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Descolonizar_o_Imaginario_web

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pessoal (...) Como os capitais travam a coisa, como atuam em<br />

contradição com o cumprimento de direitos básicos.<br />

Esses fatores de poder implicam mecanismos de controle<br />

para a tomada de decisões dos funcionários que “decidem”.<br />

As entidades e os grupos de capital têm influência em setores<br />

da institucionalidade que podem aplicar sanções, e, a partir<br />

disso, tentam pressionar, controlar e definir:<br />

Mobilizam os organismos de controle (...), então, enviam para<br />

você o controle de advertências. Você já leva um susto como um<br />

funcionário que pode ser inabilitado; então, por causa desse<br />

susto, acaba não tomando a decisão (...) Ativam isso, e você<br />

já sabe que é um controle político (...) Se ativam o aparato<br />

sancionador do Estado, [é] para mantê-lo na linha. Eu, por<br />

exemplo, tenho duas sanções: uma da Controladoria e outra da<br />

personería, e fazem isso para assustar.<br />

No caso de um governo local, implementar uma política<br />

pública de construção de moradias populares passa por chegar<br />

a um acordo com quem fornece o material de construção:<br />

Há decisões que você toma que podem afetar efetivamente a<br />

dinâmica de emprego em um setor completo de uma cidade,<br />

que podem fazer subir e baixar os preços dos materiais, como no<br />

transporte público. Como nós fazemos para transformar todo o<br />

transporte público em elétrico, para que haja menos poluição?<br />

Precisamos dos quatro ou cinco operadores da empresa privada<br />

de transporte, porque o Estado não tem a capacidade nem o<br />

dinheiro para fazer sozinho.<br />

Os mecanismos que garantem o status quo, a prevalência<br />

dos eixos de dominação sobre outras posturas mais progressistas,<br />

estão presentes na burocracia estatal. Uma pessoa<br />

entrevistada assinala que “existem correntes que simplesmente<br />

lucram a partir do Estado: as que sempre lucraram<br />

com o negócio da redistribuição da renda do petróleo”.<br />

Outro dos entrevistados disse que um dos limites<br />

das instituições está na personalização. Há fatores<br />

políticos, mas também interesses pessoais – e,<br />

inclusive, egos.<br />

Há pressões que ocorrem por conta dos debates sobre o<br />

controle político ou por querer pressionar certas decisões que<br />

alguém tenha de tomar. Essa é a principal [limitação] do<br />

fator político. (...) Você acaba administrando os egos de<br />

todos os companheiros de trabalho para que a coisa ande,<br />

porque as instituições acabam se personalizando.<br />

As escalas são importantes para se ter maior ou<br />

menor margem de ação. “Acho que há mais poder em<br />

cargos de menor representatividade, mas, claro, esse<br />

poder é circunscrito e está restrito ao cargo.” Em escala<br />

local, as mobilizações, o poder cidadão e administrar<br />

em união com movimentos sociais podem ser estratégias<br />

para acumular maior poder e tomar decisões.<br />

As constituições e as instituições<br />

Na região andina, houve um ponto de ruptura com<br />

as novas constituições, com avanços importantes em<br />

matéria de direitos, de fomento à economia social e<br />

solidária e de espaços de construção de poder popular.<br />

Em um dos países, a participação social foi incorporada<br />

como quinto poder, através do Conselho de<br />

Participação Cidadã.<br />

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