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José Nivaldo Junior<br />
DROGAS: PROIBIR OU LIBERAR?<br />
Recentemente, o Secretário de Defesa<br />
e Cidadania da Prefeitura da<br />
Cidade do Recife, Murilo Cavalcanti, externou<br />
publicamente sua opinião favorável<br />
à total e completa liberação das<br />
drogas. O governo Bolsonaro não gostou,<br />
naturalmente. E no melhor estilo<br />
do bolsonarismo, esperneou, ampliou<br />
o conflito com o PSB de Pernambuco<br />
e ameaçou até processar o Secretário<br />
por incitação ao crime.<br />
É uma visão. Conservadora. Sem dúvida<br />
acarada pela maioria da sociedade.<br />
Que é, como já está provado e comprovado,<br />
majoritariamente reacionária<br />
nos costumes.<br />
Ao mesmo tempo é, conforme entendo,<br />
uma pauta inútil. Pelo fato de entrar<br />
em uma guerra com apenas um resultado<br />
possível: a derrota.<br />
As pessoas confundem defesa da liberação<br />
com apologia ao consumo. São<br />
coisas muito diferentes. Repito: o primeiro<br />
ponto de vista, esse de proibir<br />
tudo, adotado pelo governo, é a opinião<br />
que a maioria se dispõe a expressar.<br />
Mas nem sempre concordo com a<br />
maioria.<br />
MINHA OPINIÃO<br />
A minha opinião oposta. Sou do tempo<br />
em que o lema “É PROIBIDO PROIBIR”<br />
arrebatava corações.<br />
Reconheço que a questão das drogas é<br />
polêmica e emocional.<br />
Meu ponto de vista é pela liberação.<br />
Total, completa, absoluta.<br />
Sou contra o modelo repressivo que<br />
está aí, firme e forte. Que não inibe e jamais<br />
inibiu o consumo. E além do mais<br />
cria uma desnecessária teia de criminalidade.<br />
Como aconteceu no tempo<br />
da Lei Seca norte-americana, lição que<br />
poucos aprenderam. Como, por outro<br />
lado, o vitorioso modelo de combate<br />
ao tabagismo está provando e poucos<br />
querem ver. Nesse caso exemplar inibe-se<br />
o fumo sem proibições radicais,<br />
combinando restrições e orientação.<br />
É o melhor caminho.<br />
Além de vinho, cachaça ou uísque, sequer<br />
experimentei outras drogas. Não<br />
gosto, não quero, não concordo.<br />
Portanto, não puxo a brasa para minha<br />
sardinha. Não legislo em causa própria.<br />
Defendo o que considero melhor<br />
para a sociedade. E aceito debater com<br />
pessoas que pensam diferente.<br />
Sou contra o consumo de drogas ilícitas.<br />
Apenas, fujo das sombras, que<br />
sempre favorecem o mal.<br />
Prefiro o bom combate, travado à luz<br />
do sol.<br />
A OPINIÃO DO JURISTA<br />
O jurista e acadêmico José Paulo Cavalcanti<br />
Filho, defende uma terceira<br />
opinião.<br />
Abre aspas.<br />
Os países do Primeiro Mundo querem<br />
testar um modelo de liberação do consumo<br />
de drogas.<br />
Como, aliás, se pode comprovar nos<br />
muitos congressos internacionais sobre<br />
“drug adicts”. Mas não na terra deles.<br />
Esperam que algum país periférico<br />
tome a iniciativa. Onde foi feito, não<br />
deu certo. E se voltou atrás. Uruguai?<br />
Falemos sério. Das 77 Farmácias de<br />
Montevidéu, só três aderiram. E continua<br />
a venda ilegal, pela baixa toxidade<br />
da maconha liberada. Em resumo:<br />
Provavelmente, a tese da liberação é a<br />
melhor. Só que não é isso que está em<br />
discussão. O centro da conversa é que<br />
essa liberação deve ser tentada em Estados<br />
Unidos, Alemanha, Inglaterra. Se<br />
der certo, a gente copia. Se não, ainda<br />
bem que não tentamos. Ser cobaia dessa<br />
gente, não.<br />
Fecha aspas.<br />
E você? Qual a sua opinião?<br />
José Nivaldo Junior<br />
Publicitário. Consultor. Da Academia<br />
Pernambucana de Letras.<br />
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