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RCIA - ED. 130 - MAIO 2016

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SILAS, ADEUS<br />

Partiu quem alegrava<br />

as nossas tardes de<br />

domingo na Fonte<br />

A Ferroviária perdeu um<br />

dos seus mais importantes<br />

torcedores: Silas Savassi que<br />

mostrava como gandula, a<br />

alegria de uma eterna criança.<br />

Ele faleceu aos 54 anos, tendo<br />

no olhar a inspiração de quem<br />

sempre estava começando no<br />

futebol.<br />

Há 35 anos, chegava em Araraquara a<br />

família Savassi, “seo” Arnaldo e dona Therezinha,<br />

vindos de Taquaritinga. Com eles<br />

veio já moço Silas, adorador do futebol.<br />

Poderia ser estranho o comportamento<br />

para um rapaz com 20 anos de idade. Isso<br />

era o de menos. O importante era que ele<br />

conseguia transmitir para os jogadores e o<br />

público da Fonte, um show.<br />

O pequeno Silas acompanhava o Clube<br />

Atlético Taquaritinga e entrava com os<br />

jogadores no Estádio Municipal Adail Nunes<br />

da Silva. Já em Araraquara, quando<br />

descobriu a Ferroviária graças ao eterno<br />

amigo e fotógrafo, Tetê Viviani, continuou<br />

a fazer a mesma coisa: entrar em campo<br />

e ser gandula nos jogos da AFE.<br />

Seu pai, que não é muito fã de futebol,<br />

levava Silas até a Fonte Luminosa ou ele<br />

mesmo se aventurava com sua mobilete<br />

pela Via Expressa, que na época terminava<br />

justamente ao lado do estádio. Mesmo<br />

sendo sócio do clube, fazia questão<br />

de pagar o ingresso e entrava em campo<br />

com os jogadores para, em seguida, ser<br />

gândula.<br />

Silas não precisava se fantasiar para<br />

alegrar os presentes durante o intervalo<br />

da partida. Ele criava a fantasia. Bastava<br />

pegar apenas uma bola murcha que<br />

sempre carregava consigo, para colocar<br />

na marca da cal e chutar ao gol para que<br />

todos fossem ao delírio absoluto, mesmo<br />

quando o jogo não valia o preço do<br />

ingresso. Este era o grande<br />

orgulho para aquele jovem<br />

rapaz que queria oferecer<br />

alegria para as pessoas<br />

com suas pequenas palhaçadas.<br />

Encerrava dando<br />

uma volta olímpica no gramado,<br />

acenando para os<br />

torcedores.<br />

É de se invejar as fotos<br />

tiradas por ele, sempre ao<br />

lado dos grandes ídolos<br />

do futebol, como Sócrates,<br />

Marcão, Douglas Onça,<br />

Maurílio, Serginho Fladinha<br />

(Palmeiras), Leão e Paschoal da<br />

Rocha, que não era jogador, mas sempre<br />

frequentou a Ferroviária ao lado de<br />

Silas.<br />

Contam que não fazia apenas o papel<br />

carismático dentro de campo. Fora dele,<br />

ia sempre às missas da Igreja do Carmo e<br />

deixava tudo arrumado para que o padre<br />

pudesse iniciar a cerimônia, e isso ele<br />

sempre fez por vontade própria. No período<br />

natalino, tinha o prazer de se fantasiar<br />

de Papai Noel para alegrar as crianças,<br />

sempre querendo vê-las felizes.<br />

Arnaldo, depois da partida do filho,<br />

ainda sente falta da eterna criança que<br />

tinha em casa lhe fazendo companhia:<br />

“Sei que agora ele está em um lugar<br />

melhor. Era uma pessoa que transmitia<br />

Brincando no<br />

intervalo do jogo<br />

32<br />

Sorrindo e com a bandeira<br />

enrolada no corpo,<br />

características de um<br />

senhor-criança<br />

felicidade e alegria para todos. As coisas<br />

mais importantes na vida dele eram Ferroviária<br />

e Palmeiras. Nunca me deu trabalho<br />

e sempre deixava a casa arrumada<br />

sem que eu pedisse alguma coisa para<br />

ele”, conta o pai.<br />

Na década de 90, Silas parou de ir<br />

à Ferroviária. Brigou com alguém, coisa<br />

que Arnaldo nunca descobriu, pois Silas<br />

hesitava em falar sobre o assunto. Mas,<br />

com certeza, ele acompanhou o drama<br />

do que foi ficar 19 anos longe da elite<br />

paulista e conseguiu sentir o sabor do<br />

que é voltar para o lugar onde a Ferroviária<br />

jamais deveria ter saído.<br />

Com o artilheiro<br />

Marcão<br />

Ao lado de Sócrates,<br />

do Corinthians

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