Jornal Bauhaus
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08
EDIÇÃO ESPECIAL
DEZEMBRO/2019
A RELAÇÃO
DA BAUHAUS
COM A POLÍTICA
FONTE: Ana Weiss
Veja, Abril. Especial Bauhaus.
O ‘MEDO
DOS VERMELHOS’
Acontece que o grande mérito da nova
escola também guardava a razão de seu
fim. A maioria dos professores – ali
chamados de mestres -, e também boa
parte dos alunos que se matriculavam
tinham simpatia declarada pelo recém-implantado
comunismo soviético. Além da
afinidade política de integrantes,
A BAUHAUS ENSINAVA
QUE TODO PROJETO
DEVERIA PODER SER
REPRODUZIDO EM
GRANDE ESCALA, SER
LIVRE DE ELEMEN-
TOS DECORATIVOS E
CONTRIBUIR COM O
EQUILÍBRIO SOCIAL.
A onda nacionalista começou a se
indispor cada vez mais com os traços
esquerdistas da atuação da Bauhaus.
Crescia na Alemanha o “medo dos
vermelhos” e também a antipatia pelos
profissionais estrangeiros ocupando
vagas custeadas pelo Estado, sobretudo
os de origem judaica – a de alguns dos
mestres da escola.
AS
REPRESÁLIAS
Apesar das criações que ajudaram
a colocar a indústria alemã
no topo e das levas anuais
de mão-de-obra de primeira
qualidade, o governo cortou
pela metade o orçamento da
instituição pública.
Gropius e parte do corpo
docente entregaram seus cargos
e a escola foi transferida para
a cidade de Dessau cercada
de desconfiança e já sofrendo
represálias indiretas, como a
não contratação de projetos
de seus ex-alunos pela esfera
pública e parte de indústrias que
já apoiavam o Partido Nacional-Socialista,
mais conhecido
como Partido Nazista.
O arquiteto suíço Hannes
Meyer substituiu Gropius em
Dessau, em 1928. No edifício
que é símbolo da escola – onde
hoje funciona uma fundação
de preservação de memória da
Bauhaus, com cursos e exposições
–, Meyer, que efetivamente
pertencia ao Partido Comunista
Alemão, voltou o ensino radicalmente
para as questões sociais.
Às vésperas da Segunda Guerra
Mundial, crescia a propaganda
estatal com a imagem da mulher
alemã maternal e forte, que cuidaria
da casa e da cidade para
o marido ir à guerra. Meyer propunha
que o projeto da habitação
fosse pensado de forma que as
tarefas fossem compartilhadas
entre todos os seus moradores.
Durou dois anos no cargo,
saindo por pressão do governo.
O arquiteto alemão Ludwig Mies
van der Rohe assumiu a terceira
direção da escola decidido a
salvá-la. Para isso, orientou os
professores remanescentes a
estimular mais a autoria, deixando
de lado, assim, criações sociais, em
uma maneira de blindar alunos e
mestres da mira política do Estado.
A Exposição Universal realizada em
Barcelona, entre 1929 e 1930, tinha
levado à cidade ibérica projetos
como a poltrona Barcelona, assim
batizada para homenagear o evento
que mostrou para o mundo o que se
fazia dentro da escola sem paredes
pintadas.
Era tarde. Hitler estava assumindo
e uma das bandeiras de seu ministro
Joseph Goebbels era a erradicação
do que chamava de “arte degenerada”.
Muitos dos professores e
alunos estavam nessa lista.
A escola foi fechada e sua sede mais
importante teve o projeto deformado
– com a instalação de um telhado
alemão, mais tarde removido em
uma restauração – para descaracterizar
as linhas de influência soviética
(que, de fato, existiam).
A DIÁSPORA
A diáspora foi inevitável. Mas, com elas,
construções, móveis e objetos de linhas
claras, geométricas e o uso mínimo de
material foram a saída para a volta da
produção europeia e para a indústria
crescente na América.
ARRANHA-CÉUS DE
AÇO E VIDRO, MORA-
DIAS PLANEJADAS PARA
OCUPAR O ESPAÇO RE-
DUZIDO, OBJETOS LEVES
FEITOS COM O MÍNIMO
PARA FUNCIONAR E
PROJETOS PARA RE-
PRODUZIR EM GRANDE
ESCALA DERAM CARA
AO MUNDO MODERNO,
DO PÓS-GUERRA ATÉ
OS NOSSOS DIAS.
Alta escala, funcionalidade e uso intuitivo,
como os de um smartphone. Valores que
foram levados a cabo e com muito mais
efetividade por capitalistas como Steve Jobs,
que reproduziu o minimalismo e a superfuncionalidade
bauhausianas em seus gadgets. E
atingiu escala e alcance social que, na
Bauhaus, não se poderia nem sonhar.
A FUNDAÇÃO
Fundada por um arquiteto e
grande articulador chamado
Walter Gropius. A Alemanha
vivia uma fase de recuperação
de sua economia e dignidade,
levadas pela derrota humilhante
na Primeira Guerra Mundial.
Culto, atento e dono de uma
agenda para poucos, ele propôs
transformar a tradicional Escola
do Grão-Duque para as Artes
Plásticas de Weimar em um
centro de formação “universalista”.
A proposta era entregar
anualmente ao Estado arqui-
tetos, designers e artistas
com a melhor formação que
uma nação pode desejar, em
um projeto pedagógico que
conectaria, pela primeira
vez, cultura e indústria. Deu
certo.
Nos anos que se seguiram,
Gropius reuniu os nomes
mais proeminentes da
criação europeia. Em pouco
tempo, o diretor tinha no
seu time letivo gente como
o suíço Paul Klee, o soviético
Wassily Kandinsky e o
americano Lyonel Feininger.
Pintores, fotógrafos, arquitetos,
cartunistas responsáveis
por desenvolver a criatividade
de alunos desafiados
a pensar como projetistas.
Para Gropius, quem desenhava
uma colher era capaz
de desenhar uma cidade.
EXPEDIENTE:
Instituto Federal de Ciência
e Tecnologia Sul-rio-grandense-
Campus Pelotas/RS
Endereço: Praça Vinte
de Setembro, 455
Curso: Bacharelado em Design
Telefone: (53) 2123-1028;
2123-1027
Turma: 3N | 2019-2
Disciplina: Computação
Gráfica IV
Orientação: Jordan Martins
e Tabata Costa
Diagramação: Brenda Lemons
de Vasconcelos
Contato:
lemonsbrendav@gmail.com
Telefone: (53) 98129.1284
Data: Dezembro de 2019