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brasil - Fundação Biblioteca Nacional

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72 O, BRASIL HOLANDÊS SOB<br />

próximas do rio são planas; as mais distantes, entrecortadas de montes<br />

e de vales, são notáveis pela sua completa amenidade. Aquelas<br />

produzem cana de açúcar; estas, mandioca. Constitue o açúcar uma<br />

das delícias para o estrangeiro, e a madioca é um alimento para os<br />

naturais. Das raízes desta fabricam uma farinha, que lhes serve de<br />

trigo e de pão. Os portugueses chamam "roça" aos campos que a<br />

dão, e aos agricultores designam com o nome de "lavradores" e de<br />

"roceiros". Os menos abastados alimentam-se com esta farinha,<br />

assim como os mais ricos se alimentam de trigo que costuma importar-se<br />

de Portugal e de outras partes. Produz também a região<br />

outros frutos: milho, batata doce, ananases, cocos, melões, melancias,<br />

laranjas, limões, bananas, pacobas, maracujás (83), pepinos,<br />

tudo isto para utilidade ou dos homens ou dos animais. Os cajús são<br />

peras silvestres, suculentas e inocentes, que se comem avidamente<br />

durante o calor. No interior da pera cresce uma castanha, de casca<br />

muito amargosa, de miolo muito doce, quando se assa. A pera refresca<br />

e a castanha esquenta. Mas, a todo o género de frutas levam<br />

a palma aquelas a que chamam ananases. A planta é de pouco talhe,<br />

e em seus ramos ficam suspensas pinhas muito tenras. Cortando-se<br />

estas em talhadas na sazão própria, são um alimento gratíssimo ao<br />

mesmo tempo pelo cheiro e pelo sabor, podendo-se comer imediatamente<br />

ou conservar no açúcar por largo tempo. Além disso são de<br />

ver muitas árvores frutíferas, que fôra longo enumerar, peixes, aves<br />

de côres variegadas e muitas espécies de quadrúpedes, em geral<br />

bravias, em parte por nós conhecidas, em parte desconhecidas.<br />

Nelas sempre aparece em quão admiráveis e diversos modos se desdobra<br />

a sabedoria divina pela vastidão da terra. E' notável a variedade<br />

dos papagaios, cuja plumagem de côres diferentes é para<br />

êles um ornamento, e, por outro lado, torna-os apreciáveis a língua,<br />

apta para reproduzir a linguagem humana. São tão numerosos ali<br />

que, voando aos bandos, escurecem o dia como nuvem negra.<br />

Os habitantes ou são livres, como os portugueses, holandeses<br />

e europeus em geral e até mesmo os <strong>brasil</strong>eiros indígenas; ou escravos,<br />

os quais são ou índios, ou negros comprados já no reino de Angola,<br />

já no Cabo Verde e levados para lá. Moram em povoados,<br />

cujas casas não são pegadas uma ás outras, qual, entre nós se usa,<br />

mas esparsas, seja por mêdo de se alastrarem incêndios, seja por<br />

imperícia de edificarem. Empregam pedras e têlhas, mas não ferro.<br />

Quando vão construir uma casa, levantam primeiro os esteios e escoras,<br />

estendem sôbre êles um ripado sôbre o qual armam o telhado,<br />

coberto de têlhas ou de folhas de coqueiro. Vivem nessas habita-

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