J.R. Felix André Zimmerer Uma vida de glória André Zímmerer EVOKEDEZ2<strong>01</strong>7
Como pode uma mulher analfabeta ter fundado uma instituição que já acolheu mais de duas mil e quinhentas pessoas? Essa é uma das muitas questões que levaram a jornalista Adriana Kortlandt a contar, em um livro, a história de Glorinha, moradora de Taguatinga que todos os dias dá exemplo de solidariedade. Maria da Glória Nascimento de Lima. Glorinha, como é chamada pelos amigos, é pernambucana, da cidade de Buíque. É a quinta de uma família de 7 irmãos. Eram 5 mulheres e 2 homens. Mas perdeu a mãe muito cedo, durante o parto de uma de suas irmãs. O pai, sem condições mínimas de alimentar estranhos que pudessem sustentá-los. Glorinha tinha 2 anos e 8 meses quando foi abandonada na porta de uma igreja em Juazeiro do Norte, terra de Padre Cícero. Ela foi acolhida por frei Jesualdo. Até que um dia, um casal surgiu em sua vida e a adotou. Aos 19 anos, ela se casou com Israel. Os dois tinham muito mais em comum. Queriam ajudar outras pessoas que também carregavam uma difícil história de vida. E Brasília foi o local escolhido. Eles fundaram o “Lar da Criança Padre Cícero”, em 1984. No início, era apenas um barraco de madeira em Taguatinga. Ao longo da vida, Glorinha acolheu crianças que passaram por sua casa, dando amor, atenção e carinho de mãe, justamente o que ela pouco conheceu. Ao falar do pai adotivo Nemé- você vai ser freira pra fazer caridade!”. Glorinha respondia: “Eu quero casar, ter as crianças pra mim, dentro da minha livro sobre sua história. A <strong>Evoke</strong> foi atrás de Dona Glorinha. Ela mudou o curso de tudo em sua trajetória. Ainda adolescente, com seus 13 para 14 anos, na pracinha em Juazeiro do Norte, conheceu um jovem de topete do tipo Elvis Presley, charmoso. Era o Israel Saturno de Lima, o Rael, é assim que Glorinha o chama. Anos depois, o encanto virou casamento. “É meu homem, companheiro e amigo”, re, Mércio e Márcia - além de todos os é o resultado de uma infância sofrida. Uma história de abandono, tristeza, miséria, frustrações”, nos conta. Todo esse trabalho resultou no livro A Casa da Vida, que começa assim: “Tudo o que acolhe é casa. Um abraço é uma cacasa. A compaixão é uma casa grande, invisível, e há casas concretas que deixam de sê-lo, pelo que se passa lá dentro”. A frase é da própria Glorinha. Dona Glorinha e o seu amor pelas crianças André Zímmerer Lar da Criança Padre Cícero EVOKEDEZ2<strong>01</strong>7