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José Nivaldo Junior<br />
Feliz Natal!<br />
E Ano Novo?<br />
Desde 1984, quase 40 anos atrás, os brasileiros não iniciavam<br />
o período natalino tão asperamente divididos.<br />
O clima de confronto político e intolerância no país só fez<br />
aumentar nos últimos anos, chegando ao ponto mais agudo<br />
no recente processo eleitoral. E pouco melhorou depois do<br />
pleito. As redes sociais continuam repletas de sectarismos.<br />
Ao contrário do que comumente acontece, grande parte dos<br />
vencedores não vestiram a capa da generosidade, que engrandece<br />
os vitoriosos. Ao invés disso, seguindo uma opção<br />
de estratégia militar, partiram para hostilizar e, pelo menos<br />
metaforicamente, esmagar os adversários, tratados como<br />
inimigos.<br />
Do outro lado, um bom contingente entre os vencidos não<br />
recebeu o resultado com humildade e partiu para, de imediato,<br />
detonar um governo que nem começou. Contrariando<br />
o que é comum nas democracias, não foi concedida ao vencedor<br />
uma trégua para montar sua equipe de acordo com<br />
sua visão e seus compromissos de campanha, referendados<br />
nas urnas. E, a partir da posse, no início do próximo ano, até<br />
agora nada indica que lhe seja concedida a tradicional trégua<br />
para mostrar a que veio.<br />
A disputa prosseguiu em um terceiro turno azedo, intransigente,<br />
pouco produtivo para o conjunto da sociedade.<br />
Nesse clima de confronto, as primeiras vítimas são a verdade<br />
e a boa convivência. E ai chega o período de fim de ano.<br />
Época de confraternização universal, no mundo ocidental e<br />
cristão. Época de desejar paz, saúde, prosperidade. Época de<br />
esquecer divergências e perdoar o próximo, principalmente<br />
aqueles que pensam diferente, porque perdoar os iguais não<br />
requer muito sacrifício.<br />
Paz na terra entre os irmãos nesse país tropical, é o que se<br />
espera entre as pessoas de boa vontade. E a estas alturas se<br />
impõe a pergunta: você se dispõe a ter boa vontade? A colocar<br />
o espírito coletivo acima de suas próprias opiniões? Em<br />
abdicar do ódio pelos que pensam diferente?<br />
Vivemos numa sociedade marcada pelas diferenças e pelas<br />
injustiças. Mas nem por isso, precisamos viver com amargura,<br />
destilando ressentimentos. Temos que buscar pontos de<br />
equilíbrio que permitam uma convivência menos conflituosa<br />
no dia-a-dia.<br />
Isso não significa abdicar das nossas bandeiras, das nossas<br />
causas, das nossas lutas.<br />
Representa apenas fazer isso sem transformar a amargura e<br />
a intransigência no pão nosso de cada dia.<br />
Torço para que aqueles que, de qualquer lado, ainda persistem<br />
na militância que confunde delírios e narrativas distorcidas<br />
com pontos de vista divergentes, sejam alcançados<br />
pelo clima de desarmamento espiritual e incorporem o espírito<br />
de fraternidade e solidariedade. Divergir, sim, mas com<br />
tolerância e respeito. Não fazendo aos outros aquilo que não<br />
queres que te façam, conceito secular e cada vez mais atual.<br />
Espero que desejar Feliz Natal seja o primeiro passo para<br />
que, se não todos, mas a grande maioria, desejem uns aos<br />
outros sinceros votos de um bom Ano Novo.<br />
O país está carente de progresso. Sinceramente, acho que todos<br />
só têm a ganhar com isso.<br />
Portanto, queridos leitores, um Natal muito Feliz e, como dizia<br />
aquela antiga propaganda da Varig, um Ano Novo cheio<br />
de prosperidade para todos.<br />
José Nivaldo Junior<br />
Publicitário, especializado em comunicação política e institucional.<br />
Da Academia Pernambucana de Letras<br />
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