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Exporta - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ...

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SEGUNDA CONFERÊNCIA BRASILEIRA<br />

SOBRE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS<br />

RELATORIA DA OFICINA DE TRABALHO<br />

Oficina de Trabalho 2: <strong>Exporta</strong>ção – Novos e Tradicionais Serviços Financeiros para as Micro e<br />

Pequenas Empresas <strong>Exporta</strong><strong>do</strong>ras: Abordagens Individual e Associativa<br />

Local: BNDES – Rio de Janeiro/RJ, Sala 7<br />

Data: 14/09/2005, 14h30 – 16h30<br />

Modera<strong>do</strong>r: CAMEX – Sr. Aloísio Tupinambá Gomes Neto<br />

Relator: CAMEX – Margarete Maria Gandini<br />

Palestrantes:<br />

Sra. Neuciléia Layola Porto, Empresária da LUCITEX <strong>do</strong> APL de Nova Friburgo/RJ (visão empresarial)<br />

Sr. Leonar<strong>do</strong> Pereira Rodrigues <strong>do</strong>s Santos, Gerente da Área de <strong>Comércio</strong> Exterior <strong>do</strong> BNDES (visão<br />

institucional)<br />

Sra. Denise Carneiro Meziat, Gerente da Área de Apoio ao <strong>Comércio</strong> Exterior <strong>do</strong> BB (visão Institucional)<br />

Sr. Gustavo <strong>do</strong> Amaral Martins, Procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro (visão acadêmica)<br />

Visão empresarial:<br />

As empresas não têm preparo, estrutura e planejamento para acessar as linhas de crédito disponíveis.<br />

Buscam o que é desburocratiza<strong>do</strong> e rápi<strong>do</strong>, porém que acaba sen<strong>do</strong>, muitas vezes, mais caro. Ou seja, a<br />

questão não é a disponibilidade de linhas para financiamento das MPEs na exportação, mas capacitação<br />

para a gestão financeira: que linha buscar e como acessar, bem como a formalização das empresas. Essas<br />

duas questões se inserem em uma visão sistêmica da exportação para os APLs, que precisa ser trabalhada.<br />

Visão institucional:<br />

O setor financeiro dispõe de linhas de crédito pré-embarque, para financiamento à produção, aí se incluin<strong>do</strong><br />

a modalidade de empresa âncora, dirigida a bens intermediários ou finais; e pós-embarque, que visa<br />

financiar a comercialização de bens de valor agrega<strong>do</strong> alto e equivale ao desconto de títulos de crédito no<br />

merca<strong>do</strong> interno. Cabe citar especificamente o PROEX, financia<strong>do</strong> com recursos <strong>do</strong> Tesouro Nacional, e que<br />

é a linha mais barata para o exporta<strong>do</strong>r. São linhas acessíveis a to<strong>do</strong>s os portes de empresas.<br />

Observa-se uma evolução <strong>do</strong>s desembolsos de recursos <strong>do</strong> setor financeiro para a área de comércio<br />

exterior, em to<strong>do</strong>s os setores da economia à exceção de commodities. Os bancos têm trabalha<strong>do</strong> em<br />

alternativas financeiras para a exportação de bens com maior valor agrega<strong>do</strong>, que necessitem de maior<br />

prazo para produção e comercialização, bem como em soluções integradas de comércio exterior e câmbio.<br />

Os desafios das MPEs concentram-se em: desconhecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> externo; dificuldade de<br />

organização em consórcios; baixa escala de produção em face de um merca<strong>do</strong> internacional que quer<br />

importar grandes lotes; dificuldades em garantir as exportações; e sistema financeiro mais restritivo na<br />

concessão de crédito para MPEs – a empresa de maior porte tem menor risco, o que paralelamente reduz o<br />

spread <strong>do</strong> agente financeiro.<br />

Paralelamente, os bancos têm encontra<strong>do</strong> dificuldade em conversar com as empresas de pequeno porte.<br />

Falta gestão empresarial, expressa na baixa formalização e na carência de garantias, o que resulta em<br />

dificuldades para as MPEs tomarem a linha adequada, no montante e momento certo.<br />

As estratégias para as MPEs devem centrar-se nas parcerias, que se colocam como fonte de oportunidade<br />

para estabelecer relacionamentos com objetivo comum versus à instabilidade de se operar sozinho no<br />

merca<strong>do</strong>. A sinergia oriunda da combinação de empresas possibilita um relacionamento evolutivo, resulta<strong>do</strong><br />

de uma série de benefícios.<br />

Nesse escopo é que se insere a modalidade pré-embarque empresa âncora, cujo Vale <strong>do</strong> Sinos, no Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul, serviu de base para a criação da linha. É uma linha tomada por empresa industrial,<br />

comercializa<strong>do</strong>ra ou fornece<strong>do</strong>ra de insumos para as MPEs. Configura-se em uma operação indireta, com<br />

consulta prévia.


Visão especialista:<br />

Segun<strong>do</strong> as Regras da Basiléia, o banco não é livre para conceder créditos. Existem regras mundiais que<br />

regem as políticas <strong>do</strong> banco e buscam preservar seu principal ativo, que é a credibilidade. Por essas<br />

Regras, o banco precisa ter política de gestão de riscos, e <strong>do</strong>sar qual a dificuldade de recuperação <strong>do</strong>s<br />

créditos, assim, os bancos trabalham com garantias ou performance (histórico). De forma semelhante, o<br />

sistema público, pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), quan<strong>do</strong> financiar com recurso público, necessita<br />

exigir garantias e estimar o risco de o dinheiro não voltar.<br />

As MPEs, por sua vez, são, geralmente, empresas mais recentes, sem histórico, e sem muito patrimônio. O<br />

que acaba por gerar uma dificuldade estrutural de acesso, logo, há necessidade de políticas públicas e<br />

mecanismos que o viabilizem.<br />

Uma alternativa que se coloca para romper o problema é o associativismo, a produção em rede. Associar<br />

diversas estruturas de produção, por meio de empresa âncora; e empresas consorciadas; ou por um banco<br />

cooperativo de MPEs que operaria como dissemina<strong>do</strong>r de crédito na região produtiva.<br />

Quanto ao acesso ao crédito pela aglutinação, caso das empresas consorciadas, destaque-se que a força<br />

da corrente é igual ao mais fraco de seus elos, logo, a co-garantia por si só não tem grande impacto. No que<br />

tange à proposta de empresa âncora, que se assemelha ao modelo Benetton, cuja idéia é uma grande<br />

empresa que contrata a produç ão e repassa para uma rede de distribui<strong>do</strong>res e lojistas, há a possibilidade da<br />

grande empresa se apossar da maior parte <strong>do</strong>s lucros. Destaque-se que em estruturas produtivas<br />

associadas por aglutinação – modelo Toyota e modelo Benetton original – o banco tentar enxergar o grupo<br />

para fins de performance. No caso <strong>do</strong> dissemina<strong>do</strong>r de crédito, por sua vez, a vinculação com a cadeia tem<br />

vantagens.<br />

Em síntese, não existe resposta pronta e correta. Há necessidade de uma multiplicidade de mecanismos, de<br />

acor<strong>do</strong> com as especificidades. Identificar onde o acesso ao crédito na exportação se insere. Não se pode<br />

ficar limita<strong>do</strong> a essas duas situações. Nos Arranjos Produtivos Locais (APLs), as condições de<br />

heterogeneidade necessitam de estrutura de pulverização de crédito: Banco Popular; Agências de<br />

<strong>Desenvolvimento</strong>; e Banco Cooperativo ou Cooperativa de Crédito, nos moldes italianos. Ressalte-se, por<br />

fim, na questão <strong>do</strong> associativismo, que a figura jurídica atual de consórcio, ligada às leis das SA e de caráter<br />

temporário, representa um entrave para o acesso ao crédito.<br />

Ponderações:<br />

Destaque para as questões <strong>do</strong> acesso facilita<strong>do</strong> e <strong>do</strong> custo reduzi<strong>do</strong> para às MPEs. O uso de mecanismos<br />

como desconto de duplicatas e cheques, de custo mais alto, denota as deficiências das instituições<br />

financeiras em instrumentos específicos para APLs.<br />

Paralelamente, o Governo deveria desenvolver acompanhamento, em nível menos agrega<strong>do</strong>, das<br />

solicitações de financiamento. Nessa questão, destacou-se o fato de o BNDES, nas operações de âncora,<br />

realizar visita às MPEs no início e final <strong>do</strong> processo para verificar se as condições acertadas foram<br />

cumpridas. Ainda, para os setores que existem muitas MPEs no país, o BNDES realiza acompanhamento<br />

das exportações, com o objetivo de identificar oportunidades e fom entar a estruturação de produtos e<br />

operações.<br />

Deliberações:<br />

Necessidade de inovações em termos de mecanismos financeiros, a exemplo da Nacional Financeira <strong>do</strong><br />

México, que opera como uma plataforma de desconto de recebíveis, com leilões para melhores taxas e<br />

condições, além das já citadas na visão especialista.<br />

Desafios para as MPEs nos próximos 10 anos: (1) aumentar o nível de integração com as redes<br />

internacionais; (2) operacionalizar o conceito de redes de APLs; (3) implementar instrumentos garanti<strong>do</strong>res;<br />

(4) reduzir custos de proteção cambial para MPEs; (5) garantir repasse de benefícios a toda a cadeia; (6)<br />

alcançar mecanismos concorrenciais mais eficientes – canais de distribuição, maior mobilidade; (7) reduzir<br />

os custos de financiamento (Libor); (8) vi abilizar remessas internacionais; (9) desburocratizar os processos;<br />

(10) operar mudança cultural de ofertantes e demandantes – inverter a lógica, o banco deve procurar a MPE<br />

e entender a sua situação. Ou seja, uma busca incessante de to<strong>do</strong>s os agentes interessa<strong>do</strong>s para vencer o<br />

desafio da promoção <strong>do</strong> desenvolvimento em APLs.

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