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eu queria no meu cotidiano, e conforme eu fui usando e experimentando de formas diferentes fui
percebendo que me denominar "homem" não parecia correto e me causava estranhamento, até
que eu pesquisei sobre não-binariedade e me encontrei.” E desde então a moda está presente na
vida e na forma de expressão de Nicolas.
Pois é, a moda sempre foi e sempre será a forma como nos manifestamos diante da
sociedade. Escolher a roupa que vamos usar se tornou um ritual diário, reforça quem somos, da
veracidade em nossa identidade. Independente do que pensem ou deixem de pensar, a moda é a
maneira como você se vê e está muito além do que a gente pensa. Crescemos inseridos naquele
cotidiano que nossos pais nos oferecem. E mesmo com as “divisões” de gênero, muitos de nós
buscamos na infância inspirações externas, podia ser em um desenho da época, uma cantora (o)
e assim sucessivamente até os dias de hoje.
“Sempre gostei muito de personagens femininas de desenhos e jogos, mesmo tendo uma
criação masculina eu sempre tive uma vontade de experimentar algo que ia além do gênero que
designaram pra mim. Fui entender mais assistindo pessoas como a Ruby Rose ou Lachlan Watson
que tentam borrar essa imagem binária do gênero. Alguns personagens também como o Ele de
Meninas Super Poderosas ou a Ivankov de One Piece que também sugerem essa ambiguidade,
essas foram as pessoas e personas que me inspiraram a experimentar o estilo agênero.” conclui
Nicolas.
Além do Nicolas, que buscou inspirações na infância e busca até hoje nos seus ídolos, o
Johny e o Emanuel também revelam suas inspirações, tanto em lojas como em estilistas ou até
mesmo em algum conteúdo na internet. Johny dá uma dica para quem quiser conhecer ou até
fazer uma primeira compra, a loja Farm aqui no Brasil. “Não que ela seja genderless, porque ela
não é. Ela é uma loja feminina, mas agora ela trabalha com modelagens amplas e eu consigo usar
saia, vestido, estampas florais.”
No caso do Emanuel, suas influências vem de buscas mais pela internet ou redes sociais,
e sem dúvidas do evento dedicado à moda autoral e também lançador de novos estilistas da
moda brasileira Casa dos Criadores que acontece duas vezes por ano na cidade de São Paulo.
Claro que não podemos esquecer das revistas Vogue, Elle, Marie Claire e Glamour que nos
últimos meses vem tratando, mesmo que de forma rasa, um pouco sobre a binariedade e a moda
genderless.
Quando grandes mídias divulgam assuntos sobre a identidade agênero ou moda genderless
com certeza atingem um número altíssimo de pessoas que tem interesse pelo estilo ou assunto,
estimulando-as as novas descobertas. Quanto mais falado, mais normalizado será. Para nós,
tratar deste assunto é importantíssimo. E com certeza, abrirá os olhos de muitas pessoas que não
enxergam que o novo está aí a muitooo tempo.
Foto: Arquivo Pesoal
“Eu acredito que é muito oportuna e já deveria ter começado a ser
amplamente debatido há tempos, quando a gente analisa a história da moda
e da sociedade num geral dá pra ver e entender como o conceito de o que
representa um gênero não é imutável no curso da história, é algo que mudou
várias vezes e constantemente muda por inúmeros fatores. No final do dia são
só pedaços de pano pintados e cortados de uma maneira, então não tem o
porquê de nós nos prendermos a eles como marcadores de gênero.” Finaliza
Nicolas.
Foto: Arquivo Pesoal
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Foto: Arquivo Pesoal