2017

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– Você é uma cidadã como qualquer outra, não é melhor nem pior, portanto não deveria
ser tratada assim.
– Fico feliz em saber que alguém pensa dessa forma, pois a maioria das pessoas tem
preconceito só por eu ser moradora de rua! Eu também tenho uma história para contar.
Assim, ficamos ali, assentados na Biblioteca Pública Luiz de Bessa e conheci a história
de uma mulher lutadora e intrigante!
Minha vida de escritora
Ana Pacheco, Arthur Alves, Gabriel de Pinho,
Mariana Prata, Pedro Freitas, Pedro Salla, Vinicios Melo
– Robertinho, eu já te contei como virei escritora? Minha tia perguntou-me isso no
meio de um jantar de família. Com a boca cheia de frango, eu apenas neguei com a cabeça.
Eu meio que fui arrastado para esse jantar na casa da minha avó. Estavam todos os
familiares lá. O motivo é que minha tia Lúcia escreveu um, um não, vários livros que foram
bem-sucedidos. Eu realmente não estava interessado na história, estava lá só para comer
mesmo. Ainda assim, ela continuou falando:
– Ah, tudo começou quando eu ainda estava fazendo faculdade de Geografia, depois
do Ensino Médio. Nessa época, meu pai morreu e eu fiquei completamente perdida na vida.
Fiquei revoltada e minhas notas começaram a cair, mais que revoltada, fiquei deprimida e,
quando eu estava afogando-me em meus próprios sentimentos, minha professora Andrea me
levou até a maior biblioteca da cidade. Ela disse que a leitura ia me fazer desconectar da vida,
que ia que ia me salvar. Achei que aquela conversa era uma balela. A cada dia que passava,
no entanto, eu me interessava mais pelo universo da leitura. Até que eu larguei a faculdade
de Geografia e resolvi cursar uma faculdade de Letras. Foi aí que eu comecei a ler sobre
qualquer assunto e comecei a conhecer mais sobre o mundo, melhorei minha escrita,
meu vocabulário até minha criatividade! Então, eu estava inspirada a escrever uma história
e quem diria que iria fazer tanto sucesso?
Minha tia finalmente terminou de falar e meus familiares bateram palmas. Eu estava
pensando se, realmente, a prática de leitura fazia diferença na vida das pessoas dessa forma.
Para mim biblioteca parecia ser coisa do século passado.
Assim que cheguei em casa, resolvi experimentar ler um livro por puro prazer e,
acredite, acho que estou começando a amar literatura. Isso deve estar no sangue da família.