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ARCÁDIA | Arquieturas de Escape

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Quando se consolidava uma cultura da paisagem, essa noção está intimamente

ligada com um fragmento da realidade alcançado pela visão, uma

representação, um pedaço de uma porção maior que inicialmente foi retratado

como plano de fundo em obras de viés religioso por volta do século XIII e que

posteriormente, a partir do século XV, viria a se tornar uma escola que se

espalhou pela Europa, alcançando a Alemanha, Holanda, Inglaterra, França e

outros países. No século XVIII a temática da paisagem ainda encontra

relevância em movimentos artísticos como o Neoclassicismo e o Romantismo. A

representação Neoclássica era pautada em preceitos de equilíbrio e proporção,

mesmo que idealizada, ao passo que a paisagem romântica prioriza a

subjetividade, resultando em uma abordagem do espaço natural enquanto

projeção de sentimentos individuais.

Essa breve contextualização é importante para que se perceba como o elo

arte-paisagem se deu ao longo dos anos e como esse encontro seria um dos

responsáveis por configurar os modos de se perceber o espaço natural. A

paisagem enquanto ideia de representação esteve manifestada nas práticas

artísticas durante um longo período de tempo, mas aquele exercício

extremamente técnico e formal no que diz respeito aos códigos de composição

começaria a perder força diante da eclosão de movimentos de vanguarda no

final do século XIX e início do século XX, onde a arte começaria a se espacializar

e mais tarde, em expressões da contemporaneidade, outros modos de

incorporar o tema da paisagem entrariam em cena.

RED NEST, Nils Udo, 1999. Fonte: https://nilsudo.wordpress.com/2012/12/21/red-nest/

Reencontros

No final da década de 1960, o surgimento do movimento Land Art tornou possível uma nova discussão acerca de como a arte aborda o tema da

paisagem. As manifestações artísticas, na Land Art, ao promoverem um encontro entre objeto artístico, indivíduo e natureza, possibilitavam um

novo modo de incorporar a paisagem à prática artística na medida em que evocavam temas como a transposição dos limites museais, espaços

subvertidos pela indústria, processos de urbanização descontrolada, transformações geológicas, entre outros. Em alguns desses trabalhos,

linhas podiam ser gravadas no solo, elementos naturais como pedras, gravetos e a própria terra eram realocados em múltiplas configurações. A

arte incorpora, nesse sentido, a temática da paisagem de forma a entendê-la a partir de um sistema onde concorrem as ações humanas e da

natureza.

A Land Art teve e tem como expoentes Robert Smithson, Walter de Maria, Richard Long, Nancy Holt, Nils-Udo, Christo e Jeanne-Claude, Michael

Heizer, etc. No Brasil, tem-se a manifestação a partir das obras de Angelo Venosa, Nelson Félix, Artur Barrio, Carmela Gross, Nuno Ramos, entre

outros. Em 1998, esses artistas elaboraram trabalhos que permitiam interpretações acerca do tema “Fronteiras”, originando propostas artísticas

como o Minuano, de Nuno Ramos, o Aleph, de Angelo Venosa e Fronteira, de Carmela Gross, que incorporam a paisagem e seus distintos

espectros, tanto a partir de uma abordagem urbana quanto extraindo uma leitura mais mítica e relacionada aos elementos naturais.

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