GAZETA DIARIO 504
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16 Nacional<br />
Foz do Iguaçu, 10 a 13 de fevereiro de 2018<br />
ECONOMIA<br />
Inadimplência do consumidor<br />
abre o ano com alta de 2,10%<br />
A pesquisa da CNDL aponta que o maior número de consumidores negativados está no Sudeste<br />
Flávia Albuquerque<br />
Repórter da Agência Brasil<br />
A inadimplência do<br />
consumidor aumentou<br />
2,10% em janeiro de 2018<br />
ante o mesmo mês do ano<br />
passado. Esse foi o maior<br />
crescimento desde junho<br />
de 2016, quando a<br />
elevação foi de 2,78%. Na<br />
comparação mensal com<br />
dezembro de 2017 o aumento<br />
foi de 0,96%, o<br />
maior desde maio de<br />
2017. Segundo os dados<br />
do Indicador de Inadimplência<br />
do Serviço de Proteção<br />
ao Crédito (SPC<br />
Brasil) e da Confederação<br />
Nacional de Dirigentes<br />
Lojistas (CNDL), divulgados<br />
ontem (9), são<br />
mais de 60,7 milhões de<br />
consumidores brasileiros<br />
inscritos em cadastros de<br />
inadimplentes, número<br />
que representa aproximadamente<br />
40% da população<br />
adulta do país.<br />
O presidente da<br />
CNDL, José Cesar da<br />
Costa, disse que para os<br />
primeiros meses a expectativa<br />
é a de um processo<br />
lento de recuo no volume<br />
de atrasos nos pagamentos,<br />
caso as projeções<br />
de inflação controlada,<br />
juros baixos e melhora<br />
dos indicadores se<br />
confirmem. "Ainda assim,<br />
o que mais favorecerá<br />
um ciclo de queda da<br />
inadimplência será uma<br />
recuperação mais acentuada<br />
do mercado de trabalho<br />
e a volta de ganhos<br />
na renda real do consumidor,<br />
que ainda não<br />
se recuperou das quedas<br />
dos últimos anos", disse.<br />
Região<br />
A pesquisa da<br />
CNDL aponta que o<br />
maior número de consumidores<br />
negativados<br />
está o Sudeste. São<br />
25,7 milhões de pessoas,<br />
o que representa<br />
39% da população adulta<br />
da região. Em seguida<br />
aparece o Nordeste,<br />
com 16,5 milhões de<br />
negativados (41% da<br />
população da região); o<br />
Sul, com 8,2 milhões de<br />
inadimplentes (37% da<br />
população adulta); o<br />
Norte, com 5,4 milhões<br />
de devedores (45% do<br />
total da população residente,<br />
a maior entre<br />
as cinco regiões); e o<br />
Centro-Oeste, com um<br />
total de 4,9 milhões de<br />
inadimplentes, ou 42%<br />
da sua população.<br />
Foto: Arquivo/Agência Brasil<br />
A CNDL avalia que para os primeiros meses a expectativa é a de um processo<br />
lento de recuo no volume de atrasos nos pagamentos<br />
Quando analisada a faixa<br />
etária, o que os dados revelam<br />
é que 50% da população<br />
entre 30 anos e 39 anos<br />
iniciou o ano com o nome<br />
em alguma lista de devedores.<br />
São 17,3 milhões de consumidores<br />
nessa situação.<br />
Entre aqueles que têm entre<br />
40 anos e 49 anos, 13,4 milhões,<br />
ou 48%, têm alguma<br />
dívida não paga, o que pode<br />
ser explicado pelo fato de que<br />
nessa fase da vida muitos já<br />
têm família e filhos. "Por isso<br />
assumem mais compromissos<br />
financeiros. Em um momento<br />
de crise, pode ser difícil<br />
equilibrar o orçamento se<br />
não houver controle e disciplina",<br />
explicou a economista-chefe<br />
do SPC Brasil, Marcela<br />
Kawauti.<br />
Entre os consumidores<br />
com idade entre 18 anos e 24<br />
anos a proporção de inadimplentes<br />
cai para 20%, ou<br />
seja, 4,8 milhões. Já a população<br />
idosa, considerando-se<br />
a faixa etária entre 65 anos<br />
e 84 anos, a proporção é de<br />
31%, o que representa cinco<br />
milhões de pessoas com o<br />
CPF inscritos em cadastros<br />
de inadimplentes. Nas outras<br />
faixas etárias são 7,8<br />
milhões de inadimplentes<br />
entre 25 anos e 29 anos; 12,2<br />
milhões entre os que têm 50<br />
anos e 64 anos e aproximadamente<br />
232 mil idosos acima<br />
dos 85 anos que estão<br />
com o CPF restritos.<br />
Dívidas atrasadas<br />
O SPC Brasil e a CNDL apuraram ainda que<br />
houve variação negativa de 1,94% em janeiro<br />
de 2018 ante o mesmo período do ano passado<br />
no volume de dívidas atrasadas. Já na comparação<br />
mensal, com dezembro de 2017 houve<br />
alta de 0,87%. Os atrasos com empresas<br />
concessionárias de serviços de água e luz foi o<br />
que mostrou a maior queda de dívidas em<br />
janeiro na comparação anual, de 7,12%. Os<br />
atrasos no comércio tiveram queda de 6,97%.<br />
Os atrasos com as dívidas bancárias (cartão<br />
de crédito, financiamentos, empréstimos e<br />
seguros) aumentaram 1,69% no período. No<br />
caso do setor de comunicação (telefonia,<br />
internet e TV por assinatura) apresentaram a<br />
alta mais elevada, com 9,01% a mais de<br />
atrasos na comparação com janeiro do ano<br />
passado.<br />
"A quantidade de dívidas em atraso desacelera<br />
de forma mais intensa do que o número de<br />
devedores negativados. Isso quer dizer que o<br />
consumidor inadimplente tem iniciado o<br />
pagamento de dívidas em atraso aos poucos.<br />
Como consumidor inadimplente tem em<br />
médias, duas dívidas em atraso, ainda que ele<br />
quite uma, seu CPF continua restrito por<br />
causa da outra dívida", explicou Kawauti.<br />
De acordo com o indicador, cinco em cada dez<br />
dívidas pendentes (51%) de pessoas físicas no<br />
país têm como credor algum banco ou instituição<br />
financeira. A segunda maior representatividade<br />
fica por conta do comércio, que<br />
concentra 18% do total de dívidas não pagas,<br />
seguido pelo setor de comunicação (14%). Os<br />
débitos com as empresas concessionárias de<br />
serviços básicos como água e luz representam<br />
8% das dívidas não pagas no Brasil.