RESUMOO trabalho tem como intuito abordar o tema do escapismo nacontemporaneidade a partir do referencial mítico da Arcádia, umapaisagem idílica e bucólica descrita em práticas literárias e pictóricascomo um espaço de refúgio, um Locus Amoenus. Após o resgatedesse imaginário, propõe-se o projeto de um parque urbano queabriga arquiteturas relacionadas ao ócio, à descoberta e ao percurso.Surge a possibilidade de se discutir, concomitantemente, comoequipamentos urbanos podem estar associados aos modais detransporte coletivo e quais possíveis relações estabelecidas commodos de vida da população que utiliza, diariamente, umainfraestrutura de mobilidade em escala metropolitana.
APRESENTAÇÃOA escolha pelo tema que norteia o presente trabalho surge de uma fascinação pela maneira como a naturezatoca o tecido humano.som de folhas. percurso solar. ar em movimento. mudança de temperatura. correntezasOs eventos naturais que, por vezes, passam despercebidos ao olhar, à pele, aos ouvidos, são postos emevidência na prática artística. A arte parece nos lembrar de reconhecer o valor estético da natureza, de seusfenômenos e de como a terra, o mar, a montanha, o sol e a tempestade são capazes de causar comoção. Empoucas palavras, estar no mundo implica em uma experiência direta com os movimentos do planeta e emalgum momento, genuinamente, uma árvore, um som, ou uma cor são capazes de deslumbrar o olhar emalguma medida, e é esse sentimento simples que enxergo como significativo que me instiga a pesquisá-lomais.A arte tem papel inegável em nos revelar como a natureza pode ser transcendental, metafísica e etérea. AnneCauquelin observa que os dispositivos da arte, ao longo dos anos, instauram uma forma simbólica paradesignar uma natureza estética e catártica: A Paisagem.Foram múltiplas as formas pelas quais a natureza inspirou criações, seja na literatura, nas artes plásticas, namúsica… O título deste trabalho (Arcádia) diz respeito a um imaginário, um lugar mítico, natural, bucólico epacífico. Esse espaço é o cenário de diversas produções artísticas tanto no campo literário como pictórico queo descrevem como um espaço idílico, aprazível, o destino a quem busca uma realidade amena.Abre-se, então, a possibilidade de realizar um trabalho de arquitetura que resgate essa noção e aluda à esseespaço de ócio, paz, descanso, evasão, e sobretudo, escape.A pergunta que alicerça o desenvolvimento deste projeto é : Como reimaginar um espaço de respiro, quepossa provocar sensações de serenidade, paz, ócio, e acolhimento para o qual se possa escapar nacontemporaneidade ? Escapar não apenas de espaços insípidos e opressores, mas escapar de uma rotinaestressante, do tédio, do cansaço e incontáveis situações hostis que permeiam a vida humana em distintosníveis. Como conceber, então, essa atmosfera de evasão em um contexto onde a cidade e a urbanidade estãopresentes? Surge, então, uma suposição: Arcádia: Arquiteturas de escape, um complexo arquitetônico comespaços instigam a percepção da paisagem e da arquitetura ao longo de percursos permeados por túneis,rampas, casulos, conchas, mirantes e estruturas evocam a noção de escapismo.