Revista literalivre - 7ª edição
7ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 7nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
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LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018<br />
Vir a ser Nathalia<br />
Rafael Weiss Brandt<br />
Tem uma relação na pele com a vida, da qual é amante. Verdade,<br />
preciso admitir, é de vez em quando forçada a presentear um sorriso amarelo nas<br />
pequenices de sua sociedade. Mas, segredo: nem precisava. A harmonia lhe é<br />
natural – sorri baratinho, sem precisar parcelar. Como é baratinha também a<br />
humanidade que também dela escorre nas fendas da rotina. Pouca coisa, nela,<br />
não sai assim de bom grado.<br />
Quietinha, fala muito, suspirando numa indecisão tão inerente a sua<br />
personalidade – e daí suspiram junto os muitos homens que a ela desejam tal<br />
qual bife a ser batido antes do cozimento. A ela nunca é muito aprazível ser<br />
assim refeição corrida, pra matar a fome. As vezes deixa, mas se deixa. Não<br />
deixa eles. Diferente. É que ela tem também muita fome. A principal delas: a<br />
fome de fome. Homem nunca entende isso.<br />
Dá pra ver, claríssimo, olhando aqui, que é emoção a regra de seu<br />
colocar-se no mundo. Particularmente, há quem ache esse jeito doce de ser<br />
pulsando só pueril. Há quem ache isto a encarnação empírica mesma da vida, de<br />
beleza estonteante. Fico particularmente dividido, como a indecisão dela – será<br />
isto reflexo da arte respirante que é Nathalia? É que se pulsa o sexo, pulsa o<br />
universo, pulsa Nathalia, quem sou eu para, ególatra, não pulsar também?<br />
A verdade é que Nathalia é apaixonante. É atriz, sempre foi, mas pensa<br />
só que quer ser. Coisinhas pequenas nela são extraordinariamente aveludadas e<br />
pontilhadas como as sardas de seu rosto quase onírico.<br />
Fiquei sabendo de seu modesto carro de classe média dolorida,<br />
chamado Dora. Dora a acompanhou em muitos castings gloriosos ou não. Em<br />
muitas viagens para interiores descoloridos do Brasil, de repente irisados pelos<br />
sorridos grátis de Nathalia (e por sinapses saltitando em THC, confessemos). Em<br />
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