Baía de Guanabara: descaso e resistência (2ª edição)
A Baía de Guanabara é palco da história do Brasil e abriga um múltiplo e diverso patrimônio ambiental, social, cultural e econômico que atravessa os séculos. A Guanabara é expectativa e realidade, é sonho e pesadelo, é natureza e poluição. Qualquer tentativa de resumi-la a uma descrição objetiva é cercada de uma enorme dificuldade, digna de desafios nos quais apenas poucos conseguem obter êxito. Emanuel Alencar é desses poucos bem-sucedidos jornalistas que desafiaram a complexidade de uma Baía de Guanabara de descasos e resistências, construindo uma obra abrangente e ao mesmo tempo sintética, que percorre por histórias, fatos, dados, gráficos e narrativas um território que abriga 10 milhões de habitantes e recebe milhões de visitantes — que, mesmo de longe, reconhecem seus monumentos naturais, como as curvas do Pão de Açúcar e a majestade do Cristo Redentor (de braços abertos sobre a Guanabara). Nesta segunda edição Emanuel Alencar — esse carioca e rubro-negro que se especializou no jornalismo ambiental — revisa e amplia as informações sobre esse ecossistema, atualizando especialmente os dados sobre o saneamento ambiental da região, inclusive a partir da concessão dos serviços que estavam sob a tutela da CEDAE. Também traz informações mais recentes sobre atividade pesqueira, fauna marinha, praias, poluição industrial, oleodutos, navios e a pandemia do COVID-19. Rogério Rocco
A Baía de Guanabara é palco da história do Brasil e abriga um múltiplo e diverso patrimônio ambiental, social, cultural e econômico que atravessa os séculos. A Guanabara é expectativa e realidade, é sonho e pesadelo, é natureza e poluição. Qualquer tentativa de resumi-la a uma descrição objetiva é cercada de uma enorme dificuldade, digna de desafios nos quais apenas poucos conseguem obter êxito.
Emanuel Alencar é desses poucos bem-sucedidos jornalistas que desafiaram a complexidade de uma Baía de Guanabara de descasos e resistências, construindo uma obra abrangente e ao mesmo tempo sintética, que percorre por histórias, fatos, dados, gráficos e narrativas um território que abriga 10 milhões de habitantes e recebe milhões de visitantes — que, mesmo de longe, reconhecem seus monumentos naturais, como as curvas do Pão de Açúcar e a majestade do Cristo Redentor (de braços abertos sobre a Guanabara).
Nesta segunda edição Emanuel Alencar — esse carioca e rubro-negro que se especializou no jornalismo ambiental — revisa e amplia as informações sobre esse ecossistema, atualizando especialmente os dados sobre o saneamento ambiental da região, inclusive a partir da concessão dos serviços que estavam sob a tutela da CEDAE. Também traz informações mais recentes sobre atividade pesqueira, fauna marinha, praias, poluição industrial, oleodutos, navios e a pandemia do COVID-19.
Rogério Rocco
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como conclui o texto do jornalista Emanuel Alencar, produzido
a convite da Fundação Heinrich Böll e que apresentamos aqui
com grande satisfação.
Podemos concluir que não tem sido pela falta de dinheiro que
a Baía se encontra no estado calamitoso atual. Este é resultado de
uma aguda falta de vontade política, alicerçada nas falhas institucionalizadas
do sistema político brasileiro e aliada a uma política
de extração de petróleo a qualquer custo social e ambiental.
Construiu-se estações de tratamento de esgoto, mas não foram
construídas as redes de coleta que deveriam ter ligado as estações
aos sistemas sanitários, nem aumentou-se o nível de saneamento
básico nos municípios. Simplesmente não houve comunicação e
cooperação dos diversos níveis administrativos suficiente para
mudar o quadro. O PSAM (Programa de Saneamento Ambiental
dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara), programa
sucessor do PDBG aprovado em 2011, enfrenta o mesmo problema
até hoje. A Baía de Guanabara constitui, portanto, um escândalo
igualmente ecológico e político.
No trabalho no Brasil, a Fundação Böll tem constatado os
efeitos socioambientais complicados, por vezes desastrosos
do modelo de desenvolvimento em curso no país. Na Baía de
Guanabara, não é diferente. Pelos que têm poder de decisão
ela é vista como um espaço de aproveitamento principalmente
da indústria petroleira. Há nas suas margens uma refinaria em
funcionamento, a REDUC, e uma segunda em construção, e nos
últimos anos a Baía virou estacionamento desta indústria para
navios, plataformas e rebocadores: principal ponto de apoio do
projeto Pré-Sal. Em todo debate pré-olímpico sobre a despoluição
da Baía, provocado pela atenção internacional, nunca se
questionou esta ocupação do espaço da Guanabara, e assim, na
prática, determinou-se sua contínua poluição.
Há quem resista à decadência da Baía e aos processos que a ela
levaram. Até porque lutam pela própria sobrevivência. É o caso
do boto-cinza; uns 40 ainda insistem em ter a Guanabara como
PREFÁCIO
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