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ABR2015<br />
BSB Nº5<br />
MADE IN<br />
BRASÍLIA<br />
Capital Federal exporta talentos como<br />
FELIPE NASR<br />
esperança na F1
A cidade com formato de<br />
avião fez nossos artistas<br />
darem asas à imaginação.<br />
Conheça as estampas<br />
brasilienses.<br />
Venha para o Showroom Brasil Original descobrir<br />
mais da nossa arquitetura, cultura, fauna e flora<br />
em formas incríveis. Os ícones mais populares da<br />
capital federal como você nunca viu. É o Sebrae<br />
apoiando e ajudando nossos artistas e artesãos a<br />
expor talentos que sempre vão surpreender você.<br />
Mestres artesãos fabricando peças na hora.<br />
Exposição e venda de peças de vários estados.<br />
Brasil Central: produtos sustentáveis do<br />
agronegócio do Distrito Federal.<br />
DE 1º DE MAIO A 31 DE JULHO<br />
PARKSHOPPING<br />
DAS 10 ÀS 22 HORAS
MUDANDO DE<br />
ASSUNTO:<br />
O governador Rodrigo Rollemberg<br />
conta o que faz para relaxar das<br />
pressões do cargo.<br />
ENTREVISTA<br />
ABR2015<br />
BSB Nº5<br />
Professor David Duarte: o especialista aponta caminhos para melhorar a<br />
mobilidade e enfrentar o stress diário do trânsito.<br />
ANÔNIMOS QUASE<br />
FAMOSOS:<br />
casos e “causos” de personagens que são símbolos da<br />
Capital Federal. Cícero, do Beirute, é um exemplo.<br />
VIDA ANIMAL<br />
GASTRONOMIA<br />
CIÊNCIA E TECNOLOGIA<br />
ADRENALINA<br />
FITNESS<br />
MODA<br />
EVOKE CLICKOU<br />
PARA O<br />
BRASIL E O<br />
MUNDO:<br />
Destacamos histórias de<br />
sucesso de brasilienses<br />
das mais diversas áreas,<br />
como a cantora Ellen Oléria<br />
BRASÍLIA<br />
ECUMÊNICA,<br />
CAPITAL DOS<br />
TEMPLOS.<br />
Visitamos alguns deles, como a<br />
mesquita, do Centro Islãmico.<br />
CIDADES<br />
DIREITO<br />
SAÚDE<br />
CINEMA<br />
NUTRIÇÃO<br />
COTIDIANO<br />
AUTOMOVÉIS
55 Várias páginas desta edição,<br />
anos de uma jovem senhora<br />
que não para de crescer!<br />
caro leitor, estão relacionadas ao aniversário<br />
da nossa Brasília. Aos desafios que<br />
a cidade tem pela frente, nas mais diversas<br />
áreas. Temas apontados pelos nossos<br />
colunistas de forma analítica, porém, didática,<br />
apontando caminhos e soluções<br />
para que mantenhamos ou possamos<br />
aumentar nossa qualidade de vida. Como<br />
na ent<strong>revista</strong> que fizemos com o professor<br />
David Duarte, presidente do Instituto<br />
de Segurança do Trânsito.<br />
Muito mais do que apontar desafios, no<br />
entanto, esta quinta edição da Evoke quer<br />
homenagear a Capital Federal, com duas<br />
reportagens que destacam histórias de<br />
anônimos e famosos e a relação umbilical<br />
que têm com a cidade. Metrópole<br />
que “produz” e “exporta” talentos para o<br />
Brasil e para o mundo. E cuja retribuição<br />
vem em forma de carinho e trabalho. Seja<br />
nas constantes citações e lembranças da<br />
cidade feitas pelo piloto Felipe Nasr, sensação<br />
brasileira na Fórmula 1. Seja pelo<br />
trabalho incessante do Chiquinho da UNB,<br />
um apaixonado pelos livros.<br />
Nossa equipe também percorreu alguns<br />
templos, para ressaltar a veia ecumênica<br />
e democrática de Brasília. Afinal, curiosidades<br />
das construções e das religiões<br />
fazem parte da história da cidade.<br />
Destacamos ainda a rotina de moradores<br />
de quitinetes e um lado pouco conhecido<br />
do governador Rodrigo Rollemberg: a paixão<br />
dele pelo campo, pelas coisas da roça,<br />
por meter a mão na terra ou degustar um<br />
bom frango caipira com pequi, como confessou<br />
em ent<strong>revista</strong> à <strong>revista</strong>.<br />
Editor<br />
Estevão Damázio<br />
Executivo de Negócios<br />
J.R. Felix<br />
Repórteres<br />
Basília Rodrigues<br />
Vanessa Silvestre<br />
Denise Ribeiro<br />
Fotógrafos<br />
Rodrigo Lopes<br />
Studio André Leal - Ghiva<br />
André Zimmerer<br />
Tratamento Photoshop<br />
André Kazuo<br />
Capa<br />
Felipe Nasr<br />
Designer Gráfico<br />
Márcio Kaloy<br />
Impressão<br />
Athalaia Gráfica e Editora<br />
Tiragem<br />
30 mil exemplares<br />
Contato: 61 3435-1014<br />
www.<strong>revista</strong><strong>evoke</strong>.com.br<br />
\<strong>revista</strong><strong>evoke</strong><br />
<strong>revista</strong><strong>evoke</strong><br />
#<strong>revista</strong><strong>evoke</strong><br />
Enfim, boa leitura a todos e parabéns<br />
Brasília!!!!<br />
ESTEVÃO DAMÁZIO<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
MARCIA ZARUR<br />
CIDADE<br />
Dr. RENAULT<br />
RIBEIRO JUNIOR<br />
SAÚDE<br />
ALLAN LUCENA<br />
FITNESS<br />
LUCIANA BARBO<br />
GASTRONOMIA<br />
DEiLYS GONZALEZ<br />
NUTRIÇÃO<br />
ANDRÉ KAURIC<br />
CIÉNCIA E TECNOLOGIA<br />
JOHIL CARVALHO<br />
CINEMA<br />
JEFFERSON NASCIMENTO<br />
AUTOMÓVEIS<br />
WEIMAR PETTENGIL<br />
ADRENALINA<br />
MARILIA DARIO<br />
MODA<br />
PAULO ROQUE KHOURI<br />
DIREITO<br />
VANESSA SILVESTRE<br />
VIDA ANIMAL<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
CAMINHO<br />
DA ROÇA<br />
Governador<br />
conta como<br />
relaxa das<br />
pressões<br />
diárias do<br />
cargo.<br />
Todos temos nossos refúgios,<br />
aqueles locais onde conseguimos<br />
- ou pelo menos, tentamos<br />
- nos livrar do stress diário, curtir<br />
a família, amigos, enfim, dar um tempo!<br />
Quando a pessoa atrai os holofotes,<br />
obviamente, isso fica cada vez mais<br />
difícil. É o caso do governador Rodrigo<br />
Rollemberg, cuja referência em termos<br />
de lazer continua sendo a chácara que<br />
possui perto da cidade de Luziânia,<br />
em Goiás. Após assumir o Palácio do<br />
Buriti, no entanto, as visitas semanais<br />
passaram a ser quinzenais. “Sempre<br />
com os celulares, rádios e Whatsapp<br />
ligados”, esclarece Rollemberg, que recebeu<br />
Evoke no final do expediente de<br />
uma quarta-feira no gabinete dele. Trata-se<br />
de uma ampla sala, com alguns<br />
toques pessoais: a imagem de Nossa<br />
Senhora Aparecida em um canto e os<br />
quadros com azulejos de Athos Bulcão,<br />
por exemplo. Também chama atenção<br />
retratos de pessoas que o inspiram e<br />
que ele trouxe do gabinete que ocupou<br />
no Senado. O acervo fica atrás da mesa<br />
principal e tem imagens do pai, da mãe,<br />
e de personalidades como Miguel Arraes,<br />
JK e Cora Coralina. Em uma das paredes<br />
laterias, a tecnologia traz de volta<br />
a racionalidade dos números. Quatro<br />
grandes telas, com informações atualizadas<br />
constantemente, focam a gestão<br />
do governo nas mais diversas áreas e<br />
estimulam as cobranças. “Desde que<br />
saio de casa, às 6 da manhã, começo<br />
a interagir com os secretários pelas redes<br />
sociais, a través de vários grupos<br />
criados dentro do governo”.<br />
FRANGO COM PEQUI – Em meio a<br />
tantos números, informações e relatórios<br />
espalhados pela mesa do gabinete,<br />
Rollemberg valoriza cada vez mais<br />
a tranquilidade da roça. “Adoro frango<br />
caipira com pequi que minha esposa<br />
faz”, destaca, mencionando os dotes<br />
culinários da primeira-dama Márcia. Aliás,<br />
o governador garante que planta na<br />
chácara 70 por cento do que come, entre<br />
tomate, alface e frutas. “Sou quase<br />
um macrobiótico”, brinca ele, que gosta,<br />
de fato, de colocar a mão na massa, ou<br />
melhor na terra. “Adoro plantar. No local,<br />
temos 80 tipos de frutas e mais de 80<br />
pequizeiros. Já devo ter plantado mais<br />
de 15 mil árvores” exagera, destacando<br />
alguns termos técnicos de adubos e<br />
produtos agrícolas.<br />
Com a agenda corrida e pressionado por<br />
cobranças estimuladas pelas próprias<br />
promessas de campanha, especialmente<br />
no que diz respeito a “recolocar Brasília<br />
nos trilhos” e combater a corrupção,<br />
as “fugas” para a chácara em Luziânia<br />
são, atualmente, oportunidades para<br />
curtir os três filhos, Gabriela, Ícaro e Pedro,<br />
além da paixão, a neta Mel. “Adoro<br />
correr, andar a cavalo, nadar na cachoeira.<br />
Curtir a família, com um pouco de<br />
privacidade”, justifica Rollemberg. Outra<br />
forma de relaxar é a leitura. E a obra de<br />
cabeceira é Grande Sertão, Veredas, do<br />
mestre Guimarães Rosa, que já leu três<br />
vezes. Talvez para extrair a fortaleza de<br />
personagens marcantes como Riobaldo<br />
e Diadorim. Na crueza do Sertão. Na doçura<br />
do Cerrado.<br />
Rollemberg na chácar da família e, ao lado, no sofá do gabinete do Buriti.<br />
Ozimpio Dias<br />
Rodrigo Llopes<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Estevão Damázio<br />
TEMOS QUE SAIR DA<br />
ARMADILHA DO CARRO<br />
COMO PROTAGONISTA<br />
DA MOBILIDADE<br />
Conversamos nesta edição com o professor David Duarte, presidente do<br />
Instituto de Segurança do Trânsito, organização sem fins lucrativos, criada<br />
em 1994 para promover ações, pesquisas e campanhas que melhorem<br />
a segurança do trânsito nas grandes cidades. Participou ativamente das<br />
discussões do Fórum pela Paz no Trânsito e da implantação do programa<br />
de respeito à faixa de pedestre em Brasília. A seguir, ele destaca a<br />
necessidade de investimentos em educação e gestão inteligente por<br />
parte dos governos e critica o modelo que privilegia o automóvel.<br />
A MULTA DEVE TER PODER<br />
EDUCATIVO. INDUZIR A MUDANÇA<br />
DE COMPORTAMENTO<br />
EVOKE “Cabeça, tronco e rodas”. Estamos<br />
mais próximos de mudar este<br />
esteriótipo do brasiliense?<br />
DAVID DUARTE Em alguma medida,<br />
sim. Há um forte movimento em favor<br />
do ciclismo, por exemplo. Mesmo<br />
que precárias, as ciclovias têm se expandido<br />
pelo Distrito Federal. Há uma<br />
tentativa de setores mais avançados<br />
e preocupados com o ambiente de<br />
sair dessa armadilha em que o carro<br />
é o protagonista da mobilidade. Mas<br />
tanto o Plano Piloto quanto as cidades<br />
satélites têm formas especiais, foram<br />
desenhadas na prancheta. Portanto,<br />
é necessário um desenho especial da<br />
mobilidade, não se pode simplesmente<br />
copiar o que existe em outros cidades<br />
e implantar aqui. É necessário pensar<br />
a mobilidade de forma ousada para que<br />
tenhamos bons resultados.<br />
Muita gente fala que o motorista teria<br />
de deixar o carro em casa. Mas o sistema<br />
transporte coletivo já está saturado.<br />
Imagine se 30% dos que usam carro<br />
hoje passassem a usar ônibus. Seria o<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
caos completo. Infelizmente o estado<br />
deixa para o cidadão resolver sua própria<br />
mobilidade. Aí ele compra carro ou<br />
moto e se vira. Só que, no caso da mobilidade,<br />
a solução individual é o caos<br />
social. Não existe solução para a mobilidade<br />
sem um transporte público de<br />
qualidade. Qualidade do transporte significa<br />
acessibilidade, pontualidade, tarifa<br />
competitiva com os outros modos<br />
de transporte, segurança, frequência.<br />
EVOKE Porque a revolução, geralmente<br />
propagada pelos governos na área<br />
de transporte urbano demora ou não<br />
dá os resultados esperados? O que<br />
deve mudar na opinião do senhor?<br />
DAVID DUARTE A principal razão<br />
desse imobilismo é política. Os governos<br />
pensam para os próximos quatro<br />
anos, quando deveriam pensar vinte<br />
anos à frente. Além disso, a mobilidade<br />
no DF, em especial o transporte público<br />
está em uma situação tão grave que os<br />
governos entram para “apagar incêndios”.<br />
Têm de lidar com o dia-a-dia e<br />
não olham para o futuro. Ficam reféns<br />
dos empresários de ônibus, das greves<br />
dos motoristas e cobradores, do caixa<br />
das empresas e dos subsídios; a miopia<br />
é tamanha que não conseguem ver<br />
nada além da próxima semana. Pior:<br />
recentemente, no período que antecedeu<br />
a Copa do Mundo, tivemos a oportunidade<br />
de dar um salto no transporte<br />
público, mas alocamos os recursos de<br />
forma equivocada. Fizemos um grande<br />
investimento pensando de forma<br />
“rodoviária”, quando poderíamos ter<br />
tido um olhar para o transporte sobre<br />
trilhos.<br />
EVOKE Os pardais merecem “pedradas”<br />
em termos de críticas? É melhor<br />
educar ou fazer o motorista sentir no<br />
bolso?<br />
DAVID DUARTE Os países que conseguiram<br />
reduzir o número de mortos<br />
e feridos no trânsito começaram por<br />
fiscalizar rigorosamente a velocidade,<br />
especialmente em áreas urbanas. A<br />
velocidade incompatível com as circunstâncias<br />
é uma poderosa fonte<br />
de desastres no trânsito. Isso está na<br />
primeira página de qualquer manual<br />
de segurança viária. Para os infratores<br />
a lei é clara: penalidade. E é assim no<br />
mundo todo, nós não inventamos essa<br />
roda.<br />
Outra coisa é a colocação de pardais<br />
em locais inadequados. Muitas vezes<br />
o motorista acredita que há uma má<br />
intenção, um desejo de arrecadar. Há<br />
locais onde existem pardais, mas inexistem<br />
placas indicando a velocidade.<br />
Parte dos funcionários de órgãos de<br />
trânsito continua com uma mentalidade<br />
atrasada, como se o motorista fosse<br />
um inimigo e deve ser perseguido. Porém,<br />
a multa deve ter um poder educativo,<br />
deve ser indutora da mudança de<br />
comportamento. É uma forma de educar,<br />
mesmo que dolorosa. Para evitar<br />
mal entendidos ou incompreensões,<br />
os órgãos de trânsito precisam trabalhar<br />
de forma transparente, conversar<br />
de forma clara com a população.<br />
EVOKE Qual deve ser na opinião do senhor<br />
uma “segunda faixa de pedestre”<br />
no DF, em termos de programa bem sucedido<br />
e respeitado?<br />
DAVID DUARTE A faixa de pedestre<br />
foi um grande avanço para o Distrito<br />
Federal. Foi o coronel Renato Azevedo<br />
que surgiu com a ideia no Fórum pela<br />
Paz no Trânsito, que se reunia na UnB.<br />
Na época proposta era uma maluquice<br />
completa, uma insanidade. Os membros<br />
do Fórum não acreditaram ao<br />
ouvir aquilo. Era o ano de 1996 e ainda<br />
vigia o antigo Código Nacional de Trânsito.<br />
O respeito ao pedestre já estava lá<br />
naquele Código, mas era só “pra inglês<br />
ver”. Com determinação e um planejamento<br />
adequado a lei funcionou. No<br />
primeiro ano de vigência do respeito à<br />
faixa, a mortalidade entre os pedestres<br />
caiu 39%.<br />
O desafio continua. Aqui no DF temos a<br />
cada ano pelo menos 10 mil feridos e<br />
500 mortos no trânsito. Se tivéssemos<br />
números civilizados, como os da Espa-<br />
nha, por exemplo, teríamos cerca de 50<br />
ou 60 mortos por ano. Por isso precisamos<br />
de uma política de segurança de<br />
trânsito. Um programa de segurança<br />
de trânsito pode ser “a segunda faixa<br />
de pedestre”. Podemos ter uma meta<br />
inicial de reduzir em 50% o número de<br />
mortos em quatro anos. Para isso seria<br />
necessário investir mais em educação<br />
de trânsito e em fiscalização inteligente.<br />
O Detran e a Polícia Militar deveriam<br />
trabalhar juntos, com um planejamento<br />
único. Além disso, os órgãos de trânsito<br />
precisam aprender a se comunicar<br />
com a população. Por enquanto, a única<br />
comunicação que eles fazem é por<br />
meio de notificações de infrações.<br />
EVOKE Brasília precisa de “marronzinhos”,<br />
como existe em SP? Ou uma<br />
agência que pense e gerencie melhor<br />
o trânsito?<br />
DAVID DUARTE Acredito que temos<br />
policiais suficientes. Além do Detran<br />
e do DER, a Polícia Militar tem milhares<br />
de agentes. O que falta é um planejamento<br />
adequado, e colocação de<br />
recursos à disposição da fiscalização<br />
para melhorar a eficiência das ações.<br />
Para fiscalizar bem é preciso um planejamento<br />
central e integrado entre<br />
as instituições, com técnicas e equipamentos<br />
modernos. É preciso estabelecer<br />
contato com instituições de<br />
fora do Brasil, ou até contratar serviços<br />
especiais desses países para aprender<br />
e treinar nosso pessoal. Depois disso,<br />
se necessário, poderemos pensar em<br />
contratar mais pessoal.<br />
EVOKE No que diz respeito à formação<br />
dos motoristas, que nota o sr. dá<br />
hoje aos Centros de Formação de Condutores?<br />
O que deve mudar de forma<br />
urgente?<br />
DAVID DUARTE Os Centros de Formação<br />
de Condutores têm muitas deficiências,<br />
erram muito. Mas, por outro<br />
lado, lutam desesperadamente para<br />
sobreviver como empresas privadas.<br />
Merecem uma nota 6, por isso. Eles<br />
preparam os alunos para uma pro-<br />
va. A qualidade do motorista depende<br />
também da avaliação do Detran. Quem<br />
aplica a prova é corresponsável. Há<br />
muitas falhas na formação dos condutores.<br />
Logo no início desse processo há<br />
o exame médico e avaliação psicológica.<br />
Praticamente ninguém é reprovado<br />
nesses dois filtros. Então para que<br />
serve isso? Só para o candidato gastar<br />
alguns reais a mais? A formação de<br />
condutores é um processo excessivamente<br />
burocrático, caro e ineficiente.<br />
Podemos melhorar isso modernizando<br />
as técnicas de sensibilização e de educação<br />
de trânsito para os condutores.<br />
Direção Defensiva, por exemplo, é ensinada<br />
no Brasil com o mesmo conteúdo<br />
dos anos 1960.<br />
EVOKE Com base nas estatísticas e<br />
na vivência das ruas, o brasiliense sabe<br />
dirigir ou é roda-dura? Quem vem de<br />
fora critica muito nossos motoristas.<br />
DAVID DUARTE O traçado especial<br />
das vias da nossa cidade moldam um<br />
tipo diferente de condutor. Os que vêm<br />
de fora percebem que nossas vias retas,<br />
com perspectiva profunda, são<br />
para correr. Quando dirige em outra<br />
cidade, o motorista brasiliense tem<br />
dificuldades adicionais. De forma geral,<br />
talvez o maior defeito do motorista<br />
brasiliense é não ser previsível: ele<br />
faz conversões sem dar seta, muda de<br />
faixa sem sinalizar ou observar o fluxo.<br />
Nos demais quesitos, provavelmente<br />
ele é muito parecido com os outros motoristas<br />
do Brasil: negligencia os riscos.<br />
EVOKE Somos mal acostumados,<br />
quando o assunto são os engarrafamentos?<br />
Eles são inevitáveis nos grandes<br />
centros?<br />
DAVID DUARTE Quem mora na região<br />
central - Plano Piloto , Lagos Sul<br />
e Norte, Octogonal, Sudoeste -, talvez<br />
esteja começando a sentir os efeitos<br />
do excesso de veículos na cidade.<br />
Mas isso há muito tempo já é rotina<br />
para quem mora em cidades satélites<br />
e tem de ir ao Plano Piloto. Nesse ir e<br />
vir, essas pessoas enfrentam horas<br />
de congestionamento. A solução para<br />
isso é melhorar o transporte coletivo<br />
de qualidade e ter boas opções para o<br />
pedestrianismo e o ciclismo. Ou investimos<br />
nisso, ou estaremos condenados<br />
ao caos no trânsito.<br />
EVOKE Embora não haja similar a uma<br />
cidade como Brasília em nível mundial,<br />
há algum exemplo a ser seguido, na visão<br />
do senhor?<br />
DAVID DUARTE O trânsito motorizado<br />
tem efeitos deletérios sobre o<br />
meio ambiente, a economia de energia<br />
e a segurança. Os países adiantados<br />
têm combatido esses três efeitos com<br />
sucesso. Os veículos fabricados atualmente<br />
tem melhor eficiência energética<br />
e há uma maior preocupação<br />
na proteção ao meio ambiente. Na<br />
questão da segurança os avanços<br />
são inquestionáveis. Por exemplo, a<br />
Espanha reduziu em 80% a mortalidade<br />
no trânsito nos últimos dez anos;<br />
em 2013 os Estados Unidos tiveram o<br />
menor número de mortos desde 1949;<br />
no ano passado a Bélgica teve o menor<br />
número de mortos desde 1950, mesmo<br />
tendo uma frota que passou de<br />
750 mil para oito milhões de veículos.<br />
Esses países investiram em medidas<br />
de segurança conhecidas, como o uso<br />
do cinto de segurança, controle da velocidade,<br />
combate ao álcool ao volante,<br />
respeito aos pedestres e ciclistas. Cada<br />
acidente é minuciosamente estudado<br />
para saber os fatores que contribuíram<br />
para o evento e para que ele possa ser<br />
prevenível. A melhoria da segurança<br />
ativa e passiva dos veículos, o aperfeiçoamento<br />
do ambiente de circulação,<br />
a melhoria na formação do condutor,<br />
estabelecimento de uma fiscalização<br />
eficiente e um transporte coletivo eficiente<br />
complementam as medidas adotadas.<br />
Brasília poderia adotar medidas<br />
como essas, com isso poderíamos ter<br />
um trânsito mais harmônico e reduzir<br />
alguns decibéis dessa toada fúnebre<br />
que envolve nosso trânsito.<br />
André Zimmerer<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Basília Rodrigues<br />
DE BRASÍLIA<br />
PARA O MUNDO<br />
Mesmo com o sucesso nos cenários nacional e internacional, brasilienses têm a<br />
cidade como referência e um porto seguro. Evoke conversou com alguns deles,<br />
que reforçam a veia da Capital Federal como “fábrica “ de talentos.<br />
Neto de pioneiros da cidade,<br />
o piloto brasiliense com<br />
sobrenome libanês, Felipe<br />
Nasr, disparou acelerado na<br />
corrida da vida. Começou na Fórmula<br />
Um como reserva da Williams, no ano<br />
passado. Este ano começou com o pé<br />
direito. Já titular da Sauber, foi o primeiro<br />
brasileiro a estrear pontuando, com o<br />
quinto lugar no GP da Austrália. Com 22<br />
anos, portanto, superou, em termos de<br />
estréia, ícones do automobilismo como<br />
Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson<br />
Fittipaldi.<br />
Em 1958, o avô dele, Riad Nasr, veio do<br />
Líbano. Depois de conhecer a avó de Felipe<br />
em Anápolis (GO), decidiu abrir um<br />
supermercado na Cidade Livre, uma das<br />
maiores comunidades erguidas no local<br />
onde seria inaugurada Brasília. Como o<br />
neto na Fórmula Um, Riad era novato,<br />
mas destemido. Deu o nome de “Peg e<br />
Pag” ao pequeno mercado, que mais tarde<br />
cresceu e foi transferido para a 305<br />
Sul. Ganhou filiais na Asa Norte, Núcleo<br />
Bandeirante e Sobradinho. Hoje a família<br />
mora no Park Way e no Sudoeste, e<br />
sente saudades do mais famoso brasiliense<br />
do automobilismo do momento.<br />
Desde os 15 anos, Felipe mora fora do<br />
país. Depois da Itália, vive hoje na Inglaterra.<br />
Mas sempre que pode está de<br />
volta ao Cerrado. “Ah! A minha Brasília!<br />
Melhor dizendo: essa nossa Brasília,<br />
Felipe Nasr<br />
né? Tão especial e que faz tanta falta<br />
quando a gente está longe dela”, disse<br />
o jovem em ent<strong>revista</strong> à Evoke. “Só de<br />
primos, Felipe tem uns 12 primos diretos<br />
aqui. Todos brasilienses”, conta<br />
o pai Samir Nasr. “Sempre que ele tem<br />
uma folga maior, ele vem encontrar os<br />
amigos e a família. Ele é muito ligado a<br />
todo mundo. A cada 3 ou 4 meses, ele<br />
volta para casa. A referência dele é Brasília”,<br />
afirma o empresário de 55 anos.<br />
Nasr estudou em escolas na Asa Norte e<br />
começou a treinar muito cedo. Com sete<br />
anos, nasceu a paixão pelo esporte. “A<br />
gente gosta de se sentir na F1 desde o<br />
dia em que anda de kart pela primeira<br />
vez, o que para mim aconteceu há 14<br />
anos no kartódromo do Autódromo”,<br />
relembra Felipe. “O Felipe realizou o sonho<br />
de muita gente. Ele tem um ciclo de<br />
amizade muito grande. É muito bacana<br />
quando ele está aqui. Tem muitos amigos<br />
que a vida inteira sonharam junto<br />
com ele. Essa conquista do Felipe não<br />
foi só pra ele, mas para amigos e família,<br />
foi um sonho de todo mundo”, conta<br />
o pai, seu maior fã e também o maior<br />
ídolo do filho. . Aos jovens que sonham<br />
em ser pilotos como ele, Felipe diz que<br />
“uma das coisas boas de Brasília é essa<br />
oportunidade que dá a todos os que<br />
nasceram ou a escolheram para morar.<br />
Em Brasília podemos sonhar com tudo”,<br />
destaca<br />
NOS PALCOS INTERNACIONAIS<br />
Foi em Taguatinga que cresceu a atriz<br />
Camila Márdila, de 27 anos. Ao lado da<br />
atriz e apresentadora Regina Casé, Márdila<br />
brilhou no longa Que horas ela volta?,<br />
premiado no Festival de Sundance<br />
(em Utah, nos Estados Unidos). As duas<br />
dividiram o prêmio especial de melhor<br />
atriz dado a produções de fora do circuito<br />
americano. Conseguiram desbancar<br />
Nicole Kidman, que concorreu com um<br />
filme australiano.<br />
O festival foi criado em 1978 pelo ator<br />
Robert Redford para contemplar o cinema<br />
independente. Com a história<br />
de uma mãe que deixa a filha no interior<br />
de Pernambuco para se tornar<br />
babá em São Paulo, o filme dirigido por<br />
Anna Muylaert está dando o que falar.<br />
Também foi apresentado no famoso<br />
Festival de Berlim. “Não precisei sair<br />
de Brasília para conquistar minha profissão.<br />
Eu já trabalhava como atriz. Mas<br />
eu tinha uma vontade pessoal de morar<br />
em outra cidade”, conta Camila, que já<br />
morou no Rio de Janeiro, e hoje vive em<br />
São Paulo.<br />
A atriz estudou publicidade, na Universidade<br />
de Brasília. Dedicou a adolescência<br />
a cursos e oficinas de teatro. “Desde<br />
pequena eu tinha vontade de ser atriz.<br />
Às vezes eu parava para ter tempo de<br />
estudar. Mas a ideia era de, em algum<br />
momento, juntar as duas formações.<br />
Ter feito comunicação me ajudou muito<br />
no cinema, ver o outro lado, trabalhar<br />
com produção também”, explica.<br />
Em Brasília, Camila participou de cursos<br />
no Teatro Dulcina, no Espaço Mosaico,<br />
e de workshops com professores<br />
de Artes Cênicas da capital, como os<br />
irmãos Guimarães. “Minha mãe sempre<br />
me ajudou, então ela me carregava<br />
sempre que tinha oficina, me apoiava,<br />
às vezes viajava comigo”, lembra.<br />
Vencer o Festival de Sundance foi importante<br />
para ela e para o cinema brasileiro.<br />
A disputa pode abrir caminho para<br />
o Oscar no próximo ano. Que horas ela<br />
Camila Márdila<br />
Valéria Guimarães<br />
volta? faria o mesmo caminho trilhado<br />
por outras produções em Hollywood. Os<br />
filmes Boyhood: Da Infância À Juventude<br />
e Whiplash - Em Busca Da Perfeição<br />
estrearam no Sundance na edição anterior,<br />
chamaram atenção e disputaram o<br />
Oscar 2015.<br />
O filme ainda não estreou no Brasil. Mas<br />
Camila Márdila pode ser vista na peça<br />
Plano Sobre Queda. Nos filmes, Pelo<br />
Caminho (Vinicius Fernandes), A Magia<br />
do Mundo Quebrado (José Eduardo Belmonte)<br />
e em O Outro Lado do Paraíso<br />
(de André Ristum), em que ela convence<br />
na pele de uma garota de 16 anos,<br />
filha do ator Eduardo Moscovis.<br />
O OSCAR VAI PARA ...<br />
Só de entrar no consultório da endocrinologista<br />
Valéria Guimarães é possível<br />
mergulhar numa historia de altruísmo<br />
e conhecimento. Essa brasiliense tem<br />
51 anos e uma trajetória em que conseguiu<br />
associar a vida profissional com<br />
a vontade pessoal de se dedicar a uma<br />
causa: ajudar o próximo por meio da Endocrinologia.<br />
A área da medicina é capaz<br />
de “ler” o corpo humano e entender<br />
como a disfunção de glândulas pode<br />
causar problemas, como câncer e obesidade.<br />
“Meu pai sempre foi um homem<br />
simples, mas muito focado, comprometido.<br />
Eu aprendi isso com ele. Ele dizia,<br />
brincando, ‘minha filha, vem me ajudar<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
a engordar boi, que é mais fácil do que<br />
emagrecer mulher”, conta a médica.<br />
No consultório, Valéria consegue observar<br />
da janela a Asa Sul. A vista é bonita,<br />
com direito a árvores e um horizonte<br />
claro. Nas paredes, quadros com molduras<br />
brancas trazem o registro de<br />
graduações e prêmios, resultados do<br />
profissionalismo. “Eu não achava isso<br />
importante. Mas o rapaz que reformou<br />
e decorou o lugar me sugeriu fazer isso.<br />
Ele contou que já havia passado por<br />
uma situação muito difícil com um médico,<br />
de outra especialidade, um erro<br />
... E me convenceu que mostrar esses<br />
diplomas, esses títulos, daria mais<br />
conforto ao paciente. Ele estava certo”,<br />
explica a médica. Um desses quadros<br />
acaba de ser colocado na parede. É o<br />
Prêmio a Laureados da Sociedade Americana<br />
de Endocrinologia, considerado o<br />
Oscar dessa especialidade médica, que<br />
ela recebeu em março, em San Diego.<br />
A preocupação da endocrinologista,<br />
com o conforto do paciente fez com que<br />
ela se envolvesse - durante toda vida -<br />
com a organização de campanhas de<br />
saúde. Nascida em Brasília, Valéria deixou<br />
a cidade depois do segundo grau<br />
para estudar medicina na Universidade<br />
de Uberlândia, em 1987. Fez residência<br />
na Faculdade de Medicina da Universidade<br />
de São Paulo. Conheceu o marido<br />
na faculdade, e juntos viajaram para os<br />
Estados Unidos. Ela fez doutorado em<br />
Endocrinologia. Ele, em Nefrologia. O filho<br />
primogênito é americano. Ao saber<br />
que estava grávida de gêmeos, voltou<br />
para Brasília. “Eu sentia que tinha<br />
muito a contribuir com a sociedade”,<br />
resume. Foi dessa vontade que nasceu<br />
a ideia de desenvolver uma campanha<br />
de auto exame da Tireóide - uma doença<br />
pouco conhecida no início dos anos<br />
90, no Brasil. “Eu e outros jovens endocrinologistas<br />
da cidade saímos atrás<br />
de patrocínio. Eu pedia ajuda em todos<br />
os lugares, padarias, lojas, bancas até<br />
para o pipoqueiro da esquina. Foi muito<br />
bonito, importante, como as pessoas<br />
abraçaram a nossa ideia e começaram<br />
a se identificar com a campanha e também<br />
ajudar”. Em pouco tempo, Valéria<br />
mobilizou o tema na Capital Federal.<br />
Dava orientações em lugares públicos,<br />
como na rodoviária, sobre o que era a<br />
doença e como diagnosticá-la.<br />
Foi graças ao trabalho de profissionais<br />
como Valéria que hoje praticamente todos<br />
os brasileiros pensam duas vezes<br />
antes de colocar muito sal na comida.<br />
O ano era 1999, e a médica estava<br />
preocupada com a quantidade de iodo<br />
presente em alimentos normalmente<br />
vendidos. Como endocrinologista, a<br />
profissional sentia que não era devidamente<br />
ouvida pelo governo. Inconformada,<br />
ela queria pressionar o Ministério<br />
da Saúde e foi atrás de espaço.<br />
Contou com a parceria de jornalistas,<br />
principalmente a do repórter Solano<br />
Nascimento, que virou seu amigo. Juntos<br />
cobraram do governo a adoção de<br />
regras, fiscalização para o uso de sal.<br />
“Com o curso de auto diagnóstico da<br />
tireóide, as pessoas já sabiam que era<br />
importante tratar a doença. Agora, eu<br />
precisava tirar o excesso de sal da comida<br />
delas”, lembra. A médica assinou<br />
ainda a Estratégia Global Sobre Alimentação<br />
Saudável, da OMS, participou da<br />
implantação do Programa Escola Saudável<br />
e redigiu projeto de lei aprovado<br />
com a presença dela na mesa diretora<br />
no Congresso. “Mas eu ainda sinto que<br />
tenho uma missão”, afirma a incansável<br />
e sorridente Valéria Guimarães.<br />
Ellen Oléria<br />
A VOZ DE BRASÍLIA<br />
“Conhece a carne fraca? Eu sou do tipo<br />
carne dura”, diz uma das músicas mais<br />
ouvidas da cantora Ellen Oléria. Nascida<br />
em Brasília, a artista foi revelada<br />
ao circuito nacional pelo programa The<br />
Voice. Em Testando, Ellen fala de consciência<br />
negra, desafios e superação. Em<br />
ent<strong>revista</strong> à Evoke, ela contou que “os<br />
desafios permanecem. O maior é caminhar<br />
com meu projeto político que é a<br />
música que faço. A maior conquista é o<br />
público receber o nosso som de ouvidos<br />
abertos”.<br />
A cantora, de 32 anos, tem 15 de carreira.<br />
Começou cantando com os irmãos<br />
no grupo N’razões. Na mesma época,<br />
Ellen fazia Artes Cênicas na Universidade<br />
de Brasília. Decidiu seguir carreira<br />
solo, encontrou outros músicos pelo<br />
caminho, e juntos, entre 2005 e 2012,<br />
fizeram projetos musicais tocando<br />
ritmos que iam do rock ao carimbó do<br />
Pará. Antes de ter o talento revelado em<br />
um reality show musical, a brasiliense<br />
já fazia shows no Teatro Nacional, Teatro<br />
da Caixa, Clube do Choro e Teatros Sesc-DF.<br />
Ganhou prêmios, como o Festival<br />
Interno de Música Candanga (Finca),<br />
Festival de Música dos Correios e Festival<br />
de Música Tom Jobim do Sesc – DF.<br />
Somente em 2012, Ellen Oléria começou<br />
a ser vista na televisão e a mostrar<br />
a milhares de telespectadores sua história<br />
e seu dom. Adora percussão, black<br />
music, e sorrir. “Amo o cerrado. Brasília<br />
caminha comigo para onde eu for. Atualmente<br />
não vivo na cidade, mas ainda<br />
tenho minha casinha lá. Passo pela cidade<br />
todos os meses”. Ellen Oléria foi<br />
criada na Chaparral, nome dado à região<br />
entre Taguatinga e Ceilândia. Gosta de<br />
ser lembrada sempre pelos novos projetos.<br />
Aos jovens músicos de Brasília<br />
que estão começando a seguir carreira,<br />
Ellen brinca dizendo que “não há conselho.<br />
Há vibração positiva e muito axé.<br />
Vá! vá longe”, motiva.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Denise Ribeiro<br />
BRASÍLIA,<br />
MINHA<br />
HISTÓRIA<br />
Depois de 40 anos de dedicação,<br />
chegou a hora do<br />
“Espírito Santo de orelha de<br />
deputado”, apelido carinhoso<br />
que ganhou nos corredores da Câmara,<br />
deixar as sessões da Casa. Com<br />
voz mansa, disposição para ajudar 24<br />
horas por dia e com o regimento interno<br />
da Casa na ponta da língua, a despedida<br />
de Mozart Vianna, o “Dr. Mozart”, não<br />
foi nada fácil para os parlamentares,<br />
servidores e jornalistas do Congresso.<br />
Apesar dos ensaios de aposentadoria,<br />
definitivamente as sessões não terão<br />
mais a orientação do mineiro vindo de<br />
Corinto.<br />
Na Câmara dos Deputados, Mozart Vianna<br />
foi braço direito de 12 presidentes.<br />
O secretário-geral da Mesa Diretora –<br />
mais alto cargo da Casa – vivenciou os<br />
principais acontecimentos e por muitos<br />
anos ficou de pé no plenário para orientar<br />
e tirar dúvidas sobre o regimento<br />
interno. O trabalho começava cedo<br />
e nunca tinha hora para terminar. Na<br />
Constituinte, por exemplo, Dr. Mozart<br />
chegou a ficar três dias seguidos coordenando<br />
os trabalhos da comissão de<br />
redação, responsável pelo texto. Numa<br />
determinada semana ele lembra que<br />
chegou à Câmara na segunda-feira e<br />
só foi dormir na quarta. Apesar da difícil<br />
rotina, nunca reclamou do trabalho ou<br />
demonstrou desanimo.<br />
Com uma memória de causar inveja,<br />
também se tornou amigo de muitos jornalistas.<br />
O gabinete dele ficava aberto<br />
o dia todo e Dr. Mozart chegava a interromper<br />
reuniões importantes para atender<br />
os repórteres que tinham pressa<br />
pela informação. Nos fins de semana,<br />
também ficava com o celular disponível<br />
para os amigos da imprensa. Não negava<br />
informação, desde que a tivesse e<br />
pudesse repassá-la. “Eu fiz questão de<br />
ajudar a imprensa, porque eu sei o que<br />
os repórteres passam... Aquela questão<br />
de fechar matéria a tempo... Não só em<br />
termo de profissionalismo, mas para<br />
dar a informação clara, correta, jogo aberto.<br />
Nunca escondi nada de ninguém”,<br />
completa.<br />
A história de Mozart Vianna se confunde<br />
com a de Brasília. O secretário<br />
trabalhou no centro do poder e teve<br />
papel determinante em sessões importantes,<br />
como na redação da Constituinte,<br />
no impeachment do presidente<br />
Collor, quando sugeriu o voto aberto e<br />
na Lei da Ficha Limpa. A última foi influenciada<br />
por um comentário que ouviu<br />
no rádio quando ia ao trabalho. Mozart<br />
escutou uma cientista política dizendo<br />
que o presidente da Câmara havia<br />
“engavetado” o projeto. Imediatamente<br />
decidiu dar meia volta e foi à residência<br />
oficial do então presidente Michel Temer<br />
para recomendar que ele colocasse o<br />
texto na pauta da sessão, mesmo sem<br />
Os brasilienses de coração que<br />
fazem sucesso na capital, pelo<br />
carisma e pela competência.<br />
Simpatia, dedicação ao trabalho<br />
e facilidade para conquistar novos<br />
amigos. A história de três<br />
“quase brasilienses” se confunde<br />
com a da capital. Mozart Vianna,<br />
o Dr. Mozart, trabalhou na Câmara dos<br />
Deputados durante 40 anos e foi braço<br />
direito de 12 presidentes da Casa. Deixou<br />
a Câmara aplaudido por parlamentares,<br />
servidores e jornalistas. Chiquinho,<br />
da UnB, trata os clientes pelo nome<br />
e sugere livros de acordo com o perfil e<br />
personalidade de cada um. Chiquinho<br />
já acompanhou três gerações de estudantes<br />
da Universidade. Já Cícero, do<br />
Beirute, saiu da Paraíba para trabalhar<br />
no estabelecimento. Depois de 38 anos<br />
no bar mais tradicional da cidade, prepara-se<br />
para aposentar no próximo mês<br />
de junho. Pela simpatia e amizade pelos<br />
clientes, recebeu o título de Cidadão Honorário<br />
de Brasília.<br />
Dr. Mozart:<br />
o “Espírito<br />
Santo de<br />
orelha de<br />
deputado”<br />
Rodrigo Llopes<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
consenso entre os partidos. Mozart foi<br />
atendido e a Lei foi aprovada diante da<br />
mobilização popular.<br />
Apesar do desempenho acima da<br />
média, o servidor só conseguiu uma cadeira<br />
para sentar no plenário depois de<br />
14 anos de trabalho após a observação<br />
de uma mulher. Depois de um dia de<br />
votação o então presidente da Câmara<br />
foi questionado pela esposa: “quem é<br />
aquele deputado que fica cochichando<br />
no seu ouvido durante toda a sessão”.<br />
Severino Cavalcanti sorriu e respondeu<br />
que se tratava do secretário geral da<br />
Chiquinho<br />
da UnB<br />
Rodrigo Llopes<br />
mesa. Indignada, ela mandou ele providenciar<br />
imediatamente uma cadeira<br />
para Mozart. O presidente cumpriu a<br />
ordem, mas o servidor fez questão de<br />
sentar numa cadeira mais simples. “Eu<br />
não sou poderoso coisa nenhuma. A<br />
sociedade colocou ali, através do voto,<br />
os deputados e senadores. Nós somos<br />
um corpo funcional para contribuir para<br />
que eles exerçam bem o mandato”, argumentou.<br />
Mozart também faz questão<br />
de destacar o trabalho dos demais servidores<br />
e não cansa de afirmar que não<br />
teria feito nada sem o trabalho de toda<br />
a equipe.<br />
Em uma viagem a Moscou, a simplicidade<br />
que carrega o fez bater na porta do<br />
quarto do então presidente da Câmara<br />
Michel Temer. “Presidente, desculpa<br />
incomodar, mas acho que tem alguma<br />
coisa errada. O meu quarto é muito melhor<br />
do que o do senhor e gostaria de fazer<br />
a troca”, solicitou. Temer achou graça<br />
e pediu para ele voltasse para o quarto<br />
em que estava. Encabulado, Mozart<br />
insistiu, mas não teve jeito. Depois entendeu<br />
que no antigo regime soviético o<br />
secretario era a mais alta autoridade do<br />
país. Ainda assim, não conseguiu ficar à<br />
vontade com a situação.<br />
Primeiro veio a paixão pelos<br />
livros. Depois, pelos leitores,<br />
que se tornaram amigos.<br />
Francisco Joaquim, o<br />
Chiquinho da UnB, é conhecido por<br />
professores e servidores da Universidade<br />
e por pelo menos três gerações<br />
de estudantes. O livreiro chegou à instituição<br />
em 1975 para vender jornais<br />
e <strong>revista</strong>s. Hoje tem uma livraria no<br />
Instituto Central de Ciências Norte, o<br />
ICC Norte, e centenas, ou talvez, milhares<br />
de amigos. Apreendeu a lidar<br />
com a “psicologia” do leitor depois de<br />
trabalhar em uma livraria que ficava<br />
no Shopping Venâncio na década de<br />
1970. “Dei a sorte de conhecer um<br />
grande livreiro, o Nelson Abrantes.<br />
No decorrer do dia ele me dava tanta<br />
informação de autores que a noite eu<br />
tinha pesadelo”, conta sorrindo.<br />
Estantes, caixas e cadeiras acomodam<br />
cerca de dois mil livros. Para<br />
os desavisados, a impressão é de que<br />
a livraria é uma verdadeira bagunça.<br />
Surpreendentemente, não é. Chiquinho<br />
sabe onde está cada livro. Basta<br />
entrar e cobrar um título ou autor. Em<br />
questão de segundos a obra é localizada.<br />
“É a prática da vida. Porque sou<br />
desorganizado e metódico”, brinca.<br />
Na cabeça também carrega detalhes<br />
dos livros de forma admirável. Num<br />
dia comum de trabalho não dá para<br />
interromper o atendimento para dar<br />
ent<strong>revista</strong>. Entre um cliente e outro,<br />
Chiquinho conta a história de vida e<br />
explica os métodos que utiliza como<br />
livreiro. Lá pela sétima interrupção,<br />
ele recebe um novato. O calouro do<br />
curso de língua espanhola estava<br />
atrás da bibliografia de uma disciplina<br />
e ainda não conhecia a fama<br />
de Chiquinho. Ficou surpreso já nos<br />
primeiros minutos de conversa: “Estou<br />
procurando o livro A desumaniza...”.<br />
Antes de o aluno terminar a<br />
frase Chiquinho completa “desumanização<br />
da arte”. “Isso”, responde o<br />
calouro. “Também preciso do Como<br />
se faz uma...”, mais uma vez a interrupção<br />
simpática do livreiro. “Como<br />
se faz uma tese, do Umberto Eco”.<br />
“Nossa, você sabe tudo”, rebate o estudante<br />
surpreso.<br />
Poucos minutos depois, Chiquinho recebe<br />
uma aluna do curso de antropologia<br />
já conhecida. “O que você sugere<br />
para eu dar para minha mãe, Chiquinho?”.<br />
Imediatamente o livreiro recolhe<br />
alguns exemplares e entrega a<br />
universitária que escolhe um livro de<br />
Clarice Lispector. “Faço antropologia,<br />
mas na maioria das vezes venho para<br />
comprar livros de literaturas e para<br />
pedir a opinião dele. Geralmente a<br />
gente comenta de livros e ele tem na<br />
cabeça outros que são semelhantes<br />
ou que eu também poderia gostar”,<br />
explica Camila Menezes.<br />
Para atender a demanda, Chiquinho<br />
lê jornais, <strong>revista</strong>s e, claro, muitos<br />
livros. Também fica antenado nos assuntos<br />
de destaque no noticiário. Isso<br />
porque serão temas procurados pelos<br />
leitores posteriormente. Mas apesar<br />
de atento, Chiquinho não deixa de lado<br />
os autores prediletos: Lima Barreto,<br />
Machado de Assis, Graciliano Ramos,<br />
Clarice Lispector e Sérgio Buarque de<br />
Holanda. Em casa guarda livros autografados<br />
por autores amigos, entre<br />
eles, Cristovam Buarque – que conheceu<br />
na UnB –, o educador português<br />
António Nóvoa e a escritora Eliane<br />
Lage. Para ele, as dedicatórias são<br />
documentos guardados com carinho.<br />
Com internet, o trabalho do livreiro<br />
mais conhecido da UnB se transformou.<br />
A facilidade de busca na rede<br />
fez com que a demanda de leitores diminuísse<br />
e o diferencial de conhecer<br />
as obras de forma aprofundada o fez<br />
resistir no ramo. “Mudou muito o comportamento<br />
dos meninos, porque na<br />
internet você não tem a compreensão<br />
do mundo como tem quando lê um livro.<br />
Você tem tanta informação, mas<br />
não tem nenhuma ao mesmo tempo.<br />
Eu não sei se eu sou o último romântico...”,<br />
desabafa. Chiquinho também<br />
não se rende aos apelos do aparelho<br />
celular. Em 2001 comprou um telefone<br />
móvel que ainda tem o número<br />
registrado na memória. Depois de<br />
uma conta atrasada o CPF do livreiro<br />
foi parar na Serasa e, segundo ele, o<br />
desgosto registrado por toda a vida.<br />
“Me tomaram a linha. Aí eu fiquei traumatizado,<br />
porque a linha era minha...<br />
Como vem uma empresa de fora e me<br />
toma a linha? Fiquei muito entristecido<br />
com isso”, reclama.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Rodrigo Llopes<br />
O garçom<br />
honorário<br />
de Brasília:<br />
Cícero do<br />
Beirute<br />
Cícero Rodrigues dos Santos<br />
deixou a Paraíba em 1977<br />
para trabalhar no bar mais<br />
tradicional da cidade. Veio<br />
sozinho a convite de um amigo que<br />
era garçom no Beirute. Na época não<br />
havia vaga de trabalho no estabelecimento.<br />
Um mês depois o paraibano<br />
foi contratado. Agora são 38 anos de<br />
Beirute, jornada que está prestes a ser<br />
encerrada. Em junho deste ano Cícero<br />
vai aposentar. No currículo vai deixar<br />
os amigos que fez no bar e a trajetória<br />
inusitada de trabalho. Assim como<br />
Dr. Mozart da Câmara dos Deputados<br />
e Chiquinho da UnB, Cícero carrega a<br />
simpatia como marca. Ao atender uma<br />
mesa, já procura fazer amizade. “Se não<br />
fizer na primeira oportunidade, faço na<br />
segunda”, conta sorridente.<br />
Cícero é uma espécie de psicólogo.<br />
Sabe quando o cliente está deprimido<br />
e quando está alegre. Atua no bar<br />
como garçom, conselheiro e, por vezes,<br />
como cupido. E já deu certo! Cícero é<br />
responsável por pelo menos três casamentos.<br />
Ele observa o comportamento<br />
dos grupos e quando percebe que existem<br />
“almas gêmeas”, trata de ajudar.<br />
Entrega bilhetinhos e quando nota que<br />
o casal não “tem futuro” também não<br />
insiste. “Quando eu vejo que não combina<br />
eu não entrego o bilhete, deixo no<br />
bolso. Eu sei quando a pessoa combina<br />
com a outra. Eu vejo o temperamento<br />
dos dois”, analisa. Numa conquista bem<br />
sucedida, Cícero foi parar num álbum<br />
de casamento. A noiva foi até o Beirute<br />
já pronta para o casamento pedir para<br />
que ele tirasse fotos com ela. Queria<br />
fazer uma surpresa ao futuro marido,<br />
já que Cícero fazia parte da história de<br />
amor dos dois.<br />
A fama rendeu a Cícero um título de<br />
Cidadão Honorário de Brasília. A ideia<br />
foi de duas servidoras da Casa que<br />
frequentavam o bar. Em 2008 o projeto<br />
delas saiu do papel e o garçom foi<br />
homenageado. “Nem sabia o que significava,<br />
mas topei”, conta sorrindo. No<br />
dia da festa Cícero tratou de chamar os<br />
amigos do Beirute com quem trabalhava.<br />
“Não é porque vou receber um título<br />
que as pessoas vão falar bem de mim.<br />
Se tivessem que falar mal elas iam<br />
falar lá mesmo”. Felizmente, nenhuma<br />
declaração que desabonasse o garçom<br />
foi dada na ocasião.<br />
Nos anos de Beirute, Cícero conheceu<br />
figuras ímpares da capital. Na lista: Oscar<br />
Niemeyer e Renato Russo. O músico<br />
era conhecido pelo garçom antes mesmo<br />
de fazer sucesso. Segundo Cícero,<br />
Renato Russo costumava passar no<br />
bar antes de ir para a faculdade de jornalismo.<br />
Pedia alguma coisa para comer<br />
e tomava suco de laranja. Sempre<br />
sozinho. Depois do sucesso, passou a<br />
frequentar o Beirute com os amigos da<br />
banda depois dos shows. A relação fez<br />
com que Cícero participasse do filme<br />
Somos tão jovens, baseado na vida do<br />
roqueiro.<br />
Para o último dia antes de aposentar,<br />
Cícero prepara uma despedida: vai trabalhar<br />
de manhã e à noite. Quer conversar<br />
com todos os clientes antes de<br />
deixar o Beirute. Certamente, vai ter fila<br />
de admiradores.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Márcia Zarur<br />
COMO ERA BOA<br />
A MINHA W3<br />
ARQUIVO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL<br />
Paredes surradas, pichadas,<br />
despedaçadas. Calçadas desfeitas,<br />
corroídas pelo tempo. O<br />
abandono abre espaço para a<br />
sujeira e a violência, o que aumenta o<br />
quadro de desolação. Mas nem sempre<br />
foi assim. No inicio de Brasília a W3 era<br />
a avenida mais charmosa da cidade. Polo<br />
do comércio e ponto de encontro de gente<br />
vinda de todo o Brasil para dar vida à<br />
nova capital.<br />
Vida era a definição perfeita para a W3<br />
daquele tempo. Não era chique; mas<br />
acolhedora, alegre, diversificada. Nas<br />
décadas de 60 e 70, a W3 era o lugar<br />
para compras ou um lanche com pão de<br />
queijo e guaraná caçulinha. Almoço sofisticado<br />
era um filé com fritas no Roma.<br />
O restaurante foi um dos poucos que resistiu<br />
ao tempo e hoje ostenta uma placa<br />
na entrada com sabor de vitória e a data<br />
de inauguração: 1960.<br />
Ícones da época, a Bibabô, a Fofi, a Casa<br />
Nordeste e o supermercado Slavieiro,<br />
que movimentavam o comércio antigamente,<br />
hoje são reminiscências de um<br />
tempo tranquilo de convivência agradável.<br />
Uma outra Brasília existia ali. As<br />
casinhas geminadas, sombreadas, bem<br />
cuidadas. Gente andando na rua. Sim,<br />
isso já foi realidade em Brasília! A W3<br />
convidava o brasiliense a caminhar. Era<br />
um tempo mais gentil, solidário e educado.<br />
Ou será que são as cores da lembrança<br />
de uma infância feliz?!<br />
A avenida povoa a memória afetiva da<br />
minha geração. E não era só o comércio,<br />
mas a cultura que brotava no teatro Galpão/Galpãozinho,<br />
na Escola Parque e na<br />
Biblioteca Demonstrativa de Brasília, que<br />
na época era conhecida como INL, o Instituto<br />
Nacional do Livro.<br />
Talvez a situação da Biblioteca hoje seja<br />
a melhor tradução da desimportância<br />
que a W3 ganhou no cenário local. Interditado<br />
pela Defesa Civil desde maio do<br />
ano passado por problemas estruturais,<br />
o prédio é a imagem do descaso. Janelas<br />
remendadas, lixo e abandono – o próprio<br />
retrato da W3. Aguardando verbas do<br />
Ministério da Cultura para a reforma, a<br />
construção se deteriora, assim como a<br />
história da avenida e da própria cidade.<br />
Promessas e ideias se proliferam, mas<br />
nada sai do papel. Há pelo menos quinze<br />
anos projetos de revitalização são discutidos<br />
e em 2002 um concurso nacional<br />
definiu as melhores soluções para a W3.<br />
Os projetos detalhados estão publicados<br />
há pelo menos seis anos e constam no<br />
Plano Diretor de Ordenamento Territorial<br />
para “combater as causas da degradação<br />
crônica do patrimônio ambiental urbano”.<br />
Seria a esperança de uma W3-fênix<br />
renascer das cinzas e voltar a ser palco<br />
de muitas histórias e muitos encontros.<br />
A esperança de dias melhores sobrevive<br />
nas paredes da combalida Biblioteca. Na<br />
fachada externa, dos dois lados, mosaicos<br />
coloridos compartilham declarações<br />
de amor à cidade em forma de poesia. Nicolas<br />
Behr, Cassiano Nunes e outros poetas<br />
apaixonados por Brasília estão publicados<br />
ali, para lembrar que Brasília é<br />
feita de muitas faces e a W3 é uma delas.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEMAR2015
Paulo Roque Khouri<br />
QUANDO O ESTADO<br />
FALHA E O CONSUMIDOR<br />
PAGA A CONTA<br />
Distingue-se a relação de cidadania<br />
e de consumo. A relação<br />
de cidadania é aquela<br />
relação que envolve o Estado<br />
e cidadão. É em função dessa relação<br />
que o Estado deve garantir ao cidadão<br />
segurança, saúde e educação; ao passo<br />
que o cidadão, na medida de suas<br />
possibilidades econômicas ou do valor<br />
dispendido na aquisição de produtos ou<br />
serviços, deve garantir ao Estado o pagamento<br />
de tributos para viabilizar esses<br />
serviços. Já a relação de consumo é, na<br />
grande maioria das vezes, uma relação<br />
contratual. Para ter acesso a produtos<br />
e serviços, o consumidor precisa pagar<br />
pelos mesmos. É assim quando adquire<br />
um veiculo, um plano de saúde, faz um<br />
seguro etc.<br />
Vale, no entanto, colocar um outro ponto<br />
para análise: qual o elo entre relações<br />
de cidadania e relações de consumo?<br />
Fala-se muito que alta carga tributária do<br />
Brasil onera os custos dos nossos produtos<br />
e serviços; mas não é só isso. Há<br />
um lado pouco debatido: quando o Estado<br />
não cumpre adequadamente os seus<br />
deveres nas relações de cidadania tal<br />
também acaba afetando o custo das relações<br />
de consumo, ou seja, a conta fica<br />
também para o consumidor, que, muitas<br />
vezes, acaba tendo que pagar por serviços<br />
que não seria “obrigado” a adquirir<br />
se o Estado funcionasse; ou ainda pagar<br />
mais caro para adquirir outros produtos<br />
e serviços no mercado.<br />
Seguros nas alturas – Veja o que ocorre<br />
na área dos seguros. Como o Estado<br />
tem falhado feio na segurança pública,<br />
uma das consequências é o aumento do<br />
número de assassinatos e também de<br />
roubos e furtos. Quando o consumidor<br />
vai fazer um seguro de vida, a seguradora,<br />
ao calcular o valor que ele vai pagar (<br />
o prêmio) leva em consideração não só<br />
sua faixa etária, se trabalha ou não com<br />
atividades de muito risco, mas também<br />
a taxa de homicídios da cidade ou do estado<br />
onde reside. É por isso que um consumidor<br />
que faz um seguro de vida no<br />
Brasil, que tem uma taxa de homicídios<br />
de 21 pessoas assassinadas por cada<br />
grupo de 100 mil habitantes, paga muito<br />
mais caro que seu colega consumidor<br />
da mesma idade que faz esse mesmo<br />
seguro no Canadá, com uma taxa de 1,5<br />
assassinatos para cada 100 mil habitantes.<br />
O mesmo ocorre com os seguros<br />
para cobrir danos patrimoniais. O Brasil<br />
tem o segundo seguro de automóveis<br />
mais caro do mundo por conta dos elevados<br />
índices de furtos e roubos, aliados<br />
ao baixo índice de recuperação desses<br />
carros pela polícia. Ao pagar esse seguro,<br />
o consumidor também sente no bolso,<br />
se compararmos com as taxas cobradas<br />
em países, com baixos índices de criminalidade.<br />
No caso do Distrito Federal, por<br />
conta de um aumento de 111% na taxa<br />
de roubos e furtos de veículos, no ano de<br />
2014, estima-se um aumento no custo<br />
de seguro de veículo em mais de 50% no<br />
decorrer deste ano.<br />
Impactos nas áreas sociais – Fenômeno<br />
semelhante ocorre nas áreas de<br />
saúde e educação. Está expresso na<br />
Constituição que todos devem ter acesso<br />
ao ensino público e gratuito; também<br />
está na carta magna que é direito de<br />
todos a saúde. Na área da saúde, um<br />
número crescente de consumidores, na<br />
sua grande maioria, inseguros ante a<br />
baixa qualidade dos serviços públicos,<br />
financiados pelo pagamento de tributos<br />
e contribuições de toda sociedade, tem<br />
fomentado o mercado dos planos de<br />
saúde. De acordo com os dados da Agência<br />
Nacional de Saúde Suplementar, em<br />
setembro de 2014, os beneficiários de<br />
plano de saúde já ultrapassavam a marca<br />
de 50 milhões. No final dos anos 90 ,<br />
o número de usuários não chegava a 30<br />
milhões.<br />
No campo da educação o caminho é o<br />
mesmo. Segundo dados do Ministério da<br />
Educação, em 2014, de cada 10 alunos<br />
do ensino oficial, dois já estavam matriculados<br />
no ensino particular. Estamos<br />
falando de cerca de 10 milhões de alunos.<br />
O Estado, que se preocupa mais em arrecadar,<br />
não está dedicando igual atenção<br />
na qualidade dos serviços públicos.<br />
Acaba por impor à sociedade um preço<br />
altíssimo: a transformação de cidadãos/<br />
contribuintes em consumidores de serviços<br />
de saúde, educação, segurança.<br />
Um Estado eficiente, que trabalhe não<br />
apenas com as estatísticas, mas que estabeleça<br />
e cumpra metas de qualidade!<br />
Em resumo: um Estado eficiente faria<br />
muito bem ao cidadão e sacrificaria bem<br />
menos o bolso do consumidor.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Segundo Joseph Campbell, famoso<br />
estudioso norte-americano<br />
de mitologia e religião<br />
comparada, mitos são pistas<br />
para as potencialidades espirituais da<br />
vida humana. Essas pistas nos ajudam<br />
a procurar, dentro de nós mesmos,<br />
uma experiência de estar vivo, de<br />
modo que nossas experiências de vida,<br />
no plano puramente físico, tenham<br />
ressonância no interior de nosso ser e<br />
de nossa realidade mais íntima. Enfim,<br />
o mito ajuda a colocar a mente em contato<br />
com a experiência de estar vivo.<br />
Nessa edição proponho uma reflexão<br />
sobre quando a arte, nesse caso, a Sétima<br />
Arte, nos coloca em contato com<br />
esse sentimento causado pelo mito de<br />
se sentir vivo. Assim, considero que<br />
algumas obras contenham em si um<br />
poder mitológico de nos mostrar de<br />
forma anacrônica e perene histórias,<br />
sentimentos e emoções que nos trazem<br />
uma nova compreensão sobre o<br />
mundo que nos rodeia.<br />
A história do filme “A insustentável leveza<br />
do ser”, por exemplo, se passa<br />
durante a primavera de Praga, período<br />
após a morte do comandante da União<br />
Soviética Josef Stalin, onde as atrocidades<br />
cometidas pelo seu regime foram<br />
expostas por Nikita Khrushchov, o<br />
que levou as lideranças de alguns países<br />
a reavaliar seu alinhamento com<br />
a União Soviética, incluindo a Tchecos-<br />
Johil Carvalho<br />
O INSUSTENTÁVEL<br />
PESO DO MITO<br />
lováquia. Apesar disso, ainda existiam<br />
ativistas pró-Moscou que eram contra<br />
as reformas, a União Soviética ainda<br />
era governada pelo mesmo partido de<br />
Stalin, seus novos líderes se diziam<br />
inocentes e ignorantes das atrocidades<br />
cometidas pelo regime de seu partido,<br />
que foram manipulados ou mal<br />
conduzidos.<br />
Sobre essa distorção, Tomas, o personagem<br />
principal do filme, tem a seguinte<br />
teoria:<br />
JOSEPH CAMPBELL<br />
“Não importa se sabiam ou não. Estive<br />
pensando em Édipo... Quando Édipo<br />
percebeu que tinha matado seu pai.<br />
Sem saber. Sem saber, matou seu pai e<br />
estava dormindo com sua mãe. Por causa<br />
dos seus crimes, pragas destruíam<br />
sua cidade. Não suportou olhar para o<br />
que tinha feito, arrancou os próprios<br />
olhos e foi embora. Não se sentiu inocente,<br />
sentiu que precisava se punir.<br />
Mas, nossos líderes, diferente de Édipo,<br />
se sentiram inocentes. E quando as<br />
atrocidades do período stalinista foram<br />
conhecidas eles disseram: ‘não sabíamos.<br />
Ignorávamos o que estava acontecendo.<br />
Nossas consciências estão<br />
limpas’. Mas a diferença... A diferença<br />
que importa, é que ficaram no poder.”<br />
Essa é uma das passagens, na minha<br />
opinião, que permite que um filme de<br />
1988, seja eternamente atual, e assim<br />
tocar uma dimensão mitológica de<br />
significado. Como diria Campbell: “um<br />
de nossos problemas, hoje em dia, é<br />
que não estamos familiarizados com<br />
a literatura do espírito. Estamos interessados<br />
nas notícias do dia e nos problemas<br />
do momento (…) estamos tão<br />
empenhados em realizar determinados<br />
feitos, com o propósito de atingir<br />
objetivos de um outro valor, que nos<br />
esquecemos de que o valor genuíno, o<br />
prodígio de estar vivo, é o que de fato<br />
conta.”<br />
Dessa forma, para mim, livros e filmes<br />
- grandes livros e filmes – podem ser<br />
excepcionalmente instrutivos na concepção<br />
mitológica do sentido da vida,<br />
para além das notícias jornalísticas do<br />
dia-a-dia.<br />
E o que podemos aprender com o mito<br />
de Édipo e essa passagem do filme?<br />
Como dito antes, os mitos são anacrônicos<br />
e perenes, então essa situação<br />
de Édipo e da primavera de Praga, devem<br />
continuar a acontecer enquanto<br />
houver raça humana. Talvez haja, inclusive,<br />
alguma situação semelhante<br />
acontecendo hoje mesmo, se pudermos<br />
observar com atenção.<br />
Isso não significa que devamos aceitá-la<br />
apenas por ser inerente ao nosso<br />
inconsciente coletivo. Para isso existe<br />
a ética e a moral, para que ao conhecer<br />
as histórias e sentimentos presentes<br />
em nosso interior possamos reconhecer<br />
o certo e o errado.<br />
Caso me perguntem se acho que todos<br />
que afirmam serem inocentes e desconhecerem<br />
as atrocidades realizadas<br />
por eles próprios, por seus líderes ou<br />
subordinados, devam arrancar seus<br />
olhos e irem embora, recorro mais<br />
uma vez as palavras de Tomas para<br />
dar a minha resposta: “Só estou dizendo<br />
que a moral mudou muito, desde<br />
Édipo”.<br />
OBRAS CITADAS:<br />
A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO<br />
SER (1988)<br />
DIREÇÃO: PHILIP KAUFMAN<br />
INSPIRADO NO LIVRO DE<br />
MESMO NOME PUBLICADO EM<br />
1984, DE MILAN KUNDERA.<br />
O PODER DO MITO (1988)<br />
DOCUMENTÁRIO<br />
ORGANIZADOR: BILL MOYERS<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
A<br />
quitinete vem sendo a queridinha<br />
dos brasilienses<br />
por anos. Os motivos são<br />
os mais variados. Desde a<br />
facilidade de limpeza, passando pela<br />
proximidade do local de trabalho. O que<br />
muitos não percebem é que o valor do<br />
metro quadrado de uma quitinete pode<br />
ser muito maior do que de um apartamento<br />
com mais cômodos. Em Águas<br />
Claras, por exemplo, o preço do metro<br />
quadrado da quitinete é o maior entre<br />
todas as outras modalidades para venda.<br />
Enquanto o de uma kit custa 5 mil e<br />
600 reais, o de um apartamento de três<br />
quartos cai para 4 mil e novecentos.<br />
De acordo com o Boletim da Conjuntura<br />
Imobiliária do DF, divulgado pelo Sindicato<br />
da Habitação do Distrito Federal<br />
(SECOVI/DF), estavam à venda em março<br />
quase mil e 300 unidades, com preço<br />
mínimo de 130 mil reais e podendo<br />
chegar a 370 mil reais. Em relação aos<br />
aluguéis o cenário não é muito diferente.<br />
Duas mil quitinetes estavam disponíveis<br />
e os valores iam dos 550 reais<br />
até mil e 600 reais, na Asa Sul.<br />
O presidente do sindicato, Carlos Hiram<br />
Bentes David, explica que os valores da<br />
quitinete são maiores pela alta demanda.<br />
“Quem vem morar em Brasília opta<br />
por ficar mais perto da região central,<br />
por isso acabam escolhendo os apartamentos<br />
menores. E quem quer investir<br />
sabe que comprar uma quitinete é garantia<br />
de liquidez, principalmente no<br />
Plano Piloto.”<br />
Mas os altos preços para morar num local<br />
que às vezes tem apenas 27 metros<br />
quadrados vale a pena? Enquanto uns<br />
não pensam em sair de uma quitinete,<br />
outros, simplesmente, desistiram. E a<br />
principal reclamação não é o tamanho<br />
do espaço e sim o excesso de convivência<br />
com os vizinhos. Com paredes finas,<br />
o barulho é inevitável e aí começa a dor<br />
de cabeça.<br />
A jornalista Fernanda Farias não agüentou.<br />
Ela e os dois gatos, Zé e Maria,<br />
moravam em uma quitinete no Sudoeste,<br />
pela proximidade com o local de<br />
trabalho, no Setor de Rádio e TV Sul. O<br />
valor, na época, parecia adequado, mas<br />
depois que trocou de apartamento para<br />
um com uma área aberta teve que lidar<br />
com muitos conflitos. Ela conta que<br />
chegou a ser xingada com palavras de<br />
baixo calão e até ameaçada pelo vizinho<br />
do outro prédio que ficava próximo<br />
a sua janela. “Eu coloquei tela no local<br />
para proteger os meus gatos e foi a melhor<br />
coisa que fiz, porque além de ser<br />
xingada, ele atirou copos de requeijão<br />
na minha direção”, conta. Foi a gota<br />
d´agua. Ela chegou a procurar a portaria<br />
para intermediar. Sem sucesso, o<br />
jeito foi alugar um apartamento maior e<br />
dividir com uma amiga.<br />
Já a massoterapeuta Cristiane Ribeiro<br />
dos Santos, por enquanto, não pensa<br />
em ir para um local maior. Ela está satisfeita<br />
com seus 30 metros quadrados.<br />
Ela usa o local não só para morar. Mesmo<br />
em um espaço pequeno, ela conseguiu<br />
arrumar um jeitinho de também<br />
atender alguns clientes. A massoterapeuta<br />
é tão boa em organizar espaços<br />
que quando veio morar em Brasília, em<br />
2009, dividia uma quitinete com mais<br />
duas pessoas. O que tornava a situação<br />
difícil eram os hábitos individuais, mais<br />
latentes ainda por conta do tamanho do<br />
apartamento. Enquanto uma queria estudar<br />
até tarde, as outras queriam dormir.<br />
Mas o que desfez a união mesmo<br />
foi a mania de limpeza de Cristiane, já<br />
que uma das colegas não se importava<br />
com uma bagunça.<br />
Hoje Cristiane mora sozinha. Fora os<br />
imprevistos, o que chama atenção é o<br />
prédio onde mora. O local possui apartamento,<br />
que garotas de programa<br />
alugam. Ela conta que alguns clientes<br />
já bateram, inclusive, na porta errada.<br />
“Graças a Deus, nunca confundiram<br />
com a minha porta, nem sei o que faria<br />
se isso acontecesse”, brinca. “Além<br />
disso, você acaba sabendo toda a vida<br />
do vizinho, quando ele faz festa parece<br />
que está dentro da tua casa, mas não<br />
sou muito de reclamar.”<br />
ROUPAS À CALABRESA - Morando<br />
por 10 anos fora do Brasil, Daniel de<br />
Castro teve uma oportunidade de voltar<br />
através de um novo emprego. Imediatamente,<br />
o jornalista buscou uma quitinete,<br />
próximo do trabalho, no Sudoeste. A<br />
quitinete ficava em área comercial e o<br />
barulho da rua, as baratas que vinham<br />
dos restaurantes, o motivaram a trocar<br />
de casa e alugar outra no sudoeste econômico.<br />
Porém, o barulho continuou,<br />
agora, dos vizinhos. Daniel conta que<br />
teve que conviver por muito tempo com<br />
uma pizzaria que ficava no andar de baixo.<br />
“Toda vez que estendia roupas ou na<br />
varanda ou até dentro de casa, ela ficava<br />
cheirando a portuguesa, calabresa,<br />
enfim, variava de acordo com o sabor do<br />
dia.” Para tentar amenizar o problema<br />
ele ligava o ar condicionado. A questão<br />
era que o aparelho era muito barulhento<br />
e incomodava a vizinha de cima. Fora<br />
isso, o forno da pizzaria esquentava o<br />
chão da quitinete. Os dois vizinhos foram<br />
embora, mas os transtornos não.<br />
UM PARENTE POR VEZ - Um espaço<br />
maior para fazer churrasco, acomodar<br />
melhor o filho e receber os amigos é o<br />
desejo do casal gaúcho Alexandre e Carina<br />
Rocha. Eles vieram de Campo Novo,<br />
cidade na região noroeste do Rio Grande<br />
do Sul. Lá, eles moravam na casa<br />
da mãe da Carina, com quatro quartos,<br />
um local bastante espaçoso. Vieram<br />
para Brasília com a oportunidade de<br />
abrir uma empresa. Quando passaram<br />
a morar em uma quitinete o impacto foi<br />
grande por causa do tamanho, embora<br />
ficaram tenham comemorado as facilidades<br />
de limpeza de um apartamento<br />
menor.<br />
Há 10 anos moram no mesmo lugar. A<br />
quitinete tem cerca de 38 metros quadrados<br />
e fica na quadra 102 do Sudoeste.<br />
A convivência com os vizinhos sempre<br />
foi muito tranqüila, exceto quando a<br />
moça ao lado resolvia limpar a casa às<br />
quatro da manhã, ou chegava de salto<br />
durante a madrugada. Mas tudo resolvido<br />
com muito diálogo.<br />
Mesmo morando em um espaço pequeno,<br />
Alexandre não abre mão do churrasco<br />
no final de semana. “Acabo tendo que<br />
assar a carne só num grill com água<br />
embaixo. Apesar da minha kit ter porta<br />
na cozinha, não tem jeito. A casa fica<br />
com cheiro de carne até terça-feira”,<br />
confessa.<br />
Eles precisam também driblar as visitas<br />
da família do sul. A recomendação<br />
do casal é que sempre venha apenas<br />
um por vez, já que é difícil acomodar<br />
mais pessoas no local. Alexandre e Carina<br />
precisam ainda selecionar o número<br />
de amigos que os visitam pela mesma<br />
dificuldade de acomodação.<br />
O casal, que também trabalha junto na<br />
mesma empresa, adotou medidas para<br />
melhorar a convivência entre eles.”Morando<br />
em uma kit o casal interage muito<br />
mais e tu tem que ter duas televisões.<br />
Ela tem o horário novela e eu o do futebol,<br />
assim evitamos discussões”.<br />
É TUDO UMA QUESTÃO DE CRIATI-<br />
VIDADE<br />
A vida dentro de uma quitinete tem facilidades<br />
e pode ser muito divertida.<br />
Para quem está satisfeito em ter um<br />
lar menor a Evoke foi atrás de dicas de<br />
decoração para deixar o ambiente mais<br />
confortável. A arquiteta especialista<br />
em interiores, Yone Roberta, já planejou<br />
inúmeras quitinetes.<br />
A palavra chave é amplitude. A moda<br />
hoje é usar e abusar de espelhos que<br />
possam dar a ilusão de um local maior.<br />
“Antes eu fechava os ambientes com<br />
móveis, paredes, divisórias. Hoje a<br />
tendência é abrir os espaços, só resguardando<br />
o quarto de dormir, ou deixando-o<br />
à mostra com uma disposição<br />
elegante ou inusitada”, afirma Yone.<br />
As divisórias, entretanto, continuam<br />
sendo uma boa opção, principalmente,<br />
quando o morador se sente incomodado<br />
de deixar a cama à mostra. “Nesses<br />
casos, eu trabalho com divisórias cobogó,<br />
uma tendência atual do mercado.<br />
Pode ser uma divisória móvel em espelho,<br />
ou demais materiais, MDF tipo orgânico,<br />
bambu, entre outros, ou até uma<br />
pequena parede de Drywall na parte<br />
frontal da cama com uma TV embutida.”<br />
Outra dica para quem não quer gastar<br />
muito é reciclar materiais. Caixas de<br />
madeira, usadas em feiras para carregar<br />
frutas, podem se transformar em<br />
estantes, bancos e até mesinhas. Cada<br />
caixa dessa custa menos de cinco reais.<br />
É preciso apenas lixá-las e escolher cores<br />
diferentes que realcem a decoração<br />
escolhida para pintá-las.<br />
André Zimmerer<br />
Alexandre: malabarismo como anfitrião.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Amar é pouco.<br />
A gente é inspirado por ela,<br />
todos os dias.<br />
Começou assim, de repente. Quando me dei<br />
conta, éramos um só. Aí amigos, descobri<br />
que amar não era o bastante. Afinal,<br />
atletas não ganham só por amar o esporte.<br />
Pessoas de sucesso não chegam lá apenas<br />
por amor à vitória. Inspiração. Isso sim tem<br />
força. Ela está na raiz de tudo de bom que<br />
já aconteceu e vai acontecer. E inspirados<br />
em você, Brasília, somos e fazemos o melhor<br />
pelos brasilienses.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Denise Ribeiro<br />
BRASÍLIA,<br />
CIDADE DOS TEMPLOS<br />
André Zimmerer<br />
DA PRECE AO TURISMO RELIGIOSO, TODOS OS ANOS<br />
MILHARES DE FIÉIS PERCORREM OS TEMPLOS DA CAPITAL<br />
EM BUSCA DE DEUS. A ARQUITETURA E O PERFIL MÍSTICO<br />
TAMBÉM ATRAEM OS VISITANTES<br />
Três das sete maravilhas de Brasília<br />
são ligadas a religião: a Catedral<br />
Metropolitana, o Templo<br />
da Boa Vontade e o Santuário<br />
Dom Bosco. Isso numa concorrência<br />
apertada, com o Congresso Nacional,<br />
Palácios da Alvorada e do Planalto, além<br />
da Ponte JK. A seguir, acompanhe a histórias<br />
e as diferentes características<br />
dos principais templos de Brasília.<br />
VALE DO AMANHECER:<br />
A CIDADE MÍSTICA<br />
Um portal, com um sol e uma lua na<br />
parte superior, divide o Distrito Federal<br />
da maior cidade mística do país chamada<br />
Vale do Amanhecer. Nas ruas, uma<br />
movimentação de pessoas com roupas<br />
coloridas. As mulheres usam vestidos<br />
longos, flores na cabeça ou véus. Os<br />
homens usam calça marrom, camisa<br />
preta, além de um colete branco com<br />
adereços. Todos estão a caminho do<br />
Templo do Amanhecer, onde vão iniciar<br />
os trabalhos mediúnicos. As estruturas<br />
física e organizacional são difíceis de<br />
entender. Os homens são chamados de<br />
“mestres” e as mulheres de “ninfas”.<br />
As vestimentas coloridas são as “falanges”.<br />
Os “mentores espirituais” seriam<br />
espíritos de índios ou caboclos que,<br />
numa linguagem incompreensível, ajudam<br />
os visitantes – esses são os “pa-<br />
cientes”- que vão ao templo a procura<br />
de amparo espiritual.<br />
Quem tenta explicar como funciona o<br />
Vale do Amanhecer é o chefe da recepção,<br />
João Nunes da Rocha, um senhor<br />
de 60 anos. Seu João conheceu o Vale<br />
em 1975 e, desde então, não saiu de<br />
lá. O que aprendeu nos últimos 40 anos<br />
ele repassa aos visitantes – pessoas<br />
com problemas familiares, amorosos,<br />
financeiros, ou até mesmo curiosos e<br />
turistas. Seu João começa dizendo que<br />
a doutrina tem três pilares - tolerância,<br />
humildade e amor - e é baseada em<br />
princípios cristãos. Mas a lógica envolve<br />
símbolos de diferentes culturas. As<br />
distintas roupas coloridas simbolizam<br />
cerca de 20 encarnações e a doutrina<br />
faz referência aos africanos, gregos, ciganos,<br />
maias e indígenas, por exemplo.<br />
A judaica estrela de Davi e a lua crescente<br />
muçulmana se misturam as imagens<br />
de entidades do candomblé, aos conceitos<br />
espíritas e as pirâmides do Egito. O<br />
“mentor espiritual” é “Pai Seta Branca”,<br />
um cacique que seria a reencarnação de<br />
São Francisco de Assis.<br />
Do lado de fora, o templo é formado por<br />
pedras. Assim como o portal que fica na<br />
entrada do bairro, na parte superior do<br />
santuário foram fixadas imagens do sol<br />
e da lua. Lá dentro há pouca iluminação,<br />
ainda assim, suficiente para identificar<br />
cores fortes nas paredes e nos bancos<br />
de concreto. Amarelo, vermelho, verde<br />
e azul estão espalhados pelo galpão<br />
de 2.400 metros quadrados que tem<br />
formato de uma elipse. Nos bancos os<br />
“pacientes” aguardam atendimento<br />
dos médiuns que, segundo a doutrina,<br />
incorporam espíritos de luz, ou seja, espíritos<br />
evoluídos. No local os visitantes<br />
recebem a chamada “cura espiritual”.<br />
As atividades começam às dez horas da<br />
manhã e não tem horário para terminar.<br />
O bairro, que fica entre Brasília e Planaltina,<br />
abriga mais de 20 mil habitantes.<br />
Os moradores começaram a chegar em<br />
1969, quando a caminhoneira Neiva<br />
Chaves Zelaya, a tia Neiva, mudou para<br />
o local. Antes de inaugurar o Templo, Neiva<br />
cuidava de crianças órfãs. Ela morreu<br />
em 1985, aos 60 anos, em decorrência<br />
de problemas respiratórios. Deixou um<br />
legado místico que hoje está espalhado<br />
por mais de 600 templos do Brasil e do<br />
exterior. A fama do Vale do Amanhecer<br />
atrai turistas de diferentes países. Por<br />
dia, mais de mil pessoas passam pelo<br />
local. Num sábado do mês de março, os<br />
recepcionistas do Vale do Amanhecer<br />
se organizavam para atender turistas<br />
irlandeses e eslovenos. “Chama o Márcio<br />
porque ele fala inglês e pode ajudar”,<br />
pede seu João a um dos voluntários.<br />
O CRISTAL NO TOPO DO TEMPLO DA BOA VONTADE<br />
É um dos monumentos mais visitados<br />
de Brasília. Por ano, cerca de um milhão<br />
de pessoas passam pelo Templo<br />
da Boa Vontade, que fica no fim da Asa<br />
Sul. O projeto arquitetônico é ousado,<br />
como vários outros da cidade. A pirâmide<br />
branca, que parece flutuar na grama,<br />
têm sete faces e não quatro – como as<br />
tradicionais. No topo da pirâmide, um<br />
cristal que pesa mais de 20 quilos chama<br />
a atenção dos visitantes. A pedra foi<br />
encontrada pelo garimpeiro Chico Jorge<br />
no município goiano de Cristalina e o mineral<br />
é considerado o maior cristal puro<br />
do mundo. Foi colocado no Templo com o<br />
objetivo de purificar o ambiente e catalisar<br />
boas energias para quem lá entra.<br />
A chamada “Nave da Boa Vontade” é<br />
o principal ambiente de meditação. O<br />
espiral, no piso de granito, convida os<br />
visitantes para uma autorreflexão. A<br />
faixa escura, no sentido anti-horário, representa<br />
a difícil jornada do ser humano<br />
na busca de um ponto de equilíbrio. No<br />
centro da pirâmide uma placa redonda<br />
de bronze simboliza a descoberta da<br />
luz e o início de uma nova jornada. Já o<br />
caminho de cor clara, em sentido horário,<br />
representa a trilha iluminada pelos<br />
valores morais e espirituais adquiridos<br />
pelo esforço de cada um. A caminhada<br />
termina no altar de Deus. A representação<br />
de amor fraterno abrange os quatro<br />
elementos básicos da natureza: fogo, ar,<br />
terra e água. A obra do escultor italiano<br />
Roberto Moriconi é complementada por<br />
uma frase do jornalista e fundador do<br />
Templo, José de Paiva Netto: “Todo dia é<br />
dia de renovar nossos destinos”.<br />
O Templo foi inaugurado em 1989 com<br />
o objetivo de receber pessoas de todas<br />
as crenças, “ou descrenças”, a qualquer<br />
hora do dia. “Se há necessidade de um<br />
teto para as pessoas se protegerem das<br />
intempéries atmosféricas, urgente se<br />
faz um local que as abrigue das tormentas<br />
do sentimento [...] Todo mundo tem<br />
uma dor que não conta a ninguém, desde<br />
o mais poderoso ao mais simples dos<br />
homens, até mesmo os Irmãos ateus”,<br />
escreveu Paiva Netto numa madrugada.<br />
André Zimmerer<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
CENTRO ISLÂMICO DE BRASÍLIA<br />
A FILOSOFIA SEICHO-NO-IÊ<br />
Construída em autêntica arquitetura<br />
árabe, com destaque para as formas<br />
geométricas, a mesquita do Centro Islâmico<br />
de Brasília atrai diariamente<br />
muçulmanos e também turistas. O piso<br />
do templo é coberto por um carpete vermelho<br />
que passa por uma rigorosa limpeza.<br />
Para entrar é necessário tirar os<br />
sapatos, já que os mulçumanos sentam<br />
no chão e costumam colocar as mãos<br />
no carpete durante as orações - que são<br />
feitas cinco vezes ao dia. Nas sextas-feiras<br />
o Sheik, o líder religioso, é quem lê<br />
o alcorão, em árabe mesmo, mas com<br />
auxílio de um tradutor. Quem é praticante<br />
da religião não costuma faltar às orações<br />
nas sextas. Os que não trabalham<br />
nas embaixadas pedem autorização dos<br />
órgãos públicos ou das empresas privadas<br />
para ir rezar. As orações são sempre<br />
voltadas para a Caaba, localizada em<br />
Meca, na Arábia Saudita, que é o ponto<br />
sagrado do Islã.<br />
No centro religioso as mulheres acompanham<br />
as orações pelas frestas de<br />
uma estrutura de madeira que as separa<br />
dos homens. Isso porque os mulçumanos<br />
avaliam que no momento dos<br />
cultos os praticantes da religião “precisam<br />
estar concentrados e não devem<br />
observar as demais pessoas”. As mulheres<br />
dizem que numa área separada<br />
elas ficam mais a vontade, sem chamar<br />
atenção dos homens. Quando chegam<br />
turistas na Mesquita, o alcorão é doado.<br />
De acordo com o Sheik Mohamed Rasmy<br />
Zidan, a procura é grande e, por mês,<br />
cerca de 100 livros sagrados do Islã são<br />
distribuídos.<br />
O terreno, que fica na 712/912 da Asa<br />
Norte, foi cedido à embaixada da Arábia<br />
Saudita na década de 1970. A construção<br />
terminou em 1990 e um ano depois<br />
começaram as atividades religiosas. O<br />
local é mantido pelo governo saudita e<br />
no terreno em frente moram funcionários<br />
do Centro Islâmico. Lá também fun-<br />
cionava uma Mesquita, que atualmente<br />
está abandonada e foi tomada pelo<br />
mato. A embaixada tem o objetivo de<br />
construir no terreno uma universidade<br />
islâmica, mas o projeto ainda está em<br />
fase inicial.<br />
UMA PROPOSTA<br />
Descendente de árabe, Ana Júlia Maluf<br />
decidiu concluir o curso de arquitetura<br />
na Universidade de Brasília com um<br />
trabalho minucioso e rico em formas<br />
geométricas. Projetou um Centro Cultural,<br />
onde seria divulgada a cultura dos<br />
países árabes, com espaço para biblioteca,<br />
gastronomia, aula de língua, dança<br />
e música, além de eventuais feiras para<br />
troca de cultura entre as embaixadas.<br />
Segundo ela, apesar do brasileiro ser<br />
muito ligado principalmente à culinária<br />
árabe, ainda existe muito preconceito.<br />
“As pessoas não compreendem a tradição<br />
árabe, acham que os árabes são terroristas.<br />
É uma desinformação”, conta.<br />
André Zimmerer<br />
Entre os prédios da 403/404 sul uma<br />
construção oriental chama atenção. É<br />
o templo da Seicho No Iê, classificada<br />
como filosofia de vida em que todos os<br />
seres humanos são filhos de Deus. Com<br />
traços da arquitetura japonesa, o imóvel<br />
não atrai somente descendentes do<br />
país oriental, pelo contrário, a maioria<br />
dos frequentadores não tem nenhum<br />
parentesco com os japoneses. A boliviana<br />
Ingrid Dorys Peredo é uma dessas<br />
pessoas. Mudou-se para Brasília para<br />
estudar pedagogia na Universidade de<br />
Brasília e, por acaso, conheceu a Seicho<br />
No Iê. A identificação foi imediata e<br />
desde então ela começou a trabalhar na<br />
recepção do local.<br />
Ingrid, uma senhora simpática e entusiasmada,<br />
é quem apresenta o prédio<br />
que tem cheiro de incenso. Ela conta<br />
que a primeira sala serve para homenagear<br />
os antepassados. Pequena e com<br />
poucas cadeiras, a área é dedicada às<br />
orações e agradecimentos. Numa espécie<br />
de altar, alguns objetos são essenciais.<br />
A água representa a vida; o sal: a<br />
purificação; o arroz: a fartura das colheitas<br />
e as verduras e frutas: a abundância<br />
da natureza. Já o incenso é necessário,<br />
segundo a filosofia, para tirar os odores<br />
do corpo humano que os antepassados<br />
não conseguiriam suportar.<br />
A Seicho No Iê foi fundada por Masaharu<br />
Taniguchi em 1930 no Japão. Em Brasília<br />
a sede foi inaugurada 46 anos depois.<br />
Geralmente quem procura o local<br />
está em busca de respostas para os problemas<br />
do dia a dia, por meio de estudos<br />
e palestras. O auditório, com capacidade<br />
para até 500 pessoas, fica no andar superior<br />
do prédio. Uma sala do andar de<br />
baixo é destinada as crianças. São os<br />
“preletores” que dão aulas e ministram<br />
as palestras diariamente.<br />
TEMPLO COM<br />
INSPIRAÇÃO BÍBLICA<br />
A arquitetura do prédio faz referência a<br />
um trecho da Bíblia. Foi pensando na história<br />
de Jonas que a Catedral Baleia foi<br />
planejada e construída. O texto bíblico<br />
diz que o evangelista Jonas desprezou<br />
as ordens de Deus, mas arrependeu-se<br />
após ser engolido por um “peixe-grande”<br />
numa tempestade em alto mar. A história<br />
tem um significado importante para<br />
os evangélicos que frequentam a Catedral<br />
das Assembleias de Deus, que fica<br />
na quadra 910 da Asa Sul. Depois de ter<br />
André Zimmerer<br />
um sonho inspirador, o pastor Paulo Leivas<br />
Macalão decidiu construir um templo<br />
onde os “rebeldes” se encontrassem<br />
com Cristo. O plano saiu do papel em<br />
1982, quando a catedral foi inaugurada<br />
mesmo sem seguir exatamente o projeto.<br />
Quase 33 anos após a inauguração,<br />
uma reforma foi iniciada para seguir a<br />
concepção original que, entre outras<br />
coisas, prevê um espelho d’água contornando<br />
todo o prédio.<br />
O templo recebe fiéis do Plano Piloto,<br />
Lagos Sul e Norte e também das cidades<br />
satélites. Na Catedral Baleia são realizados<br />
cultos quatros vezes por semana.<br />
A doutrina seguida pelos fiéis é “a que<br />
está na bíblia”, afirma o pastor João<br />
Odair Ferreira, presidente da Catedral.<br />
Segundo ele, atualmente a igreja já não<br />
faz exigência de “usos e costumes”. Os<br />
termos são referências às cobranças<br />
que as Assembleias de Deus faziam em<br />
relação às roupas das mulheres – como<br />
o uso de saias longas – e recomendação<br />
para não cortar o cabelo, por exemplo.<br />
Depois de perder fiéis para outras igrejas<br />
evangélicas, a maioria dos pastores<br />
reavaliou a decisão.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Dr. Renault Ribeiro Junior<br />
O CORAÇÃO E SUA<br />
RELAÇÃO COM A FÉ<br />
E A ESPIRITUALIDADE<br />
Não se assuste quando você<br />
for ao médico e escutar a<br />
seguinte pergunta: você tem<br />
fé ou alguma religião? Ela<br />
é cada vez mais comum. Parece lógica<br />
ou ao mesmo tempo desnecessária tal<br />
pergunta durante uma história clínica<br />
no consultório médico. Dependendo do<br />
paciente podem surgir algumas dúvidas,<br />
tais como: será que o meu caso é grave?<br />
Ou, por que o doutor quer saber se eu<br />
rezo ou não?<br />
Nos últimos anos, recebemos diariamente<br />
um volume imenso de informações<br />
médicas e conhecemos cada vez mais<br />
o que denominamos de medicina baseada<br />
em evidências cientificas. Assim,<br />
recebemos um resumo de como atuar<br />
diante de determinados diagnósticos e<br />
podemos optar pelas melhores terapias.<br />
O principal objetivo é guiar o médico<br />
através de uma série de estudos científicos<br />
que demonstram qual é a melhor<br />
opção de tratamento. Ou seja , surgiram<br />
condutas médicas baseadas na razão e<br />
na ciência.<br />
Nos últimos congressos de cardiologia<br />
tivemos algumas surpresas, e uma delas<br />
foi uma mesa redonda onde se discutiu<br />
exaustivamente o papel da fé na prevenção<br />
e na recuperação de doenças cardiovasculares.<br />
Estávamos diante de um<br />
grupo de cardiologistas interessados em<br />
tentar aprender um pouco mais sobre<br />
esse assunto, que nos parecia impossível<br />
ser discutido durante um congresso<br />
cientifico . Ao estudar e avaliar sobre a<br />
fé de médicos e pacientes, não se discute<br />
qual é a melhor religião . Fé, religião<br />
e espiritualidade não são sinônimos. O<br />
desafio é compreender um pouco mais<br />
sobre o imenso intervalo entre o plano<br />
terrestre e o plano espiritual e se médicos<br />
e pacientes mais espiritualizados<br />
poderiam obter ou não melhores resultados<br />
de seus tratamentos, quando comparados<br />
com aqueles desprovidos da fé.<br />
Podemos citar como exemplo um estudo<br />
que avaliou a oração em pacientes internados<br />
na UTI. Este estudo revelou que<br />
aqueles pacientes cujas famílias autorizavam<br />
preces a cada 8 horas, evoluíram<br />
melhor que aqueles que não as receberam,<br />
apesar do mesmo diagnóstico e<br />
prognóstico anterior.<br />
A oração , assim como a meditação, estimula<br />
o desenvolvimento da espiritualidade<br />
e, consequentemente, pode levar<br />
ao equilíbrio neurofisiológico e hormonal.<br />
Este equilíbrio pode se repercutir<br />
na imunidade. Isso poderia justificar a<br />
sensação de relaxamento mental , de<br />
paz interior, felicidade e harmonia nas<br />
pessoas que frequentemente reservam<br />
um tempo da sua vida para se dedicar a<br />
uma oração.<br />
E o que isso poderia mudar na nossa prática<br />
médica ? Diante de tantas recomendações<br />
que sugerimos após uma consulta<br />
periódica de check-up, além de sugerir<br />
bons hábitos alimentares e práticas frequentes<br />
de exercícios físicos, podemos<br />
lembrar cada vez mais que devemos<br />
também exercitar nossa fé e espiritualidade.<br />
A fé, talvez inabalada, poderia ser<br />
uma grande parceira no enfretamento<br />
de problemas e na luta constante pela<br />
sobrevivência. Como diria Gilberto Gil:<br />
andar com fé eu vou, porque a fé não<br />
costuma falhar.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
COMO ESCOLHER<br />
OS ALIMENTOS DE<br />
QUALIDADE<br />
Deilys Gonzalez<br />
ALIMENTAÇÃO<br />
SAUDÁVEL<br />
NA PRÁTICA:<br />
Hoje em dia fala-se muito em<br />
alimentação saudável. Estamos<br />
inundados de sites, blogs,<br />
anúncios, artigos, livros,<br />
dicas, depoimentos. Enfim, todo tipo de<br />
informação a respeito de como melhorar<br />
a alimentação: o que comer, como comer<br />
e o que evitar. Que ótimo! Com certeza o<br />
mundo está precisando voltar os olhos<br />
para uma melhora da qualidade no consumo<br />
alimentar. As estatísticas de obesidade<br />
e de patologias relacionadas a um<br />
padrão alimentar prejudicial são alarmantes!<br />
Mas em um período de internet,<br />
rádio, televisão, blogs e diversos tipos de<br />
meios de comunicação, como selecionar<br />
aqueles dados que são realmente confiáveis?<br />
Como separar as informações da<br />
indústria (buscando vender), daquelas<br />
mais científicas? E o que é mais importante<br />
-em uma rotina puxada de compromissos<br />
diários e correria constante<br />
- como escolher os alimentos realmente<br />
de qualidade no dia a dia?<br />
Uma dica básica e importante para tornar<br />
a alimentação automaticamente<br />
mais saudável é deixá-la mais natural.<br />
Quanto mais natural for a alimentação,<br />
mais saudável! Em outras palavras, uma<br />
excelente sugestão para aumentar a<br />
saúde é diminuir o número de embalagens<br />
nos alimentos consumidos. Então,<br />
alimentos in natura como frutas e verduras,<br />
fontes de proteína, como ovos e<br />
carnes magras, fontes de gordura, como<br />
azeite e oleaginosas (castanhas, nozes,<br />
amêndoas – sempre sem óleo e sal, ou<br />
seja ao natural), são excelentes opções.<br />
Quanto mais ingredientes um alimento<br />
tiver (os alimentos industrializados),<br />
mais conservantes, aditivos, acidulantes,<br />
flavorizantes e outros ele vai ter e,<br />
consequentemente, se torna mais prejudicial<br />
à saúde. Os conservantes, aditivos,<br />
acidulantes e flavorizantes, são<br />
substâncias químicas, em sua maioria<br />
tóxicas ao organismo. Podem prejudicar<br />
o fígado, o sistema nervoso, dificultar a<br />
função hormonal e muitas outras vias de<br />
dano.<br />
ATENÇÃO AOS RÓTULOS<br />
Mas será que é possível hoje em dia<br />
voltar para uma alimentação totalmente<br />
natural? Infelizmente, as pressões<br />
do cotidiano e a rotina puxada da vida<br />
atual exigem algumas opções práticas<br />
que a indústria pode oferecer. É neste<br />
momento que precisamos utilizar todas<br />
as ferramentas ao nosso alcance para<br />
saber escolher melhor esses alimentos.<br />
Em um mundo de opções, prateleiras<br />
enormes, cheias de diversos produtos,<br />
qual é a melhor estratégia para selecionar<br />
o alimento de maior qualidade?<br />
O rótulo dos alimentos é a ferramenta<br />
prática para poder selecionar os alimentos<br />
saudáveis a serem consumidos e<br />
poder perceber quais devem ser evitados.<br />
Portanto, vamos aprender de forma<br />
simples como ler um rótulo e poder colocar<br />
a alimentação saudável em prática.<br />
PARA FACILITAR, VAMOS DIVIDIR A<br />
LEITURA DO RÓTULO EM 2 PASSOS:<br />
1º Passo: Olhe a tabela nutricional. A<br />
tabela nutricional serve para descrever a<br />
quantidade de carboidratos, de gordura,<br />
proteína, de fibra e de sódio por porção.<br />
Essa informação da porção é muito<br />
importante, já que em alguns alimentos<br />
a porção é a embalagem toda, mas<br />
têm outros, como um saco de pão, por<br />
exemplo, em que a porção diz respeito<br />
a uma ou duas fatias. Precisamos<br />
perceber isso para decidir a quantidade<br />
a ser consumida.<br />
Somente com a tabela nutricional já podemos<br />
perceber algumas coisas interessantes:<br />
a quantidade de sódio, por exemplo,<br />
cujo excesso deve ser evitado. Acima<br />
de 150 mg de sódio o alimento já pode<br />
ser considerado rico em sódio.<br />
Outra informação relevante é a quantidade<br />
de fibra. Afinal, sabemos da necessidade<br />
de aumentar o consumo de fibra<br />
na alimentação para melhorar a saúde<br />
intestinal, a saciedade, o controle glicêmico<br />
e lipídico. Para ser fonte de fibra o<br />
alimento tem que ter, no mínimo, 2g de<br />
fibra por porção.<br />
Com relação ao carboidrato, aquele que<br />
muitos consideram o grande vilão, em<br />
um alimento fonte de carboidrato, como<br />
um biscoito ou pão, por exemplo, a porção<br />
média de carboidrato seria de 20g,<br />
acima disso, a quantidade de carboidrato<br />
pode se tornar alta, vale a pena evitar.<br />
Mas muito mais importante do que a<br />
quantidade de carboidrato, é o tipo de<br />
carboidrato presente. É totalmente diferente<br />
consumir 20g de carboidrato<br />
de aveia (um alimento bem integral) a<br />
20g de carboidrato de xarope de glicose,<br />
ou de sacarose (como encontramos,<br />
por exemplo, em refrigerantes). A única<br />
forma de saber a fonte de carboidrato<br />
presente nos alimentos é lendo a lista<br />
de ingredientes. Então vamos para o segundo<br />
passo.<br />
2º passo: Leia a lista de ingredientes.<br />
Com a tabela nutricional, conseguimos<br />
perceber a quantidade dos nutrientes,<br />
mas não a qualidade desses nutrientes.<br />
Assim, a lista de ingredientes nos mostra<br />
que tipo de carboidrato, de gordura e<br />
de proteína o alimento contém, assim<br />
como os aditivos químicos presentes.<br />
Importante ressaltar que a lista de<br />
ingredientes aparece em ordem<br />
decrescente de quantidade.<br />
Pensando na qualidade do alimento, iremos<br />
escolher, por exemplo, um alimento<br />
integral. Para fazer o teste de fogo, lembre:<br />
olhe a lista de ingredientes. Um alimento<br />
que diz ser integral deve começar<br />
com algum ingrediente integral (como<br />
aveia, farinha de trigo integral, grão integral).<br />
Se começar com farinha de trigo<br />
enriquecida com ferro e ácido fólico (farinha<br />
branca), este alimento não é realmente<br />
integral.<br />
Vamos à prática – desmistificando<br />
alguns exemplos clássicos do dia<br />
a dia:<br />
Atenção para as barras de cereal, tidas<br />
como alimentos para emagrecimento e<br />
ótimos lanchinhos: os primeiros ingredientes<br />
na maioria das barrinhas costumam<br />
ser xarope de glicose, maltodextrina<br />
ou açúcar (todas formas diferentes<br />
de açúcar, nada integrais). Será que é<br />
realmente um lanchinho tão saudável?<br />
E aqueles alimentos que dizem ter 0% de<br />
gordura trans? Apesar de estar escrito<br />
na embalagem ou na tabela nutricional<br />
pode ser que esse alimento contenha,<br />
sim, este anti-nutriente. Como podemos<br />
saber se realmente não tem? Lista de<br />
ingredientes! Se estiver escrito gordura<br />
vegetal ou gordura vegetal hidrogenada,<br />
este alimento contêm gordura trans.<br />
Isso costuma acontecer com vários tipos<br />
de biscoito. Fique de olho!<br />
Fica o desafio. Na próxima visita ao mercado,<br />
separe um tempo para analisar<br />
os produtos com mais calma, procure<br />
desfrutar este processo e lembrar que<br />
cada produto novo escolhido pode ser<br />
um grãozinho a mais para aumentar a<br />
sua saúde.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Jefferson Nascimento<br />
OBSOLESCÊNCIA<br />
PROGRAMADA.<br />
VOCÊ SABE O QUE É ISSO?<br />
Otermo é complicado, assusta,<br />
convenhamos, caro<br />
leitor. Mas a tal da Obsolescência<br />
Programada foi a<br />
forma criada em 1920 pelas montadoras<br />
para desenvolver, desenhar, fabricar e<br />
distribuir um produto de modo que ele<br />
se torne obsoleto com o passar dos<br />
anos. Em uma sociedade capitalista e<br />
de consumo, e com o inevitável avanço<br />
tecnológico das últimas décadas, trata-<br />
-se de um processo natural para que o<br />
modelo se transforme em não-funcional,<br />
antiquado ou com uma tecnologia<br />
não sustentável, se comparado aos<br />
lançamentos do mercado. Ou seja, tudo<br />
para forçar o consumidor a comprar a<br />
nova geração de um produto - no caso o<br />
automóvel - , programado a se desvalorizar,<br />
com data de validade. Obviamente,<br />
apesar da “naturalidade” com que<br />
devemos encarar as transformações<br />
no mercado de consumo, temos que diferenciar,<br />
até em termos de respeito ao<br />
consumidor, os processos que promovem<br />
uma mudança radical em determinado<br />
modelo de um ano para outro,ou<br />
uma mudança leve, chamada de facelift.<br />
Há montadoras que banalizam tal processo,<br />
promovendo radicais mudanças<br />
no layout de seus modelos, na ânsia de<br />
se posicionar frente às concorrentes. Se<br />
esquecem, no entanto, que tal atitude<br />
se traduz em um desrespeito ao consumidor,<br />
que está com o modelo “antigo”.<br />
Estamos falando, principalmente, de<br />
mudanças no design dos automóveis,<br />
alterações externas.<br />
Mas existe também a Obsolescência<br />
Técnica, quando as condições de uso<br />
do produto obrigam uma nova compra.<br />
Por exemplo, o motor de um modelo que<br />
tinha falta de potência e um consumo<br />
exagerado. A montadora, amparada por<br />
um processo tecnológico, desenvolve<br />
um motor mais forte, com um desempenho<br />
melhor e mais econômico.<br />
Além desse tipo, existe ainda a Obsolescência<br />
Psicológica, quando o consumidor,<br />
mesmo tendo um produto em<br />
bom estado de conservação, resolve<br />
comprar um novo e descartar o modelo<br />
“antigo”, em função de uma leve mudança<br />
no design, embora a motorização<br />
e a parte técnica continuem a mesma.<br />
Na maioria das vezes, para justificar o<br />
reajuste nas tabelas de preços, a montadora<br />
costuma acrescentar apenas<br />
multimídia, faróis de Xenônio, computador<br />
de bordo e cores mais modernas.<br />
Itens, claro, que seduzem, mexem com<br />
o imaginário do brasileiro, apaixonado<br />
por carros. Porém, além de se planejar<br />
financeiramente para adquirir um novo<br />
modelo, não deixe que o consumo consciente<br />
seja “engolido” por esta palavrinha<br />
que muitos passam a conhecer a<br />
partir de agora: Obsolescência.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Vanessa Silvestre<br />
CÉLULAS<br />
TRONCO:<br />
UMA<br />
CHANCE<br />
DE CURA<br />
PARA O<br />
SEU PET<br />
Hanna tem seis anos de idade.<br />
A cadelinha Maltês é o xodó<br />
da família. No ano passado,<br />
passou a sofrer as seqüelas<br />
da Cinomose, uma doença fatal, se não<br />
tratada. Ela ficou paralisada. Já não podia<br />
mais andar e nem se controlar para<br />
fazer as necessidades básicas. A família,<br />
ao invés de buscar a eutanásia, decidiu<br />
lutar e encontrou um caminho alternativo:<br />
o tratamento de células-tronco.<br />
O que ainda está apenas no campo das<br />
possibilidades na medicina humana,<br />
na veterinária já é uma realidade. O uso<br />
de células-tronco para tratar doenças<br />
comuns em animais tem atraído a atenção<br />
de muitos donos e médicos pelas<br />
chances de cura. Mas vale ressaltar que<br />
essa não é uma fórmula milagrosa. “Em<br />
algumas doenças o tratamento não<br />
representa a cura, mas sim a redução<br />
significativa das seqüelas causadas,<br />
melhoria da qualidade de vida do animal<br />
e, na maioria dos casos, a retomada<br />
normal das atividades”, afirma Enrico<br />
Jardim Clemente Santos, doutor em<br />
biotecnologia pela Universidade de São<br />
Paulo (USP), que vem desenvolvendo<br />
pesquisas com células-tronco no tratamento<br />
veterinário desde 2005.<br />
Em Brasília apenas três clinicas estão<br />
credenciadas (Vetnorte, Oliver e Arca de<br />
Noé). As células são importadas de São<br />
Paulo, onde funciona a Celltrovet, empresa<br />
que mantém o único laboratório<br />
no Brasil com um banco de células de<br />
animais sadios. O banco do laboratório<br />
foi feito a partir de filhotes de até seis<br />
meses, de cães e gatos. O material é<br />
recolhido, principalmente do tecido adiposo,<br />
mas também pode ser retirado da<br />
polpa dentária. Depois de coletadas, as<br />
células-tronco são isoladas formando<br />
um concentrado que é armazenado em<br />
tubos de 1,5 cm. Eles podem conter até<br />
dois milhões de células. Cultivadas em<br />
laboratório, elas podem se reproduzir<br />
infinitamente. Até hoje, cães e gatos<br />
são tratados por células adquiridas no<br />
inicio dos estudos.<br />
O material é conservado em botijões de<br />
nitrogênio líquido, mantido a 196 graus<br />
negativos e enviado para os veterinários.<br />
Apenas as clinicas que atendem<br />
aos requisitos podem receber o material.<br />
Para passar pela inspeção é necessário<br />
que o local tenha um centro cirúrgico.<br />
A aplicação depende da condição<br />
de cada animalzinho.<br />
Os donos também podem procurar o<br />
banco para preservarem as células-<br />
-tronco de seus filhotes. O procedimento<br />
é o mesmo e segundo o especialista<br />
Enrico Jardim o material não é usado<br />
em outros animais. “Essa procura ainda<br />
á baixa, embora seja permitida. O veterinário<br />
brasileiro é mais cauteloso do que<br />
o americano, por exemplo, em relação<br />
aos novos tratamento”, explica.<br />
ALVOS EM POTENCIAL – Hoje, entre<br />
as doenças que podem ser tratadas com<br />
as células-tronco estão a Osteoartrite e<br />
Osteoartrose, sequelas neurológicas<br />
de Cinomose, fraturas e não união<br />
óssea, doença renal, aplasia medular,<br />
lesões tendíneas e ligamentares, lesão<br />
traumática medular e lesão traumática<br />
compressiva. As células-tronco podem<br />
regenerar o tecido lesionado. Aqueles<br />
animais com algum tipo de câncer, no<br />
entanto, não podem ser tratados dessa<br />
forma, já que pode haver o aumento das<br />
células cancerígenas.<br />
Outras doenças estão em estudo no<br />
momento, já que ainda não há o número<br />
de casos suficiente para avançar nas<br />
pesquisas que incluem o tratamento de<br />
enfermidades como as dermatológicas,<br />
diabetes e lesões oculares. O tratamento<br />
custa a partir de mil e 500 reais, mas<br />
depende do tipo de doença do animal. O<br />
histórico até o momento é de 350 animais<br />
tratados com uma taxa de sucesso<br />
de 80%.<br />
Para Hanna, a cadelinha Maltês que<br />
abriu nossa matéria, essa melhoria na<br />
qualidade de vida foi um recomeço. “Escolhemos<br />
não sacrificá-la, fomos atrás<br />
de medicamentos e temos ingredientes<br />
que faltam em muitos donos: paciência<br />
e amor. E, além disso, criamos no Instragam<br />
a campanha @cinomoseaquinao.<br />
Já são mais de dois mil acessos<br />
no mundo todo, gente que nos procura<br />
e também optaram por alternativas que<br />
não a eutanásia. Estamos divulgando a<br />
doença, para que todos entendam e saibam<br />
o que é. Assim evitamos que mais<br />
famílias possam sofrer”, conta Jéssica,<br />
a dona do animal. Hanna ainda está<br />
sem andar, mas com duas aplicações já<br />
está mais animada e recuperou a qualidade<br />
de vida. No final de março ocorre<br />
a última dose e a expectativa é que ela<br />
volte dar os primeiros passos.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Luciana Barbo<br />
UM PECADO<br />
DE CAPITAL<br />
Nasci em Brasília e vivi nesta<br />
capital por toda a minha<br />
vida. De família pernambucana<br />
por parte de mãe<br />
e paraense por parte de pai, aprendi a<br />
conviver logo cedo com sabores exóticos.<br />
A pupunha (não o palmito, a fruta<br />
mesmo) cozida pela minha avó fazia a<br />
festa da família nas tardes de domingo.<br />
Mas era trazida de Belém porque, àquela<br />
altura, a cidade estava longe de oferecer<br />
tamanho exotismo em suas feiras e<br />
restaurantes. A não ser na Festa dos Estados,<br />
em que era possível saborear um<br />
pouquinho da cultura de cada unidade<br />
da federação por alguns dias.<br />
A comida sempre fez parte da minha rotina.<br />
Era comum preferir um papo na cozinha<br />
ao invés da televisão na sala. Aos<br />
finais de semana, a ida à feira com meu<br />
pai era o passeio favorito. Há 12 anos,<br />
depois de cursar jornalismo, estagiar<br />
em nove empresas, públicas e privadas,<br />
e de me colocar no mercado profissional<br />
como repórter, o destino me fez<br />
colunista de gastronomia. E que alegria<br />
foi poder testemunhar a revolução que<br />
começava a ser deflagrada naquele momento.<br />
É claro que durante todo esse tempo<br />
vi muita fraude. Afinal de contas, há<br />
alguns anos a profissão de chef de<br />
cozinha se tornou cool, charmosa, interessante.<br />
Então tem um monte de<br />
gente querendo ser importante sem ter<br />
bagagem para isso. Nem todos têm a<br />
estrela, aquele detalhe que torna a pessoa<br />
mais competente, mais brilhante<br />
do que as outras. Quem está disposto<br />
a acordar com o céu ainda escuro e a<br />
ir dormir quando já é o outro dia? Nem<br />
todos têm o sangue empreendedor e a<br />
capacitação necessária para gerir um<br />
negócio de forma sustentável. É preciso<br />
muito mais do que a ideia de um prato e<br />
algumas aulas de cozinha para ser verdadeiramente<br />
um chef bem-sucedido.<br />
MERCADO EM EBULIÇÃO –<br />
Vi muitos negócios crescerem e<br />
aparecerem. Vi muitas carreiras<br />
desabrocharem no ambiente quente<br />
da cozinha. Vi inspiração, transpiração,<br />
superação. Graças a esses guerreiros<br />
comprometidos com as panelas, Brasília<br />
deixou de lado a intempérie de estar no<br />
centro do país, o que compromete o<br />
fornecimento de insumos, e está ali no<br />
páreo com outras cidades pelo posto<br />
de terceiro polo gastronômico do país,<br />
depois de São Paulo e Rio de Janeiro.<br />
A abertura do mercado para os importados<br />
impulsionou a chegada de bons<br />
produtos bons, sofisticados, raros. E<br />
foram tantos os que souberam usá-los<br />
com maestria... Do azeite aos vinhos,<br />
é possível encontrar de tudo por aqui.<br />
Abriram-se também as portas para os<br />
profissionais estrangeiros que trouxeram<br />
de seus países as suas técnicas<br />
e ingredientes e se juntaram aos cozinheiros<br />
daqui para valorizar os sabores<br />
autóctones da região. E como é bom ver<br />
pequi, baru, araticum dividindo as atenções<br />
nos menus da cidade com cogumelos,<br />
nozes e framboesas.<br />
O portfólio gastronômico da cidade,<br />
aliado à maior renda per capita do país,<br />
tem atraído marcas de fora. Mas esses<br />
investidores nem sempre entendem as<br />
peculiaridades do público brasiliense,<br />
que gosta de luxo, sim, mas não está<br />
disposto a pode pagar contas de quatro<br />
ou cinco dígitos num restaurante. A comida<br />
boa e de preço amigo tem sempre<br />
lugar, não somente em Brasília como<br />
em todo o lugar do mundo.<br />
RACIONALIZAÇÃO – Não à toa,<br />
a tendência (iniciada em São Paulo)<br />
de se criar restaurantes com menu<br />
reduzido, logística simplificada e,<br />
consequentemente, valores acessíveis<br />
tem conquistado bastante espaço no<br />
cotidiano do brasiliense e tão cedo vai<br />
acabar. Assim como os eventos de rua e<br />
foodtrucks, cada vez numerosos.<br />
Eu quero mais é que esse conceito se<br />
dissemine, porque a gastronomia precisa<br />
estar à disposição do maior número<br />
de pessoas possível. Quem ainda não<br />
entendeu que precisa oferecer comida<br />
boa com preço acssível vai sofrer. A<br />
crise é séria, assusta, mas também dá<br />
oportunidade para rever conceitos e<br />
atitudes. Ainda mais numa cidade que<br />
ainda é nova e que tem muito para errar<br />
e aprender.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
André Kauric<br />
ALÉM DOS 7 a 1,<br />
UMA LIÇÃO ALEMÃ:<br />
COMO A CIÊNCIA<br />
PODE AJUDAR<br />
NO RENASCIMENTO<br />
DE UM PAÍS<br />
Vem da Alemanha uma receita<br />
de como o Brasil deve<br />
lidar com a crise que afeta<br />
o país. Isso mesmo, caro<br />
leitor, mais uma lição alemã. Desta vez<br />
no campo político da administração<br />
pública, mais especificadamente no<br />
destino e uso eficiente dos recursos públicos<br />
para superar momentos sociais,<br />
políticos e econômicos conturbados.<br />
E a receita é simples: investir em ciência,<br />
tecnologia e inovação. Foi dessa forma<br />
que o país germânico se recuperou<br />
no pós guerra mundial. Dizimada pelo<br />
confronto que durou até abril de 1945,<br />
com uma população faminta e com a<br />
economia destroçada, a Alemanha se<br />
reinventou e inovou ao investir em ciência<br />
e tecnologia. Em apenas uma década,<br />
o denominado “Milagre Alemão”<br />
se tornou realidade porque os gestores<br />
daquele País, em parceria com os Estados<br />
Unidos, investiram grande parte dos<br />
fundos do Plano Marshall em pesquisa e<br />
educacão.<br />
Repatriaram professores e cientistas,<br />
construíram escolas, bibliotecas, universidades,<br />
laboratórios e empodera-<br />
ram essas instituições. Alemanha se<br />
preocupou, claro, com as necessidades<br />
extremas, mas sabia que com ciência e<br />
conhecimento próprio poderia reconstruir<br />
o futuro do país. E não demorou<br />
para colher os frutos desse investimento.<br />
Para muitos especialistas, a derrubada<br />
do muro de Berlim, marco na história<br />
da humanidade, foi influenciada pela<br />
liderança científica e tecnológica da Alemanha<br />
livre na época. Sem dúvida, sua<br />
principal arma, que apesar de ter custado<br />
muito, não se compara aos custos de<br />
manutenção de um exército. E foi com<br />
essa lideranca que, logo após a caída<br />
do muro, acolheu os compatriotas da<br />
Alemanha Oriental, em situacão de miséria,<br />
com medicamentos, eletrônicos e<br />
outras tecnologias de qualidade.<br />
INVESTIMENTOS RECORDES – A receita<br />
vem dando tão certo, que no final<br />
do ano passado Angela Merkel comemorou<br />
o vigésimo-quinto aniversário da<br />
queda do muro com um presente - investimento<br />
recorde em Ciência e Tecnologia<br />
no pais, na ordem de 75 bilhões de reais,<br />
que serão somados aos 300 bilhões<br />
anuais já investidos na área. Invejável.<br />
O Brasil se aproxima dos 8 bilhões de<br />
reais, segundo o portal da transparência.<br />
No DF, quando muito, atingimos os<br />
300 milhões por ano de investimento<br />
na área.<br />
A Alemanha aprendeu na prática que ciência<br />
e tecnologia é a semente para o<br />
crescimento de várias outras áreas de<br />
responsabilidade da administração pública,<br />
como saúde, transporte, segurança,<br />
alimentação, energia, entre tantas<br />
outras. E se um gestor não investe na<br />
área, o retrocesso é a única certeza.<br />
A experiência alemã levou o país a conquistar<br />
muito mais que quatro copas<br />
do mundo. Renascida literalmente das<br />
cinzas, hoje a Alemanha é a quarta potência<br />
econômica mundial, uma das sociedades<br />
mais cultas e produtivas. Fica<br />
a lição para o Brasil, para os gestores,<br />
os governadores. Independente do partido,<br />
espera-se que o investimento em<br />
ciência, educação, pesquisa e desenvolvimento<br />
atinja novos patamares e,<br />
consequentemente, melhore a saúde, o<br />
transporte, a seguranca, alimentacão, a<br />
energia e o meio ambiente.<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Weimar Pettengil<br />
Brasília – Paraty,<br />
“travêz”<br />
Aprimeira vez foi de bicicleta.<br />
Saí pedalando de casa em<br />
Brasília, em uma bicicleta<br />
Tandem (dupla), com um<br />
desconhecido, bruto e cego, desde então<br />
meu novo irmão, Adauto Belli. Ele,<br />
que deveria me trazer lucidez e juízo,<br />
me ensinou que há muito mais em enxergar<br />
sem ver, que ensinar a partir da<br />
perspectiva única do olhos. E me ensinou<br />
o que é coragem: por 1.700km ficou<br />
na minha garupa, sem ver as valas,<br />
os mata-burros e abismos que cruzamos.<br />
E eu, nos 300m que andei com ele<br />
pilotando, não tive coragem de fechar<br />
os olhos. O verbo confiar ganhou nova<br />
perspectiva em minha vida.<br />
nha com Ora-pro-Nóbis em Ouro Preto,<br />
considero remunerado.<br />
Deixamos a Capital para nove dias de<br />
cascalho, areião, costela (de vaca), pedras,<br />
montanhas, poeira, lama, chuva,<br />
várias desgarradas rumo ao desconhecido,<br />
Mata-nóis (mata-burro longitudinal<br />
com vala central), solidão dentro<br />
do capacete, calor insuportável, frio de<br />
bater o queixo, e inevitáveis e incontroláveis<br />
sorrisos no final de cada dia,<br />
às vezes à volta de um fogão de lenha<br />
tomando uma dose de cachaça direto<br />
do tonel, claro, com um queijin, noutras<br />
provando a mineiríssima e extraordinária<br />
Backer, com a tradicional cozinha<br />
Mineira. Ah! E um dia para voltarmos,<br />
extasiados, para o cerrado.<br />
A desculpa perfeita. Durante a viagem<br />
de bicicleta com o Adauto, conhecemos<br />
pessoas incríveis, que abriram a<br />
porta de casas humildes, e colocaram<br />
na mesa toda a comida disponível, em<br />
troca de sorrisos, piadas, e explicações<br />
da nossa saga, às vezes querendo dar<br />
uma volta na Indiona (nome da nossa<br />
bicicleta tandem), mas mineirin encabroado,<br />
preferindo comer um queijo a<br />
subir num trem doido daqueles.<br />
Acabei escrevendo um livro (Brasília<br />
- Paraty, Somando Pernas para Dividir<br />
Impressões, Ed. Thesaurus 2009) para<br />
registrar alguns sufocos, um desafio<br />
de gente grande e tantos causos pitorescos.<br />
Coloquei 06 exemplares no alforje,<br />
e já sabia exatamente quem procurar,<br />
como a Dona Cândida.<br />
Viajar de moto é ver o mundo sob outra<br />
ótica. Expandir os horizontes. Sem<br />
a proteção do carro, ou o perrengue da<br />
bicicleta. A parada é onde você quiser,<br />
se quiser. De Big Trail, tanto faz onde.<br />
Quanto pior a estrada, melhor a empreitada.<br />
Até participar do BMW GS Trophy South<br />
America, um rally exclusivamente disputado<br />
por motos de grande cilindrada,<br />
achava que essas motos eram puro estilo,<br />
um apelo válido somente para viagens<br />
longas por caminhos tranquilos.<br />
Depois da experiência, descobri que<br />
você faz o seu caminho. Suspensões<br />
confiáveis, motor de sobra.<br />
Como dizem os mineirinhos, “Tá bão<br />
causo que tá ruim, mió seria se pió<br />
fosse”! Voando por cima de lombadas<br />
e mata-burros, atravessando grotas,<br />
saltando pedras, fazendo curvas de<br />
lado e atropelando buracos e costelas<br />
de vaca, unstoppable, como diriam os<br />
alemães, ou simplesmente Nú! Trem<br />
Bão, como diriam em Minas, uma experiência<br />
incrível.<br />
O Parceiro Milhomen pilotou uma BMW<br />
GS 800F, e eu uma KTM 990 Adventure.<br />
Diria que a alemã é a moto definitiva.<br />
Confiável, ágil, motor redondo, ciclística<br />
perfeita. Contra pesam apenas uma<br />
certa fragilidade nos aros e na suspensão.<br />
Já para quem gosta de sustos, de<br />
montar em “boi bravo”, tem disposição<br />
de fazer muita força e quer fazer estripulia,<br />
pó garrá no chifre da austríaca!<br />
Esta jornada é, sobretudo, de fé. Especialmente<br />
nas pessoas, nos amigos<br />
que fizemos pelo caminho. Como a<br />
dona Cândida e o seu Zico, que continuaram<br />
nos dando grandes lições.<br />
Saudade. E que venha a próxima!<br />
Com um mapa na cabeça, deixamos o<br />
Planalto Central emendando estradas<br />
de terra até Diamantina, onde começamos<br />
o Caminho Velho da Estrada Real,<br />
até Paraty, no Rio de Janeiro. Coragem,<br />
disposição e bom humor. E Minas Gerais.<br />
Que por si já é razão suficiente. As<br />
montanhas, a história, o povo, a hospitalidade,<br />
os causos, e o diaxo da costelinha<br />
de porco. Oh, Minas Gerais!<br />
Quando o amigo Flávio Milhomen veio<br />
sondar sobre o caminho que fizemos,<br />
dizendo que estava pensando na possibilidade<br />
de fazer o mesmo, de moto<br />
on-off road de grande cilindrada, não<br />
tive dúvidas.<br />
Precisa de guia? Não dou trabalho,<br />
pago minhas despesas e tô pronto.<br />
Vóis mecê pagano um queijo no Serro,<br />
uma pincomel no Cipó e uma Costeli-<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
GERONTOLOGIA E<br />
ENVELHECIMENTO<br />
SAUDÁVEL<br />
Dr. Sabri Lakhdari<br />
SEPS 705/905 Bloco “C”<br />
Ed. Mont Blanc, Sala 511<br />
Brasília-DF – Telefone: 3244-4995<br />
www.cronos.med.br<br />
R.T.: Dr. Sabri Lakhdari CRM-DF 9550<br />
O QUE É GERONTOLOGIA?<br />
Termo ainda pouco conhecido, mesmo<br />
entre os profissionais de saúde, ele<br />
vem do grego géron (velho) e logia (estudo)<br />
e significa “estudo do envelhecimento”.<br />
O tema é bastante amplo, e<br />
possui ramificações nas mais diversas<br />
áreas do conhecimento: da biologia celular<br />
aos estudos sociais.<br />
NA ÁREA DA SAÚDE<br />
Os profissionais que se especializam<br />
para trabalhar com idosos, como psicólogos,<br />
terapeutas ocupacionais,<br />
fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros,<br />
entre outros, são gerontólogos<br />
clínicos. Podemos dizer que a Geriatria<br />
é especialidade médica da Gerontologia,<br />
e ambas se complementam, pois a<br />
complexidade do atendimento ao idoso<br />
requer os cuidados de uma equipe interdisciplinar,<br />
coordenada pelo geriatra.<br />
Nesta abordagem interdisciplinar,<br />
os profissionais de saúde envolvidos<br />
elaboram juntos um plano terapêutico,<br />
que inclui tratamento médico, fisioterápico,<br />
nutricional ou de terapia ocupacional,<br />
por exemplo.<br />
COMO ANDA SUA MEMÓRIA?<br />
Queixas de memória são comuns, mesmo<br />
nos mais jovens, e podem ter as<br />
mais diversas origens, que vão desde o<br />
estresse, alterações do sono ou distúrbios<br />
metabólicos à temíveis doenças<br />
neurológicas, como o Mal de Alzheimer.<br />
A avaliação neuropsicológica, que<br />
consiste numa longa ent<strong>revista</strong> e na<br />
aplicação de testes cognitivos por psicólogo<br />
especializado é um instrumento<br />
de grande importância para ajudar o<br />
médico à determinar a origem do problema.<br />
EXERCITE SEU CÉREBRO!<br />
Exercícios de estimulação cognitiva<br />
ajudam a prevenir problemas de memória,<br />
e nos pacientes com comprometimento<br />
cognitivo, são ainda mais<br />
importantes para retardar a evolução<br />
dos distúrbios e preservar ao máximo<br />
a autonomia funcional e a qualidade de<br />
vida do paciente.<br />
TRABALHANDO EM GRUPOS OU<br />
INDIVIDUALMENTE<br />
O trabalho de estimulação cognitiva,<br />
através das oficinas de memória e<br />
da arteterapia, assim como as atividades<br />
de fisioterapia motora, podem<br />
ser realizados individualmente ou em<br />
pequenos grupos, oferecendo além da<br />
reabilitação funcional, uma oportunidade<br />
de socialização e de momentos<br />
de descontração.<br />
CUIDADO COM AS QUEDAS!<br />
As quedas podem ser extremamente<br />
perigosas e com graves conseqüências,<br />
como no caso de fratura do colo do<br />
fêmur, com risco de perda definitiva da<br />
autonomia funcional. Geralmente multifatoriais,as<br />
quedas são facilitadas<br />
por doenças comuns da terceira idade<br />
como artrose, baixa visão, doenças<br />
neurológicas ou até mesmo pelo próprio<br />
medo de cair. Através de exercícios<br />
de alongamentos e de fortalecimento<br />
muscular e da correção das alterações<br />
posturais, a fisioterapia no idoso propicia<br />
uma melhora do equilíbrio e do<br />
desempenho na marcha, de grande importância<br />
para a prevenção de quedas.<br />
COMER BEM<br />
Um envelhecimento saudável inclui necessariamente<br />
uma alimentação equilibrada.<br />
Em caso de doenças crônicas<br />
comuns na maturidade, como diabetes<br />
mellitus, hipertensão arterial, colesterol<br />
alto ou osteoporose, um acompanhamento<br />
nutricional é essencial para<br />
o adequado controle destes distúrbios.<br />
ENVELHECER COM SAÚDE<br />
Se o envelhecimento do individuo cursa<br />
com modificações em seu organismo<br />
que dependem em boa parte de<br />
suas características genéticas, sabe-se<br />
que os hábitos de vida e o meio<br />
ambiente no qual a pessoa vive são capazes<br />
de modular a amplitude dessas<br />
alterações. Em qualquer idade, a gerontologia<br />
preventiva permite um envelhecimento<br />
com mais saúde. Cuide-se!<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Nesta edição,<br />
a coluna<br />
Fitness vem<br />
recheada com<br />
uma série<br />
de exercícios<br />
livres para<br />
fazer onde<br />
você estiver<br />
É<br />
crescente na nossa cidade<br />
o número de praticantes de<br />
exercícios físicos, treinos<br />
funcionais e de novas modalidades<br />
como o Cross Fit, treinos intensos<br />
e curtos, com aproveitamento de<br />
excelência de resultados. Isso, claro,<br />
quando acompanhados por profissionais<br />
competentes e aptos a exercer<br />
a função de educador físico. Pensando<br />
nisso, montei um circuito livre de<br />
exercícios que poderão ser feitos em<br />
qualquer lugar, sem a necessidade de<br />
aparelhos ou implementos e que lhe<br />
farão perder muitas calorias, e ainda<br />
de quebra lhe darão um condicionamento<br />
mais turbinado!<br />
Tendo apenas um cronômetro como<br />
companheiro e uma garrafa com<br />
água, esse circuito foi pensado para<br />
quem possui pouco tempo e quer<br />
aproveitá-lo muito bem, com qualidade.<br />
A intensidade proposta por eles -<br />
Allan Lucena<br />
A LIBERDADE<br />
DE BRASÍLIA<br />
TRAZ SAÚDE!<br />
mesmo que individuais ou subjetivas<br />
quanto ao seu esforço - levam todos<br />
a uma melhor ativação do metabolismo,<br />
com intuito de o manter acelerado<br />
e com isso ter ganhos maiores, em<br />
gastos calóricos, e condicionamentos<br />
muscular e cardiovascular!<br />
Por serem exercícios livres e de fácil<br />
execução, podem ser feitos por<br />
qualquer pessoa ativa, com o mínimo<br />
do condicionamento físico, conscientes<br />
de postura, principalmente<br />
por serem marcados por tempo, não<br />
exigindo número mínimo ou máximo<br />
de repetições. A intensidade será de<br />
moderada para forte, dependendo da<br />
velocidade de execução. Importante<br />
apenas observar sempre a execução,<br />
com o abdômen sempre protegido em<br />
contração voluntária e a respiração<br />
em ritmo constante e cadenciada,<br />
sem ser interrompida.<br />
EVOLUÇÃO – A cada percepção de<br />
melhora e facilidade na execução,<br />
aumentar o ritmo dos movimentos,<br />
embora sempre dando maior atenção<br />
à execução. Usar, se possível, um frequencímetro<br />
para controlar batimentos<br />
em descanso e movimento e perceber,<br />
com a prática, uma variação<br />
mais equilibrada do seu aumento de<br />
batimentos e da sua rápida retomada<br />
na recuperação, sendo forte sinal de<br />
melhora de condicionamento!<br />
Quanto à execução do ciclo, ele deve<br />
ser feito exatamente como descrito.<br />
Descanse apenas dez segundos na<br />
troca de um exercício para o outro. Ao<br />
final do ciclo, permita-se descansar<br />
mais - média de dois minutos. Se precisar<br />
de mais tempo, pode aumentar!<br />
Não se preocupe se as repetições<br />
forem reduzindo a cada ciclo. É normal.<br />
Isso ocorre devido a variação de<br />
intensidade e fadiga natural do organismo.<br />
Por isso, essa alternância de<br />
intensidade e recuperação, para que<br />
você aproveite melhor o seu tempo e<br />
a atividade propriamente dita.<br />
CIRCUITO LIVRE EVOKE<br />
REPETIR ESSE CICLO 4 VEZES<br />
MEIO SUGADO<br />
40 SEGUNDOS<br />
DESCANSO DE 10 SEGUNDOS<br />
FLEXÃO DE BRAÇOS<br />
MÁX REPETIÇÕES<br />
DESCANSO DE 10 SEGUNDOS<br />
SALTO E AGACHAMENTO<br />
40 SEGUNDOS<br />
DESCANSO DE 10 SEGUNDOS<br />
POLICHINELOS<br />
40 SEGUNDOS<br />
DESCANSO DE 10 SEGUNDOS<br />
CORRIDA ESTACIONÁRIA<br />
40 SEGUNDOS<br />
DESCANSO DE 2 MINUTOS<br />
@alucenatreinador<br />
Flexão de braços:<br />
Pés ou joelhos no chão, braços abertos<br />
na largura do ombro ou um pouco além,<br />
em posição de ponte! Flexionar os cotovelos<br />
e quase encostar o peito no chão!<br />
Vá ao seu limite e evolua com o tempo!<br />
Meio sugado:<br />
De pé, colocar as mãos no chão ao lado do corpo e um pouco além da largura dos ombros,<br />
agachar e simultaneamente jogar as duas pernas para trás e retomar a posição<br />
agachado, voltando a ficar de pé!<br />
Salto e agachamento:<br />
Agachar de pernas abertas e saltar de<br />
pernas fechadas.<br />
Polichinelos:<br />
De pé, alternar pernas e<br />
braços, abrindo e fechando,<br />
junto com saltos coordenados.<br />
Corrida estacionária:<br />
De pé, simule uma corrida<br />
com pernas altas até próximo<br />
do peito, sem sair do<br />
lugar.<br />
fotos: Rodrigo Llopes<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Marilia Dario<br />
A<br />
moda tem evoluído rapidamente<br />
e suas tendências<br />
absorvidas, ainda mais em<br />
nossos dias; por isso, algumas<br />
tendências do próximo verão já<br />
podem ser vistas nesta coleção.<br />
CONTOS<br />
Neste tema, temos uma forte referência<br />
aos contos de fadas. Uma representação<br />
mais forte do feminino e da juventude<br />
atual, favorecendo a imagem<br />
de uma mulher com atitude.<br />
Temos presença forte da cor azul mais<br />
noturno, peles, couros e desenhos<br />
mais figurativos, além do dourado e<br />
pedrarias.<br />
A IMPORTÂNCIA<br />
DO COURO<br />
Nesta coleção, o couro sai das biker jacquets<br />
e vai parar nas saias, vestidos<br />
e blusas. Ele entra na composição de<br />
acessórios, sapatos e botas cano longo,<br />
além das ankle boot classics.<br />
ANOS 60<br />
“SESSENTINHA”<br />
As formas estruturadas da moda dos<br />
anos 60 chegam causando rompimento<br />
com peças soltas, presentes<br />
na moda nos últimos tempos. A alfaiataria<br />
e toques andrógenos nos looks<br />
são o destaque desse tema, sempre<br />
associado à modernidade. A nostalgia é<br />
anulada pela tecnologia dos materiais<br />
e reinvenção de detalhes geométricos.<br />
Blocos em preto e branco marcam presença<br />
forte neste inverno.<br />
EVOKEABR2015<br />
Produção: Marilia Dario<br />
Modelos: Amanda Bertin Felix e Karen Coelho<br />
Fotos: Ghiva (Studio Andre Leal)<br />
Colaboradores:<br />
My Place (Shopping Boulevard e Terraço)<br />
Loucos&Santos (ParKShopping)<br />
Jorge Bischoff (ParkShopping, Terraço e Flamboyant Shopping – GO)<br />
Lavish – Marilia Dario<br />
Flower Vip (102 Sudoeste)<br />
Cabelo e Maquiagem: Clóvis Nunes<br />
Flower Vip<br />
Vestido em couro – renda<br />
Jorge Bischoff<br />
Bolsa em couro preto<br />
EVOKEABR2015
Jorge Bischoff<br />
Bolsa aninal print vermelho (couro e camurça)<br />
My Place<br />
Macaquinho preto<br />
Lavish<br />
Acessórios<br />
Junoh Padilha<br />
Cabelo e Maquiagem<br />
Jorge Bischoff<br />
Ankle boot classic marron<br />
Bolsa com franjas<br />
Flower Vip<br />
Vestido animal print<br />
Clóves Nunes<br />
Cabelo e Maquiagem<br />
EVOKEABR2015<br />
EVOKEABR2015
Jorge Bischoff<br />
Bolsa em couro preto<br />
bota couro preto cano longo<br />
Flower Vip<br />
Vestido Off White<br />
Saia em couro preta com franja<br />
Regata seda preta<br />
Colete cinza em pele<br />
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My Place<br />
Vestido – Fluity azul<br />
Lavish<br />
Acessórios<br />
Jorge Bischoff<br />
Peep Toe<br />
Bota couro preto cano longo<br />
Flower Vip<br />
Black Jacket com franjas<br />
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My Place<br />
Vestido trapézio – neoprene preto<br />
Vestido branco e preto animal print<br />
Lavish<br />
Acessórios<br />
Jorge Bischoff<br />
Bota country nude<br />
Bolsa couro nude<br />
Sandália com cristais nude<br />
Carteira dourada<br />
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Felix e João - Gráfica Athalaia - e filho.<br />
Barbara, Felix, Rodrigo - Agência 7 Pontos - e Estevão.<br />
Estevão Damazio e JR. Felix comemorando 1 ano da Revista Evoke.<br />
Estevão, Felix e Alvandir - 3A Buffet.<br />
Anderson Tomazini, Marilia Dario, Barbara , Bianca, Felix, Paolo, Samara e Allan Lucena.<br />
Antônio Valdir Diretor Superintendente Sebrae-DF, na entrega do prêmio Destaque Empreendedor a João da Gráfica Athalaia.<br />
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Felix e Ulisses Silva Superitendente do Boulevard Shopping.<br />
Felix, Alexandre Gouveia e esposa.<br />
Felix e Douglas -Óticas Carol.<br />
Felix e Einstein Vargas - Doppler Effect.<br />
Pacheco Paella e sua equipe<br />
Joel Jorge - Presidente do G15 - e Felix - almoço NAU Frutos do Mar<br />
Marco Paulo - Unique - e Felix.<br />
Felix, Helena e Hércules Szervinsk - Oásis 300.<br />
Felix e Ulysses Silva -Superintendente do Shopping Boulevard<br />
NAU Frutos do Mar.<br />
Carol Macedo, Rodrigo Ortiz, Nívea Alencar e Marilia Dario - Evento Omega.<br />
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Felix, Antônio Valdir - Superintendente do SEBRAE-DF -Rita de Cássia e Estevão.<br />
Barbara Félix e Marília Dario - Evento Omega.<br />
Dra. Adriana Aquino - Oculare Oftamologia e Felix.<br />
Alexandre -Aguimar Ferreira Bombons Finos - e Felix.<br />
Gilmar e Felipe - Soma-Suzuki<br />
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Para viver não basta estar<br />
vivo: você tem que se sentir vivo.<br />
Se reinventar, superar limites,<br />
nunca deixar a rotina roubar os<br />
momentos que são seus.<br />
E na Unique sua vida já tem lugar<br />
para acontecer. Faça sua parte.<br />
Viva o melhor de você.<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K<br />
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Em breve Asa Norte · Lago Sul · São Paulo<br />
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