2017

As memórias que
a praça me trouxe III
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Ana Lupiano, Clarice Miranda, Isabela Paschoal, João Vitor,
João Gabriel, Lucas Martins, Sofia Lins, Taís Birchal
Em um almoço de domingo todos foram a minha casa comemorar meu aniversário de
65 anos. Todos estavam lá. Meu filho mais velho levou meu neto João, que há pouco tempo
havia feito um trabalho de campo com a escola à praça da Liberdade.
Como esse lugar me traz lembranças... Conheci meu falecido marido lá. Ele trabalhava
numa farmácia nos arredores da praça. De repente, meu neto interrompeu meus devaneios
com uma pergunta inusitada:
– Vovó como era a praça 40 anos atrás?
– Não vou negar que era muito diferente, as pessoas tinham mais respeito com o espaço
público, tratavam-na como sua própria casa.
– Você tem razão vovó. Atualmente os cidadãos não se importam com o patrimônio
de nossa cidade. Durante meu trabalho de campo, vi diversas pessoas jogando lixo no chão,
sendo que há lixeiras por toda parte.
– Eu também guardo más recordações do local!
– É sério? Conte!
– Lembro bem desse dia. Estava grávida de Marina e, como sempre, esperando seu
avô na praça, entre os seus intervalos no trabalho, para nos encontrarmos. Era meio dia,
aguardava-o ansiosamente com seu almoço, avistei-o do outro lado da rua e já abri um largo
sorriso, não via a hora de agarrar-me em seus braços. O sinal abriu, ele caminhava normalmente,
retribuindo o sorriso, e já estava abrindo seus braços, quando, de repente, um ônibus,
em alta velocidade avançou o sinal e o atropelou.
– O que aconteceu depois?
– O resto são tristes lembranças – disse, junto as lágrimas. Meu neto, o mais importante
que levamos dessa vida são as recordações. Nós fazemos história a todo o momento. Não
deixe as pessoas degradarem o que é seu por direito e, o mais importante de tudo, ame as
pessoas incondicionalmente, pois nunca se sabe quando elas irão partir.
Após isso, meu neto e eu voltamos ao almoço. Espero que eu tenha passado a mensagem
de que a família é o que existe de mais importante em nossas vidas.