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O TÍTULO DO FILME REMETE-NOS IMEDIATAMENTE PARA<br />

O DELFIM DE CARDOSO PIRES. DE QUE MODO SE ES-<br />

TABELECE NO FILME A RELAÇÃO COM A OBRA E O<br />

AUTOR?<br />

O Fernando [Lopes] e o Cardoso Pires são<br />

um bocado a mesma coisa, a mesma família. Têm<br />

objectivamente uma relação muito forte no filme, que<br />

torna quase indissociável o que é o um e o que é o<br />

outro. Visto de longe são a mesma figura, em relação<br />

ao tema, à geração, à obra.<br />

É UMA GERAÇÃO MUITO MARCADA PELO REGIME E<br />

PELA GUERRA COLONIAL, UMA TEMÁTICA QUE TAMBÉM<br />

ATRAVESSA ESTE FILME.<br />

Todo o filme é uma metáfora, mas não se fala<br />

nisso. O livro passa-se no fim do regime mas ainda no<br />

regime. O personagem do delfim é de certa forma o<br />

personagem do regime e a mulher uma liberdade que<br />

está para chegar mas que ainda não chega dessa vez.<br />

Todo este filme, e é isso que é fascinante ajudar a<br />

exprimir em imagens, são representações, porque nada<br />

é claro, tudo é …<br />

SIMBÓLICO?<br />

É simbólico, metafórico… tudo são aparências,<br />

não se podendo dizer nunca que isto é isto ou que<br />

aquilo é aquilo. É um ambiente e ao mesmo tempo<br />

uma metáfora do regime e da época e é essa relação<br />

que é muito forte com o Cardoso Pires. É um livro que<br />

chega no fim da carreira do Cardoso Pires, é um filme<br />

que chega no fim da carreira do Fernando, que são<br />

pessoas que viveram isso.<br />

35<br />

USAM UM MEIO DIFERENTE PARA EXPRIMIR UMA MES-<br />

MA COISA?<br />

Sim.<br />

NÃO PERTENCENDO À MESMA GERAÇÃO, O EDUARDO<br />

PARECE IDENTIFICAR-SE MUITO NÃO SÓ COM O (HISTÓ-<br />

RIA) FILME E O LIVRO, MAS COM OS SEUS AUTORES.<br />

<strong>Para</strong> mim é importante não por ser a minha<br />

geração mas por ser a geração antes da minha, das<br />

pessoas que começaram a escrever e a fazer filmes<br />

quanto eu comecei a ler e a ver filmes… Lembro-me<br />

perfeitamente do Anjo Ancorado, que foi o primeiro<br />

ou quase o primeiro livro do Cardoso Pires, e que foi<br />

importantíssimo para mim, lembro-me das Pedras e o<br />

Tempo do Fernando Lopes que foi talvez o único filme<br />

que vi dele antes de me ir embora e que era fortíssimo…<br />

É no fundo uma homenagem àqueles que me levaram e<br />

ajudaram a ver, ler e ouvir, uma saudação. Mas uma vez<br />

<strong>mais</strong> tudo são imagens, reflexos, fantasmas, sombras.<br />

Tudo isto é tão frágil que é difícil responder, é óptimo<br />

quando posso dar uma conclusão: isto é assim, nesta<br />

primeira parte é este o ponto de vista, é este o género,<br />

são estas referências. Neste filme isso está tudo um<br />

pouco perdido.<br />

ULTIMAMENTE TEM FILMADO MUITO NA AMERICA. QUAIS<br />

AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS AO NÍVEL DAS EQUIPAS E<br />

SEUS MÉTODOS DE TRABALHO?<br />

Contrariamente ao que se pensa as equipas<br />

americanas não são absurdamente exageradas, correspondem<br />

de facto a um ritmo, que é um factor importante,<br />

e ao pessoal que é preciso para o que é pedido<br />

e exigido. Não é uma coisa despropositada. Não é de<br />

maneira nenhuma o que se passava em Inglaterra, na<br />

época dos sindicatos ingleses, com exigências absurdas,<br />

que obrigavam a coisas disparatadas.<br />

No sistema americano o que é pedido ou escrito<br />

tem que se fazer e por isso utiliza-se muito material e<br />

há muita gente porque nunca se sabe o que é que vai<br />

ser exigido e o que for exigido tem que ser feito, e se<br />

o realizador pede dois fazem-se dez porque se pensa,<br />

que na segunda take ou segundo plano, pode pedir<br />

<strong>mais</strong> do que está previsto e tem que se mudar e isso<br />

não se discute. Na Europa faz-se o que se pode fazer<br />

dentro dos limites das possibilidades dos meios.

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