Jornal Bauhaus
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02
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO/2019
MANIFESTO
BAUHAUS
FONTE: Weimar, Abril de 1919
Tradução: Hilde Engel, Willy Keller,
Nice Rissone e Edgar Welzel
O fim último de toda a atividade
plástica é a construção. Adorná-la era,
outrora, a tarefa mais nobre das artes
plásticas, componentes inseparáveis
da magna arquitetura. Hoje elas se
encontram numa situação de autossuficiência
singular, da qual só se libertarão
através da consciente atuação conjunta
e coordenada de todos os profissionais.
Arquitetos, pintores e escultores
devem novamente chegar a conhecer
e compreender a estrutura multiforme
da construção em seu todo e em suas
partes; só então suas obras estarão outra
vez plenas de espírito arquitetônico que
se perdeu na arte de salão.
AS ANTIGAS ESCOLAS
DE ARTE FORAM INCAPAZES
DE CRIAR ESSA UNIDADE,
E COMO PODERIAM,
VISTO SER A ARTE COISA
QUE NÃO SE ENSINA?
Elas devem voltar a ser oficinas. Esse
mundo de desenhistas e artistas deve,
por fim, tornar a orientar-se para a
construção. Quando o jovem que sente
amor pela atividade plástica começar
como antigamente, pela aprendizagem
de um ofício, o “artista” improdutivo
não ficará condenado futuramente ao
incompleto exercício da arte, uma vez
que sua habilidade fica conservada para
a atividade artesanal, onde pode prestar
excelentes serviços.
Arquitetos, escultores, pintores, todos
devemos retornar ao artesanato, pois
não existe “arte por profissão”. Não
há nenhuma diferença essencial entre
artista e artesão, o artista é uma
elevação do artesão, a graça divina, em
raros momentos de luz que estão além
de sua vontade, faz florescer inconscientemente
obras de arte,
entretanto,
a base do
“saber fazer”
é indispensável
para todo
artista. Aí se
encontra a
fonte de criação
artística.
Formemos, portanto, uma nova corporação
de artesãos, sem a arrogância
exclusivista que criava um muro de
orgulho entre artesãos e artistas. Desejemos,
inventemos, criemos juntos a nova
construção do futuro, que enfeixará
tudo numa única forma: arquitetura, escultura
e pintura que, feita por milhões
de mãos de artesãos, se alçará um dia
aos céus, como símbolo cristalino de
uma nova fé vindoura.
Sede de Dessau,
fonte desconhecida
Alunos e professores da escola
Fonte desconhecida
A HISTÓRIA
E OS GRANDES
NOMES
Antes de ser fechada por Adolf Hitler,
em 1933, a Bauhaus teve três fases,
marcadas por diretores, sedes e ênfases diferentes.
O FUNCIONALISTA
Hanner Meyer (1889-1954)
Para o sucessor de Gropius, o proceso
de construção tinha de levar em conta
as necessidades humanas – biológicas,
intelectuais, espirituais e físicas. Por isso,
o funcionalismo e o conforto passaram
a ser levados tão a sério a partir de então.
Embora Meyer fosse arquiteto, foi
sob seu comando que o design industrial
ganhou evidência na Bauhaus.
Hannes Meyer assumiu até 1929, com
a escola já transferida para a cidade de
Dessau, em sua segunda sede e cedeu
o cargo a Mies van der Rohe, com a
instituição realocada em Berlim.
Principais projetos: Petersschule , em
Basel, Suíça (1926), e a sede da Liga
das Nações, em Genebra, Suíça (1926-
1927), mas ambos não saíram do papel.
O DESIGNER
Marcel Breuer (1902-1981)
Foi designer e arquiteto, mas se destacou
mesmo pela produção de mobiliário.
Um de seus toques revolucionários
foi o amplo uso de tubos de metal.
Considerado por alguns críticos um
dos “últimos verdadeiros arquitetos
funcionalistas”, no fim da carreira foi
para os EUA e passou a projetar grandes
prédios ao lado de seu ex-professor,
Van der Rohe.
Principais projetos: Cadeira Wassily
(1925-1926) e Short Chair (1936).
O FUNDADOR
Walter Gropius (1883-1969)
Criou a Bauhaus ao fundir duas outras
escolas, a de Artes Aplicadas e a Acade-
mia de Belas-Artes da Saxônia, após a
Primeira Guerra Mundial. Seu período
na direção, de 1919 a 1927, ficou conhecido
como “anárquico expressionista”,
já que sua proposta unificadora desafiava
várias tradições. Gropius ficou no
comando até 1927.
Principais projetos: A fábrica Fagus,
em Alfeld, Alemanha (1911), a sede da
Bauhaus , em Dessau, Alemanha (1925),
e o pavilhão da Pensilvânia para a Exposição
Universal de Nova York (1939).
O SIMPLISTA
Mies van der Rohe (1886-1969)
Antes fã do estilo neoclássico, converteu-se
à simplicidade da Bauhaus e
cunhou a frase “menos é mais”. Último
diretor da escola, ficou famoso por usar
muito vidro e aço em seus arranha-
-céus.É considerado um dos arquitetos
mais importantes do século 20.
Principais projetos: Pavilhão alemão
para a Exposição Internacional de Barcelona
(1929).
O TIPÓGRAFO
Herbert Bayer (1900-1985)
Os princípios de geometrização e funcionalismo
também prevaleceram
na tipografia – a arte de criar fontes
de letras (como a Times New Roman
e a Arial). Bayer bolou uma espécie de
alfabeto universal, só com letras minúsculas
e reduzidas às formas gráficas
mais simples possíveis.
Principal projeto: O alfabeto universal
Sturm Blond (1925).
FONTES: Pedro Luiz Pereira de Souza,
Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi)