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Moda & Negócios EDIÇÃO 30

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José Nivaldo Junior<br />

DROGAS: PROIBIR OU LIBERAR?<br />

Recentemente, o Secretário de Defesa<br />

e Cidadania da Prefeitura da<br />

Cidade do Recife, Murilo Cavalcanti, externou<br />

publicamente sua opinião favorável<br />

à total e completa liberação das<br />

drogas. O governo Bolsonaro não gostou,<br />

naturalmente. E no melhor estilo<br />

do bolsonarismo, esperneou, ampliou<br />

o conflito com o PSB de Pernambuco<br />

e ameaçou até processar o Secretário<br />

por incitação ao crime.<br />

É uma visão. Conservadora. Sem dúvida<br />

acarada pela maioria da sociedade.<br />

Que é, como já está provado e comprovado,<br />

majoritariamente reacionária<br />

nos costumes.<br />

Ao mesmo tempo é, conforme entendo,<br />

uma pauta inútil. Pelo fato de entrar<br />

em uma guerra com apenas um resultado<br />

possível: a derrota.<br />

As pessoas confundem defesa da liberação<br />

com apologia ao consumo. São<br />

coisas muito diferentes. Repito: o primeiro<br />

ponto de vista, esse de proibir<br />

tudo, adotado pelo governo, é a opinião<br />

que a maioria se dispõe a expressar.<br />

Mas nem sempre concordo com a<br />

maioria.<br />

MINHA OPINIÃO<br />

A minha opinião oposta. Sou do tempo<br />

em que o lema “É PROIBIDO PROIBIR”<br />

arrebatava corações.<br />

Reconheço que a questão das drogas é<br />

polêmica e emocional.<br />

Meu ponto de vista é pela liberação.<br />

Total, completa, absoluta.<br />

Sou contra o modelo repressivo que<br />

está aí, firme e forte. Que não inibe e jamais<br />

inibiu o consumo. E além do mais<br />

cria uma desnecessária teia de criminalidade.<br />

Como aconteceu no tempo<br />

da Lei Seca norte-americana, lição que<br />

poucos aprenderam. Como, por outro<br />

lado, o vitorioso modelo de combate<br />

ao tabagismo está provando e poucos<br />

querem ver. Nesse caso exemplar inibe-se<br />

o fumo sem proibições radicais,<br />

combinando restrições e orientação.<br />

É o melhor caminho.<br />

Além de vinho, cachaça ou uísque, sequer<br />

experimentei outras drogas. Não<br />

gosto, não quero, não concordo.<br />

Portanto, não puxo a brasa para minha<br />

sardinha. Não legislo em causa própria.<br />

Defendo o que considero melhor<br />

para a sociedade. E aceito debater com<br />

pessoas que pensam diferente.<br />

Sou contra o consumo de drogas ilícitas.<br />

Apenas, fujo das sombras, que<br />

sempre favorecem o mal.<br />

Prefiro o bom combate, travado à luz<br />

do sol.<br />

A OPINIÃO DO JURISTA<br />

O jurista e acadêmico José Paulo Cavalcanti<br />

Filho, defende uma terceira<br />

opinião.<br />

Abre aspas.<br />

Os países do Primeiro Mundo querem<br />

testar um modelo de liberação do consumo<br />

de drogas.<br />

Como, aliás, se pode comprovar nos<br />

muitos congressos internacionais sobre<br />

“drug adicts”. Mas não na terra deles.<br />

Esperam que algum país periférico<br />

tome a iniciativa. Onde foi feito, não<br />

deu certo. E se voltou atrás. Uruguai?<br />

Falemos sério. Das 77 Farmácias de<br />

Montevidéu, só três aderiram. E continua<br />

a venda ilegal, pela baixa toxidade<br />

da maconha liberada. Em resumo:<br />

Provavelmente, a tese da liberação é a<br />

melhor. Só que não é isso que está em<br />

discussão. O centro da conversa é que<br />

essa liberação deve ser tentada em Estados<br />

Unidos, Alemanha, Inglaterra. Se<br />

der certo, a gente copia. Se não, ainda<br />

bem que não tentamos. Ser cobaia dessa<br />

gente, não.<br />

Fecha aspas.<br />

E você? Qual a sua opinião?<br />

José Nivaldo Junior<br />

Publicitário. Consultor. Da Academia<br />

Pernambucana de Letras.<br />

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