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Introdução<br />
A linha tênue entre a apropriação cultural e o consumo de culturas estrangeiras<br />
pode ser observado no âmbito econômico-financeiro da apropriação e do lado não<br />
monetário do consumo por fãs. O consumo de culturas orientais por moradores do ocidente,<br />
mais especificamente o K-POP, é tema de discussões sobre as formas de inserção,<br />
consumo e promoção do que vem a ser a música popular coreana pelos grupos de fãs<br />
e o impacto político-econômico resultante desse massivo consumo na Coreia do Sul.<br />
A criação de políticas externas Sul-Coreana no final dos anos 90 deu início<br />
a uma série de interposições culturais no âmbito continental e de forma gradativa<br />
e eficiente no mundial. Essa gradativa inserção é caracterizada pela estratégia<br />
política que chamamos de Soft Power (NYE, 2004), o qual pode ser explicado<br />
por pequenos passos adotados pelos países para a difusão de sua cultura, educação<br />
e língua a fim de influenciar o interesse e/ou comportamento de outrem.<br />
Essas estratégias políticas tiveram sucesso ao grandes empresas de entretenimento<br />
investirem na produção e promoção de música popular (K-POP), novelas<br />
e filmes coreanos, que vieram a se popularizar globalmente após uma década.<br />
A popularização da cultura Sul-Coreana e seu consumo (AMARAL, 2016),<br />
é caracterizado pelo termo Hallyu, ou onda coreana, que pode ser percebida em<br />
grupos de fãs (fandoms) e o massivo consumo, divulgação e remixagem do K-POP<br />
nas redes sociais digitais, onde está inserido seu maior público, os chamados<br />
fandoms transculturais, que são responsáveis por sua promoção e propagação.<br />
Soft Power e a atração cultural<br />
A busca pelo poder, e a sua manutenção, foi sempre um fato recorrente<br />
na história da humanidade: seja por conflitos armados como nas duas Grandes<br />
Guerras; pela posse de territórios como nas expansões marítimas e a Colonização<br />
das Américas e da África; ou até pela disseminação de ideias como ocorreu<br />
durante a Guerra Fria, entre Estados Unidos e União Soviética. Nesse sentido,<br />
pode-se observar que “poder” não é algo dotado de um único significado<br />
conceitual, pode-se haver dominação de um para outro de diferentes formas.<br />
Bobbio define poder como sendo a capacidade ou a possibilidade de agir,<br />
de produzir efeitos, podendo ser tanto referida a indivíduos e a grupos humanos<br />
como a objetos ou a fenômenos naturais (BOBBIO, 1976). Essa concepção define<br />
o que podemos chamar de “poder social” do qual diz respeito à vida dos seres<br />
humanos em sociedade, tratando das relações sociais estabelecidas entre eles.<br />
A soberania dos Estados consiste na ausência de um poder supranacional<br />
que possa comandar e exercer poder sobre estes. Para tanto, a legitimação e<br />
o reconhecimento deste poderio Estatal vem do que o Rousseau teorizou como o<br />
“Contrato Social”, onde os indivíduos renunciam da sua soberania individual para<br />
institucionalizar o poder e garantir os direitos e a segurança de todos (ROUSSE-<br />
AU,1762). Nesse sentido, o Estado é detentor legítimo do uso da força coercitiva.