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NO QUARTO DA VANDA
NA ANTE-ESTREIA DO FILME NO QUARTO DA VANDA SURGIU A IDEIA DE EN-
TREVISTAR O REALIZADOR. NA APRESENTAÇÃO, PEDRO COSTA AFIRMOU QUE,
DAS QUESTÕES TÉCNICAS DE FOTOGRAFIA, NÃO ERA ALI O LOCAL IDEAL PARA
FALAR, MAS QUE GOSTARIA DE ENCONTRAR UM ESPAÇO PARA O FAZER.
NO CINEMA, ENCONTRAMOS DIRECTORES DE FOTOGRAFIA A REALIZAR E
QUASE NENHUM REALIZADOR QUE SE INTERESSE PELAS QUESTÕES DA LUZ,
AO PONTO DE NOS SEUS FILMES, FAZEREM A DIRECÇÃO DE FOTOGRAFIA.
DEPOIS DO FILME OSSOS VOLTAS AO BAIRRO
DAS FONTAINHAS COM UMA CÂMARA DE VÍDEO
PARA FAZERES NO QUARTO DA VANDA. PORQUE
MOTIVO OPTASTE PELO VÍDEO E QUE QUESTÕES
ESSA OPÇÃO TE LEVANTOU?
Como se pode ver no dossier do ICAM
do NO QUARTO DA VANDA era para ter sido feito
em super 16mm. Não havia dinheiro para comprar
película em quantidade razoável. Em 16mm penso
que seria complicado ser fiel às cores quase primárias
daquele decor sem utilizar luz artificial, sem
ter o que se tem no cinema. Se fosse em 16mm,
tinha de ter pelo menos um assistente de imagem,
o que era difícil, naquele quarto de dois metros
por três. Além disso, o 16mm obrigava montar uma
teia com luz ou acender projectores, ia assustar as
pessoas e ficava tudo muito quente. Lembro-me
que acendi uma lâmpada de casquilho normal de
250W no tecto e o quarto aqueceu de tal maneira
que era impossível lá estar. O vídeo é ter visto
qualquer coisa, carregar num botão e deixar andar,
uma hora que é o tempo da cassete. Está tudo
feito. Pode-se manipular um plano na rodagem, mas
não acho que seja muito interessante. O vídeo tem
respostas muito imediatas, não muito sofisticadas,
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equilibram-se as cores para um valor
standard que está na máquina, que
varia de máquina para máquina, e
deixa-se andar sabendo que se vai
perder qualquer coisa. Por exemplo,
num exterior muito luminoso, com
sol, estás a filmar alguém ao sol e
outra pessoa à sombra mais longe
vais perder qualquer coisa e ganhar
outras. No entanto, pensas no que
ganhas, no que será mais interessante,
ter um correcto e o outro preto,
que é isso que acontece, ou ter um
completamente a estoirar de branco
e outro com uma série de informações
que, mais ou menos, ainda se
vêem. São coisas deste género que
eu filmei e que depois na montagem
podia eliminar por vários motivos mas
também porque a luz não era interessante.
Estas situações de luz não
são coisas que se possam corrigir
em pós-produção. O que quero dizer
é que há coisas más de luz como há
coisas más de actores ou de outra
ordem qualquer, a luz no vídeo deste