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8 <strong>Abordag<strong>em</strong></strong> Ambiental Interdisciplinar <strong>em</strong> Bacias Hidrográficas <strong>no</strong> <strong>Esta<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />
Box 1.3<br />
Processos forma<strong>do</strong>res de vertentes<br />
(modifica<strong>do</strong> de BIGARELLA; MOUSINHO;<br />
SILVA, 1965)<br />
As atividades que esculp<strong>em</strong> as vertentes são<br />
comandadas por processos de degradação<br />
lateral, levan<strong>do</strong> ao desenvolvimento de<br />
pedimentos (áreas aplainadas, com ligeira<br />
inclinação, cobertas por cascalho ou areia,<br />
entre áreas com extensos afloramentos de<br />
rocha nua ou lev<strong>em</strong>ente alterada encontrada<br />
<strong>no</strong> sopé de maciços montanhosos ou<br />
<strong>em</strong>butida <strong>no</strong>s vales), alterna<strong>do</strong>s com fases de<br />
dissecação vertical. A formação de<br />
pedimentos dar-se-iam sob condições mais<br />
secas <strong>em</strong> clima s<strong>em</strong>i-ári<strong>do</strong> com chuvas<br />
concentradas e torrenciais. Já os processos de<br />
degradação vertical ou dissecação ocorr<strong>em</strong><br />
sob condições mais úmidas. A figura ao la<strong>do</strong><br />
indica <strong>em</strong> 1 superfície sob condições de<br />
umidade, <strong>em</strong> 2 e 3 formação de pedimentos<br />
sob condição climática mais seca e <strong>em</strong> 4<br />
degradação vertical sob condições mais<br />
úmidas.<br />
Em Pd , a paisag<strong>em</strong> estava dissecada pela<br />
1<br />
Fase úmida<br />
1<br />
Transição para<br />
s<strong>em</strong>i-ári<strong>do</strong><br />
2<br />
Fase s<strong>em</strong>i-árida<br />
3<br />
Fase Úmida<br />
4<br />
(modifica<strong>do</strong> de BIGARELLA, 2003)<br />
vigência de uma época úmida. Com a mudança climática para s<strong>em</strong>i-aridez, to<strong>do</strong> o material<br />
acumula<strong>do</strong> foi r<strong>em</strong>ovi<strong>do</strong> para as depressões <strong>do</strong> terre<strong>no</strong> pelos processos de movimentos de massa<br />
que entupiram com sedimentos a calha de drenag<strong>em</strong>. A agradação contínua <strong>do</strong> vale elevou por<br />
sedimentação o nível de base local (linha altimétrica abaixo da qual um rio não consegue mais<br />
erodir, pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a deposição), o qual começou a controlar os processos de morfogênese<br />
mecânica. Estes foram responsáveis pela elaboração <strong>do</strong> pedipla<strong>no</strong> Pd . Um equilíbrio foi<br />
1<br />
estabeleci<strong>do</strong> entre a chegada de detritos das vertentes e a r<strong>em</strong>oção <strong>do</strong>s mesmos através da calha<br />
de drenag<strong>em</strong>. Seus r<strong>em</strong>anescentes subsist<strong>em</strong> como altos terraços (Tpd ) localiza<strong>do</strong>s próximos às<br />
1<br />
margens da bacia. Esses terraços correspond<strong>em</strong> lateralmente ao pedipla<strong>no</strong> Pd . Eles são manti<strong>do</strong>s<br />
1<br />
por depósitos de cascalho constituí<strong>do</strong>s por seixos arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s a subarre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s. O grau de<br />
arre<strong>do</strong>ndamento <strong>do</strong>s seixos <strong>do</strong>s depósitos de terraço contrasta grand<strong>em</strong>ente com a natureza<br />
angular <strong>do</strong>s seixos deriva<strong>do</strong>s diretamente <strong>do</strong>s processos de pediplanação ou de pedimentação.<br />
Os sist<strong>em</strong>as de drenag<strong>em</strong> eram possivelmente constituí<strong>do</strong>s por canais anastomosa<strong>do</strong>s (canal<br />
fluvial que se divide <strong>em</strong> vários canais curvilíneos me<strong>no</strong>res) onde os fluxos eram efêmeros. Seus<br />
depósitos são raramente preserva<strong>do</strong>s pela ação de ciclos subsequentes. Embuti<strong>do</strong>s <strong>no</strong> pedipla<strong>no</strong><br />
Pd encontram-se <strong>do</strong>is níveis de pedimentos P P . A esses pedimentos correspond<strong>em</strong> terraços<br />
1 2 1<br />
fluviais referi<strong>do</strong>s como Tp e Tp .<br />
2 1<br />
Após a elaboração <strong>do</strong> Pd teve vigência uma época úmida que foi responsável pela dissecação<br />
1<br />
desse pedipla<strong>no</strong>. Durante o processo erosivo, a drenag<strong>em</strong> foi parcialmente superimposta nas<br />
estruturas geológicas. Na região compreendida pela bacia <strong>do</strong> antigo pedipla<strong>no</strong>, desenvolveramse<br />
muitas soleiras, algumas delas controlan<strong>do</strong> os principais tributários. Dessa forma a bacia<br />
original foi subdividida <strong>em</strong> outras de me<strong>no</strong>r tamanho. Nas <strong>bacias</strong> me<strong>no</strong>res (alvéolos) teve lugar a<br />
próxima época de pedimentação sob condições s<strong>em</strong>i-áridas que promoveram a degradação<br />
lateral da paisag<strong>em</strong> com formação <strong>do</strong> pedimento P . Somente as principais soleiras passaram a<br />
2<br />
controlar como níveis de base locais, enquanto as outras foram arrasadas ou eliminadas pelos<br />
processos de degradação lateral.<br />
Após a formação <strong>do</strong> pedimento P sobreveio uma <strong>no</strong>va época climática úmida. R<strong>em</strong>anescentes<br />
2<br />
<strong>do</strong> P encontram-se preserva<strong>do</strong>s <strong>em</strong> vários lugares, comumente como ombreiras. Níveis de<br />
2<br />
soleira desenvolveram-se na bacia. Muitas delas tornaram-se níveis de base na época s<strong>em</strong>i-árida<br />
seguinte que origi<strong>no</strong>u o pedimento P 1. . Durante a época de elaboração <strong>do</strong> P 1, a bacia <strong>do</strong> P 2, foi<br />
subdividida <strong>em</strong> muitas <strong>bacias</strong> me<strong>no</strong>res, aumentan<strong>do</strong> o número de compartimentos onde houve<br />
pedimentação. O desenvolvimento de cada alvéolo foi controla<strong>do</strong> pelas soleiras mais<br />
importantes e resistentes situadas ao longo <strong>do</strong> perfil longitudinal <strong>do</strong> rio.<br />
Nova época úmida sucedeu o perío<strong>do</strong> s<strong>em</strong>i-ári<strong>do</strong> P 1 acampanhada de dissecação <strong>do</strong> relevo. O<br />
pedimento P foi disseca<strong>do</strong> e seus r<strong>em</strong>anescentes encontram-se como ombreiras nas vertentes.<br />
1<br />
Os episódios s<strong>em</strong>i-ári<strong>do</strong>s subsequentes não foram suficient<strong>em</strong>ente energéticos para originar<br />
<strong>no</strong>vos níveis de pedimentos. Entretanto, foram forma<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is níveis de baixos terraços de<br />
cascalho (Tc , Tc ), os quais faz<strong>em</strong> parte <strong>do</strong> plai<strong>no</strong> aluvial. As condições de s<strong>em</strong>i-aridez<br />
2 1<br />
relativamente curtas ou suaves não permitiram a formação de pedimentos típicos. Nessas<br />
condições ocorreu a denudação acelerada das vertentes com acumulação de detritos <strong>no</strong> fun<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> vale através de movimentos de massa. A r<strong>em</strong>oção <strong>do</strong> material fi<strong>no</strong> causou a concentração <strong>do</strong><br />
material rudáceo, o qual constitui grande parte <strong>do</strong>s detritos.<br />
Referências<br />
Pd3<br />
Pd2<br />
P2 Tp 2<br />
P1 Tp 1<br />
Rc Tc 2<br />
Pd1 Tpd<br />
Representação esqu<strong>em</strong>ática das relações espaciais existentes <strong>em</strong>tre as superfícies degradacionais e<br />
agradacionais. Pd - pedipla<strong>no</strong>; Tpd - terraço correspondente a um pedipla<strong>no</strong>; P - pedimento; Tp -<br />
terraço correspondente a um pedimento; Rc - rampa colúvio-aluvionar; Tc - baixo terraço de<br />
cascalheiro; Tv - terraço de várzea; To - várzea atual (BIGARELLA; MOUSINHO; SILVA, 1965).<br />
BIGARELLA, J.J.; MOUSINHO, M.R.; SILVA, J.X. Pedipla<strong>no</strong>s pedimentos e seus depósitos correlativos <strong>no</strong> Brasil.<br />
Boletim Paranaense de Geografia, Curitiba, n. 16/17, p. 117-151, 1965.<br />
BIGARELLA, J. J. Estrutura e orig<strong>em</strong> das paisagens tropicais e subtropicais. Contribuições de Everton Passos et<br />
al. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2003. v. 3, cap. 15-22, p. 884-1436.<br />
Rc<br />
Tc 1<br />
Tv<br />
To