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World_of_Metal__Outubro_2017

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<strong>World</strong> <strong>of</strong> <strong>Metal</strong><br />

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@<strong>World</strong><strong>of</strong>metal<br />

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Reportagens<br />

Fernando Ferreira<br />

Jaime Nôro<br />

Fábio Pereira<br />

David Carreto<br />

Ricardo Alves<br />

Filipe Ferreira<br />

Ana Filipa Nunes<br />

Tiago Fidalgo<br />

João Coutinho<br />

Sónia Molarinho Carmo<br />

Reviews<br />

Fernando Ferreira<br />

Jaime Nôro<br />

Fábio Pereira<br />

David Carreto<br />

Filipe Ferreira<br />

João Freitas<br />

Miguel Correia<br />

fotografifIA<br />

Sónia Ferreira<br />

Fábio Pereira<br />

David Carreto<br />

Fátima Inácio<br />

Nuno Bacharel<br />

Filipa Nunes<br />

Jhoni Vieceli<br />

Inês Faria<br />

Design<br />

Dina Barbosa<br />

Tiago Fidalgo<br />

Entrevistas<br />

João Coutinho<br />

Fernando Ferreira<br />

João Pedro Silva<br />

EDITORIAL<br />

Sonhos<br />

Certamente é especial para mim, como amante da música, estar aqui a escrever estas<br />

linhas numa edição que traz os Septicflesh, vinte anos após ter sido introduzido à banda<br />

através do genial ainda que pouco acessível "Esoptron", um álbum que desafia o teste<br />

do tempo e representativo da primeira fase da carreira da banda grega. Um álbum que<br />

também foi a principal inspiração para o conto deste mês, a segunda parte na saga<br />

"Pesadelos", embora toda a discografia da banda tenha servido como referência. Vinte<br />

anos depois, com um novo álbum cá fora e com um pequeno hiato, a banda revela estar<br />

em pico de forma. É engraçado como as coisas mudam. Obviamente que vinte anos<br />

é muito tempo mas quantas vezes vimos que nada muda por mais tempo que passe?<br />

Neste caso, não há razão para a nostalgia amarga. Septicflesh está melhor que nunca,<br />

majestoso e poderoso assim e ficámos a saber sobre tudo na banda exclusiva que a banda<br />

nos deu, que é o grande destaque deste mês.<br />

A sua música sempre puxou ao lado mais onírico da arte e tal como com Cradle Of<br />

Filth no mês passado, sempre foi inspiradora para que pudéssemos criar algo nosso.<br />

É essa a inspiração necessária para estarmos aqui todos os meses, para tentarmos<br />

expandir a <strong>World</strong> Of <strong>Metal</strong> cada vez mais. Novas parcerias - <strong>Metal</strong> Keeper Fest, Black<br />

Kactus Booking e Records e ainda Vagos <strong>Metal</strong> Fest - um novo site e ainda a vontade<br />

de fazer mais. Sonhar mais. É o poder dos sonhos. Além de não pagarem impostos,<br />

são inesgotáveis. Se não perdermos aquela inocência, aquela loucura que nos diz para<br />

seguirmos o coração e irmos atrás das nossas paixões.<br />

Ninguém está livre disso e pode acontecer a qualquer um. Acomodar-nos à segurança<br />

e lentamente morrermos ao som da conformidade. É a inspiração de bandas como<br />

Septicflesh, Belphegor ou Satyricon, que não desistem e continuam a seguir a sua paixão<br />

e coração, ano após ano, álbum após álbum. Essa é a lembrança para nós, humildes<br />

apreciadores de música, de que as paixões, as verdadeiras, são eternas. Tal como a<br />

música em si. O sonho existe para ser vivido e tornado realidade.<br />

Fernando Ferreira – <strong>Outubro</strong> <strong>2017</strong><br />

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Indice<br />

5 - Sempre A Partir<br />

6 - Veinless<br />

10 - Manilla Road<br />

14 - Mandragora Malevola<br />

16 - Korpiklaani<br />

18 - Avatarium<br />

20 - In Vein<br />

22 - eluveitie<br />

24 - Affäire<br />

30 - Satyricon<br />

32 - Belphegor<br />

36 - Septicffllesh<br />

40 - Especial Steven Wilson<br />

44 - PEsadelos - Cap 2<br />

50 - Artwork Insights<br />

52 - Top 20 1956<br />

55 - Reviews<br />

74 - ÁAlbum do Mêes<br />

75 - Máaquina do Tempo<br />

78- Cavaleiros da Tavola Triangular<br />

80 - <strong>Metal</strong> Missionaries<br />

81 - WOM Live Report<br />

99 - Agenda<br />

Foto na 4Contracapa<br />

por Sónia Ferreira<br />

Foto Cradle Of Filth por<br />

Artūrs Bērziņš


Sempre A Partir<br />

Por Conan, o Barbeiro<br />

Porque é que as pessoas não se contentam com o que têm? Porque é que a sua felicidade não depende<br />

apenas dos seus feitos, das suas conquistas e façanhas? Porque é que na ausência de alguma das anteriores<br />

faz com que se procure a derrota dos outros para preencher esse vazio? Não é chegar a um ponto triste<br />

da existência humana quando o nosso valor depende unicamente daquilo que se passa na vida anterior?<br />

Que tipo de pessoas patéticas são estas que se alimentam da forma como colocam entraves na vida dos<br />

outros? E porque é que não percebem que esse alimento que nunca as satisfaz? Que vão contiuar a viver<br />

de forma mesquinha, de sabotagem em sabotagem, à espera da felicidade?<br />

Isto são perguntas sem resposta, embora não sejam apenas pura retórica. È comum encontrarmos invejas<br />

daqueles que por qualquer motivo concentram-se noutras pessoas do que neles próprios. É também<br />

comum termos aqueles que culpam os outros pelos seus desastres. A culpa não é deles mesmos. É mais<br />

fácil viver assim. É fácil, perante os outros, dizer que se foi vítima das patifarias daqueles de quem não<br />

gostamos. Todos temos os nossos próprios e é impossível gostarmos de todos aqueles que encontramos<br />

no caminho, assim como é impossível todos gostarem de nós. Nem é isso que está em questão.<br />

É um círculo vicioso, usar o que nos aconteceu como desculpa para nos deitarmos abaixo, para sermos a<br />

vítima e depois para fazer o mesmo aos outros (que provavelmente nem têm nada a ver com o assunto).<br />

Como se tudo o que tivessemos seria a necessidade de encontrar uma justificação para nos sentirmos<br />

vingados - "Já que me fizeram a mim...". O que é algo igualmente tão parvo. A verdade é que quem<br />

tem inveja, vai sempre ter inveja. Vai sempre puxar para baixo aqueles que de alguma forma estão no<br />

seu caminho e encontram-se felizes ou pelo menos demonstram isso. Haverão sempre aqueles que vão<br />

considerar isso como uma <strong>of</strong>ensa pessoal.<br />

Agora a pergunta mais importante que podemos fazer é... Será que pessoas como estas merecem sequer<br />

que se gaste energia a pensar nelas? Falar é fácil, principalmente quando se sente que se está a tentar<br />

andar para a frente e só se sente é mãos a agarrem-nos e a puxar para trás e pés a rasteirar. É fácil perder a<br />

calma e desanimar perante este tipo de situações, mas não estamos a falar do que é fácil. Estamos a falar<br />

do que é correcto.<br />

Portanto, cambada de invejosos e sarnentos, filhos dum tinhoso coxo e zarolho com pústulas no trombil,<br />

metam-se na vossa vida e deixem a inveja para os outros. Se alguma coisa tem sucesso e isso vos faz<br />

comichão no pelo, podem bem empregar a vossa energia e atenção para aquilo que gostam. Não foquem<br />

o que vos faz comichão no pelo porque isso é pedir que mais cedo ou mais tarde o vosso pelo seja coçado<br />

por um poste de madeira de dois metros com pregos ferrugentos que a vida se vai encarregar de vos<br />

espetar pelas nalgas adentro. Ou alguma vez viram um invejoso a triunfar na vida a longo prazo ou a<br />

morrer feliz?<br />

5


eNTREVISTA<br />

Os Veinless são um dos bons valores da música pesada nacional. Após alguns anos de<br />

ausência dos registos de estúdio, regressam com "IX", o segundo álbum. Dinâmico e com<br />

um espectro bastante alargado, "Ix" é um álbum que muda o jogo para a banda e mostra<br />

um novo caminho que a mesma irá seguir no futuro. Fomos falar com os Veinless, aqui<br />

representados por António Boeiro (vocalista), Roger (guitarrista), Kronos (guitarrista) e Alex<br />

(baixista<br />

Fernando Ferreira<br />

Grande álbum de estreia.<br />

Começamos já assim à bruta.<br />

É um sinal de perseverança e<br />

dedicação “IX” estar cá fora?<br />

Como é que o sentem?<br />

António – Este álbum sinto-o...<br />

acho que o sentimos, com, acima<br />

de tudo, um grande orgulho<br />

porque foi um trabalho que não<br />

foi conseguido de repente. Foi<br />

um trabalho que foi feito ao<br />

longo de algum tempo, não só<br />

de composição para o álbum mas<br />

tudo antes, tudo o que aconteceu<br />

antes. Tínhamos o primeiro<br />

álbum e depois de concertos...<br />

mesmo antes, decidimos que<br />

precisávamos de fazer coisas<br />

novas. Houve perspectivas novas<br />

que surgiram na banda. Abordei<br />

a banda a propósito do que<br />

eles achavam de fazer músicas<br />

em português, a cantar em<br />

português. Daí o álbum ser um<br />

bocado híbrido, digamos assim,<br />

6<br />

porque já tínhamos músicas em<br />

inglês que não queríamos perder,<br />

eram fortes. E daí introduzirmos<br />

músicas em português que penso<br />

que resultaram. Mas é um álbum<br />

que vemos com muito carinho e<br />

muita vontade de marcar a nossa<br />

posição no mundo da música<br />

portuguesa.<br />

Qual tem sido o feedback<br />

que têm tido até agora deste<br />

álbum?<br />

Roger – Infelizmente ainda<br />

não tivemos uma grande<br />

oportunidade de o apresentar ao<br />

vivo, por inúmeras situações,<br />

algumas pessoais. Aliás, já<br />

tivemos que dar um concerto com<br />

um músico convidade porque<br />

infelizmente o nosso grande<br />

Kronos, o guitarrista, está com<br />

um problema chato na perna e de<br />

maneira que tivemos que parar<br />

um bocadinho com a divulgação<br />

do nosso álbum. O que foi uma<br />

pena porque perdemos uma<br />

altura muito boa, que foi a parte<br />

do Verão mas tencionamos voltar<br />

à estrada o mais rapidamente<br />

possivel porque além de nos<br />

darmos todos muito bem a<br />

nível de composição e para nós<br />

estarmos dentro do estúdio é<br />

um dia muito bem passado, seja<br />

a compôr, seja a gravar seja<br />

a confraternizar (risos) mas a<br />

verdade é que gostamos muito<br />

dos palcos e do público que nos<br />

acompanha. Também fizemos<br />

algumas experiências antes<br />

da gravação do álbum que foi<br />

tocar algum dos temas ao vivo.<br />

Tivemos uma recepção muito<br />

boa principalmente com temas<br />

como “Outra Vez” que as pessoas<br />

se revêem muito com aquele<br />

tema, a nível lírico. Temas como<br />

“Land Of Dust”, “Wake Up”<br />

que fazem as pessoas viverem<br />

a nossa música de maneira um<br />

bocadinho diferente, porque<br />

estavam habituados a uns<br />

Veinless mais contidos, penso<br />

eu, e nós neste álbum tivemos<br />

uma abordagem um bocadinho<br />

diferente. Não só por tentarmos<br />

os temas em português, mas<br />

também a nível da especifidade<br />

e de tentarmos de alguma forma<br />

termos um álbum um bocadinho<br />

excêntrico a nível de estilos e de<br />

performance e de tudo mais.<br />

Apesar de no <strong>Metal</strong> Archives<br />

estarem catalogados como<br />

thrash metal, esse é um rótulo<br />

que não serve para vos definir,<br />

certo? Há bastante variedade<br />

em “IX” que vai bem mais<br />

além do que apenas thrash. Se<br />

tivessem que vos definir, qual<br />

seria o género onde se sentem<br />

mais confortáveis?<br />

Roger – Este é um problema que<br />

temos desde o início da nossa<br />

banda: nunca nos conseguimos<br />

definir. Penso que falo por<br />

todos porque para já temos<br />

elementos de vertentes musicais<br />

completamente diferentes na<br />

banda, que felizmente se juntaram<br />

e conseguem fazer temas coesos<br />

e que têm sentido. Mas a nível de<br />

estilo, de música para música, é<br />

uma coisa que se veio a ter. Não<br />

nos queremos descaracterizar


com nada. Não queremos nos prender<br />

com nenhum estilo de música mas isso<br />

é algo que veio de forma natural. Não é<br />

algo que digamos ou que se imponha a<br />

nós próprios. É algo que vem de forma<br />

muito natural, é assim, é o que é. Temos<br />

alguma dificuldade em caracterizar-nos,<br />

é verdade mas de certa maneira isso para<br />

nós é bom porque não nos prendemos a<br />

estilo nenhum.<br />

Em termos de influências, também<br />

parecem ser bastantes e variadas.<br />

Se pudessem eleger bandas que vos<br />

inspirem directamente quais seriam?<br />

Kronos – Todos nós temos algumas,<br />

diferentes umas das outras. Passámos por<br />

projectos diferentes até, a nível musical.<br />

Por mim, por exemplo é Faith No More<br />

António – Tenho um espectro musical<br />

sempre muito abrangente e acho que a<br />

música deve ser vista de uma maneira<br />

abrangente e não limitada mas em<br />

relação aos Veinless, as bandas que<br />

provavelmente mais me influenciaram<br />

na voz – tento fazer uma voz que seja<br />

única em português, o que não é fácil –<br />

são os Ministry e Nine Inch Nails, são<br />

duas bandas que aprecio para além de<br />

outros espectros musicais.<br />

Roger – Pessoalmente preferia não falar<br />

em bandas. Acho que não só eu como<br />

toda a banda houve todos os estilos<br />

de música que possamos imaginar. A<br />

minha influência a nível de composição<br />

na banda se calhar tem mais a ver com<br />

o rock alternativo, um pouco de música<br />

gótica, um pouco de metal alternativo,<br />

thrash. Eu ouço de tudo um pouco e as<br />

composições vêm um bocadinho daí.<br />

Não de bandas em particular mas de<br />

estilos. Todas as músicas de todas as<br />

bandas que mexem comigo acabam por<br />

ficar cá. Mas a ter de mencionar uma<br />

banda, uma que me influencia desde<br />

pequeno, Paradise Lost.<br />

A opção de usarem tanto o português<br />

como o inglês nas vossas músicas foi<br />

uma decisão pensada ou sentida?<br />

António – As duas coisas.<br />

Kronos – Sim, as duas coisas porque já<br />

falávamos disso já há bastante tempo.<br />

António – Foram exactamente as duas<br />

coisas. Fui eu que abordei, volto a<br />

repetir. Foi sentido... é mais fácil para<br />

mim se surgir a cantar de improviso,<br />

por exemplo, alguém a tocar uma<br />

malha, o que surge é mais fácil cantar<br />

em inglês. Mas como gosto de desafios<br />

e o português para mim é uma língua<br />

em que eu me movimento com alguma<br />

facilidade através da poesia... e por outro<br />

lado, comecei a achar e haviam pessoas<br />

que diziam que devíamos apostar no<br />

português... e de facto é que no mercado<br />

dentro deste género – Veinless não tem<br />

género mas dentro de um género mais<br />

pesado e metal – há pouca gente a<br />

cantar em português e a fazer este tipo<br />

de música que fazemos e foi também<br />

apostarmos ir por aí.<br />

Roger – Obviamente que teve que<br />

ser um pouco pensado. As músicas,<br />

infelizmente não se adaptam todas. Ou<br />

seja a nível de rock, a nível de metal,<br />

o português é um bocado complicado<br />

soar bem. Felizmente o Tó tem essa<br />

facilidade e nós como músicos tivemos<br />

que nos adaptar a nível de composição.<br />

Isso é notório nas músicas cantadas em<br />

português.<br />

Kronos – E foi pensado no sentido que foi<br />

uma aposta, uma abordagem diferente.<br />

Todas as componentes<br />

das letras falam de<br />

experiências físicas,<br />

espirituais, emocionais.<br />

Falam da natureza, do<br />

mundo que nos rodeia<br />

e das experiências que<br />

vamos tendo ao longo da<br />

nossa vida.<br />

Ainda em relação às letras, as mesmas<br />

são bastante fortes e dramáticas,<br />

quase que convidam a uma<br />

componente teatral que supomos que<br />

tenha uma outra vida em cima dos<br />

palcos. Quando escrevem (ou quando<br />

escreveram estas músicas) têm em<br />

conta essa componente?<br />

António – Sim, sem dúvida. Claro<br />

que sim. Todas as componentes das<br />

letras falam de experiências físicas,<br />

espirituais, emocionais. Falam da<br />

natureza, do mundo que nos rodeia e das<br />

experiências que vamos tendo ao longo<br />

da nossa vida. Não são reduzidas a uma<br />

só coisa. É um espectro enorme de<br />

emoções tanto físicas como espirituais,<br />

como extra-espirituais, como quiserem<br />

tirar proveito disso. Como tal, muitas<br />

vezes são coisas que me são intrínsecas,<br />

mas muitas vezes são coisas que<br />

também me são partilhadas por quem as<br />

ouve. De alguma maneira sente que já<br />

viveu alguns momentos daqueles e que<br />

se identifica.<br />

Roger – Inclusive tivemos algumas<br />

situações de concertos de pessoas que<br />

vieram ter connosco de propósito por<br />

causa das letras por se identificaram<br />

com determinados temas.<br />

António – Normalmente quando<br />

escrevo, escrevo para mim mas sempre<br />

com a preocução de que alguém vá ler.<br />

Com a preocupação de partilha, de não<br />

deixar que fique na gaveta. Se escrevi<br />

tenho que partilhar.<br />

Kronos – Para finalizar a ideia, nota-se<br />

quanto quando estamos a tocar vivo.<br />

Sinto que as pessoas estão a sentir as<br />

letras e as músicas.<br />

A par disso também tiveram um vídeo<br />

a ser premiado com um segundo<br />

lugar no Festival internacional de<br />

Curtas-Metragens de <strong>2017</strong>, o que é<br />

sempre gratificante. A storyline para<br />

o video-clip partiu da banda ou da<br />

equipa que produziu o video?<br />

António – Partiu da letra. O realizador<br />

é meu amigo, eu abordei-o, o João<br />

Pina, e ele pediu-me a letra. Portanto o<br />

storyboard do “Outra Vez” é a letra. Foi<br />

através dela que o João Pina concebeu<br />

todo o principio do vídeo. O João Pina<br />

não é um realizador, é uma coisa que já<br />

não existe muito no mundo do cinema.<br />

É um cinematógrafo. É um gajo que faz<br />

tudo. Realiza, produz, filma. É a equipa<br />

de filmagem toda (risos). Um grande<br />

bem haja ao João Pina, desde já um<br />

grande obrigado<br />

Quanto a concertos, o que têm<br />

planeado para divulgar “IX”?<br />

Roger – Neste momento temos duas<br />

agências para fazer principalmente a<br />

divulgação do álbum tanto em Portugal<br />

como no estrangeiro do álbum e não só.<br />

Essas agências, em principio, a ideia é<br />

marcar-nos uma digressão em Portugal<br />

e depois para irmos lá fora, caso a<br />

aceitação do álbum for boa, a nossa<br />

ideia é fazermos umas viagenzinhas,<br />

passearmos um poucquinho pela<br />

Europa principalmente. (risos) Termos<br />

uma experiência que nunca tivemos<br />

em Veinless. Alguns dos membros de<br />

Veinless já tiveram oportunidade de<br />

tocar no estrangeiro mas Veinless é uma<br />

banda muito territorial. Os nossos fãs<br />

são muito da nossa zona mas por culpa<br />

nossa porque nunca nos aventurámos<br />

muito longe, nunca nos mandámos<br />

para fora de pé, mas isso é totalmente<br />

culpa nossa porque nunca tivemos uma<br />

agência. Por sermos parvos porque<br />

é mesmo assim, porque precisamos<br />

de alguém que nos ajude. Queremos<br />

que certa maneira esse erro seja<br />

colmatado com uma agência a trabalhar<br />

com Veinless. É muito importante.<br />

Chegámos a essa conclusão passados<br />

quinze anos (risos).<br />

António – Não é nada que não tenha dito<br />

já desde início (risos) mas finalmente as<br />

mentes mais conservadoras finalmente<br />

se abriram. (risos)<br />

7


A ligação à editora NBQ Records,<br />

como surgiu e como tem sido<br />

até agora? Está previsto terem<br />

distribuição internacional?<br />

Alex – A distribuição internacional<br />

existe. Fizemos mil cópias do CD,<br />

ficámos com quinhentas para vendermos<br />

a nível nacional e o Fernando (Roberto,<br />

da NBQ Records) ficou incumbido de<br />

vender a nível internacional. Isto surgiu<br />

através de um contacto da Loja do<br />

Rock, eles já tinham o disco gravado<br />

(eu não participei na gravação) e falouse<br />

com o Fernando que eu conhecia<br />

pessoalmente e uma coisa levou à outra.<br />

Foi bastante fácil e ele está a ajudar-nos<br />

bastante.<br />

Roger – Sim e uma coisa que facilitou<br />

realmente foi o Fernando ter gostado<br />

do nosso som. Para nós foi muito<br />

bom, porque uma pessoa como ele que<br />

trabalha com muitos músicos, querer<br />

apostar, querer ajudar uma banda que<br />

não conhece de lado nenhum, ou melhor<br />

por apenas conhecer um elemento<br />

que nem sequer participou no álbum e<br />

quando o ouve diz “ok, eu quero ajudar<br />

estes malucos” para nós foi um motivo<br />

de orgulho. Podemos dizer até que ele<br />

nos ajudou monetariamente a colocar<br />

este álbum cá fora, algo que não faria se<br />

não acreditasse na banda.<br />

Aquilo que podemos notar ao longo<br />

dos anos no underground é que<br />

as bandas têm grande dificuldade<br />

em chegar ao primeiro álbum e<br />

que depois essa dificuldade parece<br />

acrescer ainda mais para lançar<br />

os seguintes, sendo comum termos<br />

bandas com vinte anos de carreira<br />

com apenas dois álbuns lançados.<br />

No vosso caso, já estão a pensar no<br />

futuro em termos criativos?<br />

Kronos - Nós temos neste momento o<br />

terceiro álbum a mais de meio. Ideias,<br />

coisas já estruturadas. Falta fazer o<br />

processo que fizemos com este.<br />

Roger – Fazer a nossa pré-produção<br />

e arrancar para estúdio novamente.<br />

Queremos acreditar que este álbum não<br />

vai demorar tanto tempo a sair como<br />

o anterior e principalmente como o<br />

primeiro (risos).<br />

António - E vou ser audaz e dizer que o<br />

próximo é todo em português.<br />

Roger – Isso é segredo!<br />

António – Não é.<br />

Roger - Para mim era. (risos)<br />

António - Agora deixou de ser.<br />

Kronos – Uma coisa que é inerente a<br />

todos nós. Já tocamos juntos há muitos<br />

anos. Já a meio do processo (do álbum)<br />

8<br />

nos conhecíamos bem, agora ainda mais<br />

nos conhecemos, a nível musical como<br />

pessoal e uma coisa que ajuda é ser fácil<br />

fazermos música juntos.<br />

Roger – Acho que Veinless teve um<br />

problema desde o início que foi arranjar<br />

o elemento certo na voz. Todos os outros<br />

têm sido os mesmos, além do Eddie<br />

que resolveu deixar-nos por questões<br />

pessoais e agora temos o Alex que<br />

felizmente que nos caiu literalmente do<br />

céu. É uma pessoa com quem muito é<br />

fácil trabalhar.<br />

Alex – Pá, obrigado.<br />

Kronos – O Alex parece que sempre fez<br />

parte da banda.<br />

Roger – Parece, sem dúvida, que fez<br />

sempre parte da banda.<br />

António – Este é um tema que está<br />

relacionado com a pergunta. Com o facto<br />

de ter demorado tanto tempo a gravar o<br />

segundo álbum. A banda tem quinze ou<br />

dezasseis anos de existência e muitos<br />

desses anos não são verídicos digamos<br />

assim...<br />

Roger – Cinco vocalistas diferentes.<br />

Em Portugal, infelizmente,<br />

ainda se acha que os<br />

artistas vivem do ar. Não<br />

pagam contas, não pagam<br />

água, não pagam luz.<br />

António - ... Muitos desses anos a banda<br />

não tinha uma formação estável e sólida<br />

e como tal não produzia coisas que<br />

pudessem ser gravadas ou postas em<br />

palco. Essa solidez surgiu quando me<br />

convidaram e eu aceitei. Quando o Eddie<br />

que já tinha saído da banda e voltou<br />

outra vez. Decidimos que já tinhamos<br />

uma formação sólida, já tinhamos coisas<br />

sólidas que podíamos apresentar e<br />

avançar. Fizemos, como costumo dizer,<br />

deixar de brincar às bandas e marcar a<br />

nossa posição no panorama musical.<br />

Roger – E acho que o facto de que<br />

quando o Tó entrou, a banda já tinha<br />

muitos anos e já tínhamos muitas ideias<br />

e muitas músicas compostas. Muitas das<br />

coisas já estavam feitas e a verdade é que<br />

o Tó teve uma facilidade enorme...<br />

António – Não foi, foi um desafio. Tive<br />

que criar refrões em sítios onde não<br />

existiam...<br />

Roger – Estarmos a criar músicas sem<br />

voz é muito complicado. Optámos<br />

pelo feeling, optámos por imaginar<br />

refrões. Obviamente quem vem de fora<br />

vê a música estruturalmente de forma<br />

diferente. Mas ele conseguiu, felizmente<br />

e por isso é que o nosso primeiro álbum<br />

saiu muito rapidamente logo o Tó entrou.<br />

A nível lírico, nós sabemos como é o<br />

Tó a escrever, tem sempre muita coisa,<br />

muito material. Muita coisa foi escrita<br />

logo na altura...<br />

António – Todas.<br />

Roger – Todas, não é? Foi um processo<br />

muito simples mal se deu a entrada do<br />

Tó.<br />

Qual é a vossa maior ambição, como<br />

banda?<br />

Kronos – Conquistar o mundo. (risos)<br />

António - Acho que é a ambição de<br />

qualquer artista em Portugal. É uma<br />

pergunta muito interessante porque<br />

em Portugal, infelizmente, ainda se<br />

acha que os artistas vivem do ar. Não<br />

pagam contas, não pagam água, não<br />

pagam luz. Não têm filhos ou se têm o<br />

ar é que os alimenta (risos) o ar é que<br />

paga as contas. Como dizia há bocado<br />

é deixar de brincar aos músicos. Tenho<br />

felizmente projectos em que o faço<br />

pr<strong>of</strong>issionalmente, não só de música mas<br />

também de poesia e teatro, mas ainda não<br />

consigo viver da arte em Portugal. Vou<br />

tentando e o meu sonho é precisamente<br />

esse, fazer aquilo que melhor sei e gosto<br />

de fazer e que trabalho arduamente<br />

porque não se esqueçam que ser artista<br />

não é simples. Existe um trabalho e não<br />

é nada fácil. Muito difícil e árduo. É<br />

passar horas e horas em estúdio, horas<br />

e horas a queimar as pálpebras como o<br />

Roger que foi ele que gravou o primeiro<br />

álbum e passou noites em branco porque<br />

havia um som que não estava bem... é<br />

um trabalho muito duro e tem que ser<br />

dignificado e pago por isso. As pessoas<br />

têm que perceber que os artistas têm que<br />

ser pagos e viver da sua arte.<br />

Kronos – Fazer valer aquilo fazemos.<br />

Roger – E não esquecer que os músicos<br />

têm que conciliar as bandas com os seus<br />

trabalhos porque infelizmente a música<br />

é patrocinada pelos nossos trabalhos. O<br />

dinheiro que ganhamos é para investir<br />

em amplificadores, em salas de ensaio,<br />

em concertos que não nos pagam e que<br />

temos que investir no transporte. Existe<br />

uma conciliação muito grande a nível de<br />

trabalho, tempo, família<br />

Kronos – Eu diria que é a fusão de duas<br />

coisas. O tentar fazer com que as pessoas<br />

dêem valor ao trabalho que estamos<br />

a realizar. E ao mesmo tempo tentar<br />

abranger o maior número de pessoas<br />

com o nosso trabalho.<br />

António – Subscrevo.


9


eNTREVISTA<br />

NTREVISTA<br />

UP THE HAMMERS<br />

& DOWN THE<br />

NAILS<br />

10<br />

40 anos ao serviço do heavy metal<br />

Há 40 anos os Manilla Road, tomavam forma no Wichita, Kansas, decorria a década de 70, partindo<br />

para aquilo que seria uma viagem pelo que vinha mais tarde a ser denominado de metal épico, digna<br />

de registo, numa longa jornada marcada pela loucura dos altos e baixos do panorama heavy metal<br />

dos anos 90, que quase colocaram ponto final na banda. Foram resistindo contando sempre com<br />

uma legião de fans bastante fieis ao seu estilo e aos seus princípios., o que ainda hoje os faz correr<br />

mundo! Em tempo de aniversário marcado com a estreia de um novo trabalho, de nome To Kill A<br />

Kinge de mais uma tournée, os Manilla Road, com o seu mestre, fundador,compositor, guitarrista e<br />

vocalista Mark the Shark Shelton no leme, Bryan Hellroadie Patrick, voz, Andreas Neudi Neuderth,<br />

bateria e Phil Ross, no baixo, parecem mais fortes do que nunca. Do nosso país guardam excelentes<br />

memórias e aqui pretendem voltar novamente em breve. A WOM foi à conversa com Mark 'The<br />

Shark' Shelton e Bryan 'Hellroadie' Patrick, onde falou sobre, passado, presente e planos futuros. 40<br />

anos de Manilla.<br />

Miguel Correia<br />

Foto por Richard Cathey


Altos e baixos até ao momento?<br />

Shark - Houve muitos<br />

pontos altos ao longo do<br />

caminho. Aprender música<br />

era provavelmente o primeiro.<br />

Seguido por muitos eventos ao<br />

longo dos anos, como encontrar<br />

outros músicos que queriam<br />

formar uma banda comigo, o<br />

primeiro dos sonhos dos Manilla<br />

Road, era conseguir chegar pela<br />

primeira vez a um estúdio, para<br />

assim poder gravar, encontrando<br />

um negócio de rótulos,<br />

chegando a fazer shows com<br />

outras grandes bandas que eu<br />

idolatrado, podendo viajar pelo<br />

mundo. Estes são apenas alguns<br />

dos pontos altos e eu gostaria de<br />

acrescentar que este ano inteiro<br />

foi talvez como um ponto alto<br />

para mim. No que diz respeito<br />

aos pontos baixos, penso que<br />

talvez o nível mais difícil tenha<br />

sido o meio do final da década<br />

de 1990. Era uma conquista<br />

apenas para continuar sendo um<br />

músico de metal naqueles dias e<br />

para passar por esses momentos<br />

e realmente levar a banda de<br />

volta à vida no olho do público<br />

foi com certeza um dos maiores<br />

altos.<br />

Em algum momento naquele<br />

inicio sentiste que poderiam<br />

chegar até aqui?<br />

Shark - Claro, era um sonho,<br />

eu sempre sonhei e esperava<br />

que chegar ao nível em que os<br />

Manilla Road estão agora. E<br />

acho que eu teria que dizer, que<br />

eu sabia porque eu mantive fé na<br />

música e nunca desisti, mesmo<br />

quando parecia infrutífero<br />

continuar. Então eu acho que<br />

sempre acreditei que deixaria<br />

pelo menos alguma forma de<br />

pegada musical nos livros de<br />

história. Tenho a sorte de estar<br />

vivo e poder fazer o que faço e ter<br />

uma base de fãs incrivelmente<br />

fiel que me permite continuar<br />

a fazer música, o que é outro<br />

ponto alto fantástico para minha<br />

carreira, uma vez que se não<br />

fossem eles e se não fosse para<br />

eles, os Manilla Road, nunca<br />

teriam sido o que somos.<br />

Em meados dos anos<br />

90, a cena do metal<br />

estava quase morta.<br />

Acho que a maioria das<br />

pessoas pensa que os<br />

Manilla Road foram<br />

dissolvidos, ou parou<br />

por quase 9 anos, mas<br />

isso não é verdade.<br />

Shark, o que aconteceu<br />

durante os anos 90?<br />

Sobreviveram, mas não foi<br />

fácil!<br />

Shark - Em meados dos anos<br />

90, a cena do metal estava quase<br />

morta. Acho que a maioria das<br />

pessoas pensa que os Manilla<br />

Road foram dissolvidos, ou parou<br />

por quase 9 anos, mas isso não<br />

é verdade. A única vez em que<br />

os Manilla Road não estiveram<br />

juntos de alguma forma foi<br />

por um período de 2 ou 3 anos<br />

enquanto eu estava envolvido<br />

com outra banda que formei<br />

chamada Circus Maximus. Nós<br />

ainda fizemos um álbum, mas a<br />

editora decidiu que ele deveria<br />

ser lançado como um álbum<br />

dos Manilla. Depois disso,<br />

Randy Foxe e Harvey Patrick,<br />

juntaram-se a nós e mantivemos<br />

essa formação por alguns anos<br />

trabalhando localmente na nossa<br />

cidade natal de Wichita. Não<br />

conseguimos encontrar uma<br />

editora à qual nos pudéssemos<br />

juntar e o mercado do nosso<br />

estilo de música, mesmo em<br />

nosso próprio pais, estava<br />

desaparecendo. Nós estávamos<br />

à beira da popularidade séria<br />

com lançamentos como Crystal<br />

Logic, Open The Gatese The<br />

Deluge, mas foi de curta<br />

duração, pois tudo parecia virar<br />

numa direção desfavorável para<br />

nós. E sim, houve algumas<br />

perdas que você pode dizer<br />

quando se trata de membros<br />

da banda indo e vindo. Mas<br />

está tudo bem, porque sempre<br />

pretendi que a Manilla Road<br />

fosse uma entidade em evolução<br />

de qualquer maneira, então, na<br />

realidade, todas as mudanças<br />

ao longo dos anos ajudaram<br />

a manter essa evolução em<br />

andamento.<br />

Foi essa a principal razão para<br />

que a banda se mantivesse?<br />

Shark - Essa é a mais simples das<br />

perguntas para eu te responder.<br />

O amor pela música e pelos<br />

nossos fãs, foram o grande foco.<br />

Como eu disse antes, nossos<br />

fãs são realmente a razão pela<br />

qual aos Manilla Road ainda<br />

estão hoje aqui e, enquanto<br />

houver esse tipo de apoio e<br />

amor, continuarei a fazer o meu<br />

melhor para manter a banda viva<br />

enquanto os fãs desejarem.<br />

No início, as tuas influências<br />

levaram a que a tua música<br />

fosse descrita como rock ou<br />

metal espacial. Como surge<br />

um som assim, quais são as<br />

principais influências?<br />

11


Shark - Naquela época eu<br />

estava realmente na onda<br />

Hawkwind, Pink Floyd, UFO<br />

na sua fase inicial, Scorpions<br />

etc. Eu, para além disso também<br />

fui influenciado pela música<br />

sintetizadora de nomes como<br />

Vangelis, Tangerine Dream,<br />

Synergy entre outros. Então, a<br />

abordagem do acid rock estava<br />

meio embutida em mim. A<br />

minha primeira grande influência<br />

de guitarra foi Jimi Hendrix, e<br />

ele era aquele tipo de material,<br />

de guitarra espacial. Eu tenho<br />

muitas influências ao longo de<br />

todos os anos começando com<br />

compositores clássicos para<br />

Black Sabbath, Deep Purple,<br />

Uriah Heep, Return To Forever,<br />

King Crimson, Judas Priest,<br />

Iron Maiden e uma infinidade<br />

de outros que ajudaram a moldar<br />

meu estilo de escrever e tocar.<br />

Há realmente muitos mais, o que<br />

torna difícil de nomeá-los todos.<br />

Nós estaríamos aqui todo o dia e<br />

noite fazendo essa lista.<br />

Quem são os teus guitarristas<br />

favoritos?<br />

Shark - Toni Iommi, Michael<br />

Schenker, Hendrix, Al Dimiola,<br />

Robert Fripp, Glen Tipton and<br />

K.K. Downing, Dave Murray and<br />

Adrian Smith, Billy Gibbons,<br />

Brian May, Alex Lifeson, e mais<br />

uma vez estariamos aqui muito,<br />

muito tempo para completar esta<br />

lista.<br />

Um novo álbum! Agora que<br />

"To Kill A King" está na rua,<br />

como vocês se sentem, comesse<br />

trabalho e quais são as reações<br />

dos fãs e da imprensa até<br />

agora?<br />

Shark - Olha, eu adoro o álbum.<br />

Acho que é um dos nossos<br />

12<br />

melhores esforços de produção<br />

no Midgard Sound Labs e estou<br />

muito orgulhoso disso. Adoro<br />

as músicas e performances e as<br />

obras que Paolo fez são incríveis<br />

como sempre. Quanto à resposta,<br />

tudo bem que eu ouvi de nossos<br />

fãs? Quanto à imprensa parece<br />

que é 95% sim e 5% não. Eu<br />

geralmente não me concentro<br />

nas críticas, mas devo admitir<br />

que é bom quando a maioria<br />

deles é favorável, naturalmente.<br />

Bryan - Eu estou muito animado<br />

e orgulhoso com as reações dos<br />

fans e até de grande parte da<br />

imprensa. Tudo muito positivo<br />

e na mouche para aquilo que<br />

foram os objetivos que o Mark<br />

estava a tentar alcançar. Cada<br />

um dos álbuns tem sua própria<br />

identidade e este não é diferente.<br />

Grande composição e letras<br />

misturadas com a bateria de<br />

Neudi e nosso novo baixista Phil<br />

Ross...<br />

Comparado com o material<br />

dos anos 80?<br />

Shark - Espero que existam mais<br />

semelhanças do que diferenças,<br />

porque nós só podemos ter esta<br />

opinião depois de ter passado<br />

e experimentado tudo o que<br />

ficou. Há muitas semelhanças<br />

que eu ouço em To Kill A King<br />

com Out Of The Abyss, The<br />

Delugeaté com Mystification<br />

em algumas passagens. Mas,<br />

na maioria das vezes, não tento<br />

acompanhar as comparações. Eu<br />

costumo ir na direção que meus<br />

próprios escolhas me levam. Eu<br />

gosto de deixar a inspiração da<br />

música conduzir o processo de<br />

criação, mais do que a precisão<br />

da premeditação. Eu não gosto<br />

de aderir à equação da música<br />

normal e amo experimentar com<br />

os estilos de fusão juntos. Este<br />

tem sido um padrão desde a<br />

década de 80 que ainda continua<br />

até hoje.<br />

Bryan - As semelhanças são<br />

simples...Mark Shelton! As<br />

diferenças também são simples...<br />

Mark Shelton, mais antigo e<br />

mais sábio! (risos) Eu posso<br />

entender os fãs na tentativa<br />

de comparar o novo material<br />

com o dessa época. Sabes, está<br />

estruturadoem músicas com<br />

longos anos de estilo, solos e riffs<br />

que hipnotizam melodicamente<br />

sua mente, está tudo aí!<br />

Shark, como é o trabalho de<br />

dividir as vozes com o Bryan.<br />

A chegada dele alterou alguma<br />

coisa no teu processo de<br />

composição?<br />

Shark - Na verdade não. Ele<br />

pode cantar algo mais do que eu<br />

posso nesta altura. Seu alcance<br />

vocal é mais alto do que o meu,<br />

desde que eu possa cantar, ele<br />

também pode. Nós decidimos<br />

quem irá cantar determinada<br />

música após o processo de<br />

criação e acabou. Embora<br />

existam algumas músicas que<br />

eu tenho especificamente para o<br />

Bryan ou mesmo a voz dele em<br />

mente ao trabalhar nelas. Mas eu<br />

não diria que mudou o processo<br />

de escrita...<br />

Bryan, o teu papel na banda<br />

mudou, eras roadie, road<br />

manager, entre outras papeis<br />

que desempenhaste. O ano<br />

2000 trouxe nova mudança,<br />

mas agora mais visível. Dividir<br />

as vozes com Mark...esta<br />

mudança mudou alguma coisa<br />

em ti, mudou a forma como<br />

olhavas para a banda, estando<br />

agora num papel diferente?


Bryan - Olha, só isto, desde ai<br />

estou a viver a melhor fase da<br />

minha vida e não mudaria nada!<br />

Mark tem feito isso há muito<br />

tempo e estou feliz em fazer parte<br />

da jornada junto com ele todos<br />

esses anos, de diferentes formas...<br />

Para vocês para além das<br />

vossas influências musicais,<br />

quais são as bandas que mais<br />

vos impressionam nestes<br />

últimos dez anos?<br />

Shark - Quanto às novas<br />

bandas de metal, seria uma lista<br />

bastante longa, mas deixo alguns<br />

bastante interessantes como<br />

Argus, Ironsword, BattleRam,<br />

BattleRoar, Etrusgrave, Mist,<br />

Castle, Firebrand Superrock,<br />

Orchid, Night Demon... poderia<br />

estar aqui a noite toda (risos).<br />

Bryan - Ah, só bandas metal....<br />

Night Demon! Visigoth, Eternal<br />

Champion, estas três para mim<br />

são fantásticas!<br />

Concordam com a afirmação<br />

de Gene Simmons de que O<br />

Rock Morreu?<br />

Shark - Ah não!<br />

Bryan - Olha...fácil, acima<br />

de tudo que se foda o Gene<br />

Simmons! O rock pode estar<br />

morto “BUT METAL IS ALIVE<br />

AND KICKING ASS!” Olha<br />

para Portugal, Ironsword! “They<br />

kick ass”, digo o que sinto de<br />

todo o coração, só a verdade!<br />

Há projetos paralelos em<br />

curso?<br />

Shark - Agora, estou já a trabalhar<br />

no próximo álbum dos Manilla<br />

Road. Eu já tenho um projeto<br />

gravado com Rick Fisher chamado<br />

Riddlemaster, que será lançado<br />

em dezembro deste ano e também<br />

terminei um álbum eletrónico, só<br />

meu, que será lançado digitalmente<br />

em algum momento num futuro<br />

próximo também. Por enquanto,<br />

acho que é suficiente considerando<br />

todas as turnês que fazemos nos<br />

dias de hoje.<br />

Bryan - Sim, sim, gostava de um<br />

dia fazer qualquer coisa a solo...<br />

Duas visitas a Portugal. O<br />

nosso país em duas palavras.<br />

Em duas palavras. Pensam um<br />

dia regressar?<br />

Shark - Olha, nós contamos voltar<br />

assim que for possível. Fiquei<br />

estupefacto quando atuamos no<br />

<strong>Metal</strong> Keeper festival este ano<br />

e claro agradecemos a todos os<br />

nossos fans o carinho e atenção.<br />

Up The Hammers and Down<br />

The Nails.<br />

Bryan - Espero regressar muito<br />

em breve! Amo Portugal, sem<br />

dúvida! Os nossos fans são<br />

apaixonados e inteligentes,<br />

sempre com um sorriso...adorei<br />

Para todos vocês...Up the Super<br />

Bock to the North And Up the<br />

Sagres to the South! (risos)<br />

Cheers..... Felicidades!<br />

13


eNTREVISTA<br />

NTREVISTA<br />

O black metal nacional está longe de estar estagnado. O álbum de<br />

estreia dos Mandragora Malevola, "Awakening The Impvre" é só<br />

mais uma prova. No entanto, a banda vai mais além do black metal e<br />

é uma força completa no que à música extrema diz respeito. A banda<br />

é composta pelo duo Kaos e Igniferum e ambos receberam-nos para<br />

uma conversa esclarecedora sobre o mundo negro dos Mandragora<br />

Malevola.<br />

Fernando Ferreira<br />

Olá pessoal. Muitos<br />

parabéns pelo vosso<br />

álbum de estreia, que<br />

é uma excelente obra<br />

de black metal, bem<br />

dinâmico. Calculo que<br />

estejam satisfeitos com o<br />

resultado final.<br />

Kaos – Boas! Antes de<br />

mais, obrigado pelo apoio<br />

fornecido pela <strong>World</strong> <strong>of</strong><br />

<strong>Metal</strong> e parabéns pelo<br />

vosso trabalho! Sim,<br />

eu pessoalmente estou<br />

bastante satisfeito com<br />

o trabalho! Claro que<br />

poderia estar muito melhor,<br />

mas essa autocrítica é<br />

sempre normal depois de<br />

se terminar um trabalho,<br />

existe sempre algo que<br />

poderia ser melhorado<br />

14<br />

ou ter sido feito de outra<br />

forma. Tento nem sequer<br />

pensar nisso, está feito<br />

e lançado, agora não há<br />

muito a fazer, não vale<br />

pena nos lamentarmos.<br />

Quais têm sido as reacções<br />

que têm recolhido até<br />

agora de “Awakening<br />

The Impvre”.<br />

Kaos – Até ao momento,<br />

com apenas o álbum em<br />

formato digital e em edição<br />

de autor, as reacções<br />

têm sido satisfatórias.<br />

Curiosamente, penso<br />

que tenhamos tido mais<br />

alcance com a Demo de<br />

2015 do que propriamente<br />

com o álbum até ao<br />

momento, mas assim é<br />

a vida… Vamos ver se<br />

com o lançamento em<br />

formato físico este Outono<br />

pela Throats Productions<br />

se rompemos algumas<br />

barreiras e se chegamos a<br />

um público maior.<br />

É possível notar uma<br />

evolução da demo “Black<br />

Flame Ov Illumination”<br />

para “Awakening The<br />

Impvre”. Foi algo<br />

pensado, o caminho<br />

que queriam seguir?<br />

Principalmente no que<br />

diz respeito à variedade<br />

e abrangência nos<br />

arranjos.<br />

Igniferum – Desde que<br />

fundámos a banda em<br />

2013 que o nosso objectivo<br />

foi sempre a criação do<br />

álbum "Awakening the<br />

Impvre". A composição e<br />

escrita de todas as músicas<br />

e letras para o álbum ficou<br />

terminada em 2014. No<br />

entanto, passado dois<br />

anos desde a fundação de<br />

Mandragora Malevola,<br />

ainda não tinhamos nem<br />

uma amostra do nosso<br />

trabalho nem consciência<br />

de como este seria recebido,<br />

e por isso decidimos<br />

lançar a demo "Black<br />

Flame Ov Illumination"<br />

em 2015. Esta demo é<br />

essencialmente uma versão<br />

menos trabalhada de duas<br />

músicas do álbum, e contém<br />

uma faixa exclusiva,<br />

"Mandragora Malevola",<br />

que serve o propósito de<br />

apresentar os ideais da<br />

banda. A evolução que se<br />

deu entre o lançamento<br />

da demo e do álbum<br />

deve-se essencialmente<br />

à regravação de alguns<br />

instrumentos e a uma<br />

mistura mais paciente.<br />

O formato duo tem ganho<br />

bastante adeptos na cena


lack metal. No vosso caso,<br />

como funciona? O Igniferum<br />

trata de todas as composições<br />

e depois Slade Von Kaos trata<br />

das letras ou ambos têm igual<br />

impacto no processo de escrita?<br />

Igniferum – Basicamente é<br />

isso, eu trato da composição e o<br />

Kaos das letras, e cada um revê<br />

e critica o trabalho do outro.<br />

Para o "Awakening the Impvre"<br />

começámos por decidir o tema do<br />

álbum e como é que este deveria<br />

ser abordado musicalmente,<br />

em quantas músicas deveria ser<br />

dividido, e como elas deveriam<br />

fluir entre si ao longo de toda<br />

a duração do álbum. Tomadas<br />

as decisões gerais, passei à<br />

composição das músicas. Ao<br />

terminar as músicas, apresenteias<br />

ao Kaos para ele criticar e fui<br />

fazendo as alterações necessárias<br />

até estarem "aprovadas". À<br />

medida que as músicas foram<br />

sendo terminadas, começou ele<br />

a escrever as letras, as quais<br />

também critiquei ou "aprovei".<br />

O "formato duo" provavelmente<br />

ganha tais adeptos porque permite<br />

que o trabalho de composição e<br />

de estúdio corra com muito mais<br />

fluidez e perfeição, ao contrario<br />

de bandas com mais membros,<br />

onde quase que inevitavelmente<br />

surgem mais dificuldades e<br />

problemas de comunicação<br />

e organização, o que resulta<br />

ou no atraso ou até mesmo na<br />

impossiblidade de terminar um<br />

projecto.<br />

Que tipo de inspiração mais<br />

próxima têm os Mandragora<br />

Malevola? E é mais nacional<br />

ou internacional?<br />

Kaos – Pessoalmente não<br />

sigo de perto o movimento<br />

nacional. Conheço os principais<br />

representantes do género em<br />

Portugal, até porque não são<br />

muitos, mas não nos identifico<br />

com eles. É no panorama<br />

internacional, Escandinavo<br />

e Polaco, que Mandragora<br />

Malevola mais se identifica mas<br />

tentamos não nos comprometer<br />

ou nos limitar a seja o que for em<br />

termos de influencias. O nosso<br />

objectivo, aliás como penso<br />

de qualquer banda, é ter uma<br />

sonoridade própria e honesta.<br />

Ponderam dar concertos ao<br />

vivo e em ampliar a formação<br />

para o efeito?<br />

Igniferum – Temos a<br />

possibilidade de tocar ao vivo<br />

em aberto, mas se trabalhar a<br />

dois tem um defeito é mesmo<br />

esse: duas pessoas não fazem o<br />

trabalho de cinco em cima de<br />

um palco. Não só não temos de<br />

momento músicos suficiente<br />

disponiveis e interessados para<br />

trabalhar connosco, como a<br />

nossa própria disponibilidade<br />

não permite tocar ao vivo.<br />

Cada vez são menos os<br />

concertos em Portugal com<br />

bandas nacionais de Black<br />

<strong>Metal</strong>. Aparentemente<br />

existe hoje uma preferência<br />

pela mesma formula já<br />

repetida do Thrash/Death/<br />

Core.<br />

Em relação à cena de black<br />

metal nacional, como é a<br />

vossa visão da mesma? Desde<br />

concertos até às bandas em si.<br />

Kaos – Como já tinha respondido<br />

anteriormente, actualmente não<br />

sigo a cena nacional de perto.<br />

Segui nos anos 90 e princípios<br />

de 2000, mas depois deixei<br />

de ter interesse, até porque o<br />

movimento morreu um pouco.<br />

Existem boas bandas em Portugal<br />

que são as que sobreviveram<br />

desde essa altura mas no que diz<br />

respeito a sangue novo estou um<br />

pouco desactualizado. Também<br />

reparo que cada vez são menos<br />

os concertos em Portugal com<br />

bandas nacionais de Black <strong>Metal</strong>.<br />

Aparentemente existe hoje uma<br />

preferência pela mesma formula<br />

já repetida do Thrash/Death/Core.<br />

É isso que observo em Portugal,<br />

o cenário é igual de norte a sul<br />

do país, sempre com as mesmas<br />

bandas e praticamente sempre o<br />

mesmo género musical. O Black<br />

<strong>Metal</strong> está vivo em Portugal e<br />

existe público, simplesmente não<br />

se vê! E se calhar é assim mesmo<br />

que deve de ser, estar restringido<br />

a um Underground dentro do<br />

próprio Underground.<br />

Segundo a vossa página do<br />

facebook, onde se pode ler e<br />

passo a citar “Mandragora<br />

Malevola é um manifesto de<br />

liberdade moral, o caminho<br />

esquerdo da independência<br />

espiritual, o local onde o<br />

Homem se ergue no Centro<br />

do Universo. Mandragora<br />

Malevola não tem o propósito<br />

de descarregar energias ou<br />

exorcizar demónios, mas sim<br />

conhece-los e aceitá-los como<br />

parte essencial da natureza<br />

Humana.” Mais do que apenas<br />

black metal, do que a soma<br />

de letras e riffs, a essência<br />

dos Mandragora Malevola é<br />

fundamentalmente filosófica,<br />

não? Essa é uma componente<br />

que falta no black metal hoje<br />

em dia?<br />

Kaos – Para mim o Black <strong>Metal</strong><br />

passa por ser mais filos<strong>of</strong>ia do<br />

que propriamente a música. O<br />

que tentamos com Mandragora<br />

Malevola não é transmitir um<br />

Satanismo Medieval de adoração<br />

ao Demónio, até porque isso para<br />

mim não faz qualquer sentido e<br />

me é extremamente contraditório<br />

em muitos sentidos. O que<br />

tentamos é mostrar um estado<br />

de revolta a qualquer sistema<br />

mandatário que nos impeça de<br />

pensar ou agir como realmente<br />

temos necessidade de o fazer,<br />

e obviamente o nosso alvo é a<br />

religião que nos tornou escravos<br />

e nos limitou o pensamento ao<br />

longo dos séculos com ideais<br />

que não fazem rigorosamente<br />

sentido nenhum, especialmente<br />

nos dias de hoje. Para mim é<br />

esta a essência na mensagem do<br />

Black <strong>Metal</strong>, seres o teu próprio<br />

Deus e seguires as tuas próprias<br />

ideias. Obviamente a música<br />

é um factor importante mas<br />

podemos encontrar os mesmos<br />

blastbeats, guitarras rasgadas,<br />

teclados ou gritos em outros<br />

géneros musicais no metal, mas<br />

a filos<strong>of</strong>ia do Black <strong>Metal</strong> é<br />

única! É isso que, para mim, faz<br />

o Black <strong>Metal</strong> ser tão genuíno e<br />

magnífico!<br />

15


eNTREVISTA<br />

eNTREVISTA<br />

Korpiklaani são uma das bandas mais queridas do folk metal. Como foi possível comprovar no<br />

concerto meses atrás no Vagos <strong>Metal</strong> Fest, grande parte dessa adoração vem das actuações<br />

festivas da banda. Por isso mesmo, o lançamento do primeiro álbum/DVD ao vivo da banda é um<br />

acontecimento. Fomos falar com Sami Pertulla para ficarmos a saber mais sobre este lançamento<br />

e sobre os planos futuros da banda.<br />

João Coutinho<br />

16


Finalmente os Korpiklaani têm<br />

um álbum/DVD ao vivo. É esse o<br />

sentimento dos vossos fãs. É também<br />

o vosso?<br />

Sim, claro! Já queríamos fazer um<br />

dvd à muito tempo, mas finalmente<br />

conseguimos fazê-lo desta vez e<br />

nesta ocasião. Tentamos numa tour<br />

na America do Sul mas houve uns<br />

problemas técnicos que levaram a que<br />

não fosse possível mas, finalmente,<br />

juntamos material suficiente para o<br />

fazer.<br />

Porquê agora? É a altura perfeita<br />

pra lançar este tipo de álbum?<br />

Sim, penso eu. O nosso último álbum<br />

de estúdio foi lançado em 2015 e por<br />

isso acho que esta é uma boa altura para<br />

este lançamento. Primeiro de tudo, não<br />

é assim tão fácil fazer um álbum ao<br />

vivo. O nosso vocalista misturou ele<br />

mesmo o álbum. Leva sempre o seu<br />

tempo pra lançar o DVD.<br />

Não há qualquer trabalho de estúdio<br />

por de trás do “Live At Masters Of<br />

Rock”. Tiveram vários concertos<br />

para considerar qual seria o melhor<br />

para lançar ou sabiam desde o<br />

começo que o concerto no Masters<br />

<strong>of</strong> Rock seria ideal?<br />

No DVD estarão 2 concertos. Ambos<br />

do Masters <strong>of</strong> Rock! Acho que o tempo<br />

é certo, como já te disse. Já andamos há<br />

muito tempo a tentar arranjar material<br />

mas ainda não tínhamos sido capazes<br />

de o fazer. Tudo leva o seu tempo.<br />

Quando as bandas têm um certo<br />

número de anos de carreira, é<br />

inevitável ter uma certa fórmula<br />

quando tocam ao vivo, há muitas<br />

que têm de tocar. Tentam não tocar<br />

sempre as mesmas músicas e mudar<br />

a setlist?<br />

Claro que há clássicos que não<br />

podemos deixar de fora. Músicas como<br />

“Vodka”, por exemplo. Não mudamos<br />

de setlist muito frequentemente, sendote<br />

franco. Quando lançamos um álbum<br />

novo claro que tentamos introduzir<br />

músicas novas mas à parte disso não<br />

costumamos mudá-la.<br />

Qual foi o local mais exótico onde já<br />

tocaste?<br />

Penso que uma das memórias mais<br />

exóticas que tenho é nos Cárpatos,<br />

num festival lá. É no meio do nada mas<br />

é extremamente bonito e o festival é<br />

no topo de uma montanha. Tem uma<br />

vista tão bonita e sentia me como se<br />

estivesse no paraíso.<br />

Vão fazer algumas promoção ao vivo<br />

do DVD?<br />

Sim, estamos a fazer isso e a Nuclear<br />

Blast está a ajudar nos. É sempre bom<br />

termos vídeos a saírem de modo a<br />

cativar Ainda mais os fãs a comprarem<br />

o nosso DVD e estarem atentos ao<br />

lançamento.<br />

O “Noita” foi lançado à dois anos.<br />

Novidades em relação ao ovo álbum?<br />

Quando o podemos esperar?<br />

No próximo ano. Estamos a trabalhar<br />

nele para que no próximo ano esteja cá<br />

fora.<br />

Considerando que estamos a falar<br />

porque há um álbum ao vivo que<br />

vocês estão a lançar, eu tenho<br />

que perguntar ... quando estás a<br />

escrever músicas novas, tentas<br />

levar em consideração como elas<br />

vão soar ao vivo, ou o vosso foco<br />

é apenas escrever o melhor que<br />

conseguirem? Já te deparas-te com<br />

algumas músicas que ao vivo não<br />

têm a mesma sensação que na sala<br />

de ensaios?<br />

Claro. É uma pergunta difícil. Algumas<br />

musicas soam melhor no álbum, é<br />

verdade. Acho que, por exemplo, não<br />

tocamos o “Noita” todo ao vivo porque<br />

sentimos que algumas musicas não<br />

são tão boas ao vivo e, mesmo por<br />

esse motivo, decidimos que não as<br />

deveríamos tocar.<br />

17


eNTREVISTA<br />

Avatarium surpreenderam tudo e todos com a sua estreia e têm<br />

vindo a solidificar o seu percurso com um crescimento musical<br />

impressionante. "Hurricano and Halos" junta-se a esse propósito<br />

e é a razão de mais uma digressão. Fomos falar com Marcus<br />

Jidell, guitarrista, e ficámos a conhecer mais sobre o mundo dos<br />

Avatarium<br />

João Coutinho<br />

18


Pronto para mais uma<br />

digressão? Ansioso por<br />

tocar?<br />

Sim, estou extremamente<br />

entusiasmado! Vai ser a<br />

primeira vez com os novos<br />

membros da banda! São<br />

músicos extremamente<br />

talentosos e não posso<br />

esperar por tocar com<br />

eles! Estou extremamente<br />

entusiasmado para tocar as<br />

novas músicas, sabe muito<br />

bem.<br />

Nos próximos concertos,<br />

vão trazer mais músicas<br />

“Hurricane And Halos”<br />

para a setlist?<br />

Sim, claro! Acho que<br />

finalmente temos a<br />

possibilidade de fazer a<br />

setlist que sempre quisemos<br />

fazer. Há tantas musicas<br />

diferentes, muitas com<br />

imensa energia, o que é<br />

muito bom. Adoramos<br />

as pesadas e calmas mas<br />

também é excelente ter<br />

músicas enérgicas. Por isso<br />

sim, vai haver muita energia<br />

no alinhamento!<br />

O Leif Edling vai tocar<br />

com vocês nesta digressão?<br />

Não, não. Ele não toca no<br />

álbum. Ele é como se fosse<br />

um mentor, Ainda escreve<br />

algumas coisas para a banda<br />

mas não, não vai connosco<br />

em digressão. Neste<br />

momento o nosso baixista<br />

é considerado dos melhores<br />

das Suécia e mal posso<br />

esperar para tocar com ele,<br />

tem muita energia ao vivo, o<br />

que será ótimo para a banda.<br />

Sobre o próprio álbum,<br />

isto realmente demonstra<br />

que vocês já possuem a<br />

vossa própria identidade.<br />

Vocês sempre tiveram<br />

isso, mas percorreram<br />

um longo caminho desde<br />

ser apenas doom metal<br />

com voz feminina. Agora<br />

parece muito difícil rotular<br />

o vosso som - que na minha<br />

opinião é um elogio por<br />

conta própria. Esse foi<br />

o objetivo ao escrever<br />

"Hurricane And Halos”?<br />

Muito Obrigado! Fico muito<br />

feliz por teres gostado do<br />

álbum! Acho que é uma<br />

coisa natural para nós seguir<br />

este caminho. Claro que<br />

adoramos bandas doom como<br />

os Sabbath mas também<br />

é importante a energia e<br />

as músicas acousticas!<br />

Tentamos sempre encontrar<br />

a nossa própria voz e o nosso<br />

próprio estilo.<br />

Ainda sobre o vosso som,<br />

tu e a banda têm sempre<br />

uma ideia clara do que<br />

fazer criativamente?<br />

Sim, acho que nós temos<br />

sempre uma ideia clara do<br />

que pretendemos atingir.<br />

Quanto mais tocas, mais<br />

facilmente encontras o<br />

teu som. É um processo<br />

natural. Tentamos explorar<br />

o nosso som de modo a<br />

torná-lo pessoal e único. Há<br />

demasiadas bandas em que<br />

um membro quase “ordena”<br />

os outros a tocar um estilo de<br />

música. Nós não queremos<br />

estar incluídas nesse lote de<br />

bandas.<br />

Não importa o som, parece<br />

que a Jennie está cada vez<br />

mais à vontade com seu<br />

papel como frontwoman,<br />

não concordas?<br />

Sim, ela cada vez melhora<br />

mais e mais. Cada vez que<br />

tocamos ao vivo ela está<br />

melhor. Tornou-se uma<br />

excelente frontwomen. Ela<br />

segura tudo, musicalmente e<br />

em termos de concertos. Ela<br />

é muito confiante. A coisa<br />

mais impressionante nela<br />

é que consegue ser frágil e<br />

poderosa ao mesmo tempo.<br />

Podemos esperar os<br />

Avatarium em Portugal<br />

num futuro próximo?<br />

Adoraria! Neste momento<br />

não tenho a certeza. Não<br />

sei a razão pela qual não<br />

tocarmos aí. Desta vez<br />

vamos ter uma pequena<br />

tour, de 15 dias, que é o que<br />

podemos fazer no momento,<br />

devido a motivos familiares<br />

e pessoais. Felizmente no<br />

próximo ano iremos tocar aí,<br />

espero eu!<br />

Vou terminar com uma<br />

sugestão, Avatarium e The<br />

Doomsday Kingdom. O<br />

que achas? Provavelmente<br />

terias de tomar esteroides<br />

mas seria um grande<br />

alinhamento.<br />

(Risos). Seria um conjunto<br />

de bandas bastante bom<br />

mas não tenho a certeza se<br />

conseguiria tocar por duas<br />

bandas(risos). Acho que o<br />

King Diamond fez isso com<br />

os Mercyful Fate mas não<br />

tenho a certeza (risos).<br />

19


eNTREVISTA<br />

Da cena underground nacional, os In Vein são uma das<br />

bandas de destaque e que mais têm tocado ao vivo. Numa<br />

pausa entre descarregar material e subir ao palco para mais<br />

um concerto, tivemos uma curta conversa com o Paulo<br />

Monteiro, um dos guitarristas da banda, que demonstrou<br />

muita animação por poder tocar cada vez para mais pessoas.<br />

João Coutinho<br />

20


O vosso primeiro álbum<br />

de estúdio é intitulado<br />

“Ressurect”.Como têm<br />

sido as reações não só do<br />

público mas também da<br />

imprensa?<br />

O público gostou e comprou<br />

o disco. A imprensa pareceme<br />

que estava à espera de<br />

mais da nossa parte. Fica<br />

aqui prometido à imprensa<br />

que o próximo álbum será<br />

melhor e que os In Vein<br />

tentarão demonstrar, Ainda<br />

mais, a sua identidade.<br />

Falando um pouco mais a<br />

fundo do álbum, há algum<br />

tema que liga todos as<br />

faixas ou são elas apenas<br />

vivências dos membros da<br />

banda?<br />

Todas elas são vivências do<br />

nosso vocalista. A ligação<br />

entre elas é o António visto<br />

que são todas vivências dele.<br />

Ele quis contar a história da<br />

infância e da adolescência<br />

dele através das nossas letras<br />

e penso que foi algo muito<br />

bem conseguido.<br />

Antes de começarem<br />

a trabalhar no álbum<br />

tinham uma ideia clara do<br />

que pretendiam atingir? Se<br />

sim, conseguiram-No?<br />

Conseguimos atingir o<br />

máximo de nós. Em termos<br />

de som superamos, sem<br />

duvida, tudo aquilo que nós<br />

pensamos no início. Para<br />

nós era incapaz fazer algo<br />

tão bom a nível de som,<br />

mas chegamos lá e estamos<br />

extremamente orgulhosos<br />

do que atingimos. Mesmo a<br />

nível de produção.<br />

Houve alguma razão em<br />

específico para a escolha<br />

da Raising Legends para o<br />

lançamento do vosso álbum<br />

de estreia? Há planos para<br />

distribuição lá fora?<br />

Simplesmente por ser a<br />

melhor escolha no norte de<br />

Portugal. Trabalhamos muito<br />

para isto mas felizmente<br />

conseguimos e aqui estamos.<br />

Claro que há planos para<br />

distribuição lá fora, há<br />

sempre. Mas para o próximo<br />

já está quase garantido.<br />

Temos conseguido<br />

ter quase sempre o<br />

mesmo panorama<br />

de reações, havendo<br />

sempre festa.<br />

Além de vários concertos<br />

que têm dado um pouco<br />

por todo lado para<br />

promover o “Resurrect”<br />

foram confirmados como<br />

primeiro nome do Vagos<br />

<strong>Metal</strong> Fest. Como te sentiste<br />

quando contactaram a<br />

banda e como surgiu a<br />

oportunidade? Devem<br />

tudo ao vosso fã que levou<br />

o cartaz para o recinto?<br />

Devemos grande parte a esse<br />

mítico cartaz. 80% ou até<br />

mais foi devido ao facto de<br />

eles quererem e acreditarem.<br />

O resto penso que foi o<br />

trabalho que já andamos a<br />

desenvolver desde o início<br />

da banda, que nos levou a<br />

tocar num festival de nome<br />

como o Vagos.<br />

Como tem sido a<br />

experiência da digressão<br />

do “Resurrect” até ao<br />

momento?<br />

A experiência tem sido<br />

satisfatória. Temos conseguido<br />

ter quase sempre o<br />

mesmo panorama de reações,<br />

havendo sempre festa. E<br />

enquanto houver festa nós<br />

estamos feliz e queremos<br />

sempre mais (risos).<br />

Em termos de <strong>of</strong>ertas para<br />

tocar no estrangeiro, já<br />

tiveram? Várias bandas<br />

underground no nosso<br />

país como os Analepsy têm<br />

tido <strong>of</strong>ertas para tocar no<br />

estrangeiro. Para os In Vein<br />

isto é possível ou Ainda é<br />

uma realidade longínqua?<br />

Sem ser uma ida a Almada<br />

não (risos). É margem sul,<br />

não é bem Portugal (risos).<br />

Não é algo tão longínquo mas<br />

não é fácil para uma banda<br />

fazer esses quilómetros<br />

todos. Mas vamos tentar<br />

melhorar para em breve<br />

estarmos a tocar lá fora!<br />

21


eNTREVISTA<br />

NTREVISTA<br />

Os Eluveitie s<strong>of</strong>reram uma pesada mudança no seu alinhamento<br />

- que veio a resultar no nascimento dos Cellar Darling - e os fãs<br />

temeram que a banda não conseguisse recuperar. Com a segunda<br />

parte de "Evocation", um ábum inteiramente acústico, a banda<br />

renasce e cala as bocas de preocupação. Fomos confirmar com<br />

Chrigel Glanzmann, líder e membro fundador da banda, como está a<br />

ser este momento de renovação.<br />

João Coutinho<br />

22


Aqui estamos nós com o novo<br />

álbum dos Eluveitie, após um<br />

difícil período. Como te sentes<br />

com o álbum lançado?<br />

Sinto-me muito, muito feliz!<br />

Com uma transformação tão<br />

grande no alinhamento deves<br />

ter passado um momento<br />

difícil. Esperavas que isto<br />

acontecesse?<br />

Bem... (risos) estivemos juntos<br />

por mais ao menos dez anos, e<br />

isso pode ser considerado um<br />

logo período de tempo,<br />

por isso sim. As pessoas<br />

desenvolvem-se e os<br />

grupos também. É algo<br />

natural. Claro que se<br />

me dissesses isto há<br />

cinco anos atrás eu não<br />

acreditaria. Isto não é<br />

algo que esperas que<br />

acontece mas sim, pode<br />

acontecer e neste caso<br />

aconteceu. O último ano<br />

foi muito difícil. Como<br />

banda e mesmo a nível<br />

pessoal.<br />

De qualquer maneira,<br />

aqui estás tu, com<br />

o “Evocation II:<br />

Pantheon”. Podes nos<br />

dizer se esta segunda<br />

parte fora planeada<br />

para ser lançada<br />

agora? E tiveram<br />

os novos membros<br />

impactos nas novas<br />

composições?<br />

Sim, ambos. A decisão<br />

foi tomada já há algum<br />

tempo. A maioria da<br />

escrita de letras foi feita<br />

nos últimos meses e<br />

sim, os novos membros<br />

tiveram impacto.<br />

Sempre foi assim<br />

e sempre será. Nos<br />

últimos 12 meses e com os novos<br />

membros a atmosfera na banda<br />

tem sido excelente. Crescemos<br />

todos como um grupo de pessoas<br />

e músicos! É uma atmosfera<br />

muito familiar mas muito<br />

dedicada!<br />

Escrever exclusivamente<br />

material acústico é mais<br />

desafiador não achas? Com<br />

distorção podes esconder<br />

algumas falhas mas em<br />

acústico não há espaço para<br />

errar. Sentes alguma pressão<br />

extra ou é normal para ti?<br />

Eu não sinto a pressão e acho que<br />

nenhum de nós a sente. Não acho<br />

que este é o caso. Nós estamos<br />

a produzir um álbum e queremos<br />

que seja bom, seja em acústico<br />

ou não.<br />

Podemos esperar uma digressão<br />

completamente em acústico<br />

para promover o “Evocation<br />

II”? Ou vão misturar as vossas<br />

duas faces?<br />

Nunca digas nunca. Mas para já<br />

não vamos dar uma digressão<br />

completamente acústica. Para<br />

já, ir em digressão pela Europa<br />

está confirmada e vamos com<br />

uma digressão completamente<br />

metálica. Isto não quer dizer<br />

que não tocaremos músicas<br />

do álbum. Tu podes colocar<br />

algumas musicas do álbum num<br />

Set metálico, na minha opinião!<br />

“Evocation” como o nome<br />

sugere, invoca a natureza,<br />

as maneiras e as crenças<br />

antigas. Consideras que os<br />

tempos antigos eram mais<br />

saudáveis que o tempo que<br />

vivemos ultimamente? E que<br />

a preocupação com a natureza<br />

caiu no esquecimento?<br />

Por um lado, temos de admitir<br />

que infelizmente já está no<br />

esquecimento. Na minha opinião,<br />

é mais saudável do que o que<br />

temos hoje em dia. Eu escrevo<br />

as letras para mim mesmo e<br />

não gosto muito de<br />

pregar as ideias das<br />

minhas letras, são<br />

apenas as minhas<br />

ideias pessoais.<br />

Sentes que agora<br />

tens uma união<br />

forte dentro da<br />

banda? E podes<br />

nos falar um pouco<br />

mais dos novos<br />

membros?<br />

Tenho de dizer<br />

que quando os<br />

membros antigos<br />

saíram da banda<br />

nós percebemos<br />

que tínhamos de<br />

procurar bem por uns<br />

novos integrantes.<br />

Sabíamos que<br />

tínhamos tempo<br />

para escolher mas<br />

ao mesmo tempo<br />

tínhamos muitas<br />

digressões marcadas<br />

e concertos em<br />

festivais que<br />

dissemos, desde<br />

o início que não<br />

iríamos cancelar.<br />

Todos são<br />

excelentes músicos<br />

e contribuíram para<br />

o melhoramento dos<br />

Eluveitie como um todo!<br />

Vieram a Portugal e foram bem<br />

recebidos. Sabes se vão voltar<br />

em breve? Está algo planeado?<br />

Como deves calcular não somos<br />

nós que marcamos as digressões<br />

e não sei as datas em particular<br />

das digressões! Mas sim, espero<br />

que seja possível voltar a tocar<br />

em Portugal!<br />

23


THE NEON GODS<br />

“Ao contrário daquilo que as modas e a ditadura da<br />

indústria musical dos 1990’s tentaram estabelecer, o<br />

Rock n Roll não tem de ser lamechas, inocente e pálido.”<br />

24


“Infelizmente, o panorama nacional nunca foi fértil em bandas inspiradas na faceta glam do hard rock<br />

mas, à primeira vista, parece que estamos agora bem representados com os AFFÄIRE ” - Revista Loud!<br />

“Melhor banda portuguesa do ano” Programa de rádio "On The Rocks"<br />

“It’s always a good sign if within a few seconds, you know you are going to like a band. AFFÄIRE play the kind<br />

<strong>of</strong> ’80s friendly glam and/or sleaze metal music that is easily what I want to hear.” - Sleaze Roxx (Canadá)<br />

“Band <strong>of</strong> the week” - Rock Or Die (Japão)<br />

Foi desta forma que “At First Sight”, primeiro álbum dos portugueses AFFAIRE foi acolhido na imprensa<br />

especializada, a nível nacional e mundial! Depois partilharem palcos com nomes como Paul Di Anno e os<br />

House Of Lords, surgem agora, com o EP “Neon Gods”, mais recente trabalho. A WOrld <strong>of</strong> <strong>Metal</strong> foi à conversa<br />

com J.P. Constanza, baterista da banda lusa e tentou saber quem são e para onde vão...<br />

Miguel Correia<br />

25


Como e em que contexto<br />

surgiram os Affaire? Quem<br />

são os Affaire?<br />

Demo-nos a conhecer no<br />

verão de 2011, altura em que<br />

aparecemos aparentemente do<br />

nada com o single “Born Too<br />

Late” (lançado apenas em vinil),<br />

com a estreia ao vivo e com uma<br />

personalidade já traçada. Para<br />

trás tinha ficado cerca de um<br />

ano com algumas experiências<br />

de line-up, composição e<br />

preparação da identidade da<br />

banda. E ainda mais para trás<br />

fica o acumular de ideias durante<br />

anos que não faziam sentido na<br />

minha banda anterior. Quando<br />

essa banda acabou, abriu-se<br />

naturalmente uma janela para os<br />

Affäire ganharem forma. Desde<br />

a fundação estamos eu (J.P.<br />

Costanza, baterista) e o Rick<br />

Rivotti (guitarrista). A formação<br />

completa-se com o D.D. Mike<br />

na voz e o Tawny Rawk no<br />

baixo.<br />

Quais as vossas influências<br />

musicais?<br />

O grandioso hard rock dos 80s<br />

é o grande responsável pelo<br />

som que fazemos, não há que<br />

negá-lo, antes pelo contrário,<br />

é a principal e assumidíssima<br />

influência. Mas não é a única.<br />

Sempre tivemos no sangue<br />

o gosto pelo heavy metal<br />

tradicional e pelo punk rock.<br />

Sem entrar em demasiados subgéneros,<br />

é correcto dizer-se que<br />

estes são os ingredientes que<br />

estão na base do que fazemos.<br />

Foi o início de um sonho?<br />

Todos nós já passámos por outras<br />

bandas e não partimos para os<br />

Affäire a sonhar com contos de<br />

fadas. Também temos noção do<br />

26<br />

contexto em que vivemos, tanto<br />

no que diz respeito à época<br />

como à localização geográfica.<br />

Mesmo assim, esta é a nossa<br />

identidade e acreditamos nela.<br />

O meu sonho é no fim do ano<br />

a banda ter subido mais uns<br />

degraus relativamente a um<br />

ano atrás, não parar de crescer<br />

ainda que a velocidade não seja<br />

meteórica. Poder fazer o som que<br />

queremos, com credibilidade,<br />

ir lançando trabalhos novos<br />

com regularidade e ir gerando<br />

interesse de novas pessoas já<br />

é uma recompensa valiosa.<br />

Se chega? Não, não chega.<br />

Acho que seremos sempre<br />

eternos insatisfeitos. Importa é<br />

transformar essa “inquietude”<br />

em produtividade e fazer com<br />

que, no fim do dia, a banda<br />

ganhe com isso.<br />

Poder fazer o som<br />

que queremos, com<br />

credibilidade, ir<br />

lançando trabalhos<br />

novos com regularidade<br />

e ir gerando interesse de<br />

novas pessoas já é uma<br />

recompensa valiosa. Se<br />

chega? Não, não chega.<br />

Certamente marcante foi a<br />

experiência de abrir para<br />

nomes como Paul Di Anno<br />

e House <strong>of</strong> Lords, como foi<br />

a receção dos diferentes<br />

públicos, até porque estamos a<br />

falar de nomes com sonoridade<br />

algo distinta.<br />

Talvez estejamos a meio<br />

caminho entre Paul Di Anno<br />

(NWOBHM e punk rock) e<br />

House <strong>of</strong> Lord (melodic hard<br />

rock/AOR). Talvez por isso não<br />

destoamos completamente de<br />

nenhum, o que ajuda a explicar<br />

termos sido bem recebidos,<br />

até com alguma curiosidade.<br />

Não é que sejamos famosos<br />

agora, mas esses concertos<br />

aconteceram ainda no primeiro<br />

ano de actividade dos Affäire e<br />

certamente 90% de quem lá foi<br />

não fazia ideia de quem éramos.<br />

Foi um passo para conseguirem<br />

se juntar à Demon Doll<br />

Records? Foi fácil chegar ai?<br />

Penso que o interesse da Demon<br />

Doll se deveu claramente a<br />

terem ouvido um advance do<br />

nosso álbum de estreia. No dia<br />

seguinte enviaram-nos logo<br />

uma proposta de contrato. Dito<br />

assim, parece que foi fácil, mas<br />

o que lhes chegou às mãos não<br />

nos caiu do céu. Foi importante<br />

termos lançado o nosso álbum<br />

de estreia por uma editora de<br />

culto deste género, para mais<br />

sediada na histórica “capital”<br />

do Hard Rock, Los Angeles.<br />

Abriu-nos algumas portas, algo<br />

que de outra forma dificilmente<br />

aconteceria.<br />

Ai então surge “At First<br />

Sight”, vosso primeiro longa<br />

duração <strong>of</strong>icial. A critica não<br />

podia ter sido melhor. O que<br />

sentiram?<br />

Está quase a fazer dois anos<br />

que saiu o “At First Sight” e a<br />

sensação é que já foi há mais.<br />

A verdade é que foi uma estreia<br />

sólida, onde nada foi deixado ao<br />

acaso. Se o álbum saísse hoje,<br />

continuaria muito satisfeito com


o resultado final. Aconteceu<br />

muita coisa entretanto e,<br />

modéstia à parte, constatamos<br />

que esse álbum colocou-nos<br />

no mapa deste género musical<br />

no underground internacional e<br />

deixou uma marca no Hard Rock<br />

nacional. A excassez de bandas<br />

portuguesas assumidamente<br />

deste género também ajuda, é<br />

um facto.<br />

Acham que tudo isso elevou<br />

ainda mais a fasquia para os<br />

objetivos da banda?<br />

Sem dúvida, mas penso que<br />

respondemos bem a isso. O<br />

novo disco “Neon Gods” está<br />

aí e, mais do que o que nós<br />

achamos, importa as pessoas<br />

ouvirem e darem a sua sentença<br />

quanto a essa fasquia. Apesar da<br />

edição em digipack, facilitámos<br />

a audição disponibilizando as<br />

músicas todas nas plataformas<br />

digitais, à medida de cada um...<br />

Olhando para o passado, anos<br />

80....acham que seria mais<br />

fácil vingar nessa altura?<br />

Porquê?<br />

Em Portugal teria sido<br />

bastante difícil, mas teríamos<br />

mais hipóteses, dada a maior<br />

popularidade deste género<br />

na época e a maior abertura<br />

de grandes editoras para<br />

lançamentos de rock. Nos<br />

E.U.A., as hipóteses seriam<br />

outras, mas também é verdade<br />

que havia uma competitividade<br />

extrema. Para cada banda<br />

que rompia, 999 falhavam na<br />

sombra. Mas tudo estava em<br />

aberto, tudo podia acontecer. E<br />

ao menos estaríamos a viver o<br />

sonho, a acreditar que iria durar<br />

para sempre e sem fazer ideia<br />

de que iria aparecer uma nuvem<br />

negra chamada grunge! Sem<br />

dúvida que trocava.<br />

Diferenças para o que se vê<br />

atualmente?<br />

Incomparável. Só podemos falar<br />

do conhecimento “histórico”<br />

que temos, porque nos anos 80<br />

nenhum de nós tocava ainda em<br />

bandas. Falando de Portugal,<br />

agora existem melhores<br />

condições para haver uma<br />

gravação decente e para uma<br />

banda ter uma “carreira” mais<br />

sólida. A nível global, tenho<br />

obivamente de mencionar a<br />

música na era digital como um<br />

pau de dois bicos: por um lado,<br />

permite um acesso mais livre para<br />

uma divulgação sem barreiras<br />

do ponto de vista das bandas e a<br />

um poço sem fundo para quem<br />

quer conhecer mais música,<br />

seja ela recente ou antiga. Por<br />

outro, banaliza e desvaloriza o<br />

produto musical. Ninguém quer<br />

saber dos músicos que gravaram<br />

e lançaram algo com esforço<br />

e baseado nas suas poupanças<br />

pessoais, é como se até a autoria<br />

da música tivese passado a ser<br />

uma ideia descabida ou virtual.<br />

Além de que a facilidade de<br />

acesso conduziu a uma <strong>of</strong>erta<br />

extremamente saturada.<br />

Quais as maiores dificuldades<br />

com que uma banda se depara<br />

de hoje em dia, pois são poucos<br />

os artistas nacionais que<br />

conseguem, vá lá sobreviver,<br />

só da música?<br />

Talvez comece na falta de<br />

abertura dos principais meios<br />

de divulgação para sair do<br />

círculo restrito dos lobbies/<br />

grupos económicos/editoras/<br />

promotores que insistem em<br />

promover os mesmos de sempre,<br />

em preferir manter a postura de<br />

carneirinho que ouve o que lhe<br />

impingem e promove o que lhe<br />

mandam promover. E porque o<br />

fazem? Para tentarem provar-se<br />

relevantes, desesperadamente<br />

jovens ou simpelsmente para<br />

garantirem a continuidade<br />

desses círuclos de interesses.<br />

Sem divulgação nos maiores<br />

canais, as bandas que fogem<br />

ao “mais do mesmo” ou que<br />

não estão inseridos nessas<br />

correntes de favores estão<br />

de certa forma confinadas ao<br />

underground. Falando do lado<br />

financeiro, é uma conversa já<br />

um pouco gasta mas penso que<br />

existe uma relação directa entre<br />

a ausência de incentivos e o<br />

desconhecimento generalizado<br />

no exterior sobre música<br />

portuguesa, exceptuando o<br />

fado. Em muitas das críticas<br />

que lemos ao nosso trabalho,<br />

temos de levar com a cassete do<br />

“Portugal é conhecido pelo seu<br />

sol e praias mas não por uma<br />

tradição de bandas de rock ou<br />

metal”...<br />

Lembro neste seguimento dos<br />

Moonspell, com toda a certeza<br />

o nome mais consagrado<br />

mundialmente da cena metal<br />

nacional. Sons diferentes, mas<br />

ambições iguais, é assim com<br />

os Affaire?<br />

Os Moonspell tiveram a sorte<br />

de surgir no timing certo – o<br />

boom do gothic metal nos 90s<br />

- mas também tiveram mérito<br />

no trabalho consistente que<br />

os mantem no topo da cena<br />

nacional há mais de 20 anos.<br />

Mas há bandas portuguesas com<br />

as quais me identifico mais e que<br />

mereciam mais algum tempo<br />

de antena. A cena nacional<br />

27


não pode ser vista como, de<br />

um lado, os reis Moonspell<br />

como um eucalipto e, o resto,<br />

a plebe, mera paisagem para<br />

encher o cenário. Compreendo<br />

que tenham mais destaque, mas<br />

considero desmesurado que, das<br />

raras vezes que o conservador<br />

mainstream nacional espreite<br />

no hard’n’heavy, veja sempre<br />

os mesmos. Seria um bocado<br />

forçado dizer que ambicionamos<br />

chegar ao nível de notoriedade<br />

deles. As probabilidades jogam<br />

contra nós e, como disse atrás, a<br />

ambição é fazer por ir crescendo<br />

e logo se vê onde conseguimos<br />

chegar.<br />

Como veem o panorama<br />

nacional? Bandas de<br />

referência para vocês?<br />

Sinceramente, nós preocupamonos<br />

sobretudo em fazer bem a<br />

nossa parte. E daí parte o nosso<br />

contributo. Sabemos que há<br />

bandas interessantes, mas não<br />

somos propriamente ávidos<br />

conhecedores da actualidade<br />

do panorama nacional. Isto<br />

explica-se em parte com o<br />

facto de sermos totalmente<br />

influenciados a nível musical, de<br />

ética de trabalho e da forma de<br />

pensar a banda com exemplos<br />

vindos de outros países. Por<br />

isso, é natural que não exista<br />

nenhuma banda nacional que<br />

seja uma referência para nós:<br />

nenhuma nos influenciou. O<br />

que não quer dizer que não<br />

gostemos de bandas nacionais.<br />

As minhas preferências vão<br />

para Tarantula, Midnight Priest<br />

e o álbum de 1992 dos Joker,<br />

“Ecstasy”. Acho que a única<br />

banda nacional consensual nos<br />

Affäire e presença certa quando<br />

estamos na estrada são os<br />

28<br />

míticos Ena Pá 2000!<br />

Sendo o nosso meio algo curto,<br />

digo isto no sentido de sentir<br />

e perceber que a imprensa<br />

escrita é reduzida, abundam<br />

claro as publicações digitais,<br />

que implicam menores custos,<br />

mas para as quais nós sentimos<br />

muitas das vezes o fechar da<br />

porta por parte de grandes<br />

promotores, a rádio está<br />

há muito “comprada” para<br />

determinadas divulgações, e<br />

grande parte dos concertos vai<br />

funcionando um pouco como<br />

underground, arrastando<br />

“minorias”, devido aos espaços<br />

também eles não <strong>of</strong>erecerem<br />

as melhores condições para<br />

outros voos. Não estou a<br />

menosprezar, estou só a<br />

tentar perceber, qual a vossa<br />

sensibilidade e o que acham<br />

que falta para que tudo fosse<br />

diferente, mais motivante<br />

para o vosso lado, enquanto<br />

músicos, compositores?<br />

Essas são perguntas que também<br />

fazemos a nós próprios. Para<br />

bandas da nossa “divisão”, não<br />

acho que haja falta de espaços<br />

com condições razoáveis. Talvez<br />

haja alguma falta de amor à<br />

música e à cultura rock n roll.<br />

Em querer ajudar a manter viva<br />

uma cena e ajudá-la a crescer.<br />

Há obviamente excepções e,<br />

falando pelos Affäire, sempre<br />

tivemos bastante airplay nas<br />

principais rádios nacionais<br />

ligadas ao rock. Em programas<br />

de autor, é certo, onde “políticas”<br />

não entram, mas também é<br />

nesses que se vê o amor à<br />

camisola. Sentimento que já<br />

falta quando existem inúmeras<br />

casas com nomes pomposos -<br />

fica sempre “cool“ usar e abusar<br />

da palavra rock, mas depois não<br />

ter a integridade de fazer jus<br />

ao nome. Seja por preferirem<br />

apostar consecutivamente em<br />

bandas de covers ou por uma<br />

atitude de quem faz um favor<br />

em receber bandas para tocar ao<br />

vivo. Infelizmente, esse amor<br />

à camisola também falta no<br />

público que diz gostar de rock.<br />

Tirando uma restrita minoria,<br />

quase ninguém tem coragem de<br />

sair de casa para ver concertos<br />

que não sejam as romarias ao<br />

Parque Marítimo de Algés...<br />

O EP “Neon Gods”, surge este<br />

ano com 4 temas originais uma<br />

cover, “I Saw Her Standing<br />

There”, dos The Beatles, que<br />

eu particularmente acho<br />

fantástica e aproveito para vos<br />

dar os parabéns pelo trabalho.<br />

Qual o próximo passo?<br />

Obrigado pelas palavras e pelo<br />

interesse! O novo disco é muito<br />

recente e ainda há muita gente<br />

que precisa de nos conhecer,<br />

só que ainda não sabe! Essa<br />

é a nossa tarefa constante e<br />

quero aproveitar para agradecer<br />

a todas as pessoas que têm<br />

perdido o seu tempo a partilhar<br />

a nossa música por aí e a darnos<br />

a conhecer, a troco de nada!<br />

Isto seria muito mais crítico sem<br />

esse apoio e é uma das razões<br />

que nos faz continuar aqui.<br />

Ainda nos continuam a chegar<br />

críticas ao disco vindas de todo<br />

o lado, que vamos partilhando<br />

nas redes sociais. Neste outono<br />

vai sair o primeiro videoclip<br />

<strong>of</strong>icial retirado de “Neon<br />

Gods”. Paralelamente, estamos<br />

a trabalhar em músicas novas<br />

e não escondo que em 2018<br />

vamos querer dedicar-nos a um<br />

segundo álbum.


29


eNTREVISTA<br />

"Deep Calleth Upon Deep" é provavelmente um dos discos mais<br />

aguardados do ano. Depois das notícias sobre o tumor de Satyr e<br />

a incerteza acerca do futuro da banda - afinal este poderá muito<br />

bem ser o seu último álbum - fizeram com que as atenções se<br />

concentrassem ainda mais. Frost recebeu-nos para um simpática<br />

conversa acerca do actual momento da banda, o novo álbum e para<br />

além dele.<br />

João Coutinho<br />

30


Como é ter mais um álbum<br />

e começar a montanha<br />

russa de entrevistas outra<br />

vez?<br />

É sempre entusiasmante<br />

começar mais um ciclo de<br />

entrevistas com o novo álbum<br />

“Deep Calleth upon Deep”.<br />

Já não lançávamos um álbum<br />

desde 2013 e estou ainda<br />

mais entusiasmado com o<br />

que ainda há por vir. Espero<br />

que os nossos fãs estejam tão<br />

entusiasmados como eu e o<br />

Satyr por começar mais uma<br />

jornada!<br />

O álbum anterior foi sentido<br />

como que se mostrasse toda<br />

a vossa carreira, e ainda<br />

foi capaz de trazer de volta<br />

alguns fãs antigos. Esse<br />

facto constituiu um desafio<br />

extra para escrever "Deep<br />

Calleth upon Deep"?<br />

Sim, claro. Já andamos por<br />

aí a fazer música há algum<br />

tempo e sempre quisemos<br />

melhorar cada vez mais<br />

de álbum para álbum.<br />

Sempre tentámos inovar e<br />

desenvolver um pouco o<br />

estilo de música que tocamos.<br />

Sentimos que realmente<br />

atingimos o objectivo que<br />

nos auto propusemos com o<br />

“Deep Calleth Upon Deep”!<br />

E é um sentimento excelente<br />

quando as coisas correm<br />

como desejamos.<br />

Para ti qual é o melhor ponto<br />

do "Deep Calleth Upon<br />

Deep"? Achas que terá um<br />

papel preponderante na<br />

vossa música como o vosso<br />

álbum auto-intitulado?<br />

Sim, apesar de para mim<br />

este ser um álbum muito<br />

diferente que nos leva para<br />

outro patamar. Tem sido uma<br />

jornada longa. Este álbum<br />

é um passo Ainda mais em<br />

frente dos Satyricon.<br />

Podes falar-nos um pouco<br />

mais do processo de escrita<br />

do álbum? Ensaiaste muito<br />

com o Satyr e as ideias<br />

saíram daí?<br />

Claro, ensaiamos muito.<br />

Fomos ensaiar e sentimos que<br />

tínhamos imensa criatividade<br />

em nós que deveria ser<br />

explorada. Queríamos<br />

depositar Ainda mais de<br />

nós no “Deep Calleth Upon<br />

Deep” do que havíamos feito<br />

em trabalhos anteriores. É<br />

um processo muito dinâmico<br />

e orgânico compôr e ensaiar.<br />

Tudo o que nos fizemos<br />

vem realmente do fundo<br />

do nosso coração, desde o<br />

primeiro dia.<br />

A condição do Satyr (tumor<br />

do cérebro), vai afetar os<br />

planos para digressões?<br />

Temos muitos planos para<br />

digressões! Temos planos<br />

para praticamente todo o<br />

mundo. Europa, América. O<br />

álbum vai sair e vamos andar<br />

em digressão por todo o<br />

mundo durante 2018. Não me<br />

lembro se vamos a Portugal<br />

mas seria ótimo!<br />

Os Satyricon têm agora uma<br />

longa e diversa carreira.<br />

Há algum momento na<br />

carreira dos Satyricon que<br />

hoje em dia não aprecies<br />

tanto como antes?<br />

Tudo o que nos fizemos vem<br />

realmente do fundo do nosso<br />

coração, desde o primeiro<br />

dia. Por isso acho que<br />

não. Estou extremamente<br />

satisfeito com toda a carreira<br />

dos Satyricon e penso que<br />

ainda temos muito mais<br />

por onde explorar, tentando<br />

sempre evoluir Ainda mais<br />

como banda.<br />

Estás em duas bandas que<br />

tocam Black <strong>Metal</strong> mas são<br />

muito diferentes uma da<br />

outra. Como sentes o género<br />

hoje em dia, especialmente<br />

toda a diversidade nele?<br />

Não penso muito sobre isso.<br />

Temos a nossa identidade<br />

e uma voz muito clara<br />

na maneira como nos<br />

expressamos. Acho que isso<br />

é mais que suficiente.<br />

Os Satyricon têm uma<br />

carreira rica, onde sentimos<br />

que alcançaram tanto, mais<br />

do que a maior parte sonha.<br />

O que falta alcançar? O<br />

que ainda há para fazer?<br />

Acho que deve haver algo que<br />

ainda não atingimos e que<br />

falta fazer. Mas está na nossa<br />

natureza ser impressivieis,<br />

mesmo para nós próprios.<br />

Temos respirado e vivido<br />

este álbum, mas mais álbuns<br />

virão e teremos oportunidade<br />

de fazer Ainda mais!<br />

31


Belphegor, pioneiros do metal extremo e uma das bandas mais poderosas e enraivecidas do momento. Com "TotenRitual"<br />

como novo trabalho, não podíamos deixar de ter uma conversa com Helmut, o verdadeiro filho de satanás. Uma conversa<br />

intimista na qual o vocalista nos fala do seu recente problema de coração e de todos os excessos na vida da banda.<br />

João Coutinho<br />

“TotenRitual” é o nome do vosso novo lançamento . É um registo escuro e pesado dos Belphegor. O tens a<br />

dizer sobre isso?<br />

O nosso objectivo principal foi criar a <strong>of</strong>erta mais brutal e pesada que consagramos até agora. Os tambores são<br />

extremamente explosivos e muito técnicos com blastbeats, "fills", mudanças de tempo. O baixo é como um tanque<br />

panzer que atravessa o terreno. As quatro guitarras rítmicas são agressivas e com um tom demoníaco obscuro. Também<br />

acho que esta é a minha mais variada e melhor performance vocal até ao momento. Tenho grunhidos, gritos, spoken<br />

32


word, cantos e até coros de monge como em “Apophis - Black Dragon" e "Embracing A Star“. Estou realmente<br />

orgulhoso deste álbum e mal posso esperar até que ele seja lançado. Ele leva aos limites de tudo o que fizemos<br />

anteriormente.<br />

Como foi o processo de gravação e composição do álbum?<br />

“TotenRitual” é a representação perfeita dos Belphegor numa encarnação ainda mais intensa e possuída. Faixas<br />

como "The Devil's Son", "Swinefever - Regent Of Pigs", "Baphomet" são provavelmente o melhor exemplo de como<br />

queríamos tocar no ano de <strong>2017</strong>. A parede de som é simplesmente brilhante e impressionante, forjada na Flórida<br />

/ E.U.A. por Jason Suec<strong>of</strong> e Mark Lewis nos estúdios Audiohammer. O feedback tem sido impressionante até ao<br />

momento.<br />

33


"não diria que estou mais forte, uma operação de<br />

Vocês consideram o “Totenritual” o álbum mais ambicioso da vossa<br />

carreira? Puxando os limites do que vocês fizeram no passado?<br />

Sim, considero este o mais ambicioso. Esse foi o plano principal, com esta<br />

linha mais forte que já tivemos para um registo Belphegor até agora. Parece<br />

ótimo e estou muito orgulhoso deste novo LP. Deve notar-se que gravei todas<br />

as guitarras para o álbum, mas contratamos sempre um guitarrista de sessão<br />

experiente para apresentações ao vivo. O Serpenth faz tatuagens quando não<br />

está ocupado com os Belphegor e é verdade que ele gravou o logotipo original<br />

no estômago do baterista. Essa exibição de dedicação tornou mais claro que<br />

queríamos assumir o baterista dos monstros alemães Bloodhammer na banda<br />

como um membro permanente. Ele possui um estilo muito dinâmico e técnico.<br />

Com ele na banda, conseguimos trazer todos os aspectos do nosso som para<br />

o próximo nível de extremidade. Tudo parece mais brutal, mais possuído e<br />

alcançou a vibração ritualista que imaginamos desde o início deste projeto.<br />

Mesmo que este seja mais um álbum de metal extremo, não parece<br />

previsível ou, como algo que já tenhamos ouvidoo antes. Como é<br />

que conseguem fazer um registo que se sente fresco, mas também<br />

permanecendo completamente fiel às origens do metal extremo?<br />

Primeiro, as tuas palavras são muito apreciadas. Bem, a razão principal é<br />

definitivamente que sintonizamos as nossas guitarras ainda mais baixas, de<br />

modo a obter uma vibração mais baixa e mais ritmada. Temos muitas afinações<br />

neste álbum: ajustes muito baixos em Si e Lá sustenido. Esse foi um grande<br />

desafio para mim e para o Serpenth, o baixista. As duas afinações diferentes<br />

demoraram muito tempo extra a estabelecer com cordas novas e mais espessas<br />

e diferentes configurações de guitarra. Ele mostrou-me um novo mundo, foi<br />

emocionante com todo o processo de composição / gravação do “Totenritual”.<br />

E foi a decisão certa, então o nosso som desenvolveu-se novamente, ficou<br />

fresco e aumentamos a dinâmica e a intensidade completamente dedicadas à<br />

34<br />

música extrema<br />

Após a infecção pulmonar, voltaste<br />

poderosa do que antes. Achas que est<br />

para fazeres música ainda melhor p<br />

melhores concertos ao vivo?<br />

Eu não diria que estou mais forte, uma o<br />

feridas irreversíveis. A banda é mais f<br />

fazer um concerto tão bruto como actu<br />

pouco mais sábio e mais focado hoje em<br />

operação e nós estávamos cercados de<br />

ou tocássemos. Tudo foi excesso por m<br />

mal: eu não quero perder esses tempo<br />

suicida”, mas se o meu corpo não tiv<br />

estaria morto agora ou mesmo num h<br />

um pouco de sorte, porque eu sei que<br />

forma. Fiquei apaixonado por aquilo,<br />

importante como comer. De qualquer<br />

quando estas próximo da morte. O m<br />

trouxe um novo tipo de loucura de vol<br />

banda.<br />

De volta ao dia em que vocês co<br />

misturar tão bem ambos os géneros<br />

que nunca tinha sido feita antes?<br />

Sim, estávamos entre as primeiras b<br />

simbiose perfeita de ambos os estilos e<br />

estivessem a fazer isto. A cena extrem<br />

Death <strong>Metal</strong>. Para nós, foi natural, já


coração faz sempre algumas feridas irreversíveis."<br />

ainda mais forte e com a voz mais<br />

a foi uma espécie de motivação extra<br />

ara os fãs quando voltaste? E fazer<br />

peração de coração faz sempre algumas<br />

orte hoje em dia, nunca conseguimos<br />

almente. Para mim, talvez eu seja um<br />

dia. Eu era viciado em álcool antes da<br />

excessos, onde quer que estivéssemos<br />

ais de quinze anos. Não me interpretem<br />

s, foi ótimo viver este “estilo de vida<br />

esse que parar, tenho certeza de que<br />

ospital psiquiátrico. Então, sim, tive<br />

nunca teria parado o excesso de outra<br />

muito apaixonado e na época, era tão<br />

forma, há um tipo especial de loucura<br />

eu coração não estava a trabalhar. Eu<br />

ta comigo, que certamente melhorou a<br />

meçaram, como foram capazes de<br />

de metal extremo de uma maneira<br />

andas da Europa que criaram uma<br />

xtremos. Não havia outras bandas que<br />

a do metal foi dividida em Black and<br />

que o nosso antigo guitarrista Sigurd<br />

[1993-2006] era mais o maníaco do Black <strong>Metal</strong>, enquanto eu estava mais no<br />

Death <strong>Metal</strong>, e nós éramos os principais compositores, então, sim, é isso que<br />

fizemos, tentando fundir esses sons majestosos arcaicos juntos , e criamos o<br />

nosso som desde então.De qualquer forma, somos pioneiros no <strong>Metal</strong> extremo<br />

e nós trabalhamos muito para chegar a este ponto.<br />

Vocês anunciaram uma digressão européia e Portugal não está na lista.<br />

Algum motivo especial ou não havia interesse dos promotores? Vocês<br />

acham que podem voltar cá para tocar no SWR Barroselas metal Fest<br />

Tal como fizeram em 2013?<br />

Sabes que não somos promotores. Está na hora de voltar a Portugal. Já faz<br />

um tempo e esperamos ter a oportunidade em 2018. Um festival ao ar livre<br />

seria excelente, nós entraríamos com um ritual completo para dar às pessoas<br />

uma performance diferente. É mais uma cerimónia de morte e magia do que<br />

um concerto de metal típico. Assim que ouço a introdução, cheiro o incenso,<br />

a minha mente muda para outra realidade e eu desço para outro reino. Eu<br />

adoro deixar espiritualmente o meu corpo num mundo demoníaco por mais<br />

de uma hora. Cada concerto tem o seu próprio sentimento, cada cerimónia é<br />

desafiadora, não importa se tocamos para 200 ou 20.000 pessoas.<br />

Obrigado pelo teu tempo e muita sorte com o álbum e as digressões!<br />

Espero ver-te em breve em Portugal!<br />

Obrigado pelo espaço na <strong>World</strong> Of <strong>Metal</strong>, João. Além disso, eu quero agradecer<br />

às pessoas que ouvem os nossos CDs, compram merch nos concertos e todos<br />

os que frequentam os rituais ao vivo dos Belphegor. Bem, espero que as<br />

pessoas não possam esperar para ter o novo álbum, intitulado “Totenritual”,<br />

e apoiar-nos para que possamos continuar a marchar com a máxima força em<br />

todo o mundo! Voltar a Portugal em 2018 é o plano. O inferno espera-nos!<br />

35


Os Septicflesh foram mais uma daquelas bandas da vaga dos anos 90 que “explodiram” completam<br />

a banda assumiu um papel de destaque no panorama da música extrema mundial, fazendo digressõ<br />

pelos seus artworks idealizados por Seth Siro, que também já trabalhou para bandas nacionais com<br />

conversa via Skype com um dos gênios por detrá<br />

36


ente pelo mundo. Com a sua mistura inegavelmente estonteante de Death <strong>Metal</strong> e orquestrações,<br />

es por todo o mundo e vendendo milhares e milhares de discos. Além da sua música, são conhecidos<br />

o Moonspell. Com o “Codex Omega” sempre bem presente nas nossas mentes tivemos uma excelente<br />

s da máquina, Christos Antoniou. - João Coutinho<br />

37


O “Codex Omega” é totalmente diferente<br />

do “Titan” ou de outros álbuns dos<br />

SepticFlesh.<br />

O “Codex Omega” aparece após<br />

27 anos de carreira e está a ser<br />

considerado um dos vossos discos<br />

mais consistentes. Partilhas da<br />

mesma opinião?<br />

Sim, o “Codex Omega” destaca-se<br />

como sendo o nosso melhor e mais<br />

maduro trabalho. Tem elementos<br />

de todas as eras dos SepticFlesh.<br />

Trabalhamos arduamente para<br />

este álbum, estávamos muito<br />

concentrados a fazer várias<br />

experiências. Foram diversas<br />

coisas que fizemos, de modo a<br />

que o novo trabalho soasse a algo<br />

fresco. Até agora pela crítica e pela<br />

recepção que já tivemos parece<br />

que o “Codex Omega” será o disco<br />

de maior destaque em toda a nossa<br />

discografia. Estamos ansiosos por<br />

38<br />

ouvir Ainda mais opiniões sobre o<br />

nosso novo álbum!<br />

A parte orquestral é, como<br />

de costume, um dos melhores<br />

pontos da vossa música. Onde se<br />

inspiram para as escrever?<br />

Sabes, somos todos fãs de bandas<br />

sonoras e música clássica. E isso é<br />

muito importante, visto que assim<br />

partilhamos todos as mesmas<br />

influências. Ouvimos muita música<br />

moderna e diversos compositores<br />

mundiais e usamos esta “arma” à<br />

nossa maneira. Nunca temos de<br />

contratar ninguém. É algo bastante<br />

simples de fazer para nós porque<br />

temos todos os mesmos interesses<br />

e conseguimos criar as diferentes<br />

partes de orquestra, o que é<br />

extremamente importante para<br />

uma banda como nós.<br />

Quando pensamos que vocês não<br />

conseguem escrever um álbum<br />

melhor, vocês vão lá e escrevemno.<br />

Como é que conseguem<br />

escrever música tão complexa<br />

e fazê-la parecer tão simples ao<br />

mesmo tempo? E fazer sempre<br />

melhor do que haviam feito<br />

anteriormente?<br />

Para nós cada um dos nossos álbuns<br />

é especial. Ficamos nos nossos<br />

estúdios privados, a pensar em<br />

algumas ideias. Fazemos sempre<br />

um “brainstorming” com algumas<br />

das ideias para composições e<br />

vamos sempre à procura de algo<br />

que tenha qualidade e que nos


satisfaça. Para os SepticFlesh estes<br />

processos são todos extremamente<br />

importantes. O processo de<br />

composição, as letras, o artwork.<br />

Nós levamos o nosso tempo. Não<br />

tentamos apressar demasiado as<br />

coisas e damos sempre o nosso<br />

melhor. Vamos fazer isso sempre.<br />

Quando sentirmos que não temos<br />

nada para <strong>of</strong>erecer a quem nos<br />

ouve paramos a banda, é simples.<br />

Nos álbuns dos Septicflesh o que<br />

vem primeiro, as orquestrações<br />

ou os riffs?<br />

Bem, tudo é igual. Porque, na<br />

verdade, nós tocamos metal. E<br />

mesmo sendo a parte orquestral<br />

importante para nós e sendo<br />

também uma maneira de nos<br />

distinguirmos dos outros, o metal<br />

é também muito importante. Posso<br />

dizer que as partes orquestrais<br />

são fundamentais na banda, tendo<br />

exatamente o mesmo peso que a<br />

parte dos riffs.<br />

Falando sobre o novo produtor<br />

neste álbum. O que é que o Jens<br />

Bogren trouxe aos Septicflesh?<br />

Foi recomendado pelos<br />

vossos amigos portugueses, os<br />

Moonspell?<br />

O Jens Bogren é um produtor muito<br />

ativo. Ele já trabalhou com tantas<br />

bandas grandes e nós tentamos<br />

sempre mudar de produtor, de<br />

modo a não soarmos igual ao<br />

nosso lançamento anterior. O Jens<br />

é um produtor excelente e acho<br />

que ele fez o melhor trabalho até<br />

ao momento em todos os álbuns<br />

de SepticFlesh. Aprendemos<br />

certas coisas com ele. Aprendemos<br />

como combinar e, especialmente,<br />

encontrar o equilíbrio entre as<br />

partes orquestrais e as partes de<br />

metal, e adoramos o facto de ele<br />

ter feito a mixagem também. É um<br />

prazer ter este tipo de produtores.<br />

Adoramos tê-lo como produtor do<br />

“Codex Omega”.<br />

Consideras que a mudança no<br />

som em termos de atmosfera do<br />

“Titan” para o “Codex Omega”<br />

é devido ao produtor, à banda ou<br />

aos dois?<br />

É um som completamente diferente.<br />

O Jens traz um som muito diferente<br />

aos discos. Claro que o produtor<br />

não é suficiente para fazer um bom<br />

álbum. Como eu já tinha dito, tu<br />

tens de encontrar a tua maneira,<br />

pois a música vem do teu coração,<br />

dos teus dedos. Não é só o som. O<br />

som é muito importante mas vem<br />

depois. Primeiro tens de ter uma<br />

visão da maneira como te queres<br />

expressar. Temos de experimentar,<br />

temos de nos concentrar, temos<br />

de nos dedicar aquilo em que<br />

acreditamos. O “Codex Omega” é<br />

totalmente diferente do “Titan” ou<br />

de outros álbuns dos SepticFlesh.<br />

De onde veio o nome “Codex<br />

Omega”?<br />

Bem, “Codex Omega” é o 3º<br />

testamento. É uma música<br />

extremamente anti-religiosa que<br />

defende que todas as Bíblias foram<br />

concedidas por mentes humanas e<br />

a maneira mais eficiente de liderar<br />

as ações e os pensamentos de<br />

alguém.<br />

Como todos nós sabemos o<br />

Seth Siro é o responsável pelo o<br />

artwork nos SepticFlesh e este<br />

novo álbum não foi exceção. No<br />

processo, ele vem com uma capa<br />

final e mostra ao resto da banda,<br />

ou vocês discutem algumas<br />

ideias para que ele depois possa<br />

trabalhar?<br />

Nós temos algumas conversas<br />

no início mas primeiro, como é<br />

óbvio, vem a música e só depois<br />

vem o visual e as letras. Nós<br />

temos a nossa opinião mas nós não<br />

interferimos muito no trabalho do<br />

Seth. Ele faz o design à maneira<br />

dele. Nós confiamos uns nos outros<br />

e sabemos sempre que o Seth traz<br />

o melhor trabalho possível, bem<br />

como eu nas orquestrações. É uma<br />

química que já funciona à tantos<br />

mas tantos anos.<br />

Também gostaríamos de vos<br />

congratular por terem batido o<br />

recorde de pre vendas da Season<br />

Of Mist. Deve ter sido uma<br />

grande sensação. Como foi a tua<br />

reação?<br />

Ficamos extremamente satisfeitos.<br />

Só demonstra que o álbum foi<br />

devidamente apreciado por parte<br />

dos nossos ouvintes e demonstra<br />

que nos expandimos, de certa<br />

forma, para um conjunto de novos<br />

fãs. É sempre receber este tipo<br />

de notícias mas nós continuamos<br />

a trabalhar. Pretendemos sempre<br />

alcançar mais e melhor.<br />

Em termos de digressões,<br />

sabemos que vão andar em<br />

digressão com os FleshGod<br />

Apocalypse em Breve. Têm<br />

outros planos que incluam<br />

Portugal?<br />

Nós vamos fazer uma digressão<br />

europeia e outra norte americana<br />

mas é demasiado cedo para<br />

mencionar algo sobre essa<br />

descrição. Vamos à América<br />

Latina com os FleshGod, depois<br />

temos alguns concertos no Dubai,<br />

África do Sul. Depois vamos<br />

nos concentrar nas digressões na<br />

Europa e Estados Unidos!<br />

39


Steven Wilson<br />

O Senhor Progressivo<br />

Por Filipe Ferreira<br />

40


Algures no final dos anos 80 e influenciado<br />

pelo som de bandas de rock progressivo<br />

dos anos 70 como Pink Floyd, Steven<br />

Wilson começou a fazer experiências<br />

num estúdio caseiro sendo autodidata<br />

em vários instrumentos como guitarra,<br />

teclados, baixo, flauta entre outros.<br />

Eventualmente essas experiencias<br />

tornaram-se nos Porcupine Tree ao uma<br />

das bandas mais importantes no rock<br />

progressivo dos anos 90 em diante. Além<br />

da carreira com os Porcupine Tree e muitos<br />

outros projectos como Blackfield ou No-<br />

Man, Wilson ganhou também fama como<br />

engenheiro de som tendo feito misturas<br />

para álbuns de Anathema, Jethro Tull ou<br />

King Crimson, e como produtor, tendo<br />

por exemplo produzido e participado em<br />

vários álbuns de Opeth incluindo a obraprima<br />

da banda sueca “Blackwater Park”.<br />

Em 2010 depois de terminar a tour do álbum<br />

dos Porcupine Tree “The Incident” Wilson<br />

decidiu colocar a banda na gaveta durante<br />

algum tempo e dedicar-se á carreira a solo<br />

já que os vários membros dos Porcupine<br />

Tree tinham ideias diferentes para o rumo<br />

a seguir. Ao longo dos anos a banda<br />

britânica passou por várias fases, desde<br />

o som mais progressivo e psicadélico até<br />

ao álbum de 1996 “Signify” ao prog mais<br />

acessível de “Stupid Dream”e “Lightbulb<br />

Sun”, e por fim desde a entrada do<br />

baterista Gavin Harrison no álbum “In<br />

Absentia” (ainda hoje o meu preferido),<br />

os Porcupine Tree tornaram o som mais<br />

pesado aproximando-se mais do metal.<br />

Em 2008 Steven Wilson já tinha editado um<br />

álbum a solo como forma de experimentar<br />

sonoridades diferentes do que fazia nos<br />

Porcupine Tree. Agora ao decidir dedicarse<br />

totalmente á carreira a solo, Wilson<br />

acabou por continuar a abordagem de<br />

experimentação com o lançamento de<br />

álbuns bastante diferentes entre si, desde o<br />

jazzy “Grace for Drowning”até ao regresso<br />

ás grandes influencias das bandas dos 70s<br />

em “The Raven that refused to Sing (and<br />

other stories)”e “Hand. Cannot. Erase.”,<br />

ao som pop de “To The Bone”.<br />

Se por um lado é uma pena uma banda<br />

como Porcupine Tree estar parada,<br />

também é verdade que desde 2011 esta<br />

nova liberdade criativa permitiu a Wilson<br />

lançar alguns dos melhores trabalhos<br />

da sua já longa carreira. Aproveitando o<br />

lançamento do novo álbum “To The Bone”,<br />

fazemos aqui uma retrospetiva da carreira<br />

a solo de Steven Wilson, incluindo esse<br />

mesmo álbum.<br />

41


“Insurgentes”<br />

2008 - Kscope<br />

“Grace for Drowning”<br />

2011 - Kscope<br />

“The Raven that Refused to<br />

Sing (and other stories)”<br />

2013 - Kscope<br />

O álbum de estreia a solo de Steven<br />

Wilson, a fundador e a principal<br />

mente por trás dos Porcupine<br />

Tree, é uma homenagem às<br />

bandas de shoegaze do final dos<br />

anos 80. Os elementos prog rock<br />

estão lá mas embrulhados num<br />

manto de rock indie bem visível<br />

na primeira música (e grande<br />

destaque do álbum) "Harmony<br />

Korine", também o tema mais<br />

direto. Temos ainda as mais<br />

ambientais "Abandoner", "Veneno<br />

Para Las Hadas" ou as baladas<br />

"Insurgentes" e "Significant<br />

Other". Vemos ainda já uma pista<br />

para a direção em que o músico<br />

inglês irá no futuro a solo na muito<br />

jazzy "No Twilight Within the<br />

Courts <strong>of</strong> the Sun".<br />

42<br />

7.5/10<br />

Depois de "The Incident" dos<br />

Porcupine Tree, Steven Wilson<br />

decidiu por a banda inglesa na<br />

gaveta por algum tempo enquanto<br />

se concentrava no trabalho a<br />

solo. O resultado foi este "Grace<br />

for Drowning", um trabalho bem<br />

diferente do som quase metal<br />

progressivo que os Porcupine<br />

Tree tinham vindo a fazer nos<br />

últimos anos. Neste álbum duplo<br />

a abordagem é mais s<strong>of</strong>t em<br />

termos musicais, as músicas são<br />

mais ambientais e progressivas<br />

com as influências de jazz muito<br />

salientes especialmente em<br />

temas longos como "Sectarian",<br />

"Remainder The Black Dog" ou<br />

"Raider II". Existe ainda espaço<br />

para uma melancolia suave<br />

em "Deform to Form a Stare<br />

Postcard", ou para temas mais<br />

experimentais "No Part <strong>of</strong> Me",<br />

"Track One" ou a perturbadora<br />

"Index". Um álbum suave no som,<br />

pesado no sentimento e com uma<br />

aura bizarra que talvez não seja<br />

tão fácil de ouvir como outros<br />

trabalhos do britânico, mas tem<br />

uma qualidade enorme.<br />

9/10<br />

Se em "Grace for Drowning Steven<br />

Wilson tinha ido buscar influencias<br />

mais progressivas com uma boa<br />

dose de jazz, neste "The Raven<br />

that Refused to Sing (and other<br />

stories)" o som do rock progressivo<br />

dos anos 70 foi abraçado na sua<br />

totalidade. Para isto Wilson contou<br />

com a ajuda de Alan Parsons na<br />

qualidade de engenheiro de som,<br />

função que tinha já desempenhado<br />

no clássico "Dark Side <strong>of</strong> the<br />

Moon" dos Pink Floyd. Luminol<br />

com a sua longa intro instrumental<br />

pautada pelo forte baixo e os<br />

teclados funciona desde logo<br />

como um mergulho neste ambiente<br />

proggy. Não sendo este um álbum<br />

conceptual existe no entanto um fio<br />

comum a todas as músicas, cada<br />

uma conta uma história envolvendo<br />

elementos sobrenaturais e morte<br />

de alguma forma. Na melancólica<br />

"Drive Home" um homem que<br />

perdeu a parceira num acidente<br />

de viação, o relojoeiro que mata a<br />

mulher e a enterra em casa em "The<br />

Watchmaker" ou um idoso as portas<br />

da morte que pede a um corvo que<br />

cante para recordar a irmã á muito<br />

desaparecida na emocional "The<br />

Raven That Refused to Sing". Este<br />

álbum é a perfeita demonstração<br />

de rock progressivo á moda dos<br />

anos 70 com um som e produção<br />

perfeitos, com a sensibilidade<br />

muito particular de Steven Wilson.<br />

9.5/10


“Hand. Cannot. Erase.”<br />

2015 - Kscope<br />

“4 ½ ”<br />

2016 - Kscope<br />

“To the Bone”<br />

<strong>2017</strong> - Caroline International<br />

"Hand. Cannot. Erase" é um álbum<br />

conceptual inspirado na história de<br />

Joyce Carol Vincent, uma jovem<br />

mulher londrina que após se isolar de<br />

família e amigos viria a morrer no seu<br />

apartamento e apenas foi descoberta<br />

dois anos mais tarde. Musicalmente<br />

estamos ainda na esfera do rock<br />

progressivo totalmente influenciado<br />

pelas grandes bandas dos anos 70<br />

com Pink Floyd a vir á mente mais que<br />

uma vez, particularmente em Regret<br />

#9. Ainda assim ao contrário do álbum<br />

anterior, "Hand. Cannot. Erase." tem<br />

uma sonoridade mais moderna ao<br />

mesmo tempo. O tema do isolamento<br />

está sempre presente, mas este<br />

álbum acaba por ser musicalmente<br />

menos negro que o anterior "The<br />

Raven that Refused to Sing (and other<br />

stories)" e com temas que apesar de<br />

serem melancólicos têm uma certa<br />

luz como "3 Years Older" ou "Happy<br />

Returns". A grande excepção a essa<br />

luz é o tema "Routine" um dos mais<br />

deprimentes que Steven Wilson já<br />

escreveu, mas ao mesmo tempo<br />

incrivelmente belo. Este álbum acaba<br />

por estar polvilhado por momentos<br />

instrumentais de enorme qualidade<br />

como em Home Invasion a já referida<br />

"Regret #9" ou "Ancestral". O tema<br />

mais semelhante a um single é a<br />

música titulo que é simplesmente<br />

perfeita. "Hand. Cannot. Erase." é<br />

um álbum extremamente sólido que<br />

flui de forma perfeita consegue ser<br />

um álbum que ganha muito em ser<br />

ouvido todo de seguida, mas todas<br />

as musicas sobrevivem sozinhas.<br />

Steven Wilson está aqui na sua<br />

melhor forma, e entregou um álbum<br />

que facilmente se tornou num dos<br />

meus preferidos de sempre.<br />

10/10<br />

Como o próprio nome indica 4 ½<br />

é o ponto intermédio entre o 4º<br />

álbum a solo de Steven Wilson<br />

"Hand. Cannot. Erase." e o 5º "To<br />

The Bone". Este EP contém várias<br />

músicas vindas das sessões<br />

de "Hand. Cannot. Erase." mas<br />

que não entraram no álbum. Os<br />

temas contêm o mesmo estilo<br />

que o 4º álbum do britânico<br />

destacando-se "My Book <strong>of</strong><br />

Regretse Happiness III" que é<br />

bem mais alegre que qualquer<br />

coisa em "Hand. Cannot. Erase.".<br />

Temos ainda vários instrumentais<br />

com destaque para o excelente<br />

"Vermillioncore" com destaque<br />

para o excelente trabalho do<br />

baterista Craig Blundell. Para<br />

o fim temos ainda uma versão<br />

do clássico de Porcupine Tree,<br />

"Don’t Hate Me" em dueto com a<br />

cantora israelita Ninet Tayeb que<br />

assenta que nem uma luva na<br />

música. Um EP interessante para<br />

fãs de Steven Wilson.<br />

8/10<br />

Desde que se voltou a concentrar<br />

no projecto a solo que Steven<br />

Wilson tem abraçado o papel<br />

de porta-estandarte do rock<br />

progressivo, tendo vindo a lançar<br />

dos melhores álbuns da carreira.<br />

Agora com este "To The Bone"<br />

o multi-instrumentista foi buscar<br />

inspiração às suas influências<br />

de tendência mais prog pop<br />

vindas dos anos 80 como Peter<br />

Gabriel, Kate Bush ou Talk<br />

Talk. O resultado foi um álbum<br />

orientado às canções, em que<br />

os vários temas são mais curtos<br />

e imediatos com um tom mais<br />

feliz. O expoente máximo disto<br />

é "Permanating" facilmente a<br />

musica mais alegre e comercial<br />

que Wilson fez em toda a carreira.<br />

Mas antes dos fãs de prog rock<br />

entrarem em pânico, há que dizer<br />

que em To The Bone continuamos<br />

no universo do progressivo com<br />

o toque característico do músico<br />

inglês. Bem prova disso são<br />

temas como "Refuge", "Song <strong>of</strong><br />

Unborn" ou "Blank Tapes". Entre<br />

os vários temas destacam-se<br />

o tema titulo, "Nowhere Now",<br />

"The Same Asylum As Before" ou<br />

"Song <strong>of</strong> I". "To The Bone" não<br />

é o trabalho de um musico que<br />

se rendeu ao mundo da música<br />

comercial, é apenas mais um local<br />

que Wilson visita, e um álbum<br />

sólido que pode agradar aos fãs<br />

mais antigos, e conquistar novos.<br />

9/10<br />

43


44<br />

Pesadelos<br />

por Fernando Ferreira<br />

Capírtulo II - Os Lugares Místicos da Madrugada<br />

-Calma Ana.<br />

-Calma?! Calma?! Eu acabei de perder o meu filho e quase perdi o meu segundo esta noite!<br />

Como podes esperar que esteja calma?!<br />

-Eu posso compreender o que...<br />

-Não, não compreendes! Tu não viste o teu filho a mergulhar num coma que dura há meses!<br />

Nem tiveste o teu filho mais novo a acontecer o mesmo esta noite!<br />

-Sim, é verdade mas não fui eu que fui ter contigo. Foste tu que vieste ter comigo, lembras-te?<br />

-Mas o André... não foram vocês...<br />

-É o que estou a tentar explicar-te desde que chegaste... eu nunca iria iniciar o André no<br />

programa sem a tua autorização. Eu nem queria que o Diogo entrasse. Foste tu.<br />

Ana perde as forças nas pernas e Jones ampara-a, sentando-a na cadeira.<br />

-Então, como é que ele...?<br />

-Não sei. Temos estado a tentar perceber o que se passou com o Diogo, a comparar os dados<br />

com o que temos de todos os que caíram no sono sem chegar a qualquer conclusão. O único<br />

avanço que tivemos foi a noite passada quando...<br />

-Quando o André entrou no programa.<br />

-Eu não sei como ele o fez mas não posso ignorar o que outros chamam de coincidências.<br />

Já sabes que acredito que não existem coincidências. Porque é que tu sugeriste que o Diogo<br />

entrasse no programa?<br />

-Tu sabes bem porquê!<br />

-Faz-me a vontade, é importante.<br />

Ana suspira.<br />

-Sugeri porque ele demonstrou-me ter uma capacidade incomum para controlar os sonhos.<br />

Por chegar até a chamar-me aos sonhos dele. Fui idiota e condenei o meu filho, foi o que eu fiz!<br />

-Foi esse sentimento de culpa que fez com que te afastasses do teu filho. Mas sabes o que eu acho?<br />

Acho que foi esse afastamento que levou a que o André quisesse ir à procura do irmão. - Ana<br />

prepara-se para protestar mas Jones levanta a mão, pedindo-lhe para acabar - Aquilo que não sabes<br />

é que as habilidades do Diogo não são exclusivas a ele. Na verdade, talvez o André seja até mais<br />

poderoso que ele. Aquilo que tu fizeste acabou por despertar exactamente esse poder latente. O<br />

rapaz continuou onde o Diogo ficou, chamou-te ao sonho e conseguiu seguir em frente.<br />

-Como é que sabes que ele seguiu em frente...? Ele assinou um contrato com o diabo!<br />

-Ok, primeiro, ambos sabemos que o diabo que tu viste não é, não pode ser visto como o<br />

diabo literalmente. Apenas aquilo que o diabo representa. Aquilo que não te podes esquecer


é que ele pegou onde o Diogo ficou, ou seja, ele não está a combater o seu subconsciente,<br />

está a combater o subconsciente do irmão. São os nossos próprios medos que nos deixam<br />

paralisados, os dos outros são mais fáceis de superar.<br />

-Tenho tanto medo de o perder a ele também...<br />

-Eu sei. Não te vou dar falsas esperanças. Continuamos a não saber como chegar ao sono,<br />

continuamos a não saber o que acontece lá. No entanto, o que sabemos é que o teu filho não caiu<br />

no sono. Os sinais vitais dele indicam apenas que está a dormir. O que também sabemos é que tu<br />

entraste no sonho, ou seja, continuamos a ter uma perspectiva daquilo que aconteceu lá dentro.<br />

-Mas eu não fiz nada!<br />

-Eu sei, foi ele que te chamou. E se o fez uma vez, vai fazê-lo novamente. Aliás, o teu<br />

subconsciente poderá estar lá neste momento, sem te aperceberes. Mas temos forma de saber<br />

tudo, não te preocupes. Os teus sonhos serão tão vívidos como um filme. Neste momento o<br />

André é a melhor hipótese que tens de recuperar o Diogo.<br />

As chamas extinguem-se e tudo desaparece, como que sugado por um furacão. Um urro<br />

infernal luta contra o inevitável mas não há como escapar à inevitabilidade. Palavras de ódio,<br />

juras de vingança e maldições lançadas que não surtem o efeito desejado. O demónio sabe<br />

disso e isso só faz com que o seu ódio aumente ainda mais. Apenas a mulher fica.<br />

-O que aconteceu... a tudo?<br />

-Desapareceram.<br />

-Onde estamos?<br />

-Não sei. Algum lugar sossegado...<br />

A luz brilha fazendo com que o branco pulse e cores comecem a jorrar dele. Cores que pintam<br />

paisagens de civilizações há muito esquecidas. As correntes do tempo são cortadas e manipuladas<br />

ao sabor dos seus desejos. Lemuria, Pnath e Sarnath. Os segredos do Universo estão ao seu alcance.<br />

Se ele mantiver os olhos abertos para eles. Esse é o seu desafio. A sua mãe, que continua atrás de si,<br />

sabe disso. Também sabe que a sua posição é fácil. Que os seus próprios demónios, os seus próprios<br />

receios conscientes podem afastá-la daquele lugar privilegiado. Enquanto isso, André mergulha<br />

num mar de letargia perigoso. Onde as distracções surgem subtilmente. Instalam-se iludindo o<br />

seu verdadeiro propósito. Assim como a sua própria mãe poderia ser levada a puxar o capuz do seu<br />

manto para cima e a abrir o portal para a serpente assumir o seu lugar. Não é algo voluntário, ela<br />

não tem escolha, mas ainda assim pode tentar usar isso a seu favor.<br />

- "Prova o fruto do conhecimento, bebe o sumo da sabedoria e verás o que os teus olhos não<br />

conseguem ver. E aí chegarás à Utopia!"<br />

André está mergulhado numa doce dormência, num sono dentro do sono. Numa morte letárgica<br />

que o vai envolvendo. À sua revelia vai crescendo um jardim à beira-mar, com pilares a cercá-lo.<br />

Enquanto passeia dormente pelo jardim, encontra uma pequena estátua de uma Fénix dourada. O<br />

céu cobriu-se de nuvens púrpura que choraram lágrimas de cristal, enlameando a pequena estátua.<br />

-" A explicação correcta de símbolos depende de unicamente de ti. Não tenho muito tempo, o falso sol<br />

vai mandar-me embora". - A figura encapuzada pega no ídolo e limpa-o, fazendo com que o mesmo<br />

brilhe um dourado intenso. Do lugar de onde saiu nasce uma flor que germina rapidamente -Tu és<br />

o senhor dos sonhos. Não permitas que... - a voz muda para um tom mais sibilante - ... durmasssss.<br />

45


A luz vai desvanescendo. "A visão invertida da alma é absorvida pelo turbilhão do ego caótico,<br />

nu pela companhia familiar e quente da matéria". André não sabe mas é aqui onde "os desejos<br />

e os medos são moldados, multiplicados sem controlo ao ritmo do êxtase, reunidos sob a<br />

ameaça de futuras aflições". Ele tem apenas doze anos, não pode compreender o sítio onde<br />

está nem o perigo que está a correr. Este é o local de todas as possibilidades, onde tudo é real<br />

e irreal simultaneamente. Onde "futuros paralelos que possam nunca acontecer bloqueiam a<br />

entrada ao refúgio sagrado interno." Apesar de se pensar que os sonhos são o portal para o<br />

subconsciente, na verdade eles são o portal mais puro para todas as realidades, para todos os<br />

mundos. Onde se pode chegar a todo o lado... e onde todos podem chegar até si.<br />

A dormência é crescente o que faz com que a inquietação da sua mãe para controlar a figura<br />

encapuzada seja descontrolada mas esse é precisamente o caminho para abrir o caminho para o<br />

demónio. André alterou o contrato que assinou com o demónio porque aqui ele pode fazer tudo<br />

o que quer. O segredo para triunfar é precisamente esse: querer. Pequenas sugestões, largadas<br />

de forma subtilmente fazem com que o caminho desejado pelo caminho seja seguido. No entanto<br />

existem outras sugestões. Deixadas pela sua mãe antes do demónio se apoderar do seu espaço.<br />

Conforme a noite vai cobrindo os olhos de André, apenas uma luz permanece brilhante: a Fénix.<br />

A estátua ganha vida e as pequenas mas poderosas asas batem, soltando faíscas pela escuridão.<br />

E voa em redor de André até a escuridão ser total e apenas o dourado fogo restar.<br />

-Cansssssado... porque mão dessscansssasss? Desssscansssa. Sssó por um bocado...- as palavras<br />

são pr<strong>of</strong>eridas suavemente, mais baixo que um pensamento mas mesmo assim André obedece<br />

e cai prostrado no chão.<br />

A Fénix tenta continuar a voar mas é cada vez mais difícil até que volta até à posição inicial. O<br />

dourado é substituído por um azul gelo que começa a espalhar-se pelo chão, pelas árvores e por<br />

tudo o que encontra pela frente. O negro é vencido pelo castelo de gelo que se formou. Vazio de<br />

vida, um tesouro sem preço para as crianças do sonho da serpente. Elas estão no grande pátio.<br />

Imóveis, estéreis, estátuas sem vida. O corpo de André começa aos poucos a empalidecer. A perder<br />

a cor. Tal como a Fénix. Seduzido como um bebé pelo sono onde toda e qualquer resistência<br />

é inútil. A dormência canta-lhe aos ouvidos como as sereias encantavam os marinheiros, com<br />

histórias de luxúria e promessas de riqueza. O demónio não sabe que André vai usar o canto das<br />

sereias para encontrar o caminho de volta, como pequenas migalhas no chão.<br />

O demónio deixa cair o manto e ri. A sua gargalhada ecoa pelos corredores frios do castelo<br />

de gelo.<br />

-Rapazinho, pensaste mesmo que poderias triunfar sobre mim? Eu desprezo toda a vida e toda a<br />

humanidade. Os teus sentimentos, tão nobres, são um festim em minha honra. O teu medo, um<br />

banquete pelo qual me delicio. Mas não é mais do que um aperitivo para o prato principal: a tua alma.<br />

O seu corpo jaz gelado no chão duro e transparente. As sereias cantam abaixo de si, circulando-o,<br />

como os tubarões circulam a sua presa. O seu canto atravessa a grossa camada de gelo e leva-o<br />

a afundar-se naquilo que mais deseja. Em seu redor múltiplas estacas de gelo nascem do<br />

chão, enquanto ele continua a ser alimentado pelo seu objectivo. Aquilo que mais deseja é o<br />

seu irmão de volta e é ele que se materializa ao seu lado. Simultaneamente, André desperta e<br />

quando verifica que conseguiu finalmente chegar a Diogo, abraça-o com toda a sua força.<br />

46


- Calma rapaz, estamos a sonhar mas ainda sinto as minhas costelas a ceder e os pulmões a<br />

apertar. - André afrouxa o abraço por segundos, sorri e volta a apertar o irmão de igual forma<br />

- Ok, ok rapagão. Vamos lá sair daqui.<br />

- Sabes como sair daqui?<br />

- Não faço ideia. Tu é que tiveste que vir buscar-me, lembras-te? Como é que chegaste até<br />

aqui?<br />

- Não sei... fui andando.<br />

- Bem, já vemos isso. Agora é que temos sair daqui. Se bem me lembro, era tudo uma questão<br />

de vontade... - conforme pr<strong>of</strong>ere estas palavras - as estacas de gelo descem, tal como tinham<br />

subido - Bem, e agora? Esquerda ou direita?<br />

-Eu também tenho truques, mano - o castelo começa a derreter e um grande mar é formado a<br />

seus pés e à frente de ambos, uma porta eleva-se da água - Vamos embora?<br />

- Onde é que essa porta vai dar?<br />

- A casa. A mãe vai-se passar quando te vir.<br />

- A casa? Não podemos ir para casa.<br />

- Como assim? Temos que ir para casa. Tu andas fugido ou quê?<br />

- Nada disso, miúdo. Isto são cenas de adultos.<br />

- Epá chega dessa coisa de adultos! A mãe andou dois meses a chorar pelos cantos sem me<br />

dizer nada, como se eu fosse um monte de lixo. Cada vez que eu perguntava o que se passou<br />

ela dizia que era uma criança, que eu não percebia. Mas eu estou aqui agora, não estou?!<br />

- Ok, miúdo, e eu estou-te grato por isso, mas há aqui muito mais em jogo do que apenas o teu<br />

maninho aqui. Por isso, segue pela porta que a mãe já deve estar preocupada.<br />

- A mãe não se preocupa comigo, só contigo.<br />

- Não sejas tótó, pá. Tu és a luz dos olhos dela.<br />

- Nunca senti isso...<br />

- Ouve, maninho, a mãe trabalha num sítio onde fazem investigações... digamos, científicas. E<br />

eu <strong>of</strong>ereci-me como voluntário. É algo que tenho de fazer, não posso desistir.<br />

- Então eu vou contigo!<br />

Antes que Diogo consiga protestar, a porta abre-se e de lá saem uma hora de demónios alados<br />

que voam na direcção dos irmãos que mal têm tempo para se baixar.<br />

- Eles encontraram-nos! - diz Diogo.<br />

- E nós temos que sair daqui. Tu disseste que tinhas que fazer qualquer coisa. FAZ QUALQUER<br />

COISA!<br />

- Mergulha!<br />

André obedece ao irmão e tenta não demonstrar o medo que sente por estar a mergulhar na<br />

água. Neste reino, aquilo que ganha vida é aquilo a que é dado atenção. E no momento em que<br />

o seu corpo irrompe pelas águas geladas, as mesmas aquecem para uma temperatura tropical.<br />

Uma temperatura que convida a aproximação de...<br />

-"Tubarões!" - a palavra ecoa na mente de André e faz com que o seu corpo congele, algo que<br />

não passa despercebido ao seu irmão que consegue ouvir os seus pensamentos.<br />

-"André! Não te esqueças, isto é um sonho! Agora mete-me uma ventoinha nesse cu e mexe-te"!<br />

- apesar da mensagem enviada, não adiantou. André estava imóvel e prestes a ser dilacerado<br />

47


por um tubarão branco. Como um torpedo, Diogo vai na direcção do irmão e pega nele, levando-o<br />

para longe. Apesar de estarem debaixo de água, a sensação é como se estivessem a voar, com a<br />

água a <strong>of</strong>erecer a mesma resistência que o ar <strong>of</strong>erece. Entram numa caverna aquática e passam<br />

por um labirinto aquático até que chegam finalmente a uma câmara onde têm ar e terra firme.<br />

- Estás bem, miúdo? - André cospe água enquanto tenta recuperar o fólego, algo que ainda<br />

demora alguns longos minutos - Estás bem? - o irmão responde afirmativamente com um<br />

aceno de cabeça - Não podes ter medo. Neste sítio, os teus medos voltam-se contra ti. Nunca<br />

te tinha acontecido antes?<br />

- Não... não pensei em coisas que tinha medo. Pensei apenas em ir ter contigo.<br />

- Faz sentido. Não te preocupes, eu tropecei tantas vezes que é um milagre estar aqui.<br />

- Como é que te apanharam?<br />

- Não vamos pensar nisso... vamos antes concentrar-nos no nosso objectivo.<br />

- Ir para casa!<br />

- Não, meu. Ir em frente!<br />

- Mas como é que eu hei-de saber concentrar-me no objectivo se não sei qual é o objectivo?<br />

- Maninho, nem eu sei. Ninguém sabe. Ninguém chegou tão longe como nós dois.<br />

- Então, como é que sabes para onde tens que ir?<br />

- Pistas. Pequenas pistas. Tal como na vida, tens que saber em quem confiar, em que direcções<br />

deves seguir.<br />

- Ainda acho que há algo que não me estás a dizer.<br />

Antes que pudesse elaborar mais, um grupo solene de encapuzados entra na câmara.<br />

-"Este é o nosso tempo. Aqui está encerrado o conhecimento de toda a nossa civilização.<br />

Vivemos muitos anos antes de vós. Ascendemos e desaparecemos e a nossa herança ficou<br />

perdida. Até agora. Abram a vossa mente, fechem os olhos e aprendam."<br />

Um turbilhão de informação é transmitida para os irmãos. Segredos do Universo. Da vida na<br />

Terra, das civilizações perdidas da Lemúria e Atlântida . Conhecimento milenar, segredos de<br />

como atravessar dimensões, controlar o tempo e desafiar as leis da física. Quando abrem os<br />

olhos estão no espaço sideral. Constelações de estrelas, buracos negros e supernovas.<br />

"Não tenham medo. Relaxem. Abrimos os nossos portais do conhecimento para que percebam o<br />

que têm de fazer. Percebam de onde vieram. E percebam quem são. Esta é uma ligação que vão<br />

ter sempre. Poderá ser sentido como um caos na vossa mente durante alguns momentos mas é<br />

um instante de habituação. O nosso conhecimento vai ser a vossa estrela de iluminação. A vossa<br />

estrela caótica. O vosso caminho para se reinventarem. Para se recriarem. Vocês podem ser tudo o<br />

que quisrem. Não há limites. Apenas aqueles que quiserem impor a vós próprios. Vejam. Ouçam.<br />

Sintam. Tudo o que é agora. Tudo o que foi. Agora vejam tudo o que está para além disso."<br />

Do vazio do espaço, passam novamente para a caverna húmida mas o grupo de encapuzados<br />

já lá não está. Diogo toma a dianteira e sobe o conjunto enorme de escadas que os levam até<br />

à superfície. À sua frente, um enorme deserto. Vazio. Desolador. Uma brisa suave sopra grãos<br />

de areia que fazem com que se forme uma figura de manto com capuz, uma figura que André<br />

associa à sua mãe mas ele sabe que é outro ser que ali está.<br />

- "Bem vindos. Contemplem... a terra prometida. Suméria!" - atrás da entidade revela-se uma<br />

porta, tal como aquela conjurada pelo André anteriormente. Tal como antes, ela abre-se e<br />

48


sai de lá novamente o bando de demónios alados que encobrem o céu de negro. Com uma só<br />

entidade, descem dos céus tomando uma forma de uma mão que com unhas bem pontiagudas<br />

pegam na figura encapuzada e a atiram para os pés dos irmãos que ficam com o seu sangue<br />

gelado quando vêem que é o rosto da sua mãe que é revelado.<br />

- Fujam antes que sejam... - o seu rosto contorce-se como se pele estivesse a ser esticada como<br />

plasticina até que surge o rosto do demónio - ...todos consumidos, sacos de carne!<br />

- Mãe! - André grita e vai na direcção da figura que está caído no chão.<br />

- André! Vamos embora!<br />

- É a mãe!<br />

- Nada é o que parece e isto não é mais que uma distracção! Temos que ir!<br />

- Para onde é que vamos, estamos no meio do deserto!<br />

- Puto, estás a ficar burro, ou quê?! Pensa!<br />

Mais uma vez, as emoções de André levam a melhor em relação ao seu instinto e às suas<br />

capacidades de manipular os sonhos. Era esse o intento do demónio. Instigado pelo irmão,<br />

André volta à frieza. O medo de perder a mãe continuava bastante presente mas ele sabe que<br />

não pode ceder o controlo do seu poder. Não neste momento.<br />

- Corram rapazinhos, corram. Tornem este momento ainda mais saboroso. Tal como a vossa<br />

mãe o torna ainda mais prazeiroso a tentar resistir ao inevitável. Não há como escapar, tal<br />

como vocês não conseguem escapar das vossas fraquezas.<br />

- Tretas! - diz André desafiador - Para quem não gosta de sacos de carne, andas com muita<br />

vontade de te meteres dentro de um.<br />

- Puto, o que é que...? - Diogo não acaba a questão quando André lhe pisca o olho. Aquele<br />

sinal de confiança é totalmente novo para ele, afinal, o seu irmão sempre transmitiu dúvida e<br />

sempre quis estar escondido do centro das atenções, mas havia algo que lhe diz que este era<br />

um lado do seu irmão totalmente novo para si.<br />

- "As minhas veias são negras do sangue de Tiamat. Os meus olhos espalham-se como as rodas<br />

do tempo e do espaço. A minha vontade é forte como um golpe da espada de Marduk. Eu não<br />

sou humano porque eu escolho saber". Eu escolho o conhecimento acima da fraqueza! Viver<br />

como um deus. Todos nós somos deuses que vos permitimos viver com as nossas migalhas.<br />

Nós viemos aqui para viver para sempre. Nós cheiramos a vossa carne e o vosso medo!"<br />

- E mesmo assim, ainda querem passar para o nosso corpo... cheira-me a tretas.<br />

- Rapaz insolente! Vais pagar caro pela tua insolência! Vou comer a tua alma!<br />

Das areias atrás do demónio algo parece elevar-se. Uma montanha de areia que vai escorrendo<br />

até revelar olhos e uma boca, que começa a sugar ar como se fosse o alimento de um esfomeado.<br />

- Estás com fome? Ele também! - André volta-se para o irmão - Vamos embora?<br />

- O que é aquilo? - pergunta Diogo<br />

- Um Titã. Ou melhor, O Titã. Cronos. O gajo que gosta de comer deuses ao pequeno-almoço.<br />

Um lanche com demónios também deve ser bom.<br />

Diogo sorriu. Sempre achou que o seu irmão era um fechado no seu mundo, agarrado aos<br />

livros. Um marrão. Curiosamente tudo aquilo que o fez invejar na altura é aquilo que está<br />

agora a fazê-lo aproximar dele.<br />

Uma porta nasce do chão e abre-se. André pergunta:<br />

- Vamos para o próximo nível?<br />

49


Artworks Insights<br />

Spiros não só é o baixista e vocalista dos<br />

Septicflesh desde o início da carreira da banda<br />

como também o responsável pelas capas da<br />

banda. Para não nos focarmos exclusivamente<br />

no universo da banda grega, vamos destacar<br />

algumas das mais impressionantes obras de<br />

Spiros, fora dos Septicflesh (voltaremos a eles<br />

definitivamente num futuro próximo). Podemos<br />

dividir o seu trabalho em duas vertentes - pinturas<br />

e as fotomanipulações, onde usa uma série de<br />

estilos e formas diferentes de arte apenas como<br />

um só. Para este artigo, vamos pegar-nos neste<br />

último estilo por ser aquele que Spiros usa nos<br />

últimos tempos. Algumas capas não vamos<br />

conseguir reproduzir por falta de espaço - e<br />

aquele reservado peca por ser inferior ao que as<br />

obras em si mereceriam.<br />

Se pegarmos numa capa como "Antibody" dos<br />

Before The Fall (primeira imagem da coluna),<br />

temos um exemplo do seu estilo. A figura<br />

50


deformada/alterada no centro da capa, a sujidade do cinza mas ainda<br />

assim um certo brilho. No entanto também temos outras formas, onde<br />

ainda é possível notarmos elementos chave do seu estilo, mas com umas<br />

cores mais apelativas como "Pestapokalypse VI" dosBelphegor (segunda<br />

imagem da coluna). O bizarro e até uma certa dose de desconforto ao<br />

olhar parece ser o elemento chave. Poderá sentir-se que é um estilo<br />

algo limitado mas se olharmos para uma capa como o último trabalho<br />

dos já mencionados Belphegor. O "Totenritual" é um daquelas capas de<br />

álbum que merece ser apreciada em vinil, tal como os clássicos, cheia de<br />

detalhes. Aliás, merece ser apreciada em poster gigante. O anterior álbum<br />

da banda austríaca, "Conjuring The Dead" também não se fica atrás como<br />

poderão ver nesta mesma página.<br />

Os Dagoba, que também vêem o seu álbum a ser analisado nesta edição,<br />

"Black Nova", têm direito a uma grande capa, representativa do talento<br />

do artista grego. Uma clássica, que todos já a viram algures - mesmo<br />

que tenha mais impacto que a própria música da banda que representa,<br />

é a capa de "Ageing Accelerator" dos Defect Designer. Temos outras<br />

obras de arte como o trabalho para "A Step Beyond Divinity" dos Embryo<br />

ou "Caligvla" dos Ex Deo, ou até mesmo a emblemática "The Atrocity<br />

Exhibition: Exhibit A" dos Exodus.<br />

Como um acesso constante aos nossos sonhos mais tenebrosos (que capas<br />

como "At The Gate Of Sethy" dos Nile, "In Requiem" dos Paradise Lost ou<br />

"Extinct" dos Moonspell") Spiros apresenta-nos personagens invulgares,<br />

aberrações que não admitimos existir a não ser nos nossos pesadelos<br />

mais pr<strong>of</strong>undos. Confronta-nos com essas visões que normalmente nos<br />

dariam medo e faz com que fiquemos irremediavelmente atraídos. Um<br />

mundo infindável a explorar, sem dúvida.<br />

51


Top 20 1956<br />

ELVIS PRESLEY<br />

“Elvis Presley”<br />

RCA Music<br />

O primeiro<br />

álbum do<br />

Rei. Se houve<br />

um nome<br />

que tenha<br />

influenciado<br />

o rock'n'roll,<br />

Elvis Presley foi<br />

provavelmente<br />

o primeiro. Não<br />

que tenha sido pioneiro nas músicas que<br />

tocava, ou sequer fosse um compositor,<br />

mas o seu estilo marcou toda uma<br />

geração, chocou outra e influenciou um<br />

mundo inteiro de músicos, incluindo uns<br />

certos The Beatles..." Blue Suede Shoes"<br />

tornou-se um clássico incontornável.<br />

se ter um novo capítulo e apesar de não<br />

beliscar os trabalhos anteriores, revelanos<br />

o quanto já tínhamos saudades destes<br />

narco-traficantes. Esperemos que não seja<br />

necessário esperar tanto tempo desta vez.<br />

DUKE ELLINGTON<br />

“Ellington At Newport”<br />

Columbia Records<br />

Os álbuns ao vivo só se notabilizaram<br />

no rock décadas mais tarde mas o<br />

jazz já tinha deixado o exemplo e este<br />

álbum é um dos exemplos maiores.<br />

Este álbum ao vivo foi apontado pela<br />

crítica como a melhor performance<br />

de sempre de Duke Ellington , nome<br />

imortal do género, e é um dos<br />

melhores álbuns de sempre no geral e do jazz em particular.<br />

A magia do jazz a acontecer em tempo real<br />

CHARLES MINGUS<br />

"Pithecanthropus Erectus"<br />

Atlantic Records<br />

Charles<br />

Mingus<br />

foi um dos<br />

n o m e s<br />

grandes<br />

do Jazz.<br />

Baixista,<br />

pianista e um<br />

dos grandes compositores do jazz<br />

tem aqui uma das suas grandes<br />

obras primas em nome próprio.<br />

O primeiro álbum em que o Angry<br />

Man Of Jazz ensina aos seus<br />

músicos as suas composições<br />

por ouvido, sem pauta, resultou<br />

num dos maiores clássicos do jazz<br />

moderno.<br />

52<br />

RAVI SHANKAR<br />

"Three Ragas"<br />

His Master's Voice<br />

Raga é um modo da música clássica<br />

indiana e este álbum, o primeiro de<br />

Ravi Shankar (o expoente máximo da<br />

música indiana no ocidente), pode ser<br />

visto como um dos maiores clássicos<br />

da <strong>World</strong> Music e claro, para quem<br />

aprecia sitar está aqui uma das obras<br />

primordiais do instrumento. Uma década mais tarde, os<br />

The Beatles, mais concretamente George Harrison traria o<br />

interesse pela sua sonoridade de forma mais generalizada.


JOHNNY BURNETTE AND THE ROCK 'N ROLL TRIO<br />

"Johnny Burnette and the Rock 'n Roll Trio"<br />

Coral<br />

Es t a<br />

banda foi<br />

responsável<br />

por um dos<br />

primeiros<br />

grandes<br />

álbuns do<br />

rockabilly.<br />

Claro que<br />

naqueles<br />

tempos não<br />

era muito comum lançar LPs. Vivíamos na<br />

era dos singles e este álbum funciona quase<br />

como uma compilação desses singles. Seja<br />

como for é um tesouro do género que deve<br />

ser pesquisado.<br />

GENE VINCENT<br />

FATS DOMINO<br />

"Fats Domino Rock And Rollin'"<br />

Imperial<br />

Fa t s<br />

Domino,<br />

um dos<br />

maiores<br />

nomes do<br />

rhythm<br />

and blues<br />

(género<br />

usado para<br />

catalogar<br />

a música<br />

afro-americana e que teve diversas<br />

formas com o passar do tempo) movido<br />

a piano e a introdução do rock'n'roll ao<br />

instrumento de forma mais activa. Fats<br />

Domino tem aqui uma colecção dos seus<br />

primeiros clássicos.<br />

B.B. KING<br />

“Singin' The Blues”<br />

Crown Records<br />

Primeiro<br />

álbum<br />

de B.B.<br />

King, O<br />

grande<br />

guitarrista<br />

blues do<br />

século XX.<br />

Se a noção<br />

de guitar<br />

hero ainda<br />

era desconhecida, o trabalho de B.B. King<br />

fala mais alto e a sua eterna devoção ao<br />

blues reservou-lhe um lugar espacial na<br />

história da música popular. E aqui começa<br />

a sua carreira discográfica.<br />

BILL EVANS<br />

"New Jazz Conceptions"<br />

Riverside Records<br />

Primeiro álbum de Bill Evans<br />

em nome próprio, um dos<br />

grandes nomes do jazz. Pianista,<br />

compositor e revolucionário, aqui<br />

temos o início de uma carreira<br />

brilhante. Este álbum foi um flop<br />

de vendas mas aclamado pela<br />

crítica na altura. Não é o seu<br />

melhor álbum mas é um embrião<br />

que se viria a revelar mais tarde.<br />

BIG JOE TURNER<br />

"The Boss Of The Blues”<br />

Atlantic Records<br />

Big Joe<br />

Turner<br />

poderá não<br />

ser um dos<br />

nomes em<br />

que se pensa<br />

quando<br />

se fala em<br />

rock'n'roll<br />

mas é um dos<br />

fundadores<br />

do rock'n'roll. Apesar de ter lançado muitos singles<br />

desde a década de quarenta, o seu primeiro álbum<br />

só chegou em 1956. Mais tarde muitos músicos<br />

brancos pegariam nos seus êxitos e levariam as<br />

suas composições a um leque mais alargado de<br />

público.<br />

THAD JONES<br />

“Bluejean Bop!”<br />

Capitol Records<br />

Outro<br />

d o s<br />

grandes<br />

influenciadores<br />

do<br />

rock'n'roll<br />

foi Gene<br />

Vincent.<br />

Em 1956, o<br />

rock'n'roll<br />

era a mais<br />

recente sensação e as editoras começavam<br />

à procura da próxima sensação. Gene<br />

Vincent foi um dos pioneiros. Um álbum<br />

cheio de boas malhas de rock'n'roll,<br />

recomendado para quem se interessa<br />

pelas raízes do rock.<br />

“The Magnificent Thad Jones”<br />

Blue Note<br />

Podemos<br />

só dizer<br />

que Thad<br />

Jones é<br />

consider<br />

a d o<br />

um dos<br />

melhores<br />

trompetistas<br />

de<br />

sempre e<br />

seria razão suficiente não só para justificar<br />

o título algo arrogante do álbum como<br />

para também fazer com que se fique<br />

curiosidade em ficar a conhecer este<br />

grande músico.<br />

CECIL TAYLOR QUARTET<br />

“Jazz Advance”<br />

Transition<br />

Primeiro álbum de Cecil Taylor,<br />

apontado como um dos<br />

pioneiros do free jazz e este<br />

álbum é considerado como um<br />

dos grande álbuns de estreia do<br />

género. Mesmo que o free jazz<br />

não seja um estilo fácil de ouvir, é<br />

representativo do arrojo que o rock<br />

e o metal iriam incorporar anos<br />

mais tarde.<br />

53


BUDDY JOHNSON<br />

“Rock'n'Roll Stage Show”<br />

Wing<br />

Apesar de ser uma reedição,<br />

é importante referir este<br />

trabalho. Buddy Johnson e a sua<br />

orquestra ficaram conhecidos pela<br />

sua fusão do jazz com o blues,<br />

pavimentando assim o caminho<br />

para o chamado Rhythm & Blues.<br />

Fazendo a transição do período<br />

das big bands para o blues e<br />

rock'n'roll, a sua banda foi das<br />

poucas a conseguir sobreviver.<br />

A razão está exemplificada neste<br />

álbum.<br />

CLIFFORD BROWN AND MAX ROACH<br />

“At Basin Street”<br />

EmArcy<br />

Clifford<br />

Brown<br />

foi uma<br />

promessa<br />

do jazz,<br />

um grande<br />

trompetista<br />

enquanto<br />

Max Roach<br />

um dos<br />

grandes<br />

bateristas do século XX tendo brilhado tanto<br />

no jazz como noutros géneros. Este seria o<br />

último trabalho deste quinteto já que Brown<br />

e Richie Powell viriam a falecer com apenas<br />

25 e 24 anos no final de 1956 num acidente<br />

de carro onde a mulher de Powell também<br />

faleceu.<br />

MARTY ROBBINS<br />

“Rock'n Roll'n Robbins: Marty Robbins Sings”<br />

Columbia Records<br />

E quando<br />

temos<br />

um cantor,<br />

compositor,<br />

multiinstrumentista,<br />

actor e até<br />

condutor<br />

de carros<br />

da Nascar,<br />

que se notabilizou no country mas decide<br />

dar o seu pezinho no rock'n'roll e blues?<br />

Não é dos seus álbuns mais conhecidos<br />

(ele que gravou mais de cinquenta) mas<br />

sem dúvida que merece ser conferido<br />

pelos fãs de rock'n'roll).<br />

BILL HALEY & HIS COMETS<br />

“Rock'n'Roll Stage Show”<br />

Decca<br />

Ad<br />

pesar<br />

e<br />

não ter<br />

um tema<br />

que se<br />

destaque<br />

ou que<br />

t e n h a<br />

ficado<br />

tanto na<br />

memória<br />

c o m o<br />

os seus<br />

grandes<br />

êxitos anteriores, este álbum foi o primeiro<br />

que a banda editou ou não foi repescar<br />

singles previamente lançados. Apesar<br />

de ter vários temas que resultaram em<br />

singles, ainda têm outros sete temas<br />

originais. Também é marcado pela tentativa<br />

de variar, com alguns temas instrumentais.<br />

BIG BILL BROOZY<br />

CLIFFORD BROWN<br />

“Memorial”<br />

Prestige<br />

Já falámos neste top de<br />

Clifford Brown e do seu génio.<br />

Desaparecido cedo demais, este<br />

álbum recupera duas sessões<br />

de gravação do grande músico,<br />

anos antes de morrer. Uma<br />

representação de um dos grandes<br />

valores do jazz que desapareceu<br />

cedo demais.<br />

54<br />

DAVE BRUBECK<br />

“Brubeck Plays Brubeck”<br />

Columbia Records<br />

Já<br />

falám<br />

o s<br />

de como<br />

o Jazz foi<br />

o género<br />

m a i s<br />

livre e ao<br />

mesmo<br />

tempo que<br />

puxava<br />

até ao<br />

limite as habilidades técnicas dos seus<br />

músicos. Este álbum é uma experiência<br />

por parte de Dave Brubeck, um dos<br />

grandes impulsionadores do chamado<br />

cool jazz, onde cada tema apresenta-se<br />

como inacabado, sendo esboços de uma<br />

ideia, de uma emoção surgida através de<br />

improvisação. Um espírito que o rock'n'roll<br />

viria a beneficiar muito.<br />

THE PLATTERS<br />

“Big Bill Blues”<br />

Disques Vogue<br />

Big<br />

Bill<br />

Broozy<br />

foi um dos<br />

grandes<br />

compositores,<br />

cantores e<br />

guitarristas<br />

de<br />

blues da<br />

primeira<br />

metade do século 20 além de ter sido uma<br />

das principais figuras do desenvolvimento<br />

do género. Este álbum é um dos que<br />

marcou o regresso às raízes mais folk<br />

do género e uma excelente introdução à<br />

carreira deste influente músico.<br />

“The Platters”<br />

Mercury<br />

Os<br />

The<br />

Platters<br />

f o r a m<br />

uma das<br />

primeiras<br />

representações<br />

do<br />

rock'n'roll,<br />

fazendo<br />

a ponte<br />

entre o prérock'n'roll<br />

(principalmente pelas harmonias<br />

vocais) com aquilo que o rhythm and<br />

blues viria a trazer de novo. Apesar deste<br />

trabalho não ter dois dos seus grandes<br />

êxitos, lançados no ano anterior - "Only<br />

You" e "The Great Pretender", é uma óptima<br />

representação do seu estilo


Reviews do mes<br />

ACROSS THE ATLANTIC AEGRUS ALAZKA<br />

“Works Of Progress ” “Thy Numinous Darkness” “Phoenix”<br />

Sharptone Records Saturnal Records Arising Empire<br />

Descobrimos a pólvora.<br />

Poderá parecer (e é parvo!)<br />

mas temos que encontrar<br />

maneiras de enganar o<br />

nosso preconceito. Para<br />

cada nova banda que<br />

nos surge e que tresanda<br />

a metalcore, queremos<br />

evitar aquele pensamento<br />

"ok, lá vamos nós outra<br />

vez", porque é muito condicionante e por muito que<br />

queiramos ter uma visão de fã, queremos ter uma visão<br />

de fã aberta. Sabem, daqueles porreiros, contentes<br />

com a vida e a vida contentes com eles. E mediante<br />

isso tudo, ao ouvir os Across The Atlantic e o seu<br />

segundo álbum "Works Of Progress", finalmente nos<br />

apercebermos que a forma que o metalcore nos soa<br />

bem (isto é apesar de todos os seus lugares comuns)<br />

é quando é associado a sonoridades mais punk rock<br />

(ou punk pop) que é precisamente o que a banda<br />

faz aqui em quase todo o álbum. Não negamos que<br />

as melodias são as mesmas de sempres, que temos<br />

refrães com vozinhas bonitinhas e os breakdowns<br />

espalhados com fartura, mas o que é certo é que no<br />

final a coisa resulta e este é um álbum que se ouve<br />

bem. Nunca é tarde para ver a luz.<br />

Se dissermos<br />

que uma banda<br />

toca black metal,<br />

pouco fica deixado<br />

à imaginação. Se<br />

dissermos que essa<br />

banda é finlandesa,<br />

mais apertado<br />

fica o cerco. Os<br />

Aegrus não fogem aos lugares comuns<br />

neste seu trabalho com uma produção<br />

primitiva mas ainda assim com o toque<br />

certo de ambiente para que sintamos<br />

que nos sintamos cativados. A tradição<br />

finlandesa e a sua sombra andam muito<br />

por aqui mas não o suficiente para ocultar<br />

a sua própria identidade, já firmada com<br />

trabalhos anteriores, sendo que a melodia<br />

inesperadamente catchy é sem dúvida o<br />

seu traço mais reconhecível. Cru mas bom.<br />

[8/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira<br />

Anteriormente<br />

conhecidos como<br />

Burning Down Alaska,<br />

os Alazka mudaram o<br />

alinhamento e o seu<br />

foco e este é o seu<br />

álbum de estreia. Para<br />

os fãs de metalcore<br />

mais melódico, estas<br />

até são boas notícias,<br />

já que a banda apresenta uma sonoridade<br />

interessante, acessível a quem gosta de coisas<br />

mais melódicas, não deixando de ter a sua voz<br />

gritada e alguns breakdowns. O seu grande<br />

trunfo reside, todavia, na capacidade da banda de<br />

apresentar interessantíssimos leads de guitarra<br />

que fazem com que os temas não se tornem<br />

tão banais quanto se esperaria. Outra grande<br />

vantagem surge na voz limpa e cheia de emoção<br />

de Kassim Aule, que fazem com que o som<br />

consiga superar todas os defeitos normalmente<br />

associados ao género. E para quem aprecia a<br />

vertente mais leve do metalcore, então este é<br />

definitivamente um dos álbuns do ano.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

ALPHA TIGER<br />

“Alpha Tiger”<br />

Steamhammer<br />

Podemos dizer que<br />

os Alpha Tiger tocam<br />

power metal. Afinal têm<br />

todos os elementos que<br />

fazem parte do género.<br />

No entanto, ouvindo<br />

o seu som com um<br />

pouco mais de cuidado<br />

facilmente notamos<br />

influências mais<br />

clássicas. E nem é pegar na escola neoclássica<br />

iniciada pelo Ritchie Blackmore e propagada até<br />

ao infinito por Yngwie Malmsteen. É um feeling<br />

de hard rock clássico que poderá confundir<br />

alguns - principalmente pelos ocasionais<br />

arranjos de orgão hammond (curiosamente não<br />

têm um teclista entre a formação) mas que sem<br />

dúvida conquistará todos aqueles que gostam<br />

de heavy metal clássico. Apesar de ser o quarto<br />

álbum da banda, este trabalho auto-intitulado<br />

poderá surgir como uma surpresa para muitos<br />

fãs do género. Uma excelente surpresa.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

ALTER BRIDGE<br />

“Live At O2 Arena + Rarieties”<br />

Napalm Records<br />

Os Alter Bridge<br />

sempre me<br />

passaram ao lado.<br />

Afinal a primeira<br />

introdução com a<br />

banda foi a frase<br />

"são os Creed<br />

sem o vocalista".<br />

Confessemos que não é o melhor<br />

argumento de marketing para um<br />

metalhead. O lado bom de estarmos<br />

neste meio é que muitas vezes somos<br />

confrontados com coisas que na<br />

nossa vida pessoal não iríamos pegar<br />

e foi desde o momento em que tive a<br />

oportunidade de analisar o último álbum<br />

de originais da banda que comecei a vêlos<br />

de uma forma diferente que apenas<br />

uma banda que tinha um vocalista<br />

que tinha um timbre arraçado de<br />

Eddie Vedder e que tocavam músicas<br />

catitas para passar na rádio. O seu<br />

espírito é alternativo, sem dúvida, mas<br />

apresentam-se bem mais pesados. Isto<br />

tudo para dizer que é graças a esse cair<br />

de preconceito que é mais fácil apreciar<br />

este álbum ao vivo. Longe daquilo que<br />

são os álbuns actualmente, bonitinhos,<br />

limpinhos. "Live At O2 Arena" apresenta<br />

a banda em excelente momento de<br />

forma, a passar um pouco por toda a<br />

sua carreira, com momentos acústicos,<br />

momentos bem pesados (como a "The<br />

Other Side" e "Isolation") e ainda um<br />

CD bónus cheio de raridades que a<br />

banda foi coleccionando ao longo da<br />

sua carreira. É um pacote que agradará<br />

definitivamente aos fãs mas também<br />

recomendamos aqueles que, tal como<br />

eu, tinha algum tipo de preconceito. De<br />

certeza que depois disto caem por terra.<br />

[8.5/10] Fernando Ferreira<br />

55


AMERICAN WRECKING COMPANY<br />

“Everything and Nothing”<br />

Pavement Entertainment<br />

Logo aos primeiros<br />

segundos de<br />

"Everything And<br />

Nothing", o tematítulo<br />

deste álbum dos<br />

American Wrecking<br />

Company, ficámos logo<br />

impressionados pela<br />

potência do mesmo.<br />

Estão a ver aquele<br />

crossover que é bem bruto, tão bruto que<br />

quase parece death metal? Foi essa a sensação<br />

que tivemos quando ouvimos Pro-Pain pela<br />

primeira vez e foi exactamente o que sentimos<br />

aqui. A diferença é que em relação a Pro-Pain<br />

ainda conseguem ser mais brutos, muito graças<br />

à prestação vocal de T.J. Cornelius. Também<br />

temos no entanto bons riffs e boas malhas,<br />

ficando no entanto a faltar um pouco mais de<br />

dinâmica. Ainda assim este é um álbum para<br />

lembrar à malta de hoje como se misturava<br />

hardcore com metal. À homem!<br />

AN ASSFULL OF LOVE<br />

“Monkey Madness”<br />

Edição de Autor<br />

Além do nome sugestivo<br />

e bem colorido, os An<br />

Assfull Of Love também<br />

nos trazem um som<br />

interessante que parece<br />

disparar em várias<br />

direcções acertando<br />

quase em todas. Temos<br />

um espírito rock aliada<br />

a músicas tipicamente<br />

rock (ou hard rock) e até tiques hardcore<br />

(nomeadamente os refrães gritados como<br />

palavras de ordem). Junta-se isto tudo com<br />

uns bons solos, melodias cativantes e está-se<br />

lançado. Não é preciso muito para fazer um<br />

grande disco, apenas boas músicas e talento,<br />

claro. Uma boa surpresa para quem gosta de<br />

coisas mais alternativas. E também mais velha<br />

guarda. Para quem gosta de boa música, pronto.<br />

ANTARKTIS<br />

“Ildlaante”<br />

Agonia Records<br />

Quando se fala<br />

em pós-rock, não<br />

esperamos nada de<br />

novo. Quando se fala<br />

em pós-metal, igual.<br />

No entanto, quando<br />

temos uma banda<br />

que mistura os dois<br />

mundos e ainda<br />

lhe junta aquele feeling doom cavernoso,<br />

então são razões mais que suficientes<br />

para estarmos interessados. E o facto dos<br />

Antarktis contarem com membros e exmembros<br />

de In Mourning e October Tide é um<br />

extra. Dos bons. O resultado é um dos álbuns<br />

de estreia mais entusiasmantes que ouvimos<br />

nos últimos tempos, pesado, com uso<br />

inteligente (e não exagerado) de atmosferas<br />

e ambiências. Em suma, fantástico, que nos<br />

obriga a dizer que esta é mais uma banda a<br />

que queremos estar atentos no futuro.<br />

[7.2/10] Fernando Ferreira<br />

[7.5/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira<br />

ANUBI'S SERVANTS<br />

“Duat”<br />

Edição de Autor<br />

A capa mete medo ao<br />

susto - boa candidata<br />

para os nossos<br />

Artwork Insights - pelo<br />

que o som tem que<br />

fazer uma bela figura<br />

em compensação. E<br />

por acaso... até faz!<br />

Thrash metal cru,<br />

bruto e raçudo com umas pitadas de death<br />

metal, principalmente pela abordagem vocal.<br />

Reza a história da banda que inicialmente<br />

eram para ser uma banda de punk<br />

instrumental, mas depois flui para terem voz<br />

e chegarem ao thrash metal. Talvez não seja<br />

algo que se possa notar no som da banda,<br />

apesar de terem um som primitivo, mas<br />

de qualquer forma é uma boa amostra do<br />

potencial que a banda tem - relembrandonos<br />

o potencial que vimos em bandas como<br />

Painstruck. Veremos se chegam a algo mais<br />

concreto e sólido.<br />

[6.5/10] Filipe Ferreira<br />

ASTRAROT<br />

“We Can't Win”<br />

Straight from the Heart Records<br />

Os Astrorot são<br />

uma banda recente<br />

(começaram em 2015)<br />

que têm em "We Can't<br />

Win" o seu álbum<br />

de estreia. Podemos<br />

achar que é demadiado<br />

tempo para editar já<br />

um álbum no entanto,<br />

como bem sabemos,<br />

os tempos são outros e não há propriamente<br />

um livro de regras. Com um som moderno,<br />

apoiado na tradição metalcore, "We Can't Win"<br />

não surpreende mas também essa não deveria<br />

ser esse o objectivo. Temos vozes limpas, vozes<br />

gritadas, alguns breakdowns (não muitos,<br />

felizmente), e bons temas. Aliás, são os bons<br />

temas que fazem com que passemos por cima<br />

daquilo que já ouvimos muitas vezes noutros<br />

lados. Esta estreia não surpreende e até tem<br />

uma falta de dinâmica como um todo mas (e<br />

este é um grande "mas") consegue mostrarnos<br />

talento que poderá ver a desabrochar de<br />

maneira (mais) convincente no futuro.<br />

[6/10] Fernando Ferreira<br />

ATROX<br />

“Monocle”<br />

Dark Essence Records<br />

Já se devem ter<br />

esquecido dos Atrox.<br />

Afinal a banda esteve<br />

calada durante quase<br />

dez anos. Tempo<br />

suficiente para mudar<br />

algumas coisas no<br />

seu som, que por<br />

si só já era volátil.<br />

Experimentalismo foi<br />

aquilo pelo qual a banda se notabilizou. A sua<br />

mistura de sonoridade industrial com ambientes<br />

góticos e progressivos é também o que domina<br />

"Monocle". Não vamos mentir, este é um trabalho<br />

que não vai entrar à primeira. É desafiador, tão<br />

desafiador como a primeira vez que ouvimos<br />

os trabalhos mais ousados dos King Crimson.<br />

Também é inqualficável, mas não deixa de nos ir<br />

prendendo aos poucos. Se houve paciência para<br />

este processo, poderá compensar o esforço.<br />

[7/10] Fernando Ferreira<br />

56<br />

AYO RIVER<br />

“Failed State”<br />

Edição de Autor<br />

É bom no final<br />

do dia sair da<br />

metalurgia pesada<br />

e entrar no mundo<br />

do rock indie para<br />

apreciar o mundo de<br />

maneira diferente.<br />

Pessoalmente, é para<br />

esse efeito que muita<br />

da música que não ouvimos regularmente<br />

é usada. No entanto, justiça seja feita<br />

a este projecto Ayo River que tem aqui<br />

a sua estreia, não é apenas música para<br />

ouvir de fundo. Temos uma boa produção,<br />

sem grandes exageros digitais, orgânicas<br />

e muito low pr<strong>of</strong>ile. Depois - e é a parte<br />

que interessa, temos grandes músicas.<br />

Daquelas que apesar de não serem<br />

imediatamente coladas ao cérebro, são<br />

agradáveis de ouvir. Este é um projecto<br />

muitissimo interessante que para quem<br />

gosta de música indie gostará de certeza.<br />

[7/10] Fernando Ferreira<br />

AYREON<br />

“The Source”<br />

Music Theories Recordings<br />

O novo álbum do<br />

projecto da opera<br />

metal progressivo<br />

Ayreon é também<br />

uma prequela ao<br />

álbum “01011001”<br />

(Y em ASCII) de<br />

2008. Mais uma<br />

vez a escolha de vozes é excelente<br />

contando com James LaBrie (Dream<br />

Theater), Hansi Kürsch (Blind Guardian),<br />

Simone Simons (Epica), Floor Jansen<br />

(Nightwish), Tommy Karevik (Kamelot),<br />

Tobias Sammet (Edguy, Avantasia),<br />

Russell Allen (Symphony X) e Tommy<br />

Rogers (Between the Buried and Me)<br />

para referir só alguns. Em “The Source”<br />

é contada a história de como o planeta<br />

“Alpha”foi destruído por tecnologia e os<br />

sobreviventes seguiram numa nave até<br />

ao planeta Y (planeta de onde são as<br />

personagens de “01011001”), e como<br />

são obrigados a consumir “a fonte”<br />

uma solução química que lhes muda o<br />

físico para poderem sobreviver no novo<br />

planeta. Um dos pontos que menos<br />

gostei é a repetição de temas nos últimos<br />

álbuns de Ayreon, o tema da dependência<br />

tecnológica, autodestruição por causa<br />

da tecnologia já foi muito abordado por<br />

Arjen Lucassen e volta aqui a sê-lo, o<br />

que infelizmente dá uma sensação de<br />

deja-vu. Também em termos musicais<br />

Lucassen não se desvia muito da matriz<br />

ainda assim não ficamos reduzidos<br />

ao sentimento de “mais do mesmo”,<br />

estamos perante um álbum mais pesado<br />

e diria mesmo com uns toques de<br />

Power <strong>Metal</strong> (“Run! Apocalypse! Run!”)<br />

que mantem ainda assim os elementos<br />

mais folk. Depois de não ter apreciado<br />

o anterior “The Theory <strong>of</strong> Everything”,<br />

este é um regresso á forma.<br />

[8.5/10] Filipe Correia


BLACK STONE CHERRY<br />

“Black To Blues”<br />

Mascot Records<br />

Que grande som!<br />

Nada como o blues a<br />

fundir-se com o rock<br />

pesado para termos<br />

consciência de como<br />

tudo começou no<br />

blues - algo que<br />

temos vindo a focar<br />

na nossa rúbrica de<br />

tops e no nosso programa da Máquina do<br />

tempo. Enquando os Black Stone Cherry<br />

não lançam nada, a banda optou por<br />

lançar este EP de covers onde reinterpreta<br />

clássicos de Muddy Waters, Howlin' Wolf<br />

e Albert King entre outros. Malhoões como<br />

"Hoochie Coochie Man" e "Born Under<br />

A Bad Sign" são clássicos imortais que<br />

recebem uma roupagem moderna mas<br />

sem trair as suas verdadeiras identidades.<br />

Grande vício, grande EP.<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

BLOODSTRIKE<br />

“Execution Of Violence”<br />

Redefining Darkness Records<br />

Este álbum abre com<br />

um excelente conjunto<br />

de riffs, sonantes<br />

num estilo Death<br />

<strong>Metal</strong> moderno, com<br />

excelente composição<br />

de guitarra, e com voz<br />

feminina em formato<br />

grunhido que mantém<br />

sempre o mesmo<br />

estilo. Os arranjos de guitarra são muito bem<br />

executados, com momentos, em alguns temas,<br />

de riffs cativantes e melódicos, havendo sempre<br />

os momentos de Death <strong>Metal</strong> mais clássico. A<br />

produção está bem conseguida, as guitarras estão<br />

bem equilibradas e soam bem; o baixo preenche; a<br />

bateria tem também um bom equilíbrio dentro do<br />

som, estando com uma sonoridade moderna e com<br />

um belo som dos seus componentes; a voz poderia<br />

estar ligeiramente mais destacada, fica um pouco<br />

baixa em alguns momentos. O álbum deste projecto<br />

dos Estados Unidos da América tem a duração de<br />

38minutos onde destaco os tema Procreating <strong>of</strong><br />

Death, Detest Mortality e Hell's Wasteland.<br />

[7.2/10] David Carreto<br />

BLEEDING<br />

“Elementum”<br />

Pure Steel Records<br />

Confirmo de<br />

Elementum tudo o<br />

que a biografia da<br />

banda traz como<br />

referência. Estamos<br />

perante um trabalho<br />

interessante<br />

marcado por<br />

estruturas complexas, onde o trabalho<br />

do grupo parece ganhar em espaços<br />

à demarcação individual. Não encaixo<br />

com a voz, para mim parece algo fora<br />

do contexto da sonoridade criada, não<br />

tirando mérito a Haye Graf, mas é o que<br />

ressalta. Tudo o resto, apresenta típicas<br />

mudanças de tempo no seu ritmo, sendo<br />

estas o ingrediente para um resultado<br />

instrumental digno de registo. O álbum<br />

tem passagens pesadas, com riffs metal<br />

bem agradáveis...mas só isso!<br />

BOOL<br />

“Fly With Me”<br />

Edição de Autor<br />

[6.5/10] Miguel Correia<br />

Nem sempre temos<br />

bandas apostadas em<br />

recriar as sonoridades<br />

da década de setenta.<br />

Os alemães Bool<br />

focam-se numa<br />

época mais recente:<br />

a década de noventa.<br />

O que temos aqui<br />

é uma sonoridade tipicamente alternativa<br />

que só muito raramente coloca o pé no<br />

pedal do peso. Esta colecção de músicas é<br />

interessante e até consegue trazer-nos algum<br />

tipo de nostalgia mesmo não traga nenhuma<br />

lembrança dos grandes do género (Nirvana,<br />

Soundgarden, Alice In Chains e Pearl Jam) e<br />

tenha uma vibe mais rock tradicional. Vale a<br />

pena conferir.<br />

[6.9/10] Fernando Ferreira<br />

BLOOD GOD<br />

“Rock'N'Roll Warmachine”<br />

Massacre Records<br />

Já falámos aqui algumas<br />

vezes dos Blood God, como<br />

uma proposta peculiar<br />

por estar associada aos<br />

Debauchery, tanto por ter<br />

a mesma mente criativa<br />

- Thomas Gurrath - e por<br />

ambas as bandas terem-se<br />

juntado numa espécie de<br />

split ("Thunderbeast) onde<br />

a única diferença era a voz. Do lado dos Debauchery, a<br />

voz típica do death metal. Do lado dos Blood God, uma<br />

voz descendente de AC/DC (Brian Johnson) e Accept<br />

(Udo Dirkschneider). É precisamente com os Blood God<br />

que nos focamos nesta compilação que reúne os três<br />

álbuns da banda já editados. Começamos pelo último, o<br />

já mencionado "Thunderbeast" e acabamos o primeiro,<br />

"No Brain But Balls", ficando o "Blood Is My Trademark"<br />

no meio. Se gostam das duas influências atrás citadas<br />

e não conhecem a banda, esta é uma boa forma (e<br />

barata!) de ficar com toda a sua discografia, tendo<br />

ainda muitas faixas bónus como brinde - "Painkiller"<br />

dos Judas Priest, "Fast As A Shark" dos Accept, "Hail<br />

Caesar" dos AC/DC, "Heavy Duty" dos Judas Priest e<br />

ainda os originais "Rock'N'Roll Warmachine", "Demon<br />

Lady", "Riff Hit" e "Hard Rocking".<br />

[7.5/10] Fernando Ferreira<br />

BREAKING SAMSARA<br />

“Light Of A New Beginning”<br />

Edição de autor<br />

Os riffs de rock<br />

tradicionais de Light<br />

Of A New Beginning<br />

não serão certamente<br />

os mais emocionantes<br />

que irão ouvir, mas os<br />

vocais fortes e os solos<br />

de guitarra que soam<br />

implacáveis, deixam<br />

definitivamente a sua<br />

marca. Em todo o trabalho. Restless Nightsaté<br />

consegue deixar água na boca, com um hard and<br />

heavy style, mas depois a banda parece abrandar<br />

a velocidade com que nos deixa no final desta<br />

primeira faixa. Dai em diante continuam as batidas<br />

rockeiras melódicas, até momentos onde soa um<br />

piano, Light Of A New Beginning, que deixa um<br />

ambiente muito interessante de se ouvir e onde<br />

o solo também é arrasador! Não conhecia os<br />

alemães aqui apresentados, mas honestamente<br />

apesar de esperaralgo mais, tendo em conta a<br />

abertura, não fiquei desencantado e é um trabalho<br />

que tive o gosto de voltar a ouvir!<br />

[8/10] Miguel Correia<br />

BRIQUEVILLE<br />

“II”<br />

Pelagic Records / Cargo<br />

Dentro de um<br />

estilo mais post<br />

metal, com muitas<br />

partes dignas de<br />

uma banda sonora,<br />

guitarradas pesadas<br />

e distorcidas<br />

com variações de<br />

ritmo e tempos que não chamam o<br />

aborrecimento; a bateria soa excelente e<br />

que enche o som proporcionando uma<br />

enorme variedade; a ausência da voz na<br />

maior parte do álbum, aparecendo de<br />

uma forma mais declamatória. Um álbum<br />

que a cada audição parece proporcionar<br />

novas camadas, sons que não nos<br />

apercebemos numa única audição, é<br />

sem duvida um ambiente pesado mas<br />

de âmbito mais ambiental, no sentido<br />

de que o som é maioritariamente<br />

instrumental. Um projecto belga, com<br />

momentos muito bem conseguidos<br />

em apenas 3 temas, todos acima dos<br />

10 minutos, totalizando 42 minutos de<br />

ambientes por vezes algo misteriosos,<br />

com cadência arrastada variando com<br />

momentos de agressividade rítmica.<br />

De destacar o inicio de "AKTE V" é<br />

claramente um momento headbanging<br />

quer pelo ritmo de uma das guitarras<br />

quer pela bateria, faz algo que seria<br />

típico de um final de tema num concerto<br />

ao vivo. Face ao estilo e ao som que<br />

apresentam este projecto faz-me<br />

lembrar Russian Circles ou Pelican, mas<br />

com a sua marca individual. Em suma<br />

um som para degustar com tempo.<br />

[7.1/10] David Carreto<br />

CANNABIS CORPSE<br />

“Left Hand Pass”<br />

Season Of Mist<br />

Já estamos fartos de<br />

dizer isto mas não nos<br />

cansamos. Somos fãs<br />

dos Cannabis Corpse.<br />

Até admitimos que o<br />

"gimmick" de termos<br />

títulos de músicas de<br />

death metal clássico<br />

adulterado esgota-se<br />

rapidamente, mas há muita música boa por<br />

trás deste gimmick. Entombed, Bolt Thrower,<br />

Nile, Suffocation (entre muitos outros) e<br />

charros. E funciona. Continua a funcionar<br />

ao quinto álbum. Se os títulos puxam à<br />

brincadeira, o death metal é de alta qualidade.<br />

O quarto álbum poderá não ter convencido<br />

todos os que os continuam a ver apenas<br />

como um gimmick, mas temos aqui grandes<br />

malhas de death metal clássico: "<br />

The 420th Crusade" inicia o trabalho da<br />

melhor forma e outros grandes temas<br />

("In Battle There Is No Pot" e "Effigy <strong>of</strong> the<br />

Forgetful" asseguram a restante qualidade.<br />

Uma banda a sério!<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

57


58<br />

CENTURIES OF DECAY<br />

“Centuries Of Decay”<br />

Edição de Autor<br />

O Canadá continua a<br />

trazer-nos boas bandas,<br />

desta feita no pós-metal<br />

embebido de death metal<br />

- ou será o inverso?.<br />

Os Centuries Of Decay<br />

lançam o seu álbum de<br />

estreia e deixam uma<br />

boa impressão com<br />

o mesmo. Temos um<br />

poder que apenas podemos encontrar paralelo<br />

com os nossos Process Of Guilt, embora aqui<br />

não tenha tanto foco no peso do groove e opte<br />

por soluções mais próximas da violência sónica<br />

do death metal. Mas será redutor qualquer tipo<br />

de rótulo e quando assim é, é porque temos<br />

músicas que nos deixam marcas pr<strong>of</strong>undas.<br />

Abordagem única e bem interessante, onde<br />

a influência hardcore (metal, death, pós) se<br />

une a elementos progressivos e até a tiques<br />

tradicionais do metal fazem com que este álbum<br />

seja obrigatório conhecer por todos aqueles que<br />

temem pela continuidade da boa música extrema.<br />

Have no fear, Centuries Of Decay are here!<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

COMEBACK KID<br />

“Outsider”<br />

Nuclear Blast<br />

Ainda me recordo da<br />

primeira vez que ouvi<br />

Comeback Kids, num<br />

EP editado por volta<br />

do início do milénio.<br />

Era a face de uma cena<br />

hardcore latente e cada<br />

vez mais evidente. Acabei<br />

por não acompanhar a<br />

carreira deles mas ei-los<br />

que surgem novamente à minha frente, desta feita<br />

quando editam este seu sexto trabalho de estúdio<br />

"Outsider". Daquilo que nos lembramos, permanece<br />

igual. Poderá ser um mau início de análise, afinal já<br />

passaram mais de quinze anos, mas não preocupai.<br />

Não se trata de dizer que a banda não evoluiu<br />

ou mudou. Apenas a sua essência permanece<br />

inalterada, o que, pessoalmente, é extremamente<br />

positivo. No seu som, temos uma produção<br />

poderosa que só faz com que as dinâmicas ora<br />

hardcore, ora mais punk ora metal ainda surjam<br />

com mais força. É um regresso em grande que<br />

para muitos será uma introdução. Complete-se<br />

apenas que é uma introdução que fará a pena já<br />

que a paixão pelo hardcore poderá nascer de<br />

álbuns assim.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

CREMATORY<br />

“Live Insurrection”<br />

Steamhammer<br />

Os Crematory são A<br />

banda de metal gótico<br />

alemã. Não há nenhuma<br />

que tenha uma história<br />

tão ilustre e mais antiga.<br />

Podemos discordar da<br />

relevância de alguns dos<br />

seus trabalhos mas o seu<br />

valor não poderá estar<br />

em disputa. Mesmo<br />

quando os álbuns ao vivo já não têm grande<br />

impacto comercialmente não deixa de ser a melhor<br />

forma de comemorar a carreira, principalmente<br />

quando acompanhado da componente visual - a<br />

qual não tivemos acesso. Temos um alinhamento<br />

com um foco no último álbum de originais mas<br />

ao qual não escapam também outros momentos<br />

fortes da sua discografia, como a "Fly" e a<br />

inevitável "Tears Of Time", que é brindada com um<br />

belo solo de guitarra. É um excelente prémio para<br />

os fãs e também uma forma de se introduzir ao<br />

seu som, mesmo que por vezes nos pareça tudo<br />

um pouco certinho demais (exceptuando pelo tal<br />

solo de guitarra), mas esse já é um mal geral e não<br />

exclusivo aos Crematory.<br />

[7.7/10] Fernando Ferreira<br />

CIRCUS MAXIMUS<br />

“Havoc In Oslo”<br />

Frontiers Records<br />

Os noruegueses<br />

Circus Maximus não<br />

são exactamente<br />

pr<strong>of</strong>ícuos, afinal têm<br />

quase duas décadas<br />

de existência e apenas<br />

quatro álbuns editados,<br />

sendo que o último é<br />

"Havoc", precisamente<br />

o trabalho onde a<br />

banda se apoiou para este trabalho ao vivo,<br />

com seis escolhas, não negliciando também o<br />

resto de catálogo, embora tenha sido o terceiro<br />

álbum,"Nine", o outro maior beneficiado. Não<br />

podemos dizer que tenhamos grande diferença<br />

nestas representações em relação aos temas<br />

de estúdio, mas sem dúvida que se sente toda<br />

a energia da banda a tocar ao vivo - isso hoje<br />

em dia é algo assinalável. <strong>Metal</strong> progressivo<br />

perfeito mas com alma e poder, numa banda<br />

que apesar de não conquistar propriamente as<br />

atenções generalizadas dos fãs do género, tem<br />

sem dúvida valor. Esta é mais uma prova.<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

CRADLE OF FILTH<br />

“Cryptoriana - The Seductiveness <strong>of</strong> Decay”<br />

Nuclear Blast<br />

Fazer uma review de um<br />

álbum de Cradle Of Filth<br />

é uma missão delicada.<br />

É uma banda cujo<br />

universo se marca pela<br />

falta de consensos, seja<br />

pelo seu controverso<br />

historial de saídas e<br />

entradas de membros,<br />

ou pelo fosso enorme<br />

entre aqueles que a dispensam como um acto<br />

de circo e aqueles que a respeitam por aquilo<br />

que é: uma banda de <strong>Metal</strong> cujo auspicioso<br />

início de carreira a condenou a ter de conviver<br />

com a sombra de um passado repleto de<br />

autênticos clássicos do <strong>Metal</strong> extremo. Tentar<br />

suplantar trabalhos como VEmpire, Dusk and<br />

Her Embrace e Cruelty and the Beast é tarefa<br />

ingrata, para não dizer impossível - essa foi e<br />

será sempre a grande cruz dos Cradle Of Filth.<br />

Eis que, depois de um marasmo que teve o seu<br />

ponto baixo talvez com o álbum Thornography,<br />

os britânicos dão mais um passo certo em<br />

direcção ao patamar de excelência que já foi,<br />

outrora, deles.<br />

O que dizer então sobre a música em si? Muito<br />

resumidamente, podemos afirmar que este<br />

álbum é, na sua essência, uma continuação<br />

do seu antecessor, mas melhorado em quase<br />

todos os aspectos possíveis. Ademais, o<br />

que é bastante e agradavelmente notório é<br />

a capacidade demonstrada em ir beber às<br />

velhas malhas memoráveis muitas daquelas<br />

nuances que tanta fama deu aos velhos Cradle<br />

<strong>of</strong> Filth - os riffs intricados, imprevisíveis, que<br />

vão desde o mais selvaticamente brutal aos<br />

ganchos mais sonantes, aqui e ali pautados<br />

pelas harmonias á là Iron Maiden que todos,<br />

de alguma forma, apreciamos; o dom de<br />

deambular entre a brutalidade e a melodia...<br />

Aliás, se podemos afirmar que estes Cradle Of<br />

Filth têm, neste ponto no tempo e no espaço,<br />

um grande trunfo, esse é o de que são um<br />

excelente conjunto de músicos, cheios de<br />

imaginação e técnica (e claramente fãs dos<br />

primeiros álbums da banda), que no seu todo<br />

perfazem uma máquina perfeitamente oleada.<br />

Por outro lado, se podemos indicar algo que<br />

ainda os separa daquele passado glorioso, de<br />

uma forma muito específica e arriscadamente<br />

injusta, é a tendência para as orquestrações<br />

excessivamente floreadas quando estas eram,<br />

em outros tempos, aplicadas no sentido de<br />

criar uma atmosfera mais negra, sinistra,<br />

sedutoramente erótica, épica.<br />

Ainda assim, malhas como Exquisite Torments<br />

Awaits, Wester Vespertine, Death and the<br />

Maiden e You Will Know the Lion By It's Claw em<br />

nada ficam abaixo do brilhante, sendo cada uma<br />

CODE RED<br />

“Incendiary”<br />

AOR Heaven<br />

Um grande álbum de<br />

AOR!!!! Para os fans<br />

do género musical,<br />

deixo aqui um alerta<br />

vermelho, estamos<br />

perante um excelente<br />

trabalho, cheio de<br />

talento criativo!<br />

Sahara, lembram-se?<br />

Ok, se não, aqui vai,<br />

este projeto conta com a presença de Ulrick<br />

Lönnqvist, vocalista dessa mesma banda, que<br />

se limitou a um único trabalho, mas que deu<br />

cartas, se não estou em erro por volta do ano<br />

2000 ou 2001 e agora com este Incendiary<br />

deixa um rasto de fogo cheio de rock melódico<br />

puro, com performances majestosas ao longo<br />

das dez faixas que o compõem. Não sendo o<br />

meu género favorito, aprecio, contudo, toda a<br />

qualidade, num pare de músicas que me dão<br />

a ouvir e é sempre com muito entusiasmo que<br />

escrevo sobre algo tão único! Destacar uma ou<br />

outra faixa seria certamente injusto perante um<br />

trabalho tão equilibrado.<br />

[10/10] Miguel Correia<br />

CRAWL<br />

“This Sad Cadav’r”<br />

Black Bow Records<br />

Os primeiros quatro<br />

minutos e meio de<br />

I a primeira faixa de<br />

This Sad Cadav’r são<br />

preenchidos apenas<br />

por um som ambiente<br />

inquietante digno de um<br />

filme de terror, cortado<br />

ocasionalmente pelo<br />

som de passos. A<br />

partir daí segue-se cerca de mais 7 minutos<br />

de distorção e sons guturais. O som dos Crawl<br />

é sujo, arrastado e lembra caves cobertas<br />

de fungos e sangue ressequido funcionando<br />

muito bem como som ambiente para um filme<br />

de gore. Infelizmente quase não existe uma<br />

estrutura musical ou algo que se assemelhe<br />

a um riff para acompanhar este ambiente<br />

medonho construído pela banda. As restantes<br />

IIe III são quase tiradas a papel químico tendo<br />

um tempo ligeiramente mais rápido. Isto faz de<br />

This Sad Cadav’r bom para fãs do estilo noise/<br />

doom ou para quem quer ruido de fundo meio<br />

assustador, mas falha como álbum.<br />

[4/10] Filipe Ferreira<br />

delas (à excepção da primeira) uma espécie de<br />

microcosmos onde existe espaço para os mais<br />

variados momentos de dinâmica expressiva.<br />

Não de menor importância, a própria prestação<br />

de Dani, que parece não só ter aprendido a<br />

jogar com as cartas que tem, gerindo melhor<br />

os momentos em que passa de um lower pitch<br />

para o registo alto seu trademark, como parece<br />

também ter recuperado alguma daquela potência<br />

e crueza vocal de outrora, denotada em alguns<br />

momentos que se tornam verdadeiramente<br />

arrepiantes (a parte final de You Will Know the<br />

Lion By It's Claw deixará qualquer velho fã com<br />

um sorriso na cara).<br />

Em suma, vindo de uma banda como Cradle<br />

Of Filth, com o enorme, variado e controverso<br />

legado que carrega, não podemos exigir mais<br />

do que isto. Por outro lado, e dado o evidente<br />

crescendo de forma evidenciado por Dani e<br />

pela excelente equipa que reuniu à sua volta,<br />

nunca se sabe se o futuro não nos reserva um<br />

regresso definitivo e inequívoco a um trono<br />

que já lhe pertenceu. Basta esperar que a velha<br />

maldição - a da incessante saída e entrada de<br />

músicos - não venha a destruir aquilo que tem<br />

vindo a ser construído nestes últimos tempos.<br />

Com muito mérito.<br />

[8.5/10] Jaime Nôro


CRIPPER<br />

“Follow Me: Kill”<br />

<strong>Metal</strong> Blade Records<br />

Os Cripper estão de<br />

volta com o seu quinto<br />

trabalho. Para quem<br />

não sabe, esta é uma<br />

banda de death/thrash<br />

metal potente que tem<br />

na voz Britta "Elchkuh"<br />

Görtz o seu destaque.<br />

No entanto, nem só<br />

de voz bruta por parte de uma mulher vivem<br />

os Cripper, há por aqui mérito instrumental<br />

suficiente para manter o interesse durante<br />

todo o trabalho. É pena é que esse interesse<br />

não seja mantido de forma mais convincente.<br />

Por outras palavras faltam aqui malhões,<br />

daqueles que nos deixem espantados e<br />

boquiabertos. Claro que existem bons riffs e<br />

solos, no entanto, nada que nos deslumbre.<br />

Para quem se esteja a sentir menos exigente<br />

e apenas quer ganga da forte, este é o disco<br />

a ouvir<br />

[6.9/10] Fernando Ferreira<br />

DARK AVENGER<br />

“The Beloved Bones: Hell”<br />

Rockshots Records<br />

Nos tempos em que<br />

a Rock Brigade ainda<br />

era distribuída em<br />

Portugal lembro-me do<br />

lançamento do primeiro<br />

álbum dos brasileiros<br />

Dark Avenger. Na altura<br />

não tinha acesso à<br />

internet para ir logo<br />

atrás de nomes para<br />

comprovar as boas críticas mas ficaram sempre<br />

as boas palavras deixadas para esse trabalho que<br />

me levariam a adquiri-lo assim que o encontrei.<br />

Entretanto a Rock Brigade deixou de ser distribuída<br />

por cá, a banda lançou mais um álbum em 2001 e<br />

viria a cessar funções poucos anos depois. Voltaria<br />

ao activo na presente década com um álbum<br />

de estúdio e este é o seu quarto. E o que temos<br />

aqui? Heavy/power metal de excelente qualidade<br />

que não se limita aos lugares comuns do género<br />

e até se arma em bruto e vai um pouco mais longe<br />

por vezes com guturais e ritmos que não soariam<br />

deslocados num álbum de death/thrash metal.<br />

Não só a banda voltou com a garra toda como<br />

está disposta a evoluir e a arriscar. Como é que<br />

podemos não gostar disso?<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

DAGOBA<br />

“Black Nova”<br />

Century Media Records<br />

Ainda me lembro da<br />

primeira vez que ouvi<br />

falar dos Dagoba.<br />

Uma altura em que o<br />

metal moderno, soava<br />

realmente moderno,<br />

graças a alguns.<br />

Apesar da banda não<br />

ter impressionado o<br />

mundo do metal por<br />

aí além, a sua qualidade permaneceu ao longo<br />

dos anos mesmo sem deslumbrar. No mundo<br />

cínico em que vivemos, pensamos que uma<br />

banda com este historial já não nos consegue<br />

surpreender. Bem... surpresa! "Black Nova"<br />

é um grande disco de metal moderno de<br />

retinques industrial. Não soa como se andasse<br />

atrás de uma moda qualquer e soa fresco. Mais<br />

que isso, não é uma lista de lugares comuns,<br />

é um conjunto de grandes temas, melódicos,<br />

pesados e até, pasme-se, memoráveis. Como<br />

já dissemos muitas vezes, o preconceito é um<br />

atraso de vida.<br />

DARKFLIGHT<br />

[8.7/10] Fernando Ferreira<br />

“The Hereafter”<br />

Symbol Of Domination Prod.<br />

Depressão, here we<br />

go. Estando num lugar<br />

particularmente feliz da<br />

nossa vida, chegamos<br />

a temer que possamos<br />

perder a capacidade<br />

de analisar a bela<br />

da proposta doom<br />

depressiva. Como não<br />

viramos as costas aos<br />

desafios foi satisfação que mergulhamos na<br />

depressão musical dos búlgaros Darkflight.<br />

Este é já o seu quarto álbum (a banda tem<br />

atravessado algumas peripécias na sua carreira<br />

o que não admira que ganhem motivações para<br />

tocar música depressiva) e traz-nos seis longos<br />

temas, onde o ritmo não passa do downtempo<br />

mas é cheio de dinâmicas, principalmente ao<br />

nível da voz e da guitarra solo. Bons arranjos<br />

e no geral bons temas, que fazem com que este<br />

trabalho seja um dos grandes destaques do ano<br />

no que ao black/doom diz respeito.<br />

[8.5/10] Fernando Ferreira<br />

DANIELE MYLES<br />

“Euphoria's Haze”<br />

Daniele Myles Records<br />

"Euphoria's Haze"<br />

é interessante e ao<br />

mesmo tempo deixa-nos<br />

perplexos. Não reinventa<br />

a roda - até pega<br />

num género bastante<br />

explorado, o hard'n'heavy<br />

- mas mistura diversos<br />

tiques que até nem<br />

costuma aparecer juntos.<br />

Temos uma voz que remonta ao hard rock mais<br />

glam, uma produção caseira mas que até resulta, e<br />

pormenores de baixo e guitarra bem interessantes<br />

(a bateria parece-nos programada mas com um<br />

óbvio esforço em disfarçar esse facto). É um álbum<br />

de estreia promissor pelo talento evidenciado mas<br />

que nos indica vários pormenores a ter em conta,<br />

principalmente na mistura. A voz de Daniele é<br />

característica e parece-nos que a mistura não a<br />

favorece, expondo-a demasiado. A bateria está<br />

demasiado alta, principalmente o pedal. São<br />

detalhes mas que acabam por deixar o pé atrás,<br />

principalmente nas primeiras audições. Bons<br />

temas, e muito potencial. Agora é preciso uma<br />

mistura mais equilibrada para salientar os pontos<br />

fortes e minimizar os fracos.<br />

[6.7/10] Fernando Ferreira<br />

DAWN OF DISEASE<br />

“Ascension Gate“<br />

Napalm Records<br />

O death metal melódico<br />

parece mesmo estar<br />

na ordem do dia o<br />

que só nos prova de<br />

que quando as modas<br />

passam, só fica mesmo<br />

a boa música. E por<br />

death melódico, falamos<br />

daquele tradicional, que<br />

além da brutalidade<br />

do death metal, lhe junta leads de guitarra bem<br />

atractivo e as harmonias que são reminiscentes<br />

de uns Iron Maiden e Judas Priest. Ou por outras<br />

palavras, não há aqui sombras de metalcore. Os<br />

Dawn Of Disease já nos habituaram à qualidade e<br />

este quarto álbum surge apenas como surpresa por<br />

ser lançado tão pouco tempo depois de "Worship<br />

The Grave", de 2016. Um conjunto bastante forte<br />

de músicas que vai para além do gimmick retro.<br />

Isto é a clássico, metal clássico intemporal. E por<br />

muito que seja entusiasmo imediato causado por<br />

malhões como "Perimortal" ou o épico "Mundus<br />

Inversus", temos fé que vamos voltar a ele muitas<br />

mais vezes no futuro e com igual entusiasmo.<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

DEAD LORD<br />

“In Ignorance We Trust”<br />

Century Media Records<br />

Confesso que<br />

à primeira este<br />

trabalho irritoume.<br />

Não por ser<br />

assumidamente<br />

retro, nem por ter<br />

uma voz, melodias<br />

e harmonias de<br />

guitarras à la Phil<br />

Lynott/Thin Lizzy, até porque seriam<br />

razões para gostar logo à partida. Não,<br />

foi mesmo por parecer-nos apático. Sem<br />

força. Algo que consequentes audições foi<br />

desaparecendo embora fiquemos com a<br />

noção de que um pouco mais de pujança<br />

não fariam mal a estas músicas, no entanto,<br />

se isso acontecesse provavelmente o seu<br />

charme iria à vida também. Soa vintage<br />

mas sem grande pretensões, este é um<br />

álbum que para quem tem saudades<br />

de Thin Lizzy e da sua fórmula de fazer<br />

música fará todo o sentido conhecer.<br />

[7/10] Fernando Ferreira<br />

DEAD RIDER<br />

“Crew Licks”<br />

Drag City<br />

Este som é estranho.<br />

Já ouvimos sons<br />

estranhos antes<br />

e por norma até<br />

gostamos mas este...<br />

deixa-nos perplexos.<br />

Desconcertante<br />

música electrónica<br />

que começa por soar<br />

ambient passando depois para um blues rock<br />

inspiradissimo, com bons solos, passando<br />

a trip hop, voltando ao rock, desta feita até<br />

bem clássico, mergulhando no rock industrial<br />

típico da década de noventa (onde os Nine<br />

Inch Nails são a principal referência) e é por<br />

esta altura que nos declaramos <strong>of</strong>icialmente<br />

perdidos. A faceta rock é bem interessante,<br />

seja pelo groove seja pelo trabalho da guitarra<br />

solo. A componente electrónica também nos<br />

soa nostalgicamente bem. O problema é que<br />

tudo isto junto, não soa a um produto coeso.<br />

Interessante mas poderia ser bem mais que<br />

isso.<br />

DER WEG EINER FREIHEIT<br />

“Finisterre”<br />

Season Of Mist<br />

Os Der Weg Einer<br />

podem não ser a<br />

proposta típica de black<br />

metal - pelo menos<br />

a avaliar pelas suas<br />

fotos promocionais<br />

- mas depois de se<br />

ouvir chega-se à<br />

conclusão daquilo<br />

que já sabemos - a imagem vale o que vale<br />

e é melhor sempre comprovar do que confiar<br />

em julgamentos preconceituosos. Ao quarto<br />

álbum a banda demonstra já ser bem veterana<br />

na arte de compor grandes temas de black<br />

metal épico e melódico e aqui apresentam<br />

mais cinco longos temas (os mais curtos têm<br />

cerca de cinco minutos cada) onde a melodia<br />

andam de mãos dadas com a agressividade,<br />

sem ser necessário recorrer às tendências<br />

mais recentes do pós-black metal (não que<br />

exista algo de errado com isso). Melancólico,<br />

pesado e épico são apenas algumas das suas<br />

características. Surpreendentemente viciante<br />

é aquela que mais nos fica em mente.<br />

[5.5/10] Fernando Ferreira [9.2/10] Fernando Ferreira<br />

59


DIE APOKALYPTISCHEN REITER<br />

“Der Rote Reiter”<br />

Nuclear Blast<br />

Confessamos que os<br />

Die Apokalyptischen<br />

Reiter foi uma banda<br />

que nos cativou no<br />

seu início de carreira<br />

mas que depois<br />

foi caindo numa<br />

fórmula demasiado<br />

previsível para que<br />

mantivessemos esse interesse. E foi com<br />

esse estado de espírito que avançámos para<br />

este álbum. Qual não foi a nossa surpresa<br />

que "Der Rote Reiter" bate-nos de frente<br />

como o comboio de Chelas. Num sentido<br />

positivo! Pesado, com blastbeats, melodias<br />

imprevisíveis e bem caçadas e longe de<br />

qualquer tipo de moda, este é um álbum que<br />

nos faz querer olhar para trás para termos<br />

a certeza de que não houve mais a passarnos<br />

despercebido. Uma excelente surpresa,<br />

indicado para todos os que gostam de<br />

melodia no seu metal extremo.<br />

DIMMAN<br />

“Guide My Fury”<br />

Inverse Records<br />

E que saudades do<br />

bom e velho death<br />

metal melódico<br />

vindo da Finlândia!<br />

Principalmente daquele<br />

mais clássico (ou<br />

seja, nada na onda de<br />

Children Of Bodom). Os<br />

Dimman estão a seguir<br />

o percurso clássico de<br />

carreira, lançando EPs de preparação para o<br />

primeiro trabalho de originais. Nesse percurso,<br />

"Guide My Fury" é o segundo EP da conta mas<br />

se tivesse mais umas músicas nem se punha<br />

em causa ser um álbum. A fórmula não é nova<br />

mas quando bem feita, é uma que nunca nos<br />

cansa. Guturais de death metal junto com leads<br />

melódicos e de extremo bom gosto assim como<br />

um noção rítmica bem sólida. Se tivesse surgido<br />

uns anos atrás poderíamos dizer que o sucesso<br />

era inevitável. Hoje em dia as coisas não são<br />

assim tão claras mas ainda assim as indicações<br />

que deixam são muito, muito boas.<br />

[8.6/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira<br />

DISFIGURED HUMAN MIND / INSOMNIA ISTERICA<br />

“Morbid Schizophrenic Minds In The Cabaret Noisecore”<br />

Murder Records<br />

Os Disfigured<br />

Human Mind são<br />

impressionantes. Tudo<br />

bem que a nossa média<br />

de avaliação do seu<br />

trabalho não é acima da<br />

média mas temos que<br />

dar a mão à palmatória<br />

que neste momento<br />

no underground não<br />

existe banda mais trabalhadora - este é um<br />

dos nove lançamentos que a banda lançou até<br />

agora. Sempre no limiar caótico que separa o<br />

grindcore do noise, o que podemos esperar<br />

da banda são sete temas em pouco mais de<br />

oito minutos que até têm um ambiente necro<br />

bastante interessante. Os seus companheiros<br />

de split são os Insomnia Isterica, do qual não<br />

temos muitas mais informações mas por<br />

aquilo que apresentam aqui, temos algo que se<br />

assemelha a um ensaio dos Brutal Truth e que<br />

sinceramente não nos convence. Neste split, os<br />

Disfigured Human Mind ganham claramente e<br />

carregam-no às costas.<br />

[6.7/10] Fernando Ferreira<br />

60<br />

Disfigured Human Mind / New York Against The Belzebu<br />

“Só Queremos Dizer Merda e Meter Nojo”<br />

Murder Records<br />

Disfigured Human Mind<br />

strikes back! Desta feita<br />

com um dos nomes<br />

clássicos do grindcore<br />

brasileiro, os New York<br />

Against The Belzebu.<br />

Comecemos pelos<br />

Disfigured Human<br />

Mind que apresentam<br />

uma dose cavalar de<br />

noise onde a distorção é de tal forma que tudo<br />

o resto parece imperceptível. Aliás, nos quase<br />

treze minutos que duram as dezasseis músicas<br />

(a contar com a intro), é difícil perceber quando<br />

começa uma e quando acaba outra. No lado<br />

dos New York Against The Belzebu, temos<br />

um ensaio que a banda registou em 1996,<br />

com o som típico de algo do género. Serve<br />

como curiosidade a raridade e no geral é bom<br />

lançamento underground para quem aprecia a<br />

barulheira.<br />

ELA<br />

[6.5/10] Fernando Ferreira<br />

“Second Reality”<br />

Massacre Records<br />

Quem é Ela? Poderão<br />

achar que não faz<br />

muito sentido esta<br />

pergunta já que se<br />

trata, aparentemente<br />

de forma óbvia,<br />

de uma banda. É<br />

efectivamente uma<br />

banda, liderada pela<br />

amiga Ela, vocalista com uma carreira já<br />

considerável, tendo passado por vários<br />

projectos. Ao que tudo indica, este é o<br />

segundo trabalho com esta designação e<br />

o que apresenta é power metal melódico<br />

que não surpreende por aí além mas<br />

consegue cativar o suficiente para que se<br />

lhe dedique algumas boas audições. Faltalhe<br />

no entanto um pouco mais de fogo e<br />

de malhas marcantes, como a "Welcome<br />

To Zombieland". Nada que nos impeça de<br />

mantê-los debaixo de olho.<br />

DIVINITY COMPROMISED<br />

“Terminal Qumran”<br />

No Dust Records<br />

D i v i n i t y<br />

Compromised é<br />

uma banda de metal<br />

progressivo fundada<br />

em 2009. “Terminal”,<br />

de <strong>2017</strong>, é o seu<br />

segundo full length,<br />

sucedendo a “A<br />

<strong>World</strong> Torn” de 2013.<br />

Com um prog que se aproxima, umas<br />

vezes, de Dream Theater, principalmente<br />

nos vocais, e outras de Symphony X, nas<br />

riffs mais heavy, Divinity Compromised<br />

consegue fazer arranjar espaço para<br />

algo seu. Apesar de apresentar uma<br />

sonoridade que revela rapidamente as<br />

suas influências, a banda consegue<br />

surpreender e entreter com a sua<br />

composição. Os momentos mais pesados<br />

e os mais suaves estão bem intercalados,<br />

nunca caindo no redundante e no<br />

aborrecido. Um dos melhores momentos<br />

é o último par de minutos da faixa “The<br />

Definition <strong>of</strong> Insanity”. Com samples de<br />

discursos de políticos (em destaque, de<br />

Donald Trump) a combinação da cadência<br />

do instrumental com as vozes cria um<br />

ambiente singular, em que crítica e arte<br />

se combinam perfeitamente. O vocalista,<br />

Lothar Keller, apresenta uma voz que tanto<br />

sobe e desces escalas com facilidade e<br />

doçura, como também consegue adquirir<br />

a rispidez e a agressividade para conferir<br />

o peso que o instrumental por vezes pede.<br />

De notar o excelente uso das teclas, por<br />

vezes quase impercetível, que confere<br />

uma pr<strong>of</strong>undidade ao som desta banda<br />

que, sendo independente, supera muitos<br />

lançamentos de grandes gravadoras.<br />

Para não falar das riffs e dos solos,<br />

perfeitamente executados. Um grupo<br />

de músicos excecionais que faz deste<br />

trabalho um grande álbum que, como uma<br />

montanha-russa musical, leva o ouvinte<br />

por paisagens épicas, planícies suaves,<br />

e montanhas ameaçadoras e rochosas<br />

(neste caso, metálicas). Um 8 em 10,<br />

com um grande respeito por músicos<br />

excelentes que merecem uma visibilidade<br />

muito maior.<br />

EAGLEHEART<br />

“Reverse”<br />

Scarlet Records<br />

Não começa nada<br />

mal...Until The Fear Is<br />

Gone, arranca logo a<br />

seguir a uma pequena<br />

e majestosa intro de<br />

nome "Awakening" trata<br />

de mostrar o que ai vem<br />

sem grandes rodeios.<br />

Depois é um desfilar de<br />

temas arrepiantes! Ainda<br />

hoje, falava sobre os naturais clichés que nos<br />

soam pelos diversos estilos musicais e aqui não<br />

fugimos à regra: power metal, e tudo o que está<br />

associado à sua sonoridade...Reverse, Eagleheart,<br />

sim estes mesmos, eles combinam tudo isso e<br />

recriam algo que vai deixar os fans do género de<br />

boca aberta e certamente vão apreciar esta obra<br />

de arte. Vocais potentes e melódicos, solos de<br />

guitarra memoráveis e uma batida de vitorioso<br />

combate. Cada faixa contem uma tonalidade de<br />

outras bandas que já aprendemos a apreciar pela<br />

sua grandiosidade e rapidez, mas os Eagleheart dão<br />

um toque muito sui generis ao seu som e com toda<br />

a certeza estão no caminho para se juntar às lendas<br />

do género. Força, porque estes Checos vão arrasar!<br />

ELUVEITIE<br />

[9/10] Miguel Correia<br />

“Evocation II - Pantheon”<br />

Nuclear Blast<br />

Muita expectativa<br />

para esta segunda<br />

parte de "Evocation".<br />

Não pelo álbum em si<br />

mas principalmente<br />

pela fase em que<br />

os Eluveitie se<br />

encontram. Com<br />

uma mudança<br />

pr<strong>of</strong>unda de alinhamento, a banda surge<br />

renovada e reformulada, mostrando que<br />

o seu folk metal ainda continua a ser<br />

temível para a concorrência. Não sabemos<br />

como é que a coisa vai ser no futuro já<br />

que este álbum acústico não nos mostra<br />

exactamente como a banda soa em todo<br />

o seu esplendor mas achamos que pelo<br />

menos para aqueles que estavam mais<br />

preocupados poderão ficar descansados.<br />

Temos aqui quase vinte músicas que são<br />

ideais para festejar e celebrar aos deuses<br />

antigos.<br />

[7/10] Fernando Ferreira [8/10] João Freitas<br />

[8.7/10] Fernando Ferreira


ENSIFERUM<br />

“Two Paths”<br />

<strong>Metal</strong> Blade Records<br />

Os Ensiferum poderão<br />

não ser a escolha mais<br />

óbvia no que ao folk<br />

metal diz respeito,<br />

principalmente pelo<br />

seu som mais épico e<br />

próximo do death metal<br />

melódico. Categorias<br />

e rótulos aparte, esta<br />

é uma banda que já<br />

conquistou o seu espaço na cena da música<br />

extrema. Ao sétimo álbum e após uma compilação<br />

o ano passado, aquilo que esperamos é aquilo<br />

que sempre tivemos: metal melódico e muitos<br />

gancho melódicos, feitos para serem entoados<br />

ao vivo. Poderão haver vozes críticas que refiram<br />

que a música da banda finlandesa não passa<br />

disso mesmo e que tal como outras bandas que<br />

surpreenderam no início de carreira (como uns<br />

Rhapsody, Children Of Bodom e Sonata Arctica),<br />

chega a um ponto em que não têm nada de novo<br />

para apresentar. Efectivamente não há nada de<br />

novo, apenas mais onze músicas novas que nos<br />

trazem o melhor que a banda sabe fazer. "Apenas"<br />

que já é muito.<br />

[8.6/10] Fernando Ferreira<br />

EPICA<br />

“The Solace System”<br />

Nuclear Blast<br />

Após um excelente "The<br />

Holographic Principle",<br />

era inesperado termos<br />

notícias de estúdio tão<br />

depressa por parte<br />

da banda holandesa<br />

Epica, mas aqui estão<br />

eles, após (menos de)<br />

um ano com este "The<br />

Solace System", um EP que nos traz seis temas<br />

de natureza mais condensada do que aquilo<br />

que a banda faz normalmente. Não se trata de<br />

material de refugo, já que há por aqui grandes<br />

malhas - "Fight Your Demons" é de uma potência<br />

avassaladora, isto já sem falar do tema título.<br />

Será um trabalho que deverá estar associado<br />

ao último álbum de estúdio e que serve como<br />

complemento do mesmo - daí a razão, talvez,<br />

de ter sido lançado tão pouco tempo depois. Na<br />

nossa opinião é indispensável para quem gostou<br />

de "The Holographic Principle".<br />

[8.7/10] Fernando Ferreira<br />

ESHTADUR<br />

“Mother Gray”<br />

Bleeding Music Records<br />

Depois de analisado o<br />

single do tema Cornered<br />

At The Earth numa<br />

edição anterior, temos<br />

finalmente em mãos o<br />

álbum deste projecto<br />

Colombiano, onde o<br />

tema referido se destaca,<br />

mas vários outros temas<br />

acompanham a mesma<br />

sonoridade e execução durante os 49 minutos<br />

do álbum de Black <strong>Metal</strong> Melódico com cheiro a<br />

Blackened Death <strong>Metal</strong>, com produção moderna e<br />

excelentes variações. A voz não é tipicamente Black<br />

<strong>Metal</strong>, como momentos mais graves quase Death<br />

<strong>Metal</strong>/<strong>Metal</strong>core, o que dá talvez a identidade de<br />

estilo são as guitarras e a bateria, que procurando<br />

criar melodias pesadas e sonantes. Apresentandose<br />

com belas composições e solos cativantes<br />

na guitarra, e a bateria tem um som cheio e<br />

extremamente agradável, quer pela composição<br />

apresentada como pela sonoridade individual dos<br />

seus componentes. Com alguns pormenores de<br />

sintetizadores ora a introduzir, ora a realçar ou<br />

complementar alguns momentos.<br />

[8.3/10] David Carreto<br />

ESKIMO CALLBOY<br />

“The Scene”<br />

Century Media Records<br />

FIVE THE HIEROPHANT<br />

FROM THE HELLMOUTH / MUTILATRED<br />

“Over Phlegethon”<br />

“Split”<br />

Dark Essence Records<br />

Redefining Darkness & Seeing Red Records<br />

Aquilo que cada vez<br />

Quando a apresentação<br />

Apesar de não haver<br />

mais temos a impressão<br />

é feita com a frase<br />

grandes expectativas<br />

é que o metal moderno<br />

"Paisagens sonoras<br />

quando nos aparece um<br />

está cada vez mais<br />

ritualistas fundidas<br />

split entre duas bandas<br />

convencional. Em vez<br />

de trazer surpresa e<br />

com black metal, jazz,<br />

pós-metal e ambient,<br />

de death metal em cima<br />

da mesa, é bom ver que<br />

revolução, agarrase<br />

é impossível não<br />

ainda nos conseguem<br />

a uma série de<br />

ficarmos logo rendidos<br />

surpreender. Não que<br />

lugares<br />

que<br />

comuns<br />

infelizmente<br />

- e até acrescentamos o<br />

doom à conta e o rock<br />

psicadélico. Para já quando logo na primeira<br />

música (a épica e hipnótica "Queen Over<br />

Phlegethon") se ouve o sax<strong>of</strong>one nos primeiros<br />

momentos é paixão à primeira vista. Este<br />

primeiro trabalho do trio britânico poderá não<br />

ser daqueles que chamará a atenção dos fãs de<br />

black metal mas sem dúvida que todos os fãs de<br />

sonoridades cheias de psicotrópicos da década<br />

de setenta que vão ficar apaixonados tal como<br />

nós. É um daqueles sons que é difícil de explicar<br />

e sobretudo de memorizar mas enquanto se<br />

está a ouvir, não se consegue sair dele. No final<br />

fica apenas a mensagem gravada: "ouvir de<br />

novo". Sim, nós obedecemos, amo.<br />

exista aqui algo de<br />

transcendente e que<br />

fure as regras mas sem dúvida que temos o estilo<br />

a ser tratado de forma muitíssimo competente.<br />

Os Mulitrated talvez sejam um pouco menos<br />

interessantes, com uma abordagem menos<br />

cativante ao seu death metal brutal, no entanto,<br />

apresenta-nos oito minutos de noise bruto a<br />

fechar a sua participação no split. Por outro lado<br />

os From The Hellmouth chegam-nos cheios de<br />

pujança e com um extremo bom gosto em riffs e<br />

ganchos memoráveis - sim, continuamos a falar<br />

de death metal. Surpreendente e recomendado.<br />

[5/10] Fernando Ferreira [9.5/10] Fernando Ferreira<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

são sempre os mesmos. E apesar de todo o<br />

entusiasmo e capacidade para fazer músicas e<br />

(principalmente) refrões atractivos, o que temos<br />

aqui é mais do mesmo. São o mesmo tipo de<br />

ritmos, breakdowns, arranjos electrónicos,<br />

efeitos na voz. Tudo aquilo que já andamos<br />

a ouvir desde 2005 e que já estamos um<br />

bocadinho fartos. Esta banda tem tido imenso<br />

sucesso na Alemanha quer em vendas quer em<br />

digressões e o que apresentam não contradiz<br />

que o continuem a tenter. O problema é mesmo<br />

nosso, já estamos cansados.<br />

GAEREA<br />

“Gaerea ”<br />

Everlasting Spew Records<br />

Black <strong>Metal</strong> negro,<br />

agressivo e por vezes<br />

decadente que produzem<br />

uma dinâmica e variedade<br />

ao som que é de destacar<br />

pela positiva face ao<br />

produto final conseguido.<br />

A composição mantém<br />

uma raiz nas guitarras<br />

executadas em tremolo<br />

picking, com boas variações e momentos que<br />

provocam sensações mais introspectivas, muito<br />

inspiradas nas letras interessantes, executadas<br />

numa voz arranhada e gritada; na bateria bem<br />

agressiva quando é momento mas também versátil<br />

e muito bem executada; e por fim no baixo que<br />

preenche a muralha de som. A produção é moderna<br />

e bem conseguida onde todos os instrumentos<br />

soam agradáveis e estão equilibrados, fazendo<br />

com que todos sejam audíveis na medida certa.<br />

De notar que este é um projecto nacional recente,<br />

que pela qualidade apresentada abre o apetite<br />

para o que podem produzir a seguir, e deixam-me<br />

pessoalmente alguma expectativa para ouvir como<br />

será o seu primeiro álbum, pois para primeira<br />

impressão este EP merece audição.<br />

GLOOMY GRIM<br />

“Fuck The <strong>World</strong>, War Is War!”<br />

Symbol Of Domination Prod.<br />

Como dissemos<br />

aquando o lançamento<br />

do "The Age Of<br />

Aquarius", os Gloomy<br />

Grim eram uma banda<br />

bastante diferente<br />

daquilo que se<br />

apresentam agora. Esta<br />

compilação das suas<br />

primeiras demos é a<br />

prova que precisamos para sustentar a nossa<br />

afirmação. Nestes primeiros trabalhos é<br />

visível uma abordagem bem peculiar, quase<br />

industrial - a bateria era programada sem<br />

grandes esforços para esconder o facto - e<br />

com músicas desconfortáveis (literalmente) e<br />

que não iam nem ao encontro da abordagem<br />

melódica/sinfónica das referências da altura<br />

(Cradle <strong>of</strong> Filth e Dimmu Borgir) nem estavam<br />

perto do lado mais extremo do black metal.<br />

Curiosamente esse era um dos seus atractivos.<br />

Como as demos já estão esgotadas há já muito<br />

tempo, esta é a única oportunidade para colocar<br />

as mãos neste temas.<br />

GRANT THE SUN<br />

“Grant The Sun”<br />

Mas-Kina Recordings<br />

Quando vimos os<br />

títulos em castelhano<br />

pensámos que<br />

iríamos ouvir algo<br />

para quebrar o ritmo<br />

anglo-saxónico.<br />

Só depois nos<br />

apercebemos que<br />

estávamos perante<br />

música instrumental, o que para nós é<br />

ainda melhor. Aliás, é perfeito. Consoante<br />

a música ser boa. Felizmente é. Os<br />

nuestros hermanos Lodo apresentamse<br />

com um pós-metal que não foge ao<br />

sludge para nos trazerem seis longas<br />

tapeçarias sonoras (média de duração<br />

é de seis minutos e meio) que são do<br />

mais viciante que poderíamos ter. Um<br />

grande álbum de estreia e uma enorme<br />

surpresa, daquelas que gostamos que nos<br />

surgem de nenhures. Neste Lodo não nos<br />

importamos de afundar.<br />

[8.6/10] David Carreto [7/10] Fernando Ferreira<br />

[9.3/10] Fernando Ferreira<br />

61


HATE MOON<br />

“The Imprisoning War”<br />

Folkvangr Records<br />

Da Pennsylvania<br />

(EUA) chega-nos<br />

uma proposta<br />

bem interessante<br />

dentro do Black<br />

<strong>Metal</strong> sinfónico.<br />

Intitulada Hate<br />

Moon, a banda<br />

formada pelos dois membros Tuathail<br />

(guitarra/teclado/bateria) e Tohmar<br />

(vocais/baixo/guitarra) presenteianos<br />

com um trabalho que explora as<br />

origens culturais dos dois músicos<br />

americanos de descendência<br />

irlandesa.<br />

Apostando numa sonoridade<br />

com contornos bastante épicos,<br />

a sonoridade de The Imprisoning<br />

War vai alternando com extrema<br />

agressividade e um lado mais<br />

sinfónico com elementos sonoros<br />

sintetizados, que proporcionam uma<br />

excelente ambiência sonora, tanto em<br />

temas mais curtos, como “Storm the<br />

Gates”, como em faixas mais longas,<br />

como “The Skeleton Forest”. Contudo,<br />

todo o trabalho dos Hate Moon é<br />

um conjunto de brutalidade épica e<br />

anciã, a recordar os tempos antigos<br />

que misturam a história e fantasia da<br />

mitologia nórdica e celta.<br />

Pese embora os vocais não serem os<br />

mais tradicionais no género, fazendose<br />

notar uma espécie de influência do<br />

screamo mais moderno, na realidade,<br />

a sua junção com a parte instrumental<br />

cria um ambiente bem interessante<br />

dentro do Black <strong>Metal</strong> que a banda<br />

propôs. Em suma, The Imprisoning<br />

War é uma proposta a ter em conta em<br />

um dos lançamentos do underground<br />

metálico que os fãs deveriam dar uma<br />

oportunidade.<br />

HEAT<br />

“Night Trouble”<br />

This Charming Man Records<br />

De Berlim, os<br />

classic rockers<br />

Heat, apresentam o<br />

seu terceiro longa<br />

duração Night<br />

Trouble, que sai<br />

no próximo dia 13<br />

de outubro. O que<br />

esperar? Bem, velho<br />

estilo rock, bem rasgadinho, solos e ritmos<br />

vibrantes compondo musicas simples e<br />

por vezes algo melancólicas, mas quando<br />

o ouvimos ficamos com a ideia de um<br />

enorme esforço da banda germânica, uma<br />

vez que comparativamente com trabalhos<br />

anteriores se nota uma melhoria na<br />

produção com um som mais pr<strong>of</strong>issional.<br />

A ouvir, claro que sim!<br />

HUMANITY ZERO<br />

“Withered In Isolation”<br />

Satanath Records<br />

HENRY METAL<br />

“So It Hath Begun”<br />

Edição de Autor<br />

Um passo, o primeiro,<br />

de um projeto de hard/<br />

heavy rock, que para<br />

os fãs ou apreciadores<br />

do género não deixará<br />

ninguém desapontado.<br />

São faixas como a<br />

brilhante "Butthead<br />

Maven" que me faz<br />

ter esta opinião, pois<br />

trata-se de um tema incrível, que serve para<br />

demonstrar que Henry <strong>Metal</strong> é um artista que<br />

realmente sabe como dar o que os outros<br />

querem. “Henry's Saga” tem o som da guitarra<br />

Thin Lizzy, bem ao estilo de Gary Moore e<br />

até mesmo as influências de John Sykes.<br />

Outras passagens revelam uma aparente raiva<br />

forçosamente escondida, “Squeeze You” e<br />

“Boss Of Me”, por exemplo.A globalidade do<br />

álbum é o sangue que corre nas veias de quem<br />

o construiu, cheio de excelentes musicas rock,<br />

fáceis de aceitar e cantar.<br />

[8/10] Miguel Correia [7.5/10] Miguel Correia<br />

Os Humanity Zero<br />

surgem-nos da<br />

Grécia, já com um<br />

longo historial, com<br />

"Withered In Isolation"<br />

a ser o oitavo álbum<br />

lançado desde 2008,<br />

o que é uma média<br />

bem alta. A dúvida que<br />

nos assalta será de verificar se a média no<br />

que diz respeito à qualidade também é alta.<br />

Conforme mergulhamos neste trabalho,<br />

percebemos que o seu foco é o death/doom<br />

clássico, lembrando-nos os primórdios de<br />

bandas como Anathema, Paradise Lost ou<br />

My Dying Bride. Arranjos simples e melodias<br />

de guitarra solo bastante convincentes<br />

fazem com que este álbum surja como uma<br />

agradável surpresa. De tal forma que nos<br />

dá vontade de verificar o resto da já longa<br />

discografia da banda grega.<br />

IGNOMINIOUS<br />

“The Throne And The Altar”<br />

Hidden Marly Production<br />

Black metal hungaro<br />

poderá não ser uma<br />

grande referência<br />

mas os Ignominious<br />

até nem se dão nada<br />

mal. Após seis anos<br />

de silêncio sob a<br />

estreia "Death Walks<br />

Amongst Mortals",<br />

a banda apresenta o seu segundo álbum<br />

sobre a forma deste "The Throne And The<br />

Altar". Não surpreendendo na forma - black<br />

metal tipicamente escandinavo próprio<br />

do underground da década de noventa -<br />

acaba por cativar pelo seu entusiasmo e<br />

pela sua melodia, mesmo sem ter arranjos<br />

de teclados. Produção crua e uma certa<br />

mística que faz com que se ouça muito<br />

bem. Para quem procura uma viagem ao<br />

passado no seu black metal, este é um<br />

bom destino.<br />

[7.5/10] Fábio Pereira [8.7/10] Fernando Ferreira<br />

[7/10] Fernando Ferreira<br />

IN TORMENTATA QUIETE<br />

“Finestatico”<br />

My Kingdom Music<br />

Necrot são o<br />

puro Death <strong>Metal</strong><br />

oldschool em Pleno<br />

século 21. Puro e<br />

cru, completamente.<br />

Começa logo com<br />

o pedal duplo que,<br />

apontado a nós<br />

como uma pistola,<br />

<strong>of</strong>erece momentos de destruição aos<br />

nosso ouvidos. Os riffs são gordos e<br />

densos, como que criando uma sólida<br />

parede de som quase impossível de<br />

derrubar. A agressividade como palavra<br />

de ordem não é algo que nos tenha sido<br />

apresentado propriamente ontem. Ao<br />

longo que os minutos vão passando,<br />

somos confrontados com mais do mesmo,<br />

tornando difícil de digerir o álbum na sua<br />

totalidade.<br />

INTEGRAL<br />

“Resilience”<br />

Ghastly Music<br />

Quando referimos<br />

que o metalcore e o<br />

deathcore já pouco de<br />

novo têm a <strong>of</strong>erecer,<br />

são bandas como os<br />

Integral que nos dão<br />

razão. Não por evitarem<br />

os ditos géneros mas<br />

por os incorporarem<br />

com outros géneros,<br />

neste caso, o death metal técnico. Até julgamos<br />

que, sem ser <strong>of</strong>icialmente, o death metal<br />

técnico é a tábua de salvação do deathcore.<br />

Como generalizar é o ponto de partida para o<br />

preconceito, vamos continuar a analisar caso a<br />

caso. Os italianos Integral conseguem conciliar<br />

de forma perfeita breakdowns e solos de<br />

extrema inspiração, que fazem com que temas<br />

como "Collapsed Cubes" e "Mechanical Existence<br />

Construction" nos soem extremamente<br />

interessantes. Este é um daqueles álbuns que<br />

nos vemos a voltar muitas mais vezes no futuro<br />

- o que já diz muito do seu impacto.<br />

JOHN STEVEN MORGAN<br />

“Solo Piano Works”<br />

Dark Martha Records<br />

Bem pessoal da<br />

metalada pura e dura.<br />

Podem ir descansar.<br />

Não há aqui para nós. O<br />

resto do pessoal que até<br />

gosta de outras coisas<br />

podem permanecer<br />

que isto até é capaz de<br />

vos interessar. John<br />

Steven Morgan é um<br />

compositor e pianista conhecido no circuito de<br />

jazz. "Então e o que é que isto tem a ver com<br />

o mundo do metal?" Bem, o senhor também é<br />

compositor para o projecto Wreche, black metal<br />

experimental? Interessante, não? É como a<br />

música aqui. Pequenas peças ao piano, cruas<br />

e puras e bastante emocionais. Algo que ficaria<br />

bem num filme qualquer onde as relações e<br />

emoções fossem um dos grandes tópicos.<br />

O resultado é um álbum zen que sabe bem<br />

ouvir para limpar o sistema das toxicidades do<br />

quotidiano. E não, não é música para dormir.<br />

Acreditem.<br />

62<br />

[6/10] João Coutinho [8.4/10] Fernando Ferreira<br />

[8/10] Fernando Ferreira


JORN<br />

“Life On Death Road”<br />

Frontiers Records<br />

Jorn Lande<br />

não precisa de<br />

apresentações, toda<br />

o seu percurso e<br />

reputação adquirida<br />

enquanto vocalista<br />

e compositor o<br />

precede. São muitos<br />

anos de metal, quase<br />

30, se não estou em erro, e este “Life On<br />

Death Road” marca o seu nono trabalho<br />

original de estúdio, trazendo mais uma<br />

vez o peso do metal, navegando para<br />

sonoridades AOR, ao nível elevado a que<br />

Jorn já nos habituou e mais uma vez<br />

acompanhado por nomes sonantes e de<br />

peso no panorama musical: Matt Sinner<br />

(baixo), Francesco Jovino (bateria), Alex<br />

Beyrodt (guitarra), complementados<br />

por Alessandro Del Vecchio nas teclas.<br />

Recomendo!<br />

KA BAIRD<br />

“Sapropelic Pycnic”<br />

Drag City<br />

Já estamos habituados<br />

a que nos chegue<br />

da Drag City as<br />

propostas musicais<br />

mais inesperadas<br />

mas mesmo assim<br />

ainda nos consegue<br />

surpreender. Ka Baird<br />

é difícil de definir. Este<br />

projecto poderá inserirse<br />

na vertente mais experimental da música<br />

ambient e avantgarde, onde sons estranhos,<br />

alguns orgânicos, outros fruto de sintetizadores<br />

se juntam a uma voz angelical que aparece de<br />

vez em quando. O resultado é desconcertante<br />

tanto como hipnótico. Definitivamente não é<br />

algo para ouvir todos os dias mas tem um efeito<br />

estranhamente calmante - compreendemos<br />

que possa irritar também. Um álbum de estreia<br />

que não nos deixa indicações para o que possa<br />

vir no futuro - a dificuldade para compreender<br />

o presente já é difícil - mas sem dúvida que<br />

uma obra que vai crescer com consequentes<br />

audições.<br />

KING PARROT<br />

“Ugly Produce”<br />

Agonia Records<br />

Os King Parrot já têm<br />

dado nas vistas desde<br />

o lançamento do álbum<br />

de estreia em 2012<br />

mas foi com "Dead<br />

Set", lançado pela<br />

editora de Phil Anselmo<br />

(Housecore Records)<br />

nos E.U.A e na Europa<br />

pela Agonia Records<br />

que as portas se abriram verdadeiramente.<br />

"Ugly Produce" pega nisso e eleva tudo um<br />

pouco. Qualidade, potência e intensidade, num<br />

álbum que apesar de unidimensional, não deixa<br />

de impressionar. Talvez o grande defeito é não<br />

<strong>of</strong>erecer uma faixa que seja que se destaque.<br />

Por outro lado, todas se equivalem por uma<br />

qualidade acima da média. Um álbum ao qual<br />

teremos ainda que dedicar mais audições mas<br />

que só esse facto - ser unidimensional mas<br />

mesmo assim puxar-nos para ouvir mais - é<br />

razão para ficarmos impressionados.<br />

[9/10] Miguel Correia [7/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira<br />

KORPIKLAANI<br />

“Live At Masters Of Rock”<br />

Nuclear Blast<br />

Nada como vir do Vagos<br />

<strong>Metal</strong> Fest e recordar uma<br />

das grandes actuações<br />

do festival com este "Live<br />

At Masters Of Rock",<br />

embora aqui tenhamos<br />

direito a muitas mais<br />

músicas do que aquelas<br />

que ouvimos na meca<br />

metaleira nacional. Dois<br />

CDs com duas actuações da banda, uma registada<br />

em 2016 e outra em 2014. Já sabemos o que<br />

estão a pensar - duas actuações, provavelmente<br />

dois espectáculos bastante semelhantes. Também<br />

estavamos cépticos e embora a música dos<br />

Korpiklaani não seja das mais surpreendentes<br />

que possa existir e realmente exista a repetição<br />

de alguns temas, a verdade é que os espectáculos<br />

são diferentes o suficiente para que compense<br />

a compra. Tal como compensaria ir ver a banda<br />

com o intervalo de dois anos a um festival como o<br />

Masters Of Rock. Além de ser o primeiro trabalho<br />

ao vivo da banda finlandesa (e também DVD/Blu<br />

Ray), deverá ser valorizado por não ter qualquer<br />

tipo de overdubs. What you heard is what you get.<br />

Para fãs e curiosos, recomendado.<br />

KRYPTONITE<br />

“Kryptonite ”<br />

Frontiers Records<br />

Estamos perante um<br />

projeto, reunidos por<br />

uma editora. Quando<br />

nomes como Jakob<br />

Samuel, voz de The<br />

Poodles, conheceu<br />

Alessandro Del<br />

Vecchio, produtor<br />

interno da Frontiers<br />

Records e um escritor<br />

á altura dos seus gostos chamado Neal<br />

Schon, Fergie Frederiksen, Steve Lukather e<br />

muito mais, o resultado é este KryptoniteO<br />

projeto também apresenta o guitarrista<br />

Michael Palace, o baixista Pontus Egberg e o<br />

baterista Robban Bäck com resultados algo<br />

impressionante. Bom, vamos lá, Chasing<br />

Fire, Across The Watere Get Out Be Gone, são<br />

musicas carregadas de ambiente típico AOR e<br />

claro recheado de conceitos líricos pr<strong>of</strong>undos e<br />

inteligentes, com uma grande energia. Será que<br />

apesar de tudo haverá espaço para um segundo<br />

trabalho destes Kryptonite?<br />

[8/10] Fernando Ferreira [7/10] Miguel Correia<br />

LENG TCH'E<br />

“Razorgrind”<br />

Season Of Mist<br />

Os Leng Tch'E são um<br />

dos nomes maiores do<br />

grindcore da Bélgica<br />

a par dos Agathocles,<br />

embora sejam uma<br />

banda (um pouco)<br />

mais recente. Quando<br />

partimos para a<br />

audição de um álbum<br />

de grindcore, é fácil<br />

esperarmos algo específicamente, no entanto,<br />

com este "Razorgrind" podemos esperar<br />

algumas surpresas. Para já, e graças a uma<br />

produção bem potente, há por aqui um espírito<br />

death metal bem acentuado. Depois existem<br />

por aqui dinâmicas e pormenores excelentes<br />

que ajudam a que não se sinta que este é<br />

apenas mais um álbum grindcore. Se pegarmos<br />

num malhão como "Ginea Swine" onde até<br />

teclados vintage temos, é fácil perceber ao que<br />

nos referimos. "Razorgrind" é praticamente<br />

inesgotável, dadas as vezes que lhe queremos<br />

dedicar audições e um regresso (após sete anos<br />

de ausência) muito bem acolhido por todos os<br />

que gostam de música extrema.<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

LEPROUS<br />

LONEWOLF<br />

“Malina”<br />

InsideOut Music<br />

pdoemos classificá-lo como trip hop,<br />

até à forma como progride sendo que os<br />

momentos emocionais tendem a sobreporse<br />

à intensidade que a banda já nos tinha<br />

“Raised On <strong>Metal</strong> ”<br />

Massacre Records<br />

Os Leprous já habituado. E este poderá ser o grande<br />

Estes franceses,<br />

deixaram de ser uma desafio para quem gostava principalmente<br />

trazem-nos um<br />

novidade há já algum dessa componente. No entanto, apesar da<br />

álbum cheio de<br />

tempo. Nem memso nítida mudança de direcção, não se pode<br />

metal pesado reto<br />

uma promessa. Já dizer que a identidade da banda tenha<br />

e intransigente; As<br />

são uma confirmação sido renegada. Melodias fáceis de fixar,<br />

músicas são rápidas<br />

e uma força a ter em alguma complexidade nos ritmos mas no<br />

com coros atraentes.<br />

conta no espectro do geral estruturas das músicas mais simples<br />

Com isso, e também<br />

metal progressivo. e fáceis de assimilar, assim como um<br />

devido à voz muito<br />

Depois de um "The Congregation" que ambiente quase pop. Curiosamente será característica do guitarrista / vocalista<br />

lhes trouxe sucesso e digressões por todo por essa facilidade de assimilação que o Jens Börner, a banda desenvolveu<br />

o lado (que nos brindou com um grande álbum talvez se torne algo difícil de digerir. totalmente um som que é imediatamente<br />

concerto no Lisboa Ao vivo) a expectativa "Malina" marca um ponto de viragem mas reconhecível. 'Raised On <strong>Metal</strong>' não é uma<br />

era grande e nem teve que ser alimentada não compromete, fazendo com que apesar exceção e é outro registro Lonewolf típico<br />

muito porque dois anos depois cá está o da mudança, continuamos a caminhar que irá satisfazer seus desejos de heavy<br />

sucessor. Ainda assim, o que temos é um com eles.<br />

metal mais pr<strong>of</strong>undos e irá especialmente<br />

trabalho substancialmente diferente de<br />

tudo o que a banda apresentou até agora.<br />

Para já está bastante mais acessível. Desde<br />

agradar os fãs de Grave Digger e Running<br />

Wild. O verdadeiro metal pesado, os picos<br />

e o couro ainda são a lei! Soltem os lobos...<br />

a forma como começa com "Bonneville",<br />

um tema que na maior parte da sua duração<br />

[8/10] Fernando Ferreira [8/10] Miguel Correia<br />

63


MANILLA ROAD<br />

“To Kill A King”<br />

Golden Core Records<br />

Depois do brilhante<br />

The Blessed Curse,<br />

os lendários reis<br />

do metal épico<br />

Manilla Road, que<br />

celebram 40 anos<br />

de existência, estão<br />

de volta com este<br />

To Kill A King. Mark<br />

the Shark Shelton, Bryan Hellroadie<br />

Patrick e Andreas Neudi Neuderth,<br />

acompanhados à data por Phil Ross no<br />

baixo, projetam neste trabalho aquilo que<br />

é a imagem destes Manilla: riffs e solos<br />

bem melódicos e muito característicos,<br />

projetados num ritmo muito próprio, os<br />

duelos nas vozes de Patrick e Shelton, e<br />

a sólida secção rítmica, numa batida bem<br />

progressiva, tudo traduzido em 10 faixas<br />

bem consistentes e plenas de criatividade,<br />

passando por momentos de demonstração<br />

de metal bem furioso, rasgado, The Arena<br />

é disso um bom exemplo, que ao mesmo<br />

tempo serve para elevar a melancolia<br />

trazida da faixa anterior. A longa abertura<br />

deixa antever a boa forma do quarteto<br />

do Wichita, Kansas, e ao longo de todo o<br />

trabalho faixas como Castle <strong>of</strong> the Devile<br />

Ghost Warriors, trazem logo à memória os<br />

bons velhos tempos, que os tornou uma<br />

das bandas de culto da cena heavy metal<br />

e que ainda hoje são respeitados por todo<br />

o seu percurso. Shelton é um mestre do<br />

metal, queiramos ou não, o percurso da<br />

banda fala por si e quem desenha hinos<br />

como The Talismane The Other Side<br />

não precisa de outro reconhecimento se<br />

não o dos seus fans. Estamos perante<br />

um trabalho nada antiquado, muito<br />

bem pensado e também ele capaz de<br />

demonstrar o som constante e evolutivo<br />

da banda, que se percebe sempre fiel às<br />

suas raízes. Os Manilla continuam a elevar<br />

os seus padrões criativos e a demonstrar<br />

que velhos são os trapos!<br />

MIDNITE CITY<br />

“Midnite City”<br />

AOR Heaven<br />

Ai está mais uma<br />

nova banda que<br />

tem na sua formção<br />

Midnite City o líder<br />

dos Tigertailz,<br />

Rob Wylde, Pete<br />

Newdeck (Newman<br />

/ Eden's Curse,<br />

Blood Red Saints),<br />

o guitarrista Miles Meakin e Shawn<br />

Charvette em teclados. O som de Midnite<br />

City é basicamente o rock duro melódico<br />

dos anos 80 com algumas pinças fortes<br />

da cena Hair <strong>Metal</strong>. São musicas muito<br />

surpreendentes de tirar o folego com<br />

guitarras bem fortes, com vocais cheios de<br />

atitude, criando grandes melodias! Notase<br />

o à vontade para compor musica dentro<br />

desta sonoridade, sendo uma estreia<br />

muito bem conseguida. A não perder de<br />

vista! Grande trabalho!<br />

[10/10] Miguel Correia [10/10] Miguel Correia<br />

64<br />

MIDNITE HELLION<br />

“Condemned To Hell ”<br />

Witches Brew<br />

Considerando<br />

as inúmeras<br />

mudanças de<br />

formação nos<br />

últimos seis<br />

anos (pelo<br />

menos quatorze<br />

guitarristas, baixistas e vocalistas<br />

diferentes já não estão na banda),<br />

o que sempre provoca alguma<br />

instabilidade, Condemned To Hell é um<br />

punhado de nove faixas de excelência<br />

que que cruzam linhas thrash e<br />

metal clássico. A formação atual está<br />

reduzida a um trio, mas onde a base é<br />

composta pelo baterista Drew Rizzo e<br />

o baixista / vocalista Rich Kubik. Bom,<br />

voltando ao álbum, as duas primeiras<br />

faixas, podem-nos deixar de pé atrás,<br />

não causando muito impacto e ouvir<br />

nessa fase de interlúdio a passagem<br />

sonora de Michael Jackson Black Or<br />

White seguido de um...wait a minute,<br />

this is not heavy metal...arrancando<br />

de punho erguido para um conjunto<br />

de riffs bem duros e pesados bem old<br />

school, mas como disse atrás, que<br />

não impressionam! Daí em diante as<br />

coisas aquecem e bem! Cross The<br />

LIne, é mesmo um atravessar de linha,<br />

para algo então muito, mas muito<br />

thrasher, com grandes solos e ritmos<br />

rasgados. Para a banda de New Jersey,<br />

fica o conselho: estabilidade, porque<br />

as ideias estão aí, mas precisam de ser<br />

mais equilibradas. Vamos aguardar<br />

por futuro lançamentos.<br />

[7/10] Miguel Correia<br />

MIST OF MISERY<br />

“Shackles Of Life”<br />

Black Lion Records<br />

O duo sueco<br />

conhecido como Mist<br />

Of Misery (entretanto<br />

ampliado a quarteto)<br />

deu nas vistas com<br />

o segundo álbum de<br />

originais editado no<br />

ano passado. Quem<br />

gostou nem teve que<br />

esperar muito tempo por nova música já que<br />

aqui está este EP que nos traz três temas<br />

novos acompanhados de três interlúdios<br />

e uma outro. A fórmula do seu black metal<br />

sinfónico e melancólico continua bem<br />

acutilante e eficaz. A fugir ao pós-black<br />

metal, abraçando o género mais tradicional<br />

mas ainda assim a não fugir à melodia, este<br />

é um EP indicado para quem gosta música<br />

orquestral e emocional, sem esquecer,<br />

obviamente o peso. Um bom momento da<br />

banda para se introduzir ao seu som.<br />

MITOCHONDRION<br />

“Antinumerology”<br />

Krucyator Production<br />

De vez em quando<br />

falamos do poder<br />

terapeutico da música<br />

indie ou ambient,<br />

como desintoxicação.<br />

Não só da metalda<br />

como do próprio<br />

stress. É um ponto<br />

válido no qual<br />

acreditamos ser fundamental à sanidade<br />

humana. Outro bastante válido para o<br />

mesmo fim é precisamente ouvir algo como<br />

este EP dos Mitochondrion, banda canadiana<br />

de black/death metal que espalha porrada a<br />

torto e direito como se fosse um cruzamento<br />

do Stallone com o Schwarzenegger.<br />

Daquela que até nos faz sugar toda a nossa<br />

agressividade depois de a puxar ao de cimo<br />

e sentir uma libertação como se tivessemos<br />

cinco horas no ginásio. Aliás, se esta música<br />

estivesse no ginásio era garantido que os<br />

treinos passavam de uma hora para meia.<br />

[8/10] Fernando Ferreira [8.3/10] Fernando Ferreira<br />

MOONLIGHT DESIRES<br />

“Just The Hits: 1981-1985”<br />

Edição de Autor<br />

Esta é uma ideia<br />

fantástica que já<br />

anda na nossa<br />

mente desde...<br />

sempre? Não, não<br />

nos roubaram a<br />

ideia, até porque não<br />

registámos patente mas como bons filhos<br />

da década de oitenta, não há nada mais<br />

que nos encante que pegar em músicas<br />

pop da nossa infância e adolescência e<br />

vê-la transportada para o universo rock.<br />

Imensas bandas já o fizeram no passado<br />

- os Atrocity são uma das mais ilustres<br />

- pelo que os Moonlight Desires não são<br />

revolucionários. Nem pretendem sê-lo<br />

mas o que fazem, fazem-no com uma<br />

mestria assinalável. Este é o segundo<br />

trabalho (a estreia veio na forma de<br />

"Frankie Goes To Hamilton", onde se<br />

dedicaram a reiventar músicas clássicas<br />

de amor) e é um mimo. Principalmente<br />

pela forma como músicas pop da década<br />

de oitenta são transformadas em temas<br />

rock moderno. Temos Duran Duran, Rod<br />

Stewart, Kim Carnes, Simply Red, Frankie<br />

Goes To Hollywood, entre outros. Esta<br />

é uma viagem no tempo que nem se dá<br />

conta que se está a ter, o que só demonstra<br />

tanto a qualidade das músicas como a<br />

capacidade da banda em reinventar temas.<br />

Só falta referir que os impulsionadores da<br />

banda são os mesmos por trás da série<br />

"Sons Of Butcher" (uma espécie de Spinal<br />

Tap canadiano), cujo tema é o genérico do<br />

nosso program Entrevista Estapafúrdia.<br />

Brilhante!<br />

[9/10] Fernando Ferreira


MOULDERED<br />

“Chronology Of A Rotten Mind”<br />

Satanath Records<br />

Não queremos saber<br />

se nos estamos a<br />

repetir. Gostamos da<br />

fruta sul-americana.<br />

Os tempos já não são<br />

o que eram e hoje em<br />

dia é possível termos<br />

um underground<br />

pulsante vindo de<br />

países como a Colômbia de onde nos surge<br />

esta estreia dos Mouldered. Em abono da<br />

verdade, não é nada que não tenhamos já<br />

ouvido antes. Death metal brutal a convidar<br />

ao slam - algo que apanhámos um fartote<br />

no início do milénio. Mas há algo neste<br />

conjunto de faixas que faz com que o que<br />

nos surge consiga cativar sem grande<br />

dificuldade. Bom death metal, a fugir à<br />

falta de dinâmica do slam - ouçam lá a<br />

"Mind Control" e digam lá se conseguem<br />

resitir a todos aqueles solos adoráveis.<br />

[7.5/10] Fernando Ferreira<br />

MR. BIG<br />

“Defying Gravity”<br />

Frontiers Records<br />

Estamos perante<br />

uma banda que não<br />

desperdiça o seu tem<br />

em estúdio. Uma vez<br />

envolvidos no processo<br />

de criação e gravação,<br />

o resultado tem de ser<br />

sempre surpreendente,<br />

não fossem os Mr.<br />

Big, uma das bandas<br />

que também marcou uma época, mas que<br />

atualmente também se preocupa em manter o nível<br />

conquistadonesses tempos. Riffs pesados, onde a<br />

guitarra e o baixo soam num sincronismo perfeito,<br />

as harmonias vocais são ricas e bem melódicas<br />

e pontualmente lá surgem umas brincadeiras de<br />

Gilbert que continua um mestre nas seis cordas,<br />

compondo um punhado de musicas muito bem<br />

estruturadas, mas um senão, acho a mistura<br />

perfeita, mas a produção poderia ter sido um pouco<br />

mais trabalhada, pois sonoramente o disco perde<br />

alguma intensidade. Se és um fan dos Mr. Big,<br />

Defying Gravity não vai desapontar, pois trata-se<br />

de um clássico som hard rock, tocado por mestres<br />

numa singularidade que os torna especiais e se<br />

destacam, provando que ainda têm muito para dar.<br />

[8.5/10] Miguel Correia<br />

MYRKUR<br />

“Mareridt”<br />

Relapse Records<br />

Não conseguimos<br />

perceber todo o ódio<br />

a esta banda/projecto<br />

ou à pessoa que dá<br />

vida a Myrkur. Parece<br />

que veio mexer com<br />

algumas sensibilidades<br />

e caiu no goto falar<br />

mal. A razão de não<br />

conseguir perceber é<br />

principalmente pela música ser boa. Não, não<br />

traz nada de novo. Não, não é revolucionário.<br />

Sim, é bastante melódico e sim, por vezes até<br />

se aproxima do pop (como na "Crown" que nos<br />

remete para terrenos da Enia e da música da<br />

década de oitenta), mesmo que o folk esteja<br />

sempre presente. E a música é boa! Era boa em<br />

"M" e é boa aqui em "Maredit". Não é a salvação<br />

do black metal nem o seu futuro, mas também<br />

não é a hecatombe de satanás que muito<br />

apregoam. Da nossa parte... aprovado!<br />

[8.7/10] Fernando Ferreira<br />

NATIONAL SUICIDE<br />

“Massacre Elite”<br />

Scarlet Records<br />

Thraaaaaaaaaaaaaaaash!<br />

Os National Suicide são<br />

um daqueles nomes<br />

que mesmo sem ser<br />

grande - comparado<br />

com pesos pesados<br />

como Havok e Harlott -<br />

entre os novos nomes<br />

do thrash, não deixa de<br />

ser um dos mais interessantes. Riffs galopantes e<br />

tocados à velocidade da luz, uma intensidade old<br />

school ao qual se junta a voz de Stefano Mini que<br />

parece um Udo Dirschneider (ex-Accept e actual<br />

U.D.o.) vitaminado, assim como a própria música<br />

tem muitos elementos de heavy metal tradicional<br />

principalmente nas guitarras solos. É um álbum<br />

curto e grosso mas que não nos cansamos<br />

de ouvir. Nós não nos cansamos de thrash, é<br />

verdade, mas quando nos é apresentado nesta<br />

forma, ficamos sem resistências para o quer que<br />

seja a não ser para gritar... thraaaaaaaaash!<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

NECROPHOBIC<br />

“Pesta”<br />

Century Media Records<br />

Já estava na altura<br />

dos Necrophobic<br />

deitarem qualquer<br />

coisa cá para<br />

fora. Uma das<br />

mais ilustres (e<br />

subestimadas)<br />

bandas do death<br />

metal sueco regressa<br />

com um EP após quatro anos de silêncio<br />

do anterior trabalho, o ambicioso "Womb<br />

Of Lilithu". E o que é que podemos<br />

esperar? Death metal blasfemo como a<br />

banda já nos habituou a fazer e em grande<br />

forma. Com apenas duas faixas, este EP só<br />

peca mesmo por curto. Ainda assim, a sua<br />

qualidade faz com que queiramos ouvir<br />

várias vezes "Pesta" e "Slow Asphyxiation",<br />

os dois temas em questão.<br />

NECRYTIS<br />

"Countersigns"<br />

Pure Steel Records<br />

Estamos perante um<br />

mix de elementos<br />

metal tradicionais e<br />

prog....construindo<br />

um som moderno e<br />

bem trabalhado. É<br />

um álbum de estreia,<br />

mas já vem cheio<br />

de intenção!Então o<br />

que esperar? A banda tem no seu line up<br />

Toby Knapp, veterano guitarrista da cena<br />

norte americana de heavy / power metal,<br />

logo não poderia estar mais bem entregue<br />

a construção das linhas de guitarra:<br />

bastante melódicas, riffs power-house,<br />

que levam som deste álbum a um nível<br />

bem elevado e com um ritmo tremendo<br />

do principio ao fim. Acho que fica aqui a<br />

dica para os apreciadores, é um trabalho<br />

surpreendente! Vamos lá ouvir!<br />

[8/10] Fernando Ferreira [8/10] Miguel Correia<br />

NEMECIC<br />

“The Deathcantation"<br />

Inverse Records<br />

Mais uma banda<br />

finlandesa a estrear-se<br />

mas se esperam algo<br />

extremamente polido<br />

e melódico, podem<br />

desenganar-se. Os<br />

Nemecic apresentamse<br />

com uma mistura<br />

de thrash e death<br />

metal que têm vindo a aperfeiçoar há mais<br />

de uma década. A banda passou por diversas<br />

fases e encarnações (esta é a sua terceira)<br />

mas agora parece que acertaram em cheio.<br />

Som dinâmico, cheio do melhor que o estilo<br />

mais clássico e old school e também a<br />

vertente moderna tem para <strong>of</strong>erecer. Não são<br />

os elementos que a compõem que fazem a<br />

diferença mas a forma como eles são usados<br />

e como vão desaguar a um excelente álbum<br />

de originais e uma excelente estreia.<br />

[8.4/10] Fernando Ferreira<br />

NETHERBIRD<br />

“Hymns From Realms Yonder"<br />

Black Lodge Records<br />

Um álbum de<br />

compilação pode<br />

ser uma faca<br />

de dois gumes.<br />

Enquanto que, por<br />

um lado, pode ter<br />

um inquestionável<br />

valor na forma<br />

como homenageia<br />

e revolve o percurso de uma banda, por<br />

outro, pode ser nocivo na forma como<br />

denuncia incoerências, imaturidades<br />

e inconsistências que não raramente<br />

mancham esses mesmo percursos,<br />

pelo simples facto destas crescerem e<br />

evoluírem nos seus trilhos artísticos.<br />

Hymns From Realms Yonder é uma<br />

compilação de b-sides, covers, músicas<br />

lançadas em formato digital que não<br />

conseguiram chegar aos lançamentos<br />

discográficos originais, entre outros<br />

"restos". Assumido o risco, os Netherbird<br />

ganham, apesar de tudo, esta aposta.<br />

É que apesar de termos as expectáveis<br />

mudanças de tom incontornáveis num<br />

trabalho deste género - onde passamos<br />

por fases variadas, onde ora temos uma<br />

vibe viking, épica, guerreira, ora temos<br />

uma atmosfera mais sinistra e ameaçadora<br />

e orelhuda, de riffs mais austeros e<br />

orquestrações com cheiro a gótico - existe<br />

uma argamassa coerente que consegue<br />

unificar esta disparidade: aquele espírito<br />

Black "<strong>Metal</strong>esco" melódico tradicional<br />

dos anos 90 cujas influências radicam no<br />

Heavy <strong>Metal</strong>.<br />

Não é um trabalho de encher o olho, mas é<br />

certamente um bom cartão de visita para,<br />

a partir daqui, melhor indagar nas <strong>of</strong>ertas<br />

musicais destes suecos. Assim sendo,<br />

"restos" talvez não seja, de todo, a palavra<br />

mais justa para descrever as malhas que<br />

o compõem.<br />

[7/10] Jaime Nôro<br />

65


NOSELF<br />

“Human-Cyborg Relations Episode 1”<br />

Zombie Shark Records<br />

Os NoSelf inseremse<br />

naquilo que é<br />

chamado como<br />

revivalismo nu metal.<br />

É verdade, há por aí um<br />

revivalismo nu metal,<br />

felizmente passou-nos<br />

despercebido. Com o<br />

conhecimento de que<br />

os NoSelf fazem parte<br />

do movimento limita logo a nossa boa-vontade.<br />

Felizmente o som não nos apresenta todos<br />

aqueles tiques que aprendemos a odia. Apenas<br />

alguns. Com uma compomente e conceito<br />

electrónico bastante presente que até apontam<br />

mais para o metalcore do que propriamente<br />

nu metal, este é um EP interessante e que não<br />

se distancia dos géneros citados atrás e até os<br />

abraça. É isso que acaba por nos conquistar,<br />

mesmo que o interesse não perdure muito.<br />

[6/10] Fernando Ferreira<br />

NOSTOC<br />

“Ævum”<br />

Edição de Autor<br />

Os Nostoc chegam<br />

pela calada e levam<br />

tudo à frente. "Ævum"<br />

é o álbum de estreia<br />

da banda embora não<br />

seja o seu primeiro<br />

lançamento - a banda<br />

conta com uma demo e<br />

um single no currículo<br />

- mas soa de forma<br />

tão poderosa que parece que já andam nisto há<br />

décadas. Temos death metal bruto com cariz<br />

progressivo. Temas longos e complicados que<br />

se enrolam em nosso redor e vão tecendo uma<br />

teia que nos deixa irremediavelmente presos.<br />

Este é um álbum contra a corrente do tempo.<br />

Mesmo que possa ter um efeito imediato (em<br />

nós teve) vai exigir muito mais do ouvinte<br />

do que aquilo que ele/a está provavelmente<br />

habituado. Tal como nós gostamos. Complexo,<br />

pesado, intenso. Não é preciso mais, mas eles<br />

ainda entregam mais. Pr<strong>of</strong>undidade, solos<br />

mirabolantes e uma voz cavernosa. Encerramos<br />

o nosso caso.<br />

NOVAE MILITIAE<br />

“Gash’khalah”<br />

Edição de autor<br />

O álbum começa<br />

com uma introdução<br />

sintetizada muito<br />

etérea, que introduz um<br />

black metal decadente,<br />

voz grave e demoníaca<br />

brilhantemente<br />

executada, som amplo<br />

extremo e repleto de<br />

frequências que eu chamaria ambientalmente<br />

negras. A produção está bem equilibrada e<br />

deixa que a muralha de som nos mergulhe no 2ª<br />

álbum deste projecto francês onde o ambiente<br />

de terror e desespero complementado com<br />

excelente black metal nos remete para<br />

outros produtos da imaginação. Repleto de<br />

agressividade e onde todos os sons têm o<br />

seu espaço, um excelente trabalho baseado<br />

na devastação sem grandes pausas, apenas<br />

nos ritmos deambulantes que continuam a ser<br />

pouco lentos apesar de embalantes. São cerca<br />

de 55 minutos de caos para os apreciadores.<br />

[9.3/10] Fernando Ferreira [9/10] David Carreto<br />

NOVELISTS<br />

“Noir”<br />

Edição de Autor<br />

Coisas como o rótulo<br />

metalcore progressivo<br />

deixam qualquer<br />

um desconfiado,<br />

certo? Como que se<br />

de alguma forma se<br />

tivesse a intenção<br />

de se afastar do<br />

metalcore, colocando<br />

outro elemento em cima da mesa. Talvez seja<br />

apenas teoria da conspiração ou mau feitio<br />

contra o metalcore. No entanto e em defesa<br />

do segundo álbum dos franceses Novelists, a<br />

música aqui não é má de todo. Não notamos<br />

qualquer influência progressiva. Parece tocar<br />

em todos os botões habituais do metalcore,<br />

no entanto fazem-no de forma que não nos<br />

importamos que o façam - ou seja, não<br />

enjoa. Melódico e cativante este é um álbum<br />

ao qual queremos voltar no futuro e que<br />

tem hipótese de crescer ainda mais após as<br />

primeiras audições.<br />

NUKLEAR WARFARE<br />

“Empowered By Hate”<br />

Edição de autor<br />

Thrash directo e<br />

sem rodeios é o que<br />

os alemães Nuclear<br />

Warfare nos propõem<br />

com este quinto<br />

álbum de originais.<br />

Existe um sentimento<br />

revivalista da era<br />

dourada do thrash<br />

em Empowered by Hate bem presente<br />

em musicas como After the Battle, Let<br />

the Hate Reign ou A Nice Day. Sendo esta<br />

uma banda alemã acaba por ser curioso<br />

a existência de uma música como Mata<br />

Com Faca, fruto da presença do baterista<br />

brasileiro Alexandre Brito. A produção<br />

contribui muito para o feeling old school, a<br />

simplicidade da execução assenta bem no<br />

que os Nuclear Warfare sendo a voz como<br />

ponto mais fraco. Para quem sente falta de<br />

uma boa thrashada á moda antiga esta é<br />

uma boa sugestão.<br />

[8/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira<br />

OCCASVS<br />

“Nocturnal Majestic Mysteria”<br />

Unspeakable Axe Records<br />

"Nocturnal Majestic<br />

Mysteria" não<br />

engana ninguém. É<br />

black metal. É black<br />

metal com toques<br />

melódicos graças a<br />

arranjos de teclados.<br />

É black metal diverso<br />

e dinâmico. Soa<br />

vintage mas sem soar propriamente retro,<br />

nem tem uma colagem a qualquer cena em<br />

específico. A banda é chilena mas vai para<br />

além do estereotipo do metal extremo sularmericano,<br />

sem recair na solução fácil do<br />

metal escandinavo embora englobe aqui<br />

muitas das suas características. Não, há mais<br />

aqui. Há algo mais. Um desconforto, uma<br />

finesse e ao mesmo tempo uma brutalidade<br />

que junta death metal ao thrash metal,<br />

mistura tudo no mesmo prato e apresenta-o<br />

de forma bem atraente. Occasvs lança o seu<br />

álbum de estreia e uma grande promessa em<br />

relação ao seu futuro. Uma promessa que<br />

vamos querer cobrar.<br />

[8.3/10] Fernando Ferreira<br />

66<br />

OMINOUS SHRINE<br />

“Ο Δρόμος Της Αποθεώσεως”<br />

Edição de autor<br />

Projecto francês<br />

de blackened<br />

death metal com<br />

muitas influências<br />

de doom, no seu<br />

álbum de estreia<br />

composto por 7<br />

temas, sendo um<br />

deles uma introdução de 3minutos<br />

de ambiente negro e percussão<br />

muito tribal. Este foi um álbum que<br />

precisou de mais de uma audição para<br />

percepcionar o seu ambiente, pois<br />

apesar de algum caos na produção<br />

que se nota principalmente nas partes<br />

onde todos os instrumentos mais a<br />

voz se fazem sentir por períodos mais<br />

longos, acaba por criar um ambiente<br />

próprio e até interessante. Com partes<br />

agressivas, outras mais doomish,<br />

com voz dentro do estilo death metal,<br />

bateria sempre a guiar o ritmo, com<br />

momentos ritualistas e excelentes<br />

pormenores de criatividade. O ponto<br />

mais negativo será a produção, que<br />

apesar de captar os instrumentos<br />

em perfeitas condições, perde um<br />

pouco no equilíbrio entre eles em<br />

momentos mais agressivos, quando<br />

todos se apresentam para fazer parte<br />

da musica em questão, por outro<br />

lado cria o seu próprio ambiente e<br />

por escolha pode ser preferível uma<br />

produção mais suja. Para o ambiente<br />

negro e decadente que apresenta, é<br />

perfeitamente aceitável, e acaba por<br />

estar presente na diversidade de estilo<br />

que a banda apresenta.<br />

OMRADE<br />

“Nade”<br />

My Kingdom Music<br />

O termo Avantgarde<br />

<strong>Metal</strong> poderá induzir<br />

muitos em engano.<br />

Passamos a explicar.<br />

Qualquer que seja o<br />

subgénero do metal<br />

que tenha lá metal no<br />

meio, tudo o resto é<br />

ignorado. O que poderá<br />

levar a que se tenha algum choque quando se<br />

repare que a componente metal é pouca ou<br />

praticamente inexistente e a existir é na vertente<br />

Paradise Lost, entre o "One Second" e "Host"<br />

com algumas excepções. No entanto isso não é<br />

o mesmo que dizer que seja má música. Muito<br />

pelo contrário. Para quem gosta de relaxar num<br />

ambiente (quase) chillout, trip hop, de arranjos de<br />

clarinete e sax<strong>of</strong>one, então tem aqui um viagem<br />

em grande. Este trabalho consegue agarrar sem<br />

se colcar a nenhum género em específico, o que<br />

só faz com que soe ainda mais refrescante. Agora<br />

atenção, metal... não há muito por aqui.<br />

[7.1/10] David Crreto [7/10] Fernando Ferreira


ON TOP<br />

“Top Dollar”<br />

Horror Pain Gore Death Productions<br />

Diretamente de Filadélfia,<br />

Pensilvânia, o trio<br />

formado por Jaron<br />

Gulino, vocais, Danny<br />

Piselli, bateria e a sua<br />

mais recente aquisição<br />

Ric Haas, guitarra e<br />

vocais, dão corpo a um<br />

som bem Hard Rock,<br />

de fazer corar os seus<br />

antepassados dos sagrados anos 80’s, mesmo que<br />

inspirados por eles. Os On Top, não pretendem<br />

deixar os seus créditos por mãos alheias e de<br />

forma alegre e bem divertida rasgam quatro<br />

malhas bem fortes que arrasam os mais corajosos,<br />

sim digo isto porque de hoje em dia temos de ter a<br />

coragem de dar uma oportunidade a novos nomes.<br />

Lovin The Devil, Walk This Walk, This Waye<br />

Everything são realmente 4 faixas muito, muito<br />

boas, preenchidas por riffs e solos de guitarra bem<br />

rasgados equilibrados por umas batidas de nos<br />

fazer saltar da cadeira. Ok, eles causaram muito<br />

boa impressão e a cena metal está a precisar de<br />

som assim, tocado sem rodeios<br />

PORTRAIT<br />

“Burn The <strong>World</strong>”<br />

<strong>Metal</strong> Blade Records<br />

Aos poucos os Portrait<br />

têm andado a ficar<br />

com um reputação<br />

no meio do heavy<br />

metal tradicional<br />

bem considerável.<br />

Ao ouvir "Burn The<br />

<strong>World</strong>" é fácil perceber<br />

que essa reputação<br />

é completamente<br />

merecida e que ainda não chega para ser feita<br />

justiça no mundo. Quando falamos do espírito<br />

da década de oitenta e em como o heavy<br />

metal tinha algo que entretanto se perdeu em<br />

produções digitais e inócuas de alma, é eesse<br />

espírito que vive aqui. Verdadeiro heavy metal<br />

que vicia mesmo. Para quem acha que o<br />

metalcore é a única forma de tentar introduzir<br />

o género às novas gerações, apresentamos<br />

malhões como o tema-título, "Martyrs" e "Pure<br />

Of Heart". Um dos grandes álbuns do ano senão<br />

mesmo o melhor álbum de heavy metal de<br />

<strong>2017</strong>!<br />

PABST / AUTISTI<br />

“Split 7"”<br />

Crazy Sane Records<br />

Quando duas<br />

grandes bandas do<br />

rock alternativo/<br />

psicadélico se<br />

juntam, obviamente<br />

que ficamos logo<br />

interessados. De um<br />

lados os Pabst e o<br />

seu rock alternativo<br />

vintage que nos remonta à década de<br />

noventa, àquilo que os Oasis e os The<br />

Smashing Pumpkins deveriam ter feito<br />

num tema, "Exciter" que soa mesmmo. Do<br />

outro os Autisti, vêm do mesmo sítio (rock<br />

alternativo) mas vão desaguar a àguas<br />

mais psicadélicas e até noise. Para quuem<br />

não passa sem propostas destas, este split<br />

é obrigatório.<br />

PARADISE LOST<br />

“Medusa”<br />

Nuclear Blast<br />

É engraçado ver<br />

como a vida dá<br />

voltas. Os Paradise<br />

Lost são um bom<br />

exemplo em como<br />

seguir o coração<br />

compensa. Do<br />

death/doom, ao<br />

metal gótico,<br />

passando pelo rock electrónico de<br />

tendências góticas e desde aí voltando<br />

lentamente ao início. Cada álbum tem um<br />

espírito diferente e, no geral, não há nada<br />

de escandalosamente mau. Apenas alguns<br />

álbuns menos conseguidos. "Medusa"<br />

está no espectro oposto, como um dos<br />

álbuns mais bem conseguidos por parte<br />

da banda. É que conseguir recuperar<br />

o peso de outrora, as raízes, de forma<br />

completamente fluída e natural, não é algo<br />

fácil de encontrar. Agora que falamos,<br />

talvez não exista nenhum caso, portanto<br />

[8.5/10] Miguel Correia [7/10] Fernando Ferreira podemos dizer que a banda fez algo que<br />

nunca ninguém tinha feito antes: fez o<br />

impossível. Mas em relação ao álbum em<br />

si. Tudo é clássico. O ambiente negro e<br />

PROCESS OF GUILT<br />

melancólico, as melodias típicas da banda<br />

“Black Earth”<br />

(e daí o dizermos que é um álbum que<br />

Bleak Recordings<br />

flui naturalmente, não é um regresso ao<br />

passado ignorando tudo o que está para<br />

Finalmente novo trás. É um regresso ao passado que passa<br />

álbum de Process pela contínua evolução da banda que nunca<br />

Of Guilt! Esta<br />

deixou de ter em toda a sua carreira), uns<br />

guturais impressionantes de Nick Holmes<br />

banda, e não e a banda toda compenetrada em fazer um<br />

dizemos isto por dos seus mais sólidos trabalhos desde<br />

ser portuguesa, é<br />

sempre. Ainda é cedo para vermos como<br />

se posiciona na sua discografia, mas pelo<br />

uma das melhores impacto que tem quase que arriscamos<br />

bandas de sempre. A música que que está entre os seus melhores três<br />

fazem não é acessível mas ainda<br />

álbuns, ao lado de "Draconian Times" e<br />

"Icon" - claro que é sempre uma questão<br />

assim é daquela que fala directamente de opinião...<br />

ao coração do ouvinte. Mais do que<br />

palavras, notas musicais, sons e<br />

ritmos, eles transmitem sentimentos<br />

e emoções e muitas vezes não são<br />

sentimentos e emoções com as quais<br />

queiramos lidar. Pelo menos foi isto<br />

[9.6/10] Fernando Ferreira que nos foram apresentando ao<br />

longo de uma carreira sólida. Cinco<br />

anos passaram desde "Fæmin" e nem<br />

[9.6/10] Fernando Ferreira<br />

o split com os Rorcal apaziguou a PSY:CODE<br />

coisa. "Black Earth" é tudo aquilo que<br />

“Morke”<br />

esperávamos: doom pintado a pós<br />

Pavement Entertainment<br />

Projecto de Black metal, com o poderio em termos<br />

Os Psy:Code, apesar<br />

metal experimental rítmicos (a um nível apocalíptico) onde<br />

de se inserirem no<br />

dos Estados Unidos<br />

as faixas se vão sucedendo, fluindo<br />

espectro metalcore,<br />

da América com<br />

demonstram não<br />

influências de naturalmente como se a divisão entre<br />

estar atados pelas<br />

shoe-gaze, e rock<br />

elas fosse apenas um mero detalhe.<br />

limitações do género.<br />

psicadélico, este é o seu<br />

Para já, estão bastante<br />

ultimo EP com 3 temas Não é um álbum que entre à primeira,<br />

mais próximos da<br />

de aproximadamente<br />

não é um álbum para celebrar a vida,<br />

vertente moderna<br />

é uma viagem aos nosso cantos mais<br />

obscuros da alma. Se as actuações da<br />

banda são inesquecíveis, é de esperar<br />

que no disco um impacto fosse menor.<br />

Aqui temos mais uma prova que não.<br />

PROSTITUTION<br />

“Egyptian Blue”<br />

Edição de Autor<br />

20minutos. Ao iniciar a<br />

audição do álbum a primeira coisa a se notar é<br />

a produção, está abafada na voz; a bateria tem<br />

uma som de tarola ligeiramente alto, timbalões<br />

um pouco baixos, na minha opinião poderia<br />

ser encontrado outro equilíbrio na sonoridade;<br />

as guitarras e o baixo soam agradáveis e<br />

escapam ao defeito de produção. Quanto à<br />

composição, a voz demonstra bons gritos, as<br />

guitarras apresentam ritmos adequados ao<br />

estilo mais experimental com bons momentos<br />

de composição, e o baixo acompanha. Destaco<br />

o tema Elevated Droves como o tema que mais<br />

me cativou e do qual gostei mais.<br />

[6.4/10] David Carreto [9.7/10] Fernando Ferreira<br />

do metal extremo que teve a sua génese no<br />

início do milénio (ou pelo menos na transição<br />

para o mesmo) onde os elementos e arranjos<br />

electrónicos têm um papel importante. A<br />

banda já tinha provado o seu valor com os<br />

dois bons álbuns anteriores e este não é<br />

excepção embora também peque por não<br />

conseguir dar o desejado (por nós) passo<br />

em frente. Restam-nos um bom conjunto<br />

de temas, ora mais melódicos, ora mais<br />

agrestes mas que no geral não desiludem<br />

para quem procura um metalcore a fugir ao<br />

banal.<br />

[7.3/10] João Coutinho<br />

67


PROMETHEUS<br />

“Consumed In Flames”<br />

Katoptron IX Records<br />

Vindos de terras de<br />

Alexandre, o Grande,<br />

os Prometheus<br />

trazem-nos aqui uma<br />

bela compilação de<br />

malhas. "Compilação"<br />

não será aqui uma<br />

palavra escolhida por mero acaso, ainda<br />

que não seja para se interpretar na sua<br />

forma típica. É que embora possamos<br />

"catalogar" este conjunto de músicas como<br />

pertencentes à grande família do Blackened<br />

Death <strong>Metal</strong>, num exercício generalizante,<br />

é inequívoca a miscelânea de influências<br />

díspares que se sentem ao ouvirmos<br />

um álbum como Consumed by Fire. De<br />

Mayhem na era Grand Declaration <strong>of</strong> War<br />

ao exotismo oriental/mediterrânico de uns<br />

Melechesh, e oscilando entre a violência<br />

rítmica (e as temáticas mitológicas ) de uns<br />

Behemoth e as pr<strong>of</strong>undezas dissonantes<br />

á là Deathspell Omega, encontramos<br />

aqui um pouco de tudo, organizado com<br />

competência técnica e coerência q.b.,<br />

numa entrega que no global se torna muito<br />

própria e respeitável. A originalidade da<br />

fórmula, portanto, reside, no fundo, na<br />

forma como compila todas estas fórmulas<br />

já pouco originais. E se é isso que, por<br />

um lado, torna este trabalho um trabalho<br />

"seguro" e de qualidade consensual, é<br />

também isso que o impede de atingir um<br />

estatuto de "marco indispensável" que,<br />

neste momento, com tanta e tanta música<br />

disponível, apresenta uma face cada<br />

vez mais invisível. A produção - densa,<br />

potente e organizada - merece aqui um<br />

bom destaque ao coroar um bom álbum<br />

com uma imagem sonora à altura.<br />

QUIET RIOT<br />

“Road Rage”<br />

Frontiers Records<br />

Os Quiet Riot são um<br />

nome desconhecido<br />

hoje em dia a não<br />

ser para aqueles<br />

que se lembram<br />

da excelente malha<br />

"<strong>Metal</strong> Health",<br />

retirada do álbum com o mesmo nome<br />

que foi um dos grandes sucessos do heavy<br />

metal no mainstream (embora este heavy<br />

metal esteja mais próximo do hard rock<br />

mas não sejamos tão picuinhas). Também<br />

se poderão lembrar do facto de ser a banda<br />

de Rhandy Rhoads antes de ir tocar com<br />

Ozzy Osbourne e ficar imortalizado como<br />

um dos melhores guitarristas de sempre.<br />

A banda não conseguiu repetir o feito e<br />

mais de trinta anos já passaram mas nunca<br />

desistiu e este álbum é representativo dessa<br />

perseverança. Cru, bem mais próximo do<br />

hard rock do que propriamente do heavy<br />

metal, este álbum foi regravado com o<br />

vocalista James Durbin (do concurso<br />

American Idol) após o vocalista anterior,<br />

Seann Nicols, ter saído. O resultado não<br />

é particularmente memorável mas não<br />

podemos dizer que seja um mau álbum.<br />

Tem feeling (um feeling primitivo de blues<br />

e rock), tem raça e é bastante (demasiado)<br />

orgânico. A própria voz de Durbin parecenos<br />

demasiado aguda para aquilo que a<br />

música nos traz. Mas ainda assim, não<br />

deixa de ser um bom álbum rock.<br />

[8/10] Jaime Nôro [6/10] Fernando Ferreira<br />

RAGE<br />

“Seasons Of The Black”<br />

Nuclear Blast<br />

Inesperadamente não só<br />

os Rage recuperaram da<br />

mudança de alinhamento<br />

com um bom álbum,<br />

como passado um ano<br />

depois voltam para mais.<br />

"Seasons Of The Black"<br />

pega onde "The Devil<br />

Strikes Again" ficou. Mais<br />

directo, heavy/power/<br />

thrash à semelhança do que a banda fazia no<br />

início da carreira. Foi uma viagem ao passado bem<br />

sucedida como poucos conseguem fazer embora<br />

a faceta mais melódica e sinfónica também façam<br />

parte da identidade da banda. Não sabemos se vai<br />

alguma vez vai voltar mas até agora não sentimos<br />

muita falta. Temas sólidos com aqueles refrães<br />

marcantes continuam presentes e no final acaba<br />

por ser tão bom como o anterior. Ainda assim<br />

talvez não chegue a ser um álbum tão marcante<br />

como outros no passado, mas como tantos<br />

trabalhos lançados já ninguém espera isso. Os<br />

Rage continuam vivos e de óptima saúde e é isso<br />

que interessa.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

REQUIEM LAUS<br />

“Last Winter”<br />

Edição de Autor<br />

Pouco tempo depois<br />

de terem lançado o EP<br />

"A Higher Claim" no<br />

final do ano passado e<br />

de reeditarem a demo<br />

de "For The Ones Who<br />

Died", os Requiem<br />

Laus, mítica banda<br />

madeirense, lança o seu<br />

quarto EP, este "Last<br />

Winter" que é uma excelente amostra de todo<br />

o seu poderio actual, aliás, como já tinha sido<br />

"A Higher Claim". A mistura entre o black/death<br />

metal mais melódico com alguma da melancolia<br />

do doom nacional resulta numa boa colecção<br />

de temas. Como sempre, temos direito a intro,<br />

outro e a interlúdio - como manda a tradição<br />

da década noventa. Poderia ser algo que nos<br />

fizesse pensar que estavam a encher chouriços<br />

mas como este EP, sentimos nós, deve ser<br />

encarado como um único tema de vinte e dois<br />

minutos, tal facto deixa de ter peso. Na nossa<br />

opinião só falta materializar todo este poder<br />

num terceiro álbum de originais.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

68<br />

RIDING PANICO<br />

“Rabo de Cavalo”<br />

Edição de autor<br />

Os Riding Panico são já<br />

um dos grandes nomes<br />

do rock nacional.<br />

São-no sem fazer<br />

concessões comerciais,<br />

em aparecer programas<br />

da manhã de televisão.<br />

São porque construiram<br />

uma carreira sólida com<br />

excelentes concertos<br />

e excelentes trabalhos de estúdio. Como este<br />

Rabo de Cavalo. Temos aqui mais um grande<br />

álbum onde o rock instrumental desconcertante<br />

junta-se a uma fluidez melódica que se instala. É<br />

dar a razão àquela máxima: primeiro estranhase<br />

e depois entranha-se. Em alguns momentos<br />

como no single "Rosa Mota", podemos dizer<br />

que é o inverso. Primeiro entranha-se, depois<br />

estranha-se, e depois ainda se entranha mais.<br />

É sem dúvida um álbum indispensável para os<br />

amantes não só do rock instrumental mas da<br />

música desafiante.<br />

[8.7/10] Fernando Ferreira<br />

ROUGH GRIND<br />

“Four for the Road”<br />

Inverse Records<br />

A banda finlandesa<br />

de rock / metal<br />

Rough Grind lançou<br />

seu novo EP "Four<br />

for the Road". Rough<br />

Grind serve uma<br />

mistura interessante<br />

de hard rock e heavy<br />

metal com algumas<br />

influências clássicas do rock. E eles<br />

entregam o seu som com uma energia e<br />

atitude rebelde, bem tipica do rock'n'roll.<br />

Riffs pesados e ritmos rasgados, que<br />

lhes podem abrir portas a uma nova vaga<br />

de fans, provando que destas bandas<br />

também surgem outras sonoridades<br />

com qualidade, num som de certa forma<br />

simples e limpo que agrada e agarra de<br />

imediato! São só quatro temas, mas ficam<br />

debaixo de olho para futuros lançamentos.<br />

[8.5/10] Miguel Correia<br />

ROW OF ASHES<br />

“Let The Long Night Fade”<br />

Third I Rex<br />

Este não é um trabalho<br />

de fácil assimilação. "Let<br />

The Long Night Fade"<br />

é o trabalho de estreia<br />

da banda britânica dos<br />

Row Of Ashes e remetenos<br />

para quando o póshardcore<br />

estava a dar<br />

os primeiros passos.<br />

Como um novo sentido<br />

de desconforto, da forma de lidar com questões<br />

interiores que até então não nos tinha passado pela<br />

frente, aliada à música mais abrasiva possível. Essa<br />

era a nossa sensação e foi algo que revisitámos<br />

agora, perante músicas como "Gravesend" e "Mass<br />

Strandings". Tal como na altura, a primeira reacção é<br />

de perplexidade. Sem saber como reagir. Não é um<br />

género preferencial mas não lhe somos indiferentes.<br />

É nesse ponto que entram as audições consequentes,<br />

onde temos oportunidade para melhor absorver uma<br />

série de dicotomias sonoras, ora doces ora amargas,<br />

que compõe este álbum de estreia. Confessamos que<br />

ainda estamos a meio deste processo - alguns álbuns<br />

exigem de nós tempo que não temos para dar - mas o<br />

que podemos dizer até agora é que a média é positiva.<br />

Com tendência a crescer com o passar do tempo.<br />

[7/10] Fernando Ferreira


RUBY THE HATCHET<br />

“Planetary Space”<br />

Tee Pee Records<br />

Sabem aquele feeling<br />

orgânico que a<br />

música da década de<br />

setenta tem? Aquele<br />

feeling mágico, onde<br />

temos mais do que<br />

instrumentos a serem<br />

tocados. Em que temos<br />

sensações a serem<br />

transmitidas. É esse<br />

feeling que temos aqui, para aliar ao facto de<br />

temas como "Killer" e Symphony Of The Night"<br />

serem autênticas naves espaciais, tal não é o<br />

seu poder nos transportar para outro mundo.<br />

O (hard) rock psicadélico tem tendência a ser<br />

extravagante e a afastar as pessoas com a mente<br />

mais fechada, mas no caso dos Ruby Hatchet<br />

temos uma série de ganchos que nos puxam<br />

logo desde riffs que soam a clássico assim<br />

como a voz de Jillian Taylor que ainda dá um ar<br />

mais místico à coisa. Um álbum hipnótico.<br />

SATYRICON<br />

“Deep Calleth Upon Deep”<br />

Napalm Records<br />

Os Satyricon vão ser sempre<br />

um dos nomes<br />

grandes do black<br />

metal, mesmo que<br />

andem afastados<br />

do género há<br />

quase vinte anos.<br />

A banda de Satyr e Frost não desvia<br />

do caminho que tem feito nos últimos<br />

anos. E isto significa que sim, é um<br />

passo em frente e não o tão ansiado<br />

regresso às raízes por alguns fãs.<br />

Ainda assim, é capaz de ser o álbum<br />

dos últimos anos onde temos alguns<br />

riffs que relembram os primeiros<br />

tempos mas sem fugir ao que são<br />

actualmente. E o que é que são<br />

actualmente? É difícil de explicar. Não<br />

é o black n'roll de "Volcano" e nem é os<br />

ambientes industrializados do "Rebel<br />

Extravaganza", não é taxativamente<br />

algo que a banda já tenha feito mas<br />

soa exactamente ao que esperaríamos<br />

por parte da banda. Produção bem<br />

orgânica - faz-nos sentir que estamos<br />

a ouvir o ensaio da banda - e músicas<br />

que não entram à primeira mas<br />

deixam o bichinho para que voltemos<br />

a elas não muito mais tarde. Desde os<br />

toques de sax na "Dissonant" até às<br />

estruturas mais progressivas de "To<br />

Your Brethren In The Dark", este é um<br />

álbum que mostra os Satyricon como<br />

uma entidade viva e capaz de progredir.<br />

Mesmo que essa progressão não seja<br />

imediatamente apelativa.<br />

SANGUE NERO<br />

“Viscere”<br />

Third-I-Rex<br />

[7/10] Fábio Pereira<br />

SATELLITE MODE<br />

“Wild Excuses”<br />

Edição de Autor<br />

Da Toscânia cheganos<br />

o Black <strong>Metal</strong><br />

Os Satellite Mode<br />

são um duo invulgar<br />

de aparecer aqui nas<br />

experimental e<br />

páginas da <strong>World</strong> Of<br />

caótico dos Sangue<br />

<strong>Metal</strong>. A sua sonoridade<br />

encaixa-se no indie<br />

Nero. Lançado no<br />

pop/rock, com ênfase<br />

decorrer do mês<br />

no pop. Ainda assim<br />

de Julho de <strong>2017</strong>,<br />

a forma invulgar e<br />

atractiva com que<br />

Viscere insere-se no que podemos designar conseguem tornar músicas (aparentemente)<br />

como a vertente melódica do Black <strong>Metal</strong>, descartáveis memoráveis não deixa de<br />

mas associada a uma experimentação nos impressionar. Apesar de ser acessível,<br />

duvidamos que este seja um trabalho que<br />

de ritmos e variações sonoras capazes chegue às rádios, já que toda a genialidade<br />

de criar uma atmosfera tensa, instável e parece passar ao lado de tudo o que é<br />

capaz de suscitar um certo temor na sua mainstream - esperamos estar errados, claro.<br />

Apesar dos originais se colarem na cabeça,<br />

audição. O caos sonoro recorre muito a é a emocional versão da "Wicked Game",<br />

ritmos alucinantes de tremolo na guitarra original de Chris Isakk, que realmente brilha,<br />

e a blast beats desenfreados, em conjunto principalmente pela voz de Jess Carvo. Alma.<br />

Se quiserem ver como é ouvir alma a cantar,<br />

com uma proposta vocal completamente peguem nisto meus amigos.<br />

rasgada e visceral, que mantém também<br />

[8.5/10] Fernando Ferreira ela um ritmo intenso.<br />

[8.8/10] Fernando Ferreira<br />

Abordando temas relacionados com o<br />

misticismo, magia e o próprio caos em<br />

si, Viscere é uma proposta que incorpora SECRET RULE<br />

elementos do tradicional Black <strong>Metal</strong>,<br />

“The Key To The <strong>World</strong>”<br />

mais cru e rasgado, com outros mais<br />

Pride & Joy Music<br />

modernos, como a produção e a forma<br />

Os Secret Rule foram<br />

como vai experimentando recorrer a<br />

formados no início de<br />

mudanças de ritmo, seja na velocidade<br />

2014 com a intenção de<br />

se criar um som especial<br />

e no peso, que transformam este longa<br />

com ritmos poderosos<br />

duração dos Sangue Nero em algo<br />

e melodias cativantes.<br />

mais difícil de assimilar numa única<br />

A banda é liderada pela<br />

poderosa voz de Angela<br />

audição. A incorporação de alguns<br />

Di Vincenzo (Kyla Moyl) e<br />

instrumentos e sonoridades tribais, como<br />

pelo guitarrista principal<br />

Andy Menario (Martiria), que é conhecimdo por<br />

o didjeridu, associada à nova vaga do ter trabalhado com grandes nomes como Vinny<br />

experimentalismo no Black <strong>Metal</strong>, podem Appice (Black Sabbath, Dio), Jeff Pilson (Dokken,<br />

Foreigner) e Carlos Cavazo (Quiet Riot). O line-up<br />

facilitar a que o novo trabalho dos italianos é fechado pelo baixista Michele Raspanti (Graal) e<br />

possa ter algum sucesso e ser descoberto pelo baterista Nicola Corrente (Enemynside, Stick<br />

por vários ouvintes.<br />

the out, Starkiller Sound).O novo álbum "The Key<br />

to the <strong>World</strong>" será lançado pela Pride & Joy Music<br />

em 10 de novembro de <strong>2017</strong>. Henrik Klingenberg<br />

(Sonata Arctica) e conta com dois novos Henning<br />

Basse (Firewind e MaYan) e Ailyn Giménez (ex<br />

Sirenia) e será pelo que nos foi dado a ouvir mais<br />

um momento incrível bem, com uma composição<br />

muito cativante, cheia de elementos rock prog,<br />

góticos e power metal bem poderosos para os<br />

nossos ouvidos!<br />

[7.5/10] Fernando Ferreira<br />

SCANNER<br />

“The Galactos Tapes”<br />

Massacre Records<br />

Depois das reedições<br />

que os Scanner<br />

tiveram no passado<br />

ano, temos agora para<br />

comemorar o trigésimo<br />

aniversário da banda,<br />

esta "The Galactos<br />

Tapes" que consiste<br />

numa compilação que<br />

abrange seis álbuns de<br />

originais e que está divida entre 2 CDs. De um<br />

lado (ou seja no primeiro CD) temos músicas<br />

escolhidas pelos fãs da banda, retiradas da sua<br />

discografia. Do outro temos o segundo CD que<br />

nos traz uma série de clássicos regravados<br />

pela banda pelo actual vocalista (que já está na<br />

banda há mais de uma década). O resultado é<br />

uma colecção essencial para tanto se introduzir<br />

ao som da banda como para velhos fãs. E as<br />

regravações são uma actualização bem vinda<br />

ao seu som de metal clássico já vintage. É a<br />

excepção que comprova a regra e que nos diz<br />

que esta compilação é recomendada.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

SECRET SPHERE<br />

“The Nature Of Time”<br />

Frontiers Records<br />

[9/10] Miguel Correia<br />

Passado é isso mesmo,<br />

passado e começo a<br />

falar dos Secret Sphere,<br />

desta forma porque<br />

nunca foram um abanda<br />

muito reconhecida no<br />

panorama metal mundial!<br />

Os motivos? Não sei,<br />

nem é o importante, se<br />

a banda teve a sua quota<br />

de culpa, com “The Nature Of Time” parece terem<br />

aprendido os erros e demonstram capacidade em<br />

se relançar e reclamar pela devida oportunidade.<br />

Trabalho muito ambicioso, numa linha power<br />

metal, rock progressivo, com elementos sinfónicos<br />

bem presentes e totalmente cheio de confiança.<br />

Demonstram uma habilidade nata na conjugação<br />

e equilíbrio dos estilos utilizados, nunca soando<br />

esgotados, parece que estamos sempre a descobrir<br />

pequenos pontos ao longo de todo o trabalho,<br />

que nos prendem na audição. A produção, ajuda<br />

em muito, resultando num punhado de musicas<br />

memoráveis, com arranjos dramáticos, melódicos<br />

e muito técnico. Candidato a álbum favorito de<br />

power metal deste ano de <strong>2017</strong>!<br />

[9/10] Miguel Correia<br />

69


SEPTICFLESH<br />

“Codex Omega”<br />

Season Of Mist<br />

"Codex Omega" é<br />

um dos álbuns mais<br />

aguardados para <strong>2017</strong><br />

e não são necessárias<br />

muitas audições<br />

para verificarmos<br />

que não se tratavam<br />

de expectativas<br />

infundadas. Se Titan<br />

era um colosso bruto<br />

de metal sinfónico extremo, "Codex Omega"<br />

é grandioso e recupera grande parte da<br />

atmosfera e requinte sacrificado no último<br />

trabalho, principalmente pelas vozes limpas<br />

que surgem no ponto ideal. Místico, poderoso<br />

e até assombroso, este é um álbum que vai para<br />

muito além do que se lhe era exigido. Apesar<br />

de exigir algumas audições, e ao contrário dos<br />

seus antecessores, facilmente concedemos<br />

mais umas rodagens, sem qualquer de enfado.<br />

Sem dúvida que o mais grandioso trabalho da<br />

banda nesta segunda encarnação.<br />

SIFTING<br />

“Not From Here”<br />

Eclipse Records<br />

O som dos Sifting<br />

é bem refrescante.<br />

Começando assim<br />

supõe-se logo que<br />

vamos afirmar<br />

como é a salvação<br />

do rock e como<br />

nos mostram algo<br />

esplendorosamente<br />

novo. Nem por isso. É o problema de hoje<br />

em dia, esperamos que seja tudo ou muito<br />

bom ou muito mau. Ou revolucionário ou<br />

experimental. Os Sifting apresentam-nos<br />

várias facetas ao longo deste álbum, sendo<br />

que o rock é aquela que está presente<br />

em todas elas. Ora mais alternativo ora<br />

até progressivo (progressivo a um nível<br />

de Threshold por exemplo) este álbum é<br />

um autêntico desfilar de surpresas. Bem<br />

conseguido e um poço de talentos, uma<br />

banda que já devíamos ter encontrado à mais<br />

tempo.<br />

SILIUS<br />

“Hell Awakening”<br />

Massacre Records<br />

Trabalho de estreia<br />

dos austríacos Silius<br />

que apresentam<br />

um thrash metal a<br />

lembrar aquele que<br />

nos ia surgindo na<br />

década de noventa<br />

(na segunda metade)<br />

e que apesar dos<br />

altos níveis de energia, fica a sensação de<br />

que falta algo. Temos riffs, temos fulgor<br />

mas parece não ser suficiente para que<br />

fiquemos totalmente convencidos. Por outro<br />

lado, existem indicadores que a banda talvez<br />

possa apresentar algo bem mais interessante<br />

no futuro -a mais melancólica "Kingdom<br />

Of Betrayal" e a pujante "Evol Monument"<br />

são excelente indicadores. Como álbum<br />

de estreia não podemos dizer que seja um<br />

mau trabalho (não é!), no entanto falha em<br />

impressionar-nos em relação à competição<br />

fortíssima.<br />

[9.5/10] Fernando Ferreira [7.9/10] Fernando Ferreira [6.5/10] Fernando Ferreira<br />

SINICLE<br />

“Angels & Demons”<br />

Edição de Autor<br />

O trio oriundo de<br />

Los Angeles, Sinicle,<br />

formados por Drew<br />

Zaragoza, (voz e<br />

guitarra), Justin Miller,<br />

(Baixo) e Diego Patino,<br />

bateria, combinam<br />

um groove <strong>Metal</strong>,<br />

patenteado num rock<br />

angustiante, mas<br />

enérgico, colocando-os num mundo próprio,<br />

mas bem comprometidos com os seus<br />

objetivos de dominar o seu espaço e estilo.<br />

<strong>Metal</strong> pesado e arrojado capaz de rebentar com<br />

os tímpanos de qualquer um que se proponha<br />

a ouvi-los. Tendo sido um dos elementos do<br />

cartaz do Ozzfest Meets Knotfest de 2016, a sua<br />

última versão de Still In Mind obteve um bom<br />

reconhecimento na imprensa mundial, levando<br />

à participação em outros festivais, gigs com<br />

monstros como os Exodus, Allegaeon e Rex<br />

Brown entre outros.<br />

SKEIN<br />

“Deadweight”<br />

Inverse Records<br />

Segundo álbum de<br />

originais da banda<br />

finlandesa Skein que<br />

apresenta um bom<br />

equilíbrio entre o metal<br />

moderno e o som mais<br />

alternativo. Na teoria<br />

poderá não parecer<br />

grande coisa, não muito<br />

diferente do som metalcore que recebemos<br />

todos os dias mas na prática as coisas revelamse<br />

algo diferente. Temos alguma atmosfera que<br />

torna o seu som mais peculiar do que aparenta.<br />

Sem ir por caminhos pós-metal mas também<br />

sem se afastar muito de alguns dos seus<br />

ambientes, este é um trabalho dinâmico que<br />

confundirá os vossos preconceitos enquanto se<br />

instala aos poucos. Pesado, melódico, sensível<br />

e intenso. Um daqueles álbuns que poderá ser<br />

desprezado à primeira mas que depois fica<br />

gravado.<br />

[7/10] Miguel Correia [8/10] Fernando Ferreira<br />

SOCIAL CRASH<br />

“Burn Out”<br />

Wormholedeath<br />

Por vezes é bom<br />

ouvir música sem<br />

expectativas. As<br />

mesmas poderão<br />

tapar-nos aos olhos<br />

acerca de qualidades<br />

mais subtis. Foi sem<br />

expectativas que<br />

avançámos para "Burn<br />

Out", o álbum de estreia dos Social Crash. No<br />

entanto, não foi devido a elas que notámos as<br />

qualidades mais subtis. Não as conseguimos<br />

encontrar porque elas são mesmo raras.<br />

Temos algumas melodias boas aqui e ali -<br />

aquele solo da "Alive" soa a rock clássico -<br />

mas não muito mais. Supostamente a banda<br />

toca punk rock experimental e quanto a<br />

isso só podemos dizer que provavelmente a<br />

experiência será esconder essa faceta da sua<br />

música. Falta pulso e ganchos para que estas<br />

músicas fiquem na memória.<br />

[410] Fernando Ferreira<br />

SONS OF TEXAS<br />

“Forged By Fortitude”<br />

Spinefarm Records<br />

O que dá som brito,<br />

moderno com aquele<br />

cheiro sulista que vai<br />

do southern rock até ao<br />

que os Pantera fizeram?<br />

Os Sons Of Texas. A<br />

banda já tinha deixado<br />

boa impressão com<br />

"Baptized In Blood", o<br />

seu álbum de estreia<br />

editado dois anos atrás e este segundo trabalho<br />

reforçam essa impressão. <strong>Metal</strong> sulista que faz<br />

lembrar Lamb Of God e Pantera na voz mas<br />

que tem muito do poder do metal moderno que<br />

tem intenções de actualizar o hard rock. É uma<br />

descrição que não elucida mas poderá ajudar.<br />

Não é heavy, não é rock nem é thrash. É de tudo<br />

um pouco. A ideia é manter as coisas simples<br />

e o feeling a mil e é isso que conseguem fazer.<br />

Um bom álbum para quem gosta do som do<br />

deserto.<br />

SORCERER<br />

“Sirens”<br />

<strong>Metal</strong> Blade Records<br />

Os Sorcerer são um<br />

bom exemplo de<br />

como a Suécia deve<br />

ter qualquer coisa<br />

na água. Aliás, toda<br />

a Escandinávia mas<br />

isso já divagamos.<br />

Depois de um<br />

excelente álbum de<br />

estreia em 2015 (e também um EP), a<br />

banda de heavy metal épico e tradicional<br />

volta à carga com este single dois anos<br />

depois. Single com dois temas mas que<br />

são uma óptima introdução ao próximo<br />

álbum de originais, "The Crowning Of The<br />

Fire King" além de cativar qualquer um que<br />

ainda não conheça o som da banda. Para<br />

quem gosta de coleccionar vinil, esta será<br />

uma escolha obrigatória.<br />

SORCERER<br />

“The Crowning Of The Fire King”<br />

<strong>Metal</strong> Blade Records<br />

Quando dissemos a<br />

propósito do single<br />

"Sirens" que esta<br />

banda é obrigatória<br />

para os amantes do<br />

som da velha guarda<br />

não estávamos<br />

a brincar. "The<br />

Crowning Of The<br />

Fire King", o segundo álbum de originais<br />

da banda sueca é uma lição de como<br />

fazer heavy/doom clássico. E claro que é<br />

impossível não fazermos comparações<br />

com os Candlemass, mas os Sorcerer não<br />

são simples cópias. E é possível notar a<br />

evolução da banda desde o álbum anterior.<br />

Este é mais um álbum clássico que vemos<br />

a desafiar o teste do tempo, mais um<br />

clássico cortesia da <strong>Metal</strong> Blade.<br />

70<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

[9.3/10] Fernando Ferreira


SPACE VACATION<br />

“Sing The Night In Sorrow”<br />

Tee Pee Records<br />

Ao receber este trabalho<br />

Os Sweet Apple são<br />

fiquei curioso de o ouvir,<br />

uma congregação<br />

até porque já tinha tido<br />

de pessoal que faz<br />

feedback positivo desta<br />

boa música. Temos<br />

banda austríaca, mas<br />

J. Mascis (Dinosaur<br />

sinceramente nunca de<br />

Jr., Witch, Heavy<br />

me dei ao trabalho de<br />

Blanket), Tim Parnin<br />

tentar dar os devidos<br />

(Cobra Verde, Chuck<br />

créditos à mesma. Bom,<br />

então, o novo álbum<br />

Mosley), John Petkovic<br />

"Anywhere We Dare" traz as lendas legítimas e<br />

(Cobra Verde, Death<br />

pesadas austríacas de nome Speed Limit de volta <strong>of</strong> Samantha, Guided By Voices) e Dave<br />

aos circuitos do metal. Formados em 1979, em Sweetapple (Witch, Eerie, Dusty Skull). E como<br />

1994 s<strong>of</strong>reram o revés de uma paragem indefinida, se não bastasse, ainda temos Mark Lanegan<br />

mas em 2008, os pioneiros de metal melódico (Screaming Trees, Queens <strong>of</strong> the Stone Age),<br />

voltaram, e pelos vistos continuaram a <strong>of</strong>erecer Robert Pollard (Guided by Voices), Rachel<br />

qualidade nas suas musicas, violentos golpes de Haden (Haden Triplets) e Doug Gillard (Guided<br />

guitarra, que soam algo trabalhadas e s<strong>of</strong>isticadas, by Voices, Nada Surf) a participaram. E quase<br />

temperadas por emoções pr<strong>of</strong>undas nas linhas que chegámos ao final da review sem sidzer o<br />

vocais. Os cinco roqueiros oriundos do berço de que realmente temos. E o que temos? Rock.<br />

Mozart nunca perderam o seu foco, em variedade, Orgânico. Arraçado de folk. Arraçado de<br />

aspetos melódicos e harmonia, todos dentro de alternativo. Com vida e alma. Cru, visceral mas<br />

seu próprio estilo. Os verdadeiros fãs de metal vão com sensibilidade. Sweet Apple é mais que uma<br />

com toda a certeza ficar satisfeitos por "Anywhere<br />

super-banda. É uma super-banda que lança<br />

We Dare" ser a porta de retorno.<br />

super-discos. Este é o último deles. Vão ouvir.<br />

[10/10] Miguel Correia [8.5/10] Miguel Correia [8/10] Fernando Ferreira<br />

“Lost In The Black Divide”<br />

Pure Steel Records<br />

Heavy metal que<br />

nos faz recordar os<br />

anos 90 de Ozzy<br />

Osbourne. Este<br />

quarteto que conta<br />

na sua formação<br />

com o ex-guitarrista<br />

dos Vicious Rumors,<br />

Kiyoshi Morgan e<br />

o vocalista Scott Shapiro, reproduz um<br />

metal verdadeiro, rápido e melodioso...<br />

com influências de Enforcer e Skullfist<br />

Thin Lizzy, Iron Maiden e Diamond Head,<br />

para além do já referido Ozzy. As faixas são<br />

globalmente cheias de ritmo de guitarra e<br />

soam bem pesadas, mas os vocais soam<br />

um pouco AOR, limpas, mas seguras. Na<br />

minha opinião abusam das harmonias<br />

vocais, mas Stay Away, por exemplo traz<br />

uma mudança ao que globalmente se ouve<br />

no seu ritmo. Space Vacation...heavy metal<br />

como deve ser!<br />

SPEED LIMIT<br />

“Anywhere We Dare”<br />

Pure Steel Records<br />

SWEET APPLE<br />

TARANTIST<br />

“Not A Crime”<br />

Edição de Autor<br />

Mais uma capa<br />

tenebrosa. Como é<br />

possível levar a música<br />

a sério quando a capa<br />

mete medo à noite<br />

escura? A imagem não<br />

é tudo mas certamente<br />

ajuda e é um indicativo<br />

para o que podemos<br />

encontrar. Neste caso<br />

concreto temos uma espécie de rock/metal<br />

industrial com origem em Teerão, no Irão.<br />

Admiramos a perseverança da banda que tinha<br />

que tocar às escondidas e que passando o<br />

seu som de boca em boca começou a ganhar<br />

algum conhecimento além fronteiras e que os<br />

levou a irem para os E.U.A. onde encontraram<br />

outro tipo de problemas. No entanto, o som<br />

que apresentam, que é isso que interessa, não<br />

é nada atractivo. Não cativa, não inova e chega<br />

até a ser aborrecido. Consegue até ser pior do<br />

que aquilo que a capa sugere, o que à partida<br />

parece impossível.<br />

TEMPERANCE<br />

“Maschere”<br />

Maschere - A Night At The Theater<br />

Posso estar errado, mas é<br />

dos poucos registos ao vivo<br />

que ouço que foi gravado<br />

e ok, o que se recolheu<br />

e como se recolheu,<br />

assim fica, com todos os<br />

ingredientes de um concerto<br />

ao vivo! Os Temperance<br />

foram fundados em<br />

dezembro de 2013 e, desde<br />

então, ano após, os italianos<br />

lançaram três álbuns completos e permanecem bastante<br />

ativos, chegando a partilhar inclusive os palcos com<br />

nomes como Within Temptation, Rhapsody de Luca<br />

Turilli e Nightwish e por aqui já dá para entender<br />

a veio musical que influência estes italianos. Com<br />

um excelente som, que não é de modo algum inferior<br />

às produções realizadas em estúdio, e onde a voz de<br />

Chiara Tricarico prova ao vivo soa tão poderosa e clara<br />

- e também pode lidar com notas extremas com facilidade.<br />

Além disso, os instrumentos e os vocais são misturados<br />

habilmente com as cordas e o coro ampliando<br />

ainda mais o som. O resultado é realmente fascinante e<br />

envolvente, desde que se goste do género que o quarteto<br />

interpreta. Tudo está perfeitamente gravado, com<br />

sons completos, poderosos e claros. A execução está em<br />

níveis muito bons.<br />

[3/10] Fernando Ferreira [8/10] Miguel Correia<br />

TERRIBLE OLD MAN<br />

“Fungi From Yuggoth”<br />

Edição de autor<br />

H.P. Lovecraft!!!<br />

Quem se recorda?<br />

Ok, esta famoso<br />

escritor foi a fonte<br />

de inspiração deste<br />

segundo trabalho<br />

dos TOM. Todas as<br />

faixas são baseadas<br />

no mesmo ciclo de<br />

poemas de H.P. Lovecraft acompanhados<br />

de um som heavy metal de boa qualidade<br />

atraente e poderoso e com passagens<br />

bem sombrias e tensas! O álbum até que<br />

é divertido de ouvir, lá está, parafraseando<br />

assuntos místicos-melodramáticos, que<br />

num todo acaba por ser bem-sucedido,<br />

mesmo que não seja nada de inovador.<br />

[7.5/10] Miguel Correia<br />

THE HAUNTED<br />

“Strength In Numbers”<br />

Century Media Records<br />

Depois de toda<br />

a confusão com<br />

os The Haunted,<br />

parece que as<br />

coisas voltaram a<br />

entrar nos eixos.<br />

"Exit Wounds" foi<br />

um bom regresso mas não convenceu<br />

todos os que tinham presenciado a<br />

cisão que houve no seio da banda.<br />

Quatro anos já passaram desde a<br />

confusão e três desde o álbum de<br />

regresso. E "Strength In Numbers"<br />

coloca um ponto final em tudo<br />

isso definitivamente. É certo que<br />

pega na fórmula do disco anterior<br />

e apenas a aperfeiço-a. Para quem<br />

estava habituado a ter discos da<br />

banda diferentes, este poderá ser<br />

uma desilusão. No entanto, em<br />

compensação temos um grande<br />

álbum que não cansa ouvir. Grandes<br />

riffs, Marco Aro em excelente forma<br />

e boas músicas que nos vemos a<br />

fazer headbang ao vivo - "Tighten The<br />

Noose" é definitivamente uma delas.<br />

"Strength In Numbers" pode ser visto<br />

como uma oportunidade perdida ou<br />

como um grande álbum. No nosso<br />

caso, optamos pela segunda.<br />

[8.3/10] Fernando Ferreira<br />

THE HIRSCH EFFEKT<br />

“Eskapist”<br />

Long Branch Records / SPV<br />

A matemática nunca foi o<br />

nosso forte. Admitimos<br />

a sua importância num<br />

mundo cada vez mais<br />

informatizado, mas<br />

sinceramente nunca<br />

nos cativou o suficiente.<br />

Talvez seja o nosso<br />

espírito preguiçoso<br />

mas a verdade é que é<br />

muita confusão para a nossa cabeça. E foi essa<br />

a primeira impressão com este trabalho dos<br />

alemães The Hirsch Effekt, "Eskapist". Há por<br />

aqui aquele espírito endiabrado do mathcore que<br />

já reconhecemos em bandas como The Dillinger<br />

Escape Plan, mas "Eskapist" traz- nos mais do<br />

que apenas mathcore. Traz-nos ambiência,<br />

capacidade de cativar com padrões reconhecíveis<br />

e traz-nos canções, que são mais do que<br />

espasmos e contracções de cinco em cinco<br />

segundos cujo objectivo é desafiar o ouvinte.<br />

O efeito é positivo e faz com que digamos com<br />

orgulho que gostamos de mathcore. Mesmo<br />

sendo preguiçosos.<br />

[7.8/10] Fernando Ferreira<br />

71


72<br />

THE LURKING FEAR<br />

“Out Of The Voiceless Grave”<br />

Century Media Records<br />

Prontos para mais<br />

uma uma super-banda<br />

sueca? Se calhar por<br />

esta altura já estão<br />

cansados de superbandas,<br />

sueca ou não.<br />

Compreendemos isso<br />

mas... só pedimos que<br />

se abra uma excepção,<br />

afinal estamos a falar<br />

de uma banda (e é verdadeira banda e não<br />

projecto) que junta membros e ex-membros<br />

de At The Gates, God Macabre, Crippled Black<br />

Phoenix, Infestdead, Marduk, The Haunted,<br />

Embalmed, Skitsystem, entre muitos outros.<br />

Sim, sim, já sabemos. Nomes não são nada<br />

se a música não trouxer qualidade. E esta traz.<br />

E muita. Death metal de qualidade tipicamente<br />

sueco. Não é retro. Não é revolucionário. Nem<br />

é prepotente, é simplesmente boa música<br />

extrema made in Gothenburg. É preciso dar<br />

mais argumentos?<br />

THE RADIO SUN<br />

“Unstoppable”<br />

Pride & Joy Music<br />

É o quarto álbum<br />

desta banda<br />

australiana. Hard<br />

Rock melódico<br />

AOR no seu mais<br />

puro contexto.<br />

O vocalista Jase<br />

Old e o guitarrista Stevie Janevski<br />

escreveram um monte de novas<br />

canções de rock melódico com a ajuda<br />

do produtor Paul Laine (Dark Horse,<br />

The Defiants). Vozes melodiosas e<br />

solos contagiosos são uma grande<br />

parte do som da banda, reforçada pelo<br />

baixista Anthony Wong e pelo baterista<br />

Gilbert Annese. Curiosamente, estive<br />

perante um punhado de reviews<br />

de bandas desta sonoridade e não<br />

sendo a minha preferida, tal feito<br />

permitiu uma pequena comparação<br />

e concluiu que em todos os projetos<br />

que foram dados a ouvir, a grande<br />

qualidade é uma marca em todos<br />

eles. Os Radio Sun, querem que este<br />

Unstoppable seja imparável e eu faço<br />

mesma pergunta que deixei no ar em<br />

outros momentos: e se este trabalho<br />

fosse lançado na década de 80? Não<br />

existe uma receita para isto, e estes<br />

australianos demonstram-no tocando<br />

musica que se sente feita com paixão<br />

e de forma simples.<br />

THE NEW ROSES<br />

“One More For The Road”<br />

Napalm Records<br />

No meio de tanta<br />

coisa retro, chega<br />

a uma altura que o<br />

preconceito parece que<br />

fala mais alto do que a<br />

boa música. E depois<br />

temos bandas como<br />

os The New Roses que<br />

nos trazem hard rock<br />

clássico que parece<br />

que está atrasado uns trinta anos. Esta poderia<br />

ser uma machadada mas a verdade é que se<br />

ainda hoje ouvimos álbuns como "Apetite For<br />

Destruction" é porque o hard rock não foi uma<br />

moda passageira. "One More For The Road"<br />

poderá não ter o impacto do álbum de estreia<br />

dos Guns N' Roses mas é um desfilar de<br />

grandes malhas, raçudas, com grande feeling<br />

rock, que acreditamos que possa ser ouvido<br />

daqui a trinta anos com o mesmo prazer que<br />

ouvimos hoje. E a soar tão actual como tal.<br />

[9.3/10] Fernando Ferreira [8.8/10] Fernando Ferreira<br />

THRESHOLD<br />

“Legends Of The Shires”<br />

Nuclear Blast<br />

Os Threshold são<br />

uma das bandas<br />

mais interessantes<br />

que o metal<br />

progressivo tem.<br />

Ponto. Não têm o<br />

sucesso dos Dream<br />

Theater nem são tão imediatos mas<br />

têm um nível qualitativo invejável -<br />

esta malta é incapaz de lançar um<br />

álbum mau. E não foi desta. Com<br />

troca de vocalista - regressa Glynn<br />

Morgan (que saiu da banda depois<br />

de "Psychedelicatessen" de 1994) -<br />

até poderíamos ter alguma dúvida<br />

em relação ao que viria mas a banda<br />

nem regressa ao passado nem se<br />

desvia do caminho que tem trilhado.<br />

A sua voz é mais melódica e faz-nos<br />

aproximar por vezes dos momentos<br />

mais acessíveis do art rock. Ainda<br />

assim isso não disvirtua o resultado.<br />

Temas longos e complexos que vão<br />

exigir segundas audições, a veneração<br />

dos deuses do rock progressivo inglês<br />

(Marillion, Pink Floyd, Genesis, Yes<br />

e por aí fora) sem desvirtuar a sua<br />

própria identidade. Este é um álbum<br />

que vai ao contrário da tendência de<br />

hoje em dia, onde tudo é discartável.<br />

Aqui, o ouvinte terá de parar para<br />

ouvir e absorver quer a música, quer o<br />

conceito que fala do crescimento e da<br />

forma como o ser humano muda a sua<br />

perspectiva da vida conforme cresce.<br />

Mais um grande álbum de uma grande<br />

banda.<br />

[9/10] Miguel Correia [9.5/10] Fernando Ferreira<br />

THE NIGHTS<br />

“The Nights ”<br />

Frontiers Records<br />

Finlândia!!! Ya, a<br />

velha escola do<br />

hard rock está viva,<br />

e bem, por aqueles<br />

lados! Simples,<br />

rock melódico<br />

que se sente foi<br />

tocado com paixão, com as raízes<br />

bem patentes no que se fazia nos anos<br />

80, é verdade, mais uma banda que se<br />

estreia e vai beber as suas influências<br />

a essa época, mas sente-se algo<br />

de muito genuíno neste trabalho<br />

de estreia. Criaram algo brilhante...<br />

sim posso dizer isso! Este álbum<br />

se fosse lançado nessa época teria<br />

sucesso assegurado! Não duvido!<br />

A estrutura musical é fantástica,<br />

linhas de guitarra bem rockeiras,<br />

teclados que preenchem os espaços<br />

sem mácula e solos que aumentam<br />

o nível do que se ouve a claro a voz<br />

bem polida e adequada ao estilo...que<br />

posso dizer mais? Os rapazes não<br />

estão a inventar ou a reinventar<br />

algo, mas tiveram a capacidade de<br />

fugir aos sons algo macios e melosos<br />

que se ouviam nessa altura. Estão<br />

equilibrados e gostava que poder ouvir<br />

mais alguma coisa deles no futuro!<br />

[10/10] Miguel Correia<br />

THY ART IS MURDER<br />

“Dear Desolation”<br />

Nuclear Blast<br />

Thy Art Is Murder é um<br />

daqueles nomes que<br />

convida à porrada e os<br />

primeiros instantes de<br />

"Slaves Beyond Death"<br />

prova isso mesmo.<br />

Quando todos fogem<br />

do deathcore como<br />

diabo da cruz - menos<br />

bandas novas que chegam cheias de lugares<br />

comuns - é bom ver que veteranos como os<br />

australianos Thy Art Is Murder (com uma<br />

carreira superior a dez anos, já lhes podemos<br />

chamar isso, principalmente num género<br />

que ninguém crê ter futuro) não fogem ao<br />

que são e principalmente, não se deixam<br />

limitar pelas limitações do género musical<br />

que abraçaram. Esta desolação cativa e vicia,<br />

algo que não esperávamos, sinceramente.<br />

Potente e sobretudo dinâmico, ora aí aqui<br />

está um bom exemplo de como fazer bom<br />

deathcore.<br />

[8.5/10] Fernando Ferreira


VERTHEBRAL<br />

TRAVELIN JACK USNEA<br />

“Commencing Countdown” “Portals Into Futility”<br />

“Regeneration”<br />

Steamhammer<br />

Relapse Records<br />

Satanath Records<br />

Os Blues Pills foram<br />

Quem é que já<br />

Mais fruta sulamericana?<br />

Venha<br />

uma revolução.<br />

tinha saudades da<br />

Conseguiram capturar<br />

boa dose de metal<br />

ela. Com o crivo de<br />

o amor que sempre<br />

cavernoso dos norteamericanos<br />

Usnea?<br />

Records, temos aqui<br />

qualidade da Satanath<br />

tivemos dentro de nós<br />

ao hard rock clássico.<br />

Nós definitivamente<br />

esta estreia por parte<br />

E não é dizer que todas<br />

tivemos. A banda<br />

dos Verthebral que<br />

as bandas que surgiram<br />

norte-americana é um<br />

apresentam um death<br />

entretanto são uma<br />

dos poucos exemplos<br />

metal bruto mas cheio<br />

cópia daquilo que eles<br />

que consegue tornar<br />

fazem. Mas há lá aquele espírito, de liberdade, o funeral doom num género verdadeiramente<br />

de potencial. É um álbum que pega no género<br />

de pureza. Espírito que nos remonta a quando interessante, sendo essencial para isso a forma tal como era feito na década de noventa<br />

a música era feita e sobretudo sentida de outra como mistura influências e sobretudo ambientes e transporta-o para os dias de hoje. Sem<br />

forma. É precisamente esse espírito que temos black metal. O resultado? Verdadeiras peças exageros técnicos, com grande feeling nos<br />

aqui na perfeição. E não é retro. Não é pegar em claustr<strong>of</strong>óbicas que nos agarram do primeiro solos e com uma voz pr<strong>of</strong>unda e clássica. É<br />

algo que já foi feito e reciclar como numa linha ao último instante. Quando estamos a falar de um daqueles trabalhos que não temos razão<br />

de montagem. É música orgânica, viva, que cinco longos temas, ainda mais impressionante para destacar de todos os outros mas que<br />

respira e é imperfeita tal como deve de ser. Para é o feito. Sem dúvida que um dos grandes também não nos dá nenhuma razão para não<br />

quem não passa sem recordar Scorpions antigo álbuns doom de <strong>2017</strong> e ameaça ser - apenas o fazer. O que no balanço final é o que o faz<br />

ou todo aquele espírito (e não estamos a falar o tempo o pode provar - o melhor da banda até com que seja obrigatório para todos os fãs<br />

de identidades semelhantes) de bandas de hard agora.<br />

de death metal, tornando as coisas bastante<br />

rock clássico, aqui é uma forma de fazer esse<br />

simples.<br />

processo mas com música nova. Um autêntico<br />

vício.<br />

[8.5/10] Fernando Ferreira [9.4/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira<br />

VON JUSTICE<br />

“Bret Hart”<br />

Edição de Autor<br />

Por momentos veiome<br />

à memória os<br />

tempos MOD ou SOD<br />

em todas aquelas<br />

paródias musicais.<br />

Von Justice e “Bret<br />

Hart EP” não vai<br />

mais longe do que<br />

isso, uma pequena<br />

paródia punk de vocais abafados, dedicada<br />

não só a Bret Hart conhecido wrestler, mas<br />

também a Hulk Hogan, Jimmy Hart e Ric<br />

Flair. Eles partilham o gosto à modalidade,<br />

em formato EP, numa sonoridade<br />

punkólica, que se torna bem divertido de<br />

se ouvir.<br />

WAND<br />

“Plum”<br />

Drag City<br />

Segundo consta,<br />

e apesar de ser o<br />

quarto álbum da<br />

banda desde que<br />

começou em 2013,<br />

"Plum" é o primeiro<br />

trabalho em dois<br />

anos, onde a banda<br />

sentiu a necessidade<br />

de parar, refocar e apontar baterias a novas<br />

formas de fazer música. Novos membros<br />

e uma nova forma de sentir a música, que<br />

agora surgiu muito de improvisações. O<br />

resultado é sem dúvida positivo, onde o<br />

seu garage rock surge tão próximo dos<br />

momentos mais clássicos dos The Beatles<br />

assim como se aproxima de terrenos<br />

mais psicadélicos. Para quem já se tinha<br />

esquecido deles, aqui está uma boa forma<br />

de se relembrar.<br />

[6/10] Miguel Correia [8/10] Fernando Ferreira<br />

ZORNHEYM<br />

“Where Hatred Dwells And Darkness Reigns”<br />

Non Serviam Records<br />

O black metal<br />

sinfónico não é um<br />

género que precise<br />

necessariamente de<br />

novo sangue mas<br />

até que não fica mal<br />

servido com este<br />

álbum de estreia dos<br />

suecos Zornheym.<br />

Aliando o death metal<br />

às vertentes mais sinfónicas do death metal,<br />

o resultado é um trabalho dinâmico e forte<br />

mesmo que não consiga surpreender - afinal<br />

o estilo já não encerra grandes segredos. O<br />

que contam são mesmo as malhas fortes,<br />

as influências old school que nos chegam<br />

através das melodias das guitarras (não ficando<br />

confinadas aos arranjos orquestrais) e aquele<br />

feeling banda-sonora que sempre foi o sempre<br />

nos conquistou no género mais sinfónico. Uma<br />

estreia em grande, sem dúvida.<br />

[8.6/10] Fernando Ferreira<br />

ZURVAN<br />

“Gorge Of Blood”<br />

Satanath Records<br />

De vez em quando<br />

falamos de uma banda<br />

que nos chega do Médio<br />

Oriente. Normalmente<br />

são sempre bandas que<br />

acabam por se mudar<br />

para outro país - algo<br />

que é compreensível<br />

ainda para mais quando<br />

se fala de música<br />

extrema. É exactamente o caso dos Zurvan,<br />

agora localizados na Alemanha e com este seu<br />

segundo álbum de originais. Inserindo-se no<br />

género do black/death metal, a banda apresenta<br />

fortes argumentos em termos de potência<br />

mas descura o campo da dinâmica, sendo<br />

que "Gorge Of Blood" é enorme (mais de uma<br />

hora) e tem demasiadas músicas (treze), o que<br />

faz com que a fórmula se esgote rapidamente.<br />

Umas tesouradas aqui e ali e estaríamos perante<br />

um álbum poderoso. Como não é o caso,<br />

esperemos pelo próximo.<br />

XANTHOCHROID<br />

“Of Earth And Axen - Act I”<br />

Erthe and Axen Records<br />

Quando temos<br />

uma banda que<br />

se refere a si<br />

própria ou ao<br />

seu som como<br />

"cinematic black<br />

metal" é porque ou<br />

temos uma grande bomba a caminho<br />

ou um fracasso monumental. Não<br />

nos devemos prender aos rótulos,<br />

é uma lição que já aprendemos (e<br />

continuamos a aprender sob diversas<br />

formas) e este é mais um exemplo.<br />

Sem dúvida que a intro "Open The<br />

Gates, O Forest Keeper" é um bom<br />

indicador de que a banda tem um<br />

grande apoio nas orquestrações<br />

enquanto o primeiro tema com voz, "To<br />

Lost and Ancient Gardens" remete-nos<br />

para algo progressivo, acústico. De<br />

black metal, só mesmo em "To Higher<br />

Climes Where Few Might Stand" e é<br />

por momentos. Isto poderá parecer<br />

que nos estamos a queixar mas não é<br />

o caso. Mais que black metal e mais do<br />

que metal sinfónico, o que temos é um<br />

impressionante metal progressivo que<br />

vai exigir bastante do ouvinte, mas que<br />

vai devolver o dobro. Um ambicioso<br />

álbum conceptual que pega na história<br />

do álbum de estreia e funciona como<br />

uma espécie de prequela. E atenção de<br />

que este é o primeiro acto. O segundo<br />

sai em <strong>Outubro</strong> e esperamos que seja<br />

igualmente analisado aqui porque<br />

este é sem dúvida uma das grandes<br />

surpresas desta segunda metade de<br />

<strong>2017</strong>.<br />

[5.3/10] Fernando Ferreira [9.3/10] Fernando Ferreira<br />

73


album do mêes<br />

20<br />

19<br />

The Nights<br />

“The Nights ”<br />

Frontiers Records<br />

Midnite City<br />

“Midnite City”<br />

AOR Heaven<br />

14<br />

13<br />

Antarktis<br />

“Ildlaante”<br />

Agonia Records<br />

Space Vacation<br />

“Lost In The Black Divide"<br />

Pure Steel Records<br />

08<br />

07<br />

Sorcerer<br />

“The Crowning Of The Fire<br />

King”<br />

<strong>Metal</strong> Blade Records<br />

Xanthochroid<br />

“Of Earth And Axen - Act I”<br />

Erthe and Axen Records<br />

18<br />

Novae Militiae<br />

“Gash’khalah ”<br />

Edição de Autor<br />

12<br />

Manilla Road<br />

“To Kill A King”<br />

Golden Core Records<br />

06<br />

Usnea<br />

“Portals Into Futility”<br />

Relapse Records<br />

17<br />

National Suicide<br />

“Massacre Elite”<br />

Scarlet Records<br />

11<br />

Steven Wilson<br />

“To the Bone”<br />

Caroline International<br />

05<br />

Five The Hierophant<br />

“Over Phlegethon”<br />

Dark Essence Records<br />

16<br />

Centuries Of Decay<br />

“Centuries Of Decay”<br />

Edição de Autor<br />

10<br />

Der Weg Einer Freiheit<br />

“Finisterre”<br />

t<br />

Season Of Mist t<br />

04<br />

Septicflesh<br />

“Codex Omega”<br />

Season Of Mist<br />

15<br />

Cannabis Corpse<br />

“Left Hand Pass”<br />

Season Of Mist<br />

09<br />

The Lurking Fear<br />

“Out Of The Voiceless Grave”<br />

Century Media Records<br />

03 Portrait<br />

02 Paradise Lost 01<br />

“Burn The <strong>World</strong>”<br />

“Medusa“<br />

Nuclear Blast<br />

<strong>Metal</strong> Blade Records<br />

74<br />

Process Of<br />

“Black Earth”<br />

Bleak Recordings


,<br />

Maquina do tempo<br />

ACE FREHLEY<br />

“Anomaly”<br />

Steamhammer<br />

Em 2009, Ace Frehley<br />

lançou Anomaly. E a<br />

receção pela critica<br />

daquele que seria o<br />

primeiro trabalho lançado<br />

pelo guitarrista ex-kiss<br />

desde o lançamento de<br />

Trouble Walkin, de 1989,<br />

não poeria ter sido<br />

melhor. Afinal, o álbum<br />

permitiu ao The Spaceman espaço para demonstrar<br />

sua própria proeza musical como músico solo no<br />

século XXI. Desde então, Frehley também lançou<br />

Space Invader em 2014 e, mais recentemente,<br />

Origins, Vol. 1, um álbumque permitiu a Frehley<br />

assumir os seus gostos em clássicos de bandas<br />

como os Cream e Jimi Hendrix. Agora, Frehley<br />

reeditou este Anomaliy com um bónus de três novas<br />

músicas inéditas demonstrando toda a sua energia e<br />

que ainda está aí para as curvas. Puro rock ‘n ‘roll,<br />

recheado de excelentes performances vocais e de<br />

guitarra de Frehley, muito inspirado nos clássicos<br />

do rock da década de 1980, e onde músicas<br />

como o "Foxy & Free", "Space Bear" (com nova<br />

roupagem e muito bem-vinda) e "Outer Space" estão<br />

entre os mais fortes de Frehley em sua carreira solo.<br />

[9/10] Miguel Correia<br />

CENTINEX<br />

“Bloodhunt”<br />

Repulse Records<br />

Os Centinex são um<br />

dos nomes clássicos<br />

do death metal<br />

sueco sem nunca<br />

ter atingido os níveis<br />

de brilhantismo de<br />

uns Entombed ou<br />

Dismembered. Dános<br />

ideia, e sendo<br />

um pouco mauzinhos, que se trata de uma<br />

das bandas de culto apenas porque estavam<br />

lá. Deixando de lado o veneno, a banda tem<br />

realmente a qualidade do seu lado quando o<br />

assunto é death metal, mesmo que nunca se<br />

sobressaia muito diante da sua concorrência<br />

mais directa. Este EP acaba por reflectir um<br />

pouco isso. Para quem gosta de death metal,<br />

não tem defeitos - e atenção que foi lançado<br />

numa altura em que o death metal (sueco ou<br />

não) não era moda, ou pelo menos não tinha<br />

a procura de uns anos antes ou uns anoes<br />

depois. Tendo isso em conta, temos seis<br />

músicas bem directas, mostrando a faceta<br />

mais violenta da banda, tal como gostamos.<br />

ATARAXIA<br />

“Il Fantasma Dell'Opera”<br />

Avantgarde Music<br />

Os Ataraxia foram<br />

uma daqueles amores<br />

à primeira vista, um<br />

dos primeiros que tive<br />

dentro do género neoclássico,<br />

mas tenho<br />

que confessar que este<br />

álbum não foi aquele<br />

mais impacto teve em<br />

mim. Ainda assim,<br />

e pegando nele de vez em quando, os seus<br />

méritos são inegáveis. Aquilo que mais me<br />

desiludiu foi pelo facto do álbum acentar em<br />

grande parte na sonoridade de sintetizadores,<br />

um pouco mais própria da música da década de<br />

oitenta, dando a sensação de que se trata de um<br />

trabalho datado, em vez de ter uma base mais<br />

acente nos instrumentos neo-clássicos.<br />

Esta é a forma, mas o conteúdo, esse, é de<br />

uma beleza inquestionável. Este é um álbum<br />

para apreciar no sentimento contrário daquilo<br />

que temos hoje em dia, ou seja, num mundo<br />

de música descartável, este é um álbum para<br />

ouvir com calma, concentrado apenas nela, um<br />

álbum que é dedicado a esse amor pela música<br />

onde temos prestações inacreditáveis por parte<br />

de Francesca Nicoli - ouvir a versão do tema<br />

de Kate Bush "Wutering Heights" - aliado a um<br />

conceito que hoje em dia poderá ter sido já<br />

muito explorado mas que aqui soa fresco.<br />

Não é definitivamente um álbum para todos,<br />

mas sem dúvida que quem gosta de música,<br />

verdadeiramente, não poderá ficar indiferente<br />

a este trabalho que, repito, não é dos meus<br />

favoritos da longa discografia da banda.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

Também temos aquela melodia tipicamente<br />

sueca, mas na dose certa, ficando com<br />

um agradável trago metálico e que ajuda<br />

a que este trabalho, que não tem grandes<br />

dinâmicas, acabe por não soar repetitivo,<br />

talvez um dos males que a banda enfrenta<br />

nos álbuns longa-duração. Embora seja<br />

um EP recomendado para os fãs da banda,<br />

qualquer fã de death metal não encontrará<br />

dificuldades em fazer headbang a isto.<br />

BEWITCHER<br />

“Bewitcher”<br />

Diabolic Might Records<br />

Grande álbum! Começamos<br />

já assim. Lembram-se<br />

quando os<br />

Bewitched (nome<br />

semelhante, curioso)<br />

apareceram e apelavam<br />

ao fã de metal tradicional<br />

não só por ser mais um<br />

projecto de Blackheim<br />

(também conhecido<br />

como Anders Nyströmdos dos Katatonia)? O<br />

que temos é bastante semelhante, mas se o foco<br />

dos Bewitched era mais no thrash, aqui temos<br />

um saudável espírito heavy metal underground<br />

como se de repente os Venom começassem<br />

a tocar música ainda mais interessante que<br />

aquela que fizeram no início de carreira. Ok, não<br />

temos malhas inesquecíveis como "Black <strong>Metal</strong>"<br />

ou "Countess Bathory" mas o espírito blasfemo<br />

de "Rip Ride" e "Bloodlust" tresanda para estes<br />

lados. Um grande álbum de estreia, obrigatório<br />

para quem não é fã propriamente de black metal<br />

mas consegue passar por cima de algumas<br />

características do género. Nomeadamente a voz.<br />

COGNIZANCE<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

“Illusory”<br />

Edição de Autor<br />

Os Cognizance são<br />

um dos bons nomes<br />

do deathcore<br />

que tenta fugir ao<br />

deathcore. Como<br />

é que o fazem?<br />

Acrescentando em<br />

cima uma boa dose<br />

de técnica e de<br />

tiques próprios do death metal técnico<br />

tradicional. O resultado é bem interessante<br />

e faz com que queiramos conhecer mais.<br />

Mais que isso, é uma banda que queremos<br />

ouvir num álbum. A banda editou dois<br />

singles no presente ano e podemos<br />

dizer que a evolução deles é promissora,<br />

principalmente o tema "The Foreboding<br />

Impasse", que poderão ouvir a passar na<br />

nossa WOM Radio e que ainda eleva mais a<br />

fasquia do que este EP.<br />

[7/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira<br />

75


CRADLE OF FILTH<br />

“Damnation And A Day”<br />

Edição de Autor<br />

Quinto álbum dos<br />

Cradle Of Filth numa<br />

altura em que a banda já<br />

estava descaracterizada<br />

e já tinha alienado<br />

grande parte dos seus<br />

fãs. Há quem afirme<br />

que foi "Dusk And Her<br />

Embrace" o último<br />

trabalho que gostaram,<br />

há quem aponte "Cruelty And The Beast" e há<br />

quem tenha até resistido até ao "Midian", mas<br />

para muitos foi aqui que começaram a perder<br />

interesse pela banda britânica. Na nossa<br />

humilde opinião, este trabalho é bastante<br />

superior ao "Midian", quer em conceito<br />

quer musicalmente falando, sendo bastante<br />

ambicioso, principalmente tendo em conta<br />

que foi aqui que a banda mudou-se para a<br />

gigante Sony através da sua subsidiária - uma<br />

ligação que não iria durar muito tempo. Como<br />

curiosidade fica o facto de actualmente a editora<br />

só ter uma banda no seu catálogo, a espanhola<br />

Rosa Negra, tendo despachado todas as outras.<br />

Uma coisa admitimos e dando a palmatória<br />

aos críticos, "Damnation And A Day" é enorme<br />

e parece interminável. Em número de músicas<br />

assim como na duração do trabalho em si -<br />

quase oitenta minutos. Esse factor faz com<br />

que não seja propriamente um álbum fácil de<br />

assimilar. Outra coisa que admitimos também<br />

é que a mística dos primeiros álbuns, daqueles<br />

citados atrás, já não sobreviveu para aqui, no<br />

entanto, se formos a ver, essa mística também<br />

já não estava presente no "Midian". Pelo lado<br />

positivo temos o facto de ser uma excelente<br />

obra de metal extremo, por estas alturas já não<br />

vale a pena continuar a afirmar que tocam black<br />

metal melódico.<br />

É um álbum com uma grande atmosfera -<br />

mesmo que seja bastante distante daquela que<br />

a banda transmitia no início da carreira - tendo a<br />

contribuição para isso da componente sinfónica<br />

ter sido mesmo registada pela The Budapest<br />

Film Orchestra e pelo Budapest Film Choir e<br />

com grandes músicas, que parece-nos que não<br />

sobreviveram para além da digressão deste<br />

álbum para serem representadas em palco.<br />

Poderá não ser o álbum que escolheríamos para<br />

dar a conhecer a banda, mas é, mesmo assim,<br />

um álbum que corresponde às expectativas que<br />

temos sobre a banda, que continua a seguir a<br />

mesma tendência desde o início da sua carreira:<br />

metamorfose a cada trabalho, tanto a nível de<br />

imagem, como de música e até música e se a<br />

mudança nem sempre nos traz coisas boas,<br />

neste caso, trouxe-nos algo único.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

CULT OF THE HORNS<br />

“Chapter I - Domination“<br />

Symbol Of Domination Prod.<br />

Álbum de estreia da<br />

one-man band francesa<br />

conhecida como Cult Of<br />

Horns que foi lançado o<br />

ano passado de forma<br />

independente e que<br />

agora é reeditado pela<br />

Symbol Of Domination.<br />

Apesar do black metal<br />

estar gravado no seu<br />

código genético, há por aqui uma grande dose<br />

de death metal envolvido. De tal forma que o<br />

black metal parece estar confinado ao nome,<br />

à capa (e corpsepaint de Mephisto, o homem<br />

responsável por tudo) e ao conceito lírico.<br />

Independentemente do género, o que temos<br />

é um trabalho de metal extremo odioso que<br />

poderia ter um pouco mais de dinâmica. No<br />

entanto, sem a mesma, consegue cativar os<br />

menos exigentes. Até faz prever que seja capaz<br />

evoluir a partir daqui.<br />

[6.6/10] Fernando Ferreira<br />

EARTHQUAKE 55<br />

“Earthquake”<br />

Edição de Autor<br />

Viagem no tempo<br />

gratificante, onde<br />

vamos até um<br />

passado recente para<br />

conhecer o trabalho<br />

de estreia da banda<br />

de Cascais, este EP<br />

"Earthquake". O que<br />

podemos encontrar<br />

é um thrash metal como aquele que nos<br />

chegava na década de noventa. Nomes<br />

como Pantera, Criminal, Sepultura (fase<br />

"Chaos A.D.") ou até os nossos Painstruck<br />

surgem-nos em mente com um potencial<br />

que deverá ser ampliado e explorado<br />

para além daquilo que estes cinco temas<br />

apresentam, principalmente em termos de<br />

dinâmica. Uma apresentação promissora e<br />

uma banda a acompanhar no futuro.<br />

[7/10] Fernando Ferreira<br />

DIKTATUR<br />

“La Voie Du Sang”<br />

Melancholia Records<br />

Diktatur é um duo de<br />

black metal que se<br />

estreou em 2010 com<br />

"La Voie Du Sang"<br />

lançado em edição<br />

de autor. Sete anos<br />

depois, a Melancholia<br />

Records decide pegar<br />

no álbum e reeditálo<br />

com duas novas<br />

músicas, gravadas no presente ano. E quase<br />

que a carreira toda dos Diktatur se resume<br />

a estes dois eventos, exceptuando pelo EP<br />

editado em 2015. Com um som de black metal<br />

cru mas que não dispensa um toque de melodia<br />

de dinâmicas inesperadas para o género mais<br />

primitivo, o que só faz com que o impacto seja<br />

maior. Esta é uma excelente surpresa que para<br />

muitos será como uma novidade, já que será<br />

fácil ter passado despercebido o lançamento<br />

independente que a própria banda fez limitado<br />

a cem unidades.<br />

ENTOMBED<br />

“Hollowman”<br />

Earache Records<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

É por aqui que o mítico<br />

death'n'roll começa a tomar<br />

forma, com o regresso de<br />

L-G Petrov à voz depois da<br />

ausência em "Clandestine".<br />

Não podemos dizer que esta<br />

influência venha do azul<br />

até porque se formos bem<br />

a ver os álbuns anteriores<br />

já davam indicações de<br />

algo assim, embora aqui<br />

seja mesmo muito mais acentuada. De uma forma<br />

inteligente, acaba por abrir o caminho até ao próximo<br />

álbum, o clássico "Wolverine Blues", cujo tema-título<br />

surge aqui com uma espécie de descrição do animal em<br />

si em vez das letras que surgiriam no álbum resultando<br />

numa curiosidade interessante. O que é fascinante neste<br />

EP é a forma como se sente o género embrionário, em<br />

como o death metal encaixa perfeitamente com aquele<br />

género bem roqueiro típico do rock sulista dos E.U.A.<br />

Temos duas covers (na versão original tínhamos apenas<br />

uma) sendo a primeira uma adaptação do tema do filme<br />

"Hellraiser", cujo compositor é Christopher Young, com<br />

alguns samples a acompanhar e a segunda a já clássica<br />

rendição da "God Of Thunder", original dos Kiss. Um EP<br />

destinado aos coleccionadores, mas que mesmo assim<br />

têm a sua importância histórica na carreira da banda.<br />

[7.5/10] Fernando Ferreira<br />

76<br />

EXTERMINATOR<br />

“Total Extermination”<br />

Greyhaze Records<br />

Esta é uma<br />

viagem no tempo<br />

inesperada. "Total<br />

Extermination" é um<br />

clássico obscuro da<br />

música extrema e é<br />

quando o ouvimos<br />

que percebemos<br />

o porquê de ser<br />

obscuro. Editado em 1987, numa altura<br />

em que os Sarc<strong>of</strong>ago e os Sepultura<br />

dominavam o underground brasileiro, vêse<br />

que os Exterminator tentaram seguir<br />

por um caminho semelhante. No entanto a<br />

qualidade sonora é tão má, assim como as<br />

composições são ingénuas demais, ainda<br />

mais que os próprios primórdios dos<br />

Sepultura. Este trabalho, agora reeditado<br />

em vinil, é aconselhado apenas a puristas<br />

da música extrema. Para todos os outros é<br />

coisa para fugir a sete pés. A exterminação<br />

promete ser total para os mais sensíveis.<br />

[2/10] Fernando Ferreira<br />

JUDAS PRIEST<br />

“Point Of Entry”<br />

Columbia<br />

E os Judas Priest<br />

entraram <strong>of</strong>icialmente<br />

nos anos oitenta<br />

depois da declaração<br />

metálica que foi "British<br />

Steel" e por entraram<br />

<strong>of</strong>icialmente na década<br />

de oitenta queremos<br />

dizer que nos trazem um<br />

álbum a piscar o olho ao<br />

pop descaradamente. No entanto, ao contrário de<br />

bandas como Queen, o foco continuou a estar nas<br />

guitarras, embora com melodias bem acessíveis.<br />

No entanto, será que isso é o suficiente para<br />

condenar este trabalho. Não propriamente, até<br />

porque temos aqui grandes músicas, imortais,<br />

sendo que a abertura com "Heading Out To The<br />

Highway" é um clássico indiscutível e a "Desert<br />

Plains" ainda surge nos alinhamentos dos<br />

concertos da banda britânica de vez em quando.<br />

Em termos de composição, este é um álbum<br />

estupidamente mais simples de que qualquer<br />

coisa que a banda tenha feito e músicas como<br />

"Don't Go" e "You Say Yes" dificilmente poderemos<br />

chamar de heavy metal. Pensando bem,<br />

dificilmente conseguimos chamar a qualquer<br />

música deste álbum de heavy metal. Não sabemos<br />

bem o que motivou a banda a seguir esta direcção,<br />

mas provavelmente terá algo a ver com o sucesso<br />

dos dois singles do álbum anterior, "Living After<br />

Midnight" e "Breaking The Law", dois temas bem<br />

simples. A questão é que ambos, até mesmo<br />

"Living After Midnight" tem uma aura metal por<br />

trás, o mesmo não podemos dizer de nenhum<br />

destes temas.<br />

Ainda assim, não é um mau trabalho. É hard rock<br />

com um toquezinho pop que embora tenha alguns<br />

momentos não tão conseguidos e até irritantes,<br />

não tem nada de declaradamente mau. Apenas é<br />

uma pálida amostra em relação ao que a banda<br />

fez e é capaz de fazer. Este é um dos álbuns um<br />

pouco esquecidos dentro da discografia da banda<br />

e com alguma razão já que apresenta muito pouco<br />

material que se sobressaia. Esta reedição além<br />

de trazer todos os temas remasterizados ainda<br />

traz mais dois temas bónus, "Thunder Road" (das<br />

sessões de "Ram It Down" e que por isso não se<br />

percebe lá muito bem o que raio está aqui a fazer) e<br />

uma versão ao vivo de "Desert Plains". Para quem<br />

é coleccionador, obviamente que este álbum já foi<br />

adquirido mas para quem não é ou para quem não<br />

conhece, não se deverá começar por aqui. É capaz<br />

de se ficar desanimado.<br />

[6/10] Fernando Ferreira


KASHGAR MONSTER MAGNET MONSTER MAGNET<br />

“Kashgar ” “Tab“ “Spine Of God”<br />

Symbol Of Domination Prod. Napalm Records Napalm Records<br />

O metal flui das mais<br />

"Tab" foi lançado<br />

Reedição do primeiro<br />

diversas localizações.<br />

antes de "Spine Of<br />

álbum dos Monster<br />

Os Kashgar<br />

God", o segundo<br />

Magnet, uma banda<br />

apareceram no mapa<br />

EP da banda e<br />

que mesmo sem<br />

do metal com o seu<br />

que é ainda mais<br />

ter hoje em dia a<br />

álbum de estreia autointitulado<br />

e lançado<br />

a estreia que<br />

que teve anos atrás<br />

aventureiro que<br />

expressão comercial<br />

originalmente o ano<br />

seria lançada no<br />

não deixa de ter o seu<br />

valor. No que nos diz<br />

passado. A banda<br />

mesmo ano, 1991,<br />

respeito, o seu início de carreira sempre nos<br />

surge do Quirguistão ou República Quirguiz e aqui nesta revista analisado. Aos três<br />

pareceu mais interessante quando a banda<br />

que não é dos sítios mais esperados para temas originais junta-se "Spine Of God" tinha um forte cheiro a rock psicadélico. É<br />

se ter metal extremo. Uma mistura entre o registado ao vivo. Tal como o álbum de precisamente esse ponto que faz com que o<br />

death metal (em termos instrumentais) e o estreia, este é um EP que soa a álbum e interesse neste álbum seja redobrado. Aquela<br />

black metal (em termos de abordagem) o que tem uma qualidade bem acima da "Black Mastermind" é uma viagem para fora<br />

som da banda nota-se precisar claramente média. Principalmente o primeiro tema, deste sistema solar, daquelas que até dá<br />

de amadurecer, mas para um primeiro tema-título, que nos embala por mais de gosto, mas não é o único tema que tem esse<br />

trabalho, o resultado é sem dúvida positivo. meia hora. Não é para todos, mas é sem efeito. Esta reedição traz uma versão demo<br />

Falta talvez alguma dinâmica acrescida aos dúvida um trabalho arrojado e um clássico do tema "Ozium" e é uma boa forma de reapresentar<br />

o passado ilustre da banda a uma<br />

temas para assegurar que resultados ainda intemporal que recomendamos que esteja<br />

superiores mas o que apresentam aqui não na audioteca de todo o fã de música que nova geração de fãs.<br />

os envergonha em nada.<br />

se preze.<br />

[6.6/10] Fernando Ferreira [9.5/10] Fernando Ferreira<br />

[9/10] Filipe Ferreira<br />

NETHERBIRD<br />

“The Ghost Collector”<br />

Black Lodge Records<br />

"(...) passamos por<br />

fases variadas, onde<br />

ora temos uma<br />

vibe viking, épica,<br />

guerreira, ora temos<br />

uma atmosfera<br />

mais sinistra e<br />

ameaçadora e<br />

orelhuda, de riffs<br />

mais austeros e orquestrações com cheiro<br />

a gótico (...)". Estas palavras, usadas<br />

na review feita ao ultimo trabalho dos<br />

Netherbird - a compilação Hymns From<br />

Realms Yonder - servem de bom mote para<br />

a presente apreciação ao álbum debutante<br />

destes suecos. E porquê? Porque basta<br />

ouvir as primeiras notas de The Ghost<br />

Collector para perceber que este primeiro<br />

álbum cai directamente na última categoria<br />

referenciada na citação.<br />

Lançado em 2004, numa altura em que o<br />

Black <strong>Metal</strong> melódico já estava mais que<br />

batido no mundo do <strong>Metal</strong>, este The Ghost<br />

Collector é um trabalho bastante genérico,<br />

caracterizado por um pretensiosismo<br />

e de uma ingenuidade tão própria<br />

daquelas bandas do Black <strong>Metal</strong> que se<br />

pautavam pelos tiques melodramáticos<br />

característicos de um filme de terror da<br />

Hammer e orquestrações repletas de<br />

elementos clássicos e que fizeram deste<br />

um estilo tão popular, de onde brotaram<br />

milhentas bandas que procuraram (e<br />

raramente conseguiram) pegar na fórmula<br />

dos Cradle <strong>of</strong> Filth, Dimmu Borgir ou Old<br />

Man's Child e elevá-la a novos patamares,<br />

acabando assim por cair numa imensidão<br />

de nada.<br />

Tivesse este álbum sido lançado 10-15<br />

anos antes e estaríamos a falar de uma<br />

"quasi-masterpiece". Como não foi, cai<br />

na dualidade de ser considerado, por<br />

uns, um álbum com cheiro a azeite ou,<br />

por outros, um álbum de Black <strong>Metal</strong><br />

melódico bastante apreciável. Acontece<br />

que pertenço à segunda estirpe.<br />

[7.2/10] Jaime Nôro<br />

RAPTORE<br />

“Rage 'N' Fever”<br />

Witches Brew<br />

A Argentina sempre<br />

demonstrou ter uma<br />

devoção ao heavy<br />

metal clássico e<br />

tradicional admirável<br />

mesmo que nunca<br />

tenha apresentado<br />

propostas capazes<br />

de cruzar as próprias<br />

fronteiras de forma convincente, tirando<br />

algumas honrosas excepções. Os Raptore<br />

apresentam neste álbum de estreia motivos<br />

para contrariar esta tendência com um<br />

heavy metal cru, vitaminado e cheio de<br />

tomates que é impossível de ignorar. Não<br />

é perfeito - e uma das imperfeições que<br />

encontramos é alguma falta de dinâmica<br />

entre alguns temas que soam demasiado<br />

semelhantes - mas sem dúvida que é tudo<br />

aquilo que o heavy metal precisa para<br />

continuar fiel a si próprio.<br />

V/A<br />

“Return Of The Mountain King - A Tribute to Savatage”<br />

Underground Symphony<br />

[9/10] Fernando Ferreira<br />

Como já dissemos<br />

muitas vezes<br />

antes. Gostamos<br />

de covers. Como<br />

consequência,<br />

gostamos de<br />

álbuns de covers.<br />

Provavelmente não estão recordados<br />

mas cerca de dezoito anos atrás, os<br />

álbuns de covers tornaram-se uma<br />

praga. Pequenas editoras aproveitavam<br />

essa forma mais barata de fazer<br />

alguns cobres - houve uma até que se<br />

especializou nela (a Dwell Records). A<br />

febre acabou por se comer a ela própria<br />

com bandas desconhecidas a fazerem<br />

versões manhosas de clássicos das<br />

bandas em questão. É tendo isto em<br />

SUTEKH HEXEN/BLSPHM<br />

“Split”<br />

Sentient Ruin Laboratories<br />

Originalmente<br />

lançado em 2014,<br />

em cassete, este EP<br />

é a prova de como<br />

o black metal se<br />

pode apresentar<br />

das mais diversas<br />

formas e feitios.<br />

Claro que não era<br />

preciso apresentar formas disso mas é<br />

apenas uma forma de dizer que este split<br />

junta duas entidades que têm abordagens<br />

distintas ao género mas ainda assim<br />

similares na forma como transcendem as<br />

fronteiras. De um lado os Sutekh Hexen,<br />

com uma abordagem caótica e barulhenta.<br />

De outra os BLSPHM, com um feeling<br />

mais industrial e que chegam até a cruzar<br />

o drone. O resultado? Um vinil que devem<br />

adquirir se são fãs do experimentalismo na<br />

música extrema.<br />

[8/10] Fernando Ferreira<br />

conta que começamos e acabamos com<br />

esta análise a "Return Of The Mountain<br />

King - A Tribute to Savatage". Com uma<br />

série de bandas desconhecidas italianas<br />

e norte-americanas (exceptuando pelos<br />

Cage, o único nome que se destaca<br />

aqui) as versões até poderiam ser algo<br />

memoráveis mas não o são. É o típico<br />

caso em que o nosso amor às versões<br />

foi posto à prova. E levou uma tareia<br />

descomunal. Ter um álbum de versões<br />

em que a sua melhor qualidade é fazernos<br />

ouvir o original não é propriamente<br />

um investimento recomendado<br />

[4/10] Fernando Ferreira<br />

77


Os Cavaleiros da Tavola Triangular<br />

Esta rúbrica visa em reunir os colaboradores da <strong>World</strong> Of <strong>Metal</strong> para conversas descontraídas. Trocas<br />

de ideias, debates, análises de álbuns. Tudo o que surgir em cima da nossa mesa triangular. Este mês<br />

fomos tocar numa questão eterna: Sepultura (pós-Max) Vs Soulfly. Analisámos álbum a álbum e<br />

chegámos a uma conclusão. The Game is On! Relembramos que se tratam de duas opiniões, válidas e<br />

nem mais nem menos que isso. Por João Coutinho e Fernando Ferreira<br />

FF-Este mês então temos Sepultura vs Soulfly. Antes de irmos ao<br />

detalhe e da conclusão final entre nós dois, na tua opininão, qual<br />

é o favorito?<br />

JC-Bem, a minha opinião em relação ao favorito é bastante<br />

simples. Sepultura, sem dúvida. São uma banda com um legado<br />

histórico mas que continua a produzir discos fenomenais, como<br />

é o caso do mais recente "Machine Messiah". Qual é a tua<br />

opinião?<br />

FF-Concordo. Sem pensar muito no assunto, Sepultura têm-me<br />

impressionado mais nos últimos álbuns,mesmo que ainda esteja<br />

distante daquilo que fizeram antes da saída do Max, mas esse<br />

período também fica cada vez mais sobrevalorizado conforme o<br />

tempo passa. Vamos então o detalhe<br />

Round 1 - Sepultura - "Against" Vs Soulfly - "Soulfly"<br />

JC-Em comparação entre esses dois o grande campeão é o<br />

Against, na minha opinião. Não é que seja um dos melhores<br />

lançamentos de Sepultura mas consegue superar, sem dúvida, o<br />

disco de estreia dos Soulfly.<br />

FF-Concordo. "Against" não é perfeito mas é o álbum possível<br />

após uma mudança tão pr<strong>of</strong>unda como foi a saída de Max. Apesar<br />

de na altura ter ouvido bastante o primeiro de Soulfly, é um<br />

trabalho que não envelheceu tão bem.<br />

Round 2 - Sepultura - "Nation" vs Soulfly - "Primitive"<br />

JC-Apesar de Sepultura ser uma das bandas que mais aprecio, seja<br />

qualquer fase, com ou sem Max, tenho de dizer que o "Primitive"<br />

está bastante consistente. Mostra um Max disposto a fazer algo<br />

com pés e cabeça, enquanto que os Sepultura pareciam estar um<br />

pouco perdidos no tempo.<br />

FF-"Nation" para mim prometia muito. Álbum conceptual<br />

- o primeiro da carreira e o primeiro a mostrar que a banda<br />

conceptualmente pretendia ir bem mais longe. No entanto na<br />

prática foi um álbum fraquíssimo, com a banda a ceder às pressões<br />

do nu metal. Embora "Primitive" também seja bastante nu metal,<br />

78<br />

parece-me bem mais sólido e "ameaçador" digamos assim.<br />

Round 3 - Sepultura - "Roorback" Vs Soulfly - "3" /<br />

Sepultura - "Roorback" Vs Soulfly - "Prophecy"<br />

JC-O "Roorback" é um álbum que, apesar de não ser brilhante,<br />

não atingiu o patamar que merecia. Foi esquecido e desprezado<br />

por completo e esquecido das setlists do grupo brasileiro. No<br />

que toca a um duelo com o "3", o "RoorBack" acaba por levar a<br />

melhor. Nesta altura tanto os fãs como a RoadRunner pareciam<br />

desprezar um pouco a banda. Apesar do álbum ter alguns toques<br />

extremamente modernos (demasiado por vezes) não deixa de levar<br />

a melhor de um "3" que nunca me disse nada. Comparando com<br />

o "Prophecy" já temos precisamente o contrário. O "RoorBack"<br />

já fica para trás. O "Prophecy" continua a linha dos anteriores<br />

de Soulfly, bastante moderno. Mesmo assim, mas não por uma<br />

marguem muito extensa, é melhor que "Roorback".<br />

FF-Concordo em parte. "Roorback" marcou o início de uma<br />

nova fase da carreira dos Sepultura, onde andaram sem contrato<br />

depois da Roadrunner não ter renovado e após lançarem o EP<br />

de covers, acabaram por lançar "Roorback" pela SPV (onde uma<br />

edição especial viria a trazer o dito EP de bónus). Concordo com<br />

o que dizes que Roorback é um pouco desprezado na carreira da<br />

banda mas também não é o tal regresso às raízes apregoado (e<br />

que o título sugere). É mais directo mas continua a ter o problema<br />

de "Nation", faltam malhas. Quanto a "3", não é perfeito mas<br />

é superior ao "Primitive", que era fraquinho (o que já dá para<br />

ver o valor dado a "Nation"). É um álbum que tem algumas das<br />

músicas que a banda ainda toca hoje em dia. E concordo em<br />

relação ao "Prophecy", é um álbum maduro dos Soulfly que<br />

estavam a começar a soltar-se das amarras do nu-metal, muito<br />

graças à entrada de Marc Rizzo. Portanto, dois pontos para<br />

Soulfly da minha parte.<br />

Round 4 - Sepultura - "Dante XXI" Vs Soulfly - "Dark<br />

Ages"<br />

JC-O "Dante XXI" prometia muito. Como outros de Sepultura,<br />

era um álbum conceptual sobre a obra de Dante, Divina Comédia.<br />

É super intenso e é extremamente pesado, o que logo por si


costuma ser um bom ponto. A produção é fraquinha, muito<br />

fraquinha. Em relação ao "Dark Ages" parece que o Max voltou<br />

aos seus tempos áureos de Sepultura e entregou aqui um álbum<br />

sem espinhas e muito forte. Por esse motivo leva a melhor do<br />

"Dante XXI" que prometia muito mas não conseguiu cumprir o<br />

prometido.<br />

FF-Nesta fase parecia que cada álbum de Sepultura s<strong>of</strong>ria desse<br />

mal. Muita parra, pouca uva. Mais uma vez, como disseste,<br />

conceito interessante e prometedor, resultado final aquém das<br />

expectativas. Não é que seja um mau álbum, apenas não consegue<br />

corresponder à grandeza do nome da banda. Já "Dark Ages" é uma<br />

bomba de todo o tamanho. Se "Prophecy" já se notava a diferença<br />

devido à entrada de Marc Rizzo, "Dark Ages" é triturador, um<br />

grande álbum onde Soulfly é olhado com outros olhos perante a<br />

comunidade metaleira - aliás, acho que foi devido a esse álbum<br />

que os Soulfly entraram para o <strong>Metal</strong> Archives.<br />

Round 5 - Sepultura - "A-lex" Vs Soulfly - "Conquer"<br />

JC-Mais um álbum de Sepultura, mais um álbum conceptual.<br />

Começa a ser algo extremamente repetitivo e que simplesmente<br />

cansa mas "A-Lex" consegue ser um bom trabalho da banda<br />

brasileira, aproximando-se muito do "Roots", na minha opinião.<br />

"Conquer" é a bujarda das bujardas, com um som cristalino<br />

que não tira a brutalidade ao som, temos o melhor trabalho de<br />

Soulfly até à data. É uma vitória sem espinhas, mesmo estando<br />

os Sepultura a demonstrar que estão a "acordar" aos poucos, de<br />

modo a voltarem a ser o que haviam sido.<br />

FF-É verdade e "A-Lex" passou praticamente despercebido para<br />

estes lados. Mesmo que seja um álbum subestimado, continuam a<br />

faltar aquelas malhas de referência. "Conquer" é a continuação da<br />

potência de "Dark Ages". Não considero que seja superior mas é<br />

sem dúvida um dos melhores álbuns da banda e ganha claramente<br />

este duelo.<br />

Round 6 - Sepultura - "Kairos" Vs Soulfly - "Omen" /<br />

Sepultura - "Kairos" vs Soulfly - "Enslaved"<br />

JC-O "Kairos" ganha facilmente aos dois. Podemos dizer que o<br />

"Kairos" é, finalmente, o regresso dos poderosos Sepultura. É<br />

algo que os fãs ansiavam e que foi entregue com a mestria de<br />

Andreas Kisser. O "Omen" e o "Enslaved" não deixam de ser<br />

álbuns consistentes mas estão a anos luz da potência do "Kairos".<br />

FF-Pessoalmente não esperava nada de "Kairos" e foi uma surpresa<br />

muitissimo agradável. É um álbum low pr<strong>of</strong>ile mas que é<br />

muito sólido, conseguindo ir buscar um pouco da força do "Chaos<br />

A.D." e "Against". "Omen" é um álbum forte mas começa a<br />

acusar o cansaço da fórmula. "Enslaved" já é mais fraco e apesar<br />

de ser competente, não impressiona.<br />

Round 7 - Sepultura - "The Mediator Between Head and<br />

Hands Must Be the Heart" Vs Soulfly - "Savages"<br />

JC-O "Savages" acaba por ser uma melhoria em relação a algum<br />

dos trabalhos anteriores dos Soulfly, demonstrando que, tal como<br />

Sepultura, são uma banda de altos e baixos. Em relação ao disco<br />

de Sepultura podemos dizer que um dos fatores que me leva a<br />

escolhê-lo é a entrada do novo baterista, Eloy Casagrande. Para<br />

mim é um génio da bateria e trouxe um peso enorme a este disco.<br />

FF-Para mim o Savages passou-me completamente ao lado.<br />

Sem ser mau, é um álbum que não me trouxe aquelas malhas<br />

destruidores dos trabalhos anteriores. Foi uma decepção por ser<br />

verdadeiramente mediano. Quanto ao "Mediator" foi um álbum<br />

que cumpriu o que "Kairos" prometeu. Ambicioso e com grandes<br />

malhas. Para mim foi o álbum reconciliador (<strong>of</strong>icialmente, já que<br />

"Kairos" já tinha deixado boa impressão) dos Sepultura.<br />

Round 8 - Sepultura - "Machine Messiah" Vs Soulfly -<br />

"Archangel"<br />

JC - "Machine Messiah" é, para mim, um dos melhores<br />

trabalhos de Sepultura de sempre. Num ano de <strong>2017</strong> recheado<br />

de promissores trabalhos este consegue saltar à nossa vista como<br />

um dos melhores. Com energia, peso e letras extremamente bem<br />

pensadas só fica mesmo atras de alguns trabalhos de Sepultura.<br />

Mesmo "Archangel" sendo bom nada comparável com a primazia<br />

e a sapiência de Andreas Kisser e companhia, que demonstram<br />

estar na melhor forma possível.<br />

FF-Para mim Archangel seja mais uma desilusão na forma em<br />

como se instala numa mediania irritante, tal como o anterior<br />

trabalho. Não apresenta nada de novo e não tem nenhum<br />

momento marcante. Por outro lado"Machine Messiah" é um<br />

álbum brutal, dinâmico, potente e praticamente inesgotável. É<br />

realmente um álbum de sonho e um dos melhores da sua carreira.<br />

Inesperado para quem já não esperava nada da banda.Resumindo<br />

e verificando a pontuação temos 11 para Sepultura e 9 para<br />

Soulfly. Justo vencedor na minha opinião. O que é que tu achas?<br />

JC- Concordo plenamente. São sem dúvida um justo vencedor.<br />

79


<strong>Metal</strong> Missionaries - The Documentary<br />

Brutally Delicious Productions<br />

É sempre bom termos documentários sobre metal.<br />

Não só para espalhar a mensagem para aqueles<br />

que não sejam propriamente receptivos ao estilo de<br />

música mas, principalmente, para educar um pouco<br />

mais aqueles que gostam e amam metal. A premissa<br />

deste "<strong>Metal</strong> Missionaires" é promissora. A questão<br />

do cristianismo no metal. Polémico à partida - afinal<br />

o cristianismo é o bombo da festa <strong>of</strong>icial do metal,<br />

principalmente extremo - embarcamos nesta viagem<br />

com bastante curiosidade.<br />

Realizado por Bruce Moore e produzido pela Brutally<br />

Delicious Productionsk, "<strong>Metal</strong> Missionaries" é um<br />

interessante documentário mas que acaba por soar a<br />

pouco. E por ser uma realidade muito local. Não é<br />

que não existam bandas cristãs no resto do mundo que<br />

toquem metal - devem existir de certeza. A questão é<br />

que não há propriamente uma cena de metal cristão<br />

fora dos E.U.A. e, talvez, Canadá. Na América do<br />

Norte existem tops específicos e existe uma cena<br />

de rock cristão bastante forte. No entanto é algo<br />

incompreensível para o resto do mundo. Afinal, rock<br />

é rock. <strong>Metal</strong> é metal. Independentemente da cor, raça<br />

ou credo. Longe vão os tempos da separação entre<br />

o death metal e black metal (das ameaças de morte<br />

aos Deicide quando tocaram na Noruega e das cartas<br />

enviadas a Christ<strong>of</strong>er Johnsson dos Therion), pelo que<br />

esta é uma realidade que não nos faz muito sentido.<br />

Podemos dizer que "<strong>Metal</strong> Missionaries" está dividido<br />

em duas partes. Na primeira temos um desfilar de<br />

testemunhos acerca da questão da religião (cristã) e<br />

das suas próprias experiências onde se destacam Vorph<br />

dos Samael (que afirma que independentemente da<br />

ideologia, é a música que fala sempre mais alto) e Ben<br />

Falgoust dos Goatwhore (que diz algo semelhante e<br />

que desde que a música seja boa, de que se justifique<br />

a mensagem e que faça sentido, tudo é válido) - que<br />

basicamente é a forma como nós também vemos a<br />

80<br />

música. Na segunda parte, que é a que ocupa mais<br />

espaço, temos uma série de bandas cristãs que contam<br />

as suas dificuldades e em grande parte são todas de<br />

alguma forma ostracizadas. E é neste ponto que a<br />

coisa se perde um pouco na nossa opinião.<br />

Por alguns momentos parece que estamos a ser<br />

evangelizados, pela forma como se tem algumas<br />

passagens da bíblia ou pela forma apaixonada como<br />

expressam as suas próprias crenças. Este factor faz<br />

com que o entusiasmo vá diminuindo conforme o<br />

documentário se vai desenrolando. Outra questão<br />

menos conseguida é a repetição de algumas imagens<br />

no início que parece que estamos a ver um clip de<br />

publicidade genérico (neste caso sobre metal).<br />

Mesmo sabendo a pouco e sentido que poderia ter sido<br />

muito mais apr<strong>of</strong>undado, conseguimos tirar algumas<br />

conclusões acerca deste "<strong>Metal</strong> Missionaries".<br />

Primeiro, nos E.U.A., nem as bandas cristãs se livram<br />

de serem ostracizadas. Depois, a música deverá ser<br />

sentida sobretudo. Independentemente das letras, do<br />

credo. E é o que estas bandas fazem. É o que qualquer<br />

banda deve fazer. Parece uma conclusão óbvia, não é?<br />

Foi neste ponto em que se perdeu uma oportunidade<br />

de apresentar algo diferente. Temos o testemunho de<br />

bandas em que vivem mesmo aquilo que acreditam,<br />

em como a sua mensagem foi importante para alguns<br />

fãs mas a pergunta primordial se o cristianismo e<br />

metal combinam ou não acaba por não ser totalmente<br />

esclarecedora. Ficamos com uma percepção de como<br />

as bandas entrevistadas "s<strong>of</strong>rem" devido às suas<br />

crenças mas faltou o confronto com outros pontos de<br />

vista seculares, como os focados no início.<br />

Apesar de não ser aquilo que se esperava e de ser<br />

algo superficial, não deixa de ser um documentário<br />

interessante.


WOM Live Report<br />

Don't Fall Asleep, Aiko, In Vein<br />

08/09 - <strong>Metal</strong>point, Porto<br />

Texto por João Coutinho | Fotos por Inês Faria | Agradecimentos <strong>Metal</strong>point e Don't Fall Asleep<br />

Em mais uma noite de <strong>Metal</strong> no famoso<br />

<strong>Metal</strong>point, no Porto, foi tempo de celebração de<br />

peso onde foram reunidas as bandas Don't Fall<br />

Asleep, Aiko e In Vein, isto após o cancelamento<br />

da banda Ashes And Waves.<br />

Com o seu metalcore/hardcore bem estruturado e<br />

com muita energia, os Don't Fall Asleep subiram<br />

ao palco de uma sala bem composta que os recebeu<br />

com muito entusiasmo e euforia. Com um set<br />

curto onde foram debitando novos temas do seu<br />

EP, o público apresentava-se bastante receptivo e<br />

a comunicação com o vocalista era evidente. Nas<br />

últimas músicas, "Betrayed" e "Martyr" o nível<br />

de envolvimento do público chegou a um patamar<br />

impressionante, com o vocalista Carlos Silva a<br />

demonstrar uma presença de palco ao nível dos<br />

melhores do género.<br />

Seguiram-se os AIKO, nome já mais conhecido<br />

que contaram com um metalpoint com uma<br />

excelente casa. Começando logo por pedir ao<br />

público que se chegassem à frente e tentando<br />

motivar os presentes, incendiaram uma sala<br />

e prepararam um caldeirão que, no fim desta<br />

atuação, se tornaria verdadeiramente explosivo.<br />

Passando por malhas como “A Place For My<br />

Head”, “Venom” e “Carry the Crown” que tiveram<br />

uma recepção otimista por parte dos fãs, “Karma<br />

War” foi uma das faixas mais cantadas e com uma<br />

importância fulcral no Set. Para terminar houve<br />

tempo para a música tema do anime Deathnote<br />

que foi, indubitavelmente, o culminar de uma<br />

atuação quase perfeita por parte dos portuenses.<br />

Por motivos pessoais, infelizmente não nos foi<br />

possível assistir ao concerto dos In Vein. As<br />

nossas sinceras desculpas.<br />

81


Casaínhos Fest <strong>2017</strong><br />

26/08 - Casaínhos, Loures<br />

Texto por Fenando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Casaínhos Fest<br />

Tínhamos uma boa expectativa para esta sexta edição<br />

do Casaínhos Fest, principalmente pela reverência<br />

que era feita ao festival o underground nacional.<br />

Reverência essa que consideramos ser totalmente<br />

merecida pelo que pudemos constatar.<br />

O início deu-se cedo (três da tarde) e como era algo<br />

expectável, a afluência do público ainda era bastante<br />

baixa. Foi com a banda de punk/hardcore lisboeta<br />

Not Enough que se deu início às hostilidades. Micro<br />

descargas acompanhados de muito movimento,<br />

principalmente pelo Félix, vocalista, que estava<br />

constantemente aos saltos – que nem sempre corriam<br />

bem. O som esteve sólido e a prestação da banda<br />

também, mesmo estando numa posição algo ingrata<br />

mas que cumpriu o seu propósito. Uma abertura<br />

adequada para uma longa maratona de sonoridades<br />

punk, hardcore e metal.<br />

82<br />

Not Enough<br />

O primeiro aspecto positivo que notámos desde cedo<br />

foi a forma como o horário foi cumprido (e em alguns<br />

casos até adiantado) e como a espera foi tudo menos<br />

dolorosa. Algo de salutar e que muitos festivais mais<br />

mainstream poderiam levar como exemplo. Antes<br />

da hora prevista subiram ao palco a banda de Aveiro<br />

Soul Of Anubis. Este power trio com uma sonoridade<br />

de metal progressivo impressionou pela positiva,<br />

principalmente pelas suas capacidades técnicas. Talvez<br />

a banda não fosse indicada para aquela hora, mas tal


como os Not Enough, os Soul Of Anubis cumpriram<br />

na perfeição o seu papel. Normalmente em géneros<br />

mais exigentes como o metal progressivo, poderíamos<br />

esperar que o som final s<strong>of</strong>resse mas não foi de todo<br />

o caso. Ainda por cima um metal progressivo bem<br />

bruto. Apesar de por momentos sentirmos que uma<br />

segunda guitarra poderia beneficiar o seu som em<br />

termos de dinâmicas, a actuação baseada no seu álbum<br />

de estreia (nome do álbum) deixou-nos com água na<br />

boca e com o desejo de voltar a vê-los novamente.<br />

mais adequada noutro horário mas ainda assim,<br />

foram a primeira a juntar uma assistência já muito<br />

composta à frente do palco. Actuação irreprensível,<br />

com um excelente som – não nos cansamos de<br />

referir esta parte, que foi mais ou menos constante<br />

de todo o festival – e da qual destacamos “Cabaret”<br />

e “Absolution”. A experiência da banda é cada vez<br />

mais notória e este foi mais um exemplo, sendo<br />

sempre um prazer revê-los em cima do palco.<br />

Soul Of Anubis<br />

Ainda dentro do metal, chegou a vez dos Burned<br />

Blood de Sintra que iniciaram a sua actuação com<br />

uma intro cinematográfica bastante épica e que<br />

chamou o ainda pouco público para a frente do<br />

palco. “Uprising”, “Existence” e “Killing Spree”<br />

foram excelentes exemplos do seu poder destrutivo<br />

que também beneficiaria de uma segunda guitarra -<br />

principalmente para alguns leads por cima do ritmo.<br />

Movimento e acção foi coisa que não faltou e a entrega<br />

da banda equivalia a intensidade da sua música.<br />

Também de salientar os constantes agradecimentos à<br />

organização e ao público pelo apoio ao underground<br />

– algo que TODAS as bandas, sem excepção, fizeram.<br />

A cada banda que subia ao palco, mais o ambiente de<br />

festa se adensava.<br />

Legacy <strong>of</strong> Cynthia<br />

Por falar em experiência, o que dizer dos Grankapo? A<br />

banda lisboeta já tem um currículo de impôr respeito<br />

na arte de espalhar hardcore e as suas actuações são<br />

sempre recheadas de poder e acção, tanto em cima<br />

em do palco como entre a assistência, com muitos<br />

circle pits a se formarem. “Left For Dead”, “Filthy<br />

Head”, “Won’t Fall Down” e “We’ll Never Die” foram<br />

apenas algumas das bombas de diversão maciça que<br />

provocaram muito movimento num concerto onde<br />

não havia nem tempo para respirar, embora tivesse<br />

havia oportunidade para cantar os parabéns ao<br />

baterista Ivan, curiosamente a primeira de duas vezes,<br />

como veremos de seguida.<br />

Grankapo<br />

Burned Blood<br />

Também de Sintra (de nome e tudo) seguiram-se os<br />

Legacy <strong>of</strong> Cynthia com o seu metal alternativo de<br />

cariz mais progressivo, outra banda que talvez fosse<br />

Banda irmã, os For The Glory sucederam aos<br />

Grankapo e mantiveram o nível altíssimo no que diz<br />

respeito à qualidade do hardcore. Começando com<br />

“All The Same”, foi um desfilar de classe e experiência<br />

por um dos grande valores nacionais da música<br />

pesada. Não faltaram outros temas como “Survival Of<br />

83


as hostilidades com um dos seus hinos, “Face Off ”? A<br />

intensidade atingia novos patamares, como apenas a<br />

banda da margem sul sabe fazer.<br />

The Fittest” e “Some Kids Have No Face” e não faltou<br />

também a segunda vez que se cantou os parabéns a<br />

Ivan, o baterista que toca tanto nos For The Glory<br />

como nos Grankapo, numa actuação em ambiente de<br />

festa, onde a banda revelou não ter setlist definida e<br />

ir tocando conforme o feeling – o que já diz muito<br />

acerca do à-vontade e traquejo que têm e também<br />

do ambiente descontraído e familiar que se tinha no<br />

palco do Casaínhos, algo que não afectou em nada<br />

na apreciação tanto nossa, <strong>World</strong> Of <strong>Metal</strong>, como do<br />

público presente.<br />

Destroyers Of All<br />

Tal como os For The Glory, os Switchtense tocaram<br />

sem setlist pré-definida e foram decidindo as malhas<br />

no momento, revelador do seu entrosamento e<br />

experiência. Não faltaram os discursos por parte de<br />

Hugo Andrade sobre o underground e a cena nacional.<br />

Se normalmente a visão da banda apresentada pelo<br />

seu vocalista é fácil com que nos identifiquemos com<br />

ela, neste contexto, era o reflexo daquilo que estava<br />

no ar. Uma união que era bonita de se sentir e que<br />

se assume como o espírito do festival. Espírito esse<br />

metido ao rubro com “The Right Track”, “State Of<br />

Resignation”, “Into The Words Of Chaos”, “Monsters”<br />

(a música Napalm Death da banda) e “Infected Blood”,<br />

entre outros clássicos.<br />

For The Glory<br />

Nova virada estilística do hardcore para o metal, com<br />

os coimbrenses Destroyers Of All a subir ao palco<br />

numa posição que lhes é merecida pelo excelente<br />

álbum de estreia “Bleak Fragments”, editado o ano<br />

passado. A actuação da banda baseou-se neste<br />

lançamento e no EP que o antecedeu, onde o principal<br />

problema era o som algo pouco definido que fez com<br />

que alguns detalhes, principalmente de guitarra e por<br />

vezes na voz, se tivessem perdido. Ainda assim, foram<br />

bem recebidas malhas como “From Ashes Reborn”,<br />

“Hollow Words”, o tema-título do já mencionado<br />

álbum de estreia e uma potente “Into The Fire”. Foi<br />

um regresso aos palcos bem recebido pelo público e<br />

bem vivido pela banda que mostra que o seu lugar é<br />

ali mesmo.<br />

Se até então, Casaínhos navegou entre os mares<br />

do punk/hardcore e do metal, a próxima banda<br />

é daquelas que junta os dois como ninguém.<br />

Embora o potente thrash metal dos Switchtense<br />

seja metálico até à medula, há um grande espírito<br />

hardcore principalmente na forma como encaram<br />

o underground e como são uma banda que dá tudo<br />

em palco e que puxa o seu público para retribuir em<br />

igual medida. Como tal, que melhor forma de abrir<br />

84<br />

Switchtense<br />

Devil In Me é um dos nomes grandes do hardcore<br />

nacional, a par dos Grankapo e For The Glory – uma<br />

celebração à parte, ter estes nomes mais Swtichtense<br />

todos juntos no mesmo cartaz, facto referido por<br />

Hugo Andrade na actuação da sua banda. Um nome<br />

que, tristemente, distinguiu a sua actuação de todas as<br />

outras. Foi o último concerto da banda e por isso teve<br />

um impacto ainda maior do que o normal – que por si<br />

só já era considerável.<br />

Seria difícil suceder a estes níveis de intensidade, por isso a<br />

melhor coisa a fazer é mesmo trazer algo completamente


diferente. Os Blowfuse não são completamente diferentes<br />

ao punk/hardcore mas fazem-no de um ponto de vista<br />

mais acessível do rock. Mas acessível não quer dizer que<br />

seja menos explosivo. Com muito movimento mas sem<br />

provocar o mesmo tipo de entusiasmo entre o público, o<br />

punk rock da banda gozou de um som poderoso – um<br />

dos melhores do cartaz – que em muito ajudou a que a<br />

sua performance fosse tão boa.<br />

seja tarde para o quer que seja, a banda provou estar<br />

num momento de forma demolidor, destilando thrash<br />

metal clássico de extremo bom gosto.<br />

Devil In Me<br />

Curiosidade para o facto da banda ter agradecido aos<br />

Not Enough por terem emprestado os instrumentos<br />

precisamente quando tocaram a música... “Not<br />

Enough”. Destacamos ainda da sua actuação a “House<br />

Of Laugh”, “Man Of Opportunities”, “Ripping Out”,<br />

“Radioland” e a cover com que acabaram o concerto:<br />

anunciada como uma música dos Sonic Youth, tocaram<br />

com o início da “In Bloom”, a “Territorial Pissings”,<br />

ambas dos Nirvana. A banda espanhola também foi<br />

a primeira de duas escolhas internacionais escolhidas<br />

para fechar esta terceira edição do Casaínhos Fest,<br />

não deixando de agradecer à sua editora no nosso<br />

país, a Infected Records, responsável pelas visitas da<br />

banda ao nosso país.<br />

Dust Bolt<br />

Foi um desfilar de malhões que começou na “Violent<br />

Abolition” e terminou na “Agent Thrash” (com o vocalista/<br />

guitarrista Lenny B. a ir para o meio do público) já em<br />

regime de encore e pelo meio com “Awake The Riot – The<br />

Final War”, “Soul Eraser”, “Blind To Art, “Distant Scream<br />

(The Monotonous)” – dedicada a Tiago Fresco, da<br />

organização, por trazer a banda a Portugal, entre outras.<br />

Foi uma actuação que impressionou como a banda se<br />

dispôs em palco, não parando o headbanging por um<br />

segundo e não sacrificando em nada os muitos detalhes<br />

que as músicas exigiam.<br />

Dust Bolt<br />

Blowfuse<br />

A segunda banda internacional do cartaz e também<br />

pela primeira vez em Portugal, eram os alemães Dust<br />

Bolt, que deram um concerto de ficar na memória dos<br />

presentes. Com uma banda com já três (bons) álbuns<br />

editados, fica difícil de perceber como ninguém os<br />

tinha trazido cá antes. Como não acreditamos que<br />

Para quem viveu a cena anos atrás, este alinhamento<br />

do Casaínhos poderia soar estranho. Afinal tínhamos<br />

bandas hardcore, punk e metal (de subgéneros<br />

variados) a sucederem-se e a serem apoiadas da<br />

mesma forma. As tribos deixaram de ter o peso que<br />

tinham e ainda bem porque separações provocadas<br />

por barreiras estilísticas é algo que deixou de fazer<br />

qualquer tipo de sentido há já muito tempo. O facto<br />

de todas as bandas terem enaltecido, como já foi dito<br />

atrás, o espírito underground do festival e de união ao<br />

som nacional.e também do próprio apoio do público<br />

presente é representativo da magia e mística que<br />

este festival, apesar de jovem, já possui. Que cresça<br />

e venham muitos mais, sendo representativo do<br />

crescimento e sobretudo da união da nossa cena.<br />

85


ADM <strong>Metal</strong> Fest<br />

26/08 - Andam, Leiria<br />

Texto e Fotos por Nuno Bacharel | Agradecimentos: ADM <strong>Metal</strong> Fest<br />

O ADM <strong>Metal</strong> Fest é um novo festíval na região centro,<br />

localizado na freguesia de Andam, concelho de Porto de<br />

Mós, distrito de Leiria e que decorreu no último fim de<br />

semana de Agosto, dias 25 e 26, sexta e sábado. Infelizmente<br />

a <strong>World</strong> <strong>of</strong> <strong>Metal</strong> apenas pôde estar presente no sábado,<br />

não assistindo assim às sempre excelentes actuações de<br />

Switchtense e Midnight Priest, já que os Gwydion tiveram<br />

que cancelar devido a um problema de saúde do baterista.<br />

Grankapo, Secret Chord e Tri Rex eram as outras <strong>of</strong>ertas<br />

para sexta.<br />

Chegados ao festival a meio da tarde de sábado, entrámos<br />

num recinto construído de propósito para o evento, mas<br />

que ainda estava a quarto de gás. Surpreendentemente, e<br />

comparando com o horário previsto (mesmo depois do<br />

anúncio do cancelamento dos algarvios Anarchy Machine),<br />

ainda apanhámos meia actuação dos 74. Punk rock com<br />

boa disposição dentro e fora das curtas musicas tocadas.<br />

86<br />

74<br />

Fuzzil<br />

Antes dos Fuzzil começarem a debitar o seu Stoner


Rock, havia que garantir que as condições de som<br />

estivessem a 100%. Entre “Mais guitarra aqui”, “Mais voz<br />

ali” e “Mais baixo acolá”, os ponteiros não perdoavam e<br />

o tempo ia passando. Condições favoráveis alcançadas,<br />

uma excelente performance de bom Sludge/Stoner destes<br />

moços de Alcobaça. Com o EP “Molten” a ser promovido,<br />

“Boiling Pot” não foi esquecido e assim se passou meia<br />

hora bem sonorizada.<br />

“Lightbringer”.<br />

Humanart<br />

Waterland<br />

Entre mudanças de instrumentos, fez-se noite e finalmente<br />

Waterland subiram ao palco. Vindos de Barcelos, <strong>of</strong>ereceram-nos<br />

uma boa dose de Power <strong>Metal</strong> bem articulado.<br />

A vocalista, Patricia Loureiro, espalhou voz de excelente<br />

qualidade, charme e boa disposição pela audiência que<br />

finalmente ia engrossando nos números. Com álbum novo<br />

“Signs <strong>of</strong> Freedom” editado este ano, ainda foram exitos<br />

Hora de aquecer novamente e levantar muito pó com Prayers<br />

<strong>of</strong> Sanity. Vindos de Lagos, o experiente power trio debitou<br />

o seu thrash old school com muita sabedoria. “Face <strong>of</strong> the<br />

Unknown” é o álbum novo, destaque para “Someday” mas<br />

“Confrontations” não foi esquecido e muito menos o trabalho<br />

de estreia “Religion Blindness”. Nada a dizer, são grandes.<br />

E como o tempo passa rápido quando nos divertimos,<br />

bateram as doze badaladas da meia noite. Se originalmente,<br />

deveríamos estar a finalizar a actuação de Holocausto<br />

Canibal, ainda os Primal Attack não tinham entrado,<br />

contabilizando um atraso de mais de duas horas na<br />

previsão inícial. A que horas entraram os Grog, nunca<br />

saberemos pois a <strong>World</strong> <strong>of</strong> <strong>Metal</strong> teve que abandonar<br />

o festival pois a sua boleia iria trabalhar no dia seguinte<br />

bem cedinho e ainda havia uma longa viagem pela<br />

frente. Ficou assim outro grande nome do thrash metal<br />

para ser apreciado (Primal Attack), assim como duas<br />

icónicas bandas de grind (Holocausto Canibal e Grog).<br />

Shadowmare<br />

antigos a marcar diferença, como “Fire Burning”.<br />

Mas o que se quer num festival é movimento, e nada como<br />

o bom e velho thrash metal para mexer com as hostes, e foi<br />

isso que os algarvios Shadowmare porporcionaram com o<br />

seu death/thrash. Depois do EP de estreia “From Hell to<br />

the Future”, há mais canções novas a tocar e apanharam<br />

o melhor som até à altura. Assim sendo, muito bem soou<br />

o hino “Mad Executioner” e toda a capacidade destes<br />

promissores jovens ficou bem patente nesta noite.<br />

Avançaram as horas, esfriou a temperatura e também no<br />

palco, com a entrada do black metal dos Humanart. Com<br />

este concerto, celebraram a sua sexagésima actuação e<br />

mostraram toda a sua experiência, especialmente com<br />

a prestação de “Lines <strong>of</strong> Knowledge” tirado do álbum<br />

Prayers Of Sanity<br />

Esta humilde organização deu o seu melhor, de certeza<br />

absoluta, mas ainda há muitas arestas por limar. Uma<br />

média de 300 pessoas terá passado pelo recinto e resta-nos<br />

esperar que os dissabores não impeçam uma nova edição<br />

em 2018. A ideia está lá, a vontade também, e há lugar na<br />

zona centro para um festival mais undergroud como este.<br />

87


Reverence Santarém <strong>2017</strong><br />

Dia 1 - 08/09/17 - Parque da Ribeira, Ribeira de Santarém<br />

Texto por Fenando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Reverence Santarém<br />

A quarta edição do Reverence estava envolta de<br />

grande expectativa. Não só pelos nomes anunciados<br />

mas principalmente pela mudança de local, passando<br />

de Valada para a Ribeira de Santarém, um pouco mais<br />

a norte. As expectativas foram algo desafiadas ao<br />

encontrarmos condições mais humildes em relação<br />

ao passado. Um recinto mais pequeno, dois palcos e<br />

menos <strong>of</strong>erta em termos de comida e comércio. Seria<br />

algo suficiente para ficar com uma opinião negativa<br />

sobre o festival. Isso e os atrasos que vamos explicar<br />

de seguida. No entanto, há algo que o Reverence<br />

tem, seja qual for o sítio onde se realiza: excelente<br />

música. Esta quarta edição não foi excepção.<br />

Pouco depois da hora anunciada, deu-se início às<br />

hostilidades com os F'rrugem, banda de Ribeira de<br />

Santarém que continua a tradição do festival em dar<br />

voz às bandas locais. A sua sonoridade insere-se no<br />

espectro do punk rock português, ao bom estilo Mata<br />

Ratos. Talvez estivesse deslocada da sonoridade do<br />

88<br />

festival, mas o ecletismo musical sempre foi um dos<br />

seus trunfos e neste contexto, até foi uma boa abertura,<br />

apesar do pouco público presente e de alguma apatia.<br />

Destacamos um tema que cheira a clássico: "Tou de<br />

Caganeira" cujo riff inicial faz lembrar muito a "The<br />

March Of The S.O.D." dos S.O.D..<br />

F'rrugem


Os concertos foram sendo alternados entre o palco<br />

Tejo e o palco Sabotage e a primeira banda a subir a<br />

este último palco foram os Pretty Lightning, um duo<br />

num formato que o rock alternativo tem encontrado<br />

muitas formas criativas de dar muita boa música<br />

ao mundo. Numa vertente que ia beber água tanto<br />

ao rock psicadélico como ao espírito do blues mais<br />

cru, o seu som foi encantando a plateia ainda algo<br />

despida - a banda agradeceu aos presentes por terem<br />

comparecido cedo o suficiente para verem a sua<br />

actuação e ao convite para o festival. Um bom nome<br />

que mostram que é possível fazer muito com pouco.<br />

Como foi dito atrás, os Quentin Gas E Los Zíngaros<br />

substituíram os Dead Rabbits e passaram para palco<br />

principal. O seu som tinha tudo para nos chamar a<br />

atenção, afinal quem é que se lembra de cruzar rock<br />

psicadélico com o flamengo? Uma mistura vencedora<br />

que conseguiu chamar a atenção do público, causando<br />

a reacção automática e involuntária nas pernas, pés<br />

e pescoço, aquela que indica que estamos perante<br />

boa música. A primeira saiu satisfeita com o seu<br />

primeiro concerto em solo português e nós também.<br />

Não fossem as falhas de som no final da actuação, que<br />

terminou abruptamente, e teria sido perfeito.<br />

Pretty Lightning<br />

Devido ao cancelamento dos Dead Rabbits, tiveram<br />

que acontecer algumas alterações no alinhamento<br />

previsto, sendo a primeira a mudança dos Quentin<br />

Gas E Los Zíngaros para o palco Sabotage e no<br />

seu lugar no palco Tejo subiram os Iguana. Um dos<br />

problemas que assolou esta edição do Reverence foi<br />

sem dúvida o problema de som que algumas bandas<br />

tiveram. No caso dos Iguana, não foi o suficiente para<br />

abalar muito a sua prestação, onde as longas jams e<br />

o feeling entre o stoner e o doom foi o fio condutor.<br />

Uma banda que sabe sempre bem ver ao vivo, em que<br />

condições forem.<br />

Quentin Gas & Los Zíngaros<br />

Uma intro com uma versão de "Alfred Hitchcock<br />

Apresenta" foi a forma de apresentar os Cut, trio de<br />

Almeirim que nos trouxe a dinâmica dos duos, ou<br />

seja bateria, guitarra e voz (e que voz). O resultado<br />

é um espírito stoner/doom cujo único problema é<br />

alguma falta de dinâmicas - apesar da ausência de<br />

baixo, a guitarra acabou por preencher o espaço<br />

vazio dos graves. Ainda assim pudemos presenciar<br />

um crescendo de intensidade conforme a actuação<br />

decorreu que nos fez ouvir mais deste projecto.<br />

Iguana<br />

Cut<br />

89


O rock psicadélico<br />

tem muitas formas<br />

de manifestar e<br />

neste primeiro dia<br />

teve-se a sorte de<br />

encontrar várias<br />

formas vencedoras<br />

do género. Os The<br />

Gluts foram sem<br />

dúvida uma delas.<br />

O rock psicadélico<br />

cheio de groove (em parte ajudado pela percussão<br />

tocada por Nicolò, o vocalista) permitiu que fosse<br />

aberta a pista para levantar voo em direcção ao<br />

espaço sideral. A emotividade demonstrada pela<br />

banda, principal-mente pelo já mencionado Nicolò<br />

que parecia que estava a ter um ataque epiléptico em<br />

palco, era proporcional à qualidade da sua música.<br />

Um excelente concerto.<br />

muito interessante que mesmo podendo ser mais<br />

valorizado num outro ambiente, não deixou de ter um<br />

impacto positivo.<br />

Desert Mountain Tribe<br />

No palco Sabotage, subia um power trio de impôr<br />

respeito: Desert Mountain Tribe Apesar de um falso<br />

arranque, em que o vocalista Jonty Balls se apercebeu<br />

graças ao público que a sua voz não se estava a fazer<br />

ouvir - sintomático dos muitos problemas relacionados<br />

com o som que o festival e as bandas que actuaram<br />

nele foram afligidos. Com um registo próximo de Jay<br />

Ashton dos Gene Loves Jezebel, na sua vertente mais<br />

pós-punk, foi uma actuação hipnótica onde até se teve<br />

direito a uma música que sairá no próximo álbum em<br />

que a banda se encontra a trabalhar neste momento.<br />

The Gluts<br />

Gossamers foi o projecto que se seguiu, uma oneman-band<br />

que junta no mesmo tacho ambient e drone.<br />

Talvez não tenha sido a actuação mais interessante<br />

para se ver... mas para se ouvir foi uma revelação e<br />

teve um efeito viajante que se enquadra perfeitamente<br />

na atmosfera cool e relaxada do festival. Um projecto<br />

90<br />

Gossamers<br />

Tren Go! Sound System<br />

Por esta altura não não seria caso para nos admirarmos<br />

mas quem diria que apenas uma pessoa conseguiria<br />

fazer um chavascal tão grande? Foi o caso com os<br />

Tren Go! Sound System que provou que um músico,<br />

uma guitarra e vários pedais de efeitos valem quase<br />

como uma orquestra inteira resultando em verdadeiras<br />

tapeçarias sonoras que tanto abrangeram o pós-rock<br />

como o rock psicadélico indo até ao trip-hop. São este<br />

tipo de propostas que fazem com que o Reverence


seja o festival especial que é.<br />

groove foi contagiante. Diferente do esperado mas<br />

por isso mesmo adoravelmente viciante. Boa surpresa<br />

para o público presente.<br />

Oathbreaker<br />

E foi neste momento em que a coisa descambou.<br />

O atraso que se ia acumulando de alguns minutos<br />

superou a hora quando os Oathbreaker se preparavam<br />

para subir ao palco. Um soundcheck para lá de<br />

demorado - dolorosamente demorado - fez com que<br />

o público estivesse em peso a aguardar pelo início<br />

da actuação enquanto assistia ao soundcheck. O que<br />

nos leva a uma questão... as coisas já estão atrasadas,<br />

o público está todo presente. Então... porquê sair do<br />

palco? Sabemos que faz parte do espectáculo mas<br />

mesmo assim... Em relação à actuação propriamente<br />

dita e tirando alguns problemas de som que apesar do<br />

longo soudcheck teimaram em persistir, foi sublime.<br />

Em excelente forma e com um som desconcertante<br />

na forma como fundem black metal, shogaze e o<br />

pós-metal mais caótico, sem dúvida um dos grandes<br />

concertos deste primeiro dia.<br />

Amenra<br />

Hora de voltar ao palco Sabotage e mais um atraso<br />

gigantesco ao que já tinha sido angariado até então.<br />

Era a vez dos Amenra e compreendemos que o som<br />

estivesse que estar perfeito, no entanto, esta demora só<br />

fez com que o público e as bandas seguintes saíssem<br />

prejudicadas. Claro que tudo isso ficou esquecido<br />

quando mais estes membros da temível Church Of<br />

Ra subiram ao palco. Se o apocalipse interior tivesse<br />

alguma banda-sonora, forçosamente teria de passar<br />

por temas como "The Pain It Is Shapeless" e "Am<br />

Kreuz".<br />

Wildnorthe<br />

Zarco<br />

Os Zarco subiram ao palco Tejo e começaram por<br />

agradecer aos Oathbreaker (provavelmente de forma<br />

irónica) antes de começar a debitar o seu rock próximo<br />

do punk e colorido por uma harmónica endiabrada e<br />

por grandes solos de guitarra, onde o ritmo cheio de<br />

A partir daqui foi somar atraso atrás de atraso. Se de<br />

um lado (palco Sabotage) o soundcheck demorava, do<br />

outro (palco Tejo) as bandas demoravam a começar<br />

as suas actuações de forma incompreensível. A boa<br />

música foi a constante que nos deu força perante o<br />

desânimo e cansaço que era crescente. Como foi o<br />

caso dos Wildnorthe, um duo lisboeta que toca um<br />

darkwave bem clássico, a relembrar o som da vanguarda<br />

da década de oitenta. A sonoridade talvez soa-se<br />

91


desfazada encaixada<br />

no meio de Amenra<br />

e Moonspell, no<br />

entanto ainda assim,<br />

o público presente<br />

estava satisfeito.<br />

Mais um longo e<br />

exaustivo soundcheck<br />

e os minutos<br />

e horas a passar.<br />

A expectativa era muita para ver os Moonspell a<br />

na banda um dos seus maiores embaixadores no<br />

mundo. Mesmo sem surpresas de maior, soube bem<br />

ouvir temas descobertos mais de duas décadas atrás<br />

e que raramente são reinterpretados como a trilogia<br />

"Wolfshade (A Werewolf Masquerade)"/"Love<br />

Crimes"/"...Of Dream And Drama (Midnight Ride)",<br />

"Trebaruna" do "Wolfheart" ou "For A Taste Of<br />

Eternity" e "A Poisoned Gift" de "Irreligious",<br />

principalmente quando interpretados com a ajuda das<br />

Crystal Mountain Singers (a já mencionada Carmen<br />

Simões dos Earth Electric e Silvia Guerreiro, ex-<br />

Sarcastic e The Godspeed Society).<br />

Moonspell<br />

tocarem na íntegra os seus dois primeiros álbuns,<br />

"Wolfheart" e "Irreligious", embora este não fosse um<br />

entusiasmo generalizado. Talvez por serem uma das<br />

poucas bandas assumidamente metal deste primeiro<br />

dia, uma sonoridade que todavia o Reverence sempre<br />

incorporou, ou então talvez por todos os atrasos e<br />

alguma falta de paciência. No entanto a banda da<br />

Brandoa foi alheia a tudo isso, dando um concerto<br />

irrepreensível, não fossem alguns problemas de som<br />

nomeadamente do micr<strong>of</strong>one de Carmen Simões.<br />

Nevoa<br />

Após Moonspel acabar, deu-se o êxodo para o<br />

palco Tejo onde mais uma vez houve uma demora<br />

incompreensível para a banda subir ao palco quando o<br />

som já estava preparado - pelo menos era essa a nossa<br />

impressão. Sendo a segunda vez que vimos os Névoa<br />

em pouco mais de um mês (a primeira foi no VOA),<br />

podemos dizer que não foi propriamente uma surpresa<br />

assim como não foi o seu poder, que abalou qualquer<br />

sentimento de déjà vú que se tivesse. Também nos<br />

parece que a banda aqui gozou de um melhor som do<br />

que aquele que teve direito em Corroios. Não houve<br />

comunicação com o público mas também não seria<br />

necessário, a música preencheu todo esse espaço<br />

vazio. Consegue-se sentir a evolução de actuação para<br />

actuação.<br />

Moonspell<br />

Foram momentos de celebração e comunhão não<br />

só por aqueles dois pedaços da história da banda<br />

mas como do próprio metal português que tem<br />

92<br />

Bo Ningen


O contingente japonês também estava presente<br />

no Reverence e neste primeiro dia teve como<br />

representação os Bo Ningen que, infelizmente, não<br />

fugiram à tendência dos atrasos devido a longos<br />

soundchecks. Estavam agendados para a uma e<br />

quarenta da manhã e subiram depois das três. Ainda<br />

assim, haviam muitos resistentes (não só ao atraso<br />

em relação ao horário como também em relação ao<br />

crescente frio que se fazia sentir) que queriam ser<br />

embalados pelo rock psicadélico extravagante dos Bo<br />

Ningen que conseguiram agarrar bem o público desde<br />

o início.<br />

para uma plateia reduzida de resistentes que fizeram<br />

questão de esperar por ela - "Boa noite Reverence<br />

ou madrugada" foi a primeira coisa que a banda,<br />

através de Patrícia, disse ao público. Uma intensidade<br />

assinalável que significou o nosso fim da linha para<br />

este primeiro dia, que não conseguimos aguentar mais.<br />

Sinistro<br />

Melancholic Youth Of Jesus<br />

Conforme as bandas iam-se sucedendo, o público ia<br />

dimuindo, algo que ia sendo cada vez mais visível.<br />

Ainda assim, os portugueses Melancholic Youth Of<br />

Jesus deram um concerto bem sólido onde, mais uma<br />

vez, o grande inimigo foi mesmo o som com alguns<br />

ruídos e feedbacks a surgirem. E não, não fazia parte<br />

da sonoridade final.As energias já começavam a faltar<br />

(já eram doze horas seguidas) mas fica a vontade revêlos<br />

em melhores condições físicas da nossa parte.<br />

Infelizmente não conseguimos ouvir os Two Pirates<br />

And A Dead Ship e os 10000 Russos cujas actuações<br />

prolongaram o festival até quase às sete da manhã.<br />

Seria impossível ficar até ao fim e ainda estar presente<br />

no segundo dia. O balanço musical foi sem dúvida<br />

possível, mas o grande inimigo foram, como já foi<br />

dito muitas vezes, as longas esperas por soundchecks.<br />

E depois... o segundo dia!<br />

Sinistro<br />

Quase duas horas depois do previsto, finalmente<br />

sobem ao palco os Sinistro. Com um som brutalmente<br />

poderoso e definido e com uma Patrícia Andrade<br />

on fire, a banda não acusou o toque de estar a tocar<br />

93


Reverence Santarém <strong>2017</strong><br />

Dia 2 - 09/09/17 - Parque da Ribeira, Ribeira de Santarém<br />

Texto por Fenando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Reverence Santarém<br />

O primeiro dia foi duro. Vinte bandas, das quais só<br />

conseguimos ver dezoito devido aos atrasos no horário,<br />

e mais de catorze horas de música. Mas o saldo musical<br />

do Reverence Santarém é para lá de positivo - por muito<br />

que as condições não sejam as mesmas, vamos todos<br />

para lá por causa da música, certo? Para este segundo<br />

dia, a expectativa de igualar ou superar era alta.<br />

banda, os I Am The Gost Of Mars mereciam sem dúvida<br />

um maior número de pessoas na assistência. Donos<br />

de uma sonoridade bastante experimental que nos dá<br />

a ideia de que estamos perante temas improvisados<br />

que vão desde o rock psicadélico até ao stoner/doom.<br />

Gostámos bastante do pormenor de afinar / mudar de<br />

afinação durante os temas que nos remete para momentos<br />

clássicos de álbuns como o "Made In Japan" dos Deep<br />

Purple.<br />

I Am The Gost Of Mars<br />

Sendo uns dos primeiros a entrar no recinto, não muito<br />

tempo antes do início dos concertos, pudemos constatar<br />

que o cansaço do dia anterior faria com que o público<br />

tardasse a aparecer. O que foi uma pena já que a primeira<br />

nonn<br />

Era a vez dos Nonn no palco Sabotage e mais um regresso<br />

ao passado. O projecto de Christian Eldefors dos The<br />

94


Orange Revival mostra-nos que a música electrónica<br />

também pode ser orgânica. Interessante viagem ao som<br />

da vanguarda que tem uma base ritmica electrónica e<br />

depois é adornada com duas guitarras e um sintetizador.<br />

Apesar desta descrição não ser propriamente atractiva, o<br />

som era bem interessante.<br />

Não fosse o horário e até gostaríamos de os ouvir mais<br />

- e foi o que aconteceu. Quando os The Underground<br />

Youth deveriam estar a subir ao palco, os Chinaskee &<br />

os Camponeses perguntaram se ainda dava para tocar<br />

mais uma. E assim (re)começou a saga dos atrasos.<br />

Royal Bermuda<br />

The Janitors chamou todos ao palco Sabotage quando<br />

o vento ameaçava tornar a noite ainda mais fria e<br />

desagradável que a noite anterior. Grande feeling que as<br />

músicas da banda foram deixando. Já sabemos que o rock<br />

psicadélico gosta de libertar os nossos corpos do fardo<br />

da alma e de nos levar para longe em viagens astrais, mas<br />

quando se junta ao shoegaze é caso para ser quase uma<br />

viagem sem retorno. Não se pense que por isso a banda<br />

estava bastante apática no palco. O contrário, bastante<br />

dinâmica que só tornou a sua actuação ainda melhor.<br />

Chinaskee & os Camponeses<br />

Os The Underground Youth fazem uma mistura deliciosa<br />

de música de vanguarda, rock psicadélico e até um<br />

certo espírito rockabilly. A sua apresentação em palco é<br />

suigeneris. Sem bateria - apenas uma tarola e timbalão<br />

a cargo de Olya Dyer que ia conseguindo imprimir uma<br />

dinâmica assinalável ao som. A banda estava nitidamente<br />

a gostar do concerto e isso só serviu para envolver ainda<br />

o público.<br />

The Underground Youth<br />

The Janitors<br />

No palco Tejo, os Chinaskee & os Camponeses<br />

demonstraram logo que queriam trocar-nos as voltas<br />

com a primeira vez que se dirigiram ao público: "Olá<br />

Chinaskee, nós somos o Reverence". Efectivamente<br />

trocaram-nos as voltas de uma forma positiva. Por<br />

um lado com a doçura do seu dream pop, por outro<br />

os trejeitos do rock psicadélico onde o orgão dava um<br />

ar único e ainda mais alucinado ao som final. Temas<br />

longos, com passagens instrumentais bastante alargadas.<br />

Os senhores que se seguiam eram um dos grandes<br />

destaques deste segundo dia na nossa opinião: Asimov<br />

& The Hidden Circus. Se os Asimov por si só já são<br />

excelentes, desde que iniciaram este ciclo de colaborações<br />

com os músicos que compõe o denominado Hidden<br />

Circus conseguiram elevar ainda mais a fasquia. Som<br />

e groove hipnótico ao qual o violoncelo provocou um<br />

colorido especial. Quando se assiste a uma jam fica-se<br />

com a sensação de que estamos a presenciar magia e foi<br />

o que pudemos presenciar no palco Tejo.<br />

Melhor do que termos expectativas cumpridas foi<br />

95


termos surpresas<br />

que nos deixaram<br />

maravilhados. Já<br />

sabíamos que os<br />

Siena Root eram<br />

uma grande banda,<br />

mas depois de os ver<br />

no palco Sabotage<br />

ficámos com essa<br />

confirmação. E mais<br />

que isso, ficámos<br />

com vontade de ouvi-los muito mais e noutros contextos.<br />

mas que acerta mesmo no alvo. Assim como o próprio<br />

som da banda. Uma amálgama de ideias e géneros que<br />

vão desde o psicadélico até a uma certa aura progressiva.<br />

Um grande som, ao melhor espírito jam, num regresso<br />

ao Reverence (a banda esteve na primeira edição do<br />

festival) festejado por todos os que apreciaram a sua<br />

actuação.<br />

Conjunto!Evite<br />

Asimov & The Hidden Circus<br />

Com uma entrada à la "Hit The Lights", com um som ao<br />

melhor que a década de setenta tem para <strong>of</strong>erecer e com<br />

uma voz à la Janis Joplin, o resultado foi um blues rock<br />

explosivo, orgânico e muito boa onda que deixou toda a<br />

assistência rendida. A sua actuação passou num instante<br />

e a banda estava disposta a mais mas infelizmente teria<br />

que se tentar não acontecer o que tinha acontecido<br />

na noite anterior - nesta altura já estavamos com um<br />

atraso de mais de dez minutos em relação ao horário.<br />

Fica a nota que esta banda precisa de voltar a Portugal<br />

urgentemente.<br />

Infelizmente o problema dos atrasos voltou a verificar-se<br />

com um soundscheck, desta vez com os Träd Gräs Och<br />

Stenar, Traden, um dos nomes mais clássicos do rock<br />

progressivo sueco. Uma demora que até quase tornou<br />

imperceptível se a banda estava a ainda a testar o som<br />

ou se já estava a tocar. Só quando o baterista entrou em<br />

palco e se posicionou no seu lugar atrás do kit, depois<br />

de um longo momento de drone de baixo distorcido, é<br />

que se teve a certeza que a banda já estava a tocar. Uma<br />

enorme viagem, um enorme concerto onde o toque de<br />

flauta fazia com que pensássemos que estávamos perante<br />

uma jam de Ian Anderson dos Jethro Tull com os Pink<br />

Floyd. Enorme concerto, único.<br />

Träd Gräs Och Stenar<br />

Conjunto!Evite, já dissemos antes nestas páginas e<br />

voltamos a dizer, é um grande nome. Estranho, peculiar<br />

96<br />

Siena Root<br />

A excelência musical não fica limitada às propostas<br />

estrangeiras. Os Cows Caos provaram que a extravagância<br />

também é possível unir-se à excelência. Uma actuação<br />

excêntrica como já é hábito por parte desta banda que<br />

junta o rock psicadélico às guitarradas e ritmos próprios


do surf rock. Juntando isto a uma bailarina exótica que<br />

parecia estar ligada a uma bateria de alta voltagem,<br />

temos a receita para uma actuação de qualidade ímpar.<br />

Cows Caos<br />

Quando os Gang Of Four subiram ao palco já so<br />

pensava... "malditos soundchecks!". Quase uma hora<br />

de atraso colocaram os nervos em franja que foram<br />

acalmados pelo som clássico do pós-punk da banda<br />

que já não visitava o nosso país há sensivelmente três<br />

décadas. Não é do som mais imediato que já passou pelo<br />

palco Sabotage mas coadunou-se bem com a noite que<br />

se tornava fria.<br />

Pás de Probléme<br />

se aguardou por uma das grandes atracções do festival,<br />

os Mono. A música é sem dúvida diferente e algo que<br />

obriga (ou pelo menos sugere) a contemplação e aquelas<br />

condicionantes não eram de todo favoráveis. Cansaço,<br />

frio, ligeira irritação por todos os atrasos e depois de um<br />

autêntico furacão na forma dos Pás de Problème.<br />

Mono<br />

Gang Of Four<br />

Para aquecer o ambiente vieram os Pás de Problème.<br />

Não há palavras para descrever uma actuação desta<br />

banda lusa que mais parece extra-terrestre. Poderíamos<br />

dizer que são uma espécie de Kosturika on drugs mas<br />

se calhar a melhor descrição é aquela que eles próprios<br />

fazem: a real porrada! Ritmo exuberante e uma qualidade<br />

musical excepcional que permitiram tudo, desde uma<br />

wall <strong>of</strong> death (a primeira que vimos a ser feita por uma<br />

banda que NÃO toca metal) mosh capaz de fazer levantar<br />

poeira. Esta é uma banda obrigatória ver! Seja onde for!<br />

Tudo coisas que a banda era alheia e que não teve<br />

influência no grande concerto que deram, onde passearam<br />

um pouco pela sua discografia onde o destaque vai para<br />

o excelente "Requiem For Hell", um dos nossos álbuns<br />

do ano de 2016. Um excelente concerto por parte de<br />

uma banda que é mestre em conseguir tocar o coração<br />

de quem os ouve.<br />

Com mais de uma hora de atraso, junta-se mais um<br />

longo soundcheck. Depois do gás todo dos Pás de<br />

Problème, o entusiasmo morre lentamente enquanto<br />

Mono<br />

97


Para despertar a multidão de melodias mais<br />

épicomelancólicas, vieram os Is Bliss, que apesar de<br />

não serem estranhos ao pós-rock, gozam de um groove<br />

próprio do rock alternativo. Ritmos fortes que se tornaram<br />

hipnóticos por parte de uma banda que tem atraído e<br />

recolhido muita atenção e boas críticas. Apesar da hora<br />

avançada, o público correspondeu positivamente ao seu<br />

som.<br />

alguma parafernália electrónica e é esse espírito que faz<br />

com que cada sua actuação seja imperdível. A do palco<br />

Tejo não foi excepção.<br />

Is Bliss<br />

Com os Hills aconteceu o mesmo com os Träd Gräs Och<br />

Stenar, Traden: começaram por tocar uma longa jam<br />

quando se ainda pensava que estavam no soundcheck,<br />

inclusive por parte do P.A. que só após longos minutos é<br />

que ligaram as luzes, É este tipo de som que preferimos.<br />

Aquele que nos faz abstrair e desligar das coisas à nossa<br />

volta. E a própria banda parecia estar mergulhada nesse<br />

espírito, onde os três guitarristas teciam verdadeiras teias<br />

sonoras que iam em todas as direcções e ligavam tudo a<br />

todos. Ficámos com a ideia que nem era preciso termos<br />

músicas, apenas jams. Belas e longas jams.<br />

Löbo<br />

A finalizar a nossa noite (infelizmente por não<br />

aguentarmos mais) estiveram os Esben And The<br />

Witch, uma das mais interessantes bandas dentro do<br />

espectro doom/folk, onde a mística que a sua música<br />

evoca é quase como um quarto integrante. A banda<br />

entrou começando por agradecer ao público por ainda<br />

estar acordado para vê-los. Estávamos acordados<br />

mas já estávamos no limite. O que vale é que o<br />

power trio consegue embalar-nos como ninguém.<br />

Esben And The Witch<br />

Como um azar nunca vem só... neste caso, um atraso<br />

nunca vem só. Os Löbo tiveram muitos problemas<br />

técnicos que atrasaram dolorosamente o início da sua<br />

actuação. Quando finalmente começou, tudo ficou<br />

esquecido. Duas baterias, som poderoso, bem definido<br />

e bem alto - e de vez em quando com as malditas<br />

interferências nas colunas. A músicas dos Löbo é outra<br />

que é orgânica como o espírito jam exige apesar da<br />

98<br />

Hills<br />

Já passavam das cinco da manhã e estavamos<br />

<strong>of</strong>icialmente de rastos. Para muita pena nossa não<br />

tivemos mais energias para ver a joint venture entre<br />

Dr. Space e Luis Simões e os Throw Down Bones.<br />

Apesar de ter sido uma edição que s<strong>of</strong>reu com algum<br />

desinvestimento notório e afligido com muitos<br />

problemas devido ao som, não podemos dizer que<br />

tenha sido uma decepção. Boa música, boa comida<br />

(excelente <strong>of</strong>erta em termos de comida que só teve<br />

o problema de fechar muito cedo em relação aos<br />

horários do festival) e o bom espírito do Reverence<br />

que continua vivo e bem vivo, independente da forma.<br />

Que não fique por aqui e para o ano tenhamos mais<br />

uma maratona de concertos.


Agenda<br />

<strong>Outubro</strong><br />

04 - Melancholic Youth Jesus - Hard Club, Porto<br />

04 - Apresentação "Black Earth" - Process Of Guilt,<br />

Thyrant - Music Box, Lisboa<br />

05 - Mother Engine, Flask- A9, Santarém<br />

06 - Apresentação "Black Earth" - Process Of Guilt, Fere<br />

- Cave 45, Porto<br />

06 - UHF - Sabotage Club, Lisboa<br />

06 e 07 - Festival Bardoada e Ajcoit - Mata Ratos, Shivers,<br />

Holocausto Canibal, Hills Have Eyes, For The Glory,<br />

Primal Attack, Viralata, Fitacola, New Mecanica,<br />

Steal Your Crown, Grog, The Temple, Ash Is A Robot,<br />

Terror Empire, Legacy Of Cynthia, To All My Friends,<br />

Nameless Theory - Rua da Lagoa da Palha, Pinhal Novo<br />

06 e 07 - Faro Alternativo - Switchtense, Wako, Albert<br />

Fish, Terror Empire, Artigo 21, Medo, Mata Ratos,<br />

For The Glory, Minority Of One, Broken Distance,<br />

Challenge, Somber Rites - Associação Recreativa e<br />

Cultural de Músicos, Faro<br />

07 - Música na Aldeia - Hyubris, Serrabulho, Cryptor<br />

Morbious Family, Congruity, Earth Drive, Mournkind -<br />

Casa do Povo de São Miguel do Rio Torto, Santarém<br />

07 - Apresentação do álbum "Reditum" - Dogma, Inner<br />

Blast - Another Place, Almada<br />

07 - Apresentação do EP "Tzak' Sotz" - Sotz mais<br />

convidados - <strong>Metal</strong>point, Porto<br />

07 - UHF - Sabotage Club, Lisboa<br />

07 - Estado Sónico, The Dowsers Society - Texas Bar,<br />

Leiria<br />

07 - As They Come, Burned Blood, Paranoid - Le Baron<br />

Rouge, Lisboa<br />

07 - Tav Falco´s Panther Burns - Cave 45, Porto<br />

11 - Bush - Coliseu dos Recreios, Lisboa<br />

12 - Brant Bjork, Sean Wheeler - Cave 45, Porto<br />

12 - Mayhem, Dragged Into The Sunlight, The<br />

Ominous Circle - Corroios<br />

12 - Blood Incantation, Spectral Voice - <strong>Metal</strong>point,<br />

Porto<br />

13 - Blood Incantation, Spectral Voice, Festering -<br />

Another Place, Almada<br />

13 - Brant Bjork, Sean Wheeler - RCA Club, Lisboa<br />

13 - Skyforger, Gwydion, Air Raid, Evil Killer, Salduie<br />

- RCA Club, Lisboa<br />

14 - Skyforger, Gwydion - Cave 45, Porto<br />

14 - Mad stock - Artigo 21, Sunya, Lesados, Bala Verde<br />

- Sede U.D.C.A., Vila Franca de Xira<br />

14 - Meu General, Yellow Dog Conspiracy - Cave 45,<br />

Porto<br />

14 - The Psycho Tramps, Zurrapa, Facto Macaco -<br />

Fora de Rebanho, Viseu<br />

17 - Papa Roach - Coliseu dos Recreios, Lisboa<br />

20 - Soen, Madder Mortem - Hard Club, Porto<br />

20 - Sacred Sin, Prayers Of Sanity - Bafo de Baco, Loulé<br />

20 - Our Last Night, Blessthefall, The Color Morale,<br />

Your Life And Mine - RCA Club, Lisboa<br />

21 - Soen, Madder Mortem - RCA Club, Lisboa<br />

21 - Our Last Night, Blessthefall, The Color Morale,<br />

Your Life And Mine - Hard Club, Porto<br />

21 - Sacred Sin - Marginália Bar, Portimão<br />

21 - For The Glory, Destroyers Of All - Drac, Figueira<br />

da Foz<br />

27 - Apresentação CD "Ecos da Selva Urbana" - Rasgo - RCA<br />

Club, Lisboa<br />

28 - CTX <strong>Metal</strong> Fest - Decayed, Bruma Obscura, Invoke,<br />

Karbonsoul, Dawn <strong>of</strong> Ruin - Centro Cultural do Cartaxo,<br />

Cartaxo<br />

28 - Deathmania Pt 2 - Unleashed, Unfleshed, Cape<br />

Torment - Hard Club, Porto<br />

28 - Royal Blood - Campo Pequeno, Lisboa<br />

29 - Alter Bridge, As Lions - Coliseu dos Recreios, Lisboa<br />

29 - Backflip, No Hope, Fear The Lord - A9, Santarém<br />

30 - Shields - Stairway Club, Cascais<br />

30 e 31 - Apresentação Novo Álbum - Moonspell - Lisboa<br />

Ao Vivo, Lisboa<br />

Novembro<br />

01 - Apresentação Novo Álbum - Moonspell - Hard Club,<br />

Porto<br />

02 - Omnium Gatherum, Skálmöld, Stam1na - Cave<br />

45, Porto<br />

02, 03 e 04 - Infected Fest IV - Sam Alone And The<br />

Gravediggers, The Amsterdam Red-Light District,<br />

Dope Calypso, Trevo, Artigo 21, Pestox, The<br />

Parkinsons, Anarchicks, Shut Up! Twist Again -<br />

Popular De Alvalade, Lisboa<br />

03 - Omnium Gatherum, Skálmöld, Stam1na - RCA<br />

Club, Lisboa<br />

04 - Band Of Holy Joy, Quiet Affair - Cave 45, Porto<br />

04 - Oeste Underground Fest II - Acranius, R.D.B., Dead<br />

Meat, Sacred Sin, Bleeding Display, F.P.M., Heid,<br />

Enzephalitis, Revolution Within, Steal Your Crown,<br />

Humnart, Ravensire, Trepid Elucidation, Konad, Yar -<br />

Pavilhão Multiusos da Malveira, Malveira<br />

04 - Blindagem <strong>Metal</strong> Fest - Biolence, Blame Zeus, Karbonsoul,<br />

Infrahumano - Origens Caffé, Vagos<br />

05 - Stray From The Path, Capzise, Renounce - RCA<br />

Club, Lisboa<br />

06 - The Goddamn Gallows - Stairway Club, Cascais<br />

10 - Moonspell - Teatro Aveirense, Aveiro<br />

10 - Cro-Mags - RCA Club, Lisboa<br />

11 - Master, Omission, Dehuman, Scum Liquor,<br />

Booze Abuser - RCA Club, Lisboa<br />

11 - Sunburst Stoner Fest - Miss Lava, Füzz, Desert<br />

Mammooth, Iguana - Cine Incrível Alma Danada, Almada<br />

11 - Apresentação Álbum "The Awakening" - Wrath Sins,<br />

Demon Dagger - <strong>Metal</strong>point, Porto<br />

11 - Porto Gothic Fest II -Aeon Sable, Phantom Vision -<br />

Heaven's Bell, Porto<br />

12 - Dying Fetus, Psycroptic, Beyond Creation - Lisboa<br />

Ao Vivo, Lisboa<br />

12 - Porto Deathfest III - Master, Dehuman, Pestifer, Voyance -<br />

<strong>Metal</strong>point, Porto<br />

14 - Death Before Dishonor, Last Hope, Challenge -<br />

Popular de Alvalade, Lisboa<br />

16 - The Picturebooks - Sabotage Club, Lisboa<br />

17 - Theriomorphic, Okkultist, Oppidum Mortum -<br />

A062, Caldas da Rainha<br />

18 - Mosher Fest Coimbra Chapter VI - Massas Club, Coimbra<br />

18 - Freedom Call, Mindfeeder, Leather Synn - RCA<br />

Club, Lisboa<br />

18 - Sinistro, Pigball, Lamina - Le Baron Rouge, Barcarena<br />

18 - Alvalade Arise - Mata-Ratos, Grankapo, Mindtaker,<br />

Prayers Of Sanity, Disthrone, Legacy Of Cynthia,<br />

Cryptor Morbious Family,Shredded To Pieces, Medo<br />

- Antigo Centro Social da Mimosa, Alvalade<br />

18 - Lançamento Novo Álbum: "Chapter III: Songs From The<br />

Vault" - Low Torque, The Ramble Riders, Daniel's Bird,<br />

Red Line - <strong>Metal</strong>point, Porto<br />

18 - The Ominous Circle, Névoa, Ascetic - Cave 45,<br />

Porto<br />

18 - The Sonic Dawn - Drac, Figueira da Foz<br />

21 - Epica, Vuur, Myrath - Meo Arena, Lisboa<br />

22 - Epica, Vuur, Myrath - Hard Club, Lisboa<br />

25 - Graveyard - Lisboa Ao Vivo, Lisboa<br />

25 - Crim, Acromaníacos, Albert Fish - A9, Santarém<br />

30 - Porto <strong>Metal</strong> Convention - Tarantula, Grunt, Sonneillon<br />

BM, Nihility - Cave 45, Porto<br />

30 - Ducking Punches, We Bless This Mess, To All My<br />

Friends - Stairway Club, Cascais<br />

30 - Under The Doom - Earth Electric, Painted Black,<br />

When Nothing Remains, Mourning Sun - RCA Club,<br />

Lisboa<br />

Dezembro<br />

01 - Insano Fest - Coimbra<br />

01 - Under The Doom - Lacuna Coil, Liv Kristine, Green<br />

Carnation, The Foreshadowing, Cellar Darling,<br />

Inhuman - Lisboa Ao Vivo, Lisboa<br />

02 - Under The Doom - In The Woods, Ahab, Novembers<br />

Doom, Acherontas, Gold, Funeralium - RCA Club, Lisboa<br />

02- Lacuna Coil, Cellar Darling, Blame Zeus - Hard<br />

Club, Porto<br />

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