O Nordeste e as Lavouras Xerófilas.pmd - Ainfo
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O <strong>Nordeste</strong> e <strong>as</strong><br />
Lavour<strong>as</strong> Xerófil<strong>as</strong>
JOSÉ GUIMARÃES DUQUE<br />
O NORDESTE E AS<br />
LAVOURAS XERÓFILAS<br />
Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il<br />
Fortaleza<br />
2004<br />
1
Obra Publicado pelo<br />
Presidente:<br />
Roberto Smith<br />
Diretores<br />
Antônio Roberto de Sousa Paulino<br />
Francisco de Assis Germano Arruda<br />
João Emílio Gazzana<br />
Luiz Ethewaldo de Albuquerque Guimarães<br />
Pedro Eugênio de C<strong>as</strong>tro Toledo Cabral<br />
Victor Samuel Cavalcante da Ponte<br />
Superintendência de Comunicação e Cultura<br />
Paulo Sérgio Souto Mota<br />
Escritório Técnico de Estudos Econômicos do <strong>Nordeste</strong> - ETENE<br />
Superintendente: José Sydrião de Alencar Júnior<br />
Editor: Jornalista Ademir Costa<br />
Revisão vernacular: Maria de Fátima Ribeiro Moraes<br />
Internet: http://bnb.gov.br<br />
Cliente consulta: 0800.783030<br />
Tiragem: 1.000 exemplares<br />
Duque, José Guimarães<br />
D945n O <strong>Nordeste</strong> e <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> / José Guimarães Duque. -<br />
4 a ed. - Fortaleza: Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il , 2004.<br />
330 p.<br />
Depósito Legal junto à Biblioteca Nacional, conforme<br />
decreto n.º 1.823, de 20 de dezembro de 1907<br />
Copyright © by Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il S. A.<br />
ISBN: 85-87062-36-0<br />
1 – Desenvolvimento econômico - <strong>Nordeste</strong>. 2 – Ecologia regional.<br />
3 – Lavoura xerófila. I – Título.<br />
Impresso no Br<strong>as</strong>il/Printed in Brazil<br />
CDD: 338.98131
SUMÁRIO<br />
SUMÁRIO<br />
NOTA INTRODUTÓRIA ..................................................................5<br />
1 - EVOLUÇÃO E MENTALIDADE................................................7<br />
2 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A ECOLOGIA REGIONAL ......15<br />
2.1 - Clima .........................................................................................15<br />
2.2 - Provável Índice de Aridez pela Relação da Precipitação<br />
Versus Evaporação ...................................................................19<br />
2.3 - Vegetação e xerofilismo Áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais,<br />
superfícies cultivad<strong>as</strong> e população nos Estados do Piauí,<br />
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alago<strong>as</strong>,<br />
Sergipe e Bahia ........................................................................31<br />
3 - CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES NATURAIS ................41<br />
3.1 - Seridó ........................................................................................80<br />
3.2 - Sertão ........................................................................................87<br />
3.3 - Caatinga ..................................................................................103<br />
3.4 - Cariris -Velhos ........................................................................123<br />
3.5 - Curimataú ...............................................................................131<br />
3.6 - Carr<strong>as</strong>co..................................................................................133<br />
3.7 - Cerrado ...................................................................................138<br />
3.8 - Agreste ....................................................................................141<br />
3.9 - Serr<strong>as</strong> ......................................................................................153<br />
3.10 - Mata......................................................................................159<br />
4 - OS RECURSOS DO SOLO, A UTILIZAÇÃO PROVÁVEL E O<br />
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO ATIVA ..........................169
5 - QUESTÕES DE CULTIVO SECO ............................................175<br />
5.1 - Algodão Mocó ..........................................................................188<br />
5.2 - A Cultura da Carnaubeira .......................................................218<br />
5.3 - A Cultura da Oiticica ...............................................................233<br />
5.4 - O Cajueiro ................................................................................252<br />
5.5 - A Cultura da Palma ..................................................................261<br />
5.6 - A Cultura da Goiabeira............................................................270<br />
5.7 - Maniçoba .................................................................................274<br />
5.8 - Umbuzeiro ................................................................................279<br />
5.9 - Os Bosques de Algaroba .........................................................285<br />
5.10 - O Faveleiro ou Favela ...........................................................290<br />
5.11 - Licuri ......................................................................................297<br />
Not<strong>as</strong> ................................................................................................304<br />
Referênci<strong>as</strong> ......................................................................................307<br />
Apêndice ...........................................................................................309<br />
4
NOTA INTRODUTÓRIA<br />
O <strong>Nordeste</strong> não se apresenta de forma homogênea,<br />
como à primeira vista pode parecer. Ao contrário, encerra<br />
no seu âmbito áre<strong>as</strong> com característic<strong>as</strong> e potenciais diversos.<br />
Atentando a tal circunstância, desconhecida de<br />
muitos, o propósito do trabalho ora publicado é, exatamente,<br />
analisar <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> e potenciais dess<strong>as</strong> áre<strong>as</strong><br />
diversificad<strong>as</strong> que compõem o complexo geográfico<br />
nordestino. Trata-se, <strong>as</strong>sim, de uma obra fundamental para<br />
o conhecimento da região.<br />
Ao confiar a elaboração do estudo ao Dr. José Guimarães<br />
Duque, o Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il, através do<br />
Etene, louvou-se na reconhecida capacidade técnica e<br />
experiência no trato de questões atinentes ao meio físico<br />
nordestino, que <strong>as</strong>sistem ao autor. O alcance de sua ação<br />
no <strong>Nordeste</strong> e a profundidade do trabalho científico que<br />
empreendeu tornaram-no já b<strong>as</strong>tante conhecido, pelo que<br />
lhe é dispensada apresentação; antes, sua autoria apresenta<br />
a obra.<br />
Oferecendo ao grupo sempre crescente de técnicos que<br />
trabalham, direta ou indiretamente, na promoção do desenvolvimento<br />
econômico, e ao público em geral, “O <strong>Nordeste</strong><br />
e <strong>as</strong> Lavour<strong>as</strong> Xerófil<strong>as</strong> ”, o Banco do <strong>Nordeste</strong> do<br />
Br<strong>as</strong>il S.A. o faz consciente de estar, desta forma, atendendo<br />
ao objetivo desenvolvimentista que o orienta.<br />
5
1 - EVOLUÇÃO E MENTALIDADE<br />
Na evolução do <strong>Nordeste</strong> verificam-se, bem caracterizad<strong>as</strong>, divers<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es.<br />
A inv<strong>as</strong>ão primária pelos vaqueiros, criando os currais de gado, foi o<br />
contato inicial do homem branco com o meio hostil da caatinga e da bugrada.<br />
Trazendo para o curral o leite, o queijo, a carne e o couro, os bovinos permitiram<br />
aos bandeirantes firmarem o pé n<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> invadid<strong>as</strong>, o que constituiu<br />
uma grande lição de ecologia. Os intrépidos aventureiros ensinaram às gerações<br />
vindour<strong>as</strong> que o ambiente, com <strong>as</strong>pecto de secura, era um campo de<br />
pecuária e de lavour<strong>as</strong> resistentes à seca.<br />
O povoamento decorreu, nos decênios e séculos seguintes, conforme os<br />
desejos e <strong>as</strong> posses de cada um, predominando a influência dos fazendeiros<br />
que se tornaram os pais, os chefes, os compadres, os banqueiros e os conselheiros<br />
d<strong>as</strong> comunidades que se formaram em torno com os parentes, os moradores,<br />
os amigos, os vizinhos e os dependentes. Assim, cresceu o interior em<br />
gente, em gado, em roçados, em caminhos, e os hábitos trazidos e os adquiridos<br />
foram transmitidos de geração em geração até se cristalizarem em sociedade<br />
agrária patriarcal. M<strong>as</strong> <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, buscando outr<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong>, <strong>as</strong><br />
heranç<strong>as</strong>, e <strong>as</strong> partilh<strong>as</strong>, o alargamento d<strong>as</strong> roç<strong>as</strong>, o fogo para eliminar os espinhos,<br />
o aumento dos rebanhos, significaram uma expansão biológica em meio<br />
físico estático. Como conseqüência, a terra seca foi sofrendo um desg<strong>as</strong>te no<br />
seu potencial de recursos naturais: o pé do homem, o boi, o machado e o fogo<br />
abriram a brecha para a diminuição da flora, da fauna e do solo, com o apressamento<br />
da erosão. À medida que cresciam <strong>as</strong> necessidades, minguavam os<br />
recursos, porque aquel<strong>as</strong> sociedades human<strong>as</strong>, dispers<strong>as</strong>, somente sabiam<br />
operar com métodos extensivos, com esforço mínimo e arrancando o máximo<br />
proveito da natureza. O <strong>Nordeste</strong>, dentro do Br<strong>as</strong>il, e <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> nações, no<br />
mundo, coexistiam sem tomar maior conhecimento do que ocorria além d<strong>as</strong><br />
su<strong>as</strong> fronteir<strong>as</strong>.<br />
7
Já no fim do Império e no começo da República, manifestaram-se, com<br />
mais intensidade, <strong>as</strong> influênci<strong>as</strong> extern<strong>as</strong> e intern<strong>as</strong> de ordens físic<strong>as</strong>, econômic<strong>as</strong>,<br />
sociais e polític<strong>as</strong>, com <strong>as</strong> sec<strong>as</strong> periódic<strong>as</strong>, com o cangaço, com <strong>as</strong><br />
disput<strong>as</strong> entre famíli<strong>as</strong> e indivíduos para o domínio da terra, do dinheiro e d<strong>as</strong><br />
posições. M<strong>as</strong>, ao mesmo tempo em que esta região br<strong>as</strong>ileira evoluía em<br />
câmara lenta, os povos líderes progrediam na agricultura, na indústria, no<br />
comércio e n<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> polític<strong>as</strong>. Os novos meios de transporte rápidos aproximaram<br />
<strong>as</strong> nações adiantad<strong>as</strong> d<strong>as</strong> retardad<strong>as</strong> na procura d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong><br />
e vend<strong>as</strong> de artigos industriais. A aproximação entre os países líderes e<br />
os subdesenvolvidos, sem a correção do desnível cultural, foi a responsável<br />
pela competição desigual e esmagadora, no comércio, pela injeção de nov<strong>as</strong><br />
idéi<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> que o povo não sabia julgar, pela tentativa da adoção de<br />
nov<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> de trabalho sem a precedência de uma preparação da comunidade<br />
e do malogro, enfim, do progresso técnico sem vinculação à educação<br />
do homem. Estavam <strong>as</strong> nações e, com el<strong>as</strong>, o Br<strong>as</strong>il e o <strong>Nordeste</strong>, na era<br />
da convivência dos povos. Essa época requeria um grau de evolução que<br />
ainda não tínhamos alcançado.<br />
As influênci<strong>as</strong> d<strong>as</strong> estrad<strong>as</strong>, do telégrafo, do rádio, do avião, d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong>,<br />
do crescimento demográfico, <strong>as</strong> crises d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> modificaram a vida rural,<br />
quebraram a sociedade cristalizada, os fazendeiros perderam <strong>as</strong> chefi<strong>as</strong> locais,<br />
outros políticos <strong>as</strong>sumiram o poder, o dinheiro refluiu para os bancos e<br />
a m<strong>as</strong>sa, mais fluida, procurou, no êxodo, outr<strong>as</strong> posições; e <strong>as</strong> novidades,<br />
trazid<strong>as</strong> de fora, eram comprad<strong>as</strong> sem que o povo tivesse acrescido algo ao<br />
seu poder aquisitivo; o empobrecimento, antes disfarçado, revelou-se em<br />
toda a sua nudez. Os impactos ou conflitos se revelaram n<strong>as</strong> necessidades<br />
coletiv<strong>as</strong>, multiplicad<strong>as</strong>, em face da solução acanhada, na vontade do povo<br />
de consumir mais do que a capacidade produtiva, no predomínio dos grupos<br />
políticos n<strong>as</strong> posições de comando e no monopólio do numerário, no considerar<br />
o flagelado como objeto humano e não como personalidade, no fato<br />
de o homem profissional antepor-se à criatura humana, ao membro da família<br />
e ao cidadão, e, finalmente, na circunstância de a m<strong>as</strong>sa ainda persistir no<br />
estágio da alfabetização e a elite em f<strong>as</strong>e de estudo e de cultura parcial, sem<br />
b<strong>as</strong>e na Ética.<br />
8
A desproporção dos conhecimentos entre a cl<strong>as</strong>se superior e a obreira<br />
foi a causadora da tentativa de introdução da técnica pura e simples, na agricultura,<br />
sem ensaiar primeiro uma acomodação com os costumes antigos da<br />
comunidade e sem preparar o elemento intermediário, especializado. Largo<br />
tempo foi perdido na demonstração de uma técnica sem humanismo, na implantação<br />
de princípios científicos que, embora verdadeiros, não tiveram o<br />
apoio dos conceitos sociais mais simples, mais humanos e mais altruíst<strong>as</strong>. A<br />
elite dos privilégios políticos, do domínio econômico e do idealismo cultural<br />
não se capacitou, salvo rar<strong>as</strong> exceções, de que ela deveria ser a entidade<br />
pensante da sociedade, a responsável por uma atitude, uma conduta, uma<br />
orientação preservadora de uma civilização em marcha. Se <strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses superiores<br />
frac<strong>as</strong>saram na formulação de uma doutrina para dirigir mais sabiamente<br />
<strong>as</strong> soluções dos problem<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, o povo, por sua vez, não<br />
cooperou com o governo n<strong>as</strong> providênci<strong>as</strong> e no aproveitamento d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> e<br />
nem teve uma ação fiscalizadora sobre <strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong> oficiais. E ess<strong>as</strong> du<strong>as</strong><br />
funções democrátic<strong>as</strong> jamais poderão ser exercid<strong>as</strong> sem a população adquirir<br />
a faculdade de julgamento, a convicção geral dos deveres e a consciência<br />
da obrigação para com a comunidade e o meio em que ela n<strong>as</strong>ceu. O escol<br />
social e a m<strong>as</strong>sa reconhecem os fatos diante d<strong>as</strong> questões da seca e do<br />
pauperismo, porém não entram em relação íntima com a sucessão dos acontecimentos,<br />
não os tomam como seus, não os aceitam como sacerdócio para<br />
dinamizar <strong>as</strong> soluções com mais Ética e não somente com a Ciência.<br />
A f<strong>as</strong>e dos estudos e da intervenção externa na evolução nordestina começou<br />
há 50 anos, com o Departamento Nacional de Obr<strong>as</strong> Contra <strong>as</strong> Sec<strong>as</strong><br />
(DNOCS), com o Fomento Agrícola, com os Institutos Oficiais, Estações<br />
Experimentais, Escol<strong>as</strong> de Agronomia, observações meteorológic<strong>as</strong>,<br />
em que <strong>as</strong> atenções estavam voltad<strong>as</strong> para a água, o clima, o solo e <strong>as</strong> plant<strong>as</strong>;<br />
mais modernamente, outros órgãos, como o DNEF, Departamento Nacional<br />
de Estrad<strong>as</strong> e Rodagens (DNER), Companhia Vale do São Francisco<br />
(C.V.S.F.), DNPRC, DNOS, Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il (BNB), Institutos<br />
particulares e Universidades p<strong>as</strong>saram a prestar a sua valiosa colaboração;<br />
mais fraca tem sido a atuação dos governos estaduais e d<strong>as</strong> prefeitur<strong>as</strong>.<br />
Grandes realizações foram empreendid<strong>as</strong> e, se maiores benefícios sociais e<br />
9
econômicos não resultaram del<strong>as</strong>, foi devido à independência administrativa,<br />
à pequena articulação de esforços e, com pouc<strong>as</strong> exceções, à imperfeita<br />
compreensão dos fatores humanos. Os órgãos técnicos e administrativos,<br />
que atuaram na região, não se fizeram cientes d<strong>as</strong> responsabilidades e conseqüênci<strong>as</strong><br />
de su<strong>as</strong> intervenções no processo da evolução geral.<br />
Os compromissados não se aperceberam de que a melhoria d<strong>as</strong> condições<br />
econômic<strong>as</strong> e sociais requer a colaboração de diferentes especialist<strong>as</strong><br />
para conhecer a realidade da situação cultural, do comportamento, do labor,<br />
dos hábitos familiares, d<strong>as</strong> crenç<strong>as</strong>, do equipamento, d<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> rurais e da<br />
contribuição d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> na renda. A falta de consulta às necessidades sentid<strong>as</strong>,<br />
localmente, pelo povo, para a elaboração dos planos do governo, desestimula<br />
a participação mais ativa dos sertanejos no êxito dos empreendimentos.<br />
A imposição de idéi<strong>as</strong> causa reação contrária pela interpretação do<br />
desprezo no valor e na importância da experiência alheia. A prioridade d<strong>as</strong><br />
carênci<strong>as</strong> sofrid<strong>as</strong> pelo matuto, supostamente ignorante, não é a mesma concebida<br />
pelo homem instruído, como diagnosticador dos males dos outros.<br />
Não se podem prever <strong>as</strong> modificações no procedimento da comunidade sujeita<br />
à interferência externa, porque não há lei que regule o desenvolvimento<br />
econômico. A profissão agrícola é um misto de arte, de ofício, de técnica, de<br />
costumes, de concepção de vida, na qual tomam parte não somente o solo, a<br />
água, <strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, os animais e o tempo, m<strong>as</strong> também os moradores da c<strong>as</strong>a,<br />
os vizinhos, os amigos, com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> qualidades e defeitos, su<strong>as</strong> superstições,<br />
opiniões e preponderânci<strong>as</strong>. O modo de pensar, de sentir e de trabalhar do<br />
rurícola é o resultado de uma continuação histórica, da herança do p<strong>as</strong>sado,<br />
do segregamento em que viveu, da conduta c<strong>as</strong>eira, da ferramenta de que<br />
dispõe, do grau de conhecimento e da imitação <strong>as</strong>similada de outr<strong>as</strong> sociedades.<br />
Por essa razão é que, nem sempre, certos grupos querem pagar o<br />
preço do progresso mediante o maior esforço, a divisão d<strong>as</strong> taref<strong>as</strong>, a disciplina<br />
e a mudança parcial do procedimento. A limitação no teto d<strong>as</strong> ambições<br />
da maioria iletrada, o esperar tudo da administração pública, não acendeu,<br />
na multidão desfavorecida, o desejo de vencer <strong>as</strong> dificuldades, a vontade de<br />
ultrap<strong>as</strong>sar <strong>as</strong> própri<strong>as</strong> deficiênci<strong>as</strong> pela iniciativa, pela operosidade, pela<br />
cooperação, pela curiosidade de aprender e pelo sacrifício inicial.<br />
10
Pelo nosso atr<strong>as</strong>o, não podemos culpar <strong>as</strong> raç<strong>as</strong> que não formaram nem<br />
os recursos naturais. Aproximadamente, a mesma potencialidade inerente de<br />
inteligência ocorre nos diversos grupos humanos para adiantar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições<br />
sociais. Os recursos naturais não são mais os elementos decisivos do<br />
progresso, porém os indicadores dos extremos que <strong>as</strong> coletividades podem<br />
alcançar. Se houve embaraços de ordem climática e geográfica, eles não seriam<br />
totalmente invencíveis pelo engenho humano mais cuidadosamente preparado.<br />
Se inevitável, a seca é, entretanto, corrigível. Nunca houve seca total,<br />
m<strong>as</strong> parcial. O Maranhão chuvoso é mais atr<strong>as</strong>ado do que o Ceará seco.<br />
As populações nordestin<strong>as</strong> ainda não encontraram a coincidência entre a<br />
cultura tradicional e os imperativos do ambiente; a sucessão dos fatos históricos<br />
não se harmonizou com a repetição d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> nem a técnica rotineira<br />
do trabalho agrícola se adaptou à vocação ecológica d<strong>as</strong> regiões naturais.<br />
Foi mais cômodo receber d<strong>as</strong> gerações p<strong>as</strong>sad<strong>as</strong> <strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong>, a rotina<br />
d<strong>as</strong> operações e continuar sem aperfeiçoamento, sem ensaiar técnic<strong>as</strong> nov<strong>as</strong><br />
e sem inventar melhores cabedais e processos. O equipamento do trabalho<br />
rural, criado pelos sertanejos, é demais rudimentar, sem manifestação do<br />
espírito inventivo que seria esperado da inteligência versátil evidenciada na<br />
sagacidade d<strong>as</strong> troc<strong>as</strong>, na habilidade artesanal e na facilidade da aprendizagem<br />
mecânica. Dir-se-ia que <strong>as</strong> inclinações mercantis são mais poderos<strong>as</strong> do<br />
que a vontade de produzir. A tendência de invocar direitos em vez de cumprir<br />
deveres, a pouca vocação de criar produções, a fraqueza no trabalho mútuo,<br />
o desprezo do aprender mais, o aceitar uma condição de vida como<br />
definitiva, o esmorecimento diante de uma situação adversa, momentânea,<br />
têm sufocado <strong>as</strong> forç<strong>as</strong> latentes dos indivíduos que os levariam a um plano<br />
de vida superior.<br />
O crescimento d<strong>as</strong> cidades interiores apen<strong>as</strong> em número de habitantes,<br />
sem o amparo d<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong>, sem o comércio de instrumentos e de materiais<br />
agrícol<strong>as</strong>, a deficiência de hospitais, de bancos e de colégios deixou os rurícol<strong>as</strong><br />
sem a prestação de serviços dos setores secundário e terciário, que<br />
lhes cabiam, em troca dos alimentos e d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> entregues aos<br />
centros urbanos. Na hora atual, não menos de 12 milhões de pesso<strong>as</strong> vivem<br />
11
d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> extrativ<strong>as</strong> e da pecuária. O ponto crucial do progresso<br />
situa-se ness<strong>as</strong> atividades e somente o esclarecimento desses <strong>as</strong>suntos no<br />
espírito dos homens que governam, que legislam, que ensinam, que industrializam,<br />
e que comerciam poderá criar uma frente comum de esforços para<br />
ultrap<strong>as</strong>sar os empecilhos.<br />
No v<strong>as</strong>to campo da agricultura, com a frustração de muitos anos de<br />
<strong>as</strong>sistência limitada, chegou-se à conclusão de que temos de bem considerar<br />
<strong>as</strong> regiões ecológic<strong>as</strong>, de conjugar o fomento com a educação, com a<br />
experimentação e com o ensino; m<strong>as</strong>, além disto, é imprescindível que os<br />
líderes do ruralismo se impregnem de um espírito messiânico, aceitem <strong>as</strong><br />
labut<strong>as</strong> como sacerdócio e adotem uma atitude moral de persistência, de<br />
resignação e de filantropia. Temos l<strong>as</strong>timado a falta de técnicos; entretanto,<br />
todos sentimos mais a ausência do ideal humanitário imbuído da cultura e<br />
da vontade.<br />
Os últimos 50 anos mostraram a conveniência de buscarmos, também,<br />
outros ângulos para os tem<strong>as</strong> obscuros, adotando o critério de ampla diversidade,<br />
e de elegermos os mais modestos. Assim, como não é fácil abdicarmos<br />
da suntuosidade para aceitarmos a modéstia, também não é simples<br />
deixarmos os grandes planos para adotarmos os program<strong>as</strong> mais baratos<br />
e despretensiosos. N<strong>as</strong> págin<strong>as</strong> seguintes, apresentaremos um <strong>as</strong>pecto<br />
da agricultura nordestina ainda muito desprezado: aquele d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />
xerófil<strong>as</strong>, ou seja, a aceitação da semi-aridez como vantagem. A agricultura<br />
de sustentação propagou-se nos ambientes meio-áridos, desadaptada,<br />
pela continuação da rotina e porque a maioria dos habitantes pobres<br />
tinha de comer du<strong>as</strong> vezes por dia; a ausência dos estudos de ecologia d<strong>as</strong><br />
regiões naturais que integram os oito Estados e a esc<strong>as</strong>sez dos ensaios<br />
para pesquisar outro tipo de lavoura, não tão submissa aos azares d<strong>as</strong><br />
chuv<strong>as</strong>, levaram os lavradores a insistir nos cultivos dos cereais nos ambientes<br />
impróprios, com rendimentos que baixam, em alguns anos, a 15%. O<br />
esforço de plantar du<strong>as</strong> e três vezes e colher migalh<strong>as</strong>, perdendo milhões<br />
de hor<strong>as</strong>-homens de labor, por ano, representa o maior fator de empobre-<br />
12
cimento. Não é somente o método rotineiro que diminui o rendimento, m<strong>as</strong>,<br />
principalmente, o trabalho em vão.<br />
As cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> gostam do solo e do clima como eles são, não<br />
requerem o artificialismo da irrigação, dispõem de larg<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> para expansão,<br />
são arbóre<strong>as</strong> superiores de reflorestamento, representam uma policultura<br />
br<strong>as</strong>ileira, dão produtos não muito comuns no Hemisfério Ocidental<br />
e são mercadori<strong>as</strong> de moed<strong>as</strong> fortes. M<strong>as</strong>, para alcançarmos o apogeu<br />
do sucesso, há de ampará-los a Ciência aplicada e objetiva da Botânica,<br />
da Genética, da Química, da Tecnologia e da comercialização vinculada,<br />
no campo, à experimentação rigorosa, à extensão rural sensata, ao ensino<br />
sério e ao fomento eficiente.<br />
Os agrônomos e os especialist<strong>as</strong>, para serem bem-sucedidos na forma<br />
de lavoura que não olha para o céu nem se apóia na água dirigida, carecem<br />
de ter fé em si mesmos e n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong>, de reconhecerem que lhes<br />
coube uma missão importante no quadro regional e de munirem-se da paciência<br />
beneditina para obtenção dos meios de trabalho e realizarem, conjuntamente,<br />
a tarefa. Ciência, Cultura, Ética.<br />
13
2 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A ECOLOGIA REGIONAL<br />
2.1 - Clima<br />
As condições da aridez de muit<strong>as</strong> regiões têm sido estudad<strong>as</strong> por diversos<br />
cientist<strong>as</strong> sob o <strong>as</strong>pecto meteorológico ou fisiográfico. Dentro d<strong>as</strong> especialidades,<br />
seus trabalhos contribuíram muito para esclarecer questões<br />
de ecologia. Acontece que, para o agrônomo, a ênf<strong>as</strong>e é colocada no ponto<br />
de vista ecológico ou no <strong>as</strong>pecto geral resultante do clima, da fisiografia e da<br />
edafologia em relação às plant<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> ou nativ<strong>as</strong>. Esta resultante ou a<br />
interação de todos esses fatores não é fácil de ser apreciada e cl<strong>as</strong>sificada<br />
em padrões comparáveis com os estudos feitos em regiões semi-árid<strong>as</strong> estrangeir<strong>as</strong>,<br />
porque no <strong>Nordeste</strong> os dados obtidos sobre clima, topografia,<br />
solos, vegetação são um pouco deficientes e não abrangem toda a área.<br />
A aridez tem sido julgada conforme o critério de cada especialista que<br />
estudou uma parte do mundo e, muit<strong>as</strong> vezes, os dados de investigações<br />
semelhantes, em países diferentes, não foram colhidos de maneira confrontável.<br />
Daí, a razão por que <strong>as</strong> denominações de regiões ecológic<strong>as</strong>, sec<strong>as</strong> e<br />
semi-árid<strong>as</strong>, do mundo, não demonstram relativa concordância.<br />
Depois que Koppen (ano de 1900) fez a primeira cl<strong>as</strong>sificação dos clim<strong>as</strong><br />
mundiais, apareceram <strong>as</strong> fórmul<strong>as</strong> de Martone, de Transeau, de Langa,<br />
de Van Royen, de Meyer, de Thornwaite, de Russel, de Mathews, de Gorczynski,<br />
de Stenz, de Boyko e de Emberger.<br />
M. Pichi-Sermolli (l) quer <strong>as</strong>sentar a denominação d<strong>as</strong> regiões sec<strong>as</strong> ou<br />
qu<strong>as</strong>e sec<strong>as</strong>, tropicais, na fisionomia dos tipos de vegetação, considerando<br />
<strong>as</strong> indicações do habitat e a composição florística. Hugo Boyko (2) se b<strong>as</strong>eia<br />
na determinação quantitativa dos dados climáticos, em zon<strong>as</strong> árid<strong>as</strong>, pelos<br />
métodos ecológicos d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>. As conclusões do Colóquio de Montpellier<br />
foram: “se nós considerarmos <strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> que têm sido feit<strong>as</strong> neste domínio,<br />
15
chegaremos à conclusão de que é impossível estabelecer uma cl<strong>as</strong>sificação<br />
racional partindo unicamente da vegetação e da flora”.<br />
F. R. Bharucha (3) , estudando o deserto de Raj<strong>as</strong>than, na Índia, julga que,<br />
tomando-se a vegetação para definir zon<strong>as</strong> climátic<strong>as</strong>, há necessidade de<br />
dados sobre precipitação, temperatura, velocidade dos ventos, pressão barométrica,<br />
etc. E diz textualmente:<br />
16<br />
However, investigations carried out in our laboratory to correlate<br />
the vegetation of India with its climate factors led us to retain <strong>as</strong><br />
the limit of the 10 inches isoyet, while the limit of the semi-arid<br />
zone is found to ex-tend up to the 30 inches isoyet and an annual<br />
diurnal temperature range above 10 o F. and up to 37 o F. , <strong>as</strong> against<br />
the 20 inches isoyet and the annual diurnal temperature range of<br />
18 o F. or more, <strong>as</strong> defined by Pramanik and his co-workers.<br />
Parece-nos que esse critério não é aplicável ao <strong>Nordeste</strong>, porquanto<br />
temos crises de seca com chuv<strong>as</strong> de 20 polegad<strong>as</strong> e <strong>as</strong> temperatur<strong>as</strong>, aqui,<br />
são muito mais elevad<strong>as</strong>.<br />
P. Delbés (4) , no estudo do clima da Síria, do Iraque e da Jordânia, cl<strong>as</strong>sifica<br />
como árid<strong>as</strong> <strong>as</strong> superfícies que recebem menos de 100mm de chuva, por<br />
ano, como semi-árid<strong>as</strong> aquel<strong>as</strong> compreendid<strong>as</strong> entre <strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> de 100 a<br />
300mm e como úmid<strong>as</strong> <strong>as</strong> de pluviosidade superior a 300mm. Esta escala<br />
não se enquadra nos c<strong>as</strong>os do <strong>Nordeste</strong>.<br />
Consultando-se a literatura científica sobre o clima, o solo e a vegetação<br />
d<strong>as</strong> regiões de chuv<strong>as</strong> esc<strong>as</strong>s<strong>as</strong>, do mundo, verifica-se que o <strong>Nordeste</strong> não é<br />
uniformemente semi-árido e não encontra cl<strong>as</strong>sificação nos padrões universais.<br />
Tomando-se <strong>as</strong> observações pluviométric<strong>as</strong> de Quixeramobim, Ceará,<br />
durante 48 anos, acha-se a média de 750mm anuais. O sertão paraibano,<br />
município de Souza, por exemplo, acusa a média de 750mm, por ano, em 20<br />
anos de observações. O agreste pernambucano, em Pesqueira, com precipitações<br />
medid<strong>as</strong> durante 25 anos, indica a média de 713mm, por ano. A caatinga<br />
alagoana, em 25 anos, apresenta a chuva média de 719mm. O agreste<br />
do Rio Grande do Norte e o agreste do Piauí estão compreendidos n<strong>as</strong>
isoiet<strong>as</strong> de 1.000mm, em 22 anos de medições. O seridó, Rio Grande do<br />
Norte, está incluído n<strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> abaixo de 600mm, n<strong>as</strong> observações de 22<br />
anos.<br />
Esses dados nos levam a desconfiar que <strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, sobre longos períodos,<br />
disfarçam ou confundem a interpretação do clima e a supor que urge<br />
indagar outros dados e métodos para esclarecer a anomalia meteorológica,<br />
como a violência d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, os di<strong>as</strong> e meses mais chuvosos em relação à<br />
queda pluviométrica do ano, a relação chuva total, anual, versus evaporação<br />
do mesmo ano, e ensaiar um meio de compor uma fórmula climática, com os<br />
fatores do solo e da vegetação para esse ambiente sui generis.<br />
Para demonstrar a violência d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, vamos transcrever, a seguir, os<br />
dados d<strong>as</strong> maiores chuv<strong>as</strong>, em Quixeramobim, Ceará, de 1910 a 1947.<br />
Chuv<strong>as</strong>, Dat<strong>as</strong> Duração<br />
em mm d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong><br />
95,0mm ........................... 19-março-1917 .......................... 9:45<br />
118,7 ” ............................. 1-janeiro-1919 ........................... 5:00<br />
102,5 ” ............................. 3-abril-1927 ............................... 3:52<br />
93,5 ” ............................. 29-abril-1932 ............................. 10:50<br />
179,8 ” ............................. 6-março-1936 ............................ 9:32<br />
(José Augusto Nóbrega - Observador)<br />
Os anos de 1919 e 1932 foram considerados secos e, no entanto, em<br />
Quixeramobim, choveu 118,7mm, durante 5 hor<strong>as</strong>, em 1919, e 93,5mm durante<br />
10,50 hor<strong>as</strong>, em 1932.<br />
Outro <strong>as</strong>pecto da anomalia pluviométrica está na desproporção d<strong>as</strong> precipitações<br />
no dia mais chuvoso do mês de pluviosidade mais alta em relação<br />
ao total do mesmo ano considerado seco:<br />
17
18<br />
Paraíba - Município de Souza - Açude São Gonçalo<br />
Ano de 1941 (considerado seco)<br />
Chuva total do ano ............................................ 674mm<br />
Chuva total do mês de março ............................. 309mm (45% do ano)<br />
Chuva total do dia 6 de março ........................... 125mm (40% do mês)<br />
Ano de 1942 (considerado seco)<br />
Chuva total do ano ............................................ 468mm<br />
Chuva total do mês de abril ............................... 207mm (44% do ano)<br />
Chuva total do dia 10 de abril ............................. 93 mm (44% do mês)<br />
Ano de 1951 (considerado seco)<br />
Chuva total do ano ............................................ 726mm<br />
Chuva total do mês de abril ............................... 317mm (43% do ano)<br />
Chuva total do dia 23 de abril ........................... 115mm (36% do mês)<br />
Ano de 1953 (considerado seco)<br />
Chuva total do ano ............................................ 563mm<br />
Chuva total do mês de março ............................. 254mm (45% do ano)<br />
Chuva total do dia 26 de fevereiro ..................... 113mm<br />
Ano de 1958 (considerado seco)<br />
Chuva total do ano ............................................ 535mm<br />
Chuva total do mês de março ............................. 275mm (51% do ano)<br />
Chuva total do dia 23 de março ......................... 127mm (46% do mês)<br />
Pode-se dizer que, nos anos considerados como secos, o mês mais chovido<br />
representa, em mm, cerca da metade da precipitação do ano, e que o<br />
dia mais chuvoso concorre com qu<strong>as</strong>e a metade da água caída no mês.<br />
Outra particularidade d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> é que não é o total da precipitação e,<br />
sim, a sua distribuição que caracteriza a seca: em São Gonçalo, Paraíba,<br />
em 1950, choveu 589mm e houve bo<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>; em 1953, caíram 563 mm e<br />
o ano foi ruim para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>. Os gráficos d<strong>as</strong> precipitações pluviométric<strong>as</strong><br />
d<strong>as</strong> regiões naturais do <strong>Nordeste</strong> apresentados neste trabalho evidenciam<br />
<strong>as</strong> irregularidades d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.
2.2 - Provável Índice de Aridez Pela Relação da<br />
Precipitação Versus Evaporação<br />
Para termos uma idéia do grau de secura d<strong>as</strong> regiões naturais do <strong>Nordeste</strong><br />
experimentamos achar expressões numéric<strong>as</strong> que nos permitissem conhecer,<br />
com alguma aproximação, como os ambientes se escalonam desde a<br />
aridez máxima (10) até a umidade mais acentuada, inferior a 1. Não existem<br />
observações meteorológic<strong>as</strong> em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> regiões, porém tomamos os dados<br />
existentes de chuva e evaporação. Veremos, abaixo, a título provisório, a<br />
série conseguida:<br />
Região<br />
Chuva Evap. Relação<br />
média média chuva<br />
mm mm evap.<br />
Seridó - Cruzeta - RN (1933-38) (1940-46) .. 497 2.975 1 : 5,8<br />
Seridó - Ceará - Quixeramobim (1912-58) ..... 750 1.898 1 : 2,5<br />
Caatinga - Pernambuco - P. A. R. S. Francisco<br />
Floresta (1939-58) ......................................... 395 1.897 1 : 4,8<br />
Caatinga - Monteiro - Paraíba (1942-54) ....... 489 1.740 1 : 3,6<br />
Caatinga - Paratinga - Bahia (1947-55) .......... 659 2.135 1 : 3,24<br />
Caatinga - Barra - Bahia (1946-54) ................ 692 1.716 1 : 2,5<br />
Caatinga - Juazeiro - Ceará (1940-54) ........... 800 2.054 1 : 2,5<br />
Caatinga - Ibipetuba - Bahia (1945-55) .......... 844 1.831 1 : 2,2<br />
Sertão - Souza - Paraíba (1939-58) ............... 750 1.865 1 : 2,5<br />
Sertão - Iguatu - Ceará<br />
Agreste - RN - Natal (1940-57) ..................... 1.038 2.084 1 : 2,0<br />
Agreste - Conquista - Bahia (1931-54) ........... 680 1.193 1 : 1, 8<br />
Agreste - Pesqueira - Pernambuco (1912-43) . 713 1.220 1 : 1,7<br />
Agreste - Jacobina - Bahia (1945-55) ............. 893 1.379 1 : 1,5<br />
Agreste - Jaguaquara - Bahia .......................... 620 859 1 : 1, 3<br />
Agreste - Itaberaba - Bahia (1954) ................. 942 1.247 1 : 1,3<br />
Mata - Itabaianinha - Sergipe (1945-55) ......... 997 1.010 1 : 1,1<br />
Mata - Ibura - Pernambuco (1945-57) ........... 1.500 1.282 1 : 0,9<br />
Mata - Aracaju-Sergipe (1945-55) ................. 1.274 1.146 1 : 0,9<br />
19
Mata - Cruz d<strong>as</strong> Alm<strong>as</strong>-Bahia (1950-55) ........ 935 785 1 : 0,8<br />
Mata - Maceió-Alago<strong>as</strong> (1923-54) ................ 1.300 1.033 1 : 0,7<br />
Mata - Teresina - Piauí (1911-54)................... 1.390 1.054 1 : 0,7<br />
Mata -.Ondina - Bahia (1945-55) ................... 1.831 960 1 : 0,5<br />
Fontes: Serviço de Meteorologia. M.A. – Rio<br />
Instituto de Meteorologia - Salvador-Bahia<br />
Serviço Agroindustrial.<br />
Luis Emberger (5) põe em discussão a fórmula de Mangenot para a determinação<br />
da aridez dos clim<strong>as</strong> do Norte da África.<br />
20<br />
A fórmula tem a seguinte expressão:<br />
donde P= precipitação anual<br />
Ms= a média d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> dos meses<br />
secos (menos de 50 mm)<br />
ns= Número de meses secos<br />
Ux= Umidade relativa, anual, máxima.<br />
Un= Umidade relativa, anual, mínima.<br />
O autor considera os índices 0 a 1 como significativos de deserto; 1 a 4<br />
como clima sudanês; 4 a 7 como florestal mesófilo; e 7 a 10 como florestal<br />
higrófilo.<br />
Poderíamos tentar o emprego desta fórmula às regiões naturais do <strong>Nordeste</strong>,<br />
introduzindo nela fatores de correção representativos d<strong>as</strong> condições<br />
do solo e da vegetação.<br />
Assim, a infiltração e a acumulação da água d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> no solo seriam<br />
express<strong>as</strong> em função da profundidade, da permeabilidade e da topografia<br />
julgad<strong>as</strong> na escala de 1 a 10, cada uma, tirando-se a média que representaria<br />
<strong>as</strong> propriedades físic<strong>as</strong> do solo, grosso modo, da região em estudo. A vegetação,<br />
observada na cobertura superficial do solo e no conjunto da flora mais<br />
alta, quanto à densidade, porte, grau de proteção, <strong>as</strong>pecto verde com duração<br />
maior ou menor e sua influência sobre o run-off, seria interpretada na<br />
escala de 1 a 10, conforme o julgamento da região a ser cl<strong>as</strong>sificada.
Estes números, expressando o solo e a vegetação, seriam adicionados à<br />
fórmula, dividindo-se o produto por 3 (integração de clima, solo e vegetação).<br />
Tentaremos, em seguida, apresentar a aplicação da fórmula de Mangenot,<br />
com os prováveis corretivos, buscando o enquadramento de algum<strong>as</strong><br />
regiões naturais do <strong>Nordeste</strong> (onde há observações meteorológic<strong>as</strong>), numa<br />
tabela de cl<strong>as</strong>sificação de aridez, como a sugerida a seguir:<br />
Índice Clima<br />
0 - 2 seco<br />
2, 1 - 4 semi-árido<br />
4, 1 - 6 irregularmente árido<br />
6, 1 - 8 subúmido<br />
8, 1 - 10 úmido<br />
Seridó R. G. Norte-Observ. Meteor. da Est. Exp. Cruzeta. 1930-55<br />
Chuva média anual ................................................................. 497mm<br />
Chuva média dos meses mais secos ....................................... 7mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima ............................................ 85%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................. 36%<br />
N o de meses mais secos (menos de 50mm)............................. 8<br />
Solo: erodido, pedregoso, r<strong>as</strong>o, desnudo, ondulado ............... 3<br />
Vegetação: muita esparsa, má cobertura, seca no verão. ......... 3<br />
Dessa forma, ensaiaremos o uso da fórmula para a região do seridó, Rio<br />
Grande do Norte (Observ. da Estação Experimental de Cruzeta).<br />
Seridó cearense - Observ. Meteor. de Quixeramobim - 1910-58<br />
Chuva média anual ................................................................... 750mm<br />
Chuva média dos meses mais secos (-50mm) ........................... 10mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />
21
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 42%<br />
N o de meses mais secos (menos de 50mm)............................... 8<br />
Solo: argilo-silicoso, inclinado, parte erodido, inclinado. ............ 4<br />
Vegetação: arbórea, arbustiva e r<strong>as</strong>teira, esparsa,<br />
pouca cobertura, seca no verão .............................................. 4<br />
Caatinga - Petrolina - Pernambuco - 1943-46<br />
Chuva média anual ... ............................................................... 336mm<br />
Chuva média meses mais secos (menos de 50mm) ................... 12mm<br />
N o. de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 9mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 76%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 30%<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 4<br />
Índice de aridez = 3,8<br />
Caatinga- Floresta -Pernambuco-Observ.do P. A. do Rio S.Francisco -<br />
1939 a 1958<br />
Chuva média anual ................................................................... 395mm<br />
Chuva média meses mais secos (menos de 50mm) ................... 11mm<br />
N o. de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 9mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 92%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 32%<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 4<br />
Índice de aridez = 3,9<br />
22
Caatinga - Paratinga - Bahia - Observ. de 1947 a 1955<br />
Chuva anual, média .................................................................. 659mm<br />
Chuva média, meses mais secos (menos de 50 mm) .... ............ 4 mm<br />
N o. de meses mais secos (menos de 50 mm) ............................. 7mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 86%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 48%<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 5<br />
Índice de aridez = 4,6<br />
Caatinga - Ibipetuba - Bahia - Observ. de 1945 a 1955<br />
Chuva anual média ................................................................... 844mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 10mm<br />
N o. de meses mais secos .......................................................... 8mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 87%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 45%,<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 5<br />
Índice de aridez = 4,9<br />
Caatinga - Barra - Bahia - Observ. de 1946 a 1954<br />
Chuva média, anual .................................................................. 692mm<br />
Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 15mm<br />
N o. de meses mais secos .......................................................... 8mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 43%<br />
Fator solo ................................................................................ 5<br />
Fator vegetação ....................................................................... 4<br />
Índice de aridez = 5,00<br />
23
Caatinga - Propriá - Sergipe - Observ. Meteor. de 1947-57<br />
Chuva média, anual .................................................................. 825mm<br />
Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 20mm<br />
N o de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 6mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 88%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 54%<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 4<br />
Índice de aridez = 5,1<br />
Caatinga - Nova Cruz - R.G. do Norte - Observ. de 1913-54<br />
Chuva média anual ................................................................... 812mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 12mm<br />
N o. de meses mais secos (menos de 50mm).............................. 6mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 92%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 62%<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 4<br />
Índice de aridez = 5,6<br />
Caatinga litorânea-CE. Observ. Meteor. de Parangaba 1913-37<br />
Chuva média, anual (isoieta do litoral) ...................................... 900mm<br />
Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 20mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 6mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 95%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 67%<br />
Fator solo ................................................................................ 5<br />
Fator vegetação ....................................................................... 5<br />
Índice de aridez = 6,2<br />
24
Sertão - Souza - Paraíba - Observ. do Inst. A. Trindade - 1939-58 Ano<br />
de 1943 (mais seco)<br />
Chuva anual ............................................................................. 463mm<br />
Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 12mm<br />
N o de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 9mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 85%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 50%<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 5<br />
Índice de aridez = 4,5<br />
Sertão - Souza - Paraíba - 1947 (ano mais chuvoso)<br />
Chuva anual ............................................................................. 1.425mm<br />
Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 15mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 7mm<br />
Umidade relativa, máxima ........................................................ 90%<br />
Umidade relativa, mínima ......................................................... 53%<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 5<br />
Índice de aridez = 5,8<br />
Agreste - Conquista - Bahia. Observ. Meteor. de 1931-54<br />
Chuva média, anual .................................................................. 680mm<br />
Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 18mm<br />
N o de meses mais secos ........................................................... 6mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 98%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 38%<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 5<br />
Índice de aridez = 5,00<br />
25
Agreste - Pesqueira - Pernambuco. Observ. Meteor. de 1912-43<br />
Chuva anual média ................................................................... 713mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 20mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 8mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 53%<br />
Fator solo ................................................................................ 4<br />
Fator vegetação ....................................................................... 5<br />
Índice de aridez = 5,5<br />
Agreste - Jaguaquara - Bahia. Observ. Meteor. de 1945-58<br />
Chuva média, anual .................................................................. 620mm<br />
Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 24mm<br />
N o de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 7mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 88%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 60%<br />
Fator solo ................................................................................ 5<br />
Fator vegetação ....................................................................... 5<br />
Índice de aridez = 6,4<br />
Agreste - R. G. do Norte. Observ. Meteor. de Natal 1940-57<br />
Chuva média, anual (isoieta do agreste) ....................................1.038mm<br />
Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 28mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 8mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 98%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 67%<br />
Fator solo ................................................................................ 5<br />
Fator vegetação ....................................................................... 5<br />
Índice de aridez = 7,0<br />
26
Mata - Pedra Branca -Alago<strong>as</strong>. Observ. Meteor. de 1929-50<br />
Chuva média anual ................................................................... 1.153mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 16mm<br />
N o. de meses mais secos .......................................................... 5mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 92%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 61%<br />
Fator solo ................................................................................ 5<br />
Fator vegetação ....................................................................... 6<br />
Índice de aridez = 7,0<br />
Mata - Guarabira - Paraíba. Observ. Meteor. de 1912-51<br />
Chuva média anual ................................................................... 1.035mm<br />
Chuva média mensal (meses de menos de 50mm) ..................... 16mm<br />
N o de meses com menos de 50mm ........................................... 5mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 94%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 63%<br />
Fator solo ................................................................................ 5<br />
Fator vegetação ....................................................................... 6<br />
Índice de aridez = 7,0<br />
Mata - Teresina -Piauí. Observ. Meteor. de 1911-54<br />
Chuva média anual ...................................................................1.390mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 14mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 5mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 92%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 50%<br />
Fator solo ................................................................................ 6<br />
Fator vegetação ....................................................................... 6<br />
Índice de aridez = 7,0<br />
27
Mata - Cruz d<strong>as</strong> Alm<strong>as</strong> - Bahia. Observ. Meteor. de 1950-55<br />
Chuva média anual ................................................................... 935mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 23mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 4mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 86%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 65%<br />
Fator solo ................................................................................ 5<br />
Fator vegetação ....................................................................... 6<br />
Índice de aridez = 7, 7<br />
Mata - Itabaianinha -Sergipe. Observ. Meteor. de 1945-58<br />
Chuva média anual ................................................................... 997mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 25mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 4mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 69%<br />
Fator solo ................................................................................ 5<br />
Fator vegetação ....................................................................... 6<br />
Índice de aridez = 8, 2<br />
Mata -Aracaju - Sergipe. Observ. Meteor. de 1945-55<br />
Chuva média anual ................................................................... 1.274mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 23mm<br />
N o de meses mais sacos........................................................... 4mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 84%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 69%<br />
Fator solo ................................................................................ 6<br />
Fator vegetação ....................................................................... 6<br />
Índice de aridez = 8, 8<br />
28
Mata - Maceió - Alago<strong>as</strong>. Observ. Meteor. de 1923-54<br />
Chuva média anual (isoieta) ......................................................1.300mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 25mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 4mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 65%<br />
Fator solo ................................................................................ 6<br />
Fator vegetação ....................................................................... 7<br />
Índice de aridez = 9,0<br />
Mata - Ondina - Bahia. Observ. Meteor. de 1945-55<br />
Chuva média anual ................................................................... 1.831mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 21mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 3mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 88%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 71%<br />
Fator solo ................................................................................ 5<br />
Fator vegetação ....................................................................... 6<br />
Índice de aridez = 9, 2<br />
Mata - Ibura - Pernambuco. Observ. Meteor. de 1944-47<br />
Chuva média anual (isoieta) ...................................................... 1.500mm<br />
Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 27mm<br />
N o de meses mais secos........................................................... 4mm<br />
Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 95%<br />
Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 70%<br />
Fator solo ................................................................................ 6<br />
Fator vegetação ....................................................................... 7<br />
Índice de aridez = 9,8<br />
29
30<br />
M A T A<br />
CAATINGA<br />
SERIDÓ<br />
? CARRASCO<br />
10<br />
9 ÚMIDO 9<br />
7<br />
SUB<br />
ÚMIDO<br />
8<br />
7<br />
IRREGULARMENTE<br />
5<br />
ÁRIDO<br />
5<br />
SEMI<br />
3 3<br />
ÁRIDO<br />
1<br />
SECO<br />
6<br />
4<br />
2<br />
1<br />
0<br />
CERRADO ?<br />
AGRESTE<br />
SERTÃO<br />
CARRASCO ?<br />
Figura 1 - Ensaio de cl<strong>as</strong>sificação do grau de aridez d<strong>as</strong> regiões<br />
naturais do <strong>Nordeste</strong>
2.3 - Vegetação – Xerofilismo<br />
A geologia, os fósseis e <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> parecem indicar<br />
que o <strong>Nordeste</strong> foi úmido nos milênios p<strong>as</strong>sados. A erosão geológica, os<br />
sedimentos areníticos e de seixos rolados, aqui e ali, <strong>as</strong> árvores e os animais<br />
fossilizados, encontrados nos aluviões, no curimataú, no Cretáceo, e na morfologia<br />
dos vegetais arbóreos e arbustivos são sintom<strong>as</strong> de uma modificação<br />
lenta do ambiente, que ensejou uma adaptação às condições evolutiv<strong>as</strong>. Os<br />
sinais de movimentos terrestres, demonstrados n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, <strong>as</strong> pedr<strong>as</strong> roliç<strong>as</strong><br />
entremead<strong>as</strong> de materiais carreados, os peixes estampados dentro dos arenitos,<br />
<strong>as</strong> ossad<strong>as</strong> de animais pré-históricos, constatad<strong>as</strong> inúmer<strong>as</strong> vezes, e os<br />
estudos da morfologia d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, revelando a redução na superfície d<strong>as</strong><br />
falh<strong>as</strong>, a presença dos espinhos, os caules suberosos e a existência de reserv<strong>as</strong><br />
abundantes de nutrientes nos caules engrossados e n<strong>as</strong> “batat<strong>as</strong>” d<strong>as</strong><br />
raízes de divers<strong>as</strong> espécies da flora nativa, nos levam a acreditar que pode<br />
ter havido uma transição do regime antigo, chuvoso ou de presença d’água,<br />
para o atual, de irregularidade pluviométrica, de sec<strong>as</strong> e de chei<strong>as</strong>, condição<br />
mais ou menos anfíbia.<br />
As plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> são aquel<strong>as</strong> que toleram a esc<strong>as</strong>sez d’água, que fogem<br />
aos efeitos da deficiência hídrica ou que resistem à seca. El<strong>as</strong> podem ser<br />
cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> em 3 tipos, conforme o modo como conseguem sobreviver:<br />
1) efêmer<strong>as</strong>; 2) suculent<strong>as</strong> ou carnos<strong>as</strong>; 3) lenhos<strong>as</strong>.<br />
As efêmer<strong>as</strong> são plant<strong>as</strong> cujo ciclo vegetativo não ultrap<strong>as</strong>sa algum<strong>as</strong><br />
seman<strong>as</strong> ou meses, que aproveitam a estação chuvosa para a germinação, o<br />
crescimento, a floração, a frutificação, e desaparecem com a seca. El<strong>as</strong> podem<br />
crescer até 1m ou mais de altura ou restringir o desenvolvimento a poucos<br />
centímetros, dependendo da quantidade e da distribuição d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>;<br />
reproduzem-se por sementes, por meio de rizom<strong>as</strong> ou de bulbos, sob o solo,<br />
com a germinação ou brotação favorecida pel<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> precipitações; são<br />
capazes de escapar às crises d’água, regulando o crescimento e soltando <strong>as</strong><br />
sementes, mais cedo ou mais tarde, para garantir a perpetuação d<strong>as</strong> espécies.<br />
Entre <strong>as</strong> efêmer<strong>as</strong> mais comuns, podemos citar algum<strong>as</strong> gramíne<strong>as</strong>: o<br />
31
capim-mimoso (Anthephora hermaphrodita, Kuntze, Trinuacum hermaphrodita,<br />
Linn., Anthephora elegans, Schreb.), o capim-pan<strong>as</strong>co (Aristida<br />
setifolia, H.B.K., /A. arenaria, Trin.); <strong>as</strong> leguminos<strong>as</strong> ligeir<strong>as</strong>: o feijão-de-boi<br />
(Crotalaria incana, Linn), o carrapicho (Meibomia pabularis, Hoene); <strong>as</strong><br />
Amalaridace<strong>as</strong> bulbos<strong>as</strong>: cebola-brava (Amaryllis Belladona, Linn), <strong>as</strong><br />
Amarantace<strong>as</strong> r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>: quebra-panela (Alternanthera br<strong>as</strong>ililiana, Moq.,<br />
A. dentata) e muit<strong>as</strong> outr<strong>as</strong>.<br />
As suculent<strong>as</strong> são plant<strong>as</strong> com caules e falh<strong>as</strong> carnos<strong>as</strong>, de tecido esponjoso<br />
ou mucilaginoso, aquoso, com viscosidade no protopl<strong>as</strong>ma d<strong>as</strong> célul<strong>as</strong><br />
em condições de suportar o murchamento, com falh<strong>as</strong> de cutícula espessa ou<br />
serosa e estômatos protegidos para diminuir a transpiração, provid<strong>as</strong> com<br />
raízes fibros<strong>as</strong> e superficiais para absorverem o orvalho, a neblina (n<strong>as</strong> altitudes<br />
elevad<strong>as</strong>) e <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, com órgãos aéreos dotados da capacidade<br />
de sugar a umidade do ar, à noite, n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>. Como exemplos de<br />
vegetais suculentos, xerófilos, podemos mencionar <strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>: a palma forrageira<br />
(Opuntia ficus indica inerme, Dr. Tomaz Pompeu Sobrinho), o quipá<br />
(Opuntia inamoema, K. Schum), o xiquexique (Pilocereus setosus,<br />
Guerke) e muit<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> espécies perenes, tenr<strong>as</strong> e xerófil<strong>as</strong>.<br />
As xerófil<strong>as</strong> lenhos<strong>as</strong> são árvores e arbustos, de vida longa, de estrutura<br />
celulósica, de falh<strong>as</strong> caduc<strong>as</strong> no verão (algum<strong>as</strong> possuem falh<strong>as</strong> permanentes),<br />
de caules e galhos, às vezes, revestidos com camad<strong>as</strong> suberos<strong>as</strong> isolantes<br />
do calor solar, de falh<strong>as</strong> dotad<strong>as</strong> com mecanismo controlador da transpiração<br />
por meio do limbo coreáceo ou seroso, de superfície tomentosa, estômatos<br />
contráteis n<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> quentes para reduzir a transpiração, provid<strong>as</strong> de<br />
raízes profund<strong>as</strong> em busca da água do subsolo e acumulação de reserv<strong>as</strong><br />
nutritiv<strong>as</strong> nos órgãos subterrâneos e nos caules engrossados para o nutrimento<br />
do vegetal nos períodos secos. A menor freqüência dos estômatos n<strong>as</strong><br />
falh<strong>as</strong>, <strong>as</strong> paredes gross<strong>as</strong> d<strong>as</strong> célul<strong>as</strong>, a linificação na esclerofila derivada<br />
dos açúcares e taninos, a condensação dos ácidos gordurosos para formar<br />
uma espessa cutícula epidérmica são c<strong>as</strong>os de xeromorfismo.<br />
O fenômeno da elaboração e do armazenamento de reserv<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>,<br />
para <strong>as</strong> époc<strong>as</strong> de esc<strong>as</strong>sez hídrica, opera em du<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es: uma de intensa<br />
atividade vegetativa e outra de aparente dormência; na primeira, a folhagem<br />
32
d<strong>as</strong> árvores e dos arbustos elabora, por meio da clorofila, da luz solar, do ar<br />
e da umidade, <strong>as</strong> substânci<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong>, com os elementos sugados pel<strong>as</strong><br />
raízes e aqueles sintetizados n<strong>as</strong> falh<strong>as</strong>. Nos meses chuvosos, há uma elaboração<br />
de seiva superior ao Consumo e este excesso é depositado nos<br />
v<strong>as</strong>os do caule e nos “xilopódios” d<strong>as</strong> raízes e são compostos orgânicominerais,<br />
n<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de mucilagens, de ácidos, de tanino, de glucose, de<br />
água, etc. Na estação seca ou nos períodos sem chuv<strong>as</strong> locais, a maioria<br />
dos vegetais perde <strong>as</strong> falh<strong>as</strong> para economizar água, paralisa a função clorofiliana<br />
e o panorama torna-se cinzento, com uma ou outra planta verde,<br />
graç<strong>as</strong> ao controle rígido da transpiração aquosa com o fechamento dos<br />
estômatos.<br />
Quando aparecem <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, com a elevação do grau de<br />
umidade, temperatura mais amena, a vegetação xerófila mobiliza <strong>as</strong> reserv<strong>as</strong><br />
alimentíci<strong>as</strong>, acumulad<strong>as</strong> nos “xilopódios” e nos caules, com a transmigração<br />
para os galhos, formação de folh<strong>as</strong> e de flores, verdadeira ressurreição<br />
operada no curto espaço de 8 di<strong>as</strong>, ficando o ambiente verde, bonito<br />
e sombreado. A flora desse clima irregular apresenta um <strong>as</strong>pecto cinzento<br />
e melancólico, n<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, e outro vivo e verde, com <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.<br />
Além desse mecanismo regulador da atividade fisiológica e da dormência,<br />
há um outro que funciona na estação úmida por intermédio da abertura<br />
e do fechamento dos estômatos d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>. O botânico Mário G. Ferri em<br />
“Balanço de água de plant<strong>as</strong> da caatinga”, fez o estudo da transpiração do<br />
umbuzeiro (Spondia tuberosa), do faveleiro (Cnidosculos phyllacanthus,<br />
Pax e Ka Hoffman), (Jatropha phyllacantha, Mussel), do bonomeiro<br />
(Maytenus rigida, Mart.) e da catingueira (Caesalpinia pyramidalis, Tul.),<br />
no mês de abril, na caatinga de Paulo Afonso. Determinou que, para o<br />
umbuzeiro, há aproveitamento de luz desde <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> da manhã,<br />
quando existe maior umidade atmosférica, e que o máximo de transpiração<br />
se dá às 9 hor<strong>as</strong> da manhã, iniciando, após, o fechamento dos estômatos.<br />
Assim, o umbuzeiro, mesmo em abril, período chuvoso, é forçado a restringir<br />
o consumo d’água. O bonomeiro tem um comportamento de transpiração<br />
semelhante ao do umbuzeiro. A catingueira, no mês de abril, apresentou,<br />
nos estudos de Ferri, uma transpiração livre durante todo o dia. A fa-<br />
33
veleira transpira o máximo ao meio-dia, fecha os estômatos n<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> mais<br />
quentes, para reabrí-los depois d<strong>as</strong> 16 hor<strong>as</strong>.<br />
A irregularidade d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> torna a estação seca variável desde 4 meses<br />
até um ano, em alguns municípios. M<strong>as</strong> esta seca não e geral para o <strong>Nordeste</strong>:<br />
às vezes, chove em determinado ponto e não chove no município vizinho.<br />
As espécies típic<strong>as</strong> de árvores xerófil<strong>as</strong> são, entre outr<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>; a maniçobeira<br />
(Manihot Glaziovil, Muell, Manihot piauhyensis, Ule), a oiticica<br />
(licania rigida, Benth, Pleuragina umbrosissima, A. Cam), a embiratanha,<br />
(Bombax sp.), a banha de galinha (Machaerium sp), etc. Dos arbustos citaremos<br />
o mofumbo (Combretum Leprosum, Mart.), e o marmeleiro (Croton<br />
hemiargyreus, Muell).<br />
Tudo indica que o clima ensolarado (3.000 hor<strong>as</strong> de luz solar, por ano), a<br />
temperatura alta (médi<strong>as</strong> d<strong>as</strong> mínim<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> de 209 o C a 304 o C,<br />
com exceção d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>), a intermitência da pluviosidade, junto com os solos<br />
de limitada capacidade hídrica, tornaram o interland mais adequado para <strong>as</strong><br />
árvores e os vegetais perenes do que para plant<strong>as</strong> anuais ou herbáce<strong>as</strong>. Ao<br />
lavrador compete tirar partido dessa adaptação, dando preferência às cultur<strong>as</strong><br />
permanentes, de árvores que protegem o solo, que podem ser enraizad<strong>as</strong><br />
de uma vez, nos anos bons, que formam patrimônios e que dão safr<strong>as</strong> mais<br />
regulares n<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>.<br />
A ecologia do <strong>Nordeste</strong> e formadora de arvores; a economia d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />
alimentíci<strong>as</strong>, anuais, terá de ser reforçada, na fazenda, com o algodão<br />
mocó, com a oiticica, <strong>as</strong> carnaubeir<strong>as</strong>, os cajueiros, <strong>as</strong> palm<strong>as</strong>, os agaves, <strong>as</strong><br />
maniçob<strong>as</strong>, <strong>as</strong> manipeb<strong>as</strong>, conforme <strong>as</strong> condições locais de solo, de clima,<br />
de mercados, etc.<br />
As condições ambientais parecem estimular, na flora, uma síntese mais<br />
acentuada da celulose, da linha e dos cerídeos em proporção maior; e daí a<br />
ocorrência d<strong>as</strong> espécies arbóre<strong>as</strong> e arbustiv<strong>as</strong>, lenhos<strong>as</strong>, em maior proporção<br />
do que <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> herbáce<strong>as</strong> e anuais.<br />
Focalizando mais particularmente essa evolução, nos seus feitos sabre a<br />
flora, verificamos que o xerofilismo n<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> representa, para a agricultura,<br />
uma grande vantagem.<br />
34
37<br />
Xerofilismo. Desenhos da raiz do mussambê e dos seus tecidos internos (aumentados), com reserv<strong>as</strong> de seiva.
38<br />
Xerofilismo. Mudinha de faveleiro com xilopódio de nutrientes e a estrutura d<strong>as</strong> célul<strong>as</strong> armazenador<strong>as</strong>.
Os estudos de solos e da flora e <strong>as</strong> observações meteorológic<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong><br />
já revelaram que essa parte do Br<strong>as</strong>il não é uniforme n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições<br />
físic<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> que há diferenciações, em grupos de municípios, que formam<br />
ambientes ecológicos com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> nuances acentuad<strong>as</strong>. Aquela opinião<br />
antiga de um <strong>Nordeste</strong> igualmente semi-árido não resistiu aos exames mais<br />
detalhados. E muitos erros foram cometidos em nome da aridez generalizada.<br />
E entre eles está a adoção da solução hidráulica, geral, que não deu os<br />
frutos esperados, porque a água não é o fator mais importante no progresso<br />
da região. Às vezes, o é, m<strong>as</strong>, em outro ano, não o é. Se a água tivesse a<br />
importância primordial no adiantamento do povo, como muitos pregam, <strong>as</strong><br />
margens dos rios S. Francisco e Parnaíba seriam dois jardins. E são dois<br />
desertos. O Ceará meio seco não é mais próspero do que o Maranhão chuvoso?<br />
Se o <strong>Nordeste</strong>, por hipótese, se torn<strong>as</strong>se regularmente chuvoso, o<br />
povo continuaria pobre. O pauperismo é um fator de retardamento mais importante<br />
do que a seca. Nós temos exagerado muito a influência d<strong>as</strong> crises<br />
climátic<strong>as</strong> no atr<strong>as</strong>o do Polígono. As condições advers<strong>as</strong> do meio não têm<br />
mais tanto poder inibitivo de progresso, na era moderna, com os conhecimentos<br />
e o instrumental científico à disposição do homem. Dizendo de outro<br />
modo, os recursos naturais não são mais, hoje, os fatores decisivos do desenvolvimento<br />
econômico, como aconteceu nos séculos p<strong>as</strong>sados. Alguns<br />
exemplos ilustram bem essa afirmação: 1) Islândia e Dinamarca; a primeira é<br />
mais rica de solos, de minérios, de clima e possui maior área; a Dinamarca é<br />
menor, solo menos fértil, sem recursos minerais, com clima mais frio e ventos<br />
prejudiciais e, no entanto, os dinamarqueses têm uma renda per capita mais<br />
elevada e melhor padrão de vida; 2) G<strong>as</strong>conha e Bretanha, du<strong>as</strong> provínci<strong>as</strong><br />
da França; (a de menos recursos naturais é a mais progressiva) Israel: pais<br />
pequeno, seco, sem petróleo, deficiente em minérios e, apesar disso, os judeus<br />
têm prosperado e melhorado o seu modo de vida; 4) Península Ibérica:<br />
séculos XV e XVI descobert<strong>as</strong> da América e do Br<strong>as</strong>il, exploração de madeir<strong>as</strong>,<br />
diamantes, ouro, prata, etc., retirados do Br<strong>as</strong>il, do México e do<br />
Peru; séculos XVIII e XIX, decadência. Na atualidade, o fator poderoso de<br />
progresso é a vontade do povo de trabalhar, de vencer <strong>as</strong> dificuldades, de<br />
triunfar sobre os empecilhos, é a decisão de aprender mais, de renovar os<br />
39
conhecimentos, de cooperar, de ajudar os governos, de poupar para formar<br />
capitais, é a consciência de empregar bem os investimentos, de zelar pelos<br />
interesses coletivos e, sobretudo, de melhorar constantemente a educação<br />
da m<strong>as</strong>sa, mantendo-a bem informada sobre os processos tecnológicos, através<br />
de uma equipe numerosa e bem qualificada de cientist<strong>as</strong>.<br />
O homem ignorante é perdulário de tempo, de dinheiro e de esforços; o<br />
indiferente é negativo. O <strong>Nordeste</strong> é medianamente dotado de recursos naturais,<br />
o seu povo é inteligente e versátil, o numerário existente b<strong>as</strong>ta para<br />
promover o seu progresso desde que a política não intervenha e que o governo<br />
acredite nos técnicos honestos, nos líderes dotados de civismo e nos<br />
homens de ciência que já provaram a sua abnegação.<br />
Temos <strong>as</strong> arm<strong>as</strong> para a vitória. As lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> são uma parte importante<br />
dess<strong>as</strong> arm<strong>as</strong>. Nenhum pais semi-árido do mundo dispõe de um<br />
conjunto de plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, valios<strong>as</strong>, como o nosso. O melhor aproveitamento<br />
econômico d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, no Polígono, deverá ser b<strong>as</strong>eado<br />
nos conhecimentos mais racionais d<strong>as</strong> condições característic<strong>as</strong> de cada uma<br />
d<strong>as</strong> regiões naturais.<br />
Apresentamos algum<strong>as</strong> considerações sobre esse <strong>as</strong>sunto, à guisa de<br />
estudos, sem termos a pretensão de oferecer a última palavra.<br />
40
3 - CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES NATURAIS<br />
N<strong>as</strong> noss<strong>as</strong> viagens de serviço, pelos Estados do Piauí até Bahia, de 1933<br />
a 1959, fomos anotando o que visamos quanto aos solos, flora e lavour<strong>as</strong>;<br />
muit<strong>as</strong> opiniões valios<strong>as</strong>, de sertanejos, foram registrad<strong>as</strong>, bem como <strong>as</strong> observações<br />
de coleg<strong>as</strong>.<br />
Quando da primeira edição do “Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong>”, em<br />
1949, esboçamos uma definição dess<strong>as</strong> “manch<strong>as</strong> ecológic<strong>as</strong>” e, n<strong>as</strong> du<strong>as</strong> outr<strong>as</strong><br />
edições seguintes, tentamos estabelece uma coordenação de prátic<strong>as</strong> agrícol<strong>as</strong><br />
que se acomod<strong>as</strong>sem a cada ambiente. Desde então, iniciamos o ensaio<br />
de um mapa provisório como o primeiro p<strong>as</strong>so para obter, em cores diferentes,<br />
o mosaico natural, não ainda ecológico, dos ambientes dentro do <strong>Nordeste</strong>.<br />
Os dados colhidos com o auxílio de coleg<strong>as</strong>, de fazendeiros, de publicações,<br />
de estações meteorológic<strong>as</strong> precisavam encontrar uma interpretação para<br />
que os graus de aridez d<strong>as</strong> regiões naturais tivessem expressão. Os fatores que<br />
tomamos para esse ensaio de cl<strong>as</strong>sificação d<strong>as</strong> regiões naturais do <strong>Nordeste</strong><br />
foram: a) o mapa d<strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong>, medid<strong>as</strong> de 22 anos, organizado pelo<br />
engenheiro J. Pereira de C<strong>as</strong>tro, do Dnocs; b) <strong>as</strong> altitudes constantes do mapa<br />
do Instituto Br<strong>as</strong>ileiro de Geografia e Estatística (IBGE), escala de 1.500.000;<br />
c) os tipos de vegetação; d) <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> dos solos; e) <strong>as</strong> observações<br />
meteorológic<strong>as</strong> (onde existentes) para emprego na Fórmula de Mangenot, incluindo<br />
nela <strong>as</strong> correções de solo e vegetação, para o nosso ambiente. Os<br />
estudos valiosos do ilustre engenheiro agrônomo Lauro Xavier, publicados na<br />
“A União”, e o mapa organizado por ele serviram de b<strong>as</strong>e para <strong>as</strong> regiões da<br />
Paraíba. O livro “Regiões Naturais de Pernambuco”, do eminente professor<br />
V<strong>as</strong>concelos Sobrinho, foi adotado para orientar a cl<strong>as</strong>sificação, no Estado,<br />
sendo por nós denominada de Caatinga a parte oeste. O Estado de Alago<strong>as</strong> já<br />
tinha o seu mapa ecológico confeccionado criteriosamente pelo competente<br />
engenheiro agrônomo João Guilherme de Pontes Sobrinho.<br />
No Rio Grande do Norte, tivemos a preciosa ajuda do engenheiro agrônomo<br />
Nilo Albuquerque, que conhece o Estado palmo a palmo. O engenheiro<br />
agrônomo Esmerino Gomes Parente, com a sua grande experiência no Ceará,<br />
41
desde o tempo em que dirigiu a Secção do Fomento Agrícola, o Dpto. de Expansão<br />
Econômica e <strong>as</strong> Reserv<strong>as</strong> Florestais, nos deu inestimável cooperação.<br />
No Piauí, recebemos ensinamentos importantes dos engenheiros agrônomo<br />
Teobaldo Gomes Parente, Fernando Pires Leal e Augusto Paranaguá e do engenheiro<br />
João Martins do Rego.<br />
Do notável livro “Sergipe e o Problema da Saca”, do engenheiro Jorge de<br />
Oliveira Neto, tiramos substanciais informações sobre a divisão do Estado. Bo<strong>as</strong><br />
informações gerais colhemos, também, do livro “Estudo de Ecologia Vegetal e Reflorestamento”<br />
do talentoso engenheiro agrônomo Emmanuel Franco. No Estado<br />
da Bahia, tivemos a colaboração decisiva dos competentes engenheiros agrônomos<br />
Oswaldo Souza Dant<strong>as</strong>, José Vale Cabral e do geógrafo Godofredo Dant<strong>as</strong>.<br />
Não temos a valeidade de apresentar um mapa definitivo, m<strong>as</strong> um esboço<br />
inicial para aperfeiçoamento futuro, à medida que sejam realizados estudos mais<br />
completos, por homens mais autorizados e com recursos mais amplos. Cumprimos<br />
a missão do abridor de picada para os especialist<strong>as</strong>, que vêm depois construir<br />
a estrada e revesti-la.<br />
Não e fácil delimitar <strong>as</strong> regiões naturais devido à alteração da vegetação<br />
primitiva feita pela roçada, pelo fogo e pela erosão,e, ainda, devido ao número<br />
esc<strong>as</strong>so de observações meteorológic<strong>as</strong> nos locais típicos. Além da insuficiência<br />
de dados, <strong>as</strong> estações observador<strong>as</strong> do tempo não estão distribuíd<strong>as</strong> como<br />
seria conveniente. Esclarecemos, outrossim, que a transição de uma região para<br />
outra e disfarçada aos poucos e fomos obrigados a fazê-la em linha rígida, para<br />
que pudéssemos, com o planímetro, avaliar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>. Tivemos em vista, da<br />
mesma forma, saber, com aproximação, <strong>as</strong> superfícies utilizáveis para lavour<strong>as</strong>,<br />
para p<strong>as</strong>tagens e para reserv<strong>as</strong> florestais, a fim de julgarmos, provisoriamente,<br />
qual a população que poderá viver d<strong>as</strong> atividades rurais. De nossa parte reconhecemos<br />
ser muita ousadia querer descer a estes detalhes; entretanto, a pressão<br />
demográfica está a exigir uma noção dos recursos naturais, d<strong>as</strong> possibilidades<br />
de trabalho e da distribuição mais racional de braços nos setores ativos;<br />
primário, secundário e terciário.<br />
Adotamos <strong>as</strong> denominações locais com que o povo da região define o seu<br />
meio; <strong>as</strong>sim, chamamos de mata <strong>as</strong> faix<strong>as</strong> chuvos<strong>as</strong> que não sofrem seca (cor<br />
azul, no mapa); de agreste, os municípios intermediários entre a mata e a caatin-<br />
42
ga ou que recebem chuv<strong>as</strong> da mata e do mar ao mesmo tempo (cor c<strong>as</strong>tanha);<br />
de caatinga, <strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> e de vegetação espinhenta e densa; de sertão, a<br />
região quente, seca, de solo vermelho, com seixos rolados; de Serra, <strong>as</strong> faix<strong>as</strong><br />
de terr<strong>as</strong> acima de 500m de altitude (cor azul); de cariris- velhos, o planalto<br />
paraibano da Borborema (cor roxa); de curimataú, <strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> arenos<strong>as</strong>, intercalad<strong>as</strong><br />
entre <strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, os cariris-velhos e o agreste, de Esperança; de seridó,<br />
a região quente, saca pedregosa, baixa e erodida (cor vermelha); de cerrado,<br />
os campos gerais a oeste da Bahia; de carr<strong>as</strong>co, <strong>as</strong> ondulações da serra da<br />
Ibiapaba, depois da faixa úmida e onde predomina o solo silicoso, seco, pobre<br />
e de vegetação arbustiva, fechada. As baci<strong>as</strong> de irrigação e os vales úmidos<br />
estão desenhados em cor verde.<br />
Sem dúvida, êste esboço de mapa é uma primeira tentativa de ordenar os<br />
graus de secura que ocorrem no v<strong>as</strong>to interland e uma experiência para achar<br />
uma metodização de processos agrícol<strong>as</strong> mais de acordo com a ecologia de<br />
cada ambiente. Outros homens com mais disponibilidades financeir<strong>as</strong> e cabedal<br />
científico poderão aperfeiçoar o mapa para benefício do <strong>Nordeste</strong>.<br />
Precisávamos testar <strong>as</strong> gradações de aridez entre o seridó, a caatinga, o<br />
sertão, o agreste e a mata. Lançamos mão, para esse fim, da relação precipitação<br />
versus evaporação e obtivemos os índices seguintes:<br />
Seridó 1:5,8 a 1:2,5 (semi-árido)<br />
Caatinga 1:3,6 a 1:2,5<br />
Sertão 1:2,5<br />
Agreste 1:2,0 a 1:1,7<br />
Mata 1:0,9 a 1:0,7 (úmido)<br />
Em seguida, como outro teste, arriscamos o emprego da fórmula de Mangenot,<br />
introduzindo-lhe fatores do solo e da vegetação, como possíveis corretivos<br />
para o c<strong>as</strong>o. Tomamos a profundidade, a permeabilidade, o declive e a<br />
cobertura da terra como o conjunto dos fatores edáficos, cl<strong>as</strong>sificados de 1 a<br />
10; a vegetação pelo seu porte, densidade, verde ou seca, na escala de 1 a 10<br />
formaria os fatores florísticos. Assim, um solo plano, profundo, poroso, sem<br />
erosão, teria o valor 10, diminuindo ate 1, conforme su<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> fossem<br />
mudando; uma floresta densa, sempre verde, alta, amparando toda a água,<br />
teria o índice 10, decrescendo até 1 com ausência total da vegetação.<br />
43
Não temos ainda estações meteorológic<strong>as</strong> em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> regiões naturais do<br />
<strong>Nordeste</strong>. Usamos os elementos que temos em mão para o seridó, a caatinga,<br />
o sertão, o agreste e a mata. Faltamos dados para estudos do carr<strong>as</strong>co piauiense,<br />
do curimataú paraibano e do cerrado baiano.<br />
Os métodos tradicionais de cultivo n<strong>as</strong> regiões árid<strong>as</strong> e semi-árid<strong>as</strong> são: a<br />
irrigação e o dry farming. No primeiro c<strong>as</strong>o, a secura é corrigida pela água<br />
aplicada por diferentes processos. O dry farming tem sido, nos países de<br />
clima temperado, uma técnica agrícola b<strong>as</strong>eada na profundidade e na permeabilidade<br />
do solo, na topografia plana ou ondulada, na existência da neve supridora<br />
de umidade, no alqueive da gleba para armazenamento d’água, no uso da<br />
cultura dos cereais menores, pouco exigente d’água (trigo, aveia, centeio, cevado,<br />
sorgo) e n<strong>as</strong> operações mecanizad<strong>as</strong> para o barateamento da produção.<br />
Vemos, então, que o dry farming requer um conjunto de condições especialmente<br />
quanto ao solo, para o seu êxito.<br />
Nos estados do oeste norte-americano, nos municípios em que predominam<br />
<strong>as</strong> condições citad<strong>as</strong>, a “lavoura seca” é praticada do seguinte modo: 1)<br />
preparo do solo e semeadura mecânica dos cereais, em setembro; 2) início da<br />
germinação e cobertura d<strong>as</strong> plantinh<strong>as</strong> pela neve, nos meses de novembro -<br />
dezembro - até fevereiro - março; 3) degelo em março até maio; 4) granação<br />
dos cachos de maio a julho; 5) colheita pel<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> em agosto. Há uma<br />
variante desse sistema que consiste no cultivo de variedades precoces de cereais,<br />
com o plantio em março-abril e colheita em setembro.<br />
No clima tropical, de solo r<strong>as</strong>o, de superfícies não plan<strong>as</strong>, com evaporação<br />
intensa e insolação elevada, como no NE, o emprego do dry farming e difícil.<br />
Aqui, a solução pode ser encontrada no xerofilismo, isto é, na propriedade de<br />
<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> guardarem á água e <strong>as</strong> su<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong>, já que o solo e o ambiente físico<br />
não permitem ou não têm essa faculdade. A diferença entre o dry farming e o<br />
xerofilismo é que o primeiro se b<strong>as</strong>eia em fenômenos físicos e o segundo se<br />
apóia em propriedades fisiológic<strong>as</strong>. Desse modo, verificamos que o xerofilismo<br />
é o substituto do dry farming, no <strong>Nordeste</strong>. Não existindo a seca total nesse<br />
pedaço do Br<strong>as</strong>il, m<strong>as</strong> uma alternativa de anos normais, entremeados com chei<strong>as</strong>,<br />
e, ainda, outros de precipitações ao azar, com a luz intensa e a evaporação<br />
contínua, o recurso para a grande lavoura, fora da irrigação, está logicamente<br />
nos plantios do algodão mocó, da carnaubeira, da oiticica, da maniçoba, da<br />
44
manipeba, do agave, da palma, do cajueiro, do pequizeiro, da faveleira e de<br />
outr<strong>as</strong> que guardam <strong>as</strong> su<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong>, sobrevivem aos anos esc<strong>as</strong>sos e dão<br />
safr<strong>as</strong> contínu<strong>as</strong> depois de enraizad<strong>as</strong>.<br />
As vantagens dess<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, que também poderíamos denominar<br />
de “cultur<strong>as</strong> de pingos d’água”, são, entre outr<strong>as</strong>: serem perenes, com grandes<br />
áre<strong>as</strong> adequad<strong>as</strong>, colheit<strong>as</strong> que dão dólares, possibilidades de industrialização<br />
local, serem dos hábitos do povo e de caráter extensivo, servirem para o reflorestamento<br />
e cobertura do solo, proporcionarem trabalhos, durante o ano, a<br />
grande número de pesso<strong>as</strong>.<br />
A caatinga, de onde saíram ess<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, é um complexo vegetativo sui<br />
generis, diferente d<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações vegetais d<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> partes semi-árid<strong>as</strong> do<br />
mundo; ela e um museu de preciosidades, um laboratório biológico de imenso<br />
valor, que urge ser preservado como fonte de espécies botânic<strong>as</strong> para estudos<br />
e aproveitamento futuros em benefício dos br<strong>as</strong>ileiros e da humanidade. Essa<br />
flora da caatinga demorou milênios de evolução para atingir o estado atual de<br />
adaptação e para adquirir <strong>as</strong> propriedades fisiológic<strong>as</strong> e de elaboração dos<br />
produtos variados.<br />
Garantir a sobrevivência da caatinga nativa, em diferentes pontos do <strong>Nordeste</strong>,<br />
significa preservar um patrimonio valiosíssimo de recursos naturais para o mundo.<br />
Km2 Tabela 1 - Piauí - superfície total do Estado: 251.683 km<br />
Hectares<br />
2 -<br />
áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa<br />
Regiões naturais<br />
Mata ou região úmida .............................<br />
Agreste ..................................................<br />
Serr<strong>as</strong> ....................................................<br />
Áre<strong>as</strong> de irrigação, prováveis (rios, poços)<br />
Caatinga .................................................<br />
Carr<strong>as</strong>co ................................................<br />
Cerrado .................................................<br />
Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> ........................................<br />
Total .......................................................<br />
52.485,5<br />
43.415,0<br />
892,5<br />
1.200,00<br />
133.339,5<br />
10.225,0<br />
9.750,5<br />
375,0<br />
251.683<br />
5.248.550<br />
4.341.500<br />
89.250<br />
120.000<br />
13.333.950<br />
1.022.500<br />
975.050<br />
37.500<br />
25.168.300<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />
45
Mata<br />
Agreste<br />
1. Pimenteira..............................................<br />
2. Água Branca .........................................<br />
3. Alto Longa ............................................<br />
4. Altos ......................................................<br />
5. Barr<strong>as</strong> ....................................................<br />
6. Batalha ...................................................<br />
7. Beneditinos ............................................<br />
8. Buriti Lopes ...........................................<br />
9. Campo Maior .........................................<br />
10. C<strong>as</strong>telo .................................................<br />
11. Cocal ....................................................<br />
46<br />
Tabela 2 - Piauí: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continua<br />
1. Angical ...................................................<br />
2. Esperantina ............................................<br />
3. Luzilândia ...............................................<br />
4. Mat. Olímpio ..........................................<br />
5. Miguel Alves ..........................................<br />
6. Monte Alegre .........................................<br />
7. Palmeir<strong>as</strong> ...............................................<br />
8. Porto ......................................................<br />
9. R. Gonçalves .........................................<br />
10. Sta. Filomena .......................................<br />
11. Teresina ................................................<br />
12. União....................................................<br />
13. Uruçuí ..................................................<br />
Total ...........................................................<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
969<br />
2.121<br />
2.616<br />
637<br />
5.850<br />
1.084<br />
2.369<br />
1.380<br />
2.014<br />
1.641<br />
9.262<br />
7.466<br />
2.500<br />
39.909<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
1.074<br />
8.604<br />
1.896<br />
7.913<br />
2.904<br />
4.194<br />
2.356<br />
3.436<br />
631<br />
731<br />
782<br />
1950<br />
Popul.<br />
-<br />
17.298<br />
24.391<br />
-<br />
21.818<br />
-<br />
8.619<br />
10.007<br />
6.475<br />
4.506<br />
90.723<br />
27.484<br />
9.330<br />
20.960<br />
1950<br />
Popul.<br />
-<br />
-<br />
10.196<br />
18.419<br />
29.291<br />
12.916<br />
9.300<br />
26.829<br />
39.927<br />
17.841<br />
14.891
Tabela 2 - Piauí: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continuação<br />
Agreste<br />
12. E. Veloso..............................................<br />
13. Inhuma .................................................<br />
14. José Freit<strong>as</strong> ..........................................<br />
15. Piracuruca ...........................................<br />
16. Piripiri ...................................................<br />
17. Regeneração........................................<br />
18. S. Félix .................................................<br />
19. S. Pedro ...............................................<br />
20. S. Miguel..............................................<br />
Total ......................................................<br />
Caatinga<br />
1. Amarante ...............................................<br />
2. Bertolinia ...............................................<br />
3. Bom Jesus..............................................<br />
4. Canto Buriti ...........................................<br />
5. Caracol ..................................................<br />
6. Conc. Canindé .......................................<br />
7. Corrente .................................................<br />
8. Crist. C<strong>as</strong>tro ..........................................<br />
9. Curimatá ................................................<br />
10. Floriano ................................................<br />
11. Fronteir<strong>as</strong> .............................................<br />
12. Guadalupe ............................................<br />
13. Itainópolis .............................................<br />
14. Itaineira ................................................<br />
15. Jaicós ...................................................<br />
16. Luiz Correa ..........................................<br />
17. Jurumenha ...........................................<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
4.938<br />
2.711<br />
2.128<br />
1.395<br />
2.714<br />
6.690<br />
1.305<br />
19.053<br />
870<br />
76.325<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
1.657<br />
963<br />
6.122<br />
2.074<br />
1.994<br />
1.069<br />
1.696<br />
3.736<br />
1.023<br />
296<br />
2.646<br />
1.114<br />
6.251<br />
1.271<br />
4.709<br />
1.662<br />
2.791<br />
1950<br />
Popul.<br />
-<br />
-<br />
15.761<br />
18.341<br />
23.701<br />
13.736<br />
-<br />
23.334<br />
12.660<br />
287.143<br />
1950<br />
Popul.<br />
19.511<br />
7.424<br />
15.241<br />
11.753<br />
8.147<br />
-<br />
9.018<br />
-<br />
-<br />
33.786<br />
13.316<br />
7.409<br />
-<br />
-<br />
28.175<br />
20.176<br />
10.404<br />
47
18. Nazaré .................................................<br />
19. Oeir<strong>as</strong> ..................................................<br />
20. Parnaguá ..............................................<br />
21. Parnaíba ...............................................<br />
22. Paulistana ............................................<br />
23. Pedro Segundo.....................................<br />
24. Picos ....................................................<br />
25. Pio IX ...................................................<br />
26. S. João Piauí ........................................<br />
27. S. Raim. Nonato ..................................<br />
28. Simões ..................................................<br />
29. Simpl. Mendes .....................................<br />
30. Valença ................................................<br />
Total ......................................................<br />
Cerrado<br />
48<br />
Tabela 2 - Piauí: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
361<br />
7.725<br />
3.888<br />
1.996<br />
2.094<br />
1.747<br />
26.461<br />
18.445<br />
4.885<br />
6.864<br />
2.036<br />
1.098<br />
4.093<br />
122.770<br />
conclusão<br />
1950<br />
Popul.<br />
-<br />
44.560<br />
11.821<br />
49.369<br />
21.691<br />
23.574<br />
54.713<br />
10.643<br />
23.404<br />
30.607<br />
-<br />
15.612<br />
51.586<br />
522.040<br />
1. Gilbués ............................................ 1.419 15.553<br />
Região<br />
Mata<br />
Agreste<br />
Caatinga<br />
Cerrado<br />
Total<br />
Tabela 3 - Piauí - Resumo<br />
Hectares<br />
39.909<br />
76.325<br />
122.770<br />
1.419<br />
240.423<br />
1956<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB.<br />
População<br />
220.960<br />
287.143<br />
552.040<br />
15.553<br />
1.045.696<br />
Fonte: Serv. de Estatística e Produção. M. A.<br />
– Censo de 1950 – ETENE – BNB<br />
1950<br />
Popul.
Tabela 4 - Ceará: superfície total do Estado: 147.895 Km 2 - áre<strong>as</strong><br />
d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa<br />
Região natural<br />
Caatinga ..............................................<br />
Sertão .................................................<br />
Seridó Cearense ..................................<br />
Serr<strong>as</strong> .................................................<br />
Agreste (parte da Serra do Araripe) .....<br />
Carr<strong>as</strong>co (parte Serr<strong>as</strong> Cariris Novos e<br />
Ibiapaba) ............................................<br />
Baci<strong>as</strong> irrigação açudes públicos ..........<br />
Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .....................................<br />
Total<br />
Km 2<br />
72.958,0<br />
38.698,5<br />
20.563,0<br />
6.596,5<br />
250,0<br />
5.797,5<br />
1.414,0<br />
1.617,5<br />
147.895,5<br />
Hectares<br />
7.295.800<br />
3.869.850<br />
2.056.300<br />
659.650<br />
25.000<br />
579.750<br />
141.400<br />
161.750<br />
14.789.500<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
49
50<br />
Tabela 5 - Ceará: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continua<br />
Seridó<br />
1. Boa Viagem ........................................<br />
2. Canindé ..............................................<br />
3. Capistrano ..........................................<br />
4. Frade .................................................<br />
5. Itatira .................................................<br />
6. Quixadá .............................................<br />
7. Quixeramobim ....................................<br />
8. Solonópole .........................................<br />
Total .......................................................<br />
Sertão<br />
1. Acopiara ..........................................<br />
2. Aracoiaba .........................................<br />
3. Barro ...............................................<br />
4. Cariré ...............................................<br />
5. Cariús ..............................................<br />
6. Cedro ..............................................<br />
7. Coreaú .............................................<br />
8. Crateús ............................................<br />
9. Frecheirinh<strong>as</strong> ....................................<br />
10. Icó .................................................<br />
11. Iguatu .............................................<br />
12. Ipaumirim .......................................<br />
13. Ipueir<strong>as</strong> ..........................................<br />
14. Iracema ..........................................<br />
15. Jaguaribe ........................................<br />
16. Jucás ..............................................<br />
17. Lavr<strong>as</strong> ............................................<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
17.373<br />
10.664<br />
4.733<br />
3.944<br />
16.601<br />
58.403<br />
21.682<br />
12.870<br />
147.270<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
30.385<br />
2.537<br />
16.701<br />
2.680<br />
8.270<br />
7.578<br />
855<br />
15.384<br />
578<br />
24.780<br />
45.001<br />
22.652<br />
5.008<br />
4.745<br />
2.729<br />
9.937<br />
15.298<br />
1950<br />
Popul.<br />
26.542<br />
48.320<br />
-<br />
15.929<br />
-<br />
61.631<br />
46.843<br />
20.525<br />
219.790<br />
1950<br />
Popul.<br />
31.755<br />
24.258<br />
-<br />
21.020<br />
-<br />
17.753<br />
26.952<br />
31.227<br />
-<br />
35.097<br />
41.922<br />
17.448<br />
30.753<br />
-<br />
16.971<br />
30.203<br />
25.192
Tabela 5 - Ceará: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
18. M<strong>as</strong>sapê ........................................<br />
19. Mombaça .......................................<br />
20. Morada Nova ................................<br />
21. Mucambo .......................................<br />
22. N. Russ<strong>as</strong> .......................................<br />
23. Saboeiro ........................................<br />
24. Sta. Cruz Norte ..............................<br />
25. Sta Ana Acaraú ..............................<br />
26. Sta. Quitéria ...................................<br />
27. Sem. Pompeu .................................<br />
28. Sobral ............................................<br />
29. Tamboril .........................................<br />
Total .....................................................<br />
Caatinga<br />
1. Acaraú .............................................<br />
2. Aquiraz .............................................<br />
3. Aracati .............................................<br />
4. Assaré ..............................................<br />
5. Aurora ..............................................<br />
6. Barbalha ...........................................<br />
7. Baturité ............................................<br />
8. Beberibe ..........................................<br />
9. Brejo Santo ......................................<br />
10. Camocim ........................................<br />
11. Campos Sales.................................<br />
12. C<strong>as</strong>cavel ........................................<br />
13. Caucaia ..........................................<br />
14. Chaval ............................................<br />
15. Crato .............................................<br />
16. Fari<strong>as</strong> Brito ....................................<br />
1.035<br />
23.256<br />
14.100<br />
3.024<br />
11.690<br />
22.372<br />
2.549<br />
4.015<br />
3.505<br />
8.444<br />
2.600<br />
9.924<br />
324.732<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
9.819<br />
5.718<br />
3.905<br />
11.780<br />
11.818<br />
3.262<br />
9.250<br />
2.354<br />
16.097<br />
1.671<br />
19.124<br />
2.491<br />
9.412<br />
370<br />
3.597<br />
6.829<br />
continuação<br />
29.311<br />
23.245<br />
30.138<br />
-<br />
32.207<br />
26.597<br />
18.382<br />
30.869<br />
28.222<br />
25.209<br />
70.011<br />
21.837<br />
689.579<br />
1950<br />
Popul.<br />
54.973<br />
23.870<br />
26.842<br />
27.142<br />
22.234<br />
22.987<br />
37.927<br />
-<br />
29.344<br />
33.626<br />
19.691<br />
53.620<br />
37.832<br />
-<br />
46.408<br />
18.762<br />
51
17. Fortaleza ........................................<br />
18. Granja ............................................<br />
19. Independência ................................<br />
20. Ipu .................................................<br />
21. Itapipoca ........................................<br />
22. Jaguaruana .....................................<br />
23. Jardim ............................................<br />
24. Tati .................................................<br />
25. Juazeiro ..........................................<br />
26. Limoeiro .........................................<br />
27. Maranguape ...................................<br />
28. Marco ............................................<br />
29. Mauriti ...........................................<br />
30. Milagres .........................................<br />
31. Missão Velha ..................................<br />
32. Mons. Tabosa ................................<br />
33. Pacajus ..........................................<br />
34. Pacatuba ........................................<br />
35. Paracuru .........................................<br />
36. Pedra Branca .................................<br />
37. Pentecoste ......................................<br />
38. Pereiro ...........................................<br />
39. Porteir<strong>as</strong> .........................................<br />
40. Redenção .......................................<br />
41. Russ<strong>as</strong> ............................................<br />
42. S. G. do Amarante ..........................<br />
43. Curu ...............................................<br />
44. Tauá ...............................................<br />
45. Trairi ..............................................<br />
46. Várzea Alegre .................................<br />
Total .....................................................<br />
52<br />
Tabela 5 - Ceará: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continuação<br />
4.670<br />
3.390<br />
6.730<br />
10.655<br />
82.680<br />
3.872<br />
4.585<br />
2.573<br />
23.409<br />
19.889<br />
20.245<br />
1.627<br />
10.438<br />
11.153<br />
5.386<br />
10.143<br />
4.272<br />
7.376<br />
642<br />
25.212<br />
13.125<br />
10.717<br />
6.510<br />
6.638<br />
34.197<br />
817<br />
4.524<br />
17.758<br />
669<br />
21.842<br />
493.241<br />
270.169<br />
44.261<br />
35.634<br />
37.242<br />
64.907<br />
21.608<br />
23.861<br />
-<br />
56.146<br />
37.269<br />
41.585<br />
-<br />
24.400<br />
29.596<br />
32.073<br />
-<br />
19.662<br />
19.990<br />
-<br />
22.108<br />
29.842<br />
25.617<br />
-<br />
28.867<br />
34.077<br />
51.399<br />
-<br />
43.511<br />
-<br />
24.101<br />
1.483.683
Tabela 5 - Ceará: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
conclusão<br />
Serr<strong>as</strong><br />
1. Araripe ................................................<br />
2. Caririaçu .............................................<br />
3. Guaraciaba ..........................................<br />
4. Ibiapaba ..............................................<br />
5. Itapajé .................................................<br />
6. Meruoca .............................................<br />
7. Pacoti .................................................<br />
8. Sta. Ana Cariri .....................................<br />
9. S. Benedito .........................................<br />
10. Tianguá ..............................................<br />
11. Ubajara .............................................<br />
12. Uruburetama .....................................<br />
13. Viçosa ...............................................<br />
Total ........................................................<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
11.113<br />
11.723<br />
1.868<br />
3.760<br />
20.522<br />
1.958<br />
18.351<br />
14.419<br />
4.047<br />
2.385<br />
1.360<br />
14.915<br />
2.925<br />
109.346<br />
1950<br />
Popul.<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
Região<br />
Seridó<br />
Sertão<br />
Caatinga<br />
Serr<strong>as</strong><br />
Total<br />
Tabela 6 - Ceará - Resumo<br />
Ha.<br />
147.270<br />
324.732<br />
493.241<br />
109.346<br />
1.074.589<br />
População<br />
219.790<br />
689.579<br />
1.483.683<br />
302.898<br />
2.695.950<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M.<br />
A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />
14.873<br />
23.169<br />
21.820<br />
18.390<br />
36.101<br />
-<br />
30.373<br />
21.748<br />
39.185<br />
20.989<br />
16.458<br />
29.321<br />
30.471<br />
302.898<br />
53
Tabela 7 - Rio Grande do Norte: superfície total<br />
do Estado: 53.069 Km 2 - áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong><br />
a planímetro no mapa<br />
Regiões naturais<br />
Agreste e vales úmidos do Litoral ..........<br />
Caatinga ...............................................<br />
Sertão ..................................................<br />
Seridó ..................................................<br />
Serr<strong>as</strong> ..................................................<br />
Áre<strong>as</strong> prováveis irrigação (açudes) ........<br />
Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> ......................................<br />
Total .....................................................<br />
54<br />
Km 2<br />
3.442,75<br />
23.281,71<br />
15.957,50<br />
7.928,75<br />
1.147,50<br />
390,79<br />
920,00<br />
53.069,00<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
Hectares<br />
344.275<br />
2.328.171<br />
1.595.750<br />
792.875<br />
114.750<br />
39.079<br />
92.000<br />
5.306.900
Seridó<br />
Tabela 8 - Rio Grande do Norte: áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> em 1956<br />
- população de 1950 por regiões naturais<br />
continua<br />
1. Acari ..................................................<br />
2. Caicó .................................................<br />
3. Cruzeta ..............................................<br />
4. Currais Novos ....................................<br />
5. Jardim Piranh<strong>as</strong> ..................................<br />
6. Jardim Seridó .....................................<br />
7. Carnaúba Dant<strong>as</strong> ................................<br />
8. S. J. Sabugi ........................................<br />
9. São Vicente ........................................<br />
10. Serra Negra .....................................<br />
11. Parelh<strong>as</strong> ............................................<br />
12. Ouro Branco ....................................<br />
Total ........................................................<br />
Sertão<br />
1. Santa Cruz .........................................<br />
2. São Tomé ...........................................<br />
3. Itaretama (Lages) ...............................<br />
4. Angicos .............................................<br />
5. S. Rafael ............................................<br />
6. Jucurutu ..............................................<br />
7. Augusto Severo ..................................<br />
8. Carnaúb<strong>as</strong> ..........................................<br />
9. Patu ...................................................<br />
10. Porta Alegre .....................................<br />
11. Pau dos Ferros .................................<br />
12. Alexandria ........................................<br />
13. Florania ............................................<br />
14. Cel. Ezequiel ....................................<br />
15. Sta. Ana Matos ................................<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
10.248<br />
3.255<br />
10.424<br />
13.823<br />
1.577<br />
2.493<br />
6.624<br />
4.194<br />
3.728<br />
1.595<br />
10.870<br />
1.045<br />
69.876<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
43.314<br />
20.125<br />
6.486<br />
18.798<br />
3.799<br />
6.370<br />
5.599<br />
12.902<br />
6.175<br />
2.109<br />
7.323<br />
13.744<br />
8.022<br />
11.450<br />
11.394<br />
1950<br />
Popul.<br />
16.318<br />
24.214<br />
-<br />
28.433<br />
5.750<br />
16.047<br />
-<br />
6.949<br />
-<br />
6.942<br />
13.418<br />
-<br />
115.616<br />
1950<br />
Popul.<br />
43.092<br />
17.850<br />
14.065<br />
16.534<br />
6.390<br />
9.366<br />
16.536<br />
15.409<br />
16.633<br />
10.454<br />
17.517<br />
15.361<br />
12.444<br />
-<br />
17.243<br />
55
16. Almino Afonso ..................................<br />
17. Itaú ..................................................<br />
18. Marcelino Vieira ...............................<br />
Total .......................................................<br />
Serra<br />
1. S. Miguel ............................................<br />
2. Luís Gomes ........................................<br />
3. Martins ...............................................<br />
4. Cerro Corá ........................................<br />
Total .......................................................<br />
Agreste<br />
1. Touros ................................................<br />
2. Ceará Mirim .......................................<br />
3. Natal ..................................................<br />
4. Macaíba .............................................<br />
5. S. J. Mipibu ........................................<br />
6. Nísia Floresta .....................................<br />
7. Arês ...................................................<br />
8. Monte Alegre ....................................<br />
9. Goianinha ...........................................<br />
10. Pedro Velho .....................................<br />
11. Canguaretama ...................................<br />
Total .......................................................<br />
56<br />
Tabela 8 - Rio Grande do Norte: áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> em 1956<br />
- população de 1950 por regiões naturais<br />
continuação<br />
6.273<br />
4.003<br />
8.176<br />
196.062<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
27.131<br />
19.049<br />
10.675<br />
5.628<br />
62.483<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
5.112<br />
6.893<br />
801<br />
13.846<br />
3.070<br />
1.282<br />
912<br />
840<br />
10.050<br />
2.577<br />
1.693<br />
47.076<br />
-<br />
-<br />
-<br />
258.894<br />
1950<br />
Popul.<br />
27.131<br />
19.049<br />
10.675<br />
5.628<br />
62.483<br />
1950<br />
Popul.<br />
22.124<br />
25.739<br />
103.215<br />
40.339<br />
35.265<br />
7.392<br />
6.773<br />
-<br />
21.040<br />
15.667<br />
12.650<br />
290.204
Caatinga<br />
Tabela 8 - Rio Grande do Norte: áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> em 1956<br />
- população de 1950 por regiões naturais<br />
conclusão<br />
1. Nova Cruz .........................................<br />
2. Sto. Antônio .......................................<br />
3. S. J. Campestre ..................................<br />
4. Januário ..............................................<br />
5. Serra Caiada ......................................<br />
6. S. P. Potengi .......................................<br />
7. Taipu ..................................................<br />
8. B. Verde (J. C.) ..................................<br />
9. Macau ................................................<br />
10. Pedro Avelino ...................................<br />
11. Açu ..................................................<br />
12. Ipanguaçu .........................................<br />
13. Areia Branca ....................................<br />
14. Mossoró ..........................................<br />
15. Apodi ...............................................<br />
16. Grossos ............................................<br />
17. Afonso Bezerra .................................<br />
18. Pendência .........................................<br />
19. S. Bento Norte .................................<br />
20. Ipanema ...........................................<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
28.836<br />
66.580<br />
16.370<br />
9.507<br />
3.782<br />
17.630<br />
3.960<br />
14.333<br />
569<br />
5.096<br />
13.816<br />
3.510<br />
284<br />
4.001<br />
5.798<br />
267<br />
22.670<br />
1.037<br />
11.897<br />
1.897<br />
1950<br />
Popul.<br />
27.565<br />
32.026<br />
12.837<br />
-<br />
-<br />
24.192<br />
15.156<br />
24.745<br />
23.533<br />
10.948<br />
27.259<br />
9.760<br />
15.717<br />
40.681<br />
20.030<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
Total ....................................................... 231.764 284.742<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
57
58<br />
Tabela 10 - Paraíba: superfície total do Estado: 56.556 Km 2<br />
- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />
Regiões naturais<br />
Tabela 9 - Rio Grande do Norte - Resumo<br />
Áre<strong>as</strong> Cult.<br />
69.876<br />
47.062<br />
196.764<br />
231.764<br />
62.483<br />
607.247<br />
Mata e vales úmidos do litoral ...............<br />
Agreste ................................................<br />
Serr<strong>as</strong> ..................................................<br />
Áre<strong>as</strong> de irrigação, prováveis (açudes) ..<br />
Sertão ..................................................<br />
Caatinga ...............................................<br />
Cariris Velhos .......................................<br />
Curimataú .............................................<br />
Seridó Paraibano ..................................<br />
Prais e dun<strong>as</strong> ........................................<br />
Total .....................................................<br />
Populações<br />
115.616<br />
90.204<br />
84.742<br />
228.894<br />
48.465<br />
967.921<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção -<br />
M. A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />
Km 2<br />
5.267,5<br />
562,5<br />
6.760,0<br />
250,0<br />
15.171,5<br />
4.462,5<br />
14.735,0<br />
4.059,5<br />
5.177,5<br />
210,0<br />
53.556,0<br />
Hectares<br />
516.750<br />
56.250<br />
670.000<br />
25.000<br />
1.517.150<br />
446.250<br />
1.473.500<br />
405.950<br />
517.750<br />
21.000<br />
5.655.600<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB
Tabela 11 - Paraíba: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continua<br />
Seridó<br />
1. Brejo Cruz ..........................................<br />
2. Patos ...................................................<br />
3. Sta. Luzia ............................................<br />
4. S. Mamede .........................................<br />
Total ........................................................<br />
Sertão<br />
1. Antenor Navarro ................................<br />
2. Cajazeir<strong>as</strong> ...........................................<br />
3. Catolé do Rocha .................................<br />
4. Conceição ...........................................<br />
5. Corem<strong>as</strong>..............................................<br />
6. Itaporanga...........................................<br />
7. Malta ...................................................<br />
8. Piancó .................................................<br />
9. Pombal ................................................<br />
10. S. J. Piranh<strong>as</strong> ....................................<br />
11. Souza .................................................<br />
12. Pilar Uiraúna.....................................<br />
13. Sta. Cruz ...........................................<br />
Total ........................................................<br />
Cariris Velhos<br />
1. Monteiro..............................................<br />
2. Pocinhos ............................................<br />
3. S. J. Cariri...........................................<br />
4. Soledade..............................................<br />
5. Sumé ...................................................<br />
6. Taperoá ..............................................<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
13.712<br />
55.812<br />
11.546<br />
7.491<br />
88.561<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
20.331<br />
20.209<br />
42.340<br />
39.993<br />
6.767<br />
35.845<br />
2.484<br />
40.430<br />
12.164<br />
11.910<br />
41.091<br />
9.913<br />
34<br />
283.511<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
17.016<br />
10.010<br />
3.700<br />
8.781<br />
4.800<br />
19.217<br />
1950<br />
Popul.<br />
21.631<br />
49.549<br />
24.040<br />
-<br />
95.191<br />
1950<br />
Popul.<br />
34.562<br />
30.918<br />
34.391<br />
20.162<br />
-<br />
28.908<br />
-<br />
50.221<br />
50.292<br />
12.954<br />
51.408<br />
-<br />
-<br />
313.816<br />
1950<br />
Popul.<br />
53.641<br />
-<br />
31.778<br />
18.786<br />
-<br />
17.470<br />
59
Tabela 11 - Paraíba: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continuação<br />
1956 1950<br />
Ha. Cult. Popul.<br />
7. Campina ..............................................<br />
8. Cabaceir<strong>as</strong> ..........................................<br />
Total ........................................................<br />
Curimataú<br />
1. Caiçara ...............................................<br />
2. Santa. Rosa ........................................<br />
3. Belém ..................................................<br />
4. Picuí ....................................................<br />
Total ........................................................<br />
Caatinga<br />
1. Alagoa Grande ....................................<br />
2. Alagoinha ............................................<br />
3. Arueir<strong>as</strong> ..............................................<br />
4. Ingá .....................................................<br />
5. Itabaina ...............................................<br />
6. Sapê ....................................................<br />
7. Serra Redonda ....................................<br />
8. Cachoeira ............................................<br />
Total ........................................................<br />
Agreste<br />
1. Esperança e Remígio .......................... 8.126 24.021<br />
60<br />
31.115<br />
4.996<br />
99.635<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
8.510<br />
-<br />
-<br />
22.812<br />
31.322<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
19.004<br />
2.855<br />
11.576<br />
7.026<br />
12.582<br />
10.912<br />
1.547<br />
-<br />
65.502<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
173.206<br />
30.954<br />
325.835<br />
1950<br />
Popul.<br />
37.492<br />
-<br />
-<br />
23.241<br />
60.733<br />
1950<br />
Popul.<br />
29.890<br />
-<br />
-<br />
29.107<br />
38.471<br />
47.259<br />
-<br />
-<br />
144.727<br />
1950<br />
Popul.
Tabela 11 - Paraíba: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
conclusão<br />
Mata<br />
1. Espírito Santo ......................................<br />
2. João Pessoa ........................................<br />
3. Maranguape........................................<br />
4. Pedra Fogo .........................................<br />
5. Pilar .....................................................<br />
6. Sta. Rita ..............................................<br />
7. Pirpirituba ...........................................<br />
8. Guarabira ............................................<br />
Total ........................................................<br />
Serra<br />
1. Alagoa Nova .......................................<br />
2. Araruna ...............................................<br />
3. Areia ...................................................<br />
4. Bananeir<strong>as</strong> ..........................................<br />
5. Umbuzeiro...........................................<br />
6. Bonito ..................................................<br />
7. Cuité....................................................<br />
8. Pilões ..................................................<br />
9. Solânea ...............................................<br />
10. Princesa ............................................<br />
11. Serraria..............................................<br />
12. Teixeira .............................................<br />
Total ........................................................<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
4.109<br />
4.786<br />
9.470<br />
1.768<br />
7.018<br />
10.570<br />
1.504<br />
14.485<br />
53.710<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
8.639<br />
8.608<br />
18.713<br />
20.682<br />
9.728<br />
5.120<br />
19.649<br />
6.323<br />
10.168<br />
23.105<br />
14.760<br />
29.178<br />
174.673<br />
1950<br />
Popul.<br />
36.528<br />
119.326<br />
83.112<br />
-<br />
33.106<br />
42.929<br />
-<br />
81.204<br />
396.205<br />
1950<br />
Popul.<br />
30.243<br />
40.814<br />
46.300<br />
61.223<br />
43.004<br />
7.584<br />
25.490<br />
-<br />
-<br />
39.481<br />
28.166<br />
30.426<br />
352.731<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção M. A. Censo de 1959 – IBGE.<br />
Cl<strong>as</strong>sificação d<strong>as</strong> regiões naturais conforme “Regiões Fisiográfic<strong>as</strong>”,<br />
do Engenheiro Agrônomo Lauro Xavier – “A UNIÃO” – 1959.<br />
61
Regiões naturais<br />
62<br />
Região<br />
Seridó<br />
Sertão<br />
Cariri<br />
Curimataú<br />
Caatinga<br />
Agreste<br />
Mata<br />
Serr<strong>as</strong><br />
Total<br />
Tabela 12 - Paraíba - Resumo<br />
1956<br />
Ha. Cultivado<br />
88.561<br />
283.511<br />
99.635<br />
31.322<br />
65.502<br />
8.126<br />
53.710<br />
174.673<br />
805.040<br />
Mata e vales úmidos do litoral ..................<br />
Agreste ...................................................<br />
Serr<strong>as</strong> .....................................................<br />
Áre<strong>as</strong> prováveis de irrigação (rios e açudes)<br />
Caatinga ..................................................<br />
Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .........................................<br />
1950<br />
População<br />
95.191<br />
313.816<br />
325.835<br />
60.733<br />
144.727<br />
24.021<br />
396.205<br />
352.731<br />
1.713.259<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção -<br />
M.A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />
Tabela 13: Pernambuco: superfície total do Estado: 98.079 Km 2<br />
- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />
Hectares<br />
1.511.900<br />
1.239.000<br />
408.500<br />
100.500<br />
6.509.500<br />
38.500<br />
Km 2<br />
15.119,0<br />
12.390,0<br />
4.085,0<br />
1.005,0<br />
65.095,0<br />
385,0<br />
Total ........................................................ 9.807.900 98.079,0<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB
Tabela 14 - Pernambuco: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continua<br />
Mata<br />
1. Água Preta .........................................<br />
2. Aliança ...............................................<br />
3. Amaraji ..............................................<br />
4. Barreiros ............................................<br />
5. Bonito ................................................<br />
6. Cabo ..................................................<br />
7. Catende .............................................<br />
8. Cortes ................................................<br />
9. Cupira ................................................<br />
10. Escada .............................................<br />
11. Gameleira .........................................<br />
12. Glória de Goitá .................................<br />
13. Goiana ............................................<br />
14. Igaraçu .............................................<br />
15. Ipojuca .............................................<br />
16. Jaboatão ..........................................<br />
17. Joaquim Nabuco ..............................<br />
18. L. dos Gatos ....................................<br />
19. Manaial ............................................<br />
20. Moreno ............................................<br />
21. Nazaré da Mata ...............................<br />
22. Olinda ..............................................<br />
23. Palmares ..........................................<br />
24. Panel<strong>as</strong> .............................................<br />
25. Pandalho ..........................................<br />
26. Paulista .............................................<br />
27. Quipapá ...........................................<br />
28. Recife ...............................................<br />
29. Ribeirão ...........................................<br />
30. Rio Formoso ....................................<br />
31. Santa. Cruz do Capibaribe ................<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
12.020<br />
9.703<br />
3.389<br />
5.408<br />
10.381<br />
10.635<br />
17.253<br />
1.412<br />
989<br />
5.248<br />
3.684<br />
11.710<br />
9.244<br />
8.462<br />
8.499<br />
6.444<br />
2.519<br />
15.545<br />
6.797<br />
4.165<br />
9.505<br />
347<br />
10.258<br />
10.046<br />
5.908<br />
1.439<br />
9.065<br />
772<br />
10.434<br />
12.654<br />
1.095<br />
1950<br />
Popul.<br />
33.879<br />
27.648<br />
28.846<br />
28.093<br />
34.640<br />
36.007<br />
24.693<br />
-<br />
-<br />
28.996<br />
13.008<br />
43.962<br />
44.962<br />
33.985<br />
24.153<br />
57.278<br />
-<br />
19.289<br />
16.077<br />
23.095<br />
41.086<br />
62.435<br />
38.318<br />
39.522<br />
32.148<br />
48.103<br />
28.439<br />
524.682<br />
20.062<br />
22.063<br />
-<br />
63
Tabela 14 - Pernambuco: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continuação<br />
32. São Lourenço ...................................<br />
33. Serinhaém ........................................<br />
34. També ..............................................<br />
35. Vitória de Sto. Antão ........................<br />
Total .......................................................<br />
Agreste<br />
1. Agrestina ............................................<br />
2. Altinho ................................................<br />
3. Angelim ..............................................<br />
4. Belo Jardim ........................................<br />
5. Bezerros .............................................<br />
6. Bom Conselho ....................................<br />
7. Bom Jardim ........................................<br />
8. Brejo da Madre de Deus ....................<br />
9. Carpina ..............................................<br />
10. Camaru ............................................<br />
11. Correntes .........................................<br />
12. Gravatá ............................................<br />
13. João Alfredo .....................................<br />
14. Limoeiro ...........................................<br />
15. Macaparana .....................................<br />
16. Pedra ...............................................<br />
17. Pesqueira .........................................<br />
18. R. d<strong>as</strong> Alen<strong>as</strong> ...................................<br />
19. Sanharó ............................................<br />
20. S. Bento do Una ...............................<br />
21. São Caetano ....................................<br />
22. S. Joaquim do Monte .......................<br />
23. S. Vicente Ferrer ..............................<br />
24. Surubim ............................................<br />
25. Timbaúba .........................................<br />
64<br />
5.306<br />
6.649<br />
4.100<br />
7.601<br />
258.686<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
8.045<br />
7.783<br />
6.873<br />
6.165<br />
27.384<br />
20.310<br />
2.332<br />
8.182<br />
2.347<br />
45.972<br />
7.983<br />
17.923<br />
3.001<br />
24.454<br />
3.038<br />
15.972<br />
8.996<br />
2.963<br />
5.534<br />
22.584<br />
15.001<br />
9.916<br />
2.315<br />
285.023<br />
10.842<br />
33.671<br />
18.347<br />
36.068<br />
75.946<br />
1.538.615<br />
1950<br />
Popul.<br />
14.218<br />
38.233<br />
29.374<br />
37.049<br />
63.168<br />
66.709<br />
39.142<br />
25.459<br />
28.490<br />
102.877<br />
37.862<br />
47.859<br />
25.461<br />
76.527<br />
26.199<br />
18.375<br />
48.584<br />
-<br />
13.200<br />
53.545<br />
28.966<br />
24.282<br />
-<br />
39.987<br />
37.059
Tabela 14 - Pernambuco: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continuação<br />
26. Vertentes ..........................................<br />
27. Vicência ...........................................<br />
Total .......................................................<br />
Caatinga<br />
1. Afogados da Ingazeira ........................<br />
2. Águ<strong>as</strong> Bel<strong>as</strong> .......................................<br />
3. Tatinã .................................................<br />
4. Bodocó ..............................................<br />
5. Cabrobó ............................................<br />
6. Carnaíba ............................................<br />
7. Custódia .............................................<br />
8. Exu ....................................................<br />
9. Flores .................................................<br />
10. Floresta ............................................<br />
11. Inajá .................................................<br />
12. Itapetim ............................................<br />
13. Orobó ..............................................<br />
14. Ouricuri ............................................<br />
15. Parnamirim .......................................<br />
16. Petrolândia .......................................<br />
17. Petrolina ...........................................<br />
18. Salgueiro ..........................................<br />
19. Sta. Maria Boa Vista ........................<br />
20. São José do Egito .............................<br />
21. Serra Talhada ...................................<br />
22. Serrita ..............................................<br />
23. Sertânia ............................................<br />
24. Tabira ...............................................<br />
25. Tacaratu ...........................................<br />
Total .......................................................<br />
18.290<br />
15.001<br />
353.640<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
18.961<br />
10.097<br />
2.412<br />
8.190<br />
3.057<br />
19.209<br />
8.774<br />
16.900<br />
28.223<br />
3.795<br />
319<br />
4.640<br />
4.154<br />
9.840<br />
3.033<br />
644<br />
7.616<br />
1.993<br />
1.713<br />
9.957<br />
15.533<br />
8.408<br />
14.056<br />
33.713<br />
691<br />
235.988<br />
34.139<br />
25.950<br />
992.714<br />
1950<br />
Popul.<br />
24.373<br />
53.239<br />
10.505<br />
20.971<br />
10.235<br />
-<br />
23.113<br />
21.788<br />
39.548<br />
4.771<br />
21.400<br />
-<br />
20.878<br />
36.564<br />
10.679<br />
19.723<br />
27.330<br />
17.987<br />
9.362<br />
39.858<br />
35.192<br />
22.907<br />
21.994<br />
21.809<br />
-<br />
514.226<br />
65
Tabela 14 - Pernambuco: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
Conclusão<br />
Serra<br />
1. Alagoinha ...........................................<br />
2. Araripina ............................................<br />
3. Arcoverde ..........................................<br />
4. Buique ................................................<br />
5. Camocim de São Félix ........................<br />
6. Canhotinho .........................................<br />
7. Garanhuns ..........................................<br />
8. Jurema ...............................................<br />
9. Lagedo ...............................................<br />
10. Palmeirinha .......................................<br />
11. Poção ...............................................<br />
12. Taquaritinga do Norte .......................<br />
13. Toretama ..........................................<br />
14. Triunfo ..............................................<br />
66<br />
2.175<br />
68.560<br />
1.105<br />
12.455<br />
5.885<br />
14.881<br />
41.022<br />
6.770<br />
6.291<br />
4.007<br />
1.856<br />
2.467<br />
334<br />
9.311<br />
7.488<br />
29.542<br />
16.888<br />
38.238<br />
-<br />
34.135<br />
101.471<br />
11.730<br />
15.625<br />
11.521<br />
-<br />
24.018<br />
-<br />
24.129<br />
Total ....................................................... 177.119 314.795<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
Tabela 15 - Pernambuco - Resumo<br />
Mata<br />
Agreste<br />
Caatinga<br />
Serr<strong>as</strong><br />
Total<br />
258.686<br />
353.640<br />
251.892<br />
177.119<br />
1.041.337<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
1.538.615<br />
992.714<br />
535.031<br />
314.795<br />
3.381.155<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M.<br />
A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />
1950<br />
Popul.
Tabela 16 - Alago<strong>as</strong>: superfície total do Estado: 27.711 Km 2<br />
- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />
Regiões naturais<br />
Mata e vales úmidos do litoral ..................<br />
Agreste ...................................................<br />
Serr<strong>as</strong> .....................................................<br />
Áre<strong>as</strong> prováveis de irrigação (rios e açudes)<br />
Caatinga ..................................................<br />
Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .........................................<br />
Total ........................................................<br />
Km 2<br />
12.220,0<br />
2.700,0<br />
90,0<br />
600,0<br />
11.490,0<br />
611,0<br />
27.711,0<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
Hectares<br />
1.222.000<br />
270.000<br />
9.000<br />
60.000<br />
1.149.000<br />
61.100<br />
2.711.100<br />
67
Tabela 17 - Alago<strong>as</strong>: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continua<br />
Mata<br />
1. Anadia ...............................................<br />
2. Atalaia ...............................................<br />
3. Capela ..............................................<br />
4. C. Leopoldina ...................................<br />
5. Coruripe ............................................<br />
6. Junqueiro ...........................................<br />
7. Maceió ..............................................<br />
8. Maragogi ...........................................<br />
9. M. Deodoro ......................................<br />
10. Murici .............................................<br />
11. Penedo ............................................<br />
12. Pi<strong>as</strong>sabussu .....................................<br />
13. Pilar ................................................<br />
14. Porto Calvo .....................................<br />
15. Porto Pedr<strong>as</strong> ...................................<br />
16. Rio Largo ........................................<br />
17. S. J. Lage ........................................<br />
18. Quitunde .........................................<br />
19. São Miguel dos Campos ..................<br />
20. Palmares .........................................<br />
21. Viçosa .............................................<br />
22. Camaragibe .....................................<br />
Total ......................................................<br />
Agreste<br />
1. Feira Grande .....................................<br />
2. Igreja Nova .......................................<br />
68<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
17.981<br />
4.325<br />
6.232<br />
6.272<br />
5.830<br />
1.029<br />
1.955<br />
4.236<br />
3.266<br />
16.275<br />
3.609<br />
2.374<br />
1.988<br />
7.838<br />
2.145<br />
9.071<br />
12.061<br />
5.444<br />
7.101<br />
35.696<br />
11.498<br />
13.641<br />
179.863<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
1.447<br />
2.089<br />
1950<br />
Popul.<br />
47.385<br />
33.329<br />
27.254<br />
16.538<br />
16.215<br />
12.731<br />
120.980<br />
13.608<br />
13.195<br />
35.060<br />
20.762<br />
8.749<br />
13.176<br />
27.790<br />
10.012<br />
31.354<br />
34.061<br />
24.830<br />
33.022<br />
58.381<br />
52.509<br />
26.434<br />
677.599<br />
1950<br />
Popul.<br />
-<br />
19.839
Tabela 17 - Alago<strong>as</strong>: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
3. L. Anádia ..........................................<br />
4. P. Jacinto ...........................................<br />
5. P. R. Colégio .....................................<br />
6. S. Braz ..............................................<br />
Total ......................................................<br />
Caatinga<br />
1. Arapiraca ..........................................<br />
2. Batalha ..............................................<br />
3. D. Gouveia ........................................<br />
4. M. Izidório ........................................<br />
5. O. H. Flores ......................................<br />
6. Palmeira dos Índios ...........................<br />
7. Pão de Açúcar ...................................<br />
8. Piranh<strong>as</strong> ............................................<br />
9. Quebrangulo ......................................<br />
10. Ipanema ..........................................<br />
11. Traipu ..............................................<br />
Total ......................................................<br />
Serr<strong>as</strong><br />
1. Água Branca .....................................<br />
2. Mata Grande .....................................<br />
Total ......................................................<br />
7.617<br />
775<br />
3.544<br />
4.363<br />
19.835<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
8.519<br />
2.984<br />
368<br />
11.323<br />
8.450<br />
18.513<br />
5.797<br />
310<br />
1.652<br />
38.159<br />
12.050<br />
108.125<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
4.153<br />
9.228<br />
13.381<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
conclusão<br />
26.117<br />
-<br />
14.948<br />
19.869<br />
80.773<br />
1950<br />
Popul.<br />
37.073<br />
10.309<br />
-<br />
12.125<br />
-<br />
66.636<br />
30.775<br />
4.227<br />
22.993<br />
61.235<br />
23.367<br />
268.740<br />
1950<br />
Popul.<br />
28.956<br />
37.069<br />
66.025<br />
69
Regiões naturais<br />
70<br />
Região<br />
Tabela 18 - Alago<strong>as</strong> - Resumo<br />
Mata<br />
Agreste<br />
Caatinga<br />
Serr<strong>as</strong><br />
Total<br />
Ha. Cultivado<br />
179.863<br />
19.835<br />
108.125<br />
13.381<br />
321.204<br />
População<br />
677.599<br />
80.773<br />
268.740<br />
66.005<br />
1.093.137<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção M.A.<br />
Censo de 1950; Etene - BNB<br />
Tabela 19 - Sergipe: superfície total do Estado: 22.027 Km 2<br />
- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa<br />
Mata e vales úmidos do litoral ..................<br />
Áre<strong>as</strong> prováveis de irrigação (rios e açudes)<br />
Caatinga ..................................................<br />
Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .........................................<br />
Km 2<br />
6.819,0<br />
400,0<br />
14.345,0<br />
463,0<br />
Hectares<br />
681.900<br />
40.000<br />
1.434.500<br />
46.300<br />
Total ........................................................ 22.027,0 2.202.700<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB
Tabela 20 - Sergipe: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continua<br />
Mata<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
1950<br />
Popul.<br />
1. Maroim ...............................................<br />
2. Neópolis .............................................<br />
3. N. S. Socorro .....................................<br />
4. Pacatuba .............................................<br />
5. Pedrinh<strong>as</strong> ............................................<br />
6. Riachuelo ............................................<br />
7. R. do Catité .........................................<br />
8. Salgado ...............................................<br />
9. S. L.Itanhi ...........................................<br />
10. S. A. Brot<strong>as</strong> ......................................<br />
11. S. Cristóvão ......................................<br />
12. Tomaz Geru .......................................<br />
13. Jimoauba ...........................................<br />
14. Bracaju .............................................<br />
15. Arauá ................................................<br />
16. B. Coqueiros .....................................<br />
17. Brejo Grande ....................................<br />
18. Buquim ..............................................<br />
19. Carmópolis ........................................<br />
20. Cristinópolis ......................................<br />
21. D. P<strong>as</strong>tora .........................................<br />
22. Estância .............................................<br />
23. Indiaoroba .........................................<br />
24. Itabaianinha .......................................<br />
25. Maraponga ........................................<br />
26. Japaratuba .........................................<br />
27. Jaboatão ...........................................<br />
28. Laranjeir<strong>as</strong> ........................................<br />
29. Siriri ..................................................<br />
30. Malhador ..........................................<br />
31. Capela ..............................................<br />
32. Muribeca ...........................................<br />
717<br />
4.273<br />
1.251<br />
1.085<br />
516<br />
2.769<br />
1.682<br />
257<br />
1.031<br />
1.613<br />
1.897<br />
410<br />
499<br />
1.461<br />
768<br />
872<br />
1.955<br />
2.868<br />
1.217<br />
496<br />
1.280<br />
1.070<br />
587<br />
1.847<br />
2.115<br />
1.874<br />
1.306<br />
2.473<br />
983<br />
619<br />
8.518<br />
993<br />
8.013<br />
12.705<br />
7.276<br />
-<br />
-<br />
11.203<br />
5.400<br />
7.013<br />
9.510<br />
5.091<br />
17.359<br />
-<br />
-<br />
78.364<br />
8.503<br />
-<br />
10.732<br />
9.538<br />
3.085<br />
6.435<br />
6.056<br />
20.216<br />
5.091<br />
24.927<br />
12.305<br />
10:777<br />
12.577<br />
12.118<br />
5.751<br />
-<br />
19.449<br />
6.637<br />
Total ........................................................ 51.302 336.137<br />
71
Tabela 20 - Sergipe: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
conclusão<br />
Caatinga<br />
1. R. Dant<strong>as</strong> ............................................<br />
2. S. R. Lima ...........................................<br />
3. C. Brito ..............................................<br />
4. Itabaiana ............................................<br />
5. Lagarto ..............................................<br />
6. M. Bois ..............................................<br />
7. M. A. Sergipe .....................................<br />
8. N. S. Glória ........................................<br />
9. N. S. Dores ........................................<br />
10. Pinhão ..............................................<br />
11. Poço Redondo .................................<br />
12. Poço Verde ......................................<br />
13. Porto Folha ......................................<br />
14. Propriá .............................................<br />
15. Ribeirópolis ......................................<br />
16. Simão Di<strong>as</strong> .......................................<br />
17. Tamanduá .........................................<br />
18. Tobi<strong>as</strong> Barreto ..................................<br />
19. Amparos S. F. ..................................<br />
20. Aquidabã ..........................................<br />
21. Canhoba ..........................................<br />
22. Carira ...............................................<br />
23. Cumbe .............................................<br />
24: Frei Paulo .........................................<br />
25. Garuru ..............................................<br />
26. Itabi .................................................<br />
27. Macambira .......................................<br />
28. Cedro S. João ..................................<br />
Total ........................................................<br />
72<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
2.145<br />
834<br />
2.116<br />
18.014<br />
7.150<br />
630<br />
2.203<br />
9.727<br />
4.980<br />
2.430<br />
508<br />
756<br />
761<br />
6.499<br />
5.259<br />
2.232<br />
935<br />
2.832<br />
573<br />
2.932<br />
1.910<br />
2.886<br />
1.633<br />
6.329<br />
1.666<br />
2.593<br />
987<br />
2.443<br />
94.233<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
1950<br />
Popul.<br />
14.710<br />
-<br />
22.492<br />
35.802<br />
38.291<br />
-<br />
-<br />
10.132<br />
26.152<br />
-<br />
-<br />
-<br />
14.498<br />
17.884<br />
15.276<br />
26.297<br />
-<br />
23.925<br />
-<br />
17.477<br />
7.297<br />
-<br />
-<br />
18.791<br />
10.538<br />
-<br />
-<br />
8.668<br />
308.230
Tabela 22 - Bahia: superfície total do Estado: 562.092 Km 2<br />
- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />
Regiões naturais<br />
Região<br />
Tabela 21 - Sergipe - Resumo<br />
Mata<br />
Caatinga<br />
Total<br />
Ha. Cultivado<br />
51.302<br />
94.233<br />
145.535<br />
Mata e vales úmidos do litoral ..................<br />
Agreste ...................................................<br />
Serr<strong>as</strong> .....................................................<br />
Áre<strong>as</strong> prováveis de irrigação (rios e açudes)<br />
Caatinga ..................................................<br />
Cerrado (limite Goiás) .............................<br />
Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .........................................<br />
População<br />
336.137<br />
308.230<br />
644.367<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção M.A.<br />
Censo de 1950; Etene - BNB<br />
Regiões naturais conforme o livro: “Sergipe e os<br />
Problem<strong>as</strong> da Seca” do engenheiro Jorge de Oliveira<br />
Netto.<br />
Km 2<br />
81.125,0<br />
106.938,0<br />
7.125,0<br />
2.645,0<br />
277.488,5<br />
84.687,5<br />
2.083,0<br />
Hectares<br />
8.112.500<br />
10.693.800<br />
712.500<br />
264.500<br />
27.748.850<br />
8.468.750<br />
208.300<br />
Total ........................................................ 562.092,0 56.209.200<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
73
Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
continua<br />
Mata<br />
1956 1950<br />
Ha. Cult. Popul.<br />
1. Acajutiba .............................................<br />
2. Alagoinha ............................................<br />
3. Alcobaça .............................................<br />
4. Aratuipe ..............................................<br />
5. Belmento .............................................<br />
6. Cachoeira ............................................<br />
7. Cairu ...................................................<br />
8. Camaçari .............................................<br />
9. Camumu ..............................................<br />
10. Canavieir<strong>as</strong> ........................................<br />
11. Caravel<strong>as</strong> ..........................................<br />
12. Catu ..................................................<br />
13. Coaraci .............................................<br />
14. Conc. Feira .......................................<br />
15. Conc. Almeida ...................................<br />
16. Conde ...............................................<br />
17. Cor. Maria ........................................<br />
18. Cruz Alm<strong>as</strong> ........................................<br />
19. Entre Rios .........................................<br />
20. Ibucuí ................................................<br />
21. Ihuaí ..................................................<br />
22. Ilhéus ................................................<br />
23. Esplanada ..........................................<br />
24. Inhabupe ...........................................<br />
25. Ipiaú ..................................................<br />
26. Irará ..................................................<br />
27. Itabuna ..............................................<br />
28. Itacaré .............................................<br />
29. Itajuípe ............................................<br />
30. Itaparica ..........................................<br />
74<br />
1.254<br />
1.029<br />
4.048<br />
1.025<br />
24.989<br />
2.208<br />
704<br />
1.015<br />
14.919<br />
49.660<br />
2.888<br />
1.117<br />
8.914<br />
1.286<br />
8.112<br />
5.388<br />
3.473<br />
1.408<br />
2.169<br />
4.093<br />
3.589<br />
53.042<br />
1.786<br />
1.802<br />
20.539<br />
9.556<br />
45.207<br />
6.935<br />
43.908<br />
1.284<br />
-<br />
52.007<br />
34.358<br />
6.351<br />
33.115<br />
26.979<br />
5.121<br />
13.800<br />
23.834<br />
53.830<br />
20.820<br />
16.437<br />
-<br />
10.532<br />
25.407<br />
14.431<br />
20.256<br />
32.276<br />
19.356<br />
-<br />
-<br />
134.240<br />
20.649<br />
41.461<br />
48.056<br />
46.711<br />
147.730<br />
23.117<br />
-<br />
21.433
Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
31. Itapetinga ........................................<br />
32. Ituberá ............................................<br />
33. Jaguaribe .........................................<br />
34. Jandaia ............................................<br />
35. Macarani .........................................<br />
36. Maragogipe .....................................<br />
37. Maraú .............................................<br />
38. Mata S. João ...................................<br />
39. Micuri .............................................<br />
40. Muribuba ........................................<br />
41. Nazaré ............................................<br />
42. Nilo Peçanha ...................................<br />
43. Pojuca .............................................<br />
44. Porto Seguro ...................................<br />
45. Potinaguá ........................................<br />
46. Prado ..............................................<br />
47. Rio Real ..........................................<br />
48. Salvador ..........................................<br />
49. S. Cruz Cabrália ..............................<br />
50. Sto. Amaro......................................<br />
51. S. Félix ............................................<br />
52. S. Felipe ..........................................<br />
53. S. F. Conde.....................................<br />
54. S. Seb. P<strong>as</strong>se ..................................<br />
55. Taperoá...........................................<br />
56. Ubaitaba .........................................<br />
57. Ubatã ..............................................<br />
58. Una ................................................<br />
59. Uruçuca ..........................................<br />
60. Valença ..........................................<br />
61.S. G. Campos ...................................<br />
Total ......................................................<br />
341<br />
12.057<br />
771<br />
2.038<br />
11.217<br />
1.033<br />
2.786<br />
2.268<br />
2.244<br />
5.459<br />
4.318<br />
4.614<br />
134<br />
7.700<br />
1.734<br />
5.029<br />
967<br />
2.128<br />
6.097<br />
14.104<br />
1.599<br />
10.074<br />
2.634<br />
2.666<br />
1.881<br />
16.281<br />
7.461<br />
5.742<br />
13.986<br />
4.536<br />
823<br />
482.469<br />
continuação<br />
-<br />
27.290<br />
10.403<br />
5.306<br />
56.294<br />
36.868<br />
8.307<br />
17.651<br />
10.318<br />
31.605<br />
24.045<br />
18.108<br />
6.911<br />
25.826<br />
-<br />
33.104<br />
12.858<br />
417.235<br />
5.612<br />
85.739<br />
14.801<br />
25.343<br />
11.077<br />
21.135<br />
9.580<br />
14.013<br />
-<br />
11.352<br />
-<br />
33.057<br />
30.830<br />
1.897.075<br />
75
Agreste<br />
1. Amargosa ............................................<br />
2. Baixa Grande ......................................<br />
3. Brejões ...............................................<br />
4. Brumado .............................................<br />
5. Caculé .................................................<br />
6. Campo Formoso .................................<br />
7. C<strong>as</strong>tro Alves ........................................<br />
8. Condeuba ...........................................<br />
9. Encruzilhada ........................................<br />
10. Ipirá ..................................................<br />
11. Itaberaba ...........................................<br />
12. Itambé ...............................................<br />
13. Itaquara .............................................<br />
14. Itiruçu ................................................<br />
15. Ituaçu ................................................<br />
16. Jacaraci .............................................<br />
17. Jacobina ............................................<br />
18. Jaquaquara ........................................<br />
19. Jequié ................................................<br />
20. Jiquiriçá .............................................<br />
21. Lage ..................................................<br />
22. Liv. Brumado .....................................<br />
23. Macajuba ..........................................<br />
24. Mairi .................................................<br />
25. Maracás ............................................<br />
26. M. Calmon ........................................<br />
27. Mundo Novo ....................................<br />
28. Mutuípe .............................................<br />
29. Feira de Santana ................................<br />
30. Pindobaçu .........................................<br />
76<br />
Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
3.594<br />
5.770<br />
4.935<br />
4.544<br />
7.575<br />
3.299<br />
7.156<br />
2.898<br />
8.159<br />
6.095<br />
4.612<br />
1.602<br />
3.106<br />
4.154<br />
22.797<br />
3.939<br />
22.224<br />
5.000<br />
11.612<br />
3.392<br />
1.549<br />
2.062<br />
1.041<br />
4.707<br />
11.449<br />
1.771<br />
1.973<br />
3.144<br />
7.449<br />
1.392<br />
continuação<br />
1950<br />
Popul.<br />
27.362<br />
12.714<br />
13.327<br />
36.631<br />
26.310<br />
48.092<br />
38.912<br />
70.823<br />
-<br />
53.291<br />
56.990<br />
46.030<br />
8.415<br />
6.951<br />
30.037<br />
26.129<br />
61.631<br />
19.116<br />
90.155<br />
7.762<br />
11.646<br />
26.898<br />
6.993<br />
25.737<br />
43.053<br />
30.544<br />
44.428<br />
11.806<br />
107.205<br />
-
Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
31. Piritiba ...............................................<br />
32. Rib. Pombal ......................................<br />
33. Rio Cont<strong>as</strong> ...........................................<br />
34. Rui Barbosa .........................................<br />
35. Sta. Inês ...............................................<br />
36. Sta. Terezinha .......................................<br />
37. Dto. Ant. de Jesus ................................<br />
38. Sto. Estêvão .........................................<br />
39. S. M. Mat<strong>as</strong> .........................................<br />
40. Sapeaçu ...............................................<br />
41. Saúde ...................................................<br />
42. S. Bonfim .............................................<br />
43. Serra Preta ...........................................<br />
44. Tremedal ..............................................<br />
45. Uvaira ..................................................<br />
46. Urandi ..................................................<br />
47. Utinga ..................................................<br />
48. Conquista .............................................<br />
Total ...........................................................<br />
Caatinga<br />
1. Angical ..............................................<br />
2. Ant<strong>as</strong> .................................................<br />
3. Barra .................................................<br />
4. Barreir<strong>as</strong> ...........................................<br />
5. Boa Nova .........................................<br />
6. B. J. da Lapa .....................................<br />
7. B. J. Macaúb<strong>as</strong> .................................<br />
8. Caitité ...............................................<br />
9. Carinhama .........................................<br />
10. C<strong>as</strong>a Nova ......................................<br />
11. Cícero Dant<strong>as</strong>..................................<br />
400<br />
3.161<br />
1.176<br />
5.139<br />
10.362<br />
2.179<br />
6.453<br />
4.008<br />
3.570<br />
723<br />
6.116<br />
2.126<br />
3.298<br />
1.918<br />
11.142<br />
6.749<br />
979<br />
5.357<br />
247.856<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
3.441<br />
2.067<br />
1.789<br />
2.268<br />
19.585<br />
1.393<br />
2.724<br />
12.274<br />
31.749<br />
665<br />
3.119<br />
continuação<br />
-<br />
23.763<br />
15.906<br />
37.317<br />
25.162<br />
36.168<br />
29.668<br />
31.665<br />
9.905<br />
-<br />
24.834<br />
31.652<br />
-<br />
-<br />
19.767<br />
24.132<br />
-<br />
96.664<br />
1.395.641<br />
1950<br />
Popul.<br />
27.956<br />
-<br />
31.781<br />
35.199<br />
54.102<br />
17.432<br />
25.342<br />
40.624<br />
23.516<br />
29.073<br />
34.448<br />
77
12. Chorrochó .......................................<br />
13. Conc. Coité .....................................<br />
14. Correntina .......................................<br />
15. Cotegipe .........................................<br />
16. Curaçá ............................................<br />
17. Ibipetuba .........................................<br />
18. Ibitiara .............................................<br />
19. Igaporã ...........................................<br />
20. Enc. Cunha ......................................<br />
21. Irecê ...............................................<br />
22. Itiúba ...............................................<br />
23. Jaquarari .........................................<br />
24. Jeremoabo ......................................<br />
25. Juazeiro ...........................................<br />
26. Macaúb<strong>as</strong> .......................................<br />
27. Monte Santo ...................................<br />
28. Morro Chapéu ................................<br />
29. Oliv. Brejinhos .................................<br />
30. Paramirim ........................................<br />
31. L. Monte Alto ..................................<br />
32. Paratinga .........................................<br />
33. Paripiranga ......................................<br />
34. Pilão Arcado ...................................<br />
35. Seritio de Ouro ................................<br />
36. Poções ............................................<br />
37. Queimad<strong>as</strong> ......................................<br />
38. Remanso .........................................<br />
39. R. Jacuípe .......................................<br />
40. Sta. Luz ...........................................<br />
41. Sta. M. Vitória.................................<br />
42. Santana ...........................................<br />
43. Seabra ............................................<br />
44. Sento Sé .........................................<br />
45. Serrinha ...........................................<br />
78<br />
Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
615<br />
13.277<br />
3.862<br />
4.912<br />
2.298<br />
1.702<br />
1.647<br />
8.981<br />
2.669<br />
19.965<br />
1.235<br />
1.087<br />
4.370<br />
1.189<br />
2.455<br />
8.150<br />
4.052<br />
435<br />
2.994<br />
7.363<br />
1.953<br />
6.925<br />
2.073<br />
1.676<br />
11.131<br />
3.013<br />
727<br />
8.917<br />
-<br />
4.264<br />
4.086<br />
15.674<br />
2.136<br />
4.757<br />
continuação<br />
-<br />
38.864<br />
20.174<br />
20.190<br />
27.103<br />
19.990<br />
22.799<br />
-<br />
25.548<br />
21.514<br />
19.477<br />
14.635<br />
27.937<br />
34.416<br />
37.481<br />
36.507<br />
48.503<br />
17.729<br />
26.073<br />
11.120<br />
21.050<br />
26.076<br />
17.153<br />
15.440<br />
99.279<br />
12.999<br />
23.540<br />
41.391<br />
9.831<br />
28.007<br />
27.831<br />
37.216<br />
14.750<br />
68.413
Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />
46. Tucano ............................................<br />
47. Uauá ...............................................<br />
48. Xique-Xique ....................................<br />
49. Glória ..............................................<br />
50. Guanambi ........................................<br />
51. R. Santana .......................................<br />
52. Itapirucu ..........................................<br />
53. Nova Soure .....................................<br />
54. Cipó ................................................<br />
Total ......................................................<br />
Serr<strong>as</strong><br />
1. Andaraí .............................................<br />
2. Barra Estiva .......................................<br />
3. Lençóis .............................................<br />
4. Mucujê ..............................................<br />
5. Palmeir<strong>as</strong> ...........................................<br />
6. Piatã ..................................................<br />
Total ......................................................<br />
Região<br />
Mata<br />
Agreste<br />
Caatinga<br />
Serr<strong>as</strong><br />
Total<br />
Ha. cultivado<br />
482.469<br />
247.856<br />
278.204<br />
34.660<br />
1.043.189<br />
1.246<br />
658<br />
9.602<br />
1.038<br />
14.938<br />
5.120<br />
1.042<br />
1.986<br />
910<br />
278.204<br />
1956<br />
Ha. Cult.<br />
16.115<br />
5.097<br />
1.677<br />
7.321<br />
472<br />
3.978<br />
34.660<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />
Etene - BNB<br />
Tabela 24 - Bahia - Resumo<br />
População<br />
1.897.075<br />
1.395.641<br />
1.436.755<br />
105.199<br />
4.834.670<br />
Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. -<br />
Censo de 1950; Etene - BNB<br />
conclusão<br />
28.596<br />
10.811<br />
33.004<br />
27.524<br />
18.853<br />
21.301<br />
32.060<br />
12.244<br />
19.867<br />
1.436.755<br />
1950<br />
Popul.<br />
19.457<br />
23.288<br />
9.896<br />
13.994<br />
7.839<br />
30.725<br />
105.199<br />
79
80<br />
3.1 - Seridó<br />
A região se caracteriza pela vegetação baixa, de cactus espinhentos e<br />
agressivos, agarrados ao solo, de arbustos espaçados, com capins de permeio<br />
e manch<strong>as</strong> desnud<strong>as</strong>, em terra procedente do Arqueano, muito erodida<br />
e áspera; os seixos rolados existem por toda a parte e <strong>as</strong> m<strong>as</strong>s<strong>as</strong> de granito<br />
redondo sobressaem, aqui e ali, demonstrando como a erosão lenta, através<br />
dos séculos, deixa vestígios ciclópicos.<br />
As chuv<strong>as</strong> no seridó rio-grandense e paraibano ocorrem de janeiro a<br />
maio, com variações de 127mm a 916mm, por ano, no período de 1930 a<br />
1955, na média de 497mm, anuais, em Cruzeta. O mapa d<strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> de 22<br />
anos, apresenta esse seridó envolvido pel<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> de 400 e 600mm.<br />
Não há orvalho. A insolação média é de 2.988 hor<strong>as</strong> de luz solar, por<br />
ano. A temperatura média d<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> é de 339 o C e a d<strong>as</strong> mínim<strong>as</strong> de<br />
229 o C. O índice de aridez, na fórmula que adotamos, é de 3,3.<br />
O seridó cearense tem uma chuva média de 750mm, em Quixeramobim:<br />
Canindé está na isoieta de 700mm e Irauçuba na de 600mm. A relação precipitação<br />
versus evaporação é de 1: 2,5 e o índice de aridez é 4, 4.<br />
O seridó cearense tem <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> temperatur<strong>as</strong> médi<strong>as</strong> d<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> e d<strong>as</strong><br />
mínim<strong>as</strong> e idêntica insolação que o rio-grandense do Norte. No seridó, em<br />
geral, não há orvalho; o ar diurno é seco e quente, o noturno é seco e ventilado.<br />
O solo do seridó do Rio Grande do Norte e da Paraíba está muito erodido,<br />
pedregoso, parcialmente coberto, de seixos rolados, com manch<strong>as</strong> silicos<strong>as</strong><br />
aqui e ali, subsolo aflorando com roch<strong>as</strong> de granito e de gneiss, pegmatito<br />
apontando nos altos, topografia acidentada ou ondulante; o run-off é<br />
levado com violento escoamento d<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> n<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong>. Computando-se<br />
a água acrescida anualmente no reservatório Cruzeta, de 1941 a 1947,<br />
achou-se o deflúvio médio, anual, de 88.839m 3 d’água, por km 2 . Isto mostra<br />
que o solo r<strong>as</strong>o e desnudo não acumula água para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> e que o calor<br />
e o vento contribuem para secar mais o meio. Salvo algum<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong>, que<br />
foram poupad<strong>as</strong> pela enxurrada, a terra de cultura está limitada às margens<br />
dos rios e dos riachos cujos leitos, aliás, estão plantados com vazantes de
atata-doce, de jerimum, de forragens, de feijão etc., durante o verão, com<br />
estrume de gado n<strong>as</strong> cov<strong>as</strong>. O algodão mocó ocupa a maior parte da superfície<br />
cultivada com o aproveitamento dos baixios dos riachos, <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> menos<br />
erodid<strong>as</strong> e aquel<strong>as</strong> cobert<strong>as</strong> de seixos rolados, onde o matuto, por meio<br />
de cov<strong>as</strong> fund<strong>as</strong>, procura utilizar alguma umidade subterrânea. O seridoense<br />
potiguar é o homem que melhor aproveita o pequeno açude, no <strong>Nordeste</strong>.<br />
Seja plantando os solos úmidos, de montante, com cultur<strong>as</strong> alimentares<br />
e forrageir<strong>as</strong>, seja criando peixes ou engordando o boi na corda, tira<br />
o máximo dess<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong>. É notável a quantidade de creme, de manteiga,<br />
de queijo e de carne-de-sol transportad<strong>as</strong> diariamente para Natal e<br />
para outr<strong>as</strong> cidades. Conjugam-se, ali, a exploração dos açudes com a<br />
criação de gado e a lavoura de algodão.<br />
No seridó cearense, o solo está menos erodido, há menos pedr<strong>as</strong> expost<strong>as</strong>,<br />
embora apareçam os seixos rolados; percebem-se mais a argila vermelha<br />
e a sílica; a cobertura de gramíne<strong>as</strong>, de arbustos e de árvores é mais<br />
densa; <strong>as</strong> propriedades agrícol<strong>as</strong> são maiores e <strong>as</strong> atividades se apóiam na<br />
lavoura do algodão mocó, na criação de gados e na cultura da cana a jusante<br />
dos reservatórios. Os plantios de milho, de feijão, de arroz e de mandioca<br />
são menos desenvolvidos porque são sujeitos aos azares d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>.<br />
O p<strong>as</strong>to nativo é formado de capim-pan<strong>as</strong>co (Aristida adscensionis,<br />
Linn.), de capim-mimoso (Anthephora hermaphrodita, Kuntze) e alguns<br />
arbustos e ram<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong>. A ração do gado é suprida, na seca, com <strong>as</strong><br />
forrageir<strong>as</strong> dos açudes, com <strong>as</strong> ram<strong>as</strong> de batata, os restos de cultura e torta<br />
de algodão.<br />
A vegetação espontânea, que ocorre no seridó dos três Estados, é composta<br />
dos capins já citados, cobrindo o solo no inverno, desaparecendo no<br />
verão, <strong>as</strong>sociados com a jurema (Mimosa verrucosa, Benth), o pinhãobravo<br />
(Jatropa Pohliana, Muell), o pereiro (Aspidosperma pirifolium), o<br />
xiquexique (Cereus Gounellei, K. Schum), a favaleira (Cnidos-culos phyllacanthus,<br />
Pax e Koffm. ), presente no seridó potiguar e paraibano a malva<br />
r<strong>as</strong>teira (Pavonia cancellata, Cav. ), o angico (Piptadenia colubrina, Benth),<br />
o pau-branco (Auxema oncocalyx, Taub.), o marmeleiro (Croton hemiargyreus,<br />
Muell. ), o mata p<strong>as</strong>to (C<strong>as</strong>sia uniflora, Mill).<br />
81
Os municípios total ou parcialmente abrangidos pelo seridó e su<strong>as</strong> áre<strong>as</strong><br />
prováveis (determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa), no Rio Grande do Norte,<br />
na Paraíba e no Ceará, se distribuem do seguinte modo:<br />
Estados<br />
R. G. do Norte........<br />
Paraíba...................<br />
Ceará......................<br />
As áre<strong>as</strong> totais cultivad<strong>as</strong> de algodão arbóreo, <strong>as</strong> superfícies ocupad<strong>as</strong><br />
com tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> e <strong>as</strong> populações totais, para os municípios seridoenses,<br />
nos três Estados são <strong>as</strong> seguintes:<br />
82<br />
Municípios (I)<br />
Currais Novos, Acari, Parelh<strong>as</strong>,<br />
J. do Seridó, J. de Piranh<strong>as</strong>,<br />
Cacicó, S. J. do Sabuji, Serra<br />
Negra, Cruzeta, Ouro Branco,<br />
S. Vicente, Carnaúba dos<br />
Dant<strong>as</strong> .....................................<br />
Sta. Luzia, S. Mamede, Patos,<br />
Brejo da Cruz .........................<br />
Frade, Quixeramobim,<br />
Quixadá, Canindé, Irauçuba,<br />
Solonópole, Boa Viagem,<br />
Capistrano, Itapiúna, General<br />
Sampaio, Apuiarés..................<br />
Total ......................................<br />
Áre<strong>as</strong> em km 2<br />
7.928,700<br />
5.177,500<br />
20.563,000<br />
33.669,250<br />
Alg. arbóreo Tod<strong>as</strong> lav. Popul.<br />
1956 - Ha (7) 1956-Ha (7) 1950 (6)<br />
Seridó - R. G. Norte ............ 41.848 69.876 115.616<br />
Seridó -Paraíba ................... 40.753 88.561 25.191<br />
Seridó - Ceará .................... 32. 267 147.270 219.790<br />
Total .................................... 114.868 305.707 430.597
Os dados anteriores são aproximados, uma vez que a limitação d<strong>as</strong> regiões<br />
naturais não coincide exatamente com a divisão política administrativa<br />
dos municípios.<br />
A densidade demográfica do seridó é de cerca de 13 habitantes por km 2 ,<br />
cabendo a cada habitante menos de 1 hectare cultivado.<br />
As áre<strong>as</strong> totais em hectares, <strong>as</strong> superfícies cultivad<strong>as</strong> e <strong>as</strong> possibilidades de<br />
ampliação d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>, no futuro, podem ser apreciad<strong>as</strong> abaixo:<br />
Região Cultur<strong>as</strong> Atuais<br />
Ha. Ha. %<br />
Seridó - R. G. Norte ............ 792.875 69.876 8,8<br />
Seridó -Paraíba ................... 517.750 88.561 17,0<br />
Seridó - Ceará .................... 2.056.300 147.270 7,0<br />
Total .................................... 3.366.925 305.707<br />
No seridó rio-grandense, o algodoeiro arbóreo é sinônimo de mocó; a<br />
área plantada dessa malvácea, em 1956, foi de 41.848 ha. em relação à<br />
lavoura geral de 69.876 ha. ou sejam 60%. Verifica-se que o seridó riograndense<br />
não comporta aumento de cultivo n<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong>. O seridó paraibano,<br />
como se pode observar in loco, apresenta um <strong>as</strong>pecto ainda mais grave;<br />
tem-se de reduzir a área plantada ou introduzirem-se, ali, métodos rigorosos<br />
de conservação do solo. Aliás, o seridó dos três Estados carecem urgentemente<br />
de sucessos conservacionist<strong>as</strong>.<br />
O solo demais erodido e <strong>as</strong> condições de secura aconselham fazer a<br />
rotação cultural, controlar <strong>as</strong> enxurrad<strong>as</strong>, plantar em curv<strong>as</strong> de nível, cobrir a<br />
terra nua com árvores, aproveitar melhor os açudes e construir outros, melhorar<br />
os p<strong>as</strong>tos com <strong>as</strong> semeadur<strong>as</strong> de capins, de leguminos<strong>as</strong>, de arbustos<br />
de rama forrageira, aperfeiçoar a cultura do mocó com melhores sementes e<br />
emprego dos inseticid<strong>as</strong>. Poder-se-ão incrementar os plantios de faveleiros,<br />
de algarob<strong>as</strong>, como forma de reflorestamento, para proteger o solo, fonte de<br />
sementes oleaginos<strong>as</strong> e forragens.<br />
83
Os minérios de chelita, tantalita, columbita, berilo, estanho, e outros precisam<br />
ser estudados convindo achar um meio de dar mais trabalho às pesso<strong>as</strong><br />
ocios<strong>as</strong>.<br />
O seridó cearense possui mais solo do que <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> de Patos e de Currais<br />
Novos, embora também seja r<strong>as</strong>o. A pecuária de corte e leiteira, <strong>as</strong><br />
criações de animais menores, o melhoramento da fibra do algodão mocó, o<br />
uso mais eficiente dos açudes, a recuperação d<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens, <strong>as</strong> plantações<br />
de faveleiro, de algaroba, de carnaúba, de oiticica são <strong>as</strong> ocupações mais<br />
adequad<strong>as</strong>.<br />
A ocorrência dos pegmatitos, no seridó cearense, <strong>as</strong> pedr<strong>as</strong> semiprecios<strong>as</strong><br />
(rubilito, granada e outr<strong>as</strong>), o rutilo, o berilo, a mica, o feldspato indicam<br />
possibilidades de exploração para dar trabalho ao povo.<br />
O progresso da região do seridó, em geral, carece de uma série de medid<strong>as</strong>,<br />
entre <strong>as</strong> quais podem ser citad<strong>as</strong> <strong>as</strong> seguintes:<br />
1) B<strong>as</strong>ear <strong>as</strong> atividades agrícol<strong>as</strong> na (a) pecuária, com o melhoramento<br />
dos p<strong>as</strong>tos, na fenação, na silagem e n<strong>as</strong> aguad<strong>as</strong>; (b) no cultivo do mocó<br />
com boa semente, no combate às prag<strong>as</strong> e na conservação do solo; (c) na<br />
introdução d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> arbóre<strong>as</strong> do faveleiro, algarobeira, da carnaubeira,<br />
da oiticica, do sabiá, do mororó; (d) no bom uso dos açudes existentes e na<br />
construção de outros. As lavour<strong>as</strong> alimentares têm função secundária e não<br />
merecem encorajamento oficial devido às condições de secura.<br />
2) Ampliar o serviço de extensão rural, abrangendo a <strong>as</strong>sistência técnica,<br />
a educação familiar e a conservação do solo, conjugad<strong>as</strong> com a experimentação<br />
agrícola.<br />
3) Criar <strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> que <strong>as</strong> condições evoluíd<strong>as</strong> permitirem com <strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong><br />
vegetais e minerais.<br />
4) Retirar o excedente d<strong>as</strong> populações desocupad<strong>as</strong> para outr<strong>as</strong> regiões<br />
de favorável colonização.<br />
5) Separar os terrenos utilizáveis para p<strong>as</strong>tos e para lavour<strong>as</strong> daqueles<br />
que devem ficar para reserva d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong> e formação de florest<strong>as</strong><br />
sec<strong>as</strong>, refúgio da fauna e reserv<strong>as</strong> de vegetais valiosos para o futuro. Urge<br />
evitar o desaparecimento da flora xerófila, expontânea.<br />
84
Milímetros de chuva<br />
Chuva, média, anual<br />
Chuva, máxima, anual, 1940<br />
Chuva, máxima, anual, 1932<br />
Nº de anos com chuv<strong>as</strong> acima da média<br />
Nº “ “ “ “ abaixo “ “<br />
1000<br />
900<br />
800<br />
700<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
0<br />
1930<br />
447 mm<br />
916 mm<br />
129 mm<br />
13<br />
14<br />
M = 447 mm<br />
32 34 36 38 40 42 44 46 48 50<br />
A N O S<br />
Milímetros de chuva<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
FREQUÊNCIA DAS MEDIDAS<br />
MENSAIS DAS CHUVAS<br />
DURANTE 27 ANOS<br />
52 54 56<br />
Gráfico 1 - Observações Pluviométric<strong>as</strong> da Estação Experimental do<br />
Seridó - Cruzeta - Rio Grande do Norte nos anos 1930 - 1956<br />
Fonte: Etene/BNB Des. ABA/CRS - 1963<br />
85
3.300<br />
2.900<br />
2.500<br />
2.100<br />
66<br />
64<br />
62<br />
60<br />
58<br />
56<br />
54<br />
52<br />
50<br />
48<br />
34<br />
30<br />
26<br />
22<br />
3.000<br />
2.600<br />
2.200<br />
1.800<br />
1.400<br />
1000<br />
600<br />
200<br />
86<br />
Hor<strong>as</strong> totais de insolação INSOLAÇÃO<br />
Média dos máximos<br />
Média dos mínimos<br />
Gráu hidrométrico médio do ar<br />
Evaporação<br />
UMIDADE RELATIVA<br />
TEMPERATURAS EXTREMAS DO AR<br />
MILÍMETROS DE CHUVA<br />
Chuv<strong>as</strong><br />
Média mensal máxima: 35,4 ºC - Jan. 1942<br />
Média mensal mínima: 21 ºC - Jul. 1923<br />
1910 12 14 16 16 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 1956<br />
Gráfico 2 - Observações Meteorológic<strong>as</strong> em Quixeramobim - CE<br />
1910 a 1957<br />
Fonte: Etene/BNB Des. ABA/CRS - 1963
3.2 - Sertão<br />
O sertão é a região quente interior, da altitude de 100 a 300m, mais<br />
chuvosa do que o seridó e o carr<strong>as</strong>co, com o chão amarelo ou vermelho,<br />
compacto e r<strong>as</strong>o, parcialmente coberto de seixos rolados, onde um tapete<br />
de capins e leguminos<strong>as</strong> r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>, no inverno, é entremeado de árvores e de<br />
arbustos distanciados; os aguaceiros inesperados, não encontrando, no solo,<br />
a permeabilidade e a profundidade para embebição rápida, arr<strong>as</strong>tam, n<strong>as</strong><br />
enxurrad<strong>as</strong>, pel<strong>as</strong> encost<strong>as</strong>, <strong>as</strong> argil<strong>as</strong> para os baixios e riachos. Quando o<br />
verão cresta a macega, o p<strong>as</strong>toreio excessivo e o vento limpam a terra para<br />
receber, noutr<strong>as</strong> chuvad<strong>as</strong> incert<strong>as</strong>, novo contingente d’água.<br />
As variações pluviométric<strong>as</strong> podem ser apreciad<strong>as</strong> pelos dados relativos<br />
aos anos de 1914 a 1939: (8)<br />
Estados<br />
Ceará:<br />
Cratéus ..................................<br />
Sobral ...................................<br />
Iguatu ....................................<br />
Rio Grande do Norte<br />
Pau dos Ferros ......................<br />
Augusto Severo .....................<br />
Caraúb<strong>as</strong> ...............................<br />
Paraíba<br />
Pombal ..................................<br />
Souza ....................................<br />
Piancó ...................................<br />
Chuv<strong>as</strong> anuais<br />
Máxima: Máxima:<br />
mm mm<br />
161<br />
149<br />
290<br />
120<br />
71<br />
164<br />
165<br />
161<br />
180<br />
99%<br />
71%<br />
52%<br />
80%<br />
84%<br />
83%<br />
169%<br />
78%<br />
81%<br />
A evaporação oscila entre os limites de 1.200mm a 2.200mm totais, anuais.<br />
A insolação é de 2.900 a 3.400 hor<strong>as</strong> de luz solar, por ano. A temperatura<br />
mínima, noturna, em junho-julho, é de 149°C e a máxima, diurna, em<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
1.432<br />
1.476<br />
1.246<br />
1.203<br />
1.243<br />
1.129<br />
1.804<br />
1.293<br />
1.559<br />
-78%<br />
-83%<br />
-65%<br />
-82%<br />
-90%<br />
-73%<br />
-76%<br />
-77%<br />
-79%<br />
Desvio<br />
da normal:<br />
%<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
a<br />
87
dezembro-janeiro, atinge a 37°C. Não há orvalho, mesmo à noite. O ar é<br />
seco e quente, no verão. Havendo um déficit de umidade, a relação entre<br />
chuva e a evaporação é de 1: 2,5; o índice de aridez, nos anos menos chuvosos,<br />
é de 4,5; e 5,6, nos mais umidos.<br />
O solo do sertão é, em geral, de origem arqueana. A decomposição do<br />
granito e do gneiss deu a argila vermelha ou amarela com sílica, piçarra e<br />
seixos rolados. Não é profundo. Apresenta sinais de erosão, pH acima de 7,<br />
pobre de humo mesmo nos aluviões; o azoto e o primeiro fertilizante que se<br />
esgota com <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>; conserva pouca umidade devido ao calor e ao verão<br />
seco; tem a topografia acidentada ou ondulada com pequen<strong>as</strong> manch<strong>as</strong> plan<strong>as</strong><br />
n<strong>as</strong> margens dos rios; a altitude não ultrap<strong>as</strong>sa os 300m.<br />
Limita-se com a caatinga ou com o seridó, não tendo contato com a mata<br />
ou com o agreste.<br />
O sertão é uma região bem definida na vegetação típica que o cobre; a<br />
subvegetação, abundante no inverno, e composta de dezen<strong>as</strong> de espécies de<br />
gramine<strong>as</strong>, de leguminos<strong>as</strong>, de malváce<strong>as</strong>, de convolvuláce<strong>as</strong>, formando o<br />
primeiro tapete superficial, seguido de outro de arbustos variados, não densos,<br />
e a terceira camada é a d<strong>as</strong> árvores de cop<strong>as</strong> baix<strong>as</strong>, galhos curtos,<br />
entremeados, aqui e ali, pel<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>. Essa <strong>as</strong>sociação vegetativa é caracterizada<br />
pela dispersão: <strong>as</strong> árvores se distanciam uma d<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> e os<br />
arbustos se espalham para permitir à macega inferior receber a luz e medrar.<br />
Talvez seja por essa razão que o sertão se presta muito bem para <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens.<br />
No verão com o pisoteio excessivo do gado, <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> anuais desaparecem,<br />
qu<strong>as</strong>e todos os arbustos e árvores perdem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e a insolação<br />
incide sobre o chão.<br />
O sertão maltratado e degradado pelo sertanejo, na ânsia de extrair proveitos<br />
imediatos, tende a transformar-se em seridó, o que prova que a saarização<br />
é intensificada pelo homem. Tem o <strong>as</strong>pecto verde durante 3 a 4 meses,<br />
com <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, e mostra um panorama cinzento e melancólico n<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>. A<br />
atmosfera enxuta e movimentada, nos seus milhares de km 3 de ar, não facilita<br />
o orvalho; <strong>as</strong> precipitações variam desde <strong>as</strong> neblin<strong>as</strong> até <strong>as</strong> tempestades,<br />
cuj<strong>as</strong> enxurrad<strong>as</strong> não encontram no solo <strong>as</strong> oportunidades para constituir os<br />
88
lençóis freáticos. A acumulação de água, em maiores proporções somente e<br />
exeqüível por meio de barragem e d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>. É pouco provável a<br />
introdução, com êxito, do dry farming. O sertão é menos semi-árido, de<br />
vegetação mais pujante e com mais água do que o seridó, motivo por que<br />
aquele demonstra mais oportunidade de exploração, na escala da aridez. Em<br />
comparação com a caatinga, o sertão mostra uma flora menos raquítica, com<br />
menos cactáceos e espinhos; quando a altitude ultrap<strong>as</strong>sa os 300m, <strong>as</strong> condições<br />
mudam e surge a caatinga ou a serra.<br />
A <strong>as</strong>sociação de plant<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong> que revestem o sertão típico é uma mistura<br />
de erv<strong>as</strong> e trepadeir<strong>as</strong>, anuais, com arbustos e árvores, mais ou menos<br />
esparsa, tod<strong>as</strong> recebendo o sol; <strong>as</strong> efêmer<strong>as</strong>, que vegetam somente no inverno,<br />
são, entre outr<strong>as</strong>: o ervanço ou quebra-panela (Gromphrena demissa,<br />
Mart), o mata-p<strong>as</strong>to (C<strong>as</strong>sia uniflora, Mill), a jitirana (Ipomoea glabra,<br />
Choisy), o capim-pé-de-galinha (Dacty-loctenium aegytium, Richt), o capim-mimoso<br />
do cacho roxo (Chloris inflata, Link), a alfafa serteneja (Stylosanthes<br />
Guyanensis, Aubl. Swartz), o pega-pinto (Boerhaavia cocinea,<br />
Mill); da multiplicidade de arbustos podemos citar o mofumbo (Combretum<br />
leprosum, Mart), o marmeleiro (Croton hemyar gyreus, Muell), a jurubeba<br />
(Solanum paniculatum, Linn), o calumbi ou rompe gibão (Mimosa malacocentra,<br />
Mart); d<strong>as</strong> espécies arbóre<strong>as</strong> do sertão podem ser lembrad<strong>as</strong> a<br />
oiticica (Litania rígida, Benth), o juazeiro (Ziziphus joazeiro, Mart), o Ipê<br />
(Tecoma chrysotricha, Mart), a aroeira (Schinus aroeira, Vell), a canafístula<br />
(C<strong>as</strong>sia fistula, Linn) e outr<strong>as</strong>.<br />
Na delimitação d<strong>as</strong> regiões naturais, encontramos lugares onde a ação<br />
do homem perturbou, com os roçados, a harmonia original da vegetação<br />
nativa; a erosão, o desaparecimento de espécies e a inv<strong>as</strong>ão do campo por<br />
outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> tornam confusa a denominação. Também, na separação d<strong>as</strong><br />
du<strong>as</strong> regiões a natureza estabeleceu uma faixa de transição; para podermos<br />
calcular <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> respectiv<strong>as</strong>, tivemos de adotar a linha rígida, divisória.<br />
Superfícies totais (calculad<strong>as</strong> a planímetro no mapa) e populações do sertão:<br />
89
Estados<br />
R. G. do Norte.......<br />
Ceará ..................<br />
Paraíba.................<br />
90<br />
Municípios<br />
Angicos, Itaretama, S. Tomé, Sta.<br />
Cruz, S. Rafael, Jucurutu, A. Severo,<br />
Caraub<strong>as</strong>, Patu, Portalegre, Pau dos<br />
Ferros, Alexandria, Florânia, Santana<br />
dos Matos, Almino Afonso, Coronel<br />
Ezequiel, Itaú, Marcelino Vieira..........<br />
Sobral, Cariré, Reriutaba, Ipu,<br />
Ipueir<strong>as</strong>, Sta. Quitéria, Tamboril,<br />
Crateús, Iguatu, Saboeiro, Jucás,<br />
M<strong>as</strong>sapé, Coreaú, Araquém,<br />
Amontada, Lavr<strong>as</strong>, Baixio, Ipaumirim,<br />
Icó, Jaguaribe, Iracema, Morada<br />
Nova, Alto Santo, Aracoiaba.............<br />
A. Navarro, Cajazeir<strong>as</strong>, Catolé,<br />
Conceição, Curem<strong>as</strong>, Itaporanga,<br />
Malta, Piancó, Pombal, S. J.<br />
Piranh<strong>as</strong>, Souza, Uiraúna, Sta. Cruz..<br />
Total ................................................<br />
km 2<br />
15.957,500<br />
38.698,500<br />
15.171,500<br />
69.827,500<br />
Áre<strong>as</strong> Sertão km 2 Populações:<br />
R. G. do Norte 15.957,500 228.894<br />
Ceará 38.698,500 689.579<br />
Paraíba 15.171,500 313.816<br />
Total 69.827,500 1.232.289<br />
As áre<strong>as</strong> totais em hectares e <strong>as</strong> superfícies cultivad<strong>as</strong> são apreciad<strong>as</strong>,<br />
com aproximação, a seguir:
Sertão Áre<strong>as</strong> Lavour<strong>as</strong> atuais<br />
Ha Ha %<br />
R. G. do Norte 1.595.750 196.062 12<br />
Ceará 3.869.850 324.732 8<br />
Paraíba 1.517.150 283.511 18<br />
Total 6.982.750 804.305<br />
O sertão, no seu conjunto, talvez, permitisse um aumento de 12% de<br />
área plantada, desde que fossem adotad<strong>as</strong> <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> de conservação do<br />
solo, que <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> (mocó, oiticica, carnaúba, maniçoba, faveleira)<br />
fossem estimulad<strong>as</strong>, que a pecuária merecesse mais cuidado na parte de recuperação<br />
d<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens, da fenação e da silagem, e que o combate às prag<strong>as</strong><br />
tom<strong>as</strong>se um caráter sério.<br />
Há um ponto sujeito a controvérsia na agricultura sertaneja: é o incentivo<br />
ou não às lavour<strong>as</strong> alimentares. Parece-nos que, fora d<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> de irrigação<br />
e d<strong>as</strong> vazantes, não se deveriam estimular <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de cereais por causa<br />
d<strong>as</strong> perd<strong>as</strong> de tempo, de dinheiro e de esforço n<strong>as</strong> crises de seca. Sabemos<br />
que a reação contra essa orientação será forte com argumentos na conservação<br />
dos grãos para <strong>as</strong> époc<strong>as</strong> de falta. M<strong>as</strong>, havendo a possibilidade de o<br />
sertanejo mourejar num processo agrícola, sem olhar para o céu, em atividade<br />
mais estável, deveríamos tentar essa nova política.<br />
Somos de opinião que uma d<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de criar resistênci<strong>as</strong> ao pauperismo<br />
seria tirar o azar da lavoura anual, eliminar o jogo alternativo de chuv<strong>as</strong> e<br />
sec<strong>as</strong>, dando ao lavrador um sistema de agricultar mais seguro, com b<strong>as</strong>e n<strong>as</strong><br />
plant<strong>as</strong> resistentes à seca, na criação de gados com abundância de forragens<br />
e modo de vida mais metódico.<br />
Para compensar <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> anuais, há, ainda, a possibilidade de os estudos<br />
dos minérios revelarem oportunidades para outr<strong>as</strong> atividades. A industrialização<br />
d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> vegetais e do subsolo é outra chance de criar<br />
modalidades nov<strong>as</strong> de trabalho para ocupar uma parte da população ociosa.<br />
O incremento da produção, no sertão, seria promovido por providênci<strong>as</strong><br />
em diferentes setores, como:<br />
91
92<br />
1) Interessar os homens esclarecidos, dentro dos grupos de municípios<br />
vizinhos, na sorte do meio onde vivem para que <strong>as</strong> su<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong><br />
ajudem a executar program<strong>as</strong> de interesse coletivo, por exemplo: conservação<br />
do solo, combate às prag<strong>as</strong> (devem os comerciantes ter<br />
estoques de inseticid<strong>as</strong> para vend<strong>as</strong> locais), auxílios pessoais aos agrônomos<br />
da extensão rural.<br />
2) Estabelecer uma distribuição de funções entre secções do Fomento<br />
Agrícola do M. A., <strong>as</strong> Diretori<strong>as</strong> de Agricultura dos Estados, outros<br />
órgãos de Agricultura e a ANCAR, com b<strong>as</strong>e na extensão rural, dentro<br />
de um planejamento racional.<br />
3) Aperfeiçoar a experimentação com <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>; selecionar <strong>as</strong><br />
faveleir<strong>as</strong> mais produtiv<strong>as</strong>, de cachos indehiscentes; selecionar os clones<br />
mais valiosos da oiticica; aumentar e preservar a melhor semente<br />
do algodoeiro mocó;estudar <strong>as</strong> questões de adubação; fazer ensaios<br />
de irrigação, para esclarecer muitos pontos importantes.<br />
4) Preparar operários especializados n<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong> do sertão, mediante<br />
demonstrações e explicações prátic<strong>as</strong> no campo. O ensino seria elementar<br />
e visaria difundir o emprego de máquin<strong>as</strong> de tração animal,<br />
operações de conservação do solo, processos de extinção de prag<strong>as</strong>,<br />
confecção de feno e de silagem, etc.
Insolação<br />
Umidade relativa<br />
Temperatura do ar Cº<br />
Evaporação total - mm<br />
Milímetros de chuva<br />
3500<br />
3400<br />
3300<br />
3200<br />
3100<br />
3000<br />
2900<br />
69<br />
67<br />
65<br />
63<br />
61<br />
59<br />
57<br />
55<br />
53<br />
39<br />
37<br />
35<br />
33<br />
31<br />
23<br />
21<br />
19<br />
17<br />
15<br />
13<br />
2300<br />
2200<br />
2000<br />
1800<br />
1600<br />
1400<br />
1200<br />
1400<br />
1200<br />
1000<br />
800<br />
600<br />
400<br />
Nº de hor<strong>as</strong> totais de luz por ano<br />
Umidade relativa do ar - média<br />
Temperatura máxima do ano<br />
Temperatura média dos máximos<br />
Temperatura média dos mínimos<br />
Temperatura mínima do ano<br />
Média 750 mm<br />
1939 40 42 44 46 48 50 52 54 56<br />
SERVIÇO AGRO-INDUSTRIAL<br />
1958<br />
IRREGULARIDADE CARACTERÍSTICA<br />
DAS CHUVAS, NOS ANOS<br />
CONSIDERADOS SECOS<br />
Ano de 1941<br />
Chuva total ------------------- 674 mm.<br />
“ mês março---------- 307 mm. (45% do ano)<br />
“ dia 6 março -------- 125 mm. (40% do mês)<br />
Ano de 1942<br />
Chuva total ------------------- 468 mm.<br />
“ mês abril ------------- 207 mm. (44% do ano)<br />
“ dia 10 abril ------------ 93 mm. (44% do mês)<br />
Ano de 1951<br />
Chuva total ------------------- 726 mm.<br />
“ mês abril ------------- 317 mm (43% do ano)<br />
“ dia 23 abril ----------- 115 mm. (36% do mês)<br />
Ano de 1953<br />
Chuva total ------------------- 563 mm.<br />
“ mês março----------- 254 mm (45% do ano)<br />
“ dia 26 fevereiro----- 113 mm. (86% do de fev.)<br />
Ano de 1958<br />
Chuva total ------------------- 535 mm.<br />
“ mês março ----------- 275 mm. (51% do ano)<br />
“ dia 23 março -------- 127 mm. (46% do mês)<br />
MÉDIAS MENSAIS DE CHUVAS<br />
SERTÃO - PARAÍBA<br />
SOUSA- AÇUDE SÃO GONÇALO<br />
0<br />
S O N D J F M A M J J A<br />
A- ANOS N O S-<br />
- MESES -<br />
M E S E S<br />
Gráfico 3 – Observações meteorológic<strong>as</strong> feit<strong>as</strong> no Instituto J.A. Trindade,<br />
Açude S. Gonçalo, Souza - Paraíba, Zona do Sertão, nos anos<br />
de 1939 a 1958.<br />
Fonte: Etene/BNB Des. ABA/CRS - 1963<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
Milímetros de chuva<br />
93
Altitude de Paulistana..........................450ms.<br />
Altitude de São Raimundo Nonato .....400ms.<br />
Milímetros de chuva<br />
94<br />
1200<br />
1100<br />
1000<br />
900<br />
800<br />
700<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
0<br />
1914<br />
15 16 17 18<br />
Milímetros de chuva<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
S. Raimundo Nonato<br />
MÉDIA MENSAIS DE CHUVAS<br />
ZONA DA CAATINGA<br />
PIAUÍ - 1914-1938<br />
Paulistana...................<br />
S. Raimundo Nonato...<br />
J A S O N D J F M A M J<br />
M E S E S<br />
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37<br />
A n o s<br />
Paulistana<br />
M= 650 mm<br />
Gráfico 4 - Observações pluviométric<strong>as</strong> em Paulistana e S. Raimundo<br />
Nonato - Piauí - Zona da Caatinga 1914-1938.<br />
Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico do Br<strong>as</strong>il.<br />
1938
Foto 1 - Sertão jaguaribano em tempo de inverno.<br />
Foto 2 - Sertão de Sobral a Frexeirinha, no fim de inverno.<br />
95
96<br />
Foto 3 - Vista do sertão cearense (150m de altitude) na direção de Freicheirinha.
97<br />
Estado Mata Agreste Serr<strong>as</strong><br />
Tabela 25 - Áre<strong>as</strong> próváveis, em hectares, d<strong>as</strong> regiões naturais do <strong>Nordeste</strong><br />
determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa<br />
Bacia de<br />
Cariris<br />
Sertão Caatinga<br />
Irrigação Velhos<br />
Curimataú Seridó Carr<strong>as</strong>co Cerrado Prai<strong>as</strong> Total<br />
Piauí 5.248.550 4.341.500 89.250 120.000 - 13.333.950 - - - 1.022.050 975.050 37.500 25.168.300<br />
Ceará - 25.000 659.650 141.400 3.669.850 7.295.800 - - 2.056.300 579.750 - 161.750 14.789.500<br />
R.G. Norte - 344.275 114.750 39.079 4.595.750 2.328.171 - - 792.875 - - 92.000 5.306.900<br />
Paraiba 516.750 56.250 676.000 25.000 1.517.1150 446.250 1.473.500 405.950 517.750 - - 21.000 5.655.600<br />
Pernambuco 1.511.900 1.239.000 408.500 100.500 - 6.509.500 - - - - - 38.500 9.807.900<br />
Alago<strong>as</strong> 681.900 - - 60.000 - 1.149.000 - - - - - 61.100 2.771.100<br />
Sergipe 681.900 - - 40.000 - 1.434.500 - - - - - 46.300 2.202.700<br />
Bahia 8.112.500 10.963.800 712.500 264.500 - 27.748.850 - - - - 8.468.750 208.300 56.209.200<br />
17.293.600 16.969.825 2.669.650 750.479 6.982.750 60.246.021 1.473.500 405.950 3.366.925 1.602.250 9.443.250 666.450 121.911.200<br />
14,0% 14,2% 3,0% 0,7% 5,5% 49,2% 1,2% 0,4% 2,6% 1,2% 7,5% 0,5% 100%<br />
Regiões mais úmid<strong>as</strong> com possibilidades para a produção permanente de gêneros alimentícios:<br />
Regiões<br />
Mata e vales úmidos<br />
Agreste<br />
Serr<strong>as</strong><br />
Baci<strong>as</strong> de Irrigação<br />
Regiões cuja ridez recomenda aproveitamento com cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>:<br />
Sertão<br />
Caatinga<br />
Cariris Velhos<br />
Curimataú<br />
Seridó<br />
Regiões cuj<strong>as</strong> condições de aridez e solo exigem estudos especiais para lavour<strong>as</strong> e pecuária:<br />
Carr<strong>as</strong>co<br />
Cerrado<br />
Não aproveitáveis prai<strong>as</strong>, dun<strong>as</strong><br />
Hectares<br />
17.293.600<br />
16.969.825<br />
2.669.650<br />
790.479 37.723.554 (3,2%)<br />
6.982.750<br />
60.246.021<br />
1.473.500<br />
405.950<br />
3.366.925 72.475.146 (58,5%)<br />
1.602.250<br />
98.443.800 11.046.050 (9,0%)<br />
666.450 (0,5%)<br />
Total 121.911.200
Tabela 26 - Regiões naturais com <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e populações<br />
continua<br />
ESTADOS<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
ESTADOS<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
98<br />
MATA<br />
1956 1950<br />
Ha. cultiv. População<br />
39.909<br />
-<br />
-<br />
53.710<br />
258.686<br />
179.863<br />
51.302<br />
482.469<br />
1.065.939<br />
76.325<br />
-<br />
47.076<br />
8.126<br />
353.640<br />
19.835<br />
-<br />
247.356<br />
752.858<br />
220.960<br />
-<br />
-<br />
396.205<br />
1.538.615<br />
677.599<br />
336.173<br />
1.897.075<br />
5.066.627<br />
AGRESTE<br />
1956 1950<br />
Ha. cultiv. População<br />
287.143<br />
-<br />
290.204<br />
24.021<br />
992.714<br />
80.773<br />
-<br />
1.395.641<br />
3.070.496
Tabela 26 - Regiões naturais com <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e populações<br />
continuação<br />
SERRAS<br />
ESTADOS<br />
1956<br />
Ha. cultiv.<br />
1950<br />
População<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
-<br />
109.346<br />
62.483<br />
174.673<br />
177.119<br />
13.381<br />
-<br />
34.660<br />
-<br />
302.898<br />
48.465<br />
352.731<br />
314.795<br />
66.025<br />
-<br />
105.199<br />
Som<strong>as</strong><br />
571.662 1.190.113<br />
ESTADOS<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
ESTADOS<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
SERTÃO<br />
1956 1950<br />
Ha. cultiv. População<br />
-<br />
-<br />
324.732<br />
689.579<br />
196.062<br />
228.894<br />
283.511<br />
----<br />
313.816<br />
----<br />
804.305 1.232.289<br />
CAATINGA<br />
1956 1950<br />
Ha. cultiv. População<br />
122.770<br />
493.241<br />
231.764<br />
65.502<br />
251.892<br />
108.125<br />
94.233<br />
278.204<br />
522.040<br />
1.483.683<br />
284.742<br />
144.727<br />
535.031<br />
268.740<br />
308.230<br />
1.436.735<br />
1.645.731 1.983.948<br />
99
Tabela 26 - Regiões naturais com <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e populações<br />
continuação<br />
CARIRIS VELHOS<br />
ESTADOS<br />
1956<br />
Ha. cultiv.<br />
1950<br />
População<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
-<br />
-<br />
-<br />
99.635<br />
----<br />
-<br />
-<br />
-<br />
325.835<br />
----<br />
Som<strong>as</strong><br />
99.635<br />
325.835<br />
ESTADOS<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
ESTADOS<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
100<br />
CURIMATAÚ<br />
1956 1950<br />
Ha. cultiv. População<br />
-<br />
-<br />
-<br />
31.322 ----<br />
31.322<br />
-<br />
147.270<br />
69.876<br />
88.561 ----<br />
305.707<br />
-<br />
-<br />
-<br />
60.733 ----<br />
60.733<br />
SERIDÓ<br />
1956 1950<br />
Ha. cultiv. População<br />
-<br />
219.790<br />
115.616<br />
95.191 ----<br />
430.597
Tabela 26 - Regiões naturais com <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e populações<br />
conclusão<br />
CERRADO<br />
ESTADOS<br />
1956 1950<br />
Ha. cultiv. População<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
ESTADOS<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
Rio Grande do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
1.419<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
1.419<br />
240.423<br />
1.074.589<br />
607.261<br />
805.040<br />
1.041.337<br />
321.204<br />
145.535<br />
1.043.189<br />
5.278.578<br />
15.553<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
15.553<br />
TOTAIS<br />
1956 1950<br />
Ha. cultiv. População<br />
1.045.696<br />
2.695.950<br />
967.921<br />
1.713.259<br />
3.381.155<br />
1.093.137<br />
644.403<br />
4.834.670<br />
16.376.191<br />
Fonte: - Serviço Estatístico da Produção - M.A.<br />
Censo de 1950 - ETENE - BNB<br />
Nota - Os dados estatísticos foram tirados por municípios e <strong>as</strong> regiões naturais não coincidem<br />
exatamente com a divisão municipal.<br />
101
REGIÕES NATURAIS ESTIMATIVA<br />
a) Adequad<strong>as</strong> para a<br />
produção de gêneros<br />
alimentícios:<br />
Mata e vales úmidos<br />
do litoral<br />
Agreste<br />
Serr<strong>as</strong><br />
Baci<strong>as</strong><br />
b) Própri<strong>as</strong> para<br />
cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> e<br />
p<strong>as</strong>tagens:<br />
Sertão<br />
Caatinga<br />
Cariris Velhos<br />
Curimataú<br />
Seridó<br />
c) Aproveitamento<br />
dependendo de<br />
estudos:<br />
Carr<strong>as</strong>co<br />
Cerrado<br />
d) Não aproveitáveis:<br />
Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong><br />
102<br />
A. Totais Ha.<br />
17.293.600<br />
16.969.825<br />
2.669.650<br />
790.479 37.723.554<br />
6.982.750<br />
60.246.021<br />
1.473.500<br />
405.950<br />
3.366.925 72.475.146<br />
1.602.250<br />
9.243.800 11.046.050<br />
666.450 666.450<br />
121.911.200<br />
(*) Estimativa - (M. A. - D.N.O.C.S - C.V.S.F. - Particulares)<br />
A. Cult. Ha<br />
1.065.939<br />
752.858<br />
571.662<br />
02.000(+)<br />
804.305<br />
1.645.731<br />
99.6353<br />
31.322<br />
305.677<br />
1.419<br />
-<br />
-<br />
Ha. cultiváveis<br />
15.908.280<br />
5.279.677<br />
562.479<br />
790.479 12.541.434<br />
2.079.825<br />
17.833.390<br />
147.350<br />
40.595<br />
160.225 20.261.385<br />
-<br />
-<br />
-<br />
32.807.819 (26%)
3.3 - Caatinga<br />
“A caatinga é um conjunto de árvores e arbustos espontâneos, densos,<br />
baixos, retorcidos, de <strong>as</strong>pecto seco, de relh<strong>as</strong> pequen<strong>as</strong> e caduc<strong>as</strong> no verão<br />
seco, com proteção contra a desidratação pelo calor e pelo vento. As raízes<br />
são muito desenvolvid<strong>as</strong>, gross<strong>as</strong> e penetrantes. O solo é silicoso ou sílicoargiloso,<br />
enxuto, qu<strong>as</strong>e sem humo, pedregoso ou arenoso, pobre em azoto,<br />
porém contendo regular teor de cálcio e potássio, como atesta a vegetação<br />
do algodoeiro e do caroá. Na caatinga, a <strong>as</strong>sociação florística, com o solo e<br />
a atmosfera, é qu<strong>as</strong>e uma simbiose, tal o regime de economia rígida da água<br />
para entreter <strong>as</strong> funções em equilíbrio. A caatinga alta, fechada, impenetrável<br />
pela densidade e pelos espinhos, foi a primitiva, mais rica de elementos arbóreos,<br />
mais povoada de espécies nobres, mais secular na idade, porque conseguiu<br />
escapar do fogo indígena, que sobreviveu ao avanço dos primeiros<br />
colonizadores, menos lavradores e mais criadores, m<strong>as</strong> que sucumbiu, em<br />
parte, ao segundo p<strong>as</strong>so da civilização, quando <strong>as</strong> boc<strong>as</strong> mais numeros<strong>as</strong> e<br />
<strong>as</strong> necessidades de matéria-prima apelaram para amplos roçados e plantios.<br />
Em poucos lugares resta, escondida, a caatinga verdadeira; a mais visível,<br />
curta e magra, sem epifitismo, com sub-bosque de bromeliáce<strong>as</strong> selvagens e<br />
arbúsculos endurecidos, chão sem capins, e uma amostra, um vestígio do<br />
que foi a “floresta seca’’ (9)<br />
A caatinga é uma <strong>as</strong>sociação de plant<strong>as</strong> com <strong>as</strong>pecto seco, com árvores<br />
e arbustos unidos, dotados de espinhos, de folh<strong>as</strong> caidiç<strong>as</strong>, caules retorcidos,<br />
porte baixo, com subvegetação de macambira e caroá.<br />
As espécies que compõem uma caatinga variam conforme esteja ela em<br />
altitude alta ou baixa, em solo arenoso sedimentar ou de origem arqueana.<br />
As plant<strong>as</strong> que mais caracterizam a caatinga são: o umbuzeiro (Spondia<br />
tuberosa), a barriguda (Chorizia ventricosa), o icó (Capparis Ico), a baraúna<br />
(Schnopsis br<strong>as</strong>iliensis) o faveleiro (Cnidosculus phyllacanthus), o<br />
pau ferro (Caesalpinia ferrea, Mart); na caatinga da Bahia aparecem também,<br />
o licuri (Syagrus coronata, Mart) e a camaratuba (Cratylia mollis);<br />
na caatinga litorânea do Ceará e R.G. Norte a carnaubeira (Copernicia cerifera)<br />
também uma palmeira do sertão; <strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong> comuns na caatinga são<br />
<strong>as</strong> Opunti<strong>as</strong>, os Cereus, os Pilocereus, os Cephalocereus; a vegetação<br />
103
<strong>as</strong>teira, que cobre o chão da caatinga, é formada principalmente pela macambira<br />
(Bromelia laciniosa, Mart) e o caroá (Neoglaziovia variegata).<br />
O matuto diz que a caatinga tem mais espinho do que o sertão e que os<br />
capins não gostam d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong>.<br />
A caatinga baixa, do interior, é mais saca durante o dia e à noite; a situada<br />
em altitude superior a 400m ou a do litoral tem noites fresc<strong>as</strong>, com maior<br />
umidade atmosférica.<br />
Quatro plant<strong>as</strong> indicam <strong>as</strong> caating<strong>as</strong> mais úmid<strong>as</strong>: o agave, a palma o<br />
aveloz e o cajueiro.<br />
Conforme a altitude, a proximidade do Oceano, o solo sedimentar, arenoso<br />
ou o de piçarra (arqueano), o grau de aridez da caatinga varia de 3,9 a<br />
6, 2. A relação chuva versus evaporação oscila entre 1: 4,8 a 1: 2,2.<br />
No futuro, os estudos da caatinga poderão estabelecer uma cl<strong>as</strong>sificação<br />
mais subdividida e especificada.<br />
As áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> nos Estados se distribuem do seguinte modo,<br />
determinad<strong>as</strong> com o planímetro no mapa:<br />
Estados<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
R. G. do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
104<br />
Tabela 27 - Áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> nos Estados<br />
N o . de municípios<br />
(total ou parcialmente<br />
abrangidos)<br />
30<br />
46<br />
20<br />
8<br />
26<br />
11<br />
25<br />
51<br />
217<br />
km 2<br />
133.339,5<br />
72.958,0<br />
23.281,71<br />
4.462,5<br />
65.095,0<br />
11.490,0<br />
14.345,00<br />
277.488,5<br />
602.460,21<br />
Hectares<br />
13.333.950<br />
7.295.800<br />
2.328.171<br />
446.250<br />
6.509.500<br />
1.149.000<br />
1.434.500<br />
27.748.850<br />
60.246.021
Estados<br />
Tabela 28 - Caatinga: áre<strong>as</strong> totais cultivad<strong>as</strong> e população<br />
Piauí<br />
Ceará<br />
R. G. do Norte<br />
Paraíba<br />
Pernambuco<br />
Alago<strong>as</strong><br />
Sergipe<br />
Bahia<br />
Som<strong>as</strong><br />
Áre<strong>as</strong> Totais<br />
Ha.<br />
13.333.950<br />
7.295.800<br />
2.328.171<br />
446.250<br />
6.509.500<br />
1.149.000<br />
1.434.500<br />
27.748.850<br />
60.246.021<br />
Cultivad<strong>as</strong><br />
Ha. 1956<br />
122.770<br />
493.241<br />
231.764<br />
65.502<br />
251.892<br />
108.125<br />
73.215<br />
274.266<br />
1.620.775<br />
População<br />
1950<br />
522.040<br />
1.483.683<br />
284.742<br />
144.727<br />
535.031<br />
268.740<br />
223.021<br />
1.372.584<br />
4.834.568<br />
Fonte: Serv. Estat. Produção - M. A. Censo: IBGE - 1950. Etene - BNB<br />
Nota: As áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> foram tomad<strong>as</strong> por municípios, cuj<strong>as</strong> superfícies<br />
não coincidem exatamente com <strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong>.<br />
A caatinga do Piauí, até 300m de altitude, abrangendo municípios como:<br />
Oeir<strong>as</strong>, Floriano, Jurumenha, Canto do Buriti, São João do Piauí, Jaicós,<br />
Bom Jesus e outros, de solo silicoso, branco, amarelo ou marrom, de fraca<br />
fertilidade, é mais adequada para a pecuária e <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> resistentes à seca.<br />
O clima mais seco, de solo enxuto, com pouc<strong>as</strong> epizooti<strong>as</strong>, a vegetação<br />
nativa de capins e ram<strong>as</strong> e camaratuba, de favaleiro, de muquém (canafístula),<br />
de juazeiro e outr<strong>as</strong>, tornam o ambiente propício à criação de gado. Há<br />
pouc<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong> nos municípios citados. Em São João do Piauí aparecem<br />
mais o xique-xique, o mandacaru, o facheiro e, também, os acompanhantes<br />
da caatinga típica: macambira e caroá. A topografia ondulada, em geral, e<br />
plana, n<strong>as</strong> chapad<strong>as</strong>, permite a mecanização d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de pouca chuva,<br />
com adubação.<br />
O prefeito de São João do Piauí, Sr. Luís Carvalho, plantou 150ha. de<br />
palma e algum<strong>as</strong> algarob<strong>as</strong>; n<strong>as</strong> margens do rio Piauí, em terreno salgado,<br />
plantou 80ha. de carnaubeir<strong>as</strong>. Ainda não fui perfurado poço profundo em<br />
105
São João do Piauí. A lagoa de Nazaré, entre Floriano e Oeir<strong>as</strong>, alimentada<br />
pelo rio Piauí, poderá ser aumentada, mediante barragem e servir<br />
para lavour<strong>as</strong> regad<strong>as</strong> e de vazantes; a de Parnaguá, também, poderá<br />
ter melhor aproveitamento.<br />
Na caatinga piauiense, o algodão mocó não abre o capulho; os algodões<br />
cultivados, ali, são o “Verdão” e o “Maranhão”, nos baixios<br />
menos secos.<br />
N<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> alt<strong>as</strong>, acima de 300m, como nos municípios de Pio<br />
IX, Fronteir<strong>as</strong>, Picos, Paulistana, São Raimundo Nonato, Caracol e<br />
outros, aparecem <strong>as</strong> gleb<strong>as</strong>, ora de arenito, ora de piçarra amarela e<br />
pedr<strong>as</strong>; ali, <strong>as</strong> árvores e os arbustos de rama mantêm a folhagem por<br />
mais tempo, <strong>as</strong> noites são mais úmid<strong>as</strong> e mais fresc<strong>as</strong>, a palma cresce<br />
melhor; o aveloz e a algaroba já foram introduzidos, a mamona é cultivada<br />
ao lado da mandioca e dos cereais, os capins jaraguá e colonião<br />
estão prosperando bem, nos baixios, em Correntes e Bertolínia, onde<br />
foram introduzidos pelo agrônomo Augusto Paranaguá.<br />
As fazend<strong>as</strong> são grandes, faltam <strong>as</strong> cerc<strong>as</strong>, a criação de gado é<br />
muito extensiva e, onde predomina o capim-agreste, o fogo é usado<br />
para provocar a brotação, mesmo sem chuva.<br />
A formação sedimentar do Piauí, com a abundância da água subterrânea,<br />
tem facilitado a perfuração de poços artesianos e os estudos futuros<br />
darão conclusões sobre o volume d’água explorável e d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> regáveis<br />
.. Já existem 11 poços jorrantes, em Picos, no vale do Rio Guarib<strong>as</strong>;<br />
<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de cebola e alho, no leito desse rio atingem 30km de<br />
extensão. Esse vale começa no pé da Serra dos Cariris Novos e desce<br />
até Oeir<strong>as</strong>. A fonte d’água, em Bocaína, no leito do Rio Guarib<strong>as</strong>, corre<br />
pelo leito do rio até 1 légua de Picos, ou seja, uma extensão de 36km.<br />
Uma perfuratriz de percursão, do Dnocs, em Picos, preparou<br />
11 poços de 8", todos jorrantes, com a profundidade de 70 a 150m,<br />
revestimento de canos de 20m iniciais e vazões de 3 a 10 litros d’água,<br />
por segundo. O custo médio por poço, com o revestimento, tem sido<br />
106
de Cr$ 20.000,00 pagos pelo proprietário e Cr$ 20.000,00 por conta<br />
do Dnocs.<br />
No vale do Guarib<strong>as</strong>, predomina a pequena propriedade rural. Se fosse<br />
possível dispor de mais perfuratrizes, seria conveniente preparar poços para<br />
irrigar mais de 15.000ha. nesse vale, dispendendo o governo, com 2.000<br />
poços, a quantia de Cr$ 40 milhões de cruzeiros e os particulares igual quantia.<br />
Já há irrigação com os 11 poços e os lavradores estão entusi<strong>as</strong>mados.<br />
Abrisse a repartição os poços, os lavradores fariam todo o trabalho da lavoura<br />
regada. Há outros vales no Piauí com poços jorrantes como o do rio<br />
Sambito, em C<strong>as</strong>telo e o do rio Cais, em São Miguel do Tapuio.<br />
Quanto à pecuária, há possibilidade de melhorar a caatinga para p<strong>as</strong>tagem,<br />
retirando a vegetação sem valor, deixando os arbustos e árvores de ram<strong>as</strong>,<br />
semeando capins e leguminos<strong>as</strong>, corrigindo a acidez do solo com calcáreo<br />
moído, dividindo <strong>as</strong> mang<strong>as</strong> em p<strong>as</strong>tos menores com cerc<strong>as</strong> de aveloz, para<br />
alternar o p<strong>as</strong>toreio e preparando bebedouros com poços profundos equipados<br />
com cata-vento e tanque. O plantio da palma e o armazenamento de feno<br />
completariam <strong>as</strong> providênci<strong>as</strong> sobre forragens. O combate às queimad<strong>as</strong> e às<br />
doenç<strong>as</strong> do gado são fatores importantes para o êxito da pecuária.<br />
O litoral do Ceará foi cl<strong>as</strong>sificado como caatinga baixa (altitude), em face<br />
de a vegetação cerrada, arbórea-arbustiva, solo silicoso ou argiloso, seco,<br />
de a exposição ao vento e de <strong>as</strong> observações meteorológic<strong>as</strong> de Parangaba<br />
terem dado uma relação chuva versus evaporação de 1:2,2 e o índice de<br />
aridez, na fórmula de Mangenot, ter acusado 6,2. Essa caatinga sofre a influência<br />
marítima e sua temperatura à noite é mais amena do que a da caatinga<br />
do interior.<br />
Os solos da caatinga litorânea, do Ceará, apresentam variações; <strong>as</strong>sim,<br />
os arenitos terciários predominam nos municípios de Acaraú, Camocim, Chaval,<br />
Aquiraz, Fortaleza, Caucaia, C<strong>as</strong>cavel, São Gonçalo do Amarante, e<br />
Trairi; os derivados dos gneisses e dos xistos aparecem em Granja, M<strong>as</strong>sapê,<br />
Marco, Itapajé, Itapipoca, Maranguape, e Pentecoste; os de origem cretácea<br />
são, possivelmente, <strong>as</strong> várze<strong>as</strong> de Aracati, Jaguaruana, Russ<strong>as</strong> e Limoeiro.<br />
107
A produção de mandioca, de frut<strong>as</strong>, de hortaliç<strong>as</strong> e, talvez, a de cereais,<br />
n<strong>as</strong> proximidades dos centros urbanos nos fazem julgar que essa caatinga<br />
será mais utilizável para gêneros alimentícios.<br />
O cajueiro, a oiticica, a carnaubeira e a mangueira vegetam nativ<strong>as</strong> e<br />
vencem a competição com o mato.<br />
Sem dúvida, a grande lavoura do litoral cearense será o cajueiro para a<br />
indústria de doces, de óleo, de amêndo<strong>as</strong> e de resina. Árvore de grande<br />
porte que “briga” com o mato, cobrindo o solo, adaptada ao clima irregular<br />
e ao solo silicoso, com longa duração, podendo ultrap<strong>as</strong>sar <strong>as</strong> crises de seca<br />
e dando safr<strong>as</strong> de setembro a novembro, o cajueiro é uma planta industrial,<br />
ao mesmo tempo que uma essência de reflorestamento.<br />
A irrigação, por meio de poços, para hortaliç<strong>as</strong> e frut<strong>as</strong>, é possível, neste<br />
litoral, desde que sejam perfurados mais de 100m para se tentar maior vazão<br />
d’água.<br />
Na caatinga do interior cearense estão incluídos os municípios de Juazeiro<br />
do Norte, Mauriti, Barbalha, Brejo Santo, Milagres, Missão Velha e Porteir<strong>as</strong>,<br />
cujos solos são considerados por Paul Vageler e outros como arenitos<br />
cretáceos. O critério geográfico tem sido adotado por muitos estudiosos para<br />
julgar os cariris-novos, que abrangem esses municípios citados e diversos<br />
outros incluindo até Serr<strong>as</strong>.<br />
Faltam ainda estações meteorológic<strong>as</strong>, estudos de solos e da flora para<br />
cl<strong>as</strong>sificar ecologicamente os cariris-novos.<br />
A influência da Serra do Araripe, a presença d<strong>as</strong> fontes d’água deram, a<br />
esses sete municípios, de caatinga alta, a vantagem de mais umidade no solo<br />
e no ar, o que os torna recomendáveis para roç<strong>as</strong> de gêneros alimentícios.<br />
Os outros municípios da caatinga elevada, do interior do Ceará, com formações<br />
ora de arqueano, ora sedimentar, com flora nativa xerófila, são: Cococi,<br />
Tauá, Monsenhor Tabosa, Independência, Campos Sales, Anueiros, Fari<strong>as</strong><br />
Brito, Várzea Alegre, Catarina, Assaré, Pedra Branca, Pereiro e outros. Nestes,<br />
a pecuária e plantações tolerantes à seca são <strong>as</strong> mais adequad<strong>as</strong>.<br />
108
A caatinga potiguar de João Câmara, Pedro Avelino, Açu, Ipanguaçu,<br />
Macau, Mossoró, Areia Branca e Apodi, Grossos, Pendência, Upanema, S.<br />
B. Norte, é pouco úmida, de solo pedregoso para o interior é mais silicoso<br />
perto do mar, serve para a criação de gado e lavour<strong>as</strong> resistentes à falta de<br />
chuv<strong>as</strong>. Os outros municípios de Taipu, S. P. Potengi, Serra Caiada, J. Cicco,<br />
Santo Antônio, S. J. do Campestre e N. Cruz, fazem parte da caatinga<br />
mais úmida, entre o agreste e o sertão, compõem os campos mais cultivados<br />
do Rio Grande do Norte para os alimentos humanos.<br />
A grande necessidade da agricultura desta caatinga são <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> de<br />
conservação do solo; a erosão e o empobrecimento dest<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> tem sido<br />
muito acelerados, nos últimos anos.<br />
A caatinga paraibana, onde estão situados os municípios de Itabaina,<br />
Sapé, Alagoa Grande, Serra Redonda, Arueir<strong>as</strong>, Ingá, Alagoinha, dentro d<strong>as</strong><br />
isoiet<strong>as</strong> de 700 a 900mm, de solos areno-argilosos, mais profundos, poderia<br />
figurar, também, como produtores de gêneros alimentícios.<br />
A caatinga pernambucana envolve os municípios de Afogados de Ingazeira,<br />
Águ<strong>as</strong> Bel<strong>as</strong>, Jatinã, Bodocó, Cabrobó, Carnaíba, Custódia, Exu, Flores,<br />
Floresta, Inajá, Itapetim, Orobó, Ouricuri, Parnamirim, Petrolândia, Petrolina,<br />
Salgueiro, Santa Maria da Boa Vista. M. da Boa Vista, São José do Egito,<br />
Serra Talhada, Serrita, Sertânia, Tabira, Tacaratu, São José do Belmonte. Há<br />
solos de piçarra e pedr<strong>as</strong> como Sertânia, Custódia, Serra Talhada, Salgueiro,<br />
Jatinã, Floresta (parte), São José do Egito, Serrita, Afogados da Ingazeira,<br />
Flores, Manissobal. Os outros municípios são de terr<strong>as</strong> de arenito.<br />
Fora os municípios de Petrolina, Coripós, Orocó, Cabrobó, Jatinã, Floresta<br />
e Petrolândia, que podem ser irrigados parcialmente com águ<strong>as</strong> do rio<br />
São Francisco, os restantes municípios são mais adequados para lavour<strong>as</strong><br />
xerófil<strong>as</strong> e para a pecuária.<br />
À margem esquerda, em território de Pernambuco, a lavoura regada poderá<br />
atingir cerca de 85.000 hectares. Com os açudes públicos e particulares<br />
e com poços profundos na chapada Mirim-Petrolândia, talvez seja possível<br />
irrigar 15.000 hectares.<br />
109
Pelo esquema de Hans Singer, nessa caatinga deverá desenvolver-se a<br />
pecuária, pelo melhoramento dos p<strong>as</strong>tos e da conservação d<strong>as</strong> forragens e<br />
ampliarem-se cultur<strong>as</strong> perenes, resistentes à seca, principalmente <strong>as</strong> oleaginos<strong>as</strong><br />
e <strong>as</strong> fibr<strong>as</strong>, por meio da extensão agrícola, do fomento e do financiamento<br />
e a criação de pequen<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> com matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> locais.<br />
Os municípios encostados n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> da Conceição, Boa Vista, Vermelha<br />
e Baixa Verde têm mais umidade atmosférica e são menos secos; aqueles<br />
situados em menor altitude e mais próximos do rio São Francisco são mais<br />
secos e mais quentes; ali, a relação chuva versus evaporação é de 1: 4,8 e o<br />
grau de aridez é 3,9.<br />
Na caatinga alagoana ficam localizados os municípios de Arapiraca, Batalha,<br />
Delmiro Gouveia, M. Izidoro, Olho d’Água d<strong>as</strong> Flores, Palmeira dos<br />
Índios, Pão de Açúcar, Quebrângulo, Ipanema, e Traipu, conforme o mapa<br />
organizado pelo engenheiro agrônomo João Guilherme de Pontes Sobrinho.<br />
Nesse mapa, a caatinga úmida está separada da caatinga seca.<br />
Os solos resultaram da decomposição do granito, do gneiss e do mic<strong>as</strong>histo;<br />
são raros, com piçarra e pedr<strong>as</strong>; com manch<strong>as</strong> salin<strong>as</strong>, especialmente<br />
quando os riachos secam.<br />
A topografia é ondulada e, salvo na margem do rio S. Francisco, <strong>as</strong> terr<strong>as</strong><br />
não parecem indicad<strong>as</strong> para a irrigação devido ao teor de sal.<br />
O desbravamento dessa caatinga pelos roçados, pelo fogo, pelo destocamento<br />
e pel<strong>as</strong> capin<strong>as</strong>, destruiu a cobertura natural antiga e modificou a<br />
composição da flora desaparecendo a vegetação alta, seca, inicial.<br />
A restauração da cobertura de porte elevado, nos morros, mediante o<br />
reflorestamento com a jurema, o angico, a caatingueira, a umburana, o aveloz<br />
e a introdução da algaroba e do sabiá, são uma necessidade para fonte de<br />
lenha e de madeira, abrigo da fauna útil e proteção contra a erosão.<br />
As plant<strong>as</strong> que se desenvolvem bem ali são a palma, o agave, a pinha, o<br />
algodão, a mandioca, o cajueiro, a mangueira, o umbuzeiro, o juazeiro e <strong>as</strong><br />
forrageir<strong>as</strong> gramíne<strong>as</strong> e leguminos<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>. É uma região típica de pecuária<br />
110
leiteira ou de engorda e de plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, como demonstram <strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong><br />
dos criadores e lavradores de Batalha, M. Izidoro, Pão de Açúcar e Palmeira<br />
dos Índios. O ambiente comporta a introdução do sorgo, da algaroba, do<br />
sabiá, da videira e do capim sempre verde.<br />
Cerca de 50% do número total de propriedades têm menos de 10 hectares,<br />
o que prova não ser conveniente o aumento da população no setor rural.<br />
Talvez fosse aconselhável a fixação de parte dessa população n<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong><br />
regáveis, marginais do rio São Francisco ou, então, tomar medid<strong>as</strong> para promover<br />
a industrialização da região.<br />
É viável também um deslocamento de parte da população para colôni<strong>as</strong><br />
agrícol<strong>as</strong> no Maranhão ou no Piauí.<br />
Ousamos apresentar aqui algum<strong>as</strong> sugestões que, talvez, tenham o mérito<br />
de encontrar <strong>as</strong> soluções racionais para esses problem<strong>as</strong>:<br />
1) Estudar os solos e fazer levantamento cad<strong>as</strong>tral e de rendimento d<strong>as</strong><br />
fazend<strong>as</strong> para aquisição de mais conhecimento d<strong>as</strong> condições agrícol<strong>as</strong>, econômic<strong>as</strong>.<br />
2) Tentar uma solução para os minifúndios antieconômicos na colonizaçao<br />
à margem do rio São Francisco ou no Maranhão.<br />
3) Introduzir melhoramentos na organização interna d<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong>, especialmente<br />
quanto ao uso adequado de solos para lavour<strong>as</strong>, para p<strong>as</strong>tos e<br />
para caating<strong>as</strong>, instalação de bebedouros, melhoramentos n<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens,<br />
estabelecer a escrituração d<strong>as</strong> despes<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> receit<strong>as</strong>, construir cistern<strong>as</strong><br />
para armazenar a água de chuva para beber.<br />
4) Construir instalações para a higienização do leite, como estábulos e<br />
manjedour<strong>as</strong> e esterilizadores dos recipientes.<br />
5) Substituir os carros de bois por carroções, nos transportes locais.<br />
6) Reparar <strong>as</strong> estrad<strong>as</strong>.<br />
7) Fazer <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> periódic<strong>as</strong> de sementes de capins e leguminos<strong>as</strong><br />
nativ<strong>as</strong> para a semeadura n<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens mist<strong>as</strong>, com palma.<br />
111
8) Dividir os p<strong>as</strong>tos grandes em menores, por meio de cerc<strong>as</strong> de aveloz<br />
para facilitar o p<strong>as</strong>toreio rotativo.<br />
112<br />
9) Conservar forragens sob a forma de feno ou pela silagem.<br />
10) Dar <strong>as</strong>sistência agrícola e veterinária em forma extencionist<strong>as</strong>, mediante<br />
convênio entre os Departamentos do Ministério da Agricultura, a AN-<br />
CAR e a CVSF.<br />
11) Articular os trabalhos da experimentação agrícola, especialmente d<strong>as</strong><br />
lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, com os do Fomento, com os da educação da comunidade<br />
e os do financiamento.<br />
12) Apressar, e óbvio a alfabetização do povo, e preparar operários<br />
especializados.<br />
A caatinga sergipana limita-se com a mata, pois o agreste é tão estreito e<br />
difícil de delimitar que resolvemos considerá-lo como caatinga. Desse modo,<br />
a caatinga incluiria os municípios do R. Dant<strong>as</strong>, S. R. Lima, C. Brito, Itabaína,<br />
M. dos Bois, M. S. da Glória, Nossa Senhora d<strong>as</strong> Dores, Pinhão, P.<br />
Redondo, P. Verde, Porto Folha, Propriá, Ribeirópolis, S. Di<strong>as</strong>, Tamanduá,<br />
T. Barreto, A. S. Francisco, Aquidabã, Canhoba, Carira, Cumbe, F. Paulo,<br />
Gararu, Itabi, Macambira e Cedro S. João.<br />
Essa cl<strong>as</strong>sificação está de acordo com o engenheiro Jorge de Oliveira<br />
Netto no notável livro “Sergipe e o problema da seca”, pág. 46.<br />
Essa região, de topografia ondulada, com pouc<strong>as</strong> elevações, tem solos<br />
sedimentares, silicosos, bem como argilosos de origem arqueana. A chuva é<br />
irregular, como em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> caating<strong>as</strong>; <strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> d<strong>as</strong> precipitações variam<br />
de 700 a 800mm, médi<strong>as</strong> anuais.<br />
As observações meteorológic<strong>as</strong> de Propriá, que não é o município mais<br />
seco, denotam um índice de aridez de 5,1.<br />
Diz o engenheiro agrônomo Emmanuel Franco, em sua valiosa obra “Estudo<br />
de Ecologia Vegetal e Reflorestamento”, pág. 136:
“Os tabuleiros de Sergipe e do Norte da Bahia próximos aos limites de<br />
Sergipe, têm a mangaba, Hancronia apeciosa; acá ou pêssego do mato,<br />
Lucuma torta; João Leite; Cucuma ramiflora; o tingui, Magonia glabrata;<br />
os muricis, Byrsonina Spp; o cajuí, Anacardium sp; Aspidosperma tomentonum;<br />
a curatela americana; biriba, Lecithin sp.” E mais adiante afirma:<br />
“O grande perigo dos nossos solos não é a inv<strong>as</strong>ão de plant<strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong><br />
ou do litoral e sim a dos campos, porque estes em Sergipe denotam<br />
terrenos erodidos, pobres em humus e carentes de sais minerais”.<br />
A produção agrícola da caatinga sergipana é de algodão, arroz (n<strong>as</strong> margens<br />
do rio S. Francisco), feijão, mandioca, fumo (lagarto), milho e fruteir<strong>as</strong>.<br />
A caatinga baiana compreende a maior superfície do Estado, com os<br />
municípios de Angical, Ant<strong>as</strong>, Barra, Barrei r<strong>as</strong>, Boa Nova, Bom Jesus da<br />
Lapa, B. Macaúb<strong>as</strong>, Caetité, Carinhama, C<strong>as</strong>a Nova, Cícero Dant<strong>as</strong>, Chorrochó,<br />
Conc. Coité, Correntina, Cotegipe, Euclides da Cunha, Irecé, Itiúba,<br />
Jaguarari, Jeremoaba, Juazeiro, Macaúb<strong>as</strong>, M. Santo, M. Chapéu, Oliv. dos<br />
Brejinhos, Paramirim, L. Monte Alto, Paratinga, Parapiranga, Pilão Arcado,<br />
Gentio do Ouro, Poções, Queimad<strong>as</strong>, Remanso, R. Jacuípe, Santa Luz, Santa<br />
Maria da Vitória, Santana, Seabra, Sento Sé, Serrinha, Uauá, Xique Xique,<br />
Glória. Guanambi, R. Santana, Itapicuru, Nova Soure e Cipó.<br />
Pode ser baixa e muito seca, como a que acompanha o curso médio do<br />
rio São Francisco e trecho d<strong>as</strong> corredeir<strong>as</strong>; apresenta-se, às vezes em altitudes<br />
mais elevad<strong>as</strong> e com relativa umidade, como em Irecê (700 a 900m ).<br />
As observações meteorológic<strong>as</strong> de Barra e de Ibipetuba mostram a relação<br />
chuva versus evaporação 1: 2,5 a 1: 2,2 e o índice de aridez de 4,9 e 5, 0.<br />
As isoiet<strong>as</strong> mais baix<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong>, 500 a 600m, atingem C<strong>as</strong>a Nova,<br />
Patamuté, Uauá, Canudos, Glória e Curaçá.<br />
Segundo Gregório Bondar (10) , <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> variam muito, desde<br />
<strong>as</strong> argilos<strong>as</strong> do arqueano aos calcáreos paleozóicos, algonquianos até os<br />
aluviões fluviais inundáveis pel<strong>as</strong> chei<strong>as</strong> do rio S. Francisco.<br />
113
A caatinga baiana é povoada de cactáce<strong>as</strong> espinhent<strong>as</strong> (palmatóri<strong>as</strong>,<br />
mandacaru, facheiro), de umbuzeiros, de umburan<strong>as</strong>, de licuri, de icó de pau<br />
de rato, de c<strong>as</strong>satinga, de alecrim, de azedinha, de serrofeiro, de barriguda,<br />
de macambira e de caroá. N<strong>as</strong> altitudes maiores, os galhos d<strong>as</strong> árvores estão<br />
enfeitados com epifit<strong>as</strong>, denunciando a umidade do ar. A erosão n<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong><br />
do Norte da Bahia está tornando um <strong>as</strong>pecto <strong>as</strong>sustador tanto pel<strong>as</strong> enxurrad<strong>as</strong><br />
como pelo vento. Além do fogo nos roçados, a retirada de lenha e o<br />
p<strong>as</strong>toreio incontrolado dos caprinos e dos ovinos expõem o solo nu às intempéries.<br />
O problema mais difícil do aproveitamento d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> são <strong>as</strong> extensões<br />
de areia, onde <strong>as</strong> pouc<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> não encontram capacidade de retenção<br />
na profundidade mais conveniente.<br />
A lavoura do sisal está aumentando n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> úmid<strong>as</strong>. A procura da<br />
baga e do óleo de mamona incrementou a produção dessa Euforbiácea. O<br />
algodão é outra cultura importante da caatinga.<br />
A chapada de Irecê com umidade e altitude é um centro fornecedor de<br />
gêneros alimentícios. Mundo Novo, pela influência da montanha, tem regular<br />
produção agrícola.<br />
Os solos de m<strong>as</strong>sapê cretáceo, de 120 a 350m de altitude, nos baixios e<br />
valados de Itapicuru, Soure, Pombal, Cícero Dant<strong>as</strong>, Jeremoabo, Tucano,<br />
Euclides da Cunha, são aproveitados com lavour<strong>as</strong> rotineir<strong>as</strong>.<br />
A caatinga elevada apresenta ótim<strong>as</strong> condições para o agave, a goiabeira,<br />
o licuri, o umbuzeiro, o aveloz e outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> de pouca chuva.<br />
As plant<strong>as</strong> extrativ<strong>as</strong> dessa região são o licuri (amêndoa oleaginosa e<br />
cera da folha), o faveleiro (óleo e farinha da semente), o caroá (fibra da<br />
folha), o umbu (fruto para doces), o cipó-de-breu (pó resinoso), a maniçoba<br />
(borracha do caule), o tucum (fibra e óleo), o pequi (fruto alimentício e óleo)<br />
e muitos outros vegetais da caatinga, rica de espécies fornecedor<strong>as</strong> de produtos<br />
medicinais e estimulantes.<br />
114
É de grande importância o estudo completo dess<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong><br />
de solo, de água, de <strong>as</strong>sociação, de melhoramento dos seus produtos,<br />
que serão riquez<strong>as</strong> colossais quando a v<strong>as</strong>tidão d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> abandonad<strong>as</strong><br />
estiverem plantad<strong>as</strong> em lavour<strong>as</strong> racionais.<br />
Outra possibilidade dess<strong>as</strong> chapad<strong>as</strong> e ondulações é a formação de campos<br />
para p<strong>as</strong>toreio com o capim sempre-verde, o colonião, <strong>as</strong> gramíni<strong>as</strong> e<br />
<strong>as</strong> leguminos<strong>as</strong> espontâne<strong>as</strong>, <strong>as</strong> ram<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong>, com <strong>as</strong> palm<strong>as</strong> e os fenos<br />
para a criação de milhares de animais para leite e carne. Uma programação<br />
para <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens, com fazend<strong>as</strong> bem organizad<strong>as</strong> internamente, é uma garantia<br />
de rend<strong>as</strong>.<br />
A irrigação d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> da caatinga baiana é possível nos baixios do rio<br />
São Francisco, do Itapicuru, do Vaza Barris, por meio de barragens ou elevação<br />
e, também, por poços nos planos sedimentares.<br />
Não é demais prever uma área de 264.000 hectares, onde <strong>as</strong> safr<strong>as</strong><br />
garantid<strong>as</strong> de alimentos poderão ajudar muito à pecuária e <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong><br />
no desenvolvimento econômico do Estado.<br />
115
3.300<br />
2.900<br />
2.500<br />
81<br />
77<br />
73<br />
34<br />
30<br />
26<br />
22<br />
18<br />
2.500<br />
2.100<br />
2.700<br />
1.300<br />
900<br />
500<br />
116<br />
Hor<strong>as</strong> totais de insolação<br />
Gráu higrométrico médio do ar<br />
Média dos Máximos<br />
INSOLAÇÃO<br />
UMIDADE RELATIVA<br />
TEMPERATURAS EXTREMAS DO AR<br />
Média dos mínimos Mínima mensal 9ºC- Junho 1929<br />
Chuva<br />
Evaporação<br />
MILÍMETROS DE CHUVA<br />
Máxima mensal 35,7ºC - Nov. 1928<br />
1913<br />
14<br />
1915<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
23<br />
24<br />
1925<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30<br />
31<br />
32<br />
33<br />
34<br />
1935<br />
36<br />
37<br />
38<br />
39<br />
1940<br />
41<br />
42<br />
43<br />
44<br />
1945<br />
46<br />
47<br />
48<br />
Gráfico 5 - Observações meteorológic<strong>as</strong> Parangaba - CE; 1913 a 1947
Milímetros de chuva<br />
Chuva média, anual..............................................812 mm<br />
Chuva máxima, anual 1924 .............................1.558 mm<br />
Chuva máxima, anual 1938 .............................<br />
Nº de anos com chuva acima da média ......................16<br />
Nº de anos com chuva abaixo da média .....................24<br />
Umidade relativa do ar, médi<strong>as</strong> mensais ..........62 a 90%<br />
1.800<br />
1.600<br />
1.400<br />
1.200<br />
1.000<br />
800<br />
600<br />
400<br />
200<br />
0<br />
1913<br />
Milímetros de chuva<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
M F M A M J J A S O N D<br />
M E S E S<br />
16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54<br />
A N O S<br />
DISTRIBUIÇÃO MENSAL DAS<br />
CHUVAS EM 40 ANOS<br />
M = 812 mm.<br />
Gráfico 6 - Observações meteorológic<strong>as</strong> em Nova Cruz - Rio Grande<br />
do Norte - Zona da caatinga nos anos 1913 - 1954<br />
117
118<br />
Desvios da chuva, em mm. em relação à normal.<br />
+800<br />
+700<br />
+600<br />
+500<br />
+400<br />
+300<br />
+200<br />
+100<br />
719<br />
-100<br />
-200<br />
-300<br />
-400<br />
-500<br />
-400<br />
1914<br />
- 55%<br />
1915<br />
1916<br />
1917<br />
1918<br />
1919<br />
+ 61%<br />
1920<br />
+ 97%<br />
1921<br />
1922<br />
Normal 719 mm.<br />
1923<br />
1924<br />
1925<br />
1926<br />
+ 78%<br />
1927<br />
1928<br />
+ 56%<br />
1929<br />
1930<br />
PÃO DE AÇUCAR - ALAGOAS<br />
Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à normal.<br />
Periodo.......................................1914 - 1938<br />
Normal...........................................719 mms.<br />
Chuv<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> anual, 1921:....1.415 mm.<br />
Chuv<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> anual, 1938:.......305 mm.<br />
Nº de anos acima da normal......................9<br />
Nº de anos abaixo da normal...................16<br />
1931<br />
-55% -56%<br />
Gráfito 7 - Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, em mm, em relação à normal.<br />
Fonte: Atl<strong>as</strong> Pluviométrico do Br<strong>as</strong>il M. A. Etene/BNB Setembro-1958; Org. J.G.D. Cap. Asa<br />
Anos<br />
1932<br />
1933<br />
1934<br />
1935<br />
1936<br />
1937<br />
1938
Chuv<strong>as</strong> em mms.<br />
500<br />
450<br />
400<br />
350<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
JAN.<br />
FEV.<br />
MAR.<br />
Altitude: 296 ms.<br />
Médi<strong>as</strong> mensais de chuv<strong>as</strong>.<br />
Período de 1913 a 1933<br />
ABR.<br />
MAI.<br />
JUN.<br />
154 mm.<br />
JUL.<br />
AGO.<br />
M E S E S<br />
Gráfico 8 - Palmeira dos Índios - Alago<strong>as</strong><br />
Fonte: Etene/BNB Setembro-1958; Org. J.G.D. Cap. Asa<br />
SET.<br />
OUT.<br />
19 mm.<br />
NOV.<br />
DEZ.<br />
888 mm. - média anual.<br />
1.000<br />
mm.<br />
500<br />
mm.<br />
0<br />
119
120<br />
Foto 4 - Trecho da caatinga do Apodi, não muito alterada pelo homem.<br />
Subvegetação de bromeliáce<strong>as</strong>, solo calcáreo.<br />
Foto 5 - Caatinga modificada pela foice e pelo fogo, persistindo a<br />
macambira na cobertura do solo.
Chuva anual, média de 20 anos.........396mm.<br />
Chuva anual, máxima, 1940..............1.195 “<br />
Chuva anual, mínima, 1946..................159 “<br />
EVAPORAÇÃO ANUAL, TOTAL:<br />
Máximo, 1939...................................2.794 mm.<br />
Mínimo, 1955....................................1.117 “<br />
TEMPERATURAS EXTREMAS DO AR:<br />
Média de janeiro 1942.........................38ºC.<br />
Média de agosto 1955.........................17ºC<br />
UMIDADE RELATIVA:<br />
Média de agosto 1949............................92%<br />
Média de outubro 1943..........................31%<br />
INSOLAÇÃO: TOTAL DE HORAS POR ANO:<br />
Máxima, 1951.......................................3.159 hs.<br />
Mínima, 1946........................................2.478 hs.<br />
mm. de chuva<br />
1.400<br />
1.200<br />
1.000<br />
800<br />
600<br />
400<br />
200<br />
SERVIÇO AGROINDUSTRIAL<br />
Média = 396 mm.<br />
mm. de chuva<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
MÉDIAS MENSAIS DAS CHUVAS<br />
1939 - 1958<br />
S O N D J F M A M J J A<br />
M E S E S<br />
0<br />
1939 40 42 44 46 48 50 52 54 56 1958<br />
A N O S<br />
Gráfico 9 - Observações meteorológic<strong>as</strong> no Posto Agrícola do rio<br />
São Francisco - Icó - Floresta - Pernambuco, zona da<br />
caatinga, nos anos 1939 a 1958<br />
Fonte: Etene/BNB Des. Asa/Crs<br />
121
122<br />
Foto 6 - Caatinga pernambucana, em solo arenoso profundo. Trecho<br />
Petrolândia-Floresta.<br />
Foto 7 - Caatinga alta, época d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.
3. 4 - Cariris-velhos<br />
Sobre <strong>as</strong> ondulações da Serra da Borborema, na Paraíba, envolvendo<br />
oito municípios (Campina Grande, Cabaceir<strong>as</strong>, Pocinhos, Soledade, Taperoá,<br />
Sumé, São João do Cariri e Monteiro), <strong>as</strong>sentam-se os cariris-velhos.<br />
Os ventos, vindos do mar, forçados a subir o paredão de serra resfriamse,<br />
fazem chover no brejo (mata) e p<strong>as</strong>sam sabre os cariris já secos, o que<br />
causa, em parte, a deficiência d<strong>as</strong> precipitações, no relevo mais ou menos<br />
chato.<br />
As chuv<strong>as</strong> incert<strong>as</strong>, ora em forma de neblin<strong>as</strong>, ora de aguaceiros, não<br />
têm mês para começar ou terminar.<br />
O município de Cabaceir<strong>as</strong> tem a fama de ser o mais seco do Br<strong>as</strong>il.<br />
Os dados do “Atl<strong>as</strong> Pluviométrico”, para três municípios, em 25 anos, são:<br />
Cabaceir<strong>as</strong><br />
Chuva normal, anual ........................................................... 279 mm<br />
Chuva máxima, anual (1929) ............................................... 646 mm<br />
Chuva mínima, anual (1915) ................................................ 19 mm<br />
N o de anos de chuv<strong>as</strong> acima do normal ............................... 12 mm<br />
N o de anos de chuv<strong>as</strong> abaixo do normal .............................. 13 mm<br />
Monteiro<br />
Chuva normal, anual ........................................................... 642 mm<br />
Chuva máxima, anual (1924) ............................................... 2.595 mm<br />
Chuva mínima, anual (1915) ................................................ 99 mm<br />
N o de anos de chuv<strong>as</strong> acima do normal ............................... 11 mm<br />
N o de anos de chuv<strong>as</strong> abaixo do normal .............................. 14 mm<br />
Campina Grande<br />
Chuva normal, anual ........................................................... 819 mm<br />
Chuva máxima, anual (1914) ............................................... 2.220 mm<br />
Chuva mínima, anual (1930) ................................................ 306 mm<br />
N o de anos de chuv<strong>as</strong> acima do normal ............................... 12 mm<br />
N o de anos de chuv<strong>as</strong> abaixo do normal .............................. 13 mm<br />
123
124<br />
Os meses mais chuvosos são os de março, abril e maio.<br />
O ambiente é salubre, a temperatura à noite é agradável, havendo algum<br />
orvalho, porém somente na parte leste do platô. Não existe estação meteorológica<br />
nos cariris, m<strong>as</strong> unicamente pluviômetros instalados pelo Dnocs.<br />
Possuindo um clima menos quente do que o seridó e e o sertão, eles são<br />
procurados pelos seridoenses, pelos sertanejos e pelos brejeiros. M<strong>as</strong>, dad<strong>as</strong><br />
<strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições econômic<strong>as</strong> precári<strong>as</strong>, este platô não pode socorrer <strong>as</strong> lev<strong>as</strong><br />
migratóri<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, <strong>as</strong> quais então, se dirigem para a mata e <strong>as</strong> capitais.<br />
A formação arqueana deu solos pouco profundos, sílico-argilosos, fracos<br />
de humus, derivados da decomposição in loco do granito e do gneiss. O<br />
vento seco contribui mais para acentuar o grau de secura e o caráter xerófilo<br />
da vegetação. Não se pode adotar o dry farming, porque a terra não tem<br />
capacidade de acumulação hídrica, não serve para os cereais menores e não<br />
há neve ab<strong>as</strong>tecedora de umidade.<br />
Ecologicamente, os cariris são uma caatinga alta (altitude de 400 a 600m)<br />
composta de espécies espinhent<strong>as</strong>, de pequeno porte, de caules duros (exceto<br />
<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>), unid<strong>as</strong>, dens<strong>as</strong> ou fechad<strong>as</strong>, onde o chão é coberto de<br />
macambir<strong>as</strong>, de caroás e tillandsia, entremead<strong>as</strong> de arbustos lenhosos e<br />
retorcidos, e d<strong>as</strong> árvores típic<strong>as</strong> do umbuzeiro (Spondia tuberosa), cardeiro<br />
(Cereus peruvianus, Haw), catingueira (Caesalpini brateosa, Tul.), quixabeira<br />
e outr<strong>as</strong>. É a zona da predileção d<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>, devido à umidade do ar<br />
noturno. A ecologia do xerofilismo, típico dessa caatinga, explica a falta dos<br />
capins porque esses são menos resistentes à seca do que os arbustos. E<br />
demonstra a sobrevivência d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> lenhos<strong>as</strong> com <strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> de nutrientes<br />
e de água, n<strong>as</strong> raízes e nos caules, cujo exemplo clássico é o umbuzeiro.<br />
Perdendo <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> no verão, para economizar a água d<strong>as</strong> seiv<strong>as</strong>, a vegetação<br />
fornece ao gado, no chão, o feno natural d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, ric<strong>as</strong> de<br />
proteín<strong>as</strong> e de sais minerais. No verão, o panorama é cinzento-escuro, oferecendo<br />
uma natureza morta. Com <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, há mobilização d<strong>as</strong><br />
reserv<strong>as</strong>, formação de folh<strong>as</strong>; o ambiente torna-se verde e, numa semana,<br />
completa-se a ressurreição.
Tabela 29 - Cariris-Velhos: área, superfície plantada e população<br />
Municípíos Área Ha. Lavour<strong>as</strong> Habitantes<br />
1956 Ha<br />
Campina, Cabaceir<strong>as</strong>,<br />
Pocinhos, Soledade,<br />
Taperoá, S. J. Cariri,<br />
Sumé, Monteiro .............<br />
Cerca de 6% da superfície é cultivada.<br />
1.474.500 99.635 325.835<br />
Salvo <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, os cariris não têm condições para entusi<strong>as</strong>mar<br />
o incremento d<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de cereais.<br />
As lavour<strong>as</strong> capazes de produzir safr<strong>as</strong> compensador<strong>as</strong> são o agave, o<br />
sorgo, a manipeba, a palma forrageira, a algaroba, a mandioca, e, depois dos<br />
estudos genéticos e de melhoramentos, a cultura do umbuzeiro.<br />
Os minérios que ocorrem nos cariris são a c<strong>as</strong>siterita, em Soledade e<br />
Juazeirinho, a apatita, em Monteiro, a bismutita, em Soledade, etc.<br />
O principal ramo agrícola é a pecuária leiteira e de corte. Para avolumar<br />
essa fonte de renda, é imprescindível preparar p<strong>as</strong>tagens mais abundantes e<br />
mais ric<strong>as</strong> de nutrientes. A palma é a maior b<strong>as</strong>e para alimentação do gado,<br />
completada com <strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, os fenos e <strong>as</strong> tort<strong>as</strong>. A formação do p<strong>as</strong>to com a<br />
palma pode ser conseguida arrancando-se a vegetação de pouco valor, deixando<br />
<strong>as</strong> árvores e os arbustos de rama (caatingueira, jurema, juazeiro), plantando<br />
a palma com algaroba, mororó, c<strong>as</strong>si<strong>as</strong> e ac<strong>as</strong>si<strong>as</strong>, de modo a não ter<br />
mais de 50 árvores por hectare, e semeando, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, o capim-péde-galinha<br />
e <strong>as</strong> leguminos<strong>as</strong> r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>. Após dois anos, a p<strong>as</strong>tagem estará<br />
formada e, se a divisão d<strong>as</strong> “mang<strong>as</strong>” for bem-feita, com <strong>as</strong> cerc<strong>as</strong> de aveloz<br />
para controlar o p<strong>as</strong>toreio, haverá forragem garantida todos os anos.<br />
Se a palma for plantada com lavour<strong>as</strong> consorciad<strong>as</strong>, o enraizamento d<strong>as</strong><br />
árvores e <strong>as</strong> semeadur<strong>as</strong> dos capins e leguminos<strong>as</strong> serão feitos no segundo ano.<br />
125
Quando o fazendeiro quer trabalho rápido e não havendo vegetação a<br />
aproveitar, o desbravamento do solo, o destocamento e a gradeação podem<br />
ser executados a trator. No c<strong>as</strong>o, também, deve-se evitar o fogo, operando<br />
com a bulldozer em curva de nível, para dificultar a corrida da enxurrada. É<br />
conveniente deixar, entre os talhões de 100 a 200m de largura, um renque de<br />
caatinga nativa, de 20m de largura, em direção transversal ao vento dominante.<br />
O palmal com o p<strong>as</strong>to de rama, o p<strong>as</strong>toreio rotativo, o bebedouro para<br />
cada dois p<strong>as</strong>tos, o feno do sorgo, a torta de algodão, a vacinação sistemática<br />
do gado <strong>as</strong>seguram o êxito da pecuária.<br />
O umbuzeiro é uma árvore xerófila por excelência e cresce muito nos<br />
cariris-velhos. É uma d<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de pingo d’água que dispensa a irrigação.<br />
É possível transformar-se o umbuzeiro na ameixa da caatinga, mediante um<br />
trabalho de genética aplicada em que se procurariam melhorar <strong>as</strong> qualidades<br />
do fruto, diminuindo o caroço, aumentando o teor de açúcares, afinando a<br />
c<strong>as</strong>ca e, com a seleção d<strong>as</strong> árvores mais produtiv<strong>as</strong>, secar o fruto, fazer a<br />
embalagem em caixinh<strong>as</strong> ou lat<strong>as</strong> e exportá-lo como substituto da ameixa.<br />
A grande extensão de terr<strong>as</strong> propíci<strong>as</strong> para o umbuzeiro, a possibilidade<br />
de grandes lavour<strong>as</strong> indiferentes às variações pluviométric<strong>as</strong> e rend<strong>as</strong> vultos<strong>as</strong>,<br />
recomendam um estudo bem orientado do umbuzeiro.<br />
Apresentamos, abaixo, algum<strong>as</strong> sugestões sabre a agricultura nos caririsvelhos,<br />
sendo que, muit<strong>as</strong> del<strong>as</strong>, já estão sendo adotad<strong>as</strong> pelo grupo de trabalho<br />
dos cariris:<br />
1) Melhorar a organização interna d<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong> pelo uso mais adequado<br />
dos solos para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>, para <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens e para <strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> naturais;<br />
escriturar <strong>as</strong> receit<strong>as</strong> e <strong>as</strong> despes<strong>as</strong>; construir cistern<strong>as</strong> para guardar água d<strong>as</strong><br />
chuv<strong>as</strong> para uso humano; distribuir os trabalhos durante o ano e estar alerta<br />
n<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong> d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>.<br />
2) Programar o melhoramento dos p<strong>as</strong>tos e construir instalações para<br />
obter leite mais limpo.<br />
126
3) Ampliar a extensão agrícola com mais ênf<strong>as</strong>es n<strong>as</strong> ocupações doméstic<strong>as</strong>.<br />
4) Estimular <strong>as</strong> compr<strong>as</strong> de equipamento por 3 ou 4 fazendeiros vizinhos,<br />
para uso rotativo n<strong>as</strong> operações de campo e formação do espírito cooperativista.<br />
5) Fazer exposições dos produtos agrícol<strong>as</strong> e da pecuária para provocar<br />
reuniões, exibições de filmes e palestr<strong>as</strong>, e dar oportunidade aos criadores<br />
de trocarem idéi<strong>as</strong> sobre <strong>as</strong> su<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong>, bem como para exaltar os<br />
sucessos obtidos com <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong>.<br />
6) Fomentar principalmente <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> do agave, da palma, da mandioca,<br />
da manipeba, do sorgo, da algaroba e do umbuzeiro. Existe a cultura do<br />
algodoeiro arbóreo, porém o ambiente não e ótimo por causa do shedding.<br />
7) Racionalizar o uso dos farelos, tort<strong>as</strong> e concentrados n<strong>as</strong> rações, por<br />
motivos econômicos e devido à esc<strong>as</strong>sez dos produtos. Há grande disperdício<br />
de torta e farelo n<strong>as</strong> engord<strong>as</strong> de gado.<br />
8) Selecionar os animais de reprodução e vacinar os rebanhos.<br />
9) Usar, n<strong>as</strong> operações de campo, os princípios da conservação do solo.<br />
127
Precipitações mensais, em mms.<br />
128<br />
240<br />
220<br />
200<br />
180<br />
160<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
Região do Cariri-Paraíba.<br />
Chuv<strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, mensais, nos anos 1914-1938<br />
Cabaceir<strong>as</strong><br />
Campina Grande<br />
Monteiro<br />
J F M A N J J A S O N D<br />
M e s e s<br />
Gráfico 10 - Região do Cariri - Paraíba.<br />
Fonte: ETENE/BNB Outubro de 1958; Org. J. G. D./Asa
Foto 8 - Extensos plantios de palma. caririrs-velhos. Cabaceir<strong>as</strong>, Paraíba.<br />
Foto 9 - Gado alimentado com palma. Caatinga, Major Izidoro, Alago<strong>as</strong>.<br />
129
130<br />
Desvio d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em mms. em relação à normal.<br />
+700<br />
+600<br />
+500<br />
+400<br />
+300<br />
+200<br />
+100<br />
279<br />
-100<br />
-200<br />
-300<br />
-400<br />
-500<br />
-600<br />
1914<br />
1915<br />
-93%<br />
-62%<br />
1916<br />
CABACEIRAS - PARAÍBA<br />
Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à normal<br />
Período: ..................................1914-1938<br />
Normal:.......................................279 mm.<br />
Chuva máxima anual, 1929 .......649 mm.<br />
Chuva mínima anual, 1915 ..........19 mm.<br />
Nº de anos acima do normal................12<br />
Nº de anos abaixo do normal...............13<br />
1917<br />
-90%<br />
1918<br />
1919<br />
Normal 279 mm.<br />
-61%<br />
1920<br />
1921<br />
1922<br />
-57% -56%<br />
1923<br />
1924<br />
1925<br />
1926<br />
1927<br />
1928<br />
+132%<br />
1929<br />
A N O S<br />
Gráfico 11 - Cabaceir<strong>as</strong> - Paraíba - Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à normal.<br />
Fonte - Atl<strong>as</strong> Pluviométrico do Br<strong>as</strong>il M. A. ; Etene/BNB Setembro de 1958; Org. J.G.D. Cap. Asa<br />
1930<br />
+57%<br />
1931<br />
1932<br />
1933<br />
1934<br />
+82%<br />
1935<br />
1936<br />
+50%<br />
1937<br />
-62%<br />
1938
3. 5 - Curimataú<br />
Situado na parte leste da Borborema, na Paraíba, limitando-se com a<br />
mata, com o agreste e com a caatinga, o curimataú acompanha o vale do rio<br />
do mesmo nome, na altitude de 600 a 300m.<br />
Abrange os municípios de Caiçara, Pequi e os Distritos de Barra de Sta.<br />
Rosa, Pedra Lavrada, Cabati, Dona Inês, com a área total de 4.059,5km 2 .<br />
O curimataú é o prolongamento do leste da zona dos cariris-velhos, porém<br />
<strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições ecológic<strong>as</strong> são diferenciad<strong>as</strong> dos cariris pela elevação do<br />
maciço da Borborema, do lado de Areia e serr<strong>as</strong> de Araruma, Milagres e<br />
Conceição, do lado do norte, separando a região do seridó rio-grandense.<br />
Os ventos pesados de umidade, ao galgarem a testada da Serra da Borborema,<br />
despejam <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> na mata, formando o Brejo Paraibano. Predomina,<br />
<strong>as</strong>sim, sabre o curimataú o ar seco, fresco à noite, com precipitações esc<strong>as</strong>s<strong>as</strong><br />
no inverno. Com a influência da altitude, condensa-se a umidade do ar na<br />
forma de orvalho, pela madrugada. Não há observações meteorológic<strong>as</strong> no<br />
curimataú. O engenheiro agrônomo Lauro Xavier, nos seus excelentes estudos<br />
d<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> fisiográfic<strong>as</strong> da Paraíba, “A União”, setembro 1958, define bem esta<br />
zona quanto ao clima, relevo, vestimenta botânica e agricultura. A flora é constituída<br />
de uma subvegetação de bromeliáce<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, como a macambira (Bromelia<br />
laciniosa, Mart.), o caroá (Neogiaziovia varregata, Arr. C.), samambaia,<br />
beldroega (Portulaca oleracea, Linn), velame (Croton campestris, St.<br />
Hil.). A cobertura maior é de vegetais resistentes à seca, principalmente <strong>as</strong><br />
cactáce<strong>as</strong>, facheiro (Cereus squamosus, Guerke), cardeiro (Cereus adscendens,<br />
Guerk), coroa de frade (Melacactus bahiensis, Brítt et Roso) e <strong>as</strong> árvores<br />
craibeira (Tabebuia Caraiba, Mart), quixabeira (Bumelia sartorum, Mart),<br />
icó (Capparis Yco, Eichi), baraúna (Melanoxylon brauna, Schott), etc.<br />
A vegetação somente é verde na f<strong>as</strong>e rápida d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, perde <strong>as</strong> folh<strong>as</strong><br />
no verão e predomina o xerofilismo. Não há capins espontâneos no tapete<br />
superficial. As gramíne<strong>as</strong>, introduzid<strong>as</strong> como forrageir<strong>as</strong>, não medram bem,<br />
pois a ecologia do curimataú é mais favorável aos cactus, aos arbustos lenhosos<br />
e às madeir<strong>as</strong>.<br />
131
A geologia da zona é mista; aparecem <strong>as</strong> roch<strong>as</strong> ígne<strong>as</strong> e <strong>as</strong> sedimentares;<br />
o rio Curimataú erodiu o vale, n<strong>as</strong> cacimb<strong>as</strong> e n<strong>as</strong> escavações surgem<br />
muitos fósseis, donde concluiu o Dr. Leon Clerot que o curimataú é o mais<br />
rico depósito de fósseis do <strong>Nordeste</strong>.<br />
132<br />
A água subterrânea é pouca e salgada.<br />
Tabela 30 - Curimataú: áre<strong>as</strong>, lavour<strong>as</strong> e população - Paraíba<br />
Municípios<br />
Área Ha. Lavour<strong>as</strong> Habitantes<br />
Caiçara, Santa<br />
Rosa, Belém,<br />
1956 (11) 1950 (12)<br />
Picuí ............ 405.950 31.322 60.733<br />
Conforme já foi esclarecido, a superfície total foi calculada a planímetro,<br />
no mapa ecológico, o que não coincide exatamente com a divisão municipal.<br />
O solo arenoso retém pequena porção d’água. As lavour<strong>as</strong> são limitad<strong>as</strong><br />
ao agave, ao fumo, palma forrageira, milho e feijão. A criação de gado bovino,<br />
caprino e ovino é a atividade mais rendosa.<br />
A elevação do padrão de vida dos moradores do curimataú depende da<br />
decisão para vencerem <strong>as</strong> dificuldades, melhorando <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens nativ<strong>as</strong> com<br />
o desb<strong>as</strong>te da vegetação não forrageira, introdução dos plantios do sorgo,<br />
da algaroba, d<strong>as</strong> espécies de ram<strong>as</strong> nutritiv<strong>as</strong>, da preparação d<strong>as</strong> aguad<strong>as</strong>,<br />
do aumento dos campos de palma e divisão dos p<strong>as</strong>tos pel<strong>as</strong> cerc<strong>as</strong> de<br />
aveloz para estabelecer o p<strong>as</strong>toreio alternativo. Valeria a pena tentar, ali, a<br />
aclimação do sanfeno, a Hespanha, e de outr<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong> perenes. Devido<br />
à altitude, o clima é próprio para o algodoeiro mocó; os ensaios revelaram<br />
alta queda dos capulhos.<br />
O agave, fumo de estufa e o sorgo para grãos e forragem parecem ser<br />
<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> mais aconselháveis.<br />
A irrigação não encontra condições propíci<strong>as</strong>, pela esc<strong>as</strong>sez de água e<br />
presença do sal.
3.6 - Carr<strong>as</strong>co<br />
É a região menos estudada e menos explorada. Situa-se entre os limites do<br />
Ceará com o Piauí e parte no interior desse último Estado. Cerca de 15 a<br />
18km ao poente de Tianguá, na Serra da Ibiapaba, começa o carr<strong>as</strong>co com a<br />
largura aproximada de 25km, até um lugar chamado Queimad<strong>as</strong> na Rodovia<br />
BR; no sentido do comprimento, o carr<strong>as</strong>co acompanha a linha divisória Ceará-Piauí,<br />
abrangendo áre<strong>as</strong> dos dois Estados, na extensão de 175km, desde a<br />
Serra do Arco, ponta oriental da Ibiapaba, até o Boqueirão do Poti (via férrea<br />
Oiticica-Ibiapaba). São cerca de 4.992km 2 .<br />
Depois desse boqueirão, outro carr<strong>as</strong>co continua, de ambos os lados da<br />
divisa estadual, atingindo parte dos municípios de S. Miguel do Tapuio, Crateús,<br />
Novo Oriente, Independência, Tauá, Valência, até próximo Pio IX, sobre<br />
<strong>as</strong> Serr<strong>as</strong> Grande e Cariris-Novos, com a largura de 30 a 65km, comprimento<br />
de 200km, ou seja, uma área de 10.225km 2 , medida a planímetro, no mapa.<br />
No centro do Piauí, na Chapada Grande, entre Regeneração, Valença e Oeir<strong>as</strong>,<br />
há outro carr<strong>as</strong>co com a superfície de 770km 2 .<br />
Não há observações meteorológic<strong>as</strong> no carr<strong>as</strong>co, salvo <strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> calculad<strong>as</strong><br />
pela pluviosidade nos municípios vizinhos da fronteira Ceará-Piauí. Ess<strong>as</strong><br />
isoiet<strong>as</strong> são de 600m e estão influenciad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> da mata (parte úmida<br />
da Ibiapaba) e pel<strong>as</strong> precipitações do agreste (Piripiri-Piracuruca). Na realidade,<br />
o carr<strong>as</strong>co é mais seco.<br />
Os ventos que sopram do Ceará para o Piauí são forçados a subir pela<br />
muralha da Ibiapaba (altitude de 840m, em Tianguá), resfriam-se, precipitam<br />
<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> na faixa úmida e estreita (Viçosa e São Benedito) e p<strong>as</strong>sam, já secos,<br />
para o carr<strong>as</strong>co (altitude de 600 a 300m ), descendo a serra do lado ocidental.<br />
A estação úmida é de março a maio e resulta da sobra d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> na Mata<br />
da Ibiapaba; há nevoeiro seco, não se forma o orvalho. O verão é longo, com<br />
di<strong>as</strong> ensolarados e noites fresc<strong>as</strong>.<br />
O agrupamento botânico é muito denso, apertado, unido, com 10 a 15<br />
arbustos por metro quadrado, disputando o alimento e a umidade no solo<br />
e a luz no espaço, para sobreviverem, na altura de 2 a 5m, com folh<strong>as</strong><br />
133
dur<strong>as</strong>, coriáce<strong>as</strong>. A vegetação consiste na cobertura de caroá, macambira<br />
(não em todo o carr<strong>as</strong>co), de mandacaru, de facheiro, de umburana,<br />
de jacarandá, de banha de galinha (Machaerim sp), de alecrim (Rosmarinuos<br />
Officinalis), de canela de veado (Nectandra reticulada) e <strong>as</strong> espécies<br />
de rama; jiquiri ou malícia de boi (Mimosa sp), a catanduva (Piptadenia<br />
moniliformis, Benth), o cipó de tatu (?), o feijão-bravo (Ph<strong>as</strong>eolus<br />
? Centrosema ?).<br />
Ao contrário da caatinga, <strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong> têm baixa freqüência no<br />
carr<strong>as</strong>co; o conjunto vegetal baixo, duro, retorcido e entrelaçado é difícil<br />
de ser rompido; os espaços vazios entre os arbustos, com a relva, como<br />
aparecem no agreste, são desconhecidos no carr<strong>as</strong>co, salvo quando o<br />
lavrador faz roçados.<br />
A <strong>as</strong>sociação botânica, natural, conserva o solo, porque, entre outros<br />
motivos, <strong>as</strong> espécies anãs, rij<strong>as</strong>, requerem esc<strong>as</strong>sos minerais, satisfazemse<br />
com baixa umidade e impedem o vento de carregar a sílica solta.<br />
O solo do carr<strong>as</strong>co é silicoso ou arenoso, com ou sem pedr<strong>as</strong>,<br />
permeável e enxuto; a desidratação é conjugada na atmosfera e no solo.<br />
Não havendo humo, mesmo debaixo da vegetação velha, a insuficiência<br />
de b<strong>as</strong>es trocáveis, no perfil do solo explorável pel<strong>as</strong> raízes, e a carência<br />
hídrica, típica, o carr<strong>as</strong>co não indica aproveitamento para lavoura. Se<br />
existissem <strong>as</strong> observações meteorológic<strong>as</strong> e se fosse possível calcular o<br />
índice de aridez, o carr<strong>as</strong>co provavelmente ficaria situado, na escala,<br />
abaixo do seridó. Na cl<strong>as</strong>sificação d<strong>as</strong> regiões ecológic<strong>as</strong>, para exploração<br />
agrícola, ele figuraria como área de proteção; os estudos posteriores<br />
conduzirão a atividade p<strong>as</strong>toril mais racionalmente.<br />
É difícil haver alternação da lavoura com o carr<strong>as</strong>co, mesmo com o alqueive,<br />
porque não há acumulação de humo e a umidade com os nutrientes do solo<br />
são insuficientes para <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong>. É verdade que os poucos moradores<br />
plantam mandioca, feijão, milho, nos baixios dos riachos, n<strong>as</strong> depressões<br />
topográfic<strong>as</strong> menos sec<strong>as</strong>, porém est<strong>as</strong> pequen<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de subsistência apresentam<br />
baixo rendimento e são, freqüentemente, prejudicad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> estiagens.<br />
134
O carr<strong>as</strong>co é pouco habitado; há alguns moradores n<strong>as</strong> margens dos rios<br />
Pitanga e Pavuna, e dos riachos. Entre os dois rios citados, há um chapadão<br />
de 6km, sem água e sem habitantes. A falta de moradores não é causada<br />
somente pela falta d’água, m<strong>as</strong>, sobretudo, porque o solo não oferece condições<br />
para produzir alimentos. As fazend<strong>as</strong> são medid<strong>as</strong> em légu<strong>as</strong>.<br />
N<strong>as</strong> noss<strong>as</strong> viagens de estudo no carr<strong>as</strong>co, obtivemos informações locais,<br />
valios<strong>as</strong>, do engenheiro agrônomo José Avelino Machado Portela, do prefeito<br />
Pergentino Ferreira da Costa e dos Srs. Pedro Aragão Ximenes, Seb<strong>as</strong>tião<br />
Gomes Parente e Amadeu Ximenes de Araújo, que têm viajado a cavalo pelo<br />
carr<strong>as</strong>co, conhecem-no bem, sendo que, ali alguns deles têm fazend<strong>as</strong>.<br />
Não encontramos poço profundo perfurado no carr<strong>as</strong>co; há cacimb<strong>as</strong><br />
de 13m de profundidade, com a água de 3 e 4m da superfície, e todo o perfil<br />
da escavação é de arenito. A água é de boa qualidade, sem sal. O Sr. Francisco<br />
Cavalcante de Paula fez o açude “Varzea”, de cooperação com o Dnocs,<br />
em 1947, porque esse reservatório nunca sangrou “porque o solo é poroso e<br />
chove pouco”, segundo nos disse o proprietário.<br />
É possível a obtenção de água para uso doméstico e bebida do gado por<br />
meio de poços ou de cacimb<strong>as</strong>, utilizando o cata-vento.<br />
O agave cresce bem no carr<strong>as</strong>co nos anos chuvosos; quando surge uma<br />
seca, definha. Por essa razão, tem sido plantado na faixa subúmida da serra.<br />
O agrônomo J.A. Machado Portela divide a Ibiapaba em faixa chuvosa (café,<br />
cana e cereais), a subúmida (mandioca, agave, batatinha e fumo) e o carr<strong>as</strong>co<br />
(palma e gado). A subúmida é tão pequena e de difícil limitação que não a<br />
especificamos neste trabalho.<br />
A palma forrageira não tem sido plantada em maior escala no carr<strong>as</strong>co;<br />
existem poucos pés; talvez a falta de mud<strong>as</strong> e a ignorância do processo do<br />
arraçoamento do gado com esta cactácea sejam <strong>as</strong> caus<strong>as</strong> da inexistência<br />
dos palmais.<br />
O capim-milhã foi introduzido no carr<strong>as</strong>co e prospera nos terrenos baixos.<br />
Não resiste porém à seca.<br />
135
A criação do gado no carr<strong>as</strong>co é feita à salta; não há cerc<strong>as</strong>; os bovinos<br />
p<strong>as</strong>tam <strong>as</strong> ram<strong>as</strong> verdes e <strong>as</strong> falh<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>; quando esc<strong>as</strong>seiam esses alimentos,<br />
os vaqueiros queimam os espinhos da macambira, do xique-xique, e do<br />
mandacaru para salvar os rebanhos.<br />
136<br />
Os solos do carr<strong>as</strong>co parecem ácido, a julgar pela origem arenítica.<br />
N<strong>as</strong> investigações dos processos adequados para o aproveitamento ecológico<br />
e econômico, agrícola, do carr<strong>as</strong>co, teremos de considerar o preparo<br />
do solo, a prudência no corte da vegetação nativa para evitar a erosão eólia,<br />
a correção da acidez, a adubação, a alternação dos talhões para o pousio, <strong>as</strong><br />
espécies de cultur<strong>as</strong> adaptáveis em relação à pecuária, que é o ramo mais<br />
provável de exploração.<br />
Até que sejam feit<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> experimentações, não se podem recomendar<br />
prátic<strong>as</strong> rurais com segurança.
Foto 10 - Região do carr<strong>as</strong>co, Serra da Ibiapaba, depois de Tianguá,<br />
indo para o Piauí. Altitude de 600m. Solo de arenito.<br />
Foto 11 - Aspecto da vegetação no carr<strong>as</strong>co, no mês de janeiro de 1960.<br />
137
138<br />
3.7 - Cerrado<br />
A região oeste da Bahia, limítrofe com Goiás, que se estende até Gilbués,<br />
no Piauí, na altitude acima de 600m, é denominada localmente de cerrado ou<br />
campos gerais. Não sofre seca, pois é chuvosa, embora a planície não mantenha<br />
a água; os riachos e os rios cavaram a chapada e a água permanente<br />
existe mais em baixo. A temperatura é amena, o vento é constante e <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong><br />
ocorrem de outubro a maio. Não há estação meteorológica.<br />
Os campos gerais ou cerrado são constituídos de arenitos e quartzitos<br />
estratificados, com camad<strong>as</strong> de barro e areia cimentados, de espessura variável,<br />
de decomposição lenta, com subsolo duro e impermeável. O solo é<br />
amarelo, vermelho ou marrom, composto mais de areia do que de argila,<br />
ácido, pobre de matéria orgânica e de pouca fertilidade; tem pouco poder de<br />
retenção para a água, motivo por que, no verão, <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> apresentam o<br />
<strong>as</strong>pecto seco; <strong>as</strong> concreções ferruginos<strong>as</strong> lembram os solos lateríticos.<br />
O nosso contato com o cerrado se deu durante um mês, em 1955. O<br />
planalto é de formação arenítica cretácea e foi cortado pelos rios Grande,<br />
Preto, Correntes, Carinhama e seus afluentes, do que se originaram vales,<br />
embaixo, com diferenç<strong>as</strong> de altitude até de 400m, como acontece com o<br />
vale do Rio Grande, onde está a cidade de Barreir<strong>as</strong>.<br />
A erosão secular dos rios, ao cavarem <strong>as</strong> depressões, deixaram expost<strong>as</strong><br />
<strong>as</strong> camad<strong>as</strong> inferiores de calcáreo. Na planicíe superior que se estende<br />
para dentro de Goiás, há brejos ou “vered<strong>as</strong>” de árvores alt<strong>as</strong> e buritizais.<br />
O chão é coberto de gramíne<strong>as</strong> dur<strong>as</strong> e de ciperáce<strong>as</strong>. Em larg<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong>,<br />
surgem arbustos e árvores separados, retorcidos, com caules protegidos<br />
de cortiça, de folh<strong>as</strong> caidiç<strong>as</strong>, mostrando sinais de queimad<strong>as</strong> repetid<strong>as</strong>,<br />
em anos anteriores.<br />
A vegetação r<strong>as</strong>teira é de capim-agreste, capim-barba-de-bode (Aristida<br />
sp), tucum anão (Astrocaryum campestre), barbatimão (Stryphnodendron<br />
barbatimão), catolé (Syagrus comosa), mangaba (Ribeira sorbilis A.<br />
C.), pequi (Caryocar glabrum), lixeira (Curatela americana). A flora é<br />
pobre de espécies, esparsa e rala, com arbustos e árvores independentes. As
queimad<strong>as</strong>, para provocar a brotação do p<strong>as</strong>to, em setembro e outubro,<br />
contribuíram para formar essa qu<strong>as</strong>e estepe, onde a vista enxerga longe a<br />
caça, a mangaba, o pequi, procurados pelos “Mangabeiros”, homens solitários,<br />
que vivem em abrigos de palha, ao pé d<strong>as</strong> árvores, e dormem no chão.<br />
Não há c<strong>as</strong>a ou população fixa nos “gerais”. Os poucos homens isolados<br />
trabalham na extração da borracha da mangabeira, na coleta dos cocos de<br />
catolé, na busca do pequi e caçam, especialmente, a ema para venderem <strong>as</strong><br />
pen<strong>as</strong> a Cr$ 150,00 cada quilo (1955). Periodicamente o “borracheiro” vem<br />
à feira mais próxima vender <strong>as</strong> su<strong>as</strong> “safr<strong>as</strong>” e comprar roup<strong>as</strong>, rapadura,<br />
farinha e aguardente.<br />
O fogo, o endurecimento do solo e a topografia plana permitiram aos<br />
comboios de burros e aos caminhões abrir “estrad<strong>as</strong> de pneus” transportar o<br />
sal para <strong>as</strong> fazend<strong>as</strong> de gado do norte de Goiás. Este sal, fabricado n<strong>as</strong><br />
prai<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, é levado de caminhão até Petrolina, transportado em<br />
chat<strong>as</strong> e vapores até Barreir<strong>as</strong> e, dali, para Goiás.<br />
Tabela 31 - Cerrados: áre<strong>as</strong> calculad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />
Estados Hectares<br />
Piauí ............................................................................... 975.050<br />
Bahia .............................................................................. 8.468.750<br />
Total ............................................................................... 9.443.800<br />
A primitiva exploração do cerrado foi a extração de diamantes, de mica<br />
e de cristal de rocha, como ainda existe em Gilbués, no Piauí. Depois vem a<br />
engorda de gado com <strong>as</strong> queimad<strong>as</strong> anuais dos campos nativos. A terceira<br />
f<strong>as</strong>e depende dos estudos e da experimentação agrícola, da correção dos<br />
solos, da adubação, da adaptação d<strong>as</strong> espécies, etc., tanto para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />
como para a pecuária.<br />
A construção da estrada Fortaleza-Br<strong>as</strong>ília, p<strong>as</strong>sando por Caitité e Barreir<strong>as</strong>,<br />
cortando o cerrado baiano de norte a sul, possibilitará a comunicação<br />
com os mercados, se uma colonização bem planejada e orientada for empre-<br />
139
endida, com b<strong>as</strong>e na experimentação agrícola e na extensão rural. Os planos<br />
de irrigação, já estudados pela CVSF no vale do Rio Grande, em Barreir<strong>as</strong><br />
e no rio Correntes, se executados, serão sustentáculos para a alimentação<br />
dos colonos no altiplano, que estarão ocupados, possivelmente, com a pecuária<br />
e <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> arbóre<strong>as</strong>, mais adaptáveis à ecologia do cerrado.<br />
Assim, a integração do oeste baiano na economia nordestina será facilitada<br />
pela rede rodoviária, com a navegação do rio São Francisco, em Barreir<strong>as</strong><br />
e em Correntes, com a produção da irrigação pel<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> dos rios<br />
perenes e com a diversificação dos ramos agrícol<strong>as</strong> na colonização da grande<br />
área do planalto.<br />
M<strong>as</strong> essa vitória somente, será obtida, se houver compreensão dos homens<br />
do governo, cooperação entre os órgãos responsáveis, planejamento<br />
cuidadoso, aquisição de muita experiência na colonização e <strong>as</strong>sistência completa<br />
aos colonos.<br />
140
3. 8 - Agreste<br />
O agreste é uma região intermediária entre uma umidade e outra semiárida<br />
ou entre o mar e uma caatinga. É subúmida, com temperatura mais<br />
branda, à noite.<br />
Às vezes, essa região participa d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> da mata ou d<strong>as</strong> sobr<strong>as</strong> na<br />
pluviosidade na caatinga; permite <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de gêneros alimentícios, cereais,<br />
mandioca e até do tomate, como acontece com a grande lavoura industrial,<br />
em Pesqueira. As chuv<strong>as</strong> são um pouco mais tardi<strong>as</strong> do que no sertão e<br />
menos irregulares. Os solos podem ser r<strong>as</strong>os, de origem arqueana, como em<br />
Pernambuco, e silicosos, areníticos e profundos, como existem no agreste do<br />
Piauí.<br />
As áre<strong>as</strong> do agreste, calculad<strong>as</strong> pelo nosso mapa d<strong>as</strong> regiões naturais, se<br />
distribuem pelos diferentes Estados do seguinte modo:<br />
Tabela 32 - Agreste: áre<strong>as</strong><br />
Estados Hectares<br />
Piauí ............................................................................... 4.341.500<br />
Ceará ............................................................................. 25.000<br />
Rio Grande do Norte ...................................................... 344.275<br />
Paraíba ........................................................................... 56.250<br />
Pernambuco ................................................................... 1.239.000<br />
Alago<strong>as</strong> .......................................................................... 270.000<br />
Bahia .............................................................................. 10.693.800<br />
Total ............................................................................... 16.969. 825<br />
O agreste do Piauí, conforme nossa observação e na opinião d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />
consultad<strong>as</strong>, residentes no Estado, limita-se com a mata, ao longo do rio<br />
Parnaíba, com a caatinga de Regeneração até Valença, com o carr<strong>as</strong>co acompanhando<br />
o pé da Serra da Ibiapaba, deixando fora a caatinga de Pedro II, e<br />
encostando, ao norte, na caatinga do litoral, abrangendo total ou parcialmente<br />
os municípios de Piracuruca, Pimenteir<strong>as</strong>, Água Branca, Altos, Campo Maior,<br />
141
Barr<strong>as</strong>, Batalha, Beneditinos, Cocal, Piripiri, Alto Longá, São Miguel do<br />
Tapuio, C<strong>as</strong>telo, Valença, E. Veloso, J. Freit<strong>as</strong>, S. Félix e São Pedro.<br />
É todo em formação sedimentar, com solo de arenito, ácido, profundo<br />
e tem abundância d’água subterrânea; a topografia e bem plana. O solo<br />
carece de corretivo e de adubação para lavour<strong>as</strong> alimentares. A vegetação<br />
é de árvores espaçad<strong>as</strong> com capim-agreste por baixo. As queimad<strong>as</strong> para<br />
os p<strong>as</strong>tos têm, certamente, impedido o crescimento de arbustos. O cajueiro,<br />
o faveiro, o pequi, a carnaubeira, o tucum são <strong>as</strong> espécies que mais<br />
ocorrem.<br />
Atualmente, o agreste piauiense tem sido mais explorado com a pecuária,<br />
como se pode verificar em Campo Maior. Entretanto, além da criação<br />
e engorda de gado, é provável o aproveitamento d<strong>as</strong> melhores gleb<strong>as</strong> com<br />
os cereais, a mandioca, <strong>as</strong> hortaliç<strong>as</strong> e <strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong>, com especialidade naqueles<br />
pontos onde estão surgindo os poços artesianos.<br />
Como exemplo da possibilidade de irrigação, no agreste, podemos citar<br />
o vale do rio Sambito, em Valença.<br />
A substituição da exploração extensiva por outra mais cuidada é perfeitamente<br />
possível, nessa região, desde que haja adubos, máquin<strong>as</strong>, melhores<br />
sementes e a conjugação dos trabalhos do fomento com a experimentação<br />
e a educação rural. Recebendo a maior influência d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> do<br />
Maranhão (isoiet<strong>as</strong> de 800 a 900mm), com os depósitos d’água no arenito,<br />
o agreste dispõe de recursos para o seu desenvolvimento, tendo ainda<br />
capacidade para abrigar uma população muito maior do que a atual.<br />
O agreste do Ceará tem pouca importância; é uma faixa na Serra do Araripe,<br />
depois da mata, na orla cearense da serra, quando caminhamos<br />
para o interior da chapada. Entre a mata, parte chuvosa e a caatinga interior,<br />
está o agreste, uma gleba estreita e longa, de solo muito arenoso, fraco,<br />
de pouc<strong>as</strong> possibilidades agrícol<strong>as</strong>, pois a água se encontra a grande profundidade.<br />
O agreste potiguar inclui onze municípios, desde Touros, seguindo<br />
a isoieta de chuv<strong>as</strong> de 1.000mm até à divisa da Paraíba, próximo a<br />
Nova Cruz.<br />
142
Desse modo, Touros, Ceará Mirim, Natal, Macaíba, S. J. Mipibu, Nísia<br />
Floresta, Ares, Goianinha, Monte Alegre, Pedro e Canguaretama estão no<br />
agreste.<br />
A região recebe parte d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> do Brejo da Paraíba, desviad<strong>as</strong> pelos<br />
ventos que esbarram nos contrafortes da Borborema; também, a presença<br />
do mar influi na umidade atmosférica.<br />
O solo é arenoso, amarelo, profundo, com água subterrânea, às vazes<br />
boa, outr<strong>as</strong> vezes salobra ou calcárea.<br />
Tem sido observado por nós que, no agreste do Rio Grande do Norte,<br />
frutificam bem o cajueiro, a goiabeira, o agave, o coqueiro, a mangueira, o<br />
abacaxi, o maracujá, a mandioca, o feijão e o algodão herbáceo, mesmo sem<br />
a irrigação. Com a topografia plana ou ondulada e a adubação, é possível a<br />
lavoura em grandes áre<strong>as</strong>.<br />
Mediante a aplicação de calcáreo para a correção da acidez dos solos e<br />
do osso moído, <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens poderão ser melhorad<strong>as</strong> para a criação intensiva<br />
de bovinos. O agrônomo Guilherme Azevedo está plantando bosques<br />
forrageiros de algaroba naquela região.<br />
A proximidade de Natal e de outr<strong>as</strong> cidades litorâne<strong>as</strong> indicam a possibilidade<br />
do aproveitamento do lixo decomposto para adubo.<br />
No agreste potiguar ficam os vales úmidos ou baixios enxarcados d’água,<br />
formados pelos rios Maxaranguape, Punaú, Curicaca, Goiabeira, Doce, Trairi,<br />
Jacu, Curimataú e outros, que desaguam no Atlântico, no litoral de Touros<br />
até a divisa da Paraíba. Ess<strong>as</strong> várze<strong>as</strong> de solos silicosos, aluvionais, turfosos<br />
e ácidos, ficaram incult<strong>as</strong> pela ocorrência do impaludismo, da falta de drenagem<br />
e de correção dos solos, e pela ausência de estrad<strong>as</strong> de acesso. O<br />
engenheiro agrônomo João Nogueira Gomes de Matos, ex-chefe do Fomento<br />
Agrícola do Rio Grande do Norte, informou-se que a área útil seria de<br />
12.000 hectares; o engenheiro agrônomo Antônio Coalho Malta estima a<br />
superfície em 30.000ha.<br />
Um convênio entre o Governo Estadual, o INIC, o ETA, e o acordo dos<br />
Bispos iniciou, em boa hora, a utilização dess<strong>as</strong> terr<strong>as</strong>, no Pium e no Panaú, com<br />
143
a colonização mista nipo-br<strong>as</strong>ileira. Foi criada a Fundação Pio X I I, entidade de<br />
economia mista com a finalidade de administrar o empreendimento.<br />
O agreste paraibano situa-se nos municípios de Esperança e Remígio,<br />
entre o brejo (mata), o cariri-velho e o curimataú. O clima é o da Serra da<br />
Borborema, com temperatura agradável e o ar meio úmido, vindo do município<br />
de Arei<strong>as</strong>.<br />
O solo é silicoso, ondulado e erodido. Outrora, esses dois municípios<br />
eram produtores de batatinha e feijão; atualmente, neles predomina a lavoura<br />
do agave.<br />
A vegetação primitiva foi dev<strong>as</strong>tada; são indispensáveis a adubação e <strong>as</strong><br />
prátic<strong>as</strong> da conservação do solo, dada a degradação deste.<br />
No Estado de Pernambuco, o agreste envolve 27 municípios, circunscritos<br />
ao Polígono formado por Carpina, na divisa da Paraíba, Pesqueira, Bom<br />
Conselho, Correntes, S. Bento, Gravatá, Caruaru, Surubim e, finalmente<br />
Carpina.<br />
O solo, formado pela decomposição do granito e do gnaisse, é muito<br />
r<strong>as</strong>o, já está erodido e depauperado, e a vegetação nativa encontra-se muito<br />
alterada na sua composição inicial. As plant<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> do agreste são:<br />
o umbuzeiro, <strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong> silvestres, a palma forrageira, o aveloz, o agave, a<br />
goiabeira.<br />
Dada a irregularidade d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> na caatinga e a ocupação da maior<br />
área da mata com a cana, o agreste tornou-se o produtor de cereais, de<br />
manteiga e de queijo de Pernambuco. Os trabalhos experimentais da grande<br />
lavoura de tomate, em Pesqueira, conduzidos pela técnica dos agrônomos.<br />
Moacir Brito e Pedro Barros, indicam: a prudência no emprego do arado, a<br />
necessidade do pousio de 2 anos, o aproveitamento do mato para a formação<br />
de humo, o controle da erosão e a adubação química.<br />
A criação de gado tem a sua indicação, b<strong>as</strong>eada na ecologia da região,<br />
n<strong>as</strong> forragens naturais, mist<strong>as</strong> de capins, leguminos<strong>as</strong> e ram<strong>as</strong>, e na adaptação<br />
da palma forrageira.<br />
144
O agreste pernambucano já apresenta um congestionamento de população<br />
no setor rural; a densidade demográfica, calculada para 1956, atinge 72<br />
habs por km 2 . Muit<strong>as</strong> propriedades agrícol<strong>as</strong> estão excessivamente subdividid<strong>as</strong>;<br />
cerca de 79% d<strong>as</strong> propriedades têm menos de 10 hectares e ocupam<br />
21% da área total da região; os sítios de superfície inferior a 10ha tem a área<br />
média, unitária, de 3,5ha.<br />
Torna-se difícil para a família do lavrador comprar inseticid<strong>as</strong>, adubos,<br />
máquin<strong>as</strong>, pagar empréstimos e adotar <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> ensinad<strong>as</strong> pelos<br />
agrônomos.<br />
Quando acompanhamos n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> viagens de estudo, pelo <strong>Nordeste</strong>, o<br />
economista Hans Singer, d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>, ideou um esquema de desenvolvimento<br />
econômico para <strong>as</strong> regiões de Pernambuco, prevendo a fixação<br />
de microfundiarios do agreste n<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> de irrigação n<strong>as</strong> margens do rio<br />
São Francisco, o deslocamento de parte da população do agreste para trabalho<br />
temporário, cada ano, na indústria da cana, na mata, a industrialização<br />
do Estado, a produção de adubos e <strong>as</strong>sistência agrícola extensionista aos<br />
lavradores.<br />
Podia-se sugerir aos menores minifundiários do agreste venderem <strong>as</strong> su<strong>as</strong><br />
gleb<strong>as</strong> aos vizinhos e serem localizados em lotes n<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> de irrigação da<br />
margem do rio.<br />
O baixo rendimento por área, à falta de adubos, o serviço manual e os<br />
minifúndios de tamanho antieconômicos são responsáveis, em parte, pela<br />
pobreza da maioria dos rurícol<strong>as</strong>. Essa região apresenta problem<strong>as</strong> muito<br />
sérios de densidade demográfica, de falta de empregos, de destruição do<br />
solo, de impreparação dos operários, de concentração microfundiária e de<br />
empobrecimento gradual dos lavradores.<br />
Para resolver questões tão graves urge, pensar em algum<strong>as</strong> soluções;<br />
articular o progresso do agreste com o da mata da caatinga, modificar a<br />
distribuição profissional do povo ativo, aproveitar a água do rio São Francisco<br />
para irrigar <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> marginais, promover a criação de colôni<strong>as</strong> rurais<br />
dentro ou fora do Estado e em formar indústri<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> onde possível.<br />
145
As simples providênci<strong>as</strong>, dentro da agricultura somente, não podem<br />
articular o progresso geral. Faltam uma ação mais geral, uma alteração de<br />
estrutura, um deslocamento de população, uma compreensão da política<br />
superior e medid<strong>as</strong> de longo alcance que possam vencer os pontos de estagnação<br />
econômica.<br />
Com a ramificação d<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> de distribuição de energia elétrica já foi<br />
dado grande p<strong>as</strong>so na industrialização, que por sinal, teria <strong>as</strong> vantagens de<br />
absorver a fração ociosa d<strong>as</strong> populações campesin<strong>as</strong>, de aumentar a renda<br />
per capita, de aproveitar melhor <strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong>, de produzir alimentos<br />
conservados para outros municípios e de provocar o crescimento do<br />
setor terciário.<br />
Além d<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> de fibr<strong>as</strong>, de óleos, de couros, poderiam ser instalad<strong>as</strong><br />
fábric<strong>as</strong> de conserv<strong>as</strong> de hortaliç<strong>as</strong>, de doces de goiaba, de farinha e<br />
amido de mandioca, cantin<strong>as</strong> produtor<strong>as</strong> de vinho e instalações para a secagem<br />
de frut<strong>as</strong>.<br />
As hortaliç<strong>as</strong> são cultivad<strong>as</strong> com sucesso de abril a agosto e, fora o<br />
tomate, já industrializado, em Pesqueira, o pimentão, o <strong>as</strong>pargo, a ervilha,<br />
o feijão-verde, a couve-flor, o repolho, etc., podem ser convertidos em<br />
conserv<strong>as</strong>.<br />
A goiaba e o abacaxi, com bo<strong>as</strong> condições de produção, podem ser<br />
transformados em doces e geléi<strong>as</strong>.<br />
A videira e a figueira, sem irrigação, ali, são du<strong>as</strong> frutícol<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> para<br />
pequenos lotes, para vend<strong>as</strong> de frut<strong>as</strong> fresc<strong>as</strong>, de vinho e de frutos secos.<br />
A criação de coelhos e de aves são iniciativ<strong>as</strong> bo<strong>as</strong> para sitiantes e<br />
fontes de proteína para a alimentação da família.<br />
Por último, porém não menos importante, está a fabricação de adubos<br />
diversos, de ferrament<strong>as</strong> e de inseticid<strong>as</strong>.<br />
O Estado de Alago<strong>as</strong> tem seis municípios na região do agreste: Feira<br />
Grande, Igreja Nova, L. Anadia, P. Jacinto, P. R. Colégio e S. Braz, todos<br />
situados entre a mata e a caatinga.<br />
146
Segundo os map<strong>as</strong> ecológicos, agrícol<strong>as</strong> e econômicos, de Alago<strong>as</strong>,<br />
organizados pelos engenheiros agrônomos. João Guilherme de Pontes Sobrinho,<br />
Roberto Gomes Maci<strong>as</strong> e António Monteiro do Amaral, o agreste<br />
está sobre solos de granito, gnaisse, dolomitos em geral e terrenos cretáceos<br />
marginais do rio S. Francisco; esta região produz cereais, algodão erbáceo,<br />
mandioca, frut<strong>as</strong>, arroz e <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens são de capins “sempre verde”,<br />
“angolinha” e outros.<br />
As isoiet<strong>as</strong> d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> são de 1.000 a 1.200mm anuais.<br />
No agreste da Bahia estão incluídos os municípios de Amargosa, Baixa<br />
Grande, Brejões, Brumado, Caculé, Campo Formoso, C<strong>as</strong>tro Alves, Cipó,<br />
Condemba, Encruzilhada, Ipirá, Itaberaba, Itambé, Itapicuru, Itaguara, Itiruçu,<br />
Ituaçu, Jacaraci, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Jiquiriçá, Lage, Livramento<br />
do Brumado, Macajuba, Mairi, Maracás, M. Calmon, Mundo Novo,<br />
Mutuipe, Nova Soure, Feira de Santana, Pindobaçu, Piritiba, Rib. Pombal,<br />
Rio Cont<strong>as</strong>, Rui Barbosa, Santa Inês, Santa Terezinha, Santo Antônio de<br />
Jesus, Santo Estêvão, S. M. Matos, Sapeaçu, Saúde, Senhor do Bonfim,<br />
Serra Preta, Tremedal, Uvaíra, Urandi, Utinga e Conquista.<br />
O índice de aridez, conforme <strong>as</strong> observações meteorológic<strong>as</strong> de Jaguaquara,<br />
e de 6,4; e a relação chuv<strong>as</strong> versus evaporação, de 1: 1,3.<br />
Com isoiet<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong> de 900 a 1.000mm, solos arqueanos, predominantes<br />
e calcáreos em alguns pontos e cretáceo em outros, o agreste<br />
apresenta bons solos em Poções, Jequié, Santa Inês, Itaberaba, Rui Barbosa,<br />
Brejões, etc.<br />
As cultur<strong>as</strong> são variad<strong>as</strong> nessa grande região de altitude e de solos diferentes;<br />
além dos cereais, há o sisal, a mamona, fumo, fruteir<strong>as</strong>, algodão erbáceo<br />
e p<strong>as</strong>tagens nativ<strong>as</strong> e o capim “sempre verde”. A área da região permite<br />
a ampliação do cultivo e maior população.<br />
147
Milímetros de chuva<br />
148<br />
Altitude de Piracuruca..............68 ms.<br />
Altitude de Campo Maior........125 ms.<br />
2500<br />
2300<br />
2100<br />
1900<br />
1700<br />
1500<br />
1300<br />
1100<br />
900<br />
700<br />
500<br />
300<br />
1914<br />
Milímetros de chuva<br />
350<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
MEDIDAS MENSAIS DE CHUVAS - ZONA DO AGRESTE<br />
Piracuruca<br />
A S O N D J F M A M J J<br />
Campo Maior<br />
PIAUÍ - 1914 - 1938<br />
M E S E S<br />
Campo Maior<br />
Piracuruca<br />
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37<br />
A N O S<br />
Gráfico 12 - Observações pluciométric<strong>as</strong> em Pracuruca e campo<br />
Maior - Piauí - Zona do agreste nos anos 1914 - 1938<br />
1938
149<br />
Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em mm. em relação à normal.<br />
+700<br />
+600<br />
+500<br />
+400<br />
+300<br />
+200<br />
+100<br />
713<br />
-100<br />
-200<br />
-300<br />
-400<br />
1914<br />
-57%<br />
1915<br />
1916<br />
1917<br />
1918<br />
1919<br />
1920<br />
Normal: 713 mm.<br />
1921<br />
1922<br />
1923<br />
+82%<br />
1924<br />
1925<br />
1926<br />
1927<br />
1928<br />
1929<br />
A N O S<br />
Gráfico 13 - Agreste - Pesqueira - pernambuco<br />
Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico. Etene/BNB Semtembro 1958; Org. J. G. D. Cop. Asa<br />
1930<br />
1931<br />
AGRESTE.<br />
PESQUEIRA - PERNAMBUCO<br />
Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à noermal.<br />
Período:...................................1914 - 1938<br />
Normal:.........................................713 mm.<br />
Chuva máxima, anual, 1914:.....1.384 mm.<br />
Chuva mínima, anual, 1915:.........304 mm.<br />
Nº de anos acima do normal:..................12<br />
Nº de anos abaixo do normal:.................13<br />
1932<br />
1933<br />
1934<br />
1935<br />
1936<br />
1937<br />
1938
150<br />
Milímetros de chuva<br />
ANOS<br />
+1.300<br />
+1.200<br />
+1.100<br />
+1.000<br />
+900<br />
+800<br />
+700<br />
+600<br />
+500<br />
+400<br />
+300<br />
+200<br />
+100<br />
661<br />
-100<br />
-200<br />
-300<br />
-400<br />
1914<br />
1915<br />
-59%<br />
1916<br />
1917<br />
1918<br />
Normal 661 mm.<br />
1919<br />
1920<br />
1921<br />
1922<br />
-55%<br />
1923<br />
1924<br />
1925<br />
1926<br />
+89%<br />
+186%<br />
+88%<br />
+126%<br />
Gráfico 14 - Agreste - Caruaru- Pernambuco<br />
Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico. Etene/BNB Outubro 1958; Org. J. G. D. Cop. Asa<br />
1927<br />
1928<br />
1929<br />
1930<br />
1931<br />
AGRESTE.<br />
CARUARU - PERNAMBUCO<br />
Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à noermal.<br />
Período:...................................1914 - 1938<br />
Normal:.........................................661 mm.<br />
Chuva máxima, anual, 1927:.....1.392 mm.<br />
Chuva mínima, anual, 1933:.........225 mm.<br />
Nº de anos acima do normal:...................4<br />
Nº de anos abaixo do normal:..................2<br />
1932<br />
-66%<br />
1933<br />
1934<br />
1935<br />
1936<br />
1937<br />
1938
Médi<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong> mensais, mms.<br />
300<br />
275<br />
250<br />
225<br />
200<br />
175<br />
150<br />
125<br />
100<br />
75<br />
50<br />
25<br />
0<br />
Região do Agreste-Pernambucano.<br />
Chuv<strong>as</strong> mensais-Médi<strong>as</strong> de 25 anos<br />
Caruaru<br />
Pesqueira<br />
J F M A N J J A S O N D<br />
M e s e s<br />
Gráfico 15 - Região do Agreste Pernambucano. Caruaru e Pesqueira.<br />
Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico. Etene/BNB Outubro 1958; Org. J. G. D./Asa<br />
151
152<br />
Foto 12 - Região do agreste, Piauí, com árvores distanciad<strong>as</strong> e capim-agreste sobre solo de arenito. Ipiracuruca.
3. 9 - Serr<strong>as</strong><br />
A denominação de serra, neste trabalho, foi dada às montanh<strong>as</strong> com<br />
altitude acima de 600m, com pluviosidade e umidade mais regulares, com ou<br />
sem fontes d’água, solos profundos de argila ou de sílica, com revestimento<br />
de florest<strong>as</strong> ou de capoeir<strong>as</strong> de <strong>as</strong>pectos mais higrófil<strong>as</strong> do que <strong>as</strong> caating<strong>as</strong>.<br />
Cumpre-nos confessar aqui, que, não existindo estações meteorológic<strong>as</strong>, n<strong>as</strong><br />
elevações, e com a dev<strong>as</strong>tação da vegetação alta, primitiva, e solo erodido,<br />
tivemos dificuldades em cl<strong>as</strong>sificar cert<strong>as</strong> montanh<strong>as</strong>. Talvez algum<strong>as</strong> del<strong>as</strong>,<br />
desprovid<strong>as</strong> de fontes d’água, possam, em estudo mais avançado, serem<br />
denominad<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> alt<strong>as</strong>.<br />
Adotamos, no mapa, a coloração azul para <strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, igual à da região<br />
da mata.<br />
El<strong>as</strong> exercem, no <strong>Nordeste</strong>, a função de barreir<strong>as</strong>, fazendo subir os ventos<br />
quentes que, ao se resfriarem na altitude, formam os nevoeiros, <strong>as</strong> neblin<strong>as</strong><br />
e <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, verificad<strong>as</strong> tant<strong>as</strong> vezes, n<strong>as</strong> vertentes leste da Ibiapaba, de<br />
Baturité, da Borborema, em Triunfo etc.<br />
Fazendo-se um desenho, na escala horizontal e vertical, de um corte transversal<br />
na Serra da Ibiapaba, começando, em Freicheirinha, p<strong>as</strong>sando por<br />
Tianguá, Piracuruca, Esperantina e Porto (margem do Parnaíba), na distância<br />
total de 220km, observamos que a Serra Grande contribuiu, direta ou indiretamente,<br />
para formar o sertão (Freicheirinha), a caatinga (subida da serra), a<br />
serra úmida (Tianguá), o carr<strong>as</strong>co seco (até o pe da Serra), o agreste (até<br />
Piracuruca) e a mata (até Porto). Esta série de regiões naturais se deve a um<br />
conjunto de fatores tetônicos, geológicos, de altitude, de direção dos ventos<br />
e d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, da capacidade dos solos de guardar mais ou menos água e da<br />
temperatura.<br />
O maciço da Borborema causa alterações mais ou menos idêntic<strong>as</strong> se<br />
observarmos o perfil, horizontal e vertical, partindo de Mulungu (Paraíba),<br />
p<strong>as</strong>sando por Lagoa Grande, Areia, Remígio, Barra de Sta. Rosa, Picuí até<br />
Currais Novos (Rio Grande do Norte). Aí, veremos a caatinga (Mulungu a<br />
A. Grande), o brejo ou mata (Areia), o agreste (Remígio), o curimataú (San-<br />
153
ta Rosa-Picuí) e o seridó (Currais Novos). Não afirmamos que a Borborema<br />
seja a única responsável por essa mudança de condições; <strong>as</strong>sinalamos o fato<br />
para mostrar que a montanha teve o seu grau de influência, pois é muito<br />
conhecido o fenômeno d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> no brejo, a subumidade do agreste, a<br />
secura fresca do curimataú e a aridez quente do seridó, onde a altitude menor<br />
com a insolação e temperatura elevad<strong>as</strong>, com ventos já secos, acentuam o<br />
xerofilismo.<br />
Um terceiro exemplo, entre outros, pode ser citado na Serra do Araripe,<br />
que divide os cariris-novos da caatinga pernambucana.<br />
Caminhando-se de Juazeiro do Norte a Crato, Boa Vista, Queimad<strong>as</strong> a<br />
Nova Exu (Pernambuco), encontra-se a caatinga úmida (Juazeiro a Crato), a<br />
mata (Crato a Boa Vista) com <strong>as</strong> fontes d’água na subida da serra, o agreste<br />
(Queimadinha) e a caatinga muito seca (Nova Exu).<br />
154<br />
As serr<strong>as</strong> têm ponderável influência nos microclim<strong>as</strong> regionais.<br />
Até que sejam feitos estudos mais minuciosos, <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de serr<strong>as</strong> dos<br />
Estados, calculad<strong>as</strong> a planímetro, no mapa, são <strong>as</strong> seguintes:<br />
Tabela 33 - Serr<strong>as</strong>: áre<strong>as</strong><br />
Estados Hectares<br />
Piauí ............................................................................... 89.250<br />
Ceará ............................................................................. 659.650<br />
Rio Grande do Norte ...................................................... 114.750<br />
Paraíba ........................................................................... 676.000<br />
Pernambuco ................................................................... 408.500<br />
Alago<strong>as</strong> .......................................................................... 9.000<br />
Sergipe ........................................................................... -<br />
Bahia .............................................................................. 712.500<br />
Total ............................................................................... 2.669. 650<br />
As montanh<strong>as</strong> do Piauí, cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> aqui no sentido ecológico de serr<strong>as</strong>,<br />
são os contrafortes da Serra do Araripe, que penetram no Piauí, na altitude
de 700m, e dividem esse Estado com o Ceará e com a Bahia. É uma chapada<br />
superior, de arenito, solos soltos, fracos, de limitado valor agrícola. As<br />
outr<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> do Piauí n<strong>as</strong> montanh<strong>as</strong> do Araripe, cariris-novos e Ibiapaba,<br />
divisóri<strong>as</strong> com o Ceará, foram cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições de secura<br />
como caatinga alta e carr<strong>as</strong>co.<br />
No Ceará, temos a região serrana de Viçosa, Tianguá, Ubajara, Ibiapina,<br />
S. Benedito e Inhuçu formando uma faixa estreita, de 700 a 900m de altitude,<br />
chuvoso, com solos silicosos e algum<strong>as</strong> manch<strong>as</strong> de argila amarela, onde<br />
predominam <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> do café sombreado, da cana e de alguns cereais. Há<br />
condições para a formação de florest<strong>as</strong>.<br />
As serr<strong>as</strong> da Meruoca, Uruburetama e Baturité contêm solos resultantes<br />
da desintegração de gnaisse e de xistos, muito íngremes e profundos; na<br />
de Baturité, o cafezal arborizado, a cana e <strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong> são <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> mais<br />
comuns.<br />
A Serra do Araripe é uma espessa camada de areia, friável, plana, que<br />
serve como mata-borrão para armazenar a água d<strong>as</strong> fontes na média encosta.<br />
As cultur<strong>as</strong> de mandioca e abacaxi, em roçados novos, mudando sempre<br />
de lugar, são <strong>as</strong> mais usad<strong>as</strong>.<br />
A Chapada do Araripe deve ser destinada para reserva florestal, evitando-se<br />
os cortes de lenha, para os engenhos de cana, do sopé.<br />
As serr<strong>as</strong> do R. G. do Norte (Luiz Gomes, Martins, Santana, Cuité e<br />
Milagres) são de solos argilosos e arenosos, de pouca umidade, e produzem<br />
cereais, mandioca e palma.<br />
Na Paraíba, <strong>as</strong> serr<strong>as</strong> compreendem partes dos municípios de Bananeir<strong>as</strong>,<br />
Areia, Alagoa Nova, Cuité, Araruna, Umbuzeiro, Teixeira, Princesa e<br />
Bonito; sobressaem <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de cana, agave, cereais e fruteir<strong>as</strong>. Com a<br />
topografia acidentada, a erosão, a repetição de cultur<strong>as</strong> e a densidade da<br />
população têm causado estragos n<strong>as</strong> terr<strong>as</strong>.<br />
O Estado de Pernambuco tem 14 municípios serranos: Alagoinha, Araripina,<br />
Arcoverde, Buíque, Camocim de São Félix, Canhotinho, Garanhuns, Jure-<br />
155
ma, Lagedo, Palmeirinha, Poção, Taguaritinga do Norte, Toritana e Triunfo. As<br />
lavour<strong>as</strong> de café, d<strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> hortaliç<strong>as</strong> e de grãos são <strong>as</strong> mais praticad<strong>as</strong>.<br />
A topografia d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> é um empecilho ao aumento da superfície cultivada.<br />
A população densa, em alguns municípios, está forçando o plantio de<br />
terrenos inclinados que deveriam ser cobertos com florest<strong>as</strong>. A topografia<br />
ondulada de Alago<strong>as</strong> somente permitiu formar dois municípios com característic<strong>as</strong><br />
parciais de Serr<strong>as</strong>: Água Branca e Mata Grande, com lavour<strong>as</strong> de<br />
mandioca, milho, feijão, fruteir<strong>as</strong> e café. Parte desses municípios fica situada<br />
na caatinga.<br />
156<br />
Sergipe não possui a região natural de serra.<br />
A Bahia tem muit<strong>as</strong> elevações, porém rar<strong>as</strong> com <strong>as</strong> condições ecológic<strong>as</strong><br />
de serr<strong>as</strong>; a secura forçou-nos a relacionar cert<strong>as</strong> montanh<strong>as</strong> com caatinga<br />
alta.<br />
Salvo opinião mais autorizada, <strong>as</strong> serr<strong>as</strong> da Bahia compreendem parte<br />
dos municípios de Andaraí, Barra da Estiva, Lençóis, Mucupê, Palmeira e<br />
Piatã. Predominam desses municípios <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> calcáre<strong>as</strong> e <strong>as</strong> resultantes do<br />
Algonquiano, como na Chapada Diamantina, com os arenitos e quartzitos<br />
calcáreos, próprios para lavour<strong>as</strong> de sisal, videira, figueira, oliveira, n<strong>as</strong> altitudes<br />
de 700 a 1.300m. As serr<strong>as</strong> baian<strong>as</strong>, com suficiente umidade e estrad<strong>as</strong><br />
de rodagem, devem ser aproveitad<strong>as</strong> para <strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong> européi<strong>as</strong>, obtendo-se,<br />
<strong>as</strong>sim, mais diversificação d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> no Estado.
Foto 13 - Baixio úmido do Crato, com canavial.<br />
Foto 14 - Rio Parnaíba. Porto de Floriano. Ligação<br />
por rodovia a Carolina, margem do rio Tocantins.<br />
157
Foto 15 - Cultura de cafeeiro sombreado na serra úmida (Ibiapaba perto de<br />
Tianguá).<br />
Foto 16 - Cafeeiro na parte úmida da Serra da Ibiapaba. Notar o porte dos<br />
cafeeiros, o espaçamento e <strong>as</strong> árvores de sombra.<br />
158
3. 10 - Mata<br />
Representando o trópico chuvoso, dentro do <strong>Nordeste</strong>, a região da mata<br />
situa-se na Costa Atlântica desde a Paraíba até o sul da Bahia; há ainda, du<strong>as</strong><br />
faix<strong>as</strong> marginais do rio Parnaíba, no Piauí, marcados com a coloração azul no<br />
mapa.<br />
As isoiet<strong>as</strong> d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> estão acima de 1.000mm, com a relação precipitação<br />
versus evaporação de 1:1 a 1: 0,5.<br />
O índice de aridez oscila de 7,0 a 9,8. O grau de umidade no ar e no solo<br />
é bem elevado e a temperatura alta, com pouca variação, é típica dos clim<strong>as</strong><br />
tropicais.<br />
Não sofre a seca, <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> são mais regulares e o solo profundo e<br />
permeável facilita a acumulação hídrica.<br />
O nome mata provém d<strong>as</strong> condições do clima e do solo para o crescimento<br />
d<strong>as</strong> florest<strong>as</strong>; m<strong>as</strong>, hoje, os bosques nativos são muito esc<strong>as</strong>sos.<br />
As áre<strong>as</strong> da mata, nos Estados, foram determinad<strong>as</strong> no mapa com o<br />
planímetro, e acusam os seguintes números.<br />
Tabela 34 - Mata - áre<strong>as</strong><br />
Estado ............................................................................ Hectares<br />
Piauí ............................................................................... 5.248.550<br />
Paraíba ........................................................................... 516.750<br />
Pernambuco ................................................................... 1.511.900<br />
Alago<strong>as</strong> .......................................................................... 1.222.000<br />
Sergipe ........................................................................... 681.900<br />
Bahia .............................................................................. 8.112.500<br />
Total ............................................................................... 17.293.600<br />
A mata do Piauí fica á margem direita do rio Parnaíba, recebe <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong><br />
vind<strong>as</strong> do Maranhão, com maior incidência nos meses de janeiro a maio; a<br />
média da pluviosidade, em 38 anos, foi 1.390mm. Na mata, do Baixo Parnaíba,<br />
Amarante até Murici, os solos de aluvião mostram 24m de profundida-<br />
159
de, conforme aconteceu com a abertura de cacimb<strong>as</strong> e de poços profundos,<br />
perto de Teresina. A terra é silico-argilosa, escura sob a mata e mais clara<br />
quando cultivada.<br />
A vegetação espontânea é composta de babaçu, unha-de-gato, caneleira,<br />
torém, urucu, pau-d’arco, jucá, cipó-mucuna e outr<strong>as</strong> espécies.<br />
As cultur<strong>as</strong> principais são mandioca, milho, feijão, hortaliç<strong>as</strong>, arroz, algodão<br />
anual, laranjeir<strong>as</strong>, cajueiros, mangueir<strong>as</strong>.<br />
Sobre a exploração do babaçu nativo e de alguns pés plantados, obtivemos<br />
do agrônomo Teobaldo Gomes Parente, diretor da Colônia David Cald<strong>as</strong>,<br />
<strong>as</strong> seguintes informações: os babaçus plantados dão cacho com oito<br />
anos de idade; com 16 anos atingem 8 a 10m de altura; que esta palmeira dá<br />
2 a 3 cachos de cocos por ano; que cada cacho contém 3 a 4 quilos de<br />
amêndo<strong>as</strong> ou 6 a 12 quilos de amêndo<strong>as</strong>, por pé, por ano; que 100 quilos de<br />
cocos dão 100 quilos de amêndo<strong>as</strong> com 6 quilos de óleo.<br />
O babaçu não dá safra uniforme, anualmente, muit<strong>as</strong> palmeir<strong>as</strong> não produzem.<br />
Para a colheita, o cacho não é cortado na palmeira; o coco é catado<br />
no chão.<br />
A limpeza do babaçu nativo, com o roço da vegetação fechada, tem<br />
contribuído para aumentar muito <strong>as</strong> safr<strong>as</strong>.<br />
Além da amêndoa, o babaçu fornece a c<strong>as</strong>ca do coco para combustível,<br />
<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> para construir caban<strong>as</strong>, fabricar esteir<strong>as</strong>, sacos grosseiros etc. Oito<br />
municípios da mata piauiense produziram, em 1955, conforme a Estatística<br />
Estadual, 3.463 tonelad<strong>as</strong> de amêndo<strong>as</strong> de coco de babaçu, d<strong>as</strong> 6.046 tonelad<strong>as</strong><br />
de todo o Estado, no mesmo ano.<br />
A mata do sul do Piauí, municípios de Urucuí, R. Gonçalves, Sta. Filomena,<br />
à margem do rio Parnaíba, têm condições, também, para produzir gêneros<br />
alimentícios, porém a pecuária é a principal ocupação, devido à falta de<br />
transportes, esc<strong>as</strong>sa população e fazend<strong>as</strong> muito grandes.<br />
A construção da barragem do rio Parnaíba, pelo Dnocs, a 70km acima<br />
de Floriano, para obter cerca de 200.000kw, servira, também, para auxiliar<br />
160
a regularização de vazão do rio, para irrigação e para pesca. Essa energia<br />
elétrica será levada ao longo do rio e a alguns municípios do Maranhão e do<br />
Piauí, possibilitando a organização de matadouros, frigoríficos, indústri<strong>as</strong> de<br />
conserv<strong>as</strong> de carnes, de laticínios, de curtumes, de óleos, de adubos, de<br />
beneficiamento de produtos agrícol<strong>as</strong>.<br />
Ess<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong>, juntamente com <strong>as</strong> de cimento, de ferrament<strong>as</strong>, de inseticid<strong>as</strong><br />
e <strong>as</strong> oficin<strong>as</strong>, ofereceriam às lavour<strong>as</strong> e à pecuária a prestação de<br />
serviços que está faltando para o progresso geral.<br />
A mata paraibana começa na divisa do Rio Grande do Norte, incluindo<br />
os tabuleiros do litoral, com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> arei<strong>as</strong>, cajueiros e mangabeir<strong>as</strong>, os vales<br />
úmidos, pantanosos e turfosos de Curemataú, Camaratuba, Miriri, Manguape,<br />
Gramame e Ibiaí. Nela estão os municípios de Mamanguape, Guarabira,<br />
João Pessoa, Espírito Santo, Pilar, Pedra de Fogo, Santa Rita e Solânea.<br />
As chuv<strong>as</strong> abundantes, a facilidade dos transportes, a proximidade dos<br />
mercados tornam os taboleiros adequados para gêneros alimentícios, desde<br />
que o lixo d<strong>as</strong> cidades fosse aproveitado para adubo, fosse dada a <strong>as</strong>sistência<br />
técnica eficiente e se efetu<strong>as</strong>sem vend<strong>as</strong> diret<strong>as</strong> ao consumidor.<br />
Os vales úmidos carecem de drenegem, seguida da colonização, da correção<br />
do solo, da criação d<strong>as</strong> sociedades ou cooperativ<strong>as</strong> de vend<strong>as</strong> e compr<strong>as</strong><br />
diret<strong>as</strong>.<br />
A colonização que está realizando o Governo do Rio Grande do Norte,<br />
em cooperação com o INIC, com o acordo dos bispos e com o ETA, nos<br />
vales do Pium e Punaú e outros, poderá servir de padrão para o aproveitamento<br />
de outros vales úmidos do <strong>Nordeste</strong>.<br />
Ecologicamente, o tabuleiro é ideal para <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> do abacaxi, do cajueiro<br />
e da mandioca.<br />
A descoberta da fosforita, nos estratos inferiores dess<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> paraiban<strong>as</strong>,<br />
será uma grande fonte de renda e de adubo para incrementar a<br />
agricultura.<br />
161
A mata de Pernambuco e a região da cana, por excelência, com os seus<br />
solos de m<strong>as</strong>sapê, profundos; também produz café, cereais, fruteir<strong>as</strong> e p<strong>as</strong>tos.<br />
Nela também estão os vales pantanosos dos rios Goiana, Tabatinga,<br />
Timbó, Serinhaem, Una, e outros, que podem e devem ser drenados e colonizados,<br />
para produzir alimentos para a população.<br />
A lavoura da cana ocupa a maior área plantada da mata de Pernambuco.<br />
O açúcar é alimento importante e, para aumentar o volume de cereais, talvez<br />
fosse recomendável intensificar a cultura da cana com adubação e irrigação,<br />
diminuindo a área e obtendo maiores safr<strong>as</strong>. Assim, <strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> desocupad<strong>as</strong><br />
seriam cedid<strong>as</strong> aos plantios de grãos.<br />
A mata de Alago<strong>as</strong>, segundo o mapa inédito do engenheiro agrônomo<br />
João Guilherme de Pontes Sobrinho, abrange total ou parcialmente os municípios<br />
de Anádia, Atalaia, Capela, Leopoldina, Coruripe, Junqueiro, Maceió,<br />
Maragogi, M. Deodoro, Murici, Penedo, Pi<strong>as</strong>sabussu, Pilar, Porto Calvo,<br />
Porto Pedr<strong>as</strong>, Rio Largo, S. J. Lage, Quitunde, São Miguel dos Campos,<br />
Palmares, Viçosa e Camaragibe.<br />
Os solos da faixa costeira são de folhelhos terciários onde estão os poços<br />
de petróleo, e mais para o interior, predominam <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> derivad<strong>as</strong> do<br />
complexo cristalino. As lavour<strong>as</strong> mais comuns são a cana, os cereais, os<br />
coqueiros e <strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong>. Não há estiagens prolongad<strong>as</strong>.<br />
Próximo a Penedo, está a colônia agrícola de Pindorama, em solo de<br />
tabuleiro, onde os colonos cultivam cereais, coqueiros e maracujá, sendo<br />
este último industrializado em suco concentrado; é provável obtermos boa<br />
experiência de colonização em Pindorama.<br />
No litoral de Alago<strong>as</strong>, estão os vales dos rios Caruão, Gurpiuna, Camandituba,<br />
Tatuamunha, Camaragibe, Sto. Antônio, Sapucaí, Meirim, Paraji,<br />
Sumauma, Jiquiá, Coruripe e outros onde há aluviões pouco aproveitados e<br />
pântanos que podem ser drenados e colonizados para produzir alimentos.<br />
Na opinião do chefe do Fomento Agrícola, em Alago<strong>as</strong>, <strong>as</strong> superfícies<br />
desses baixios variam de 30.000 a 50.000 hectares.<br />
162
N<strong>as</strong> margens do rio São Francisco, do lado alagoano, há possibilidade<br />
de irrigar uma área aproximada de 60.000 hectares.<br />
Em Sergipe, a mata se estende, também ao longo do litoral, compreendendo,<br />
em todo ou parte, os municípios de Maruim, Neópolis, Pacatuba,<br />
Pedrinh<strong>as</strong>, Riachuelo, R. do Catita, Salgado, S.L. Itanhi, S. A. Brot<strong>as</strong>, S.<br />
Cristóvão, Tomás Geru, Umbamba, Brocaju, Araruá, B. Coqueiros, Brejo<br />
Grande, Buquim, Carnópolis, D. P<strong>as</strong>tora, Estância, Andiroba, Itabaininha,<br />
Itaporanga, Japaratuba, Japoatã e Laranjeir<strong>as</strong>. Ali também, se acham os vales<br />
úmidos, formados pelos rios Taparatuba, Vaza Barris, Real e outros, que<br />
desaguam no Atlântico e formam aluviões suscetíveis de drenagem para cultur<strong>as</strong><br />
anuais.<br />
Cerca de 10.000 hectares podem ser recuperados mediante colonização.<br />
Os aluviões sergipanos do rio S. Francisco, com a drenagem d<strong>as</strong> lago<strong>as</strong><br />
e diques de controle d<strong>as</strong> chei<strong>as</strong>, podem ser irrigados na área a grosso modo<br />
avaliada de 40.000 hectares.<br />
A mata sergipana tem sido cultivada especialmente com a cana e cereais.<br />
Nos últimos anos, o Governo Estadual intensificou a <strong>as</strong>sistencia técnica nos<br />
plantios, em maior escala, do coqueiro para fins industriais.<br />
Na mata, há, ainda, muit<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> que podem ser destinad<strong>as</strong> às cultur<strong>as</strong><br />
alimentares, mediante a adubação, melhores sementes, <strong>as</strong>sistência efetiva,<br />
rotação cultural, combate às prag<strong>as</strong> e conservação dos grãos.<br />
A mata baiana atinge grande área da Costa Atlântica, avançando para o<br />
interior, em largura variável, conforme a topografia; a sua pluviosidade está<br />
acima de 1000mm, anuais. Dentro dessa está, em todo ou parte, os seguintes<br />
municípios: Acajutiba, Alagoinha, Alcobaça, Aratuípe, Belmonte, Cachoeira,<br />
Cairu, Camaçari, Camamu, Canavieir<strong>as</strong>, Caravel<strong>as</strong>, Catu, Coaraci, Conc.<br />
Freira, Conc. Almeida, Conde, Cor. Maria, Cruz Alm<strong>as</strong>, Entre Rios, Ibicuí,<br />
Iguaí, Ilhéus, Esplanada, Inhambupe, Ipiaú, Irará, Itabuna, Itacaré, Itajuípe,<br />
Itaparica, Itapetinga, Ituberá, Jaguaribe, Jandaia, Maracani, Maragogipe,<br />
Maraú, Mata S. João, Mucuri, Murituba, Nazaré, Nilo Peçanha, Pojuca,<br />
Porto Seguro, Potinaguá, Prado, Rio Real, Salvador, S. C. Cabrália, St°<br />
163
Amaro, S. Félix, S. Filipe, S. F. Conde, S. Seb. P<strong>as</strong>se, Taperoá, Ubaitaba,<br />
Ubatá, Una, Uruçuca, Valença e S.G. Campos.<br />
De Salvador, acompanhando o litoral até o rio Real e dali a Cipó, Soure,<br />
Irará, Catu, S. Francisco e Camaçari, encontramos um polígono de solo<br />
muito silicoso, fraco, profundo, semelhante ao laterito, com óxido de ferro e<br />
acidez, salvo nos baixios de aluviões e n<strong>as</strong> margens dos rios, onde se formaram<br />
solos mistos.A abundância de chuv<strong>as</strong> contribuiu para a lavagem vertical<br />
dos perfis e para o empobrecimento de b<strong>as</strong>es trocáveis deixando conseqüentemente,<br />
a sílica hidrogenada. O aproveitamento agrícola dess<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong><br />
extens<strong>as</strong> dependerá da experimentação, para conhecerem-se a correção e a<br />
adubação econômic<strong>as</strong> e <strong>as</strong> espécies que serão recomendáveis para lavour<strong>as</strong><br />
e p<strong>as</strong>tos. Até lá, parece-nos que ess<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> podem servir para a silvicultura.<br />
Felizmente, para a Bahia e para o Br<strong>as</strong>il, essa formação sedimentar deu petróleo<br />
e gás natural, nos campos de Candei<strong>as</strong>, Lobato, Itaparica e outros<br />
mais recentes.<br />
Do Recôncavo para o sul, seguindo a Costa, a mata apresenta, na faixa<br />
azul do mapa, solos de formação arqueana, aluviões n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> dos rios e<br />
manch<strong>as</strong> silicos<strong>as</strong>, marítim<strong>as</strong>, até Ilhéus, inclusive. Assis, Nazaré, Valença,<br />
Itaperoá, Camamú, Ubaitaba, Itabuna, Ilhéus e outros podem ser citados<br />
como de solos arqueanos.<br />
Ali estão <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de cana, de fumo, de cacau, de café, em terrenos<br />
ondulados ou acidentados.<br />
Com a construção de estrad<strong>as</strong>, <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> do Recôncavo até Ilhéus poderão<br />
produzir borracha, noz de cola, guaraná e dendê.<br />
De Ilhéus até Mucuri, seguindo a linha divisória entre mata e agreste, os<br />
solos de arqueano são entremeados de manch<strong>as</strong> sedimentares, de gleb<strong>as</strong><br />
calcáre<strong>as</strong> e de aluviões fluviais, mistos e marinhos (silicosos). São arenitos,<br />
em tabuleiros, atingindo parcialmente, Una, Canavieir<strong>as</strong>, Belmonte e em maiores<br />
áre<strong>as</strong> em Santa Cruz de Cabrália, Porto Seguro, Prado, Alcobaça, Caravel<strong>as</strong><br />
e Mucuri.<br />
164
Tratando-se de municípios com menor população nos distritos do interior<br />
e de solos fracos, com falta de estrad<strong>as</strong>, e aproveitamento racional de<br />
su<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> seria recomendável, se precedido de experimentação agrícola.<br />
A Bahia também possui muitos vales úmidos, sendo que, no litoral, alguns<br />
ainda não estão cultivados.<br />
Lembramos apen<strong>as</strong> os dos rios Inhambupe, Paraguaçu, Jequiriçá, Preto,<br />
d<strong>as</strong> Cont<strong>as</strong>, Salgado, Pardo, Jequitinhonha, Buranhem, Frade, Caraiva, Jucurunu,<br />
Itanhaém, Peruípe, Pau Alto, Mucuri, e outros cuj<strong>as</strong> terr<strong>as</strong>, se bem<br />
drenad<strong>as</strong> e usad<strong>as</strong>, aumentarão em cerca de 100.000 hectares <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />
alimentares do Estado.<br />
O sul úmido da Bahia carece de estrad<strong>as</strong>, de trabalhos experimentais, de<br />
colonização e navegação marítima, para citar somente <strong>as</strong> necessidades mais<br />
prementes.<br />
165
166<br />
Chuva média anual ........................................................1.390mm<br />
Chuva máxima, anual, 1924 ..........................................2.776mm<br />
Chuva mínima, anual, 1932...............................................656mm<br />
No. de anos com chuv<strong>as</strong> acima da média ................................15<br />
No. de anos com chuv<strong>as</strong> abaixo da média .............................. 23<br />
Insolação média, hor<strong>as</strong> por anos .........................................2.950<br />
Altitude de Teresina .............................................................. 74ms<br />
Milímetros<br />
de chuva<br />
2800<br />
2400<br />
2000<br />
1600<br />
1200<br />
800<br />
Milímetros<br />
de chuva<br />
350<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
MÉDIAS MENSAIS DAS CHUVAS<br />
TERESINA - PIAUÍ<br />
ZONA DA MATA - 1914 - 1951<br />
0<br />
A S O N D J F M A M J J<br />
M e s e s<br />
M= 1.390 mm<br />
0<br />
1914 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 1951<br />
Gráfico 16 - Observações pluviométric<strong>as</strong> em Teresina - Piauí - Zona<br />
da Mata, nos anos 1914 - 1951<br />
Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico; Serviço meteorológico; Etene/BNB. Des.<br />
ASA/Crs - 1959
Foto 17 - Região da mata, Piauí, entre Esperantina e Porto.<br />
Foto 18 - Roçada e queima, na mata, para lavoura.<br />
167
168
4 - OS RECURSOS DOS SOLOS, A SUA UTILIZAÇÃO<br />
PROVÁVEL E O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO<br />
Este estudo d<strong>as</strong> regiões naturais é uma sondagem preliminar d<strong>as</strong> noss<strong>as</strong><br />
disponibilidades de terr<strong>as</strong> adequad<strong>as</strong> às atividades agrícol<strong>as</strong>, <strong>as</strong> quais mantêm,<br />
no momento, cerca de 13 milhões de habitantes.<br />
Havendo extensões erodid<strong>as</strong> que carecem de recuperação, crescendo<br />
de 500.000 habitantes anual do <strong>Nordeste</strong> e tornando-se urgente que cada<br />
lavrador cultive 2 ou 4 ou 6 hectares, por ano, e imprescindível que tentemos<br />
saber quais <strong>as</strong> superfícies existentes, os seus conteúdos climáticos e <strong>as</strong> su<strong>as</strong><br />
vocações para a exploração rural.<br />
N<strong>as</strong> págin<strong>as</strong> anteriores, tivemos ousadia de abordar o <strong>as</strong>sunto e expusemos<br />
os dados conseguidos, suscetíveis, evidentemente, de aperfeiçoamento<br />
futuro.<br />
O Dr. Tomaz Pompeu Sobrinho, em estudos não recentes, diz que, no<br />
Ceará, a lavoura tradicional, de gêneros alimentícios, dá, em cada 10 anos,<br />
du<strong>as</strong> safr<strong>as</strong> de 100%. Os lavradores velhos, entrevistados por nós, n<strong>as</strong> regiões<br />
mais sec<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, confirmam essa observação e, descendo às<br />
su<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong> nos rendimentos brutos dos outros anos, nos forneceram<br />
uma b<strong>as</strong>e para <strong>as</strong> avaliações a grosso modo. O que apuramos dess<strong>as</strong> convers<strong>as</strong><br />
foi que, tomando um período de 10 anos, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de milho, de<br />
feijão, de arroz, de batata, de hortaliç<strong>as</strong>, etc., no sertão, no seridó, na caatinga,<br />
no cariri, dão em media anual, colheita de 70% e 30% de perda. A estatística<br />
aponta que, em 1956, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> citad<strong>as</strong> ocuparam uma área de 1,8<br />
milhão de hectares, n<strong>as</strong> regiões acima referid<strong>as</strong> e em regime de chuva. Trinta<br />
por cento de 1,8 milhão de hectares são 540 mil hectares. Se, n<strong>as</strong> operações<br />
de preparo do solo, de plantios, d<strong>as</strong> limp<strong>as</strong>, etc. , g<strong>as</strong>tamos 600 hor<strong>as</strong> de<br />
169
trabalho, verificamos que 324 milhões de hor<strong>as</strong> de labor humano foram perdid<strong>as</strong>;<br />
a Cr$ 8,00 a hora de mão-de-obra, em 1956, teremos 2, 5 bilhões de<br />
cruzeiros, valor d<strong>as</strong> operações inúteis, porque faltou umidade, em alguma<br />
f<strong>as</strong>e até a frutificação.<br />
Assim, é conveniente procurar uma distribuição d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> em melhor<br />
concordância entre <strong>as</strong> su<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> e os ambientes ecológicos.<br />
O matuto insiste em plantar roç<strong>as</strong> ávid<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong> na frutificação, n<strong>as</strong><br />
comun<strong>as</strong> menos úmid<strong>as</strong>, porque <strong>as</strong>sim ale aprendeu, <strong>as</strong>sim se habituou e<br />
porque tem de comer du<strong>as</strong> vazes por dia. Os frac<strong>as</strong>sos na agricultura “desacomodada”<br />
com o meio empobrecem mais os rurícol<strong>as</strong> do que o processo<br />
rotineiro usado.<br />
Ponto importante é conciliar os tipos de lavour<strong>as</strong> com os graus de secura<br />
d<strong>as</strong> regiões naturais. Se os responsáveis pelos 46 órgãos, repartições ou<br />
entidades agrícol<strong>as</strong>, federais, estaduais e municipais, que atuam no <strong>Nordeste</strong>,<br />
concordarem, poder-se-ia elaborar um programa misto de fomento, de<br />
extensão agrícola, de experimentação, etc. , para <strong>as</strong> regiões mais sec<strong>as</strong> e<br />
outro para <strong>as</strong> mais úmid<strong>as</strong>, executando cada órgão especializado a sua tarefa.<br />
Como ponto de partida, estimular-se-iam ao máximo, com <strong>as</strong>sistência e<br />
auxílios diversos, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> alimentares na mata, nos vales úmidos, n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong><br />
chuvos<strong>as</strong> e n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> de irrigação, nos 12 milhões de hectares, em plantios<br />
alternados, periodicamente com os outros 12 milhões de hectares de<br />
p<strong>as</strong>tos; sobrariam, ainda, 13 milhões de hectares para florest<strong>as</strong>, cidades,<br />
açudes, lagos, etc.<br />
Esse acordo abrangeria, também, a colonização dos vales úmidos e a<br />
intensificação com mais ênf<strong>as</strong>e e decisão da irrigação n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> molháveis.<br />
No sertão, no seridó, na caatinga, no cariri e no curimataú talvez pudessem<br />
ser destinados 20 milhões de hectares para <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, 40<br />
milhões de hectares para p<strong>as</strong>tagens e 12 milhões para <strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> de vegetações<br />
nativ<strong>as</strong>, cidades, rios, maciços de pedr<strong>as</strong>, etc. aí o trabalho com experimentações,<br />
fomento e educação terá de ser muito sério para implantar cultur<strong>as</strong><br />
resistentes à seca, em larga escala, com métodos conservacionist<strong>as</strong>, de<br />
170
ecuperação dos solos, de combate às prag<strong>as</strong> e de estudos dos mercados.<br />
As diferentes repartições deveriam receber a tempo <strong>as</strong> verb<strong>as</strong> e o pessoal<br />
para cuidar, cada uma, mediante combinação, d<strong>as</strong> obrigações relativ<strong>as</strong> ao<br />
algodão, à oiticica, ao cajueiro, à palma, ao sisal, à algaroba, à maniçoba, ao<br />
umbuzeiro, ao faveleiro e outr<strong>as</strong>. As instalações de campo, existentes, seriam<br />
ampliad<strong>as</strong>, outr<strong>as</strong> seriam organizad<strong>as</strong>, os laboratórios teriam funções especificad<strong>as</strong>,<br />
outros teriam de ser montados, <strong>as</strong> escol<strong>as</strong> preparariam os técnicos e<br />
os operários especializados com a ajuda d<strong>as</strong> entidades. As reuniões temporári<strong>as</strong>,<br />
com homens de alto nível administrativo e científico, corrigiriam <strong>as</strong><br />
falh<strong>as</strong> dos planos e cobririam <strong>as</strong> execuções dos compromissos <strong>as</strong>sumidos.<br />
Do mesmo modo, esse planejamento incluiria os melhoramentos d<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens<br />
e a <strong>as</strong>sistência efetiva à pecuária, com os zootecnist<strong>as</strong> e veterinários,<br />
com todos os elementos necessários, colocados n<strong>as</strong> posições de mais facilmente<br />
atender <strong>as</strong> solicitações dos interessados ou às missões impost<strong>as</strong> pelo<br />
desdobramento do programa.<br />
As regiões do carr<strong>as</strong>co e do cerrado, no total aproximado de 11 milhões<br />
de hectares, teriam os seus usos detalhados depois dos estudos e dos ensaios<br />
de campo indispensáveis.<br />
Se <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> alimentares e <strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> puderem, de fato, ocupar a superfície<br />
total de 32 milhões de hectares, após algum tempo e como resultado<br />
bem-sucedido do plano executado e se for possível manter uma populaçáo<br />
ativa de 5 milhões de pesso<strong>as</strong> ness<strong>as</strong> operações, o resultado seria 6 hectares<br />
lavrados por pessoa ativa, ou seja, 4 vezes a cifra atual. Seria compulsório o<br />
emprego do excedente de braços válidos na indústria, no setor terciário e na<br />
colonização do oeste úmido. As medid<strong>as</strong> correlat<strong>as</strong>, para oferecer ess<strong>as</strong> nov<strong>as</strong><br />
oportunidades de ocupação permanente às famíli<strong>as</strong> aumentad<strong>as</strong>, teriam<br />
de ser tomad<strong>as</strong> com antecedência. No c<strong>as</strong>o de se contar com 8 milhões de<br />
habitantes ativos, em 1970, seria obrigatória a colocação de 3 milhões deles<br />
na pecuária, nos setores secundário, terciário e n<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> do oeste.<br />
Todos estamos cientes de que a elevação da renda per capita e do padrão<br />
de vida dos nordestinos depende de cultivarem maior área por habitante,<br />
colherem mais produtos por hectare, diminuírem os braços ociosos, em-<br />
171
pregarem mais gente nos afazeres da transformação de matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> e<br />
nos encargos gerais. Para essa vitória impõem-se o deslocamento cauteloso<br />
de obreiros, o incentivo à <strong>as</strong>similação de hábitos, a distribuição de mais conhecimentos,<br />
o aprimoramento da administração, a criteriosa aplicação dos<br />
investimentos, a predisposição aos sacrifícios e a continuidade da ação.<br />
A conquista de um <strong>Nordeste</strong> melhor é um empreendimento de longo<br />
prazo, um desafio à nacionalidade; o amaciamento d<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> para uma harmonia<br />
de ação terá de começar pela concordância entre os homens do governo,<br />
os políticos e os administradores dos altos cargos, sobre o que deve<br />
ser feito. A modelagem da cúpula para um entendimento mínimo seria o primeiro<br />
p<strong>as</strong>so. Em seguida, seriam dados esclarecimentos aos funcionários,<br />
aos técnicos e aos interessados diretos. Há du<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong> de progredir materialmente:<br />
pela força e pela liberdade. A primeira não se coaduna com o<br />
nosso regime político e nem com a índole do povo, a segunda está sujeita ao<br />
consentimento, à vontade e à cooperação de todos.<br />
A heterogeneidade da educação, d<strong>as</strong> posses, do conhecimento e d<strong>as</strong><br />
qualidades d<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses populacionais do Br<strong>as</strong>il é um grave empecilho à marcha<br />
ordenada da civilização, devido à disparidade de idéi<strong>as</strong>, ao conflito dos<br />
interesses, à ambição dos cargos, à troca de favores e ao egoísmo individual.<br />
No nível mais baixo, <strong>as</strong> dificuldades são mais contornáveis.<br />
Para encaminhar <strong>as</strong> soluções dos problem<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, no regime<br />
democrático, urge, primeiramente, saber até aonde chega a concordância<br />
entre os elementos da cúpula, elaborar os planos dentro da deficiência administrativa,<br />
superior, e ter paciência para suportar os sofrimentos por mais<br />
tempo e aguardar os resultados mais remotos. Temos desejado o progresso,<br />
sem considerarmos a realidade br<strong>as</strong>ileira e sem encararmos a nossa<br />
capacidade de vencer os obstáculos do alto nível e de atender <strong>as</strong> necessidades<br />
da m<strong>as</strong>sa.<br />
A vitória rápida somente seria possível com o autoritarismo de comando,<br />
com o esmagamento da liberdade, o que seria um preço demais caro para o<br />
progresso material.<br />
172
173<br />
Tabela 35 - Áre<strong>as</strong> aproximad<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões e su<strong>as</strong> prováveis vocações agrícol<strong>as</strong><br />
Regiões Total Ha. Lavouráveis P<strong>as</strong>tagens Florest<strong>as</strong>, reserv<strong>as</strong>, Aproveitamento Inaproveitáveis<br />
cidades, rios, pedr<strong>as</strong> a investigar<br />
Mat<strong>as</strong>, vales<br />
úmidos, agreste,<br />
serr<strong>as</strong> chuvos<strong>as</strong><br />
Bac. Irrigação<br />
Sertão<br />
Caatinga<br />
Cariris-velhos<br />
Curimataú<br />
Seridó<br />
Carr<strong>as</strong>co<br />
Cerrado<br />
Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong><br />
100%<br />
37.723.554<br />
100%<br />
72.475.146<br />
11.046.050<br />
666.450<br />
121.911.200<br />
100%<br />
33%<br />
12.541.426<br />
28%<br />
20.261.385<br />
33%<br />
12.541.426<br />
52%<br />
40.000.000<br />
Nota: Relação: 1 ha. cultur<strong>as</strong> alimentares: 1,6 ha. lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>: 4,2 ha. p<strong>as</strong>tos.<br />
-<br />
-<br />
32.802.811<br />
26.7%<br />
-<br />
-<br />
52.541.426<br />
43,3%<br />
34%<br />
12.640.702<br />
17%<br />
12.213.761<br />
-<br />
-<br />
24.854.463<br />
20.6%<br />
11.046.050<br />
11.046.050<br />
9,0%<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
666.450<br />
666.450<br />
0,5%
174
5 - QUESTÕES DO CULTIVO SECO<br />
N<strong>as</strong> regiões irregularmente sec<strong>as</strong>, muit<strong>as</strong> vezes, a fertilidade não é o fator<br />
limitante da produção e, sim, a umidade ou <strong>as</strong> condições físic<strong>as</strong> do solo. A<br />
pluviosidade deficiente formou, no p<strong>as</strong>sado, ac característic<strong>as</strong> do terreno e,<br />
agora, condiciona o procedimento do lavrador n<strong>as</strong> operações de campo. Ele<br />
precisa ter experiência de como lavourar, quanto cultivar e guando executar<br />
os serviços.<br />
O cultivo com pouca água deve visar a três finalidades: 1) conduzir a chuva<br />
para dentro do solo; 2) aumentar o humo na terra: 3) manter o terreno fértil.<br />
Uma pluviosidade de 500mm significa 5.000m3 d’água caíd<strong>as</strong> sobre um<br />
hectare; se o lavrador não controla a erosão, os 10% ou 20% da água escorrida<br />
podem ser o frac<strong>as</strong>so na colheita. Portanto, o bom aproveitamento da<br />
água equivale ao aumento da chuva.<br />
Os processos de preparo do solo e capina, posto deêm a vitória <strong>as</strong> plant<strong>as</strong><br />
cultivad<strong>as</strong> e busquem maior rendimento, expõem demais o solo à erosão,<br />
ao desg<strong>as</strong>te e ao empobrecimento. O clean tillage, nos clim<strong>as</strong> secos, permite<br />
ao vento e à água danificarem o solo e sacrifica <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> seguintes.<br />
Manter o solo sempre coberto, plantar, capinar, colher e permitir o repouso,<br />
sem descuidar a terra, não é fácil com os nossos hábitos e a maquinaria<br />
disponível.<br />
O preparo mecânico do solo, com a terra limpa, arr<strong>as</strong>ada, mexida e afofada,<br />
que necessitaria de estímulo como se estivesse doente, que dá ganho de<br />
causa à lavoura em face do mato, entrou em choque com os novos conceitos<br />
de que a terra é um organismo vivo, reagindo negativamente na produtividade,<br />
quando retirado do seu estado natural, ecológico. O lavrador chega, <strong>as</strong>sim, à<br />
conclusão de que está lidando com dois seres vivos, o solo e a planta, que não<br />
175
pode descuidar de um à vista do outro, porque sacrificará a harmonia do resultado<br />
final. Deste modo, a conservação do solo, em ótimo estado, emparelhouse<br />
com os cuidados e <strong>as</strong> atenções que vínhamos, de há muito, dispensando <strong>as</strong><br />
plant<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong>.<br />
Para o <strong>Nordeste</strong>, devemos aproveitar a água da melhor maneira, tratar o<br />
solo com mais proteção e empregar <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> resistentes à seca com o<br />
melhoramento genético d<strong>as</strong> espécies. A cultura d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> é mais<br />
coerente com a natureza.<br />
Sabemos que ess<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, adaptad<strong>as</strong> à secura e à umidade intermitentes,<br />
conservam os seus nutrientes em estado metabolizável, dão cobertura ao<br />
solo, têm vida longa, zombando dos períodos secos; há extens<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> para<br />
plantios desde os planos arenosos ou argilosos até os de morros empedrados;<br />
seus produtos são comestíveis, industrializáveis e forrageiros, acrescentam<br />
à fazenda uma nova valorização superior ao capital investido, permitem<br />
aos lavradores praticar uma policultura, escolhendo <strong>as</strong> espécies cultiváveis<br />
conforme a altitude, o grau de aridez, <strong>as</strong> qualidades do solo e <strong>as</strong> preferênci<strong>as</strong><br />
do mercado. M<strong>as</strong>, outr<strong>as</strong> vantagens dess<strong>as</strong> “teimos<strong>as</strong> do deserto” são a agricultura<br />
de dois andares ou colheit<strong>as</strong> em dois planos, como carnaubeira com<br />
p<strong>as</strong>tagens, palma com p<strong>as</strong>to, como a cultura do figo, na Ilha Maiorca, com<br />
trigo e trevo por baixo, e outr<strong>as</strong> combinações arbóre<strong>as</strong> versus erbáce<strong>as</strong>, que<br />
podem ser intercalad<strong>as</strong>, onde <strong>as</strong> raízes profund<strong>as</strong> d<strong>as</strong> perenes se harmonizam<br />
com <strong>as</strong> mais r<strong>as</strong><strong>as</strong> d<strong>as</strong> anuais e os frutos arbóreos não prejudicam <strong>as</strong><br />
safr<strong>as</strong> r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>. Não podendo ess<strong>as</strong> plantações “de pingo d’água” serem<br />
intensivamente explorad<strong>as</strong>, porque há limite d’água e parte d<strong>as</strong> energi<strong>as</strong> potenciais<br />
são destinad<strong>as</strong> a manter a vida vegetal, a economia da produção tem<br />
de ser b<strong>as</strong>eada na seleção de clones especiais, sem comprometer a resistência,<br />
no desdobramento de área nos dois andares e na captação do máximo<br />
de umidade ao nível d<strong>as</strong> raízes. Aumentos de área são possíveis até 150%.<br />
A policultura e a intercalação d<strong>as</strong> permanentes com <strong>as</strong> de ciclo curto<br />
significam reduzir o insucesso, seja nos rendimentos brutos por caus<strong>as</strong> climátic<strong>as</strong><br />
biológic<strong>as</strong>, seja na receita pel<strong>as</strong> variações dos preços.<br />
176
Podendo ser plantad<strong>as</strong> de sementes, de galhos ou de enxertos, el<strong>as</strong> oferecem<br />
mais oportunidades para enraizamento e para ultrap<strong>as</strong>sar <strong>as</strong> crises de<br />
seca, na vida longa.<br />
As prátic<strong>as</strong> de lavoura mais importantes, onde a chuva é desigual e caprichosa,<br />
consistem em armazenar no solo a maior parte do líquido precipitado<br />
ou, dizendo de outro modo, proporcionar às plant<strong>as</strong> um período mais longo<br />
de umidade útil. Os processos usuais são os seguintes, adotados conforme<br />
<strong>as</strong> condições do solo e a espécie de lavoura:<br />
1) Contornos em curva de nível<br />
2) Cultura em faix<strong>as</strong> ou lotes alterados<br />
3) Cobertura do solo-mulchagem<br />
4) Quebra-ventos<br />
5) Rotação ou alternância<br />
6) Repouso do solo<br />
7) Dispersão da enxurrada para infiltração na terra<br />
8) Bacia de chuva<br />
9) Terraços e patamares.<br />
1) O contorno ou curva de nível é a prática de arar, de gradear, de sulcar,<br />
de “subsolar” ou de escarificar, obedecendo a linha de nível, de modo que a<br />
água penetre na terra; em percentagem máxima. Também, a plantação seguirá<br />
no mesmo sentido, seja a cultura comercial ou sejam <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> unid<strong>as</strong>, de<br />
capins, de arbustos baixos, verdadeir<strong>as</strong> “cerc<strong>as</strong> viv<strong>as</strong>”, de distância em distância,<br />
visando a segurar o solo e reter a água. Onde o terreno é coberto de<br />
seixos rolados, é possível, com uma plaina, fazer cordões de pedr<strong>as</strong>, em<br />
nível, para dominar a corrida da água.<br />
2) Cultur<strong>as</strong> em faix<strong>as</strong> ou lotes alternados.<br />
A água, em colina desprotegida, adquire velocidade e avoluma-se; por<br />
isso, o poder erosivo da enxurrada aumenta com a extensão do declive.<br />
A lavoura em faix<strong>as</strong> ou lotes alternados transforma <strong>as</strong> inclinações long<strong>as</strong><br />
numa série de declives curtos; detendo a descida da água, há redução na<br />
capacidade desta de recolher detritos e transportá-los. Nos arvoredos em<br />
177
que ficam faix<strong>as</strong> de capins e leguminos<strong>as</strong>, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, <strong>as</strong> raízes e a densidade<br />
de mato r<strong>as</strong>teiro, atravessando o “greide” do terreno, forçam a penetração<br />
da água.<br />
Outrossim, um “pano” de terra com mato anual, pode ficar interposto<br />
entre du<strong>as</strong> faix<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong>; no ano seguinte, a gleba repousada recebe o<br />
cultivo, enquanto <strong>as</strong> laterais p<strong>as</strong>sam ao alqueive. É o c<strong>as</strong>o da produção de<br />
tomates para a indústria Peixe, em Pesqueira.<br />
O lote em xadrez significa plantar um quadrado, deixando, nos quatro<br />
lados, vegetação espontânea; no ano seguinte, outra quadra é lavrada e aquela<br />
fica em repouso; <strong>as</strong>sim, o panorama do terreno parece um tabuleiro de xadrez.<br />
Para lavour<strong>as</strong> de ciclo mais longo, esse processo carece de adaptação.<br />
178<br />
3) Cobertura do solo, “mulchagem”.<br />
Sempre que lançamos ao solo serragem, palh<strong>as</strong>, ou restos de cultur<strong>as</strong>, há<br />
uma absorção da chuva pelo tapete protetor e um isolamento da ação do sol<br />
e do vento sobre a terra. Poderá haver uma diminuição de erosão e de evaporação,<br />
porém há um maior consumo do nitrogênio do solo para a multiplicação<br />
da microflora e fauna que vão decompor aquela matéria orgânica; se<br />
o solo não for rico de azoto aparecerão <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> amarel<strong>as</strong> indicador<strong>as</strong> da<br />
fome de nitrogênio na lavoura.<br />
Os benefícios atribuídos ao solo pela cobertura com bagaços, serragem,<br />
lixo, palh<strong>as</strong>, capins secos, papéis, etc. são o abafamento d<strong>as</strong> erv<strong>as</strong>, a<br />
conservação da umidade, a repressão da enxurrada, atenuação d<strong>as</strong> variações<br />
da temperatura do solo, adição de matéria orgânica e melhoria da<br />
estrutura do solo.<br />
‘“Mulches” orgânicos (13) são <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> de cobrir a terra com camad<strong>as</strong><br />
de capins, palh<strong>as</strong>, resíduos ou qualquer material que pode apodrecer. As<br />
experiênci<strong>as</strong> de Rohtak Dry Farming Research Station, em Pungab, sobre<br />
cobertura com camad<strong>as</strong> de 5 a 10cm de capim (Pennisetum xiphoideum),<br />
camada de solo seco de 5, 10 e 15cm e testemunh<strong>as</strong> de solo nu, tratamentos<br />
com 4 replicações, em v<strong>as</strong>os, de 45cm de produndidade, revelaram que os<br />
v<strong>as</strong>os sem cobertura perderam inicialmente mais umidade; depois de prepa-
ada a camada fina de solo de cobertur<strong>as</strong> (soil mulch), os v<strong>as</strong>os cobertos<br />
com capim p<strong>as</strong>saram a perder água mais depressa do que os outros, inclusive<br />
o testemunha. Um ano após o início do ensaio, todos os v<strong>as</strong>os estavam<br />
com a umidade no ponto do murchamento. A cobertura com 10cm de capim<br />
foi mais eficiente do que a de 5cm. Houve mais absorção de chuv<strong>as</strong> nos<br />
v<strong>as</strong>os com mulch de capim.<br />
King, em Quennsland, Austrália, fez ensaios de cana-de-açúcar, adotando<br />
os tratamentos abaixo:<br />
1) solo nu, erv<strong>as</strong> arrancad<strong>as</strong> à mão; 2) capinado a enxada, 5cm de<br />
profundidade para formar uma superfícíe escarificada; 3) coberto com dupla<br />
camada de sacos; 4) coberto com bagaço de cana. Caiu uma chuva no<br />
começo da experiência: após 10 di<strong>as</strong>, o teor de umidade foi determinado<br />
em intervalos, na profundidade desde 15cm até 120cm. O exame mostrou<br />
que, nos primeiros 30cm de profundidade, o bagaço e o saco tiveram efeitos<br />
semelhantes e conservaram a umidade mais do que o solo nu e o capinado<br />
a enxada.<br />
Em Porto Rico (Vicente Chadler, 1953), (14) os ensaios com mulch de<br />
bagaço de cana demonstraram uma economia de umidade equivalente a 75mm<br />
de água de irrigação.<br />
Na Ilha de Trindade, (14) Griffith observou que 15cm de palha e capim -<br />
elefante, cobrindo o solo, interceptaram 27% da chuva caída, em 7 meses.<br />
Stephenson e Schuster (14) estudaram a influência do mulch em canteiros<br />
com os seguintes tratamentos: 1) macega ou relva não capinada; 2) terreno<br />
escarificado e nu; 3) mulch de terra fofa, 15cm; 4) solo mal escavado a<br />
15cm; 5) cobertura de palha de 15cms; 6) camada de bagaço de 15cm. Eles<br />
compararam os resultados com a umidade conservada em pomar adjacente<br />
com relva. Os tratamentos começaram em abril; em agosto, o canteiro escavado,<br />
o escarificado e o do pomar relvado tinham secado até o ponto de<br />
murchamento, nos primeiros 30cm de profundidade; o teor de umidade, no<br />
canteiro com palha, era de 16,3% acima do ponto de murchamento e aquele<br />
coberto com bagaço era de 8,8% acima do ponto de murchamento. A umi-<br />
179
dade guardada a 60cm de profundidade, debaixo de palha, era equivalente a<br />
50-75mm de chuva no tempo seco.<br />
Em Nebr<strong>as</strong>ka, Duley e Kelly (14) fizeram estudos sobre a infiltração da<br />
água <strong>as</strong>pergida sobre solos arenosos, silicosos, silico-argilosos e argilosos<br />
cobertos com palha e restos de cultura, comparados com solos capinados e<br />
limpos. Os resultados, julgados pela penetração da água no solo, foram favoráveis<br />
à cobertura de palha, 18mm de chuva por hora e capinado limpo<br />
6mm de chuva por hora.<br />
Duley e Russel (14) mediram a umidade conservada em solos tratados diferentemente<br />
e expostos a 447mm de chuva entre abril e dezembro. Os resultados<br />
do efeito da cobertura de palha e dos diferentes tratamentos no<br />
armazenamento de água no solo estão na seguinte tabela:<br />
180<br />
Tabela 36 - Nebr<strong>as</strong>ka<br />
Água de chuva Penetração da<br />
Tratamento conservada água no solo<br />
mm % cm<br />
Mulch palha, 2 ton. 243 54,3 180<br />
2 ton. palha, gradeado 173 38,7 150<br />
2 ton. palha, arado 153 34,2 150<br />
Sulco bacia 123 27,7 150<br />
Sem palha, arado 93 20,7 120<br />
Sem palha, gradeado 87 19,5 120<br />
Palha decomposta-arado 78 17,4 120<br />
Fonte: Duley e Kelly<br />
Goodmam (1952) (14) cobriu o solo, debaixo d<strong>as</strong> macieir<strong>as</strong>, com 90<br />
quilos de palh<strong>as</strong>, por pé, e concluiu que o principal efeito foi aumentar a<br />
capacidade de infiltração da água no solo, provavelmente pela maior atividade<br />
da pequena fauna perfuradora do solo; o mulch elevou a infiltração a 5<br />
vezes mais.
Depois de uma seca a field capacity era atingida mais cedo.<br />
Pereira e Jones (1954) (14) concluíram que a principal ação do mulch no<br />
cafezal, na zona seca da Kenia, era aumentar a penetração da chuva e melhorar<br />
a estrutura do solo. Uma camada de 10cm de capim-elefante, seco,<br />
sob os cafeeiros, duplicou a infiltração da água em comparação com o solo<br />
nu. O mulch, aplicado, também, antes d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, dá maiores rendimentos<br />
do que colocado depois d<strong>as</strong> precipitações.<br />
Kruger (1947), na África do Sul (14) conseguiu fazer a água de irrigação<br />
penetrar 75cm de profundidade no solo, em pomar, com cobertura de palha<br />
de 7cm de espessura, enquanto que dupla quantidade d’água, em terreno<br />
limpo, penetrou somente 45cm de profundidade.<br />
J. Quintiliano A. Marques (15) achou, na cobertura do solo de cafezal,<br />
com capim-seco, em Pindorama e R. Preto, com 1.300mm de chuva, um<br />
controle de 64% na erosão do solo e 54% n<strong>as</strong> perd<strong>as</strong> d’água.<br />
Boller e Stephenson (14) experimentaram a cobertura com palha, durante<br />
10 anos, em pomar, comparada com terreno sem cobertura; <strong>as</strong> análises da<br />
matéria orgânica, do fósforo, do potássio e do cálcio solúveis foram feit<strong>as</strong><br />
com amostr<strong>as</strong> tomad<strong>as</strong> de 0 a 15cm de profundidade. O palhiço adicionou<br />
mais humo e os minerais estavam mais solúveis em p.p.m.<br />
H. Landelant e H. du Bois (16) (Congo) esclareceram com os seus ensaios<br />
de palhagem no solo, em comparação com o clean weeding, que houve um<br />
aumento de 50% a 90% no número de fungos, na superfície, conforme a<br />
natureza arenosa ou argilosa.<br />
Predominaram os Penicillium sob a manta composta de palha de milho<br />
e capim elefante e os Aspergillus no terreno constantemente capinado. Os<br />
actinomycetos foram mais abundantes debaixo do palhiço, talvez pela ligeira<br />
atenuação da acidez.<br />
Constatou-se, durante a estação do algodão, uma dominância de trichoderma<br />
sob o mulch e, fato principal, a ação inibitória do trichoderma sobre<br />
a propagação, no solo, do murchamento (Fusarium v<strong>as</strong>infectum, Atk), atribuída<br />
<strong>as</strong> propriedades antibiótic<strong>as</strong> do trichoderma.<br />
181
A prática da palhagem, no Congo, não provou qualquer variação do teor<br />
de azoto em profundidade no solo; no chão, <strong>as</strong> amostr<strong>as</strong> de 0 a 5cm revelaram<br />
superioridade de nitrogênio em relação ao talhão limpo.<br />
Nos primeiros anos, o palhiço diminui a produção de nitratos, favorece o<br />
crescimento do raizame fino, superficial, sugador de azoto, impedindo o seu<br />
arr<strong>as</strong>tamento pel<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.<br />
O balanço do potássio é sempre favorável até 40cm de profundidade; há<br />
um enriquecimento considerável em sais de potássio.<br />
O palhiço diminui a variação do calor, protege <strong>as</strong> camad<strong>as</strong> de cima contra<br />
a insolação direta e o dano pel<strong>as</strong> pancad<strong>as</strong> da chuva.<br />
A decomposição da celulose do mulch requer multiplicação d<strong>as</strong> bactéri<strong>as</strong><br />
e fungos e, portanto, azoto; quando a terra dispõe de pouco nitrogênio,<br />
este é usado pelos microorganismos e <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> amarelecem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, sinal<br />
da fome de azoto. Nos terrenos pobres, a palhagem deve ser seguida de uma<br />
adubação, se há lavoura em crescimento.<br />
Devido a relação entre clima, calor e precipitação com a formação da<br />
m<strong>as</strong>sa vegetativa e sua desintegração, há um equilíbrio n<strong>as</strong> condições do solo<br />
virgem.<br />
Essa harmonia é desfeita quando a gleba entra em cultivo, porque <strong>as</strong><br />
operações da lavoura e a exposição do solo aceleram os processos microbianos.<br />
Essa diminuição da taxa humosa do terreno é gradativa e o sistema<br />
de exploração, com <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> conservacionist<strong>as</strong>, deve estabelecer um<br />
nível de sustentação da fertilidade, para garantir a economia da produção.<br />
A rotação cultural, o repouso, a estrumação, o sombreamento auxiliam a<br />
conservar ou a elevar o teor orgânico, ao p<strong>as</strong>so que a irrigação, a exposição<br />
ao sol, o enterrio do mato, a capina constante fazem decrescer a matéria<br />
orgânica no chão.<br />
Os campos com palh<strong>as</strong> de milho, de arroz, de feijão, capins e erv<strong>as</strong> não<br />
devem ser queimados, m<strong>as</strong> cortados com a grade de discos, pesada, e deixados<br />
como proteção do solo.<br />
182
Cobertura verde - No Posto Agrícola do rio S. Francisco, Floresta, Pernambuco,<br />
deixamos que nos pomares de laranjeir<strong>as</strong> e coqueiros irrigados,<br />
em terreno argiloso e arenoso, há 5 anos, crescesse o mato entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>,<br />
com roços de foice e gradagens periódic<strong>as</strong> e rega n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> limp<strong>as</strong>, em<br />
torno d<strong>as</strong> árvores.<br />
É uma tentativa para aumentar o humo, conservar a água e melhorar a<br />
estrutura granular do solo. As análises periódic<strong>as</strong> não indicaram acréscimo<br />
de matéria orgânica nem de azoto; a umidade, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, mantém-se<br />
baixa, enquanto a água é aplicada n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong>. A composição botânica do<br />
mato está melhorando com a predominância, cada ano maior, d<strong>as</strong> leguminos<strong>as</strong>,<br />
razão porque acreditamos na lenta melhoria física do solo. Houve diminuição<br />
na erosão pel<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> e pelos ventos.<br />
A manutenção de uma cobertura vegetal, atapetada, no meio dos pomares<br />
e arvoredos, não deixa de ser uma modalidade de adubação verde. É<br />
preciso então verificar a quantidade de nódulos que se formam n<strong>as</strong> raízes d<strong>as</strong><br />
leguminos<strong>as</strong>, o ciclo do azoto n<strong>as</strong> condições locais e se a produção de nitratos<br />
é superior à sua <strong>as</strong>similação pel<strong>as</strong> erv<strong>as</strong>, de modo a sobrar fertilizante<br />
para <strong>as</strong> árvores. A sega ou gradagem do mato mais maduro dá, em decomposição,<br />
menos nitratos e mais humo. Cortando o mato bem novo, com pouca<br />
fibra, obtem-se menos matéria orgânica e mais azoto.<br />
Na adubação verde, entre árvores, em que uma leguminosa é plantada<br />
para enterrio, urge providenciar boa inoculação de nódulos n<strong>as</strong> raízes, volume<br />
de m<strong>as</strong>sa verde e enterrio em condições de umidade. Há uma competição<br />
para o azoto entre <strong>as</strong> árvores e o adubo verde, na f<strong>as</strong>e da humificação:<br />
enterrada, a m<strong>as</strong>sa verde leva ao solo <strong>as</strong> proteín<strong>as</strong> e os hidratos de carbono<br />
para decomposição e nitrificação, o que consome os nitratos do solo e causa<br />
“fome” n<strong>as</strong> árvores.<br />
Terminada a nitrificação do adubo verde, haverá, no solo, excessos de<br />
azoto, que poderá ser perdido.<br />
Assim, na adubação verde, cumpre atenuar a falta e o excesso de nitrogênio,<br />
bem como a sua perda anual.<br />
183
As questões d<strong>as</strong> erv<strong>as</strong>, dos adubos verdes, dos palhiços, etc., no solo,<br />
carecem de ensaios de campo, conforme <strong>as</strong> condições locais, acompanhad<strong>as</strong><br />
de análises interpretativ<strong>as</strong> dos resultados. Tomando conhecimento do<br />
que está sendo estudado em outros países, perceberemos melhor os fatores<br />
a considerar n<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong>.<br />
Mulch do próprio solo - O clean tillage forma, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> de plant<strong>as</strong>,<br />
uma camada de terra fofa ou poeira de cima que, outrora, foi julgada de<br />
valor na conservação da umidade.<br />
As pesquis<strong>as</strong> (17) têm esclarecido que esse “colchão” de terra fofa e seca<br />
não impede a evaporação da água, somente há a economia parcial da umidade<br />
que seria absorvida pel<strong>as</strong> erv<strong>as</strong> que foram eliminad<strong>as</strong>.<br />
As estações experimentais (18) de clim<strong>as</strong> secos têm provado que <strong>as</strong> lavr<strong>as</strong><br />
profund<strong>as</strong> não mitigam os efeitos da seca e que a subsolagem não guarda<br />
mais água nem amplia a zona d<strong>as</strong> raízes.<br />
Aqueles que já abriram sondagens no sertão, na caatinga e no seridó<br />
sabem que, normalmente, o subsolo é enxuto, salvo <strong>as</strong> aluviões n<strong>as</strong> beir<strong>as</strong> de<br />
rios, onde pode haver água no lençol freático.<br />
Mulch de pedr<strong>as</strong> - Nos vinhedos da França, a cobertura do chão com<br />
pedra é usada para conservar a umidade.<br />
Lamb e Chapman, em Ithaca, (14) ensaiaram os efeitos da cobertura de<br />
pedr<strong>as</strong> com 65% e 18% da área, em comparação com a cobertura de palh<strong>as</strong><br />
e o solo nu, em declives de 18 a 20%. A remoção d<strong>as</strong> pedr<strong>as</strong> superficiais<br />
duplicou o run-off e aumentou 6 vazes <strong>as</strong> perd<strong>as</strong> do solo pela erosão; a<br />
cobertura de 65% da superfície com seixos reduziu mais <strong>as</strong> perd<strong>as</strong> de solo<br />
do que a de 18% de cobertura. A cobertura de palha foi mais eficiente para<br />
reter a água e o solo do que a proteção com pedrinh<strong>as</strong>.<br />
No seridó, há terrenos naturalmente cobertos com seixos rolados de 5 a<br />
10 e 15cm de espessura, em áre<strong>as</strong> não pequen<strong>as</strong>; os lavradores usam esses<br />
campos para plantio de algodão mocó; <strong>as</strong> cov<strong>as</strong> são fund<strong>as</strong>; arredando os<br />
seixos, o chão por baixo apresenta-se mais úmido e a malvácea prospera<br />
bem, apesar do empecilho à capina mecânica.<br />
184
4) Quebra-vento - Não é aconselhável fazer roçad<strong>as</strong> larg<strong>as</strong> e extens<strong>as</strong>,<br />
n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> e capoeir<strong>as</strong>, porque o intemperismo estraga e seca muito o<br />
solo. Em tais c<strong>as</strong>os, deixa-se em cada 100 ou 200 metros de roçado, uma<br />
faixa de vegetação nativa, com 20 a 30 metros de largura, perpendicular aos<br />
ventos dominantes. Se a vegetação espontânea, alta, já foi destruída, os renques<br />
de árvores são plantados com a largura e a distância citad<strong>as</strong>. A barragem<br />
de árvores unid<strong>as</strong> impele o vento baixo para cima e protege a terra. O<br />
aveloz, o eucalipto, o juazeiro, o tamarindo, a canafístula, o bambu, servem<br />
para esse fim, devendo escolher-se bem a espécie que melhor se adapte <strong>as</strong><br />
condições do solo e do clima. As paredes verdes são preparad<strong>as</strong> com a<br />
divisão dos talhões cultiváveis, com <strong>as</strong> estrad<strong>as</strong> e com a organização d<strong>as</strong><br />
p<strong>as</strong>tagens. A faixa arbórea, verde, unida, tem uma função especial na defesa<br />
do solo, porque serve de barragem contra a enxurrada, amortece a força do<br />
vento quente, sugando a umidade do chão, e permite abrigo à p<strong>as</strong>sarada<br />
comedora d<strong>as</strong> lagart<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong> d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>.<br />
5) Rotação ou afolhamento - A mudança sistemática d<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong>, nos<br />
talhões, numa série de anos, é prática que tem por finalidade ordenar <strong>as</strong><br />
operações, economizar trabalhos preparativos, auxiliar o controle d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong><br />
e evitar oscilações brusc<strong>as</strong> n<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>. N<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, permanentes,<br />
o afolhamento tem pouca aplicação; poderá ser usado n<strong>as</strong> plantações<br />
intercalares, anuais, sob <strong>as</strong> árvores. A longo prazo, a rotação ou troca d<strong>as</strong><br />
lavour<strong>as</strong> resistentes à seca poderá ser feita com <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens no sertão, na<br />
caatinga, no seridó, etc.<br />
6) Alqueive - O repouso do solo com o mato nativo, seja erbáceo ou<br />
arbustivo, é o processo usado pelo matuto quando ele roça, cada ano, terreno<br />
nevo e deixa o último roçado entregue às plant<strong>as</strong> espontâne<strong>as</strong>. É o método<br />
natural, m<strong>as</strong>, com a repetição constante d<strong>as</strong> queimad<strong>as</strong>, com o declive e<br />
o abandono, sem outros meios de proteção, a gleba acaba transformando-se<br />
em deserto. lnegavelmente, o pousio, repouso ou alqueive, com a cobertura<br />
verde, evitando-se a erosão, é meio prático de restaurar ou de melhorar,<br />
periodicamente a fertilidade parcial de uma terra. As lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> podem<br />
ser substituíd<strong>as</strong>, nos campos, pelos p<strong>as</strong>tos, embora os ciclos vegetativos<br />
sejam mais demorados; e uma forma de pousio a longo prazo.<br />
185
7) Dispersão da enxurrada para infiltração no solo. Esta operação consiste<br />
em obrigar, por diversos meios, a água da chuva, que escorre, a penetrar<br />
no talhão onde já existe lavoura ou onde a tencionam fazer. Essa umidade<br />
será, então, somada com a que lá está disponível para <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>.<br />
Não tem importância que o despejo dessa água, no terreno do arvoredo,<br />
seja irregular ou se dê somente quando chove, pois o xerofilismo mantém os<br />
vegetais vivos e todo acréscimo hídrico, no solo, é aproveitado para aumento<br />
de produção. O custo de derivar a enxurrada é mínimo, quando se faz um<br />
dique, oblíquo ao eixo do riacho, tapando a corrente e forçando-a a entrar<br />
no sulco ou canal lateral, bem largo, aberto com o arado, corrigido com a<br />
enxada e que transporta a água para o campo. Essa pequena barragem, com<br />
sangradouro de pedra, ao lado, e rip-rap, é preparada com “pé de cavalo”<br />
puxada a bois e o “canal” é marcado com régua e nível de pedreiro e declividade<br />
de 5 a 8cm por 100 metros de comprimento e feito com arado e<br />
triângulo de madeira com tração de bois; esse rego terá largura variável de 4<br />
a 10 metros e, na entrada, uma comporta de madeira, regulável. O dique não<br />
é de acumulação e, por isso, não carece de fundação; seu fim único é empurrar<br />
a corrente para o canal.<br />
Se a fazenda receber 500mm de chuva, por ano, e se a área de captação<br />
do riacho for de 10km 2 , com um run-off de 5%, o desvio poderá lançar<br />
250.000m 3 d’água na lavoura de 50 hectares ou sejam 5.000m 3 d’água por<br />
hectare, além da chuva direta sobre a plantação. Esta adição de umidade<br />
para lavour<strong>as</strong> de algodão mocó, de oiticica, de carnaubeira, de sisal, de cajueiro<br />
e outr<strong>as</strong> tem uma grande importância no rendimento. No campo, essa<br />
água é espalhada, entre <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong>, por sulcos em leque ou saíd<strong>as</strong> longitudinais.<br />
Antes do inverno, cada ano, a obra de derivação é revista, o “canal” é<br />
limpo e a lavoura permanece sulcada para a embebição da água.<br />
Outro processo de usar a enxurrada consiste em dirigir a corrente que<br />
desce os morros para <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong>, em sulcos oblíquos ou em ziguezague.<br />
F.H. King (19) conta que viu, na China, os lavradores saírem de su<strong>as</strong><br />
c<strong>as</strong><strong>as</strong>, na aldeia, com a chuva, de madrugada, para conduzirem, por meio de<br />
regos, com enxada, a água da enxurrada, nos morros, para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>.<br />
186
8) Bacia de chuva - As cov<strong>as</strong> grandes, para o plantio de árvores, em<br />
terrenos inclinados, servem, também, para coletar chuv<strong>as</strong> na zona d<strong>as</strong> raízes.<br />
Os buracos ou baci<strong>as</strong> são abertos com o volume de 1m3, pondo-se a terra<br />
da cova para o lado de baixo, dando-se inclinação para dentro; dois sulcos<br />
laterais encaminham a enxurrada de fora para dentro da bacia. A água e os<br />
detritos tendem a acumular nessa escavação. Essa prática é adotada na cultura<br />
da oliveira, na África do Norte, nos cafezais da América Central, nos<br />
seringais da Malásia, n<strong>as</strong> plantações de chá do Ceilão, etc. A chuva e conduzida,<br />
sem perda, para o nível d<strong>as</strong> raízes e mesmo a sua penetração profunda<br />
é útil para os órgãos subterrâneos em crescimento descendente.<br />
9) Terraços e patamares - Quando <strong>as</strong> árvores xerófil<strong>as</strong> têm de ser plantad<strong>as</strong><br />
em encost<strong>as</strong>, c<strong>as</strong>o em que o terreno deverá ter regular profundidade, o<br />
armazenamento de água e a erosão podem ser resolvidos com a construção<br />
de terraços, banquet<strong>as</strong> ou patamares, em curva de nível ou com pequenos<br />
declives no comprimento. Antes do plantio, o campo é marcado com piquetes,<br />
pelo nivelamento, dando o comprimento de cada banqueta e o intervalo<br />
entre el<strong>as</strong>. A construção é feita com sulcos de arado e plaina, encostando a<br />
terra fofa para o lado de baixo e dando-se largura suficiente e inclinação para<br />
dentro do terraço. As tabel<strong>as</strong> e os dados para a execução d<strong>as</strong> banquet<strong>as</strong><br />
podem ser lidos n<strong>as</strong> publicações especializad<strong>as</strong> (20 e 21) . No fundo do terraço,<br />
a água pode correr lentamente ou ficar parada para infiltração no solo, conforme<br />
a declividade, a porosidade, os intervalos dos patamares e a intensidade<br />
d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. Os equipamentos simples para fazer terraços são: régua, nível<br />
de pedreiro, enxada, arado, triângulo de madeira; os instrumentos mais perfeitos<br />
são: o nível de engenheiro, a plaina terraçadoura, o scraper, etc.<br />
187
188<br />
5.1 - Algodão Mocó<br />
Dizem os historiadores (22) que a cultura do algodão começou, no Ceará,<br />
em 1777, com a produção de 77 arrob<strong>as</strong>, na Serra da Uruburetama.<br />
Não há referência ao tipo ou variedade cultivada. O Dr. Idelfonso Albano<br />
registra (22) , <strong>as</strong> exportações do Ceará, dessa fibra, de 1777 a 1821, não<br />
seguidamente, e de 1845 a 1915.<br />
Ainda que a cultura do algodão mocó seja bem antiga no <strong>Nordeste</strong>, os<br />
agrônomos br<strong>as</strong>ileiros, estudiosos dessa planta, como Ursulino Veloso (23) ,<br />
Fernando Melo (24) , Carlos Faria (25) , Honorio Monteiro, João Batista Cortês,<br />
Alcides Franco, Pimentel Gomes e outros, não dão como esclarecida a origem<br />
dessa malvácea. Esses autores citados e alguns outros estrangeiros emitiram<br />
<strong>as</strong> seguintes opiniões, ainda não devidamente elucidad<strong>as</strong>: 1) que o mocó<br />
descende do algodão egípcio Mako, cultivado outrora no Rio Grande do<br />
Norte; 2) que ele veio do Sea-Island, plantado no seridó no século XIX; 3)<br />
que seria originário do seridó.<br />
O Engenheiro agrônomo Fernando Melo, em excelente monografia (24) ,<br />
diz às págin<strong>as</strong> 22 e 23: “quem primeiro trouxe, para o seridó, sementes de<br />
algodão, para cultivo e negócio, foi Alexandre Garcia do Amaral, vulgo Alexandre<br />
Menino, morador no rio S. José, município de Acary. “Matuto” que<br />
negociava com carne e queijo para Recife, numa dess<strong>as</strong> viagens, em 1861,<br />
trouxe sementes de algodão de espécies: quebradinho e herbáceo. Em 1887,<br />
deram um pouco de sementes pret<strong>as</strong>, miúd<strong>as</strong>, e plantei na mesma época”.<br />
Indagando a origem d<strong>as</strong> sementes, escreveu: “Cândido Fernandes de Araújo,<br />
vulgo Cândido Coxo, morador no rio S. José, município de Acary, indo a<br />
Bananeir<strong>as</strong>, Estado da Paraíba, hospedou-se em c<strong>as</strong>a de seu amigo João<br />
Marques, residente em Chan do Moreno, no município de Bananeir<strong>as</strong>: “Este<br />
indo ao porto daquele Estado, comprou uma arroba de sementes vind<strong>as</strong> do<br />
Egito, <strong>as</strong>sim disse-lhe uma pessoa. Deu um punhado ao seu hóspede, o qual<br />
plantou-<strong>as</strong> em seu sítio (Fernando de Melo do N<strong>as</strong>cimento, na história do<br />
algodão do seridó, escrita por Francisco Raymundo de Araújo)”.
A cl<strong>as</strong>sificação botânica do algodoeiro mocó tem sofrido modificações.<br />
Ursulino Veloso (23) aceita a de Gossypium purpur<strong>as</strong>cens, Poir.<br />
Habitat - O algodoeiro mocó é cultivado no <strong>Nordeste</strong> semiárido, especialmente<br />
no seridó e em alguns pontos do sertão d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> baix<strong>as</strong>. O seu<br />
ótimo ecológico é o seridó.<br />
As plant<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, indicador<strong>as</strong> d<strong>as</strong> condições edáfic<strong>as</strong> e climátic<strong>as</strong> para o<br />
mocó, são: Jurema (Mimosa verrucosa), capim pan<strong>as</strong>co (Aristida adscencionis),<br />
xique-xique (Pilocerus setosus), faveleiro (Cnidosculus phytacantus),<br />
puiba (Kallstroemia tribuloides), oiticical (Licania rigida). O ótimo ecológico<br />
para o algodoeiro mocó é encontrado no seridó, nos seguintes municípios:<br />
Serra Negra, Parelh<strong>as</strong>, Jucurutu, Jardim do Seridó, Ouro Branco, Carnaúba,<br />
Caicó, Florânia, Acari (RN) e Sta. Luzia, S. Mamede, Patos e Malta (PB); no<br />
Ceará, a zona do mocó se estende de Quixadá, Quixeramobim, Solonópoles,<br />
Frade, Canindé, Irauçuba. É verdade que há produção de algodão mocó em<br />
alguns municípios do sertão paraibano e cearense que não estão citados aqui.<br />
Procuramos situar o ótimo ecológico para o mocó n<strong>as</strong> maiores manch<strong>as</strong> de<br />
solos preferidos e de ambientes climáticos mais favoráveis, isto é, n<strong>as</strong> altitudes<br />
entre 100 e 300m, com chuv<strong>as</strong> médi<strong>as</strong> de 400mm a 759mm, com verão seco<br />
(apesar de que essa cultura dá safr<strong>as</strong> com 300mm), com noites quentes, sem<br />
orvalho e temperatur<strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, variando entre 20°C a 33°C, e nos solos argilosos,<br />
silico-argilosos ou piçarrentos.<br />
Dotado da capacidade de conservar reserv<strong>as</strong> nutritiv<strong>as</strong> n<strong>as</strong> raízes e nos<br />
galhos vegetativos, sóbrio n<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> d’água e soltando <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> n<strong>as</strong><br />
sac<strong>as</strong> para diminuir a evaporação, este algodoeiro perene é “uma d<strong>as</strong> maravilh<strong>as</strong><br />
desta retorta mágica que é a flora nordestina”. Sobre a raiz do algodoeiro<br />
mocó, o agrônomo F. M. do N<strong>as</strong>cimento <strong>as</strong>sim se manifesta (15) , “O<br />
sistema radicular do algodoeiro cultivado em seridó tem sido objeto de considerações<br />
dos que a ele se tem reportado, daí empreendermos divers<strong>as</strong><br />
verificações, plant<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong>, em terreno de “várzea”, procurando determinar,<br />
principalmente, o tamanho da raiz pivotante. Nossa atenção se derivou<br />
para esse fato vez que havia o seguinte testemunho: “raiz principal do<br />
algodão mocó é perpendicular e penetra <strong>as</strong> camad<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> do solo até en-<br />
189
contrar a umidade de que necessita, atingindo, algum<strong>as</strong> vezes, a profundidade<br />
de 7 metros, como já observei, no seridó, na Fazenda Cau<strong>as</strong>su, de propriedade<br />
do Sr. Joaquim da Virgem Pereira”. N<strong>as</strong> vári<strong>as</strong> sondagens que realizamos<br />
em campos de cultura, alcançamos a média de 0,65m para a raiz<br />
pivotante. As raízes laterais se desenvolviam mais, atingindo até 1,50m e<br />
começavam a ser encontrad<strong>as</strong> a 0,10m abaixo do nível do solo.<br />
Quanto aos nós, o mesmo autor esclarece: “Ao estudo botânico do algodoeiro<br />
mocó, executamos observações a respeito do número de nós como<br />
elemento de separação entre o tipo comumente conhecido como herbáceo,<br />
anual, simpodial, e o algodoeiro perene, de larga longevidade. O elevado<br />
número de nós tendendo para o arbóreo, daria maior ciclo de produção<br />
econômica, evitando-se, <strong>as</strong>sim, a tendência do algodoeiro ao tipo anual; o<br />
que se acentuava, em trabalhos seletivos de longa data, era a precocidade”.<br />
“O algodoeiro mocó que estudamos, dentro da IANE-S-9-l93, se enquadra,<br />
perfeitamente, neste objetivo, como um monopodial típico, com o<br />
número de nós variando em torno de 17. Para contagem do número de nós<br />
seguimos a técnica preconizada pelos breeders de algodoeiro, que trabalham<br />
nesta região, com o algodoeiro moco (11) .<br />
A função dos galhos vegetativos é, <strong>as</strong>sim, descrita pelo mesmo autor,<br />
página 20: “A determinação, por contagem, do número de galhos vegetativos<br />
foi prática que seguimos desde o início. Embora fosse necessário um maior<br />
número de anos n<strong>as</strong> investigações, para saber o limite máximo de número<br />
deles no c<strong>as</strong>o especial do algodoeiro mocó, sempre cuidamos de eliminar <strong>as</strong><br />
plant<strong>as</strong> que não os possuíam, dada a importância de sua fisiologia. No algodoeiro<br />
herbáceo, Gossypium hirsutum L. , de ciclo vegetativo curtíssimo, o<br />
melhoramento tem, como um dos objetivos, a eliminação total dos ramos<br />
vegetativos e aumento dos ramos frutíferos, ao contrário do algodoeiro mocó,<br />
em que a “eliminação dos ramos vegetativos, desse algodoeiro, tipo perene<br />
de região arada, implica na diminuição de sua resistência natural às vicissitudes<br />
mesológic<strong>as</strong>”. Em estudo posteriormente realizado, chegamos à conclusão:<br />
“Existe correlação positiva e significante entre os caracteres NÓS E<br />
NÚMERO DE GALHOS VEGETATIVOS”.<br />
190
Reprodução - O processo natural de reprodução do algodoeiro é a<br />
semente. Para fins de estudo e seleção, o agrônomo Lauro Bezerra, na<br />
Estação de Vila Bela, Pernambuco, iniciou, em 1936, a reprodução por<br />
enxertia, meio de “perpetuar” híbridos. A reprodução pelo enraizamento<br />
de estac<strong>as</strong>, buscando transmitir os caracteres d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>-mães por determinado<br />
tempo, foi introduzido na Estação Experimental de Cruzeta, em<br />
1951 (17) . Esse estabelecimento, situado no seridó, R.G. do Norte, cuida do<br />
melhoramento genético do mocó. Subordinado ao CNEPA, M. A., tem<br />
sido dirigido pelos agrônomos mais conhecedores desta malvácea, como:<br />
Otávio Lamartine, Sylvio Bezerra, Ursulino Veloso, Antídio Guerra, João<br />
Batista Cortês, Fernando Melo e outros.<br />
Na Secretaria da Agricultura da Paraíba, o agrônomo Carlos Faria vem,<br />
há anos, melhorando o mocó, com bons resultados práticos, mediante cooperação<br />
com a Cia. Br<strong>as</strong>ileira de Linh<strong>as</strong>, na Fazenda S. Miguel, em Angicos,<br />
Rio Grande do Norte.<br />
Segundo diz F. Melo, a seleção tem sido feita em m<strong>as</strong>sa e individualmente.<br />
No processo de seleção em m<strong>as</strong>sa têm sido observados os seguintes<br />
caracteres: comprimento da fibra, resistência, finura, <strong>as</strong>pecto vegetativo,<br />
porte, sanidade, nós e esterilidade. O agrônomo Carlos Faria, ensinando<br />
aos agricultores, recomenda selecionar <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> de boa frutificação,<br />
com 17 nós, galhos laterais médios, capulhos grandes não situados n<strong>as</strong><br />
pont<strong>as</strong> dos ramos, sementes pret<strong>as</strong>, lis<strong>as</strong>, com tufos de fibra n<strong>as</strong> pont<strong>as</strong>,<br />
fibr<strong>as</strong> long<strong>as</strong>, branc<strong>as</strong>, maci<strong>as</strong> e resistentes. Com ess<strong>as</strong> indicações, o lavrador<br />
prático e cuidadoso pode escolher <strong>as</strong> melhores plant<strong>as</strong> e plantar <strong>as</strong><br />
sementes de boa qualidade, cada ano.<br />
O agrônomo F. Melo chama a atenção para o número de nós e o número<br />
de galhos vegetativos n<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> eleit<strong>as</strong>, pois o número de nós, em<br />
torno de 17, determina a longevidade da planta e os galhos vegetativos<br />
caracterizam a resistência do mocó à aridez. Há necessidade de balancear,<br />
na seleção, ess<strong>as</strong> du<strong>as</strong> qualidades com outros atributos citados, especialmente<br />
aqueles da produção por área e <strong>as</strong> especificações d<strong>as</strong> fibr<strong>as</strong>.<br />
191
Não discutiremos a seleção individual, estandard, do algodoeiro mocó;<br />
recomendamos aos interessados <strong>as</strong> leitur<strong>as</strong> d<strong>as</strong> monografi<strong>as</strong> citad<strong>as</strong>.<br />
A longevidade revelada pelo número de nós do caule, o xerofilismo patenteado<br />
na elevada capacidade de sucção osmótica d<strong>as</strong> raízes, <strong>as</strong> qualidades<br />
da fibra demonstrad<strong>as</strong> no comprimento, resistência, maciez, etc. , são <strong>as</strong><br />
grandes vantagens que o mocó tem sabre qualquer outra variedade no seridó<br />
e no sertão. Aumentar a produção desse algodoeiro, por área, diminuir <strong>as</strong><br />
variações dos seus caracteres, para tornar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> fibr<strong>as</strong> mais homogêne<strong>as</strong> e<br />
com bo<strong>as</strong> qualidades de fiação, são os melhoramentos necessários, desde<br />
que mantenhamos inalteráveis a resistência à seca e a longevidade.<br />
Cultura do Mocó - Esta lavoura constitui, para o morador e o proprietário,<br />
a c<strong>as</strong>h crop que permite, após a safra, <strong>as</strong> compr<strong>as</strong> de roupa, de ferrament<strong>as</strong>,<br />
de remédios, de arame farpado, de equipamento e, às vezes, até de<br />
gado. Os sertanejos mais pobres, em alguns c<strong>as</strong>os, são forçados a venderem<br />
o algodão “na folha”, isto é, antes d<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>, por deficiência de capital ou de<br />
financiamento. Ess<strong>as</strong> compr<strong>as</strong> antecipad<strong>as</strong> são feit<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> companhi<strong>as</strong> algodoeir<strong>as</strong><br />
ou pelos comerciantes. Os produtores mais avisados preferem receber<br />
o numerário por oc<strong>as</strong>ião d<strong>as</strong> vend<strong>as</strong>, quando adquirem mercadori<strong>as</strong> ou<br />
bens em melhores condições.<br />
O algodão aumenta a circulação do dinheiro, no interior, no período de<br />
maio a setembro, época em que já existe previsão de safra ou em que a fibra<br />
já foi colhida. Os tratos d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>, os combates às prag<strong>as</strong>, <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong>, os<br />
beneficiamentos e os transportes dão ocupação a maior número de pesso<strong>as</strong><br />
nos meses de março a setembro. Nos restantes cinco meses do ano, o algodão<br />
oferece pouc<strong>as</strong> oportunidades de trabalho. Por <strong>as</strong>se motivo, a lavoura<br />
dessa fibr<strong>as</strong> é sempre conjugada com a criação de gado, cultura de cana ou<br />
colheita de carnaúba, de oiticica ou de caju, que proporcionam ocupação<br />
depois de setembro.<br />
A distribuição de serviços n<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong>, durante o ano, tem muita influência<br />
no bem-estar d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> dos moradores e dos <strong>as</strong>salariados. A exploração<br />
de mais de um ramo agrícola ajuda a diminuir o desemprego de braços.<br />
192
O pique do trabalho algodoeiro situa-se em julho, com a “apanha” manual do<br />
algodão.<br />
Há dois sistem<strong>as</strong> de lavoura; a <strong>as</strong>salariada e a de parceria. Em geral os<br />
pequenos proprietários preferem estabelecer os seus algodoais com o trabalho<br />
próprio e operários pagos a dia. Os fazendeiros gostam mais da parceria<br />
com os moradores, a qual consiste na combinação do proprietário fornecer a<br />
terra cercada, <strong>as</strong> sementes e os inseticid<strong>as</strong>: o parceiro entra com o trabalho<br />
de cuidar do algodoal até o fim do segundo ano; planta cereais entre <strong>as</strong><br />
fileir<strong>as</strong> de algodão, retém <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> e entrega o algodoal enraizado. Nesse<br />
c<strong>as</strong>o, o fazendeiro paga a colheita da fibra, por arroba. A parceria, às vezes,<br />
é “de meia” ou “de terça”, conforme a combinação entre os interessados.<br />
É hábito do sertanejo não capinar o algodoal arbóreo depois do segundo<br />
ano e, sim, fazer uma roçagem do mato entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, no inverno. Após <strong>as</strong><br />
colheit<strong>as</strong>, no verão, o criador põe o gado na lavoura para “aproveitar o p<strong>as</strong>to”.<br />
Pode-se cl<strong>as</strong>sificar a lavoura do algodão mocó, no <strong>Nordeste</strong>, em três<br />
tipos: 1) “matuta”; 2) mecanizada; 3) em covet<strong>as</strong>.<br />
A lavoura “matuta” consiste na roçagem da caatinga, na queima, sem<br />
destocamento, plantio do algodão sem alinhamento, intercalação de milho,<br />
feijão ou mandioca nos dois primeiros anos, capina de enxada enquanto há<br />
cultur<strong>as</strong> mist<strong>as</strong>, roço d<strong>as</strong> erv<strong>as</strong> depois do algodoeiro ter completado o porte<br />
e aproveitamento d<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong> pelo gado, no verão, após <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong>.<br />
Nesse trabalho tradicional, os instrumentos usados são a enxada, a foice e o<br />
machado; os roçados são transferidos periodicamente (cada 10 anos, em<br />
média) para novo talhão na caatinga repousada. Essa forma de agricultura<br />
abrange a maior área plantada no Polígono; tem semelhanç<strong>as</strong> com o tipo de<br />
lavoura “corridor”, usado no Congo, com a “milpa”, do milho, no México e<br />
com a prática de roça dos “kaingineros”, n<strong>as</strong> Filipin<strong>as</strong>.<br />
A roça matuta, alternando os talhões quando os algodoeiros envelhecem,<br />
empregando <strong>as</strong> capin<strong>as</strong> somente para o enraizamento, cortando o mato com<br />
a foice, em forma de limp<strong>as</strong>, permitindo às erv<strong>as</strong> cobrirem o solo, com o<br />
mínimo de trabalho, baixo rendimento (200kg-ha) e caráter extensivo, é uma<br />
193
forma de agricultura originada de intuição ou do ócio, e que conserva, em<br />
parte, a fertilidade da terra, quando o ciclo da exploração é seguido do alqueive<br />
demorado com a vegetação nativa.<br />
Esse sistema de cultura somente pode ser mantido com largueza de área<br />
e esc<strong>as</strong>sa população; quando a densidade dos habitantes cresce, diminui<br />
muito o tempo dos pousios e a repetição dos roçados, com intervalos curtos,<br />
nos mesmos talhões, surge o desg<strong>as</strong>te e o empobrecimento do solo. Já existem<br />
muit<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> erodid<strong>as</strong> e esgotad<strong>as</strong>, resultantes desse processo, especialmente<br />
nos municípios em que o setor rural está congestionado demograficamente.<br />
Com a modificação d<strong>as</strong> condições de vida do povo, do decréscimo<br />
d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> disponíveis per capita, da elevação dos salários, a lavoura<br />
“matuta” tem de ser melhorada com os plantios de sementes selecionad<strong>as</strong>,<br />
com o controle da erosão, com o combate mais eficiente às prag<strong>as</strong>, com a<br />
adubação e <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> mais cuidados<strong>as</strong>. A lavoura de covet<strong>as</strong>, citada mais<br />
adiante, representa um aperfeiçoamento no trabalho tradicional.<br />
A cultura mecanizada tem sido adotada para <strong>as</strong> plantações extens<strong>as</strong>, terrenos<br />
mais planos, com o intuito de industrializar a cotonicultura.<br />
A introdução de máquin<strong>as</strong> motorizad<strong>as</strong> nos campos nordestinos parecenos<br />
ser mais uma questão de grau de mecanização e de bom senso. Não<br />
somos contra <strong>as</strong> máquin<strong>as</strong>; refletindo-se no elevado empate de capital, n<strong>as</strong><br />
dificuldades de peç<strong>as</strong>, nos altos custos dos combustíveis e dos lubrificantes,<br />
na falta de mecânicos para os reparos, n<strong>as</strong> inconveniênci<strong>as</strong> do revolvimento<br />
do solo, acelerando a erosão pel<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> e pelo vento, na deficiência da<br />
organização administrativa d<strong>as</strong> propriedades, no excedente de braços ociosos,<br />
somos levados a julgar mais recomendável a meia-mecanização, na qual<br />
há melhor aproveitamento da tração animal, a substituição do arado pela<br />
grade de discos, o uso mais constante do cultivador de uma fileira, a adoção<br />
de prátic<strong>as</strong> de conservação do solo e de defesa contra a erosão, o emprego<br />
mais largo dos pulverizadores e d<strong>as</strong> polvilheir<strong>as</strong>.<br />
Assim como p<strong>as</strong>samos do carro de boi para o caminhão, sem a f<strong>as</strong>e da<br />
carroça, do telégrafo para o rádio, sem generalizar o telefone, também queremos<br />
mudar da enxada para o trator. Aconteceu que a introdução do trator<br />
194
evelou-se muito complexa. Os serviços agrícol<strong>as</strong> tomaram o trator para<br />
demonstrações por meio de empréstimos e os fazendeiros entenderam que o<br />
trabalho seria anual e gerou-se o paternalismo d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> feit<strong>as</strong> com <strong>as</strong><br />
máquin<strong>as</strong> do governo. Um ponto chegou em que não há quantidade de máquin<strong>as</strong>,<br />
nem peç<strong>as</strong>, nem reparos que sejam suficientes para atender a todos.<br />
Muitos esperam <strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> oficiais até para pequen<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong>, que poderiam<br />
ser feit<strong>as</strong> a tempo mais barat<strong>as</strong> com os seus próprios animais. Às vezes,<br />
a máquina e removida de 100 e 200km de distância para satisfazer pedido<br />
político. É preciso acabar com o paternalismo. O fomento agrícola deve ser<br />
transformado em trabalho de extensão rural. Aí, os outros fatores, que implicam<br />
na mecanização, serão estudados e resolvidos em cada c<strong>as</strong>o. A adoção<br />
de máquin<strong>as</strong> motorizad<strong>as</strong> depende de área cultivada, do capital do fazendeiro,<br />
do tamanho e da organização da fazenda, de haver mecânico e da distribuição<br />
dos serviços durante o ano.<br />
O novo método de plantar algodão mocó, que aproveita toda a chuva,<br />
que chamaremos cultura em corvet<strong>as</strong>, foi introduzido pelo agrônomo Carlos<br />
Faria, da D. P. da Paraíba, na Fazenda S. Miguel, da Cia. Br<strong>as</strong>ileira de Linh<strong>as</strong>.<br />
O seu autor <strong>as</strong>sim o descreve:<br />
“Levando em consideração a irregularidade d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> no <strong>Nordeste</strong>, a<br />
Estação Experimental de Pendência da Paraíba procede desde 1943, ao<br />
estudo de um método realmente técnico e prático do plantio do mocó, enraizamento,<br />
como diz o homem do sertão”.<br />
“Chegamos a conclusão de que nem a técnica agronômica normal, de<br />
arar e gradear do solo, estava certa, nem a prática do lavrador, usando cov<strong>as</strong><br />
raz<strong>as</strong> e plantando no seco ou molhado, é aconselhada”.<br />
“P<strong>as</strong>semos a fazer uma ligeira análise dos dois processos”.<br />
A técnica de arar e gradear ou mesmo só gradear implica em que o terreno<br />
esteja molhado. Como no <strong>Nordeste</strong>, ou temos chuva demais ou de menos,<br />
ora o trator pára, por falta de chuva ou por excesso. Em geral, quando<br />
terminamos os trabalhos de preparo do solo, pouca chuva resta para criar a<br />
planta. Esta é a experiência de muitos anos com uma equipe de 50 tratores.<br />
195
“A aração e mesmo o gradeamento sempre expõem o solo ao perigo da<br />
erosão, pois b<strong>as</strong>ta uma dess<strong>as</strong> bo<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> tipicamente sertanej<strong>as</strong> para levar<br />
para o riacho mais próximo uma lâmina ponderável de solo rico.”<br />
“A técnica do sertanejo de plantar no seco é uma verdadeira loteria: se<br />
chove pouco, <strong>as</strong> sementes fermentam e não germinam; se <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> são mais<br />
fortes, a planta n<strong>as</strong>ce, m<strong>as</strong> não consegue fixar-se no solo em face do endurecimento<br />
do mesmo; se <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> são bo<strong>as</strong>, o processo dá certo. M<strong>as</strong>, se<br />
chove forte mesmo, <strong>as</strong> sementes são arr<strong>as</strong>tad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> águ<strong>as</strong>”.<br />
“Este método tem o grave inconveniente, quer no plantio no seco ou no<br />
molhado, de não dar à planta uma b<strong>as</strong>e de solo fofo, e então o mocó se<br />
desenvolve mal na luta com a terra dura, não cresce, só se fixa. É sempre<br />
uma planta atrofiada”.<br />
196<br />
“É como uma criança mal alimentada na primeira infância”.<br />
“Em face do exposto, p<strong>as</strong>semos ao novo método, que consiste na covagem<br />
no seco, fazendo <strong>as</strong> cov<strong>as</strong> com enxadecos ou chibanc<strong>as</strong>, com um palmo<br />
em todos os sentidos. A profundidade de 30 centímetros é mais aconselhável.<br />
A cova fica aberta. Após <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, acaba-se de encher <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> com<br />
solo da superfície e se plantam <strong>as</strong> sementes a 2 centímetros de profundidade<br />
no nível do solo.”<br />
Este método apresenta <strong>as</strong> seguintes vantagens:<br />
1 o ) O alinhamento e covagem e feito no período seco, de outubro em<br />
diante, sem dificuldades.<br />
2 o ) Neste período há abundância de braços, promovendo amparo social,<br />
dando trabalho ao homem da região.<br />
3 o ) A cova fica aberta, arejando o solo e captando a água d<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong><br />
chuv<strong>as</strong>, umedecendo <strong>as</strong>sim a terra, porque <strong>as</strong> águ<strong>as</strong> convergem para <strong>as</strong> cov<strong>as</strong>,<br />
significando praticamente que na cova a coluna pluviométrica foi amentada<br />
muit<strong>as</strong> vazes, o que é de suma importância para uma região seca.<br />
4 o ) Fica sempre marcado o terreno para os eventuais replantios.
5 o ) As plant<strong>as</strong> agüentam no mínimo um mês de seca.<br />
6 o ) O afofamento do solo permite um enraizamento perfeito mesmo<br />
com pouc<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.<br />
7 o ) Não se perde nenhuma chuva. Esse fator é de máxima importância<br />
para o <strong>Nordeste</strong>.<br />
8 o ) O solo fica pouco exposto à erosão.<br />
9 o ) Não quebra o equilíbrio ecológico com referência às prag<strong>as</strong>, pois nos<br />
solos arados a incidência de broca é muito maior, reduzindo à metade a vida<br />
do mocó.<br />
10 o ) Permite e facilita a adubação de fundo de cova.<br />
“Como vemos a presente técnica é um misto de agronomia, unida à experiência<br />
do nosso sertanejo, constituindo uma nova orientação, apropriada<br />
<strong>as</strong> regiões sec<strong>as</strong>, dando à planta ótim<strong>as</strong> condições de vida, desde a primeira<br />
infância, evitando-se <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> atrofiad<strong>as</strong>, como é normal, que nunca darão<br />
bo<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>”.<br />
“Após o n<strong>as</strong>cimento d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, o cultivador com enxad<strong>as</strong> estreit<strong>as</strong> escarificará<br />
o solo n<strong>as</strong> entrelinh<strong>as</strong>, cruzando o campo. As enxad<strong>as</strong> estreit<strong>as</strong> de<br />
3 polegad<strong>as</strong> só devem ser usad<strong>as</strong> uma vez”.<br />
“Vem agora o estudo econômico: pelos testes feitos em solos leves, médios<br />
e pesados (duros), um homem por empreitada cava, em média, por dia,<br />
240 cov<strong>as</strong>, o que quer dizer que, para preparar um hectare, com 1.600<br />
cov<strong>as</strong>, com um espaçamento normal de 2,50 por 2,50 metros, sao necessários<br />
praticamente 7 di<strong>as</strong>”.<br />
“Representa Cr$ 280, 00 calculando-se mesmo uma diária de Cr$ 40,00”.<br />
“O preparo a trator não fica mais econômico, com a suprema vantagem de<br />
dar trabalho ao homem no período seco, quando não há outr<strong>as</strong> atividades”.<br />
“Onde a cultura não pode ser totalmente mecanizada até a colheita, o<br />
trator não pode expulsar o homem do campo”.<br />
197
“Esse método está sendo usado com absoluto sucesso, econômico e<br />
técnico, na Paraíba e no Rio Grande do Norte”.<br />
“Trata-se, sem dúvida, de uma norma simples e lógica de trabalho, de<br />
acordo com a ecologia do <strong>Nordeste</strong> e com a natureza do algodoeiro mocó,<br />
que, sendo árvore, requer os tratamentos aconselhados”.<br />
Sementes - O aumento da produção de algodão, no <strong>Nordeste</strong>, depende<br />
entre outros fatores, de ter bo<strong>as</strong> sementes, do combate às prag<strong>as</strong> e da<br />
cl<strong>as</strong>sificação correta do produto. Poderíamos dizer, também, que são importantes<br />
o controle da erosão, a colheita cuidadosa, a adubação e o financiamento.<br />
A seleção de sementes tem sido feita na Estação Experimental<br />
do Seridó e a multiplicação dest<strong>as</strong> é realizada pelos agrônomos do Fomento<br />
Agrícola, nos campos de cooperação com os lavradores. Os serviços<br />
agrícol<strong>as</strong>, estaduais e federais, compram est<strong>as</strong> sementes multiplicad<strong>as</strong><br />
e <strong>as</strong> revendem aos cotonicultores. Tem acontecido que algodões com sementes<br />
bo<strong>as</strong> e inferiores são descaroçados em mistur<strong>as</strong>, o que desvaloriza<br />
<strong>as</strong> sementes e inutiliza o trabalho da seleção. Para eliminar esse inconveniente,<br />
a Cia. Br<strong>as</strong>ileira de Linh<strong>as</strong>, com a SANBRA e outr<strong>as</strong> firm<strong>as</strong> algodoeir<strong>as</strong>,<br />
programaram com os serviços agrícol<strong>as</strong>, federais e estaduais, um<br />
plano para a produção de bo<strong>as</strong> sementes e da propaganda entre os agricultores.<br />
Consiste o plano na seguinte coordenação de esforços: 1) A s estações<br />
experimentais produzem <strong>as</strong> sementes selecionad<strong>as</strong>; 2) Os serviços agrícol<strong>as</strong><br />
recebem est<strong>as</strong> sementes e <strong>as</strong> multiplicam em campos de cooperação<br />
com particulares; 3) As firm<strong>as</strong>, que possuem descaroçadores, que fazem<br />
parte do acordo, separam <strong>as</strong> sementes dos campos de cooperação e <strong>as</strong><br />
venderão, para plantio, aos seus fornecedores ou fregueses. Trata-se de<br />
um trabalho harmônico entre <strong>as</strong> estações experimentais, os serviços agrícol<strong>as</strong>,<br />
os lavradores e os negociantes de algodão. O acordo tem dado<br />
bons resultados na Paraíba. A <strong>as</strong>sistência técnica aos cotonicultores é dada<br />
pelos agrônomos oficiais e os d<strong>as</strong> firm<strong>as</strong> algodoeir<strong>as</strong>.<br />
Prevê-se que esta cooperação, estendida a todos os Estados nordestinos,<br />
exigirá d<strong>as</strong> estações experimentais maior volume de sementes para os<br />
198
campos de multiplicação. O Ceará, pela sua larga superfície adequada ao<br />
mocó, precisará ter uma estação experimental.<br />
A substituição dos algodoeiros velhos por plantações nov<strong>as</strong> de melhores<br />
sementes, o interesse d<strong>as</strong> companhi<strong>as</strong> algodoeir<strong>as</strong> em combater <strong>as</strong> prag<strong>as</strong>, a<br />
contribuição d<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações comerciais de manter estoques de ferrament<strong>as</strong>,<br />
de inseticid<strong>as</strong>, de pulverizadores e de cultivadores, no interior, e a fiscalização<br />
da cl<strong>as</strong>sificação e do enfardamento do algodão, pelos órgãos competentes,<br />
abrirão novos horizontes ao progresso da lavoura algodoeira.<br />
Plantação - O plantio da semente de algodão depende do modo como<br />
a terra foi preparada. Na lavoura matuta, em que o solo não é destocado,<br />
<strong>as</strong> cov<strong>as</strong> são feit<strong>as</strong> a enxada, m<strong>as</strong> devem ser grandes e profund<strong>as</strong>, n<strong>as</strong><br />
distânci<strong>as</strong> de 1,50 x 1,50 metros ou 2,0 x 2,0 metros, colocando-se 4<br />
sementes em cada cova. O excesso de mud<strong>as</strong> na cova é retirado por oc<strong>as</strong>ião<br />
do desb<strong>as</strong>te, ficando um pé. Os meses de março, abril e maio são os<br />
preferidos para o plantio e replantios, conforme <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. As cultur<strong>as</strong> intercalares<br />
de cereais são plantad<strong>as</strong> na mesma época e, com el<strong>as</strong>, o lavrador<br />
procura baratear o enraizamento do algodoeiro e obter safra de gêneros<br />
alimentícios, no primeiro ano.<br />
A lavoura mecanizada não deve ser feita em solo íngreme; é obrigatório<br />
fazer o destocamento; e o arado, sempre que possível, deve ser substituído<br />
pela grade. N<strong>as</strong> várze<strong>as</strong>, o alinhamento d<strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> poderá ser feito em<br />
todos os sentidos e, nos declives suaves, há necessidade de sulco em curva<br />
de nível para reter a enxurrada e guardar a água no solo. Usa-se a cova<br />
grande, n<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> de 2,50 x 2,50 metros ou 3,0 x 3,0 metros para<br />
permitir a p<strong>as</strong>sagem da capinadeira. É preciso dar muita atenção ao controle<br />
da erosão e ao combate às lagart<strong>as</strong>, que destroem <strong>as</strong> plantinh<strong>as</strong> em<br />
pouc<strong>as</strong> hor<strong>as</strong>.<br />
No cultivo mecanizado, não se pode empregar a <strong>as</strong>sociação de lavour<strong>as</strong>,<br />
pois o espaço, entre <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong>, tem de ficar livre para o trabalho da<br />
capinadeira. Modernamente tem sido usado o torrão paulista para enraizar<br />
mudinh<strong>as</strong> de algodoeiro, que são, depois, plantad<strong>as</strong> nos campos.<br />
199
Esse processo é mais caro e adotado em cultur<strong>as</strong> cuidados<strong>as</strong>, de seleção,<br />
ou para a multiplicação de pequen<strong>as</strong> quantidades de sementes de alto<br />
valor. Ele é mais preferido para os plantios d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>.<br />
Combate às prag<strong>as</strong> - Pelos estragos n<strong>as</strong> plantinh<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> impedindo o<br />
enraizamento, pela destruição d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> antes da floração e pela perfuração<br />
dos troncos e dos galhos, os insetos tornam-se os agentes decisivos no<br />
êxito ou no frac<strong>as</strong>so da produção do algodão, se o fazendeiro faz ou não o<br />
controle d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong>. A proliferação rápida, a quantidade e o ataque às<br />
lavour<strong>as</strong> de dia e de noite, fizeram dos insetos os inimigos perigosos dos<br />
lavradores descuidados, que não guardam inseticid<strong>as</strong> e polvilhadeir<strong>as</strong> e<br />
não preparam operários para o combate imediato, logo que a praga se<br />
manifesta. O agricultor carece de espírito alerta, de ação rápida para vencer<br />
os insetos. Ele somente pode esperar do governo <strong>as</strong> demonstrações de<br />
como empregar inseticid<strong>as</strong>, em cada c<strong>as</strong>o. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> são da<br />
sua iniciativa e em seu próprio interesse.<br />
O coruquerê ou lagarta da folha (Alabama argilacea) é uma borboleta<br />
que deposita os ovos no lado inferior d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>; a eclosão dá-se em 3<br />
di<strong>as</strong>, e em 2 -3 seman<strong>as</strong>, <strong>as</strong> larv<strong>as</strong> atingem a maturidade. Durante o tempo<br />
em que o algodoeiro tem folh<strong>as</strong> verdes, a praga pode aparecer 3 vezes. O<br />
combate é feito com pulverizações de Fenatox 40, Rodiatox e BHC, como<br />
explicado na embalagem.<br />
A broca ou Entinibotrus br<strong>as</strong>iliensis ataca o caule e galhos ao nível<br />
do solo até 1,50m de altura; é um besouro pequeno. O remédio contra a<br />
broca consiste na pulverização de todo o algodoeiro com uma solução<br />
contendo 350 gram<strong>as</strong> de Toxafeno 20%, em 100 litros d’água. Para a<br />
caiação do tronco e dos galhos, adiciona-se enxofre ou talco para dar mais<br />
aderência. O polvilhamento é realizado com o Toxafeno ou Fenatox, quimicamente<br />
chamado canfeno clorado, na b<strong>as</strong>e de 15kg de pó a 20%, por<br />
hectare, com 2 a 3 aplicações.<br />
A lagarta rosada (Platyedra gossypiella) é a larva de uma borboleta que<br />
põe os ovos nos capulhos; com a eclosão <strong>as</strong> larvinh<strong>as</strong> penetram nos capu-<br />
200
lhos e vão alimentar-se d<strong>as</strong> sementes. Os únicos meios de combate são o<br />
expurgo d<strong>as</strong> sementes antes do plantio e a queima dos algodoeiros atacados.<br />
O pulgão e o percevejo são controlados pelos mesmos venenos usados<br />
para a lagarta d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>.<br />
Colheita - O algodoeiro mocó começa a abrir os capulhos em junho e a<br />
safra vai até setembro. Os colhedores, homens, mulheres e menores, devem<br />
estar munidos de 2 sacol<strong>as</strong>: numa, é colocado o algodão limpo, tirado dos<br />
galhos; e noutra, o que está no chão, depois de sacudidos o sujo e a poeira.<br />
Essa separação ajuda na cl<strong>as</strong>sificação dos melhores tipos.<br />
É importante colher a fibra seca. Um adulto pode colher 1 a 2 arrob<strong>as</strong><br />
por dia dependendo da produção, da limpeza da lavoura e de não haver<br />
falh<strong>as</strong>. A fibra colhida, sem apanhar chuva, será depositada em armazém<br />
limpo. A produção de algodão com caroço, por hectare, varia de 200 a 300<br />
quilos. Visitamos uma cultura de mocó irrigado, n<strong>as</strong> margens do rio S. Francisco,<br />
onde nos deram a informação de colheita superior a 1.000kg por ha.<br />
O descaroçamento será feito em máquin<strong>as</strong> de velocidade regulada, com<br />
<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> ou rolos ajustados, limp<strong>as</strong> periodicamente para não misturar os<br />
algodões erbáceos como o mocó e também para isolar <strong>as</strong> sementes destinad<strong>as</strong><br />
aos plantios. A boa colheita, o correto descaroçamento e o enfardamento<br />
adequado são operações decisiv<strong>as</strong> para a obtenção de melhor cl<strong>as</strong>sificação<br />
do algodão.<br />
Poda - Esta operação era executada, nos algodoais adultos, antes do<br />
início d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. Havia divergência de opinião quanto às su<strong>as</strong> vantagens.<br />
Recente experiência, na Fazenda São Miguel, realizada pelo agrônomo Carlos<br />
Faria, revelou que esta prática reduz a produção, conforme os dados que<br />
teve a gentileza de nos mostrar, b<strong>as</strong>eados em 8 reaplicações.<br />
Mercado internacional de algodão - Como toda matéria-prima, de baixa<br />
el<strong>as</strong>ticidade de consumo, o algodão tem sofrido oscilações brusc<strong>as</strong> de preço<br />
devido à estocagem, às variações de clima, às guerr<strong>as</strong> e às questões polític<strong>as</strong>.<br />
A produção anual, mundial, foi de 29,5 milhões de fardos, em 1938-39<br />
e de 41,1 milhões de fardos, em 1957-58; a estocagem, em conseqüência<br />
201
dos períodos anteriores, variou de 12 milhões a 25 milhões de fardos, nos<br />
últimos 20 anos; o consumo total do mundo absorveu 30,6 milhões de<br />
fardos em 1938 e 42,6 milhões de fardos, em 1958. Cada fardo pesa 216<br />
quilos.<br />
O consumo é influenciado pelo crescimento da população, pelo poder<br />
aquisitivo d<strong>as</strong> m<strong>as</strong>s<strong>as</strong> e pelo progresso tecnológico.<br />
A exportação mundial de tecidos de algodão tem diminuído nos últimos<br />
30 anos; atualmente, representa apen<strong>as</strong> 10% da produção universal, e sua<br />
importância, como fator determinante do consumo geral, decresceu correspondentemente.<br />
Essa exportação internacional de tecidos de algodão<br />
equivale a 2, 5 a 3 milhões de fardos de algodão bruto. Muitos países<br />
construíram fábric<strong>as</strong> de tecidos e procuram utilizar a fibra nacional. As exportações<br />
de tecido do mundo livre, representad<strong>as</strong> pelo Japão, Índia, Estados<br />
Unidos, Reino Unido, República Federal Alemã, Holanda, Bélgica,<br />
Hongkong e outr<strong>as</strong>, estão <strong>as</strong>sim distribuíd<strong>as</strong>:<br />
202<br />
Anos 1.000 tonelad<strong>as</strong> métric<strong>as</strong><br />
1954 542,4<br />
1955 947,2<br />
1956 483,7<br />
1957 535,0<br />
O fio de algodão, exportado pel<strong>as</strong> nações livres, acusa <strong>as</strong> cifr<strong>as</strong>:<br />
Anos 1.000 tonelad<strong>as</strong> métric<strong>as</strong><br />
1956 133,0<br />
1957 149,0<br />
O maior volume de algodão, produzido no mundo, é de fibra curta,<br />
inferior a 29mm. O tipo de fibra longa, de 30 a 34mm, não atinge 10% da<br />
produção mundial, porque <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> são limitad<strong>as</strong> e, também,<br />
porque o rendimento, por superfície, é menor. Nesse c<strong>as</strong>o esta o mocó<br />
nordestino cuja qualidade tem sido o fator determinante da procura no<br />
mercado.
Tabela 37 - Produção mundial de algodão de fibra longa - 30-34 mm (18)<br />
Países 1934 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957<br />
1938 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958<br />
1.000 fardos (de 216 quilos)<br />
Br<strong>as</strong>il 550 300 360 165 295 330 320 400 410 360<br />
Egito 1.265 1.054 1.169 1.028 1.132 960 1.074 989 885 1.022<br />
México - 116 139 149 165 166 233 252 210 267<br />
Peru 374 262 367 399 334 501 390 360 343 360<br />
Sudão 2 5 5 8 7 5 6 3 6 5<br />
Uganda 235 258 257 290 250 300 245 290 300 265<br />
EUA 865 396 290 323 330 388 450 572 472 407<br />
Outros 50 55 70 100 125 135 135 155 140 155<br />
Total 3.341 2.446 2.657 2.462 2.638 2.785 2.853 3.021 2.766 2.841<br />
Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />
Os algodões de fibra longa, resistente, alva, de bom grau de fuzz, macia<br />
e de boa maturidade (para a absorção d<strong>as</strong> tint<strong>as</strong>, são insubstituíveis na fabricação<br />
de linh<strong>as</strong> e de tecidos finos.<br />
Tabela 38 - Suprimento e distribuição mundial de algodão<br />
Milhões de fardos (de 216 quilos)<br />
Suprimentos Distribuição<br />
Anos<br />
EstoqueProdução<br />
Total ConsumoDestruídoEsto-<br />
que<br />
1938-39 25,2 29,5 54,7 30,6 0,2 23,9<br />
1947-48 19,6 25,3 44,9 29,8 0,1 15,0<br />
1948-49 15,0 29,7 44,7 29,1 0,3 15,4<br />
1949-50 15,4 32,8 48,2 31,0 0,2 17,0<br />
1950-51 17,0 30,5 47,5 35,1 0,2 12,2<br />
1951-52 12,2 38,6 50,8 35,2 0,1 15,5<br />
1952-53 15,3 40,1 55,6 36,9 0,2 18,5<br />
1953-54 18,5 41,6 60,1 38,8 0,2 21,1<br />
1954-55 21,1 41,0 62,1 39,8 0,2 22,1<br />
1955-56 22,1 43,6 65,7 41,1 0,3 24,3<br />
1956-57 24,3 42,0 66,3 42,9 0,3 23,1<br />
1957-58 23,1 41,0 64,6 42,6 0,1 21,5<br />
Nota: Os anos são contados a partir de l/agosto a 31/julho.<br />
Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />
203
204<br />
Tabela 39 - Estatística do Algodão no Br<strong>as</strong>il - (1.000 fardos)<br />
1934 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957<br />
1938 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958<br />
Produção 1.7931.650 1.950 1.600 1.510 1.675 1.700 1.340 1.270<br />
Consumo 512 840 825 800 900 1.000 1.050 1.030 1.050<br />
Estoque 935 530 625 1.400 2.000 1.200 825 650 575<br />
Exportação 1.065 698 350 153 1.402 1.040 814 381 216<br />
Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />
Tabela 40 - Consumo per capita de algodão nos países<br />
sul-americanos em cooperação com o dos Estados Unidos - 1957<br />
Países<br />
Kg de algodão<br />
per capita<br />
Argentina ......................................................................... 6<br />
Br<strong>as</strong>il ................................................................................ 4<br />
Colômbia .......................................................................... 2,7<br />
Uruguai ............................................................................ 2,6<br />
Chile ................................................................................. 2,6<br />
Paraguai ........................................................................... 2<br />
Peru ................................................................................. 1,6<br />
Venezuela......................................................................... 1,3<br />
Equador............................................................................ 0,8<br />
Bolívia ..............................................................................<br />
Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />
0,5<br />
Tabela 41 - Áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> com algodão no mundo:<br />
Anos 1.000 de hectares<br />
1934-38 (média anual) .................................................. 32.696<br />
1955-56 ......................................................................... 33.647<br />
1956-57 ......................................................................... 32.972<br />
1957-58 ......................................................................... 32.167<br />
Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />
Verifica-se que <strong>as</strong> superfícies plantad<strong>as</strong> anualmente têm variado muito<br />
pouco; além de estocagem, um dos motivos mais fortes tem sido o subsídio<br />
pago aos cotonicultores norte-americanos, pelo governo, para o controle de<br />
área cultivada e manutenção dos preços.
Tabela 42 - Áre<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> no Br<strong>as</strong>il, produção,<br />
consumo e estoque de algodão<br />
Área Produção Consumo Estoque<br />
Anos 1.000 1.000 1.000 1.000<br />
Hectares Fardos Fardos Fardos<br />
1934-38 2.072 1.793 512 -<br />
1955-56 2.000 1.700 1.050 650<br />
1956-57 1.720 1.340 1.030 575<br />
1957-58 1.480 1.270 1.050 575<br />
Fonte: “Cotton World Statistics” - Out./Nov. 1958.<br />
Tabela 43 - Cotações do algodão em Liverpool-CIF-Equivalentes<br />
a US$ cents por libra (peso $ 0,453 K.)<br />
Países Tipo de algodão<br />
1954<br />
1955<br />
1955<br />
1956<br />
1956<br />
1957<br />
1957<br />
1958<br />
Tex<strong>as</strong> M 15/16 37,31 32,95 28,38 28,86<br />
E. Unidos Memphis Terr SM-I-I/16 40,67 39,75 33,35 35,80<br />
Calif. SM-I-3/32 40,87 40,28 34,91 36,70<br />
México Matamoros SM-I-I/32 38,84 35,03 32,63 33,81<br />
Br<strong>as</strong>il S. Paulo, tipo 5 37,04 32,44 30,14 28,66<br />
289 F Funjab, S.G. 39,90 34,95 34,24 33,89<br />
Paquistão NT-Sind-R. G. - 32,37 31,06 30,15<br />
Síria Good quality 38,06 34,76 32,41 33,65<br />
Irã SM1-1/16 - 34,79 33,08 33,44<br />
Nicarágua SM 1-1/16" - - - 32,28<br />
Uganda B. P.52 42,98 42,54 43,65 37,93<br />
U.S.S.R. SM-I-I/32" - 34,69 32,75 34,60<br />
Índia M. G. Bengal Desi - 23,50 - 25,56<br />
Tanguis, tipo 5 40,97 37,89 42,44 37,98<br />
Peru Pima n<br />
205<br />
o 1 50,70 53,49 63,61 49,19<br />
Lambert seed G. 5L - 46,84 55,22 42,28<br />
Sudão Sakel seed G. 5S - 54,41 69,33 48,51<br />
Ashmouni, F.G 46,52 46,50 49,59 39,75<br />
Egito Giza 30 F.G. 49,18 52,95 54,76 41,53<br />
Karnak F. G. 59,60 64,65 72,11 49,57<br />
Fonte: “Cotton World Statistics” - Oct./Nov. 1958<br />
Observa-se que os algodões que conquistam os mais altos preços no mercado<br />
são os de fibra longa, produzidos no Egito, no Peru e no Sudão.
206<br />
Área cultivada em mil hectares<br />
1500<br />
1200<br />
800<br />
400<br />
Área cultivada<br />
A n o s<br />
Produção<br />
100<br />
1939 40 42 44 46 48 50 52 54 1956<br />
Gráfico 17 - Cultura do algodão no <strong>Nordeste</strong>, 1939-1956. Gráfico da área cultivada e da produção do<br />
algodão em caroço. Tendência do aumento da área 5,5% ano. Tendência do aumento 1% ano.<br />
Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico; Serviço meteorológico; Etene/BNB. Des. ASA/Crs - 1959<br />
500<br />
300<br />
Produção em mil tonelad<strong>as</strong>
Foto 19 - Lavoura matuta de algodão mocó. Limpa de roço, Ceará.<br />
Foto 20 - Lavoura de algodão mocó irrigada. Ilha da Assunção, rio São Francisco,<br />
Pernambuco.<br />
207
208<br />
Tabela 44 - Algodão em caroço<br />
Área cultivada<br />
(Hectares)<br />
ANOS PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />
1939<br />
1940<br />
1941<br />
1942<br />
1943<br />
1944<br />
1945<br />
1946<br />
1947<br />
1948<br />
1949<br />
1950<br />
1951<br />
1952<br />
1953<br />
1954<br />
1955<br />
1956<br />
14.812<br />
14.707<br />
11.672<br />
8.927<br />
6.950<br />
8.056<br />
13.403<br />
12.745<br />
15.250<br />
12.250<br />
14.861<br />
23.911<br />
31.618<br />
31.132<br />
29.633<br />
27.533<br />
29.524<br />
33.381<br />
173.240<br />
186.006<br />
146.229<br />
126.145<br />
180.176<br />
147.317<br />
217.069<br />
246.500<br />
281.558<br />
324.755<br />
320.909<br />
345.515<br />
281.253<br />
308.256<br />
310.464<br />
340.957<br />
357.907<br />
378.970<br />
124.743<br />
170.735<br />
96.296<br />
68.566<br />
112.925<br />
180.217<br />
241.964<br />
254.006<br />
274.818<br />
285.814<br />
297.658<br />
326.288<br />
317.631<br />
317.880<br />
260.780<br />
292.459<br />
315.164<br />
342.783<br />
1225.681<br />
237.136<br />
152.110<br />
110.604<br />
168.386<br />
201.528<br />
178.530<br />
206.671<br />
223.799<br />
235.981<br />
230.52<br />
243.090<br />
239.950<br />
259.564<br />
282.566<br />
302.045<br />
316.113<br />
337.464<br />
164.020<br />
140.832<br />
116.081<br />
93.973<br />
97.766<br />
210.945<br />
154.345<br />
162.802<br />
176.618<br />
182.752<br />
179.747<br />
189.157<br />
215.579<br />
235.272<br />
247.203<br />
235.717<br />
227.072<br />
216.260<br />
62.306<br />
47.167<br />
42.276<br />
33.629<br />
44.869<br />
50.824<br />
51.179<br />
46.611<br />
48.924<br />
51.389<br />
46.989<br />
45.738<br />
54.446<br />
57.288<br />
59.517<br />
59.563<br />
58.271<br />
52.417<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
28.891<br />
25.710<br />
24.155<br />
23.333<br />
25.860<br />
16.251<br />
12.393<br />
10.720<br />
13.947<br />
13.262<br />
18.742<br />
16.460<br />
21.696<br />
20.329<br />
23.064<br />
22.972<br />
21.652<br />
21.679<br />
40.530<br />
30.936<br />
22.574<br />
8.700<br />
14.094<br />
19.000<br />
20.079<br />
21.361<br />
24.437<br />
26.228<br />
30.408<br />
29.602<br />
31.327<br />
35.088<br />
39.731<br />
49.726<br />
57.942<br />
68.569<br />
834.223<br />
854.229<br />
611.393<br />
473.877<br />
651.326<br />
834.138<br />
888.962<br />
961.416<br />
1.059.351<br />
1.132.431<br />
1.140.066<br />
1.219.761<br />
1.193.500<br />
1.264.809<br />
1.252.958<br />
1.330.972<br />
1.383.645<br />
1.451.523<br />
2.272.552<br />
2.412.484<br />
2.492.594<br />
1.931.399<br />
2.423.716<br />
2.807.758<br />
2.721.584<br />
3.479.580<br />
2.470.091<br />
2.307.585<br />
2.497.295<br />
2.689.185<br />
2.486.699<br />
3.035.481<br />
2.587.366<br />
2.487.265<br />
2.617.086<br />
2.663.025
209<br />
Tabela 45 - Algodçao em caroço<br />
Área cutlivada<br />
(Tonelad<strong>as</strong>)<br />
ANOS PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />
1939<br />
1940<br />
1941<br />
1942<br />
1943<br />
1944<br />
1945<br />
1946<br />
1947<br />
1948<br />
1949<br />
1950<br />
1951<br />
1952<br />
1953<br />
1954<br />
1955<br />
1956<br />
6.802<br />
6.703<br />
5.397<br />
4.190<br />
3.262<br />
2.941<br />
4.640<br />
4.290<br />
5.221<br />
4.599<br />
4.613<br />
8.154<br />
6.828<br />
6.971<br />
5.422<br />
7.360<br />
9.251<br />
12.006<br />
95.459<br />
98.696<br />
74.605<br />
64.788<br />
92.078<br />
66.983<br />
81.419<br />
117.245<br />
122.867<br />
102.732<br />
130.810<br />
183.290<br />
57.226<br />
109.887<br />
85.697<br />
118.761<br />
133.957<br />
144.833<br />
75.102<br />
102.789<br />
56.992<br />
40.346<br />
65.752<br />
67.280<br />
73.880<br />
73.112<br />
83.242<br />
74.777<br />
82.511<br />
87.241<br />
55.635<br />
78.449<br />
48.072<br />
69.405<br />
95.672<br />
97.986<br />
133.567<br />
137.926<br />
86.921<br />
62.826<br />
85.911<br />
81.028<br />
62.111<br />
76.892<br />
69.364<br />
73.272<br />
74.409<br />
78.865<br />
42.890<br />
78.793<br />
67.141<br />
112.079<br />
111.642<br />
106.182<br />
80.893<br />
68.978<br />
57.252<br />
47.625<br />
49.880<br />
56.354<br />
59.858<br />
55.125<br />
53.923<br />
58.175<br />
51.968<br />
64.842<br />
50.044<br />
45.941<br />
49.544<br />
68.408<br />
63.065<br />
46.693<br />
31.153<br />
24.738<br />
21.857<br />
17.615<br />
21.530<br />
20.496<br />
16.361<br />
15.882<br />
17.894<br />
20.615<br />
19.334<br />
15.983<br />
17.779<br />
14.285<br />
17.909<br />
19.847<br />
18.381<br />
16.851<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
14.444<br />
12.505<br />
12.078<br />
11.905<br />
13.605<br />
12.040<br />
6.218<br />
4.088<br />
5.978<br />
4.817<br />
7.139<br />
6.642<br />
6.774<br />
7.387<br />
8.576<br />
5.260<br />
6.130<br />
18.196<br />
13.9945<br />
10.288<br />
3.551<br />
7.622<br />
10.141<br />
11.805<br />
10.062<br />
10.635<br />
11.634<br />
13.852<br />
13.775<br />
13.224<br />
12.879<br />
15.844<br />
24.350<br />
25.238<br />
30.757<br />
455.616<br />
466.329<br />
325.390<br />
252.846<br />
339.640<br />
317.263<br />
315.292<br />
356.124<br />
350.621<br />
369.124<br />
384.636<br />
458.792<br />
251.423<br />
353.979<br />
297.016<br />
428.786<br />
462.330<br />
461.438<br />
1.457.755<br />
1.595.211<br />
1.710.893<br />
1.282.156<br />
1.687.915<br />
1.786.974<br />
1.146.954<br />
1.144.748<br />
1.050.653<br />
968.436<br />
1.199.907<br />
1.190.909<br />
995.534<br />
1.505.439<br />
1.110.507<br />
1.166.457<br />
1.281.110<br />
1.193.878
210<br />
Tabela 46 - Algodçao em caroço<br />
Valor<br />
(Cr$ 1.000,00))<br />
ANOS PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />
1945<br />
1946<br />
1947<br />
1948<br />
1949<br />
1950<br />
1951<br />
1952<br />
1953<br />
1954<br />
1955<br />
1956<br />
3.864<br />
4.032<br />
5.021<br />
8.403<br />
10.679<br />
29.421<br />
35.625<br />
27.281<br />
23.074<br />
33.815<br />
48.926<br />
68.900<br />
90.152<br />
201.691<br />
227.936<br />
321.112<br />
475.146<br />
935.110<br />
506.572<br />
711.551<br />
576.662<br />
884.109<br />
1.081.666<br />
1.361.557<br />
104.335<br />
195.408<br />
230.065<br />
281.121<br />
357.454<br />
525.934<br />
612.526<br />
559.700<br />
344.276<br />
596.041<br />
838.302<br />
1.042.304<br />
106.071<br />
211.942<br />
187.577<br />
292.843<br />
350.604<br />
516.106<br />
415.863<br />
612.353<br />
488.751<br />
946.606<br />
1.039.056<br />
1.200.161<br />
96.912<br />
139.061<br />
136.088<br />
228.956<br />
218.873<br />
435.353<br />
414.116<br />
342.265<br />
348.378<br />
563.623<br />
556.744<br />
512.329<br />
25.096<br />
39.616<br />
40.032<br />
71.180<br />
63.748<br />
77.517<br />
100.852<br />
77.249<br />
100.535<br />
142.840<br />
133.237<br />
162.588<br />
FONTE: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
9.698<br />
9.894<br />
13.521<br />
16.859<br />
22.766<br />
34.352<br />
49.134<br />
35.649<br />
42.440<br />
57.657<br />
38.784<br />
49.848<br />
11.852<br />
9.640<br />
11.894<br />
18.259<br />
31.247<br />
39.218<br />
56.218<br />
53.675<br />
56.874<br />
112.716<br />
126.592<br />
164.644<br />
447.980<br />
811.284<br />
852.134<br />
1.238.733<br />
1.530.517<br />
2.593.458<br />
2.190.906<br />
2.419.723<br />
1.980.990<br />
3.337.407<br />
3.863.307<br />
4.562.381<br />
1.911.746<br />
2.941.399<br />
2.903.438<br />
3.495.455<br />
4.723.277<br />
5.782.010<br />
7.157.412<br />
8.800.336<br />
6.152.159<br />
7.953.657<br />
10.619.884<br />
11.284.681
211<br />
MUNICÍPIOS<br />
Alto Longá<br />
Altos<br />
Bom Jesus<br />
Cristino C<strong>as</strong>tro (II)<br />
Esperantina<br />
Fronteir<strong>as</strong><br />
Guadalupe<br />
Itainópolis (XXX)<br />
Paulistana<br />
Picos<br />
Pio Nono<br />
Piripiri<br />
Regeneração<br />
Simplício Mendes<br />
Valença do Piauí<br />
Elesbão Veloso (X)<br />
Conceição do Canindé (XX)<br />
Itaueira (I)<br />
Total<br />
Tabela 47 - Algodão arbóreo<br />
Piauí<br />
1953 1954 1956<br />
Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />
Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />
4<br />
375<br />
400<br />
-<br />
4<br />
1.160<br />
294<br />
-<br />
36<br />
1.490<br />
5.222<br />
4<br />
220<br />
68<br />
90<br />
-<br />
-<br />
-<br />
9.367<br />
3<br />
42<br />
375<br />
-<br />
2<br />
213<br />
41<br />
-<br />
19<br />
315<br />
100<br />
7<br />
203<br />
15<br />
68<br />
-<br />
-<br />
-<br />
1.403<br />
8<br />
196<br />
1.250<br />
-<br />
8<br />
1.065<br />
81<br />
-<br />
98<br />
1.575<br />
469<br />
22<br />
742<br />
60<br />
315<br />
-<br />
-<br />
-<br />
5.889<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção.<br />
(X) Criado em 13-05-54; (XX) Criado em 12-02-54; (XXX) Criado em 12-02-54; (I) Criado em 29-10-52; (II) Criado em 29-10-53;<br />
4<br />
788<br />
640<br />
-<br />
5<br />
1.200<br />
225<br />
-<br />
320<br />
1.503<br />
65<br />
4<br />
260<br />
59<br />
92<br />
-<br />
-<br />
-<br />
5.165<br />
4<br />
89<br />
630<br />
-<br />
3<br />
228<br />
26<br />
-<br />
156<br />
180<br />
44<br />
8<br />
240<br />
27<br />
68<br />
-<br />
-<br />
-<br />
1.703<br />
10<br />
354<br />
2.100<br />
-<br />
8<br />
1.444<br />
51<br />
-<br />
884<br />
1.080<br />
247<br />
20<br />
1.120<br />
117<br />
270<br />
-<br />
-<br />
-<br />
7.705<br />
6<br />
813<br />
380<br />
248<br />
6<br />
1.621<br />
38<br />
1.166<br />
176<br />
680<br />
146<br />
4<br />
272<br />
17<br />
27<br />
64<br />
44<br />
4<br />
5.712<br />
5<br />
153<br />
270<br />
174<br />
3<br />
405<br />
4.800<br />
204<br />
117<br />
150<br />
375<br />
6<br />
240<br />
8<br />
20<br />
62<br />
48<br />
2<br />
2.247<br />
36<br />
915<br />
900<br />
580<br />
15<br />
2.835<br />
24<br />
1.224<br />
624<br />
1.000<br />
2.000<br />
26<br />
1.440<br />
39<br />
117<br />
312<br />
256<br />
9<br />
12.352
212<br />
Tabela 48 - Algodão arbóreo<br />
Ceará<br />
1953 1954 1956<br />
MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />
Aracati<br />
Acaraú<br />
Acopiara<br />
Aracoiaba<br />
Araripe<br />
Assaré<br />
Aurora<br />
Baixio (X)<br />
Barro<br />
Baturité<br />
Boa Viagem<br />
Brejo Santo<br />
Campos Sales<br />
Canindé<br />
Cariré<br />
Capistrano<br />
Caririaçu<br />
Cariús<br />
Cedro<br />
Chaval<br />
Coreaú<br />
Crato<br />
Frecheirinha<br />
Granja<br />
Icó<br />
Iguatu<br />
Ipu<br />
Iracema<br />
Itapajé<br />
Itatira<br />
Itapipoca<br />
Jati<br />
Jaguaribe<br />
Jardim<br />
Juazeiro do Norte<br />
Jucás<br />
Lavr<strong>as</strong> da Mangabeira<br />
Maranguape<br />
Mocambo<br />
M<strong>as</strong>sapê<br />
Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />
-<br />
6<br />
4.410 4<br />
726<br />
800<br />
13.000<br />
16.000<br />
-<br />
1.800<br />
900<br />
12.000 -<br />
1.720<br />
35 -<br />
2.835<br />
-<br />
6.981 -<br />
26<br />
329 -<br />
137<br />
21.255<br />
20.812<br />
1 -<br />
4.000<br />
-<br />
19.583 -<br />
436<br />
136<br />
48<br />
2.000 -<br />
5.000<br />
-<br />
30<br />
-<br />
0<br />
1.680 3<br />
180<br />
420 5<br />
2.700<br />
-<br />
600<br />
210<br />
1.350 -<br />
1.076<br />
33 -<br />
300<br />
-<br />
1.890 -<br />
26<br />
123 -<br />
75<br />
3.450<br />
3.879<br />
1 -<br />
1.500<br />
-<br />
2.955 -<br />
360<br />
165<br />
15<br />
1.500 -<br />
2.438<br />
-<br />
35<br />
-<br />
3<br />
11.200<br />
16<br />
1.200<br />
3.220<br />
40.950<br />
25.200<br />
-<br />
4.000<br />
1.260<br />
10.800 -<br />
6.453<br />
154 -<br />
1.800<br />
-<br />
13.230 -<br />
170<br />
720 -<br />
350<br />
23.000<br />
27.090<br />
3 -<br />
9.600<br />
-<br />
19.700 -<br />
2.400<br />
825<br />
105<br />
10.000 -<br />
16.250<br />
-<br />
219<br />
-<br />
12<br />
18.079<br />
-<br />
832<br />
1.240<br />
13.000<br />
17.280<br />
-<br />
4.800<br />
900<br />
10.200<br />
-<br />
2.100<br />
36<br />
-<br />
2.295<br />
-<br />
6.353<br />
-<br />
6<br />
363<br />
-<br />
113<br />
21.375<br />
23.232<br />
2<br />
-<br />
4.000<br />
-<br />
19.856<br />
-<br />
439<br />
148<br />
726<br />
2.250<br />
-<br />
5.040<br />
-<br />
40<br />
-<br />
1<br />
4.821 -<br />
195<br />
651<br />
2.100<br />
5.250<br />
-<br />
1.800<br />
210<br />
2.295 -<br />
1.350<br />
41 -<br />
780<br />
-<br />
2.400 -<br />
6<br />
170 -<br />
45<br />
5.175<br />
6.000<br />
2 -<br />
1.575<br />
-<br />
3.209 -<br />
270<br />
140<br />
450<br />
21.000 -<br />
1.962<br />
-<br />
45<br />
-<br />
6<br />
35.354 -<br />
1.430<br />
5.034<br />
16.800<br />
43.750<br />
-<br />
12.000<br />
1.400<br />
22.950 -<br />
9.405<br />
324 -<br />
5.824<br />
-<br />
17.600 -<br />
46<br />
1.074 -<br />
210<br />
41.055<br />
48.000<br />
17 -<br />
1.700<br />
-<br />
22.460 -<br />
1.890<br />
1.157<br />
4.350<br />
16.100 -<br />
16.350<br />
-<br />
345<br />
24<br />
40<br />
15.975<br />
-<br />
997<br />
4.600<br />
9.000<br />
19.200<br />
-<br />
2.640<br />
1.125<br />
9.400<br />
-<br />
3.000<br />
48<br />
2.664<br />
3.150<br />
675<br />
5.730<br />
19<br />
10<br />
336<br />
3<br />
158<br />
21.240<br />
29.262<br />
15<br />
4.000<br />
5.000<br />
2.000<br />
19.805<br />
136<br />
445<br />
36<br />
761<br />
2.250<br />
7.850<br />
4.996<br />
-<br />
60<br />
10 3<br />
3.570 -<br />
247<br />
2.415<br />
1.425<br />
3.000<br />
-<br />
1.500<br />
135<br />
2.115 -<br />
1.710<br />
50<br />
1.800<br />
900<br />
900<br />
3.8498 8<br />
10<br />
189 6<br />
60<br />
6.150<br />
9.000<br />
14<br />
1.575<br />
2.250<br />
2.136<br />
7.031<br />
51<br />
343<br />
34<br />
225<br />
3.000<br />
24.400<br />
2.436<br />
-<br />
56<br />
(continua)<br />
102<br />
26<br />
35.700 -<br />
1.978<br />
23.826<br />
14.250<br />
29.000<br />
-<br />
13.000<br />
990<br />
22.560<br />
33.600<br />
15.960<br />
470<br />
18.000<br />
7.200<br />
9.000<br />
28.226<br />
40<br />
88<br />
1.764<br />
59<br />
440<br />
61.500<br />
37.661<br />
124<br />
14.700<br />
22.500<br />
17.088<br />
56.751<br />
544<br />
3.256<br />
236<br />
2.250<br />
30.000<br />
22.560<br />
29.979<br />
-<br />
526
213<br />
1953 1954 1956<br />
MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />
Meruoca<br />
Monsenhor Tabosa<br />
Mauriti<br />
Milagres<br />
Missão Velha<br />
Nova Russ<strong>as</strong><br />
Pacajus<br />
Pacatuba<br />
Pedra Branca<br />
Pentecoste<br />
Pereiro<br />
Porteir<strong>as</strong><br />
Quireré<br />
Quixadá (XX)<br />
Quixeramobim<br />
Redenção<br />
Saboeiro<br />
Santa Quitéria<br />
Sobral<br />
Santonópole<br />
Solonópole<br />
Tamboril<br />
Tianguá<br />
Ubajara<br />
São Luiz do Curu<br />
Uruburetama<br />
Tauá<br />
Várzea Alegre<br />
Senador Pompeu<br />
Independência<br />
Total<br />
Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />
-<br />
-<br />
2.499<br />
3.600<br />
882<br />
338<br />
650<br />
1.670<br />
160<br />
1.200<br />
7.000<br />
-<br />
5.760<br />
4.800<br />
8.550<br />
1.400<br />
12.869<br />
6<br />
200 -<br />
6.000<br />
200 5<br />
1 -<br />
2.400<br />
-<br />
10.000 -<br />
-<br />
205.215<br />
Tabela 48 - Algodão arbóreo - Ceará<br />
-<br />
-<br />
369<br />
1.080<br />
245<br />
39<br />
98<br />
1.703<br />
192<br />
375<br />
2.100<br />
-<br />
2.700<br />
375<br />
1.950<br />
1.050<br />
1.566 1<br />
263 -<br />
2.500<br />
45 21<br />
-<br />
1.950 -<br />
1.995 --<br />
51.277<br />
-<br />
-<br />
2.706<br />
7.056<br />
1.304<br />
234<br />
585<br />
10.783<br />
1.088<br />
2.500<br />
14.000<br />
-<br />
14.400<br />
2.250<br />
13.000<br />
7.350<br />
8.352 5<br />
1.750 -<br />
10.000<br />
300<br />
10<br />
50<br />
-<br />
3.000 -<br />
19.285 --<br />
359.997<br />
-<br />
-<br />
4.372<br />
4.000<br />
1.238<br />
360<br />
950<br />
1.692<br />
100<br />
800<br />
7.000<br />
-<br />
8.064<br />
1.600<br />
10.125<br />
1.600<br />
12.415 -<br />
199<br />
2.856<br />
4.000<br />
200 61<br />
-<br />
3.000 -<br />
8.600 --<br />
73.194<br />
-<br />
-<br />
1.458<br />
1.800<br />
720<br />
300<br />
215<br />
14.058<br />
105<br />
600<br />
2.625<br />
-<br />
9.377<br />
225<br />
3.300<br />
1.200<br />
3.311 -<br />
266<br />
755<br />
2.100<br />
45 21<br />
-<br />
2.250 -<br />
3.600 -<br />
50<br />
36.227<br />
-<br />
-<br />
14.580<br />
13.560<br />
7.200<br />
2.300<br />
1.573<br />
1.708<br />
700<br />
4.800<br />
17.500<br />
-<br />
62.510<br />
1.575<br />
23.100<br />
8.000<br />
22.070 -<br />
2.124<br />
5.785<br />
15.400<br />
300<br />
14 5<br />
-<br />
16.950 -<br />
29.950 -<br />
66<br />
263.727<br />
-<br />
100<br />
4.373<br />
1.360<br />
1.350<br />
788<br />
1.250<br />
1.950<br />
200<br />
1.600<br />
3.001<br />
1.746<br />
8.903<br />
1.400<br />
12.375<br />
2.00<br />
5.791 6<br />
191<br />
3.080<br />
4.200<br />
100 71<br />
440<br />
3620<br />
2.250<br />
11.200<br />
1.549 -<br />
274.087<br />
-<br />
23<br />
1.358<br />
900<br />
375<br />
525<br />
469<br />
1.950<br />
210<br />
270<br />
1.125<br />
554<br />
6.750<br />
450<br />
4.050<br />
1.500<br />
3.617<br />
3<br />
255<br />
2.250<br />
1.260<br />
23 2<br />
1<br />
225<br />
2.713<br />
1.050<br />
3.300<br />
239<br />
-<br />
101.139<br />
(conclusão)<br />
-<br />
150<br />
13.575<br />
9.000<br />
3.750<br />
4.725<br />
4.375<br />
19.500<br />
1.820<br />
5.624<br />
11.250<br />
5.907<br />
67.500<br />
3.600<br />
37.800<br />
15.000<br />
36.171<br />
23<br />
2.890<br />
19.500<br />
11.760<br />
180<br />
22 8<br />
240<br />
28.960<br />
7.000<br />
41.800<br />
2.385 -<br />
972.262<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção; (2) ) O total é superior à soma d<strong>as</strong> parcel<strong>as</strong>, em virtude de<br />
terem sido computad<strong>as</strong> <strong>as</strong> frações d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> inferiores a 10 ha. (X) Ipaumirim. (XX) Fari<strong>as</strong> Brito. (XXX) Santana do Cariri.
214<br />
Tabela 49 - Algodão arbóreo<br />
Rio Grande do Norte<br />
1953 1954 1956<br />
MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />
Acari<br />
Açu<br />
Alexandria<br />
Angicos<br />
Augusto Severo<br />
Caicó<br />
Caraúb<strong>as</strong><br />
Currais Novos<br />
Florânia<br />
Itaretama<br />
Jardim de Piranh<strong>as</strong><br />
Jardim do Seridó<br />
Jucurutu<br />
Luiz Gomes<br />
Macau<br />
Mossoró<br />
Parelh<strong>as</strong><br />
Patu<br />
Portalegre<br />
Santa Cruz<br />
Santana de Matos<br />
São João do Sabugi<br />
São José de Campestre<br />
São Miguel<br />
São Paulo de Potengi<br />
São Tomé<br />
Serra Negra do Norte<br />
Coronel Ezequiel<br />
Januário Cicco<br />
Afonso Bezerra<br />
Grossos<br />
Pedro Avelino<br />
Pendênci<strong>as</strong><br />
São Rafael<br />
Carnaúba Dant<strong>as</strong><br />
Cerro Corá<br />
Cruzeta<br />
Ouro Branco<br />
São Vicente<br />
Upauna<br />
Almino Afonso<br />
Marcelino Vieira<br />
Martins<br />
Pau dos Ferros<br />
Total<br />
Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />
10.890<br />
6.000<br />
8.000<br />
24.000<br />
2.200<br />
1.045<br />
7.456<br />
10.400<br />
8.000<br />
5.905<br />
320<br />
1.740<br />
2.430<br />
10.480<br />
1.044<br />
560<br />
9.680<br />
9.000<br />
840<br />
38.985<br />
5.200<br />
1.243<br />
3.200<br />
4.800<br />
3.206<br />
17.280<br />
1.113<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
.-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
195.017<br />
2.700<br />
113<br />
750<br />
648<br />
330<br />
162<br />
623<br />
780<br />
432<br />
366<br />
60<br />
594<br />
810<br />
1.575<br />
3<br />
120<br />
225<br />
4.500<br />
378<br />
6.075<br />
180<br />
207<br />
600<br />
2.700<br />
375<br />
4.500<br />
173<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
29.978<br />
18.540<br />
713<br />
4.750<br />
6.480<br />
2.530<br />
1.328<br />
4.150<br />
6.240<br />
3.744<br />
3.904<br />
480<br />
5.227<br />
6.480<br />
9.450<br />
24<br />
720<br />
1.875<br />
33.000<br />
2.394<br />
40.500<br />
1.440<br />
1.697<br />
4.000<br />
19.800<br />
2.750<br />
38.400<br />
1.380<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
221.997<br />
7.308<br />
6.000<br />
8.640<br />
4.240<br />
1.680<br />
1.791<br />
8.000<br />
8.800<br />
4.147<br />
5.324<br />
320<br />
1.582<br />
2.430<br />
8.821<br />
5<br />
480<br />
8.228<br />
4.000<br />
840<br />
33.713<br />
2.400<br />
2.619<br />
3.200<br />
5.400<br />
3.206<br />
17.299<br />
2.207<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
152.680<br />
1.130<br />
225<br />
1.200<br />
2.250<br />
441<br />
555<br />
2.100<br />
660<br />
968<br />
368<br />
87<br />
771<br />
405<br />
2.859<br />
3<br />
150<br />
1.200<br />
2.025<br />
255<br />
9.300<br />
975<br />
224<br />
600<br />
3.038<br />
1.125<br />
4.505<br />
684<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
38.103<br />
10.542<br />
1.875<br />
9.600<br />
18.000<br />
3.528<br />
5.106<br />
15.400<br />
5.940<br />
8.385<br />
3.308<br />
650<br />
7.402<br />
3.240<br />
28.872<br />
29<br />
900<br />
11.600<br />
16.200<br />
1.870<br />
86.800<br />
8.775<br />
1.788<br />
5.400<br />
20.250<br />
10.125<br />
40.541<br />
6.156<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
332.282<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção; (2) Criados em 1953. (X) Lage.<br />
7.357<br />
6.000<br />
10.400<br />
18.000<br />
1.750<br />
1.955<br />
12.000<br />
9.000<br />
5.465<br />
4.840<br />
640<br />
1.740<br />
4.320<br />
9.665<br />
160<br />
560<br />
9.196<br />
4.800<br />
1.080<br />
34.099<br />
6.000<br />
2.745<br />
3.600<br />
5.520<br />
3.228<br />
17.875<br />
2.439<br />
6.020<br />
800<br />
22.000<br />
4<br />
4.000<br />
400<br />
1.264<br />
4.913<br />
3.600<br />
6.776<br />
721<br />
2.476<br />
668<br />
4.800<br />
6.600<br />
8.000<br />
4.700<br />
262.176<br />
1.824<br />
2.250<br />
1.800<br />
2.069<br />
656<br />
606<br />
3.150<br />
2.025<br />
1.275<br />
600<br />
270<br />
848<br />
540<br />
2.130<br />
90<br />
189<br />
1.950<br />
2.025<br />
270<br />
11.880<br />
1.800<br />
458<br />
675<br />
1.800<br />
968<br />
4.655<br />
756<br />
1.800<br />
210<br />
2.475<br />
2<br />
3.300<br />
150<br />
270<br />
1.275<br />
810<br />
1.650<br />
322<br />
428<br />
233<br />
2.700<br />
1.650<br />
4.500<br />
2.528<br />
71.861<br />
20.064<br />
19.125<br />
19.200<br />
25.862<br />
6.563<br />
7.272<br />
35.700<br />
22.275<br />
17.002<br />
7.500<br />
3.240<br />
8.369<br />
5.782<br />
21.300<br />
1.200<br />
2.205<br />
23.400<br />
20.250<br />
2.430<br />
139.009<br />
28.600<br />
4.575<br />
6.075<br />
15.600<br />
9.684<br />
51.204<br />
9.062<br />
23.400<br />
1.890<br />
33.000<br />
12<br />
39.600<br />
12.000<br />
2.430<br />
15.300<br />
8.100<br />
20.625<br />
3.179<br />
5.702<br />
2.094<br />
26.100<br />
16.500<br />
37.500<br />
25.275<br />
805.255
215<br />
Tabela 50 - Algodão aróreo<br />
Pernambuco<br />
1953 1954 1956<br />
MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />
Águ<strong>as</strong> Bel<strong>as</strong><br />
Afogados da Ingazeira<br />
Altinho<br />
Arcoverde<br />
Bodocó<br />
Brejo da Madre de Deus<br />
Buíque<br />
Cabrobó<br />
Caruaru<br />
Custódia<br />
Exu<br />
Floresta<br />
Gravatá<br />
Jatinã<br />
Ouricuri<br />
Parnamirim<br />
Petrolândia<br />
Salgueiro<br />
São Joaquim do Monte<br />
Serra Talhada<br />
Serrita<br />
Vertentes<br />
Riacho d<strong>as</strong> Alm<strong>as</strong><br />
Tacaratu<br />
Total<br />
Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />
-<br />
4.800<br />
947<br />
60<br />
3.120<br />
1.960<br />
100<br />
938<br />
7.547<br />
5.000<br />
3.328<br />
1.800<br />
106<br />
602<br />
2.975<br />
2.284<br />
29<br />
706<br />
9<br />
12.500<br />
2.432<br />
400<br />
-<br />
-<br />
51.643<br />
-<br />
1.350<br />
233<br />
9<br />
458<br />
461<br />
50<br />
270<br />
276<br />
893<br />
125<br />
242<br />
39<br />
120<br />
20<br />
354<br />
14<br />
300<br />
3<br />
5.318<br />
75<br />
63<br />
-<br />
-<br />
10.859<br />
-<br />
10.800<br />
2.170<br />
82<br />
2.745<br />
2.303<br />
446<br />
1.800<br />
2.070<br />
6.545<br />
996<br />
1.449<br />
234<br />
840<br />
1.050<br />
2.149<br />
68<br />
1.800<br />
18<br />
36.691<br />
600<br />
441<br />
-<br />
-<br />
75.565<br />
-<br />
4.800<br />
-<br />
72<br />
3.520<br />
2.058<br />
104<br />
938<br />
7.160<br />
5.000<br />
2.400<br />
1.900<br />
102<br />
620<br />
2.960<br />
1.662<br />
53<br />
753<br />
9<br />
12.500<br />
818<br />
420<br />
-<br />
-<br />
48.849<br />
-<br />
1.950<br />
-<br />
15<br />
276<br />
968<br />
39<br />
240<br />
860<br />
1.775<br />
360<br />
570<br />
38<br />
375<br />
389<br />
990<br />
15<br />
357<br />
3<br />
6.000<br />
249<br />
78<br />
-<br />
-<br />
15.047<br />
-<br />
19.500<br />
-<br />
125<br />
2.760<br />
7.740<br />
338<br />
1.600<br />
6.590<br />
11.900<br />
3.600<br />
3990<br />
283<br />
2.625<br />
2.720<br />
6.930<br />
108<br />
1.785<br />
32<br />
44.000<br />
2.656<br />
624<br />
-<br />
-<br />
119.906<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção. (X) Belém de São Francisco.<br />
750<br />
4.800<br />
947<br />
52<br />
4.000<br />
1.980<br />
104<br />
938<br />
7.160<br />
4.840<br />
3.000<br />
1.860<br />
104<br />
620<br />
1.960<br />
2.710<br />
77<br />
695<br />
9<br />
12.320<br />
400<br />
420<br />
28<br />
29<br />
50.803<br />
42<br />
1.500<br />
180<br />
8<br />
150<br />
1.478<br />
29<br />
165<br />
540<br />
1.035<br />
330<br />
402<br />
32<br />
24<br />
180<br />
375<br />
9<br />
180<br />
3<br />
1.500<br />
90<br />
83<br />
4<br />
3<br />
8.339<br />
420<br />
15.000<br />
2.400<br />
117<br />
1.800<br />
14.775<br />
285<br />
1.540<br />
4.320<br />
13.800<br />
3.300<br />
5.896<br />
315<br />
224<br />
1.260<br />
4.500<br />
90<br />
1.920<br />
31<br />
15.000<br />
900<br />
869<br />
55<br />
30<br />
88.847
216<br />
Tabela 51 - Algodão arbóreo<br />
Bahia<br />
1953 1954 1956<br />
MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />
Correntina<br />
Curaçá<br />
Jacobina<br />
Santana<br />
Serrinha<br />
Uauá<br />
Jequié<br />
Chorrochó<br />
Ibitiara<br />
Total<br />
Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />
510<br />
1.890<br />
14<br />
1.742<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
4.156<br />
143<br />
630<br />
5<br />
690<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
1.468<br />
380<br />
4.200<br />
11<br />
2.070<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
6.661<br />
510<br />
1.890<br />
54<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
2.454<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção.<br />
218<br />
1.796<br />
23<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
2.037<br />
Tabela 52 - Algodão arbóreo<br />
Alago<strong>as</strong><br />
798<br />
11.970<br />
53<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
11.821<br />
522<br />
30<br />
54<br />
2.025<br />
12<br />
56<br />
16<br />
29<br />
4<br />
2.748<br />
1953 1954 1956<br />
MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />
Mata Grande<br />
Palmeira dos Índios<br />
P<strong>as</strong>so Camaragibe<br />
Total<br />
227<br />
39<br />
20<br />
1.073<br />
2<br />
84<br />
6<br />
36<br />
2<br />
1.489<br />
Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />
160<br />
-<br />
-<br />
160<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
51<br />
-<br />
-<br />
51<br />
255<br />
-<br />
-<br />
255<br />
160<br />
-<br />
-<br />
160<br />
53<br />
-<br />
-<br />
53<br />
315<br />
-<br />
-<br />
315<br />
240<br />
15<br />
33<br />
288<br />
75<br />
2<br />
5<br />
82<br />
1.134<br />
260<br />
47<br />
5.363<br />
5<br />
672<br />
32<br />
288<br />
8<br />
7.809<br />
524<br />
20<br />
90<br />
634
217<br />
Tabela 53 - Algodão arbóreo<br />
Paraíba<br />
1953 1954 1956<br />
MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />
Antenor Navarro<br />
Araruna<br />
Areia<br />
Bonito de Santa Fé<br />
Brejo do Cruz<br />
Cabaceir<strong>as</strong><br />
Cajazeir<strong>as</strong><br />
Campina Grande<br />
Catolé<br />
Conceição<br />
Cuité<br />
Itaporanga<br />
S. José de Piranh<strong>as</strong> (X)<br />
Monteiro<br />
Patos<br />
Piancó<br />
Picuí<br />
Pombal<br />
Santa Luiza<br />
São João do Cariri<br />
Soledade<br />
Souza<br />
Sumé<br />
Taperoá<br />
Teixeira<br />
Umbuzeiros<br />
Aroeir<strong>as</strong> (2)<br />
Malta (2)<br />
Corem<strong>as</strong> (2)<br />
Princeza Isabel<br />
Pocinhos (2)<br />
São Mamede<br />
Uiraúna (2)<br />
Total<br />
Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />
13.699<br />
18 6<br />
2.336<br />
5.600<br />
2.250<br />
16.092<br />
320<br />
10.000<br />
2.650<br />
2.000<br />
18.000<br />
5.508<br />
3.200<br />
15.756<br />
12.033<br />
16<br />
7.600<br />
17.908<br />
3.200<br />
4.000<br />
17.600<br />
6.800 9<br />
6.100<br />
3.189 --<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
175.890<br />
1.218<br />
5<br />
2<br />
176<br />
1.050<br />
375<br />
1.056<br />
216<br />
1.800<br />
1.395<br />
525<br />
4.800<br />
255<br />
540<br />
3.723<br />
5.255<br />
21<br />
1.200<br />
1.950<br />
450<br />
900<br />
3.390<br />
1.148 4<br />
630<br />
1.418 --<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
33.499<br />
8.526<br />
39<br />
11<br />
1.229<br />
7.700<br />
2.625<br />
9.856<br />
1.584<br />
13.440<br />
8.370<br />
4.375<br />
28.800<br />
2.380<br />
5.220<br />
28.047<br />
56.048<br />
154<br />
9.200<br />
14.690<br />
3.600<br />
7.800<br />
25.538<br />
8.798<br />
28<br />
5.670<br />
10.962 --<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
264.688<br />
9.749<br />
21 6<br />
2.400<br />
4.800<br />
2.259 -<br />
-<br />
12.000<br />
11.800<br />
1.920<br />
19.125<br />
6.156<br />
10.400<br />
15.764<br />
12.816<br />
16<br />
6.408<br />
14.917<br />
3.200<br />
4.000<br />
19.200<br />
6.820<br />
11<br />
6.000<br />
1.382 -<br />
1.000<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
172.170<br />
2.193<br />
6<br />
2<br />
720<br />
2.700<br />
377 -<br />
-<br />
5.400<br />
2.400<br />
600<br />
5.100<br />
2.850<br />
5.187<br />
5.912<br />
7.650<br />
23<br />
2.400<br />
5.700<br />
1.200<br />
1.500<br />
6.594<br />
8<br />
525<br />
600<br />
-<br />
525 -<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
63.106<br />
17.544<br />
56<br />
44<br />
5.424<br />
21.600<br />
2.836 --<br />
43.200<br />
19.200<br />
4.800<br />
35.700<br />
28.500<br />
51.870<br />
47.292<br />
81.600<br />
180<br />
20.800<br />
52.820<br />
9.600<br />
15.800<br />
56.269<br />
22.103<br />
69<br />
5.320<br />
4.800<br />
-<br />
4.550 -<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
551.947<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
Nota: (X) Jatobá. (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção. (2) Criados em 1953.<br />
14.660<br />
60 8<br />
2.800<br />
7.600<br />
2.700<br />
17.240<br />
1.360<br />
13.200<br />
15.400<br />
1.920<br />
21.600<br />
8.748<br />
10.400<br />
16.400<br />
19.500<br />
45<br />
6.428<br />
10.174<br />
3.600<br />
4.480<br />
24.000<br />
4.800<br />
11<br />
6.200<br />
1.357<br />
1.789<br />
1.003<br />
4.689<br />
4.900<br />
160<br />
6.534<br />
6.885<br />
240.651<br />
2.260<br />
17 2<br />
630<br />
2.550<br />
450<br />
4.626<br />
918<br />
2.520<br />
2.888<br />
960<br />
5.760<br />
6.008<br />
4.170<br />
5.535<br />
7.950<br />
60<br />
3.616<br />
2.400<br />
1.500<br />
1.680<br />
5.625<br />
375<br />
75<br />
600<br />
522<br />
954<br />
564<br />
1.547<br />
3.150<br />
107<br />
1.695<br />
2.310<br />
74.022<br />
24.864<br />
198<br />
18<br />
6.300<br />
27.200<br />
6000<br />
52.888<br />
9.180<br />
26.880<br />
31.763<br />
12.800<br />
57.600<br />
48.600<br />
55.600<br />
77.490<br />
119.899<br />
680<br />
48.210<br />
32.000<br />
15.000<br />
16.800<br />
61.875<br />
5.250<br />
110<br />
7.600<br />
5.742<br />
9.540<br />
8.276<br />
17.536<br />
31.500<br />
1.172<br />
22.600<br />
25.410<br />
166.579
218<br />
5. 2 - Cultura da carnaubeira<br />
Ligeiro histórico (29) - Foram os naturalist<strong>as</strong> Macgrave e Piso os primeiros<br />
que deram notícia da carnaubeira. Em 1790, o padre José Mariano da Conceição<br />
Veloso procurou cl<strong>as</strong>sificá-la. O botânico paraibano Manoel de Arruda<br />
Câmara apresentou-a como Corypha cerifera. Em 1780, Von Martius<br />
identificou-a como Coperncea cerífera. Em 1796, Arruda Câmara anunciou<br />
a existência da cera e começou a estudá-la, porém faleceu em 1810. A<br />
primeira monografia sobre a árvore foi da autoria do Dr. Marcos de Macedo,<br />
“Notice sur le Palmier Carnaúba”, editada em Paris, em 1857. Foi o<br />
rio-grandense do norte, Manoel Antônio de Macedo, morador em Russ<strong>as</strong><br />
que, primeiramente, descobriu o modo de extrair a cera e ensinou o processo<br />
aos nordestinos, n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> viagens ao interior até o Piauí. A cera foi usada,<br />
a princípio, para <strong>as</strong> vel<strong>as</strong> de iluminação preparad<strong>as</strong> em c<strong>as</strong>a. A exportação<br />
teve início em 1856-57, para Pernambuco, nos totais de 538.568kg e 26.<br />
112kg, embarcados em Aracati e Fortaleza, respectivamente.<br />
Habitat da palmeira - A ecologia da carnaubeira está delimitada pela região<br />
semi-árida do <strong>Nordeste</strong>, havendo alguns municípios no Maranhão com<br />
pequenos carnaubais. Essa palmeira requer muita luz, chuv<strong>as</strong> espars<strong>as</strong>, temperatura<br />
média entre 209 o C a 309 o C, ar seco no verão para a colheita, e<br />
solo de aluvião, argiloso, com pH acima de 7,0. Acredita-se que ela exija<br />
pot<strong>as</strong>sio, magnésio e sódio para facilitar o processo clorofiliano de formação<br />
da cera. Não temos notícia de produção comercial de cera de carnaúba fora<br />
do Br<strong>as</strong>il.<br />
Os municípios mais florestados com carnaubais são: no Piauí, Altos, Batalha,<br />
Campo Maior, Floriano, Miguel Alves, Oeir<strong>as</strong>, Parnaíba, Pedro II,<br />
Piripiri, Picos, Regeneração, S. João do Piauí, Simplício Mendes, União e<br />
Valença.; no Ceará, Acaraú, Aquiraz, Aracati, Aracoiaba, Arneiroz, Camocim,<br />
C<strong>as</strong>cavel, Coité, Fortaleza, Granja, Limoeiro, Maranguape, Morada<br />
Nova, M<strong>as</strong>sapé, Palma, Paracuru, Russ<strong>as</strong>, Sta. Quitéria, Sobral, Caucaia,<br />
Trairi e União; no R. G. do Norte, Apodi, Areia Branca, Açu, Augusto Severo,<br />
Caraúb<strong>as</strong>, Macau, Mossoró e Sta. Ana de Matos; na Paraíba, Cajazei-
<strong>as</strong>, Misericórdia, Piancó, Antenor Navarro e Souza; em Pernambuco e na<br />
Bahia, a carnaubeira ocorre em alguns municípios, porém em pequena quantidade.<br />
São muitos os municípios com carnaubais pequenos e esparsos; m<strong>as</strong><br />
nem todos produzem cera, porque onde a palmeira vegeta com grandes espaçamentos,<br />
não compensa o trabalho da colheita.<br />
O ótimo ecológico é encontrado nos vales do Açu, do Baixo Jaguaribe,<br />
do Acaraú e do Parnaíba. No estudo agrológico e cad<strong>as</strong>tral dos vales do<br />
Açu e do Baixo Jaguaribe foram calculados existirem 10.767ha com<br />
28.205.270 carnaubeir<strong>as</strong> e 27.585ha com 43.761.108 carnaubeir<strong>as</strong>, respectivamente.<br />
Se tomarmos a produção média, anual, de 10.000 tonelad<strong>as</strong> de cera<br />
para o Ceará, o Piauí e o Rio Grande do Norte, com 100grs., por pé, concluiremos<br />
que existem, nesses três Estados, 100.000.000 de carnaubeir<strong>as</strong><br />
em produção.<br />
A produção é qu<strong>as</strong>e toda de árvores nativ<strong>as</strong>; <strong>as</strong> plantações são pequen<strong>as</strong>,<br />
considerando-se a grande área adaptada a essa cerífera e da sua contribuição<br />
em dólares para a região. Depois de um século de exportação, <strong>as</strong><br />
lavour<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> pouco ultrap<strong>as</strong>sam os 2.000.000 de palmeir<strong>as</strong>.<br />
Cultura - A carnaubeira pode ser considerada a planta de valor econômico<br />
mais resistente à seca, depois da palma, do faveleiro e do umbuzeiro.<br />
Uma vez enraizada, é difícil morrer, salvo quando estiagem muito prolongada<br />
for conjugada com o fogo, ou com o solo arenoso e r<strong>as</strong>o ou com a salinização<br />
da terra sob a influência d<strong>as</strong> marés. Pode-se dizer que é uma lavoura que<br />
não preocupa o homem quanto à variação d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. Ela não somente produz<br />
a cera, como também a madeira para construções e <strong>as</strong> palh<strong>as</strong> para o<br />
fabrico de chapéus, de bols<strong>as</strong>, de redes, de cord<strong>as</strong>, de peneir<strong>as</strong> e outros<br />
artefatos que dão ocupação rendosa a milhares de milhares de moç<strong>as</strong>.<br />
A cultura cuidadosa começa com a obtenção da semente ou fruto. A<br />
maturação deste dá-se após a colheita d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong>, isto é, nos meses de janeiro-fevereiro,<br />
com pequena variação. Os cachos maduros, sacudidos com<br />
um gancho, na ponta de uma vara, soltam os frutos, que são secados à som-<br />
219
a e, para eliminar o cauncho, são misturados com inseticida em pó ou<br />
armazenados com terra pulverizada, seca, para esperar o plantio em abril ou<br />
maio.<br />
Como o crescimento é lento e demora 8 anos para a primeira colheita, a<br />
carnaubeira é sempre intercalada com a mandioca, o algodão ou o milho,<br />
para baratear o custo do estabelecimento do carnaubal. O preparo do solo é<br />
feito como para <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong>, com o destocamento, a terra arada,<br />
gradeada ou simplesmente capinada, conforme o “sistema”, o g<strong>as</strong>to ou <strong>as</strong><br />
posses do lavrador. Sempre que há consociação, o cultivo mecânico é difícil,<br />
<strong>as</strong> capin<strong>as</strong> têm de ser feit<strong>as</strong> à enxada. As cov<strong>as</strong> são abert<strong>as</strong> com o intervalo<br />
de 3x3 metros ou 3x4 metros, em linh<strong>as</strong> ret<strong>as</strong> ou em contorno, dependendo<br />
da declividade do campo. Colocam-se <strong>as</strong> sementes, e, ao mesmo tempo,<br />
planta-se a outra lavoura. A germinação se processa em 1 mês ou dois, segundo<br />
o grau de umidade. É desigual. Usa-se por mais de uma semente na<br />
cova e fazer o desb<strong>as</strong>te mais tarde, para evitar o replantio.<br />
Pode-se conseguir 6 safr<strong>as</strong> da cultura intercalar e, depois, faz-se a semeadura<br />
de capins e leguminos<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>, e deixa-se formar a p<strong>as</strong>tagem<br />
em um ou dois anos. As plantações mist<strong>as</strong> e a combinação da p<strong>as</strong>tagem<br />
com o carnaubal são meios de que o lavrador lança mão para eliminar a<br />
vegetação ruim, ajudar o crescimento d<strong>as</strong> palmeir<strong>as</strong>, obter colheit<strong>as</strong> todos os<br />
anos, aumentar a renda da área e manter o solo sob cobertura constante.<br />
Apesar de já empregada, esta <strong>as</strong>sociação é uma prática suscetível de aperfeiçoamento<br />
e de evolução para o moderno sistema de agricultura de “dois<br />
tetos”, recomendável para os trópicos. As palmeir<strong>as</strong> controlam o vento, ganham<br />
luz e <strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong> protegem o terreno contra a erosão, evitam a insolação<br />
direta e fornecem humus. A arboricultura dos clim<strong>as</strong> quentes, por motivos<br />
econômicos, ecológicos e de preservação dos recursos naturais está<br />
progredindo para a exploração em dois planos visando colheit<strong>as</strong> diversificad<strong>as</strong>,<br />
especialmente quando é possível dar à cultura caráter extensivo. A conjugação<br />
dos carnaubais com os prados está fadada a adquirir grande importância<br />
pela v<strong>as</strong>ta superfície adequada, pela sua harmonização com o clima,<br />
pela ocupação da mão-de-obra no verão, época folgada e, também, porque<br />
220
concilia o melhoramento da pecuária com uma c<strong>as</strong>h crop que não exporta<br />
minerais do solo. No <strong>Nordeste</strong>, salvo o algodão e a mandioca, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />
são competitiv<strong>as</strong> com a produção animal.<br />
Quando abrangendo extensões maiores, os prados-carnaubais carecem<br />
ser divididos por cerc<strong>as</strong>, em p<strong>as</strong>tos menores, a fim de facilitar o p<strong>as</strong>toreio<br />
alternado, o controle do número de cabeç<strong>as</strong> de gado, para preservar a macega<br />
com <strong>as</strong> sementes e raízes que brotarão no próximo inverno.<br />
Tabela 54 - Análise d<strong>as</strong> cinz<strong>as</strong> da raiz da carnaubeira. (Irmãos Pekolt)<br />
Elemento Percentual<br />
Água 18,539%<br />
Ácido carbônico ................................................................ 1,109%<br />
Cloro ................................................................................ 37,666%<br />
Ácido sulfúrico .................................................................. 6,456%<br />
Magnésia ........................................................................... 0,142%<br />
Cal .................................................................................... 0,032%<br />
Pot<strong>as</strong>sa ............................................................................. 13,697%<br />
Soda ................................................................................. 21,511%<br />
Subst. orgânica, sílica ......................................................... 0,850%<br />
Fonte: “Contribuição ao estudo da cera da carnaubeira”, prof. Juarez<br />
Furtado - pág. 22.<br />
Operações da colheita e obtenção da cera - Os carnaubais plantados<br />
ainda são poucos; a produção da cera constitui uma indústria extrativa, isto<br />
é, b<strong>as</strong>eia-se no aproveitamento dos palmais nativos. Alguns proprietários<br />
fazem a colheita por conta própria, porém a regra geral é o arrendamento<br />
dos carnaubais: o rendeiro contrata a exploração com o proprietário para<br />
fazer dois cortes de folh<strong>as</strong>, realizar tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> operações até a fusão do pó,<br />
com a mão-de-obra e o material por sua conta. Terminada a safra, o rendeiro<br />
entrega um terço da cera obtida ao dono da terra e fica com os dois<br />
terços restantes. Quando o proprietário dispõe de máquina extratora de<br />
221
cera, empresta-a ao rendeiro para receber a metade da cera produzida.<br />
Há, também, c<strong>as</strong>os em que o arrendatário paga, em dinheiro, o aluguel do<br />
carnaubal.<br />
Os cortes são feitos em agosto-setembro e outro em novembro-dezembro.<br />
O processo tradicional d<strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e preparação da cera<br />
e todo manual e consiste no corte d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> com uma faca, atada na<br />
ponta de uma vara; no ajuntamento d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> verdes; no corte dos pecíolos;<br />
no transporte d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong>, em jumentos, para o terreiro da secagem,<br />
onde permanecem até 4 di<strong>as</strong>, sob cuidado contra a chuva ou a inv<strong>as</strong>ão<br />
de animais; no armazenamento d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, em cômodo forrado; no<br />
r<strong>as</strong>gamento do limbo; na batedura d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong> sobre uma táboa, para retirar<br />
o pó, e na fusão deste. Como se verifica, o processo é trabalhoso e<br />
demorado, há perd<strong>as</strong> até de 30% do cerídio na movimentação d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong><br />
e o produto recebe muit<strong>as</strong> impurez<strong>as</strong> de detritos e poeira. Depois de<br />
obtido, o pó é peneirado e posto em lata de querosene, com um copo de<br />
água e uma colher de sal de azeda (ácido oxálico). A lata vai ao fogo, em<br />
temperatura não acima de 90 o C para evitar o escurecimento da cera.<br />
Agita-se a m<strong>as</strong>sa fundida, despejando-a num pano, cuj<strong>as</strong> pont<strong>as</strong> se torcem<br />
a fim de, separá-la do resíduo. O material coado é posto em moldes,<br />
para esfriar e endurecer.<br />
A folha fornece a cera gordurosa e o “olho”, folha nova, não aberta, é<br />
manipulada em separado, para a produção de cera de primeira qualidade.<br />
O rendimento quantitativo da cera varia com o terreno, a idade d<strong>as</strong> palmeir<strong>as</strong>,<br />
no número de cortes, a ausência de prag<strong>as</strong>, os cuidados tomados n<strong>as</strong><br />
operações e o beneficiamento do produto. Em alguns carnaubais, é possível<br />
obter uma arroba de cera (15kg) com 2.000 folh<strong>as</strong>. Em outros, são<br />
necessári<strong>as</strong> 4.000 a 6.000 palh<strong>as</strong>. Nos carnaubais novos, em terr<strong>as</strong> frac<strong>as</strong>,<br />
são precis<strong>as</strong> 10.000 folh<strong>as</strong>.<br />
D<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> com os exploradores de carnaubais nativos, em Cauípe,<br />
Ceará, obtivemos <strong>as</strong> seguintes hor<strong>as</strong> médi<strong>as</strong> de trabalho para <strong>as</strong> operações<br />
de produção de 15kg de cera.<br />
222
Corte d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> .................................................................. 8 hor<strong>as</strong><br />
Ajuntamento d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> ........................................................ 8 hor<strong>as</strong><br />
Cortes dos pecíolos ............................................................. 8 hor<strong>as</strong><br />
Transporte ........................................................................... 24 hor<strong>as</strong><br />
Secagem e fiscalização ......................................................... 25 hor<strong>as</strong><br />
Armazenamento d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong> .................................................. 6 hor<strong>as</strong><br />
R<strong>as</strong>gamento dos limbos ....................................................... 30 hor<strong>as</strong><br />
Batedura ............................................................................. 16 hor<strong>as</strong><br />
Fusão do pó ........................................................................ 10 hor<strong>as</strong><br />
Mão-de-obra para 15kg de cera ... ..................................... 135 hor<strong>as</strong><br />
Mão-de-obra para 1kg de cera ... ....................................... 9 hor<strong>as</strong><br />
A mão-de-obra para a obtenção da cera, como para <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong><br />
extrativ<strong>as</strong>, varia com a densidade do palmeiral, a altura d<strong>as</strong> árvores, <strong>as</strong> distânci<strong>as</strong>,<br />
a habilidade dos operários, etc.<br />
“A extração da cera de árvores nativ<strong>as</strong> (30) , pelo processo normal, para<br />
a verificação do custo da colheita, foi feita pelo agrônomo Paulo de Brito<br />
Guerra, no Instituto J.A. Trindade, Souza, Paraíba. Ele fez dois cortes experimentais<br />
em 231 carnaubeir<strong>as</strong> adult<strong>as</strong>, nativ<strong>as</strong>, e obteve 5.004 folh<strong>as</strong> e<br />
“olhos” que deram o total de 59.939kg de pó de cera ou 255 gram<strong>as</strong> por<br />
árvore. As folh<strong>as</strong> perderam, em dois di<strong>as</strong> de secagem ao sol, 42% do peso<br />
e os “olhos” 55%.<br />
Colheita e beneficiamento em hor<strong>as</strong>:<br />
Preparo da ferramenta ......................................................... 20 hor<strong>as</strong><br />
Corte d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> .................................................................. 240 hor<strong>as</strong><br />
Transporte ........................................................................... 8 hor<strong>as</strong><br />
Secagem e vigilância ............................................................ 57 hor<strong>as</strong><br />
R<strong>as</strong>gamento d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e ext. do pó. .................................... 256 hor<strong>as</strong><br />
Trabalho p/conseguir 59.939kg/pó ....................................... 581 hor<strong>as</strong><br />
Trabalho p/conseguir 1 quilo de pó ....................................... 9 hor<strong>as</strong><br />
Sendo a colheita d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e o beneficiamento da cera operações muito<br />
manuais, a elevação dos salários dos trabalhadores, em conseqüência da<br />
inflação, tornou essa indústria extrativa pouco rendosa, a partir de 1953.<br />
Cremos que o custo da mão-de-obra (vide gráficos anexos) é um dos fato-<br />
223
es que tem contribuído para o pequeno aumento da produção. Com o novo<br />
salário mínimo, a ser decretado brevemente, a produção da cera tornar-se-á<br />
deficitária. Somente os processos tecnológicos poderão baixar o custo da<br />
produção, razão por que julgamos de alta importância o estudo de um processo<br />
econômico e rápido de extração da cera. Será uma d<strong>as</strong> taref<strong>as</strong> do<br />
Instituto de Tecnologia, em boa hora criado pela Universidade do Ceará.<br />
As máquin<strong>as</strong> de bater <strong>as</strong> palh<strong>as</strong> diminuem o número de hor<strong>as</strong> do r<strong>as</strong>gamento<br />
dos limbos e da batedura, m<strong>as</strong> <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> operações continuam a depender<br />
da mão-de-obra. A picagem d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong> não permite o emprego dest<strong>as</strong><br />
como matéria-prima no artesanato.<br />
Mercados - Os produtos secundários da carnaubeira, como os arfefatos<br />
de palha e a madeira são consumidos no país. Atualmente, cogita-se da instalação,<br />
no Br<strong>as</strong>il, de fábric<strong>as</strong> para industrializar a cera (Cia. Johnson). O<br />
mercado internacional tem consumido, praticamente, toda a cera nordestina.<br />
Os maiores compradores são os Estados Unidos, a Alemanha, a França, a<br />
Bélgica, a Inglaterra, a Itália. A Tabela 57 indica <strong>as</strong> noss<strong>as</strong> exportações de<br />
cera nos últimos 37 anos (1920 a 1956). Verifica-se que o aumento anual é<br />
pequeno, comparado com a importância do produto e a razão parece estar<br />
nos embaraços da produção. Os fatores que têm inibido de avolumar a produção<br />
parecem ser os seguintes: 1) baixa produção por hectare; 2) operações<br />
manuais de colheita e de extração do pó com elevado custo de produção;<br />
3) perd<strong>as</strong> no beneficiamento; 4) fraudes e falsificações que desvalorizam<br />
a mercadoria; 5) contrabando, que diminui a estatística e desvia divis<strong>as</strong>;<br />
6) competição d<strong>as</strong> cer<strong>as</strong> de outros tipos e procedênci<strong>as</strong>.<br />
Na indústria estrangeira, a cera de carnaúba é empregada para papéis<br />
impermeáveis, papel carbono, grax<strong>as</strong> para polimentos de <strong>as</strong>soalhos e de calçados,<br />
lac<strong>as</strong> e vernizes, proteção de frutos embalados, pólvora, gom<strong>as</strong> divers<strong>as</strong>,<br />
etc. Esta cera é a mais dura dos cerídios conhecidos, resiste à insolação<br />
e aos raios ultravioleta, dá corpo e compacidade aos polimentos e serve<br />
de mistura para a correção d<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> cer<strong>as</strong>.<br />
O engenheiro-agrônomo J. B. de Morais Carvalho, após estudar o mercado<br />
da cera de carnaúba, nos Estados Unidos, apresenta <strong>as</strong> seguintes<br />
conclusõe:s (31) :<br />
224
a) Qualidade - Falta uniformidade na cor e n<strong>as</strong> especificações de estabilidade<br />
do produto.<br />
b) Preço - Flutuações crescentes no mercado e altos preços, dando<br />
origem ao maior interesse pelos substitutos sintéticos; falta de estabilidade<br />
comercial nos preços.<br />
c) Produção - Não acompanha <strong>as</strong> necessidades e a expansão dos mercados.<br />
É relativamente constante e os industriais que a aplicariam, se<br />
existisse em quantidade, procuram os sucedâneos e sintéticos. Além<br />
disso, é preciso destacar a possibilidade de uma diminuição natural<br />
da produção, em conseqüência de não se estar plantando carnaubeir<strong>as</strong><br />
em quantidade suficiente para aumentar a produção, diminuída<br />
pela constante exploração de velh<strong>as</strong> palmeir<strong>as</strong>.<br />
d) Fraude - Aplicada sabre divers<strong>as</strong> modalidades, a fraude, em qualidade<br />
e peso, constitui um dos maiores incentivos ao progresso dos sucedâneos<br />
e sintéticos. A desmoralização do produto oc<strong>as</strong>ionará a sua<br />
própria ruína.<br />
e) Competição - Cer<strong>as</strong> naturais; cana-de-açúcar; candelila, licuri, linho,<br />
sisal, esparto e outr<strong>as</strong>; cer<strong>as</strong> minerais e sintétic<strong>as</strong>-microcristalin<strong>as</strong>, etc.;<br />
resin<strong>as</strong> naturais e sintétic<strong>as</strong> que entram agora em vári<strong>as</strong> fórmul<strong>as</strong>, em<br />
substituição à cera de carnaúba. Gosam da vantagem de serem produzid<strong>as</strong><br />
no próprio país. Esses elementos concorrem para “três” grandes<br />
fabricantes não usarem mais carnaúba nos seus produtos e vários<br />
deles estão diminuindo a percentagem de cera de carnaúba n<strong>as</strong> fórmul<strong>as</strong>.<br />
Auxiliam o progresso dos sintéticos e <strong>as</strong> dificuldades citad<strong>as</strong><br />
conduzirão os fabricantes a empregar o mínimo de carnaúba. Já se<br />
sabe que a indústria de emulsão de cara com água, produção desde<br />
1928 nos Estados Unidos, e que está em desenvolvimento, usa, hoje,<br />
menos de 50% da cera que usava.<br />
“A situação poderá ser melhorada, b<strong>as</strong>tando para isto a garantia de qualidade,<br />
de preço, aumento de produção e diminuição do seu custo. O melhoramento<br />
da cor d<strong>as</strong> cer<strong>as</strong> de carnaúba e de licuri dará maiores oportunidades<br />
225
a ess<strong>as</strong> cer<strong>as</strong> e o instituto de óleos já obteve resultados muito animadores<br />
com o sistema de clarificação empregado”.<br />
A Chemical Week, publicou o estudo econômico dos Drs. James E.<br />
Sayre e Charles J. Marsel sobre o mercado de cer<strong>as</strong>, e dele destacamos,<br />
com devida vênia, o seguinte:<br />
226<br />
Tabela 55 - Consumo de cer<strong>as</strong> nos Estados Unidos - 1950<br />
Cera Libr<strong>as</strong> U.S.$<br />
Petróleo 1.038.000.000 61.500.000<br />
Vegetais:<br />
Carnaúba 20.400.000 18.800.000<br />
Candelila 5.699.000 2.900.000<br />
Ouricuri 2.757.000 2.200.000<br />
Cana-de-açúcar 1.000.000 700.000<br />
Divers<strong>as</strong> 1.657.000 750.000<br />
31.513.000<br />
Sintéticos 21.000.000 7.270.000<br />
Inset. e animais 10.479.000 5.483.000<br />
Minerais 4.008.000 1.030.000<br />
35.457.000<br />
Total 1.104.970.000 100.633.000<br />
Fonte: Chemical Week, 27 sept. 1952, p 29.<br />
A produção de cera originária do petróleo foi, em 1939, de 464.520.000<br />
Lbs., em 1948, de 984.200.000 Lbs. e em 1951 de 1.347.920.000 Lbs. O<br />
emprego de cer<strong>as</strong>, em milhões de libr<strong>as</strong>, foi o seguinte, em 1951:
Usos Petróleo Carnaúba Candelila Licuri Cana Total Lb<br />
Papel, impermeáveis 760,0 1,0<br />
Vel<strong>as</strong><br />
50,0 -<br />
Eletricidade<br />
20,0 -<br />
Polim. calçados, <strong>as</strong>soalho 15,0 8,6<br />
Parafina clorotinada 23,0 -<br />
Têxtis<br />
18,0 -<br />
Couro<br />
10,0 -<br />
Proteção de frutos<br />
10,0 1,0<br />
Papel carbono<br />
- 4,1<br />
Chewing gum<br />
- -<br />
Diversos<br />
2,3 1,4<br />
Totais<br />
908,3 16,0<br />
Fonte: Chemical Week, 27 sept. 1952, p 29.<br />
Anos<br />
1920<br />
1921<br />
1922<br />
1923<br />
1924<br />
1925<br />
1926<br />
1927<br />
1928<br />
1292<br />
1930<br />
1931<br />
1932<br />
1933<br />
Tabela 56 - Emprego de cer<strong>as</strong> - 1951<br />
-<br />
0,7<br />
-<br />
2,1<br />
-<br />
-<br />
0,6<br />
-<br />
0,2<br />
0,6<br />
0,1<br />
4,3<br />
-<br />
-<br />
-<br />
1,2<br />
-<br />
-<br />
0,2<br />
-<br />
1,2<br />
-<br />
0,1<br />
2,7<br />
-<br />
-<br />
-<br />
0,5<br />
-<br />
-<br />
-<br />
0,1<br />
0,4<br />
-<br />
0,4<br />
Tabela 57 - Produção, exportação e valor da cera de<br />
carnaúba no <strong>Nordeste</strong><br />
Anos de 1920 a 1956<br />
1,4<br />
761,0<br />
50,7<br />
20,0<br />
27,4<br />
23,0<br />
18,0<br />
10,8<br />
11,1<br />
5,8<br />
0,6<br />
4,3<br />
912,7<br />
Produção Exportação Valor a bordo<br />
Tonelad<strong>as</strong> Tonelad<strong>as</strong> Cr$<br />
3.514<br />
3.904<br />
5.001<br />
4.341<br />
4.993<br />
5.219<br />
6.122<br />
7.350<br />
7.735<br />
7.225<br />
7.940<br />
8.321<br />
7.262<br />
8.599<br />
3.516<br />
3.906<br />
5.005<br />
4.341<br />
4.992<br />
5.115<br />
5.768<br />
7.034<br />
6.981<br />
6.433<br />
6.714<br />
7.471<br />
6.380<br />
6.875<br />
continua<br />
10.873.000,00<br />
10.395.000,00<br />
14.138.000,00<br />
14.015.000,00<br />
16.578.000,00<br />
19.970.000,00<br />
23.456.000,00<br />
31.657.000,00<br />
28.625.000,00<br />
24.766.000,00<br />
23.363.000,00<br />
23.776.000,00<br />
19.885.000,00<br />
21.570.000,00<br />
227
Anos<br />
1934<br />
1935<br />
1936<br />
1937<br />
1938<br />
1939<br />
1940<br />
1941<br />
1942<br />
1943<br />
1944<br />
1945<br />
1946<br />
1947<br />
1948<br />
1949<br />
1950<br />
1951<br />
1952<br />
1953<br />
1954<br />
1955<br />
1956<br />
228<br />
Tabela 57 - Produção, exportação e valor da cera de<br />
carnaúba no <strong>Nordeste</strong><br />
Anos de 1920 a 1956 conclusão<br />
Produção Exportação Valor a bordo<br />
Tonelad<strong>as</strong> Tonelad<strong>as</strong> Cr$<br />
8.059<br />
7.785<br />
10.675<br />
10.577<br />
9.925<br />
11.421<br />
9.852<br />
11.326<br />
8.852<br />
9.504<br />
10.719<br />
12.583<br />
11.633<br />
9.083<br />
11.370<br />
9.735<br />
10.625<br />
11.312<br />
10.490<br />
7.686<br />
6.284<br />
5.606<br />
7.799<br />
6.146<br />
6.607<br />
8.774<br />
8.942<br />
9.158<br />
10.001<br />
8.653<br />
11.766<br />
8.509<br />
9.046<br />
11.130<br />
9.432<br />
10.019<br />
8.388<br />
9.292<br />
11.109<br />
12.758<br />
9.579<br />
7.196<br />
7.375<br />
9.211<br />
12.466<br />
12.003<br />
27.862.000,00<br />
48.264.000,00<br />
97.526.000,00<br />
96.822.000,00<br />
101.016.000,00<br />
120.179.000,00<br />
169.411.000,00<br />
288.435.000,00<br />
240.695.000,00<br />
227.027.000,00<br />
298.222.000,00<br />
270.437.000,00<br />
492.075.000,00<br />
383.779.000,00<br />
285.738.000,00<br />
343.397.000,00<br />
408.463.000,00<br />
321.441.000,00<br />
216.019.000,00<br />
303.977.000,00<br />
490.104.000,00<br />
713.151.000,00<br />
907.696.000,00<br />
Fonte - Mensário Estatístico - S. E. E. F. n o 74 - 1957 - Pág 40<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1939 - 40<br />
Br<strong>as</strong>il 1939 - 40 - Pág. 272<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1955 - Pág. 81<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1956 - Pág.489<br />
Indústria de óleos vegetais do Br<strong>as</strong>il - J. Bertinho - Pág. 202<br />
A exploração da carnaúba - S.I.A. - M. A. - 1929.
Escala aritmética<br />
Produção de cera, milhões de tonelad<strong>as</strong><br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
1930<br />
32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54<br />
A n o s<br />
Produção<br />
Mão-de-obra<br />
1956<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
80<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
Custo total da mão de obra, em milhões de cruzeiros, para a extração<br />
da cera produzida calculada na b<strong>as</strong>e de 9 hor<strong>as</strong> de trabalho por quilo<br />
de cera e salários correspondentes aos anos<br />
ETENE/BNB<br />
Des. Asa/Crs<br />
Gráfico 18 - Cera de carnaúba no <strong>Nordeste</strong> 1930 - 1956 - Gráfico da<br />
tendência da produção da cera e do custo da mão-de-obra<br />
Fonte - IBGE - Anuário Estatístico, 1939; 1940; 1955; 1956.<br />
Escala em semi-logaritmos<br />
229
Valor da cera exportada em milhões de cruzeiros<br />
230<br />
1000<br />
800<br />
600<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
80<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
1950<br />
Valor da Exportação<br />
Mão-de-obra<br />
32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54<br />
A n o s<br />
1956<br />
Custo da mão de obra, em milhões de cruzeiros, para a extração da<br />
cera exportada, calculada na b<strong>as</strong>e de 9 hor<strong>as</strong> de trabalho por quilo<br />
de cera e salários correspondentes aos anos<br />
Gráfico 19 - Cera de carnaúba no <strong>Nordeste</strong>, 1930 - 1956. - Gráfico<br />
em semi logaritmos mostrando a tendência da diminuição<br />
da margem de lucro entre o valor da cera exportada<br />
e a elevação dos salários<br />
Fonte: Mensário Estatístico -SEEF - N o 50 - 19855, N o 74 - 1957<br />
Salários: Folh<strong>as</strong> de pagamento dos operários. SAI e DNOCS -<br />
Etene/BNB Des. Asa/Crs
Espes-<br />
Espe<br />
sur<strong>as</strong>-<br />
SONDA sura<br />
SONDA- Cms<br />
- Cms<br />
GEM<br />
GEM<br />
231<br />
25-I<br />
25-II<br />
25-III<br />
7-I<br />
7-II<br />
7-III<br />
1-I<br />
1-II<br />
1-III<br />
50<br />
25<br />
135<br />
35<br />
65<br />
80<br />
30<br />
60<br />
60<br />
SONDA-<br />
GEM<br />
25-I<br />
25-II<br />
25-III<br />
7-I<br />
7-II<br />
7-III<br />
1-I<br />
1-II<br />
1-III<br />
Umidade<br />
seca secado<br />
ao ar ar<br />
2.28<br />
1.23<br />
2.19<br />
1.51<br />
1.21<br />
1.32<br />
1.25<br />
1.57<br />
2.20<br />
Água<br />
Natural<br />
Porosi<br />
Ar<br />
Ar<br />
Porosi-<br />
dade<br />
Na-<br />
Natural Natur<br />
dade<br />
tural Natural al<br />
POR CENTO DO VOLUME<br />
3.35<br />
2.96<br />
4.37<br />
2.92<br />
4.54<br />
2.46<br />
2.42<br />
2.41<br />
2.37<br />
46.4<br />
47.0<br />
45.3<br />
41.30<br />
47.90<br />
46.74<br />
45.98<br />
45.79<br />
45.03<br />
41.6<br />
49.8<br />
51.1<br />
44.2<br />
52.4<br />
49.2<br />
48.4<br />
48.4<br />
47.4<br />
Materia<br />
Mate-<br />
Higro<br />
ria Só- Densi-<br />
Sólida Densi- Higros- s-<br />
lida dadedade<br />
Copici<br />
ApaCopi-<br />
Real -<br />
rentecidade<br />
dade<br />
5.84<br />
5.02<br />
4.89<br />
55.8<br />
47.6<br />
50.8<br />
51.6<br />
51.8<br />
52.6<br />
1.431<br />
1.260<br />
1.223<br />
1.435<br />
1.234<br />
1.320<br />
1.320<br />
1.320<br />
1.320<br />
2.45<br />
2.51<br />
2.50<br />
2.57<br />
2.59<br />
2.60<br />
2.56<br />
2.55<br />
2.51<br />
DETERMINAÇÕES FÍSICAS<br />
4.77<br />
2.96<br />
5.33<br />
2.76<br />
2.68<br />
2.92<br />
2.49<br />
3.04<br />
4.35<br />
Pedra<br />
%<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
0,5<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
ANÁLISE MECÂNICA ASCENSÃO CAPILAR<br />
Dispersão Total<br />
Areia<br />
%<br />
0.3<br />
0.1<br />
0.3<br />
4.8<br />
8.0<br />
6.4<br />
4.7<br />
4.1<br />
2.3<br />
Limo<br />
%<br />
83.2<br />
89.7<br />
83.0<br />
86.4<br />
84.2<br />
85.2<br />
85.9<br />
86.1<br />
84.9<br />
Argila<br />
%<br />
16.5<br />
10.2<br />
16.7<br />
88<br />
7.8<br />
8.4<br />
9.4<br />
9.8<br />
12.8<br />
Disp.<br />
NaturalArgila<br />
%<br />
5.1<br />
2.7<br />
9.2<br />
2.0<br />
3.2<br />
2.8<br />
2.8<br />
2.1<br />
2.1<br />
DETERMINAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DETERMINAÇÕES QUÍMICAS<br />
PH<br />
6.63<br />
6.85<br />
7.42<br />
7.05<br />
6.95<br />
7.08<br />
7.10<br />
6.60<br />
7.40<br />
Tabela 58 - Análise de solo de aluvião fluvial, com carnaubais nativos no<br />
Vale do Açu - Rio Grande do Norte<br />
RESISTÊNCIA<br />
ELÉTRICA<br />
Ohms.<br />
30 o C<br />
0.288<br />
1.956<br />
1.067<br />
1.280<br />
1.648<br />
1.610<br />
1.598<br />
1.765<br />
1.581<br />
Salini-<br />
dade %<br />
0.042<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
T BASES TROCÁVEIS<br />
T<br />
ME/100<br />
15.46<br />
6.78<br />
13.36<br />
8.43<br />
8.44<br />
8.44<br />
8.47<br />
7.26<br />
11.00<br />
V<br />
Sx100<br />
T<br />
79.56<br />
92.92<br />
88.02<br />
95.02<br />
100.00<br />
100.00<br />
100.00<br />
81.0? 81.09<br />
Fonte: Laboratório do Serviço Agroindustrial<br />
Ca Na Mg K Mn S<br />
8.63<br />
4.62<br />
5.83<br />
5.87<br />
5.42<br />
5.59<br />
4.09<br />
5.02<br />
7.76<br />
Maté-<br />
ria<br />
Orgâ-<br />
nica<br />
CarbonoOrgânico<br />
Coef. Coef.<br />
Disper- Disper<br />
-são sãoNome-<br />
Nome<br />
nclaturaclaturaInter-<br />
Interna<br />
nacional<br />
-cional<br />
30.90 L.<br />
26.47 L.<br />
55.08 L.<br />
22.73 L.<br />
41.02 L.<br />
33.33 L.<br />
29.78 L.<br />
21.43 L.<br />
16.41 L.<br />
AzotoTotal <br />
Fósforo<strong>as</strong>similável<br />
Me. Por por 100 gr. De de solo<br />
Miligram<strong>as</strong> por 100 grs de solo<br />
0.56 3.86 0.13 0.32 12.30 20.21 1.189 96 38.30<br />
1.54 2.20 0.18 0.07 6.30 4.96 292 50 25.3<br />
3.86 4.28 0.11 0.10 11.76 7.61 448 44 14.6<br />
0.45 0.88 0.47 0.19 8.01 1.194 702 Nihil 48<br />
0.33 2.83 0.47 0.14 8.44 464 273 29 36<br />
0.44 1.76 0.48 0.14 8.44 397 234 Nihil 37<br />
0.33 3.12 0.56 0.34 8.47 960 565 40 44<br />
0.20 2.94 0.21 0.37 8.86 430 312 29 39<br />
0.37 3.88 0.37 0.26 8.92 862 962 507 38 38<br />
NaC1<br />
4.798.7<br />
31.303.0<br />
1.162.4<br />
11.232.5<br />
17.103.4<br />
-<br />
7.278.3<br />
6.597.8<br />
-<br />
Peso<br />
H 2 O
Foto 21 - Carnaubeir<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>.<br />
Foto 22 - Carnaubeir<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong>.<br />
232
5.3 - A cultura da Oiticica<br />
A descoberta do óleo secativo na semente da oiticica deu-nos a possibilidade<br />
de diminuir a importação do óleo de linhaça, na fabricação de tint<strong>as</strong>,<br />
vernizes, esmaltes finos, oleados, lon<strong>as</strong>, etc. A importância dessa matériaprima,<br />
que regulava de 2.000 a 5.000 tonelad<strong>as</strong> anuais, até 1930, baixou<br />
para 84 tonelad<strong>as</strong>, em 1938. Concorreu, também para essa economia de<br />
divis<strong>as</strong>, o aumento da produção de linho, no R. G. do Sul onde a safra de<br />
sementes de 1938 alcançou 14.239 tonelad<strong>as</strong> (33) .<br />
A China, a Coréia e o Japão eram os fornecedores de óleos secativos<br />
(tungue e perila) à indústria ocidental até 1937, quando, em 1938, o mercado<br />
norte-americano, diminuindo de 40% e 25%, respectivamente, a importação<br />
desses óleos, p<strong>as</strong>sou a preferir o de oiticica do <strong>Nordeste</strong> e o de tungue<br />
d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> plantações, na Flórida.<br />
O óleo de tungue é fornecido pel<strong>as</strong> sementes da Aleurites Forddi e A.<br />
Molucana (Euforbiáce<strong>as</strong>), àrvores que crescem até 10m de altura e vivem<br />
cerca de 30 anos. El<strong>as</strong> produzem óleo secativo em clima subtropical, com<br />
teor de 40% a 50% do peso d<strong>as</strong> sementes e sua produção por árvore é<br />
inferior à da oiticica.<br />
O óleo de perila é produzido n<strong>as</strong> sementes da Perila ocymoides e<br />
P.nankinensis (Labiatae), planta anual, cultivada no norte da Índia, em Kwantung<br />
na China, na Coréia e no Japão. Ali, o rendimento é aproximadamente<br />
de 500kg de sementes por ha e a colheita exige muita mão-de-obra devido à<br />
deiscência d<strong>as</strong> vagens e amadurecimento desigual, motivo porque essa cultura<br />
não se desenvolveu nos Estados Unidos.<br />
Os óleos secativos, naturais, concorrentes do de oiticica no mercado<br />
mundial são, portanto, o de tungue, o de perila e o de linhaça. Por motivos<br />
políticos e pela industrialização do Oriente parece-nos af<strong>as</strong>tada a competição<br />
dos dois primeiros no mercado Ocidental, o que, possivelmente, abre<br />
nov<strong>as</strong> perspectiv<strong>as</strong> para a expansão da lavoura da oiticica, no <strong>Nordeste</strong>.<br />
A história da oiticica (33) começou em 1843, quando Martius cl<strong>as</strong>sificou-a<br />
no gênero Moquílea, Rosace<strong>as</strong>. Em 1866, Joaquim da Cunha Freire, Barão<br />
233
da Ibiapaba, montou uma pequena fábrica para extrair o óleo d<strong>as</strong> sementes<br />
da oiticica, para fins industriais. A empresa frac<strong>as</strong>sou no tratamento do óleo e<br />
a preparação do sabão dava um produto de má qualidade. Em 1914-18, a<br />
Cia. Fabril e Navegação (34) , de Natal, tentou explorar o óleo da oiticica para<br />
sabão e para tint<strong>as</strong>, porém com resultados medíocres, e a exportação foi mal<br />
sucedida, porque o óleo endurecia dentro dos tambores por defeitos de tratamento.<br />
Havia, na época, no <strong>Nordeste</strong> poucos conhecimentos sobre <strong>as</strong> característic<strong>as</strong><br />
do óleo. A f<strong>as</strong>e vitoriosa da indústria da oiticica foi iniciada em<br />
1927, por Franklin Monteiro Gondim e Carlos Narbal Pamplona, que fundaram<br />
a firma C. N. Pamplona e Cia. e instalaram a fábrica Myriam, posta a<br />
funcionarem 1929 (34) . Em 1930 <strong>as</strong> compr<strong>as</strong> de sementes de oiticica atingiram<br />
2.800.000 de quilos.<br />
Os estudos do químico Menezes Sobrinho e do arquiteto Martins Barros<br />
ajudaram no tratamento do óleo e na preparação de tint<strong>as</strong> para madeira.<br />
Com a cria comercial, Franklin M. Gondin e C. Pamplona, com o Sr. E.<br />
Marvin, organizaram, em 1934, a empresa Br<strong>as</strong>il Oiticica S.A.<br />
As 17 fábric<strong>as</strong> de óleos, existentes no <strong>Nordeste</strong>, trabalham com óleos de<br />
caroço de algodão, de mamona e algum<strong>as</strong> como de oiticica, sendo a Br<strong>as</strong>il<br />
Oiticica a mais importante del<strong>as</strong>.<br />
A partir de 1934, a exportação de óleo de oiticica proporcionou dólares<br />
ao <strong>Nordeste</strong> e, embora com variações, não foi interrompida.<br />
A árvore e o seu habitat - A oiticica ocorre nos Estados do Piauí até<br />
Pernambuco, principalmente no sertão, em altitude de 50 até 300m com<br />
cerca de 3. 000 hor<strong>as</strong> de luz solar, por ano, nos aluviões marginais dos rios,<br />
nativa, espalhada entre outr<strong>as</strong> vegetações. No litoral do Ceará, do Piauí e do<br />
Rio Grande do Norte são encontrad<strong>as</strong> algum<strong>as</strong> árvores. Os pássaros, os<br />
morcegos e <strong>as</strong> correntes d’água, no inverno, são os disseminadores d<strong>as</strong> sementes.<br />
Planta de grande porte, atingindo, às vezes, até 15m de altura, de<br />
vida longa, de falh<strong>as</strong> perenes, é uma xerófila que armazena nutrientes no<br />
caule e n<strong>as</strong> raízes, na forma de água, de tanino, de hidratos de carbono, de<br />
ácidos orgânicos, de muscilagens, etc., para sobreviver aos períodos de se-<br />
234
c<strong>as</strong>. As mud<strong>as</strong>, que crescem no mato, não são comid<strong>as</strong> pelo gado, porque <strong>as</strong><br />
su<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> são repelentes para os animais.<br />
Antes do emprego d<strong>as</strong> sementes para óleo, <strong>as</strong> oiticiqueir<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong> foram<br />
muito dev<strong>as</strong>tad<strong>as</strong> para a ocupação d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> aluvionais, mais férteis, com <strong>as</strong><br />
cultur<strong>as</strong> de cereais e de algodão. Estimou-se, em 1938, que existiam, no<br />
<strong>Nordeste</strong>, cerca de 1 milhão de árvores. O seu crescimento é lento, a primeira<br />
frutificação, n<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, aparece depois dos cinco ou dos 10 anos de<br />
idade. A produção de frutos, por árvore, é muito irregular, algum<strong>as</strong> falham e<br />
outr<strong>as</strong> p<strong>as</strong>sam anos sem dar sementes.<br />
(35) “Como acontece com tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> árvores florestais, destinad<strong>as</strong> pela natureza<br />
a produzir lenho, a frutificação de oiticica é retardada e irregular; a<br />
perpetuação da espécie está garantida por pouc<strong>as</strong> sementes durante uma<br />
vida longa. O aproveitamento industrial d<strong>as</strong> sementes, produzida <strong>as</strong>sim irregularmente,<br />
traz dificuldades na fabricação do óleo e do comércio. A frutificação<br />
tardia é um caráter normal d<strong>as</strong> espécies selvagens, reproduzid<strong>as</strong> sexualmente<br />
ou de pé franco. A descotinuidade d<strong>as</strong> safr<strong>as</strong> foi estudada pelo agrônomo<br />
Manoel Alves de Oliveira, no Instituto J. A. Trindade, que procurou,<br />
na ma distribuição d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, a causa d<strong>as</strong> falh<strong>as</strong> anuais da frutificação. Entretanto,<br />
aquele agrônomo diz, em seu relatório, que não encontrou correlação<br />
positiva entre chuva e safra de oiticica. Achamos que os dados de produção<br />
anual da oiticica não são b<strong>as</strong>tante exatos e, no esc<strong>as</strong>so período de 10<br />
anos, não permitem ainda uma análise estatística digna de crédito. Não sabemos<br />
informar que grau de influência a chuva tem sabre <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> de oiticica”.<br />
Esta opinião foi escrita em 1943.<br />
Calcula-se a vida da árvore em 50 a 100 anos. Há oiticic<strong>as</strong> que dão mais<br />
de 500kg de sementes em 1 ano e, na colheita seguinte, produzem apen<strong>as</strong><br />
50kg ou nada. Pode-se considerar que a safra, por árvore, varia de 20 a<br />
50kg, por ano. A floração aparece de junho até setembro e a maturação e a<br />
colheita, de janeiro a março.<br />
Os vales nordestinos, mais densamente florestados com a oiticica são: o<br />
da Paraíba, do Acaraú, do Jaguaribe, do Açu, do Apodi, do Ipanema, do<br />
Piancó, do Piranh<strong>as</strong> e do rio do Peixe.<br />
235
Característic<strong>as</strong> do óleo (36) - O mais antigo estudo de óleo de oiticica é o<br />
dos químicos ingleses Richard Bolton e Cecil Revis, publicado na revista<br />
The Analist, de julho de 1931. O químico alemão C. Grimme, em 1919,<br />
publicou su<strong>as</strong> análises no Chemiche Umschau, Henry Gardner, em 1923,<br />
publicou a circular n o 177, de Paint Manufaturers Association of U. S. A.,<br />
intitulada Oiticica Oil, a possible adjunt to tung oil. O Dr. E. Teixeira da<br />
Fonseca enviou amostr<strong>as</strong> de sementes de oiticica ao Imperial Institute, de<br />
Londres, e recebeu um relatório do diretor William Furse dando o resultado<br />
de 3 análises. A Chemical abstracts, de 10.2.1930, transcreve um resumo<br />
dos trabalhos elaborados pelos químicos F. Wilborn e A. Lowa sobre analises<br />
de óleo de sementes de oiticica, e publicados na revista Farbein Zeitung,<br />
n o 35 de 1929. A Chemical abstracts, de 10.3.1930, divulgou um<br />
resumo do artigo de F. W. Freise relativo a análises, do mesmo óleo secativo,<br />
e vindo a lume na revista Seifensieder Zeitung, n o 56, de 1929.<br />
No Br<strong>as</strong>il o óleo de oiticica foi estudado por J. B. M. Carvalho. H. P. da<br />
Cunha Bahiana, Antenor Machado, Jayme Santa Rosa, Luiz Augusto de Oliveira<br />
e outros.<br />
Constantes físicos e químicos do óleo de oiticica, determinad<strong>as</strong> por químicos<br />
estrangeiros:<br />
Análises de Bolton e Revis:<br />
Densidade a 15, 5/15, 5°C ................................................ 0,96<br />
Ponto de fusão incipiente ................................................... 21,5°C<br />
Ponto de fusão completa .................................................... 65,09°C<br />
Índice de refração a 40°C além da escala, do<br />
butyrorefratometro de Zeiss ...............................................<br />
Índice de saponificação ...................................................... 188,6<br />
Índice de iodo ................................................................... 179,5<br />
Ácidos graxos livres (em ácido oleico) ............................... 5,7%<br />
Matéria insaponificável ....................................................... 0,9%<br />
Ponto de fusão incipiente dos ácidos gord .......................... 53,7°C<br />
Ponto de fusão completa dos ácidos gord .......................... 67,0°C<br />
Ponto de saturação dos ácidos gordurosos ......................... 42,8°C<br />
236
Análise de Grimme:<br />
Densidade a 15,5°C .......................................................... 0,9518<br />
Índice de refração a 30°C .................................................. 1,4945<br />
Ponto de fusão incipiente ................................................... 15,9°C<br />
Ponto de fusão completa .................................................... 57°C<br />
Índice de saponificação ...................................................... 195,3<br />
Índice de Iodo ................................................................... 83,65<br />
Matéria insaponficável ....................................................... 6,14%<br />
Índice de ácidos ................................................................ 10,5<br />
Ponto de fusão incipiente dos ácidos gordurosos ................ 63°C<br />
Ponto de fusão completa dos ácidos gordurosos. ............... 68°C<br />
Análises de H. Gardner:<br />
Índice de refração .............................................................. 1,49<br />
Número ácido ................................................................... 45,3<br />
Índice de saponificação ...................................................... 203,2<br />
Índice de Iodo (Wijs) ......................................................... 123<br />
Análises feit<strong>as</strong> no Imperial Institute, de Londres:<br />
Densidade de 15,5/15,5° C ............................................... 0,9675<br />
Índice de refração a 40° C ................................................. 1,5069<br />
Índice de acidez ................................................................. 1,8<br />
Índice de saponificação ...................................................... 189,5<br />
Índice de Iodo (Wijs) ......................................................... 140,5<br />
Matéria insaponificável ....................................................... 0,5%<br />
Ponto de solidificação dos ácidos gordurosos ..................... 47,4 o C<br />
Análises de F. Wilborn e A. Lowa:<br />
Índice de refração a 21°C .................................................. 1,5094<br />
Índice de saponificação ...................................................... 186,3<br />
Índice do Iodo (Hanus) ...................................................... 178<br />
Índice do Iodo (Wijs) ........................................................ 152,5<br />
Índice de acidez ................................................................. 3,0<br />
Análise de F. W. Freise<br />
Densidade a 15°C ............................................................. 0,966<br />
Ponto de fusão .................................................................. 21 a 65°C<br />
237
Índice de saponificação ...................................................... 189<br />
Índice de Iodo ................................................................... 180<br />
Índice de acidez ................................................................. 5,7<br />
Análises de H. P. da Cunha Bahiana (amostr<strong>as</strong> da fábrica Myriam):<br />
Cor-amarelo (Lovibond-36°C) .......................................... 40,5<br />
Cor-vermelho (Lovibond-36°C) ........................................ 3,6<br />
Densidade corrigida a 15, 5/15, 5°C .................................. 0,9718<br />
Índice de refração (Abbe-Zeiss-40°C) ............................... 1,5154<br />
Ponto de fusão incipiente ................................................... 19°C<br />
Ponto de fusão completa .................................................... 62°C<br />
Índice de saponificação ...................................................... 190,2<br />
Índice de acidez ................................................................. 4,1<br />
Índice de éter (determinado indiretamente) ......................... 186,1<br />
Índice de iodo (Hugl) ......................................................... 149,7<br />
Insaponificável ................................................................... 0,78%<br />
O químico H. P. da Cunha Bahiana, em sua publicação citada, resume <strong>as</strong><br />
vantagens do óleo de oiticica para tint<strong>as</strong>, sobre o de linhaça, apresentando <strong>as</strong><br />
seguintes razões: 1) serem <strong>as</strong> tint<strong>as</strong> mais adesiv<strong>as</strong>; 2) mais resistentes à erosão;<br />
3) mais resistentes às lavagens; 4) manterem a cor branca por mais<br />
tempo; 5) possuirem maior homogeneidade para a aplicação sem brilho; 6)<br />
corpo mais compacto; 7) mais resistência ao sol e ao ar marinho.<br />
Cultura da oiticica - Os estudos sobre a oiticica, como planta de valor<br />
econômico, foram iniciados no Instituto J. A. Trindade, em 1937, por uma<br />
equipe composta do Dr. Phillipp Von Luetzelburg, parte botânica, pelos agrônomos<br />
J. G. Duque e Paulo de Brito Guerra, reprodução e cultura (37, 38, 39) ,<br />
agrônomo Manoel Alves de Oliveira, prag<strong>as</strong> e doenç<strong>as</strong> (40) e químico Luiz<br />
Augusto de Oliveira, estudo do óleo.<br />
Sendo a produção da oiticica, de pé “franco”, muito tardia e irregular, é<br />
preferível, na cultura racional, obter <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> por enxertia.<br />
A formação d<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> para a enxertia começa com a preparação da<br />
sementeira, ao sol, semeadura d<strong>as</strong> sementes madur<strong>as</strong>, nov<strong>as</strong> ou recém-co-<br />
238
lhid<strong>as</strong>, nos meses de fevereiro ou março. A germinação é desigual, inicia-se<br />
após 22 di<strong>as</strong> do plantio d<strong>as</strong> sementes. E a freqüência máxima do aparecimento<br />
d<strong>as</strong> mudinh<strong>as</strong> dá-se do 30 o ao 50 o dia. O crescimento varia de 2 a 4<br />
mm por dia. Cerca de 60 di<strong>as</strong> depois da germinação, <strong>as</strong> mudinh<strong>as</strong>, com 10 a<br />
16cms de altura, são transplantad<strong>as</strong> para o viveiro, com o intervalo de lm x 0,<br />
50m. Essa operação é feita com du<strong>as</strong> colheres própri<strong>as</strong>, extraindo-se o bloco<br />
de terra, sem afetar muito a raiz pivotante, que é grande.<br />
O solo do viveiro deverá ser bem preparado, adubado com esterco,<br />
curtido (para a muda “dar a c<strong>as</strong>ca” na enxertia) e disposto para irrigação. A<br />
“pega” no transplantio regula 83% e <strong>as</strong> falh<strong>as</strong> deverão ser replantad<strong>as</strong>. As<br />
reg<strong>as</strong> são feit<strong>as</strong> um dia antes do transplantio, semanalmente após essa operação<br />
e com o intervalo de 10 a 15 di<strong>as</strong> até 6 a 8 meses da duração do viveiro,<br />
aplicam-se 300 a 400m 3 d’água em cada hectare a cada rega. Um homem<br />
com pequeno sulcador e um burro faz os sulcos, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> de 1 hectare,<br />
em 6 hor<strong>as</strong>, e, em seguida, 3 homens distribuem a água, na vazão de 10 litros<br />
por segundo, nos sulcos, no período de 10 hor<strong>as</strong>, para 1ha.<br />
Um dia ou dois, após cada molhadura, deverão ser feitos; um cultivo ou<br />
escarificação, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, e uma capina no pé d<strong>as</strong> mud<strong>as</strong>. Estimulad<strong>as</strong><br />
pela umidade, pela adubação e pelo tratamento do solo, <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> crescerão<br />
coma c<strong>as</strong>ca elástica para a enxertia de borbulha, que é feita quando <strong>as</strong> mud<strong>as</strong><br />
têm de 5 a 6 meses de viveiro ou a altura média de 80cm.<br />
Antes da enxertia, arrancam-se <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> frac<strong>as</strong>. As borbulh<strong>as</strong> são tirad<strong>as</strong><br />
de galhinhos com 3 a 6mm de diâmetro, de árvores-mães produtiv<strong>as</strong> e<br />
precoces e enxertad<strong>as</strong> n<strong>as</strong> mud<strong>as</strong>, no mesmo dia. Faz-se a enxertia do mesmo<br />
modo como para a laranjeira, isto é, procede-se a toilete, inserção da<br />
borbulha em T. mantendo-se a aderência d<strong>as</strong> borbulh<strong>as</strong> nos “cavalos” com<br />
m<strong>as</strong>tique de pano encerado. Mais ou menos 10 a 20 di<strong>as</strong> depois dessa operação,<br />
ou quando a borbulha brotar, pratica-se a decepagem do “cavalo”,<br />
acima do ponto de inserção.<br />
Continuam os cuidados com <strong>as</strong> reg<strong>as</strong>, os cultivos e <strong>as</strong> “desbrot<strong>as</strong>” dos<br />
“cavalos” até, aproximadamente, 280 di<strong>as</strong>, época em que os enxertos ja<br />
alcançaram mais de 1 metro de altura, quando se procede a poda desfolha-<br />
239
mento e escavação, para tirar os blocos grandes com <strong>as</strong> raízes e transportar<br />
<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> para o plantio definitivo, no pomar.<br />
A reprodução <strong>as</strong>sexuada da oiticica pode, também, ser feita pelo processo<br />
da “encostia”, que é o mais adotado, atualmente, no Instituto J. A.<br />
Trindade. Para <strong>as</strong>se fim, terminada a f<strong>as</strong>e da sementeira, deixa-se que <strong>as</strong><br />
mud<strong>as</strong> cresçam em lat<strong>as</strong> de querosene, chei<strong>as</strong> com solo do boa qualidade ou<br />
em v<strong>as</strong>os de barro de 15 litros de capacidade. E aí <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> permanecem,<br />
bem cuidad<strong>as</strong>, até atingirem 40 a 50cm de altura e diâmetro de 5mm, no<br />
caule, quando são levad<strong>as</strong> para giraus de tábu<strong>as</strong>, em tôrno d<strong>as</strong> árvoresmães,<br />
escolhid<strong>as</strong>. Pratica-se um corte leve no caule, descobrindo a zona<br />
cambial, em ponto escolhido e com igual corte no galhinho preferido da árvore-mãe;<br />
unem-se os dois galhos, justapondo-se os dois cortes e amarr<strong>as</strong>e<br />
o ponto de união com m<strong>as</strong>tique de pano encerado e barbante. Providencia-se<br />
de modo a não haver balanço dos galhos com o vento e cuida-se de<br />
molhar semanalmente <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> nos v<strong>as</strong>os. O “desmame” é feito um a dois<br />
meses depois da justaposição do “cavalo” com o “cavaleiro”. É conveniente<br />
não “desmamar” o enxerto de uma vez, m<strong>as</strong> aos poucos; vai-se cortando um<br />
pouco, cada semana, a h<strong>as</strong>te do “cavalo”, acima da união, e o galho do<br />
“cavaleiro”, abaixo da inserção. Quando se verificar que a ligação dos tecidos<br />
está completa, dá-se o corte final, e o v<strong>as</strong>o com o enxerto poderá ir ao<br />
pomar para o plantio definitivo.<br />
Preparo do solo - Na preparação da terra para o oiticical procede-se do<br />
mesmo modo como para os pomares. Se há tocos, é preciso arrancá-los; ar<strong>as</strong>e,<br />
gradeia-se e providenciam-se a marcação d<strong>as</strong> cov<strong>as</strong> e respectiva abertura.<br />
O alinhamento d<strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> pode ser conseguido com barbante grosso; o espaçamento<br />
pode ficar entre 14m a 20m, ou sejam, 50 a 25 cov<strong>as</strong> por hectare.<br />
Os buracos de 1 x 1 x 1m são cheios com terra preta misturada com<br />
estrume de curral ou composto e 2 quilos de pó de osso. O pomar será cercado,<br />
e terá cultur<strong>as</strong> intercalares, nos 3 primeiros anos. Os plantios são feitos no<br />
inverno e, se houver seca, é indispensável irrigar <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> no primeiro ano.<br />
A plantação no pomar deve ser feita em cov<strong>as</strong> de 1m 3 , chei<strong>as</strong> de solo<br />
adubado com esterco curtido ou composto. O bloco da muda trazida do<br />
240
viveiro ou retirada do v<strong>as</strong>o é colocado no centro da cova, com o coleto da<br />
planta um pouco abaixo do nível do solo, molha-se bem cada muda. A distância<br />
d<strong>as</strong> cov<strong>as</strong> é regulada para 14 metros e fração, de cada lado, de modo<br />
a comportar 50 árvores por hectare. A poda de formação da copa será alta,<br />
preferivelmente a 1,50m acima do solo.<br />
A oiticica prefere os solos de aluvião, marginais dos riachos, de cor escura,<br />
férteis, de pH, 7,0 e mais ou menos planos. O quadro anexo dá <strong>as</strong> análises,<br />
feit<strong>as</strong> no Laboratório do Serviço Agroindustrial, dá amostr<strong>as</strong> de solos de<br />
aluvião, na bacia do rio Piranh<strong>as</strong>, na Paraíba (41) .<br />
Nos primeiros anos, é conveniente fazer plantio intercalar com a oiticica,<br />
para cobrir o solo e pagar <strong>as</strong> despes<strong>as</strong> de instalação. Assim, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de<br />
feijão, de milho, de mandioca poderão ser feit<strong>as</strong>, entre <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong>, deixando-se<br />
os restos culturais para adubar o terreno. No clima do <strong>Nordeste</strong>, a<br />
terra não deve ficar exposta à insolação e ao vento. Do quarto ano em diante,<br />
será abolida a outra plantação e adotada a adubação verde, com leguminos<strong>as</strong><br />
nativ<strong>as</strong> e gradações períodic<strong>as</strong>.<br />
A irrigação será aplicada somente no primeiro ano, se <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> forem<br />
esc<strong>as</strong>s<strong>as</strong>. O primeiro pomar plantado no Instituto J.A. Trindade, em 1939,<br />
foi de 425 mud<strong>as</strong> enxertad<strong>as</strong> com borbulh<strong>as</strong> de árvores nativ<strong>as</strong> e o segundo<br />
com 200 mud<strong>as</strong> obtid<strong>as</strong> de borbulh<strong>as</strong> d<strong>as</strong> melhores árvores do pomar n o 1.<br />
Dois anos depois, o crescimento médio d<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> apresentava o seguinte<br />
resultado (42) :<br />
Enxertos Pés francos da mesma idade<br />
Altura .......................... 2,850 m ................................... 2,550 m<br />
Diam. do tronco .......... 0,082 m ................................... 0, 063 m<br />
Diama da copa ............ 4,075 m ................................... 2,560 m<br />
Com 10 anos de idade, <strong>as</strong> oiticic<strong>as</strong> enxertad<strong>as</strong> tinham a altura média de<br />
10m e 30m de circunferência de copa. Algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> enxertad<strong>as</strong> já deram<br />
100 quilos de sementes, por pé, anualmente. A qualidade do óleo secativo<br />
não é afetada pela enxertia.<br />
241
A torta da semente da oiticica, depois de extraído o óleo com solvente,<br />
apresentou a seguinte composição química conforme <strong>as</strong> análises do químico<br />
Luiz Augusto de Oliveira (43) :<br />
Média Média<br />
Umidade ....................... 10,75% Extrato não azotado . 29,41%<br />
Matéria Seca ................. 89,250% Matéri<strong>as</strong> minerais ..... 4,41%<br />
Proteína ......................... 6, 64% CaO ........................ 0,60%<br />
Extrato etéreo ................ 21,29% P 2 O 5 .......................................... 0,381%<br />
Fibr<strong>as</strong> ............................ 27,50% K 2 O ........................ 1,24%<br />
Azoto ...................... 1,06%<br />
Como se vê, a oiticica retirado solo preferentemente potássio, azoto,<br />
cálcio e fósforo. Desse modo, cada colheita de 5.000kg de sementes por ha,<br />
retira do solo 62kg de K 2 O, 53kg de N, 30kg de CaO e 10kg de P 2 O 5 .<br />
Embora o fósforo não seja o elemento absorvido em maior quantidade, é ele,<br />
entretanto, o que mais influencia a elaboração dos óleos no processo fotosintético.<br />
Para recomendar-se uma adubação química é necessário o conhecimento<br />
antecipado d<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> minerais do solo. Nunca foi feita uma adubação<br />
química na cultura da oiticica. A julgar pela adubação do coqueiro, outra<br />
oleaginosa, em terreno de aluvião, não tem sido necessário suprir o potássio<br />
nem o cálcio; <strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> são de azoto e de fósforo, em forma de sulfato de<br />
amônio e de superfosfato ácido, na quantidade de meio a um quilo por pé,<br />
cada 2 a 3 anos. Na falta de experiência, esses dados poderão servir de<br />
orientação na abubação de oiticica.<br />
Floração - A licânia rígida emite brotação nova nos meses de maio a<br />
junho; deste último mês até outubro, ela solta <strong>as</strong> flares, em rácimos, n<strong>as</strong> pont<strong>as</strong><br />
dos brotos. As florad<strong>as</strong> são contínu<strong>as</strong> durante qu<strong>as</strong>e 100 di<strong>as</strong>, desde a<br />
primeira até a derradeira flor. Os primeiros frutos já têm 3cm, quando fecunda<br />
a última flor. A abertura d<strong>as</strong> flores coincide com a época mais saca do<br />
ano. Pequenin<strong>as</strong>, hermafrodit<strong>as</strong>, amarel<strong>as</strong> internamente, de 2 a 3mm de diâ-<br />
242
metro, agrupam-se às centen<strong>as</strong> na inflorescência e são muito visitad<strong>as</strong> pelos<br />
insetos. Em geral, uma flor fica aberta 4 di<strong>as</strong> e o estigma torna-se mais úmido<br />
de madrugada.<br />
Uma vez fecundad<strong>as</strong> <strong>as</strong> flores, os frutinhos começam a crescer rapidamente,<br />
formando primeiramente a c<strong>as</strong>ca, oca por dentro, até 3 a 4cm, quando<br />
então, a amêndoa se vai desenvolvendo, enchendo o espaço interior da c<strong>as</strong>ca.<br />
Colheita - De novembro até janeiro-fevereiro, os frutos se completam,<br />
amadurecem e caem. A colheita consiste na catagem d<strong>as</strong> sementes, no chão,<br />
e como nesta oc<strong>as</strong>ião, podem ocorrer chuv<strong>as</strong>, é preciso cuidar da secagem e<br />
no armazenamento da safra, a fim de evitar a fermentação d<strong>as</strong> sementes. O<br />
expurgo dos frutos, com inseticid<strong>as</strong>, no depósito, é indispensável para eliminar<br />
<strong>as</strong> broc<strong>as</strong>. A semente bem madura, limpa, sem fermentação e bem guardada<br />
dará boa cl<strong>as</strong>sificação e óleo de melhor qualidade. Frutos bons se formam<br />
n<strong>as</strong> árvores bem cuidad<strong>as</strong>, tratad<strong>as</strong> com inseticid<strong>as</strong> na f<strong>as</strong>e da frutificação,<br />
pois os estragos provocam óleos oxidados e rançosos.<br />
Produção - As oiticic<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong> não produzem todos os anos. As carg<strong>as</strong><br />
grandes aparecem uma vez em longos anos. No mesmo bosque, algum<strong>as</strong><br />
frutificam, outr<strong>as</strong> não. É verdade que alguns sertanejos já pesaram, de uma<br />
ou outra árvore, centen<strong>as</strong> de quilos de sementes, em um ano. São exceções.<br />
Acreditamos que a produção média anual, de uma nativa, no curso de 10<br />
anos, entre árvores de um só estado, não atinge 30kg de sementes.<br />
Nos pomares enxertados, a produção é anual, com variações menores,<br />
desde que <strong>as</strong> prag<strong>as</strong> sejam debelad<strong>as</strong>. Já pesamos, nos pomares de enxerto,<br />
árvores de 10 anos, com carg<strong>as</strong> unitári<strong>as</strong> de 75kg de frutos, por ano. É<br />
possível contar, nesses arvoredos, com produções médi<strong>as</strong>, unitári<strong>as</strong>, de 100<br />
a 200kg, com o combate aos insetos.<br />
Prag<strong>as</strong> e inimigos - Os frutos da oiticica são atacados pel<strong>as</strong> larv<strong>as</strong> de um<br />
coleóptero (Conotrachelus sp) e <strong>as</strong> larv<strong>as</strong> de dois Leptidopteros (Pionea<br />
sp) e Piralilfde<strong>as</strong>. Os ovos são postos na superfície dos frutos, n<strong>as</strong> árvores<br />
ou no chão e, com a eclosão, <strong>as</strong> larvinh<strong>as</strong> penetram n<strong>as</strong> sementes em crescimento<br />
ou madur<strong>as</strong> e destroem <strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong>. Depois da colheita, continua a<br />
243
destruição dos frutos. Se não houver expurgo, outr<strong>as</strong> gerações de insetos<br />
serão criad<strong>as</strong>.<br />
As folh<strong>as</strong> e os galhos são depredados pel<strong>as</strong> formig<strong>as</strong> e pel<strong>as</strong> lagart<strong>as</strong><br />
de borbolet<strong>as</strong> (Heterocera).<br />
Os frutos novos, os brotos tenros e <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> são sugad<strong>as</strong> pelos<br />
Trips (Thysanoptera), pelos membracídeos coccideos.<br />
244<br />
Os cupins corroem os troncos e os caules.<br />
As doenç<strong>as</strong> são Cephaleuros (alga d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>) e Capnodium (fungo<br />
d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>).<br />
O combate às prag<strong>as</strong> é feito mediante pulverizações ou polvilhamentos<br />
d<strong>as</strong> árvores com endrin, aldrin, fenatox, rodiatox ou BHC, usando-se<br />
máquina motorizada para atingir tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> partes da planta. Na época da<br />
floração e do crescimento dos frutos, é necessário dar uma pulverização<br />
por mês ou cada 2 meses, conforme a intensidade do ataque. No armazém<br />
d<strong>as</strong> sementes e imprescindível uma aplicação, pelo menos.<br />
Mercado - O óleo de oiticica, produzido no <strong>Nordeste</strong> tem sido empregado<br />
para tint<strong>as</strong> n<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong> e exportado para a América<br />
do Norte. Se a China diminuir a exportação de tung-oil para o Ocidente,<br />
como prevemos, haverá maior procura dos secativos originados da<br />
oiticica e da linhaça. Abrir-se-á, <strong>as</strong>sim, uma perspectiva de alargamento<br />
do mercado. Entretanto, urge lembrar que uma indústria b<strong>as</strong>eada em<br />
matéria-prima extrativa não oferece garantia para o ritmo expansionista<br />
do comércio internacional. É o c<strong>as</strong>o de os responsáveis pela agricultura,<br />
nordestina, ao combinarem um plano conjunto de ação, promoverem a<br />
produção de mud<strong>as</strong> enxertad<strong>as</strong> e cooperarem com os fazendeiros n<strong>as</strong><br />
plantações racionais e no ensino do combate às prag<strong>as</strong>, e de como obter<br />
e conservar <strong>as</strong> bo<strong>as</strong> sementes e estudar os mercados.<br />
O triângulo fomento x experimentação x extensão agrícola deve ser<br />
posto a funcionar.
Tabela 59 - Produção e valor de sementes de oiticica, no <strong>Nordeste</strong><br />
Anos Quilos Valor-Cr$<br />
1936 22.067.906 8.262.150,00<br />
1937 6.496.000 2.602.000,00<br />
1938 47.597.000 20.414.000,00<br />
1939 10.993.000 10.088.000,00<br />
1940 2.9.785.000 38.882.000,00<br />
1941 40.581.000 49.1 - 97.000,00<br />
1942 12.833.000 19.717.000,00<br />
1943 6.448.000 7.160.000,00<br />
1944 20.024.000 21.046.000,00<br />
1945 35.848.000 32.746.000,00<br />
1946 32.349.000 39.498.000,00<br />
1947 23.664.000 25.720.000,00<br />
1948 29.310.000 28.241.000,00<br />
1949 32.646.000 32.1195.000,00<br />
1950 33.529.000 36.727.000,00<br />
1951 30.553.000 53.274.000,00<br />
1952 29.535.000 44.883.000,00<br />
1953 23.409.000 31.495.000,00<br />
1954 25.956.000 35.411.000,00<br />
1955 24.097.000 33.975.000,00<br />
1956 26.089.000 50.903.000,00<br />
Fonte: Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1951 - Pág. 70<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1952-54<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1955 - Pág. 82<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1956 - Pág. 92<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1957 - Pág. 67<br />
“Oiticica” - Engenheiro agrônomo Cunha Bayma - M.A.<br />
Pág. 139.<br />
245
Tabela 60 - Produção (x) e exportação de óleo de oiticica pelo Br<strong>as</strong>il (1)<br />
Anos<br />
1934<br />
1935<br />
1936<br />
1937<br />
1938<br />
1939<br />
1940<br />
1941<br />
1942<br />
1943<br />
1944<br />
1945<br />
1946<br />
1947<br />
1948<br />
1949<br />
1950<br />
1951<br />
1952<br />
1953<br />
1954<br />
1955<br />
1956<br />
246<br />
Produção de Exportação de<br />
óleo - quilos óleo - quilos<br />
-<br />
-<br />
-<br />
2.067.000<br />
16.191.000<br />
3.165.000<br />
7.820.000<br />
18.191.000<br />
495.000<br />
1.322.000<br />
8.220.000<br />
11.260.000<br />
15.805.000<br />
5.452.000<br />
17.955.000<br />
7.006.000<br />
12.777.000<br />
11.852.000<br />
4.398.000<br />
8.611.000<br />
5.819.000<br />
11.435.000<br />
12.494.000<br />
87.539<br />
1.655.475<br />
3.393.825<br />
1.520.839<br />
3.716.721<br />
9.283.661<br />
7.820.368<br />
18.191.000<br />
320.075<br />
1.136.257<br />
6.394.000<br />
11.758.000<br />
14.515.000<br />
5.386.000<br />
12.126.000<br />
6.388.000<br />
9.872.000<br />
9.921.658<br />
5.428.134<br />
5.039.000<br />
5.186.000<br />
8.993.000<br />
9.316.000<br />
Fontes: Br<strong>as</strong>il - 1939-40 - Pág. 262-263 (anos de 1934 a 1939)<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1956 Pág 247 e 163<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1951 - Pág. 260 e 144<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1955 - Pág. 163<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1949<br />
Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1957 - Pág. 239<br />
“Oiticica” - Engenheiro agrônomo Cunha Bayma Pág. 113.<br />
Valor - Cr$<br />
-<br />
3.377.763,00<br />
8.242.637,00<br />
6.616.513,00<br />
8.973.164,00<br />
34.295.742,00<br />
37.812.546,00<br />
86.689.245,00<br />
2.463.779,00<br />
10.043.589,00<br />
40.571.000,00<br />
87.834.000,00<br />
122.179.000,00<br />
54.419.000,00<br />
87.124.000,00<br />
42.555.000,00<br />
67.736.000,00<br />
104.344.093,00<br />
48.778.938,00<br />
40.872.000,00<br />
45.575.000,00<br />
109.863.000,00<br />
135.563.000,00
247<br />
Milhares de<br />
tonelad<strong>as</strong><br />
48<br />
44<br />
40<br />
36<br />
32<br />
28<br />
24<br />
20<br />
16<br />
12<br />
8<br />
4<br />
0<br />
1936<br />
Tendência<br />
37 39 41 43 45 47 49 51 53 55<br />
- A N O S -<br />
Gráfico 20 - Produção de sementes de oiticica no <strong>Nordeste</strong><br />
Fonte: Etene/BNB<br />
Média móvel<br />
Tendência de aumento da produção: 0,6%/ano<br />
1936
248<br />
Estados<br />
Tabela 61 - Produção de sementes de oiticica, em tonelad<strong>as</strong><br />
1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955<br />
Piauí 2.287 2.466 422 554 141 196 361 354 870 914 1.029<br />
Ceará 20.546 16.929 11.222 11.420 15.836 16.728 17.400 14.547 123.734 14.420 12.100<br />
R. G. do Norte 4.259 3.261 3.000 3.895 3.092 4.331 4.473 3.394 2.842 3.371 3.194<br />
Paraíba 6.760 9.406 9.000 13.441 13.577 121.274 8.319 11.240 6.963 7.251 7.766<br />
Piauí 647 478 24 344 - 175 - - 213 - -<br />
Ceará 8.423 12.164 5.110 14.509 5.476 8.927 8.780 1.503 5.605 2.674 -<br />
R. G. do Norte 144 291 117 351 676 1.207 1.004 639 751 950 -<br />
Paraíba 2.155 2.968 201 2.750 944 2.468 2.069 2.208 2.042 2.195 -<br />
Piauí S 1.372 1.516 549 368 91 205 529 225 464 904 810<br />
O 4.531 2.928 146 2.065 - 1.225 - - 1.384 - 262<br />
Ceará S 20.394 22.998 13.171 11.376 15.445 18.768 29.532 20.941 18.248 20505 19.593<br />
O 41.530 70.326 40.689 87.102 25.463 46.185 60.809 11.838 39.028 17.331 46.724<br />
R. G. do Norte S 3.583 2.982 2.000 3.452 2.613 4.512 6.574 5.184 3.590 4.364 4.459<br />
O 701 1.548 1.276 1.757 2.909 4.234 8.005 5.777 6.256 7.279 12.886<br />
Paraíba S 7.397 12.002 10.000 12.955 14.046 13.242 16.639 18.533 9.193 9.628 9.113<br />
O 8.955 18.567 1.005 13.210 4.674 13.706 17.159 16.684 15.684 17.683 35.382<br />
Fonte: Anuários Estatísticos do Br<strong>as</strong>il - 1945 - 1956.<br />
Survey of the Vegetable oil industry in the Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - ETA - K. S. Markley.<br />
Anos<br />
Produção de óleo de oiticica, em tonelad<strong>as</strong>:<br />
Valor d<strong>as</strong> sementes e do óleo de oiticica, em Cr$ 1.000:<br />
S = sementes - O - Óleo
249<br />
SONDA-<br />
GEM<br />
Permea-<br />
bilidade<br />
K<br />
1000<br />
cp<br />
Tabela 62 - Análise de solo de aluvião fluvial, com oiticica nativa, no vale do rio Piranh<strong>as</strong> Souza, Paraíba<br />
Bacia de irrigação do açude São Gonçalo<br />
579 A1<br />
579 A2<br />
579 A3<br />
303 A1<br />
303 A2<br />
272 A1<br />
272 A2<br />
272 A3<br />
1.98<br />
7.45<br />
10.49<br />
2.45<br />
0.45<br />
4.88<br />
6.17<br />
16.31<br />
Umidade Umi-<br />
Água<br />
dade<br />
Água<br />
Seca ao<br />
Natural Na-<br />
Seca Ar tural<br />
do Ar<br />
S.<br />
Cms<br />
85.1<br />
76.8<br />
89.2<br />
52.1<br />
50.0<br />
70.0<br />
81.6<br />
79.6<br />
3,0<br />
2,1<br />
1,9<br />
3,1<br />
3,7<br />
5,4 3,4<br />
2,6<br />
4,5<br />
DETERMINAÇÕES FÍSICAS<br />
Ascensão Capilar<br />
Altura Peso<br />
Mobi-<br />
lidade<br />
S<br />
Q<br />
2,7<br />
5,1<br />
13,7<br />
17,2<br />
18,0<br />
13,3<br />
13,8<br />
14,1<br />
6350.7<br />
5096.1<br />
11584.4<br />
2357.4<br />
2192.9<br />
4761.9<br />
7351.3<br />
22111.1<br />
S.<br />
Gr.<br />
de<br />
H2O<br />
117.8<br />
73.4<br />
76.5<br />
46.6<br />
?<br />
57.2<br />
67.7<br />
64.0<br />
Ar<br />
Natural Natural<br />
38,3<br />
38,6<br />
29,6<br />
23,3<br />
24,4<br />
28,8<br />
30,0<br />
30,4<br />
Potencial<br />
de<br />
Capilaridade<br />
COP<br />
em<br />
cms<br />
d’água<br />
503.9<br />
134.3<br />
95.3<br />
407.0<br />
2182.5<br />
204.8<br />
162.1<br />
61.3<br />
Porosi-<br />
dade<br />
Natural<br />
Diâme-<br />
tro dos<br />
capilares<br />
m/m<br />
0.0060<br />
0.0223<br />
0.0315<br />
0.0074<br />
0.0049<br />
0.0146<br />
0.0185<br />
0.0489<br />
Volu-<br />
me Míni-<br />
mo Poros<br />
POR CENTO DO VOLUME<br />
41,0<br />
43,7<br />
43,2<br />
40,5<br />
42,4<br />
42,1<br />
42,1<br />
43,8<br />
32,8<br />
30,2<br />
33,4<br />
29,4<br />
38,8<br />
33,1<br />
40,1<br />
41,5<br />
Tipo de<br />
solo<br />
Aluv. Fluv.<br />
Aluv. Fluv.<br />
Aluv. Fluv.<br />
Aluv. Fluv.<br />
Aluv. Fluv.<br />
Aluv. Fluv.<br />
Aluv. Fluv.<br />
Aluv. Fluv<br />
Mate-<br />
ria Só-<br />
lida<br />
59,0<br />
56,3<br />
56,3 56,8<br />
59,5<br />
57,6<br />
57,9<br />
56,2<br />
55,5<br />
SONDA-<br />
GEM<br />
579 A1<br />
579 A2<br />
579 A3<br />
303 A1<br />
303 A2<br />
272 A1<br />
272 A2<br />
273 A3<br />
Mate-<br />
ria<br />
Sólida<br />
Teor<br />
Máximo<br />
67,1<br />
69,8<br />
66,6<br />
70,6<br />
61,2<br />
66,9<br />
59,9<br />
58,5<br />
DETERMINAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DETERMINAÇÕES QUÍMICAS<br />
PH<br />
7.1<br />
7.1<br />
7.3<br />
6.6<br />
6.7<br />
7.1<br />
7.2<br />
6.8<br />
PorosidadeRelativa<br />
RESISTÊNCIA<br />
Ohms.<br />
30 o C<br />
1941<br />
1183<br />
2085<br />
1190<br />
1600<br />
1380<br />
1800<br />
2040<br />
1.25<br />
1.45<br />
1.29<br />
1.38<br />
1.09<br />
1.27<br />
1.09<br />
1.07<br />
ELÉTRICA<br />
DETERMINAÇÕES FÍSICAS<br />
Salini-<br />
dade %<br />
Traço<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
DensidadeAparente<br />
1.458<br />
1.414<br />
1.466<br />
1.422<br />
1.422<br />
1.466<br />
1.466<br />
1.466<br />
T BASES TROCÁVEIS<br />
ME/100<br />
Gr. solo<br />
15.06<br />
10.28<br />
?<br />
12.70<br />
9.70<br />
10.65<br />
9.41<br />
5.93<br />
Densi-<br />
Dade<br />
Real<br />
2.47<br />
2.51<br />
2.58<br />
2.39<br />
2.47<br />
2.53<br />
2.61<br />
2.64<br />
V<br />
Sx100<br />
T<br />
94.16<br />
91.54<br />
?<br />
81.88<br />
79.44<br />
80.94<br />
90.33<br />
98.31<br />
Higros-<br />
Copici-<br />
dade<br />
6.1<br />
4.3<br />
3.7<br />
5.7<br />
10.5<br />
4.6<br />
4.4<br />
3.3<br />
Ca Na Mg K Mn S<br />
9.21<br />
8.54<br />
8.44<br />
9.41<br />
7.10<br />
6.92<br />
6.87<br />
4.03<br />
0.40<br />
0.41<br />
0.62<br />
0.35<br />
0.66<br />
0.27<br />
031<br />
0.29<br />
Dispersão Total<br />
Pedra<br />
%<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
Mate-<br />
ria<br />
Orgâ-<br />
nica<br />
Car-<br />
bono <br />
Orgâ-<br />
nico <br />
Azo-<br />
to <br />
To-<br />
tal <br />
Fós-<br />
foro <br />
<strong>as</strong>si-<br />
milá<br />
Me. Por 100 gr. De solo Miligram<strong>as</strong> por 100 grs de solo<br />
0.10<br />
0.11<br />
0.85<br />
2.19<br />
1.97<br />
1.69<br />
1.15<br />
0.41<br />
Areia<br />
%<br />
0.16<br />
0.20<br />
0.10<br />
0.15<br />
0.12<br />
0.08<br />
0.08<br />
0.08<br />
2.7<br />
8.3<br />
15.7<br />
5.0<br />
2.8<br />
17.6<br />
17.8<br />
19.9<br />
0.35<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
0.44<br />
0.27<br />
0.29<br />
0.26<br />
0.14<br />
ANÁLISE MECÂNICA<br />
Limo<br />
%<br />
74.4<br />
75.1<br />
71.0<br />
75.5<br />
79.1<br />
66.7<br />
66.3<br />
70.7<br />
14.18<br />
9.41<br />
11.24<br />
14.00<br />
13.00<br />
8.62<br />
8.50<br />
5.83<br />
Argila<br />
%<br />
1921<br />
1365<br />
867<br />
930<br />
1.605<br />
235<br />
405<br />
1.319<br />
765<br />
22.9<br />
16.6<br />
13.3<br />
19.6 19.5<br />
18.1<br />
15.7<br />
15.9<br />
9.4<br />
380 655<br />
215 371<br />
1130<br />
803<br />
510<br />
930<br />
235<br />
765<br />
380<br />
215<br />
84<br />
62<br />
54<br />
92<br />
?<br />
32 82<br />
32<br />
23<br />
48.9<br />
vel<br />
27<br />
37<br />
40<br />
?<br />
?<br />
17<br />
26<br />
28<br />
NaC1<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
Nihil<br />
1<br />
1<br />
Traço<br />
Traço<br />
Traço<br />
Tipos de solo<br />
Aluv. Fluvial<br />
Aluv. Fluvial<br />
Aluv. Fluvial<br />
Aluv. Fluvial<br />
Aluv. Fluvial<br />
Aluv. Fluvial<br />
Aluv. Fluvial<br />
Aluv. Fluvial
250<br />
Foto 23 - Pomar de oiticica enxertada com 12 anos.<br />
Foto 24 - Pulverização de pomar de oiticica enxertada, com inseticida, para<br />
combater a broca dos frutos, no período da floração: julho, agosto.
251<br />
Foto 25 - Árvore de oiticica nativa, em terreno de baixio, no litoral do Ceará, Pacajus.
252<br />
5.4 - O Cajueiro<br />
Primeiramente conhecido na América do Sul, o cajueiro foi, depois, introduzido<br />
pelos portugueses, na África e na Índia. A família dos Anacardiace<strong>as</strong>,<br />
abrangendo cerca de 60 gêneros e mais de 400 espécies, inclui o cajueiro, a<br />
mangueira, o umbuzeiro, o cajá e outr<strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong> valios<strong>as</strong>.<br />
Cl<strong>as</strong>sificado como Anacardium occidentale, o cajueiro tem o seu habitat<br />
nativo no litoral br<strong>as</strong>ileiro, do Pará até Salvador. Prefere o ar marinho, iodado,<br />
brisa úmida, insolação e temperatura entre 16 a 36°C. Não tem exigência de<br />
solo fértil, como atestam os cajueiros nativos n<strong>as</strong> arei<strong>as</strong> pobres, no meio da<br />
caatinga litorânea. Gosta d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> leves na floração e frutificação, desde<br />
setembro até novembro.<br />
É uma árvore sempre verde, que pode atingir até 12 metros de altura, polígama,<br />
com flôres estaminad<strong>as</strong> (unisexuada) e outr<strong>as</strong> bisexuais na mesma panícula.<br />
O fruto compõem-se do pedúnculo desenvolvido, carnoso e sucoso, e da<br />
semente ou c<strong>as</strong>tanha. O cajueiro é, atualmente, objeto de exploração importante<br />
na Índia, em Madag<strong>as</strong>car, no México e no Peru. No <strong>Nordeste</strong>, o aproveitamento<br />
dessa árvore valiosa ainda se limita aos arvoredos nativos. As plantações<br />
ainda são pequen<strong>as</strong>.<br />
A extensa faixa litorânea, própria para o cajueiro, a rusticidade deste permitindo<br />
grandes safr<strong>as</strong>, sem irrigação, a possibilidade de selecionar <strong>as</strong> melhores<br />
variedades, a proteção que essa árvore dá ao solo e os numerosos produtos<br />
dela extraídos recomendam essa Anacardeacea como uma fruteira de elevado<br />
valor econômico.<br />
O engenheiro-agrônomo Esmerino Parente (44) estima o número de cajueiros,<br />
no Ceará, em 3.700.000.<br />
Os produtos que podem ser obtidos do cajueiro são os seguintes: do tronco<br />
da árvore, resina, c<strong>as</strong>ca taninosa, e madeira; do fruto, bebid<strong>as</strong>, doces, óleo<br />
da amêndoa e óleo da c<strong>as</strong>ca. As resin<strong>as</strong> do cajueiro já são preparad<strong>as</strong> e cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong><br />
por uma fábrica de Alago<strong>as</strong>, para exportação.<br />
As c<strong>as</strong>c<strong>as</strong> são empregad<strong>as</strong> nos curtumes.
O engenheiro agrônomo Renato Braga (45) informa que 100g de suco de<br />
caju amarelo contém 210 miligram<strong>as</strong> de vitamina C em comparação com 45<br />
miligram<strong>as</strong> da mesma vitamina em 100g. do suco da laranja comum.<br />
Conhecemos du<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong>, no Ceará, que industrializam a polpa do caju<br />
para doces, que enlatam a c<strong>as</strong>tanha <strong>as</strong>sada e que extraem óleo isolante da c<strong>as</strong>ca<br />
da c<strong>as</strong>tanha. A c<strong>as</strong>ca da c<strong>as</strong>tanha contém 35% de óleo e a amêndoa 41%.<br />
Composição da c<strong>as</strong>tanha do caju (47)<br />
Gordur<strong>as</strong> .............................................................................. 47,13%<br />
Matéria azotada .................................................................... 9,7%<br />
Amido .................................................................................. 5,9%<br />
Há muit<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> de cajuína, bebida preparada com suco de caju destaninado<br />
e p<strong>as</strong>teurizado, sem alcool. O mocororó é bebida c<strong>as</strong>eira, tradicional<br />
do <strong>Nordeste</strong>.<br />
Além do doce em p<strong>as</strong>ta e em calda, a polpa do caju presta-se muito bem<br />
para fazer o caju seco, cristalizado ou não. Esse aproveitamento industrial da<br />
polpa encerra <strong>as</strong> vantagens da fácil preparação no clima saco e ensolarado,<br />
na barateza da embalagem em caix<strong>as</strong> de papelão ou de madeira (não exigindo<br />
lat<strong>as</strong>), na conservação por longo tempo e na diminuição do peso transportes<br />
distantes. Muitos remédios são extraídos do cajueiro. Entre ales, cumpre<br />
ressaltar os mencionados nos estudos do Prof. J. Juarez Furtado (46) .<br />
Os historiadores como Guilherme Piso, Renato Braga, Gustavo Barroso<br />
e outros, nos contam que os indígen<strong>as</strong> do Ceará aproveitavam <strong>as</strong> safr<strong>as</strong> de<br />
pequi, na Serra do Araripe e, depois, caminhando pelos leitos dos rios secos,<br />
vinham desfrutar a temporada dos cajus, no litoral, balanceando su<strong>as</strong> rações<br />
com <strong>as</strong> proteín<strong>as</strong> e minerais dos mariscos pescados n<strong>as</strong> lago<strong>as</strong> e n<strong>as</strong> prai<strong>as</strong>.<br />
Uma grande fonte de divis<strong>as</strong> pode ser conseguida com os plantios racionais<br />
dos cajueiros e a exploração ordenada dos seus produtos. Esta racionalização<br />
terá de começar com a seleção dos melhores tipos de frutos; os mais<br />
doces, menos fibrosos, mais coloridos, menos rançosos originados de pés<br />
253
mais produtivos. A investigação dos melhores tipos permitiria marcar <strong>as</strong><br />
árvores padrões de onde se tirariam <strong>as</strong> sementes e <strong>as</strong> borbulh<strong>as</strong> dos enxertos<br />
para os pomares de observação que mostrariam os indivíduos de valor<br />
econômico, <strong>as</strong> variações ou mutações, com vantagens comerciais, que seriam<br />
perpetuad<strong>as</strong> por meio da reprodução <strong>as</strong>sexuada.<br />
O tipo ou variedade de cajueiro desejado seria plantado em pomares<br />
devidamente planejados, com terreno preparado, talhões divididos por estrad<strong>as</strong>,<br />
cov<strong>as</strong> grandes e adubad<strong>as</strong>, com <strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> de 8 metros, com<br />
lavour<strong>as</strong> intercalares de mandioca ou feijão nos primeiros anos para cobrir<br />
<strong>as</strong> despes<strong>as</strong> da instalação dos pomares.<br />
As plantações seriam organizad<strong>as</strong>, tendo em vista o fornecimento d<strong>as</strong><br />
matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> às fábric<strong>as</strong> existentes ou a outr<strong>as</strong> que se estabelecerem.<br />
Pouca atenção tem sido dada à comercialização dos produtos agrícol<strong>as</strong>.<br />
Cultura - Sendo uma fruteira precoce, o cajueiro é, geralmente, reproduzido<br />
por sementes, apesar de que a enxertia e fácil.<br />
O terreno é preparado em talhões de 200m de largura, com faix<strong>as</strong><br />
protetor<strong>as</strong> de “quebra-vento” com 20 a 30m deixad<strong>as</strong> com vegetação nativa,<br />
alta, por oc<strong>as</strong>ião da roçada. Nos talhões, projetam-se estrad<strong>as</strong> de<br />
acesso para atender aos serviços e ao transporte d<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>. Cada talhão é<br />
destocado e gradeado: depois, por meio de b<strong>as</strong>tões fortes, faz-se o alinhamento<br />
e marcam-se <strong>as</strong> cov<strong>as</strong> distanciad<strong>as</strong> de 8m x8m,<br />
Abrem-se buracos grandes, não menores de 1m 3 , que são cheios com<br />
lixo curtido, trazido d<strong>as</strong> cidades mais próxim<strong>as</strong>. Esse adubo é barato porém<br />
se deve tomar o cuidado para não conter a tiririca e outr<strong>as</strong> erv<strong>as</strong> daninh<strong>as</strong>.<br />
Na sua falta, podem, tambem, servir o estrume de gado e o composto.<br />
Cada hectare comporta 154 mud<strong>as</strong>.<br />
As mud<strong>as</strong> são criad<strong>as</strong> com o plantio d<strong>as</strong> melhores sementes em v<strong>as</strong>os ou<br />
“torrão paulista” e, quando têm um palmo de altura, são plantad<strong>as</strong> no pomar.<br />
A melhor lavoura, para combinar com o cajueiro, é a mandioca, durante três<br />
anos ou du<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>. Os tratos culturais, após o quarto ano, são os roços do<br />
mato r<strong>as</strong>teiro ou <strong>as</strong> gradagens de discos, 3 a 4 vezes no inverno.<br />
254
Colheita - A partir do terceiro ano, o cajueiro dá safr<strong>as</strong> que vão aumentando<br />
em peso até alcançar o máximo entre 10 e 20 anos de idade. O<br />
tempo de colher é de setembro-outubro a dezembro e os apanhadores,<br />
empunhando var<strong>as</strong>, com sacol<strong>as</strong> de aro metálico nos bordos e garr<strong>as</strong> para<br />
cima, vão, de manhã e de tarde, retirando, d<strong>as</strong> árvores os frutos maduros,<br />
antes de cairem no chão. O transporte carece de ser feito em condições<br />
higiênic<strong>as</strong> e com rapidez para evitar a fermentação. Fruto mole, perecível,<br />
o caju tem de ser transformado em bebida ou doce no mesmo dia da colheita<br />
ou, então, preservado para futura industrialização.<br />
Os controles de produção indicam que um cajueiro, no litoral do Ceará,<br />
fornece, por ano, de 30 a 150 quilos de frutos inteiros, conforme a<br />
idade do cajual, o trato e <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. O que se chama de fruto são pedúnculo<br />
entumescido e a semente. M<strong>as</strong> a botânica ensina que o fruto verdadeiro<br />
é a c<strong>as</strong>tanha. O fruto maduro, parte carnosa e semente, varia de peso<br />
desde 30 gram<strong>as</strong> até mais de 100 gram<strong>as</strong>. O Dr. Rossini Carvalho já pesou<br />
caju com 500 gram<strong>as</strong>. É raro. N<strong>as</strong> noss<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong>, com cajus de 50<br />
gram<strong>as</strong>, obtivemos os seguintes resultados, de frutos maduros e frescos:<br />
C<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong> ............................................................. 16% do peso total<br />
Bagaço ................................................................. 34% do peso total<br />
Suco ..................................................................... 50% do peso total<br />
As c<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong>, depois de <strong>as</strong>sad<strong>as</strong>, perderam 40% a 50% do peso com<br />
a evaporação da água, a volatilização do óleo do tegumento externo e a<br />
retirada da c<strong>as</strong>ca seca.<br />
Se um cajueiro der uma safra de 50 quilos, significa um rendimento de:<br />
C<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong> madur<strong>as</strong> .............................................................. 8kg<br />
Bagaço ................................................................................ 17kg<br />
Suco .................................................................................... 25kg<br />
Total .................................................................................... 50kg<br />
255
Um hectare, com 154 cajueiros, com a produção média, acima, daria<br />
por ano:<br />
C<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong> ....................................................................... 1.232kg<br />
Bagaço ........................................................................... 2.618kg<br />
Suco ............................................................................... 3.850kg<br />
Total ............................................................................... 7.700kg<br />
Prai<strong>as</strong> e doenç<strong>as</strong> - Os inimigos mais comuns são os cupins, <strong>as</strong> formig<strong>as</strong>,<br />
os thrips e os fungos.<br />
Quando aparecem <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> “c<strong>as</strong><strong>as</strong>” de cupins, faz-se nel<strong>as</strong>, um furo<br />
com um pau pontudo e derramam-se, dentro, algum<strong>as</strong> gram<strong>as</strong> de arsênico<br />
branco, em pó. Os cristais aderem ao corpo dos insetos e, com o hábito<br />
biológico de lamberem uns aos outros, ingerem a droga e morrem.<br />
Os outros inimigos são combatidos com <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> drog<strong>as</strong> usad<strong>as</strong> para<br />
<strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong>, em geral.<br />
Indústri<strong>as</strong> do caju - Sendo a safra do caju muito breve, cerca de 2 a 3<br />
meses (outubro a dezembro), <strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> preparam a m<strong>as</strong>sa e armazenam<br />
<strong>as</strong> c<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong> para operar durante o ano. O suco do caju se presta para o<br />
fabrico de refrigerantes, de cajuína, de vinho, de vinagre; a polpa é usada<br />
para doces do tipo marmelada. A polpa sucosa, sem a c<strong>as</strong>tanha, serve para<br />
a confecção de compota e doce seco, cristalizado.<br />
Da c<strong>as</strong>ca da c<strong>as</strong>tanha é extraído o óleo escuro, cáustico, usado como<br />
isolante de material elétrico; a c<strong>as</strong>tanha torrada é exportada em lat<strong>as</strong>. A<br />
resina da árvore é purificada pela fervura em água com ácido, para separação<br />
d<strong>as</strong> impurez<strong>as</strong>, depois secada em tambores rotativos, aquecidos, até<br />
obter a forma de lâmin<strong>as</strong> fin<strong>as</strong>, como e ensacada para exportação.<br />
Fornecendo cerca de oito produtos industriais e servindo, ao mesmo<br />
tempo, para reflorestamento, o cajueiro é uma lavoura muito indicada para<br />
o litoral e para <strong>as</strong> caating<strong>as</strong> úmid<strong>as</strong>; a sua rusticidade, a produção ao fim de<br />
três anos a sua popularidade entre lavradores são vantagens que tornam a<br />
cultura fácil de ser fomentada.<br />
256
Mercado - O consumo br<strong>as</strong>ileiro de produtos do cajueiro tende a aumentar.<br />
Os países europeus e da América do Norte são os grandes compradores.<br />
A Índia, n<strong>as</strong> provínci<strong>as</strong> de Madr<strong>as</strong>, Kerala, Andamam, Misore e<br />
Orissa, produziu e exportou 29.500 tonelad<strong>as</strong> de sementes, da safra de<br />
1955-56, em valor superior a 24 milhões de dólares. A campanha de produção<br />
d<strong>as</strong> cinco estações experimentais do cajueiro, intensificando os plantios<br />
em nov<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong>, levaram o governo a planejar uma exportação de 90.<br />
000 tonelad<strong>as</strong> de c<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong>, em 1961. A Índia exporta, também, <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong><br />
da África Oriental e de Madag<strong>as</strong>car.<br />
O Br<strong>as</strong>il, para ter a oportunidade de ampliar o comércio internacional<br />
de c<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong>, de óleo e de resina do cajueiro, terá de desenvolver trabalhos<br />
árduos de pesquisa, de produção e de acordos comerciais, nos próximos<br />
anos.<br />
257
Foto 26 - Pomar de cajueiros, em solo arenoso, altitude inferior a 100m de litoral<br />
do Ceará.<br />
Foto 27 - Cajueiros nativos, aproveitados para formação pomar, mediante roçada<br />
da vegetação arbórea a arbustiva. Litoral do Ceará.<br />
258
Foto 28 - Cajueiro com últimos frutos da safra de 1959. Mês de dezembro. Litoral<br />
do Ceará.<br />
Foto 29 - Folh<strong>as</strong>, flores e frutos de cajueiro. Notar que, quando não maduro, a<br />
c<strong>as</strong>tanha é maior do que o pedúnculo entumescido.<br />
259
260<br />
Foto - 30 - Coleção de cajus com diferenç<strong>as</strong> no tamanho, na forma e na cor.
5.5 - A cultura de palma<br />
A palma foi introduzida, no <strong>Nordeste</strong>, provavelmente, depois de 1900.<br />
M<strong>as</strong> somente após a seca de 1932, por ordem do ministro da Viação, Dr.<br />
José Américo de Almeida, com a criação do atual Serviço Agroindustrial,<br />
foram plantados, do Piauí até Bahia, 222 campos de propagação dessa cactácea<br />
forrageira. As palm<strong>as</strong>, para esses plantios, foram comprad<strong>as</strong> em Custódia,<br />
Caruaru e Monteiro. Em 1935, o Governo Federal mandou entregar<br />
esses campos às prefeitur<strong>as</strong>. Foi o primeiro grande trabalho de difusão da<br />
palma, no <strong>Nordeste</strong> e, a partir dessa data, os criadores tiveram facilidade na<br />
obtenção de mud<strong>as</strong> para os seus campos.<br />
Atualmente, há três centros maiores de produção de palma; na Caatinga<br />
de Alago<strong>as</strong> (Batalha, M. Izidoro, Pão de Açúcar), no agreste de Pernambuco<br />
e nos cariris-velhos (Paraíba).<br />
A experiência demonstrou que a palma não tem acentuada exigência quanto<br />
ao solo, porém requer noites fresc<strong>as</strong>, com umidade atmosférica, altitude e<br />
chuv<strong>as</strong> fin<strong>as</strong>; <strong>as</strong> caating<strong>as</strong> alt<strong>as</strong>, o agreste e <strong>as</strong> serr<strong>as</strong> de pouca chuva são os<br />
seus habitats preferidos. No sertão, seridó e no litoral, vegeta com menor<br />
rendimento. É uma xerófila verdadeira e, no ambiente próprio, não sofre<br />
redução de colheita.<br />
Apesar de ter sido selecionada na Califórnia, não é mais cultivada ali,<br />
como forrageira. Fora do <strong>Nordeste</strong>, é importante como alimento do gado,<br />
no México e na África do Sul, por exemplo.<br />
Ainda não foi bem estudado o seu valor nutritivo para os animais e qual a<br />
sua influência sobre a digestibilidade dos capins, d<strong>as</strong> ram<strong>as</strong> e da torta. Observa-se<br />
que, na caatinga alagoana, no agreste e no cariris-velhos, o gado<br />
prospera com a ração combinada de palma, p<strong>as</strong>to e torta, produzindo leite e<br />
engordando facilmente. Acreditamos que <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> favoráveis para os campos<br />
de palma, da Bahia até o Piauí, são v<strong>as</strong>t<strong>as</strong> e que essa xerófila exercerá<br />
uma função muito importante no melhoramento da pecuária, quando os criadores<br />
da região se convencerem de que a alimentação, no êxito da criação, é<br />
mais decisiva do que o raciamento.<br />
261
Cultura - Atualmente, os fazendeiros plantam a palma (1) para corte (2) ou<br />
p<strong>as</strong>tagem. Nos dois c<strong>as</strong>os, os plantios são, em geral, feitos pelos moradores<br />
que recebem os terrenos cercados, plantam a palma e os cereais ficam com<br />
<strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> e, depois de 2 anos, entregam a palma ao proprietário.<br />
Em Cabeceir<strong>as</strong>, Paraíba, já há um criador com mais de 1.000ha plantados<br />
de palma.<br />
A ecologia da palma é a mesma do agave, do aveloz, do caroá, do umbuzeiro<br />
e da manipeba. Esta cactácea representa uma solução para <strong>as</strong> zon<strong>as</strong><br />
de pouca chuva e que não têm rios perenes ou grandes açudes para irrigação.<br />
Ela, com <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> da sua ecologia, forma a verdadeira cultura seca, do<br />
<strong>Nordeste</strong>, onde o sistema do dry farming americano não encontrou condições<br />
de adaptação.<br />
Ao contrário do dry farming americano, <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> b<strong>as</strong>eiamse<br />
na fisiologia d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> e não n<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> do solo. O dry farming<br />
requer solo permeável e profundo, um período fresco, o degelo da neve, e<br />
cereais de baixo consumo d’água. O xerofilismo surgiu d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> irregulares,<br />
do calor, do solo r<strong>as</strong>o e da capacidade d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> perenes armazenarem<br />
água e reserv<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong>. O revolvimento do solo, a formação do<br />
mulch superficial de poeira pela ação do cultivador não resultou em economia<br />
de água nos solos tropicais.<br />
Na prática dos criadores, está predominando a formação dos palmais de<br />
p<strong>as</strong>toreio sobre os de corte, devido à economia da mão-de-obra na colheita.<br />
Quando o fazendeiro quer trabalho rápido e não havendo vegetação a<br />
aproveitar, o desbravamento do solo, o destocamento e a gradagem podem<br />
ser feitos a trator. Nesse c<strong>as</strong>o, deve-se evitar o fogo, operando com a bulldozer<br />
em curva de nível, para dificultar a corrida da enxurrada. É conveniente<br />
deixar, entre os talhões de 100 a 200m de largura, um renque de caatinga<br />
nativa, de 20m de largura, em direção transversal ao vento dominante, para<br />
servir de quebra-vento.<br />
É costume plantar a palma na distância de 2x2m, com a raqueta deitada<br />
ou em pá. Nos primeiros anos, distribuem-se <strong>as</strong> sementes de capins ou de<br />
262
leguminos<strong>as</strong> entre <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong>, plantam-se árvores de rama (algaroba, juazeiro,<br />
acáci<strong>as</strong>) em larg<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong>, e, no terceiro ano, começa-se o p<strong>as</strong>toreio<br />
rotativo, nos palmais-p<strong>as</strong>tos divididos e com um bebedouro preparado<br />
para cada 2 p<strong>as</strong>tos. No verão, o número de animais por hectare e diminuído<br />
ou da-se um “descanso” em cada campo para resguardar a macega protetora<br />
do solo.<br />
Rendimento - O engenheiro-agrônomo Humberto Melo, de Alago<strong>as</strong>,<br />
organizou o seguinte quadro da produção de palma por ha no intervalo de<br />
2x2 metros até 4 anos de idade:<br />
Idade Distânci<strong>as</strong> N o de pés No de fo- N o de fo- Peso<br />
lh<strong>as</strong>/ha lh<strong>as</strong>/ha. total kg/ha.<br />
1 o ano 2 x 2 2.500 20 50.000 15.000<br />
2 o ano 2 x 2 ” 80 200.000 60.000<br />
3 o ano 2 x 2 ” 120 300.000 90.000<br />
4 o ano 2 x 2 ” 100 250.000 75.000<br />
P<strong>as</strong>tagens com palma - Registramos aqui, <strong>as</strong> informações que nos foram<br />
dad<strong>as</strong> por alguns criadores de gado, em Alago<strong>as</strong>, em ag<strong>as</strong>to de 1958:<br />
1) Antônio Amaral - Fazenda Pilões - Major Izidoro. Possui 800 taref<strong>as</strong><br />
de terr<strong>as</strong>, plantad<strong>as</strong> com palma e p<strong>as</strong>to e com palma intercalada de<br />
cereais e algodão; mantém 200 cabeç<strong>as</strong> de bovinos, sendo que, nesse total,<br />
estão incluíd<strong>as</strong> 65 vac<strong>as</strong> leiteir<strong>as</strong>, com a produção de 500 a 600 litros<br />
diários. Durante o inverno, o gado se sustenta com a palma e o p<strong>as</strong>to intercalar<br />
e, no verão, com palma e torta. O leite é vendido a Cr$ 3,70 cada<br />
litro e a torta é comprada a Cr$ 7,00 cada quilo, inclusive frete. Há a aftosa<br />
e o carrapato.<br />
As colheit<strong>as</strong> de cereais, consorciad<strong>as</strong> com a palma, nos primeiros e<br />
segundo anos, pertencem aos moradores. Faz du<strong>as</strong> ordenh<strong>as</strong> e a maior<br />
produção registrada, da melhor vaca, foi de 29 litros de leite em um dia.<br />
Uma vaca, que produz de 15 a 20 litros, custa Cr$ 20.000, 00. Um hectare<br />
de terra boa custa de Cr$ 6.000,00 a Cr$ 9.000,00.<br />
263
2) Antônio Figueredo - Fazenda Nova - Jacaré dos Homens. Tem uma<br />
área de 1.800 taref<strong>as</strong>, sendo 1.700 taref<strong>as</strong> ocupad<strong>as</strong> com palma e p<strong>as</strong>to e<br />
palma com lavour<strong>as</strong> intercalares. Possui 500 bovinos, sendo 250 de engorda.<br />
A produção média, por vaca, é de 6 a 8 litros por dia. Alimenta <strong>as</strong><br />
vac<strong>as</strong> com palma e p<strong>as</strong>to, no inverno, e palma com torta, no verão. O<br />
período de engorda é de 3 a 4 meses e ele acentuou que a água de bebida<br />
do gado não deve ser muito salgada. Ele resolveu a questão de bebedouro<br />
para o gado do seguinte modo: cavou um açude no meio do morro, abriu<br />
sulcos laterais, na encosta, para conduzir <strong>as</strong> enxurrad<strong>as</strong> para dentro do<br />
reservatório; trabalhou sem máquina e g<strong>as</strong>tou Cr$ 100.000,00.<br />
Disse que um ha de palma com p<strong>as</strong>to alimenta 3 bovinos (grandes e<br />
pequenos) por ano; que, no inverno, 1ha de palma e p<strong>as</strong>to engorda 2 bois,<br />
e, finalmente, que um palmal dura 20 anos.<br />
3) Mair Amaral - Prefeito de Batalha - Fazenda Boa Vista. Possui 8.000<br />
taref<strong>as</strong> de terr<strong>as</strong>, sendo 5. 000 taref<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> com palma x capins nativos<br />
e 1.500 cabeç<strong>as</strong> de bovinos. As 220 vac<strong>as</strong> leiteir<strong>as</strong> fornecem 1.500 a<br />
2.600 litros por dia. Dá 3kg de resíduo ou farelo de algodão, a cada vaca,<br />
por dia, e vende o leite a Cr$ 3,70 cada litro. O concentrado de algodão<br />
custa Cr$ 7,00 por quilo. Em 1957, ele engordou 500 garrotes com palma<br />
e p<strong>as</strong>to verde ou p<strong>as</strong>to seco. Calcula que uma tarefa de palmal sustenta um<br />
bovino. Recomenda que a palma seja plantada nos meses de dezembro até<br />
maio e julga ser o solo o fator principal na engorda do gado com a palma.<br />
4) Hildebrando Pinto - Fazenda Cintra - Major Izidoro. Mutuário da<br />
ANCAR (BNB). Na oc<strong>as</strong>ião da nossa visita, estava engordando 400 novilhos<br />
com palma e p<strong>as</strong>to.<br />
Planta palma, algodão e cereais em curva de nível, por influência do<br />
agrônomo Rubens Guedes, da ANCAR, usa silagem em silo trincheira, está<br />
- satisfeito; é homem progressista, com qualidades de líder e, certamente influenciará<br />
outros criadores no sentido de aceitarem <strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> de melhoramento<br />
da criação. Perdeu, em 1957, cerca de Cr$ 1.200.000, 00 de gado, de-<br />
264
vido ao frac<strong>as</strong>so na vacina contra a aftosa. Outros criadores também se queixaram<br />
d<strong>as</strong> más qualidades dessa partida de vacin<strong>as</strong>.<br />
O município de São Bento do Una, na Zona do Agreste de Pernambuco, é<br />
outro onde os criadores já acumularam, através dos anos, muita experiência na<br />
cultura da palma miúda. Cerca de 30% da área do município é ocupada com a<br />
palma. Está situada, ali a fazenda experimental de criação, da Secretaria da<br />
Agricultura, sob a direção do engenheiro-agrônomo Sílvio Parente Viana.<br />
Essa fazenda possui um rebanho de 160 bovinos da raça holandesa, pura<br />
por cruz<strong>as</strong>, tem 2 silos para milho, gir<strong>as</strong>sol, de guandu e capins.<br />
A melhor ração para vaca leiteira experimentada na fazenda é a seguinte:<br />
40 quilos de palma<br />
12 quilos de silagem<br />
5 quilos de mandioca<br />
2, 5 quilos de torta de algodão<br />
O peso máximo da palma consumida por uma vaca, num dia, foi de 90kg.<br />
No controle leiteiro da fazenda, uma vaca produziu 6.106kg de leite, em 12<br />
meses de lactação, ou sejam, 17kg diários.<br />
Na fazenda Santa Quitéria, de Ludgero Simões de Moraes, vimos um belo<br />
plantel de vac<strong>as</strong> mestiç<strong>as</strong>, holandes<strong>as</strong>, alimentad<strong>as</strong> com palma, p<strong>as</strong>to e torta.<br />
O controle leiteiro de uma vaca registrou 6.179kg de leite em 365 di<strong>as</strong>.<br />
Na granja leiteira, de Délio César Valença, vimos um silo de 100 tonelad<strong>as</strong><br />
no segundo ano de uso e a produção média por vaca num dia, era de<br />
13kg.<br />
O supervisor agrícola Heuderson Dutra de Almeida organizou <strong>as</strong> cont<strong>as</strong><br />
culturais da palma de 10 agricultores do agreste.<br />
Os dados a seguir representam <strong>as</strong> médi<strong>as</strong>:<br />
Valor de 1ha de terra ................................................... Cr$ 2. 866, 00<br />
Preparo do solo ........................................................... 490, 00<br />
Custo d<strong>as</strong> vazantes do plantio ...................................... 449,00<br />
265
Tratos culturais no 1 o ano ............................................. 304,00<br />
Duração média do palmal ............................................ (11 anos)<br />
Rendimento/Ha no 2 o ano ............................................ 20.000kg<br />
Rendimento/Ha no 3 o ano ............................................ 40. 000kg<br />
Palma consumida/bovinos 1 dia .................................... 60kg<br />
O solo de São Bento do Una é ondulante, arenoso, r<strong>as</strong>o sabre piçarra.<br />
As chuv<strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, anuais, na zona do agreste variam de 661mm em Caruaru,<br />
a 713mm em Pesqueira, no período de 1939 a 1941.<br />
Na região dos cariris-velhos, situada n<strong>as</strong> ondulações da Serra da Borborema,<br />
altitude acima de 400m, o Serviço Agroindustrial, instalou, em<br />
1933 - 34, campos de cooperação de palma em Soledade, Cabaceir<strong>as</strong>,<br />
Taperoá e São João do Cariri. Esses campos contribuíram para a disseminação<br />
dos palmais naqueles municípios. Atualmente, já existem em Cabaceir<strong>as</strong>,<br />
extensos campos de palma, com capins nativos, como mostram <strong>as</strong><br />
fotografi<strong>as</strong> insert<strong>as</strong> adiante.<br />
Organizamos os gráficos que se seguem para o aperfeiçoamento da<br />
alimentação do gado, nos cariris-velhos. Eles estão apoiados n<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong><br />
médi<strong>as</strong>, na palma, n<strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> forragens conservad<strong>as</strong>, no p<strong>as</strong>toreio alternado<br />
e na proteção do solo. Dividimos o ano em du<strong>as</strong> estações: 1) a do<br />
inverno, de março a junho, em que há 4 meses de vegetação verde, crescida,<br />
quando o gado se sustenta d<strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, dos capins e da palma e 2)<br />
outra, de verão, de julho a janeiro, com 8 meses, em que há menos rama e<br />
p<strong>as</strong>to, e o rebanho precisa ser mantido com palma p<strong>as</strong>tada mais feno ou<br />
torta, dada em cocho, no campo. Previu-se a manutenção de uma cobertura<br />
mínima do solo, com <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> espontâne<strong>as</strong>, para evitar a erosão.<br />
Em Cabaceir<strong>as</strong> e em Alago<strong>as</strong>, os criadores põem os animais a p<strong>as</strong>tar a<br />
palma; o corte e a distribuição em manjedoura encarecem o arraçoamento,<br />
onde há grande criação pela exigência da mão-de-obra.<br />
O Grupo de Trabalho dos Cariris Velhos é um convênio com representantes<br />
do BNB, do BB, do DNOCS, do DNPA, do DNPV e do Acordo<br />
dos Bispos, com sede em Campina Grande; está constituído de homens<br />
266
experientes, dedicados e conhecedores da região. A equipe estuda, planeja,<br />
orienta e financia os campos de palma, a fenação, a silagem, a construção<br />
de açudes, a abertura de poços, a aquisição de reprodutores e outros<br />
melhoramentos. O que vimos, já realizado pelo Grupo, é animador, e tudo<br />
indica que resultados admiráveis serão obtidos.<br />
267
Chuv<strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, mensais, mms.<br />
268<br />
160<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
Tentativa para estabelecer um regime de alimentação<br />
para gado leiteiro, b<strong>as</strong>eada n<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> prováveis, na palma,<br />
n<strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> forragens conservad<strong>as</strong> e na proteção do solo.<br />
A curva d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> foi traçada pel<strong>as</strong> médi<strong>as</strong> d<strong>as</strong><br />
observações, durante 25 anos, em cabaceir<strong>as</strong>, Campina Grande<br />
e Monteiro.<br />
Inverno: 4 meses<br />
Crescimento<br />
d<strong>as</strong> ram<strong>as</strong><br />
P<strong>as</strong>toreio<br />
rotativo<br />
Palma + rama<br />
B<strong>as</strong>e: 2 bovi. Ha<br />
Ração:<br />
Palma + silagem ou feno ou torta<br />
Cocho<br />
Vegetação de cobertura<br />
do solo<br />
M A M J J A S O N D J P<br />
M e s e s<br />
Gráfico 21 - Região do cariri - Paraíba.<br />
Fonte: Etene/BNB. Org. J. G. D./Cap. ASA<br />
Verão: 8 meses<br />
P<strong>as</strong>toreio<br />
Meda Feno<br />
Curva chuv<strong>as</strong><br />
25 anos
Foto 31 - Palmeira dos Ìndios, Alago<strong>as</strong>. Cultura de palma intercalada com milho.<br />
Foto 32 - Lavoura de palma entre Caruaru e Campina Grande.<br />
269
270<br />
5.6 - A cultura da goiabeira<br />
Na opinião de Afonso de Candolle, a goiabeira é originária da América<br />
Tropical, talvez do México ou do Peru. Árvore que cresce até 10m de altura,<br />
de galhos rígidos, tronco liso, de folh<strong>as</strong> oblongo-elíptic<strong>as</strong> a ovais, de 8 a<br />
10cm de comprimento, de flores branc<strong>as</strong>, solitári<strong>as</strong>, pétal<strong>as</strong> ovais, com um<br />
grupo de estames centrais.<br />
O fruto tema forma redonda ou ovóide ou piriforme, de 3 a 10 cm de<br />
comprimento, com polpa de cor variando do branco até o vermelho. Como<br />
o eucalipto, o araçá, a jaboticaba, a goiabeira pertence à família d<strong>as</strong> Murtáce<strong>as</strong>.<br />
Seu nome científico é Psidum guajava.<br />
Vegeta, nativa ou plantada, no <strong>Nordeste</strong>, n<strong>as</strong> altitudes pouco acima do<br />
nível do mar até 1. 000 metros. Embora não seja rigorosamente uma xerófila,<br />
a goiabeira dá bo<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>, todos os anos, com <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> irregulares desde<br />
que o ar seja úmido, à noite, e o solo tenha profundidade. Assim é que a<br />
goiabeira é cultivada no litoral do Ceará, na Serra da Aratanha, na Serra de<br />
Pesqueira e no agreste (pernambucano) e na Bahia. As zon<strong>as</strong> da sua predileção<br />
são a da mata, d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, o agreste e o litoral. Os solos vermelhos,<br />
argilosos e os silicosos, profundos, são os que mais convém, especialmente<br />
os ricos de potássio, que dão os frutos de melhor qualidade e mais doces.<br />
Fora do <strong>Nordeste</strong> e do Br<strong>as</strong>il, a goiabeira é explorada, também, na<br />
América Central, na Flórida, na Califórnia, no Havaí, no Oriente e na Guiné.<br />
Tem sido reproduzida por sementes e pela enxertia de borbulha ou de encostia,<br />
como se faz para o abacateiro e a mangueira. A formação de mud<strong>as</strong> por<br />
meio do enraizamento de galhos também é usada.<br />
Cultura (48) - O preparo do solo para a goiabeira é feito pelo mesmo processo<br />
dos outros pomares, isto é, com a roçada e o destocamento, em terreno<br />
virgem, e aração ou simples gradeação, conforme <strong>as</strong> condições de terra.<br />
A marcação dos lugares d<strong>as</strong> cov<strong>as</strong> é executada em alinhamento com corda,<br />
em quadrado ou em quincôncio, com 6 a 8m entre <strong>as</strong> estac<strong>as</strong>, ou sejam, 270<br />
a 156 árvores por hectare; é mais recomendável abrir os buracos com 1m 3 e<br />
enchê-los de terra preta, misturada com estrume ou outro adubo.
O plano dos pomares deverá prever os “quebra-vento”, cada 200m de<br />
distância e <strong>as</strong> estrad<strong>as</strong> de penetração nos talhões.<br />
As mud<strong>as</strong> são preparad<strong>as</strong> em sementeir<strong>as</strong> sombread<strong>as</strong>, regad<strong>as</strong> e catado<br />
o mato todos os di<strong>as</strong>; quando atingem 5cms de altura são transplantad<strong>as</strong>,<br />
com a terra d<strong>as</strong> raízes, para os viveiros, no campo, n<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> de 1x<br />
0,50m, entre <strong>as</strong> mud<strong>as</strong>. No momento em que os caules d<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> atingem a<br />
grossura de um lápis, é feito o enxerto de borbulha ou de encostia. A muda<br />
enxertada, com cerca de meio metro de altura, é plantada na cova do pomar<br />
na estação chuvosa. Se o agricultor deseja o “pé franco”, tira a mudinha do<br />
v<strong>as</strong>o ou do viveiro, com bloco de terra e altura de 20cm, e planta-a no<br />
pomar.<br />
Ficará ao nível do solo o coleto da muda e essa deve ser molhada após o<br />
plantio. No <strong>Nordeste</strong>, são identificados 3 tipos de goiabeir<strong>as</strong> pela cor dos<br />
frutos, vermelha, amarela e branca, sendo a última a mais apreciada. A seleção<br />
d<strong>as</strong> matrizes para a reprodução é muito importante, considerando-se o<br />
crescimento da árvore, sua rusticidade, produção e qualidade dos frutos.<br />
Para baratear a instalação do pomar, admite-se uma lavoura intercalar de<br />
feijão ou de mandioca, até o terceiro ano; há a vantagem de manter o arvoredo<br />
limpo d<strong>as</strong> erv<strong>as</strong>, obtendo-se renda.<br />
No agreste, n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, no litoral, e n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> úmid<strong>as</strong>, a goiabeira<br />
dispensa a irrigação.<br />
Colheita - Em geral, a primeira safra, ainda que pequena, começa dos 3<br />
aos 5 anos, segundo <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> são de enxerto ou de reprodução natural. Nos<br />
pomares bons, obtém-se du<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>, por ano, em janeiro a março e de<br />
setembro a novembro. O engenheiro-agrônomo Fernandes Silva (49) estima a<br />
produção da goiaba por pé, num ano, em 38 quilos para o agreste de Pernambuco.<br />
Entretanto, o rendimento de qualquer cultura varia muito conforme<br />
o cuidado, a adubação, <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, <strong>as</strong> prag<strong>as</strong>, etc.<br />
Prag<strong>as</strong> e molésti<strong>as</strong> - Como toda fruta carnosa e tenra, a goiaba perseguida<br />
pel<strong>as</strong> mosc<strong>as</strong> d<strong>as</strong> frut<strong>as</strong> (Ceratitis capitata e An<strong>as</strong>trepha), pel<strong>as</strong> broc<strong>as</strong><br />
271
do caule, pelo gorgulho da goiaba, pela lagarta d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, pelos pulgões e pelo<br />
cogumelo da ferrugem (Puccinia psidii). O sucesso na eliminação de qualquer<br />
inseto ou fungo, prejudiciais, depende do agricultor estar com o espírito prevenido<br />
e equipado com os aparelhos e <strong>as</strong> drog<strong>as</strong> de combate para agir logo no<br />
início da infestação. Polvilhadeir<strong>as</strong> e pulverizadores manuais e os produtos<br />
Toxofeno, BHC, Aldrin, Eldrin, calda bordaleza, emulsões à b<strong>as</strong>e de petróleo,<br />
e outros devem existir em estoque em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> fazend<strong>as</strong>. Os modos de aplicar<br />
e a proteção aos operários são ensinados, para cada c<strong>as</strong>o, n<strong>as</strong> instruções escrit<strong>as</strong><br />
n<strong>as</strong> lat<strong>as</strong> e nos f<strong>as</strong>cículos distribuídos pel<strong>as</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong> vendedor<strong>as</strong>.<br />
Indústria e mercado - A goiaba é matéria-prima de primeira ordem para<br />
preparar doces e geléi<strong>as</strong> n<strong>as</strong> ocupações c<strong>as</strong>eir<strong>as</strong> ou n<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong>, como a “Peixe”.<br />
A fruta madura tem a seguinte composição química (50) :<br />
Água ............................ 84,08% Fibr<strong>as</strong> ........................ 5,57%<br />
Cinz<strong>as</strong> .......................... 0,67% Açúcares .................... 5,45%<br />
Proteín<strong>as</strong> ...................... 0,76% Gordura ..................... 0,95%<br />
A f<strong>as</strong>e da colheita é curta e, por isso, os fabricantes preparam <strong>as</strong> m<strong>as</strong>s<strong>as</strong> e<br />
<strong>as</strong> guardam, para distribuir o trabalho de confecção dos doces e d<strong>as</strong> vend<strong>as</strong><br />
durante o ano. As operações, na indústria, consistem em chegar a goiaba fresca<br />
à fábrica, desc<strong>as</strong>car os frutos, cozinhá-los em autoclave e macerá-los em tambores<br />
rotativos para separar <strong>as</strong> sementes; adiciona-se o açúcar à m<strong>as</strong>sa, em<br />
quantidade igual à metade do peso inicial d<strong>as</strong> goiab<strong>as</strong>, cozinha-se a m<strong>as</strong>sa<br />
doce para evaporar a água até o ponto de goiabada e enlata-se ou embala-se<br />
em caixinh<strong>as</strong> de madeira.<br />
Um hectare de goiabeira, com 154 árvores, dando 5.800kg de frutos, pode,<br />
com a adição de 2.900 kg de açúcar, render 5.800 quilos de goiabada que, a<br />
Cr$ 40,00 por quilo, significa um rendimento bruto de Cr$ 232.000,00. Cumpre,<br />
entretanto, ressaltar que somente o açúcar e <strong>as</strong> lat<strong>as</strong> de embalagem importam<br />
em despesa superior a Cr$ 100.000,00.<br />
A indústria de doces e de conserv<strong>as</strong>, em geral, está enfrentando a esc<strong>as</strong>sez<br />
de folh<strong>as</strong> de flandres, artigo caro por falta do óleo de dendê para a sua fabricação.<br />
272
A goiabada é uma sobremesa de largo consumo no Br<strong>as</strong>il. Para uma indústria<br />
de maior escala, porém será preciso cuidar da exportação. Os estudos do<br />
mercado, provavelmente, concluirão pela conveniência da fabricação da geléia<br />
de goiaba, mais do gosto dos estrangeiros.<br />
273
274<br />
5.7 - Maniçoba<br />
Habitat - Entre os vegetais que estão transformando o viveiro botânico<br />
d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> em fontes de divis<strong>as</strong>, estão <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong>, Manihot Glaziovii,<br />
Muell Arg., Manihot pi auhyensis, Ule, da família d<strong>as</strong> Euforbiáce<strong>as</strong>.<br />
Espécies ávid<strong>as</strong> de luz, el<strong>as</strong> compõem <strong>as</strong> caating<strong>as</strong> de diferentes altitudes,<br />
com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> cop<strong>as</strong> até 15m de altura, tronco linheiro, folh<strong>as</strong> palmad<strong>as</strong>,<br />
glabr<strong>as</strong>, verde-clar<strong>as</strong>, sementes dur<strong>as</strong>, amarelo-c<strong>as</strong>tanho. São tipicamente<br />
resistentes à mica, guardam reserv<strong>as</strong> n<strong>as</strong> raízes e nos caules, soltam <strong>as</strong><br />
folh<strong>as</strong> no verão para economia de água e, com <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, emitem<br />
a floração antes da folhagem nova.<br />
Capazes de vegetar até nos altos pedregosos do sertão, do carr<strong>as</strong>co,<br />
do seridó e d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong>, <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong> estão acompanhad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>,<br />
pereiros, mororós, faveleir<strong>as</strong>, pinhões, marmeleiro, cançanções, barrigud<strong>as</strong>,<br />
imburan<strong>as</strong>, muricis, etc.<br />
As maniçob<strong>as</strong> parecem ser originári<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>; pelo menos a Manihot<br />
Glaziovvi é nativa do Ceará.<br />
O Dr. Leo Zehntner, no seu livro “Estudo nobre Maniçob<strong>as</strong> da Bahia<br />
em relação ao problema d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>” apresenta observações interessantes<br />
sobre a cultura e o aproveitamento dessa xerófila industrial.<br />
História - Conta o historiador Raymundo Girão (51) que <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong><br />
d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> de Maranguape, Pacatuba, Baturité, Jubaia, Juá, Machado e<br />
Uruburetama começaram a ter função econômica após 1845, fornecendo o<br />
látex para a borracha cl<strong>as</strong>sificada comercialmente como Ceará scrap.<br />
Com a descoberta da vulcanização da borracha por Goodyear, na América<br />
do Norte, e Hanncock na Inglaterra, a exportação da Scrap Cearense<br />
subiu a 239.325kg na safra de 1854-55.<br />
O mesmo historiador cearense nos ensina que o presidente Correia de<br />
V<strong>as</strong>concelos incentivou, por meio de prêmios, os plantios dessa euforbiácea,<br />
em 1847.
A má preparação do produto e <strong>as</strong> fraudes no comércio resultaram na<br />
queda da exportação para somente 57.780kg em 1855-56. Outra f<strong>as</strong>e de<br />
alta nos preços, de 1870 a 1878, elevaram a exportação do Ceará para a<br />
média anual de 250.000kg.<br />
Continuaram <strong>as</strong> oscilações na exportação: 300.000 tonelad<strong>as</strong> em 1886-<br />
87, 1.001.856kg em 1898 e 666.659kg em 1912. A partir deste último ano,<br />
o movimento comercial da borracha caiu muito em conseqüência da produção<br />
da Hévea no Ceilão e na Malásia. Somente nos períodos de guerra, a<br />
borracha nordestina teve procura no comércio internacional.<br />
Como se verifica, a borracha teve, também, os seus ciclos de grandeza e<br />
decadência, característic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong>, extrativ<strong>as</strong>.<br />
Cultura - A maniçoba é uma árvore que se presta bem para o reflorestamento<br />
d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, de morro, em plantios puros ou no meio de outr<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>; <strong>as</strong><br />
cov<strong>as</strong> são abert<strong>as</strong> com a enxada n<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> de 2,50 x 3m, onde são colocad<strong>as</strong><br />
2 a 3 sementes, para, mais tarde, desb<strong>as</strong>tar e deixar um pé.<br />
N<strong>as</strong> plantações grandes, convém estabelecer talhões, com estrad<strong>as</strong> divisóri<strong>as</strong>,<br />
cercamento e usar, no meio d<strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, lavour<strong>as</strong> de mandioca ou de<br />
algodão, para recuperar <strong>as</strong> despes<strong>as</strong> da instalação. A construção de barracões,<br />
no centro da lavoura, para depósito da borracha e para o abrigo dos<br />
trabalhadores, é boa medida administrativa. Enquanto há cultura <strong>as</strong>sociada é<br />
necessário capinar; com o crescimento do bosque b<strong>as</strong>ta uma roçada no mato,<br />
antes da colheita.<br />
A prevenção contra o fogo, no verão, é uma providência importante e,<br />
para esse fim, <strong>as</strong> estrad<strong>as</strong>, entre os talhões, servirão de aceiros.<br />
O Dr. Leo Zehntner, no seu livro “Estudo sobre <strong>as</strong> Maniçob<strong>as</strong> da Bahia<br />
em relação ao problema da seca”, apresenta observações interessantes quanto<br />
à cultura e ao aproveitamento dessa xerófila industrial.<br />
O Dr. Tomaz Pompeu de Souza.Brazil (52) , entre outros trabalhos importantes,<br />
nos legou preciosos dados e informações sobre <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong>, no<br />
Ceará. Aconselhava aquele renomado escritor plantar <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong> em<br />
275
novembro e dezembro para a germinação em janeiro e fevereiro; que, com<br />
um mês após a germinação e com <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, <strong>as</strong> mudinh<strong>as</strong> atingem 30cm de<br />
altura e que os talhões devem ser cercados para evitar o p<strong>as</strong>toreio dos<br />
animais. A extração do latex começa aos 4 anos com 150 a 250 gram<strong>as</strong><br />
por árvore, para atingir o máximo de 300 a 600 gram<strong>as</strong> no sexto e oitavo<br />
anos decrescendo depois dessa idade. Para a colheita, devem ser feit<strong>as</strong><br />
incisões, com ferramenta própria, no caule, desde 2m até o nível do chão,<br />
colhendo o líquido branco em tigelinh<strong>as</strong> de flandres. A extração do látex<br />
começa no fim do inverno, quando se obtém o sernamby, seiva leitosa, que<br />
coagula em 6 hor<strong>as</strong>, em plac<strong>as</strong> amarelo-escur<strong>as</strong>, com perda de 25% do<br />
seu peso. O choro é a borracha extraída, no verão, em menor quantidade,<br />
com perda semente de 5% no seu peso.<br />
As maniçob<strong>as</strong> preferem os solos argilo-silicosos d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> e d<strong>as</strong><br />
chapad<strong>as</strong> e são indicad<strong>as</strong> para o reflorestamento dos terrenos altos, cheios<br />
de pedr<strong>as</strong>, que não servem para outros fins e que carecem ser cobertos<br />
para defesa contra a erosão. Os maniçobais nativos, <strong>as</strong>sociados às caating<strong>as</strong>,<br />
em distânci<strong>as</strong> irregulares, longe de água e de estrad<strong>as</strong>, exigem a residência<br />
temporária dos borracheiros no mato, em caban<strong>as</strong> improvisad<strong>as</strong>,<br />
para cada homem colher de 10 a 20kg de látex por semana, ou sejam, 6 a<br />
9kg de lap<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, provenientes d<strong>as</strong> sangri<strong>as</strong> semanais de 600 a 900 maniçobais.<br />
Na Bahia, segundo o Dr. Zehntner, <strong>as</strong> sangri<strong>as</strong> são feit<strong>as</strong> nos<br />
meses de janeiro e agosto.<br />
A extração do latex nos maniçobais nativos, sem queima, sem derrubad<strong>as</strong>,<br />
com o crescimento de nov<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> pode ser feita continuamente, sem<br />
nenhum perigo de erosão ou de empobrecimento do solo. É uma forma de<br />
exploração extensiva e de baixo rendimento.<br />
A monografia do Dr. Zehntner registra que os plantios d<strong>as</strong> Manihot, na<br />
Bahia, para fins comerciais, começaram em 1904. Eles foram feitos por sementes<br />
e por estac<strong>as</strong>, cabendo 1.200 árvores em cada hectare. Os rendimentos<br />
de borracha seca, por hectare, nos bosques plantados, variam de<br />
100 a 300kg, conforme a idade d<strong>as</strong> árvores e os cuidados dispensados.<br />
N<strong>as</strong> plantações comerciais, devem ser selecionad<strong>as</strong> <strong>as</strong> sementes ou estac<strong>as</strong><br />
d<strong>as</strong> matrizes mais produtiv<strong>as</strong>, separados os talhões por estrad<strong>as</strong>, plan-<br />
276
tada mandioca entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, nos primeiros anos, para cobrir <strong>as</strong> despes<strong>as</strong> e<br />
colher o látex em tigelinh<strong>as</strong>, para evitar o contato com a terra. Para o controle<br />
da erosão, é preferível fazer <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong> em curva de nível.<br />
O planejamento da produção da borracha requer a organização interna<br />
da fazenda, a escolha d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> a serem ocupad<strong>as</strong> pelos outros ramos<br />
agrícol<strong>as</strong>, como os cereais, a pecuária, etc., a divisão dos talhões, a locação<br />
d<strong>as</strong> estrad<strong>as</strong>, <strong>as</strong> fontes d’água, <strong>as</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong> dos moradores, <strong>as</strong> anotações<br />
d<strong>as</strong> despes<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> receit<strong>as</strong>, os depósitos para <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong>, a organização<br />
dos transportes com animais de carroç<strong>as</strong>, <strong>as</strong> compr<strong>as</strong> de ferrament<strong>as</strong>, de<br />
inseticid<strong>as</strong>, polvilhadeir<strong>as</strong> e o conhecimento do comércio dos produtos que<br />
serão vendidos.<br />
Por motivos econômicos, a borracha d<strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong> terá de ser um produto<br />
entre os outros da fazenda. A diversificação racional da produção é um<br />
dos fatôres do seu êxito financeiro.<br />
Exportação - O Dr. Tomaz Pompeu de Souza Br<strong>as</strong>il apresenta, em livro<br />
(52) , <strong>as</strong> seguintes exportações de borracha, do Ceará, em médi<strong>as</strong> qüinqüenais:<br />
Tabela 63 - Exportação de borracha - Ceará<br />
continua<br />
Anos ........................................ Quilos ................................... Valor Cr$<br />
1845-50 ................................... 4.134 ................................ 415,40<br />
1850-55 ................................... 49.854 ................................ 22.249,00<br />
1855-60 ................................... 24.160 ................................ 6.102,30<br />
1860-65 ................................... 67.268 ................................ 43.012,50<br />
1865-70 ................................... 67.660 ................................ 69.364.50<br />
1870-75 ................................... 254.781 ................................ 326.532,00<br />
1875-80 ................................... 115.621 ................................ 111.742,00<br />
1880-85 ................................... 57.743 ................................ 96.364,80<br />
1885-89 (4 anos) ..................... 170.040 ................................ 133.533,70<br />
1890-94 ................................... 134.712 ................................ 288.617,00<br />
1895-99 ................................... 502.606 ................................ 2.928.178,00<br />
1900-04 (4 anos) ..................... 372.170 ................................ 1.671.804,00<br />
277
278<br />
Tabela 63 - Exportação de borracha - Ceará<br />
Anos ........................................ Quilos ................................... Valor Cr$<br />
1905-09 ................................... 519.738 ................................ 1.559.208,00<br />
1910-14 ................................... 513.379 ................................ 2.171.497,00<br />
1915-19 ................................... 555.858 ................................ 1.190.974,00<br />
1920 (1 ano) ............................ 116.935 ................................ 8.957,00<br />
1921 (1 ano) ............................ 88.638 ................................ 41.436,00<br />
Fonte: Dr. Tomaz Pompeu de Souza Br<strong>as</strong>il.<br />
Tabela 64 - Estados nordestinos que mais produzem borracha<br />
Tonelad<strong>as</strong><br />
Anos Piauí Ceará R. G. do Norte Bahia <strong>Nordeste</strong><br />
1947 445 65 100 198 808<br />
1950 329 78 96 167 670<br />
1951 261 58 98 161 578<br />
1952 245 100 85 137 567<br />
1953 119 89 53 87 348<br />
1954 87 67 49 79 282<br />
1955 66 46 58 119 289<br />
Fonte: Serviço de Estatística da Produção. M.A. BNB-ETENE.<br />
conclusão
5.8 - Umbuzeiro<br />
Habitat - O umbuzeiro tem <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> ecológic<strong>as</strong> do sisal, do<br />
caroá, da palma, do aveloz. Cresce, em estado nativo, n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> elevad<strong>as</strong>,<br />
de ar seco, noites fresc<strong>as</strong> e di<strong>as</strong> ensolarados, em <strong>as</strong>sociação com a<br />
vegetação natural composta de facheiro, mulungu, macambira, canudo, malva<br />
e muit<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>. A sua presença é notada, também, na região do agreste<br />
e, menos freqüentemente, no sertão. Nos cariris-velhos, Paraíba, é onde<br />
existe o maior número dest<strong>as</strong> árvores; n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> da Bahia e de Pernambuco,<br />
no agreste do Piauí, essa frutífera encontrou larga área com bo<strong>as</strong> condições<br />
para o seu crescimento.<br />
A maior ocorrência da Spondia tuberosa é nos municípios com pluviosidade<br />
entre 400 e 800mm, chuv<strong>as</strong> começando em janeiro e terminando em<br />
maio, temperatura do ar variando entre 12 o C e 38 o C, grau higrométrico do<br />
ar entre 30 e 90% e insolação de 2.000 a 3.000 hor<strong>as</strong> de luz solar, por ano.<br />
O gênero Spondia, da família d<strong>as</strong> anacardiáce<strong>as</strong>, nos deu o umbuzeiro<br />
(Spondia tuberosa, A. Câmara), a cajarana ou cajá-manga (Spondia Cytherea,<br />
Sonnerat), a cajazeira (Spondia lutea, Engl.), a seriguela (Spondia Mombin,<br />
L.) e outr<strong>as</strong>. A silhueta do umbuzeiro adulto dá idéia de um semi-círculo<br />
pela limitada altura (6m) e pela extensão lateral dos galhos, cuja projeção no<br />
solo forma uma sombra com a circunferência de 30m, para proteger o solo.<br />
As flores são branc<strong>as</strong>, em panícul<strong>as</strong>, compost<strong>as</strong> de um cálice com 4 ou 5<br />
segmentos e uma corola com 3 ou 5 pétal<strong>as</strong> valvad<strong>as</strong>; os estames são em<br />
número de 8 a 10 e os estilos de 3 a 5. Não parece ter exigênci<strong>as</strong> definid<strong>as</strong><br />
sobre <strong>as</strong> qualidades do solo, pois vegeta bem nos terrenos sílico-argilosos e<br />
nos arenosos, de origem granítico ou sedimentar, profundos e bem drenados.<br />
Salvo nos di<strong>as</strong> chuvosos, o teor de umidade no solo é muito baixo, especialmente<br />
no verão. As raízes laterais, muito long<strong>as</strong>, ocupam o primeiro metro da<br />
profundidade do solo.<br />
A sobrevivência da Spondia tuberosa, por mais de trinta anos, mesmo<br />
com <strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, é <strong>as</strong>segurada pelos xilopódios ou batat<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> raízes, com o<br />
armazenamento de água, de mucilagens, de glucose, de tanino, de amido, de<br />
279
ácido, etc., que nutrem o vegetal, quando o céu lhe nega água. Perdendo <strong>as</strong><br />
folh<strong>as</strong>, depois do inverno, para evitar a transpiração, o umbuzeiro atravessa<br />
o verão em estado de dormência vegetativa, com os xilopódios cheios de<br />
reserv<strong>as</strong> nutritiv<strong>as</strong>. Ao iniciar o inverno, <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, modificando a<br />
temperatura e o grau higrométrico do ar, aceleram o metabolismo interno<br />
como aparecimento d<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> flores e folh<strong>as</strong> nos meses de janeiro a fevereiro.<br />
Em março e abril, os frutos amadurecem. O xerofilismo do umbuzeiro<br />
faz reserv<strong>as</strong> por adiantamento, uma f<strong>as</strong>e ativa de elaboração de alimentos,<br />
enquanto existem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> no inverno e permanece economizando ess<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong><br />
durante a f<strong>as</strong>e de estagnação vegetativa, no verão quente e seco.<br />
O Dr. Mário Ferri, estudando o umbuzeiro, em Paulo Afonso, esclareceu<br />
que os estômatos d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> começam a abrir às 8 hor<strong>as</strong> da manhã e a fechar<br />
às 12 hor<strong>as</strong> (53) . Esta árvore tem, <strong>as</strong>sim, dois reguladores de economia da<br />
água: um diário e outro anual.<br />
Estudos - O engenheiro-agrônomo Paulo B. Guerra, em 1938, estudou<br />
os umbuzeiros da Serra da Borborema; colheu e pesou os 15.680 frutos<br />
encontrados em uma árvore, no total de 153 quilos. A produção, anteriormente<br />
colhida, desse pé, foi estimada em 150 quilos e o agrônomo calculou<br />
em mais de 300 quilos a produção anual. O peso de um umbu maduro varia<br />
entre 10 a 20 gram<strong>as</strong>. O relatório do mesmo agrônomo dá o estudo de 600<br />
frutos, pesando 12.780 gram<strong>as</strong>, contendo 27% de polpa, 8% de caroço e<br />
65% de c<strong>as</strong>c<strong>as</strong>.<br />
A safra não pequena de umbus, de árvores após 6 anos de idade, somente<br />
é possível porque <strong>as</strong> grandes batat<strong>as</strong> d<strong>as</strong> raízes guardam água e alimentos<br />
para <strong>as</strong> époc<strong>as</strong>. Esta vitória de planta sobre o clima encerra enorme<br />
vantagem para a população, cabendo aos técnicos e ao governo promoverem<br />
o melhoramento de planta e a propaganda para o seu fomento. A grande<br />
área adaptável ao umbuzeiro, no <strong>Nordeste</strong>, a considerável produção por pé,<br />
a extraordinária resistência aos períodos secos, a longevidade da árvore, nos<br />
fazem pensar na possibilidade de, por meio de estudo, da enxertia e da seleção,<br />
conseguir-se considerável melhoramento no tamanho do fruto, no aumento<br />
da polpa doce com redução do tanino, na diminuição do caroço e no<br />
280
afinamento da c<strong>as</strong>ca para a secagem do fruto e obtenção de “ameix<strong>as</strong>” comerciáveis<br />
em condições econômic<strong>as</strong>.<br />
Esse trabalho genético, semelhante ao que foi realizado com a oiticica no<br />
Instituto J. A. Trindade, consistiria na escolha d<strong>as</strong> árvores nativ<strong>as</strong> mais precoces,<br />
mais produtiv<strong>as</strong> e de frutos mais doces, sua reprodução por estac<strong>as</strong><br />
ou por enxertia, plantios em fileir<strong>as</strong> identificad<strong>as</strong>, análise química d<strong>as</strong> drup<strong>as</strong><br />
e repetição d<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> até encontrar um clone com <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> desejáveis.<br />
Também, poder-se-ia provocar o aparecimento de mutações com<br />
o emprego da colchicina ou outra substância e, se conseguido um exemplar<br />
valioso, a perpetuação d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> qualidades seria feita pelo enraizamento de<br />
estac<strong>as</strong> ou pelo enxerto sobre cavalos do umbu ou da cajarana. O custo da<br />
experiência seria compensador. O umbu poderá converter-se na “ameixa”<br />
d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> e o umbuzeiro se transformaria em mais uma árvore industrial,<br />
alimentícia, saída da flora espinhenta e agressiva. Árvore capaz de guardar<br />
umidade e nutrientes, no meio hostil, representa um milagre de acomodação.<br />
Essa árvore foi introduzida na Flórida e, ali, enxertada sobre a cajarana<br />
ou cajá-manga (Spondia Cytherea, Sonnerat, Spondia Dulcis, Forst.), Entretanto,<br />
não fez sucesso como fruteira, talvez devido ao clima ou ao solo<br />
calcáreo.<br />
O engenheiro-agrônomo Trajano Nóbrega, fazendeiro em Soledade, Paraíba,<br />
onde há umbuzais nativos, informou-nos que <strong>as</strong> observações de seu<br />
pai e <strong>as</strong> su<strong>as</strong> indicam que esta anacardiácea vegeta mais de 100 anos; que,<br />
em geral, <strong>as</strong> flores aparecem primeiro do que <strong>as</strong> folh<strong>as</strong>; que, ali, a floração<br />
surge de novembro a janeiro e os frutos amadurecem de abril a junho; que,<br />
se <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> vêm cedo, antes da floração, o umbuzeiro solta primeiro <strong>as</strong><br />
falh<strong>as</strong> e, depois, <strong>as</strong> flores, o que reduz a produção de frutos; que, quando <strong>as</strong><br />
chuv<strong>as</strong> aparecem depois da floração, a safra é mais abundante; que o tipo de<br />
frutos lisos é de melhor qualidade do que o de frutos pilosos.<br />
Possibilidade de industrialização - O umbuzeiro oferece um v<strong>as</strong>to campo<br />
de atividades para a iniciativa particular pelos múltiplos produtos que oferece.<br />
A professora Carmélia Barbosa Régis, de Campo Formoso, Bahia, em<br />
281
entrevista ao “Correio da Manhã”, de 22.1.1959, enumera 48 produtos que<br />
podem ser extraídos dessa planta. “Doces os mais variados feitos do fruto<br />
do umbuzeiro, a farinha da raiz, bebida feita com o caroço torrado e moído,<br />
gelatin<strong>as</strong>, umbuzad<strong>as</strong>, acetona, torta para animais, água medicinal da raiz,<br />
extrato semelhante ao de tomate, vinagre, vinho e outros produtos”.<br />
O fato de serem conseguid<strong>as</strong> tant<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> úteis aconselha a organização<br />
de um programa para estudar a reprodução, a seleção de tipos com frutos<br />
industrializáveis, a cultura racional e, em instalações pilotos junto aos campos<br />
experimentais, testar a fabricação econômica dos subprodutos possíveis. O<br />
aproveitamento do umbuzeiro, bem como de outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, está impondo<br />
uma pesquisa séria e intensiva, com equipes de especialist<strong>as</strong>, tendo à<br />
sua disposição os recursos e <strong>as</strong> instalações apropriad<strong>as</strong>, no habitat dess<strong>as</strong><br />
plant<strong>as</strong>.<br />
Sem dúvida, a xerófila citada é uma fonte de divers<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong><br />
que os Institutos Agronômicos e Tecnológicos do <strong>Nordeste</strong> poderão investigar,<br />
tendo em vista a elaboração de bens de consumo, cujos processos divulgados<br />
estimulariam os investimentos de capitais privados para a criação<br />
de nov<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>.<br />
282
Foto 33 - Árvore do umbuzeiro, nativa, em solo de formação arqueana na<br />
caatinga baiana, Itiuba<br />
Foto 34 - Umbuzeiro com folh<strong>as</strong> e flores após <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, na caatinga.<br />
Açude Jacurici-Itiúba-Bahia.<br />
283
284<br />
Foto 35 - Ramos, folh<strong>as</strong> e flores de umbuzeiro, no mês de dezembro, na caatinga baiana.
5.9 - Os Bosques de Algaroba<br />
Habitat - A área de ocorrência da algaroba abrange qu<strong>as</strong>e tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />
regiões quentes d<strong>as</strong> Améric<strong>as</strong>. Originária do Chile, espalhou-se pelo Peru,<br />
México, Sudoeste dos Estados Unidos, <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il, Índia, África<br />
do Sul e Austrália.<br />
Foi introduzida também na Jamaica, no Havai e outr<strong>as</strong> regiões chuvos<strong>as</strong>.<br />
A algaroba (Prosopis juliflora) é uma árvore muito parecida com a<br />
nossa jurema; tem folh<strong>as</strong> miúd<strong>as</strong>, é sempre verde, 4m de altura e vagens de<br />
10 a 20cm. Denomina-se o mesquite, nos Estados Unidos, c<strong>as</strong>haw na<br />
Jamaica e algaroba na América do Sul. É uma xerófila que não perde <strong>as</strong><br />
folh<strong>as</strong> na seca, vegeta em solos argilosos, piçarrentos ou arenosos, dá boa<br />
lenha e estac<strong>as</strong>, cobre terrenos erodidos e su<strong>as</strong> vagens são alimento concentrado<br />
para os animais. O poder inv<strong>as</strong>or e de resistência à seca da algaroba<br />
tem dado motivo a opiniões contrári<strong>as</strong> ao seu plantio, sob a alegação<br />
de que é uma praga, como aconteceu no deserto norte-americano. Julgamos<br />
que essa leguminosa é útil ao <strong>Nordeste</strong> como forrageira, no melhoramento<br />
dos p<strong>as</strong>tos, como florestadora dos terrenos baldios, erodidos e impróprios<br />
para lavoura e como planta da cobertura d<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> desnud<strong>as</strong>.<br />
As superfícies adequad<strong>as</strong> a essa planta, no sertão, no seridó, no agreste<br />
e na caatinga, são muito extens<strong>as</strong>. As plantações já existentes, em diversos<br />
tipos de solo, demonstram a boa adaptação dessa planta ao nosso<br />
meio.<br />
Além da lenha e da estaca, da folhagem, como rama, para o gado, o<br />
seu verdadeiro valor está n<strong>as</strong> vagens e n<strong>as</strong> sementes, como alimentos concentrados.<br />
A vagem compõe-se de epicarpo (cobertura), do mesocarpo<br />
(polpa doce) e do endocarpo (sementes). Nem tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> sementes são digerid<strong>as</strong><br />
pelos animais e, saindo inteir<strong>as</strong> n<strong>as</strong> fezes, são propagad<strong>as</strong> nos<br />
p<strong>as</strong>tos.<br />
Composição (54) - Análise da vagem da algaroba procedida no Instituto<br />
de Química Agrícola.<br />
285
Umidade ........................... 17,02% Minerais ............. 3,75%<br />
Proteína ............................. 12,93% Fósforo em P 2 0 5 .. 0,51%<br />
Ext. não azotado ................ 43,16% Cálcio em CaO... 0,68%<br />
Fibr<strong>as</strong> ................................ 19,08% Relação nutritiva . 1:8<br />
286<br />
Análise do feno da algaroba:<br />
Umidade ........................... 18,43% Fibr<strong>as</strong> ................. 28,25%<br />
Proteína ............................. 13,56% Minerais ............. 5,77%<br />
Extrato etéreo .................... 4,30% Fósforo em P 2 0 5 .. 0,42%<br />
Ext. não azotado ................ 29,69% Cálcio em CaO... 1,86%<br />
Outr<strong>as</strong> análises químic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> vagens revelam o seguinte (55) :<br />
Vagem Cinz<strong>as</strong> Gord. Prot. Fibr<strong>as</strong> Ext. não<br />
seca azotado<br />
Havai 100 3,7 0,7 10,2 26,8 58,6<br />
Arizona 100 4,8 2,7 13,5 26,2 52,8<br />
Califórnia 100 4,5 1,2 10,9 25,6 57,8<br />
New México 100 3,6 2,6 12,8 33,6 47,4<br />
Ensaios - Garcia e Foster (56) demonstraram, em experiênci<strong>as</strong>, que a vagem<br />
da algaroba, como alimento para porcos, vale 80 cents por 100 libr<strong>as</strong><br />
de peso, enquanto que o milho vale 1,50 dólares por 100 libr<strong>as</strong>. Eles estimaram<br />
que a vagem inteira apresenta os seguintes nutrientes digestíveis por 100<br />
libr<strong>as</strong>: Proteín<strong>as</strong> 8,34 libr<strong>as</strong>; Carboidratos 54,02 libr<strong>as</strong> e gordur<strong>as</strong> 2,4<br />
libr<strong>as</strong>.<br />
No Havai, L. A. Henke (57) concluiu que <strong>as</strong> vagens moíd<strong>as</strong> de algaroba,<br />
para alimentar porcos, apesar de bo<strong>as</strong>, não eram iguais à ração padrão da<br />
zona de milho. No arizona, David Griffiths (58) registrou a voracidade com<br />
que todos os animais comem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e <strong>as</strong> vagens da mesquite, no verão e
no inverno. E. V. Wilcos (59) estabeleceu que a algaroba é reconhecida como<br />
uma d<strong>as</strong> mais valios<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong> introduzid<strong>as</strong> do território do Havai. As<br />
vagens desintegrad<strong>as</strong> são bo<strong>as</strong> até para <strong>as</strong> aves.<br />
A preparação de xarope comercial (melado) d<strong>as</strong> vagens é feito pela<br />
moagem, fervura em água, filtração e evaporação para a concentração desejada.<br />
O extrato em água quente contém 19,6% de matéria sólida da vagem e,<br />
do extrato, 53% sucrose.<br />
Em média, uma vagem recém-colhida pesa 4 gram<strong>as</strong> e, depois de sêca<br />
ao ar, pesa 3 gram<strong>as</strong> (com 10% de umidade). A produção, por árvore e por<br />
ano, varia de um país a outro. W.R. Brown (60) cita que, no Norte da Índia,<br />
uma algaroba de bom rendimento produz 80kg de vagens; que um acre (0,4ha)<br />
de algaroba rende 800kg de vagens por ano e que um trabalhador do Novo<br />
México colheu, em um dia, 60 quilos de vagens.<br />
E. V. Wilcox diz que <strong>as</strong> vagens de algaroba, colhid<strong>as</strong> por mulheres e<br />
meninos, no Havai, foram vendid<strong>as</strong> a 7,59 e 10,00 dólares por tonelada.<br />
Mud<strong>as</strong> - A formação de mud<strong>as</strong> de algaroba consiste em colocar <strong>as</strong> sementes<br />
na sementeira, depois de serem esfregad<strong>as</strong> na areia para facilitar a<br />
penetração da umidade no tegumento. É possível obter a germinação d<strong>as</strong><br />
sementes com 10 di<strong>as</strong>. Com 5cm de altura, <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> são transplantad<strong>as</strong><br />
para os blocos de torrão paulista ou para v<strong>as</strong>os. Quando el<strong>as</strong> têm 20cm, nos<br />
meses chuvosos, os plantios são feitos em cov<strong>as</strong> distanciad<strong>as</strong> de 3 x 3m, nos<br />
bosques florestais de 6 x 6m, nos p<strong>as</strong>tos arbóreos. Se os p<strong>as</strong>tos têm capins<br />
e espécies de rama, a distância será muito maior, cerca de 10m ou nos “claros”<br />
existentes.<br />
P<strong>as</strong>tos - Reputamos a algaroba de grande valor no melhoramento dos<br />
p<strong>as</strong>tos nordestinos. Nesse c<strong>as</strong>o, devem-se dividir <strong>as</strong> grandes “mang<strong>as</strong>” em<br />
campos menores para facilitar o p<strong>as</strong>toreio rotativo, colocar um bebedouro<br />
entre cada dois p<strong>as</strong>tos, arrancar a vegetação ruim, deixando <strong>as</strong> árvores e os<br />
arbustos de rama, semear capins e leguminos<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, no inverno, plantar<br />
algarob<strong>as</strong>, caatingueir<strong>as</strong> e sabiás, em larg<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> manch<strong>as</strong> descobert<strong>as</strong>,<br />
sem causar excessivo sombreamento e deixar o p<strong>as</strong>to “descansar”<br />
287
dois anos. Assim, ficarão formados a macega e grande volume de rama; o<br />
controle do número de animais, no inverno e no verão, garantirá a germinação<br />
d<strong>as</strong> sementes e a brotação d<strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, sem desnudar o solo.<br />
A algaroba, como rama, é empregada também n<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de palma<br />
misturad<strong>as</strong> com os capins, para tornar a ração mais rica de nutrientes. Em<br />
semelhante combinação, essa leguminosa será plantada na distância de 20 x<br />
20m.<br />
A produção de mud<strong>as</strong> e os plantios têm sido feitos pelos agrônomos do<br />
Serviço Florestal, João Nogueira G. de Matos e Paulo Botelho; o trabalho<br />
em maior escala está sendo realizado pelo Dr. Guilherme de Azevedo, no Rio<br />
Grande do Norte.<br />
Os pequenos plantios do S. A. I. foram feitos com sementes e mud<strong>as</strong><br />
cedid<strong>as</strong> pelos agrônomos Carlos Faria e Fernando Melo.<br />
Ultimamente, o engenheiro-agrônomo C. B. Tigre, chefe da Comissão<br />
de Reflorestamento do Dnocs, está distribuindo sementes e mud<strong>as</strong> dessa<br />
leguminosa.<br />
288
Foto 36 - Bosque de algarob<strong>as</strong> no sertão da Paraíba<br />
Foto 37 - Galho de algaroba com flores<br />
289
290<br />
5.10 - O faveleiro ou favela<br />
Ecologia - As condições especiais do clima e do solo nordestino determinaram<br />
<strong>as</strong>sociação florístic<strong>as</strong> ou vegetações típic<strong>as</strong> onde, entre muit<strong>as</strong> espécies,<br />
sobressaem plant<strong>as</strong> de grande valor econômico.<br />
A combinação de fatores meteorológicos, agrológicos e biológicos resultou<br />
na formação de um ambiente ecológico ou região quente e periodicamente<br />
seca com nuances intern<strong>as</strong> da variação ecológica conhecid<strong>as</strong> como<br />
regiões denominad<strong>as</strong> sertão, caatinga, agreste, seridó, etc. sem querer falar<br />
n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> e nos litorais.<br />
A grande “zona” interior vulgarmente chamada sertão, m<strong>as</strong> que, ecologicamente,<br />
os cientist<strong>as</strong> dividiram em sertão típico, caatinga, agreste, seridó,<br />
etc, por causa de diferenç<strong>as</strong> n<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações florístic<strong>as</strong>, topografia, solos e<br />
outros fatores, é uma zona sem similar no mundo pel<strong>as</strong> su<strong>as</strong> característic<strong>as</strong>, é<br />
um imenso laboratório botânico onde a inteligência do nordestino foi buscar<br />
grandes riquez<strong>as</strong> e nov<strong>as</strong> comodidades para a civilização em matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong><br />
vegetais extraíd<strong>as</strong> da carnaúba, da oiticica, do algodão mocó, da maniçoba,<br />
do caroá, para citar somente <strong>as</strong> de maior importância.<br />
Muit<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> de valor econômico esperam a sua vez de entrar<br />
para o rol d<strong>as</strong> “importantes” e, entre el<strong>as</strong>, podemos citar o faveleiro, o “matap<strong>as</strong>to”<br />
(forrageira seca contém 17% de proteína), o “pega-pinto roxo” (seco<br />
contém 49% de proteína), o “engorda-magro” (seco contém 22% de proteína),<br />
o cumaru, o pinhão-bravo, o umbuzeiro, etc.<br />
O faveleiro ou favela (Cnidosculos phyeacanthus, Martius), cujo estudo<br />
foi iniciado em 1937 pelo botânico Phylipp von Luetzelburg, é uma árvore<br />
de 3 a 5m de altura, espinhenta, da família d<strong>as</strong> euforbiáce<strong>as</strong>, que vegeta na<br />
caatinga e no sertão de solo seco, pedregoso, sem humo, sem cobertura<br />
protetora, exposta à forte irradiação e calor médio de 25 graus, em <strong>as</strong>sociação<br />
com pinhão bravo, maniçob<strong>as</strong>, marmeleiros, pereiro, xique-xique e cançanção.<br />
Ela aparece em grande quantidade no sertão e caating<strong>as</strong> do Piauí, Ceará,<br />
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia.
Luetzelburg, que mais estudou o xerofilismo da vegetação nordestina,<br />
esclareceu, com os seus trabalhos, ainda não publicados, a razão por que <strong>as</strong><br />
plant<strong>as</strong> resistem à seca e ressurgem fisiologicamente com folh<strong>as</strong>, flores e frutos,<br />
mal aparecem <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.<br />
Além da queda d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, diminuição de superfície folhear, proteção dos<br />
estomatos com pelos contra o excesso de evaporação, abundância de cortiça<br />
no caule, etc. há ainda outro meio mais eficaz de o vegetal lutar contra a<br />
seca e que é o armazenamento de reserv<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong> em form<strong>as</strong> disfarçad<strong>as</strong><br />
no caule e n<strong>as</strong> raízes (xilopódios, raízes engrossad<strong>as</strong>, tubérculos).<br />
O faveleiro, demonstrou aquele botânico, como outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>,<br />
possui raízes tuberculad<strong>as</strong>, xilopódios, com reserv<strong>as</strong> alimentares elaborad<strong>as</strong><br />
durante <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> mediante a fotossíntese n<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e minerais absorvidos<br />
pel<strong>as</strong> raízes; ess<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> acumulam-se nos órgãos subterrâneos para manutenção<br />
do vegetal na seca e permitir o aparecimento de nov<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, flores<br />
e frutos.<br />
As raízes, engrossad<strong>as</strong>, tuberculad<strong>as</strong>, são revestid<strong>as</strong> externamente de<br />
camad<strong>as</strong> suberosa forte, impregnada de suberina gordurosa, impermeável, e<br />
internamente contém um líquido viscoso composto de amido, água, ácidos<br />
orgânicos, mucilagem, cristais de oxalato de cálcio, carbonatos, fosfatos e<br />
açúcares diversos.<br />
Assim, <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> do sertão são previdentes, guardando seus alimentos<br />
para <strong>as</strong> époc<strong>as</strong> de esc<strong>as</strong>sez. O matuto precisa também aprender com <strong>as</strong><br />
árvores a armazenar reserv<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong> para atravessar a seca.<br />
A favela floresce em janeiro e fevereiro e os frutos estão maduros de<br />
maio a julho.<br />
As flores são hermafrodit<strong>as</strong>, branc<strong>as</strong>, de 4mm de diâmetro e em cachos;<br />
os frutos são deiscentes e <strong>as</strong> sementes têm alguma semelhança com a da<br />
mamona.<br />
A árvore, cortada em qualquer parte, exuda uma seiva branca, semelhante<br />
a um látex, pegajosa, e que, uma vez seca, se torna quebradiça.<br />
291
Composição - O faveleiro é uma árvore de grande valor industrial por<br />
causa de su<strong>as</strong> sementes oleaginos<strong>as</strong> e alimentíci<strong>as</strong>. O químico Luiz Augusto<br />
de Oliveira e os agrônomos Manoel Aldes de Oliveira e Roberto Carvalheira,<br />
do Serviço Agroindustrial, em São Gonçalo, fizeram os estudos dessa<br />
planta; <strong>as</strong> análises do laboratório nos deram o teor do óleo su<strong>as</strong> característic<strong>as</strong><br />
e a composição alimentícia da torta.<br />
Análise do óleo<br />
Óleo extraído d<strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong> c/solvente ................................ 51,9%<br />
Índice de saponificação ........................................................ 192,6<br />
Índice de acidez ................................................................... 0,67<br />
Acidez ácido oleico ............................................................. 0,38<br />
Densidade 15% ................................................................... 0,9226<br />
Índice de refração nD20 ...................................................... 1,4718<br />
O óleo é fino, cor semelhante à da água e pode ser usado para alimentação,<br />
pois o flagelado come a semente quebrada com farinha.<br />
Análise da torta<br />
Umidade ............................................................................ 2,98%<br />
Matéri<strong>as</strong> minerais ................................................................ 8,32%<br />
CaO................................................................................... 0,68%<br />
P 2 0 5 (anidro fosfórico) ........................................................ 4,28%<br />
Proteín<strong>as</strong> ............................................................................ 66,31%<br />
Açúcares reduzidos (glicose) ............................................... 3,58%<br />
O engenheiro-agrônomo Hugo Smidt escreveu o interessante trabalho<br />
“Farelo do caule da favela”, publicado pela Secretaria da Agricultura, de<br />
Pernambuco, em 1953.<br />
292<br />
Permitimo-nos a liberdade de transcrevê-lo aqui:<br />
“A seca está afligindo o nordestino. O sertanejo pernambucano, mais do<br />
que os seus irmãos da zona denominada “Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong>”, sente, atualmente,<br />
os efeitos maléficos decorrentes da falta de inverno.
“A crise reinante é muito séria e somente a açudagem, n<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> melhor<br />
servid<strong>as</strong> pelo armazenamento d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, vem <strong>as</strong>sinalando certos centros<br />
rurais onde a situação não é desesperadora.<br />
“Embora esses reservatórios constituam sustentáculos de cultur<strong>as</strong> alimentares<br />
mantid<strong>as</strong> à custa da irrigação, mal chegam para atender <strong>as</strong> necessidades<br />
mínim<strong>as</strong> de delimitad<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> adjacentes.<br />
“Durante essa quadra aflitiva, o rebanho sertanejo entra em declínio pela<br />
esc<strong>as</strong>sez de forragem e o criador nordestino apela para a sua própria inteligência<br />
ou curiosidade, lançando mão dos parcos elementos vegetais que ainda<br />
lhe restam na “caatinga” ressequida, e foi nessa ânsia de sobrevivência<br />
que se idealizou o farelo do caule da faveleira para a alimentação do gado.<br />
“O Sr. Estanislau Chaves, homem observador e fazendeiro domiciliado<br />
no distrito de Algodões, município de Sertânia, tendo verificado que a rês<br />
faminta roía a faveleira, não teve dúvida em preparar o farelo do caule dessa<br />
planta tão bem conhecida dos sertanejos.<br />
“Administrou-o aos animais, primeiramente sob ração misturada com o<br />
caroço de algodão, e, logo mais, isoladamente, obtendo excelente resultado,<br />
positivado pelo aumento do peso, fartura de leite, melhoramento do pelo e<br />
da sanidade do rebanho.<br />
Tabela 65 - Análises comparativ<strong>as</strong> dos farelos da faveleira<br />
e da c<strong>as</strong>ca do caroço do algodão<br />
Mat. Orig. Mat. Seca C<strong>as</strong>ca Caroço<br />
100 o C algodão<br />
Umidade 7,72 - 9,3 - 9,4<br />
Mat. seca 92,28 100 90,6<br />
Proteína 4,15 4,50 3,9<br />
Mat. graxa 0,75 0,81 0,90<br />
Mat. Mineral 1,83 1,98 2,5<br />
Mat. Fibrosa 28,00 30,34 46,6<br />
Ext. não azotado 57,55 62,37 36,7<br />
Fonte: Smidt, M. farelo do caule da favela, 1953<br />
293
“Os dados acima, registrados através da análise procedida em São Paulo,<br />
são b<strong>as</strong>tante elucidativos da semelhança constatada entre o farelo do caule<br />
da faveleira e o da c<strong>as</strong>ca do caroço de algodão, notando-se, porém, que<br />
este último é mais rico em substânci<strong>as</strong> minerais, circunstância prevista de vez<br />
que provém de uma semente, parte vegetal incontestavelmente mais rica,<br />
principalmente em fósforo.<br />
“Entretanto, é muito significativo que o farelo da faveleira se apresente<br />
superior quanto a dois índices de grande importância, isto é, maior quantidade<br />
de extrativos não azotados e menor quantidade de matéria fibrosa.<br />
“Devidamente consultado sobre o <strong>as</strong>sunto em foco, o Dr. Plínio Brotero<br />
Junqueira, técnico em forrageamento, prestou-nos os esclarecimentos que se<br />
seguem:<br />
“A c<strong>as</strong>ca do caroço de algodão é extensivamente usada nos Estados<br />
Unidos como alimento para o gado, n<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> afligid<strong>as</strong> pela seca. Nos Estados<br />
Unidos, a mistura de 20% de farelo de torta de caroço de algodão e 80%<br />
de c<strong>as</strong>ca de caroço de algodão, é muito usado para alimentação e mesmo<br />
engorda do gado, em regiões onde existe abundância dess<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>. Similarmente,<br />
aconselharíamos a mistura de farelo de caroço de algodão com o<br />
farelo de favela, também n<strong>as</strong> proporções de 20 e 80%, como alimento muito<br />
bom para o gado no <strong>Nordeste</strong>, n<strong>as</strong> regiões afetad<strong>as</strong> pela seca.<br />
“Valendo-nos do trabalho denominado “Flora da Bahia”, de A.Ignácio<br />
de Menezes, este descreve a planta da seguinte maneira: “A favela ou faveleira,<br />
(Cnidosculus Phyllacanthus, Martius) é uma Euforbiácea, arbórea d<strong>as</strong><br />
caating<strong>as</strong>.<br />
“Tem folh<strong>as</strong> long<strong>as</strong>, de bordos irregulares; flores alv<strong>as</strong>, em pequenos cachos<br />
axilares e terminais; fruto cápsulo edule. Seu látex urente exacerbando a<br />
dor provocada pelos abundantes espinhos, d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e dos ramos, é combustível,<br />
alimenta <strong>as</strong> candei<strong>as</strong> e é balsâmico; é conhecido como “Bálsamo do<br />
Vaqueiro”; o gado come <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e o cortex; os porcos, <strong>as</strong> raízes e os galinaceos<br />
<strong>as</strong> sementes.<br />
“Como sabemos, a favela ou faveleira é planta nativa da “caatinga” do<br />
sertão, e eis aqui esta comunicação aos fazendeiros dessa região, sobre essa<br />
294
ação, boa e barata, que poderá ser feita na própria fazenda com o uso<br />
apen<strong>as</strong> de um “rodete” destinado a triturar o caule da favela, cujo farelo,<br />
misturado com o do caroço de algodão, dá uma boa ração de emergência<br />
para a época que atravessamos”.<br />
Estudos - Cultura - Industrialização - O químico Jayme Santa Rosa, estudioso<br />
d<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, fez estudos da semente do faveleiro e os resultados<br />
interessantes foram publicados na “Revista de Química Industrial” e em separata.<br />
O óleo do faveleiro é o substituto do de oliveira; já comemos salada<br />
de hortaliç<strong>as</strong>, preparada com o azeite da favela, e não notamos diferença de<br />
gosto. Em 1954, o Br<strong>as</strong>il importou 15.279 tonelad<strong>as</strong> de azeite de oliveira, no<br />
valor total de Cr$ 482.472.000,00.<br />
Os extensos favelais do interior do Piauí, da Paraíba, do Rio Grande do<br />
Norte, de Pernambuco e da Bahia podem servir para os primeiros estudos<br />
dos tipos mais produtivos, indeiscentes, observações dos solos adequados,<br />
etc. e fornecer o material para os ensaios industriais.<br />
Depois, virão <strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> mais complex<strong>as</strong>, em campos experimentais,<br />
nos laboratórios, n<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> e os esclarecimentos d<strong>as</strong> questões de mercados:<br />
interno e externo. Para o início do consumo no país, podem ser utilizad<strong>as</strong><br />
<strong>as</strong> bag<strong>as</strong> dos bosques naturais. O teste nacional poderia ser promovido<br />
pel<strong>as</strong> atuais fábric<strong>as</strong> de óleo, mediante limitado auxílio do governo e cooperação<br />
dos técnicos; a tentativa sondaria <strong>as</strong> chances do consumo, a aceitação<br />
e o futuro do óleo e da torta, na alimentação humana. Há anos, o Serviço<br />
Agroindustrial entregou à Fábrica “Br<strong>as</strong>il-Oiticica” du<strong>as</strong> tonelad<strong>as</strong> de sementes<br />
de faveleiro, provenientes do seridó; o óleo e a torta resultantes foram<br />
enviados para os Estados Unidos; não lemos a carta de resposta, m<strong>as</strong> o<br />
gerente, de então, nos informou que a firma, com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> ocupações com a<br />
oiticica, a mamona e o caju, não poderia cuidar do <strong>as</strong>sunto.<br />
A pesquisa agrícola terá de ser paralela à da indústria e à dos <strong>as</strong>suntos<br />
econômicos.<br />
Dotado de grande resistência à secura, prestando-se ao reflorestamento<br />
de v<strong>as</strong>t<strong>as</strong> extensões erodidos e proporcionando o óleo e torta de alto valor<br />
energético para o povo, o faveleiro é, talvez, o vegetal de maior importância<br />
econômica, no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong>.<br />
295
296<br />
Foto 38 - Bosque de faveleiros nativos no sertão da Paraíba.<br />
Foto 39 - Galhos, folh<strong>as</strong> e frutos do faveleiro.
5.11 - Licuri<br />
A palmeira licuri (Syagrus coronata) é nativa dos municípios baianos de<br />
Jaguarari, Bonfim, Carrapichel, Pindobaçu, Saúde, Caldeirão Grande, Caié,<br />
Jacobina, Itiuba, Cansanção, Monte Santo, Queimad<strong>as</strong>, Miguel Calmon, Campo<br />
Formoso, Jacuípe e outros.<br />
Esta Palmeira prefere o agreste e a caatinga úmida (com epifit<strong>as</strong>), solo<br />
silicoso e vegeta em <strong>as</strong>sociação com o icó, mandacaru, c<strong>as</strong>satinga, facheiro,<br />
pau-de-rato, umbu, barriguda, azedinha e a palma forrageira; tem raízes profund<strong>as</strong><br />
e vida longa.<br />
A árvore demora 6 anos para produzir os primeiros cachos de frutos. A produção<br />
diminui após uma seca intensa; de 10 em 10 anos, dá uma grande safra.<br />
A colheita dos cachos do licuri é trabalho d<strong>as</strong> gentes pobres; os fazendeiros<br />
não se interessam por essa extrativa.<br />
O Sr. Augusto Rotter, da fábrica de óleo de Bonfim, informou-nos que, em<br />
média, uma palmeira de licuri produz, por ano, dois quilos de amêndo<strong>as</strong>, com<br />
45% a 60% de óleo. Quando falta trabalho, os homens, <strong>as</strong> mulheres e os<br />
meninos colhem os cachos, nos meses de abril a julho, quebram os coquilhos<br />
com um macete de madeira dura e vendem <strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong> à razão de Cr$ 16,00<br />
a Cr$ 28,00 por quilo, conforme <strong>as</strong> cotações do mercado.<br />
Os cachos do licurizeiro são cortados, secados e debulhados os seus coquilhos;<br />
estes são desc<strong>as</strong>cados manualmente com du<strong>as</strong> pedr<strong>as</strong> ou um machado<br />
e um martelete de pau; uma pessoa obtém 6 a 7 quilos de amêndo<strong>as</strong>, por<br />
dia. Ao preço de Cr$ 20,00 cada quilo de amêndoa, um operário poderá<br />
perfazer Cr$ 120,00 a Cr$ 140,00, por dia.<br />
As famíli<strong>as</strong> colhedor<strong>as</strong> não vendem <strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong> diretamente às fábric<strong>as</strong>,<br />
m<strong>as</strong> aos intermediários, n<strong>as</strong> feir<strong>as</strong>, onde vão comprar os artigos para su<strong>as</strong> necessidades.<br />
As famíli<strong>as</strong> mais operos<strong>as</strong>, com <strong>as</strong> quais conversamos, conseguem uma<br />
renda de 2.000 a 3.000 cruzeiros semanais, na época da safra.<br />
A safra baiana de licuri tem variado de 2.000 a 4.000 tonelad<strong>as</strong> anuais. Os<br />
fabricantes de óleo de licuri dizem que o progresso da indústria depende de:<br />
297
298<br />
1) Não aumentar os Impostos;<br />
2) Auxílio, na importação de máquin<strong>as</strong>;<br />
3) Aliviar o ágio na b<strong>as</strong>e da exportação do óleo;<br />
4) Crédito bancário.<br />
Alegam ainda os mesmos industriais que é melhor trabalhar com <strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong><br />
do licuri do que com <strong>as</strong> bag<strong>as</strong> da mamona, pois há mais competição no<br />
comércio da última.<br />
Tabela 66 - Produção de coquinhos e óleo de licuri, Bahia<br />
Anos Coquinhos Ton. Óleo Ton.<br />
1945 2.703 54<br />
1946 3.731 30<br />
1947 2.746 10<br />
1948 4.485 179<br />
1949 2.600 607<br />
1950 3.056 825<br />
1951 2.803 543<br />
1952 2.811 232<br />
1953 1.945 292<br />
1954 1.640 258<br />
1955 1.906 405<br />
1956 2.088 ?<br />
Fonte: “A indústria de óleos, cer<strong>as</strong> e gordur<strong>as</strong> vegetais no Polígono d<strong>as</strong><br />
sec<strong>as</strong>” - ETENE - BNB.<br />
As amêndo<strong>as</strong> de licuri eram, em parte, exportad<strong>as</strong> para o sul do país e<br />
também industrializad<strong>as</strong> na Bahia; a tendência é beneficiar toda a amêndoa<br />
localmente, para economizar frete e ter a torta para a alimentação dos suínos e<br />
dos bovinos.<br />
Os preços da amêndoa e do óleo têm subido muito nos últimos anos, por<br />
causa da inflação e da fabricação de sabonetes, porém <strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> pobres que<br />
colhem e desc<strong>as</strong>cam os coquilhos não têm participado dessa melhoria de preço.<br />
Por esse motivo, não há estímulo para o aumento da safra; os rurícol<strong>as</strong><br />
somente se dedicam a beneficiar o licuri, quando não há outro serviço mais<br />
rendoso.
A palmeira do licuri também produz cera na folha, porém somente num de<br />
seus lados.<br />
A extração é feita mediante o corte d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, separação do talo ou nervura<br />
central, enfeixamento em molhos de 100 folh<strong>as</strong>, e transporte da caatinga<br />
para c<strong>as</strong>a; r<strong>as</strong>pagem do limbo verde da folha (sem secar) com uma faca e<br />
venda do pó n<strong>as</strong> feir<strong>as</strong>.<br />
Esse serviço é feito por mulheres, mocinh<strong>as</strong> e meninos. Os grupos de mulheres<br />
que entrevistamos disseram que, em média, são necessári<strong>as</strong> 16 hor<strong>as</strong> de<br />
trabalho para cortar <strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, transportar e r<strong>as</strong>par um quilo de cera. Na b<strong>as</strong>e<br />
do salário mínimo atual, ess<strong>as</strong> 16 hor<strong>as</strong> valem Cr$ 200,00. Cada quilo de cera<br />
em Bonfim é vendido por Cr$ 100,00. Desse modo, o salário diário de cada<br />
mulher era de Cr$ 50,00.<br />
A cera do licuri é, também, usada para a fabricação do papel carbono, de<br />
graxa para sapatos, para móveis, para pintur<strong>as</strong> de automóveis. A exportação<br />
dessa cera começou em 1935.<br />
Tabela 67 - Produção e valor da cera de licuri<br />
Anos Tonelad<strong>as</strong> Cr$ 1.000<br />
1945 1.538 28.715<br />
1946 2.387 84.167<br />
1947 2.131 51.599<br />
1948 1.498 37.572<br />
1949 1.580 26.146<br />
1950 1.560 31.749<br />
1951 1.970 44.484<br />
1952 2.405 56.926<br />
1953 3.450 82.601<br />
1954 1.780 43.039<br />
1955 510 17.856<br />
1956 418 ?<br />
Fonte: “A indústria de óleos, cer<strong>as</strong> e gordur<strong>as</strong> vegetais no Polígono d<strong>as</strong><br />
Sec<strong>as</strong> - ETENE-BNB”.<br />
299
Os baianos informam que, quando se extraem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, o licurizeiro demora<br />
dois anos para produzir os coquilhos. Depois de r<strong>as</strong>pada a cera, os<br />
limbos d<strong>as</strong> fôlh<strong>as</strong> são postos a secar ao sol, branqueados pela luz e são<br />
usados na confecção de bols<strong>as</strong>, de cest<strong>as</strong>, de chapéus, de espanadores, etc.<br />
Desse artesanato vivem milhares de famíli<strong>as</strong>.<br />
300<br />
Outr<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong><br />
Sobre <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> do sisal e do caroá aconselhamos os interessados a<br />
lerem <strong>as</strong> excelentes monografi<strong>as</strong>:<br />
O Caroá - engenheiro-agrônomo Lauro Xavier.<br />
Sisal - (Problem<strong>as</strong> econômicos) - Vol I - Econ. Jader F. Andrade e H.<br />
Scholz - BNB-Etene - 1957.<br />
Sisal - (Problem<strong>as</strong> técnicos) - Vol II - H. Scholz - BNB-Etene - 1959.
Foto 40 - Licurizeiros nativos, em solo arenoso, entre Itiúba e Cansanção<br />
- Bahia.<br />
Fotot 41 - Cacho de flores do licurizeiro, no mês de dezembro, na caatinga<br />
alta da Bahia.<br />
301
Foto 42 - Cacho de coquilhos do licurizeiro. Dezembro 1959 - caatinga - Bahia.<br />
302
303<br />
Foto 43 - Bahia. Cacho de coquilhos do licurizeiro.<br />
Foto 44 - Bahia. Bonfim a Itiúba. Folh<strong>as</strong> do licurizeiro<br />
para a r<strong>as</strong>pagem da cera.
304<br />
Not<strong>as</strong><br />
1, 2, 3 - Écologie Végétale - Colloque de Montpellier - Pág. 20, 34, 41 -<br />
UNESCO.<br />
4 - Écologie Végétale - Pág. 137 - UNESCO.<br />
5 - Écologie Végétale - Pág. 219 - UNESCO.<br />
6 - Divisão municipal e população conforme “Censos Demográficos -<br />
IBGE”.<br />
7 - Fonte: S. E. P. - M. da Agricultura - Confec. ETENE-BNB<br />
8 - Atl<strong>as</strong> Pluviométrico do Br<strong>as</strong>il - M.A.<br />
9 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong>.<br />
10 - Solos da Bahia - Gregório Bondar.<br />
11 - Serviço de Estatística da Produção - M.A. 12 - Censo Demográfico -<br />
IBGE<br />
13 - Mulching - G.V. Jacks, W. D. Brind, R. Smith. Common-wealth Bureau<br />
of Soil Science.<br />
14 - Mulching - Pág. 16, 17 e 18.<br />
14 - Mulching - Pág. 19 e 30.<br />
15 - Conservação do solo em cafezal - Pág. 62<br />
16 - Boletim de I.N.E.A.C. - Vol. 1 - n o 3 - Set. 1952.<br />
17 - Soil and Men - The Yearbook of Agriculture - Pág. 683.<br />
18 - Water - The Yearbook of Agriculture - 1955 - Pág. 413.<br />
19 - Farmers of Forty Centuries - F.H. King.<br />
20 - Manual de Conservação do Solo.<br />
21 - Apreciação sobre os solos do <strong>Nordeste</strong>- 1950-J. G. Duque.<br />
22 - A Cultura do algodoeiro no Ceará - Dep. Idelfonso Albano - 1918.<br />
23 - O Algodão mocó - Engenheiro-agrônomo Ursulino Veloso - 1957.<br />
24 - Estudos sobre o melhoramento do algodoeiro mocó - engenheiroagronômo<br />
Fernando Melo do N<strong>as</strong>cimento-1957. 25 - O algodão mocó<br />
e o seu melhoramento na Paraíba - Engenheiro-agronomo Carlos Faria -<br />
1940.<br />
26 - Estudo sobre o melhoramento do algodoeiro mocó - Agronômo F. M.<br />
do N<strong>as</strong>cimento - Pág. 19.
27 - Nota preliminar sobre multiplicação por estaquia, do algodoeiro mocó -<br />
Engenheiro F.M. do N<strong>as</strong>cimento.<br />
28 - Cotton - World statistics - Vol 12 - n o 4 - out. nov. 1958.<br />
29 - A exploração da carnaúba - Serv. de Informações - M. A. 1929 -<br />
História do Ceará - R. Giro - Pág. 372-379. O Ceará no Centenário da<br />
Independência do Br<strong>as</strong>il - Dr. T. P. Sousa Br<strong>as</strong>il - 1926 - Pág. 245.<br />
30 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - 3 a . edição - Pág.111 e 112.<br />
31 - Cer<strong>as</strong> vegetais - Boletim n o 11 do Instituto de óleos - 1953 - Pág. 320.<br />
32 - Br<strong>as</strong>il 1939-40 - Pág. 260, 261.<br />
33 - Observações para a cultura da oiticica - Bol. da IFOCS. Vol. 11, n o 1.<br />
34 - Óleos Vegetais Br<strong>as</strong>ileiros - Engenheiro-agrônomo J. B. Morais Carvalho.<br />
35 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - 3 a . edição - Pág. 123 e 124.<br />
36 - Not<strong>as</strong> sobre a indústria de óleos vegetais no Br<strong>as</strong>il J. B. M. Carvalho.<br />
Óleo de oiticica - H. P. Cunha Bahiana - 1930. Vegetable Fats and oils -<br />
George Jamieson - 1932. Óleo de oiticica - Antenor Machado - 1940.<br />
37 - Ensaio preliminar sabre a formação da muda de oiticica. Boletim da<br />
IFOCS - Vol. 9 - n o 1 - 1938 - J. G. Duque-SAI.<br />
38 - Observações para a cultura de oiticica - Bol. da IFOCS Vol. 11, n o 1 -<br />
1939 - J. G. Duque e Paulo de Brito Guerra - SAI.<br />
39 - Cultura da oiticica - Boletim da IFOCS - Vol. 15, n o 2 - 1941 - J. G.<br />
Duque e P. B. Guerra.<br />
40 - Contribuição ao estudo d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong> e molésti<strong>as</strong> da oiticica - Boletim da<br />
IFOCS - Vol. 16 - 1941 - SAI.<br />
41 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - l a . edição - Pág. 73.<br />
42 - Cultura da oiticica - Agrônomo Paulo Guerra - Boletim IFOCS Vol. 15<br />
- n o 1 - 1941.<br />
43 - Relatório-Arquivo do SAI - Solo e Água - 3 a . edição - Pág. 125-6.<br />
44 - Norm<strong>as</strong> para a elaboração da cajuína - 1958 - Publicação da S. do F.<br />
Agrícola.<br />
45 - Plant<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, especialmente do Ceará - 1953.<br />
46 - O óleo do caju e a lepra - Anais do Instituto do <strong>Nordeste</strong>.<br />
47 - Manual of Tropical and Subtropical Fruits -W. Popenoe.<br />
305
48 - Manual of Tropical and Subtropical Fruits -W. Popenoe. Pág. 272 -<br />
Fruticultura Br<strong>as</strong>ileira - S. Decker - Pag. 143.<br />
49 - A Fruticultura no Br<strong>as</strong>il - Engenheiro-agrônomo Fernandes e Silva.<br />
50 - Manual of Tropical and Sub-tropical Fruits -W.Poper:oe.<br />
51 - História Econômica do Ceará - 1947.<br />
52 - O Ceará no Centenário da Independência do Br<strong>as</strong>il - Vol. 11 - 1922 -<br />
Dr. Tomaz. Pompeu de Sousa Br<strong>as</strong>il.<br />
53 - Balanço de águes de plant<strong>as</strong> da Caatinga - Mário G. Ferri.<br />
54 - A cultura da algaroba - Dr. Guilherme de Azevedo (Unitário 7..9.1958).<br />
55 - A chemical and strutural study of mesquite - USDA-Bul. 1.194.<br />
56 - Feeding value of mesquite beans - New México Farm Courier, 4 -<br />
N.9.4.5.<br />
Mesquite beans for pigs fee ding - New México Agr. Exp. Sta. Bul. 17.<br />
57 - The algaroba beam <strong>as</strong> feed for hogs - Annual Report Col. Hawai - Dpt.<br />
Agr. Bul. 5.<br />
58 - Range improvement in Arizona - USDA - Bul. 4.<br />
59 - The algaroba in Hawai - Bul. 26.<br />
60 - The Mesquite, a famine fodder for the Karroo - in J. Dpt. Agric. Union<br />
of South África - 6.<br />
306
Referênci<strong>as</strong><br />
1 - Écologie Végétale - Colloque de Montpellier - UNESCO.<br />
2 - Ecologia Vegetal - J. E. Weaver y F. C. Clemente.<br />
3 - Sociologia Vegetal - J. Braun - Blanquet.<br />
4 - Caating<strong>as</strong> e Chapadões - Engenheiro-agrônomo F. A. Iglési<strong>as</strong>.<br />
5 - Atl<strong>as</strong> Pluviométrico do Br<strong>as</strong>il - M. A.<br />
6 - Balanço d’água de plant<strong>as</strong> da caatinga - Prof. Mário F. Ferri.<br />
7 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - J.G. Duque.<br />
8 - Estudo de Ecologia vegetal e Reflorestamento - Engenheiro-agrônomo<br />
Emmanuel Franco.<br />
9 - Mapa Ecológico da Paraíba - “Paraíba Agrícola” e “União” - Engenheiro-agrônomo<br />
Lauro Xavier.<br />
10 - Regiões Naturais de Pernambuco - Prof. V<strong>as</strong>concelos Sobrinho.<br />
11 - Sergipe e o problema da Seca - Engenheiro Jorge de Oliveira Netto.<br />
12 - Tree crops - A permanent agriculture - J. Russel Smith.<br />
13 - O <strong>Nordeste</strong> - Professor Gilberto Freire.<br />
14 - Agricultura Geral - Professores J.D.Oliveira Di<strong>as</strong> e Humberto Carneiro.<br />
15 - Uma comunidade rural no Br<strong>as</strong>il antigo (Bahia)-Lycurgo Santos Filho.<br />
16 - Folkways - William Grant Summer.<br />
17 - Le progrés Téchnique et la personalité humaine - Professor Emile Girardeau.<br />
18 - Hungry people and empty lands - S. Chandr<strong>as</strong> e Khar.<br />
19 - Extensão agrícola - Engenheiro-agrônomo Miguel Bechara.<br />
20 - Bandeirantes e Pioneiros - Viana Moog.<br />
21 - Tree planting practiee for arid áre<strong>as</strong> - FAO.<br />
22 - The future of Arid Lands - American Association for the Advancment of<br />
Science.<br />
23 - Plant<strong>as</strong> no <strong>Nordeste</strong>, especialmente do Ceará - Professor Renato Braga.<br />
24 - Solos da Bahia - Gregório Bondar.<br />
25 - História Econômica do Ceará - Dr. R. Girão.<br />
26 - A cultura do algodoeiro do Ceará - Dr. Idelfonso Albano.<br />
307
27 - Algodão mocó - Engenheiro-agrônomo Ursulino Veloso.<br />
28 - Estudo sobre o melhoramento do algodoeiro mocó - Engenheiro-agrônomo<br />
F. M. N<strong>as</strong>cimento.<br />
29 - O algodoeiro mocó e o seu melhoramento na Paraíba - Engenheiroagrônomo<br />
Carlos Fari<strong>as</strong>.<br />
30 - Cotton World Statistics - Out. Nov. 1958.<br />
31 - Cer<strong>as</strong> Vegetais - Boletim do Inst. de Óleos.<br />
32 - A exploração da carnaubeira - SIA - M.A.<br />
33 - A Carnaubeira - Engenheiro-agrônomo R. Pimentel Gomes.<br />
34 - Contribuição ao estudo da cera da carnaubeira - Professor Juarez Furtado.<br />
35 - A Carnaubeira - Engenheiro-agrônomo Humberto de Andrade.<br />
36 - A indústria de óleos vegetais no Br<strong>as</strong>il - Engenheiro-agrônomo J. B.<br />
Morais Carvalho.<br />
37 - A indústria de óleos, cer<strong>as</strong> e gordur<strong>as</strong> vegetais no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> -<br />
K. S. Markley - BNB - ETENE.<br />
38 - Observações para a cultura da oiticica - Agrônomo Paulo Guerra -<br />
Boletim IFOCS - Vol. 2 - n o 1.<br />
39 - Oiticica - Engenheiro - agrônomo Cunha Bayma.<br />
40 - Vegetable Fats and Oils - G. Jamieson.<br />
41 - Óleo de Oiticica - Dr. Antenor Machado.<br />
42 - Contribuição ao estudo d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong> e molésti<strong>as</strong> da oiticica -Engenheiroagrônomo<br />
M. A. Oliveira - Boletim da IFOCS - Vol. 16 - n o 1.<br />
43 - Óleo de Oiticica - Dr. H. C. Cunha Bahiana.<br />
44 - Manual of Tropical en Subtropical fruits - W . Popenoe.<br />
45 - Fruticultura Br<strong>as</strong>ileira - S. Decker.<br />
46 - A fruticultura no Br<strong>as</strong>il - Engenheiro-agrônomo Fernandes e Silva<br />
47 - Estudos sobre <strong>as</strong> Maniçob<strong>as</strong> da Bahia em relação ao problema da Seca<br />
- Dr. Leo Zehntner.<br />
48 - O Ceará no Centenário da Independência do Br<strong>as</strong>il - Dr. T. P. Sousa<br />
Br<strong>as</strong>il.<br />
49 - História da Seca - Dr. Tomaz Pompeu Sobrinho.<br />
50 - Manual de estatístic<strong>as</strong> básic<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong> -BNB-ETENE .<br />
308
O NORDESTE E AS<br />
LAVOURAS XERÓFILAS<br />
APÊNDICE (1)<br />
(1) Com o propósito de possibilitar a atualização de algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> informações<br />
contid<strong>as</strong> no presente trabalho, são apresentad<strong>as</strong>, a seguir, divers<strong>as</strong><br />
tabel<strong>as</strong> estatístic<strong>as</strong>. Optou-se por sua publicação em apêndice tendo em<br />
vista respeitar ao máximo o conteúdo e a apresentação originais.<br />
309
310
311<br />
Tabela 1 – Produção de Algodão em Caroço<br />
1957-71<br />
a) Área Cultivada (ha)<br />
ANOS MA PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />
1957<br />
1958<br />
1959<br />
1960<br />
1961<br />
1962<br />
1963<br />
1964<br />
1965<br />
1966<br />
1967<br />
1968<br />
1969<br />
1970<br />
1971<br />
104.366<br />
100.168<br />
116.097<br />
126.345<br />
156.215<br />
166.157<br />
174.994<br />
146.934<br />
150.925<br />
135.059<br />
97.437<br />
104.876<br />
111.055<br />
109.536<br />
106.632<br />
38.409<br />
38.586<br />
47.655<br />
51.170<br />
67.467<br />
70.266<br />
101.661<br />
107.176<br />
121.654<br />
112.907<br />
106.954<br />
116.582<br />
124.041<br />
109.178<br />
104.052<br />
411.467<br />
361.876<br />
406.781<br />
430.517<br />
500.077<br />
568.965<br />
642.268<br />
749.181<br />
876.993<br />
979.447<br />
1.007.136<br />
1.114.758<br />
1.201.181<br />
1.172.334<br />
1.249.615<br />
347.518<br />
345.790<br />
346.880<br />
388.086<br />
403.757<br />
421.713<br />
440.961<br />
469.845<br />
490.361<br />
475.107<br />
495.058<br />
509.977<br />
518.687<br />
485.112<br />
499.809<br />
337.719<br />
331.960<br />
348.859<br />
420.634<br />
438.237<br />
391.159<br />
398.691<br />
395.664<br />
422.307<br />
452.045<br />
469.726<br />
467.159<br />
477.062<br />
483.981<br />
513.111<br />
284.950<br />
343.946<br />
356.503<br />
345.932<br />
351.847<br />
399.415<br />
394.445<br />
394.001<br />
328.491<br />
302.549<br />
348.721<br />
369.112<br />
377.757<br />
363.246<br />
391.128<br />
63.990<br />
76.528<br />
81.023<br />
79.101<br />
87.323<br />
98.943<br />
85.342<br />
80.364<br />
77.462<br />
80.452<br />
80.513<br />
79.150<br />
75.131<br />
52.607<br />
76.070<br />
23.854<br />
23.307<br />
24.085<br />
24.314<br />
26.111<br />
27.645<br />
29.917<br />
23.049<br />
24.592<br />
39.583<br />
40.005<br />
39.079<br />
35.249<br />
23.257<br />
28.774<br />
81.103<br />
79.774<br />
80.67<br />
99.325<br />
108.313<br />
116.244<br />
136.545<br />
146.414<br />
148.861<br />
115.554<br />
122.095<br />
133.202<br />
147.343<br />
154.039<br />
158.322<br />
2.770.653<br />
2.706.543<br />
2.745.592<br />
2.930.361<br />
3.233.779<br />
3.457.857<br />
3.553.766<br />
3.748.597<br />
4.004.444<br />
3.897.709<br />
3.719.805<br />
3.902.238<br />
4.194.676<br />
4.298.573<br />
...<br />
1.693.376<br />
1.701.935<br />
1.807.950<br />
1.965.424<br />
2.139.347<br />
2.260.507<br />
2.404.824<br />
2.512.628<br />
2.641.646<br />
2.692.703<br />
2.767.645<br />
2.933.895<br />
3.067.506<br />
2.953.390<br />
3.127.513<br />
b) Quantidade (t)<br />
1957<br />
1958<br />
1959<br />
1960<br />
1961<br />
1962<br />
1963<br />
1964<br />
1965<br />
1966<br />
1967<br />
1968<br />
1969<br />
1970<br />
1971<br />
37.591<br />
25.522<br />
41.339<br />
46.862<br />
58.425<br />
62.591<br />
69.897<br />
70.470<br />
56.229<br />
30.896<br />
22.232<br />
24.262<br />
36.102<br />
24.826<br />
26.136<br />
17.490<br />
11.724<br />
16.452<br />
19.548<br />
28.148<br />
29.241<br />
40.687<br />
51.342<br />
48.112<br />
25.199<br />
36.906<br />
40.175<br />
37.260<br />
9.879<br />
27.915<br />
160.976<br />
66.569<br />
148.434<br />
175.185<br />
208.795<br />
217.074<br />
253.333<br />
230.172<br />
271.477<br />
245.950<br />
294.679<br />
341.155<br />
333.691<br />
171.898<br />
379.397<br />
94.826<br />
33.287<br />
95.612<br />
119.793<br />
117.923<br />
104.965<br />
128.384<br />
104.273<br />
120.289<br />
96.391<br />
121.784<br />
113.481<br />
105.386<br />
54.924<br />
110.513<br />
106.111<br />
73.720<br />
110.077<br />
168.403<br />
149.691<br />
130.662<br />
151.075<br />
112.625<br />
160.398<br />
117.020<br />
128.116<br />
134.844<br />
131.643<br />
74.815<br />
153.228<br />
78.604<br />
65.517<br />
89.851<br />
100.926<br />
101.523<br />
94.369<br />
97.693<br />
87.466<br />
94.586<br />
86.889<br />
106.038<br />
106.782<br />
102.888<br />
62.580<br />
106.343<br />
19.968<br />
27.224<br />
30.098<br />
31.738<br />
28.523<br />
29.569<br />
22.082<br />
19.044<br />
23.852<br />
22.645<br />
24.790<br />
23.139<br />
20.787<br />
10.419<br />
21.064<br />
8.187<br />
8.018<br />
7.409<br />
8.641<br />
7.812<br />
9.358<br />
8.478<br />
7.425<br />
7.393<br />
11.625<br />
11.499<br />
11.380<br />
9.964<br />
5.037<br />
7.726<br />
29.447<br />
35.860<br />
34.952<br />
46.834<br />
50.789<br />
48.339<br />
60.551<br />
65.072<br />
70.483<br />
60.600<br />
66.711<br />
81.289<br />
95.864<br />
102.537<br />
87.760<br />
1.177.369<br />
1.143.320<br />
1.396.254<br />
1.615.141<br />
1.828.475<br />
1.902.335<br />
1.956.895<br />
1.770.288<br />
1.986.313<br />
1.865.430<br />
1.692.066<br />
1.999.465<br />
2.110.775<br />
1.954.993<br />
...<br />
553.200<br />
357.441<br />
574.224<br />
717.630<br />
750.629<br />
726.168<br />
832.180<br />
747.889<br />
852.819<br />
697.215<br />
812.755<br />
876.507<br />
863.585<br />
516.915<br />
920.082<br />
Fonte: Etea - MA - Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il.<br />
35.522<br />
27.523<br />
8.341
312<br />
Tabela 2 – Produção de Algodão em Caroço<br />
Valor (Cr$ 1.000)<br />
1957-71<br />
ANOS MA PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />
1957<br />
1958<br />
1959<br />
1960<br />
1961<br />
1962<br />
1963<br />
1964<br />
1965<br />
1966<br />
1967<br />
1968<br />
1969<br />
1970<br />
1971 (1)<br />
221<br />
381<br />
493<br />
732<br />
1.349<br />
2.580<br />
3.421<br />
6.183<br />
7.566<br />
5.801<br />
5.181<br />
7.201<br />
8.456<br />
13.312<br />
16.145<br />
112<br />
140<br />
228<br />
400<br />
809<br />
1.496<br />
2.317<br />
8.191<br />
10.122<br />
6.034<br />
11.483<br />
16.292<br />
15.190<br />
6.836<br />
24.297<br />
1.685<br />
1.559<br />
3.154<br />
5.143<br />
7+940<br />
14.142<br />
19.490<br />
48.184<br />
71.872<br />
68.973<br />
113.823<br />
174.034<br />
173.019<br />
173.365<br />
362.464<br />
1.092<br />
855<br />
2.177<br />
3.776<br />
4.776<br />
7.617<br />
11.866<br />
25.830<br />
39.400<br />
32.242<br />
54.778<br />
55.713<br />
56.169<br />
65.625<br />
126.060<br />
Fonte: Etea - MA - (1) Dados sujeitos a retificação.<br />
1.316<br />
1.881<br />
3.000<br />
6.068<br />
6.673<br />
10.954<br />
14.202<br />
25.846<br />
48.694<br />
38.613<br />
60.260<br />
75.402<br />
77.299<br />
87.845<br />
178.834<br />
989<br />
1.518<br />
2.198<br />
3.334<br />
4.277<br />
5.867<br />
8.653<br />
18.532<br />
28.164<br />
26.172<br />
43.931<br />
57.395<br />
54.001<br />
55.951<br />
115.601<br />
215<br />
529<br />
631<br />
865<br />
1.296<br />
1.920<br />
1.820<br />
3.448<br />
6.459<br />
6.297<br />
9.566<br />
10.636<br />
10.363<br />
11.220<br />
9.923<br />
21.276<br />
79<br />
140<br />
155<br />
215<br />
334<br />
646<br />
798<br />
1.315<br />
1.601<br />
2.479<br />
3.669<br />
4.561<br />
4.439<br />
3.925<br />
7.009<br />
211<br />
342<br />
460<br />
974<br />
1.314<br />
2.122<br />
3.300<br />
7.848<br />
13.071<br />
14.239<br />
17.072<br />
27.804<br />
35.253<br />
59.028<br />
70.011<br />
5.920<br />
7.345<br />
12.496<br />
21.507<br />
28.768<br />
47.344<br />
65.867<br />
145.377<br />
226.949<br />
200.850<br />
319.763<br />
429.038<br />
435.046<br />
475.810<br />
941.697<br />
12.844<br />
17.015<br />
25.677<br />
42.775<br />
67.574<br />
103.147<br />
146.875<br />
296.958<br />
493.297<br />
512.287<br />
611.128<br />
915.360<br />
1.048.688<br />
1.343.567<br />
...
313<br />
MICRORREGIÕES<br />
MICROREGIÕ<br />
ES<br />
Fonte: M.A. - Etea.<br />
Tabela 3 – Maranhão<br />
Produção de Algodão em Caroço<br />
1971<br />
Área<br />
( ha)<br />
Quantid<br />
ade<br />
( t)<br />
Valo<br />
r<br />
( Cr$<br />
1.<br />
000)<br />
Baixada Oriental<br />
Maranhense<br />
( 32)<br />
2 2 1<br />
Chapada do<br />
Sul<br />
Maranhense<br />
( 42)<br />
280 240 160<br />
Baixo Bals<strong>as</strong><br />
( 43)<br />
660 323 129<br />
P<strong>as</strong>tos Bons<br />
( 44)<br />
2. 610<br />
609 299<br />
TOTAL 3. 552<br />
1. 174<br />
589
314<br />
MMICRORREGIÕES<br />
ICRO-REGI<br />
ÕES<br />
Fonte: Etea - M.A.<br />
Tabela 4 – Piauí<br />
Produção de Algodão em Caroço<br />
1971<br />
Área<br />
( ha)<br />
Quantid<br />
ade<br />
( t)<br />
Valo<br />
r<br />
( Cr$<br />
1.<br />
000)<br />
Baixo Parnaíba<br />
Piauie<br />
nse<br />
( 45)<br />
112 37 33<br />
Campo Maior<br />
( 46)<br />
219 106 56<br />
Teresina ( 47)<br />
1. 334<br />
291 131<br />
Médio Parnaíba<br />
Piauie<br />
nse<br />
( 48)<br />
2. 487<br />
659 466<br />
Vale nça<br />
do<br />
Piauí<br />
( 49)<br />
459 124 82<br />
Floriano ( 50)<br />
1. 336<br />
489 412<br />
Baixões Agrícola<br />
s Piauie<br />
nses<br />
( 51)<br />
74. 474<br />
17. 632<br />
16.<br />
830<br />
Alto Parnaíba<br />
Piauie<br />
nse<br />
( 52)<br />
69 31 17<br />
Médio Gurguéia<br />
( 53)<br />
2.209<br />
. 209<br />
957 787<br />
Altos Piauí<br />
e Canindé<br />
( 54)<br />
9. 249<br />
3. 363<br />
2.<br />
945<br />
Chap. do<br />
Extremo<br />
Sul<br />
Piauie<br />
nse<br />
( 55)<br />
165 79 59<br />
TOTAL 92. 113<br />
23. 768<br />
21.<br />
818
Fonte: Etea - M.A.<br />
Tabela 5 – Ceará<br />
Produção de Algodão em Caroço<br />
1971<br />
MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />
(Cr$ 1.000)<br />
Litoral de<br />
Camocim<br />
e Acaraú<br />
( 56)<br />
996 336 319<br />
Baixo Médio<br />
Acaraú<br />
( 57)<br />
5. 760<br />
1. 728<br />
1.<br />
672<br />
Uruburetama ( 58)<br />
85. 624<br />
44. 435<br />
44.<br />
458<br />
Fortaleza ( 59)<br />
116. 185<br />
29. 408<br />
23.<br />
068<br />
Litoral de<br />
Pacajus<br />
( 60)<br />
980 309 309<br />
Baixo Jaguarib<br />
e ( 61)<br />
2. 640<br />
942 979<br />
Ibiapaba ( 62)<br />
7 6 6<br />
Sobral ( 63)<br />
22. 662<br />
8. 345<br />
8.<br />
589<br />
Sertões de<br />
Canindé<br />
( 64)<br />
72. 920<br />
12. 926<br />
12.<br />
898<br />
Serra de<br />
Baturité<br />
( 65)<br />
26. 545<br />
9. 386<br />
9.<br />
023<br />
Ibiapaba Meridiona<br />
l ( 66)<br />
6. 000<br />
1. 800<br />
1.<br />
800<br />
Sertões de<br />
Crateús<br />
( 67)<br />
9. 742<br />
1. 363<br />
1.<br />
370<br />
Sertões de<br />
Quixera<br />
mobim<br />
( 68)<br />
128. 506<br />
30. 038<br />
31.<br />
046<br />
Sertões de<br />
Sen.<br />
Pompeu<br />
( 69)<br />
132. 380<br />
22. 522<br />
23.<br />
331<br />
Médio Jaguarib<br />
e ( 70)<br />
1. 768<br />
882 882<br />
Serra do<br />
Pereiro<br />
( 71)<br />
8. 000<br />
2. 070<br />
2.<br />
198<br />
Sertões dos<br />
Inhamun<br />
s ( 72)<br />
85. 500<br />
22. 935<br />
22.<br />
646<br />
Iguatu ( 73)<br />
103. 220<br />
23. 610<br />
23.<br />
798<br />
Sertão do<br />
Salgado<br />
( 74)<br />
70. 864<br />
18. 722<br />
19.<br />
779<br />
Serrana de<br />
Caririaç<br />
u ( 75)<br />
75. 083<br />
17. 160<br />
16.<br />
958<br />
Sertão do<br />
Cariri<br />
( 76)<br />
67. 706<br />
15. 275<br />
20.<br />
825<br />
Chapada do<br />
Araripe<br />
( 77)<br />
64. 461<br />
41. 032<br />
43.<br />
491<br />
Cariri ( 78)<br />
20. 928<br />
7. 030<br />
7.<br />
688<br />
TOTAL 1. 108.<br />
477<br />
312. 260<br />
317.<br />
133<br />
315
316<br />
MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />
(Cr$ 1.000)<br />
Saline ira<br />
Norte-Rio<br />
grandense<br />
( 79)<br />
27. 135<br />
5. 985<br />
7.<br />
192<br />
Litoral de<br />
São<br />
Bento<br />
do<br />
Norte<br />
( 80)<br />
5. 040<br />
1. 014<br />
1.<br />
004<br />
Açu e Apodi<br />
( 81)<br />
25. 221<br />
5. 784<br />
5.<br />
937<br />
Sertão de<br />
Angico<br />
s ( 82)<br />
67. 072<br />
16. 020<br />
24.<br />
072<br />
Serra Verde<br />
( 83)<br />
20. 050<br />
3. 936<br />
4.<br />
522<br />
Serrana Norte-Rio<br />
grandense<br />
( 85)<br />
116. 163<br />
27. 460<br />
30.<br />
274<br />
Seridó ( 86)<br />
52. 021<br />
11. 710<br />
13.<br />
630<br />
Borborema Potigua<br />
r ( 87)<br />
99. 169<br />
18. 295<br />
21.<br />
219<br />
Agreste Potiguar<br />
( 88)<br />
2. 637<br />
768 976<br />
TOTAL 414. 508<br />
90. 972<br />
108.<br />
826<br />
Fonte: Etea - M.A.<br />
Tabela 6 – Rio Grande do Norte<br />
Produção de Algodão em Caroço<br />
1971
317<br />
Catolé do<br />
Rocha<br />
( 89)<br />
23. 172<br />
3. 915<br />
3.<br />
916<br />
Seridó Paraibano<br />
( 90)<br />
22. 128<br />
5. 948<br />
7.<br />
138<br />
Curima taú<br />
( 91)<br />
5. 620<br />
1. 531<br />
1.<br />
619<br />
Sertão de<br />
Cajazeir<strong>as</strong><br />
( 94)<br />
122. 628<br />
33. 784<br />
39.<br />
070<br />
Depressão do<br />
Alto<br />
Piranh<strong>as</strong><br />
( 95)<br />
184. 855<br />
51. 516<br />
67.<br />
959<br />
Cariris- velhos<br />
( 96)<br />
59. 921<br />
20. 472<br />
25.<br />
298<br />
Agreste da<br />
Borborema<br />
( 97)<br />
1. 956<br />
462 521<br />
Brejo Paraibano<br />
( 98)<br />
1. 250<br />
308 338<br />
Serra do<br />
Teixe<br />
ira<br />
( 100)<br />
8. 451<br />
1. 227<br />
1.<br />
603<br />
TOTAL 429. 981<br />
119. 163<br />
147.<br />
462<br />
Fonte: Etea - M.A.<br />
Tabela 7 – Paraíba<br />
Produção de Algodão em Caroço<br />
1971<br />
MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />
(Cr$ 1.000)
318<br />
Araripin a ( 101)<br />
40. 135<br />
10. 733<br />
10.<br />
735<br />
Salgueir o ( 102)<br />
33. 145<br />
10. 973<br />
11.<br />
894<br />
Sertão Pernambuc<br />
ano<br />
de<br />
S.<br />
Fco.<br />
( 103)<br />
24. 608<br />
8. 057<br />
8.<br />
233<br />
Alto Pajeú<br />
( 104)<br />
118. 844<br />
27. 230<br />
30.<br />
785<br />
Sertão do<br />
Moxotó<br />
( 105)<br />
27. 539<br />
6. 774<br />
10.<br />
596<br />
Arcoverde ( 106)<br />
15. 177<br />
4. 992<br />
5.<br />
201<br />
Agreste Setent.<br />
Pernambuc<br />
ano<br />
( 107)<br />
1. 150<br />
323 362<br />
Vale do<br />
Ipojuca<br />
( 108)<br />
8. 034<br />
1. 702<br />
1.<br />
539<br />
Agreste Merid.<br />
Pernambuc<br />
ano<br />
( 109)<br />
715 218 300<br />
TOTAL 269. 347<br />
71. 002<br />
79.<br />
645<br />
Fonte: Etea - M.A.<br />
Tabela 8 – Pernambuco<br />
Produção de Algodão em Caroço<br />
1971<br />
MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />
(Cr$ 1.000)
319<br />
Sertão Alagoano<br />
( 113)<br />
860 195 152<br />
TOTAL 860 195 152<br />
Fonte: Etea - M.A.<br />
Fonte: Etea - M.A.<br />
Tabela 9 – Alago<strong>as</strong><br />
Produção de Algodão em Caroço<br />
1971<br />
MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />
(Cr$ 1.000)<br />
Tabela 10 – Bahia<br />
Produção de Algodão em Caroço<br />
1971<br />
MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />
(Cr$ 1.000)<br />
Chap. do<br />
Alto<br />
Riogrand<br />
e ( 131)<br />
2 1<br />
Chap. do<br />
Rio<br />
Corrente<br />
( 132)<br />
3. 070<br />
1. 668<br />
1.<br />
188<br />
Chap. Diam.<br />
Meridiona<br />
l ( 136)<br />
8 5 1<br />
Corredeir<strong>as</strong> do<br />
São<br />
Francisco<br />
( 140)<br />
949 2. 704<br />
2.<br />
704<br />
Sertão de<br />
Canudos<br />
( 141)<br />
60 20 20<br />
Jequié ( 144)<br />
23 8 4<br />
TOTAL 4. 114<br />
4. 407<br />
3.<br />
918
320<br />
Tabela 11 – <strong>Nordeste</strong><br />
Produção de Sementes de Oiticica<br />
1957-71<br />
A n o s<br />
Q uantidad<br />
e ( t)<br />
Valo<br />
r ( Cr$<br />
)<br />
1957 30. 718<br />
0. 067.<br />
213<br />
1958 12. 491<br />
0. 033.<br />
517<br />
1959 2 4.<br />
659<br />
0. 141.<br />
082<br />
1960 3 7.<br />
934<br />
0. 284.<br />
505<br />
1961 6 0.<br />
019<br />
0. 562.<br />
099<br />
1962 5 1.<br />
682<br />
0. 837.<br />
927<br />
1963 50. 753<br />
1.<br />
705.<br />
279<br />
1964 53. 254<br />
2.<br />
848.<br />
189<br />
1965 52. 334<br />
4.<br />
488.<br />
749<br />
1966 38. 341<br />
4.<br />
519.<br />
133<br />
1967 40. 600<br />
4.<br />
027.<br />
342<br />
1968 42. 179<br />
4.<br />
251.<br />
463<br />
1969 34. 797<br />
4.<br />
081.<br />
618<br />
1970 20. 064<br />
3.<br />
432.<br />
000<br />
1971 49. 974<br />
5.<br />
683.<br />
000<br />
Fonte: Etea/MA (Anuários Estatísticos do Br<strong>as</strong>il)
Tabela 12 – Produção de Sementes de Oiticica<br />
1956-71<br />
(t)<br />
ANOS Piauí Ceará R. G.<br />
Norte<br />
Paraíba<br />
1956 1. 058<br />
13. 414<br />
4. 077<br />
7.<br />
610<br />
1957 808 17. 581<br />
5. 734<br />
6.<br />
595<br />
1958 523 4. 977<br />
2. 391<br />
4.<br />
600<br />
1959 428 17. 441<br />
2. 642<br />
4.<br />
148<br />
1960 553 24. 854<br />
4. 175<br />
8.<br />
352<br />
1961 849 38. 373<br />
6. 132<br />
14.<br />
665<br />
1962 1. 229<br />
28. 576<br />
4. 586<br />
17.<br />
291<br />
1963 991 33. 397<br />
5. 319<br />
11.<br />
046<br />
1964 1. 106<br />
35. 231<br />
5. 576<br />
11.<br />
341<br />
1965 1. 196<br />
33. 866<br />
6. 013<br />
11.<br />
259<br />
1966 728 22. 932<br />
5. 367<br />
9.<br />
314<br />
1967 1. 052<br />
25. 127<br />
5. 245<br />
9.<br />
176<br />
1968 602 27. 631<br />
4. 913<br />
9.<br />
033<br />
1969 318 22. 700<br />
4. 085<br />
7.<br />
694<br />
1970 125 12. 383<br />
2. 542<br />
4.<br />
949<br />
1971 710 30. 477<br />
8. 570<br />
10.<br />
217<br />
Fonte: Etea - MA<br />
321
322<br />
Tabela 13 – Produção e Exportação de Óleo de Oiticica do Br<strong>as</strong>il<br />
1956-71<br />
ANOS<br />
Produção<br />
( t)<br />
Fonte: 1) CACEX/BB (Anuários Est. do Br<strong>as</strong>il)<br />
2) Etea - MA (Anuários Estatísticos do Br<strong>as</strong>il)<br />
(*) Dados sujeitos a retificação.<br />
Exportação<br />
Q uantidad<br />
e ( t)<br />
Valo<br />
r ( Cr$<br />
1.<br />
000)<br />
1 957<br />
# 9 . 888<br />
# 6 . 941<br />
# # # 120<br />
1958 1 6.<br />
237<br />
# 6 . 581<br />
# # # 124<br />
1 959<br />
# # # 4 78<br />
# 3 . 157<br />
# # # 76<br />
1960 1 9.<br />
555<br />
# 9 . 069<br />
# # # 407<br />
1961 16. 483<br />
1 1.<br />
785<br />
# # # 766<br />
1962 25. 141<br />
1 9.<br />
001<br />
# # 1.<br />
833<br />
1 963<br />
# 5 . 784<br />
# 6 . 317<br />
# # 1.<br />
551<br />
1964 17. 133<br />
1 2.<br />
488<br />
# # 4.<br />
953<br />
1965 1 2.<br />
118<br />
# 9 . 534<br />
# # 6.<br />
779<br />
1966 1 7.<br />
850<br />
# 9 . 816<br />
# # 7.<br />
711<br />
1 967<br />
# 2 . 049<br />
# 5 . 804<br />
# # 4.<br />
661<br />
1968 29. 403<br />
1 0.<br />
549<br />
# # 6.<br />
279<br />
1 969<br />
# 1 . 909<br />
# 7 . 486<br />
# # 4.<br />
831<br />
1970 1 8.<br />
107<br />
# 7. 885<br />
11.<br />
323<br />
1971 ( * ) 193<br />
. . .<br />
.<br />
. .
Tabela 14 – Produção de Óleo de Oiticica<br />
1956-71 (t)<br />
ANOS Piauí Ceará R. G.<br />
Norte<br />
Paraíba<br />
1 956<br />
# 17 1 0.<br />
005<br />
# # 807 1.<br />
665<br />
1 957<br />
# # 1 # 7 . 285<br />
# # 703 1.<br />
899<br />
1 958<br />
# 34 10. 930<br />
1. 557<br />
3.<br />
716<br />
1959 - # # # 2 39<br />
# # # 9 9 # # 140<br />
1960 130 14. 063<br />
2. 199<br />
3.<br />
163<br />
1 961<br />
# 7 8 # 9. 942<br />
2. 152<br />
4.<br />
311<br />
1962 - 20. 109<br />
1. 517<br />
3.<br />
515<br />
1963 - # 3 . 061<br />
# # 633 2.<br />
090<br />
1964 - 11. 432<br />
1. 855<br />
3.<br />
846<br />
1 965<br />
# 2 7 # 7. 336<br />
1. 411<br />
3.<br />
344<br />
1966 - # 8. 512<br />
4. 093<br />
5.<br />
245<br />
1967 - # 1 . 102<br />
# # 2 82<br />
# # 665<br />
1 968<br />
# 24 17. 831<br />
4. 178<br />
7.<br />
370<br />
1969 - # # # 175 1. 734<br />
-<br />
1970 - 11. 511<br />
2. 328<br />
4.<br />
268<br />
1971 - - # # 193 -<br />
Fonte: Etea - MA<br />
Nota: (1) Dados sujeitos a retificação.<br />
323
324<br />
ANOS<br />
Fonte: Etea - M.A.<br />
Tabela 15 – Valor d<strong>as</strong> Sementes e do Óleo de Oiticica<br />
1956-71 – (Cr$ 1.000)<br />
PIAUÍ CEARÁ R.G. NORTE PARAÍBA<br />
Sementes Óleo Sementes Óleo Sementes Óleo Sementes Óleo<br />
1956 1 - 29 99 7 10 14 19<br />
1957 1 - 41 90 12 11 13 27<br />
1958 1 1 17 129 5 26 11 55<br />
1959 1 - 108 3 17 2 16 2<br />
1960 3 5 188 408 31 95 63 89<br />
1961 6 4 381 311 65 88 111 152<br />
1962 14 - 514 1. 240<br />
73 92 237 161<br />
1963 21 - 1. 144<br />
595 158 83 382 253<br />
1964 41 - 1. 818<br />
2. 770<br />
350 506 639 1.<br />
132<br />
1965 64 11 2. 932<br />
3. 237<br />
527 606 966 2.<br />
006<br />
1966 49 - 2. 992.666<br />
9 6. 804<br />
602 1. 120<br />
1. 203<br />
3.<br />
221<br />
1967 76 - 2. 310<br />
708 555 170 1. 087<br />
399<br />
1968 52 9 2. 745<br />
10. 139<br />
413 1. 929<br />
1. 041<br />
4.<br />
715<br />
1969 40 - 2. 583<br />
69 414 1. 141<br />
1. 045<br />
-<br />
1970 21 - 1. 746<br />
7. 797<br />
564 2. 084<br />
1. 081<br />
4.<br />
755<br />
1971971(1) 1(<br />
1)<br />
79 - 3. 386<br />
- 921 277 1. 297<br />
-
325<br />
7<br />
5<br />
9<br />
1<br />
8<br />
5<br />
9<br />
1<br />
9<br />
5<br />
9<br />
1<br />
0<br />
6<br />
9<br />
1<br />
1<br />
6<br />
9<br />
1<br />
2<br />
6<br />
9<br />
1<br />
3<br />
6<br />
9<br />
1<br />
4<br />
6<br />
9<br />
1<br />
5<br />
6<br />
9<br />
1<br />
6<br />
6<br />
9<br />
1<br />
7<br />
6<br />
9<br />
1<br />
8<br />
6<br />
9<br />
1<br />
9<br />
6<br />
9<br />
1<br />
0<br />
7<br />
9<br />
1<br />
1<br />
7<br />
9<br />
1<br />
3<br />
4<br />
0<br />
.<br />
3<br />
1<br />
4<br />
4<br />
.<br />
2<br />
1<br />
1<br />
8<br />
.<br />
7<br />
8<br />
1<br />
8<br />
.<br />
7<br />
5<br />
1<br />
9<br />
.<br />
4<br />
1<br />
7<br />
7<br />
.<br />
4<br />
3<br />
0<br />
5<br />
.<br />
5<br />
7<br />
2<br />
8<br />
.<br />
4<br />
2<br />
8<br />
5<br />
.<br />
7<br />
5<br />
6<br />
2<br />
.<br />
7<br />
0<br />
5<br />
5<br />
.<br />
9<br />
9<br />
7<br />
9<br />
.<br />
8<br />
2<br />
3<br />
7<br />
.<br />
9<br />
8<br />
1<br />
9<br />
.<br />
2<br />
4<br />
4<br />
9<br />
7<br />
.<br />
0<br />
2<br />
1<br />
5<br />
5<br />
8<br />
9<br />
5<br />
2<br />
7<br />
6<br />
2<br />
0<br />
1<br />
.<br />
1<br />
0<br />
2<br />
5<br />
1<br />
8<br />
2<br />
0<br />
6<br />
3<br />
.<br />
1<br />
1<br />
2<br />
2<br />
.<br />
.<br />
.<br />
3<br />
3<br />
1<br />
.<br />
1<br />
8<br />
7<br />
2<br />
.<br />
2<br />
1<br />
6<br />
0<br />
.<br />
1<br />
1<br />
1<br />
8<br />
.<br />
1<br />
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
9<br />
5<br />
4<br />
1<br />
5<br />
4<br />
3<br />
0<br />
2<br />
2<br />
1<br />
2<br />
7<br />
5<br />
1<br />
2<br />
9<br />
1<br />
0<br />
7<br />
3<br />
8<br />
7<br />
1<br />
5<br />
8<br />
1<br />
6<br />
3<br />
2<br />
9<br />
1<br />
2<br />
1<br />
4<br />
2<br />
0<br />
9<br />
1<br />
3<br />
3<br />
1<br />
8<br />
6<br />
1<br />
Tabela 16 – Bahia<br />
Produção e Coquilhos, Óleo e Cera de Licuri<br />
1956-71<br />
ANOS Quantidade (t)<br />
Coquilhos Óleo Cera<br />
Fonte: Etea - M.A. - SEP
326<br />
Tabela 17 – Estados Nordestinos que mais Produzem Borracha<br />
1956-71 – Quantidade (t)<br />
6<br />
5<br />
9<br />
1<br />
7<br />
5<br />
9<br />
1<br />
8<br />
5<br />
9<br />
1<br />
9<br />
5<br />
9<br />
1<br />
0<br />
6<br />
9<br />
1<br />
1<br />
6<br />
9<br />
1<br />
2<br />
6<br />
9<br />
1<br />
3<br />
6<br />
9<br />
1<br />
4<br />
6<br />
9<br />
1<br />
5<br />
6<br />
9<br />
1<br />
6<br />
6<br />
9<br />
1<br />
7<br />
6<br />
9<br />
1<br />
8<br />
6<br />
9<br />
1<br />
9<br />
6<br />
9<br />
1<br />
0<br />
7<br />
9<br />
1<br />
1<br />
7<br />
9<br />
1<br />
8<br />
7<br />
5<br />
0<br />
1<br />
9<br />
0<br />
1<br />
1<br />
6<br />
1<br />
1<br />
2<br />
2<br />
7<br />
4<br />
2<br />
6<br />
4<br />
1<br />
4<br />
7<br />
9<br />
5<br />
0<br />
5<br />
5<br />
3<br />
3<br />
4<br />
-<br />
3<br />
8<br />
8<br />
0<br />
9<br />
0<br />
5<br />
4<br />
9<br />
4<br />
6<br />
5<br />
5<br />
4<br />
5<br />
1<br />
5<br />
7<br />
4<br />
4<br />
4<br />
1<br />
3<br />
3<br />
4<br />
5<br />
2<br />
0<br />
2<br />
0<br />
1<br />
1<br />
1<br />
1<br />
2<br />
3<br />
2<br />
8<br />
1<br />
6<br />
3<br />
1<br />
4<br />
4<br />
3<br />
6<br />
3<br />
0<br />
4<br />
2<br />
4<br />
0<br />
4<br />
2<br />
2<br />
2<br />
1<br />
2<br />
1<br />
1<br />
1<br />
1<br />
1<br />
0<br />
1<br />
8<br />
0<br />
1<br />
6<br />
9<br />
4<br />
7<br />
0<br />
4<br />
2<br />
3<br />
1<br />
3<br />
3<br />
8<br />
2<br />
1<br />
6<br />
8<br />
.<br />
1<br />
9<br />
2<br />
2<br />
.<br />
2<br />
5<br />
4<br />
3<br />
.<br />
2<br />
1<br />
1<br />
5<br />
.<br />
2<br />
6<br />
2<br />
4<br />
.<br />
2<br />
3<br />
1<br />
4<br />
.<br />
3<br />
5<br />
1<br />
3<br />
.<br />
3<br />
5<br />
3<br />
4<br />
.<br />
3<br />
6<br />
2<br />
8<br />
.<br />
3<br />
1<br />
8<br />
8<br />
.<br />
3<br />
5<br />
9<br />
2<br />
4<br />
1<br />
3<br />
1<br />
5<br />
2<br />
1<br />
3<br />
5<br />
9<br />
3<br />
6<br />
6<br />
4<br />
9<br />
7<br />
1<br />
1<br />
.<br />
2<br />
3<br />
0<br />
4<br />
.<br />
2<br />
5<br />
9<br />
4<br />
.<br />
2<br />
8<br />
4<br />
6<br />
.<br />
2<br />
7<br />
8<br />
4<br />
.<br />
2<br />
4<br />
7<br />
4<br />
.<br />
3<br />
7<br />
5<br />
3<br />
.<br />
3<br />
3<br />
7<br />
4<br />
.<br />
3<br />
7<br />
4<br />
8<br />
.<br />
3<br />
5<br />
0<br />
9<br />
.<br />
3<br />
Fonte: Etea - M.A.<br />
í<br />
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o<br />
N<br />
Anos
327<br />
Tabela 18 – <strong>Nordeste</strong><br />
Produção e Exportação de Cera de Carnaúba<br />
1957-71<br />
Fonte: Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il (CACEX)<br />
Produção (t)<br />
Anos<br />
Exportação<br />
Quantidade (t) Valor (Cr$)<br />
7<br />
5<br />
9<br />
1<br />
8<br />
5<br />
9<br />
1<br />
9<br />
5<br />
9<br />
1<br />
0<br />
6<br />
9<br />
1<br />
1<br />
6<br />
9<br />
1<br />
2<br />
6<br />
9<br />
1<br />
3<br />
6<br />
9<br />
1<br />
4<br />
6<br />
9<br />
1<br />
5<br />
6<br />
9<br />
1<br />
6<br />
6<br />
9<br />
1<br />
7<br />
6<br />
9<br />
1<br />
8<br />
6<br />
9<br />
1<br />
9<br />
6<br />
9<br />
1<br />
0<br />
7<br />
9<br />
1<br />
1<br />
7<br />
9<br />
1<br />
0<br />
7<br />
7<br />
.<br />
8<br />
0<br />
7<br />
9<br />
.<br />
8<br />
9<br />
7<br />
1<br />
.<br />
0<br />
1<br />
0<br />
8<br />
9<br />
.<br />
0<br />
1<br />
5<br />
4<br />
4<br />
.<br />
1<br />
1<br />
2<br />
0<br />
1<br />
.<br />
2<br />
1<br />
7<br />
6<br />
7<br />
.<br />
1<br />
1<br />
1<br />
3<br />
0<br />
.<br />
3<br />
1<br />
9<br />
2<br />
7<br />
.<br />
2<br />
1<br />
7<br />
1<br />
2<br />
.<br />
2<br />
1<br />
4<br />
3<br />
4<br />
.<br />
7<br />
1<br />
8<br />
5<br />
6<br />
.<br />
7<br />
1<br />
5<br />
3<br />
1<br />
.<br />
0<br />
2<br />
8<br />
7<br />
3<br />
.<br />
0<br />
2<br />
6<br />
3<br />
6<br />
.<br />
1<br />
2<br />
6<br />
7<br />
9<br />
.<br />
1<br />
1<br />
7<br />
7<br />
0<br />
.<br />
1<br />
1<br />
5<br />
0<br />
8<br />
.<br />
9<br />
0<br />
8<br />
0<br />
.<br />
1<br />
1<br />
3<br />
0<br />
4<br />
.<br />
0<br />
1<br />
8<br />
7<br />
4<br />
.<br />
9<br />
3<br />
7<br />
2<br />
.<br />
1<br />
1<br />
8<br />
8<br />
0<br />
.<br />
1<br />
1<br />
9<br />
1<br />
1<br />
.<br />
2<br />
1<br />
3<br />
8<br />
5<br />
.<br />
3<br />
1<br />
8<br />
8<br />
8<br />
.<br />
0<br />
1<br />
8<br />
6<br />
2<br />
.<br />
3<br />
1<br />
5<br />
1<br />
4<br />
.<br />
3<br />
1<br />
2<br />
0<br />
6<br />
.<br />
3<br />
1<br />
7<br />
1<br />
7<br />
.<br />
2<br />
1<br />
8<br />
3<br />
0<br />
.<br />
0<br />
3<br />
0<br />
.<br />
1<br />
1<br />
4<br />
0<br />
.<br />
8<br />
1<br />
1<br />
.<br />
1<br />
8<br />
0<br />
9<br />
.<br />
9<br />
4<br />
5<br />
.<br />
1<br />
7<br />
6<br />
6<br />
.<br />
3<br />
3<br />
1<br />
.<br />
3<br />
8<br />
3<br />
2<br />
.<br />
0<br />
1<br />
4<br />
.<br />
3<br />
5<br />
6<br />
8<br />
.<br />
4<br />
2<br />
5<br />
.<br />
3<br />
3<br />
5<br />
1<br />
.<br />
9<br />
0<br />
4<br />
.<br />
5<br />
7<br />
2<br />
0<br />
.<br />
2<br />
0<br />
3<br />
.<br />
1<br />
1<br />
0<br />
3<br />
8<br />
.<br />
2<br />
1<br />
6<br />
.<br />
9<br />
1<br />
6<br />
0<br />
6<br />
.<br />
8<br />
5<br />
0<br />
.<br />
1<br />
2<br />
6<br />
0<br />
7<br />
.<br />
4<br />
0<br />
1<br />
.<br />
9<br />
1<br />
5<br />
4<br />
0<br />
.<br />
7<br />
5<br />
0<br />
.<br />
0<br />
3<br />
0<br />
0<br />
0<br />
.<br />
4<br />
0<br />
5<br />
.<br />
7<br />
3<br />
0<br />
0<br />
0<br />
.<br />
7<br />
6<br />
6<br />
.<br />
3<br />
4<br />
0<br />
0<br />
0<br />
.<br />
5<br />
2<br />
7<br />
.<br />
5<br />
5
328<br />
Tabela 19 – <strong>Nordeste</strong><br />
Produção de C<strong>as</strong>tanha de Caju no <strong>Nordeste</strong><br />
1950-71<br />
Fonte: Etea - M. A.<br />
0<br />
5<br />
9<br />
1<br />
1<br />
5<br />
9<br />
1<br />
2<br />
5<br />
9<br />
1<br />
3<br />
5<br />
9<br />
1<br />
4<br />
5<br />
9<br />
1<br />
5<br />
5<br />
9<br />
1<br />
6<br />
5<br />
9<br />
1<br />
7<br />
5<br />
9<br />
1<br />
8<br />
5<br />
9<br />
1<br />
9<br />
5<br />
9<br />
1<br />
0<br />
6<br />
9<br />
1<br />
1<br />
6<br />
9<br />
1<br />
2<br />
6<br />
9<br />
1<br />
3<br />
6<br />
9<br />
1<br />
4<br />
6<br />
9<br />
1<br />
5<br />
6<br />
9<br />
1<br />
6<br />
6<br />
9<br />
1<br />
7<br />
6<br />
9<br />
1<br />
8<br />
6<br />
9<br />
1<br />
9<br />
6<br />
9<br />
1<br />
0<br />
7<br />
9<br />
1<br />
1<br />
7<br />
9<br />
1<br />
0<br />
0<br />
3<br />
.<br />
1<br />
8<br />
7<br />
0<br />
.<br />
2<br />
5<br />
5<br />
4<br />
.<br />
2<br />
5<br />
3<br />
6<br />
.<br />
1<br />
0<br />
8<br />
7<br />
.<br />
1<br />
3<br />
5<br />
8<br />
.<br />
1<br />
1<br />
2<br />
4<br />
.<br />
2<br />
0<br />
0<br />
3<br />
.<br />
3<br />
2<br />
0<br />
3<br />
.<br />
2<br />
1<br />
7<br />
5<br />
.<br />
5<br />
6<br />
0<br />
5<br />
.<br />
5<br />
0<br />
7<br />
6<br />
.<br />
9<br />
5<br />
8<br />
9<br />
.<br />
1<br />
1<br />
9<br />
1<br />
6<br />
.<br />
3<br />
1<br />
2<br />
4<br />
6<br />
.<br />
9<br />
8<br />
8<br />
7<br />
.<br />
3<br />
1<br />
6<br />
7<br />
6<br />
.<br />
3<br />
1<br />
0<br />
8<br />
1<br />
.<br />
4<br />
2<br />
2<br />
8<br />
6<br />
.<br />
3<br />
2<br />
2<br />
4<br />
4<br />
.<br />
3<br />
2<br />
0<br />
4<br />
0<br />
.<br />
0<br />
2<br />
8<br />
9<br />
5<br />
.<br />
8<br />
2<br />
0<br />
9<br />
0<br />
.<br />
1<br />
7<br />
4<br />
6<br />
.<br />
1<br />
7<br />
4<br />
2<br />
.<br />
2<br />
9<br />
5<br />
6<br />
.<br />
1<br />
7<br />
2<br />
4<br />
.<br />
2<br />
0<br />
1<br />
2<br />
.<br />
3<br />
5<br />
4<br />
8<br />
.<br />
5<br />
3<br />
7<br />
6<br />
.<br />
0<br />
1<br />
4<br />
1<br />
3<br />
.<br />
9<br />
8<br />
2<br />
3<br />
.<br />
4<br />
2<br />
1<br />
0<br />
7<br />
.<br />
4<br />
3<br />
1<br />
5<br />
0<br />
.<br />
7<br />
9<br />
4<br />
2<br />
2<br />
.<br />
5<br />
8<br />
1<br />
5<br />
8<br />
7<br />
.<br />
2<br />
0<br />
3<br />
5<br />
0<br />
6<br />
.<br />
1<br />
3<br />
4<br />
0<br />
6<br />
9<br />
.<br />
6<br />
5<br />
2<br />
.<br />
1<br />
1<br />
4<br />
9<br />
.<br />
0<br />
8<br />
5<br />
.<br />
1<br />
6<br />
6<br />
3<br />
.<br />
0<br />
1<br />
8<br />
.<br />
4<br />
1<br />
0<br />
5<br />
.<br />
4<br />
5<br />
5<br />
.<br />
6<br />
5<br />
8<br />
9<br />
.<br />
3<br />
8<br />
3<br />
.<br />
8<br />
0<br />
0<br />
0<br />
.<br />
5<br />
2<br />
2<br />
.<br />
9<br />
0<br />
0<br />
0<br />
.<br />
6<br />
5<br />
1<br />
.<br />
5<br />
1<br />
Anos Quantidade (t) Valor (Cr$)
Tabela 20 – <strong>Nordeste</strong><br />
Exportação de C<strong>as</strong>tanha de Caju<br />
1960-71<br />
Anos Quantidade (t) Valor (Cr$)<br />
1960<br />
1961<br />
1962<br />
1963<br />
1964<br />
1965<br />
1966<br />
1967<br />
1968<br />
1969<br />
1970<br />
1971<br />
527<br />
249<br />
397<br />
959<br />
863<br />
514<br />
1.<br />
734<br />
1.<br />
4562<br />
3.<br />
339<br />
4.<br />
942<br />
6.<br />
486<br />
4.<br />
205<br />
348<br />
167<br />
235<br />
652<br />
616<br />
497<br />
1.<br />
717<br />
1.<br />
343<br />
3.<br />
440<br />
4.<br />
644<br />
7.<br />
138<br />
4.<br />
990<br />
Fonte: Comércio Exterior do Br<strong>as</strong>il - Ministério da Fazenda<br />
329
978.85.87062.36.9<br />
9 788587 062369<br />
Cliente Consulta 0800.728.3030 | clienteconsulta@bnb.gov.br | www.bnb.gov.br