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Para se chegar a director de fotografia parece
ser condição passar pela assistência de imagem. Isto
porque, todos os estreantes deste ano tiveram como
experiência anterior o exercício técnico da fotografia de
um filme. Mas, esta não é uma relação directa, porque
não se trata apenas da integração de profissionais que
têm desenvolvido o seu trabalho como assistentes de
imagem e que neste momento assumem um posto de
chefia no grupo de trabalho.
O director de fotografia não se limita somente
solucionar questões de ordem técnica, a criatividade
e a adaptação aos meios disponíveis são elementos
chave.
“Fazer a fotografia e a câmara foi importante a
todos os níveis; a nível de experiência profissional e a
nível pessoal, por ser uma oportunidade de evoluir e de
pôr em prática conhecimentos adquiridos e experiências
pessoais”, são as palavras de Tiago Beja da Costa, que
se estreou como director de fotografia no telefilme da
SIC, TEOREMA DE PITÁGORAS, com realização de
Gonçalo Galvão Teles. Um filme que trata de um triângulo
amoroso com vértices na imagem e na realidade,
onde a fotografia se desenhou simples e de forma a
parecer natural. Antes de se ter lançado neste projecto
da SIC, fotografou várias curtas metragens, como O
APARTAMENTO, uma criação colectiva; a HORA DE
ALMOÇO, de Raquel Jacinto; PALAVRA DE HONRA e A
TESTEMUNHA de Fátima Ribeiro, entre outras.
“Neste formato de telefilmes temos que ser
rápidos a todos os níveis, realização e fotografia. São
projectos de 90 minutos para rodar em 24 dias. Muitas
vezes sentimos que a qualidade do nosso trabalho (em
todos os sectores) é demasiado condicionada por esse
factor, mas é um desafio extra em que temos que acreditar
e aprender a gerir a falta de tempo, de meios e
a diversidade de experiências dos membros da equipa.
Digo isto porque considero que é muito importante integrar
as pessoas com menos experiência (sobretudo os
estagiários) mas não podemos correr sistematicamente
o risco de os forçar a preencher funções para as quais
ainda não estão completamente preparados. No doseamento
certo destes dois vectores (experiência-desafio) é
que está o segredo de acabar estes filmes sem grandes
sobressaltos, e criar condições para que o mercado de
trabalho se vá alargando a novos profissionais”.
Em relação à fotografia propriamente dita, que
começa a ser planeada semanas antes da rodagem com
o realizador, Tiago Beja da Costa conta-nos que “Durante
a preparação e sobretudo em relação aos decores houve
o cuidado de escolher os locais de forma a podermos
ter o maior número de fontes de luz natural. O que fiz
nas circunstâncias de rodagem foi reforçar essas fontes
de luz. Nos interiores, onde estas não existiam, foi
criada uma fonte simples, o mais normal possível. Por
razões de tempo, senti algumas vezes que não estava
a fazer aquilo que, noutras condições, seria, para mim,
o ideal. Nomeadamente em exteriores e em Fevereiro,
onde a irregularidade do tempo nos acompanhou. Por
outro lado, tínhamos três ou quatro decores por dia, o
que no exterior dificulta de sobremaneira a continuidade
de luz. Em regra, fazíamos um master com a luz ideal,
depois os planos aproximados e controlávamos a luz
usando luz nossa.”
“...CONSIDERO QUE É MUITO IMPORTANTE INTEGRAR AS PESSOAS COM MENOS
EXPERIÊNCIA (SOBRETUDO OS ESTAGIÁRIOS) MAS NÃO PODEMOS CORRER
SISTEMATICAMENTE O RISCO DE OS FORÇAR A PREENCHER FUNÇÕES PARA
AS QUAIS AINDA NÃO ESTÃO COMPLETAMENTE PREPARADOS. NO DOSEA-
MENTO CERTO DESTES DOIS VECTORES (EXPERIÊNCIA-DESAFIO) É QUE ESTÁ
O SEGREDO DE ACABAR ESTES FILMES SEM GRANDES SOBRESSALTOS, E
CRIAR CONDIÇÕES PARA QUE O MERCADO DE TRABALHO SE VÁ ALARGANDO
A NOVOS PROFISSIONAIS.”
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