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Descolonizar_o_Imaginario_web

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pavimentar o caminho para uma “transição verde”, justificada<br />

em nome de fortalecer a capacidade institucional<br />

dos países a disparar um “novo” ciclo econômico, no qual<br />

o crescimento e o desenvolvimento tenham em conta as<br />

preocupações da sustentabilidade – clima, biodiversidade,<br />

energia, inclusão social, erradicação da pobreza etc.<br />

Assim, na prática e mais além da retórica, a economia<br />

“verde” avança sobre os âmbitos mais diversos de nossa<br />

vida econômica e social: os critérios para as compras públicas<br />

(as licitações “verdes”); as “pegadas” (footprints) ecológicas,<br />

de carbono e de água como referências de competitividade<br />

comercial entre as commodities; a regulação para<br />

as florestas, áreas úmidas, solos e oceanos e seus respectivos<br />

potenciais para o sequestro de carbono e outros “serviços<br />

ambientais”; a agricultura de baixo carbono ou “climaticamente<br />

inteligente” (climate smart agriculture); as diretivas<br />

obrigatórias e progressivas para a incorporação das energias<br />

renováveis, entre as quais os agrocombustíveis; os<br />

seguros ambientais; os impostos e tarifas verdes; as normas<br />

para as construções e prédios verdes (green buildings); as<br />

normas de eficiência energética; as patentes verdes; os programas<br />

de transição para cidades verdes (green cities) etc.<br />

É também no repertório da “economia verde” em<br />

que se inserem as políticas públicas de combate às mudanças<br />

climáticas, o comércio de emissões de carbono,<br />

o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o financiamento<br />

para as ações de Redução de Emissões do Desmatamento<br />

e Degradação, conhecidas como redd+. Da mesma forma,<br />

as políticas de biodiversidade vêm incorporando no âmbito<br />

nacional de forma crescente os esquemas de “pagamentos<br />

por serviços ambientais”, as compensações (offsets)<br />

de biodiversidade, água (water bonds), bancos de habitat<br />

de espécies ameaçadas (species banking) e uma vasta gama<br />

de novos “ativos ambientais” aos quais correspondem a<br />

260<br />

criação de novos mercados internacionais, como o já<br />

existente mercado de carbono.<br />

Economia verde, um slogan eficaz<br />

A disseminação da “economia verde” como um slogan<br />

foi muito efetiva – política e ideologicamente – para<br />

ajudar a forjar uma potente narrativa unificadora e,<br />

ao mesmo tempo, catalisar o sentido de envolvimento<br />

necessário no período pós-crise financeira. A “economia<br />

verde” ganhou crescente visibilidade e entrou<br />

no mainstream do discurso político, nas falas de chefes<br />

de Estado, ministros de Finanças, nos comunicados<br />

do G20 e outros, especialmente a partir de outubro de<br />

2008 e do chamado a um Novo Acordo Verde Global<br />

(Global Green New Deal) feito pelo Pnuma. 11 Concebida<br />

e desenhada como uma resposta oportuna e adequada<br />

em termos de políticas abrangentes para enfrentar a<br />

crise financeira, a proposta de um Novo Acordo Verde<br />

Global foi um dos primeiros resultados da Iniciativa<br />

para a Economia Verde (Green Economy Initiative),<br />

que envolve mais de vinte agências do sistema onu. 12<br />

261<br />

11 Resumo para formuladores de políticas: . Informe<br />

completo: .<br />

12 A Green Economy Initiative é uma das nove Iniciativas Conjuntas<br />

para a Crise ( Joint Crisis Initiatives) nas quais estão todas as<br />

agências das Nações Unidas, lançada pelo un System’s Chief<br />

Executives Board em princípios de 2009. Neste contexto, a<br />

Iniciativa inclui um amplo leque de atividades e eventos de pesquisa<br />

e capacitação que envolve mais de vinte agências da onu,<br />

incluindo as instituições de Bretton Woods (Banco Mundial,<br />

fmi e outros), assim como um Grupo de Gestão do Tema (Issue<br />

Management Group) específico para a economia verde, lançado<br />

em Washington, dc, em março de 2010 ().

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