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Livro concilio batista

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Ekklesia, portanto, é a palavra usada 114 vezes no Novo Testamento grego para se referir<br />

à igreja. Segundo estudos de H. E. Danna, ekklesia aparece 93 vezes, referindo-se à igreja como<br />

"um corpo local organizado segundo princípios democráticos, por propósito de louvor e<br />

serviço" 30 . Os outros 21 empregos de ekklesia referem-se à assembléia pública 31 . Segundo<br />

conclusões de Danna, o conceito básico da igreja cristã no Novo Testamento é uma organização<br />

local de crente. 32 Todavia, temos também o uso de ekklesia no sentido de "reunião universal dos<br />

remidos de todos os tempos, exemplificado em Colossenses 1,18; Hebreus 12.22,23; Efésios<br />

1,22,23. 33 Por isso encontramos a palavra igreja no sentido de igreja universal e,<br />

majoritariamente, no uso de igreja local, que é o sentido que nos interessa quando se fala do<br />

princípio da igreja como comunidade local, democrática e autônoma.<br />

A eclesiologia <strong>batista</strong> fundamenta sua prática eclesiástica no conceito de igreja local 34<br />

porque é nela que o crente serve a Deus, ao próximo e à sua comunidade. Segundo a leitura de<br />

Atos, foi por meio da igreja local que os cristãos primitivos “perseveravam na doutrina dos<br />

apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42). Praticavam a mutualidade no<br />

amor cristão (At 4.32-35) e anunciavam a Palavra de Deus (At 5.42; 6.1).<br />

Com base nessas outras passagens do Novo Testamento, a igreja local – um organismo<br />

presidido pelo Espírito Santo – é uma fraternidade de crentes em Jesus Cristo que se batizaram e<br />

voluntariamente se uniram para o culto, o estudo, a disciplina mútua, o serviço e propagação do<br />

evangelho, no local da igreja e até os confins da terra. 35 Segundo essa compreensão, é na igreja<br />

local que os cristãos vivem em comunhão voluntária, cultivam a comunhão com Deus, crescem<br />

no conhecimento das Escrituras, submetem-se à disciplina mútua para manter o nível de pureza<br />

da comunidade cristã com testemunho cristão positivo e propagam o evangelho.<br />

Além de comunidade local, a igreja tem de ser democrática. Aliás, antes de ser<br />

democrática, precisa ser teocrática. Parece um paradoxo: ser teocrática e democrática ao mesmo<br />

tempo. Como se sabe, teocracia é o governo de Deus, e democracia, o governo do povo. Na<br />

realidade, quem deve governar a igreja? O Senhor Jesus. Não é ele o Senhor da igreja conforme<br />

se lê em 1Coríntios 8.6; 12.4,5; 15.58; Efésios 3.10,11; 5.23,24? Como conclusão lógica do<br />

senhorio de Cristo, podemos afirmar: o princípio governante para uma igreja local é a soberania<br />

de Jesus Cristo. A autonomia da igreja tem como fundamento o fato de que Cristo está sempre<br />

presente e é a cabeça da congregação do povo. A igreja, portanto, não pode sujeitar-se à<br />

autoridade de qualquer entidade religiosa. Sua autonomia, então, é válida somente quando<br />

exercida sob o domínio de Cristo. 36<br />

Pelo que vimos, uma igreja <strong>batista</strong> como uma comunidade democrática só o pode ser se<br />

submeter-se à soberania do Senhor Jesus Cristo realmente. Por que esse realmente? Uma igreja<br />

pode ser democrática no sentido secular. Numa democracia qualquer, o povo pode ser<br />

manobrado por um grupo poderoso. Isso, às vezes, acontece em muitas de nossas igrejas, quando<br />

famílias manobram as assembléias para que as decisões dos crentes, ou a eleição para<br />

determinados cargos, sejam favoráveis a interesses pessoais de grupo. Isso é uma democracia?<br />

Não é; apenas um arremedo. Não se concebe uma democracia na qual um grupo exerce<br />

30 Ibid. p. 80.<br />

31 Ibid. p. 80.<br />

32 Ibid. p. 80.<br />

33 Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. p. 15.<br />

34 Existe uma igreja local, na realidade uma seita, fundada por Witness Lee, de doutrinas e práticas equivocadas,<br />

como ser desnecessário entender ou aprender as Escrituras, bastando orar e ler a Palavra. Os adeptos da igreja local<br />

consideram os escritos do fundador como inspirados. Enfatizam a necessidade de filiação à seita para salvação.<br />

35 LANDERS, John. Teologia dos princípios <strong>batista</strong>s. Rio de Janeiro: Juerp, 1986.<br />

36 Ibid.<br />

<strong>Livro</strong> do Trimestre / 4T03 / Princípios e doutrinas <strong>batista</strong>s / Pr. Roberto Amaral - Criado em 22/1/2004 12:02:00 ----------------------------- (31/12/2013) Página 26 de<br />

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