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Whiz 5ª Edição

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Assédio se configura como algo<br />

não desejado, que pode se tornar<br />

ameaçador e agressivo, existindo<br />

de forma verbal, física, emocional e sexual.<br />

Uma pesquisa feita pelo IBGE (Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística) com 503<br />

mulheres de todo país mostrou que todas elas<br />

sofreram assédio alguma vez na vida. Em uma<br />

sociedade que ainda se baseia em questões<br />

hierárquicas e de superioridade com relação<br />

ao outro, o assédio chega a se tornar rotineiro.<br />

Adentrando o universo feminino, a forma<br />

mais comum do assédio é o assobio, seguido<br />

de olhares insistentes. O cenário costuma<br />

ser a rua e, aparentemente, as coisas são mais<br />

fáceis. Acontece que assédio é muito diferente<br />

de elogio. O elogio existe para agradar, é uma<br />

demonstração que vai marcar alguém de forma<br />

positiva. O assédio não é uma proposta.<br />

É um insulto, um desrespeito, uma invasão<br />

da privacidade.<br />

A Frente Feminista Mackenzista, formada por<br />

um grupo de jovens feministas, estudantes<br />

da Universidade Presbiteriana Mackenzie,<br />

criou-se com o intuito de buscar formas<br />

de denunciar casos de machismo que ocorrem<br />

dentro da própria Universidade, além<br />

de divulgar o feminismo. Segundo elas,<br />

“a Universidade é local de desconstrução”.<br />

A estudante, que será identificada como C.S.,<br />

afirma ter vivido uma situação traumática<br />

de assédio. “Eu tinha em torno de 16 para 17<br />

anos, estudava fora do bairro onde morava e era<br />

responsável por levar e buscar minha irmã caçula<br />

que tinha uns 10 anos. Nós sempre voltávamos<br />

com um amigo nosso, motorista de ônibus, só<br />

que neste dia a gente atrasou e perdeu a viagem<br />

com ele. Pegamos outro ônibus, fui para o<br />

último banco e lá estava um rapaz. Eu, como<br />

protetora, sentei no meio, quando, de repente,<br />

ele me pergunta a hora e eu, educada, respondi.<br />

Ele insistiu e tocou no meu braço, sinalizou com<br />

a mão dele para baixo, em direção a sua virilha<br />

e eu, no automático, olhei. Na hora, vi o órgão<br />

genital dele para fora e entrei em choque, não<br />

tive reação, sempre fui uma moça tímida. Minha<br />

ação foi tentar tirar minha irmã de perto dele,<br />

mas quando vi, ele tinha algum tipo de canivete<br />

ou uma faquinha de cozinha pequena. Pedi para<br />

minha irmã não olhar para ele e ficar quieta.<br />

Quando ele deu sinal para descer, tocou<br />

no meu braço novamente com aquela mão<br />

nojenta e rapidamente desceu do ônibus. Graças<br />

a Deus minha irmã não viu nada, só depois lhe<br />

contei o que havia acontecido”.<br />

Esse tipo de situação também pode se expandir<br />

ao ambiente universitário. “Uma vez, no Mackenzie,<br />

Em entrevista à revista WHIZ, quando<br />

perguntada sobre o que as mulheres poderiam<br />

fazer no sentido de se protegerem, a Frente<br />

afirma que “as mulheres devem (embora<br />

muitas não o façam por medo de represálias,<br />

perseguições e até mesmo agressões) denunciar<br />

os casos de machismo e assédio para que o autor<br />

seja punido por seus atos”.<br />

Há anos, o assédio até poderia ser algo “normal”,<br />

pois não era devidamente discutido. Hoje, com<br />

o crescimento do feminismo, muitas mulheres<br />

acharam forças para lutar cada vez mais por seus<br />

direitos e por mais respeito diante à sociedade.<br />

No entanto, mesmo diante de tantas mudanças<br />

sociais, a mulher ainda é vista como submissa,<br />

indefesa e obrigada a obedecer às vontades<br />

do homem.<br />

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