metal<br />
sinfónico não é um<br />
género que precise<br />
necessariamente de<br />
novo sangue mas<br />
até que não fica mal<br />
servido com este<br />
álbum de estreia dos<br />
suecos Zornheym.<br />
Aliando o death metal<br />
às vertentes mais sinfónicas do death metal,<br />
o resultado é um trabalho dinâmico e forte<br />
mesmo que não consiga surpreender - afinal<br />
o estilo já não encerra grandes segredos. O<br />
que contam são mesmo as malhas fortes,<br />
as influências old school que nos chegam<br />
através das melodias das guitarras (não ficando<br />
confinadas aos arranjos orquestrais) e aquele<br />
feeling banda-sonora que sempre foi o sempre<br />
nos conquistou no género mais sinfónico. Uma<br />
estreia em grande, sem dúvida.<br />
[8.6/10] Fernando Ferreira<br />
ZURVAN<br />
“Gorge Of Blood”<br />
Satanath Records<br />
De vez em quando<br />
falamos de uma banda<br />
que nos chega do Médio<br />
Oriente. Normalmente<br />
são sempre bandas que<br />
acabam por se mudar<br />
para outro país - algo<br />
que é compreensível<br />
ainda para mais quando<br />
se fala de música<br />
extrema. É exactamente o caso dos Zurvan,<br />
agora localizados na Alemanha e com este seu<br />
segundo álbum de originais. Inserindo-se no<br />
género do black/death metal, a banda apresenta<br />
fortes argumentos em termos de potência<br />
mas descura o campo da dinâmica, sendo<br />
que "Gorge Of Blood" é enorme (mais de uma<br />
hora) e tem demasiadas músicas (treze), o que<br />
faz com que a fórmula se esgote rapidamente.<br />
Umas tesouradas aqui e ali e estaríamos perante<br />
um álbum poderoso. Como não é o caso,<br />
esperemos pelo próximo.<br />
XANTHOCHROID<br />
“Of Earth And Axen - Act I”<br />
Erthe and Axen Records<br />
Quando temos<br />
uma banda que<br />
se refere a si<br />
própria ou ao<br />
seu som como<br />
"cinematic black<br />
metal" é porque ou<br />
temos uma grande bomba a caminho<br />
ou um fracasso monumental. Não<br />
nos devemos prender aos rótulos,<br />
é uma lição que já aprendemos (e<br />
continuamos a aprender sob diversas<br />
formas) e este é mais um exemplo.<br />
Sem dúvida que a intro "Open The<br />
Gates, O Forest Keeper" é um bom<br />
indicador de que a banda tem um<br />
grande apoio nas orquestrações<br />
enquanto o primeiro tema com voz, "To<br />
Lost and Ancient Gardens" remete-nos<br />
para algo progressivo, acústico. De<br />
black metal, só mesmo em "To Higher<br />
Climes Where Few Might Stand" e é<br />
por momentos. Isto poderá parecer<br />
que nos estamos a queixar mas não é<br />
o caso. Mais que black metal e mais do<br />
que metal sinfónico, o que temos é um<br />
impressionante metal progressivo que<br />
vai exigir bastante do ouvinte, mas que<br />
vai devolver o dobro. Um ambicioso<br />
álbum conceptual que pega na história<br />
do álbum de estreia e funciona como<br />
uma espécie de prequela. E atenção de<br />
que este é o primeiro acto. O segundo<br />
sai em <strong>Outubro</strong> e esperamos que seja<br />
igualmente analisado aqui porque<br />
este é sem dúvida uma das grandes<br />
surpresas desta segunda metade de<br />
<strong>2017</strong>.<br />
[5.3/10] Fernando Ferreira [9.3/10] Fernando Ferreira<br />
73
album do mêes<br />
20<br />
19<br />
The Nights<br />
“The Nights ”<br />
Frontiers Records<br />
Midnite City<br />
“Midnite City”<br />
AOR Heaven<br />
14<br />
13<br />
Antarktis<br />
“Ildlaante”<br />
Agonia Records<br />
Space Vacation<br />
“Lost In The Black Divide"<br />
Pure Steel Records<br />
08<br />
07<br />
Sorcerer<br />
“The Crowning Of The Fire<br />
King”<br />
<strong>Metal</strong> Blade Records<br />
Xanthochroid<br />
“Of Earth And Axen - Act I”<br />
Erthe and Axen Records<br />
18<br />
Novae Militiae<br />
“Gash’khalah ”<br />
Edição de Autor<br />
12<br />
Manilla Road<br />
“To Kill A King”<br />
Golden Core Records<br />
06<br />
Usnea<br />
“Portals Into Futility”<br />
Relapse Records<br />
17<br />
National Suicide<br />
“Massacre Elite”<br />
Scarlet Records<br />
11<br />
Steven Wilson<br />
“To the Bone”<br />
Caroline International<br />
05<br />
Five The Hierophant<br />
“Over Phlegethon”<br />
Dark Essence Records<br />
16<br />
Centuries Of Decay<br />
“Centuries Of Decay”<br />
Edição de Autor<br />
10<br />
Der Weg Einer Freiheit<br />
“Finisterre”<br />
t<br />
Season Of Mist t<br />
04<br />
Septicflesh<br />
“Codex Omega”<br />
Season Of Mist<br />
15<br />
Cannabis Corpse<br />
“Left Hand Pass”<br />
Season Of Mist<br />
09<br />
The Lurking Fear<br />
“Out Of The Voiceless Grave”<br />
Century Media Records<br />
03 Portrait<br />
02 Paradise Lost 01<br />
“Burn The <strong>World</strong>”<br />
“Medusa“<br />
Nuclear Blast<br />
<strong>Metal</strong> Blade Records<br />
74<br />
Process Of<br />
“Black Earth”<br />
Bleak Recordings
,<br />
Maquina do tempo<br />
ACE FREHLEY<br />
“Anomaly”<br />
Steamhammer<br />
Em 2009, Ace Frehley<br />
lançou Anomaly. E a<br />
receção pela critica<br />
daquele que seria o<br />
primeiro trabalho lançado<br />
pelo guitarrista ex-kiss<br />
desde o lançamento de<br />
Trouble Walkin, de 1989,<br />
não poeria ter sido<br />
melhor. Afinal, o álbum<br />
permitiu ao The Spaceman espaço para demonstrar<br />
sua própria proeza musical como músico solo no<br />
século XXI. Desde então, Frehley também lançou<br />
Space Invader em 2014 e, mais recentemente,<br />
Origins, Vol. 1, um álbumque permitiu a Frehley<br />
assumir os seus gostos em clássicos de bandas<br />
como os Cream e Jimi Hendrix. Agora, Frehley<br />
reeditou este Anomaliy com um bónus de três novas<br />
músicas inéditas demonstrando toda a sua energia e<br />
que ainda está aí para as curvas. Puro rock ‘n ‘roll,<br />
recheado de excelentes performances vocais e de<br />
guitarra de Frehley, muito inspirado nos clássicos<br />
do rock da década de 1980, e onde músicas<br />
como o "Foxy & Free", "Space Bear" (com nova<br />
roupagem e muito bem-vinda) e "Outer Space" estão<br />
entre os mais fortes de Frehley em sua carreira solo.<br />
[9/10] Miguel Correia<br />
CENTINEX<br />
“Bloodhunt”<br />
Repulse Records<br />
Os Centinex são um<br />
dos nomes clássicos<br />
do death metal<br />
sueco sem nunca<br />
ter atingido os níveis<br />
de brilhantismo de<br />
uns Entombed ou<br />
Dismembered. Dános<br />
ideia, e sendo<br />
um pouco mauzinhos, que se trata de uma<br />
das bandas de culto apenas porque estavam<br />
lá. Deixando de lado o veneno, a banda tem<br />
realmente a qualidade do seu lado quando o<br />
assunto é death metal, mesmo que nunca se<br />
sobressaia muito diante da sua concorrência<br />
mais directa. Este EP acaba por reflectir um<br />
pouco isso. Para quem gosta de death metal,<br />
não tem defeitos - e atenção que foi lançado<br />
numa altura em que o death metal (sueco ou<br />
não) não era moda, ou pelo menos não tinha<br />
a procura de uns anos antes ou uns anoes<br />
depois. Tendo isso em conta, temos seis<br />
músicas bem directas, mostrando a faceta<br />
mais violenta da banda, tal como gostamos.<br />
ATARAXIA<br />
“Il Fantasma Dell'Opera”<br />
Avantgarde Music<br />
Os Ataraxia foram<br />
uma daqueles amores<br />
à primeira vista, um<br />
dos primeiros que tive<br />
dentro do género neoclássico,<br />
mas tenho<br />
que confessar que este<br />
álbum não foi aquele<br />
mais impacto teve em<br />
mim. Ainda assim,<br />
e pegando nele de vez em quando, os seus<br />
méritos são inegáveis. Aquilo que mais me<br />
desiludiu foi pelo facto do álbum acentar em<br />
grande parte na sonoridade de sintetizadores,<br />
um pouco mais própria da música da década de<br />
oitenta, dando a sensação de que se trata de um<br />
trabalho datado, em vez de ter uma base mais<br />
acente nos instrumentos neo-clássicos.<br />
Esta é a forma, mas o conteúdo, esse, é de<br />
uma beleza inquestionável. Este é um álbum<br />
para apreciar no sentimento contrário daquilo<br />
que temos hoje em dia, ou seja, num mundo<br />
de música descartável, este é um álbum para<br />
ouvir com calma, concentrado apenas nela, um<br />
álbum que é dedicado a esse amor pela música<br />
onde temos prestações inacreditáveis por parte<br />
de Francesca Nicoli - ouvir a versão do tema<br />
de Kate Bush "Wutering Heights" - aliado a um<br />
conceito que hoje em dia poderá ter sido já<br />
muito explorado mas que aqui soa fresco.<br />
Não é definitivamente um álbum para todos,<br />
mas sem dúvida que quem gosta de música,<br />
verdadeiramente, não poderá ficar indiferente<br />
a este trabalho que, repito, não é dos meus<br />
favoritos da longa discografia da banda.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
Também temos aquela melodia tipicamente<br />
sueca, mas na dose certa, ficando com<br />
um agradável trago metálico e que ajuda<br />
a que este trabalho, que não tem grandes<br />
dinâmicas, acabe por não soar repetitivo,<br />
talvez um dos males que a banda enfrenta<br />
nos álbuns longa-duração. Embora seja<br />
um EP recomendado para os fãs da banda,<br />
qualquer fã de death metal não encontrará<br />
dificuldades em fazer headbang a isto.<br />
BEWITCHER<br />
“Bewitcher”<br />
Diabolic Might Records<br />
Grande álbum! Começamos<br />
já assim. Lembram-se<br />
quando os<br />
Bewitched (nome<br />
semelhante, curioso)<br />
apareceram e apelavam<br />
ao fã de metal tradicional<br />
não só por ser mais um<br />
projecto de Blackheim<br />
(também conhecido<br />
como Anders Nyströmdos dos Katatonia)? O<br />
que temos é bastante semelhante, mas se o foco<br />
dos Bewitched era mais no thrash, aqui temos<br />
um saudável espírito heavy metal underground<br />
como se de repente os Venom começassem<br />
a tocar música ainda mais interessante que<br />
aquela que fizeram no início de carreira. Ok, não<br />
temos malhas inesquecíveis como "Black <strong>Metal</strong>"<br />
ou "Countess Bathory" mas o espírito blasfemo<br />
de "Rip Ride" e "Bloodlust" tresanda para estes<br />
lados. Um grande álbum de estreia, obrigatório<br />
para quem não é fã propriamente de black metal<br />
mas consegue passar por cima de algumas<br />
características do género. Nomeadamente a voz.<br />
COGNIZANCE<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
“Illusory”<br />
Edição de Autor<br />
Os Cognizance são<br />
um dos bons nomes<br />
do deathcore<br />
que tenta fugir ao<br />
deathcore. Como<br />
é que o fazem?<br />
Acrescentando em<br />
cima uma boa dose<br />
de técnica e de<br />
tiques próprios do death metal técnico<br />
tradicional. O resultado é bem interessante<br />
e faz com que queiramos conhecer mais.<br />
Mais que isso, é uma banda que queremos<br />
ouvir num álbum. A banda editou dois<br />
singles no presente ano e podemos<br />
dizer que a evolução deles é promissora,<br />
principalmente o tema "The Foreboding<br />
Impasse", que poderão ouvir a passar na<br />
nossa WOM Radio e que ainda eleva mais a<br />
fasquia do que este EP.<br />
[7/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira<br />
75
CRADLE OF FILTH<br />
“Damnation And A Day”<br />
Edição de Autor<br />
Quinto álbum dos<br />
Cradle Of Filth numa<br />
altura em que a banda já<br />
estava descaracterizada<br />
e já tinha alienado<br />
grande parte dos seus<br />
fãs. Há quem afirme<br />
que foi "Dusk And Her<br />
Embrace" o último<br />
trabalho que gostaram,<br />
há quem aponte "Cruelty And The Beast" e há<br />
quem tenha até resistido até ao "Midian", mas<br />
para muitos foi aqui que começaram a perder<br />
interesse pela banda britânica. Na nossa<br />
humilde opinião, este trabalho é bastante<br />
superior ao "Midian", quer em conceito<br />
quer musicalmente falando, sendo bastante<br />
ambicioso, principalmente tendo em conta<br />
que foi aqui que a banda mudou-se para a<br />
gigante Sony através da sua subsidiária - uma<br />
ligação que não iria durar muito tempo. Como<br />
curiosidade fica o facto de actualmente a editora<br />
só ter uma banda no seu catálogo, a espanhola<br />
Rosa Negra, tendo despachado todas as outras.<br />
Uma coisa admitimos e dando a palmatória<br />
aos críticos, "Damnation And A Day" é enorme<br />
e parece interminável. Em número de músicas<br />
assim como na duração do trabalho em si -<br />
quase oitenta minutos. Esse factor faz com<br />
que não seja propriamente um álbum fácil de<br />
assimilar. Outra coisa que admitimos também<br />
é que a mística dos primeiros álbuns, daqueles<br />
citados atrás, já não sobreviveu para aqui, no<br />
entanto, se formos a ver, essa mística também<br />
já não estava presente no "Midian". Pelo lado<br />
positivo temos o facto de ser uma excelente<br />
obra de metal extremo, por estas alturas já não<br />
vale a pena continuar a afirmar que tocam black<br />
metal melódico.<br />
É um álbum com uma grande atmosfera -<br />
mesmo que seja bastante distante daquela que<br />
a banda transmitia no início da carreira - tendo a<br />
contribuição para isso da componente sinfónica<br />
ter sido mesmo registada pela The Budapest<br />
Film Orchestra e pelo Budapest Film Choir e<br />
com grandes músicas, que parece-nos que não<br />
sobreviveram para além da digressão deste<br />
álbum para serem representadas em palco.<br />
Poderá não ser o álbum que escolheríamos para<br />
dar a conhecer a banda, mas é, mesmo assim,<br />
um álbum que corresponde às expectativas que<br />
temos sobre a banda, que continua a seguir a<br />
mesma tendência desde o início da sua carreira:<br />
metamorfose a cada trabalho, tanto a nível de<br />
imagem, como de música e até música e se a<br />
mudança nem sempre nos traz coisas boas,<br />
neste caso, trouxe-nos algo único.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
CULT OF THE HORNS<br />
“Chapter I - Domination“<br />
Symbol Of Domination Prod.<br />
Álbum de estreia da<br />
one-man band francesa<br />
conhecida como Cult Of<br />
Horns que foi lançado o<br />
ano passado de forma<br />
independente e que<br />
agora é reeditado pela<br />
Symbol Of Domination.<br />
Apesar do black metal<br />
estar gravado no seu<br />
código genético, há por aqui uma grande dose<br />
de death metal envolvido. De tal forma que o<br />
black metal parece estar confinado ao nome,<br />
à capa (e corpsepaint de Mephisto, o homem<br />
responsável por tudo) e ao conceito lírico.<br />
Independentemente do género, o que temos<br />
é um trabalho de metal extremo odioso que<br />
poderia ter um pouco mais de dinâmica. No<br />
entanto, sem a mesma, consegue cativar os<br />
menos exigentes. Até faz prever que seja capaz<br />
evoluir a partir daqui.<br />
[6.6/10] Fernando Ferreira<br />
EARTHQUAKE 55<br />
“Earthquake”<br />
Edição de Autor<br />
Viagem no tempo<br />
gratificante, onde<br />
vamos até um<br />
passado recente para<br />
conhecer o trabalho<br />
de estreia da banda<br />
de Cascais, este EP<br />
"Earthquake". O que<br />
podemos encontrar<br />
é um thrash metal como aquele que nos<br />
chegava na década de noventa. Nomes<br />
como Pantera, Criminal, Sepultura (fase<br />
"Chaos A.D.") ou até os nossos Painstruck<br />
surgem-nos em mente com um potencial<br />
que deverá ser ampliado e explorado<br />
para além daquilo que estes cinco temas<br />
apresentam, principalmente em termos de<br />
dinâmica. Uma apresentação promissora e<br />
uma banda a acompanhar no futuro.<br />
[7/10] Fernando Ferreira<br />
DIKTATUR<br />
“La Voie Du Sang”<br />
Melancholia Records<br />
Diktatur é um duo de<br />
black metal que se<br />
estreou em 2010 com<br />
"La Voie Du Sang"<br />
lançado em edição<br />
de autor. Sete anos<br />
depois, a Melancholia<br />
Records decide pegar<br />
no álbum e reeditálo<br />
com duas novas<br />
músicas, gravadas no presente ano. E quase<br />
que a carreira toda dos Diktatur se resume<br />
a estes dois eventos, exceptuando pelo EP<br />
editado em 2015. Com um som de black metal<br />
cru mas que não dispensa um toque de melodia<br />
de dinâmicas inesperadas para o género mais<br />
primitivo, o que só faz com que o impacto seja<br />
maior. Esta é uma excelente surpresa que para<br />
muitos será como uma novidade, já que será<br />
fácil ter passado despercebido o lançamento<br />
independente que a própria banda fez limitado<br />
a cem unidades.<br />
ENTOMBED<br />
“Hollowman”<br />
Earache Records<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
É por aqui que o mítico<br />
death'n'roll começa a tomar<br />
forma, com o regresso de<br />
L-G Petrov à voz depois da<br />
ausência em "Clandestine".<br />
Não podemos dizer que esta<br />
influência venha do azul<br />
até porque se formos bem<br />
a ver os álbuns anteriores<br />
já davam indicações de<br />
algo assim, embora aqui<br />
seja mesmo muito mais acentuada. De uma forma<br />
inteligente, acaba por abrir o caminho até ao próximo<br />
álbum, o clássico "Wolverine Blues", cujo tema-título<br />
surge aqui com uma espécie de descrição do animal em<br />
si em vez das letras que surgiriam no álbum resultando<br />
numa curiosidade interessante. O que é fascinante neste<br />
EP é a forma como se sente o género embrionário, em<br />
como o death metal encaixa perfeitamente com aquele<br />
género bem roqueiro típico do rock sulista dos E.U.A.<br />
Temos duas covers (na versão original tínhamos apenas<br />
uma) sendo a primeira uma adaptação do tema do filme<br />
"Hellraiser", cujo compositor é Christopher Young, com<br />
alguns samples a acompanhar e a segunda a já clássica<br />
rendição da "God Of Thunder", original dos Kiss. Um EP<br />
destinado aos coleccionadores, mas que mesmo assim<br />
têm a sua importância histórica na carreira da banda.<br />
[7.5/10] Fernando Ferreira<br />
76<br />
EXTERMINATOR<br />
“Total Extermination”<br />
Greyhaze Records<br />
Esta é uma<br />
viagem no tempo<br />
inesperada. "Total<br />
Extermination" é um<br />
clássico obscuro da<br />
música extrema e é<br />
quando o ouvimos<br />
que percebemos<br />
o porquê de ser<br />
obscuro. Editado em 1987, numa altura<br />
em que os Sarc<strong>of</strong>ago e os Sepultura<br />
dominavam o underground brasileiro, vêse<br />
que os Exterminator tentaram seguir<br />
por um caminho semelhante. No entanto a<br />
qualidade sonora é tão má, assim como as<br />
composições são ingénuas demais, ainda<br />
mais que os próprios primórdios dos<br />
Sepultura. Este trabalho, agora reeditado<br />
em vinil, é aconselhado apenas a puristas<br />
da música extrema. Para todos os outros é<br />
coisa para fugir a sete pés. A exterminação<br />
promete ser total para os mais sensíveis.<br />
[2/10] Fernando Ferreira<br />
JUDAS PRIEST<br />
“Point Of Entry”<br />
Columbia<br />
E os Judas Priest<br />
entraram <strong>of</strong>icialmente<br />
nos anos oitenta<br />
depois da declaração<br />
metálica que foi "British<br />
Steel" e por entraram<br />
<strong>of</strong>icialmente na década<br />
de oitenta queremos<br />
dizer que nos trazem um<br />
álbum a piscar o olho ao<br />
pop descaradamente. No entanto, ao contrário de<br />
bandas como Queen, o foco continuou a estar nas<br />
guitarras, embora com melodias bem acessíveis.<br />
No entanto, será que isso é o suficiente para<br />
condenar este trabalho. Não propriamente, até<br />
porque temos aqui grandes músicas, imortais,<br />
sendo que a abertura com "Heading Out To The<br />
Highway" é um clássico indiscutível e a "Desert<br />
Plains" ainda surge nos alinhamentos dos<br />
concertos da banda britânica de vez em quando.<br />
Em termos de composição, este é um álbum<br />
estupidamente mais simples de que qualquer<br />
coisa que a banda tenha feito e músicas como<br />
"Don't Go" e "You Say Yes" dificilmente poderemos<br />
chamar de heavy metal. Pensando bem,<br />
dificilmente conseguimos chamar a qualquer<br />
música deste álbum de heavy metal. Não sabemos<br />
bem o que motivou a banda a seguir esta direcção,<br />
mas provavelmente terá algo a ver com o sucesso<br />
dos dois singles do álbum anterior, "Living After<br />
Midnight" e "Breaking The Law", dois temas bem<br />
simples. A questão é que ambos, até mesmo<br />
"Living After Midnight" tem uma aura metal por<br />
trás, o mesmo não podemos dizer de nenhum<br />
destes temas.<br />
Ainda assim, não é um mau trabalho. É hard rock<br />
com um toquezinho pop que embora tenha alguns<br />
momentos não tão conseguidos e até irritantes,<br />
não tem nada de declaradamente mau. Apenas é<br />
uma pálida amostra em relação ao que a banda<br />
fez e é capaz de fazer. Este é um dos álbuns um<br />
pouco esquecidos dentro da discografia da banda<br />
e com alguma razão já que apresenta muito pouco<br />
material que se sobressaia. Esta reedição além<br />
de trazer todos os temas remasterizados ainda<br />
traz mais dois temas bónus, "Thunder Road" (das<br />
sessões de "Ram It Down" e que por isso não se<br />
percebe lá muito bem o que raio está aqui a fazer) e<br />
uma versão ao vivo de "Desert Plains". Para quem<br />
é coleccionador, obviamente que este álbum já foi<br />
adquirido mas para quem não é ou para quem não<br />
conhece, não se deverá começar por aqui. É capaz<br />
de se ficar desanimado.<br />
[6/10] Fernando Ferreira
KASHGAR MONSTER MAGNET MONSTER MAGNET<br />
“Kashgar ” “Tab“ “Spine Of God”<br />
Symbol Of Domination Prod. Napalm Records Napalm Records<br />
O metal flui das mais<br />
"Tab" foi lançado<br />
Reedição do primeiro<br />
diversas localizações.<br />
antes de "Spine Of<br />
álbum dos Monster<br />
Os Kashgar<br />
God", o segundo<br />
Magnet, uma banda<br />
apareceram no mapa<br />
EP da banda e<br />
que mesmo sem<br />
do metal com o seu<br />
que é ainda mais<br />
ter hoje em dia a<br />
álbum de estreia autointitulado<br />
e lançado<br />
a estreia que<br />
que teve anos atrás<br />
aventureiro que<br />
expressão comercial<br />
originalmente o ano<br />
seria lançada no<br />
não deixa de ter o seu<br />
valor. No que nos diz<br />
passado. A banda<br />
mesmo ano, 1991,<br />
respeito, o seu início de carreira sempre nos<br />
surge do Quirguistão ou República Quirguiz e aqui nesta revista analisado. Aos três<br />
pareceu mais interessante quando a banda<br />
que não é dos sítios mais esperados para temas originais junta-se "Spine Of God" tinha um forte cheiro a rock psicadélico. É<br />
se ter metal extremo. Uma mistura entre o registado ao vivo. Tal como o álbum de precisamente esse ponto que faz com que o<br />
death metal (em termos instrumentais) e o estreia, este é um EP que soa a álbum e interesse neste álbum seja redobrado. Aquela<br />
black metal (em termos de abordagem) o que tem uma qualidade bem acima da "Black Mastermind" é uma viagem para fora<br />
som da banda nota-se precisar claramente média. Principalmente o primeiro tema, deste sistema solar, daquelas que até dá<br />
de amadurecer, mas para um primeiro tema-título, que nos embala por mais de gosto, mas não é o único tema que tem esse<br />
trabalho, o resultado é sem dúvida positivo. meia hora. Não é para todos, mas é sem efeito. Esta reedição traz uma versão demo<br />
Falta talvez alguma dinâmica acrescida aos dúvida um trabalho arrojado e um clássico do tema "Ozium" e é uma boa forma de reapresentar<br />
o passado ilustre da banda a uma<br />
temas para assegurar que resultados ainda intemporal que recomendamos que esteja<br />
superiores mas o que apresentam aqui não na audioteca de todo o fã de música que nova geração de fãs.<br />
os envergonha em nada.<br />
se preze.<br />
[6.6/10] Fernando Ferreira [9.5/10] Fernando Ferreira<br />
[9/10] Filipe Ferreira<br />
NETHERBIRD<br />
“The Ghost Collector”<br />
Black Lodge Records<br />
"(...) passamos por<br />
fases variadas, onde<br />
ora temos uma<br />
vibe viking, épica,<br />
guerreira, ora temos<br />
uma atmosfera<br />
mais sinistra e<br />
ameaçadora e<br />
orelhuda, de riffs<br />
mais austeros e orquestrações com cheiro<br />
a gótico (...)". Estas palavras, usadas<br />
na review feita ao ultimo trabalho dos<br />
Netherbird - a compilação Hymns From<br />
Realms Yonder - servem de bom mote para<br />
a presente apreciação ao álbum debutante<br />
destes suecos. E porquê? Porque basta<br />
ouvir as primeiras notas de The Ghost<br />
Collector para perceber que este primeiro<br />
álbum cai directamente na última categoria<br />
referenciada na citação.<br />
Lançado em 2004, numa altura em que o<br />
Black <strong>Metal</strong> melódico já estava mais que<br />
batido no mundo do <strong>Metal</strong>, este The Ghost<br />
Collector é um trabalho bastante genérico,<br />
caracterizado por um pretensiosismo<br />
e de uma ingenuidade tão própria<br />
daquelas bandas do Black <strong>Metal</strong> que se<br />
pautavam pelos tiques melodramáticos<br />
característicos de um filme de terror da<br />
Hammer e orquestrações repletas de<br />
elementos clássicos e que fizeram deste<br />
um estilo tão popular, de onde brotaram<br />
milhentas bandas que procuraram (e<br />
raramente conseguiram) pegar na fórmula<br />
dos Cradle <strong>of</strong> Filth, Dimmu Borgir ou Old<br />
Man's Child e elevá-la a novos patamares,<br />
acabando assim por cair numa imensidão<br />
de nada.<br />
Tivesse este álbum sido lançado 10-15<br />
anos antes e estaríamos a falar de uma<br />
"quasi-masterpiece". Como não foi, cai<br />
na dualidade de ser considerado, por<br />
uns, um álbum com cheiro a azeite ou,<br />
por outros, um álbum de Black <strong>Metal</strong><br />
melódico bastante apreciável. Acontece<br />
que pertenço à segunda estirpe.<br />
[7.2/10] Jaime Nôro<br />
RAPTORE<br />
“Rage 'N' Fever”<br />
Witches Brew<br />
A Argentina sempre<br />
demonstrou ter uma<br />
devoção ao heavy<br />
metal clássico e<br />
tradicional admirável<br />
mesmo que nunca<br />
tenha apresentado<br />
propostas capazes<br />
de cruzar as próprias<br />
fronteiras de forma convincente, tirando<br />
algumas honrosas excepções. Os Raptore<br />
apresentam neste álbum de estreia motivos<br />
para contrariar esta tendência com um<br />
heavy metal cru, vitaminado e cheio de<br />
tomates que é impossível de ignorar. Não<br />
é perfeito - e uma das imperfeições que<br />
encontramos é alguma falta de dinâmica<br />
entre alguns temas que soam demasiado<br />
semelhantes - mas sem dúvida que é tudo<br />
aquilo que o heavy metal precisa para<br />
continuar fiel a si próprio.<br />
V/A<br />
“Return Of The Mountain King - A Tribute to Savatage”<br />
Underground Symphony<br />
[9/10] Fernando Ferreira<br />
Como já dissemos<br />
muitas vezes<br />
antes. Gostamos<br />
de covers. Como<br />
consequência,<br />
gostamos de<br />
álbuns de covers.<br />
Provavelmente não estão recordados<br />
mas cerca de dezoito anos atrás, os<br />
álbuns de covers tornaram-se uma<br />
praga. Pequenas editoras aproveitavam<br />
essa forma mais barata de fazer<br />
alguns cobres - houve uma até que se<br />
especializou nela (a Dwell Records). A<br />
febre acabou por se comer a ela própria<br />
com bandas desconhecidas a fazerem<br />
versões manhosas de clássicos das<br />
bandas em questão. É tendo isto em<br />
SUTEKH HEXEN/BLSPHM<br />
“Split”<br />
Sentient Ruin Laboratories<br />
Originalmente<br />
lançado em 2014,<br />
em cassete, este EP<br />
é a prova de como<br />
o black metal se<br />
pode apresentar<br />
das mais diversas<br />
formas e feitios.<br />
Claro que não era<br />
preciso apresentar formas disso mas é<br />
apenas uma forma de dizer que este split<br />
junta duas entidades que têm abordagens<br />
distintas ao género mas ainda assim<br />
similares na forma como transcendem as<br />
fronteiras. De um lado os Sutekh Hexen,<br />
com uma abordagem caótica e barulhenta.<br />
De outra os BLSPHM, com um feeling<br />
mais industrial e que chegam até a cruzar<br />
o drone. O resultado? Um vinil que devem<br />
adquirir se são fãs do experimentalismo na<br />
música extrema.<br />
[8/10] Fernando Ferreira<br />
conta que começamos e acabamos com<br />
esta análise a "Return Of The Mountain<br />
King - A Tribute to Savatage". Com uma<br />
série de bandas desconhecidas italianas<br />
e norte-americanas (exceptuando pelos<br />
Cage, o único nome que se destaca<br />
aqui) as versões até poderiam ser algo<br />
memoráveis mas não o são. É o típico<br />
caso em que o nosso amor às versões<br />
foi posto à prova. E levou uma tareia<br />
descomunal. Ter um álbum de versões<br />
em que a sua melhor qualidade é fazernos<br />
ouvir o original não é propriamente<br />
um investimento recomendado<br />
[4/10] Fernando Ferreira<br />
77
Os Cavaleiros da Tavola Triangular<br />
Esta rúbrica visa em reunir os colaboradores da <strong>World</strong> Of <strong>Metal</strong> para conversas descontraídas. Trocas<br />
de ideias, debates, análises de álbuns. Tudo o que surgir em cima da nossa mesa triangular. Este mês<br />
fomos tocar numa questão eterna: Sepultura (pós-Max) Vs Soulfly. Analisámos álbum a álbum e<br />
chegámos a uma conclusão. The Game is On! Relembramos que se tratam de duas opiniões, válidas e<br />
nem mais nem menos que isso. Por João Coutinho e Fernando Ferreira<br />
FF-Este mês então temos Sepultura vs Soulfly. Antes de irmos ao<br />
detalhe e da conclusão final entre nós dois, na tua opininão, qual<br />
é o favorito?<br />
JC-Bem, a minha opinião em relação ao favorito é bastante<br />
simples. Sepultura, sem dúvida. São uma banda com um legado<br />
histórico mas que continua a produzir discos fenomenais, como<br />
é o caso do mais recente "Machine Messiah". Qual é a tua<br />
opinião?<br />
FF-Concordo. Sem pensar muito no assunto, Sepultura têm-me<br />
impressionado mais nos últimos álbuns,mesmo que ainda esteja<br />
distante daquilo que fizeram antes da saída do Max, mas esse<br />
período também fica cada vez mais sobrevalorizado conforme o<br />
tempo passa. Vamos então o detalhe<br />
Round 1 - Sepultura - "Against" Vs Soulfly - "Soulfly"<br />
JC-Em comparação entre esses dois o grande campeão é o<br />
Against, na minha opinião. Não é que seja um dos melhores<br />
lançamentos de Sepultura mas consegue superar, sem dúvida, o<br />
disco de estreia dos Soulfly.<br />
FF-Concordo. "Against" não é perfeito mas é o álbum possível<br />
após uma mudança tão pr<strong>of</strong>unda como foi a saída de Max. Apesar<br />
de na altura ter ouvido bastante o primeiro de Soulfly, é um<br />
trabalho que não envelheceu tão bem.<br />
Round 2 - Sepultura - "Nation" vs Soulfly - "Primitive"<br />
JC-Apesar de Sepultura ser uma das bandas que mais aprecio, seja<br />
qualquer fase, com ou sem Max, tenho de dizer que o "Primitive"<br />
está bastante consistente. Mostra um Max disposto a fazer algo<br />
com pés e cabeça, enquanto que os Sepultura pareciam estar um<br />
pouco perdidos no tempo.<br />
FF-"Nation" para mim prometia muito. Álbum conceptual<br />
- o primeiro da carreira e o primeiro a mostrar que a banda<br />
conceptualmente pretendia ir bem mais longe. No entanto na<br />
prática foi um álbum fraquíssimo, com a banda a ceder às pressões<br />
do nu metal. Embora "Primitive" também seja bastante nu metal,<br />
78<br />
parece-me bem mais sólido e "ameaçador" digamos assim.<br />
Round 3 - Sepultura - "Roorback" Vs Soulfly - "3" /<br />
Sepultura - "Roorback" Vs Soulfly - "Prophecy"<br />
JC-O "Roorback" é um álbum que, apesar de não ser brilhante,<br />
não atingiu o patamar que merecia. Foi esquecido e desprezado<br />
por completo e esquecido das setlists do grupo brasileiro. No<br />
que toca a um duelo com o "3", o "RoorBack" acaba por levar a<br />
melhor. Nesta altura tanto os fãs como a RoadRunner pareciam<br />
desprezar um pouco a banda. Apesar do álbum ter alguns toques<br />
extremamente modernos (demasiado por vezes) não deixa de levar<br />
a melhor de um "3" que nunca me disse nada. Comparando com<br />
o "Prophecy" já temos precisamente o contrário. O "RoorBack"<br />
já fica para trás. O "Prophecy" continua a linha dos anteriores<br />
de Soulfly, bastante moderno. Mesmo assim, mas não por uma<br />
marguem muito extensa, é melhor que "Roorback".<br />
FF-Concordo em parte. "Roorback" marcou o início de uma<br />
nova fase da carreira dos Sepultura, onde andaram sem contrato<br />
depois da Roadrunner não ter renovado e após lançarem o EP<br />
de covers, acabaram por lançar "Roorback" pela SPV (onde uma<br />
edição especial viria a trazer o dito EP de bónus). Concordo com<br />
o que dizes que Roorback é um pouco desprezado na carreira da<br />
banda mas também não é o tal regresso às raízes apregoado (e<br />
que o título sugere). É mais directo mas continua a ter o problema<br />
de "Nation", faltam malhas. Quanto a "3", não é perfeito mas<br />
é superior ao "Primitive", que era fraquinho (o que já dá para<br />
ver o valor dado a "Nation"). É um álbum que tem algumas das<br />
músicas que a banda ainda toca hoje em dia. E concordo em<br />
relação ao "Prophecy", é um álbum maduro dos Soulfly que<br />
estavam a começar a soltar-se das amarras do nu-metal, muito<br />
graças à entrada de Marc Rizzo. Portanto, dois pontos para<br />
Soulfly da minha parte.<br />
Round 4 - Sepultura - "Dante XXI" Vs Soulfly - "Dark<br />
Ages"<br />
JC-O "Dante XXI" prometia muito. Como outros de Sepultura,<br />
era um álbum conceptual sobre a obra de Dante, Divina Comédia.<br />
É super intenso e é extremamente pesado, o que logo por si
costuma ser um bom ponto. A produção é fraquinha, muito<br />
fraquinha. Em relação ao "Dark Ages" parece que o Max voltou<br />
aos seus tempos áureos de Sepultura e entregou aqui um álbum<br />
sem espinhas e muito forte. Por esse motivo leva a melhor do<br />
"Dante XXI" que prometia muito mas não conseguiu cumprir o<br />
prometido.<br />
FF-Nesta fase parecia que cada álbum de Sepultura s<strong>of</strong>ria desse<br />
mal. Muita parra, pouca uva. Mais uma vez, como disseste,<br />
conceito interessante e prometedor, resultado final aquém das<br />
expectativas. Não é que seja um mau álbum, apenas não consegue<br />
corresponder à grandeza do nome da banda. Já "Dark Ages" é uma<br />
bomba de todo o tamanho. Se "Prophecy" já se notava a diferença<br />
devido à entrada de Marc Rizzo, "Dark Ages" é triturador, um<br />
grande álbum onde Soulfly é olhado com outros olhos perante a<br />
comunidade metaleira - aliás, acho que foi devido a esse álbum<br />
que os Soulfly entraram para o <strong>Metal</strong> Archives.<br />
Round 5 - Sepultura - "A-lex" Vs Soulfly - "Conquer"<br />
JC-Mais um álbum de Sepultura, mais um álbum conceptual.<br />
Começa a ser algo extremamente repetitivo e que simplesmente<br />
cansa mas "A-Lex" consegue ser um bom trabalho da banda<br />
brasileira, aproximando-se muito do "Roots", na minha opinião.<br />
"Conquer" é a bujarda das bujardas, com um som cristalino<br />
que não tira a brutalidade ao som, temos o melhor trabalho de<br />
Soulfly até à data. É uma vitória sem espinhas, mesmo estando<br />
os Sepultura a demonstrar que estão a "acordar" aos poucos, de<br />
modo a voltarem a ser o que haviam sido.<br />
FF-É verdade e "A-Lex" passou praticamente despercebido para<br />
estes lados. Mesmo que seja um álbum subestimado, continuam a<br />
faltar aquelas malhas de referência. "Conquer" é a continuação da<br />
potência de "Dark Ages". Não considero que seja superior mas é<br />
sem dúvida um dos melhores álbuns da banda e ganha claramente<br />
este duelo.<br />
Round 6 - Sepultura - "Kairos" Vs Soulfly - "Omen" /<br />
Sepultura - "Kairos" vs Soulfly - "Enslaved"<br />
JC-O "Kairos" ganha facilmente aos dois. Podemos dizer que o<br />
"Kairos" é, finalmente, o regresso dos poderosos Sepultura. É<br />
algo que os fãs ansiavam e que foi entregue com a mestria de<br />
Andreas Kisser. O "Omen" e o "Enslaved" não deixam de ser<br />
álbuns consistentes mas estão a anos luz da potência do "Kairos".<br />
FF-Pessoalmente não esperava nada de "Kairos" e foi uma surpresa<br />
muitissimo agradável. É um álbum low pr<strong>of</strong>ile mas que é<br />
muito sólido, conseguindo ir buscar um pouco da força do "Chaos<br />
A.D." e "Against". "Omen" é um álbum forte mas começa a<br />
acusar o cansaço da fórmula. "Enslaved" já é mais fraco e apesar<br />
de ser competente, não impressiona.<br />
Round 7 - Sepultura - "The Mediator Between Head and<br />
Hands Must Be the Heart" Vs Soulfly - "Savages"<br />
JC-O "Savages" acaba por ser uma melhoria em relação a algum<br />
dos trabalhos anteriores dos Soulfly, demonstrando que, tal como<br />
Sepultura, são uma banda de altos e baixos. Em relação ao disco<br />
de Sepultura podemos dizer que um dos fatores que me leva a<br />
escolhê-lo é a entrada do novo baterista, Eloy Casagrande. Para<br />
mim é um génio da bateria e trouxe um peso enorme a este disco.<br />
FF-Para mim o Savages passou-me completamente ao lado.<br />
Sem ser mau, é um álbum que não me trouxe aquelas malhas<br />
destruidores dos trabalhos anteriores. Foi uma decepção por ser<br />
verdadeiramente mediano. Quanto ao "Mediator" foi um álbum<br />
que cumpriu o que "Kairos" prometeu. Ambicioso e com grandes<br />
malhas. Para mim foi o álbum reconciliador (<strong>of</strong>icialmente, já que<br />
"Kairos" já tinha deixado boa impressão) dos Sepultura.<br />
Round 8 - Sepultura - "Machine Messiah" Vs Soulfly -<br />
"Archangel"<br />
JC - "Machine Messiah" é, para mim, um dos melhores<br />
trabalhos de Sepultura de sempre. Num ano de <strong>2017</strong> recheado<br />
de promissores trabalhos este consegue saltar à nossa vista como<br />
um dos melhores. Com energia, peso e letras extremamente bem<br />
pensadas só fica mesmo atras de alguns trabalhos de Sepultura.<br />
Mesmo "Archangel" sendo bom nada comparável com a primazia<br />
e a sapiência de Andreas Kisser e companhia, que demonstram<br />
estar na melhor forma possível.<br />
FF-Para mim Archangel seja mais uma desilusão na forma em<br />
como se instala numa mediania irritante, tal como o anterior<br />
trabalho. Não apresenta nada de novo e não tem nenhum<br />
momento marcante. Por outro lado"Machine Messiah" é um<br />
álbum brutal, dinâmico, potente e praticamente inesgotável. É<br />
realmente um álbum de sonho e um dos melhores da sua carreira.<br />
Inesperado para quem já não esperava nada da banda.Resumindo<br />
e verificando a pontuação temos 11 para Sepultura e 9 para<br />
Soulfly. Justo vencedor na minha opinião. O que é que tu achas?<br />
JC- Concordo plenamente. São sem dúvida um justo vencedor.<br />
79
<strong>Metal</strong> Missionaries - The Documentary<br />
Brutally Delicious Productions<br />
É sempre bom termos documentários sobre metal.<br />
Não só para espalhar a mensagem para aqueles<br />
que não sejam propriamente receptivos ao estilo de<br />
música mas, principalmente, para educar um pouco<br />
mais aqueles que gostam e amam metal. A premissa<br />
deste "<strong>Metal</strong> Missionaires" é promissora. A questão<br />
do cristianismo no metal. Polémico à partida - afinal<br />
o cristianismo é o bombo da festa <strong>of</strong>icial do metal,<br />
principalmente extremo - embarcamos nesta viagem<br />
com bastante curiosidade.<br />
Realizado por Bruce Moore e produzido pela Brutally<br />
Delicious Productionsk, "<strong>Metal</strong> Missionaries" é um<br />
interessante documentário mas que acaba por soar a<br />
pouco. E por ser uma realidade muito local. Não é<br />
que não existam bandas cristãs no resto do mundo que<br />
toquem metal - devem existir de certeza. A questão é<br />
que não há propriamente uma cena de metal cristão<br />
fora dos E.U.A. e, talvez, Canadá. Na América do<br />
Norte existem tops específicos e existe uma cena<br />
de rock cristão bastante forte. No entanto é algo<br />
incompreensível para o resto do mundo. Afinal, rock<br />
é rock. <strong>Metal</strong> é metal. Independentemente da cor, raça<br />
ou credo. Longe vão os tempos da separação entre<br />
o death metal e black metal (das ameaças de morte<br />
aos Deicide quando tocaram na Noruega e das cartas<br />
enviadas a Christ<strong>of</strong>er Johnsson dos Therion), pelo que<br />
esta é uma realidade que não nos faz muito sentido.<br />
Podemos dizer que "<strong>Metal</strong> Missionaries" está dividido<br />
em duas partes. Na primeira temos um desfilar de<br />
testemunhos acerca da questão da religião (cristã) e<br />
das suas próprias experiências onde se destacam Vorph<br />
dos Samael (que afirma que independentemente da<br />
ideologia, é a música que fala sempre mais alto) e Ben<br />
Falgoust dos Goatwhore (que diz algo semelhante e<br />
que desde que a música seja boa, de que se justifique<br />
a mensagem e que faça sentido, tudo é válido) - que<br />
basicamente é a forma como nós também vemos a<br />
80<br />
música. Na segunda parte, que é a que ocupa mais<br />
espaço, temos uma série de bandas cristãs que contam<br />
as suas dificuldades e em grande parte são todas de<br />
alguma forma ostracizadas. E é neste ponto que a<br />
coisa se perde um pouco na nossa opinião.<br />
Por alguns momentos parece que estamos a ser<br />
evangelizados, pela forma como se tem algumas<br />
passagens da bíblia ou pela forma apaixonada como<br />
expressam as suas próprias crenças. Este factor faz<br />
com que o entusiasmo vá diminuindo conforme o<br />
documentário se vai desenrolando. Outra questão<br />
menos conseguida é a repetição de algumas imagens<br />
no início que parece que estamos a ver um clip de<br />
publicidade genérico (neste caso sobre metal).<br />
Mesmo sabendo a pouco e sentido que poderia ter sido<br />
muito mais apr<strong>of</strong>undado, conseguimos tirar algumas<br />
conclusões acerca deste "<strong>Metal</strong> Missionaries".<br />
Primeiro, nos E.U.A., nem as bandas cristãs se livram<br />
de serem ostracizadas. Depois, a música deverá ser<br />
sentida sobretudo. Independentemente das letras, do<br />
credo. E é o que estas bandas fazem. É o que qualquer<br />
banda deve fazer. Parece uma conclusão óbvia, não é?<br />
Foi neste ponto em que se perdeu uma oportunidade<br />
de apresentar algo diferente. Temos o testemunho de<br />
bandas em que vivem mesmo aquilo que acreditam,<br />
em como a sua mensagem foi importante para alguns<br />
fãs mas a pergunta primordial se o cristianismo e<br />
metal combinam ou não acaba por não ser totalmente<br />
esclarecedora. Ficamos com uma percepção de como<br />
as bandas entrevistadas "s<strong>of</strong>rem" devido às suas<br />
crenças mas faltou o confronto com outros pontos de<br />
vista seculares, como os focados no início.<br />
Apesar de não ser aquilo que se esperava e de ser<br />
algo superficial, não deixa de ser um documentário<br />
interessante.
WOM Live Report<br />
Don't Fall Asleep, Aiko, In Vein<br />
08/09 - <strong>Metal</strong>point, Porto<br />
Texto por João Coutinho | Fotos por Inês Faria | Agradecimentos <strong>Metal</strong>point e Don't Fall Asleep<br />
Em mais uma noite de <strong>Metal</strong> no famoso<br />
<strong>Metal</strong>point, no Porto, foi tempo de celebração de<br />
peso onde foram reunidas as bandas Don't Fall<br />
Asleep, Aiko e In Vein, isto após o cancelamento<br />
da banda Ashes And Waves.<br />
Com o seu metalcore/hardcore bem estruturado e<br />
com muita energia, os Don't Fall Asleep subiram<br />
ao palco de uma sala bem composta que os recebeu<br />
com muito entusiasmo e euforia. Com um set<br />
curto onde foram debitando novos temas do seu<br />
EP, o público apresentava-se bastante receptivo e<br />
a comunicação com o vocalista era evidente. Nas<br />
últimas músicas, "Betrayed" e "Martyr" o nível<br />
de envolvimento do público chegou a um patamar<br />
impressionante, com o vocalista Carlos Silva a<br />
demonstrar uma presença de palco ao nível dos<br />
melhores do género.<br />
Seguiram-se os AIKO, nome já mais conhecido<br />
que contaram com um metalpoint com uma<br />
excelente casa. Começando logo por pedir ao<br />
público que se chegassem à frente e tentando<br />
motivar os presentes, incendiaram uma sala<br />
e prepararam um caldeirão que, no fim desta<br />
atuação, se tornaria verdadeiramente explosivo.<br />
Passando por malhas como “A Place For My<br />
Head”, “Venom” e “Carry the Crown” que tiveram<br />
uma recepção otimista por parte dos fãs, “Karma<br />
War” foi uma das faixas mais cantadas e com uma<br />
importância fulcral no Set. Para terminar houve<br />
tempo para a música tema do anime Deathnote<br />
que foi, indubitavelmente, o culminar de uma<br />
atuação quase perfeita por parte dos portuenses.<br />
Por motivos pessoais, infelizmente não nos foi<br />
possível assistir ao concerto dos In Vein. As<br />
nossas sinceras desculpas.<br />
81
Casaínhos Fest <strong>2017</strong><br />
26/08 - Casaínhos, Loures<br />
Texto por Fenando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Casaínhos Fest<br />
Tínhamos uma boa expectativa para esta sexta edição<br />
do Casaínhos Fest, principalmente pela reverência<br />
que era feita ao festival o underground nacional.<br />
Reverência essa que consideramos ser totalmente<br />
merecida pelo que pudemos constatar.<br />
O início deu-se cedo (três da tarde) e como era algo<br />
expectável, a afluência do público ainda era bastante<br />
baixa. Foi com a banda de punk/hardcore lisboeta<br />
Not Enough que se deu início às hostilidades. Micro<br />
descargas acompanhados de muito movimento,<br />
principalmente pelo Félix, vocalista, que estava<br />
constantemente aos saltos – que nem sempre corriam<br />
bem. O som esteve sólido e a prestação da banda<br />
também, mesmo estando numa posição algo ingrata<br />
mas que cumpriu o seu propósito. Uma abertura<br />
adequada para uma longa maratona de sonoridades<br />
punk, hardcore e metal.<br />
82<br />
Not Enough<br />
O primeiro aspecto positivo que notámos desde cedo<br />
foi a forma como o horário foi cumprido (e em alguns<br />
casos até adiantado) e como a espera foi tudo menos<br />
dolorosa. Algo de salutar e que muitos festivais mais<br />
mainstream poderiam levar como exemplo. Antes<br />
da hora prevista subiram ao palco a banda de Aveiro<br />
Soul Of Anubis. Este power trio com uma sonoridade<br />
de metal progressivo impressionou pela positiva,<br />
principalmente pelas suas capacidades técnicas. Talvez<br />
a banda não fosse indicada para aquela hora, mas tal
como os Not Enough, os Soul Of Anubis cumpriram<br />
na perfeição o seu papel. Normalmente em géneros<br />
mais exigentes como o metal progressivo, poderíamos<br />
esperar que o som final s<strong>of</strong>resse mas não foi de todo<br />
o caso. Ainda por cima um metal progressivo bem<br />
bruto. Apesar de por momentos sentirmos que uma<br />
segunda guitarra poderia beneficiar o seu som em<br />
termos de dinâmicas, a actuação baseada no seu álbum<br />
de estreia (nome do álbum) deixou-nos com água na<br />
boca e com o desejo de voltar a vê-los novamente.<br />
mais adequada noutro horário mas ainda assim,<br />
foram a primeira a juntar uma assistência já muito<br />
composta à frente do palco. Actuação irreprensível,<br />
com um excelente som – não nos cansamos de<br />
referir esta parte, que foi mais ou menos constante<br />
de todo o festival – e da qual destacamos “Cabaret”<br />
e “Absolution”. A experiência da banda é cada vez<br />
mais notória e este foi mais um exemplo, sendo<br />
sempre um prazer revê-los em cima do palco.<br />
Soul Of Anubis<br />
Ainda dentro do metal, chegou a vez dos Burned<br />
Blood de Sintra que iniciaram a sua actuação com<br />
uma intro cinematográfica bastante épica e que<br />
chamou o ainda pouco público para a frente do<br />
palco. “Uprising”, “Existence” e “Killing Spree”<br />
foram excelentes exemplos do seu poder destrutivo<br />
que também beneficiaria de uma segunda guitarra -<br />
principalmente para alguns leads por cima do ritmo.<br />
Movimento e acção foi coisa que não faltou e a entrega<br />
da banda equivalia a intensidade da sua música.<br />
Também de salientar os constantes agradecimentos à<br />
organização e ao público pelo apoio ao underground<br />
– algo que TODAS as bandas, sem excepção, fizeram.<br />
A cada banda que subia ao palco, mais o ambiente de<br />
festa se adensava.<br />
Legacy <strong>of</strong> Cynthia<br />
Por falar em experiência, o que dizer dos Grankapo? A<br />
banda lisboeta já tem um currículo de impôr respeito<br />
na arte de espalhar hardcore e as suas actuações são<br />
sempre recheadas de poder e acção, tanto em cima<br />
em do palco como entre a assistência, com muitos<br />
circle pits a se formarem. “Left For Dead”, “Filthy<br />
Head”, “Won’t Fall Down” e “We’ll Never Die” foram<br />
apenas algumas das bombas de diversão maciça que<br />
provocaram muito movimento num concerto onde<br />
não havia nem tempo para respirar, embora tivesse<br />
havia oportunidade para cantar os parabéns ao<br />
baterista Ivan, curiosamente a primeira de duas vezes,<br />
como veremos de seguida.<br />
Grankapo<br />
Burned Blood<br />
Também de Sintra (de nome e tudo) seguiram-se os<br />
Legacy <strong>of</strong> Cynthia com o seu metal alternativo de<br />
cariz mais progressivo, outra banda que talvez fosse<br />
Banda irmã, os For The Glory sucederam aos<br />
Grankapo e mantiveram o nível altíssimo no que diz<br />
respeito à qualidade do hardcore. Começando com<br />
“All The Same”, foi um desfilar de classe e experiência<br />
por um dos grande valores nacionais da música<br />
pesada. Não faltaram outros temas como “Survival Of<br />
83
as hostilidades com um dos seus hinos, “Face Off ”? A<br />
intensidade atingia novos patamares, como apenas a<br />
banda da margem sul sabe fazer.<br />
The Fittest” e “Some Kids Have No Face” e não faltou<br />
também a segunda vez que se cantou os parabéns a<br />
Ivan, o baterista que toca tanto nos For The Glory<br />
como nos Grankapo, numa actuação em ambiente de<br />
festa, onde a banda revelou não ter setlist definida e<br />
ir tocando conforme o feeling – o que já diz muito<br />
acerca do à-vontade e traquejo que têm e também<br />
do ambiente descontraído e familiar que se tinha no<br />
palco do Casaínhos, algo que não afectou em nada<br />
na apreciação tanto nossa, <strong>World</strong> Of <strong>Metal</strong>, como do<br />
público presente.<br />
Destroyers Of All<br />
Tal como os For The Glory, os Switchtense tocaram<br />
sem setlist pré-definida e foram decidindo as malhas<br />
no momento, revelador do seu entrosamento e<br />
experiência. Não faltaram os discursos por parte de<br />
Hugo Andrade sobre o underground e a cena nacional.<br />
Se normalmente a visão da banda apresentada pelo<br />
seu vocalista é fácil com que nos identifiquemos com<br />
ela, neste contexto, era o reflexo daquilo que estava<br />
no ar. Uma união que era bonita de se sentir e que<br />
se assume como o espírito do festival. Espírito esse<br />
metido ao rubro com “The Right Track”, “State Of<br />
Resignation”, “Into The Words Of Chaos”, “Monsters”<br />
(a música Napalm Death da banda) e “Infected Blood”,<br />
entre outros clássicos.<br />
For The Glory<br />
Nova virada estilística do hardcore para o metal, com<br />
os coimbrenses Destroyers Of All a subir ao palco<br />
numa posição que lhes é merecida pelo excelente<br />
álbum de estreia “Bleak Fragments”, editado o ano<br />
passado. A actuação da banda baseou-se neste<br />
lançamento e no EP que o antecedeu, onde o principal<br />
problema era o som algo pouco definido que fez com<br />
que alguns detalhes, principalmente de guitarra e por<br />
vezes na voz, se tivessem perdido. Ainda assim, foram<br />
bem recebidas malhas como “From Ashes Reborn”,<br />
“Hollow Words”, o tema-título do já mencionado<br />
álbum de estreia e uma potente “Into The Fire”. Foi<br />
um regresso aos palcos bem recebido pelo público e<br />
bem vivido pela banda que mostra que o seu lugar é<br />
ali mesmo.<br />
Se até então, Casaínhos navegou entre os mares<br />
do punk/hardcore e do metal, a próxima banda<br />
é daquelas que junta os dois como ninguém.<br />
Embora o potente thrash metal dos Switchtense<br />
seja metálico até à medula, há um grande espírito<br />
hardcore principalmente na forma como encaram<br />
o underground e como são uma banda que dá tudo<br />
em palco e que puxa o seu público para retribuir em<br />
igual medida. Como tal, que melhor forma de abrir<br />
84<br />
Switchtense<br />
Devil In Me é um dos nomes grandes do hardcore<br />
nacional, a par dos Grankapo e For The Glory – uma<br />
celebração à parte, ter estes nomes mais Swtichtense<br />
todos juntos no mesmo cartaz, facto referido por<br />
Hugo Andrade na actuação da sua banda. Um nome<br />
que, tristemente, distinguiu a sua actuação de todas as<br />
outras. Foi o último concerto da banda e por isso teve<br />
um impacto ainda maior do que o normal – que por si<br />
só já era considerável.<br />
Seria difícil suceder a estes níveis de intensidade, por isso a<br />
melhor coisa a fazer é mesmo trazer algo completamente
diferente. Os Blowfuse não são completamente diferentes<br />
ao punk/hardcore mas fazem-no de um ponto de vista<br />
mais acessível do rock. Mas acessível não quer dizer que<br />
seja menos explosivo. Com muito movimento mas sem<br />
provocar o mesmo tipo de entusiasmo entre o público, o<br />
punk rock da banda gozou de um som poderoso – um<br />
dos melhores do cartaz – que em muito ajudou a que a<br />
sua performance fosse tão boa.<br />
seja tarde para o quer que seja, a banda provou estar<br />
num momento de forma demolidor, destilando thrash<br />
metal clássico de extremo bom gosto.<br />
Devil In Me<br />
Curiosidade para o facto da banda ter agradecido aos<br />
Not Enough por terem emprestado os instrumentos<br />
precisamente quando tocaram a música... “Not<br />
Enough”. Destacamos ainda da sua actuação a “House<br />
Of Laugh”, “Man Of Opportunities”, “Ripping Out”,<br />
“Radioland” e a cover com que acabaram o concerto:<br />
anunciada como uma música dos Sonic Youth, tocaram<br />
com o início da “In Bloom”, a “Territorial Pissings”,<br />
ambas dos Nirvana. A banda espanhola também foi<br />
a primeira de duas escolhas internacionais escolhidas<br />
para fechar esta terceira edição do Casaínhos Fest,<br />
não deixando de agradecer à sua editora no nosso<br />
país, a Infected Records, responsável pelas visitas da<br />
banda ao nosso país.<br />
Dust Bolt<br />
Foi um desfilar de malhões que começou na “Violent<br />
Abolition” e terminou na “Agent Thrash” (com o vocalista/<br />
guitarrista Lenny B. a ir para o meio do público) já em<br />
regime de encore e pelo meio com “Awake The Riot – The<br />
Final War”, “Soul Eraser”, “Blind To Art, “Distant Scream<br />
(The Monotonous)” – dedicada a Tiago Fresco, da<br />
organização, por trazer a banda a Portugal, entre outras.<br />
Foi uma actuação que impressionou como a banda se<br />
dispôs em palco, não parando o headbanging por um<br />
segundo e não sacrificando em nada os muitos detalhes<br />
que as músicas exigiam.<br />
Dust Bolt<br />
Blowfuse<br />
A segunda banda internacional do cartaz e também<br />
pela primeira vez em Portugal, eram os alemães Dust<br />
Bolt, que deram um concerto de ficar na memória dos<br />
presentes. Com uma banda com já três (bons) álbuns<br />
editados, fica difícil de perceber como ninguém os<br />
tinha trazido cá antes. Como não acreditamos que<br />
Para quem viveu a cena anos atrás, este alinhamento<br />
do Casaínhos poderia soar estranho. Afinal tínhamos<br />
bandas hardcore, punk e metal (de subgéneros<br />
variados) a sucederem-se e a serem apoiadas da<br />
mesma forma. As tribos deixaram de ter o peso que<br />
tinham e ainda bem porque separações provocadas<br />
por barreiras estilísticas é algo que deixou de fazer<br />
qualquer tipo de sentido há já muito tempo. O facto<br />
de todas as bandas terem enaltecido, como já foi dito<br />
atrás, o espírito underground do festival e de união ao<br />
som nacional.e também do próprio apoio do público<br />
presente é representativo da magia e mística que<br />
este festival, apesar de jovem, já possui. Que cresça<br />
e venham muitos mais, sendo representativo do<br />
crescimento e sobretudo da união da nossa cena.<br />
85
ADM <strong>Metal</strong> Fest<br />
26/08 - Andam, Leiria<br />
Texto e Fotos por Nuno Bacharel | Agradecimentos: ADM <strong>Metal</strong> Fest<br />
O ADM <strong>Metal</strong> Fest é um novo festíval na região centro,<br />
localizado na freguesia de Andam, concelho de Porto de<br />
Mós, distrito de Leiria e que decorreu no último fim de<br />
semana de Agosto, dias 25 e 26, sexta e sábado. Infelizmente<br />
a <strong>World</strong> <strong>of</strong> <strong>Metal</strong> apenas pôde estar presente no sábado,<br />
não assistindo assim às sempre excelentes actuações de<br />
Switchtense e Midnight Priest, já que os Gwydion tiveram<br />
que cancelar devido a um problema de saúde do baterista.<br />
Grankapo, Secret Chord e Tri Rex eram as outras <strong>of</strong>ertas<br />
para sexta.<br />
Chegados ao festival a meio da tarde de sábado, entrámos<br />
num recinto construído de propósito para o evento, mas<br />
que ainda estava a quarto de gás. Surpreendentemente, e<br />
comparando com o horário previsto (mesmo depois do<br />
anúncio do cancelamento dos algarvios Anarchy Machine),<br />
ainda apanhámos meia actuação dos 74. Punk rock com<br />
boa disposição dentro e fora das curtas musicas tocadas.<br />
86<br />
74<br />
Fuzzil<br />
Antes dos Fuzzil começarem a debitar o seu Stoner
Rock, havia que garantir que as condições de som<br />
estivessem a 100%. Entre “Mais guitarra aqui”, “Mais voz<br />
ali” e “Mais baixo acolá”, os ponteiros não perdoavam e<br />
o tempo ia passando. Condições favoráveis alcançadas,<br />
uma excelente performance de bom Sludge/Stoner destes<br />
moços de Alcobaça. Com o EP “Molten” a ser promovido,<br />
“Boiling Pot” não foi esquecido e assim se passou meia<br />
hora bem sonorizada.<br />
“Lightbringer”.<br />
Humanart<br />
Waterland<br />
Entre mudanças de instrumentos, fez-se noite e finalmente<br />
Waterland subiram ao palco. Vindos de Barcelos, <strong>of</strong>ereceram-nos<br />
uma boa dose de Power <strong>Metal</strong> bem articulado.<br />
A vocalista, Patricia Loureiro, espalhou voz de excelente<br />
qualidade, charme e boa disposição pela audiência que<br />
finalmente ia engrossando nos números. Com álbum novo<br />
“Signs <strong>of</strong> Freedom” editado este ano, ainda foram exitos<br />
Hora de aquecer novamente e levantar muito pó com Prayers<br />
<strong>of</strong> Sanity. Vindos de Lagos, o experiente power trio debitou<br />
o seu thrash old school com muita sabedoria. “Face <strong>of</strong> the<br />
Unknown” é o álbum novo, destaque para “Someday” mas<br />
“Confrontations” não foi esquecido e muito menos o trabalho<br />
de estreia “Religion Blindness”. Nada a dizer, são grandes.<br />
E como o tempo passa rápido quando nos divertimos,<br />
bateram as doze badaladas da meia noite. Se originalmente,<br />
deveríamos estar a finalizar a actuação de Holocausto<br />
Canibal, ainda os Primal Attack não tinham entrado,<br />
contabilizando um atraso de mais de duas horas na<br />
previsão inícial. A que horas entraram os Grog, nunca<br />
saberemos pois a <strong>World</strong> <strong>of</strong> <strong>Metal</strong> teve que abandonar<br />
o festival pois a sua boleia iria trabalhar no dia seguinte<br />
bem cedinho e ainda havia uma longa viagem pela<br />
frente. Ficou assim outro grande nome do thrash metal<br />
para ser apreciado (Primal Attack), assim como duas<br />
icónicas bandas de grind (Holocausto Canibal e Grog).<br />
Shadowmare<br />
antigos a marcar diferença, como “Fire Burning”.<br />
Mas o que se quer num festival é movimento, e nada como<br />
o bom e velho thrash metal para mexer com as hostes, e foi<br />
isso que os algarvios Shadowmare porporcionaram com o<br />
seu death/thrash. Depois do EP de estreia “From Hell to<br />
the Future”, há mais canções novas a tocar e apanharam<br />
o melhor som até à altura. Assim sendo, muito bem soou<br />
o hino “Mad Executioner” e toda a capacidade destes<br />
promissores jovens ficou bem patente nesta noite.<br />
Avançaram as horas, esfriou a temperatura e também no<br />
palco, com a entrada do black metal dos Humanart. Com<br />
este concerto, celebraram a sua sexagésima actuação e<br />
mostraram toda a sua experiência, especialmente com<br />
a prestação de “Lines <strong>of</strong> Knowledge” tirado do álbum<br />
Prayers Of Sanity<br />
Esta humilde organização deu o seu melhor, de certeza<br />
absoluta, mas ainda há muitas arestas por limar. Uma<br />
média de 300 pessoas terá passado pelo recinto e resta-nos<br />
esperar que os dissabores não impeçam uma nova edição<br />
em 2018. A ideia está lá, a vontade também, e há lugar na<br />
zona centro para um festival mais undergroud como este.<br />
87
Reverence Santarém <strong>2017</strong><br />
Dia 1 - 08/09/17 - Parque da Ribeira, Ribeira de Santarém<br />
Texto por Fenando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Reverence Santarém<br />
A quarta edição do Reverence estava envolta de<br />
grande expectativa. Não só pelos nomes anunciados<br />
mas principalmente pela mudança de local, passando<br />
de Valada para a Ribeira de Santarém, um pouco mais<br />
a norte. As expectativas foram algo desafiadas ao<br />
encontrarmos condições mais humildes em relação<br />
ao passado. Um recinto mais pequeno, dois palcos e<br />
menos <strong>of</strong>erta em termos de comida e comércio. Seria<br />
algo suficiente para ficar com uma opinião negativa<br />
sobre o festival. Isso e os atrasos que vamos explicar<br />
de seguida. No entanto, há algo que o Reverence<br />
tem, seja qual for o sítio onde se realiza: excelente<br />
música. Esta quarta edição não foi excepção.<br />
Pouco depois da hora anunciada, deu-se início às<br />
hostilidades com os F'rrugem, banda de Ribeira de<br />
Santarém que continua a tradição do festival em dar<br />
voz às bandas locais. A sua sonoridade insere-se no<br />
espectro do punk rock português, ao bom estilo Mata<br />
Ratos. Talvez estivesse deslocada da sonoridade do<br />
88<br />
festival, mas o ecletismo musical sempre foi um dos<br />
seus trunfos e neste contexto, até foi uma boa abertura,<br />
apesar do pouco público presente e de alguma apatia.<br />
Destacamos um tema que cheira a clássico: "Tou de<br />
Caganeira" cujo riff inicial faz lembrar muito a "The<br />
March Of The S.O.D." dos S.O.D..<br />
F'rrugem
Os concertos foram sendo alternados entre o palco<br />
Tejo e o palco Sabotage e a primeira banda a subir a<br />
este último palco foram os Pretty Lightning, um duo<br />
num formato que o rock alternativo tem encontrado<br />
muitas formas criativas de dar muita boa música<br />
ao mundo. Numa vertente que ia beber água tanto<br />
ao rock psicadélico como ao espírito do blues mais<br />
cru, o seu som foi encantando a plateia ainda algo<br />
despida - a banda agradeceu aos presentes por terem<br />
comparecido cedo o suficiente para verem a sua<br />
actuação e ao convite para o festival. Um bom nome<br />
que mostram que é possível fazer muito com pouco.<br />
Como foi dito atrás, os Quentin Gas E Los Zíngaros<br />
substituíram os Dead Rabbits e passaram para palco<br />
principal. O seu som tinha tudo para nos chamar a<br />
atenção, afinal quem é que se lembra de cruzar rock<br />
psicadélico com o flamengo? Uma mistura vencedora<br />
que conseguiu chamar a atenção do público, causando<br />
a reacção automática e involuntária nas pernas, pés<br />
e pescoço, aquela que indica que estamos perante<br />
boa música. A primeira saiu satisfeita com o seu<br />
primeiro concerto em solo português e nós também.<br />
Não fossem as falhas de som no final da actuação, que<br />
terminou abruptamente, e teria sido perfeito.<br />
Pretty Lightning<br />
Devido ao cancelamento dos Dead Rabbits, tiveram<br />
que acontecer algumas alterações no alinhamento<br />
previsto, sendo a primeira a mudança dos Quentin<br />
Gas E Los Zíngaros para o palco Sabotage e no<br />
seu lugar no palco Tejo subiram os Iguana. Um dos<br />
problemas que assolou esta edição do Reverence foi<br />
sem dúvida o problema de som que algumas bandas<br />
tiveram. No caso dos Iguana, não foi o suficiente para<br />
abalar muito a sua prestação, onde as longas jams e<br />
o feeling entre o stoner e o doom foi o fio condutor.<br />
Uma banda que sabe sempre bem ver ao vivo, em que<br />
condições forem.<br />
Quentin Gas & Los Zíngaros<br />
Uma intro com uma versão de "Alfred Hitchcock<br />
Apresenta" foi a forma de apresentar os Cut, trio de<br />
Almeirim que nos trouxe a dinâmica dos duos, ou<br />
seja bateria, guitarra e voz (e que voz). O resultado<br />
é um espírito stoner/doom cujo único problema é<br />
alguma falta de dinâmicas - apesar da ausência de<br />
baixo, a guitarra acabou por preencher o espaço<br />
vazio dos graves. Ainda assim pudemos presenciar<br />
um crescendo de intensidade conforme a actuação<br />
decorreu que nos fez ouvir mais deste projecto.<br />
Iguana<br />
Cut<br />
89
O rock psicadélico<br />
tem muitas formas<br />
de manifestar e<br />
neste primeiro dia<br />
teve-se a sorte de<br />
encontrar várias<br />
formas vencedoras<br />
do género. Os The<br />
Gluts foram sem<br />
dúvida uma delas.<br />
O rock psicadélico<br />
cheio de groove (em parte ajudado pela percussão<br />
tocada por Nicolò, o vocalista) permitiu que fosse<br />
aberta a pista para levantar voo em direcção ao<br />
espaço sideral. A emotividade demonstrada pela<br />
banda, principal-mente pelo já mencionado Nicolò<br />
que parecia que estava a ter um ataque epiléptico em<br />
palco, era proporcional à qualidade da sua música.<br />
Um excelente concerto.<br />
muito interessante que mesmo podendo ser mais<br />
valorizado num outro ambiente, não deixou de ter um<br />
impacto positivo.<br />
Desert Mountain Tribe<br />
No palco Sabotage, subia um power trio de impôr<br />
respeito: Desert Mountain Tribe Apesar de um falso<br />
arranque, em que o vocalista Jonty Balls se apercebeu<br />
graças ao público que a sua voz não se estava a fazer<br />
ouvir - sintomático dos muitos problemas relacionados<br />
com o som que o festival e as bandas que actuaram<br />
nele foram afligidos. Com um registo próximo de Jay<br />
Ashton dos Gene Loves Jezebel, na sua vertente mais<br />
pós-punk, foi uma actuação hipnótica onde até se teve<br />
direito a uma música que sairá no próximo álbum em<br />
que a banda se encontra a trabalhar neste momento.<br />
The Gluts<br />
Gossamers foi o projecto que se seguiu, uma oneman-band<br />
que junta no mesmo tacho ambient e drone.<br />
Talvez não tenha sido a actuação mais interessante<br />
para se ver... mas para se ouvir foi uma revelação e<br />
teve um efeito viajante que se enquadra perfeitamente<br />
na atmosfera cool e relaxada do festival. Um projecto<br />
90<br />
Gossamers<br />
Tren Go! Sound System<br />
Por esta altura não não seria caso para nos admirarmos<br />
mas quem diria que apenas uma pessoa conseguiria<br />
fazer um chavascal tão grande? Foi o caso com os<br />
Tren Go! Sound System que provou que um músico,<br />
uma guitarra e vários pedais de efeitos valem quase<br />
como uma orquestra inteira resultando em verdadeiras<br />
tapeçarias sonoras que tanto abrangeram o pós-rock<br />
como o rock psicadélico indo até ao trip-hop. São este<br />
tipo de propostas que fazem com que o Reverence
seja o festival especial que é.<br />
groove foi contagiante. Diferente do esperado mas<br />
por isso mesmo adoravelmente viciante. Boa surpresa<br />
para o público presente.<br />
Oathbreaker<br />
E foi neste momento em que a coisa descambou.<br />
O atraso que se ia acumulando de alguns minutos<br />
superou a hora quando os Oathbreaker se preparavam<br />
para subir ao palco. Um soundcheck para lá de<br />
demorado - dolorosamente demorado - fez com que<br />
o público estivesse em peso a aguardar pelo início<br />
da actuação enquanto assistia ao soundcheck. O que<br />
nos leva a uma questão... as coisas já estão atrasadas,<br />
o público está todo presente. Então... porquê sair do<br />
palco? Sabemos que faz parte do espectáculo mas<br />
mesmo assim... Em relação à actuação propriamente<br />
dita e tirando alguns problemas de som que apesar do<br />
longo soudcheck teimaram em persistir, foi sublime.<br />
Em excelente forma e com um som desconcertante<br />
na forma como fundem black metal, shogaze e o<br />
pós-metal mais caótico, sem dúvida um dos grandes<br />
concertos deste primeiro dia.<br />
Amenra<br />
Hora de voltar ao palco Sabotage e mais um atraso<br />
gigantesco ao que já tinha sido angariado até então.<br />
Era a vez dos Amenra e compreendemos que o som<br />
estivesse que estar perfeito, no entanto, esta demora só<br />
fez com que o público e as bandas seguintes saíssem<br />
prejudicadas. Claro que tudo isso ficou esquecido<br />
quando mais estes membros da temível Church Of<br />
Ra subiram ao palco. Se o apocalipse interior tivesse<br />
alguma banda-sonora, forçosamente teria de passar<br />
por temas como "The Pain It Is Shapeless" e "Am<br />
Kreuz".<br />
Wildnorthe<br />
Zarco<br />
Os Zarco subiram ao palco Tejo e começaram por<br />
agradecer aos Oathbreaker (provavelmente de forma<br />
irónica) antes de começar a debitar o seu rock próximo<br />
do punk e colorido por uma harmónica endiabrada e<br />
por grandes solos de guitarra, onde o ritmo cheio de<br />
A partir daqui foi somar atraso atrás de atraso. Se de<br />
um lado (palco Sabotage) o soundcheck demorava, do<br />
outro (palco Tejo) as bandas demoravam a começar<br />
as suas actuações de forma incompreensível. A boa<br />
música foi a constante que nos deu força perante o<br />
desânimo e cansaço que era crescente. Como foi o<br />
caso dos Wildnorthe, um duo lisboeta que toca um<br />
darkwave bem clássico, a relembrar o som da vanguarda<br />
da década de oitenta. A sonoridade talvez soa-se<br />
91
desfazada encaixada<br />
no meio de Amenra<br />
e Moonspell, no<br />
entanto ainda assim,<br />
o público presente<br />
estava satisfeito.<br />
Mais um longo e<br />
exaustivo soundcheck<br />
e os minutos<br />
e horas a passar.<br />
A expectativa era muita para ver os Moonspell a<br />
na banda um dos seus maiores embaixadores no<br />
mundo. Mesmo sem surpresas de maior, soube bem<br />
ouvir temas descobertos mais de duas décadas atrás<br />
e que raramente são reinterpretados como a trilogia<br />
"Wolfshade (A Werewolf Masquerade)"/"Love<br />
Crimes"/"...Of Dream And Drama (Midnight Ride)",<br />
"Trebaruna" do "Wolfheart" ou "For A Taste Of<br />
Eternity" e "A Poisoned Gift" de "Irreligious",<br />
principalmente quando interpretados com a ajuda das<br />
Crystal Mountain Singers (a já mencionada Carmen<br />
Simões dos Earth Electric e Silvia Guerreiro, ex-<br />
Sarcastic e The Godspeed Society).<br />
Moonspell<br />
tocarem na íntegra os seus dois primeiros álbuns,<br />
"Wolfheart" e "Irreligious", embora este não fosse um<br />
entusiasmo generalizado. Talvez por serem uma das<br />
poucas bandas assumidamente metal deste primeiro<br />
dia, uma sonoridade que todavia o Reverence sempre<br />
incorporou, ou então talvez por todos os atrasos e<br />
alguma falta de paciência. No entanto a banda da<br />
Brandoa foi alheia a tudo isso, dando um concerto<br />
irrepreensível, não fossem alguns problemas de som<br />
nomeadamente do micr<strong>of</strong>one de Carmen Simões.<br />
Nevoa<br />
Após Moonspel acabar, deu-se o êxodo para o<br />
palco Tejo onde mais uma vez houve uma demora<br />
incompreensível para a banda subir ao palco quando o<br />
som já estava preparado - pelo menos era essa a nossa<br />
impressão. Sendo a segunda vez que vimos os Névoa<br />
em pouco mais de um mês (a primeira foi no VOA),<br />
podemos dizer que não foi propriamente uma surpresa<br />
assim como não foi o seu poder, que abalou qualquer<br />
sentimento de déjà vú que se tivesse. Também nos<br />
parece que a banda aqui gozou de um melhor som do<br />
que aquele que teve direito em Corroios. Não houve<br />
comunicação com o público mas também não seria<br />
necessário, a música preencheu todo esse espaço<br />
vazio. Consegue-se sentir a evolução de actuação para<br />
actuação.<br />
Moonspell<br />
Foram momentos de celebração e comunhão não<br />
só por aqueles dois pedaços da história da banda<br />
mas como do próprio metal português que tem<br />
92<br />
Bo Ningen
O contingente japonês também estava presente<br />
no Reverence e neste primeiro dia teve como<br />
representação os Bo Ningen que, infelizmente, não<br />
fugiram à tendência dos atrasos devido a longos<br />
soundchecks. Estavam agendados para a uma e<br />
quarenta da manhã e subiram depois das três. Ainda<br />
assim, haviam muitos resistentes (não só ao atraso<br />
em relação ao horário como também em relação ao<br />
crescente frio que se fazia sentir) que queriam ser<br />
embalados pelo rock psicadélico extravagante dos Bo<br />
Ningen que conseguiram agarrar bem o público desde<br />
o início.<br />
para uma plateia reduzida de resistentes que fizeram<br />
questão de esperar por ela - "Boa noite Reverence<br />
ou madrugada" foi a primeira coisa que a banda,<br />
através de Patrícia, disse ao público. Uma intensidade<br />
assinalável que significou o nosso fim da linha para<br />
este primeiro dia, que não conseguimos aguentar mais.<br />
Sinistro<br />
Melancholic Youth Of Jesus<br />
Conforme as bandas iam-se sucedendo, o público ia<br />
dimuindo, algo que ia sendo cada vez mais visível.<br />
Ainda assim, os portugueses Melancholic Youth Of<br />
Jesus deram um concerto bem sólido onde, mais uma<br />
vez, o grande inimigo foi mesmo o som com alguns<br />
ruídos e feedbacks a surgirem. E não, não fazia parte<br />
da sonoridade final.As energias já começavam a faltar<br />
(já eram doze horas seguidas) mas fica a vontade revêlos<br />
em melhores condições físicas da nossa parte.<br />
Infelizmente não conseguimos ouvir os Two Pirates<br />
And A Dead Ship e os 10000 Russos cujas actuações<br />
prolongaram o festival até quase às sete da manhã.<br />
Seria impossível ficar até ao fim e ainda estar presente<br />
no segundo dia. O balanço musical foi sem dúvida<br />
possível, mas o grande inimigo foram, como já foi<br />
dito muitas vezes, as longas esperas por soundchecks.<br />
E depois... o segundo dia!<br />
Sinistro<br />
Quase duas horas depois do previsto, finalmente<br />
sobem ao palco os Sinistro. Com um som brutalmente<br />
poderoso e definido e com uma Patrícia Andrade<br />
on fire, a banda não acusou o toque de estar a tocar<br />
93
Reverence Santarém <strong>2017</strong><br />
Dia 2 - 09/09/17 - Parque da Ribeira, Ribeira de Santarém<br />
Texto por Fenando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Reverence Santarém<br />
O primeiro dia foi duro. Vinte bandas, das quais só<br />
conseguimos ver dezoito devido aos atrasos no horário,<br />
e mais de catorze horas de música. Mas o saldo musical<br />
do Reverence Santarém é para lá de positivo - por muito<br />
que as condições não sejam as mesmas, vamos todos<br />
para lá por causa da música, certo? Para este segundo<br />
dia, a expectativa de igualar ou superar era alta.<br />
banda, os I Am The Gost Of Mars mereciam sem dúvida<br />
um maior número de pessoas na assistência. Donos<br />
de uma sonoridade bastante experimental que nos dá<br />
a ideia de que estamos perante temas improvisados<br />
que vão desde o rock psicadélico até ao stoner/doom.<br />
Gostámos bastante do pormenor de afinar / mudar de<br />
afinação durante os temas que nos remete para momentos<br />
clássicos de álbuns como o "Made In Japan" dos Deep<br />
Purple.<br />
I Am The Gost Of Mars<br />
Sendo uns dos primeiros a entrar no recinto, não muito<br />
tempo antes do início dos concertos, pudemos constatar<br />
que o cansaço do dia anterior faria com que o público<br />
tardasse a aparecer. O que foi uma pena já que a primeira<br />
nonn<br />
Era a vez dos Nonn no palco Sabotage e mais um regresso<br />
ao passado. O projecto de Christian Eldefors dos The<br />
94
Orange Revival mostra-nos que a música electrónica<br />
também pode ser orgânica. Interessante viagem ao som<br />
da vanguarda que tem uma base ritmica electrónica e<br />
depois é adornada com duas guitarras e um sintetizador.<br />
Apesar desta descrição não ser propriamente atractiva, o<br />
som era bem interessante.<br />
Não fosse o horário e até gostaríamos de os ouvir mais<br />
- e foi o que aconteceu. Quando os The Underground<br />
Youth deveriam estar a subir ao palco, os Chinaskee &<br />
os Camponeses perguntaram se ainda dava para tocar<br />
mais uma. E assim (re)começou a saga dos atrasos.<br />
Royal Bermuda<br />
The Janitors chamou todos ao palco Sabotage quando<br />
o vento ameaçava tornar a noite ainda mais fria e<br />
desagradável que a noite anterior. Grande feeling que as<br />
músicas da banda foram deixando. Já sabemos que o rock<br />
psicadélico gosta de libertar os nossos corpos do fardo<br />
da alma e de nos levar para longe em viagens astrais, mas<br />
quando se junta ao shoegaze é caso para ser quase uma<br />
viagem sem retorno. Não se pense que por isso a banda<br />
estava bastante apática no palco. O contrário, bastante<br />
dinâmica que só tornou a sua actuação ainda melhor.<br />
Chinaskee & os Camponeses<br />
Os The Underground Youth fazem uma mistura deliciosa<br />
de música de vanguarda, rock psicadélico e até um<br />
certo espírito rockabilly. A sua apresentação em palco é<br />
suigeneris. Sem bateria - apenas uma tarola e timbalão<br />
a cargo de Olya Dyer que ia conseguindo imprimir uma<br />
dinâmica assinalável ao som. A banda estava nitidamente<br />
a gostar do concerto e isso só serviu para envolver ainda<br />
o público.<br />
The Underground Youth<br />
The Janitors<br />
No palco Tejo, os Chinaskee & os Camponeses<br />
demonstraram logo que queriam trocar-nos as voltas<br />
com a primeira vez que se dirigiram ao público: "Olá<br />
Chinaskee, nós somos o Reverence". Efectivamente<br />
trocaram-nos as voltas de uma forma positiva. Por<br />
um lado com a doçura do seu dream pop, por outro<br />
os trejeitos do rock psicadélico onde o orgão dava um<br />
ar único e ainda mais alucinado ao som final. Temas<br />
longos, com passagens instrumentais bastante alargadas.<br />
Os senhores que se seguiam eram um dos grandes<br />
destaques deste segundo dia na nossa opinião: Asimov<br />
& The Hidden Circus. Se os Asimov por si só já são<br />
excelentes, desde que iniciaram este ciclo de colaborações<br />
com os músicos que compõe o denominado Hidden<br />
Circus conseguiram elevar ainda mais a fasquia. Som<br />
e groove hipnótico ao qual o violoncelo provocou um<br />
colorido especial. Quando se assiste a uma jam fica-se<br />
com a sensação de que estamos a presenciar magia e foi<br />
o que pudemos presenciar no palco Tejo.<br />
Melhor do que termos expectativas cumpridas foi<br />
95
termos surpresas<br />
que nos deixaram<br />
maravilhados. Já<br />
sabíamos que os<br />
Siena Root eram<br />
uma grande banda,<br />
mas depois de os ver<br />
no palco Sabotage<br />
ficámos com essa<br />
confirmação. E mais<br />
que isso, ficámos<br />
com vontade de ouvi-los muito mais e noutros contextos.<br />
mas que acerta mesmo no alvo. Assim como o próprio<br />
som da banda. Uma amálgama de ideias e géneros que<br />
vão desde o psicadélico até a uma certa aura progressiva.<br />
Um grande som, ao melhor espírito jam, num regresso<br />
ao Reverence (a banda esteve na primeira edição do<br />
festival) festejado por todos os que apreciaram a sua<br />
actuação.<br />
Conjunto!Evite<br />
Asimov & The Hidden Circus<br />
Com uma entrada à la "Hit The Lights", com um som ao<br />
melhor que a década de setenta tem para <strong>of</strong>erecer e com<br />
uma voz à la Janis Joplin, o resultado foi um blues rock<br />
explosivo, orgânico e muito boa onda que deixou toda a<br />
assistência rendida. A sua actuação passou num instante<br />
e a banda estava disposta a mais mas infelizmente teria<br />
que se tentar não acontecer o que tinha acontecido<br />
na noite anterior - nesta altura já estavamos com um<br />
atraso de mais de dez minutos em relação ao horário.<br />
Fica a nota que esta banda precisa de voltar a Portugal<br />
urgentemente.<br />
Infelizmente o problema dos atrasos voltou a verificar-se<br />
com um soundscheck, desta vez com os Träd Gräs Och<br />
Stenar, Traden, um dos nomes mais clássicos do rock<br />
progressivo sueco. Uma demora que até quase tornou<br />
imperceptível se a banda estava a ainda a testar o som<br />
ou se já estava a tocar. Só quando o baterista entrou em<br />
palco e se posicionou no seu lugar atrás do kit, depois<br />
de um longo momento de drone de baixo distorcido, é<br />
que se teve a certeza que a banda já estava a tocar. Uma<br />
enorme viagem, um enorme concerto onde o toque de<br />
flauta fazia com que pensássemos que estávamos perante<br />
uma jam de Ian Anderson dos Jethro Tull com os Pink<br />
Floyd. Enorme concerto, único.<br />
Träd Gräs Och Stenar<br />
Conjunto!Evite, já dissemos antes nestas páginas e<br />
voltamos a dizer, é um grande nome. Estranho, peculiar<br />
96<br />
Siena Root<br />
A excelência musical não fica limitada às propostas<br />
estrangeiras. Os Cows Caos provaram que a extravagância<br />
também é possível unir-se à excelência. Uma actuação<br />
excêntrica como já é hábito por parte desta banda que<br />
junta o rock psicadélico às guitarradas e ritmos próprios
do surf rock. Juntando isto a uma bailarina exótica que<br />
parecia estar ligada a uma bateria de alta voltagem,<br />
temos a receita para uma actuação de qualidade ímpar.<br />
Cows Caos<br />
Quando os Gang Of Four subiram ao palco já so<br />
pensava... "malditos soundchecks!". Quase uma hora<br />
de atraso colocaram os nervos em franja que foram<br />
acalmados pelo som clássico do pós-punk da banda<br />
que já não visitava o nosso país há sensivelmente três<br />
décadas. Não é do som mais imediato que já passou pelo<br />
palco Sabotage mas coadunou-se bem com a noite que<br />
se tornava fria.<br />
Pás de Probléme<br />
se aguardou por uma das grandes atracções do festival,<br />
os Mono. A música é sem dúvida diferente e algo que<br />
obriga (ou pelo menos sugere) a contemplação e aquelas<br />
condicionantes não eram de todo favoráveis. Cansaço,<br />
frio, ligeira irritação por todos os atrasos e depois de um<br />
autêntico furacão na forma dos Pás de Problème.<br />
Mono<br />
Gang Of Four<br />
Para aquecer o ambiente vieram os Pás de Problème.<br />
Não há palavras para descrever uma actuação desta<br />
banda lusa que mais parece extra-terrestre. Poderíamos<br />
dizer que são uma espécie de Kosturika on drugs mas<br />
se calhar a melhor descrição é aquela que eles próprios<br />
fazem: a real porrada! Ritmo exuberante e uma qualidade<br />
musical excepcional que permitiram tudo, desde uma<br />
wall <strong>of</strong> death (a primeira que vimos a ser feita por uma<br />
banda que NÃO toca metal) mosh capaz de fazer levantar<br />
poeira. Esta é uma banda obrigatória ver! Seja onde for!<br />
Tudo coisas que a banda era alheia e que não teve<br />
influência no grande concerto que deram, onde passearam<br />
um pouco pela sua discografia onde o destaque vai para<br />
o excelente "Requiem For Hell", um dos nossos álbuns<br />
do ano de 2016. Um excelente concerto por parte de<br />
uma banda que é mestre em conseguir tocar o coração<br />
de quem os ouve.<br />
Com mais de uma hora de atraso, junta-se mais um<br />
longo soundcheck. Depois do gás todo dos Pás de<br />
Problème, o entusiasmo morre lentamente enquanto<br />
Mono<br />
97
Para despertar a multidão de melodias mais<br />
épicomelancólicas, vieram os Is Bliss, que apesar de<br />
não serem estranhos ao pós-rock, gozam de um groove<br />
próprio do rock alternativo. Ritmos fortes que se tornaram<br />
hipnóticos por parte de uma banda que tem atraído e<br />
recolhido muita atenção e boas críticas. Apesar da hora<br />
avançada, o público correspondeu positivamente ao seu<br />
som.<br />
alguma parafernália electrónica e é esse espírito que faz<br />
com que cada sua actuação seja imperdível. A do palco<br />
Tejo não foi excepção.<br />
Is Bliss<br />
Com os Hills aconteceu o mesmo com os Träd Gräs Och<br />
Stenar, Traden: começaram por tocar uma longa jam<br />
quando se ainda pensava que estavam no soundcheck,<br />
inclusive por parte do P.A. que só após longos minutos é<br />
que ligaram as luzes, É este tipo de som que preferimos.<br />
Aquele que nos faz abstrair e desligar das coisas à nossa<br />
volta. E a própria banda parecia estar mergulhada nesse<br />
espírito, onde os três guitarristas teciam verdadeiras teias<br />
sonoras que iam em todas as direcções e ligavam tudo a<br />
todos. Ficámos com a ideia que nem era preciso termos<br />
músicas, apenas jams. Belas e longas jams.<br />
Löbo<br />
A finalizar a nossa noite (infelizmente por não<br />
aguentarmos mais) estiveram os Esben And The<br />
Witch, uma das mais interessantes bandas dentro do<br />
espectro doom/folk, onde a mística que a sua música<br />
evoca é quase como um quarto integrante. A banda<br />
entrou começando por agradecer ao público por ainda<br />
estar acordado para vê-los. Estávamos acordados<br />
mas já estávamos no limite. O que vale é que o<br />
power trio consegue embalar-nos como ninguém.<br />
Esben And The Witch<br />
Como um azar nunca vem só... neste caso, um atraso<br />
nunca vem só. Os Löbo tiveram muitos problemas<br />
técnicos que atrasaram dolorosamente o início da sua<br />
actuação. Quando finalmente começou, tudo ficou<br />
esquecido. Duas baterias, som poderoso, bem definido<br />
e bem alto - e de vez em quando com as malditas<br />
interferências nas colunas. A músicas dos Löbo é outra<br />
que é orgânica como o espírito jam exige apesar da<br />
98<br />
Hills<br />
Já passavam das cinco da manhã e estavamos<br />
<strong>of</strong>icialmente de rastos. Para muita pena nossa não<br />
tivemos mais energias para ver a joint venture entre<br />
Dr. Space e Luis Simões e os Throw Down Bones.<br />
Apesar de ter sido uma edição que s<strong>of</strong>reu com algum<br />
desinvestimento notório e afligido com muitos<br />
problemas devido ao som, não podemos dizer que<br />
tenha sido uma decepção. Boa música, boa comida<br />
(excelente <strong>of</strong>erta em termos de comida que só teve<br />
o problema de fechar muito cedo em relação aos<br />
horários do festival) e o bom espírito do Reverence<br />
que continua vivo e bem vivo, independente da forma.<br />
Que não fique por aqui e para o ano tenhamos mais<br />
uma maratona de concertos.
Agenda<br />
<strong>Outubro</strong><br />
04 - Melancholic Youth Jesus - Hard Club, Porto<br />
04 - Apresentação "Black Earth" - Process Of Guilt,<br />
Thyrant - Music Box, Lisboa<br />
05 - Mother Engine, Flask- A9, Santarém<br />
06 - Apresentação "Black Earth" - Process Of Guilt, Fere<br />
- Cave 45, Porto<br />
06 - UHF - Sabotage Club, Lisboa<br />
06 e 07 - Festival Bardoada e Ajcoit - Mata Ratos, Shivers,<br />
Holocausto Canibal, Hills Have Eyes, For The Glory,<br />
Primal Attack, Viralata, Fitacola, New Mecanica,<br />
Steal Your Crown, Grog, The Temple, Ash Is A Robot,<br />
Terror Empire, Legacy Of Cynthia, To All My Friends,<br />
Nameless Theory - Rua da Lagoa da Palha, Pinhal Novo<br />
06 e 07 - Faro Alternativo - Switchtense, Wako, Albert<br />
Fish, Terror Empire, Artigo 21, Medo, Mata Ratos,<br />
For The Glory, Minority Of One, Broken Distance,<br />
Challenge, Somber Rites - Associação Recreativa e<br />
Cultural de Músicos, Faro<br />
07 - Música na Aldeia - Hyubris, Serrabulho, Cryptor<br />
Morbious Family, Congruity, Earth Drive, Mournkind -<br />
Casa do Povo de São Miguel do Rio Torto, Santarém<br />
07 - Apresentação do álbum "Reditum" - Dogma, Inner<br />
Blast - Another Place, Almada<br />
07 - Apresentação do EP "Tzak' Sotz" - Sotz mais<br />
convidados - <strong>Metal</strong>point, Porto<br />
07 - UHF - Sabotage Club, Lisboa<br />
07 - Estado Sónico, The Dowsers Society - Texas Bar,<br />
Leiria<br />
07 - As They Come, Burned Blood, Paranoid - Le Baron<br />
Rouge, Lisboa<br />
07 - Tav Falco´s Panther Burns - Cave 45, Porto<br />
11 - Bush - Coliseu dos Recreios, Lisboa<br />
12 - Brant Bjork, Sean Wheeler - Cave 45, Porto<br />
12 - Mayhem, Dragged Into The Sunlight, The<br />
Ominous Circle - Corroios<br />
12 - Blood Incantation, Spectral Voice - <strong>Metal</strong>point,<br />
Porto<br />
13 - Blood Incantation, Spectral Voice, Festering -<br />
Another Place, Almada<br />
13 - Brant Bjork, Sean Wheeler - RCA Club, Lisboa<br />
13 - Skyforger, Gwydion, Air Raid, Evil Killer, Salduie<br />
- RCA Club, Lisboa<br />
14 - Skyforger, Gwydion - Cave 45, Porto<br />
14 - Mad stock - Artigo 21, Sunya, Lesados, Bala Verde<br />
- Sede U.D.C.A., Vila Franca de Xira<br />
14 - Meu General, Yellow Dog Conspiracy - Cave 45,<br />
Porto<br />
14 - The Psycho Tramps, Zurrapa, Facto Macaco -<br />
Fora de Rebanho, Viseu<br />
17 - Papa Roach - Coliseu dos Recreios, Lisboa<br />
20 - Soen, Madder Mortem - Hard Club, Porto<br />
20 - Sacred Sin, Prayers Of Sanity - Bafo de Baco, Loulé<br />
20 - Our Last Night, Blessthefall, The Color Morale,<br />
Your Life And Mine - RCA Club, Lisboa<br />
21 - Soen, Madder Mortem - RCA Club, Lisboa<br />
21 - Our Last Night, Blessthefall, The Color Morale,<br />
Your Life And Mine - Hard Club, Porto<br />
21 - Sacred Sin - Marginália Bar, Portimão<br />
21 - For The Glory, Destroyers Of All - Drac, Figueira<br />
da Foz<br />
27 - Apresentação CD "Ecos da Selva Urbana" - Rasgo - RCA<br />
Club, Lisboa<br />
28 - CTX <strong>Metal</strong> Fest - Decayed, Bruma Obscura, Invoke,<br />
Karbonsoul, Dawn <strong>of</strong> Ruin - Centro Cultural do Cartaxo,<br />
Cartaxo<br />
28 - Deathmania Pt 2 - Unleashed, Unfleshed, Cape<br />
Torment - Hard Club, Porto<br />
28 - Royal Blood - Campo Pequeno, Lisboa<br />
29 - Alter Bridge, As Lions - Coliseu dos Recreios, Lisboa<br />
29 - Backflip, No Hope, Fear The Lord - A9, Santarém<br />
30 - Shields - Stairway Club, Cascais<br />
30 e 31 - Apresentação Novo Álbum - Moonspell - Lisboa<br />
Ao Vivo, Lisboa<br />
Novembro<br />
01 - Apresentação Novo Álbum - Moonspell - Hard Club,<br />
Porto<br />
02 - Omnium Gatherum, Skálmöld, Stam1na - Cave<br />
45, Porto<br />
02, 03 e 04 - Infected Fest IV - Sam Alone And The<br />
Gravediggers, The Amsterdam Red-Light District,<br />
Dope Calypso, Trevo, Artigo 21, Pestox, The<br />
Parkinsons, Anarchicks, Shut Up! Twist Again -<br />
Popular De Alvalade, Lisboa<br />
03 - Omnium Gatherum, Skálmöld, Stam1na - RCA<br />
Club, Lisboa<br />
04 - Band Of Holy Joy, Quiet Affair - Cave 45, Porto<br />
04 - Oeste Underground Fest II - Acranius, R.D.B., Dead<br />
Meat, Sacred Sin, Bleeding Display, F.P.M., Heid,<br />
Enzephalitis, Revolution Within, Steal Your Crown,<br />
Humnart, Ravensire, Trepid Elucidation, Konad, Yar -<br />
Pavilhão Multiusos da Malveira, Malveira<br />
04 - Blindagem <strong>Metal</strong> Fest - Biolence, Blame Zeus, Karbonsoul,<br />
Infrahumano - Origens Caffé, Vagos<br />
05 - Stray From The Path, Capzise, Renounce - RCA<br />
Club, Lisboa<br />
06 - The Goddamn Gallows - Stairway Club, Cascais<br />
10 - Moonspell - Teatro Aveirense, Aveiro<br />
10 - Cro-Mags - RCA Club, Lisboa<br />
11 - Master, Omission, Dehuman, Scum Liquor,<br />
Booze Abuser - RCA Club, Lisboa<br />
11 - Sunburst Stoner Fest - Miss Lava, Füzz, Desert<br />
Mammooth, Iguana - Cine Incrível Alma Danada, Almada<br />
11 - Apresentação Álbum "The Awakening" - Wrath Sins,<br />
Demon Dagger - <strong>Metal</strong>point, Porto<br />
11 - Porto Gothic Fest II -Aeon Sable, Phantom Vision -<br />
Heaven's Bell, Porto<br />
12 - Dying Fetus, Psycroptic, Beyond Creation - Lisboa<br />
Ao Vivo, Lisboa<br />
12 - Porto Deathfest III - Master, Dehuman, Pestifer, Voyance -<br />
<strong>Metal</strong>point, Porto<br />
14 - Death Before Dishonor, Last Hope, Challenge -<br />
Popular de Alvalade, Lisboa<br />
16 - The Picturebooks - Sabotage Club, Lisboa<br />
17 - Theriomorphic, Okkultist, Oppidum Mortum -<br />
A062, Caldas da Rainha<br />
18 - Mosher Fest Coimbra Chapter VI - Massas Club, Coimbra<br />
18 - Freedom Call, Mindfeeder, Leather Synn - RCA<br />
Club, Lisboa<br />
18 - Sinistro, Pigball, Lamina - Le Baron Rouge, Barcarena<br />
18 - Alvalade Arise - Mata-Ratos, Grankapo, Mindtaker,<br />
Prayers Of Sanity, Disthrone, Legacy Of Cynthia,<br />
Cryptor Morbious Family,Shredded To Pieces, Medo<br />
- Antigo Centro Social da Mimosa, Alvalade<br />
18 - Lançamento Novo Álbum: "Chapter III: Songs From The<br />
Vault" - Low Torque, The Ramble Riders, Daniel's Bird,<br />
Red Line - <strong>Metal</strong>point, Porto<br />
18 - The Ominous Circle, Névoa, Ascetic - Cave 45,<br />
Porto<br />
18 - The Sonic Dawn - Drac, Figueira da Foz<br />
21 - Epica, Vuur, Myrath - Meo Arena, Lisboa<br />
22 - Epica, Vuur, Myrath - Hard Club, Lisboa<br />
25 - Graveyard - Lisboa Ao Vivo, Lisboa<br />
25 - Crim, Acromaníacos, Albert Fish - A9, Santarém<br />
30 - Porto <strong>Metal</strong> Convention - Tarantula, Grunt, Sonneillon<br />
BM, Nihility - Cave 45, Porto<br />
30 - Ducking Punches, We Bless This Mess, To All My<br />
Friends - Stairway Club, Cascais<br />
30 - Under The Doom - Earth Electric, Painted Black,<br />
When Nothing Remains, Mourning Sun - RCA Club,<br />
Lisboa<br />
Dezembro<br />
01 - Insano Fest - Coimbra<br />
01 - Under The Doom - Lacuna Coil, Liv Kristine, Green<br />
Carnation, The Foreshadowing, Cellar Darling,<br />
Inhuman - Lisboa Ao Vivo, Lisboa<br />
02 - Under The Doom - In The Woods, Ahab, Novembers<br />
Doom, Acherontas, Gold, Funeralium - RCA Club, Lisboa<br />
02- Lacuna Coil, Cellar Darling, Blame Zeus - Hard<br />
Club, Porto<br />
99
100