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Jornal Mãos Unidas - Março/Abril 2019

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Pelas vítimas que<br />

gritam em silêncio<br />

Texto: Joana Marques \\ Fotografias: Tiago Frazão<br />

No dia 10 de fevereiro de <strong>2019</strong>, mais de 400 pessoas<br />

marcharam em silêncio pelas vítimas de violência<br />

doméstica. A organização não esteve ligada a nenhum<br />

partido político, sindicatos ou movimentos associativos.<br />

Chamo-me Joana Marques, tenho 34 anos e sou<br />

Assistente Social há 12 anos. Sou associada da<br />

Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião - Portugal e Integro o<br />

conselho consultivo desta organização.<br />

A marcha silenciosa pelas vítimas de violência doméstica<br />

consistiu num puro exercício de cidadania. Procurámos<br />

mobilizar as pessoas em torno de uma causa comum, que<br />

é uma causa a favor das vítimas e contra a violência.<br />

A iniciativa da marcha partiu de um grupo de cidadãos<br />

anónimos que se juntou e resolveu sair de casa, dos seus<br />

espaços de reflexão para vir para as ruas, juntamente com<br />

vítimas e ex-vítimas, no sentido de marcar uma posição.<br />

A organização da marcha foi divulgada a partir das redes<br />

sociais e surgiu a partir do momento em que a oitava<br />

mulher foi assassinada. Fez todo o sentido estarmos<br />

juntos em prol das vítimas, porque são elas que vivem<br />

todos os dias em silêncio e este silêncio tem um ruído<br />

diário. Um ruído que entrou na consciência de todos nós.<br />

da marcha. No dia 10 de fevereiro de <strong>2019</strong>, mais de<br />

400 pessoas marcharam em silêncio pelas vítimas de<br />

violência doméstica. A marcha chegou mesmo a obrigar<br />

ao corte total da circulação de trânsito. A organização<br />

não esteve ligada a nenhum partido político, sindicatos<br />

ou movimentos associativos.<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

31II<br />

A Marcha não teve a pretensão de apontar ou de dizer o<br />

que falhou. Sabemos que a violência doméstica é uma<br />

problemática complexa, abrangente e que envolve muitas<br />

pessoas, de todos os estratos sociais.<br />

Não nos consideramos especialistas da área, deixamos<br />

aos politólogos, aos especialistas, a quem discute a<br />

sociedade civil, para refletir sobre o poder simbólico<br />

A partir do Marquês de Pombal, os cidadãos dirigiramse<br />

para a Assembleia da República, caminhando atrás<br />

de uma faixa preta que apontava o dedo à violência:<br />

" Chega!" ; " Quem bate em alguém, agride toda a<br />

sociedade"; "Violência não tem desculpa, tem lei"; "<br />

A violência é a arma dos medíocres"; " A violência é<br />

cobardia".<br />

Uma marcha igualmente recheada de cartazes com frases

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