GAZETA DIARIO 866

Foz do Iguaçu, quinta-feira, 9 de maio de 2019
ESTELIONATO
Cidade
Trio é preso com mais de cem cartões
clonados em operação da Polícia Civil
Os criminosos, que são de Foz, faziam compras pela internet e abriam contas usando dados roubados de bancos; um juiz está entre as vítimas
Da redação
Reportagem
Três pessoas foram presas
em Foz do Iguaçu, na
manhã de ontem (8), suspeitas
de envolvimento
em um esquema de estelionato.
De acordo com a
Polícia Civil, os criminosos
clonavam cartões de
crédito e usavam os dados
das vítimas para fazer
compras pela internet.
A investigação teve
início na cidade de Cornélio
Procópio depois que um
juiz foi vítima do golpe. Ele
teve os dados bancários
usados pelo grupo e descobriu
o esquema após receber
uma ligação da
agência informando sobre
uma compra feita em Londrina,
cujo endereço de
entrega era de Foz.
Segundo o delegado
Francisco Sampaio, que
acompanha o caso, os
dados foram roubados de
um site da Justiça. "Tudo
começou com a compra
de um tênis. A priori
quem estaria realizando
essa compra era o magistrado,
mas na realidade
era um golpe. Eles conseguiram
dados, inclusive,
do Conselho Nacional
de Justiça, então não
temos noção ainda da
extensão desse vazamento
de informações. A
única certeza que temos
Foto: Polícia Civil
Polícia apreendeu cartões clonados, máquinas, celulares e fichas com dados de
vítimas na residência dos suspeitos
é que foi lançado um comunicado
oficial do CNJ
que de fato, em determinado
momento, aquele
sistema foi invadido",
disse.
Os suspeitos — uma
mulher, de 19 anos, e dois
homens, de 33 e 37 anos
— foram detidos em flagrante
em uma residência
localizada na Rua das
Missões, região do bairro
Vila Portes. Eles foram
conduzidos à 6ª Subdivisão
Policial e permanecerão
recolhidos na
carceragem provisória da
unidade até a audiência
de custódia, já que esse
tipo de crime não permite
a arbitragem de fiança.
Após o procedimento,
os três serão enviados a
um presídio.
Com os estelionatários
a polícia apreendeu
mais de cem cartões de
crédito e débito clonados,
60 cartões de recarga telefônica,
além de cinco
máquinas para utilização
dos cartões, celulares,
chips, dois notebooks,
um drone e dezenas de
fichas cadastrais das vítimas.
A lista inclui nomes
de juízes de direito,
promotores e outros funcionários
públicos de diversos
estados. O material
recolhido foi enviado
para perícia.
Além de realizar compras,
os criminosos usavam
os cartões para fazer
saques em contas bancárias.
A polícia acredita
que os valores obtidos
eram usados para abastecer
o tráfico e contrabando
de diversos produtos
na região.
As investigações devem
continuar, pois há
suspeita de que haja outros
envolvidos no esquema.
Segundo a polícia, os
detidos se reservaram o
direito de permanecerem
calados. Eles serão indiciados
pelos crimes de
estelionato, receptação e
associação criminosa.
09
Investigações prosseguem
"Um dos envolvidos apresentou um documento falso e
está sendo autuado também por falsidade ideológica.
Esse fato vai ser julgado aqui por Foz do Iguaçu, todavia
as investigações iniciais prosseguem lá por Cornélio
Procópio, e para lá nós enviaremos uma cópia completa
sobre a prisão em flagrante feita no dia de hoje",
esclareceu o delegado Francisco Sampaio.
A defesa dos três investigados já entrou em contato
com a delegacia e disse à impressa que ainda está
informando-se sobre as acusações. "Nós vamos
avaliar primeiro por quais os crimes que eles serão
enquadrados. Um deles já assumiu a autoria, mas os
outros dois, segundo eles, não têm nada a ver com o
caso", contou o advogado Sidnei Prestes Junior.
Ataque hacker no CNJ
O Conselho Nacional de Justiça divulgou, no dia 1º
de abril, um comunicado confirmando que o
endereço eletrônico do órgão havia sofrido uma
invasão. Mais de seis mil linhas de dados com
informações pessoais e credenciais de acesso para
serviços do portal foram roubadas. O caso está
sendo investigado. "O CNJ acionou as autoridades e
tomou as medidas necessárias para apurar os fatos
e manter a segurança do Portal", diz um trecho da
nota divulgada pelo conselho.
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