16.01.2018 Views

Revista Pauta Nossa Janeiro 2018

Revista destinada a divulgar nosso entorno através da arte e cultura edição nº 4 Janeiro 2018

Revista destinada a divulgar nosso entorno através da arte e cultura edição nº 4 Janeiro 2018

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

GIRO<br />

DOBRAI, Ó SINOS DO NATAL<br />

QUIXERAMOMBIM<br />

48CAPA<br />

20<br />

Saí a caminhar no fim da tarde em Quixeramobim. O céu estava nublado,<br />

o clima convidativo. As ruas quase paradas, num ritmo sonolento. No<br />

percuso nada de extraordinário presenciei, apenas um garoto que caiu da<br />

bicicleta e uns cachorros que chafurdavam um monte de lixo.<br />

Não vi muitas referências ao Natal nas lojas nem nas casas, nem sei se<br />

as pessoas se lembram que é época de festejar Cristo ou o fim do ano.<br />

Encontrei alguns conhecidos pelo caminho, e não passamos daqueles<br />

cumprimentos de sinal fechado; o fato é que apenas de passagem não se<br />

desenrola uma conversa, é preciso pouso pra conversar, ter tempo de se<br />

desarmar. Às vezes, a cidade se encasmurra igual a alma da gente.<br />

Acho que me torno sempre mais sentimental nessa época do ano. Não<br />

sei explicar. É como se sentisse falta de algo. Falta de uma inocência<br />

perdida, falta de certa fé inabalável no mundo, na humanindade, na<br />

pureza; realmente não sei do que sinto falta.<br />

Falta da missa do galo que nunca fui, não sei. Talvez possa ser.<br />

Será que o meu problema com essa época do ano é que apenas esteja<br />

sempre me deslumbrando mais com a árvore, a ceia, o panetone, os<br />

presentes e as luzes, que de fato, preparado o espírito para celebrar o<br />

Deus menino que nasceu na manjedoura e morreu na cruz aceitando o<br />

seu humano destino para nos redimir?<br />

Já era noite quando cheguei em casa e meus sobrinhos pequenos, Alice<br />

e João conversam ansiosos sobre a noite de natal e o amigo secreto; e<br />

inocentes não conseguiam aceitar e entender como Papai Noel poderia<br />

deixar uma criança sem presente? Fiquei comovido com aquele diálogo<br />

das crianças, e foi como se uma centelha viva de esperança renascesse<br />

em mim.<br />

– Dobrai, ó sinos do Natal!<br />

Cantei em feitio de oração o verso do poeta Jadér de Carvalho.<br />

Bruno Paulino<br />

Professor e autor de A Menina da Chuva de Quixeramobim

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!