“Sustento que o sentimento religioso cósmico constitui a mais nobre e forte motivação para a pesquisa científica.” -Albert Einstein, Ideias e Opiniões, 1954.
don't kill MY VIBE E S C R I T O P O R : M O N I Q U E M A I A N N E E L E O N A R D O R I C I O L I “Resultado dos vestibulares disponíveis.” Corre pra ver a nota. “Mãe, passei. Pai, passei. Professor, passei.” Compartilha com os amigos. “E quem serão os novos amigos? Veteranos... Veteranos! Preciso me enturmar, tenho que parecer legal, mas como?” E assim se inicia a temporada de trotes, uma controversa tradição universitária brasileira: se por um lado há integração e recepção dos calouros, por outro há atos de humilhação, violência e desrespeitos físicos e morais realizados por parte dos veteranos, colocando os novatos em uma situação subalterna. Até parece uma prática criada recentemente, mas não é. Originado na Europa durante a Idade Média, os calouros do século V ao XV tinham suas roupas queimadas e cabelos raspados, práticas justificadas por medidas profiláticas, a fim de não propagar doenças, segundo Antonio Zuin, autor do livro “O Trote na Universidade: Passagens de um Rito de Iniciação”. Na etimologia da palavra, trote, dentre outros significados, simboliza o andar de certos quadrúpedes, como o cavalo, que é ensinado a trotar durante sua domesticação, um dos argumentos utilizado para retratar o ato tal como ele se mostra, uma série de práticas vexatórias, que tem como objetivo posicionar entidades, veteranos, alto escalão e “bixos”, subordinados. Vez que as universidades, em especial as públicas, são grandes centros elitistas e que o poder é misógino, racista e homofóbico, a situação do trote universitário se agrava quando se fala das minorias sociais. Concursos miss-bixete, black faces e simulação de sexo com bonecas infláveis são apenas exemplos das atividades que são tomadas como brincadeiras durante o ritual. Um dos grandes motes que acabam levando a uma “aceitação” do trote por parte dos bixos, é o medo de se tornar um “excluído social”.Muitos de nós, e eu digo nós, porque fui um desses, tiveram experiências péssimas no Ensino Médio.E quem passou por esse tipo de experiência no Ensino Médio não deseja passar por algo parecido no Ensino Superior. Somos primatas ultrasociais e, por mais que às vezes negamos isso, interações sociais, amizade, apoio e calor humano são coisas tão importantes quanto alimento e moradia. A experiência de viver um Ensino Médio solitário é assoladora.