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Revista 9 Batalhao_GRÁFICA_web

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O primeiro contingente militar oficial no Brasil

foi composto por aproximadamente 400 homens com

o objetivo de assegurar a autoridade do Governador

Geral no exercício de suas funções que compreendiam,

dentre outras, o comando de todas as forças armadas,

defesa contra exploradores estrangeiros e eventualmente

criminosos da própria colônia, construção de navios,

armar e preparar militarmente os contingentes de

colonos e ainda instalar fortificações.

As capitanias tinham seu próprio governante,

sua pequena milícia e seu próprio tesouro, geralmente

com grandes territórios e com povoamento concentrado

no litoral. O Brasil do século XVI se constituía num

amontoado de regiões mais ou menos autônomas,

pouco povoadas e sem maiores relacionamentos.

Uma característica muito marcante da

organização militar privada do período colonial foi

a falta de unidade, tanto no tempo como no espaço,

sendo constituída de forma fragmentada de acordo com

as condições coloniais dos núcleos de povoamento, e

mobilizada de forma irregular e eventual, norteada em

razão das conquistas, expansões e defesas do território.

A referência mais remota sobre uma autoridade

policial constituída se dá na figura do Almotacé,

responsável pela fiscalização da exatidão dos pesos e

medidas, taxação dos preços, distribuição de gêneros

alimentícios além de exercer a função de polícia da

cidade e de zelar pela limpeza pública; sendo assistidos

pelos alcaides-pequenos e meirinhos.

De uma forma geral, as tropas militares no Brasil

Colônia eram organizadas em 1ª, 2ª e 3ª linhas, sendo as

de 1ª linha, tropas regulares (pagas) responsáveis pela

defesa do território contra investidas do inimigo externo

ou interno; de 2ª linha, tropas auxiliares (constituídas em

Milícias, a partir de 1796) focadas na segurança interna

da colônia e eram reserva das tropas de 1ª linha, e de

3ª linha, as Ordenanças, destinadas à manutenção de

segurança local e não deviam ser deslocadas (precursora

das atuais polícias militares). Entretanto, todas essas

três tropas realizavam o papel que hoje são dos policiais

militares, realizando prisões e escoltas de prisioneiros,

transporte do tesouro real, dentre outras.

a. Tropas de 3ª linha: Ordenanças

Criada em Portugal pelo Alvará Régio de 8 de

janeiro de 1508 por Dom Manuel e estendida para todo

o reino português por Dom Sebastião através da Lei

das Armas de 9 de dezembro de 1569, as Companhias

de Ordenanças eram compostas por todos os homens

válidos com idades entre 20 e 65 anos, exceto os

sacerdotes, magistrados, deficientes físicos ou mentais.

Eram tropas voluntárias e estavam organizadas nas vilas

e cidades, incluindo seus arraiais e povoados.

Cada Ordenança era comandada por um Capitão-

Mor (equivalente do posto de Coronel, atualmente)

tendo o Sargento-Mayor (equivalente ao posto de Major,

atualmente) como seu substituto imediato. A partir das

Ordenanças as tropas se subdividiam em Companhias

que tinha a sua hierarquia composta da seguinte forma:

Estado

Maior

Oficiais de

Patente

Oficiais

inferiores

Tropa

1 Capitão (de Companhia)

1 Alferes

1 sargento

1 Meirinho

1 Escrivão

10 Cabos de Esquadra

250 Soldados (10

esquadras x 25 soldados)

No Brasil, norteado pela filosofia do “estado

de polícia” prussiano do séc. XVIII as Ordenanças e

as Milícias foram amplamente utilizadas como meio

“disciplinador” da sociedade.

Em 1758 foi extinto os cargos civis de Meirinhos

e Escrivães das Companhias, sendo substituídos por

dois sargentos. Em 1827 foi a vez da extinção da função

de Capitão-Mor das Ordenanças, sendo as Ordenanças

subordinadas aos Juízes de Paz; e por fim, em 1831

foi extinta as Ordenanças e criada a Guarda Municipal

Permanente.

b. Tropas de 2ª linha: Auxiliares e Milícias

As tropas Auxiliares surgiram em Portugal em

1645 no cenário de restauração do trono português

após o período de unificação das Coroas Portuguesa e

Espanhola entre 1580 e 1640. Tinham como função a

manutenção da segurança do território e constituíam,

juntamente com as tropas de 1ª linha e as Ordenanças

as forças militares da Metrópole Portuguesa e suas

colônias.

Sua estrutura militar era inspirada da

espanhola, dividida em terços com cerca de 600

homens subdivididos em 10 companhias. Cada terço

era comandado por um mestre-de-campo que tinha o

treinamento de seu efetivo realizado por homens das

tropas de 1ª linha. Entretanto, não havia remuneração

pecuniária para nenhum de seus componentes, o que

levava a Coroa a oferecer honrarias aos seus oficiais

como recompensa pelos seus serviços.

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