Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
22 <strong>Abordag<strong>em</strong></strong> Ambiental Interdisciplinar <strong>em</strong> Bacias Hidrográficas <strong>no</strong> <strong>Esta<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />
Grupo Tubarão<br />
É forma<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is subgrupos: Itararé e Guatá, este constituí<strong>do</strong> por<br />
duas formações; Rio Bonito e Palermo.<br />
Após a deposição da Formação Ponta Grossa ocorreu durante o<br />
Carbonífero Inferior um longo perío<strong>do</strong> de erosão e denudação acompanha<strong>do</strong> de<br />
movimentos epirogênicos lentos. O relevo era relativamente suave.<br />
A partir <strong>do</strong> Devonia<strong>no</strong> o clima sofreu um resfriamento progressivo<br />
culminan<strong>do</strong> com a Glaciação Gondwânica <strong>no</strong> Carbonífero Superior (Figura<br />
1.30). A direção <strong>do</strong> movimento das geleiras durante a glaciação gondwânica de<br />
acor<strong>do</strong> com vários autores está assinalada na figura 1.31.<br />
Durante a glaciação grandes extensões <strong>do</strong> Brasil Sudeste, Meridional e<br />
Mato Grosso <strong>do</strong> Sul estiveram cobertas por uma geleira continental. No <strong>Paraná</strong><br />
foram reconheci<strong>do</strong>s quatro avanços <strong>do</strong> gelo intercala<strong>do</strong>s com épocas<br />
interglaciais. Na segunda época glacial, durante o recuo das geleiras foi<br />
deposita<strong>do</strong> o Arenito de Vila Velha (Figura 1.32).<br />
No Carbonífero Superior, as geleiras procedentes de sul sudeste<br />
avançaram várias vezes para <strong>no</strong>rte <strong>no</strong>roeste, deixan<strong>do</strong> uma série de depósitos<br />
característicos representa<strong>do</strong>s por sedimentos glaciais, periglaciais e interglaciais,<br />
com camadas de carvão interglaciais depositadas numa paisag<strong>em</strong> com inúmeros<br />
lagos origina<strong>do</strong>s pelo recuo das geleiras (Figuras 1.33 a 1.35).<br />
Durante o avanço das geleiras o <strong>Paraná</strong> cobria-se com uma espessa<br />
camada de gelo continental com várias centenas de metros de espessura. Em seu<br />
lento e contínuo movimento arrastavam e incorporavam e<strong>no</strong>rmes quantidades<br />
de detritos, desde partículas finas até blocos e grandes matacões rochosos.<br />
Sen<strong>do</strong> a massa de gelo bastante plástica, os diversos materiais <strong>em</strong><br />
suspensão <strong>no</strong> gelo deslocavam-se para a base da geleira, onde se depositaram,<br />
forman<strong>do</strong> uma camada com até duas dezenas de metros de espessura, referida<br />
como moraina basal e, quan<strong>do</strong> litificada, como tilito. Para cada avanço da geleira<br />
formou-se um horizonte extenso de tilito, b<strong>em</strong> como superfícies estriadas<br />
(Figura 1.36) ou de diamictitio (tilito retrabalha<strong>do</strong>).<br />
Com a melhoria das condições climáticas, as geleiras recuavam devi<strong>do</strong> a<br />
um degelo generaliza<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> pela elevação da t<strong>em</strong>peratura global.<br />
Formavam-se fraturas e túneis por onde as águas <strong>do</strong> degelo escoavam<br />
retrabalhan<strong>do</strong> os depósitos basais e forman<strong>do</strong> outros tipos de sedimentos que<br />
deram orig<strong>em</strong> a arenitos e siltitos.<br />
Nos solos mal drena<strong>do</strong>s da planície de degelo, <strong>no</strong> Carbonífero Superior,<br />
coberta de peque<strong>no</strong>s lagos e pânta<strong>no</strong>s desenvolveu-se uma vegetação arbórea<br />
constituída de plantas pertencentes aos gêneros Glossopteris sp.,<br />
Gangamópteris sp., Phylloteca sp., entre outras, s<strong>em</strong>elhantes a espécies<br />
gigantescas <strong>do</strong>s fetos arborecentes atuais (Figuras 1.37 e 1.38) .<br />
Os sedimentos interglaciais estão representa<strong>do</strong>s por depósitos fluviais e<br />
marinhos de natureza eustática, evidenciada pelo Folhelho de Passinho, com<br />
Lingula imbituvensis (redefinida como Barroisella imbituvensis,<br />
posteriormente referida como Langella sp. por Mendes (1961), Orbiculoidea<br />
guaraunensis, Chonetes rionegrensis, entre outros .<br />
Glaciação Gondwânica<br />
Avanço da geleira<br />
Figura 1.30 - Bloco-diagrama esqu<strong>em</strong>ático da geleira continental que se deslocou para<br />
<strong>no</strong>rte <strong>no</strong>roeste (modifica<strong>do</strong> de BIGARELLA; BECKER; SANTOS, 1994).<br />
América<br />
<strong>do</strong><br />
Sul<br />
2<br />
3<br />
1<br />
África<br />
Figura 1.31 - Paleocorrentes,<br />
pavimentos estria<strong>do</strong>s e direções <strong>do</strong><br />
movimento <strong>do</strong> gelo relativos aos<br />
depósitos glaciais e periglaciais das<br />
glaciações gondwanicas (basea<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
DU TOIT, 1952; ROCHA- CAMPOS,<br />
1 9 6 3 , 1 9 6 7 , M A RT I N, 1 9 6 4 ;<br />
BIGARELLA; SALAMUNI 1967;<br />
FRAKES; CROWELL, 1969): 1 - Bacia<br />
<strong>do</strong> Karroo; 2 - bacia <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>; 3 -<br />
senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> transpor te médio<br />
correspondente aos depósitos glaciais<br />
e periglaciais de três glaciações<br />
gondwânicas <strong>no</strong> <strong>Esta<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. A<br />
direção média referida <strong>em</strong> “3” baseiase<br />
na orientação das estrias glaciais,<br />
petrofábrico <strong>do</strong>s tilitos e medidas de<br />
estratificação cruzada.