Jornal Bauhaus
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
BAUHAUS100ANOS.COM.BR
100’S
BAUHAUS
012_DEZ
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO
ANO 2019
MOVIMENTO BAUHAUS
A ESCOLA QUE MUDOU A ARTE (E O MUNDO), COMPLETA 100 ANOS
BAUHAUS
E AS MULHERES:
O EQUILÍBRIO
QUE FALTOU
Naquele tempo, estimular jovens alemãs a
dedicar suas vidas a uma profissão de contornos
criativos era ousado o bastante para
incomodar o stablishment.
P 07
BAUHAUS
NA ARQUITETURA
BRASILEIRA
Sede de Dessau,
Fonte desconhecida
P 04
As formas retas e puras, o uso
apenas necessário das cores e
o minimalismo do design da
Bauhaus nas cidades brasileiras.
P 06
CADERNO ESPECIAL
LOTTE AM
BAUHAUS
MANIFESTO
BAUHAUS
100 ANOS
10 FATOS SOBRE
A ESCOLA DE DESIGN
MAIS FAMOSA
DO MUNDO.
O FTCMag selecionou 10 curiosidades interessantíssimas
que (provavelmente) você não
sabia sobre a escola mais famosa do mundo
que, desde 1996, está sob
a proteção da UNESCO.
P 03
Produção alemã ‘Lotte am
Bauhaus’ traz protagonista
inspirada em Alma
Siedhoff-Buscher, filme
conta a história das
mulheres na Bauhaus.
Sede de Dessau,
Fonte desconhecida
A HISTÓRIA
E OS GRANDES
NOMES
Quem era quem
na Bauhaus
P 02
A RELAÇÃO
DA BAUHAUS
COM A POLÍTICA
Uma vida curta marcada pela perseguição
nazista. Crescia na Alemanha o “medo dos
vermelhos” e também a antipatia pelos
profissionais estrangeiros ocupando vagas
custeadas pelo Estado, sobretudo os de
origem judaica – a de alguns
dos mestres da escola.
P 02 P 08
02
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO/2019
MANIFESTO
BAUHAUS
FONTE: Weimar, Abril de 1919
Tradução: Hilde Engel, Willy Keller,
Nice Rissone e Edgar Welzel
O fim último de toda a atividade
plástica é a construção. Adorná-la era,
outrora, a tarefa mais nobre das artes
plásticas, componentes inseparáveis
da magna arquitetura. Hoje elas se
encontram numa situação de autossuficiência
singular, da qual só se libertarão
através da consciente atuação conjunta
e coordenada de todos os profissionais.
Arquitetos, pintores e escultores
devem novamente chegar a conhecer
e compreender a estrutura multiforme
da construção em seu todo e em suas
partes; só então suas obras estarão outra
vez plenas de espírito arquitetônico que
se perdeu na arte de salão.
AS ANTIGAS ESCOLAS
DE ARTE FORAM INCAPAZES
DE CRIAR ESSA UNIDADE,
E COMO PODERIAM,
VISTO SER A ARTE COISA
QUE NÃO SE ENSINA?
Elas devem voltar a ser oficinas. Esse
mundo de desenhistas e artistas deve,
por fim, tornar a orientar-se para a
construção. Quando o jovem que sente
amor pela atividade plástica começar
como antigamente, pela aprendizagem
de um ofício, o “artista” improdutivo
não ficará condenado futuramente ao
incompleto exercício da arte, uma vez
que sua habilidade fica conservada para
a atividade artesanal, onde pode prestar
excelentes serviços.
Arquitetos, escultores, pintores, todos
devemos retornar ao artesanato, pois
não existe “arte por profissão”. Não
há nenhuma diferença essencial entre
artista e artesão, o artista é uma
elevação do artesão, a graça divina, em
raros momentos de luz que estão além
de sua vontade, faz florescer inconscientemente
obras de arte,
entretanto,
a base do
“saber fazer”
é indispensável
para todo
artista. Aí se
encontra a
fonte de criação
artística.
Formemos, portanto, uma nova corporação
de artesãos, sem a arrogância
exclusivista que criava um muro de
orgulho entre artesãos e artistas. Desejemos,
inventemos, criemos juntos a nova
construção do futuro, que enfeixará
tudo numa única forma: arquitetura, escultura
e pintura que, feita por milhões
de mãos de artesãos, se alçará um dia
aos céus, como símbolo cristalino de
uma nova fé vindoura.
Sede de Dessau,
fonte desconhecida
Alunos e professores da escola
Fonte desconhecida
A HISTÓRIA
E OS GRANDES
NOMES
Antes de ser fechada por Adolf Hitler,
em 1933, a Bauhaus teve três fases,
marcadas por diretores, sedes e ênfases diferentes.
O FUNCIONALISTA
Hanner Meyer (1889-1954)
Para o sucessor de Gropius, o proceso
de construção tinha de levar em conta
as necessidades humanas – biológicas,
intelectuais, espirituais e físicas. Por isso,
o funcionalismo e o conforto passaram
a ser levados tão a sério a partir de então.
Embora Meyer fosse arquiteto, foi
sob seu comando que o design industrial
ganhou evidência na Bauhaus.
Hannes Meyer assumiu até 1929, com
a escola já transferida para a cidade de
Dessau, em sua segunda sede e cedeu
o cargo a Mies van der Rohe, com a
instituição realocada em Berlim.
Principais projetos: Petersschule , em
Basel, Suíça (1926), e a sede da Liga
das Nações, em Genebra, Suíça (1926-
1927), mas ambos não saíram do papel.
O DESIGNER
Marcel Breuer (1902-1981)
Foi designer e arquiteto, mas se destacou
mesmo pela produção de mobiliário.
Um de seus toques revolucionários
foi o amplo uso de tubos de metal.
Considerado por alguns críticos um
dos “últimos verdadeiros arquitetos
funcionalistas”, no fim da carreira foi
para os EUA e passou a projetar grandes
prédios ao lado de seu ex-professor,
Van der Rohe.
Principais projetos: Cadeira Wassily
(1925-1926) e Short Chair (1936).
O FUNDADOR
Walter Gropius (1883-1969)
Criou a Bauhaus ao fundir duas outras
escolas, a de Artes Aplicadas e a Acade-
mia de Belas-Artes da Saxônia, após a
Primeira Guerra Mundial. Seu período
na direção, de 1919 a 1927, ficou conhecido
como “anárquico expressionista”,
já que sua proposta unificadora desafiava
várias tradições. Gropius ficou no
comando até 1927.
Principais projetos: A fábrica Fagus,
em Alfeld, Alemanha (1911), a sede da
Bauhaus , em Dessau, Alemanha (1925),
e o pavilhão da Pensilvânia para a Exposição
Universal de Nova York (1939).
O SIMPLISTA
Mies van der Rohe (1886-1969)
Antes fã do estilo neoclássico, converteu-se
à simplicidade da Bauhaus e
cunhou a frase “menos é mais”. Último
diretor da escola, ficou famoso por usar
muito vidro e aço em seus arranha-
-céus.É considerado um dos arquitetos
mais importantes do século 20.
Principais projetos: Pavilhão alemão
para a Exposição Internacional de Barcelona
(1929).
O TIPÓGRAFO
Herbert Bayer (1900-1985)
Os princípios de geometrização e funcionalismo
também prevaleceram
na tipografia – a arte de criar fontes
de letras (como a Times New Roman
e a Arial). Bayer bolou uma espécie de
alfabeto universal, só com letras minúsculas
e reduzidas às formas gráficas
mais simples possíveis.
Principal projeto: O alfabeto universal
Sturm Blond (1925).
FONTES: Pedro Luiz Pereira de Souza,
Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi)
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO/2019
03
FONTE: blog todheschini
https://www.todeschini.com.br
10 FATOS SOBRE A ESCOLA DE DESIGN
MAIS FAMOSA DO MUNDO
O FTCMag selecionou 10 curiosidades
interessantíssimas que (provavelmente)
você não sabia sobre a
escola mais famosa do mundo que,
desde 1996, está sob a proteção da
UNESCO. Confira:
01
Em 1925, por causa de
diferenças políticas com o
governo da cidade de
Weimar, a escola se mudou para Dessau,
onde viveu seu auge. A Bauhaus passou
a ser perseguida pelos nazistas sete
anos depois, acusada de espalhar ideais
esquerdistas. Para fugir, o então diretor,
Mies van der Rohe, a instalou
em Berlim.
04
Com a escola, Walter
Gropius pretendia formar
novas gerações de artistas,
sem haver distinções de classe e hierarquia.
O que era produzido e estudado
na instituição influenciou a estética
moderna, funcionalista e consequentemente,
o que é ensinado hoje em dia nas
escolas de design mundo afora. Alguns
professores da Bauhaus eram os artistas
Paul Klee e Wassily Kandinski.
07
Atualmente a Universidade
Bauhaus localizada
em Weimar é uma das
melhores universidades da Alemanha.
A instituição conta com cerca de 4.080
estudantes de 70 países. Desde 1996,
os prédios da Bauhaus em Weimar e
Dessau são Patrimônio Mundial da
Humanidade.
Sede de Weimar
Fonte desconhecida
10
Apesar de não ser um fã declarado
da Bauhaus, muitas
das construções de Oscar
Niemeyer são inspiradas nos preceitos
da escola alemã. Os prédios idênticos da
Esplanada dos Ministérios em Brasília,
com suas janelas em fita, ângulos simples
e sem ornamentos, são um exemplo
clássico da arquitetura reprodutível
pregada pelo movimento.
Os edifícios residenciais também –
tanto que é fácil encontrar edificações
semelhantes reproduzidas em diferentes
quadras da cidade.
A experiência durou cerca de um ano.
O regime nazista fechou de vez as
portas da Bauhaus, em 1933, forçando
muitos professores e alunos a fugir
da Alemanha.
DESSAU
WEIMAR
05
Klee, 1911; Kandinski, 1913.
Fonte desconhecida
Nascido na Holanda em
1917, o movimento De
Stijl exerceu forte influência
estética na Bauhaus, foi daí que
surgiu o geometrismo em cores primárias
de Mondrian, que foram claramente
apropriados pela indústria.
08
A Bauhaus propunha uma
arte diretamente ligada aos
interesses da indústria,
que unisse a beleza com a funcionalidade,
que levasse em conta o lado prático
e econômico.
Foi na escola que nasceu o desenho industrial
que conhecemos hoje. Arranha-
-céus, casas residenciais, móveis, utensílios
de cozinha, arte abstrata, escultura,
automóveis: o legado da Bauhaus se faz
presente na vida cotidiana do mundo até
hoje, um século depois.
Esplanada de Brasília, bloco J
Fonte: Governo Federal
A Alemanha comemora
em 2019 o 100º aniversário
da Bauhaus e inúmeros eventos
acontecem pelo país
e pelo mundo para celebrar.
02
Na cidade de Weimar
dos anos 20, quando as
crianças não obedeciam,
dizia-se: “Se você não se comportar
vai para a Bauhaus”.
Na época, a escola era tida como o lugar
onde viviam os “loucos”, que dançavam
pelas ruas em coloridos trajes de teatro
e pintavam quadros com triângulos,
círculos e quadrados.
03
A Bauhaus foi a primeira
escola de design do mundo.
Em alemão, era conhecida
como “a casa para construir” ou “a casa
da construção”, o que conduz a ideia de
que o aprendizado e o objetivo da arte
interligavam-se nesse espaço.
Na Bauhaus, ensinava-se arquitetura,
design, arte, mas também a dançar,
costurar, pintar, soldar, esculpir. Todas
as artes eram questionadas com relação
ao novo século industrial que começava.
Ali foi desenvolvido um modelo
de ensino altamente experimental, que
reinventava essa conexão entre
arte e tecnologia.
06
Composition with yellow,
blue & red – 1937
Piet Mondrian
Anos depois, a Nike lançou
um modelo de tênis
nas cores das obras que
imortalizaram a obra de Mondrian. A
Yves Sant Laurent em 1965, trouxe um
vestido inspirado nas mesmas composições.
O frasco do perfume Chanel Nº
5, de visual clean, revolucionou o design
moderno por meio da Bauhaus.
Klee, 1911; Kandinski, 1913.
Fonte desconhecida
09
Situado próximo à escola
em Dessau (Alemanha),
um prédio que foi construído
como dormitório e residência
para seus alunos, a Prellerhaus, concluído
em 1926, com uma impressionante
fachada de vidro, é considerado uma
obra-prima da arquitetura modernista.
O local foi reformado em 2006 e a
edificação foi restaurada e devolvida ao
seu estado original para fins de hospedagem.
O projeto preocupou-se em recriar a
atmosfera de criatividade vivenciada
pelos alunos, especialmente nos estúdios
individuais e está aberto hoje como um
hotel. A experiência é interessante para
quem se interessa pelo estilo!
Cômodos restaurados da Prellerhaus, onde
você pode se hospedar atualmente.
Fonte desconhecida
MODERNISMO,
MINIMALISMO,
FORMAS PLANAS
E RETANGULARES.
A instituição avant-garde ativa
de 1919 a 1933 na Alemanha,
inaugurada pelo arquiteto
alemão Walter Gropius, comemora
seu centenário como
uma das escolas artísticas mais
marcantes da era moderna.
A Bauhaus mudou paradigmas,
trazia a beleza descomplicada
e era o oposto de um
estilo cheio de ornamentos
excessivos, em alta na época
da Europa pós-guerra. Ali, o
aluno aprendia sobre proporção,
escala, ritmo, luz, sombra
e cor, além de experimentar
diversos materiais e instrumentos.
Depois de três anos
de aprendizado, alcançava-se o
título de mestre da Bauhaus.
04
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO/2019
FONTES: Pedro Luiz Pereira de Souza,
Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi)
MOVIMENTO
BAUHAUS
A ESCOLA QUE MUDOU A ARTE
(E O MUNDO), COMPLETA 100 ANOS
Alemanha se empenha
nas comemorações
do aniversário da instituição,
reparando o erro
histórico de um século atrás,
quando os nazistas obrigaram
seu fechamento e causaram
o exílio de seus líderes.
A Bauhaus abriu as suas portas há
um século. Em 1º de abril de 1919, os
alunos cruzaram pela primeira vez a
entrada. Os professores, ainda alojados
em hotéis, começaram a trabalhar em
seminários que alternavam artesanato
e saberes técnicos, com o objetivo de
gerar uma arte adaptada às necessidades
da sociedade alemã do pós-guerra. As
facções mais conservadoras de Weimar
ficaram alarmadas: em suas salas de aula
havia mulheres e até estrangeiros. O cataclismo
bélico deixara a moral nacional
em frangalhos, mas também provocara
a esperança de um novo começo.
Centenas de jovens vieram para a cidade
onde morreram Goethe e Schiller para
participar da grande aventura da escola,
que acabaria mudando o rumo da arte.
dizia seu bombástico manifesto, escrito
em letras góticas e pouco minimalista,
dirigindo-se ao público.
Um século depois, o poderoso mito
da Bauhaus acabou se impondo
à realidade, adornada quase desde o
primeiro dia com uma infinidade de
lendas apócrifas. Por exemplo, a sede
da escola nem sempre teve o aspecto
de fábrica: o primeiro edifício era um
pavilhão art nouveau herdado do século
anterior.
E essa nova escola tampouco brotou
do nada nem fez tabula rasa do passado.
Na verdade, começou sendo a refundação
de uma escola de
arte fundada
em Weimar em
1860. O duque da
Saxônia confiou
sua liderança a
Walter Gropius,
arquiteto visionário
que tinha tido
uma iluminação
nas trincheiras da
Primeira Guerra Mundial: o velho mundo
havia desaparecido e de pouco servia
agarrar-se às suas certezas. Na moder-
nidade que adivinhava no horizonte, se
tornariam inúteis. “A Bauhaus foi um
nome novo para uma velha escola”,
resume o reitor da Bauhaus-Universdade
de Weimar, Winfried Spielkamp,
herdeira da instituição original, que
continua apostando em um programa
interdisciplinar em que
Na cidade em que tudo começou, os
“JUNTOS, DEIXEM-NOS
DESEJAR, CONCEBER
E CRIAR A NOVA ESTRUTURA
DO FUTURO, QUE UM DIA
SE ELEVARÁ ÀS ALTURAS,
COMO O SÍMBOLO DE CRISTAL
DE UMA NOVA FÉ”
“A TECNOLOGIA, A CIÊNCIA E
O DESIGN UNEM FORÇAS PARA
ALCANÇAR NOVAS IDEIAS E
FORMAS DE TRABALHAR”.
moradores mostram um orgulho em
relação ao centenário que contrasta com
a fúria que a escola despertou entre os
seus antepassados.
A ponto de
causar, em
1925, sua
mudança
para Dessau,
enclave
industrial
situado a
uma centena
de quilômetros
a noroeste, onde a escola atingiu
sua plenitude nas mãos de um grupo em
que havia professores como Mies van
der Rohe, Marcel Breuer, Josef Albers,
László Moholy-Nagy, Paul Klee e Vassily
Kandisnky. Todos eles conviveram
naquela mítica fileira de casas situada em
uma floresta próximo da escola.
Como as duas cidades que lhe serviram
de berço, toda a Alemanha estufa o peito,
emendando homenagens e comemorações,
corrigindo o que aconteceu há
um século, quando os nazistas obrigaram
o fechamento da escola em 1933
e provocaram o exílio de seus líderes.
Mais conhecido como o
pai da Bauhaus, importante
escola que marca até hoje
a produção de design e
arquitetura, o arquiteto
Walter Gropius se dizia
americano desde sua
emigração forçada para os
EUA, em 1937.
TRÊS SEDES,
TRÊS FASES.
Haus an Horn,
Fonte: Florian PlaSeguir
Jogo de Xadrez,
Fonte: Joseph Hartwig
Haus der Kulturen,
Fonte desconhecida
Originário de tradicional
família de Braunschweig,
Gropius nasceu em
Berlim, em 18 de maio
de 1883. Quando veio
ao mundo, seu tio-avô,
Martin Gropius, já havia
construído um dos mais
belos e célebres prédios
da capital alemã, o espaço
de exposições que hoje é
conhecido pelo nome de
Martin Gropius Bau.
A fundação da Bauhaus,
em 1919, pode ser entendida
como um resumo das
ideias que o arquiteto vinha
Detalhe da parede, na Sede em Dessau,
Fonte: Paula Soler-Moya
Em Weimar, será inaugurado
neste sábado o novo Bauhaus
Museum, a cargo
da arquiteta Heike Hanada. Em
maio, acontecerá a restauração do
único vestígio arquitetônico da
escola que resta na cidade: a Haus
am Horn, casa de ângulos retos
que foi decorada com mobiliário
desenhado pelos estudantes.
Em Dessau, outro museu será
aberto em setembro, que abrigará
uma coleção de 50.000 objetos da
Bauhaus, projetado pela agência
barcelonesa Addenda.
E em Berlim, à espera da ampliação
do Bauhaus-Archiv em 2022,
a Haus der Kulturen der Welt
acaba de inaugurar uma exposição
que rememora as ligações
do movimento com as culturas
não ocidentais. A exposição
levanta a suspeita da batida
apropriação cultural.
amadurecendo desde seu
trabalho junto a um dos
precursores do movimento
moderno, o arquiteto Peter
Behrens. Além de Gropius,
trabalhavam no escritório
de Behrens, por volta de
1910, Le Corbusier e Mies
van der Rohe.
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO/2019
05
BAUHAUS:
TRADIÇÕES, MARCAS
E UMA HISTÓRIA CENTENÁRIA
Sede em Weimar,
Fonte desconhecida
A Bauhaus bebeu de outras tradições,
mas logo estas se reapropriaram de suas
máximas, utilizando-as para garantir
passagem para a modernidade em arte e
arquitetura, como aconteceu do Brasil até
a China.Ao contrário de outros movimentos,
a Bauhaus envelheceu bem.
Em 1932, quando a pressão do poder
se tornou insuportável, escola acabou
se refugiando durante nove meses em
uma antiga central telefônica em
Berlim. O exílio de seus professores foi
um desenraizamento brutal que,
no entanto, permitiu que a escola propagasse
sua filosofia
em todo o mundo.
“GROPIUS DISSE UMA VEZ
QUE NÃO ERA UM ESTILO,
MAS UMA ATITUDE. SEU
LEGADO CONSISTE EM PER-
MANECER ABERTO E BUSCAR
OUTRAS ABORDAGENS EM
TODOS OS CAMPOS, DA
ARQUITETURA À PERFOR-
MANCE, PARA CONSEGUIR
ENCONTRAR NOVAS SOLU-
ÇÕES PARA OS DESAFIOS
DE HOJE”
Ao lado do edifício histórico, com seus
conhecidos espaços funcionais, paredes
pintadas em cores básicas, escadarias
de estilo náutico e oficinas banhadas
de luz, foi reformado o antigo edifício
que abrigava os estudantes, onde se pode
passar a noite a um preço acessível
em quartos quase nus.
Nos Estados
Unidos, a Bauhaus
conseguiu implantar
seu ideário nas
grandes cidades.
Moholy-Nagy
criou a Nova
Bauhaus e conseguiu
alterar a paisagem
de Chicago,
enquanto Gropius
formou em Yale
arquitetos como
I.M. Pei e Paul
Rudolph, que mais
tarde seria mentor
de Richard Rogers
e Norman Forster.
“Hoje vemos sua marca em todos
os lugares, embora a nostalgia não seja
um sentimento nada próprio
da Bauhaus”, diz o diretor da Fundação
Josef e Anni Albers, Nicholas Fox
Weber. “Para mim, o objeto que melhor
A BAUHAUS REPRESENTAVA UMA
POLÍTICA ABERTA, DEMOCRÁTICA E
SOCIALISTA, O QUE, PARA OS NAZIS-
TAS, ERA UMA GRANDE INFRAÇÃO.”
ria ser desvinculada da política que lhe serviu de impulso inicial,
como aconteceu na Itália fascista”, confirma o historiador Eric
D. Weitz, autor de A Alemanha de Weimar. “No entanto, o rápido
fechamento da Bauhaus e o exílio de suas estrelas demonstra
que o regime considerava que a escola e seus praticantes eram
um perigo.
ram em colocar os artistas ligados
a essa escola na categoria de arte
degenerada, embora seu trabalho
fosse muito menos feroz do
que as cruentas caricaturas da
chamada Nova Objetividade,
que retratavam sem concessões a
trágica deriva da sociedade alemã
do período entreguerras. É difícil
entender qual perigo viram nesse
design de linha branca e interiores
diáfanos, para além da ideologia
de seus criadores. “Algumas
das figuras da Bauhaus tiveram
carreiras que continuaram durante
o III Reich.
A estética do modernismo pode-
simboliza sua herança é
o iPhone: é funcional, foi
desenhado para ser simples
e o vemos em todos
os cantos do mundo”,
acrescenta Weber, garantindo
que Steve Jobs era
“muito familiarizado”
com o legado da escola.
Esse celular parece ter
sido inspirado, de fato, no
trabalho do designer industrial
Dieter Rams, que
sempre foi considerado
sucessor da Bauhaus.
Os nazistas não hesita-
BAUHAUS
EM BERLIM
Em 1932 a Bauhaus deixa
Dessau e é transferida para
uma fábrica desativada em
Berlim. Após apenas um ano
em abril de 1933 a Bauhaus é
encerrada pela Gestapo.
O prédio atual de Berlim,
projeto de Walter Gropius
foi inaugurado em 1979 para
abrigar exposições e o acervo
original da escola.
Sede em Berlim,
Fonte: Lusa B,
06
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO/2019
BAUHAUS
NA ARQUITETURA BRASILEIRA
FONTE: Ana Weiss
Veja, Abril. Especial Bauhaus.
A Bauhaus é fundadora de uma forma de
pensar que contamina de alguma forma
todo objeto ou edifício considerado
moderno. Depois dela (e a partir dela)
muitas escolas posteriores desenvolveram
características de inspiração bauhausiana.
A presença central de formas geomé-
tricas, as formas retas e puras, o uso apenas
necessário das cores e o minimalismo são
características da arquitetura e do design da
Bauhaus. A essas características, o Brutalismo
acrescentou o uso abundante do concreto: esse
casamento vingou frutos no mundo todo –
inclusive brasileiros.
Fachada do prédio do Masp, projeto da arquiteta Lina Bo Bardi,
inaugurado em 1968, na Avenida Paulista
(Casa Claudia/Dedoc)
SÃO PAULO
A arquiteta italiana Lina Bo Bardi não
ergueu uma única casa em seu país natal.
Precisou chegar ao Brasil, aos 32 anos,
para começar a construir. Na nova pátria,
criou algumas das obras arquitetônicas
mais importantes do país e, em São Paulo,
alguns dos cartões postais da cidade, como
o Museu de Arte de São Paulo (Masp),
na avenida Paulista, e a Casa de Vidro, no
bairro do Morumbi, onde morou com o
marido, o também imigrante Pietro Maria
Bardi, até o final da vida.
Tanto o museu como a residência, com
seus grandes vãos, uso do vidro, do concreto
e do aço no limite da necessidade,
poderiam ter nascido dentro de algum
ateliê da Bauhaus.
Lina fez escola e não foi a única. Convidado
para criar o projeto da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo (USP), João
Batista Vilanova Artigas não se contentou
com as linhas e vãos de influência
bauhausiana.
O programa pedagógico da escola
passou a reproduzir a proposta trans-
disciplinar e universalista da matriz alemã.
Com o acirramento da perseguição
com o golpe militar de 1964, o arquiteto
foi exilado e só foi conhecer o grande
edifício de concreto da Cidade Universitária
muito depois de pronto, quando
do restabelecimento da democracia.
David Libeskind também assinou edifícios
aplaudidos pelos ex-professores
da Bauhaus, caso do Conjunto
Nacional, na avenida Paulista.
“O ambiente industrializado e já muito
ocupado pelas imigrações dos anos
1930 e depois 1950 foi propício para
o desenvolvimento de projetos com
influência da Bauhaus em São Paulo”,
explica o arquiteto, editor da revista
Contravento e professor da Escola
da Cidade Alexandre Benoit. “Já o
Rio de Janeiro era fortemente ligado à
sua tradição colonial, ainda atrelada ao
barroco.
E a geografia exuberante (com seus
morros, praias e flora) trazia questões
para os projetos que não existiam para
a Bauhaus, nas cidades alemãs onde
ela funcionou.”
RIO DE JANEIRO
Vista do edifício do MAM (Museu de Arte Moderna),
do arquiteto Affonso Eduardo Reidy, no centro do
Rio de Janeiro (Giuseppe Bizzarri/Folhapress)
No Rio, a história era outra.
O desafeto entre as arquiteturas
carioca e bauhausiana foi recíproco
e à primeira vista. Em 1951, Walter
Gropius, fundador da escola, e Max
Bill, um de seus alunos, estavam no
Brasil para a 1ª Bienal de São Paulo.
Oscar Niemeyer convidou Gropius
para conhecer um projeto recente
do qual muito se orgulhava, a Casa
das Canoas, no Rio de Janeiro, uma
residência escultural em concreto
e vidro em São Conrado que ainda
estava em construção.
Gropius disse ao colega que se tratava
de “uma casa muito bonita, mas que
não era multiplicável”. Não só falou,
como publicou sua opinião em artigo
na Architectural Review, importante
revista londrina do período. Ainda
insistiu em seu ponto de vista à
(bastante popular na época) revista
Manchete, que também entrevistou
Max Bill, crítico dos excessos da
produção dos profissionais do Rio
de Janeiro. Lina Bo Bardi, que editava
a revista Habitat, publicou, na
sequência, outro artigo bauhausiano
contra os cariocas.
Lucio Costa, que desenhou o
projeto de Brasília em parceria com
Niemeyer, saiu em sua defesa e
em defesa da arquitetura carioca.
Em artigo intitulado Oportunidade
Perdida, publicado pela mesma
Manchete, ele se colocou do lado
da liberdade criativa e acusou os
colegas alemães de desconhecerem a
realidade brasileira e a sua maneira
de atender a sociedade. Em seu
livro de memórias, Niemeyer narra
a visita de Gropius à Casa das Canoas,
observando que seu desafeto
era melhor como professor do que
como arquiteto.
Apesar das rusgas, o Rio tem um
edifício que em muito traduz os
preceitos de limpeza formal da
escola alemã, o Museu de Arte
Moderna, no Parque do Flamengo,
de Afonso Eduardo Reidy. Ainda
assim, ressalva Alexandre Benoit,
com muitas outras influências,
como do Brutalismo e da arquitetura
de Le Corbusier, que impedem
de tomá-lo como exemplo da
cultura da Bauhaus.
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO/2019
07
FONTE: Ana Weiss
Veja, Abril. Especial Bauhaus.
BAUHAUS
E AS MULHERES:
O EQUILÍBRIO
QUE FALTOU
Lâmpadas deMarianne Brandt (1926) no Museu Bauhaus-Archiv
fuer Gestaltung em Berlim, Alemanha – 16/03/2015
Britta Pedersen/picture alliance/Getty Image
“Acredito que a comemoração de cem anos da Bauhaus deve
ter esse papel também, de olhar para a história da escola criticamente
e, ao mesmo tempo, pensá-la politicamente. É um
sentido que não pode ser esquecido. Vencer preconceitos é
um debate atual que pode sim melhorar o presente.”
“AS PESQUISAS SOBRE
AS MULHERES NA BAUHAUS
SÃO BEM MAIS RECENTES.
HÁ ALGUM TEMPO, MAL
ERAM MENCIONADAS.
E NÃO FORAM POUCAS”
Ilana Schlaich Tschiptschin
Foto:
Rede social
Ilana Schlaich Tschiptschin,
brasileira, designer e mestre de arquitetura
que estuda Pesquisa de Design
na Bauhaus Dessau Foundation.
Onde há lã, há também
uma mulher tecendo, nem que seja
só para passar o tempo.
A frase acima, de Walter Gropius,
cairia como uma bomba hoje nas
redes sociais. Na época, foi dita como
elogio. A Bauhaus, com todo o seu
ímpeto revolucionário na concepção
de projetos e relacionamento de trabalho,
na entrada dos anos 1920, ainda
reproduzia a visão de gêneros vigente
da Europa que engatinhava
no século XX.
Das centenas de egressos da Bauhaus,
são poucas as mulheres que têm a
obra e o nome lembrados na história
do design e da arquitetura. Marianne
Brandt é uma delas. Casada com o
pintor Erik
Brandt, também
pintava.
Matriculou-se
na Bauhaus
e, como todo
estudante, era
convidada a ter
contato com
técnicas diversas.
Embora existisse um estímulo para as
mulheres seguirem as áreas de tapeçaria
e cerâmica, foi na oficina de metais
que a alemã de Chemitz se encontrou.
Servico de chá e café,
de Marianne Brandt.
Marianne legou as peças em metal
mais importantes do estilo, fabricadas
até hoje, em escala muito menor que a
de uma cadeira Wassily, por exemplo.
Os registros do instituto que guarda a
memória da escola dão conta que a artista
insistiu no ofício graças ao apoio
do professor húngaro Lázló Moholy-
-Nagy, de quem se tornou assistente.
Promovida a coordenadora de ateliê,
chegou a lecionar e a vender para a
indústria peças assinadas com colegas
homens. Teve como clientes dois dos
maiores fabricantes de luminárias
da época, a Korting & Mathisen e a
Shwintzer & Graff.A designer deixou
a Bauhaus quando Gropius entregou
o cargo, diante do golpe orçamentário
do governo, que já se indispunha
com o comportamento de tendência
esquerdista que via na escola pública.
A designer tentou com muita dificuldade
licenciar seus produtos na Alemanha
e chegou a montar uma mostra
sobre desenho industrial alemão na
China, depois do fechamento da
Bauhaus. Sem perspectiva de trabalho
– os mestres que tinham escritório já
haviam deixado a Alemanha em 1933
para escapar do nazismo -, voltou para
sua cidade natal, onde terminou a vida
pagando as contas com pinturas por
encomenda.
NÚMEROS
O número de mulheres na
escola não era pequeno entre
os estudantes. E, naquele
tempo, estimular jovens
alemãs a dedicar suas vidas a
uma profissão de contornos
criativos era ousado o bastante
para incomodar o stablishment.
A Bauhaus tinha
praticamente só professores
do sexo masculino, mas atingiu
um momento de contar
com até mais mulheres que
homens entre os alunos (84
a 79). O reconhecimento,
no entanto, não chegou da
mesma maneira
a homens e mulheres.
08
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO/2019
A RELAÇÃO
DA BAUHAUS
COM A POLÍTICA
FONTE: Ana Weiss
Veja, Abril. Especial Bauhaus.
O ‘MEDO
DOS VERMELHOS’
Acontece que o grande mérito da nova
escola também guardava a razão de seu
fim. A maioria dos professores – ali
chamados de mestres -, e também boa
parte dos alunos que se matriculavam
tinham simpatia declarada pelo recém-implantado
comunismo soviético. Além da
afinidade política de integrantes,
A BAUHAUS ENSINAVA
QUE TODO PROJETO
DEVERIA PODER SER
REPRODUZIDO EM
GRANDE ESCALA, SER
LIVRE DE ELEMEN-
TOS DECORATIVOS E
CONTRIBUIR COM O
EQUILÍBRIO SOCIAL.
A onda nacionalista começou a se
indispor cada vez mais com os traços
esquerdistas da atuação da Bauhaus.
Crescia na Alemanha o “medo dos
vermelhos” e também a antipatia pelos
profissionais estrangeiros ocupando
vagas custeadas pelo Estado, sobretudo
os de origem judaica – a de alguns dos
mestres da escola.
AS
REPRESÁLIAS
Apesar das criações que ajudaram
a colocar a indústria alemã
no topo e das levas anuais
de mão-de-obra de primeira
qualidade, o governo cortou
pela metade o orçamento da
instituição pública.
Gropius e parte do corpo
docente entregaram seus cargos
e a escola foi transferida para
a cidade de Dessau cercada
de desconfiança e já sofrendo
represálias indiretas, como a
não contratação de projetos
de seus ex-alunos pela esfera
pública e parte de indústrias que
já apoiavam o Partido Nacional-Socialista,
mais conhecido
como Partido Nazista.
O arquiteto suíço Hannes
Meyer substituiu Gropius em
Dessau, em 1928. No edifício
que é símbolo da escola – onde
hoje funciona uma fundação
de preservação de memória da
Bauhaus, com cursos e exposições
–, Meyer, que efetivamente
pertencia ao Partido Comunista
Alemão, voltou o ensino radicalmente
para as questões sociais.
Às vésperas da Segunda Guerra
Mundial, crescia a propaganda
estatal com a imagem da mulher
alemã maternal e forte, que cuidaria
da casa e da cidade para
o marido ir à guerra. Meyer propunha
que o projeto da habitação
fosse pensado de forma que as
tarefas fossem compartilhadas
entre todos os seus moradores.
Durou dois anos no cargo,
saindo por pressão do governo.
O arquiteto alemão Ludwig Mies
van der Rohe assumiu a terceira
direção da escola decidido a
salvá-la. Para isso, orientou os
professores remanescentes a
estimular mais a autoria, deixando
de lado, assim, criações sociais, em
uma maneira de blindar alunos e
mestres da mira política do Estado.
A Exposição Universal realizada em
Barcelona, entre 1929 e 1930, tinha
levado à cidade ibérica projetos
como a poltrona Barcelona, assim
batizada para homenagear o evento
que mostrou para o mundo o que se
fazia dentro da escola sem paredes
pintadas.
Era tarde. Hitler estava assumindo
e uma das bandeiras de seu ministro
Joseph Goebbels era a erradicação
do que chamava de “arte degenerada”.
Muitos dos professores e
alunos estavam nessa lista.
A escola foi fechada e sua sede mais
importante teve o projeto deformado
– com a instalação de um telhado
alemão, mais tarde removido em
uma restauração – para descaracterizar
as linhas de influência soviética
(que, de fato, existiam).
A DIÁSPORA
A diáspora foi inevitável. Mas, com elas,
construções, móveis e objetos de linhas
claras, geométricas e o uso mínimo de
material foram a saída para a volta da
produção europeia e para a indústria
crescente na América.
ARRANHA-CÉUS DE
AÇO E VIDRO, MORA-
DIAS PLANEJADAS PARA
OCUPAR O ESPAÇO RE-
DUZIDO, OBJETOS LEVES
FEITOS COM O MÍNIMO
PARA FUNCIONAR E
PROJETOS PARA RE-
PRODUZIR EM GRANDE
ESCALA DERAM CARA
AO MUNDO MODERNO,
DO PÓS-GUERRA ATÉ
OS NOSSOS DIAS.
Alta escala, funcionalidade e uso intuitivo,
como os de um smartphone. Valores que
foram levados a cabo e com muito mais
efetividade por capitalistas como Steve Jobs,
que reproduziu o minimalismo e a superfuncionalidade
bauhausianas em seus gadgets. E
atingiu escala e alcance social que, na
Bauhaus, não se poderia nem sonhar.
A FUNDAÇÃO
Fundada por um arquiteto e
grande articulador chamado
Walter Gropius. A Alemanha
vivia uma fase de recuperação
de sua economia e dignidade,
levadas pela derrota humilhante
na Primeira Guerra Mundial.
Culto, atento e dono de uma
agenda para poucos, ele propôs
transformar a tradicional Escola
do Grão-Duque para as Artes
Plásticas de Weimar em um
centro de formação “universalista”.
A proposta era entregar
anualmente ao Estado arqui-
tetos, designers e artistas
com a melhor formação que
uma nação pode desejar, em
um projeto pedagógico que
conectaria, pela primeira
vez, cultura e indústria. Deu
certo.
Nos anos que se seguiram,
Gropius reuniu os nomes
mais proeminentes da
criação europeia. Em pouco
tempo, o diretor tinha no
seu time letivo gente como
o suíço Paul Klee, o soviético
Wassily Kandinsky e o
americano Lyonel Feininger.
Pintores, fotógrafos, arquitetos,
cartunistas responsáveis
por desenvolver a criatividade
de alunos desafiados
a pensar como projetistas.
Para Gropius, quem desenhava
uma colher era capaz
de desenhar uma cidade.
EXPEDIENTE:
Instituto Federal de Ciência
e Tecnologia Sul-rio-grandense-
Campus Pelotas/RS
Endereço: Praça Vinte
de Setembro, 455
Curso: Bacharelado em Design
Telefone: (53) 2123-1028;
2123-1027
Turma: 3N | 2019-2
Disciplina: Computação
Gráfica IV
Orientação: Jordan Martins
e Tabata Costa
Diagramação: Brenda Lemons
de Vasconcelos
Contato:
lemonsbrendav@gmail.com
Telefone: (53) 98129.1284
Data: Dezembro de 2019