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<strong>ED</strong>ITORIAL por: Ivan Roberto Peroni Comércio antigo faz opção e vai para os corredores emergentes nos bairros Há cerca de 10 anos a nossa revista dizia que grande parte do varejo central estava deixando o comércio antigo, afivelando as malas e indo para os corredores comerciais; alguns foram rotulados por nós como sendo emergentes dentro de uma economia que vivia processo de transformação. Na época, um dos motivos da debandada era a implantação do tal projeto “Bulevar da Dois” que o ex-prefeito Edinho Silva lançou, anunciando tempos de modernidade para um comércio conservador. Contrariados, alguns comerciantes chegaram a colocar na fachada das lojas - faixas pretas - como a anunciar luto para o centro antigo. Bem, a troca de prefeitos - Edinho por Marcelo Barbieri - até que chegou a ser interpretada como esperança para a preservação de um comércio ativo na região central. Era iminente o fechamento de lojas provocado pelo afastamento do consumidor que se deparou com várias situações negativas causadas pelo “bulevar”: uma delas, a falta de estacionamento, pois os carros já não passavam pela Nove de Julho, quanto mais estacionar. O projeto curiosamente, deu poderes para que a concessionária abrisse mais vagas de estacionamento em uma região já plenamente congestionada, empurrando a clientela longe do lugar em que pretendia parar. É verdade, que num país que culturalmente o cidadão adora facilidades, o Shopping Jaraguá aproveitou o espaço que lhe era oferecido para indicar um bom comércio com estacionamento gratuito. Num certo dia, querendo evitar um caos ainda maior para o centro comercial antigo, o coordenador da Mobilidade Urbana, Coca Ferraz, procurou revitalizar a Nove de Julho, até então estrangulada pela criação do “bulevar”: seu projeto passou a permitir a volta da circulação dos carros de passeio com a retirada das baias de estacionamento que serviam para complicar ainda mais o trânsito pelo principal corredor comercial da cidade. Coca Ferraz recebeu elogios pelas medidas, pois de fato, entende do assunto. Só que a esta altura, num espaço de dois ou três anos, dezenas de lojas do centro debandaram para os bairros emergentes em busca de novos clientes. E foi neste período que famosas redes tomaram o centro, atraindo o consumidor - grande parte que usa o transporte coletivo - com suas promoções fantásticas, principalmente no setor de eletrodomésticos e eletrônicos. No momento de redefinição de conceitos, o pequeno e o médio lojistas sofrem novo baque pouco tempo depois: a crise econômica. Se nem da primeira cacetada (bulevar) os comerciantes tinham despertado, agora era hora de se pensar em uma Unidade de Terapia Intensiva. “Baixamos as portas ou vamos para aqueles corredores comerciais comentados 10 anos atrás”. Foi então inevitável a saída de algumas lojas tradicionais ou encerramento das suas atividades num espaço de 10 anos. É fato que o pequeno comércio não dispõe de recursos para pagamento de aluguéis que fogem da realidade (as grandes redes sim); nos corredores ou bairros que se expandem, o comércio se torna familiar e um bom atendimento fideliza a clientela e aos poucos, Araraquara vai criando novos formatos em sua grade consumidora: shopping, centro e bairros. Na sua proporcionalidade para tudo tem público: centro recebe 30% dos consumidores, shopping 5% e os bairros emergentes cerca de 65%. Devemos entender que a descentralização mostra o surgimento de uma cidade moderna, geograficamente equilibrada, e proximidade entre as pessoas nos bairros; já no centro antigo, o distanciamento. Nos shoppings também. Tanto é que a Arezzo (loja de shopping), em Ribeirão Preto, está trocando o shopping pela Presidente Vargas. 9