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FOTO: DIVULGAÇÃO
HELOISA DALLARI,
ARQUITETA E PROFESSORA
NA FAAP, EM SÃO PAULO,
PESQUISADORA DE
FENOMENOLOGIA DO ESPAÇO
E DO HABITAR E ESTUDIOSA
DE FENG SHUI SIMBÓLICO
“O isolamento social nos fez pensar sobre a sociedade
workaholic e consumista. Nós nos desacostumamos
às pausas e, quando não estamos
produzindo, nos sentimos culpados. Trabalhar
o tempo todo não é saudável, veja as pesquisas
que mostram a quantidade de pessoas que tomam
remédio para dormir e para ansiedade. As
religiões respeitam as pausas semanais, assim
como os animais e os ciclos das estações do ano.
Tínhamos perdido essa noção. Isso leva a uma
reflexão de como conduziremos nossa vida e
planejaremos nossos espaços a partir de agora.
Estamos lentamente retomando a sacralização
de nossa morada: significando os elementos
que compõem o espaço doméstico,
que havia se transformado
em mero lugar de
passagem. As pessoas estão
mais atentas a seu bem-estar.
A casa precisa contar a história
pessoal, ter objetos
A QUALIDADE DO MORAR
A CASA PRECISA
CONTAR A
HISTÓRIA
PESSOAL. ISSO
TRAZ CONFORTO
PSICOLÓGICO
com memória, isso traz conforto psicológico.
Tenho de me apropriar dela e transformá-
-la no lar que me acolhe. Não pode ser só um
espaço para ser mostrado aos outros. O confinamento
valorizou a qualidade do morar.
Retomamos o que estava esquecido: a comida
caseira, o bordado, a pintura, a caligrafia...
Estávamos no plano mental e a volta do fazer
manual é positiva e transformadora, pois nos
remete à percepção de um tempo desacelerado.
O design biofílico ganha espaço, trazendo a natureza
para os interiores, seja por meio de plantas,
cores, seja por materiais, formas, ventilação e iluminação
naturais. O consumo deverá ser mais local
e menos universal, com um
design que evoque a natureza,
em sintonia com a responsabilidade
ambiental e social. Daremos
menos atenção às tendências
para decidirmos o que
queremos individualmente.”
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