Whiz 5ª Edição

uma prancha. Logo aos 15 anos, ele havia tornado-se
o mais jovem a ganhar uma competição profissional,
o Circuito Brasileiro, vencendo a etapa do SuperSurf
em 2002. “Ah, com essa idade já tinha bem definido
na cabeça que queria ser surfista profissional e ser
campeão mundial. Foi talvez a confirmação de que estava
no caminho certo”, relata o desportista.
Nascido e criado em uma comunidade no Guarujá,
Mineirinho conta em entrevista exclusiva para a Whiz que
deixou de ter o surf como um hobby e passou a praticá-lo
como uma profissão quando percebeu que poderia ajudar
sua família com o esporte. Contudo, a maior dificuldade
encontrada até hoje é a obtenção de recursos para que
ele pudesse participar das competições que sempre
ocorrem em “lugares paradisíacos e muito badalados”.
A falta de recursos é um problema enfrentado por
diversos esportistas brasileiros, principalmente surfistas
que não obtinham o reconhecimento da população
por falta de informação e por tratar-se de um esporte
relativamente novo.
Apesar de todas as dificuldades, Adriano vem fazendo
história desde cedo, mas foi em 2011 que ele iniciou
sua trajetória e direcionou os holofotes para o maior
país da América Latina. “É muito bom ver nosso esporte
em evidência e ver tanta gente que batalhou por ele
colher os frutos”, declara o surfista, que foi o primeiro
brasileiro a liderar o ranking mundial do esporte após
a etapa da ASP World Tour. Já em 2015, ele obteve
duas novas conquistas que marcaram história,
foi o primeiro brasileiro a ganhar a última etapa
da WCT em Pipeline, além de participar da final contra
o Medina, realizando a primeira final somente entre
brasileiros, trazendo o título para casa pelo segundo ano
consecutivo.
Apesar de quando menino já terem “tirado onda”
com a sua relação com o surf, não foi nada que
o incomodasse. Adriano conta também que sempre
teve seu trabalho reconhecido, mas que assim como
qualquer esportista, sempre teve seus ídolos, entre eles
Ayrton Senna. Já dentro do próprio esporte, Fábio
Gouveia, Vitor Ribas e Teco Padaratz, sempre foram
exemplos e serviam de espelho.
Quando questionado a respeito da sua relação com os fãs
e o que acha de ser um exemplo para surfistas iniciantes,
Adriano responde: “é legal ser um bom exemplo, tanto
dentro quanto fora das águas”. Completa dizendo
que “é bom tratar bem quem nos impulsiona
e incentiva”, agindo com naturalidade.
Falando ainda sobre ídolos, Mineirinho afirmou
que Kelly Slater é um exemplo vivo, sendo o maior
campeão mundial com 11 títulos. Entretanto, há uma
rixa existente entre ambos, já que ele foi o brasileiro
que mais ganhou de Kelly por número de baterias,
vencendo de 11 a 15. Adriano afirma que a relação deles
é competitiva, principalmente porque nenhum dos dois
gosta de perder para o outro, mas que existe também
muito respeito e admiração fora das águas.
A relação com o Medina é um pouco diferente, as carreiras
alavancaram muito próximas e ambos representam o Brasil
no mundo do surf. Eles são competidores, mas ainda assim
próximos, já que foi Gabriel que passou o bastão de campeão
para Adriano em 2015.
“Desistir é uma palavra que não faz parte do meu dicionário.
Minha gana em vencer, ser o melhor, não me deixa
parar”, Mineirinho afirma que só vai abandonar
o surf no dia que sentir medo do mar. Enquanto
isso, a sensação de liberdade que ele sente surfando
só alimenta o sonho de ser bicampeão.
Quando o mar não for mais sua casa, Mineirinho
pretende passar tudo que aprendeu para aqueles
que hoje o tem como ídolo, assim como já vem fazendo
com seu projeto social “Eu Sou Campão”. Como último
recado para aqueles que amam o surf e tem o sonho
de seguir carreira, o Camisa 13 aconselha dizendo para
nunca desistirem, afinal foi assim que ele se tornou
Campeão Mundial.
23
Whiz 2016.2 5ª Edição.indd 23 06/09/2016 16:59:44