Revista Portal Virtual idPRESS, março 2018

o analista
CRÔNICAS E ARTIGOS QUE AJUDAM A ENTENDER
O MUNDO E O PAÍS MUITO ALÉM DO SIMULACRO POLÍTICO
A Morte Anunciada
de Nossos Rios
Embu Mirim e
Ribeirão da Ressaca
Por Gabriel Fidelis
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Os rios Embu Mirim e Ribeirão da Ressaca,
que correm separados por um longo caminho,
justamente, no centro histórico de Embu das Artes -
como que um presente da natureza - unem-se em um
só corpo d’água formando o nosso Rio Embu Mirim - o
maior fornecedor de águas para a Represa do Guarapiranga.
Embu das Artes pertence a três bacias
hidrográficas: a do Rio Cotia; do Rio Pirajussara e do
Rio Embu Mirim.
Como está a situação desses mananciais?
Bacia do Rio Cotia: Apesar da porção embuense
estar inserida, em quase sua totalidade, dentro de uma
APA - Área de Proteção Ambiental, sofre todos os tipos
de agressões ambientais, principalmente, pela falta de
uma política pública responsável e coerente com a
geografia local. Por exemplo, em 2015, o Governo
Municipal aprovou o corredor industrial que margeia
toda essa área, ameaçando o ecossistema existente.
Contudo, a ação de Organizações Não-Governamentais,
de moradores e de suas associações de bairro
conseguiu atenuar o efeito da presença dessas
indústrias.
Bacia do Rio Pirajussara: Infelizmente, a região já
foi totalmente degradada. O local está 100% habitado
e possui pouquíssimas e pequenas áreas verdes. Alta
densidade demográfica.
Bacia do Rio Embu Mirim: O prinipal fornecedor
de águas do sistema Guarapiranga é formado por dois
rios: Ribeirão da Ressaca e Embu Mirim.
O Ribeirão da Ressaca, por pertencer à área
rural, cercada de chácaras e sítios, com baixo número de
habitantes, ainda respira vida. Mas, infelizmente, por
causa da mudança no Plano Diretor no que diz respeito
ao uso e ocupação do solo, está sendo ameaçado por
grandes obras com suas movimentações de terras (quase
sempre sem licença da Cetesb), que matam suas
nascentes e assoreiam seu leito. Com o surgimento de
pequenas vilas que soltam o esgoto e todo tipo de lixo em
seu curso, o ribeirão tem trechos que adoecem, nos
preocupando muito e dando sinais de que se não for
socorrido a tempo, poderá entrar em situação crítica e
irreversível como fornecedor de água limpa.
O Rio Embu Mirim morre todos os dias um
pouquinho mais. Já está há muito tempo na UTI,
afetado por ações de indústrias e galpões gigantescos
que foram erguidos às suas margens. As matas ciliares
que formam sua constituição são tombadas ao chão
diante de nossos olhos, sem nenhum ressentimento.
Com isso, as nascentes vão morrendo, uma a uma,
secando seu leito. Não bastasse isso, recebe em seu
curso esgotos domésticos in natura e resíduos
industriais sem tratamento.
Diversos relatórios e/ou projetos produ-zidos
por especialistas e entidades como a SEAE - Sociedade
Ecológica Amigos de Embu, sobre a recuperação de
nosso Embu Mirim, foram apresentados ao Governo
Municipal ao longo dos anos sem nenhuma resposta.
Infelizmente, se nada for feito imediatamente, a futura
geração (já na próxima década), não conhecerá nosso
rio, a não ser nos livros de História. Nosso rio Embu
Mirim agoniza, pedindo socorro diante de nossos olhos.
Gabriel Fidelis
Funcionário Público. Ex-vereador de Embu das Artes do PV.
Bacharel em Ciências Contábeis. Pós Graduado - MBA em
Controladoria de Empresas. Pós Graduando em Gestão Pública
Municipal - Universidade Federal de São Paulo - Osasco
Fontes de Pesquisas:
http://www.embudasartes.sp.gov.br/e-gov/public/arquivos/2009/3/atlas.pdf
http://seaembu.org/seae/
http://seaembu.org/seae/embu-das-artes/documentario-embu-terra-das-artes/