Whiz 5ª Edição

junho, na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília,
onde 300 agasalhos e 40 cobertores foram distribuídos
para esses moradores.
O projeto também ajuda as drags a mostrarem seu poder,
principalmente quando estão “montadas”. “Queremos
entregar a nossa alegria, os nossos sorrisos, abraços
e, principalmente, apresentar para o público o que
é a arte drag. Além de ajudarmos, também estamos
mostrando que a drag queen está além dos palcos”,
afirmou Pikinéia Minaj, 30 anos, Gerente da Boate
Victoria Haus e Drag Blogueira.
Por definição, drag queens são artistas performáticas
que se montam com objetivos profissionais e artísticos,
mas as nossas protagonistas não se deixaram limitar.
“Ela [drag queen] pode estar no palco brilhando,
fazendo show e divertindo plateias, mas também pode
estar na rua mostrando que é um ser humano, e que
isso independe da sexualidade ou qualquer outro
conceito ou pré-conceito”, disse Laurie Blue, 24 anos,
WebDesigner e Drag DJ.
Com isso, o projeto ainda pode ser um exemplo
de conscientização sobre o mundo LGBT e o preconceito
que o envolve, já que até a década de 1960 as drags
eram completamente criminalizadas, e só a partir
do lançamento do filme “Priscilla Rainha do Deserto”
(1994) elas começaram a ganhar maior visibilidade,
fazendo com que atualmente seja possível assistirmos
reality shows inteiros dedicados somente a essas artistas,
como é o caso do “RuPaul’s Drag Race”.
Apesar de todas as questões, nossas heroínas não
pararam no primeiro projeto. No dia 29 de julho,
em parceria com a boate Victoria Haus, uma ação foi
feita para arrecadação de agasalhos, que foram todos
distribuídos no início do mês de agosto. Neste mesmo
mês começaram também a receber doações de alimentos,
que estão sendo entregues durante o mês de setembro.
Os projetos não vão se restringir apenas à Rodoviária
Plano Piloto, as artistas pretendem também realizar
a distribuição em cidades satélites. “Queremos que este
projeto cresça e por isso estamos fechando parcerias
com outros estados, o primeiro estado a abraçar a causa
é Recife”, conta Pikinéia. No município, o projeto foi
apoiado pela boate Maison Poison 666, que resolveu
“botar a cara no sol em prol da solidariedade” e fazer
a sua parte nessa corrente do bem.
De acordo com o comunicado da Maison Poison
666, em Recife não é necessário ser drag queen para
se juntar ao projeto e ir às ruas ajudar os que mais
precisam. Qualquer um pode entrar em contato com
os organizadores por mensagens em inbox no Facebook
e se juntar às queens da boate para apoiar o “Montadas
para o Bem”.
Campanhas como essa já vêm sendo realizadas há muito
tempo e ajudam milhares de pessoas ao redor do Brasil,
como, por exemplo, a Campanha do Agasalho feita pelo
Governo do Estado de São Paulo. Mas, aparentemente,
a situação crítica dos moradores de rua somada com
a crise financeira do país, faz com que os projetos já
existentes não sejam suficientes para ajudar a população
em situação de rua.
De acordo com a última pesquisa feita pelo Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome entre
os anos de 2007 e 2008, 31.922 pessoas utilizam
as ruas como forma de moradia no país, e essas são
as pessoas que mais precisam ser ajudadas, principalmente
entre as estações de outono e inverno. O que devemos
nos conscientizar é que nossas heroínas de maquiagem
e peruca estão fazendo a parte delas e que nós devemos
nos engajar e abraçar causas que sejam tão significantes
quanto essa, para assim fazer a nossa parte.
Para mais informações
e para conhecer o projeto
mais de perto, acesse:
facebook.com/montadasparaobem
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