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Edição 24 - Revista Aquaculture Brasil

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aquaculturebrasil.com

REVISTA

AQUACULTURE

BRASIL

EDIÇÃO

24

JUL/SET

2021

O MERCADO

CONSUMIDOR DE

PRODUTOS DA

AQUICULTURA NO

BRASIL

MAR/ABR 2018

ISSN 2525-3379

Artigo: Maricultura da

macroalga Kappaphycus

alvarezii no RJ

Artigo: Viabilidade

econômica para o

cultivo de pirarucu

Coluna: O cooperativismo

pode auxiliar a cadeia

ranícola?

Despescou: Tambaqui -

Piscicultura Rio Taboca

1




AQUACULTURE BRASIL

O MAIOR PORTAL DA AQUICULTURA

BRASILEIRA!

EDITOR-CHEFE:

Giovanni Lemos de Mello

redacao@aquaculturebrasil.com

EDITORES-ASSISTENTES:

Alex Augusto Gonçalves

Artur Nishioka Rombenso

Maurício Gustavo Coelho Emerenciano

Roberto Bianchini Derner

Rodolfo Luís Petersen

DIREÇÃO DE ARTE:

Jéssica Brol

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:

Alexandre Augusto Oliveira Santos, André Batista de

Souza, Antônia Benedita da Silva Bronze, Bruna Larissa

Meganhe, Carlos Alberto Martins Cordeiro, Henrique

David Lavander, Kárcio Rimes Araújo, Laura de Oliveira

Camilo, Manoel Xavier Pedroza Filho, Marcelo Fanttini

Polese, Miguel Sepulveda, Roberto Manolio Valladão Flores,

Sarah Mayumi Kato da Silva, Thaís Castelo Branco e

Victor Tiago da Silva Catuxo.

COLUNISTAS:

Alex Augusto Gonçalves

André Camargo

Andre Muniz Afonso

Artur Nishioka Rombenso

Diego Maia Rocha

Eduardo Gomes Sanches

Fábio Sussel

Giovanni Lemos de Mello

Ivã Guidini Lopes

Marcela Maia Yamashita

Marcelo Shei

Maurício Gustavo Coelho Emerenciano

As colunas assinadas e imagens são de

responsabilidade dos autores.

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A revista AQUACULTURE BRASIL é uma publicação

trimestral da EDITORA

AQUACULTURE BRASIL LTDA ME.

(ISSN 2525-3379).

www.aquaculturebrasil.com

Av. Senador Galotti, 329/503, Mar Grosso, Laguna/SC,

88790-000.

A AQUACULTURE BRASIL não se

responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios de

terceiros.

Escrevo este artigo no intervalo de um Flamengo

x Vasco, pela semifinal do Campeonato Carioca

de 2022. O resultado até aqui? Previsível e sem

surpresas. A soberania rubro-negra mais uma vez

fala mais alto!

Mas de longe esta não pode ser a notícia da semana,

muito menos de um editorial. Uma dica do

nosso grande Diego Molinari (outro rubro-negro

e agora californiano) e lá vamos nós mergulhar em

águas internacionais.

Aliás, precisamos viajar até o Estado de Massachussetts,

nos Estados Unidos, “atracando” em

Boston.

Boston é um dos principais polos educacionais dos Estados Unidos,

destacando-se instituições de educação superior tais como a Universidade

de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts em Cambridge.

Contudo, para nós, carinhosamente referenciados como o “povo das águas”,

o mais importante em Boston é a tradicional Seafood Expo North America. A edição

de 2022 terminou ontem (15/mar/2022), contando com uma participação

expressiva de empresas brasileiras da pesca industrial, processamento do pescado

e, obviamente, da aquicultura.

Preciso fazer um parêntese na aquicultura, para cumprimentar a Cais do

Atlântico, empresa de processamento de pescado com fortes raízes em Laguna/

SC (assim como eu e como a Aquaculture Brasil, genuinamente lagunenses!),

participando pela 4ª vez da Feira de Boston.

Voltando ao Aquanegócio, foi bonito de ver as empresas brasileiras da aquicultura

participando (algumas debutando) em uma das principais feiras de pescado

do mundo.

Talvez nas primeiras edições um pouco perdidos ou deslocados, hoje os empresários

brasileiros mostram sua marca, força, potencial e, O QUE É MAIS IM-

PORTANTE, seus PRODUTOS para os Estados Unidos e o restante do mundo

conhecer e consumir!

Como exemplo, a Zaltana Pescados, de Ariquemes (Rondônia), noticiou durante

a Feira que o martelo foi batido! Os tambaquis amazônicos vão invadir a

América do Norte. A empresa anunciou a primeira venda de um contêiner de 40

pés para os Estados Unidos. Que venham muitos outros contratos!

E como será o pós-evento?

Um ponto crucial é o câmbio favorável à exportação. O segundo ponto é

aquilo que já combinamos com o restante do mundo: nós vamos ser a nova

China em termos aquícolas e é preciso mostrar ao mundo os nossos produtos e

o nosso VALOR. O Tio Sam está querendo conhecer a nossa “peixarada”.

O meu Flamengo o mundo inteiro já conhece bem! Agora o seu pescado, o

que falta para o mundo conhecer, saborear e comprar?

Giovanni Lemos de Mello,

Editor-chefe.


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AQUACULTURE BRASIL

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SUMÁRIO

AQUACULTURE BRASIL - edição 24 jul/set 2021

08 FOTO DO LEITOR

»»

p.10

10 PISCICULTURA MARINHA ORNAMENTAL: EMPRESA

BRASILEIRA REPRODUZ O ANTHIAS CAUDA DE LIRA

Pseudanthias squamipinnis (PETERS, 1855) EM

CATIVEIRO

18 MARICULTURA DA MACROALGA Kappaphycus

alvarezii COMO SUPORTE AO DESENVOLVIMENTO

SÓCIO ECONÔMICO NO LITORAL DO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

26 O MERCADO CONSUMIDOR DE PRODUTOS DA

AQUICULTURA NO BRASIL

»»

p.18

38 VIABILIDADE ECONÔMICA PARA O CULTIVO

DE PIRARUCU (Arapaima gigas) EM TANQUES

SUSPENSOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE

BELÉM

46 PANORAMA DA MARICULTURA NO ESTADO DO

ESPÍRITO SANTO: ATUALIDADES E DESAFIOS

54 ESPAÇO EMPRESA: SOCIL

58 ARTIGOS PARA CURTIR E COMPARTILHAR

»»

p.38

59 CHARGES

6


»»

p.90

60 ATUALIDADES E TENDÊNCIAS NA AQUICULTURA

64 ATUALIDADES DA CARCINICULTURA

»»

p.70

66 EMPREENDEDORISMO AQUÍCOLA

68 AQUICULTURA ORNAMENTAL

70 GREEN TECHNOLOGIES

72 NUTRIÇÃO AQUÍCOLA

74 RANICULTURA

76 RECIRCULATING AQUACULTURE SYSTEMS

»»

p.74

77 VISÃO AQUÍCOLA

78 SANIDADE

80 TECNOLOGIA DO PESCADO I

82 TECNOLOGIA DO PESCADO II

84 GESTÃO DE RESÍDUOS

86 ESPAÇO EMPRESA: ENGEPESCA

90 DESPESCOU

»»

p.76

7


Cultivo das microalgas Nannochloropsis oculata,

Chlorella vulgaris e Chaetoceros muelleri

(Fortaleza, CE)

Giancarlo Lavor

Final no dia na Piscicultura Maschio no Rio Paranapanema

(Candido Mota, SP)

Mateus Henrique

Macho do cavalo-marinho Hippocampus reidi em

gestação

(Botucatu, SP)

Isabelle Leite Bayona Perez

Povoamento realizado na fazenda PRIMUS

(Morada Nova, CE)

Francisca Gomes Maia

JUL/SET 2021

8


Escama de tilápia

(Jatobá, PE)

Joiciane G Cruz

Camarão marinho com mutação yellow

- Litopenaeus vannamei

(Parnaíba, PI)

Adriano Pessoa do Nascimento

JUL/SET 2021

>>

Envie suas fotos mostrando a aquicultura no seu dia a dia

e participe desta seção.

redacao@aquaculturebrasil.com

9


© Biomarine

JUL/SET 2021

10

PARCEIROS NA 24° ED:


Piscicultura marinha

ornamental: empresa brasileira

reproduz o anthias cauda de lira

Pseudanthias squamipinnis (Peters,

1855) em cativeiro

Eduardo Gomes Sanches 1* , Flavio Félix Bobadilha 2* , Adilson Ramos Santos 2 ,

Bruna Larissa Meganhe 1 , Laura de Oliveira Camilo 1

¹Laboratório de Piscicultura Marinha

Instituto de Pesca/APTA/SAA

Ubatuba, SP

*egsanches@sp.gov.br

¹Biomarine Aquicultura Ornamental

São Paulo, SP

* flaviobobadilha@gmail.com

A

espécie

anthias

cauda de lira Anthias

squamipinnis

(Peters, 1855) é um peixe

recifal que apresenta ocorrência

no oceano Pacífico e

no Mar Vermelho. Desperta

grande interesse dos aquaristas

devido a sua intensa

coloração e o hábito reprodutivo

de formar haréns. São

hermafroditas protogínicos

da família Serranidae (a mesma

do mero e da garoupa-

-verdadeira) (Allsop & West,

2003). Exemplares desta

espécie inicialmente maturam

como fêmeas e como

resultado de complexas relações

sócio-demográficas,

algumas fêmeas invertem

o sexo para machos. A coloração

dos machos é bem

distinta das fêmeas, o que

facilita a diferenciação sexual.

Espécies com desova

pelágica produzem

larvas muito pequenas

implicando na utilização

de técnicas complexas

de larvicultura.

Apresentam desova pelágica,

tais como outras espécies de

interesse no aquarismo tais

como o blue tang (Paracanthurus

hepatus) e o yellow

tang (Zebrasoma flavences).

A família Serranidae contribui

com 2% do total de

peixes marinhos ornamentais

comercializados no mundo.

Maldivas e Arábia Saudita são

os maiores exportadores de

Pseudanthias squamipinnis. A

comercialização da espécie

depende totalmente da captura

de exemplares nos recifes

de corais. Poucos estudos

existem sobre a reprodução

da espécie em cativeiro. Ainda

existem muitas lacunas no

conhecimento para a definição

de um “pacote tecnológico”

para produção desta

espécie, diferentemente,

por exemplo, da produção

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

11


JUL/SET 2021

do peixe-palhaço (Amphiprion sp.) e do neon goby

(Elacatinus figaro). Cabe ressaltar, entretanto, que

estas espécies apresentam desova demersal, cuidado

parental e larvas de maior tamanho, reduzindo sobremaneira

a dificuldade da larvicultura em cativeiro.

Espécies com desova pelágica produzem larvas muito

pequenas implicando na utilização de técnicas complexas

de larvicultura, uma vez que a metodologia convencional

de cultivo de larvas baseada no emprego

de rotíferos com primeiro alimento seguido do uso

de náuplios de Artemia sp. não se mostra apropriada

para estas espécies ornamentais de desova pelágica.

Os anthias podem formar grupos de mais de 2.000

peixes nas faces dos recifes de coral. Estes grupos são

formados por machos territoriais, fêmeas e machos

não territoriais. Os machos territoriais realizam performances

acrobáticas (natação em “U”) e permanecem

o tempo todo defendendo uma área do recife

associada a seu harém (Lieske & Myers, 1994; Myers,

1999). Dentre as fêmeas também se estabelece uma

hierarquia de dominação por tamanho. Quando o

macho territorial morre, a fêmea dominante inverte o

sexo, e assume o harém (Popper & Fishelson, 1973;

Shapiro, 1988). A mudança de sexo é controlada pela

presença ou ausência do macho, que inibe a tendência

da fêmea em trocar de sexo através da agressividade

de dominação (Shapiro, 1981a). A reversão sexual

é completada em duas a quatro semanas quando o

macho é removido ou em 170 a 280 dias em grupos

onde somente ocorrem fêmeas (Shapiro, 1981b; Sadovy

& Shapiro, 1987).

Parceria

Público - Privada

O Laboratório de Piscicultura Marinha (Lapim) do

Instituto de Pesca, em Ubatuba/SP, vem desenvolvendo,

desde 2005, estudos sobre o cultivo de peixes

marinhos como alternativa ao extrativismo e como

instrumento de conservação destes recursos pesqueiros.

Mais recentemente, a equipe vem utilizando este

conhecimento para aplicação em peixes marinhos

ornamentais, visando desenvolver protocolos para

produção em cativeiro destas espécies, com o objetivo

de contribuir na redução da extração das mesmas

na natureza e auxiliar na preservação dos recifes de

corais. Em 2020 o Lapim iniciou uma parceria com

a empresa Biomarine Aquicultura Ornamental, visando

otimizar esforços para o avanço na reprodução de

peixes marinhos ornamentais com foco em espécies

hermafroditas de elevado valor.

A Biomarine é uma empresa do ramo de criação

de peixes ornamentais marinhos. Encontra-se estabelecida

na cidade de São Paulo/SP desde 2018. Vem

atuando na produção de diversas

espécies marinhas, em

especial os peixes-palhaços, e

empreendendo esforços para

o desenvolvimento de novas

técnicas de larvicultura, com

foco na produção de novos

organismos como alimento

(principalmente copépodes) e na diversificação de

espécies produzidas em cativeiro. Os esforços da

Biomarine já resultaram no isolamento e produção

do copépode Bestiolina similis c.f., (Sewell, 1914) e

Pseudodiaptomus richardi (Dahl F., 1894). Estas cepas

vêm sendo testadas com sucesso na reprodução em

cativeiro de algumas espécies de peixes marinhos ornamentais,

a exemplo do peixe mandarim Syncyroupus

splendidus, neon goby azul Elacatinus evelynae,

orquídea dottyback Pseudochromis fridimani entre outras

ainda em desenvolvimento.

Assim, o presente artigo tem o objetivo de descrever

a tecnologia utilizada na reprodução em cativeiro

da anthias cauda de lira Pseudanthias squaminipinis, a

partir dos esforços dessa parceria público-privada.

O presente artigo

tem o objetivo de

descrever a tecnologia

utilizada na reprodução

em cativeiro da

anthias cauda de

lira Pseudanthias

squaminipinis.

12

PARCEIROS NA 24° ED:


Material e Métodos

Os trabalhos foram conduzidos nas instalações

da Biomarine Aquicultura Ornamental entre agosto

e novembro de 2021. Os reprodutores de anthias

cauda de lira foram adquiridos no comércio especializado,

sendo compostos por exemplares maduros

em maio de 2021. Foram adquiridos 01 macho e 02

fêmeas, sendo em seguida submetidos ao processo

de quarentena por 20 dias com objetivo de evitar a

introdução de patógenos, visto que a Biomarine trabalha

em sistemas de recirculação de água salgada.

Nessa etapa, os exemplares receberam banhos de

água doce (3min) e foram mantidos continuamente

em difosfato de cloroquina (15mg/L). A observação

diária não identificou manifestações sintomáticas de

qualquer patógeno ou mortalidade.

Finalizada a quarentena, os reprodutores foram

transferidos para um tanque de reprodução.

Este tanque possui um volume de 1.700L, formato

circular (com 1,35m de diâmetro e coluna

d’água de 1,20m), montado com várias rochas e

cascalho ao fundo com objetivo de simular o ambiente

natural e oferecer abrigo aos peixes. O sistema

é recirculante, com a salinidade mantida em

34, temperatura em 26º C e fotoperíodo 12C/12E

(12 horas de iluminação e 12 horas de escuro).

Os reprodutores foram alimentados de três a

quatro vezes ao dia. A dieta consistiu no oferecimento

de patê congelado (preparado com base em

frutos do mar), vôngole (Anomalocardia brasiliana)

congelado picado, camarão congelado e ração comercial

Tetra Marine flakes.

Figura 1. Comparação entre ovos de Blue tang Paracanthurus

hepatus (esquerda e acima) e ovos de anthias cauda de lira Pseudanthias

Squamipinnis, (direita e abaixo). © Biomarine

Primeiras desovas

As primeiras desovas foram observadas cerca de

trinta dias após a soltura dos exemplares no tanque

de reprodução (Figura 01). Os ovos foram coletados

usando um dispositivo cilíndrico, com malha de

retenção de polyester e abertura de 200 micras,

instalado na saída da água do tanque. O coletor é

instalado antes da desova, permanecendo por até

três horas após a mesma. Os ovos são coletados e

imediatamente passam por um processo de limpeza,

para separação de impurezas e desinfecção.

Os ovos de anthias cauda de lira foram coletados

entre os dias 31/08 e 01/09 de 2021 e transferidos

para o tanque de larvicultura.

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

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Larvicultura

O processo de larvicultura foi conduzido com água

natural marinha originária do Litoral Norte do estado

de São Paulo. Todas as atividades de reprodução

e larvicultura da Biomarine são conduzidas com água

marinha natural. O tanque de larvicultura consiste em

uma caixa d’água de 500L (polietileno azul), com fotoperíodo

de 15C/9E fornecido por três luminárias LED

de 80w (6000k e 3.500 lux na superfície). A temperatura

da água foi mantida em 28,5º empregando-se

termostato digital associado a aquecedor (250W) e a

salinidade mantida em 33.

A alimentação das larvas consistiu no fornecimento

de náuplios de copépodes Bestiolina simili c.f, que foram

obtidos a partir de uma cultura pré-existente na

Biomarine. Esta cultura foi constituída em dezembro

de 2020 a partir de amostras de zooplâncton naturais

extraídas com redes de arrastos no litoral Sul do estado

de São Paulo e posterior seleção e isolamento

em microscópio estereoscópio (20x). Os náuplios de

copépodes foram concentrados no tanque de cultivo

de copépodes e selecionados com uso de malha

de 80 micra, sendo então, fornecidos às larvas a partir

do 3º dia contado a partir da desova. A reposição

dos náuplios foi efetivada três vezes ao dia até o 15º

dia. O tanque de larvicultura utilizou a técnica de “água

verde”, recebendo diariamente a adição de microalgas

Tetraselmis sp. com objetivo de manter a qualidade de

água, fornecer turbidez e servir de alimento para os

náuplios de copépodes.

Inicialmente o tanque de larvicultura foi preparado

utilizando-se de um povoamento simultâneo de

copépodes adultos (aproximadamente 1/10mL) e

microalga Tetraselmis sp.. O povoamento simultâneo

dos copépodes e microalgas foi realizado por ocasião

da colocação dos ovos no tanque, tendo como objetivo

de que estes copépodes adultos, embora não

servissem como presas imediatas, pudessem se reproduzir

no tanque ao longo do processo e, assim,

fornecer uma quantidade de náuplios em fase n1 às

larvas. Essa técnica foi utilizada visando mitigar os efeitos

do rápido crescimento dos náuplios de copépodes

e a dificuldade de volume de náuplios n1, uma

vez que a estratégia de concentração e seleção de

náuplios a partir do cultivo oferece baixo percentual

de náuplios n1, mesmo com adoção de malha apropriada,

em razão da rápida taxa de crescimento da espécie

Bestiolina simili sob condições ideais de cultivo.

Sete dias após a desova (Figura 02) era possível

observar expressivo desenvolvimento das larvas,

com abertura mandibular, intensa pigmentação corporal

e forte resposta de caça às presas (náuplios de

copépodes).

Figura 2. Larva de anthias cauda de lira Pseudanthias Squamipinnis sete dias após a desova, exibindo expressiva pigmentação.

© Biomarine

JUL/SET 2021

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PARCEIROS NA 24° ED:


Inicialmente, não houve recirculação de água no

tanque de larvicultura, o que permitiu o crescimento

dos náuplios de copépodes até a fase adulta. Notadamente,

esses copépodes adultos e copepoditos tornaram-se

o alimento base das larvas após a segunda

semana de vida, ao passo que a alimentação, neste

estágio, foi migrada para copépodes da mesma espécie,

porém selecionados com uso de malha entre

80 a 100 micras. A abertura do sistema recirculante

somente foi iniciada após o 15º dia com objetivo de

reduzir a carga de alimento vivo excessiva disponível

no tanque de cultivo, sendo intensificada a partir do

26º dia (Figura 03).

Nesta larvicultura de anthias cauda de lira não foram

utilizados rotíferos. Entendemos que o reduzido

tamanho da larva impediria a predação dos rotíferos.

A introdução de náuplios de Artemia sp. foi realizada

a partir do 30º dia com as larvas já em processo de

metamorfose. A utilização de Artemia sp. foi alternada

com o fornecimento de náuplios do copépode Bestiolina

simili.

O alimento inerte (ração) foi utilizado após a metamorfose.

Inicialmente os juvenis exibiram forte rejeição

a qualquer alimento inerte. Esse cenário começou

a se modificar quando o alimento inerte foi

associado ao zooplâncton congelado Zoo P (Aquasmart).

Passadas duas semanas de adaptação, os juvenis

aceitavam alimentos inertes (ração Tetra Marine

Flakes e Dr. Bassleer Baby Nano), quando então puderam

ser disponibilizados para a comercialização.

Figura 3. Larva de anthias cauda de lira Pseudanthias Squamipinnis

26 dias após a desova. © Biomarine

Figura 4. Desenvolvimento do anthias cauda de lira Pseudanthias Squamipinnis até a etapa de comercialização.

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

15


Conclusão

Muitos desafios e ajustes ainda precisam ser feitos para que a produção

do anthias cauda de lira possa permitir o fornecimento regular

de quantidades expressivas de juvenis para comercialização. Nossos

resultados reforçam o pioneirismo e o comprometimento da Biomarine

em promover a produção sustentável de peixes ornamentais marinhos,

contribuindo na preservação dos recifes de corais e na promoção

de um aquarismo marinho consciente e responsável.

JUL/SET 2021

Consulte as referências bibliográficas em

www.aquaculturebrasil.com/artigos

© maeuseschnecke

16

PARCEIROS NA 24° ED:


JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

17


© mhollaen | pixabay

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18

PARCEIROS NA 24° ED:


PARTE

01

Maricultura da macroalga

Kappaphycus alvarezii como

suporte ao desenvolvimento sócio

econômico no litoral do estado do

Rio de Janeiro

Miguel Sepulveda

Biólogo Marinho

CEO Seaweed Consulting

Ilha Grande, RJ

seaweedconsulting@gmail.com

www.seaweedconsulting.com

O

século XXI tem

sido marcado

por desafios

no plano social e ambiental

que colocam a humanidade

frente à necessidade eminente

de revisão no seu

modo de vida, que tornou-

-se insustentável. Portanto,

urge transformar a matriz

produtiva e energética,

hoje baseada na extração

de recursos naturais finitos

e geradora de resíduos poluentes

com impacto desastroso

no meio ambiente,

bem como, superar a exploração

exaustiva da mão

de obra que delineia um

cenário de extrema desigualdade

sócio-econômica.

No Brasil, particularmente

no Estado do Rio

de Janeiro, carece de atividades

produtivas que

venham na contramão da

história a demonstrar que

é possível realizar um negócio

rentável, sustentável

PARCEIROS NA 24° ED:

O cultivo de Macroalgas

surge como alternativa

atraente e de

implementação factível

para o desenvolvimento

sustentável.

e em harmonia com o

meio ambiente onde todos

os atores envolvidos

se beneficiem, rompendo

a barreira ideológica que

coloca o ganho financeiro

como contraditório ao

bem-estar social, econômico

e à saúde ambiental.

Dentro deste conceito,

o Cultivo de Macroalgas

(Maricultura de Algas

Marinhas) surge como alternativa

atraente e de implementação

factível para o

desenvolvimento sustentável,

que pode contribuir

para melhorar de forma significativa

as condições sociais

em que se encontram

as comunidades pesqueiras

e ribeirinhas do estado,

englobando, sobretudo,

os jovens e as mulheres.

Sendo assim, esse artigo foi

dividido em dois capítulos

que irão abordar de forma

geral os principais aspectos

do cultivo de macroalgas.

19

JUL/SET 2021


JUL/SET 2021

1.Introdução

O potencial do uso das algas marinhas é conhecido

mundialmente devido à grande variedade de

usos e aplicações industriais que vão desde a alimentação

direta em humanos, em animais, em coloides,

cosméticos, medicamentos e biofertilizantes agricolas.

Além destes usos, as algas do gênero Kappaphycus

também podem produzir Biocombustível, etanol

de terceira geração e posteriormente Créditos

de Carbono, mais um produto a ser explorado, a

médio ou longo prazo por esta cadeia produtiva.

Entretanto, a Macroalga Kappaphycus alvarezii é

principalmente utilizada como fonte de matéria-

-prima para a produção de ficocolóides conhecidas

como Carragenas, utilizadas como estabilizantes e

espessantes na indústria alimentícia (produtos cárneos,

bebidas, chocolates, rações, cosméticos, etc),

representando um mercado mundial da ordem de

US$ 6,00 milhões anualmente (FAO 2006).

A K. alvarezii também é conhecida comercialmente

como Eucheuma cottonii ou simplesmente “Cottonii”,

e teve cerca de 11.6 milhões de toneladas vivas

ou molhadas produzidas em 2019 (FAO, 2021),

principalmente em fazendas marinhas nas Filipinas,

Indonésia, Malásia, Tanzânia e Zanzibar (Philp & Campbell

2006, Pickering et al. 2007, McHugh 2003).

Nessas regiões são gerados milhares de empregos

e benefícios diretos para centenas de famílias,

diversificando as atividades tradicionais, diminuindo a

pressão ambiental sobre os ecossistemas e melhorando a

economia de áreas deprimidas e populações vulneráveis.

K. alvarezii já foi introduzida intencionalmente para

fins de maricultura em mais de 20 países como a Oceania,

Panamá, Cuba, Caribe, Equador, Brasil, Índia, Sri

Lanka, Camboja, Vietnã, Mianmar e África Oriental

(Quênia, Tanzânia, Moçambique e Madagascar) (Ask

1999, Pickering et al. 2007).

1.1 Histórico

do cultivo e introdução da macroalga

Kappaphycus alvarezii

no estado do Rio de Janeiro

Em 1998 a empresa Seaweed Consulting (www.

seaweedconsulting.com) introduziu a macroalga

Kappaphycus alvarezii no Rio de Janeiro, mais especificamente

na Ilha Grande – Angra dos Reis, para estudos

de ecologia e cultivo experimental.

Os exemplares (20 quilos) foram trazidos da Venezuela

(“Ilhas Coche”) gentilmente fornecido pelo Dr.

Raul Rincones da empresa Biotecmar C.A e com Certificado

Fitossanitário do governo Venezuelano. Após

a chegada no Brasil, as algas passaram por uma breve

quarentena no Laboratório de Camarões Marinhos

da Universidade

Federal de Santa

Catarina (UFSC)

onde também

foram deixados

alguns exemplares

para o cultivo

unialgal para o

professor Dr. Roberto

Derner do

Laboratório de

Microalgas desta

instituição.

Figura 1.

Exemplares de

Kappaphycus

alvarezii

© Miguel

Sepulveda

20

PARCEIROS NA 24° ED:


Figura 2.

Exemplares

adultos de

Kappaphycus

alvarezii

© Miguel

Sepulveda

Em seguida as algas foram levadas para o litoral sul

do estado do Rio de Janeiro, mais precisamente para

a Enseada de Aracatiba na Ilha Grande, Angra dos

Reis - RJ e partir daí, esta região foi cenário durante

vários anos com o primeiro projeto de cultivo piloto e

comercial da macroalga K. alvarezii no Brasil.

Em 2002 a Seaweed Consulting iniciou o primeiro

cultivo em grande escala para a empresa Sete Ondas

Biomar culminando na instalação de mais de 100 balsas

de 450 m 2 de cultivo de Kappaphycus na Restinga

da Marambaia, sendo que após alguns anos esta empresa

se transformou na atual AlgasBras, a qual vem

fomentando a atividade no litoral do Rio de Janeiro

para os produtores na região da Baia da Ilha Grande.

1.2 Regulamentação

dos Cultivos da macroalga

K. alvarezii no Rio de Janeiro

Em 2003, o IBAMA – RJ (Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)

– através de sua Gerência Executiva, emitiu para a Secretaria

Especial de Aquicultura e Pesca – RJ, a primeira

anuência para o Cultivo de K. alvarezii e com reconhecimento

da introdução destas algas provenientes

da Venezuela, para a região da Baía da Ilha Grande –

RJ. Entretanto, somente em 2008 o IBAMA - DF através

de uma Instrução Normativa publicada em diário

oficial, autorizou o cultivo comercial da macroalga K.

alvarezii na faixa entre Mangaratiba – RJ e Ilha Bela

– SP após vários estudos comprovando a viabilidade

Figura 3 . Mapa da área liberada pelo IBAMA entre RJ e SP

ambiental como segura para o cultivo desta espécie,

principalmente no litoral do Rio de Janeiro.

Recentemente em 2021, a empresa Seaweed

Consulting (www.seaweedconsulting.com), obteve

do Governo Federal (MAPA) a primeira concessão de

área especifica para o Cultivo da macroalga K. alvarezii

no Brasil através de um contrato de cessão de

uso do imóvel situado no mar territorial, na baía de

Ilha grande, no município de Angra dos reis, no estado

do Rio de janeiro, como outorgante cedente a união,

por intermédio do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento e, como outorgado cessionário Miguel

C. Sepulveda Jr. (CEO Seaweed Consulting).

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

21


JUL/SET 2021

2.Metodologia

para instalação do cultivo de K. alvarezii

2.1 Parâmetros para escolha da

instalação do Cultivo

Algumas características são fundamentais para escolha

do local a ser implantado o cultivo de algas, as

principais seriam:

Temperatura da água do mar acima de 20°C durante

todo o ano;

Salinidade acima de 25 ppt;

Zonas protegidas do embate de ondas fortes

(preferencialmente devem ser escolhidas enseadas

protegidas);

Profundidade máxima de 20 metros;

Áreas livres do tráfego de embarcações e turismo.

2.2 Biologia da Macroalga

Kappaphycus alvarezii

A reprodução sexuada desta macroalga é bem

difícil de se encontrar no ambiente natural, portanto,

essa espécie se reproduz quase que exclusivamente

por meio de reprodução vegetativa (crescimento

com fragmentos vegetativos). Devido a esta

característica, os cultivos de K.alvarezii tiveram um

grande sucesso em mais de 20 países onde foram

introduzidas, devido a técnica de propagação ser relativamente

simples. K. alvarezii é uma espécie de

alga robusta, que possui flutuabilidade negativa, portanto,

é incapaz de crescer livremente na coluna de

água e se mover por longas distâncias sem a ajuda do

homem, e também não possui a capacidade de se fixar

ao substrato (Russell 1983, Pickering et al. 2007,

Oliveira & Paula 2003). Estas algas dependem de sua

pouca capacidade de se enredar em substratos duros

ou de seu peso para ficar em um local específico,

pois a maioria dos talos que se desprendem dos

locais de cultivo são transportados pelas correntes

para profundidades maiores onde acabam morrendo

devido às condições desfavoráveis para seu crescimento,

como a falta de luz, baixa temperatura ou a

presença de predadores (Pickering et al. 2007, Sulu

et al. 2004, Ask et al. 2003, Salazar 2000, Oliveira

& Paula 2003).

2.3 Método de cultivo

2.3.1 Balsas Flutuantes de PVC

Atualmente o método tradicionalmente utilizado

pelos produtores no Rio de Janeiro é conhecido como

“Balsas Flutuantes”, trazido pelo pioneirismo da Seaweed

Consulting em 1998, após alguns anos testando

o sistema mais eficiente em locais com profundidade

acima de 5 metros. Basicamente este sistema consiste

em estruturas flutuantes confeccionadas com Tubos

de PVC 100 mm ou 75 mm com 3 metros de comprimento,

fechados em suas extremidades com tampas,

funcionando como flutuadores. Os tubos são unidos

entre si com cabos de Polipropileno ou Polietileno

de 8mm. Dependendo da região de cultivo as Balsas

podem variar de 75, 100 até 150 metros de comprimento,

onde também pode ser necessária a utilização

de uma rede de nylon na parte inferior da estrutura

para proteção contra herbívoros como peixes e tartarugas,

embora este aparato seja uma exigência do

IBAMA de cordo com a instrução normativa de 2008.

Figura 5. Balsa flutuante de Cultivo (150m x 3m).

22

PARCEIROS NA 24° ED:


2.3.2 Método de plantio “Tie-die”

Este método é tradicionalmente utilizado no

mundo para o plantio das macroalgas do gênero

Kappaphycus, conhecido como “Tie Tie”, foi criado

na década de 70 nas Filipinas e largamente utilizado

até hoje em diversos países. Neste sistema, as algas

são amarradas em um pequeno cabo ou fitilho de

plástico através de um nó de “forca” na linha principal

de cultivo fazendo com que as mudas fiquem

mais livres e com maior facilidade e rapidez para

seu crescimento.

Figura 6. Metodo de

Amarração “tie-tie”

das mudas de algas

no cabo e detalhe

da rede de proteção

abaixo do cultivo

para proteção contra

herbivoria.

© Miguel Sepulveda

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

23


2.2.3 Redes “tubulares”

Este método foi trazido para o Brasil em 2001

pelo empresário Alexandre Feder (CEO da empresa

AlgasBras (www.carragenabrasil.com.br) ficando

conhecido como “Plantio em Rede Tubular” o qual

vem sendo largamente utilizado até o momento pelos

produtores. Embora as redes tubulares sejam

tradicionalmente utilizadas em cultivo de mexilhões

na Europa, estas podem ser adaptadas para o cultivo

de diversas espécies de macroalgas. Atualmente

este método está sendo utilizado em diversos países

como o Equador, Panamá, Índia, Moçambique,

Tunísia, Quênia e Caribe. Neste sistema, as mudas

de algas são inseridas na rede tubular através de um

tubo de PVC 75mm com 1 metro de comprimento,

sendo que, apesar de ser bastante eficiente e mais

rápido, as algas demoram mais a responder em seu

crescimento, pois ficam presas dentro das redes.

JUL/SET 2021

2.3.3 Produtividade nas

Fazendas de Algas Kappaphycus

Em vários Países que tradicionalmente cultivam

a macroalga K. alvarezii, o ciclo de cultivo é de 45

a 50 dias desde do início do plantio até a colheita.

Entretanto vários fatores precisam ser levados em

consideração durante o processo de avaliação da

produtividade, como o método de cultivo aplicado,

o manejo, a temperatura da água do mar local, a

salinidade, a velocidade das correntes marinhas,

turbidez da água, herbivoria (peixes e tartarugas) e

qualidade das mudas selecionadas para o plantio.

No litoral sul do Rio de Janeiro, mais especificamente

em Angra dos Reis (Ilha Grande) a produtividade

em média obtida nestes últimos 20 anos de cultivo,

tem sido de 6 a 7 toneladas frescas em Balsa de 450

m 2 a cada 45/50 dias em sistema de cultivo “Tie

– Tie” (método de amarração das mudas de algas).

Este dado pode ser menor quando se cultiva as

algas no sistema de Redes Tubulares com tempo de

cultivo de pelo menos 60 dias. Além disso, vale ressaltar

que o produtor, para iniciar seu cultivo, adquira

por uma única vez apenas um lote de mudas e daí

em diante a propagação é vegetativa permitindo que

ele não precise mais comprar novas mudas, sendo

apenas necessário manter um estoque para o replantio.

A compra das mudas pode ser feita entre os próprios

produtores com valores entre R$ 5,00 o quilo.

3.Conclusão

No artigo da próxima edição iremos abordar as

doenças e pragas nos cultivos, os subprodutos obtidos,

aspectos ambientais, custos de instalação de uma

fazenda marinha de macroalgas e as estratégias de intervenção

para o fomento da maricultura de macroalgas

no estado do Rio de Janeiro.

Vista de uma

fazenda de K.

alvarezii – Ilha

Grande - RJ

© Domingos Sávio

24

PARCEIROS NA 24° ED:


JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

25


JUL/SET 2021

26

PARCEIROS NA 24° ED:


O mercado consumidor de

produtos da aquicultura no

Brasil

Manoel Xavier Pedroza Filho 1 * , Thaís Castelo Branco 2 e Roberto Manolio Valladão

Flores 3

1

Doutor em Economia

Pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura

Palmas, TO

*manoel.pedroza@embrapa.br

2

Doutora em Ciência Animal Tropical

Bolsista DTI-A CNPQ Projeto BRSAqua, Embrapa Pesca e Aquicultura

Palmas, TO

3

Doutor em Economia Agrícola

Pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura

Palmas, TO

A

Embrapa Pesca e

Aquicultura, por

meio do Projeto

BRSAqua¹ , vem desenvolvendo

pesquisas junto a consumidores

de pescado, de

forma a gerar subsídios de informações,

tanto para o setor

privado como para a pesquisa

e políticas públicas. Neste sentido,

os resultados aqui apresentados

visam contribuir para

o entendimento do mercado

de peixes de cultivo no Brasil,

a partir de informações coletadas

em 2020 junto a mais de

1.500 consumidores de todos

os estados do país.

Os resultados aqui

apresentados visam

contribuir para o

entendimento do

mercado de peixes de

cultivo no Brasil,

a partir de informações

coletadas junto a

mais de 1.500

consumidores.

O estudo apresentado a

seguir é uma complementação

de outra pesquisa

realizada pela Embrapa em

2019 junto a consumidores

de pescado no segmento

de supermercados, tendo

os resultados disponíveis em

Pedroza Filho et al. (2020)

e Flores et al. (2021). Desse

modo, os resultados aqui

apresentados permitem um

olhar ampliado e atualizado

sobre o mercado de peixes

de cultivo, levando em consideração

os efeitos da pandemia.

JUL/SET 2021

1

Projeto de pesquisa coordenado pela Embrapa Pesca e Aquicultura e financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social (BNDES), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Embrapa.

PARCEIROS NA 24° ED:

27


Material e métodos

A pesquisa foi realizada no formato online e as entrevistas

foram aplicadas em dezembro de 2020, totalizando

1.509 respondentes distribuídos em todas as

unidades da federação. Antes da aplicação definitiva, o

questionário foi submetido a um pré-teste visando validar

e aprimorar sua estrutura. Em média, a duração

da aplicação de cada questionário foi de 10 minutos.

A amostragem e seleção dos entrevistados, feitas

por uma empresa especializada em pesquisa online,

consideraram uma distribuição proporcional dos entrevistados

de acordo com o tamanho da população

de cada estado. Os principais critérios utilizados foram:

Classes sociais dos respondentes: A, B e C;

Perfil dos respondentes: consumidores que

tenham consumido peixe pelo menos uma vez nos

últimos 12 meses;

Idade dos respondentes: Mais de 18 anos; e

Sexo: homens e mulheres.

JUL/SET 2021

Resultados e

discussão

Preferência por local de

consumo do pescado

Cerca de 91% dos entrevistados dizem que o principal

local de consumo do pescado é o preparado em

seu próprio domicílio, como observado na Figura 1.

Vale lembrar que a pesquisa foi feita durante a situação

de pandemia da Covid19 e, assim, um maior índice

de preparo e consumo em domicílio é esperado, visto

que locais públicos – bares, restaurantes, entre outros

– foram temporariamente fechados e, em sua maioria,

permanecem com taxas de atendimento reduzidas.

No que se refere ao pescado preparado em casa,

os supermercados e peixarias representam, respectivamente,

47% e 32% dos locais de preferência para

compra do pescado (Figura 2). Esse predomínio dos

supermercados na venda de pescados é uma tendência

mundial, já reforçada por autores como Anderson

et al (2010), Engle e Neira (2003) e Murray e Fofana

(2002). As feiras livres (14%) e os atacados (5%) são

respectivamente o terceiro e quarto principais locais

de compra.

28

PARCEIROS NA 24° ED:


FIGURA 1. PRINCIPAL LOCAL DE CONSUMO DE

PESCADO.

4,6 % 3,8 %

Delivery (entrega

a domicílio)

Restaurante

0,3 %

Outros

91,2 %

Preparado

em casa

FIGURA 2. LOCAL DE COMPRA DO PESCADO

PREPARADO EM CASA.

47%

Supermercado

02 %

Outro

05 %

Atacado

14 %

Feira livre

32 %

Peixaria

Frequência de compra de

pescado

No que se refere à frequência de compra de

pescado por espécie (Figura 3), embora todas as

espécies sejam consumidas principalmente ocasionalmente,

vale ressaltar que a espécie mais

popular ou mais consumida é a tilápia. Dos entrevistados,

12% compram tilápia duas ou mais

vezes por semana e 25% compram ao menos

uma vez por mês. Devemos considerar que preferência

pela tilápia está relacionada com a grande

difusão de conhecimento sobre a espécie,

inclusive técnicas de cultivo e de preparo. Além

disso, a tilápia é o peixe mais produzido no Brasil,

sendo nacionalmente conhecida, e considerada

a espécie mais importante da aquicultura brasileira

(Peixe BR, 2019; Pedroza Filho et al., 2020).

Em contraste, quase metade dos entrevistados

afirma nunca ter comprado Garoupa e

somente 3% consomem esta espécie mais de

duas vezes por semana. A baixa preferência dos

consumidores em relação à Garoupa está relacionada

à menor popularidade desta espécie

no âmbito nacional, apesar de ser uma espécie

nativa. A Garoupa é uma espécie marinha

encontrada em todo o litoral brasileiro, principalmente

nas regiões Sul e Sudeste do país,

porém é mais conhecida em mercados locais

destas regiões. A produção em cativeiro, por

sua vez, ainda está em estágio inicial de pesquisa

(Sanchez et al., 2007; Kerber, 2011). Apesar

dos resultados promissores observados para

o cultivo da espécie, a produção comercial da

Garoupa ainda é pouco expressiva no Brasil.

Já o pintado e o pirarucu obtiveram resultados

bastante semelhantes, ambos com 25%

das respostas para a compra ocasional e taxas

de 16% e 14%, respectivamente, para a compra

pelo menos uma vez por mês. O Pirarucu,

apesar de ser uma espécie nativa, também tem

forte influência da regionalidade no consumo.

Nativo do bioma amazônico, o Pirarucu é muito

valorizado na região norte, mas pouco difundido

para o restante do país. No entanto, a

maior parte da carne ofertada é de origem da

pesca e a produção em cativeiro ainda é pequena

considerando o potencial da espécie.

A produção comercial do Pirarucu não possui

uma tecnologia bem estabelecida, tendo como

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

29


principal barreira a falta de domínio nas técnicas

de reprodução em cativeiro, além da baixa oferta

de alevinos no mercado, o que causa aumento do

preço final do produto ao consumidor e reduz o

lucro na produção (Rebelatto Junior et al., 2015).

O camarão é, depois da tilápia, a espécie com

maior frequência de compra. Apenas 15% dos entrevistados

responderam nunca comprar camarão

e, assim como o tambaqui, 8% dos entrevistados

disseram comprar duas ou mais vezes por semana.

O camarão é um dos pescados mais importantes

para a aquicultura nacional, com uma produção nacional

de mais de 63 mil toneladas em 2020 (IBGE

2021). No entanto, na fase inicial da pandemia da

Covid19, o fechamento de bares, restaurantes e

hotéis – principal mercado consumidor de camarão

– causou grande perda para o setor, motivando

produtores a tomarem medidas para se adaptar

à nova realidade. Uma das soluções foi a busca por

novos nichos de mercado como a venda direta ao

consumidor final através do sistema de delivery,

bem como vendas em supermercados locais,

tornando o preço mais atrativo para o consumidor

e para o produtor (Rocha e Teixeira, 2020).

Quanto ao tipo de conservação, o pescado

fresco foi o que apresentou maior frequência de

compra, com 19% das respostas para compra

duas ou mais vezes por semana e 20% compram

pelo menos uma vez por semana (Figura 4). O

pescado congelado segue a mesma tendência,

onde 29% dos respondentes compram pelo menos

uma vez por mês, enquanto 10% duas ou

mais vezes por semana. Já o pescado defumado

apresentou menor frequência de compra, onde

52% dos entrevistados dizem nunca comprar e

somente 4% compram pescado defumado duas

ou mais vezes por semana. Resultados semelhantes

foram observados para o pescado conservado

em sal, com 40% de resposta para nunca comprar

e 26% compram somente ocasionalmente.

Na fase inicial da

pandemia da Covid19,

o fechamento de bares,

restaurantes e hotéis

– principal mercado

consumidor de camarão

– causou grande perda

para o setor, motivando

produtores a tomarem

medidas para se adaptar

à nova realidade.

FIGURA 3. FREQUÊNCIA DE COMPRA DE PESCADO, POR ESPÉCIE.

Pintado

JUL/SET 2021

Pirarucu

Garoupa

Camarão

Tilápia

Tambaqui

0%

10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

30

PARCEIROS NA 24° ED:


FIGURA 4 . FREQUÊNCIA DE COMPRA DE PESCADO, POR TIPO DE CONSERVAÇÃO.

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

Fresco Congelado Conservado em sal Defumado

Fatores determinantes

na decisão de compra do

pescado

Para mais da metade dos entrevistados, o sabor

é o principal fator na decisão de compra do

pescado (Figura 5). Com 18% das repostas, o

preço é o segundo fator mais importante na escolha,

seguido do valor nutricional (11%) e o aspecto

visual (10%) do pescado. Opções de variação

culinária foi um dos fatores de menor influência

com apenas 6% das respostas. Da mesma forma,

o fator de disponibilidade nas prateleiras se

mostrou quase que irrelevante para a frequência

de consumo em relação aos outros fatores.

FIGURA 5. LOCAL DE COMPRA DO PESCADO

PREPARADO EM CASA.

54 %

Sabor

01 %

Outro

02 %

Disponibilidade

na gôndola

06 %

Opções

de variação culinária

10 %

Aspecto

visual do produto

11 %

Valor

nutricional

Preferência por origem

do pescado

Em relação à preferência de acordo com o

habitat do pescado (Figura 6), apesar da pequena

diferença, a maior parte (45%) dos entrevistados

prefere pescado de água doce em detrimento dos

marinhos (30%). Podemos observar uma interessante

mudança de hábito quanto ao consumo de

pescado, visto que peixes de água doce tinham

maior rejeição por parte dos consumidores, principalmente

de regiões litorâneas, mais adaptados

18 %

Preço

ao sabor dos pescados do mar (Pedroza Filho et al.,

2020). No entanto, vemos que, no âmbito nacional,

a preferência por pescado de água doce superou o

pescado de origem marinha, possivelmente impulsionado

pelo maior consumo de tilápia (Figura 6) observado

neste grupo de entrevistados.

Certamente a evolução da aquicultura brasileira

tem grande influência nesta mudança de hábito,

através da oferta de produtos de melhor qualidade.

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

31


FIGURA 6. PREFERÊNCIA DO PESCADO, POR

HABITAT.

45 %

De água

doce

25 %

Indiferente

30%

Do mar

A preferência por

pescado de água doce

superou o pescado

de origem marinha,

possivelmente impulsionado

pelo maior consumo de

tilápia.

JUL/SET 2021

Apesar da preferência por pescados de

água doce e do mar ser superior numericamente,

uma parcela considerável dos respondentes

(25%) deste estudo se mostra indiferente

ao habitat de origem do pescado. Em

outras pesquisas os resultados mostram que a

maioria dos entrevistados, era indiferente ao

habitat do pescado, em todas as regiões do

país (Pedroza Filho et al., 2020; Flores et al.,

2021) o que demonstra não haver uma preferência

definida, visto que os resultados são similares

em diferentes grupos de entrevistados.

No entanto, tratando-se da preferência

do pescado por tipo de produção (Figura 7),

observamos uma clara preferência (56%) pela

pesca, enquanto que apenas 19% dos respondentes

preferem o pescado da aquicultura ou

não apresentam uma preferência sendo indiferentes

(21%) ou não souberam responder

(4%). Em outros estudos também observamos

a preferência pela pesca, Pedroza Filho

et al. (2020) sugere que medidas sejam tomadas

para melhorar a imagem da piscicultura,

através da divulgação de informações sobre os

benefícios e as qualidades do peixe cultivado.

FIGURA 7. PREFERÊNCIA DO PESCADO POR TIPO

DE PRODUÇÃO.

56%

Pesca

04 %

Não sabe

19 %

Aquicultura

21 %

Indiferente

32

PARCEIROS NA 24° ED:


Períodos de maior

compra de pescado

Quando os consumidores foram perguntados

sobre os períodos de maior compra de pescado

(Figura 8), os resultados mostraram que a frequência

de consumo de peixes é muito influenciada pela

ocasião ou festividades. A semana santa é o período

de maior compra de pescado de quase 70%

dos entrevistados. No entanto, outras datas comemorativas

como Natal e a semana do peixe (setembro)

foram citadas por aproximadamente de 10%

dos consumidores entrevistados. Desta forma, é

possível observar variações sazonais nos padrões

de consumo de peixe, visto que fatores culturais

/ religiosos influenciam a frequência do consumo.

Afirma-se que as influências sazonais foram registradas

em vários campos da psicologia do consumidor

(Spence, 2021).

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

33


FIGURA 8. PERÍODOS DE MAIOR COMPRA DE PESCADO.

Semana Santa

Nenhum

Semana do pescado

(setembro)

Natal

Outra data

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

JUL/SET 2021

Principais barreiras à

compra de pescado

O alto preço foi apontado por 57%

dos entrevistados como a principal barreira

à compra do pescado (Figura 9). Apesar

do mercado consumidor de pescado ter

apresentado um crescimento constante

em 2020, ainda é um crescimento limitado

pela recuperação do crescimento econômico

do país pós pandemia da Covid19

(Peixe BR, 2020), visto que muitos brasileiros

ainda não recuperaram totalmente seu

poder de compra.

Os outros fatores limitantes à compra

de pescado observados nesta pesquisa foram

menos relevantes para os entrevistados,

tais como a falta de espécie desejada

(16%), dificuldade no preparo (11%), falta

de confiança na qualidade sanitária (9%)

e não encontrar a apresentação desejada

(6%). Entretanto, mesmo que menos relevantes,

estas barreiras à compra de pescado

foram reconhecidas como pontos a serem

melhorados por 42% dos entrevistados, e

apontam potenciais nichos de crescimento

para o mercado do pescado.

FIGURA 9. PRINCIPAIS BARREIRAS À COMPRA DE

PESCADO.

57 %

Altos preços

01 %

Outras

06 %

Não encontrada a

apresentação desejada

09 %

Não confia na qualidade

sanitária dos produtos

11 %

Dificuldade no

preparo (ex: presença

de espinhas)

16 %

Falta da espécie

desejada

34

PARCEIROS NA 24° ED:


Considerações

finais

O objetivo principal deste estudo foi investigar

as características do consumo de peixes

da aquicultura no segmento de consumidores

de pescado no Brasil e com base nos resultados

obtidos, foi possível observar uma mudança

de comportamento por influência da pandemia

da Covid19, como nas preferências do local de

consumo e do local de compra do pescado.

Destaca-se também a influência dos hábitos regionais,

mesmo com as restrições causadas pela

pandemia, houve uma clara preferência pela

compra em feiras livres na região Norte do país.

O alto preço do pescado foi apontado como a

principal barreira à compra do pescado, seguramente

por interferência da pandemia na situação

econômica do país. Esta situação, apesar

temporária, trouxe grandes perdas para o setor

da aquicultura, o que deve motivar produtores

a tomarem medidas para se adaptar à nova realidade

buscando novos modelos de comercialização

e divulgação de seus produtos.

Outro aspecto importante foi a frequência

de escolhas muito semelhantes entre o pescado

fresco e o congelado, que não foi observado em

pesquisas anteriores, certamente por influência

da faixa etária de jovens adultos predominante

na pesquisa. Observamos também que algumas

tendências foram confirmadas, como a tilápia e

o camarão consolidados como espécies mais

consumidas e a preferência pelo consumo de

filé em relação a outros tipos de apresentação

de pescado. Assim como as variações sazonais

nos padrões de consumo de peixe, influenciados

por fatores culturais e religiosos, também

observado em outros estudos. Estes resultados

podem ajudar produtores e distribuidores a direcionar

a comercialização de seus produtos.

Podemos também, atentar para uma interessante

mudança de hábitos quanto ao consumo de

pescado, onde a maioria dos consumidores escolheu

pescado de água doce em detrimento dos

marinhos, provavelmente impulsionados pelos

crescentes investimentos na aquicultura brasileira,

principalmente na produção de Tilápia.

JUL/SET 2021

Consulte as referências bibliográficas em

www.aquaculturebrasil.com/artigos

PARCEIROS NA 24° ED:

35


JUL/SET 2021

36

PARCEIROS NA 24° ED:


SAIS BALANCEADOS

PARA CARCINICULTURA

VeroMix é um concentrado dos

principais constituintes do sal

marinho, para uso em carcinicultura,

com excelente relação custo/benefício.

Na forma de concentrado, reduz o custo

de frete envolvido e pode ser formulado

para atender casos especiais.

1 kg de VeroMix pode preparar 300

litros de água salinizada a 10 ppt.

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Real Parque, Campinas/SP.

Tel.: 19 99214-1827

E-mail: contato@veromar.com.br

veromar.com.br

PARCEIROS NA 24° ED:

Desenvolvidos

para utilização em

tanques de

carcinicultura

em suas

características

físico-químicas

e balanço

iônico - específicos

para a produção

de camarões

marinhos

Sacos valvulados

de polietileno de 25 kg.

Para 1L de água:

1 parte de VEROMIX

2 partes de sal sem iodo

2 kg DE

SAL SEM IODO

Preparam

de água

salinidade

10 PPT

37

+

1 kg DE

VEROMIX

JUL/SET 2021


© Flávio Contente

JUL/SET 2021

38

PARCEIROS NA 24° ED:


Viabilidade econômica para o

cultivo de pirarucu (Arapaima

gigas) em tanques suspensos na

região metropolitana de Belém

Sarah Mayumi Kato da Silva¹, Victor Tiago da Silva Catuxo², Antônia Benedita da

Silva Bronze¹, Kárcio Rimes Araújo¹ e Carlos Alberto Martins Cordeiro³

¹Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

Residência Profissional Agrícola

Belém, PA

*mayumikato94@gmail.com

²Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

(EMATER)

Benevides, PA

³Universidade Federal do Pará (UFPA) Campus Bragança

Instituto de Estudos Costeiros (IECOS)

Bragança, PA

O

cultivo de pirarucu

em cativeiro é uma

alternativa para diminuir

sua pesca predatória e,

apesar do alto potencial, seu

cultivo ainda é incipiente no

Brasil, com uma produção de

1.892.65 t, ao qual o Pará ocupa

a 2ª posição de maior produtor

da Região Norte, com uma

produção de 272.321 t (IBGE,

2020). Em cativeiro sua produção

é comumente realizada em

viveiros escavados e barragens,

apresentando iniciativas de cultivo

em tanques rede e tanques

suspensos, sendo esta uma

alternativa de criação sustentável,

necessitando maiores de

estudos sobre a sua viabilidade

O presente estudo

teve por objetivo

avaliar a viabilidade

econômico-financeira

do cultivo de

Pirarucu em tanques

suspensos, na Região

Metropolitana de

Belém.

econômica no estado do Pará.

Considerando a importância

econômica do pirarucu e o

potencial para desenvolvimento

da piscicultura na região,

o presente estudo teve por

objetivo avaliar a viabilidade

econômico-financeira do cultivo

de Pirarucu em tanques

suspensos, na Região Metropolitana

de Belém (RMB), no

estado do Pará, visando nortear

tomadas de decisões para investimentos

na implantação da

atividade, bem como estimular

a expansão do seu cultivo,

promovendo uma maior oferta

nos mercados interno e externo

e, a expansão da piscicultura

sustentável na Amazônia.

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

39


Caracterização

do Sistema de Produção de

Pirarucu em Tanques Suspensos

Figura 1. Tanque circular revestido com geomembrana para produção de pirarucu em Benevides - PA. © Sarah Kato

JUL/SET 2021

O estudo foi realizado no município de Benevides-

-PA, em um sistema produtivo composto por dez (10)

tanques suspensos de 6m de diâmetro e capacidade

de 30m³, revestidos com geomembrana PEAD (Figura

1) abastecidos a partir de um igarapé localizado ao

final da propriedade.

O cultivo abrange as fases de pré-engorda (alevinagem

+ crescimento) e engorda, apresentando

uma densidade inicial de 1000 alevinos por tanque,

distribuídos na fase de engorda a uma densidade de

200 alevinos por tanque. Durante o ciclo produtivo,

são fornecidas Ração extrusada contendo 46% PB e

Grãos de 1-2mm e 40% PB e Grãos de 3-5mm (pré

engorda – 120 dias de cultivo) e Ração extrusada contendo

40% PB e Grãos de 8 -10mm e com 40% PB e

Grãos de 12 -15mm (engorda – 240 dias de cultivo).

Na fase inicial, reforça-se o treinamento alimentar

de forma a evitar a heterogeneidade do lote. Ao identificar

a presença de animais extremamente magros,

os mesmos são transferidos para uma caixa d’agua

para recuperação e posterior retorno ao tanque.

Para manter a qualidade da água nos tanques, realiza-se

uma renovação ao dia, processo com duração

de 4h10min. Inicia com a ligação da bomba d’água e

abertura do registro de água do tanque, criando um

vórtice que ocasionará o revolvimento dos dejetos

para seu centro, onde serão retirados pelo sistema

overflow (Figura 2). As sujidades das paredes dos

tanques são retiradas mecanicamente com escovão,

estando atento para que o nível da água se mantenha

acima dos peixes. Finalizado o manejo, o registro de

saída do tanque é fechado para que o mesmo encha

novamente.

Ainda na propriedade, os animais são submetidos

ao abate e filetagem aos 360 dias e com um peso

médio de 10 kg por animal, podendo atingir um rendimento

de carcaça de 40-50%. Sua carne é comercializada

em rede de supermercados e restaurantes e

a pele enviada para uma comunidade localizada em

Bragança-PA para curtimento artesanal e, depois de

curtido, o couro é transformado em acessórios (Figura

3) em uma fábrica localizada em Ananindeua-PA.

40

PARCEIROS NA 24° ED:


Figura 2. Sistema overflow do

tanque suspenso para produção de

pirarucu em Benevides - PA.

© Sarah Kato

Figura 3. Acessórios produzidos a partir do couro de pirarucu

cultivados em tanques suspensos em Benevides - PA.

© Sarah Kato

Material e métodos

Foram realizadas visitas in loco junto ao produtor

e ao assistente técnico da extensão rural, para coleta

dos dados acerca da implantação e manutenção do

sistema produtivo, obtendo-se informações sobre a

infraestrutura de produção, itens, quantidade, preço

e vida útil, bem como manejo, operações, mão de

obra, insumos utilizados e manutenção da infraestrutura.

A coleta de dados, realizada por meio de planilhas,

e cálculos para verificação da viabilidade econômica,

como os de Custos de Produção (CP) por

meio do Custo Operacional Efetivo (COE) e Custo

Operacional Total (COT); Fluxo de Caixa (FC),

considerando um horizonte produtivo de dez (10)

anos, sendo este utilizado nos cálculos dos índices

econômicos Taxa Interna de Retorno (TIR); Valor

Presente Líquido (VPL) e Payback, foram realizados

e analisados no software Microsoft Excel®.

O cultivo em estudo é dividido em duas fases e

compreende um total de 360 dias (120 dias na pré-

-engorda + 240 dias na engorda). Desta forma, o

número de ciclos anuais é calculado pela fórmula:

O custo de implantação estrutural do sistema

de cultivo, descrito na Tabela 1, foi estimado em

R$80.822,44. Dentre os itens descritos, o sistema

de abastecimento e drenagem apresentou um

valor de R$10.962,44, destinado à escavação da

canaleta de drenagem e à tubulação. Os tanques

em lona e suas estruturas apresentam vida útil de

10 anos, se caracterizando como os custos mais

onerosos na implantação, representando 74,24%

dos gastos.

Quanto aos custos de ração por tanque (Tabela

2), considerando 0.96 ciclo produtivo ao ano –

nas fases de pré-engorda e engorda, a estimativa

por tanque foi de R$19.467,47 e, para os 10 tanques

implantados no sistema, encontrou-se o valor

R$194.674,69. Nos cálculos foram considerados

uma mortalidade aproximada de 10% do lote e

destinou-se uma reserva técnica de ração de 10%.

Resultados

360 dias anuais

360 dias de cultivo+15 dias de vazio sanitário = 0,96

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

41


Tabela 1. Custos de implantação estrutural do sistema de cultivo de pirarucu em tanques suspensos em Benevides - PA

Discriminação Unidade Quantidade

Obras Civis

Valor unitário

(R$)

Valor Total

(R$)

%

Tubulações de abastecimento

m 214,28 3.237,50 6.475,00 8,01

m 72 2.243,72 4.487,44 5,55

Subtotal 10.962,44

Preli-

Estudos

minares

Tubulações de drenagem

Projeto Técnico e

Legalização

Tanques em lona de

PEAD, com 6m de

diâmetro, e estruturas

un 1.000,00 1,24

un 4.000,00 4,95

Equipamentos

un 10 6.000,00 60.000,00 74,24

Bomba de 5 CV un 1 4.860,00 4.860,00 6,01

Subtotal 64.860,00

TOTAL 80.822,44 100,0

* Fonte: Dados da pesquisa (2021).

JUL/SET 2021

42

PARCEIROS NA 24° ED:


Tabela 2. Custos de ração por tanque em 0,96 ciclo produtivo de 360 dias, sendo 120 na fase de pré-engorda e 240 na fase de engorda.

Fase

Tipo de ração

Dias de

cultivo

Ração

(kg)

Preço da

ração (R$)

Custo da

Ração (R$)

Pré-engorda

Ração extrusada - 46% PB

e Grãos de 1-2mm

Ração extrusada - 40% PB

e Grãos de 3-5mm

30 77,63 10,24 794,93

90 330,30 4,8 1.585,44

Subtotal 120 407,93 2.380,37

Engorda

Ração extrusada - 40% PB

e Grãos de 8 -10mm

Ração extrusada - 40% PB

e Grãos de 12 -15mm

150 1.517,71 4,8 7.285,01

90 1.673,40 4,8 8.032,32

Subtotal 240 3.191,11 15.317,33

TOTAL 360 3.599,04 17.697,70

Reserva Técnica 10% 359,90 - 1.769,77

Total de ração por ciclo 3.958,94 - 19.467,47

* Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Tabela 3. Custos Operacionais Efetivos (COE) e Custos Operacionais Totais (COT) por ciclo de produção de pirarucus em tanques

suspensos em Benevides - PA

Discriminação Unidade Quantidade

Valor unitário

(R$)

Valor Total

(R$)

%

Alevinos milheiro 2 20.000,00 40.000,00 16,89

Ração kg 36.500 - 180.640,00 76,26

Mão de obra

permanente

Mão de obra

temporária

Energia elétrica

bomba

un 1 3.000,00 3.000,00 1,27

diária 3 80,00 240,00 0,10

kwh 8.514,02 0,58 4.909,44 2,07

Outros 4.515,79 1,91

JUL/SET 2021

COE 233.305,23 98,49

Depreciação 3.571,87 1,51

COT 236.877,10 100,00

* Fonte: Dados da pesquisa (2021).

PARCEIROS NA 24° ED:

43


JUL/SET 2021

Para calcular o fluxo

de caixa do sistema produtivo

(tabela 4) considerou-se

um horizonte

produtivo de 10 anos,

com início da produção

no Ano 0, totalizando

um investimento inicial

de R$328.990,66.

Os rendimentos anuais

foram calculados

em R$324.000,00 e o

lucro operacional em

R$87.122,90, contando

com uma produtividade

de 18.000 kg de

peixe ao ano, comercializada

a R$18/kg.

Para avaliação da

viabilidade econômica

do sistema produtivo

(tabela 5) utilizou-se a

taxa Selic (mai/2021),

de 3,4% a.a. como

taxa de atratividade. A

TIR avalia o percentual

de retorno de um

projeto, igualando a

VPL a zero (0). Levando

em consideração

esta taxa, a VPL apresentou

um retorno de

R$399.241,96, a TIR

se apresentou superior

à Taxa Mínima de Atratividade,

calculada em

23,19% e um Payback

descontado de 4 anos e

3 dias, demonstrando o

cultivo do pirarucu nesse

sistema de criação

ser um projeto viável.

Tabela 4. Fluxo de caixa do sistema de produção de pirarucus em tanques suspensos em Benevides - PA

Ano Receita (R$) Custos (R$)

Fluxo de Caixa

Líquido (R$)

Fluxo de Caixa

Acumulado (R$)

0 - 328.990,66 -328.990,66 -328.990,66

1 324.000,00 236.877,10 87.122,90 -241.867,76

2 324.000,00 236.877,10 87.122,90 -154.744,86

3 324.000,00 236.877,10 87.122,90 -67.621,96

4 324.000,00 236.877,10 87.122,90 19.500,94

5 324.000,00 236.877,10 87.122,90 106.623,84

6 324.000,00 236.877,10 87.122,90 193.746,74

7 324.000,00 236.877,10 87.122,90 280.869,64

8 324.000,00 236.877,10 87.122,90 367.992,54

9 236.877,10 87.122,90 455.115,44

* Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Tabela 5. Indicadores de Viabilidade Econômica do sistema produtivo de pirarucus em

tanques suspensos em Benevides - PA

Indicador

Total

Valor Presente Líquido (VPL) R$ 399.241,96

Taxa Interna de Retorno (TIR) 23,19%

Payback Simples

Payback Descontado

* Fonte: Dados da pesquisa (2021).

3 anos, 9 meses e 9 dias

4 anos e 3 dias

© Flávio Contente

44

PARCEIROS NA 24° ED:


Conclusão

Diante do exposto, o modelo de produção de pirarucus em tanques

suspensos – considerando 10 tanques de criação com densidade de

60kg/m³ – mostrou-se, além de sustentável, economicamente viável com uma taxa de retorno de

23,19% e evidenciando a ração como o item que mais influenciou no investimento. A atividade se

apresenta como uma ótima alternativa para expansão da piscicultura sustentável na Amazônia, uma

vez que necessita de menores espaços para alta produtividade.

Do ponto de vista zootécnico, quando comparada a outras espécies em sistemas superintensivos,

o pirarucu apresenta grande potencial econômico. Recomenda-se ao produtor e aos novos empreendimentos

a utilização de um tanque exclusivo para a fase de pré-engorda, possibilitando assim o escalonamento

da produção com a saída de ciclos anuais de 0,96 ano para ciclos anuais de 1,41 ano.

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

45


JUL/SET 2021

46

PARCEIROS NA 24° ED:


Panorama da maricultura no Estado

do Espírito Santo: atualidades e

desafios

Alexandre Augusto Oliveira Santos*, Marcelo Fanttini Polese, André Batista de

Souza e Henrique David Lavander

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifes)

Laboratório de Aquicultura

Piúma, ES

*alexandre.santos@ifes.edu.br

A

produção mundial de

pescado em 2018 foi correspondente

a 178,5 milhões

de toneladas, sendo que 96,4

milhões de toneladas foram oriundas

da pesca e 82,1 milhões de toneladas

oriundas da aquicultura.

Do total da aquicultura, 30,8 milhões

foram produzidas pela maricultura

(FAO, 2020). Dada a importância

dessa atividade, esse artigo

buscou traçar um panorama geral

da maricultura do Espírito Santo,

estado da região sudeste do Brasil,

abrangendo os principais tipos

de cultivo em águas marinhas: peixes,

camarões, moluscos bivalves

e macroalgas.

Em 2018 a produção

aquícola mundial foi de

82,1 milhões de toneladas.

Desse total, 30,8 milhões

foram produzidas pela

maricultura (FAO, 2020).


1. Piscicultura

marinha

Não diferente dos demais Estados litorâneos, o Espírito

Santo possui grande potencial para piscicultura

marinha, com extensão de 411 km, a qual corresponde

a 5 % da costa brasileira, com cerca de 46 mil km²

de terras e 450 mil km² de Zona Econômica Exclusiva

marítima, e ainda sua localização estratégica próximo

aos grandes centros comerciais do país. Porém a produção

de peixes oriundos dessa atividade é nula, existem

apenas algumas iniciativas de Instituições públicas

e privadas de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação

tecnológica, com projetos financiados, principalmente,

pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do

Espírito Santo (Fapes) em parceria com a Secretaria

de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura

e Pesca (Seag), por editais ou descentralização de

recursos para o fomento do desenvolvimento sustentável

da aquicultura no Estado do Espírito Santo.

Atualmente os esforços da piscicultura marinha estão

concentrados nas pesquisas com diversas espécies,

como: tainha (Mugil liza), vermelho (Lutjanus sp.), garoupa

(Epinephelus marginatus), robalo (Centropomus

sp.), beijupirá (Rachycentron canadum) e peroá (Balites

capriscus). No IFES (Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Espírito Santo) - Campus

Piúma (Campus que forma profissionais do ensino

técnico, graduação e pós-graduação na área de aquicultura,

pesca e processamento), através do Laboratório

de Nutrição e Produção de Organismos Aquáticos

– LANPOA, as pesquisas mais recentes foram realizadas

com o beijupirá, garoupa, tainha e peroá, focando

no desenvolvimento de tecnologias para a produção,

manejo e nutrição dessas espécies (Figura 1 e 2).

Assim como no Brasil, os desafios para o desenvolvimento

da piscicultura marinha no Estado do Espírito

Santo, não são muito diferentes, pois estão ligados

diretamente ao ordenamento de políticas públicas, legislações,

acesso a linhas de financiamentos, tecnologias

mais acessíveis, oferta regular de insumos (rações

e alevinos) em quantidade e qualidade, da determinação

de áreas para cultivos (parques aquícolas), mão de

obra qualificada contratada pelos municípios e estado,

de infraestrutura de apoio ao mercado, alinhamento de

grupos e instituições de pesquisa e extensão evitando

sombreamentos de esforços, e a dificuldade de licenciamento

ambiental e autorização do uso de água da

união, dificultando os investimentos na atividade no Espírito

Santo e no Brasil.

Uma importante ação que poderia

ser desenvolvida seria a criação de

uma rede no Espírito Santo, pois

com a união de esforços e otimização

de recursos humanos e financeiros,

alguns gargalos, como exemplo, nutrição,

sanidade e disponibilidade de formas

jovens, poderiam acelerar o desenvolvimento

da piscicultura marinha no Estado.

Figura 1. Produção experimental de beijupirá em mar aberto. © Marcelo Fanttini Polese

JUL/SET 2021

48

PARCEIROS NA 24° ED:


Figura 2. Produção

experimental de

beijupirá e garoupa

pelo IFES. ©

Leonardo Demier

Cardoso

2. Carcinicultura

marinha

O Estado do Espírito Santo tem um histórico na produção

do camarão de água doce (Gigante da malásia -

Macrobrachium rosenbergii) com fazendas com mais de

30 anos produzindo estes camarões, principalmente no

norte do estado (São Domingos do Norte e Gov. Lindenberg).

Porém, uma grave crise hídrica assolou o estado

entre 2014 a 2017 decaindo a produtividade desta

espécie e despertando a curiosidade dos produtores para

sistemas de produção que não dependessem de muita

água para produzir. Em meados de 2000 o ES teve sua

primeira tentativa de produção de camarão-cinza (Litopenaeus

vannamei) no norte do Estado, com o conhecido

“Condomínio do camarão”. Estes sistemas extensivos demandaram

grandes áreas de produção e dependência de

água, tendo a produção encerrada. Inovações tecnológicas

foram trazidas/aprimoradas por cientistas em aquicultura,

especialmente sistemas de troca mínima de água e

intensificação.

Em 2017, a primeira fazenda de carcinicultura marinha

intensiva foi inaugurada em Piúma, porém por alguns

problemas técnico-financeiros teve as atividades

paralisadas, mas em 2021 foi reativada. Em 2019, uma

fazenda foi totalmente licenciada e as atividades se iniciaram

na cidade de Fundão, com um volume de produção

de aproximadamente 1 ton/mês. Neste mesmo ano,

outra fazenda foi licenciada e opera na cidade de São

Mateus, esta encontra-se em fase de ampliação e produzirá

até 20 ton/mês de camarão-marinho (Figura 3).

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

49


A fazenda

encontra-se em

fase de ampliação

e produzirá até 20

ton/mês de camarãomarinho.

JUL/SET 2021

Figura 3. Fazenda

de produção de

camarão-marinho

“Pescados capixaba”,

localizada no

município de São

Mateus, ES.

© Thalles de Sá Lima

50

PARCEIROS NA 24° ED:


3. Malacocultura

O estado do Espírito Santo é composto por 14

municípios litorâneos, abrangendo vários ecossistemas

costeiros, como estuários, manguezais, restingas,

praias e ilhas, mas atualmente apenas três desenvolvem

a atividade de malacocultura.

Desde 1987 que a malacocultura é uma alternativa

sustentável para extração dos bancos naturais de mexilhões

no Espírito Santo. A Ilha dos Cabritos, litoral de

Piúma, é um local tradicional da maricultura capixaba

e próximo das áreas de extração de mexilhão (Figura

4). Inicialmente a Escola de Pesca apoiou a maricultura

por muitos anos, o que permitiu o fortalecimento da

atividade, que se desenvolveu nos municípios vizinhos.

Em Guarapari a produção de moluscos começou

em 1997, a mitilicultura foi incentivada nas comunidades

do Perocão, Meaípe e Concha D’ostra. E posteriormente

a ação apoiou o cultivo de moluscos na Praia

da Cerca (Sodré, 2008). Assim, no ano 2000 surgiu

a Associação dos Maricultores de Guarapari – AMAG.

Em Anchieta foi criada em 1999 a Associação de

Armadores, Maricultores e Pescadores do Município

de Anchieta, quando a produção de mexilhões foi fomentada

pela prefeitura. Os maricultores coletam as

sementes nos costões rochosos e realizam o povoamento

em mexilhoneiras de forma artesanal até os dias

atuais. Somente em 2014 surgiu a Associação dos Maricultores

de Piúma – AMPI.

Ao longo desses anos, o mexilhão Perna perna ainda

é a espécie mais cultivada pela malacocultura capixaba.

Outras espécies de bivalves como, vieiras Nodipecten

nodosus e ostras Crassostrea gigas e Crassostrea gasar

foram fomentadas desde o final da década de1980,

mas apenas recentemente voltaram a ser cultivadas.

A produção de ostras e vieiras em Piúma foi retomada

em 2017 com apoio do Laboratório de Malacocultura

do IFES, Campus Piúma, e Fundação de Amparo

à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo - FAPES,

Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento,

Aquicultura e Pesca do Espírito Santo – SEAG. Em

2018 a AMAG também voltou a diversificar a produção

com o cultivo de vieiras N. nodosus, ostras C. gigas, e

beijupirá R. canadum.

Atualmente a atividade é desenvolvida por aproximadamente

30 famílias no Estado. O cultivo de ostras

e vieiras é realizado em longlines duplos e/ou simples,

os animais são colocados em lanternas circulares em

diferentes andares. As sementes de ostras são obtidas

nos laboratórios de Santa Catarina, já as vieiras no Instituto

de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande

(IED-BIG), Rio de Janeiro.

Figura 4. Área de cultivo de mexilhões, ostras e vieiras da Associação de Maricultores de Piúma – AMPI. © Malacolab

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

51


JUL/SET 2021

4. Macroalgas

A produção de macroalgas no litoral do Espírito

Santo é a menos desenvolvida, as iniciativas para o

cultivo de algas marinhas começaram no final da década

de 1980, essas foram propostas por meio de

projetos com as comunidades tradicionais, onde os

maricultores produziam moluscos e algas. Contudo,

a algicultura não prosperou em águas capixabas, mesmo

diante de boas condições e disponibilidade de espécies

nativas com potencial para aquicultura.

5. Iniciativa SEAG

A Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento,

Aquicultura e Pesca (SEAG) vem fomentando

a maricultura de forma consistente desde 2015.

Naquele ano, foi lançado o programa Pesquisa Aplicada

a Políticas Públicas Estaduais Agropecuárias no

Estado do Espírito Santo – PPAgro, o qual investiu

10 milhões de reais em pesquisas passíveis de serem

aplicadas nos diversos setores da agropecuária, da

aquicultura e da pesca. Entre estes projetos, foram

desenvolvidos e executados 11 projetos exclusivamente

direcionados para a maricultura, especialmente

para o setor de piscicultura marinha, juntamente

com o Ifes Piuma. Em novembro de 2021, através

do incentivo da gestão do atual secretário de estado

Sr. Paulo Foletto, a SEAG promoveu o Congresso

Capixaba de Pesquisa Agropecuária, oportunidade

em que puderam ser apresentados ao grande público,

os resultados alcançados por esses projetos. Em

2020, também acreditando nesse importante setor

pela atual gestão, a SEAG promoveu um edital para

contratação de projetos no qual foram selecionadas

duas importantes propostas direcionadas à aquicultura

ampla e a pesca, em parceria com o Ifes Piuma.

Em um formato inédito, o edital intitulado Banco de

Projetos da SEAG, destinou 10 milhões de reais para

fortalecer a extensão e a pesquisa aplicada, nos mais

diversos setores da produção agrícola, aquicultura e

a pesca, com especial atenção às suas instituições vinculadas

Incaper (pesquisa e extensão rural e pesqueira)

e Idaf (defesa agropecuária). Todos estes projetos

são gerenciados pela Fundação de Apoio à Pesquisa

e Inovação do Espírito Santo – FAPES.

A história da

maricultura

capixaba é antiga e

o ordenamento das

atividades poderá

ser importante

para que todas as

atividades possam

ser desenvolvidas de

forma sustentável.

Em relação à infraestrutura para o setor, a SEAG

criou um programa de fortalecimento da pesca e da

aquicultura o qual contempla a cessão de diversos

equipamentos para as prefeituras do Estado, tais

como piers flutuantes, tanques-rede, aeradores, câmaras

frias, veículos utilitários, dentre outros. Até o

momento, já foram beneficiadas 5 prefeituras, mas

a meta é terminar o ano de 2022 com 10 prefeituras

beneficiadas com equipamentos específicos para

o desenvolvimento da aquicultura ampla e da pesca,

a fim de levar a pelo menos 1.500 pessoas que trabalham

com o setor produtivo da aquicultura e da

pesca, uma melhor qualidade de vida e esperança de

dias mais promissores.

5. Conclusão

A história da maricultura capixaba é antiga e o ordenamento

das atividades poderá ser importante para

que todas as atividades possam ser desenvolvidas de

forma sustentável. Redes de pesquisa/extensão e unidades

demonstrativas público-privadas poderão ser

essenciais para o desenvolvimento da maricultura no

Estado do Espírito Santo.

Consulte as referências bibliográficas em

www.aquaculturebrasil.com/artigos

52

PARCEIROS NA 24° ED:


JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

53


Empresa:

Socil

A pioneira em nutrição animal no

Brasil, SOCIL, completou 80 anos

A

Socil , primeira marca de nutrição

animal do Brasil, completou no último

ano 80 anos de muitas histórias,

conquistas, celebrações e, claro, oportunidades.

A marca, que hoje faz parte do grupo global

ADM, tem como foco atender necessidades

reais do agronegócio, com especialidades

em equinos, rebanhos, peixes, camarões, aves

e suínos.

“Esses 80 anos adicionados ao know how desenvolvido

pela ADM ao redor do mundo, através

do seu corpo técnico de P&D nos diversos centros

de pesquisa especializados, consolida a posição

de liderança em nutrição de peixes e camarões

no Brasil e nos diversos países para os quais exportamos

nossas soluções nutricionais.”, diz Rodrigo

Alencar, Gerente de Produtos Aqua da

marca.

JUL/SET 2021

Esses 80 anos de existência e tradição só

foram possíveis, pois desde o início a marca

conta com um corpo técnico e um time comercial

dedicado em levar a melhor experiência

possível para os clientes, desde o primeiro

contato. “Eu tenho muito orgulho em dizer que

fiz meu estágio curricular obrigatório em 2010, e

trabalho até hoje, na pioneira em nutrição animal

do nosso país. Além disso, é uma grande satisfação

profissional contribuir para o crescimento do

agronegócio por meio do meu trabalho”, afirma

Marcelo Sebolt, Gerente Comercial da marca

há mais de 10 anos.

Esses 80 anos

adicionados ao knowhow

desenvolvido pela

ADM ao redor do mundo,

consolida a empresa na

posição de liderança

em nutrição de peixes e

camarões no Brasil e no

mundo.

54

Espaço empresa


Esp

ço empresa

Durante todos esses anos, a Socil sempre

se preocupou em evoluir, estando atenta às

mudanças do mercado e inovação do portfólio.

Assim, o seu pioneirismo em nutrição animal

enalteceu sua capacidade de ser tradicional e

inovadora ao mesmo tempo.

“Mesmo sendo a pioneira em nutrição animal

do Brasil, continuamos sendo referência pela nossa

vanguarda tecnológica, sempre em busca das

melhores soluções nutricionais para alimentar

todas as espécies da produção animal, trazendo

rentabilidade ao homem do campo. Da terra à

água, do boi, no centro do país, ao camarão, no

litoral nordestino. Tenho muito orgulho de estar

há 11 anos com o escudo da Socil em meu peito.”,

relata Rodrigo Vasconcelos, Gerente Comercial

da marca há 11 anos.

Outras peças fundamentais dessa história

são os clientes, que sempre confiaram e acreditaram

nas soluções oferecidas.

“Procurávamos no mercado de nutrição animal,

uma empresa que pudesse nos proporcionar

qualidade nos produtos e uma orientação técnica,

e dessa forma, termos garantia de bons negócios.

Encontramos na Socil essa parceria, que

tem se firmado cada vez mais ao longo dos anos.

Essa relação duradoura é fruto de uma soma de

fatores, que vai desde a assistência técnica, profissionalismo

e dedicação do representante da

região, até a qualidade dos produtos”, diz Luiz

Germando Schroder, do município de São

Sepé/RS e cliente há mais de 20 anos.

JUL/SET 2021

Espaço empresa

55


Esp

ço empresa

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comemorativo

de 80 anos e

conheça um

pouco mais

da história

de uma das

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nutrição animal

do Brasil.

O que faz da Socil

JUL/SET 2021

uma marca líder

é atender às reais

necessidades do mercado

e oferecer sempre o

melhor produto!

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56

Espaço empresa



The growth performance, antioxidative capacity, and histological

features of intestines, gills, and livers of Nile tilapia reared in

different water salinities and fed menthol essential oil

Autores: Mahmoud A.O.Dawood,Mahmoud S.Gewaily e HaniSewilamad

O cultivo de tilápia do Nilo em água salobra é uma das opções nas áreas que sofrem

com a falta de água doce. Para além disso, também tem sido um diferencial na hora

da comercialização, já que tilápias cultivadas em água salobras tendem a ter um sabor

diferenciado. Assim, este estudo testou os efeitos de diferentes níveis de salinidade e

óleo essencial de mentol dietético (MNT) na produtividade da tilápia do Nilo. Duas dietas

teste foram formuladas com MNT (0,25%) ou sem MNT e fornecidas as tilápias do Nilo

cultivadas em níveis de salinidade de 0, 5, 10 e 15 ppt por 60 dias.

• A tilápia do Nilo apresentou desempenho de crescimento normal até 10

ppt de salinidade enquanto 15 ppt reduziu o desempenho de crescimento.

• Os níveis de 10 e 15 ppt induziram características anormais nas

brânquias, intestinos e fígados da tilápia do Nilo.

• Alta ALT (alanina), AST (aspartato transaminase), cortisol,

glicose e estresse oxidativo foram observados em peixes

cultivados abaixo dos níveis de 10 e 15 ppt.

JUL/SET 2021

• A dieta com MNT melhorou o desempenho de crescimento,

regulou ALT, AST, cortisol e glicose, e aumentou a capacidade

antioxidante.

• A inclusão do MNT promoveu bom cresceu em diferentes níveis

de salinidade e apresentou características normais nas brânquias,

intestinos e fígados.

Quer saber os demais resultados? Confira no periódico Aquaculture:

https://doi.org/10.1016/j.aquaculture.2022.738122

58

PARCEIROS NA 24° ED:


VAMOS LEVAR SÓ O

NECESSÁRIO

Aquicultura 4.0

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

59


JUL/SET 2021

Fábio Sussel

Pesquisador Científico do Instituto de Pesca e Apresentador Canal #VaiAqua

Pirassununga, SP

fabiosussel@hotmail.com

Fermentados: moda ou tendência?

Quero acreditar que seja uma tendência. Independente

de ser nos moldes do Bokashi

tradicional (mais líquido) ou dos fermentados com

textura mais similares a uma massa, minha percepção

é que esta alternativa prebiótica, probiótica

e alimentar se apresenta ao setor produtivo

com uma nova roupagem e novos conceitos de

usos. Inclusive mais específico para certas situações

e especialmente reduzindo custos de produção,

atrelado a melhora do valor nutricional de certos

alimentos. Simples? Não, não muito simples. Mas

também nada complexo. É questão de entender

o processo como um todo e suas aplicabilidades.

Originalmente (no Japão), o Bokashi foi desenvolvido

para fertilização de plantas, principalmente

orquídeas e outras plantas ornamentais. Ao longo

do tempo foi adaptado/ajustado para uso na aquicultura.

Inicialmente para sistemas extensivos. Mas,

atualmente, vem sendo trabalhado muito forte nos

sistemas intensivos e superintensivos. Além da fertilização

da água em si, do fornecimento de pré e

probióticos, também já vem sendo usado, em sua

versão mais pastosa/massa, como fonte de alimento

direto tanto para peixes quanto para camarões.

Parece que a transformação (através da fermentação)

de alimentos de baixo valor nutricional (farelos

de arroz, de trigo, de mandioca etc...) em

compostos alimentares de alto valor nutricional,

tem se mostrado eficiente do ponto de vista produtivo

e econômico. Sem contar os benefícios da

função biorremediadora.

Falando em biorremediação, há relatos de efeitos

benéficos destes fermentados tanto a nível de

melhora da flora intestinal quanto do ambiente de

cultivo. Inclusive como forte aliado a melhor convivência

com a doença da mancha branca e a NIM,

no caso do cultivo de camarões. Tanto no combate

direto a estes vírus, já que processos fermentativos

em pH próximo de 4,0 são ricos em bactérias

ácido-láticas (Lactobacillus, Pediococcus, Bifidobacterium

etc...) as quais produzem ácidos orgânicos

com função antimicrobiana, como também através

da inibição de víbrios. No caso destes últimos, os

polissacarídeos gerados no processo de fermentação

são de um tipo de carboidrato pouco digerível

pelos víbrios, inibindo a proliferação destes.

De fato, do ponto de vista teórico, há embasamento

técnico suficientemente bem lastreado

para sustentar certa eficácia no combate a NIM e

a mancha branca. Na prática, vários são os pontos

a serem considerados para que realmente isto se

confirme.

Na Fenacam’21, que foi realizada entre 16 e 19

de novembro de 2021, os fermentados estiveram

em pauta tanto nas palestras quanto nos stands e

corredores da feira. Seja conversando com pesquisadores

ou empresários, o assunto esteve em evidência.

Fórmulas comerciais de Bokashi, contendo

vitaminas, minerais, melaço em pó, cepas de

bactérias e leveduras, foram lançadas. Na verdade,

coisa que já existia há alguns anos, mas agora começa

a tomar viés comercial. Igual se tem centro/

depósito de distribuição de ração, agora vamos ter

também centro de distribuição de Bokashi. Sinal

que resultados positivos no campo já devem estar

ocorrendo.

É uma tecnologia que tem história, tem o reconhecimento

da academia, tem lastro, vem sendo

testada há anos e que, portanto, reuni características

para ser mais uma ferramenta aliada do produtor.

É fundamental ter o discernimento que isto

é apenas um item a mais do processo, sem o viés

de depositar todas as expectativas que uma “receita

milagrosa” irá resolver todos os problemas da

criação. As vezes, promessas de que um produto

ou nova tecnologia possam ser a solução para mui-

60

PARCEIROS NA 24° ED:


Figura 1. Exemplos de Bokashi tradicional (mais líquido). © Ronaldo Yamada

tos problemas pode

acabar “queimando”

o seu real potencial.

Neste sentido, se o

Bokashi será moda ou

tendência, não será

somente o tempo que

irá dizer, mas também

o modo como a nova

tecnologia será trabalhada

e apresentada

ao mercado.

#VaiAqua!

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

61


JUL/SET 2021

62

PARCEIROS NA 24° ED:


JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

63


Diego Maia Rocha

JUL/SET 2021

Sócio-Diretor Synbiaqua Cultivos Aquáticos

Natal, RN

diegomaiarocha@synbiaqua.com.br

O jogo de Xadrez da Carcinicultura Brasileira:

movimentos, experiências e referências para as

próximas jogadas

Durante um jogo de xadrez, por muitas vezes

nos encontramos encurralados, esperando e

refletindo sobre a jogada do adversário e sobre nossa

própria jogada, traçamos planos, sentimos perdas, mas

com o objetivo sempre de alcançar a vitória.

Contrapondo esse enredo com o presente vivido

pela carcinicultura brasileira, a temática é a mesma, o

produtor de camarão deverá ser realista com a atual

conjuntura de mercado e entender que nesse tabuleiro

a união de todas as peças é importante para alcançar

êxito nos negócios.

Movimentos

Devido aos aumentos de produtividade, ampliações

e novas áreas de produção, a oferta de camarão

(especialmente do camarão fresco), segue crescente.

E o desafio com o escoamento e os baixos preços

de venda, apesar do momento de alta demanda

e abertura do mercado consumidor, tem sido uma

preocupação constante no dia a dia dos carcinicultores.

O perfil de porte de produtores que mais cresce

no Brasil é o micro, seguido pelo pequeno e eventualmente

médio, sejam nos estados de: AL, CE, SE,

PB. E é justamente esse segmento que apresenta uma

maior fragilidade na comercialização do seu produto,

seja pelo pequeno volume de venda ou pela falta

de recurso, desde capital de giro ao processamento.

Na maioria das vezes o produtor não consegue trabalhar

a venda porque já tem vencimentos a pagar e

acaba sendo influenciado a vender por um preço abaixo

do esperado. Além disso, com esse tamanho de

empreendimento, se o produtor for formal tem muitas

dificuldades de operar a fazenda e acaba sendo informal

para tentar sobreviver, essa informalidade acaba sendo

uma das principais razões para a queda de preços.

Outra consideração relevante é que a venda de

camarão fresco não tem capilaridade para avançar

em novos municípios, e temos mais de 5.000, Brasil

adentro, e à medida que a oferta desse tipo de

camarão aumenta, o fluxo de venda fica lento e o

preço não consegue se estabilizar. Em relação a venda

do camarão congelado que seria um equalizador

de preços, não se consegue alcançar ou ultrapassar

30% da produção total de camarão. E as exportações,

apesar de todo esforço, ainda não decolaram.

Com aumento dos insumos, com a inflação

acumulada do ano de 10,27% (até out), segundo IBGE,

fica complicado não olhar para o futuro, sem buscar

alguma estratégia ou melhoria de base para o setor.

Experiências

Em momentos de crise, inspirações podem trazer

idéias, assim sendo, o estado do Paraná tem sido um

grande alento para a Aquicultura Brasileira. Não só

pelos seus números produtivos que, segundo a Peixe

BR, entre 2015 e 2020, saiu de 80.000 para 166.000

toneladas de tilápia - um aumento de 86.000 t e

crescimento de 107,5% no período (15,7% a.a), mas

pela sua organização e planejamento estratégico para

alcançar esse êxito.

É importante destacar que a distribuição significativa

da venda da Tilápia ocorre majoritariamente no mercado

interno, onde muitas vezes discutimos se o Brasil

comporta o aumento da produção de camarão. Certo

que o preço dos produtos são fatores a se considerar,

porém a experiência de organização desse estado, nos

permite vislumbrar um crescimento mais sustentável.

O modelo de cooperativa no PR, permite formalizar

os atores da indústria facilitando acesso ao crédito, e

possibilita destacar pontos fortes na comercialização

dos produtos, seja na rede de logística como na carteira

de valor agregado.

64

PARCEIROS NA 24° ED:


Referências para as

próximas jogadas

Há alguns anos Allan Cooper

da empresa Marinasol do

Peru, relatou sua experiência

com a indústria do abacate no

mercado americano, destacando

como em 5 anos o volume

de consumo de abacate saiu

de 691.000 para 1.000.000

de toneladas, com preços

firmes durante o período.

Uma das razões a que ele

atribuiu a esse aumento

foi o enfoque em:

Coleta de dados (volume, destino)

e uma abordagem unificada

para o Marketing.

As informações de mercado

são partes cruciais para estabelecer

estratégias. A carcinicultura

precisa encontrar seu caminho

para detalhar mais os seus

dados, dessa forma é onde

vejo, o quanto as associações

podem contribuir para o produtor

sobreviver e o quanto o

produtor deve apoiar suas associações

de classes.

AQU-campanha-2021-anuncio-revista-aquaculture-brasil-novo-21x13,5cm.pdf 1 11/10/2021 16:10:03

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PARCEIROS NA 24° ED:

65


André Camargo

Escama Forte Consultoria

Botucatu, SP

andre@escamaforte.com.br

JUL/SET 2021

Dando a volta por cima

No início dos anos dois mil, na região

noroeste do estado de São Paulo,

nasciam frigoríficos especializados em atender

uma demanda até então inédita

para o Brasil, o filé de tilápia fresco

para o mercado dos Estados Unidos.

Naquele momento, enquanto

o setor não tinha ideia de tudo

o que precisava fazer para

atender o novo padrão,

as dificuldades e o consequente

aprendizado

foram muito

grandes.

Frigoríficos

cadastrados

para

exportação

eram

poucos,

a logística

do filé

fresco era

algo que tirava

o sono,

a padronização

dos peixes produzidos

era quase impossível, mas a

perseverança de nossos visionários

empresários fez com que a exportação

se tornasse realidade.

Por consequência de questões

cambiais, na metade da década de

2000 os volumes exportados foram

diminuindo e a necessidade de

escoamento da produção fez com que, com

a ajuda dos grandes varejistas brasileiros,

fosse criado o novo mercado interno para filé

de tilápia fresco. Hoje este mercado no Brasil

é uma realidade e participa significativamente

dos volumes comercializados no País.

Com todo este aprendizado a indústria

da tilápia brasileira cresceu pautada neste

modelo durante as duas últimas décadas e

aos poucos se solidificou levando o Brasil

a ser o quarto maior produtor mundial da

espécie.

Chegada a nova realidade política do Brasil

e a pandemia, nossa moeda desvalorizou

significativamente e foi criando cenários

favoráveis ao retorno das exportações.

Como consequência, 2021 teve o maior

crescimento brasileiro no mercado

americano e os reflexos no setor produtivo

foram visíveis.

O aumento de competitividade, o aperto

nos custos de produção, os problemas

sanitários e a melhoria nos controles de

qualidade trouxeram ao nosso setor um

amadurecimento importante, fazendo com

que nossa, agora sim INDÚSTRIA, ganhasse

musculatura e estivesse mais pronta do que

nunca para figurar entre os mais importantes

fornecedores de tilápia para o mundo.

Que venham os novos desafios e os

novos mercados, pois estando prontos para

o mercado americano, estaremos aptos a

qualquer mercado exigente ao redor do

mundo.

66

PARCEIROS NA 24° ED:


JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

67


Eduardo Gomes Sanches

Instituto de Pesca/APTA/SAA

Ubatuba, SP

eduardo.sanches2005@gmail.com

JUL/SET 2021

Capturar ou criar?

produção em cativeiro de peixes ornamentais de

A água doce já está bem consolidada, conseguindo

disponibilizar ao mercado expressivas quantidades de

diferentes espécies e variedades. O extrativismo de peixes

ornamentais de água doce responde por menos de 10%

das espécies comercializadas, sendo restrito a espécies

que ainda não foi possível viabilizar a produção em larga

escala e/ou espécies que os valores praticados pelo

extrativismo ainda não viabilizam a produção em cativeiro.

Por outro lado, para os peixes ornamentais marinhos,

a situação é muito diferente!!! Poucas espécies

têm a tecnologia de produção em cativeiro dominada,

que possa permitir produção em larga escala com custos

viáveis para atender o mercado. Muitas espécies

ainda só apresentam resultados razoáveis em ambiente

de pesquisa e para a grande maioria das espécies restantes,

de interesse dos aquaristas, a tecnologia ainda

está distante em proporcionar viabilidade econômica

para a produção.

Muitas instituições de pesquisa vêm trabalhando no

desenvolvimento destas tecnologias, que possam permitir

a substituição do extrativismo pela criação em cativeiro.

Infelizmente, entretanto, nos dias atuais, mais de

90% das espécies de peixes ornamentais marinhos ainda

dependem da extração nos ambientes de recifes de

corais. Considerando a fragilidade destes ecossistemas

e as ameaças (aquecimento global, poluição, turismo

desordenado) que os recifes de corais vêm sofrendo, o

extrativismo de determinadas espécies de peixes ornamentais

nestes ambientes só agrava a situação.

Como proteger os recifes de corais e contribuir

para a sustentabilidade do hobby de manter peixes

ornamentais marinhos em aquários? Este seria um assunto

extenso, mas aqui nesta coluna, para focarmos

apenas em uma pequena face do prisma, vamos escrever

um pouco sobre experiências de sucesso que estão

acontecendo no Brasil.

Vocês sabiam que uma pequena empresa no estado

de São Paulo, mais de 100 km longe do mar, vem tendo

sucesso na reprodução de peixes ornamentais marinhos

de recifes de corais? Tive o prazer de conhecer o

trabalho do Flávio e do Adilson, da Biomarine. Trata-se

de uma dupla empolgante, que na base da “paixão, empenho

e muito trabalho” vem obtendo sucesso com

espécies emblemáticas como o peixe mandarim (Synchiropus

splendidus) e mais recentemente com o anthias

cauda de lira (Pseudanthias squamipinnis). Estamos escrevendo

um artigo técnico, que deve ser publicado

em breve na Aquaculture Brasil, sobre estes esforços.

A Biomarine tem conseguido comprovar que a

criação em cativeiro de espécies de peixes ornamentais

marinhos traz uma série de vantagens. Estima-se

que, em média, ocorra mortalidade de até 60% dos

exemplares capturados nos diferentes elos da cadeia

de comercialização (captura, transporte, embalagem,

quarentena etc.). Ou seja, um enorme impacto para

os recifes de corais e um péssimo resultado para todos

os atores envolvidos, pincipalmente para o aquarista,

que financia este desperdício. A Biomarine vem

trazendo uma alternativa a tudo isto, produzindo e

entregando nas lojas de aquarismo exemplares saudáveis,

adaptados aos aquários, aceitando dieta inerte e

ainda trazendo o “atestado” de inovação tecnológica e

produção sustentável.

Existem outras empresas no Brasil, mas principalmente

no exterior, que já estão atentas a esta oportunidade

e vem trabalhando no desenvolvimento de

tecnologia para produção em larga escala de espécies

de peixes ornamentais marinhos. Neste sentido, parece

que nosso tema “Capturar ou criar ?” já vem sendo

respondido. Muitos desafios ainda estão no caminho

destes inovadores entusiastas. Certamente, entretanto,

o caminho está sendo trilhado e trará significativas contribuições,

tanto para a geração de empregos e renda

como também para contribuir na conservação dos recifes

de corais.

Ampliar a sustentabilidade do aquarismo, notadamente

o de espécies de água salgada é um grande desafio.

Muito ainda precisa ser realizado, desde o desenvolvimento

tecnológico até a maior conscientização dos

aquaristas e dos lojistas. Inicialmente, o peixe produzido

em cativeiro será mais caro ao consumidor do que o

68

PARCEIROS NA 24° ED:


Figura 1. Juvenil de peixe mandarim

produzido na Biomarine VF

© Flávio Félix Bobadilha | Biomarine

proveniente do extrativismo. Desnecessário dizer, entretanto,

que os malefícios do extrativismo não estão

inseridos neste preço. Cabe a cada consumidor refletir

sobre isto quando pensar em adquirir novos exemplares

para seu aquário. No futuro, com a produção em

maior escala estes preços podem cair (o peixe palhaço

é um exemplo disto).

n nano

biologic

Inegável o orgulho em ver empresas nacionais fazendo

a diferença na aquicultura ornamental. Avante Biomarine,

avante Flávio e Adilson. Avante a todos os que

se dedicam a reproduzir peixes ornamentais marinhos e

contribuem na redução do extrativismo nos recifes de

corais. Até a próxima coluna. E não esqueçam que a aquicultura

ornamental, de pequena, só tem o peixe!!!

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JUL/SET 2021

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69


Maurício Gustavo Coelho Emerenciano

CSIRO - Austrália

mauricio.emerenciano@csiro.au

*As opiniões citadas abaixo do primeiro autor são exclusivamente pessoais e não necessariamente remetem as

opiniões das instituições vinculadas ao mesmo.

JUL/SET 2021

2021 Aquaponics Conference: os novos

rumos da Aquaponia

As novidades, pesquisas e desafios na área de

Aquaponia é o tema da coluna Green Technologies

desta edição. Entre dias 22 a 24 deste ano

foi realizado o Congresso Anual de Aquaponia, organizada

pela Associação Norte-Americana de Aquaponia,

na sua versão online. Entre as diversas atrações

destaque para palestras com novidades da indústria

e das pesquisas, mesa redondas e feira virtual com

stands de diversas empresas. Tive o privilégio de interagir

“ao vivo” com produtores em suas fazendas,

assistir excelentes palestras e participar como convidado

da mesa redonda sobre as “Futuras

Pesquisas em Aquaponia”. O objetivo

foi debater as necessidades de pesquisas

vindas da própria indústria, e focando no

desenvolvimento, resiliência e competitividade

deste sistema integrado de produção.

Entre os destaques dessa sessão podemos

destacar: (i) maior compreensão da dinâmica

de nutrientes do sistema; (ii) maior

esforço em pesquisas com espécies aquícolas

e vegetais de maior valor agregado,

fugindo da clássica combinação “tilápias-alfaces’;

(iii) maior esforço na optimização de

nutrientes (ex.: mineralização) com foco no

aumento da sustentabilidade e ‘circularidade’

do sistema; (iv) modelagens econômicas

e análises de sensibilidade adaptados a

diferentes realidades; (v) sistemas de recirculação

aquícola mais acessíveis; e (vi) maior

esforço em desenvolvimento de estratégias

de comercialização (ex.: certificações específicas)

e formação de recursos humanos.

Durante todo o evento a “Aquaponia

educacional” e os desafios de comercialização

frente aos desafios impostos pela pandemia

foram dois temas amplamente apresentados

e debatidos. A aquaponia como ferramenta

educacional vem crescendo a passos largos em países

como os EUA, com várias unidades sendo instaladas

em escolas norte-americanas. Outro ponto que foi

debatido em alguns fóruns do congresso e chamou a

atenção foi a comparação entre abordagem desacoplada

e acoplada de Aquaponia (atualmente também

chamada de acoplada permanente ou sob demanda,

respectivamente). Alguns pesquisadores e produtores

argumentaram seus prós e contras. No sistema

desacoplado pode existir uma maior demanda por

Figura 1.

Pesquisas em

Aquaponia vem

avançando a

passos largos

no mundo

e trazendo

impactos

positivos na

produção

comercial,

especialmente

nos EUA e países

da Europa. Na

foto, o setor de

pesquisas em

Aquaponia do

CSIRO-Austrália.

© Maurício

Emerenciano

70

PARCEIROS NA 24° ED:


Green

TECHNOLOGIES

Figura 2. O evento em 2021 foi online, mas cheio de atrações e novidades. © Aquaponics Conference

nutrientes externos (suplementação mineral, não

oriunda diretamente das rações aquícolas), visando

atender todas as exigências das plantas, com valores

podendo representar até 30 a 40% das entradas

totais de nutrientes. Já no sistema “clássico” acoplado,

onde existe uma circulação de água permanente

entre peixes e plantas, os valores variam em torno

de 10%, mas com custos mais elevados em energia

elétrica. Obviamente cada caso é um caso (espécies

aquícola e vegetal, tipo de ração, adoção de mineralização

de sólidos, entre outros), mas pensando na

real sustentabilidade do sistema, diminuição da dependência

externa de minerais e na pegada de carbono,

esses valores definitivamente chamam a atenção.

Foi também divulgada a primeira ração comercial de

peixes desenhada para o sistema aquapônico, focando

atender não somente as exigências dos peixes,

mas também das plantas. O lançamento no mercado

norte-americano esta previsto para o início de 2022.

Da ficção científica para a realidade, a Aquaponia

é um sistema integrado de produção de alimentos

que já comprovou sua viabilidade técnica. É um setor

que vem crescendo em todo o mundo ao redor

de 16% ao ano. No entanto, é um sistema muito

novo no âmbito comercial, com várias lacunas técnico-científicas

e mercadológicas por serem exploradas

e elucidadas. Mas sejamos realistas, isso é algo completamente

normal para um sistema com conceitos

inovadores e que veio para romper com a produção

linear tradicional. Vale lembrar que o primeiro

livro-texto, com sólido embasamento científico, foi

lançado somente no final de 2019 (trouxemos este

assunto na nossa coluna da edição 18 desta revista).

Traçando um paralelo, quanto tempo demorou para

o amadurecimento da hidroponia convencional? Ou

da aquicultura em recirculação? Por que a Aquaponia

já iria nascer com um ‘pacote pronto’? Neste sentido,

com seu devido tempo, amadurecimento e escala, a

Aquaponia comercial pode se tornar cada vez mais

competitiva e ajudar a fornecer alimentos de alta qualidade.

E o Brasil, o país do agronegócio e com uma

vasta capacidade intelectual, pode (e deve) ser um

protagonista desta evolução a nível mundial. E não há

duvidas de que as pesquisas aplicadas e a colaboração

com a iniciativa privada certamente ajudarão a acelerar

este processo. Até a próxima pessoal!

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

71


NUTRIÇÃO AQUÍCOLA

JUL/SET 2021

Artur Nishioka Rombenso

espectroscopia infravermelha próxima, do inglês

A near-infrared spectroscopy (NIRS), é utilizada

como uma tecnologia de previsão rápida baseada em

modelos de calibração. Na nutrição aquícola o NIRS é

usado de maneira ampla pelas empresas de ingredientes

e rações para verificar prontamente a qualidade e composição

dos mesmos, em especial a composição proximal,

incluindo proteína bruta, lipídeos totais, cinzas, matéria

seca e energia. Em outras palavras, essa tecnologia

permite obter, em alguns segundos, o valor desses nutrientes

sem a necessidade

de análises

químicas em

laboratório. Foi

relatado também

o uso do NIRS

em fazendas de

camarão na certificação

da composição

e qualidade

das rações 1 .

No contexto

da composição

proximal de ingredientes

e rações,

o modelo

de calibração do

NIRS consiste

numa base de

dados feita por

análises químicas

em laboratório.

Grande parte das

pesquisas nessa

área busca desenvolver

modelos

CSIRO – Austrália

IPEMAR – Brasil

artur.rombenso@csiro.au

*As opiniões citadas abaixo são exclusivamente pessoais do autor e não necessariamente remetem as opiniões das instituições

vinculadas ao mesmo.

A promissora espectroscopia infravermelha

próxima na nutrição aquícola

de NIRS para prever a composição de ingredientes, rações

e filé de organismos aquáticos, em geral de maneira

bem sucedida 2,3 . Recentemente, nosso laboratório desenvolveu

modelos de NIRS para prever o nível de gelatinização

de rações aquícolas 2 . E o mais interessante é

que foi possível prever, de forma precisa, a digestibilidade

aparente de proteína bruta, lipídeos totais e aminoácidos

totais em olhete (peixe marinho) através do uso de NIRS

nas rações e fezes combinado com análises químicas em

laboratório do marcador de digestibilidade (yttrium) 4 .

Figura 1.

Pesquisadora

do CSIRO, Dra.

Ha Truong,

escaneando

um ingrediente

com a sonda

do NIRS.

© Artur

Rombenso

72

PARCEIROS NA 24° ED:


Esses são apenas alguns exemplos da aplicação dessa

tecnologia tão promissora na nutrição aquícola. Vale

ressaltar outras vantagens, como o fato de ser um procedimento

não invasivo, a diminuição no tempo e custo

relacionado com análises químicas e a implementação

de um controle de qualidade. Com certeza esse tema

estará mais presente nos fóruns de discussões e em toda

a indústria aquícola. Espero que essa coluna motive você

leitor a saber mais sobre essa tecnologia bem como analisar

a relevância em sua operação.

Referências:

¹ Nunes, AJ.P., Paiva, T.C., 2015. NIRS Technology ensures

shrimp feed quality at farm level. Global Aquaculture

Advocate – 4th December 2015

² Bourne, N., Blyth, D., Simon, C., 2021. Rapid prediction

of chemical composition and degree of starch cook

of multi-species aquafeeds by near infrared spectroscopy.

JNIRS 29(4):216-225

³ Miller et al., 2019. Application of a Fourier

transformnear infrared reflectance spectroscopy method for

the rapid proximate analysis of the greenshell mussel (Perna

canaliculus) and king (Chinook) salmon (Oncorhynchus

tschawytscha). Aquaculture Research 50(6) 1668-1677

4

Simon et al., 2022. Estimation of apparent dietary nutrient

digestibility in Yellowtail Kingfish Seriola lalandi by near-

-infrared spectroscopy (NIRS). Aquaculture 548(1): 737624

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

73


Ranicultura

Andre Muniz Afonso

Universidade Federal do Paraná - UFPR

Palotina, PR

andremunizafonso@gmail.com

O cooperativismo pode auxiliar a cadeia

ranícola?

JUL/SET 2021

cadeia produtiva de rãs no

A Brasil passou e ainda passa

por momentos difíceis ao longo

da pandemia de Covid-19. Seu

principal insumo, a ração, atingiu

preços proibitivos no mercado, quase

dobrando o custo de produção, que

já era alto. O reflexo disso pode ser

visto nos mercados varejistas, onde

a carne de rã, principal produto da

ranicultura, passou dos R$ 100,00 o

kg, mesmo patamar do salmão, por

exemplo. Nesses momentos, mais

do que nunca, a união de produtores

pode resultar em ganhos coletivos.

É com essa perspectiva que o

cooperativismo aparece como uma

boa opção de trabalho em equipe.

Juntando algumas definições podemos

dizer que o cooperativismo é um

modelo de negócio onde pessoas se

unem, de forma organizada, em busca

de objetivos comuns. Por serem donos

do negócio, podem traçar metas de

curto a longo prazo que tragam desenvolvimento

econômico e social, além

de maior produtividade unida à sustentabilidade.

O cooperativismo está

baseado em sete princípios básicos (OCB, 2021)¹, são

eles:

1) adesão voluntária e livre;

2) gestão democrática;

3) participação econômica dos membros;

4) autonomia e independência;

5) educação, formação e informação;

6) intercooperação;

7) interesse pela comunidade.

Ao aplicar estes princípios na ranicultura, podemos

destacar os itens 2, 5 e 6. A gestão democrática

é importante para que as opiniões dos membros

sejam levadas em consideração nas tomadas

de decisão do grupo. Em debates com produtores,

sempre é possível ver que existem divergências

quanto à forma como se enxerga o negócio da ranicultura

no Brasil. Debater os diferentes pontos e

se chegar a um denominador comum não é tarefa

74

PARCEIROS NA 24° ED:


fácil, mas a discussão respeitosa e objetiva é sempre

salutar e certamente favorece a longevidade

do negócio. Por ser a ranicultura uma cadeia pequena

e muito diversa, onde impera o individualismo,

ideias convergentes e compromissos coletivos

podem ser a chave para o sucesso.

O item educação, formação e informação é outro

que merece destaque. A cooperativa tem enorme

facilidade em promover palestras, dias de campo

e encontros para treinamento e atualização profissional

dos seus membros. Pensando de forma mais estratégica,

podem ser criados programas de educação

continuada, com o objetivo de aprimoramento técnico

e equivalência dos modos de produção, de maneira

que produtos mais padronizados possam ser elaborados.

Neste tópico, em particular, pode-se pensar na

contratação de uma equipe de técnicos exclusivos da

cooperativa, com prestação de assistência a campo

permanente, algo que dificilmente seria viável para um

produtor médio ou pequeno, isoladamente.

Finalmente, mas não menos importante, o item

intercooperação, que traduz a essência do ditado a

união faz a força. Esforços somados tendem a facilitar

o sucesso de todos e romper barreiras antes intransponíveis.

Um exemplo simples é a compra conjunta

da ração, anteriormente mencionada como sendo um

gargalo, pode se tornar uma das melhores ferramentas

de controle de custos. A cooperativa, pelo seu poder

de representatividade, também pode pressionar as instituições

públicas no sentido de garantir direitos, buscar

investimentos e participar de importantes decisões locais,

regionais ou nacionais que lidem com áreas afins

à ranicultura, como licenciamento, isenções de impostos,

investimentos públicos em pesquisa, entre outros.

A aliança com outras cooperativas abre até mesmo

outras possibilidades de negócios.

Atualmente o Brasil não possui nenhuma cooperativa

exclusiva de ranicultores, mas duas iniciativas têm

ganhado destaque no cenário nacional, uma delas partindo

do estado de Minas Gerais, que abriga um considerável

número de produtores e entusiastas com a

ranicultura, e a outra do estado do Paraná, que procura

reunir produtores da Região Sul. Torcemos e apoiamos

estas novidades muito bem-vindas na ranicultura

nacional, certo de que dias melhores virão.

Saudações ranícolas!

1

https://www.ocb.org.br/o-que-e-cooperativismo

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

75


Marcelo Shei

Fundador da Altamar Sistemas Aquáticos

Santos, SP

shei@altamar.com.br

JUL/SET 2021

Filtros brasileiros de tambor rotativo

Os filtros de tambor rotativo são o estado da

arte na remoção de partículas sólidas nos sistemas

de aquicultura. Utilizados inicialmente para o

tratamento de água municipal e industrial, eles estão

entre os elementos chave nos sistemas de recirculação

de grande capacidade. A sua vantagem está na capacidade

de filtrar grandes vazões de água, em um espaço

pequeno, demandando pouca energia.

O seu funcionamento ocorre basicamente da seguinte

forma: a água a ser filtrada é direcionada para

dentro de um tambor semi submerso revestido por

uma malha ao redor de todo o seu perímetro. Quando

a malha fica colmatada, o nível de água na entrada

do tambor se eleva e o tambor entra em modo

de limpeza. O modo de limpeza aciona um conjunto

de aspersores de alta pressão do lado oposto da tela,

encaminhando as partículas para fora do equipamento

através de uma tubulação de efluente.

O fluxo através do equipamento é determinado

através da relação entre a concentração de sólidos do

fluido que chega ao filtro, a vazão e a abertura da malha

do tambor. Esses dados são cruciais para a seleção do

equipamento adequado para cada tipo de utilização.

A seleção da abertura da malha depende de onde o

filtro será utilizado. Um sistema para abastecimento de

água pode utilizar uma abertura tão pequena quanto

20 micras, sendo capaz inclusive, de reter a passagem

de alguns parasitas. Em sistemas de efluentes, uma

abertura com cerca de 90 micras pode ser adequada

como um padrão comum.

A Altamar lançou

uma nova linha de

tambores rotativos

recentemente. Equipamentos

construídos

em corpo plástico,

compatíveis com

operação em água

doce e salgada. Os

primeiros pedidos foram

para demandas

de sistemas de captação

de água, recirculação,

centros de

pesquisa e abatedouros

de peixes.

Filtro de

tambor rotativo

© Altamar.

76

PARCEIROS NA 24° ED:


JAN/MAR 2021

Visão

aquícola

Giovanni Lemos de Mello

Aquacast – o primeiro podcast da

Aquicultura:

aquicultura brasileira

menos é mais?

SB e em for amigos para generalizar, da aquicultura não brasileira! sei responder. Temos

Estamos criações mais aquáticas uma vez tão apresentando diversas, como uma inovação

lagostas, para fortalecer enguias a ou criação ouriços-do-mar, de organismos que aquá-

não

jacarés,

tenho ticos no como Brasil. “cravar” A ideia se é menos contribuir é mais. com a disseminação

No de caso conteúdo da tilápia, técnico tenho de quase qualidade certeza e garantir que sim. a

Aliás,

acessibilidade

já ouvimos

a todos,

isto de

aliás,

um dos

uma

maiores

de nossas

criadores

principais

de

missões.

alevinos de tilápia do Brasil. A afirmação está inclusive

E nada melhor do que dispor de um “canal de

gravada aquicultura” em uma no rádio Live do de carro, Quinta, como para nos quem velhos quiser tempos,

ou melhor, agora através de podcasts. Moderno,

relembrar.

mas Para sem os perder camarões a essência. marinhos, especialmente da espécie

Mas, Litopenaeus como surgiu vannamei, o Aquacast? o único crustáceo marinho

Iniciativa produzido da no Marilsa Brasil, Patrício, sem dúvidas, que me MENOS ligou é em MAIS. um

domingo Mas o que à noite significa para ver MENOS o que é eu MAIS? achava É da bem ideia. simples.

O

que

Se

eu acho?

você reduzir

Bora começar

a densidade

as gravações!

de estocagem, os

Nossa ideia era repetir a mesma parceria de sucesso

da

animais têm

Super

mais espaço

Live do

para

Pescado.

crescer

Aliás,

e adivinha?

que evento

Vão

crescer fantástico mais! realizado Se é óbvio? em novembro Sim é óbvio! de Os 2020, produtores na Sede

sabem da FIESP, disso em ou plena fazem Avenida esta conta? Paulista! A maioria não.

Essa O querido dica não amigo é muito Ricardo bem Torres, aceita para editor dois da elos Seafood

Brasil, de por nossa hora cadeia não pode produtiva assumir aquícola. mais Na-

este

importantes

tural, compromisso. menores densidades Ficamos então significam nós da menor AB, Aquishow necessidade

na Rede insumos. (Marilsa Patrício Vale lembrar e Émerson que vivemos Esteves) e os #VaiAqua

(Fábio Sussel), responsáveis por tocar o barco do

tempos

dos simbióticos, da ambiência, do aquamimicry. E

primeiro podcast da aquicultura brasileira, o Aquacast.

não

Diz

vejo

a Marilsa

ninguém

que

criticar

nos tornamos

estes modelos.

“podcasters”!

E a ideia

Menos

do

“menos né... rsss... é mais” é justamente por aí.

Você Em 24 trabalha de maio com de 152021 camarões/m², foi ao ar produz o primeiro camarões

Aquacast, com e peso já com médio um tema final de polêmico: 12 g e comercializa “Relação setor

crustáceos produtivo a e R$ universidades/institutos 20,00 o quilo? Em de 10 pesquisa”. hectares,

os

com A 70% ideia é de levar sobrevivência, informação e temos conteúdo 12.600 de um quilos jeito

produzidos

inovador, através

e R$ 252

de

mil

debates

reais

semanais

de faturamento.

entre os

Agora

participantes,

com a coordenação da Marilsa Patrício, aliás,

vamos experimentar 7,5 camarões/m² e peso médio

viva as mulheres da aquicultura brasileira!

final Polêmicas, de 24 g. Temos dicas os e mesmos irreverência 12.600 também quilos fazem produzidos.

parte da E fórmula adivinha do o Aquacast. faturamento? Não preciso nem

apresentar Enquanto as últimas escrevo projeções esta coluna, e o quatro lucro final. episódios já

estão Tratando-se disponíveis de em espécies diferentes onívoras, plataformas: que aproveitam

bem o alimento natural, quanto mais espaço, maior o

Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Editor-chefe da Revista Aquaculture Brasil

Laguna, SC

giovanni@aquaculturebrasil.com

conforto, menor o estresse e maior o crescimento.

De Aquacast lambuja, #01 você - Relação ainda economiza Setor produtivo em pós-larvas e univer-sidades/Institutos

ração. de Pesquisa

Aquacast Tem carcinicultores #02 - Inserção “agigantando” de uma nova no espécie Brasil trabalhando

nacional justamente com esta fórmula: MENOS é

no

mercado

MAIS.

Aquacast

Sou fã

#03

dos

-

intensivos

A integração

e estes

na produção

serão, sem

de

medo

pescados

de errar, o futuro da aquicultura. Mas enquanto tivermos

áreas disponíveis, terra e água em abundância,

Aquacast #04 - Extensão rural e assistência técnica

por Já que tive não a oportunidade criar organismos de falar aquáticos aqui e reforço, com menor que

satisfação custo de produção concretizar e menor parcerias, risco projetos sanitário? e ações em

prol E do você, fortalecimento até quando da vai aquicultura trabalhar brasileira para pagar com os

amigos boletos como de ração estes. e a conta de energia elétrica? s boletos

Você de ração pode e acessar a conta o de Aquacast energia em elétrica? diferentes plataformas,

através do link:

https://anchor.fm/podcastaquacast

Figura 1. Camarões de 30 g, produzidos em Laguna, SC

© Apresentadores Giovanni L. de Mello do Aquacast:

• Émerson Esteves, Aquishow na Rede

• Fábio Rosa Sussel, #VaiAqua

• Giovanni Lemos de Mello, UDESC e Aquaculture

Brasil

• Marilsa Patrício Fernandes, Aquishow na Rede.

Figura 1. Bastidores da gravação do primeiro episódio do Aquacast.

JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

72

PARCEIROS NA 22° ED:

77


Marcela Maia Yamashita

Doutora em aquicultura

Help Fish - Laboratório de Diagnóstico de Enfermidades de Peixes

Sinop, MT

contato@helpfish.com.br

JUL/SET 2021

Síndrome de Haff – O que sabemos até o

momento?

Comumente conhecida por doença da urina

preta, ultimamente temos visto esta enfermidade

sendo alvo frequente de muitas matérias e reportagens,

haja visto o número de casos relatados

em alguns estados brasileiros. Por ser uma doença

rara e com poucos estudos acerca de sua origem, ela

também foi alvo de fake news, sendo erroneamente

confundida com patologias de etiologia diferente.

Como por exemplo, o caso do vídeo que a associa

com vermes nos olhos de peixes ou até mesmo de

pessoas. Equívocos à parte, o objetivo desta coluna é

esclarecer, mesmo que sucintamente, o que se sabe

até o momento sobre esta síndrome e os surtos relacionados

a ela no Brasil.

Conforme dito anteriormente, a Síndrome de

Haff é uma doença rara e, potencialmente fatal, cujos

principais sintomas são: dor e rigidez musculares,

urina escurecida, dor de cabeça, fraqueza e falta de

ar. A doença induz no paciente infectado um quadro

de rabdomiólise, que nada mais é do que a ruptura

do tecido muscular, que leva à liberação de diversas

substâncias intracelulares na corrente sanguínea e à

elevação dos níveis séricos de creatina fosfoquinase

(CPK). O processo de filtração destes metabólitos

musculares pelos rins, sobrecarrega estes órgãos podendo

levar a disfunção renal, além de tornar a urina

mais escura com uma coloração avermelhada a marrom,

daí o nome: “doença da urina preta”

Aqui é importante ressaltar que não é somente

a Síndrome de Haff que pode causar rabdomiólise,

mas, também: agentes etiológicos bacterianos (leptospirose)

e virais (dengue, chikungunya, zika, enterovírus);

atividade física intensa; metais pesados; medicações;

etc. Por isso, a importância de se investigar

a origem de cada caso suspeito desta doença. Na

verdade, a Síndrome de Haff é uma causa rara de

rabdomiólise que, normalmente, se desenvolve muito

rapidamente (de 02 a 24 horas após a ingestão de

certos peixes ou crustáceos). Aliás, foi este curto período

entre o consumo do pescado (que em alguns

casos foi cru e em outros cozidos) e o aparecimento

dos primeiros sintomas, que reforçou a hipótese dos

pesquisadores de que a “doença da urina preta” fosse

causada por uma toxina.

A Síndrome de Haff foi primeiramente descrita

em 1924, no lago Frisches Haff, na região litorânea

de Königsberg, junto à costa do Mar Báltico entre a

Polônia e a Lituânia, e desde então, mais de 1.000

casos foram relatados na Europa e em outras regiões

do mundo, como nos Estados Unidos e na China. No

Brasil, os primeiros casos ocorreram entre junho e

setembro de 2008, sendo a maioria na cidade de Manaus.

Desde então, houveram outros surtos no país.

Em estudo recentemente publicado (novembro∕2021)

conduzido por pesquisadores da Fundação

Oswaldo Cruz, Secretaria de Saúde do Estado

da Bahia, Secretaria Municipal de Saúde de Salvador

e outros institutos e universidades federais, encontramos

uma caracterização clínica detalhada dos

casos suspeitos de Síndrome de Haff ocorridos no

nosso país, entre dezembro de 2016 e janeiro de

2021. Segundo esta pesquisa, entre os anos de 2016

e 2017, foram 65 casos investigados na cidade de

Salvador∕BA; entre 2017 e 2019, foram 12 casos

suspeitos, na mesma cidade, e mais recentemente,

entre 2020 e 2021 foram 16 casos suspeitos na região

Amazônica e Nordeste. Em todos os períodos

citados, na maioria dos casos de Síndrome de Haff

confirmados, relatou-se o consumo dos peixes marinhos:

“olho de boi” (Seriola sp.) ou “badejo” (Mycteroperca

sp.), os quais são espécies carnívoras, predadoras

de crustáceos, moluscos e outros peixes e que,

adivinham do extrativismo e não de cultivos comerciais.

O consumo destes peixes 24 horas antes do

início dos sintomas, foi considerado como a provável

fonte de contaminação. Em alguns dos casos investi-

78

PARCEIROS NA 24° ED:


gados neste estudo, foi possível coletar amostras das

refeições ingeridas pelos pacientes. Nestas constatou-se

a presença de compostos semelhantes à palitoxina

- toxina extremamente potente produzida por

microalgas e outros invertebrados. Visto que, uma

das complicações mais relatadas em envenenamento

por palitoxina, é a rabdomiólise, este fato sugere que

estes compostos tóxicos encontrados nas refeições,

desempenhem papel fundamental no desenvolvimento

da doença.

Para concluir, e com base no que se sabe até o

momento, a hipótese mais provável é a de que a Síndrome

de Haff é causada por toxinas estáveis ao calor

(ou seja, capazes de tolerar as altas temperaturas

do processo de cozimento), que se acumulam em

peixes e crustáceos, por transferência trófica ou seja,

pela cadeia alimentar.

Por fim, cabe lembrar que o fato de historicamente

serem observados casos da Síndrome de Haff não

somente no Brasil, mas em outros países, evidencia

que a doença não está ligada ao consumo de determinada(s)

espécie(s) de peixe, já que diferentes espécies

tanto de água doce como marinhas foram consumidas

em casos confirmados ao redor do mundo. Portanto,

a proibição do consumo desta ou daquela espécie de

peixe não parece fazer muito sentido, mas sim, conhecer

a procedência do pescado consumido.

JUL/SET 2021

*O estudo completo sobre os casos brasileiros da Síndrome de Haff, citado nesta coluna, está

disponível no link: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2667193X21000880 1.

PARCEIROS NA 24° ED:

79


ABR/JUN JUL/SET 2021

Juliana Antunes Galvão

Coordenadora do Grupo de Estudos e Extensão em Inovação Tecnológica

e Qualidade do Pescado

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP

Piracicaba - SP

jugalvao@usp.br

Biosegurança e sanidade na aquicultura:

onde estamos e onde queremos chegar?

aquicultura é uma realidade no Brasil!

A O país tem apresentado taxas de crescimento

promissoras no setor aquícola, possui grandes vantagens

quanto a prospecção de novos mercados devido a

sua dimensão continental, disponibilidade dos principais

insumos para a alimentação animal, riqueza de recursos

hídricos, grande variedade de espécies com potencial

de produção e mercado, além de condições climáticas

favoráveis para os cultivos em grande parte do território.

No entanto, no quesito segurança do alimento, as

cadeias produtivas advindas da aquicultura ainda enfrentam

uma série de dificuldades que impedem seu potencial

desenvolvimento de forma efetiva, uma vez que o

pescado pode ser veículo de Doenças Transmitidas por

Alimentos (DTA).

O pescado brasileiro advindo da aquicultura é produzido

em viveiros escavados em terra e em tanques-

-rede instalados em reservatórios de águas públicas ou

particulares, muitos desses ambientes são desprotegidos,

ficando expostos à contaminação ambiental, onde,

as fezes de animais silvestres ou a introdução de rações

contaminadas podem servir de reservatórios naturais

de alguns patógenos e, associados a outros fatores

como: temperatura da água, manejo inadequado potencializando

processos de eutrofização, podem culminar

muitas vezes em contaminação no produto final.

Várias são as bactérias patogênicas que podem ser

veiculadas através do pescado como alimento, trazendo

prejuízos aos consumidores, dentre elas destacam-se:

Escherichia coli, Salmonella spp, Staphylococcus aureus,

Listeria monocitogenes, dentre outras. Se faz necessário

portanto estudo aprofundado no intuito de rastrear as

vias de entrada desses patógenos na cadeia produtiva,

estudando e elencando os perigos e pontos críticos inerentes

a cada patógeno e produto, bem como estabelecer

ações que garantam a segurança dos produtos

oriundos do pescado do campo a mesa.

Dentre os patógenos veiculados através de produtos

de pescado, a salmonelose é uma DTA causada pela

ingestão de células de Salmonella spp., esta bactéria é

um patógeno de grande ocorrência no pescado, ocupando

posição destacada no campo da saúde pública

em todo o mundo pelas suas características de morbidade

e, em particular, pela dificuldade de seu controle.

Mesmo com a escassez de dados epidemiológicos

quanto as DTAs no Brasil, dados coletados apontam

que 42,5% dos surtos alimentares confirmados laboratorialmente

de 1999 a 2009 tiveram como agente

etiológico a Salmonella spp, este patógeno apresenta

grande adaptação fisiológica, o que consequentemente

confere a esta bactéria condições de se desenvolver em

ambientes associados às práticas aquícolas, em que a

produção intensiva dá subsídios ao aumento no risco de

contaminação do ambiente e da matéria prima.

Quando abordamos as DTAs em produtos de pescado,

erroneamente nos vem à mente apenas os problemas

de contaminação dentro das plantas de processamento,

quando na verdade muitas vezes o foco de contaminação

encontra-se no ambiente de produção e vem se perpetuando

nas etapas subsequentes até chegar ao produto

final. Tanque de matrizes, alevinos, e engorda, água de

cultivo, ração, fauna silvestre presente, fauna acompanhante,

materiais utilizados na despesca e recebimento

de pescado na planta de processamento, bem como

equipamentos e superfícies da área suja e área limpa do

processamento devem ser considerados quanto a Análise

de Perigos e Pontos Críticos de Controle ( APPCC).

Se faz necessário investir em avaliações e proposições

voltadas ao desenvolvimento e aperfeiçoamento

de mecanismos e práticas que visem à melhor eficiência

na cadeia produtiva da pescado advindo da aquicultura,

oportunizando desta forma a produção de alimentos

seguros e confiáveis para os consumidores.

A segurança do pescado como alimento é preocupação

mundial, a Agenda 2030 das Nações Unidas,

vem chamando a atenção para este tópico, em especial

os assuntos que versam sobre os Objetivos de

Desenvolvimento Sustentável, listando importantes

80 88

PARCEIROS PARCEIROS NA NA 24° 24° ED: ED:


temáticas: o ODS nº 2 “Acabar com

a fome, alcançar a segurança alimentar

e melhoria da nutrição e promover

a agricultura sustentável”; o ODS nº

12 “Assegurar padrões de produção e

de consumo sustentáveis” e ao ODS nº

14 “Conservação e uso sustentável dos

oceanos, corpos d´agua, rios e recursos

marinhos para o desenvolvimento sustentável”,

concomitantemente, redes

de trabalho também vem sendo desenvolvidas

pela ONU versando sobre

a importância do ambiente aquático

para a produção de alimento seguro.

A cadeia produtiva do pescado demanda

por práticas de controle desses

patógenos, em especial a Salmonella

spp., especialmente a cadeia produtiva

de peixes nativos, que apresenta grande

incidência de contaminação por

esta bactéria, inviabilizando sua comercialização

dentro dos parâmetros

da legislação vigente brasileira. Dessa

forma, para que a cadeia produtiva do

pescado continue a se desenvolver e a

ganhar mercado tanto nacional quanto

internacional, crescendo de forma

sustentável, competitiva e segura, é

necessário elaborar um Plano de Ação

que garanta a segurança do alimento,

e que possa ser implementado em nível

nacional.

Três das dezessete “ODS” da

Agenda 2030 das Nações Unidas

n nano

biologic

Soluções para tratamento de efluentes

®

Tecnologia em Tratamento MBBR,

Midia Biologica ALFA Super

Aeradores Venturi Nozzels .

n

Soluções

nano

biologic

para tratamento de efluentes

JUL/SET ABR/JUN 2021

PARCEIROS NA NA 24° 24° ED: ED:

Rua Maurício de Lacerda, 155 - C E P 04303-190 - São Paulo - SP

Tel.: 11 5071-2425 WhatsApp 11 99299-5330 www.nanoplastic.com.br -

vendas@nanoplastic.com.br

81 89


Alex Augusto Gonçalves

Chefe Laboratório de Tecnologia e Controle de Qualidade do Pescado - LAPESC

Universidade Federal Rural do Semi Árido – UFERSA

Mossoró, RN

alaugo@ufersa.edu.br

GRUDE DE PEIXE – você sabe o que é?

Se vocês estão pensando em alguma iguaria gastronômica,

no Brasil certamente não é. O grude,

isinglass, ictiocola, ou ainda cola de peixe é obtido de

bexigas natatórias de peixes tropicais, e industrializado

até se obter o colágeno hidrolisado (gelatina) de alta

qualidade. Ressalta-se que o termo colágeno é derivado

do termo grego, em que “kolla” significa cola e

“geno” significa produção - seu significado mais usual

seria a produção de cola animal.

No Brasil, as bexigas natatórias, conhecidas popularmente

como grude ou bucho, vêm sendo comercializadas

no litoral do Estado do Maranhão, Pará e o Amapá,

e são obtidas das seguintes espécies: pescada amarela

(Cynoscion acoupa - sua bexiga natatória é a mais valiosa

do Brasil, com aspecto mais grosso em relação aos

outros peixes); pescada cambucu (Cynoscion virescens);

pescada branca (Cynoscion leiachus); pescada-gó (Macrodon

ancylodon); gurijuba (Arius parkeri); corvina (Micropogonias

furnieri); e robalo (Centropomus undecimalis).

Em geral, a bexiga natatória dos peixes pode perder

de 50 a 65% do seu peso dependendo das condições

do processo de secagem, e seu valor pode

chegar até R$ 90,00 o quilograma ao pescador, porém,

para exportação esse valor aumenta consideravelmente.

Nesse sentido, a bexiga natatória seca, e com

qualidade tem um valor como iguaria gastronômica na

China, como filtro e clareador de cerveja e vinho em

diversos países europeus, e como matéria-prima para

Figura 1. (A) Pescada branca

(Cynoscion leiachus).

(B) Visualização da bexiga

natatória. (C) Bexiga natatória da

Pescada braca.

(Maia, 2012).

JUL/SET 2021

A. B.

C.

82

PARCEIROS NA 24° ED:


colas de alta performance nos EUA e na Alemanha.

A obtenção do isinglass se dá por meio primeiramente

da extração do colágeno das bexigas natatórias

seguido da extração da gelatina. O isinglass tem sido

popularmente considerado como gelatina pura, mas

salienta-se que é formado de colágeno e não se gelatiniza

até ser aquecido com água. Nestas condições,

ocorre a hidrólise e forma-se então a gelatina. O isinglass

é provido para a indústria como um pó fino, uma

pasta, ou como um líquido altamente viscoso (dependendo

de sua aplicação – Tabela 1), e é adicionado diretamente

na bebida para agregar leveduras e outras

partículas insolúveis, que então sedimentam para o

fundo do recipiente ou são removidos por filtração.

De acordo com Sr. Wilson Santos (comunicação

pessoal) a importância das exportações de bexiga natatória

seca (NCM 03057200) quando comparado com

as exportações totais de pescado é proeminente, visto

que em 2021 a bexiga natatória foi o 6° item nas exportações.

Com relação ao valor das exportações destacamos:

2021 = 20,8 milhões de dólares (31,4 U$/kg),

2020 = 23,4 milhões de dólares (36,7 U$/kg), e 2019

= 26,3 milhões de dólares (41,5 U$/kg). O Pará é o

Estado exportador, representando mais de 98% nos

últimos anos, e o importador principal é Hong Kong

representando mais de 97% das exportações.

Tabela 1. Aplicações do isinglass (adaptado de Maia, 2012).

INDÚSTRIA

Cerveja

Vinho

Alimentos

Farmacêutica

APLICAÇÃO

Clarificação de cerveja (floculação e sedimentação de células de levedura e

material coloidal).

Clarificação de vinho.

Preparação de geleias comestíveis; Fabricação de produtos de confeitaria; Agentes

clarificantes em sucos de frutas (floculação da matéria em suspensão); Promover

textura e estabilização de espuma; Contribuir para enriquecimento do conteúdo

proteico dos alimentos; Funcionar como revestimento externo (cápsulas).

Usado de forma limitada no fabrico de esparadrapo; Fabricar cápsulas e como

emulsificador.

Medicina

Construção Civil

Cinematográficas

e fotográficas

Tratamento de hemorragias; Cicatrização de feridas; Produção de fios cirúrgicos

(baixa resposta imunológica e seu baixo índice de alergicidade); Biomateriais,

substituindo total ou parcialmente tecidos lesados.

Preparação de cimentos especiais, como componente de uma composição à

prova de água; Preparação de argamassa.

Revestimento das películas (constitui a emulsão de sais de prata sensíveis à luz.

JUL/SET 2021

Geral

Fabricação de cabeças de fósforos; Fabricação de lixa.

PARCEIROS NA 24° ED:

83


Gestão

de Resíduos

Ivã Guidini Lopes

Doutor em Aquicultura

Pesquisador na Ingredient Odyssey - EntoGreen

Santarém, Portugal

ivanguid@gmail.com

JUL/SET 2021

COP26 e a gestão de resíduos: vamos fazer

parte da mudança?

No último mês de novembro

aconteceu

a Conferência das Nações

Unidas sobre Mudança

Climática (COP26), em

Glasgow na Escócia, sob

o lema “Unindo o mundo

para enfrentar as mudanças

climáticas”. Com o objetivo

de intensificar a ação a nível

mundial para mitigar a

crise climática, este grande

evento causou certa agitação

pelo mundo afora,

trazendo reflexões importantes

sobre os impactos

que nós seres humanos e

nossas ações causam no

ambiente. É sobre esse

assunto que vamos tratar

neste artigo da coluna Gestão

de Resíduos. Afinal, os

resíduos orgânicos e sua

gestão tem tudo a ver com o meio ambiente.

Uma das discussões mais importantes feitas na

COP26 estava relacionada ao Acordo de Paris e o objetivo

de reduzir emissões de gases de efeito estufa em

pelo menos 55% até 2030. Para isso, diversas ações

devem ser tomadas a nível global, considerando sempre

nossas ações pessoais, mas principalmente as ações

em conjunto, organizadas. Sempre podemos estimular

as pessoas a separarem e reciclarem seus resíduos, reaproveitarem

materiais e evitar o desperdício, além de

tomarem outras ações individuais como forma de colaborar

com o panorama global dos impactos ambientais.

No entanto, as mudanças mais significativas acontecem

quando grandes atores, como empresas e setores produtivos

como um todo, decidem participar da mudança

efetivamente.

Segundo o último relatório da FAO sobre a pesca

e aquicultura (acesse o conteúdo clicando neste link),

é estimado que 35% do total de pescados produzidos

mundialmente são descartados como resíduos, ou seja,

mais de 62 milhões de toneladas. Para os leitores que

têm acompanhado os últimos artigos desta coluna, já

deve ser fácil perceber que isso representa uma grande

perda econômica (pelos investimentos feitos) e também

ambiental (pela geração de gases de efeito estufa e contaminações),

pois grande parte desses resíduos são descartados

de forma inadequada no Brasil e no mundo.

Portanto, tendo em mente os objetivos estabelecidos na

COP26 e a urgente necessidade de fazermos parte da

mudança, essa gestão de resíduos pode ser um caminho.

Independentemente da maneira que você escolher

gerir os resíduos gerados em sua produção aquícola,

seja pela compostagem, pela produção de silagens, farinhas,

pelo tratamento com larvas de insetos, digestão

anaeróbia e assim por diante, os impactos causados

pelo tratamento sempre serão menores do que o descarte

dos resíduos no meio ambiente. Mas o objetivo

deste artigo não é propor a gestão de resíduos de forma

individual, mas sim em conjunto, para que possamos

realmente fazer a diferença.

Assim, deixo aqui um apelo à urgente necessidade

de nos organizarmos como setor produtivo em questões-chave

para o desenvolvimento mais sustentável

da aquicultura brasileira, como a gestão dos resíduos

que geramos. Com a mobilização de grandes atores da

cadeia produtiva e sua integração com pequenos produtores,

universidades, entidades públicas e tomadores

de decisão, será possível estimular ações efetivas para

a mitigação dos impactos negativos causados pela aquicultura

brasileira, alinhando esse setor em crescimento

no país com os objetivos das ações globais para o clima,

como a COP26. Essas ações trazem força ao nosso setor

perante o mercado mundial e estimulam ainda mais

a procura por produtos nacionais e nosso desenvolvimento

econômico.

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PARCEIROS NA 24° ED:


JUL/SET 2021

PARCEIROS NA 24° ED:

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Empresa:

ENGEPESCA

Mais de 35 anos de parceria com o

produtor

JUL/SET 2021

Em 23 de agosto de 1986 nascia a primeira

empresa produtora de redes especializada

em aquicultura do Brasil.

35 anos de parceria com os produtores rurais

brasileiros, aprendendo, aperfeiçoando e

crescendo juntos.

Passamos juntos por muitos ciclos de altas e

baixas no mercado. Enfrentamos muitos obstáculos

juntos, períodos de inflação alta, grandes

secas, temperaturas baixas, mas nada disto impediu

o crescimento e fortalecimento da Aquicultura

no Brasil.

E estamos muito felizes de ter vencido todos

estes obstáculos com você produtor, e graças a

esta extensa parceria, estamos hoje juntos e

mais fortes que nunca.

Agradecemos a todos os clientes que acabaram

se tornando amigos, a todos os clientes

que disponibilizaram um pouco de seu tempo

para um bom papo ou trocar um pouco das

experiências da prática do cultivo, a todos os

clientes que abriram o portão de suas propriedades

e que muitas vezes nos permitiram testar

nossos projetos. Todos vocês fazem parte desta

grande história.

Todos vocês nos ajudaram a viabilizar redes

com alto padrão de eficiência.

O contato próximo com os produtores foi

fundamental para o desenvolvimento da tecnologia

hoje empregada em nossas redes.

Redes projetads com foco em eficiência,

com alto padrão técnico de montagem e com

materiais de primeira linha.

Produzimos redes

projetadas com foco

em eficiência, com

alto padrão técnico

de montagem e

com materiais de

primeira linha.

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Espaço empresa


Esp

ço empresa

PRODUTOS

EXCLUSIVOS

Rede TilápiaNet®

Uma rede de arrasto criada pela Engepesca,

em 1998, e que vem sendo aprimorada ao longo

de 23 anos, especialmente para a despesca

de Tilápias ou outras espécies saltadoras. Com

muito mais área de captura, este modelo é projetado

para se obter grande eficiência na captura,

evitando a necessidade de repetição do processo

de despesca.

Rede Bagnet®

Uma rede desenvolvida pela Engepesca para

despesca de camarões de cativeiro, que se tornou

uma marca registrada e muito conhecida na

carcinicultura.

Este modelo tornou o processo muito mais

prático e econômico.

Tarrafas de Biometria

As Tarrafas de Biometria produzidas pela Engepesca

para o acompanhamento do crescimento

das diversas espécies são confeccionadas com

materiais premium.

Produzidas com alto padrão de acabamento

em panagem de rede multifilamento sem nós e

com sistema de argolas, evitando lesões e reduzindo

o estresse dos animais capturados.

Puçás ou Passaguás

Entendemos a necessidade de materiais extra

reforçados para o manejo de grandes quantidades

de peixes. Por isto possuímos diversas

opções de puçás, com grande capacidade de

trabalho, para não deixar você na mão. Jateados

com areia e galvanizados. Ou até mesmo em aço

INOX.

JUL/SET 2021

Espaço empresa

87


Esp

ço empresa

Tanques Rede para Alevinos

Que tal proteger os seus alevinos até que

alcancem tamanho suficiente para que possam

escapar dos predadores por conta própria? Para

os produtores que não possuem uma área separada

ou berçários, os tanques rede Engepesca

são uma ótima opção para evitar a mortalidade

decorrente da predação na fase da alevinagem.

Redes de Proteção Antipássaros

Seguindo na mesma linha, a Engepesca também

oferece redes de proteção antipássaros, a

fim de proteger o seu cultivo de ataques de predadores

aéreos - pássaros, morcegos e libélulas.

Fabricadas em polietileno de alta densidade com

tratamento antiUV. Produzimos também redes

exclusivas para seu cultivo, sob medida.

Redes Sarico

Um grande aro de aço galvanizado à fogo

com um saco de rede, que permite agilizar as

despesca de grandes capturas, com capacidade

de içar 600kg de peixe de uma vez. Maior comodidade

e praticidade na despesca.

JUL/SET 2021

Redes Especiais

Somos especialistas em projetar e desenvolver

redes especiais para aquicultura, projetos

de pesquisa e pesca industrial. Possui alguma

necessidade específica? Converse com a nossa

equipe.

CONTATO:

www

www.engepesca.com.br/

www

(47) 99105-4991

@engepesca_redes

/engepesca

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Espaço empresa


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JUL/SET 2021


A despesca dessa vez é de Tambaqui e foi realizada na Piscicultura Rio Taboca, localizada no

município de Ji-Paraná, estado de Rondônia. Um fato diferencial para o resultado acima

da média produzida foi o acompanhamento técnico, atrelado ao uso de softwares de

gestão, trabalhando em tempo real os fatores zootécnicos/produtivos. Toda produção é

acompanhada por técnicos da e-Agro, empresa especializada em gestão e consultoria em

piscicultura.

Piscicultura Rio Taboca

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Data do povoamento: 24/10/20

Número de animais estocadas: : 3.905

Peso inicial: 90 g

Área do viveiro: 12.100 m²

Densidade: 0,3 animais/m²

Data de despesca: 25/11/21

Dias de cultivo: 397

Peso final:3.266 g

Biomassa final:12.753 kg

Produtividade: 1053,97 kg/m 2

Sobrevivência: 100%

Total de ração utilizada: 24639,81 Kg

Conversão alimentar: 1,93:1

90



Programa

de Saúde

A SAÚDE DELES É O

SEU SUCESSO.

Impulsionando a saúde da aquacultura

A equipe Aqua da Adisseo trabalha conjuntamente com

pesquisadores e produtores ao redor do mundo, desenvolvendo

uma ampla linha inovadora que promove a saúde e otimiza sua

aplicação em condições desafiadoras da produção.

Com base em ingredientes naturais, nossos aditivos especializados reduzem o impacto de

doenças e a incidência de parasitas na criação de peixes e camarões. Hoje, nossas linhas de

produtos SANACORE ® GM, BACTI-NIL ® AQUA, AQUAGEST ® S e OMF, são utilizadas diretamente

nas fazendas de produção de peixes e camarões, assim como nas fábricas de ração.

Ração é muito mais do que apenas nutrição.

www.adisseo.com

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