Serviço social e acolhimento institucional de crianças e adolescentes
Diferentes segmentos da sociedade continuam difundindo a falsa ideia de que com esforço e determinação individuais é possível superar as dificuldades. Esta concepção, pautada na falsa premissa de que todos os sujeitos sociais nascem em condições de igualdade, camufla a estrutura de desigualdades de classe, gênero e raça/etnia, que organiza nossa sociedade, bem como seus mecanismos de perpetuação. Este livro se soma à reflexão e ao debate sobre a imperiosa necessidade de enfrentarmos a estrutura de desigualdades de nossa sociedade, visando a proteção efetiva de todas as crianças e adolescentes brasileiros, especialmente as que vivenciam inúmeras situações de vulnerabilidade e violação de direitos. ROSANA MORGADO
Diferentes segmentos da sociedade continuam difundindo a falsa ideia de que com esforço e
determinação individuais é possível superar as dificuldades. Esta concepção, pautada na falsa
premissa de que todos os sujeitos sociais nascem em condições de igualdade, camufla a estrutura de desigualdades de classe, gênero e raça/etnia, que organiza nossa sociedade, bem como seus
mecanismos de perpetuação. Este livro se soma à reflexão e ao debate sobre a imperiosa necessidade de enfrentarmos a estrutura de desigualdades de nossa sociedade, visando a proteção efetiva de todas as crianças e adolescentes brasileiros, especialmente as que vivenciam inúmeras situações de vulnerabilidade e violação de direitos.
ROSANA MORGADO
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da sociedade em que estamos inseridos e de quais são os pressupostos
econômicos políticos que percorrem essa realidade, as particularidades
do processo de formação sócio-histórica brasileira (destacando raça,
gênero e classe) e os impactos dessa dinâmica no decorrer do processo de
trabalho do assistente social nessa área de atuação. Isso porque, no exercício
da profissão, nos deparamos com indivíduos concretos, reais, que
enfrentam condições materiais de vida cheias de limitações e privações
para se inserirem produtivamente de acordo com as exigências da sociedade
atual e que dependem, para sua sobrevivência, dos bens e serviços
que são ofertados pelo Estado e por outras instituições públicas e privadas.
No processo empírico podemos constatar essas condições de vida e os
padecimentos que provocam em milhares de indivíduos. Historicamente,
essas pessoas ocupam um lugar não digno na estrutura socioeconômica
no modo de produção capitalista; modo de produção que, em “A Ideologia
Alemã”, é identificado como:
uma forma determinada de expressar a sua vida, uma forma
de vida determinada do mesmo (...). O que eles são coincide
com sua produção, tanto com o que eles produzem, quanto
com o como eles produzem. O que os indivíduos são, portanto,
depende das condições materiais de sua produção (Marx e
Engels; 2007, p. 42).
O modo de produção capitalista (MPC) é um modo de produção que tem
como pressuposto a acumulação para obtenção de lucros e que contém, na
sua estrutura, limitações que impedem que esse processo de acumulação
aconteça de forma plena e permanente, sempre mantendo crescentes as
taxas de lucratividade. Essas limitações se expressam através de crises
cíclicas do sistema que se apresentam em diferentes períodos históricos.
O Estado cumpre uma função de apoio ao capital no processo de enfrentamento
dessas crises cíclicas do MPC. Ele assume o papel de mediar interesses
particulares em função dos interesses do conjunto da sociedade
ou do interesse geral, porém, o próprio Estado é atravessado por interesses
particulares, interesses de classe que se alçam a interesses universais.
A classe que detém a propriedade dos meios de produção, que são a
base da estrutura social no MPC, se apresenta para o resto da sociedade
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