Revista Aquaculture Brasil 17ed.
Março/Abril 2019
Março/Abril 2019
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MAR/ABR 2019<br />
• Desenvolver mais formas de gerar valor na<br />
produção, com insumos, produtos e processos;<br />
• Aumentar a resiliência da produção realizada por<br />
comunidades.<br />
Além da recuperação de resíduos como matériaprima<br />
de alto valor, numa Economia Circular<br />
produtores deverão repensar a maneira de usar os<br />
equipamentos e máquinas de pesca e aquicultura.<br />
Para tanto, produtores colaborando em toda a cadeia,<br />
precisam questionar alguns processos e práticas atuais<br />
em busca de soluções inovadoras e novos modelos de<br />
comercialização que irão exigir a agregação de mais<br />
atividades e atores à cadeia de valor. Neste sentido,<br />
modelos de compartilhamento e contratos de aluguel<br />
e leasing ao invés da transferência de posse, devem ser<br />
desenvolvidos para incluir a manutenção e a revenda e<br />
prever a remanufatura e o upgrade de equipamentos,<br />
utensílios e instalações. Sistemas econômicocirculares,<br />
exigirão ainda diferentes cadeias de logística<br />
e redistribuição, tanto para recuperação do valor de<br />
resíduos quanto para a utilização compartilhada de<br />
equipamentos, utensílios e instalações pelo máximo de<br />
tempo e qualidade, e demandando regulamentações<br />
adequadas para as novas atividades da cadeia circular<br />
de produção.<br />
Conclusão<br />
A economia circular depende da colaboração entre<br />
produtores. Sua finalidade é maximizar o uso eficiente<br />
e efetivo de materiais e isso envolve compartilhar<br />
recursos e estabelecer correspondências entre as<br />
atividades produtivas e as necessidades de insumos das<br />
partes de um sistema produtivo. Para tanto, existem<br />
algumas etapas para planejar cadeias de valor para uma<br />
economia circular:<br />
1. Analisar o potencial dos modelos em<br />
economia circular para as cadeias de valor;<br />
2. Conscientização para mudar a mentalidade e<br />
o comportamento nas atividades e operações;<br />
3. Aprofundamento nos conceitos e incentivo ao<br />
empreendedorismo;<br />
4. Estabelecer arranjos e associações para<br />
colaboração, compartilhamento e simbiose industrial;<br />
5. Repensar modelos de negócios baseados<br />
na posse de produtos e atrair investimentos para<br />
inovações.<br />
Para o setor de pescado, encontrar sinergias e<br />
estabelecer associações construtivas essenciais em<br />
nível local, é fundamental o desenvolvimento de<br />
relações entre pescadores, produtores de aquicultura,<br />
indústrias, sociedade civil e instituições locais. Isso<br />
pode acontecer no nível de uma única iniciativa, como<br />
a criação de uma cadeia de fornecimento de conchas<br />
de moluscos ou de carapaças de crustáceos, que<br />
exigirá o envolvimento de várias partes interessadas<br />
e dependendo da escala de atuação, pode ser ser<br />
necessário mobilizar mais parceiros, identificar e<br />
apoiar o desenvolvimento de ideias inovadoras para<br />
atividades específicas em economia circular e estudar<br />
outras sinergias.<br />
Consulte as referências bibliográficas em<br />
www.aquaculturebrasil.com/artigos<br />
Indústria de pescado e o plástico (Burch et al. 2019):<br />
Graças à sua natureza resistente à decomposição,<br />
o plástico provou ser extremamente eficaz no meio<br />
marinho. A indústria de pescado é, como outras,<br />
também dependente do plástico para, por exemplo,<br />
as artes de pesca, equipamento de aquicultura,<br />
engradados, embalagem, etc (Figura 02). No entanto,<br />
o plástico é um material não biodegradável derivado<br />
de combustíveis fósseis, que causam prejuízo aos<br />
ecossistemas marinhos.<br />
De fato, as comunidades piscatórias estão bem<br />
conscientes das consequências devastadoras que os<br />
microplásticos têm para os organismos marinhos. Mais<br />
de 80% do lixo marinho da Europa é composto de<br />
plástico de diferentes tipos e estima-se que 27% (11<br />
000 toneladas) são resíduos de plástico de artes de<br />
pesca (redes, cordas, barcos, armadilhas, etc.). Isso<br />
faz com que o manejo do plástico seja uma prioridade<br />
também para pescadores e produtores de aquicultura,<br />
se desejarem um ecossistema marinho saudável capaz<br />
de manter a produtividade da atividade (Figura 03).<br />
Exemplos de inovações que substituem o plástico<br />
de fontes fósseis:<br />
• Novo composto bioplástico biodegradável com<br />
base biológica e compostável, fabricado industrialmente<br />
a partir de conchas de ostras. Este material poderia ser<br />
usado para criar coletores de sementes de ostra;<br />
• A corda usada para cultivo de mexilhões foi<br />
substituída por algodão biodegradável. Esta solução foi<br />
copiada do sistema Hairy Rope da Nova Zelândia e,<br />
além de respeitar o meio ambiente, é mais eficaz para<br />
semear filetes e coletar mexilhões.<br />
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