APOSTILA - 6º - 7º ANO
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O Tartufo
A cena
Fragmento, ato III, cena III, Elmire, Tartufo.
(Tradução de Jaci Monteiro, Editora Abril, 1983, p. 75 e 77)
(Nessa cena Tartufo tenta seduzir Elmire, que é esposa de Orgon, que o ajuda financeiramente,
pois acredita que Tartufo é uma pessoa religiosa e caridosa.)
Elmire – Seu zelo inquietou-se demasiado por mim.
Tartufo - Nunca será estimar demais a sua preciosa saúde e, para restabelecê-la, de bom
grado daria a minha.
Elmire - É levar muito longe a caridade cristã e muito lhe fico a dever por tanta bondade.
Tartufo - Faço pela senhora muito menos do que merece.
Elmire- Quis falar-lhe em segredo de um assunto e folgo que ninguém nos esteja espiando.
Tartufo- Estou igualmente encantado e, dúvida, é-me sumamente agradável ver-me as sós
com a senhora. Tenho pedido aos Céus uma ocasião dessas, que até esta hora não mo quis
proporcionar.
Elmire- Quanto a mim, o que desejo é apenas uma conversa em que seu coração se revele e
nada me esconda.
Tartufo- É o que também quero, por favor, especial, é mostrar a seus olhos minha alma inteira
e jurar-lhe aqui mesmo que a oposição que faço de qualquer ódio contra a sua pessoa,
representa antes um transporte do zelo que me arraste, e com intenções puras...
Elmire- Assim o considero, e creio que minha salvação é que lhe dá todos esses cuidados. Tartufo
(aperta-lhe a ponta dos dedos)- Sim, senhora, sem dúvida, e meu fervor é de tal modo...
Elmire- Ufa! Está me apertando muito.
Tartufo- É excesso de zelo. Não poderia passar-me pela cabeça magoá-la e antes teria... (Põe-
-lhe a mão no joelho.)
Elmire- Que faz aí sua mão?
Tartufo- Estou apalpando seu vestido: o tecido é tão macio.
Elmire- Ah! Por favor, não faça isso, sinto muita cócega. (Recua a cadeira e Tartufo
aproxima a dele.)
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