Anuário Educar 02
O Anuário Educar é um incrível projeto educacional, com matérias, artigos e depoimentos de gestores, educadores, psicólogos, pais e alunos sobre esse grande universo da educação que está em constante mudança! Uma edição especial, que compartilha a opinião das principais “Vozes da Educação” sobre o atual momento e os rumos na pandemia e pós-pandemia. O Anuário conta ainda com a participação das maiores escolas particulares de Salvador, mostrando suas propostas pedagógicas e suas principais competências e habilidades. Um beijo e Boa leitura!
O Anuário Educar é um incrível projeto educacional, com matérias, artigos e depoimentos de gestores, educadores, psicólogos, pais e alunos sobre esse grande universo da educação que está em constante mudança!
Uma edição especial, que compartilha a opinião das principais “Vozes da Educação” sobre o atual momento e os rumos na pandemia e pós-pandemia.
O Anuário conta ainda com a participação das maiores escolas particulares de Salvador, mostrando suas propostas pedagógicas e suas principais competências e habilidades.
Um beijo e Boa leitura!
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Ser Pai<br />
// por Edgard Abbehusen<br />
foto divulgação<br />
A segunda<br />
viagem<br />
Ser pai de segunda<br />
viagem é uma<br />
aventura tão bonita<br />
e intensa quanto a<br />
primeira viagem<br />
*Edgard Abbehusen, jornalista, escritor<br />
e palestrante. É criador de textos, frases e<br />
crônicas autorais que tocam o coração de<br />
muitas pessoas. Atualmente lançou o seu<br />
livro ‘Acredite na sua capacidade de superar’,<br />
que já conquistou uma legião de leitores.<br />
Jamais aceitei romantizar o fato<br />
de ter sido pai muito cedo, apesar<br />
de ter sido uma das minhas<br />
experiências mais intensas, edificantes<br />
e até hoje mais bonitas.<br />
Letícia é o meu maior orgulho. Foi<br />
com ela a minha paternidade de<br />
primeira viagem e embarquei nesse<br />
mundo tão denso e dramático,<br />
mas também tão amável e prazeroso,<br />
que é cuidar e participar. Ser<br />
presente para o meu maior presente<br />
da vida, como costumo dizer o<br />
significado que o nascimento dela<br />
tem para o meu coração.<br />
Treze anos depois eu sou convidado<br />
pelo tempo e pelo amor<br />
a embarcar em uma nova jornada:<br />
a segunda viagem. No meio<br />
de uma pandemia, em um ano<br />
tão complexo e tão difícil para<br />
tantos, Mateo chegou em casa<br />
quase de surpresa em um final<br />
de domingo de um final de junho<br />
‘obedecendo às regras do isolamento<br />
social’, brinca a sua mãe, a<br />
minha amada Jéssica.<br />
Lembro que acordei no dia seguinte<br />
ainda abatido pela tensão,<br />
me olhei no espelho e pensei:<br />
agora eu vou falar com ‘meus filhos’<br />
para as pessoas. Foi o meu<br />
primeiro pensamento. Filhos no<br />
plural. Duas vidas, dois amores.<br />
Meu pai dizia que um filho sempre<br />
parecerá perdido aos olhos<br />
dos pais, não importa a idade que tenham. É<br />
a sensação de proteção. A divina sensação<br />
de querer mostrar um caminho e querer se<br />
fazer presente.<br />
Pensei em tudo. Em como começar a criar<br />
um filho ao lado de uma filha já adolescente.<br />
Como seria essa experiência vivenciando os<br />
dois extremos de uma paternidade. A primeira<br />
saída com as amigas de Letícia, os primeiros<br />
passos de Mateo. O primeiro namoradinho de Letícia<br />
e as aventuras e descobertas do mundo aos olhos de<br />
Mateo. Tudo acontecendo ali diante dos meus olhos<br />
e diante da minha responsabilidade. Pensei também<br />
na pandemia. Nas suas consequências e como aquilo<br />
afetaria o meu trabalho e, obviamente, a minha nova<br />
vida. Pensei no meu processo de desconstrução do<br />
machismo, que ainda precisa de muito estudo, leitura,<br />
entendimento e vontade de escutar.<br />
As primeiras vinte e quatro horas após o nascimento<br />
de Mateo passou tudo isso na minha cabeça preocupada.<br />
Um filme sobre passado, presente e futuro.<br />
Eu comecei a querer identificar onde errei com Letícia<br />
para tentar acertar com Mateo. E buscar os acertos<br />
com Letícia para repeti-los com Mateo.<br />
Uma confusão que só o tempo foi capaz<br />
de reorganizar no meu coração. É que<br />
não basta ser pai. É preciso querer ser.<br />
De pai para filho!<br />
Quando penso em meu pai, meu coração é só<br />
amor e gratidão por tudo o que ele me proporcionou.<br />
E não estou falando de bens materiais. Estou falando<br />
de afeto. De abraço. Do carinho que ele demonstrava,<br />
do jeito dele. Quando penso no futuro, quero ser<br />
presença nos pensamentos dos meus filhos como o<br />
meu pai é presente no meu.<br />
Se você é pai e chegou até aqui agora, neste texto,<br />
pense nisso. Participe da vida dos seus filhos. Seja parceiro<br />
da sua companheira na criação dos seus filhos<br />
ainda que a relação tenha terminado. Nenhum bem<br />
foto divulgação<br />
material, nenhuma viagem ou presente<br />
vai compensar a falta de afeto.<br />
Queira ser pai. De todo o coração.<br />
Com todas as forças. Do seu<br />
jeito, mas queria ser e seja PAI.<br />
@edgardabbehusen<br />
12 <strong>Anuário</strong> RMB <strong>Educar</strong>