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Moda & Negócios EDIÇÃO 26

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José Nivaldo Junior<br />

Feliz Natal!<br />

E Ano Novo?<br />

Desde 1984, quase 40 anos atrás, os brasileiros não iniciavam<br />

o período natalino tão asperamente divididos.<br />

O clima de confronto político e intolerância no país só fez<br />

aumentar nos últimos anos, chegando ao ponto mais agudo<br />

no recente processo eleitoral. E pouco melhorou depois do<br />

pleito. As redes sociais continuam repletas de sectarismos.<br />

Ao contrário do que comumente acontece, grande parte dos<br />

vencedores não vestiram a capa da generosidade, que engrandece<br />

os vitoriosos. Ao invés disso, seguindo uma opção<br />

de estratégia militar, partiram para hostilizar e, pelo menos<br />

metaforicamente, esmagar os adversários, tratados como<br />

inimigos.<br />

Do outro lado, um bom contingente entre os vencidos não<br />

recebeu o resultado com humildade e partiu para, de imediato,<br />

detonar um governo que nem começou. Contrariando<br />

o que é comum nas democracias, não foi concedida ao vencedor<br />

uma trégua para montar sua equipe de acordo com<br />

sua visão e seus compromissos de campanha, referendados<br />

nas urnas. E, a partir da posse, no início do próximo ano, até<br />

agora nada indica que lhe seja concedida a tradicional trégua<br />

para mostrar a que veio.<br />

A disputa prosseguiu em um terceiro turno azedo, intransigente,<br />

pouco produtivo para o conjunto da sociedade.<br />

Nesse clima de confronto, as primeiras vítimas são a verdade<br />

e a boa convivência. E ai chega o período de fim de ano.<br />

Época de confraternização universal, no mundo ocidental e<br />

cristão. Época de desejar paz, saúde, prosperidade. Época de<br />

esquecer divergências e perdoar o próximo, principalmente<br />

aqueles que pensam diferente, porque perdoar os iguais não<br />

requer muito sacrifício.<br />

Paz na terra entre os irmãos nesse país tropical, é o que se<br />

espera entre as pessoas de boa vontade. E a estas alturas se<br />

impõe a pergunta: você se dispõe a ter boa vontade? A colocar<br />

o espírito coletivo acima de suas próprias opiniões? Em<br />

abdicar do ódio pelos que pensam diferente?<br />

Vivemos numa sociedade marcada pelas diferenças e pelas<br />

injustiças. Mas nem por isso, precisamos viver com amargura,<br />

destilando ressentimentos. Temos que buscar pontos de<br />

equilíbrio que permitam uma convivência menos conflituosa<br />

no dia-a-dia.<br />

Isso não significa abdicar das nossas bandeiras, das nossas<br />

causas, das nossas lutas.<br />

Representa apenas fazer isso sem transformar a amargura e<br />

a intransigência no pão nosso de cada dia.<br />

Torço para que aqueles que, de qualquer lado, ainda persistem<br />

na militância que confunde delírios e narrativas distorcidas<br />

com pontos de vista divergentes, sejam alcançados<br />

pelo clima de desarmamento espiritual e incorporem o espírito<br />

de fraternidade e solidariedade. Divergir, sim, mas com<br />

tolerância e respeito. Não fazendo aos outros aquilo que não<br />

queres que te façam, conceito secular e cada vez mais atual.<br />

Espero que desejar Feliz Natal seja o primeiro passo para<br />

que, se não todos, mas a grande maioria, desejem uns aos<br />

outros sinceros votos de um bom Ano Novo.<br />

O país está carente de progresso. Sinceramente, acho que todos<br />

só têm a ganhar com isso.<br />

Portanto, queridos leitores, um Natal muito Feliz e, como dizia<br />

aquela antiga propaganda da Varig, um Ano Novo cheio<br />

de prosperidade para todos.<br />

José Nivaldo Junior<br />

Publicitário, especializado em comunicação política e institucional.<br />

Da Academia Pernambucana de Letras<br />

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