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O Nordeste e as Lavouras Xerófilas.pmd - Ainfo

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O <strong>Nordeste</strong> e <strong>as</strong><br />

Lavour<strong>as</strong> Xerófil<strong>as</strong>


JOSÉ GUIMARÃES DUQUE<br />

O NORDESTE E AS<br />

LAVOURAS XERÓFILAS<br />

Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il<br />

Fortaleza<br />

2004<br />

1


Obra Publicado pelo<br />

Presidente:<br />

Roberto Smith<br />

Diretores<br />

Antônio Roberto de Sousa Paulino<br />

Francisco de Assis Germano Arruda<br />

João Emílio Gazzana<br />

Luiz Ethewaldo de Albuquerque Guimarães<br />

Pedro Eugênio de C<strong>as</strong>tro Toledo Cabral<br />

Victor Samuel Cavalcante da Ponte<br />

Superintendência de Comunicação e Cultura<br />

Paulo Sérgio Souto Mota<br />

Escritório Técnico de Estudos Econômicos do <strong>Nordeste</strong> - ETENE<br />

Superintendente: José Sydrião de Alencar Júnior<br />

Editor: Jornalista Ademir Costa<br />

Revisão vernacular: Maria de Fátima Ribeiro Moraes<br />

Internet: http://bnb.gov.br<br />

Cliente consulta: 0800.783030<br />

Tiragem: 1.000 exemplares<br />

Duque, José Guimarães<br />

D945n O <strong>Nordeste</strong> e <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> / José Guimarães Duque. -<br />

4 a ed. - Fortaleza: Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il , 2004.<br />

330 p.<br />

Depósito Legal junto à Biblioteca Nacional, conforme<br />

decreto n.º 1.823, de 20 de dezembro de 1907<br />

Copyright © by Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il S. A.<br />

ISBN: 85-87062-36-0<br />

1 – Desenvolvimento econômico - <strong>Nordeste</strong>. 2 – Ecologia regional.<br />

3 – Lavoura xerófila. I – Título.<br />

Impresso no Br<strong>as</strong>il/Printed in Brazil<br />

CDD: 338.98131


SUMÁRIO<br />

SUMÁRIO<br />

NOTA INTRODUTÓRIA ..................................................................5<br />

1 - EVOLUÇÃO E MENTALIDADE................................................7<br />

2 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A ECOLOGIA REGIONAL ......15<br />

2.1 - Clima .........................................................................................15<br />

2.2 - Provável Índice de Aridez pela Relação da Precipitação<br />

Versus Evaporação ...................................................................19<br />

2.3 - Vegetação e xerofilismo Áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais,<br />

superfícies cultivad<strong>as</strong> e população nos Estados do Piauí,<br />

Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alago<strong>as</strong>,<br />

Sergipe e Bahia ........................................................................31<br />

3 - CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES NATURAIS ................41<br />

3.1 - Seridó ........................................................................................80<br />

3.2 - Sertão ........................................................................................87<br />

3.3 - Caatinga ..................................................................................103<br />

3.4 - Cariris -Velhos ........................................................................123<br />

3.5 - Curimataú ...............................................................................131<br />

3.6 - Carr<strong>as</strong>co..................................................................................133<br />

3.7 - Cerrado ...................................................................................138<br />

3.8 - Agreste ....................................................................................141<br />

3.9 - Serr<strong>as</strong> ......................................................................................153<br />

3.10 - Mata......................................................................................159<br />

4 - OS RECURSOS DO SOLO, A UTILIZAÇÃO PROVÁVEL E O<br />

CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO ATIVA ..........................169


5 - QUESTÕES DE CULTIVO SECO ............................................175<br />

5.1 - Algodão Mocó ..........................................................................188<br />

5.2 - A Cultura da Carnaubeira .......................................................218<br />

5.3 - A Cultura da Oiticica ...............................................................233<br />

5.4 - O Cajueiro ................................................................................252<br />

5.5 - A Cultura da Palma ..................................................................261<br />

5.6 - A Cultura da Goiabeira............................................................270<br />

5.7 - Maniçoba .................................................................................274<br />

5.8 - Umbuzeiro ................................................................................279<br />

5.9 - Os Bosques de Algaroba .........................................................285<br />

5.10 - O Faveleiro ou Favela ...........................................................290<br />

5.11 - Licuri ......................................................................................297<br />

Not<strong>as</strong> ................................................................................................304<br />

Referênci<strong>as</strong> ......................................................................................307<br />

Apêndice ...........................................................................................309<br />

4


NOTA INTRODUTÓRIA<br />

O <strong>Nordeste</strong> não se apresenta de forma homogênea,<br />

como à primeira vista pode parecer. Ao contrário, encerra<br />

no seu âmbito áre<strong>as</strong> com característic<strong>as</strong> e potenciais diversos.<br />

Atentando a tal circunstância, desconhecida de<br />

muitos, o propósito do trabalho ora publicado é, exatamente,<br />

analisar <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> e potenciais dess<strong>as</strong> áre<strong>as</strong><br />

diversificad<strong>as</strong> que compõem o complexo geográfico<br />

nordestino. Trata-se, <strong>as</strong>sim, de uma obra fundamental para<br />

o conhecimento da região.<br />

Ao confiar a elaboração do estudo ao Dr. José Guimarães<br />

Duque, o Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il, através do<br />

Etene, louvou-se na reconhecida capacidade técnica e<br />

experiência no trato de questões atinentes ao meio físico<br />

nordestino, que <strong>as</strong>sistem ao autor. O alcance de sua ação<br />

no <strong>Nordeste</strong> e a profundidade do trabalho científico que<br />

empreendeu tornaram-no já b<strong>as</strong>tante conhecido, pelo que<br />

lhe é dispensada apresentação; antes, sua autoria apresenta<br />

a obra.<br />

Oferecendo ao grupo sempre crescente de técnicos que<br />

trabalham, direta ou indiretamente, na promoção do desenvolvimento<br />

econômico, e ao público em geral, “O <strong>Nordeste</strong><br />

e <strong>as</strong> Lavour<strong>as</strong> Xerófil<strong>as</strong> ”, o Banco do <strong>Nordeste</strong> do<br />

Br<strong>as</strong>il S.A. o faz consciente de estar, desta forma, atendendo<br />

ao objetivo desenvolvimentista que o orienta.<br />

5


1 - EVOLUÇÃO E MENTALIDADE<br />

Na evolução do <strong>Nordeste</strong> verificam-se, bem caracterizad<strong>as</strong>, divers<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es.<br />

A inv<strong>as</strong>ão primária pelos vaqueiros, criando os currais de gado, foi o<br />

contato inicial do homem branco com o meio hostil da caatinga e da bugrada.<br />

Trazendo para o curral o leite, o queijo, a carne e o couro, os bovinos permitiram<br />

aos bandeirantes firmarem o pé n<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> invadid<strong>as</strong>, o que constituiu<br />

uma grande lição de ecologia. Os intrépidos aventureiros ensinaram às gerações<br />

vindour<strong>as</strong> que o ambiente, com <strong>as</strong>pecto de secura, era um campo de<br />

pecuária e de lavour<strong>as</strong> resistentes à seca.<br />

O povoamento decorreu, nos decênios e séculos seguintes, conforme os<br />

desejos e <strong>as</strong> posses de cada um, predominando a influência dos fazendeiros<br />

que se tornaram os pais, os chefes, os compadres, os banqueiros e os conselheiros<br />

d<strong>as</strong> comunidades que se formaram em torno com os parentes, os moradores,<br />

os amigos, os vizinhos e os dependentes. Assim, cresceu o interior em<br />

gente, em gado, em roçados, em caminhos, e os hábitos trazidos e os adquiridos<br />

foram transmitidos de geração em geração até se cristalizarem em sociedade<br />

agrária patriarcal. M<strong>as</strong> <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, buscando outr<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong>, <strong>as</strong><br />

heranç<strong>as</strong>, e <strong>as</strong> partilh<strong>as</strong>, o alargamento d<strong>as</strong> roç<strong>as</strong>, o fogo para eliminar os espinhos,<br />

o aumento dos rebanhos, significaram uma expansão biológica em meio<br />

físico estático. Como conseqüência, a terra seca foi sofrendo um desg<strong>as</strong>te no<br />

seu potencial de recursos naturais: o pé do homem, o boi, o machado e o fogo<br />

abriram a brecha para a diminuição da flora, da fauna e do solo, com o apressamento<br />

da erosão. À medida que cresciam <strong>as</strong> necessidades, minguavam os<br />

recursos, porque aquel<strong>as</strong> sociedades human<strong>as</strong>, dispers<strong>as</strong>, somente sabiam<br />

operar com métodos extensivos, com esforço mínimo e arrancando o máximo<br />

proveito da natureza. O <strong>Nordeste</strong>, dentro do Br<strong>as</strong>il, e <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> nações, no<br />

mundo, coexistiam sem tomar maior conhecimento do que ocorria além d<strong>as</strong><br />

su<strong>as</strong> fronteir<strong>as</strong>.<br />

7


Já no fim do Império e no começo da República, manifestaram-se, com<br />

mais intensidade, <strong>as</strong> influênci<strong>as</strong> extern<strong>as</strong> e intern<strong>as</strong> de ordens físic<strong>as</strong>, econômic<strong>as</strong>,<br />

sociais e polític<strong>as</strong>, com <strong>as</strong> sec<strong>as</strong> periódic<strong>as</strong>, com o cangaço, com <strong>as</strong><br />

disput<strong>as</strong> entre famíli<strong>as</strong> e indivíduos para o domínio da terra, do dinheiro e d<strong>as</strong><br />

posições. M<strong>as</strong>, ao mesmo tempo em que esta região br<strong>as</strong>ileira evoluía em<br />

câmara lenta, os povos líderes progrediam na agricultura, na indústria, no<br />

comércio e n<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> polític<strong>as</strong>. Os novos meios de transporte rápidos aproximaram<br />

<strong>as</strong> nações adiantad<strong>as</strong> d<strong>as</strong> retardad<strong>as</strong> na procura d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong><br />

e vend<strong>as</strong> de artigos industriais. A aproximação entre os países líderes e<br />

os subdesenvolvidos, sem a correção do desnível cultural, foi a responsável<br />

pela competição desigual e esmagadora, no comércio, pela injeção de nov<strong>as</strong><br />

idéi<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> que o povo não sabia julgar, pela tentativa da adoção de<br />

nov<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> de trabalho sem a precedência de uma preparação da comunidade<br />

e do malogro, enfim, do progresso técnico sem vinculação à educação<br />

do homem. Estavam <strong>as</strong> nações e, com el<strong>as</strong>, o Br<strong>as</strong>il e o <strong>Nordeste</strong>, na era<br />

da convivência dos povos. Essa época requeria um grau de evolução que<br />

ainda não tínhamos alcançado.<br />

As influênci<strong>as</strong> d<strong>as</strong> estrad<strong>as</strong>, do telégrafo, do rádio, do avião, d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong>,<br />

do crescimento demográfico, <strong>as</strong> crises d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> modificaram a vida rural,<br />

quebraram a sociedade cristalizada, os fazendeiros perderam <strong>as</strong> chefi<strong>as</strong> locais,<br />

outros políticos <strong>as</strong>sumiram o poder, o dinheiro refluiu para os bancos e<br />

a m<strong>as</strong>sa, mais fluida, procurou, no êxodo, outr<strong>as</strong> posições; e <strong>as</strong> novidades,<br />

trazid<strong>as</strong> de fora, eram comprad<strong>as</strong> sem que o povo tivesse acrescido algo ao<br />

seu poder aquisitivo; o empobrecimento, antes disfarçado, revelou-se em<br />

toda a sua nudez. Os impactos ou conflitos se revelaram n<strong>as</strong> necessidades<br />

coletiv<strong>as</strong>, multiplicad<strong>as</strong>, em face da solução acanhada, na vontade do povo<br />

de consumir mais do que a capacidade produtiva, no predomínio dos grupos<br />

políticos n<strong>as</strong> posições de comando e no monopólio do numerário, no considerar<br />

o flagelado como objeto humano e não como personalidade, no fato<br />

de o homem profissional antepor-se à criatura humana, ao membro da família<br />

e ao cidadão, e, finalmente, na circunstância de a m<strong>as</strong>sa ainda persistir no<br />

estágio da alfabetização e a elite em f<strong>as</strong>e de estudo e de cultura parcial, sem<br />

b<strong>as</strong>e na Ética.<br />

8


A desproporção dos conhecimentos entre a cl<strong>as</strong>se superior e a obreira<br />

foi a causadora da tentativa de introdução da técnica pura e simples, na agricultura,<br />

sem ensaiar primeiro uma acomodação com os costumes antigos da<br />

comunidade e sem preparar o elemento intermediário, especializado. Largo<br />

tempo foi perdido na demonstração de uma técnica sem humanismo, na implantação<br />

de princípios científicos que, embora verdadeiros, não tiveram o<br />

apoio dos conceitos sociais mais simples, mais humanos e mais altruíst<strong>as</strong>. A<br />

elite dos privilégios políticos, do domínio econômico e do idealismo cultural<br />

não se capacitou, salvo rar<strong>as</strong> exceções, de que ela deveria ser a entidade<br />

pensante da sociedade, a responsável por uma atitude, uma conduta, uma<br />

orientação preservadora de uma civilização em marcha. Se <strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses superiores<br />

frac<strong>as</strong>saram na formulação de uma doutrina para dirigir mais sabiamente<br />

<strong>as</strong> soluções dos problem<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, o povo, por sua vez, não<br />

cooperou com o governo n<strong>as</strong> providênci<strong>as</strong> e no aproveitamento d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> e<br />

nem teve uma ação fiscalizadora sobre <strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong> oficiais. E ess<strong>as</strong> du<strong>as</strong><br />

funções democrátic<strong>as</strong> jamais poderão ser exercid<strong>as</strong> sem a população adquirir<br />

a faculdade de julgamento, a convicção geral dos deveres e a consciência<br />

da obrigação para com a comunidade e o meio em que ela n<strong>as</strong>ceu. O escol<br />

social e a m<strong>as</strong>sa reconhecem os fatos diante d<strong>as</strong> questões da seca e do<br />

pauperismo, porém não entram em relação íntima com a sucessão dos acontecimentos,<br />

não os tomam como seus, não os aceitam como sacerdócio para<br />

dinamizar <strong>as</strong> soluções com mais Ética e não somente com a Ciência.<br />

A f<strong>as</strong>e dos estudos e da intervenção externa na evolução nordestina começou<br />

há 50 anos, com o Departamento Nacional de Obr<strong>as</strong> Contra <strong>as</strong> Sec<strong>as</strong><br />

(DNOCS), com o Fomento Agrícola, com os Institutos Oficiais, Estações<br />

Experimentais, Escol<strong>as</strong> de Agronomia, observações meteorológic<strong>as</strong>,<br />

em que <strong>as</strong> atenções estavam voltad<strong>as</strong> para a água, o clima, o solo e <strong>as</strong> plant<strong>as</strong>;<br />

mais modernamente, outros órgãos, como o DNEF, Departamento Nacional<br />

de Estrad<strong>as</strong> e Rodagens (DNER), Companhia Vale do São Francisco<br />

(C.V.S.F.), DNPRC, DNOS, Banco do <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il (BNB), Institutos<br />

particulares e Universidades p<strong>as</strong>saram a prestar a sua valiosa colaboração;<br />

mais fraca tem sido a atuação dos governos estaduais e d<strong>as</strong> prefeitur<strong>as</strong>.<br />

Grandes realizações foram empreendid<strong>as</strong> e, se maiores benefícios sociais e<br />

9


econômicos não resultaram del<strong>as</strong>, foi devido à independência administrativa,<br />

à pequena articulação de esforços e, com pouc<strong>as</strong> exceções, à imperfeita<br />

compreensão dos fatores humanos. Os órgãos técnicos e administrativos,<br />

que atuaram na região, não se fizeram cientes d<strong>as</strong> responsabilidades e conseqüênci<strong>as</strong><br />

de su<strong>as</strong> intervenções no processo da evolução geral.<br />

Os compromissados não se aperceberam de que a melhoria d<strong>as</strong> condições<br />

econômic<strong>as</strong> e sociais requer a colaboração de diferentes especialist<strong>as</strong><br />

para conhecer a realidade da situação cultural, do comportamento, do labor,<br />

dos hábitos familiares, d<strong>as</strong> crenç<strong>as</strong>, do equipamento, d<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> rurais e da<br />

contribuição d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> na renda. A falta de consulta às necessidades sentid<strong>as</strong>,<br />

localmente, pelo povo, para a elaboração dos planos do governo, desestimula<br />

a participação mais ativa dos sertanejos no êxito dos empreendimentos.<br />

A imposição de idéi<strong>as</strong> causa reação contrária pela interpretação do<br />

desprezo no valor e na importância da experiência alheia. A prioridade d<strong>as</strong><br />

carênci<strong>as</strong> sofrid<strong>as</strong> pelo matuto, supostamente ignorante, não é a mesma concebida<br />

pelo homem instruído, como diagnosticador dos males dos outros.<br />

Não se podem prever <strong>as</strong> modificações no procedimento da comunidade sujeita<br />

à interferência externa, porque não há lei que regule o desenvolvimento<br />

econômico. A profissão agrícola é um misto de arte, de ofício, de técnica, de<br />

costumes, de concepção de vida, na qual tomam parte não somente o solo, a<br />

água, <strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, os animais e o tempo, m<strong>as</strong> também os moradores da c<strong>as</strong>a,<br />

os vizinhos, os amigos, com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> qualidades e defeitos, su<strong>as</strong> superstições,<br />

opiniões e preponderânci<strong>as</strong>. O modo de pensar, de sentir e de trabalhar do<br />

rurícola é o resultado de uma continuação histórica, da herança do p<strong>as</strong>sado,<br />

do segregamento em que viveu, da conduta c<strong>as</strong>eira, da ferramenta de que<br />

dispõe, do grau de conhecimento e da imitação <strong>as</strong>similada de outr<strong>as</strong> sociedades.<br />

Por essa razão é que, nem sempre, certos grupos querem pagar o<br />

preço do progresso mediante o maior esforço, a divisão d<strong>as</strong> taref<strong>as</strong>, a disciplina<br />

e a mudança parcial do procedimento. A limitação no teto d<strong>as</strong> ambições<br />

da maioria iletrada, o esperar tudo da administração pública, não acendeu,<br />

na multidão desfavorecida, o desejo de vencer <strong>as</strong> dificuldades, a vontade de<br />

ultrap<strong>as</strong>sar <strong>as</strong> própri<strong>as</strong> deficiênci<strong>as</strong> pela iniciativa, pela operosidade, pela<br />

cooperação, pela curiosidade de aprender e pelo sacrifício inicial.<br />

10


Pelo nosso atr<strong>as</strong>o, não podemos culpar <strong>as</strong> raç<strong>as</strong> que não formaram nem<br />

os recursos naturais. Aproximadamente, a mesma potencialidade inerente de<br />

inteligência ocorre nos diversos grupos humanos para adiantar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições<br />

sociais. Os recursos naturais não são mais os elementos decisivos do<br />

progresso, porém os indicadores dos extremos que <strong>as</strong> coletividades podem<br />

alcançar. Se houve embaraços de ordem climática e geográfica, eles não seriam<br />

totalmente invencíveis pelo engenho humano mais cuidadosamente preparado.<br />

Se inevitável, a seca é, entretanto, corrigível. Nunca houve seca total,<br />

m<strong>as</strong> parcial. O Maranhão chuvoso é mais atr<strong>as</strong>ado do que o Ceará seco.<br />

As populações nordestin<strong>as</strong> ainda não encontraram a coincidência entre a<br />

cultura tradicional e os imperativos do ambiente; a sucessão dos fatos históricos<br />

não se harmonizou com a repetição d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> nem a técnica rotineira<br />

do trabalho agrícola se adaptou à vocação ecológica d<strong>as</strong> regiões naturais.<br />

Foi mais cômodo receber d<strong>as</strong> gerações p<strong>as</strong>sad<strong>as</strong> <strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong>, a rotina<br />

d<strong>as</strong> operações e continuar sem aperfeiçoamento, sem ensaiar técnic<strong>as</strong> nov<strong>as</strong><br />

e sem inventar melhores cabedais e processos. O equipamento do trabalho<br />

rural, criado pelos sertanejos, é demais rudimentar, sem manifestação do<br />

espírito inventivo que seria esperado da inteligência versátil evidenciada na<br />

sagacidade d<strong>as</strong> troc<strong>as</strong>, na habilidade artesanal e na facilidade da aprendizagem<br />

mecânica. Dir-se-ia que <strong>as</strong> inclinações mercantis são mais poderos<strong>as</strong> do<br />

que a vontade de produzir. A tendência de invocar direitos em vez de cumprir<br />

deveres, a pouca vocação de criar produções, a fraqueza no trabalho mútuo,<br />

o desprezo do aprender mais, o aceitar uma condição de vida como<br />

definitiva, o esmorecimento diante de uma situação adversa, momentânea,<br />

têm sufocado <strong>as</strong> forç<strong>as</strong> latentes dos indivíduos que os levariam a um plano<br />

de vida superior.<br />

O crescimento d<strong>as</strong> cidades interiores apen<strong>as</strong> em número de habitantes,<br />

sem o amparo d<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong>, sem o comércio de instrumentos e de materiais<br />

agrícol<strong>as</strong>, a deficiência de hospitais, de bancos e de colégios deixou os rurícol<strong>as</strong><br />

sem a prestação de serviços dos setores secundário e terciário, que<br />

lhes cabiam, em troca dos alimentos e d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> entregues aos<br />

centros urbanos. Na hora atual, não menos de 12 milhões de pesso<strong>as</strong> vivem<br />

11


d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> extrativ<strong>as</strong> e da pecuária. O ponto crucial do progresso<br />

situa-se ness<strong>as</strong> atividades e somente o esclarecimento desses <strong>as</strong>suntos no<br />

espírito dos homens que governam, que legislam, que ensinam, que industrializam,<br />

e que comerciam poderá criar uma frente comum de esforços para<br />

ultrap<strong>as</strong>sar os empecilhos.<br />

No v<strong>as</strong>to campo da agricultura, com a frustração de muitos anos de<br />

<strong>as</strong>sistência limitada, chegou-se à conclusão de que temos de bem considerar<br />

<strong>as</strong> regiões ecológic<strong>as</strong>, de conjugar o fomento com a educação, com a<br />

experimentação e com o ensino; m<strong>as</strong>, além disto, é imprescindível que os<br />

líderes do ruralismo se impregnem de um espírito messiânico, aceitem <strong>as</strong><br />

labut<strong>as</strong> como sacerdócio e adotem uma atitude moral de persistência, de<br />

resignação e de filantropia. Temos l<strong>as</strong>timado a falta de técnicos; entretanto,<br />

todos sentimos mais a ausência do ideal humanitário imbuído da cultura e<br />

da vontade.<br />

Os últimos 50 anos mostraram a conveniência de buscarmos, também,<br />

outros ângulos para os tem<strong>as</strong> obscuros, adotando o critério de ampla diversidade,<br />

e de elegermos os mais modestos. Assim, como não é fácil abdicarmos<br />

da suntuosidade para aceitarmos a modéstia, também não é simples<br />

deixarmos os grandes planos para adotarmos os program<strong>as</strong> mais baratos<br />

e despretensiosos. N<strong>as</strong> págin<strong>as</strong> seguintes, apresentaremos um <strong>as</strong>pecto<br />

da agricultura nordestina ainda muito desprezado: aquele d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />

xerófil<strong>as</strong>, ou seja, a aceitação da semi-aridez como vantagem. A agricultura<br />

de sustentação propagou-se nos ambientes meio-áridos, desadaptada,<br />

pela continuação da rotina e porque a maioria dos habitantes pobres<br />

tinha de comer du<strong>as</strong> vezes por dia; a ausência dos estudos de ecologia d<strong>as</strong><br />

regiões naturais que integram os oito Estados e a esc<strong>as</strong>sez dos ensaios<br />

para pesquisar outro tipo de lavoura, não tão submissa aos azares d<strong>as</strong><br />

chuv<strong>as</strong>, levaram os lavradores a insistir nos cultivos dos cereais nos ambientes<br />

impróprios, com rendimentos que baixam, em alguns anos, a 15%. O<br />

esforço de plantar du<strong>as</strong> e três vezes e colher migalh<strong>as</strong>, perdendo milhões<br />

de hor<strong>as</strong>-homens de labor, por ano, representa o maior fator de empobre-<br />

12


cimento. Não é somente o método rotineiro que diminui o rendimento, m<strong>as</strong>,<br />

principalmente, o trabalho em vão.<br />

As cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> gostam do solo e do clima como eles são, não<br />

requerem o artificialismo da irrigação, dispõem de larg<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> para expansão,<br />

são arbóre<strong>as</strong> superiores de reflorestamento, representam uma policultura<br />

br<strong>as</strong>ileira, dão produtos não muito comuns no Hemisfério Ocidental<br />

e são mercadori<strong>as</strong> de moed<strong>as</strong> fortes. M<strong>as</strong>, para alcançarmos o apogeu<br />

do sucesso, há de ampará-los a Ciência aplicada e objetiva da Botânica,<br />

da Genética, da Química, da Tecnologia e da comercialização vinculada,<br />

no campo, à experimentação rigorosa, à extensão rural sensata, ao ensino<br />

sério e ao fomento eficiente.<br />

Os agrônomos e os especialist<strong>as</strong>, para serem bem-sucedidos na forma<br />

de lavoura que não olha para o céu nem se apóia na água dirigida, carecem<br />

de ter fé em si mesmos e n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong>, de reconhecerem que lhes<br />

coube uma missão importante no quadro regional e de munirem-se da paciência<br />

beneditina para obtenção dos meios de trabalho e realizarem, conjuntamente,<br />

a tarefa. Ciência, Cultura, Ética.<br />

13


2 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A ECOLOGIA REGIONAL<br />

2.1 - Clima<br />

As condições da aridez de muit<strong>as</strong> regiões têm sido estudad<strong>as</strong> por diversos<br />

cientist<strong>as</strong> sob o <strong>as</strong>pecto meteorológico ou fisiográfico. Dentro d<strong>as</strong> especialidades,<br />

seus trabalhos contribuíram muito para esclarecer questões<br />

de ecologia. Acontece que, para o agrônomo, a ênf<strong>as</strong>e é colocada no ponto<br />

de vista ecológico ou no <strong>as</strong>pecto geral resultante do clima, da fisiografia e da<br />

edafologia em relação às plant<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> ou nativ<strong>as</strong>. Esta resultante ou a<br />

interação de todos esses fatores não é fácil de ser apreciada e cl<strong>as</strong>sificada<br />

em padrões comparáveis com os estudos feitos em regiões semi-árid<strong>as</strong> estrangeir<strong>as</strong>,<br />

porque no <strong>Nordeste</strong> os dados obtidos sobre clima, topografia,<br />

solos, vegetação são um pouco deficientes e não abrangem toda a área.<br />

A aridez tem sido julgada conforme o critério de cada especialista que<br />

estudou uma parte do mundo e, muit<strong>as</strong> vezes, os dados de investigações<br />

semelhantes, em países diferentes, não foram colhidos de maneira confrontável.<br />

Daí, a razão por que <strong>as</strong> denominações de regiões ecológic<strong>as</strong>, sec<strong>as</strong> e<br />

semi-árid<strong>as</strong>, do mundo, não demonstram relativa concordância.<br />

Depois que Koppen (ano de 1900) fez a primeira cl<strong>as</strong>sificação dos clim<strong>as</strong><br />

mundiais, apareceram <strong>as</strong> fórmul<strong>as</strong> de Martone, de Transeau, de Langa,<br />

de Van Royen, de Meyer, de Thornwaite, de Russel, de Mathews, de Gorczynski,<br />

de Stenz, de Boyko e de Emberger.<br />

M. Pichi-Sermolli (l) quer <strong>as</strong>sentar a denominação d<strong>as</strong> regiões sec<strong>as</strong> ou<br />

qu<strong>as</strong>e sec<strong>as</strong>, tropicais, na fisionomia dos tipos de vegetação, considerando<br />

<strong>as</strong> indicações do habitat e a composição florística. Hugo Boyko (2) se b<strong>as</strong>eia<br />

na determinação quantitativa dos dados climáticos, em zon<strong>as</strong> árid<strong>as</strong>, pelos<br />

métodos ecológicos d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>. As conclusões do Colóquio de Montpellier<br />

foram: “se nós considerarmos <strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> que têm sido feit<strong>as</strong> neste domínio,<br />

15


chegaremos à conclusão de que é impossível estabelecer uma cl<strong>as</strong>sificação<br />

racional partindo unicamente da vegetação e da flora”.<br />

F. R. Bharucha (3) , estudando o deserto de Raj<strong>as</strong>than, na Índia, julga que,<br />

tomando-se a vegetação para definir zon<strong>as</strong> climátic<strong>as</strong>, há necessidade de<br />

dados sobre precipitação, temperatura, velocidade dos ventos, pressão barométrica,<br />

etc. E diz textualmente:<br />

16<br />

However, investigations carried out in our laboratory to correlate<br />

the vegetation of India with its climate factors led us to retain <strong>as</strong><br />

the limit of the 10 inches isoyet, while the limit of the semi-arid<br />

zone is found to ex-tend up to the 30 inches isoyet and an annual<br />

diurnal temperature range above 10 o F. and up to 37 o F. , <strong>as</strong> against<br />

the 20 inches isoyet and the annual diurnal temperature range of<br />

18 o F. or more, <strong>as</strong> defined by Pramanik and his co-workers.<br />

Parece-nos que esse critério não é aplicável ao <strong>Nordeste</strong>, porquanto<br />

temos crises de seca com chuv<strong>as</strong> de 20 polegad<strong>as</strong> e <strong>as</strong> temperatur<strong>as</strong>, aqui,<br />

são muito mais elevad<strong>as</strong>.<br />

P. Delbés (4) , no estudo do clima da Síria, do Iraque e da Jordânia, cl<strong>as</strong>sifica<br />

como árid<strong>as</strong> <strong>as</strong> superfícies que recebem menos de 100mm de chuva, por<br />

ano, como semi-árid<strong>as</strong> aquel<strong>as</strong> compreendid<strong>as</strong> entre <strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> de 100 a<br />

300mm e como úmid<strong>as</strong> <strong>as</strong> de pluviosidade superior a 300mm. Esta escala<br />

não se enquadra nos c<strong>as</strong>os do <strong>Nordeste</strong>.<br />

Consultando-se a literatura científica sobre o clima, o solo e a vegetação<br />

d<strong>as</strong> regiões de chuv<strong>as</strong> esc<strong>as</strong>s<strong>as</strong>, do mundo, verifica-se que o <strong>Nordeste</strong> não é<br />

uniformemente semi-árido e não encontra cl<strong>as</strong>sificação nos padrões universais.<br />

Tomando-se <strong>as</strong> observações pluviométric<strong>as</strong> de Quixeramobim, Ceará,<br />

durante 48 anos, acha-se a média de 750mm anuais. O sertão paraibano,<br />

município de Souza, por exemplo, acusa a média de 750mm, por ano, em 20<br />

anos de observações. O agreste pernambucano, em Pesqueira, com precipitações<br />

medid<strong>as</strong> durante 25 anos, indica a média de 713mm, por ano. A caatinga<br />

alagoana, em 25 anos, apresenta a chuva média de 719mm. O agreste<br />

do Rio Grande do Norte e o agreste do Piauí estão compreendidos n<strong>as</strong>


isoiet<strong>as</strong> de 1.000mm, em 22 anos de medições. O seridó, Rio Grande do<br />

Norte, está incluído n<strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> abaixo de 600mm, n<strong>as</strong> observações de 22<br />

anos.<br />

Esses dados nos levam a desconfiar que <strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, sobre longos períodos,<br />

disfarçam ou confundem a interpretação do clima e a supor que urge<br />

indagar outros dados e métodos para esclarecer a anomalia meteorológica,<br />

como a violência d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, os di<strong>as</strong> e meses mais chuvosos em relação à<br />

queda pluviométrica do ano, a relação chuva total, anual, versus evaporação<br />

do mesmo ano, e ensaiar um meio de compor uma fórmula climática, com os<br />

fatores do solo e da vegetação para esse ambiente sui generis.<br />

Para demonstrar a violência d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, vamos transcrever, a seguir, os<br />

dados d<strong>as</strong> maiores chuv<strong>as</strong>, em Quixeramobim, Ceará, de 1910 a 1947.<br />

Chuv<strong>as</strong>, Dat<strong>as</strong> Duração<br />

em mm d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong><br />

95,0mm ........................... 19-março-1917 .......................... 9:45<br />

118,7 ” ............................. 1-janeiro-1919 ........................... 5:00<br />

102,5 ” ............................. 3-abril-1927 ............................... 3:52<br />

93,5 ” ............................. 29-abril-1932 ............................. 10:50<br />

179,8 ” ............................. 6-março-1936 ............................ 9:32<br />

(José Augusto Nóbrega - Observador)<br />

Os anos de 1919 e 1932 foram considerados secos e, no entanto, em<br />

Quixeramobim, choveu 118,7mm, durante 5 hor<strong>as</strong>, em 1919, e 93,5mm durante<br />

10,50 hor<strong>as</strong>, em 1932.<br />

Outro <strong>as</strong>pecto da anomalia pluviométrica está na desproporção d<strong>as</strong> precipitações<br />

no dia mais chuvoso do mês de pluviosidade mais alta em relação<br />

ao total do mesmo ano considerado seco:<br />

17


18<br />

Paraíba - Município de Souza - Açude São Gonçalo<br />

Ano de 1941 (considerado seco)<br />

Chuva total do ano ............................................ 674mm<br />

Chuva total do mês de março ............................. 309mm (45% do ano)<br />

Chuva total do dia 6 de março ........................... 125mm (40% do mês)<br />

Ano de 1942 (considerado seco)<br />

Chuva total do ano ............................................ 468mm<br />

Chuva total do mês de abril ............................... 207mm (44% do ano)<br />

Chuva total do dia 10 de abril ............................. 93 mm (44% do mês)<br />

Ano de 1951 (considerado seco)<br />

Chuva total do ano ............................................ 726mm<br />

Chuva total do mês de abril ............................... 317mm (43% do ano)<br />

Chuva total do dia 23 de abril ........................... 115mm (36% do mês)<br />

Ano de 1953 (considerado seco)<br />

Chuva total do ano ............................................ 563mm<br />

Chuva total do mês de março ............................. 254mm (45% do ano)<br />

Chuva total do dia 26 de fevereiro ..................... 113mm<br />

Ano de 1958 (considerado seco)<br />

Chuva total do ano ............................................ 535mm<br />

Chuva total do mês de março ............................. 275mm (51% do ano)<br />

Chuva total do dia 23 de março ......................... 127mm (46% do mês)<br />

Pode-se dizer que, nos anos considerados como secos, o mês mais chovido<br />

representa, em mm, cerca da metade da precipitação do ano, e que o<br />

dia mais chuvoso concorre com qu<strong>as</strong>e a metade da água caída no mês.<br />

Outra particularidade d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> é que não é o total da precipitação e,<br />

sim, a sua distribuição que caracteriza a seca: em São Gonçalo, Paraíba,<br />

em 1950, choveu 589mm e houve bo<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>; em 1953, caíram 563 mm e<br />

o ano foi ruim para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>. Os gráficos d<strong>as</strong> precipitações pluviométric<strong>as</strong><br />

d<strong>as</strong> regiões naturais do <strong>Nordeste</strong> apresentados neste trabalho evidenciam<br />

<strong>as</strong> irregularidades d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.


2.2 - Provável Índice de Aridez Pela Relação da<br />

Precipitação Versus Evaporação<br />

Para termos uma idéia do grau de secura d<strong>as</strong> regiões naturais do <strong>Nordeste</strong><br />

experimentamos achar expressões numéric<strong>as</strong> que nos permitissem conhecer,<br />

com alguma aproximação, como os ambientes se escalonam desde a<br />

aridez máxima (10) até a umidade mais acentuada, inferior a 1. Não existem<br />

observações meteorológic<strong>as</strong> em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> regiões, porém tomamos os dados<br />

existentes de chuva e evaporação. Veremos, abaixo, a título provisório, a<br />

série conseguida:<br />

Região<br />

Chuva Evap. Relação<br />

média média chuva<br />

mm mm evap.<br />

Seridó - Cruzeta - RN (1933-38) (1940-46) .. 497 2.975 1 : 5,8<br />

Seridó - Ceará - Quixeramobim (1912-58) ..... 750 1.898 1 : 2,5<br />

Caatinga - Pernambuco - P. A. R. S. Francisco<br />

Floresta (1939-58) ......................................... 395 1.897 1 : 4,8<br />

Caatinga - Monteiro - Paraíba (1942-54) ....... 489 1.740 1 : 3,6<br />

Caatinga - Paratinga - Bahia (1947-55) .......... 659 2.135 1 : 3,24<br />

Caatinga - Barra - Bahia (1946-54) ................ 692 1.716 1 : 2,5<br />

Caatinga - Juazeiro - Ceará (1940-54) ........... 800 2.054 1 : 2,5<br />

Caatinga - Ibipetuba - Bahia (1945-55) .......... 844 1.831 1 : 2,2<br />

Sertão - Souza - Paraíba (1939-58) ............... 750 1.865 1 : 2,5<br />

Sertão - Iguatu - Ceará<br />

Agreste - RN - Natal (1940-57) ..................... 1.038 2.084 1 : 2,0<br />

Agreste - Conquista - Bahia (1931-54) ........... 680 1.193 1 : 1, 8<br />

Agreste - Pesqueira - Pernambuco (1912-43) . 713 1.220 1 : 1,7<br />

Agreste - Jacobina - Bahia (1945-55) ............. 893 1.379 1 : 1,5<br />

Agreste - Jaguaquara - Bahia .......................... 620 859 1 : 1, 3<br />

Agreste - Itaberaba - Bahia (1954) ................. 942 1.247 1 : 1,3<br />

Mata - Itabaianinha - Sergipe (1945-55) ......... 997 1.010 1 : 1,1<br />

Mata - Ibura - Pernambuco (1945-57) ........... 1.500 1.282 1 : 0,9<br />

Mata - Aracaju-Sergipe (1945-55) ................. 1.274 1.146 1 : 0,9<br />

19


Mata - Cruz d<strong>as</strong> Alm<strong>as</strong>-Bahia (1950-55) ........ 935 785 1 : 0,8<br />

Mata - Maceió-Alago<strong>as</strong> (1923-54) ................ 1.300 1.033 1 : 0,7<br />

Mata - Teresina - Piauí (1911-54)................... 1.390 1.054 1 : 0,7<br />

Mata -.Ondina - Bahia (1945-55) ................... 1.831 960 1 : 0,5<br />

Fontes: Serviço de Meteorologia. M.A. – Rio<br />

Instituto de Meteorologia - Salvador-Bahia<br />

Serviço Agroindustrial.<br />

Luis Emberger (5) põe em discussão a fórmula de Mangenot para a determinação<br />

da aridez dos clim<strong>as</strong> do Norte da África.<br />

20<br />

A fórmula tem a seguinte expressão:<br />

donde P= precipitação anual<br />

Ms= a média d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> dos meses<br />

secos (menos de 50 mm)<br />

ns= Número de meses secos<br />

Ux= Umidade relativa, anual, máxima.<br />

Un= Umidade relativa, anual, mínima.<br />

O autor considera os índices 0 a 1 como significativos de deserto; 1 a 4<br />

como clima sudanês; 4 a 7 como florestal mesófilo; e 7 a 10 como florestal<br />

higrófilo.<br />

Poderíamos tentar o emprego desta fórmula às regiões naturais do <strong>Nordeste</strong>,<br />

introduzindo nela fatores de correção representativos d<strong>as</strong> condições<br />

do solo e da vegetação.<br />

Assim, a infiltração e a acumulação da água d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> no solo seriam<br />

express<strong>as</strong> em função da profundidade, da permeabilidade e da topografia<br />

julgad<strong>as</strong> na escala de 1 a 10, cada uma, tirando-se a média que representaria<br />

<strong>as</strong> propriedades físic<strong>as</strong> do solo, grosso modo, da região em estudo. A vegetação,<br />

observada na cobertura superficial do solo e no conjunto da flora mais<br />

alta, quanto à densidade, porte, grau de proteção, <strong>as</strong>pecto verde com duração<br />

maior ou menor e sua influência sobre o run-off, seria interpretada na<br />

escala de 1 a 10, conforme o julgamento da região a ser cl<strong>as</strong>sificada.


Estes números, expressando o solo e a vegetação, seriam adicionados à<br />

fórmula, dividindo-se o produto por 3 (integração de clima, solo e vegetação).<br />

Tentaremos, em seguida, apresentar a aplicação da fórmula de Mangenot,<br />

com os prováveis corretivos, buscando o enquadramento de algum<strong>as</strong><br />

regiões naturais do <strong>Nordeste</strong> (onde há observações meteorológic<strong>as</strong>), numa<br />

tabela de cl<strong>as</strong>sificação de aridez, como a sugerida a seguir:<br />

Índice Clima<br />

0 - 2 seco<br />

2, 1 - 4 semi-árido<br />

4, 1 - 6 irregularmente árido<br />

6, 1 - 8 subúmido<br />

8, 1 - 10 úmido<br />

Seridó R. G. Norte-Observ. Meteor. da Est. Exp. Cruzeta. 1930-55<br />

Chuva média anual ................................................................. 497mm<br />

Chuva média dos meses mais secos ....................................... 7mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima ............................................ 85%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................. 36%<br />

N o de meses mais secos (menos de 50mm)............................. 8<br />

Solo: erodido, pedregoso, r<strong>as</strong>o, desnudo, ondulado ............... 3<br />

Vegetação: muita esparsa, má cobertura, seca no verão. ......... 3<br />

Dessa forma, ensaiaremos o uso da fórmula para a região do seridó, Rio<br />

Grande do Norte (Observ. da Estação Experimental de Cruzeta).<br />

Seridó cearense - Observ. Meteor. de Quixeramobim - 1910-58<br />

Chuva média anual ................................................................... 750mm<br />

Chuva média dos meses mais secos (-50mm) ........................... 10mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />

21


Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 42%<br />

N o de meses mais secos (menos de 50mm)............................... 8<br />

Solo: argilo-silicoso, inclinado, parte erodido, inclinado. ............ 4<br />

Vegetação: arbórea, arbustiva e r<strong>as</strong>teira, esparsa,<br />

pouca cobertura, seca no verão .............................................. 4<br />

Caatinga - Petrolina - Pernambuco - 1943-46<br />

Chuva média anual ... ............................................................... 336mm<br />

Chuva média meses mais secos (menos de 50mm) ................... 12mm<br />

N o. de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 9mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 76%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 30%<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 4<br />

Índice de aridez = 3,8<br />

Caatinga- Floresta -Pernambuco-Observ.do P. A. do Rio S.Francisco -<br />

1939 a 1958<br />

Chuva média anual ................................................................... 395mm<br />

Chuva média meses mais secos (menos de 50mm) ................... 11mm<br />

N o. de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 9mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 92%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 32%<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 4<br />

Índice de aridez = 3,9<br />

22


Caatinga - Paratinga - Bahia - Observ. de 1947 a 1955<br />

Chuva anual, média .................................................................. 659mm<br />

Chuva média, meses mais secos (menos de 50 mm) .... ............ 4 mm<br />

N o. de meses mais secos (menos de 50 mm) ............................. 7mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 86%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 48%<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 5<br />

Índice de aridez = 4,6<br />

Caatinga - Ibipetuba - Bahia - Observ. de 1945 a 1955<br />

Chuva anual média ................................................................... 844mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 10mm<br />

N o. de meses mais secos .......................................................... 8mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 87%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 45%,<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 5<br />

Índice de aridez = 4,9<br />

Caatinga - Barra - Bahia - Observ. de 1946 a 1954<br />

Chuva média, anual .................................................................. 692mm<br />

Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 15mm<br />

N o. de meses mais secos .......................................................... 8mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 43%<br />

Fator solo ................................................................................ 5<br />

Fator vegetação ....................................................................... 4<br />

Índice de aridez = 5,00<br />

23


Caatinga - Propriá - Sergipe - Observ. Meteor. de 1947-57<br />

Chuva média, anual .................................................................. 825mm<br />

Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 20mm<br />

N o de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 6mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 88%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 54%<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 4<br />

Índice de aridez = 5,1<br />

Caatinga - Nova Cruz - R.G. do Norte - Observ. de 1913-54<br />

Chuva média anual ................................................................... 812mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 12mm<br />

N o. de meses mais secos (menos de 50mm).............................. 6mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 92%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 62%<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 4<br />

Índice de aridez = 5,6<br />

Caatinga litorânea-CE. Observ. Meteor. de Parangaba 1913-37<br />

Chuva média, anual (isoieta do litoral) ...................................... 900mm<br />

Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 20mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 6mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 95%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 67%<br />

Fator solo ................................................................................ 5<br />

Fator vegetação ....................................................................... 5<br />

Índice de aridez = 6,2<br />

24


Sertão - Souza - Paraíba - Observ. do Inst. A. Trindade - 1939-58 Ano<br />

de 1943 (mais seco)<br />

Chuva anual ............................................................................. 463mm<br />

Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 12mm<br />

N o de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 9mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 85%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 50%<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 5<br />

Índice de aridez = 4,5<br />

Sertão - Souza - Paraíba - 1947 (ano mais chuvoso)<br />

Chuva anual ............................................................................. 1.425mm<br />

Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 15mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 7mm<br />

Umidade relativa, máxima ........................................................ 90%<br />

Umidade relativa, mínima ......................................................... 53%<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 5<br />

Índice de aridez = 5,8<br />

Agreste - Conquista - Bahia. Observ. Meteor. de 1931-54<br />

Chuva média, anual .................................................................. 680mm<br />

Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 18mm<br />

N o de meses mais secos ........................................................... 6mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 98%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 38%<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 5<br />

Índice de aridez = 5,00<br />

25


Agreste - Pesqueira - Pernambuco. Observ. Meteor. de 1912-43<br />

Chuva anual média ................................................................... 713mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 20mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 8mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 53%<br />

Fator solo ................................................................................ 4<br />

Fator vegetação ....................................................................... 5<br />

Índice de aridez = 5,5<br />

Agreste - Jaguaquara - Bahia. Observ. Meteor. de 1945-58<br />

Chuva média, anual .................................................................. 620mm<br />

Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 24mm<br />

N o de meses mais secos (menos de 50mm) .............................. 7mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 88%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 60%<br />

Fator solo ................................................................................ 5<br />

Fator vegetação ....................................................................... 5<br />

Índice de aridez = 6,4<br />

Agreste - R. G. do Norte. Observ. Meteor. de Natal 1940-57<br />

Chuva média, anual (isoieta do agreste) ....................................1.038mm<br />

Chuva média, mensal (meses mais secos) ................................. 28mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 8mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 98%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 67%<br />

Fator solo ................................................................................ 5<br />

Fator vegetação ....................................................................... 5<br />

Índice de aridez = 7,0<br />

26


Mata - Pedra Branca -Alago<strong>as</strong>. Observ. Meteor. de 1929-50<br />

Chuva média anual ................................................................... 1.153mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 16mm<br />

N o. de meses mais secos .......................................................... 5mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 92%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 61%<br />

Fator solo ................................................................................ 5<br />

Fator vegetação ....................................................................... 6<br />

Índice de aridez = 7,0<br />

Mata - Guarabira - Paraíba. Observ. Meteor. de 1912-51<br />

Chuva média anual ................................................................... 1.035mm<br />

Chuva média mensal (meses de menos de 50mm) ..................... 16mm<br />

N o de meses com menos de 50mm ........................................... 5mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 94%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 63%<br />

Fator solo ................................................................................ 5<br />

Fator vegetação ....................................................................... 6<br />

Índice de aridez = 7,0<br />

Mata - Teresina -Piauí. Observ. Meteor. de 1911-54<br />

Chuva média anual ...................................................................1.390mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 14mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 5mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 92%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 50%<br />

Fator solo ................................................................................ 6<br />

Fator vegetação ....................................................................... 6<br />

Índice de aridez = 7,0<br />

27


Mata - Cruz d<strong>as</strong> Alm<strong>as</strong> - Bahia. Observ. Meteor. de 1950-55<br />

Chuva média anual ................................................................... 935mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 23mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 4mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 86%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 65%<br />

Fator solo ................................................................................ 5<br />

Fator vegetação ....................................................................... 6<br />

Índice de aridez = 7, 7<br />

Mata - Itabaianinha -Sergipe. Observ. Meteor. de 1945-58<br />

Chuva média anual ................................................................... 997mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 25mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 4mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 69%<br />

Fator solo ................................................................................ 5<br />

Fator vegetação ....................................................................... 6<br />

Índice de aridez = 8, 2<br />

Mata -Aracaju - Sergipe. Observ. Meteor. de 1945-55<br />

Chuva média anual ................................................................... 1.274mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 23mm<br />

N o de meses mais sacos........................................................... 4mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 84%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 69%<br />

Fator solo ................................................................................ 6<br />

Fator vegetação ....................................................................... 6<br />

Índice de aridez = 8, 8<br />

28


Mata - Maceió - Alago<strong>as</strong>. Observ. Meteor. de 1923-54<br />

Chuva média anual (isoieta) ......................................................1.300mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 25mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 4mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 90%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 65%<br />

Fator solo ................................................................................ 6<br />

Fator vegetação ....................................................................... 7<br />

Índice de aridez = 9,0<br />

Mata - Ondina - Bahia. Observ. Meteor. de 1945-55<br />

Chuva média anual ................................................................... 1.831mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 21mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 3mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 88%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 71%<br />

Fator solo ................................................................................ 5<br />

Fator vegetação ....................................................................... 6<br />

Índice de aridez = 9, 2<br />

Mata - Ibura - Pernambuco. Observ. Meteor. de 1944-47<br />

Chuva média anual (isoieta) ...................................................... 1.500mm<br />

Chuva média mensal (meses mais secos) .................................. 27mm<br />

N o de meses mais secos........................................................... 4mm<br />

Umidade relativa, anual, máxima .............................................. 95%<br />

Umidade relativa, anual, mínima ............................................... 70%<br />

Fator solo ................................................................................ 6<br />

Fator vegetação ....................................................................... 7<br />

Índice de aridez = 9,8<br />

29


30<br />

M A T A<br />

CAATINGA<br />

SERIDÓ<br />

? CARRASCO<br />

10<br />

9 ÚMIDO 9<br />

7<br />

SUB<br />

ÚMIDO<br />

8<br />

7<br />

IRREGULARMENTE<br />

5<br />

ÁRIDO<br />

5<br />

SEMI<br />

3 3<br />

ÁRIDO<br />

1<br />

SECO<br />

6<br />

4<br />

2<br />

1<br />

0<br />

CERRADO ?<br />

AGRESTE<br />

SERTÃO<br />

CARRASCO ?<br />

Figura 1 - Ensaio de cl<strong>as</strong>sificação do grau de aridez d<strong>as</strong> regiões<br />

naturais do <strong>Nordeste</strong>


2.3 - Vegetação – Xerofilismo<br />

A geologia, os fósseis e <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> parecem indicar<br />

que o <strong>Nordeste</strong> foi úmido nos milênios p<strong>as</strong>sados. A erosão geológica, os<br />

sedimentos areníticos e de seixos rolados, aqui e ali, <strong>as</strong> árvores e os animais<br />

fossilizados, encontrados nos aluviões, no curimataú, no Cretáceo, e na morfologia<br />

dos vegetais arbóreos e arbustivos são sintom<strong>as</strong> de uma modificação<br />

lenta do ambiente, que ensejou uma adaptação às condições evolutiv<strong>as</strong>. Os<br />

sinais de movimentos terrestres, demonstrados n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, <strong>as</strong> pedr<strong>as</strong> roliç<strong>as</strong><br />

entremead<strong>as</strong> de materiais carreados, os peixes estampados dentro dos arenitos,<br />

<strong>as</strong> ossad<strong>as</strong> de animais pré-históricos, constatad<strong>as</strong> inúmer<strong>as</strong> vezes, e os<br />

estudos da morfologia d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, revelando a redução na superfície d<strong>as</strong><br />

falh<strong>as</strong>, a presença dos espinhos, os caules suberosos e a existência de reserv<strong>as</strong><br />

abundantes de nutrientes nos caules engrossados e n<strong>as</strong> “batat<strong>as</strong>” d<strong>as</strong><br />

raízes de divers<strong>as</strong> espécies da flora nativa, nos levam a acreditar que pode<br />

ter havido uma transição do regime antigo, chuvoso ou de presença d’água,<br />

para o atual, de irregularidade pluviométrica, de sec<strong>as</strong> e de chei<strong>as</strong>, condição<br />

mais ou menos anfíbia.<br />

As plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> são aquel<strong>as</strong> que toleram a esc<strong>as</strong>sez d’água, que fogem<br />

aos efeitos da deficiência hídrica ou que resistem à seca. El<strong>as</strong> podem ser<br />

cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> em 3 tipos, conforme o modo como conseguem sobreviver:<br />

1) efêmer<strong>as</strong>; 2) suculent<strong>as</strong> ou carnos<strong>as</strong>; 3) lenhos<strong>as</strong>.<br />

As efêmer<strong>as</strong> são plant<strong>as</strong> cujo ciclo vegetativo não ultrap<strong>as</strong>sa algum<strong>as</strong><br />

seman<strong>as</strong> ou meses, que aproveitam a estação chuvosa para a germinação, o<br />

crescimento, a floração, a frutificação, e desaparecem com a seca. El<strong>as</strong> podem<br />

crescer até 1m ou mais de altura ou restringir o desenvolvimento a poucos<br />

centímetros, dependendo da quantidade e da distribuição d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>;<br />

reproduzem-se por sementes, por meio de rizom<strong>as</strong> ou de bulbos, sob o solo,<br />

com a germinação ou brotação favorecida pel<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> precipitações; são<br />

capazes de escapar às crises d’água, regulando o crescimento e soltando <strong>as</strong><br />

sementes, mais cedo ou mais tarde, para garantir a perpetuação d<strong>as</strong> espécies.<br />

Entre <strong>as</strong> efêmer<strong>as</strong> mais comuns, podemos citar algum<strong>as</strong> gramíne<strong>as</strong>: o<br />

31


capim-mimoso (Anthephora hermaphrodita, Kuntze, Trinuacum hermaphrodita,<br />

Linn., Anthephora elegans, Schreb.), o capim-pan<strong>as</strong>co (Aristida<br />

setifolia, H.B.K., /A. arenaria, Trin.); <strong>as</strong> leguminos<strong>as</strong> ligeir<strong>as</strong>: o feijão-de-boi<br />

(Crotalaria incana, Linn), o carrapicho (Meibomia pabularis, Hoene); <strong>as</strong><br />

Amalaridace<strong>as</strong> bulbos<strong>as</strong>: cebola-brava (Amaryllis Belladona, Linn), <strong>as</strong><br />

Amarantace<strong>as</strong> r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>: quebra-panela (Alternanthera br<strong>as</strong>ililiana, Moq.,<br />

A. dentata) e muit<strong>as</strong> outr<strong>as</strong>.<br />

As suculent<strong>as</strong> são plant<strong>as</strong> com caules e falh<strong>as</strong> carnos<strong>as</strong>, de tecido esponjoso<br />

ou mucilaginoso, aquoso, com viscosidade no protopl<strong>as</strong>ma d<strong>as</strong> célul<strong>as</strong><br />

em condições de suportar o murchamento, com falh<strong>as</strong> de cutícula espessa ou<br />

serosa e estômatos protegidos para diminuir a transpiração, provid<strong>as</strong> com<br />

raízes fibros<strong>as</strong> e superficiais para absorverem o orvalho, a neblina (n<strong>as</strong> altitudes<br />

elevad<strong>as</strong>) e <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, com órgãos aéreos dotados da capacidade<br />

de sugar a umidade do ar, à noite, n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>. Como exemplos de<br />

vegetais suculentos, xerófilos, podemos mencionar <strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>: a palma forrageira<br />

(Opuntia ficus indica inerme, Dr. Tomaz Pompeu Sobrinho), o quipá<br />

(Opuntia inamoema, K. Schum), o xiquexique (Pilocereus setosus,<br />

Guerke) e muit<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> espécies perenes, tenr<strong>as</strong> e xerófil<strong>as</strong>.<br />

As xerófil<strong>as</strong> lenhos<strong>as</strong> são árvores e arbustos, de vida longa, de estrutura<br />

celulósica, de falh<strong>as</strong> caduc<strong>as</strong> no verão (algum<strong>as</strong> possuem falh<strong>as</strong> permanentes),<br />

de caules e galhos, às vezes, revestidos com camad<strong>as</strong> suberos<strong>as</strong> isolantes<br />

do calor solar, de falh<strong>as</strong> dotad<strong>as</strong> com mecanismo controlador da transpiração<br />

por meio do limbo coreáceo ou seroso, de superfície tomentosa, estômatos<br />

contráteis n<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> quentes para reduzir a transpiração, provid<strong>as</strong> de<br />

raízes profund<strong>as</strong> em busca da água do subsolo e acumulação de reserv<strong>as</strong><br />

nutritiv<strong>as</strong> nos órgãos subterrâneos e nos caules engrossados para o nutrimento<br />

do vegetal nos períodos secos. A menor freqüência dos estômatos n<strong>as</strong><br />

falh<strong>as</strong>, <strong>as</strong> paredes gross<strong>as</strong> d<strong>as</strong> célul<strong>as</strong>, a linificação na esclerofila derivada<br />

dos açúcares e taninos, a condensação dos ácidos gordurosos para formar<br />

uma espessa cutícula epidérmica são c<strong>as</strong>os de xeromorfismo.<br />

O fenômeno da elaboração e do armazenamento de reserv<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>,<br />

para <strong>as</strong> époc<strong>as</strong> de esc<strong>as</strong>sez hídrica, opera em du<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es: uma de intensa<br />

atividade vegetativa e outra de aparente dormência; na primeira, a folhagem<br />

32


d<strong>as</strong> árvores e dos arbustos elabora, por meio da clorofila, da luz solar, do ar<br />

e da umidade, <strong>as</strong> substânci<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong>, com os elementos sugados pel<strong>as</strong><br />

raízes e aqueles sintetizados n<strong>as</strong> falh<strong>as</strong>. Nos meses chuvosos, há uma elaboração<br />

de seiva superior ao Consumo e este excesso é depositado nos<br />

v<strong>as</strong>os do caule e nos “xilopódios” d<strong>as</strong> raízes e são compostos orgânicominerais,<br />

n<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de mucilagens, de ácidos, de tanino, de glucose, de<br />

água, etc. Na estação seca ou nos períodos sem chuv<strong>as</strong> locais, a maioria<br />

dos vegetais perde <strong>as</strong> falh<strong>as</strong> para economizar água, paralisa a função clorofiliana<br />

e o panorama torna-se cinzento, com uma ou outra planta verde,<br />

graç<strong>as</strong> ao controle rígido da transpiração aquosa com o fechamento dos<br />

estômatos.<br />

Quando aparecem <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, com a elevação do grau de<br />

umidade, temperatura mais amena, a vegetação xerófila mobiliza <strong>as</strong> reserv<strong>as</strong><br />

alimentíci<strong>as</strong>, acumulad<strong>as</strong> nos “xilopódios” e nos caules, com a transmigração<br />

para os galhos, formação de folh<strong>as</strong> e de flores, verdadeira ressurreição<br />

operada no curto espaço de 8 di<strong>as</strong>, ficando o ambiente verde, bonito<br />

e sombreado. A flora desse clima irregular apresenta um <strong>as</strong>pecto cinzento<br />

e melancólico, n<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, e outro vivo e verde, com <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.<br />

Além desse mecanismo regulador da atividade fisiológica e da dormência,<br />

há um outro que funciona na estação úmida por intermédio da abertura<br />

e do fechamento dos estômatos d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>. O botânico Mário G. Ferri em<br />

“Balanço de água de plant<strong>as</strong> da caatinga”, fez o estudo da transpiração do<br />

umbuzeiro (Spondia tuberosa), do faveleiro (Cnidosculos phyllacanthus,<br />

Pax e Ka Hoffman), (Jatropha phyllacantha, Mussel), do bonomeiro<br />

(Maytenus rigida, Mart.) e da catingueira (Caesalpinia pyramidalis, Tul.),<br />

no mês de abril, na caatinga de Paulo Afonso. Determinou que, para o<br />

umbuzeiro, há aproveitamento de luz desde <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> da manhã,<br />

quando existe maior umidade atmosférica, e que o máximo de transpiração<br />

se dá às 9 hor<strong>as</strong> da manhã, iniciando, após, o fechamento dos estômatos.<br />

Assim, o umbuzeiro, mesmo em abril, período chuvoso, é forçado a restringir<br />

o consumo d’água. O bonomeiro tem um comportamento de transpiração<br />

semelhante ao do umbuzeiro. A catingueira, no mês de abril, apresentou,<br />

nos estudos de Ferri, uma transpiração livre durante todo o dia. A fa-<br />

33


veleira transpira o máximo ao meio-dia, fecha os estômatos n<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> mais<br />

quentes, para reabrí-los depois d<strong>as</strong> 16 hor<strong>as</strong>.<br />

A irregularidade d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> torna a estação seca variável desde 4 meses<br />

até um ano, em alguns municípios. M<strong>as</strong> esta seca não e geral para o <strong>Nordeste</strong>:<br />

às vezes, chove em determinado ponto e não chove no município vizinho.<br />

As espécies típic<strong>as</strong> de árvores xerófil<strong>as</strong> são, entre outr<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>; a maniçobeira<br />

(Manihot Glaziovil, Muell, Manihot piauhyensis, Ule), a oiticica<br />

(licania rigida, Benth, Pleuragina umbrosissima, A. Cam), a embiratanha,<br />

(Bombax sp.), a banha de galinha (Machaerium sp), etc. Dos arbustos citaremos<br />

o mofumbo (Combretum Leprosum, Mart.), e o marmeleiro (Croton<br />

hemiargyreus, Muell).<br />

Tudo indica que o clima ensolarado (3.000 hor<strong>as</strong> de luz solar, por ano), a<br />

temperatura alta (médi<strong>as</strong> d<strong>as</strong> mínim<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> de 209 o C a 304 o C,<br />

com exceção d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>), a intermitência da pluviosidade, junto com os solos<br />

de limitada capacidade hídrica, tornaram o interland mais adequado para <strong>as</strong><br />

árvores e os vegetais perenes do que para plant<strong>as</strong> anuais ou herbáce<strong>as</strong>. Ao<br />

lavrador compete tirar partido dessa adaptação, dando preferência às cultur<strong>as</strong><br />

permanentes, de árvores que protegem o solo, que podem ser enraizad<strong>as</strong><br />

de uma vez, nos anos bons, que formam patrimônios e que dão safr<strong>as</strong> mais<br />

regulares n<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>.<br />

A ecologia do <strong>Nordeste</strong> e formadora de arvores; a economia d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />

alimentíci<strong>as</strong>, anuais, terá de ser reforçada, na fazenda, com o algodão<br />

mocó, com a oiticica, <strong>as</strong> carnaubeir<strong>as</strong>, os cajueiros, <strong>as</strong> palm<strong>as</strong>, os agaves, <strong>as</strong><br />

maniçob<strong>as</strong>, <strong>as</strong> manipeb<strong>as</strong>, conforme <strong>as</strong> condições locais de solo, de clima,<br />

de mercados, etc.<br />

As condições ambientais parecem estimular, na flora, uma síntese mais<br />

acentuada da celulose, da linha e dos cerídeos em proporção maior; e daí a<br />

ocorrência d<strong>as</strong> espécies arbóre<strong>as</strong> e arbustiv<strong>as</strong>, lenhos<strong>as</strong>, em maior proporção<br />

do que <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> herbáce<strong>as</strong> e anuais.<br />

Focalizando mais particularmente essa evolução, nos seus feitos sabre a<br />

flora, verificamos que o xerofilismo n<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> representa, para a agricultura,<br />

uma grande vantagem.<br />

34


37<br />

Xerofilismo. Desenhos da raiz do mussambê e dos seus tecidos internos (aumentados), com reserv<strong>as</strong> de seiva.


38<br />

Xerofilismo. Mudinha de faveleiro com xilopódio de nutrientes e a estrutura d<strong>as</strong> célul<strong>as</strong> armazenador<strong>as</strong>.


Os estudos de solos e da flora e <strong>as</strong> observações meteorológic<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong><br />

já revelaram que essa parte do Br<strong>as</strong>il não é uniforme n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições<br />

físic<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> que há diferenciações, em grupos de municípios, que formam<br />

ambientes ecológicos com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> nuances acentuad<strong>as</strong>. Aquela opinião<br />

antiga de um <strong>Nordeste</strong> igualmente semi-árido não resistiu aos exames mais<br />

detalhados. E muitos erros foram cometidos em nome da aridez generalizada.<br />

E entre eles está a adoção da solução hidráulica, geral, que não deu os<br />

frutos esperados, porque a água não é o fator mais importante no progresso<br />

da região. Às vezes, o é, m<strong>as</strong>, em outro ano, não o é. Se a água tivesse a<br />

importância primordial no adiantamento do povo, como muitos pregam, <strong>as</strong><br />

margens dos rios S. Francisco e Parnaíba seriam dois jardins. E são dois<br />

desertos. O Ceará meio seco não é mais próspero do que o Maranhão chuvoso?<br />

Se o <strong>Nordeste</strong>, por hipótese, se torn<strong>as</strong>se regularmente chuvoso, o<br />

povo continuaria pobre. O pauperismo é um fator de retardamento mais importante<br />

do que a seca. Nós temos exagerado muito a influência d<strong>as</strong> crises<br />

climátic<strong>as</strong> no atr<strong>as</strong>o do Polígono. As condições advers<strong>as</strong> do meio não têm<br />

mais tanto poder inibitivo de progresso, na era moderna, com os conhecimentos<br />

e o instrumental científico à disposição do homem. Dizendo de outro<br />

modo, os recursos naturais não são mais, hoje, os fatores decisivos do desenvolvimento<br />

econômico, como aconteceu nos séculos p<strong>as</strong>sados. Alguns<br />

exemplos ilustram bem essa afirmação: 1) Islândia e Dinamarca; a primeira é<br />

mais rica de solos, de minérios, de clima e possui maior área; a Dinamarca é<br />

menor, solo menos fértil, sem recursos minerais, com clima mais frio e ventos<br />

prejudiciais e, no entanto, os dinamarqueses têm uma renda per capita mais<br />

elevada e melhor padrão de vida; 2) G<strong>as</strong>conha e Bretanha, du<strong>as</strong> provínci<strong>as</strong><br />

da França; (a de menos recursos naturais é a mais progressiva) Israel: pais<br />

pequeno, seco, sem petróleo, deficiente em minérios e, apesar disso, os judeus<br />

têm prosperado e melhorado o seu modo de vida; 4) Península Ibérica:<br />

séculos XV e XVI descobert<strong>as</strong> da América e do Br<strong>as</strong>il, exploração de madeir<strong>as</strong>,<br />

diamantes, ouro, prata, etc., retirados do Br<strong>as</strong>il, do México e do<br />

Peru; séculos XVIII e XIX, decadência. Na atualidade, o fator poderoso de<br />

progresso é a vontade do povo de trabalhar, de vencer <strong>as</strong> dificuldades, de<br />

triunfar sobre os empecilhos, é a decisão de aprender mais, de renovar os<br />

39


conhecimentos, de cooperar, de ajudar os governos, de poupar para formar<br />

capitais, é a consciência de empregar bem os investimentos, de zelar pelos<br />

interesses coletivos e, sobretudo, de melhorar constantemente a educação<br />

da m<strong>as</strong>sa, mantendo-a bem informada sobre os processos tecnológicos, através<br />

de uma equipe numerosa e bem qualificada de cientist<strong>as</strong>.<br />

O homem ignorante é perdulário de tempo, de dinheiro e de esforços; o<br />

indiferente é negativo. O <strong>Nordeste</strong> é medianamente dotado de recursos naturais,<br />

o seu povo é inteligente e versátil, o numerário existente b<strong>as</strong>ta para<br />

promover o seu progresso desde que a política não intervenha e que o governo<br />

acredite nos técnicos honestos, nos líderes dotados de civismo e nos<br />

homens de ciência que já provaram a sua abnegação.<br />

Temos <strong>as</strong> arm<strong>as</strong> para a vitória. As lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> são uma parte importante<br />

dess<strong>as</strong> arm<strong>as</strong>. Nenhum pais semi-árido do mundo dispõe de um<br />

conjunto de plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, valios<strong>as</strong>, como o nosso. O melhor aproveitamento<br />

econômico d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, no Polígono, deverá ser b<strong>as</strong>eado<br />

nos conhecimentos mais racionais d<strong>as</strong> condições característic<strong>as</strong> de cada uma<br />

d<strong>as</strong> regiões naturais.<br />

Apresentamos algum<strong>as</strong> considerações sobre esse <strong>as</strong>sunto, à guisa de<br />

estudos, sem termos a pretensão de oferecer a última palavra.<br />

40


3 - CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES NATURAIS<br />

N<strong>as</strong> noss<strong>as</strong> viagens de serviço, pelos Estados do Piauí até Bahia, de 1933<br />

a 1959, fomos anotando o que visamos quanto aos solos, flora e lavour<strong>as</strong>;<br />

muit<strong>as</strong> opiniões valios<strong>as</strong>, de sertanejos, foram registrad<strong>as</strong>, bem como <strong>as</strong> observações<br />

de coleg<strong>as</strong>.<br />

Quando da primeira edição do “Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong>”, em<br />

1949, esboçamos uma definição dess<strong>as</strong> “manch<strong>as</strong> ecológic<strong>as</strong>” e, n<strong>as</strong> du<strong>as</strong> outr<strong>as</strong><br />

edições seguintes, tentamos estabelece uma coordenação de prátic<strong>as</strong> agrícol<strong>as</strong><br />

que se acomod<strong>as</strong>sem a cada ambiente. Desde então, iniciamos o ensaio<br />

de um mapa provisório como o primeiro p<strong>as</strong>so para obter, em cores diferentes,<br />

o mosaico natural, não ainda ecológico, dos ambientes dentro do <strong>Nordeste</strong>.<br />

Os dados colhidos com o auxílio de coleg<strong>as</strong>, de fazendeiros, de publicações,<br />

de estações meteorológic<strong>as</strong> precisavam encontrar uma interpretação para<br />

que os graus de aridez d<strong>as</strong> regiões naturais tivessem expressão. Os fatores que<br />

tomamos para esse ensaio de cl<strong>as</strong>sificação d<strong>as</strong> regiões naturais do <strong>Nordeste</strong><br />

foram: a) o mapa d<strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong>, medid<strong>as</strong> de 22 anos, organizado pelo<br />

engenheiro J. Pereira de C<strong>as</strong>tro, do Dnocs; b) <strong>as</strong> altitudes constantes do mapa<br />

do Instituto Br<strong>as</strong>ileiro de Geografia e Estatística (IBGE), escala de 1.500.000;<br />

c) os tipos de vegetação; d) <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> dos solos; e) <strong>as</strong> observações<br />

meteorológic<strong>as</strong> (onde existentes) para emprego na Fórmula de Mangenot, incluindo<br />

nela <strong>as</strong> correções de solo e vegetação, para o nosso ambiente. Os<br />

estudos valiosos do ilustre engenheiro agrônomo Lauro Xavier, publicados na<br />

“A União”, e o mapa organizado por ele serviram de b<strong>as</strong>e para <strong>as</strong> regiões da<br />

Paraíba. O livro “Regiões Naturais de Pernambuco”, do eminente professor<br />

V<strong>as</strong>concelos Sobrinho, foi adotado para orientar a cl<strong>as</strong>sificação, no Estado,<br />

sendo por nós denominada de Caatinga a parte oeste. O Estado de Alago<strong>as</strong> já<br />

tinha o seu mapa ecológico confeccionado criteriosamente pelo competente<br />

engenheiro agrônomo João Guilherme de Pontes Sobrinho.<br />

No Rio Grande do Norte, tivemos a preciosa ajuda do engenheiro agrônomo<br />

Nilo Albuquerque, que conhece o Estado palmo a palmo. O engenheiro<br />

agrônomo Esmerino Gomes Parente, com a sua grande experiência no Ceará,<br />

41


desde o tempo em que dirigiu a Secção do Fomento Agrícola, o Dpto. de Expansão<br />

Econômica e <strong>as</strong> Reserv<strong>as</strong> Florestais, nos deu inestimável cooperação.<br />

No Piauí, recebemos ensinamentos importantes dos engenheiros agrônomo<br />

Teobaldo Gomes Parente, Fernando Pires Leal e Augusto Paranaguá e do engenheiro<br />

João Martins do Rego.<br />

Do notável livro “Sergipe e o Problema da Saca”, do engenheiro Jorge de<br />

Oliveira Neto, tiramos substanciais informações sobre a divisão do Estado. Bo<strong>as</strong><br />

informações gerais colhemos, também, do livro “Estudo de Ecologia Vegetal e Reflorestamento”<br />

do talentoso engenheiro agrônomo Emmanuel Franco. No Estado<br />

da Bahia, tivemos a colaboração decisiva dos competentes engenheiros agrônomos<br />

Oswaldo Souza Dant<strong>as</strong>, José Vale Cabral e do geógrafo Godofredo Dant<strong>as</strong>.<br />

Não temos a valeidade de apresentar um mapa definitivo, m<strong>as</strong> um esboço<br />

inicial para aperfeiçoamento futuro, à medida que sejam realizados estudos mais<br />

completos, por homens mais autorizados e com recursos mais amplos. Cumprimos<br />

a missão do abridor de picada para os especialist<strong>as</strong>, que vêm depois construir<br />

a estrada e revesti-la.<br />

Não e fácil delimitar <strong>as</strong> regiões naturais devido à alteração da vegetação<br />

primitiva feita pela roçada, pelo fogo e pela erosão,e, ainda, devido ao número<br />

esc<strong>as</strong>so de observações meteorológic<strong>as</strong> nos locais típicos. Além da insuficiência<br />

de dados, <strong>as</strong> estações observador<strong>as</strong> do tempo não estão distribuíd<strong>as</strong> como<br />

seria conveniente. Esclarecemos, outrossim, que a transição de uma região para<br />

outra e disfarçada aos poucos e fomos obrigados a fazê-la em linha rígida, para<br />

que pudéssemos, com o planímetro, avaliar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>. Tivemos em vista, da<br />

mesma forma, saber, com aproximação, <strong>as</strong> superfícies utilizáveis para lavour<strong>as</strong>,<br />

para p<strong>as</strong>tagens e para reserv<strong>as</strong> florestais, a fim de julgarmos, provisoriamente,<br />

qual a população que poderá viver d<strong>as</strong> atividades rurais. De nossa parte reconhecemos<br />

ser muita ousadia querer descer a estes detalhes; entretanto, a pressão<br />

demográfica está a exigir uma noção dos recursos naturais, d<strong>as</strong> possibilidades<br />

de trabalho e da distribuição mais racional de braços nos setores ativos;<br />

primário, secundário e terciário.<br />

Adotamos <strong>as</strong> denominações locais com que o povo da região define o seu<br />

meio; <strong>as</strong>sim, chamamos de mata <strong>as</strong> faix<strong>as</strong> chuvos<strong>as</strong> que não sofrem seca (cor<br />

azul, no mapa); de agreste, os municípios intermediários entre a mata e a caatin-<br />

42


ga ou que recebem chuv<strong>as</strong> da mata e do mar ao mesmo tempo (cor c<strong>as</strong>tanha);<br />

de caatinga, <strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> e de vegetação espinhenta e densa; de sertão, a<br />

região quente, seca, de solo vermelho, com seixos rolados; de Serra, <strong>as</strong> faix<strong>as</strong><br />

de terr<strong>as</strong> acima de 500m de altitude (cor azul); de cariris- velhos, o planalto<br />

paraibano da Borborema (cor roxa); de curimataú, <strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> arenos<strong>as</strong>, intercalad<strong>as</strong><br />

entre <strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, os cariris-velhos e o agreste, de Esperança; de seridó,<br />

a região quente, saca pedregosa, baixa e erodida (cor vermelha); de cerrado,<br />

os campos gerais a oeste da Bahia; de carr<strong>as</strong>co, <strong>as</strong> ondulações da serra da<br />

Ibiapaba, depois da faixa úmida e onde predomina o solo silicoso, seco, pobre<br />

e de vegetação arbustiva, fechada. As baci<strong>as</strong> de irrigação e os vales úmidos<br />

estão desenhados em cor verde.<br />

Sem dúvida, êste esboço de mapa é uma primeira tentativa de ordenar os<br />

graus de secura que ocorrem no v<strong>as</strong>to interland e uma experiência para achar<br />

uma metodização de processos agrícol<strong>as</strong> mais de acordo com a ecologia de<br />

cada ambiente. Outros homens com mais disponibilidades financeir<strong>as</strong> e cabedal<br />

científico poderão aperfeiçoar o mapa para benefício do <strong>Nordeste</strong>.<br />

Precisávamos testar <strong>as</strong> gradações de aridez entre o seridó, a caatinga, o<br />

sertão, o agreste e a mata. Lançamos mão, para esse fim, da relação precipitação<br />

versus evaporação e obtivemos os índices seguintes:<br />

Seridó 1:5,8 a 1:2,5 (semi-árido)<br />

Caatinga 1:3,6 a 1:2,5<br />

Sertão 1:2,5<br />

Agreste 1:2,0 a 1:1,7<br />

Mata 1:0,9 a 1:0,7 (úmido)<br />

Em seguida, como outro teste, arriscamos o emprego da fórmula de Mangenot,<br />

introduzindo-lhe fatores do solo e da vegetação, como possíveis corretivos<br />

para o c<strong>as</strong>o. Tomamos a profundidade, a permeabilidade, o declive e a<br />

cobertura da terra como o conjunto dos fatores edáficos, cl<strong>as</strong>sificados de 1 a<br />

10; a vegetação pelo seu porte, densidade, verde ou seca, na escala de 1 a 10<br />

formaria os fatores florísticos. Assim, um solo plano, profundo, poroso, sem<br />

erosão, teria o valor 10, diminuindo ate 1, conforme su<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> fossem<br />

mudando; uma floresta densa, sempre verde, alta, amparando toda a água,<br />

teria o índice 10, decrescendo até 1 com ausência total da vegetação.<br />

43


Não temos ainda estações meteorológic<strong>as</strong> em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> regiões naturais do<br />

<strong>Nordeste</strong>. Usamos os elementos que temos em mão para o seridó, a caatinga,<br />

o sertão, o agreste e a mata. Faltamos dados para estudos do carr<strong>as</strong>co piauiense,<br />

do curimataú paraibano e do cerrado baiano.<br />

Os métodos tradicionais de cultivo n<strong>as</strong> regiões árid<strong>as</strong> e semi-árid<strong>as</strong> são: a<br />

irrigação e o dry farming. No primeiro c<strong>as</strong>o, a secura é corrigida pela água<br />

aplicada por diferentes processos. O dry farming tem sido, nos países de<br />

clima temperado, uma técnica agrícola b<strong>as</strong>eada na profundidade e na permeabilidade<br />

do solo, na topografia plana ou ondulada, na existência da neve supridora<br />

de umidade, no alqueive da gleba para armazenamento d’água, no uso da<br />

cultura dos cereais menores, pouco exigente d’água (trigo, aveia, centeio, cevado,<br />

sorgo) e n<strong>as</strong> operações mecanizad<strong>as</strong> para o barateamento da produção.<br />

Vemos, então, que o dry farming requer um conjunto de condições especialmente<br />

quanto ao solo, para o seu êxito.<br />

Nos estados do oeste norte-americano, nos municípios em que predominam<br />

<strong>as</strong> condições citad<strong>as</strong>, a “lavoura seca” é praticada do seguinte modo: 1)<br />

preparo do solo e semeadura mecânica dos cereais, em setembro; 2) início da<br />

germinação e cobertura d<strong>as</strong> plantinh<strong>as</strong> pela neve, nos meses de novembro -<br />

dezembro - até fevereiro - março; 3) degelo em março até maio; 4) granação<br />

dos cachos de maio a julho; 5) colheita pel<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> em agosto. Há uma<br />

variante desse sistema que consiste no cultivo de variedades precoces de cereais,<br />

com o plantio em março-abril e colheita em setembro.<br />

No clima tropical, de solo r<strong>as</strong>o, de superfícies não plan<strong>as</strong>, com evaporação<br />

intensa e insolação elevada, como no NE, o emprego do dry farming e difícil.<br />

Aqui, a solução pode ser encontrada no xerofilismo, isto é, na propriedade de<br />

<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> guardarem á água e <strong>as</strong> su<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong>, já que o solo e o ambiente físico<br />

não permitem ou não têm essa faculdade. A diferença entre o dry farming e o<br />

xerofilismo é que o primeiro se b<strong>as</strong>eia em fenômenos físicos e o segundo se<br />

apóia em propriedades fisiológic<strong>as</strong>. Desse modo, verificamos que o xerofilismo<br />

é o substituto do dry farming, no <strong>Nordeste</strong>. Não existindo a seca total nesse<br />

pedaço do Br<strong>as</strong>il, m<strong>as</strong> uma alternativa de anos normais, entremeados com chei<strong>as</strong>,<br />

e, ainda, outros de precipitações ao azar, com a luz intensa e a evaporação<br />

contínua, o recurso para a grande lavoura, fora da irrigação, está logicamente<br />

nos plantios do algodão mocó, da carnaubeira, da oiticica, da maniçoba, da<br />

44


manipeba, do agave, da palma, do cajueiro, do pequizeiro, da faveleira e de<br />

outr<strong>as</strong> que guardam <strong>as</strong> su<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong>, sobrevivem aos anos esc<strong>as</strong>sos e dão<br />

safr<strong>as</strong> contínu<strong>as</strong> depois de enraizad<strong>as</strong>.<br />

As vantagens dess<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, que também poderíamos denominar<br />

de “cultur<strong>as</strong> de pingos d’água”, são, entre outr<strong>as</strong>: serem perenes, com grandes<br />

áre<strong>as</strong> adequad<strong>as</strong>, colheit<strong>as</strong> que dão dólares, possibilidades de industrialização<br />

local, serem dos hábitos do povo e de caráter extensivo, servirem para o reflorestamento<br />

e cobertura do solo, proporcionarem trabalhos, durante o ano, a<br />

grande número de pesso<strong>as</strong>.<br />

A caatinga, de onde saíram ess<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, é um complexo vegetativo sui<br />

generis, diferente d<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações vegetais d<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> partes semi-árid<strong>as</strong> do<br />

mundo; ela e um museu de preciosidades, um laboratório biológico de imenso<br />

valor, que urge ser preservado como fonte de espécies botânic<strong>as</strong> para estudos<br />

e aproveitamento futuros em benefício dos br<strong>as</strong>ileiros e da humanidade. Essa<br />

flora da caatinga demorou milênios de evolução para atingir o estado atual de<br />

adaptação e para adquirir <strong>as</strong> propriedades fisiológic<strong>as</strong> e de elaboração dos<br />

produtos variados.<br />

Garantir a sobrevivência da caatinga nativa, em diferentes pontos do <strong>Nordeste</strong>,<br />

significa preservar um patrimonio valiosíssimo de recursos naturais para o mundo.<br />

Km2 Tabela 1 - Piauí - superfície total do Estado: 251.683 km<br />

Hectares<br />

2 -<br />

áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa<br />

Regiões naturais<br />

Mata ou região úmida .............................<br />

Agreste ..................................................<br />

Serr<strong>as</strong> ....................................................<br />

Áre<strong>as</strong> de irrigação, prováveis (rios, poços)<br />

Caatinga .................................................<br />

Carr<strong>as</strong>co ................................................<br />

Cerrado .................................................<br />

Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> ........................................<br />

Total .......................................................<br />

52.485,5<br />

43.415,0<br />

892,5<br />

1.200,00<br />

133.339,5<br />

10.225,0<br />

9.750,5<br />

375,0<br />

251.683<br />

5.248.550<br />

4.341.500<br />

89.250<br />

120.000<br />

13.333.950<br />

1.022.500<br />

975.050<br />

37.500<br />

25.168.300<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />

45


Mata<br />

Agreste<br />

1. Pimenteira..............................................<br />

2. Água Branca .........................................<br />

3. Alto Longa ............................................<br />

4. Altos ......................................................<br />

5. Barr<strong>as</strong> ....................................................<br />

6. Batalha ...................................................<br />

7. Beneditinos ............................................<br />

8. Buriti Lopes ...........................................<br />

9. Campo Maior .........................................<br />

10. C<strong>as</strong>telo .................................................<br />

11. Cocal ....................................................<br />

46<br />

Tabela 2 - Piauí: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continua<br />

1. Angical ...................................................<br />

2. Esperantina ............................................<br />

3. Luzilândia ...............................................<br />

4. Mat. Olímpio ..........................................<br />

5. Miguel Alves ..........................................<br />

6. Monte Alegre .........................................<br />

7. Palmeir<strong>as</strong> ...............................................<br />

8. Porto ......................................................<br />

9. R. Gonçalves .........................................<br />

10. Sta. Filomena .......................................<br />

11. Teresina ................................................<br />

12. União....................................................<br />

13. Uruçuí ..................................................<br />

Total ...........................................................<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

969<br />

2.121<br />

2.616<br />

637<br />

5.850<br />

1.084<br />

2.369<br />

1.380<br />

2.014<br />

1.641<br />

9.262<br />

7.466<br />

2.500<br />

39.909<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

1.074<br />

8.604<br />

1.896<br />

7.913<br />

2.904<br />

4.194<br />

2.356<br />

3.436<br />

631<br />

731<br />

782<br />

1950<br />

Popul.<br />

-<br />

17.298<br />

24.391<br />

-<br />

21.818<br />

-<br />

8.619<br />

10.007<br />

6.475<br />

4.506<br />

90.723<br />

27.484<br />

9.330<br />

20.960<br />

1950<br />

Popul.<br />

-<br />

-<br />

10.196<br />

18.419<br />

29.291<br />

12.916<br />

9.300<br />

26.829<br />

39.927<br />

17.841<br />

14.891


Tabela 2 - Piauí: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continuação<br />

Agreste<br />

12. E. Veloso..............................................<br />

13. Inhuma .................................................<br />

14. José Freit<strong>as</strong> ..........................................<br />

15. Piracuruca ...........................................<br />

16. Piripiri ...................................................<br />

17. Regeneração........................................<br />

18. S. Félix .................................................<br />

19. S. Pedro ...............................................<br />

20. S. Miguel..............................................<br />

Total ......................................................<br />

Caatinga<br />

1. Amarante ...............................................<br />

2. Bertolinia ...............................................<br />

3. Bom Jesus..............................................<br />

4. Canto Buriti ...........................................<br />

5. Caracol ..................................................<br />

6. Conc. Canindé .......................................<br />

7. Corrente .................................................<br />

8. Crist. C<strong>as</strong>tro ..........................................<br />

9. Curimatá ................................................<br />

10. Floriano ................................................<br />

11. Fronteir<strong>as</strong> .............................................<br />

12. Guadalupe ............................................<br />

13. Itainópolis .............................................<br />

14. Itaineira ................................................<br />

15. Jaicós ...................................................<br />

16. Luiz Correa ..........................................<br />

17. Jurumenha ...........................................<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

4.938<br />

2.711<br />

2.128<br />

1.395<br />

2.714<br />

6.690<br />

1.305<br />

19.053<br />

870<br />

76.325<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

1.657<br />

963<br />

6.122<br />

2.074<br />

1.994<br />

1.069<br />

1.696<br />

3.736<br />

1.023<br />

296<br />

2.646<br />

1.114<br />

6.251<br />

1.271<br />

4.709<br />

1.662<br />

2.791<br />

1950<br />

Popul.<br />

-<br />

-<br />

15.761<br />

18.341<br />

23.701<br />

13.736<br />

-<br />

23.334<br />

12.660<br />

287.143<br />

1950<br />

Popul.<br />

19.511<br />

7.424<br />

15.241<br />

11.753<br />

8.147<br />

-<br />

9.018<br />

-<br />

-<br />

33.786<br />

13.316<br />

7.409<br />

-<br />

-<br />

28.175<br />

20.176<br />

10.404<br />

47


18. Nazaré .................................................<br />

19. Oeir<strong>as</strong> ..................................................<br />

20. Parnaguá ..............................................<br />

21. Parnaíba ...............................................<br />

22. Paulistana ............................................<br />

23. Pedro Segundo.....................................<br />

24. Picos ....................................................<br />

25. Pio IX ...................................................<br />

26. S. João Piauí ........................................<br />

27. S. Raim. Nonato ..................................<br />

28. Simões ..................................................<br />

29. Simpl. Mendes .....................................<br />

30. Valença ................................................<br />

Total ......................................................<br />

Cerrado<br />

48<br />

Tabela 2 - Piauí: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

361<br />

7.725<br />

3.888<br />

1.996<br />

2.094<br />

1.747<br />

26.461<br />

18.445<br />

4.885<br />

6.864<br />

2.036<br />

1.098<br />

4.093<br />

122.770<br />

conclusão<br />

1950<br />

Popul.<br />

-<br />

44.560<br />

11.821<br />

49.369<br />

21.691<br />

23.574<br />

54.713<br />

10.643<br />

23.404<br />

30.607<br />

-<br />

15.612<br />

51.586<br />

522.040<br />

1. Gilbués ............................................ 1.419 15.553<br />

Região<br />

Mata<br />

Agreste<br />

Caatinga<br />

Cerrado<br />

Total<br />

Tabela 3 - Piauí - Resumo<br />

Hectares<br />

39.909<br />

76.325<br />

122.770<br />

1.419<br />

240.423<br />

1956<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB.<br />

População<br />

220.960<br />

287.143<br />

552.040<br />

15.553<br />

1.045.696<br />

Fonte: Serv. de Estatística e Produção. M. A.<br />

– Censo de 1950 – ETENE – BNB<br />

1950<br />

Popul.


Tabela 4 - Ceará: superfície total do Estado: 147.895 Km 2 - áre<strong>as</strong><br />

d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa<br />

Região natural<br />

Caatinga ..............................................<br />

Sertão .................................................<br />

Seridó Cearense ..................................<br />

Serr<strong>as</strong> .................................................<br />

Agreste (parte da Serra do Araripe) .....<br />

Carr<strong>as</strong>co (parte Serr<strong>as</strong> Cariris Novos e<br />

Ibiapaba) ............................................<br />

Baci<strong>as</strong> irrigação açudes públicos ..........<br />

Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .....................................<br />

Total<br />

Km 2<br />

72.958,0<br />

38.698,5<br />

20.563,0<br />

6.596,5<br />

250,0<br />

5.797,5<br />

1.414,0<br />

1.617,5<br />

147.895,5<br />

Hectares<br />

7.295.800<br />

3.869.850<br />

2.056.300<br />

659.650<br />

25.000<br />

579.750<br />

141.400<br />

161.750<br />

14.789.500<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

49


50<br />

Tabela 5 - Ceará: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continua<br />

Seridó<br />

1. Boa Viagem ........................................<br />

2. Canindé ..............................................<br />

3. Capistrano ..........................................<br />

4. Frade .................................................<br />

5. Itatira .................................................<br />

6. Quixadá .............................................<br />

7. Quixeramobim ....................................<br />

8. Solonópole .........................................<br />

Total .......................................................<br />

Sertão<br />

1. Acopiara ..........................................<br />

2. Aracoiaba .........................................<br />

3. Barro ...............................................<br />

4. Cariré ...............................................<br />

5. Cariús ..............................................<br />

6. Cedro ..............................................<br />

7. Coreaú .............................................<br />

8. Crateús ............................................<br />

9. Frecheirinh<strong>as</strong> ....................................<br />

10. Icó .................................................<br />

11. Iguatu .............................................<br />

12. Ipaumirim .......................................<br />

13. Ipueir<strong>as</strong> ..........................................<br />

14. Iracema ..........................................<br />

15. Jaguaribe ........................................<br />

16. Jucás ..............................................<br />

17. Lavr<strong>as</strong> ............................................<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

17.373<br />

10.664<br />

4.733<br />

3.944<br />

16.601<br />

58.403<br />

21.682<br />

12.870<br />

147.270<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

30.385<br />

2.537<br />

16.701<br />

2.680<br />

8.270<br />

7.578<br />

855<br />

15.384<br />

578<br />

24.780<br />

45.001<br />

22.652<br />

5.008<br />

4.745<br />

2.729<br />

9.937<br />

15.298<br />

1950<br />

Popul.<br />

26.542<br />

48.320<br />

-<br />

15.929<br />

-<br />

61.631<br />

46.843<br />

20.525<br />

219.790<br />

1950<br />

Popul.<br />

31.755<br />

24.258<br />

-<br />

21.020<br />

-<br />

17.753<br />

26.952<br />

31.227<br />

-<br />

35.097<br />

41.922<br />

17.448<br />

30.753<br />

-<br />

16.971<br />

30.203<br />

25.192


Tabela 5 - Ceará: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

18. M<strong>as</strong>sapê ........................................<br />

19. Mombaça .......................................<br />

20. Morada Nova ................................<br />

21. Mucambo .......................................<br />

22. N. Russ<strong>as</strong> .......................................<br />

23. Saboeiro ........................................<br />

24. Sta. Cruz Norte ..............................<br />

25. Sta Ana Acaraú ..............................<br />

26. Sta. Quitéria ...................................<br />

27. Sem. Pompeu .................................<br />

28. Sobral ............................................<br />

29. Tamboril .........................................<br />

Total .....................................................<br />

Caatinga<br />

1. Acaraú .............................................<br />

2. Aquiraz .............................................<br />

3. Aracati .............................................<br />

4. Assaré ..............................................<br />

5. Aurora ..............................................<br />

6. Barbalha ...........................................<br />

7. Baturité ............................................<br />

8. Beberibe ..........................................<br />

9. Brejo Santo ......................................<br />

10. Camocim ........................................<br />

11. Campos Sales.................................<br />

12. C<strong>as</strong>cavel ........................................<br />

13. Caucaia ..........................................<br />

14. Chaval ............................................<br />

15. Crato .............................................<br />

16. Fari<strong>as</strong> Brito ....................................<br />

1.035<br />

23.256<br />

14.100<br />

3.024<br />

11.690<br />

22.372<br />

2.549<br />

4.015<br />

3.505<br />

8.444<br />

2.600<br />

9.924<br />

324.732<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

9.819<br />

5.718<br />

3.905<br />

11.780<br />

11.818<br />

3.262<br />

9.250<br />

2.354<br />

16.097<br />

1.671<br />

19.124<br />

2.491<br />

9.412<br />

370<br />

3.597<br />

6.829<br />

continuação<br />

29.311<br />

23.245<br />

30.138<br />

-<br />

32.207<br />

26.597<br />

18.382<br />

30.869<br />

28.222<br />

25.209<br />

70.011<br />

21.837<br />

689.579<br />

1950<br />

Popul.<br />

54.973<br />

23.870<br />

26.842<br />

27.142<br />

22.234<br />

22.987<br />

37.927<br />

-<br />

29.344<br />

33.626<br />

19.691<br />

53.620<br />

37.832<br />

-<br />

46.408<br />

18.762<br />

51


17. Fortaleza ........................................<br />

18. Granja ............................................<br />

19. Independência ................................<br />

20. Ipu .................................................<br />

21. Itapipoca ........................................<br />

22. Jaguaruana .....................................<br />

23. Jardim ............................................<br />

24. Tati .................................................<br />

25. Juazeiro ..........................................<br />

26. Limoeiro .........................................<br />

27. Maranguape ...................................<br />

28. Marco ............................................<br />

29. Mauriti ...........................................<br />

30. Milagres .........................................<br />

31. Missão Velha ..................................<br />

32. Mons. Tabosa ................................<br />

33. Pacajus ..........................................<br />

34. Pacatuba ........................................<br />

35. Paracuru .........................................<br />

36. Pedra Branca .................................<br />

37. Pentecoste ......................................<br />

38. Pereiro ...........................................<br />

39. Porteir<strong>as</strong> .........................................<br />

40. Redenção .......................................<br />

41. Russ<strong>as</strong> ............................................<br />

42. S. G. do Amarante ..........................<br />

43. Curu ...............................................<br />

44. Tauá ...............................................<br />

45. Trairi ..............................................<br />

46. Várzea Alegre .................................<br />

Total .....................................................<br />

52<br />

Tabela 5 - Ceará: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continuação<br />

4.670<br />

3.390<br />

6.730<br />

10.655<br />

82.680<br />

3.872<br />

4.585<br />

2.573<br />

23.409<br />

19.889<br />

20.245<br />

1.627<br />

10.438<br />

11.153<br />

5.386<br />

10.143<br />

4.272<br />

7.376<br />

642<br />

25.212<br />

13.125<br />

10.717<br />

6.510<br />

6.638<br />

34.197<br />

817<br />

4.524<br />

17.758<br />

669<br />

21.842<br />

493.241<br />

270.169<br />

44.261<br />

35.634<br />

37.242<br />

64.907<br />

21.608<br />

23.861<br />

-<br />

56.146<br />

37.269<br />

41.585<br />

-<br />

24.400<br />

29.596<br />

32.073<br />

-<br />

19.662<br />

19.990<br />

-<br />

22.108<br />

29.842<br />

25.617<br />

-<br />

28.867<br />

34.077<br />

51.399<br />

-<br />

43.511<br />

-<br />

24.101<br />

1.483.683


Tabela 5 - Ceará: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

conclusão<br />

Serr<strong>as</strong><br />

1. Araripe ................................................<br />

2. Caririaçu .............................................<br />

3. Guaraciaba ..........................................<br />

4. Ibiapaba ..............................................<br />

5. Itapajé .................................................<br />

6. Meruoca .............................................<br />

7. Pacoti .................................................<br />

8. Sta. Ana Cariri .....................................<br />

9. S. Benedito .........................................<br />

10. Tianguá ..............................................<br />

11. Ubajara .............................................<br />

12. Uruburetama .....................................<br />

13. Viçosa ...............................................<br />

Total ........................................................<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

11.113<br />

11.723<br />

1.868<br />

3.760<br />

20.522<br />

1.958<br />

18.351<br />

14.419<br />

4.047<br />

2.385<br />

1.360<br />

14.915<br />

2.925<br />

109.346<br />

1950<br />

Popul.<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

Região<br />

Seridó<br />

Sertão<br />

Caatinga<br />

Serr<strong>as</strong><br />

Total<br />

Tabela 6 - Ceará - Resumo<br />

Ha.<br />

147.270<br />

324.732<br />

493.241<br />

109.346<br />

1.074.589<br />

População<br />

219.790<br />

689.579<br />

1.483.683<br />

302.898<br />

2.695.950<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M.<br />

A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />

14.873<br />

23.169<br />

21.820<br />

18.390<br />

36.101<br />

-<br />

30.373<br />

21.748<br />

39.185<br />

20.989<br />

16.458<br />

29.321<br />

30.471<br />

302.898<br />

53


Tabela 7 - Rio Grande do Norte: superfície total<br />

do Estado: 53.069 Km 2 - áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong><br />

a planímetro no mapa<br />

Regiões naturais<br />

Agreste e vales úmidos do Litoral ..........<br />

Caatinga ...............................................<br />

Sertão ..................................................<br />

Seridó ..................................................<br />

Serr<strong>as</strong> ..................................................<br />

Áre<strong>as</strong> prováveis irrigação (açudes) ........<br />

Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> ......................................<br />

Total .....................................................<br />

54<br />

Km 2<br />

3.442,75<br />

23.281,71<br />

15.957,50<br />

7.928,75<br />

1.147,50<br />

390,79<br />

920,00<br />

53.069,00<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

Hectares<br />

344.275<br />

2.328.171<br />

1.595.750<br />

792.875<br />

114.750<br />

39.079<br />

92.000<br />

5.306.900


Seridó<br />

Tabela 8 - Rio Grande do Norte: áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> em 1956<br />

- população de 1950 por regiões naturais<br />

continua<br />

1. Acari ..................................................<br />

2. Caicó .................................................<br />

3. Cruzeta ..............................................<br />

4. Currais Novos ....................................<br />

5. Jardim Piranh<strong>as</strong> ..................................<br />

6. Jardim Seridó .....................................<br />

7. Carnaúba Dant<strong>as</strong> ................................<br />

8. S. J. Sabugi ........................................<br />

9. São Vicente ........................................<br />

10. Serra Negra .....................................<br />

11. Parelh<strong>as</strong> ............................................<br />

12. Ouro Branco ....................................<br />

Total ........................................................<br />

Sertão<br />

1. Santa Cruz .........................................<br />

2. São Tomé ...........................................<br />

3. Itaretama (Lages) ...............................<br />

4. Angicos .............................................<br />

5. S. Rafael ............................................<br />

6. Jucurutu ..............................................<br />

7. Augusto Severo ..................................<br />

8. Carnaúb<strong>as</strong> ..........................................<br />

9. Patu ...................................................<br />

10. Porta Alegre .....................................<br />

11. Pau dos Ferros .................................<br />

12. Alexandria ........................................<br />

13. Florania ............................................<br />

14. Cel. Ezequiel ....................................<br />

15. Sta. Ana Matos ................................<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

10.248<br />

3.255<br />

10.424<br />

13.823<br />

1.577<br />

2.493<br />

6.624<br />

4.194<br />

3.728<br />

1.595<br />

10.870<br />

1.045<br />

69.876<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

43.314<br />

20.125<br />

6.486<br />

18.798<br />

3.799<br />

6.370<br />

5.599<br />

12.902<br />

6.175<br />

2.109<br />

7.323<br />

13.744<br />

8.022<br />

11.450<br />

11.394<br />

1950<br />

Popul.<br />

16.318<br />

24.214<br />

-<br />

28.433<br />

5.750<br />

16.047<br />

-<br />

6.949<br />

-<br />

6.942<br />

13.418<br />

-<br />

115.616<br />

1950<br />

Popul.<br />

43.092<br />

17.850<br />

14.065<br />

16.534<br />

6.390<br />

9.366<br />

16.536<br />

15.409<br />

16.633<br />

10.454<br />

17.517<br />

15.361<br />

12.444<br />

-<br />

17.243<br />

55


16. Almino Afonso ..................................<br />

17. Itaú ..................................................<br />

18. Marcelino Vieira ...............................<br />

Total .......................................................<br />

Serra<br />

1. S. Miguel ............................................<br />

2. Luís Gomes ........................................<br />

3. Martins ...............................................<br />

4. Cerro Corá ........................................<br />

Total .......................................................<br />

Agreste<br />

1. Touros ................................................<br />

2. Ceará Mirim .......................................<br />

3. Natal ..................................................<br />

4. Macaíba .............................................<br />

5. S. J. Mipibu ........................................<br />

6. Nísia Floresta .....................................<br />

7. Arês ...................................................<br />

8. Monte Alegre ....................................<br />

9. Goianinha ...........................................<br />

10. Pedro Velho .....................................<br />

11. Canguaretama ...................................<br />

Total .......................................................<br />

56<br />

Tabela 8 - Rio Grande do Norte: áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> em 1956<br />

- população de 1950 por regiões naturais<br />

continuação<br />

6.273<br />

4.003<br />

8.176<br />

196.062<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

27.131<br />

19.049<br />

10.675<br />

5.628<br />

62.483<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

5.112<br />

6.893<br />

801<br />

13.846<br />

3.070<br />

1.282<br />

912<br />

840<br />

10.050<br />

2.577<br />

1.693<br />

47.076<br />

-<br />

-<br />

-<br />

258.894<br />

1950<br />

Popul.<br />

27.131<br />

19.049<br />

10.675<br />

5.628<br />

62.483<br />

1950<br />

Popul.<br />

22.124<br />

25.739<br />

103.215<br />

40.339<br />

35.265<br />

7.392<br />

6.773<br />

-<br />

21.040<br />

15.667<br />

12.650<br />

290.204


Caatinga<br />

Tabela 8 - Rio Grande do Norte: áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> em 1956<br />

- população de 1950 por regiões naturais<br />

conclusão<br />

1. Nova Cruz .........................................<br />

2. Sto. Antônio .......................................<br />

3. S. J. Campestre ..................................<br />

4. Januário ..............................................<br />

5. Serra Caiada ......................................<br />

6. S. P. Potengi .......................................<br />

7. Taipu ..................................................<br />

8. B. Verde (J. C.) ..................................<br />

9. Macau ................................................<br />

10. Pedro Avelino ...................................<br />

11. Açu ..................................................<br />

12. Ipanguaçu .........................................<br />

13. Areia Branca ....................................<br />

14. Mossoró ..........................................<br />

15. Apodi ...............................................<br />

16. Grossos ............................................<br />

17. Afonso Bezerra .................................<br />

18. Pendência .........................................<br />

19. S. Bento Norte .................................<br />

20. Ipanema ...........................................<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

28.836<br />

66.580<br />

16.370<br />

9.507<br />

3.782<br />

17.630<br />

3.960<br />

14.333<br />

569<br />

5.096<br />

13.816<br />

3.510<br />

284<br />

4.001<br />

5.798<br />

267<br />

22.670<br />

1.037<br />

11.897<br />

1.897<br />

1950<br />

Popul.<br />

27.565<br />

32.026<br />

12.837<br />

-<br />

-<br />

24.192<br />

15.156<br />

24.745<br />

23.533<br />

10.948<br />

27.259<br />

9.760<br />

15.717<br />

40.681<br />

20.030<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

Total ....................................................... 231.764 284.742<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

57


58<br />

Tabela 10 - Paraíba: superfície total do Estado: 56.556 Km 2<br />

- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />

Regiões naturais<br />

Tabela 9 - Rio Grande do Norte - Resumo<br />

Áre<strong>as</strong> Cult.<br />

69.876<br />

47.062<br />

196.764<br />

231.764<br />

62.483<br />

607.247<br />

Mata e vales úmidos do litoral ...............<br />

Agreste ................................................<br />

Serr<strong>as</strong> ..................................................<br />

Áre<strong>as</strong> de irrigação, prováveis (açudes) ..<br />

Sertão ..................................................<br />

Caatinga ...............................................<br />

Cariris Velhos .......................................<br />

Curimataú .............................................<br />

Seridó Paraibano ..................................<br />

Prais e dun<strong>as</strong> ........................................<br />

Total .....................................................<br />

Populações<br />

115.616<br />

90.204<br />

84.742<br />

228.894<br />

48.465<br />

967.921<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção -<br />

M. A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />

Km 2<br />

5.267,5<br />

562,5<br />

6.760,0<br />

250,0<br />

15.171,5<br />

4.462,5<br />

14.735,0<br />

4.059,5<br />

5.177,5<br />

210,0<br />

53.556,0<br />

Hectares<br />

516.750<br />

56.250<br />

670.000<br />

25.000<br />

1.517.150<br />

446.250<br />

1.473.500<br />

405.950<br />

517.750<br />

21.000<br />

5.655.600<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB


Tabela 11 - Paraíba: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continua<br />

Seridó<br />

1. Brejo Cruz ..........................................<br />

2. Patos ...................................................<br />

3. Sta. Luzia ............................................<br />

4. S. Mamede .........................................<br />

Total ........................................................<br />

Sertão<br />

1. Antenor Navarro ................................<br />

2. Cajazeir<strong>as</strong> ...........................................<br />

3. Catolé do Rocha .................................<br />

4. Conceição ...........................................<br />

5. Corem<strong>as</strong>..............................................<br />

6. Itaporanga...........................................<br />

7. Malta ...................................................<br />

8. Piancó .................................................<br />

9. Pombal ................................................<br />

10. S. J. Piranh<strong>as</strong> ....................................<br />

11. Souza .................................................<br />

12. Pilar Uiraúna.....................................<br />

13. Sta. Cruz ...........................................<br />

Total ........................................................<br />

Cariris Velhos<br />

1. Monteiro..............................................<br />

2. Pocinhos ............................................<br />

3. S. J. Cariri...........................................<br />

4. Soledade..............................................<br />

5. Sumé ...................................................<br />

6. Taperoá ..............................................<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

13.712<br />

55.812<br />

11.546<br />

7.491<br />

88.561<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

20.331<br />

20.209<br />

42.340<br />

39.993<br />

6.767<br />

35.845<br />

2.484<br />

40.430<br />

12.164<br />

11.910<br />

41.091<br />

9.913<br />

34<br />

283.511<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

17.016<br />

10.010<br />

3.700<br />

8.781<br />

4.800<br />

19.217<br />

1950<br />

Popul.<br />

21.631<br />

49.549<br />

24.040<br />

-<br />

95.191<br />

1950<br />

Popul.<br />

34.562<br />

30.918<br />

34.391<br />

20.162<br />

-<br />

28.908<br />

-<br />

50.221<br />

50.292<br />

12.954<br />

51.408<br />

-<br />

-<br />

313.816<br />

1950<br />

Popul.<br />

53.641<br />

-<br />

31.778<br />

18.786<br />

-<br />

17.470<br />

59


Tabela 11 - Paraíba: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continuação<br />

1956 1950<br />

Ha. Cult. Popul.<br />

7. Campina ..............................................<br />

8. Cabaceir<strong>as</strong> ..........................................<br />

Total ........................................................<br />

Curimataú<br />

1. Caiçara ...............................................<br />

2. Santa. Rosa ........................................<br />

3. Belém ..................................................<br />

4. Picuí ....................................................<br />

Total ........................................................<br />

Caatinga<br />

1. Alagoa Grande ....................................<br />

2. Alagoinha ............................................<br />

3. Arueir<strong>as</strong> ..............................................<br />

4. Ingá .....................................................<br />

5. Itabaina ...............................................<br />

6. Sapê ....................................................<br />

7. Serra Redonda ....................................<br />

8. Cachoeira ............................................<br />

Total ........................................................<br />

Agreste<br />

1. Esperança e Remígio .......................... 8.126 24.021<br />

60<br />

31.115<br />

4.996<br />

99.635<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

8.510<br />

-<br />

-<br />

22.812<br />

31.322<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

19.004<br />

2.855<br />

11.576<br />

7.026<br />

12.582<br />

10.912<br />

1.547<br />

-<br />

65.502<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

173.206<br />

30.954<br />

325.835<br />

1950<br />

Popul.<br />

37.492<br />

-<br />

-<br />

23.241<br />

60.733<br />

1950<br />

Popul.<br />

29.890<br />

-<br />

-<br />

29.107<br />

38.471<br />

47.259<br />

-<br />

-<br />

144.727<br />

1950<br />

Popul.


Tabela 11 - Paraíba: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

conclusão<br />

Mata<br />

1. Espírito Santo ......................................<br />

2. João Pessoa ........................................<br />

3. Maranguape........................................<br />

4. Pedra Fogo .........................................<br />

5. Pilar .....................................................<br />

6. Sta. Rita ..............................................<br />

7. Pirpirituba ...........................................<br />

8. Guarabira ............................................<br />

Total ........................................................<br />

Serra<br />

1. Alagoa Nova .......................................<br />

2. Araruna ...............................................<br />

3. Areia ...................................................<br />

4. Bananeir<strong>as</strong> ..........................................<br />

5. Umbuzeiro...........................................<br />

6. Bonito ..................................................<br />

7. Cuité....................................................<br />

8. Pilões ..................................................<br />

9. Solânea ...............................................<br />

10. Princesa ............................................<br />

11. Serraria..............................................<br />

12. Teixeira .............................................<br />

Total ........................................................<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

4.109<br />

4.786<br />

9.470<br />

1.768<br />

7.018<br />

10.570<br />

1.504<br />

14.485<br />

53.710<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

8.639<br />

8.608<br />

18.713<br />

20.682<br />

9.728<br />

5.120<br />

19.649<br />

6.323<br />

10.168<br />

23.105<br />

14.760<br />

29.178<br />

174.673<br />

1950<br />

Popul.<br />

36.528<br />

119.326<br />

83.112<br />

-<br />

33.106<br />

42.929<br />

-<br />

81.204<br />

396.205<br />

1950<br />

Popul.<br />

30.243<br />

40.814<br />

46.300<br />

61.223<br />

43.004<br />

7.584<br />

25.490<br />

-<br />

-<br />

39.481<br />

28.166<br />

30.426<br />

352.731<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção M. A. Censo de 1959 – IBGE.<br />

Cl<strong>as</strong>sificação d<strong>as</strong> regiões naturais conforme “Regiões Fisiográfic<strong>as</strong>”,<br />

do Engenheiro Agrônomo Lauro Xavier – “A UNIÃO” – 1959.<br />

61


Regiões naturais<br />

62<br />

Região<br />

Seridó<br />

Sertão<br />

Cariri<br />

Curimataú<br />

Caatinga<br />

Agreste<br />

Mata<br />

Serr<strong>as</strong><br />

Total<br />

Tabela 12 - Paraíba - Resumo<br />

1956<br />

Ha. Cultivado<br />

88.561<br />

283.511<br />

99.635<br />

31.322<br />

65.502<br />

8.126<br />

53.710<br />

174.673<br />

805.040<br />

Mata e vales úmidos do litoral ..................<br />

Agreste ...................................................<br />

Serr<strong>as</strong> .....................................................<br />

Áre<strong>as</strong> prováveis de irrigação (rios e açudes)<br />

Caatinga ..................................................<br />

Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .........................................<br />

1950<br />

População<br />

95.191<br />

313.816<br />

325.835<br />

60.733<br />

144.727<br />

24.021<br />

396.205<br />

352.731<br />

1.713.259<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção -<br />

M.A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />

Tabela 13: Pernambuco: superfície total do Estado: 98.079 Km 2<br />

- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />

Hectares<br />

1.511.900<br />

1.239.000<br />

408.500<br />

100.500<br />

6.509.500<br />

38.500<br />

Km 2<br />

15.119,0<br />

12.390,0<br />

4.085,0<br />

1.005,0<br />

65.095,0<br />

385,0<br />

Total ........................................................ 9.807.900 98.079,0<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB


Tabela 14 - Pernambuco: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continua<br />

Mata<br />

1. Água Preta .........................................<br />

2. Aliança ...............................................<br />

3. Amaraji ..............................................<br />

4. Barreiros ............................................<br />

5. Bonito ................................................<br />

6. Cabo ..................................................<br />

7. Catende .............................................<br />

8. Cortes ................................................<br />

9. Cupira ................................................<br />

10. Escada .............................................<br />

11. Gameleira .........................................<br />

12. Glória de Goitá .................................<br />

13. Goiana ............................................<br />

14. Igaraçu .............................................<br />

15. Ipojuca .............................................<br />

16. Jaboatão ..........................................<br />

17. Joaquim Nabuco ..............................<br />

18. L. dos Gatos ....................................<br />

19. Manaial ............................................<br />

20. Moreno ............................................<br />

21. Nazaré da Mata ...............................<br />

22. Olinda ..............................................<br />

23. Palmares ..........................................<br />

24. Panel<strong>as</strong> .............................................<br />

25. Pandalho ..........................................<br />

26. Paulista .............................................<br />

27. Quipapá ...........................................<br />

28. Recife ...............................................<br />

29. Ribeirão ...........................................<br />

30. Rio Formoso ....................................<br />

31. Santa. Cruz do Capibaribe ................<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

12.020<br />

9.703<br />

3.389<br />

5.408<br />

10.381<br />

10.635<br />

17.253<br />

1.412<br />

989<br />

5.248<br />

3.684<br />

11.710<br />

9.244<br />

8.462<br />

8.499<br />

6.444<br />

2.519<br />

15.545<br />

6.797<br />

4.165<br />

9.505<br />

347<br />

10.258<br />

10.046<br />

5.908<br />

1.439<br />

9.065<br />

772<br />

10.434<br />

12.654<br />

1.095<br />

1950<br />

Popul.<br />

33.879<br />

27.648<br />

28.846<br />

28.093<br />

34.640<br />

36.007<br />

24.693<br />

-<br />

-<br />

28.996<br />

13.008<br />

43.962<br />

44.962<br />

33.985<br />

24.153<br />

57.278<br />

-<br />

19.289<br />

16.077<br />

23.095<br />

41.086<br />

62.435<br />

38.318<br />

39.522<br />

32.148<br />

48.103<br />

28.439<br />

524.682<br />

20.062<br />

22.063<br />

-<br />

63


Tabela 14 - Pernambuco: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continuação<br />

32. São Lourenço ...................................<br />

33. Serinhaém ........................................<br />

34. També ..............................................<br />

35. Vitória de Sto. Antão ........................<br />

Total .......................................................<br />

Agreste<br />

1. Agrestina ............................................<br />

2. Altinho ................................................<br />

3. Angelim ..............................................<br />

4. Belo Jardim ........................................<br />

5. Bezerros .............................................<br />

6. Bom Conselho ....................................<br />

7. Bom Jardim ........................................<br />

8. Brejo da Madre de Deus ....................<br />

9. Carpina ..............................................<br />

10. Camaru ............................................<br />

11. Correntes .........................................<br />

12. Gravatá ............................................<br />

13. João Alfredo .....................................<br />

14. Limoeiro ...........................................<br />

15. Macaparana .....................................<br />

16. Pedra ...............................................<br />

17. Pesqueira .........................................<br />

18. R. d<strong>as</strong> Alen<strong>as</strong> ...................................<br />

19. Sanharó ............................................<br />

20. S. Bento do Una ...............................<br />

21. São Caetano ....................................<br />

22. S. Joaquim do Monte .......................<br />

23. S. Vicente Ferrer ..............................<br />

24. Surubim ............................................<br />

25. Timbaúba .........................................<br />

64<br />

5.306<br />

6.649<br />

4.100<br />

7.601<br />

258.686<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

8.045<br />

7.783<br />

6.873<br />

6.165<br />

27.384<br />

20.310<br />

2.332<br />

8.182<br />

2.347<br />

45.972<br />

7.983<br />

17.923<br />

3.001<br />

24.454<br />

3.038<br />

15.972<br />

8.996<br />

2.963<br />

5.534<br />

22.584<br />

15.001<br />

9.916<br />

2.315<br />

285.023<br />

10.842<br />

33.671<br />

18.347<br />

36.068<br />

75.946<br />

1.538.615<br />

1950<br />

Popul.<br />

14.218<br />

38.233<br />

29.374<br />

37.049<br />

63.168<br />

66.709<br />

39.142<br />

25.459<br />

28.490<br />

102.877<br />

37.862<br />

47.859<br />

25.461<br />

76.527<br />

26.199<br />

18.375<br />

48.584<br />

-<br />

13.200<br />

53.545<br />

28.966<br />

24.282<br />

-<br />

39.987<br />

37.059


Tabela 14 - Pernambuco: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continuação<br />

26. Vertentes ..........................................<br />

27. Vicência ...........................................<br />

Total .......................................................<br />

Caatinga<br />

1. Afogados da Ingazeira ........................<br />

2. Águ<strong>as</strong> Bel<strong>as</strong> .......................................<br />

3. Tatinã .................................................<br />

4. Bodocó ..............................................<br />

5. Cabrobó ............................................<br />

6. Carnaíba ............................................<br />

7. Custódia .............................................<br />

8. Exu ....................................................<br />

9. Flores .................................................<br />

10. Floresta ............................................<br />

11. Inajá .................................................<br />

12. Itapetim ............................................<br />

13. Orobó ..............................................<br />

14. Ouricuri ............................................<br />

15. Parnamirim .......................................<br />

16. Petrolândia .......................................<br />

17. Petrolina ...........................................<br />

18. Salgueiro ..........................................<br />

19. Sta. Maria Boa Vista ........................<br />

20. São José do Egito .............................<br />

21. Serra Talhada ...................................<br />

22. Serrita ..............................................<br />

23. Sertânia ............................................<br />

24. Tabira ...............................................<br />

25. Tacaratu ...........................................<br />

Total .......................................................<br />

18.290<br />

15.001<br />

353.640<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

18.961<br />

10.097<br />

2.412<br />

8.190<br />

3.057<br />

19.209<br />

8.774<br />

16.900<br />

28.223<br />

3.795<br />

319<br />

4.640<br />

4.154<br />

9.840<br />

3.033<br />

644<br />

7.616<br />

1.993<br />

1.713<br />

9.957<br />

15.533<br />

8.408<br />

14.056<br />

33.713<br />

691<br />

235.988<br />

34.139<br />

25.950<br />

992.714<br />

1950<br />

Popul.<br />

24.373<br />

53.239<br />

10.505<br />

20.971<br />

10.235<br />

-<br />

23.113<br />

21.788<br />

39.548<br />

4.771<br />

21.400<br />

-<br />

20.878<br />

36.564<br />

10.679<br />

19.723<br />

27.330<br />

17.987<br />

9.362<br />

39.858<br />

35.192<br />

22.907<br />

21.994<br />

21.809<br />

-<br />

514.226<br />

65


Tabela 14 - Pernambuco: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

Conclusão<br />

Serra<br />

1. Alagoinha ...........................................<br />

2. Araripina ............................................<br />

3. Arcoverde ..........................................<br />

4. Buique ................................................<br />

5. Camocim de São Félix ........................<br />

6. Canhotinho .........................................<br />

7. Garanhuns ..........................................<br />

8. Jurema ...............................................<br />

9. Lagedo ...............................................<br />

10. Palmeirinha .......................................<br />

11. Poção ...............................................<br />

12. Taquaritinga do Norte .......................<br />

13. Toretama ..........................................<br />

14. Triunfo ..............................................<br />

66<br />

2.175<br />

68.560<br />

1.105<br />

12.455<br />

5.885<br />

14.881<br />

41.022<br />

6.770<br />

6.291<br />

4.007<br />

1.856<br />

2.467<br />

334<br />

9.311<br />

7.488<br />

29.542<br />

16.888<br />

38.238<br />

-<br />

34.135<br />

101.471<br />

11.730<br />

15.625<br />

11.521<br />

-<br />

24.018<br />

-<br />

24.129<br />

Total ....................................................... 177.119 314.795<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

Tabela 15 - Pernambuco - Resumo<br />

Mata<br />

Agreste<br />

Caatinga<br />

Serr<strong>as</strong><br />

Total<br />

258.686<br />

353.640<br />

251.892<br />

177.119<br />

1.041.337<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

1.538.615<br />

992.714<br />

535.031<br />

314.795<br />

3.381.155<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M.<br />

A. - Censo de 1950; Etene - BNB<br />

1950<br />

Popul.


Tabela 16 - Alago<strong>as</strong>: superfície total do Estado: 27.711 Km 2<br />

- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />

Regiões naturais<br />

Mata e vales úmidos do litoral ..................<br />

Agreste ...................................................<br />

Serr<strong>as</strong> .....................................................<br />

Áre<strong>as</strong> prováveis de irrigação (rios e açudes)<br />

Caatinga ..................................................<br />

Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .........................................<br />

Total ........................................................<br />

Km 2<br />

12.220,0<br />

2.700,0<br />

90,0<br />

600,0<br />

11.490,0<br />

611,0<br />

27.711,0<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

Hectares<br />

1.222.000<br />

270.000<br />

9.000<br />

60.000<br />

1.149.000<br />

61.100<br />

2.711.100<br />

67


Tabela 17 - Alago<strong>as</strong>: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continua<br />

Mata<br />

1. Anadia ...............................................<br />

2. Atalaia ...............................................<br />

3. Capela ..............................................<br />

4. C. Leopoldina ...................................<br />

5. Coruripe ............................................<br />

6. Junqueiro ...........................................<br />

7. Maceió ..............................................<br />

8. Maragogi ...........................................<br />

9. M. Deodoro ......................................<br />

10. Murici .............................................<br />

11. Penedo ............................................<br />

12. Pi<strong>as</strong>sabussu .....................................<br />

13. Pilar ................................................<br />

14. Porto Calvo .....................................<br />

15. Porto Pedr<strong>as</strong> ...................................<br />

16. Rio Largo ........................................<br />

17. S. J. Lage ........................................<br />

18. Quitunde .........................................<br />

19. São Miguel dos Campos ..................<br />

20. Palmares .........................................<br />

21. Viçosa .............................................<br />

22. Camaragibe .....................................<br />

Total ......................................................<br />

Agreste<br />

1. Feira Grande .....................................<br />

2. Igreja Nova .......................................<br />

68<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

17.981<br />

4.325<br />

6.232<br />

6.272<br />

5.830<br />

1.029<br />

1.955<br />

4.236<br />

3.266<br />

16.275<br />

3.609<br />

2.374<br />

1.988<br />

7.838<br />

2.145<br />

9.071<br />

12.061<br />

5.444<br />

7.101<br />

35.696<br />

11.498<br />

13.641<br />

179.863<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

1.447<br />

2.089<br />

1950<br />

Popul.<br />

47.385<br />

33.329<br />

27.254<br />

16.538<br />

16.215<br />

12.731<br />

120.980<br />

13.608<br />

13.195<br />

35.060<br />

20.762<br />

8.749<br />

13.176<br />

27.790<br />

10.012<br />

31.354<br />

34.061<br />

24.830<br />

33.022<br />

58.381<br />

52.509<br />

26.434<br />

677.599<br />

1950<br />

Popul.<br />

-<br />

19.839


Tabela 17 - Alago<strong>as</strong>: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

3. L. Anádia ..........................................<br />

4. P. Jacinto ...........................................<br />

5. P. R. Colégio .....................................<br />

6. S. Braz ..............................................<br />

Total ......................................................<br />

Caatinga<br />

1. Arapiraca ..........................................<br />

2. Batalha ..............................................<br />

3. D. Gouveia ........................................<br />

4. M. Izidório ........................................<br />

5. O. H. Flores ......................................<br />

6. Palmeira dos Índios ...........................<br />

7. Pão de Açúcar ...................................<br />

8. Piranh<strong>as</strong> ............................................<br />

9. Quebrangulo ......................................<br />

10. Ipanema ..........................................<br />

11. Traipu ..............................................<br />

Total ......................................................<br />

Serr<strong>as</strong><br />

1. Água Branca .....................................<br />

2. Mata Grande .....................................<br />

Total ......................................................<br />

7.617<br />

775<br />

3.544<br />

4.363<br />

19.835<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

8.519<br />

2.984<br />

368<br />

11.323<br />

8.450<br />

18.513<br />

5.797<br />

310<br />

1.652<br />

38.159<br />

12.050<br />

108.125<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

4.153<br />

9.228<br />

13.381<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

conclusão<br />

26.117<br />

-<br />

14.948<br />

19.869<br />

80.773<br />

1950<br />

Popul.<br />

37.073<br />

10.309<br />

-<br />

12.125<br />

-<br />

66.636<br />

30.775<br />

4.227<br />

22.993<br />

61.235<br />

23.367<br />

268.740<br />

1950<br />

Popul.<br />

28.956<br />

37.069<br />

66.025<br />

69


Regiões naturais<br />

70<br />

Região<br />

Tabela 18 - Alago<strong>as</strong> - Resumo<br />

Mata<br />

Agreste<br />

Caatinga<br />

Serr<strong>as</strong><br />

Total<br />

Ha. Cultivado<br />

179.863<br />

19.835<br />

108.125<br />

13.381<br />

321.204<br />

População<br />

677.599<br />

80.773<br />

268.740<br />

66.005<br />

1.093.137<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção M.A.<br />

Censo de 1950; Etene - BNB<br />

Tabela 19 - Sergipe: superfície total do Estado: 22.027 Km 2<br />

- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa<br />

Mata e vales úmidos do litoral ..................<br />

Áre<strong>as</strong> prováveis de irrigação (rios e açudes)<br />

Caatinga ..................................................<br />

Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .........................................<br />

Km 2<br />

6.819,0<br />

400,0<br />

14.345,0<br />

463,0<br />

Hectares<br />

681.900<br />

40.000<br />

1.434.500<br />

46.300<br />

Total ........................................................ 22.027,0 2.202.700<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB


Tabela 20 - Sergipe: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continua<br />

Mata<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

1950<br />

Popul.<br />

1. Maroim ...............................................<br />

2. Neópolis .............................................<br />

3. N. S. Socorro .....................................<br />

4. Pacatuba .............................................<br />

5. Pedrinh<strong>as</strong> ............................................<br />

6. Riachuelo ............................................<br />

7. R. do Catité .........................................<br />

8. Salgado ...............................................<br />

9. S. L.Itanhi ...........................................<br />

10. S. A. Brot<strong>as</strong> ......................................<br />

11. S. Cristóvão ......................................<br />

12. Tomaz Geru .......................................<br />

13. Jimoauba ...........................................<br />

14. Bracaju .............................................<br />

15. Arauá ................................................<br />

16. B. Coqueiros .....................................<br />

17. Brejo Grande ....................................<br />

18. Buquim ..............................................<br />

19. Carmópolis ........................................<br />

20. Cristinópolis ......................................<br />

21. D. P<strong>as</strong>tora .........................................<br />

22. Estância .............................................<br />

23. Indiaoroba .........................................<br />

24. Itabaianinha .......................................<br />

25. Maraponga ........................................<br />

26. Japaratuba .........................................<br />

27. Jaboatão ...........................................<br />

28. Laranjeir<strong>as</strong> ........................................<br />

29. Siriri ..................................................<br />

30. Malhador ..........................................<br />

31. Capela ..............................................<br />

32. Muribeca ...........................................<br />

717<br />

4.273<br />

1.251<br />

1.085<br />

516<br />

2.769<br />

1.682<br />

257<br />

1.031<br />

1.613<br />

1.897<br />

410<br />

499<br />

1.461<br />

768<br />

872<br />

1.955<br />

2.868<br />

1.217<br />

496<br />

1.280<br />

1.070<br />

587<br />

1.847<br />

2.115<br />

1.874<br />

1.306<br />

2.473<br />

983<br />

619<br />

8.518<br />

993<br />

8.013<br />

12.705<br />

7.276<br />

-<br />

-<br />

11.203<br />

5.400<br />

7.013<br />

9.510<br />

5.091<br />

17.359<br />

-<br />

-<br />

78.364<br />

8.503<br />

-<br />

10.732<br />

9.538<br />

3.085<br />

6.435<br />

6.056<br />

20.216<br />

5.091<br />

24.927<br />

12.305<br />

10:777<br />

12.577<br />

12.118<br />

5.751<br />

-<br />

19.449<br />

6.637<br />

Total ........................................................ 51.302 336.137<br />

71


Tabela 20 - Sergipe: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

conclusão<br />

Caatinga<br />

1. R. Dant<strong>as</strong> ............................................<br />

2. S. R. Lima ...........................................<br />

3. C. Brito ..............................................<br />

4. Itabaiana ............................................<br />

5. Lagarto ..............................................<br />

6. M. Bois ..............................................<br />

7. M. A. Sergipe .....................................<br />

8. N. S. Glória ........................................<br />

9. N. S. Dores ........................................<br />

10. Pinhão ..............................................<br />

11. Poço Redondo .................................<br />

12. Poço Verde ......................................<br />

13. Porto Folha ......................................<br />

14. Propriá .............................................<br />

15. Ribeirópolis ......................................<br />

16. Simão Di<strong>as</strong> .......................................<br />

17. Tamanduá .........................................<br />

18. Tobi<strong>as</strong> Barreto ..................................<br />

19. Amparos S. F. ..................................<br />

20. Aquidabã ..........................................<br />

21. Canhoba ..........................................<br />

22. Carira ...............................................<br />

23. Cumbe .............................................<br />

24: Frei Paulo .........................................<br />

25. Garuru ..............................................<br />

26. Itabi .................................................<br />

27. Macambira .......................................<br />

28. Cedro S. João ..................................<br />

Total ........................................................<br />

72<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

2.145<br />

834<br />

2.116<br />

18.014<br />

7.150<br />

630<br />

2.203<br />

9.727<br />

4.980<br />

2.430<br />

508<br />

756<br />

761<br />

6.499<br />

5.259<br />

2.232<br />

935<br />

2.832<br />

573<br />

2.932<br />

1.910<br />

2.886<br />

1.633<br />

6.329<br />

1.666<br />

2.593<br />

987<br />

2.443<br />

94.233<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

1950<br />

Popul.<br />

14.710<br />

-<br />

22.492<br />

35.802<br />

38.291<br />

-<br />

-<br />

10.132<br />

26.152<br />

-<br />

-<br />

-<br />

14.498<br />

17.884<br />

15.276<br />

26.297<br />

-<br />

23.925<br />

-<br />

17.477<br />

7.297<br />

-<br />

-<br />

18.791<br />

10.538<br />

-<br />

-<br />

8.668<br />

308.230


Tabela 22 - Bahia: superfície total do Estado: 562.092 Km 2<br />

- áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões naturais determinad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />

Regiões naturais<br />

Região<br />

Tabela 21 - Sergipe - Resumo<br />

Mata<br />

Caatinga<br />

Total<br />

Ha. Cultivado<br />

51.302<br />

94.233<br />

145.535<br />

Mata e vales úmidos do litoral ..................<br />

Agreste ...................................................<br />

Serr<strong>as</strong> .....................................................<br />

Áre<strong>as</strong> prováveis de irrigação (rios e açudes)<br />

Caatinga ..................................................<br />

Cerrado (limite Goiás) .............................<br />

Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong> .........................................<br />

População<br />

336.137<br />

308.230<br />

644.367<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção M.A.<br />

Censo de 1950; Etene - BNB<br />

Regiões naturais conforme o livro: “Sergipe e os<br />

Problem<strong>as</strong> da Seca” do engenheiro Jorge de Oliveira<br />

Netto.<br />

Km 2<br />

81.125,0<br />

106.938,0<br />

7.125,0<br />

2.645,0<br />

277.488,5<br />

84.687,5<br />

2.083,0<br />

Hectares<br />

8.112.500<br />

10.693.800<br />

712.500<br />

264.500<br />

27.748.850<br />

8.468.750<br />

208.300<br />

Total ........................................................ 562.092,0 56.209.200<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

73


Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

continua<br />

Mata<br />

1956 1950<br />

Ha. Cult. Popul.<br />

1. Acajutiba .............................................<br />

2. Alagoinha ............................................<br />

3. Alcobaça .............................................<br />

4. Aratuipe ..............................................<br />

5. Belmento .............................................<br />

6. Cachoeira ............................................<br />

7. Cairu ...................................................<br />

8. Camaçari .............................................<br />

9. Camumu ..............................................<br />

10. Canavieir<strong>as</strong> ........................................<br />

11. Caravel<strong>as</strong> ..........................................<br />

12. Catu ..................................................<br />

13. Coaraci .............................................<br />

14. Conc. Feira .......................................<br />

15. Conc. Almeida ...................................<br />

16. Conde ...............................................<br />

17. Cor. Maria ........................................<br />

18. Cruz Alm<strong>as</strong> ........................................<br />

19. Entre Rios .........................................<br />

20. Ibucuí ................................................<br />

21. Ihuaí ..................................................<br />

22. Ilhéus ................................................<br />

23. Esplanada ..........................................<br />

24. Inhabupe ...........................................<br />

25. Ipiaú ..................................................<br />

26. Irará ..................................................<br />

27. Itabuna ..............................................<br />

28. Itacaré .............................................<br />

29. Itajuípe ............................................<br />

30. Itaparica ..........................................<br />

74<br />

1.254<br />

1.029<br />

4.048<br />

1.025<br />

24.989<br />

2.208<br />

704<br />

1.015<br />

14.919<br />

49.660<br />

2.888<br />

1.117<br />

8.914<br />

1.286<br />

8.112<br />

5.388<br />

3.473<br />

1.408<br />

2.169<br />

4.093<br />

3.589<br />

53.042<br />

1.786<br />

1.802<br />

20.539<br />

9.556<br />

45.207<br />

6.935<br />

43.908<br />

1.284<br />

-<br />

52.007<br />

34.358<br />

6.351<br />

33.115<br />

26.979<br />

5.121<br />

13.800<br />

23.834<br />

53.830<br />

20.820<br />

16.437<br />

-<br />

10.532<br />

25.407<br />

14.431<br />

20.256<br />

32.276<br />

19.356<br />

-<br />

-<br />

134.240<br />

20.649<br />

41.461<br />

48.056<br />

46.711<br />

147.730<br />

23.117<br />

-<br />

21.433


Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

31. Itapetinga ........................................<br />

32. Ituberá ............................................<br />

33. Jaguaribe .........................................<br />

34. Jandaia ............................................<br />

35. Macarani .........................................<br />

36. Maragogipe .....................................<br />

37. Maraú .............................................<br />

38. Mata S. João ...................................<br />

39. Micuri .............................................<br />

40. Muribuba ........................................<br />

41. Nazaré ............................................<br />

42. Nilo Peçanha ...................................<br />

43. Pojuca .............................................<br />

44. Porto Seguro ...................................<br />

45. Potinaguá ........................................<br />

46. Prado ..............................................<br />

47. Rio Real ..........................................<br />

48. Salvador ..........................................<br />

49. S. Cruz Cabrália ..............................<br />

50. Sto. Amaro......................................<br />

51. S. Félix ............................................<br />

52. S. Felipe ..........................................<br />

53. S. F. Conde.....................................<br />

54. S. Seb. P<strong>as</strong>se ..................................<br />

55. Taperoá...........................................<br />

56. Ubaitaba .........................................<br />

57. Ubatã ..............................................<br />

58. Una ................................................<br />

59. Uruçuca ..........................................<br />

60. Valença ..........................................<br />

61.S. G. Campos ...................................<br />

Total ......................................................<br />

341<br />

12.057<br />

771<br />

2.038<br />

11.217<br />

1.033<br />

2.786<br />

2.268<br />

2.244<br />

5.459<br />

4.318<br />

4.614<br />

134<br />

7.700<br />

1.734<br />

5.029<br />

967<br />

2.128<br />

6.097<br />

14.104<br />

1.599<br />

10.074<br />

2.634<br />

2.666<br />

1.881<br />

16.281<br />

7.461<br />

5.742<br />

13.986<br />

4.536<br />

823<br />

482.469<br />

continuação<br />

-<br />

27.290<br />

10.403<br />

5.306<br />

56.294<br />

36.868<br />

8.307<br />

17.651<br />

10.318<br />

31.605<br />

24.045<br />

18.108<br />

6.911<br />

25.826<br />

-<br />

33.104<br />

12.858<br />

417.235<br />

5.612<br />

85.739<br />

14.801<br />

25.343<br />

11.077<br />

21.135<br />

9.580<br />

14.013<br />

-<br />

11.352<br />

-<br />

33.057<br />

30.830<br />

1.897.075<br />

75


Agreste<br />

1. Amargosa ............................................<br />

2. Baixa Grande ......................................<br />

3. Brejões ...............................................<br />

4. Brumado .............................................<br />

5. Caculé .................................................<br />

6. Campo Formoso .................................<br />

7. C<strong>as</strong>tro Alves ........................................<br />

8. Condeuba ...........................................<br />

9. Encruzilhada ........................................<br />

10. Ipirá ..................................................<br />

11. Itaberaba ...........................................<br />

12. Itambé ...............................................<br />

13. Itaquara .............................................<br />

14. Itiruçu ................................................<br />

15. Ituaçu ................................................<br />

16. Jacaraci .............................................<br />

17. Jacobina ............................................<br />

18. Jaquaquara ........................................<br />

19. Jequié ................................................<br />

20. Jiquiriçá .............................................<br />

21. Lage ..................................................<br />

22. Liv. Brumado .....................................<br />

23. Macajuba ..........................................<br />

24. Mairi .................................................<br />

25. Maracás ............................................<br />

26. M. Calmon ........................................<br />

27. Mundo Novo ....................................<br />

28. Mutuípe .............................................<br />

29. Feira de Santana ................................<br />

30. Pindobaçu .........................................<br />

76<br />

Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

3.594<br />

5.770<br />

4.935<br />

4.544<br />

7.575<br />

3.299<br />

7.156<br />

2.898<br />

8.159<br />

6.095<br />

4.612<br />

1.602<br />

3.106<br />

4.154<br />

22.797<br />

3.939<br />

22.224<br />

5.000<br />

11.612<br />

3.392<br />

1.549<br />

2.062<br />

1.041<br />

4.707<br />

11.449<br />

1.771<br />

1.973<br />

3.144<br />

7.449<br />

1.392<br />

continuação<br />

1950<br />

Popul.<br />

27.362<br />

12.714<br />

13.327<br />

36.631<br />

26.310<br />

48.092<br />

38.912<br />

70.823<br />

-<br />

53.291<br />

56.990<br />

46.030<br />

8.415<br />

6.951<br />

30.037<br />

26.129<br />

61.631<br />

19.116<br />

90.155<br />

7.762<br />

11.646<br />

26.898<br />

6.993<br />

25.737<br />

43.053<br />

30.544<br />

44.428<br />

11.806<br />

107.205<br />

-


Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

31. Piritiba ...............................................<br />

32. Rib. Pombal ......................................<br />

33. Rio Cont<strong>as</strong> ...........................................<br />

34. Rui Barbosa .........................................<br />

35. Sta. Inês ...............................................<br />

36. Sta. Terezinha .......................................<br />

37. Dto. Ant. de Jesus ................................<br />

38. Sto. Estêvão .........................................<br />

39. S. M. Mat<strong>as</strong> .........................................<br />

40. Sapeaçu ...............................................<br />

41. Saúde ...................................................<br />

42. S. Bonfim .............................................<br />

43. Serra Preta ...........................................<br />

44. Tremedal ..............................................<br />

45. Uvaira ..................................................<br />

46. Urandi ..................................................<br />

47. Utinga ..................................................<br />

48. Conquista .............................................<br />

Total ...........................................................<br />

Caatinga<br />

1. Angical ..............................................<br />

2. Ant<strong>as</strong> .................................................<br />

3. Barra .................................................<br />

4. Barreir<strong>as</strong> ...........................................<br />

5. Boa Nova .........................................<br />

6. B. J. da Lapa .....................................<br />

7. B. J. Macaúb<strong>as</strong> .................................<br />

8. Caitité ...............................................<br />

9. Carinhama .........................................<br />

10. C<strong>as</strong>a Nova ......................................<br />

11. Cícero Dant<strong>as</strong>..................................<br />

400<br />

3.161<br />

1.176<br />

5.139<br />

10.362<br />

2.179<br />

6.453<br />

4.008<br />

3.570<br />

723<br />

6.116<br />

2.126<br />

3.298<br />

1.918<br />

11.142<br />

6.749<br />

979<br />

5.357<br />

247.856<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

3.441<br />

2.067<br />

1.789<br />

2.268<br />

19.585<br />

1.393<br />

2.724<br />

12.274<br />

31.749<br />

665<br />

3.119<br />

continuação<br />

-<br />

23.763<br />

15.906<br />

37.317<br />

25.162<br />

36.168<br />

29.668<br />

31.665<br />

9.905<br />

-<br />

24.834<br />

31.652<br />

-<br />

-<br />

19.767<br />

24.132<br />

-<br />

96.664<br />

1.395.641<br />

1950<br />

Popul.<br />

27.956<br />

-<br />

31.781<br />

35.199<br />

54.102<br />

17.432<br />

25.342<br />

40.624<br />

23.516<br />

29.073<br />

34.448<br />

77


12. Chorrochó .......................................<br />

13. Conc. Coité .....................................<br />

14. Correntina .......................................<br />

15. Cotegipe .........................................<br />

16. Curaçá ............................................<br />

17. Ibipetuba .........................................<br />

18. Ibitiara .............................................<br />

19. Igaporã ...........................................<br />

20. Enc. Cunha ......................................<br />

21. Irecê ...............................................<br />

22. Itiúba ...............................................<br />

23. Jaquarari .........................................<br />

24. Jeremoabo ......................................<br />

25. Juazeiro ...........................................<br />

26. Macaúb<strong>as</strong> .......................................<br />

27. Monte Santo ...................................<br />

28. Morro Chapéu ................................<br />

29. Oliv. Brejinhos .................................<br />

30. Paramirim ........................................<br />

31. L. Monte Alto ..................................<br />

32. Paratinga .........................................<br />

33. Paripiranga ......................................<br />

34. Pilão Arcado ...................................<br />

35. Seritio de Ouro ................................<br />

36. Poções ............................................<br />

37. Queimad<strong>as</strong> ......................................<br />

38. Remanso .........................................<br />

39. R. Jacuípe .......................................<br />

40. Sta. Luz ...........................................<br />

41. Sta. M. Vitória.................................<br />

42. Santana ...........................................<br />

43. Seabra ............................................<br />

44. Sento Sé .........................................<br />

45. Serrinha ...........................................<br />

78<br />

Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

615<br />

13.277<br />

3.862<br />

4.912<br />

2.298<br />

1.702<br />

1.647<br />

8.981<br />

2.669<br />

19.965<br />

1.235<br />

1.087<br />

4.370<br />

1.189<br />

2.455<br />

8.150<br />

4.052<br />

435<br />

2.994<br />

7.363<br />

1.953<br />

6.925<br />

2.073<br />

1.676<br />

11.131<br />

3.013<br />

727<br />

8.917<br />

-<br />

4.264<br />

4.086<br />

15.674<br />

2.136<br />

4.757<br />

continuação<br />

-<br />

38.864<br />

20.174<br />

20.190<br />

27.103<br />

19.990<br />

22.799<br />

-<br />

25.548<br />

21.514<br />

19.477<br />

14.635<br />

27.937<br />

34.416<br />

37.481<br />

36.507<br />

48.503<br />

17.729<br />

26.073<br />

11.120<br />

21.050<br />

26.076<br />

17.153<br />

15.440<br />

99.279<br />

12.999<br />

23.540<br />

41.391<br />

9.831<br />

28.007<br />

27.831<br />

37.216<br />

14.750<br />

68.413


Tabela 23 - Bahia: regiões naturais, áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e população<br />

46. Tucano ............................................<br />

47. Uauá ...............................................<br />

48. Xique-Xique ....................................<br />

49. Glória ..............................................<br />

50. Guanambi ........................................<br />

51. R. Santana .......................................<br />

52. Itapirucu ..........................................<br />

53. Nova Soure .....................................<br />

54. Cipó ................................................<br />

Total ......................................................<br />

Serr<strong>as</strong><br />

1. Andaraí .............................................<br />

2. Barra Estiva .......................................<br />

3. Lençóis .............................................<br />

4. Mucujê ..............................................<br />

5. Palmeir<strong>as</strong> ...........................................<br />

6. Piatã ..................................................<br />

Total ......................................................<br />

Região<br />

Mata<br />

Agreste<br />

Caatinga<br />

Serr<strong>as</strong><br />

Total<br />

Ha. cultivado<br />

482.469<br />

247.856<br />

278.204<br />

34.660<br />

1.043.189<br />

1.246<br />

658<br />

9.602<br />

1.038<br />

14.938<br />

5.120<br />

1.042<br />

1.986<br />

910<br />

278.204<br />

1956<br />

Ha. Cult.<br />

16.115<br />

5.097<br />

1.677<br />

7.321<br />

472<br />

3.978<br />

34.660<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. - Censo de 1950;<br />

Etene - BNB<br />

Tabela 24 - Bahia - Resumo<br />

População<br />

1.897.075<br />

1.395.641<br />

1.436.755<br />

105.199<br />

4.834.670<br />

Fonte: Serviço de Estatística e Produção - M. A. -<br />

Censo de 1950; Etene - BNB<br />

conclusão<br />

28.596<br />

10.811<br />

33.004<br />

27.524<br />

18.853<br />

21.301<br />

32.060<br />

12.244<br />

19.867<br />

1.436.755<br />

1950<br />

Popul.<br />

19.457<br />

23.288<br />

9.896<br />

13.994<br />

7.839<br />

30.725<br />

105.199<br />

79


80<br />

3.1 - Seridó<br />

A região se caracteriza pela vegetação baixa, de cactus espinhentos e<br />

agressivos, agarrados ao solo, de arbustos espaçados, com capins de permeio<br />

e manch<strong>as</strong> desnud<strong>as</strong>, em terra procedente do Arqueano, muito erodida<br />

e áspera; os seixos rolados existem por toda a parte e <strong>as</strong> m<strong>as</strong>s<strong>as</strong> de granito<br />

redondo sobressaem, aqui e ali, demonstrando como a erosão lenta, através<br />

dos séculos, deixa vestígios ciclópicos.<br />

As chuv<strong>as</strong> no seridó rio-grandense e paraibano ocorrem de janeiro a<br />

maio, com variações de 127mm a 916mm, por ano, no período de 1930 a<br />

1955, na média de 497mm, anuais, em Cruzeta. O mapa d<strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> de 22<br />

anos, apresenta esse seridó envolvido pel<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> de 400 e 600mm.<br />

Não há orvalho. A insolação média é de 2.988 hor<strong>as</strong> de luz solar, por<br />

ano. A temperatura média d<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> é de 339 o C e a d<strong>as</strong> mínim<strong>as</strong> de<br />

229 o C. O índice de aridez, na fórmula que adotamos, é de 3,3.<br />

O seridó cearense tem uma chuva média de 750mm, em Quixeramobim:<br />

Canindé está na isoieta de 700mm e Irauçuba na de 600mm. A relação precipitação<br />

versus evaporação é de 1: 2,5 e o índice de aridez é 4, 4.<br />

O seridó cearense tem <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> temperatur<strong>as</strong> médi<strong>as</strong> d<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> e d<strong>as</strong><br />

mínim<strong>as</strong> e idêntica insolação que o rio-grandense do Norte. No seridó, em<br />

geral, não há orvalho; o ar diurno é seco e quente, o noturno é seco e ventilado.<br />

O solo do seridó do Rio Grande do Norte e da Paraíba está muito erodido,<br />

pedregoso, parcialmente coberto, de seixos rolados, com manch<strong>as</strong> silicos<strong>as</strong><br />

aqui e ali, subsolo aflorando com roch<strong>as</strong> de granito e de gneiss, pegmatito<br />

apontando nos altos, topografia acidentada ou ondulante; o run-off é<br />

levado com violento escoamento d<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> n<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong>. Computando-se<br />

a água acrescida anualmente no reservatório Cruzeta, de 1941 a 1947,<br />

achou-se o deflúvio médio, anual, de 88.839m 3 d’água, por km 2 . Isto mostra<br />

que o solo r<strong>as</strong>o e desnudo não acumula água para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> e que o calor<br />

e o vento contribuem para secar mais o meio. Salvo algum<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong>, que<br />

foram poupad<strong>as</strong> pela enxurrada, a terra de cultura está limitada às margens<br />

dos rios e dos riachos cujos leitos, aliás, estão plantados com vazantes de


atata-doce, de jerimum, de forragens, de feijão etc., durante o verão, com<br />

estrume de gado n<strong>as</strong> cov<strong>as</strong>. O algodão mocó ocupa a maior parte da superfície<br />

cultivada com o aproveitamento dos baixios dos riachos, <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> menos<br />

erodid<strong>as</strong> e aquel<strong>as</strong> cobert<strong>as</strong> de seixos rolados, onde o matuto, por meio<br />

de cov<strong>as</strong> fund<strong>as</strong>, procura utilizar alguma umidade subterrânea. O seridoense<br />

potiguar é o homem que melhor aproveita o pequeno açude, no <strong>Nordeste</strong>.<br />

Seja plantando os solos úmidos, de montante, com cultur<strong>as</strong> alimentares<br />

e forrageir<strong>as</strong>, seja criando peixes ou engordando o boi na corda, tira<br />

o máximo dess<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong>. É notável a quantidade de creme, de manteiga,<br />

de queijo e de carne-de-sol transportad<strong>as</strong> diariamente para Natal e<br />

para outr<strong>as</strong> cidades. Conjugam-se, ali, a exploração dos açudes com a<br />

criação de gado e a lavoura de algodão.<br />

No seridó cearense, o solo está menos erodido, há menos pedr<strong>as</strong> expost<strong>as</strong>,<br />

embora apareçam os seixos rolados; percebem-se mais a argila vermelha<br />

e a sílica; a cobertura de gramíne<strong>as</strong>, de arbustos e de árvores é mais<br />

densa; <strong>as</strong> propriedades agrícol<strong>as</strong> são maiores e <strong>as</strong> atividades se apóiam na<br />

lavoura do algodão mocó, na criação de gados e na cultura da cana a jusante<br />

dos reservatórios. Os plantios de milho, de feijão, de arroz e de mandioca<br />

são menos desenvolvidos porque são sujeitos aos azares d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>.<br />

O p<strong>as</strong>to nativo é formado de capim-pan<strong>as</strong>co (Aristida adscensionis,<br />

Linn.), de capim-mimoso (Anthephora hermaphrodita, Kuntze) e alguns<br />

arbustos e ram<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong>. A ração do gado é suprida, na seca, com <strong>as</strong><br />

forrageir<strong>as</strong> dos açudes, com <strong>as</strong> ram<strong>as</strong> de batata, os restos de cultura e torta<br />

de algodão.<br />

A vegetação espontânea, que ocorre no seridó dos três Estados, é composta<br />

dos capins já citados, cobrindo o solo no inverno, desaparecendo no<br />

verão, <strong>as</strong>sociados com a jurema (Mimosa verrucosa, Benth), o pinhãobravo<br />

(Jatropa Pohliana, Muell), o pereiro (Aspidosperma pirifolium), o<br />

xiquexique (Cereus Gounellei, K. Schum), a favaleira (Cnidos-culos phyllacanthus,<br />

Pax e Koffm. ), presente no seridó potiguar e paraibano a malva<br />

r<strong>as</strong>teira (Pavonia cancellata, Cav. ), o angico (Piptadenia colubrina, Benth),<br />

o pau-branco (Auxema oncocalyx, Taub.), o marmeleiro (Croton hemiargyreus,<br />

Muell. ), o mata p<strong>as</strong>to (C<strong>as</strong>sia uniflora, Mill).<br />

81


Os municípios total ou parcialmente abrangidos pelo seridó e su<strong>as</strong> áre<strong>as</strong><br />

prováveis (determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa), no Rio Grande do Norte,<br />

na Paraíba e no Ceará, se distribuem do seguinte modo:<br />

Estados<br />

R. G. do Norte........<br />

Paraíba...................<br />

Ceará......................<br />

As áre<strong>as</strong> totais cultivad<strong>as</strong> de algodão arbóreo, <strong>as</strong> superfícies ocupad<strong>as</strong><br />

com tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> e <strong>as</strong> populações totais, para os municípios seridoenses,<br />

nos três Estados são <strong>as</strong> seguintes:<br />

82<br />

Municípios (I)<br />

Currais Novos, Acari, Parelh<strong>as</strong>,<br />

J. do Seridó, J. de Piranh<strong>as</strong>,<br />

Cacicó, S. J. do Sabuji, Serra<br />

Negra, Cruzeta, Ouro Branco,<br />

S. Vicente, Carnaúba dos<br />

Dant<strong>as</strong> .....................................<br />

Sta. Luzia, S. Mamede, Patos,<br />

Brejo da Cruz .........................<br />

Frade, Quixeramobim,<br />

Quixadá, Canindé, Irauçuba,<br />

Solonópole, Boa Viagem,<br />

Capistrano, Itapiúna, General<br />

Sampaio, Apuiarés..................<br />

Total ......................................<br />

Áre<strong>as</strong> em km 2<br />

7.928,700<br />

5.177,500<br />

20.563,000<br />

33.669,250<br />

Alg. arbóreo Tod<strong>as</strong> lav. Popul.<br />

1956 - Ha (7) 1956-Ha (7) 1950 (6)<br />

Seridó - R. G. Norte ............ 41.848 69.876 115.616<br />

Seridó -Paraíba ................... 40.753 88.561 25.191<br />

Seridó - Ceará .................... 32. 267 147.270 219.790<br />

Total .................................... 114.868 305.707 430.597


Os dados anteriores são aproximados, uma vez que a limitação d<strong>as</strong> regiões<br />

naturais não coincide exatamente com a divisão política administrativa<br />

dos municípios.<br />

A densidade demográfica do seridó é de cerca de 13 habitantes por km 2 ,<br />

cabendo a cada habitante menos de 1 hectare cultivado.<br />

As áre<strong>as</strong> totais em hectares, <strong>as</strong> superfícies cultivad<strong>as</strong> e <strong>as</strong> possibilidades de<br />

ampliação d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>, no futuro, podem ser apreciad<strong>as</strong> abaixo:<br />

Região Cultur<strong>as</strong> Atuais<br />

Ha. Ha. %<br />

Seridó - R. G. Norte ............ 792.875 69.876 8,8<br />

Seridó -Paraíba ................... 517.750 88.561 17,0<br />

Seridó - Ceará .................... 2.056.300 147.270 7,0<br />

Total .................................... 3.366.925 305.707<br />

No seridó rio-grandense, o algodoeiro arbóreo é sinônimo de mocó; a<br />

área plantada dessa malvácea, em 1956, foi de 41.848 ha. em relação à<br />

lavoura geral de 69.876 ha. ou sejam 60%. Verifica-se que o seridó riograndense<br />

não comporta aumento de cultivo n<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong>. O seridó paraibano,<br />

como se pode observar in loco, apresenta um <strong>as</strong>pecto ainda mais grave;<br />

tem-se de reduzir a área plantada ou introduzirem-se, ali, métodos rigorosos<br />

de conservação do solo. Aliás, o seridó dos três Estados carecem urgentemente<br />

de sucessos conservacionist<strong>as</strong>.<br />

O solo demais erodido e <strong>as</strong> condições de secura aconselham fazer a<br />

rotação cultural, controlar <strong>as</strong> enxurrad<strong>as</strong>, plantar em curv<strong>as</strong> de nível, cobrir a<br />

terra nua com árvores, aproveitar melhor os açudes e construir outros, melhorar<br />

os p<strong>as</strong>tos com <strong>as</strong> semeadur<strong>as</strong> de capins, de leguminos<strong>as</strong>, de arbustos<br />

de rama forrageira, aperfeiçoar a cultura do mocó com melhores sementes e<br />

emprego dos inseticid<strong>as</strong>. Poder-se-ão incrementar os plantios de faveleiros,<br />

de algarob<strong>as</strong>, como forma de reflorestamento, para proteger o solo, fonte de<br />

sementes oleaginos<strong>as</strong> e forragens.<br />

83


Os minérios de chelita, tantalita, columbita, berilo, estanho, e outros precisam<br />

ser estudados convindo achar um meio de dar mais trabalho às pesso<strong>as</strong><br />

ocios<strong>as</strong>.<br />

O seridó cearense possui mais solo do que <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> de Patos e de Currais<br />

Novos, embora também seja r<strong>as</strong>o. A pecuária de corte e leiteira, <strong>as</strong><br />

criações de animais menores, o melhoramento da fibra do algodão mocó, o<br />

uso mais eficiente dos açudes, a recuperação d<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens, <strong>as</strong> plantações<br />

de faveleiro, de algaroba, de carnaúba, de oiticica são <strong>as</strong> ocupações mais<br />

adequad<strong>as</strong>.<br />

A ocorrência dos pegmatitos, no seridó cearense, <strong>as</strong> pedr<strong>as</strong> semiprecios<strong>as</strong><br />

(rubilito, granada e outr<strong>as</strong>), o rutilo, o berilo, a mica, o feldspato indicam<br />

possibilidades de exploração para dar trabalho ao povo.<br />

O progresso da região do seridó, em geral, carece de uma série de medid<strong>as</strong>,<br />

entre <strong>as</strong> quais podem ser citad<strong>as</strong> <strong>as</strong> seguintes:<br />

1) B<strong>as</strong>ear <strong>as</strong> atividades agrícol<strong>as</strong> na (a) pecuária, com o melhoramento<br />

dos p<strong>as</strong>tos, na fenação, na silagem e n<strong>as</strong> aguad<strong>as</strong>; (b) no cultivo do mocó<br />

com boa semente, no combate às prag<strong>as</strong> e na conservação do solo; (c) na<br />

introdução d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> arbóre<strong>as</strong> do faveleiro, algarobeira, da carnaubeira,<br />

da oiticica, do sabiá, do mororó; (d) no bom uso dos açudes existentes e na<br />

construção de outros. As lavour<strong>as</strong> alimentares têm função secundária e não<br />

merecem encorajamento oficial devido às condições de secura.<br />

2) Ampliar o serviço de extensão rural, abrangendo a <strong>as</strong>sistência técnica,<br />

a educação familiar e a conservação do solo, conjugad<strong>as</strong> com a experimentação<br />

agrícola.<br />

3) Criar <strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> que <strong>as</strong> condições evoluíd<strong>as</strong> permitirem com <strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong><br />

vegetais e minerais.<br />

4) Retirar o excedente d<strong>as</strong> populações desocupad<strong>as</strong> para outr<strong>as</strong> regiões<br />

de favorável colonização.<br />

5) Separar os terrenos utilizáveis para p<strong>as</strong>tos e para lavour<strong>as</strong> daqueles<br />

que devem ficar para reserva d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong> e formação de florest<strong>as</strong><br />

sec<strong>as</strong>, refúgio da fauna e reserv<strong>as</strong> de vegetais valiosos para o futuro. Urge<br />

evitar o desaparecimento da flora xerófila, expontânea.<br />

84


Milímetros de chuva<br />

Chuva, média, anual<br />

Chuva, máxima, anual, 1940<br />

Chuva, máxima, anual, 1932<br />

Nº de anos com chuv<strong>as</strong> acima da média<br />

Nº “ “ “ “ abaixo “ “<br />

1000<br />

900<br />

800<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

1930<br />

447 mm<br />

916 mm<br />

129 mm<br />

13<br />

14<br />

M = 447 mm<br />

32 34 36 38 40 42 44 46 48 50<br />

A N O S<br />

Milímetros de chuva<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

FREQUÊNCIA DAS MEDIDAS<br />

MENSAIS DAS CHUVAS<br />

DURANTE 27 ANOS<br />

52 54 56<br />

Gráfico 1 - Observações Pluviométric<strong>as</strong> da Estação Experimental do<br />

Seridó - Cruzeta - Rio Grande do Norte nos anos 1930 - 1956<br />

Fonte: Etene/BNB Des. ABA/CRS - 1963<br />

85


3.300<br />

2.900<br />

2.500<br />

2.100<br />

66<br />

64<br />

62<br />

60<br />

58<br />

56<br />

54<br />

52<br />

50<br />

48<br />

34<br />

30<br />

26<br />

22<br />

3.000<br />

2.600<br />

2.200<br />

1.800<br />

1.400<br />

1000<br />

600<br />

200<br />

86<br />

Hor<strong>as</strong> totais de insolação INSOLAÇÃO<br />

Média dos máximos<br />

Média dos mínimos<br />

Gráu hidrométrico médio do ar<br />

Evaporação<br />

UMIDADE RELATIVA<br />

TEMPERATURAS EXTREMAS DO AR<br />

MILÍMETROS DE CHUVA<br />

Chuv<strong>as</strong><br />

Média mensal máxima: 35,4 ºC - Jan. 1942<br />

Média mensal mínima: 21 ºC - Jul. 1923<br />

1910 12 14 16 16 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 1956<br />

Gráfico 2 - Observações Meteorológic<strong>as</strong> em Quixeramobim - CE<br />

1910 a 1957<br />

Fonte: Etene/BNB Des. ABA/CRS - 1963


3.2 - Sertão<br />

O sertão é a região quente interior, da altitude de 100 a 300m, mais<br />

chuvosa do que o seridó e o carr<strong>as</strong>co, com o chão amarelo ou vermelho,<br />

compacto e r<strong>as</strong>o, parcialmente coberto de seixos rolados, onde um tapete<br />

de capins e leguminos<strong>as</strong> r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>, no inverno, é entremeado de árvores e de<br />

arbustos distanciados; os aguaceiros inesperados, não encontrando, no solo,<br />

a permeabilidade e a profundidade para embebição rápida, arr<strong>as</strong>tam, n<strong>as</strong><br />

enxurrad<strong>as</strong>, pel<strong>as</strong> encost<strong>as</strong>, <strong>as</strong> argil<strong>as</strong> para os baixios e riachos. Quando o<br />

verão cresta a macega, o p<strong>as</strong>toreio excessivo e o vento limpam a terra para<br />

receber, noutr<strong>as</strong> chuvad<strong>as</strong> incert<strong>as</strong>, novo contingente d’água.<br />

As variações pluviométric<strong>as</strong> podem ser apreciad<strong>as</strong> pelos dados relativos<br />

aos anos de 1914 a 1939: (8)<br />

Estados<br />

Ceará:<br />

Cratéus ..................................<br />

Sobral ...................................<br />

Iguatu ....................................<br />

Rio Grande do Norte<br />

Pau dos Ferros ......................<br />

Augusto Severo .....................<br />

Caraúb<strong>as</strong> ...............................<br />

Paraíba<br />

Pombal ..................................<br />

Souza ....................................<br />

Piancó ...................................<br />

Chuv<strong>as</strong> anuais<br />

Máxima: Máxima:<br />

mm mm<br />

161<br />

149<br />

290<br />

120<br />

71<br />

164<br />

165<br />

161<br />

180<br />

99%<br />

71%<br />

52%<br />

80%<br />

84%<br />

83%<br />

169%<br />

78%<br />

81%<br />

A evaporação oscila entre os limites de 1.200mm a 2.200mm totais, anuais.<br />

A insolação é de 2.900 a 3.400 hor<strong>as</strong> de luz solar, por ano. A temperatura<br />

mínima, noturna, em junho-julho, é de 149°C e a máxima, diurna, em<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

1.432<br />

1.476<br />

1.246<br />

1.203<br />

1.243<br />

1.129<br />

1.804<br />

1.293<br />

1.559<br />

-78%<br />

-83%<br />

-65%<br />

-82%<br />

-90%<br />

-73%<br />

-76%<br />

-77%<br />

-79%<br />

Desvio<br />

da normal:<br />

%<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

a<br />

87


dezembro-janeiro, atinge a 37°C. Não há orvalho, mesmo à noite. O ar é<br />

seco e quente, no verão. Havendo um déficit de umidade, a relação entre<br />

chuva e a evaporação é de 1: 2,5; o índice de aridez, nos anos menos chuvosos,<br />

é de 4,5; e 5,6, nos mais umidos.<br />

O solo do sertão é, em geral, de origem arqueana. A decomposição do<br />

granito e do gneiss deu a argila vermelha ou amarela com sílica, piçarra e<br />

seixos rolados. Não é profundo. Apresenta sinais de erosão, pH acima de 7,<br />

pobre de humo mesmo nos aluviões; o azoto e o primeiro fertilizante que se<br />

esgota com <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>; conserva pouca umidade devido ao calor e ao verão<br />

seco; tem a topografia acidentada ou ondulada com pequen<strong>as</strong> manch<strong>as</strong> plan<strong>as</strong><br />

n<strong>as</strong> margens dos rios; a altitude não ultrap<strong>as</strong>sa os 300m.<br />

Limita-se com a caatinga ou com o seridó, não tendo contato com a mata<br />

ou com o agreste.<br />

O sertão é uma região bem definida na vegetação típica que o cobre; a<br />

subvegetação, abundante no inverno, e composta de dezen<strong>as</strong> de espécies de<br />

gramine<strong>as</strong>, de leguminos<strong>as</strong>, de malváce<strong>as</strong>, de convolvuláce<strong>as</strong>, formando o<br />

primeiro tapete superficial, seguido de outro de arbustos variados, não densos,<br />

e a terceira camada é a d<strong>as</strong> árvores de cop<strong>as</strong> baix<strong>as</strong>, galhos curtos,<br />

entremeados, aqui e ali, pel<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>. Essa <strong>as</strong>sociação vegetativa é caracterizada<br />

pela dispersão: <strong>as</strong> árvores se distanciam uma d<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> e os<br />

arbustos se espalham para permitir à macega inferior receber a luz e medrar.<br />

Talvez seja por essa razão que o sertão se presta muito bem para <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens.<br />

No verão com o pisoteio excessivo do gado, <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> anuais desaparecem,<br />

qu<strong>as</strong>e todos os arbustos e árvores perdem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e a insolação<br />

incide sobre o chão.<br />

O sertão maltratado e degradado pelo sertanejo, na ânsia de extrair proveitos<br />

imediatos, tende a transformar-se em seridó, o que prova que a saarização<br />

é intensificada pelo homem. Tem o <strong>as</strong>pecto verde durante 3 a 4 meses,<br />

com <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, e mostra um panorama cinzento e melancólico n<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>. A<br />

atmosfera enxuta e movimentada, nos seus milhares de km 3 de ar, não facilita<br />

o orvalho; <strong>as</strong> precipitações variam desde <strong>as</strong> neblin<strong>as</strong> até <strong>as</strong> tempestades,<br />

cuj<strong>as</strong> enxurrad<strong>as</strong> não encontram no solo <strong>as</strong> oportunidades para constituir os<br />

88


lençóis freáticos. A acumulação de água, em maiores proporções somente e<br />

exeqüível por meio de barragem e d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>. É pouco provável a<br />

introdução, com êxito, do dry farming. O sertão é menos semi-árido, de<br />

vegetação mais pujante e com mais água do que o seridó, motivo por que<br />

aquele demonstra mais oportunidade de exploração, na escala da aridez. Em<br />

comparação com a caatinga, o sertão mostra uma flora menos raquítica, com<br />

menos cactáceos e espinhos; quando a altitude ultrap<strong>as</strong>sa os 300m, <strong>as</strong> condições<br />

mudam e surge a caatinga ou a serra.<br />

A <strong>as</strong>sociação de plant<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong> que revestem o sertão típico é uma mistura<br />

de erv<strong>as</strong> e trepadeir<strong>as</strong>, anuais, com arbustos e árvores, mais ou menos<br />

esparsa, tod<strong>as</strong> recebendo o sol; <strong>as</strong> efêmer<strong>as</strong>, que vegetam somente no inverno,<br />

são, entre outr<strong>as</strong>: o ervanço ou quebra-panela (Gromphrena demissa,<br />

Mart), o mata-p<strong>as</strong>to (C<strong>as</strong>sia uniflora, Mill), a jitirana (Ipomoea glabra,<br />

Choisy), o capim-pé-de-galinha (Dacty-loctenium aegytium, Richt), o capim-mimoso<br />

do cacho roxo (Chloris inflata, Link), a alfafa serteneja (Stylosanthes<br />

Guyanensis, Aubl. Swartz), o pega-pinto (Boerhaavia cocinea,<br />

Mill); da multiplicidade de arbustos podemos citar o mofumbo (Combretum<br />

leprosum, Mart), o marmeleiro (Croton hemyar gyreus, Muell), a jurubeba<br />

(Solanum paniculatum, Linn), o calumbi ou rompe gibão (Mimosa malacocentra,<br />

Mart); d<strong>as</strong> espécies arbóre<strong>as</strong> do sertão podem ser lembrad<strong>as</strong> a<br />

oiticica (Litania rígida, Benth), o juazeiro (Ziziphus joazeiro, Mart), o Ipê<br />

(Tecoma chrysotricha, Mart), a aroeira (Schinus aroeira, Vell), a canafístula<br />

(C<strong>as</strong>sia fistula, Linn) e outr<strong>as</strong>.<br />

Na delimitação d<strong>as</strong> regiões naturais, encontramos lugares onde a ação<br />

do homem perturbou, com os roçados, a harmonia original da vegetação<br />

nativa; a erosão, o desaparecimento de espécies e a inv<strong>as</strong>ão do campo por<br />

outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> tornam confusa a denominação. Também, na separação d<strong>as</strong><br />

du<strong>as</strong> regiões a natureza estabeleceu uma faixa de transição; para podermos<br />

calcular <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> respectiv<strong>as</strong>, tivemos de adotar a linha rígida, divisória.<br />

Superfícies totais (calculad<strong>as</strong> a planímetro no mapa) e populações do sertão:<br />

89


Estados<br />

R. G. do Norte.......<br />

Ceará ..................<br />

Paraíba.................<br />

90<br />

Municípios<br />

Angicos, Itaretama, S. Tomé, Sta.<br />

Cruz, S. Rafael, Jucurutu, A. Severo,<br />

Caraub<strong>as</strong>, Patu, Portalegre, Pau dos<br />

Ferros, Alexandria, Florânia, Santana<br />

dos Matos, Almino Afonso, Coronel<br />

Ezequiel, Itaú, Marcelino Vieira..........<br />

Sobral, Cariré, Reriutaba, Ipu,<br />

Ipueir<strong>as</strong>, Sta. Quitéria, Tamboril,<br />

Crateús, Iguatu, Saboeiro, Jucás,<br />

M<strong>as</strong>sapé, Coreaú, Araquém,<br />

Amontada, Lavr<strong>as</strong>, Baixio, Ipaumirim,<br />

Icó, Jaguaribe, Iracema, Morada<br />

Nova, Alto Santo, Aracoiaba.............<br />

A. Navarro, Cajazeir<strong>as</strong>, Catolé,<br />

Conceição, Curem<strong>as</strong>, Itaporanga,<br />

Malta, Piancó, Pombal, S. J.<br />

Piranh<strong>as</strong>, Souza, Uiraúna, Sta. Cruz..<br />

Total ................................................<br />

km 2<br />

15.957,500<br />

38.698,500<br />

15.171,500<br />

69.827,500<br />

Áre<strong>as</strong> Sertão km 2 Populações:<br />

R. G. do Norte 15.957,500 228.894<br />

Ceará 38.698,500 689.579<br />

Paraíba 15.171,500 313.816<br />

Total 69.827,500 1.232.289<br />

As áre<strong>as</strong> totais em hectares e <strong>as</strong> superfícies cultivad<strong>as</strong> são apreciad<strong>as</strong>,<br />

com aproximação, a seguir:


Sertão Áre<strong>as</strong> Lavour<strong>as</strong> atuais<br />

Ha Ha %<br />

R. G. do Norte 1.595.750 196.062 12<br />

Ceará 3.869.850 324.732 8<br />

Paraíba 1.517.150 283.511 18<br />

Total 6.982.750 804.305<br />

O sertão, no seu conjunto, talvez, permitisse um aumento de 12% de<br />

área plantada, desde que fossem adotad<strong>as</strong> <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> de conservação do<br />

solo, que <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> (mocó, oiticica, carnaúba, maniçoba, faveleira)<br />

fossem estimulad<strong>as</strong>, que a pecuária merecesse mais cuidado na parte de recuperação<br />

d<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens, da fenação e da silagem, e que o combate às prag<strong>as</strong><br />

tom<strong>as</strong>se um caráter sério.<br />

Há um ponto sujeito a controvérsia na agricultura sertaneja: é o incentivo<br />

ou não às lavour<strong>as</strong> alimentares. Parece-nos que, fora d<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> de irrigação<br />

e d<strong>as</strong> vazantes, não se deveriam estimular <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de cereais por causa<br />

d<strong>as</strong> perd<strong>as</strong> de tempo, de dinheiro e de esforço n<strong>as</strong> crises de seca. Sabemos<br />

que a reação contra essa orientação será forte com argumentos na conservação<br />

dos grãos para <strong>as</strong> époc<strong>as</strong> de falta. M<strong>as</strong>, havendo a possibilidade de o<br />

sertanejo mourejar num processo agrícola, sem olhar para o céu, em atividade<br />

mais estável, deveríamos tentar essa nova política.<br />

Somos de opinião que uma d<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de criar resistênci<strong>as</strong> ao pauperismo<br />

seria tirar o azar da lavoura anual, eliminar o jogo alternativo de chuv<strong>as</strong> e<br />

sec<strong>as</strong>, dando ao lavrador um sistema de agricultar mais seguro, com b<strong>as</strong>e n<strong>as</strong><br />

plant<strong>as</strong> resistentes à seca, na criação de gados com abundância de forragens<br />

e modo de vida mais metódico.<br />

Para compensar <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> anuais, há, ainda, a possibilidade de os estudos<br />

dos minérios revelarem oportunidades para outr<strong>as</strong> atividades. A industrialização<br />

d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> vegetais e do subsolo é outra chance de criar<br />

modalidades nov<strong>as</strong> de trabalho para ocupar uma parte da população ociosa.<br />

O incremento da produção, no sertão, seria promovido por providênci<strong>as</strong><br />

em diferentes setores, como:<br />

91


92<br />

1) Interessar os homens esclarecidos, dentro dos grupos de municípios<br />

vizinhos, na sorte do meio onde vivem para que <strong>as</strong> su<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong><br />

ajudem a executar program<strong>as</strong> de interesse coletivo, por exemplo: conservação<br />

do solo, combate às prag<strong>as</strong> (devem os comerciantes ter<br />

estoques de inseticid<strong>as</strong> para vend<strong>as</strong> locais), auxílios pessoais aos agrônomos<br />

da extensão rural.<br />

2) Estabelecer uma distribuição de funções entre secções do Fomento<br />

Agrícola do M. A., <strong>as</strong> Diretori<strong>as</strong> de Agricultura dos Estados, outros<br />

órgãos de Agricultura e a ANCAR, com b<strong>as</strong>e na extensão rural, dentro<br />

de um planejamento racional.<br />

3) Aperfeiçoar a experimentação com <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>; selecionar <strong>as</strong><br />

faveleir<strong>as</strong> mais produtiv<strong>as</strong>, de cachos indehiscentes; selecionar os clones<br />

mais valiosos da oiticica; aumentar e preservar a melhor semente<br />

do algodoeiro mocó;estudar <strong>as</strong> questões de adubação; fazer ensaios<br />

de irrigação, para esclarecer muitos pontos importantes.<br />

4) Preparar operários especializados n<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong> do sertão, mediante<br />

demonstrações e explicações prátic<strong>as</strong> no campo. O ensino seria elementar<br />

e visaria difundir o emprego de máquin<strong>as</strong> de tração animal,<br />

operações de conservação do solo, processos de extinção de prag<strong>as</strong>,<br />

confecção de feno e de silagem, etc.


Insolação<br />

Umidade relativa<br />

Temperatura do ar Cº<br />

Evaporação total - mm<br />

Milímetros de chuva<br />

3500<br />

3400<br />

3300<br />

3200<br />

3100<br />

3000<br />

2900<br />

69<br />

67<br />

65<br />

63<br />

61<br />

59<br />

57<br />

55<br />

53<br />

39<br />

37<br />

35<br />

33<br />

31<br />

23<br />

21<br />

19<br />

17<br />

15<br />

13<br />

2300<br />

2200<br />

2000<br />

1800<br />

1600<br />

1400<br />

1200<br />

1400<br />

1200<br />

1000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

Nº de hor<strong>as</strong> totais de luz por ano<br />

Umidade relativa do ar - média<br />

Temperatura máxima do ano<br />

Temperatura média dos máximos<br />

Temperatura média dos mínimos<br />

Temperatura mínima do ano<br />

Média 750 mm<br />

1939 40 42 44 46 48 50 52 54 56<br />

SERVIÇO AGRO-INDUSTRIAL<br />

1958<br />

IRREGULARIDADE CARACTERÍSTICA<br />

DAS CHUVAS, NOS ANOS<br />

CONSIDERADOS SECOS<br />

Ano de 1941<br />

Chuva total ------------------- 674 mm.<br />

“ mês março---------- 307 mm. (45% do ano)<br />

“ dia 6 março -------- 125 mm. (40% do mês)<br />

Ano de 1942<br />

Chuva total ------------------- 468 mm.<br />

“ mês abril ------------- 207 mm. (44% do ano)<br />

“ dia 10 abril ------------ 93 mm. (44% do mês)<br />

Ano de 1951<br />

Chuva total ------------------- 726 mm.<br />

“ mês abril ------------- 317 mm (43% do ano)<br />

“ dia 23 abril ----------- 115 mm. (36% do mês)<br />

Ano de 1953<br />

Chuva total ------------------- 563 mm.<br />

“ mês março----------- 254 mm (45% do ano)<br />

“ dia 26 fevereiro----- 113 mm. (86% do de fev.)<br />

Ano de 1958<br />

Chuva total ------------------- 535 mm.<br />

“ mês março ----------- 275 mm. (51% do ano)<br />

“ dia 23 março -------- 127 mm. (46% do mês)<br />

MÉDIAS MENSAIS DE CHUVAS<br />

SERTÃO - PARAÍBA<br />

SOUSA- AÇUDE SÃO GONÇALO<br />

0<br />

S O N D J F M A M J J A<br />

A- ANOS N O S-<br />

- MESES -<br />

M E S E S<br />

Gráfico 3 – Observações meteorológic<strong>as</strong> feit<strong>as</strong> no Instituto J.A. Trindade,<br />

Açude S. Gonçalo, Souza - Paraíba, Zona do Sertão, nos anos<br />

de 1939 a 1958.<br />

Fonte: Etene/BNB Des. ABA/CRS - 1963<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

Milímetros de chuva<br />

93


Altitude de Paulistana..........................450ms.<br />

Altitude de São Raimundo Nonato .....400ms.<br />

Milímetros de chuva<br />

94<br />

1200<br />

1100<br />

1000<br />

900<br />

800<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

1914<br />

15 16 17 18<br />

Milímetros de chuva<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

S. Raimundo Nonato<br />

MÉDIA MENSAIS DE CHUVAS<br />

ZONA DA CAATINGA<br />

PIAUÍ - 1914-1938<br />

Paulistana...................<br />

S. Raimundo Nonato...<br />

J A S O N D J F M A M J<br />

M E S E S<br />

19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37<br />

A n o s<br />

Paulistana<br />

M= 650 mm<br />

Gráfico 4 - Observações pluviométric<strong>as</strong> em Paulistana e S. Raimundo<br />

Nonato - Piauí - Zona da Caatinga 1914-1938.<br />

Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico do Br<strong>as</strong>il.<br />

1938


Foto 1 - Sertão jaguaribano em tempo de inverno.<br />

Foto 2 - Sertão de Sobral a Frexeirinha, no fim de inverno.<br />

95


96<br />

Foto 3 - Vista do sertão cearense (150m de altitude) na direção de Freicheirinha.


97<br />

Estado Mata Agreste Serr<strong>as</strong><br />

Tabela 25 - Áre<strong>as</strong> próváveis, em hectares, d<strong>as</strong> regiões naturais do <strong>Nordeste</strong><br />

determinad<strong>as</strong> pelo planímetro no mapa<br />

Bacia de<br />

Cariris<br />

Sertão Caatinga<br />

Irrigação Velhos<br />

Curimataú Seridó Carr<strong>as</strong>co Cerrado Prai<strong>as</strong> Total<br />

Piauí 5.248.550 4.341.500 89.250 120.000 - 13.333.950 - - - 1.022.050 975.050 37.500 25.168.300<br />

Ceará - 25.000 659.650 141.400 3.669.850 7.295.800 - - 2.056.300 579.750 - 161.750 14.789.500<br />

R.G. Norte - 344.275 114.750 39.079 4.595.750 2.328.171 - - 792.875 - - 92.000 5.306.900<br />

Paraiba 516.750 56.250 676.000 25.000 1.517.1150 446.250 1.473.500 405.950 517.750 - - 21.000 5.655.600<br />

Pernambuco 1.511.900 1.239.000 408.500 100.500 - 6.509.500 - - - - - 38.500 9.807.900<br />

Alago<strong>as</strong> 681.900 - - 60.000 - 1.149.000 - - - - - 61.100 2.771.100<br />

Sergipe 681.900 - - 40.000 - 1.434.500 - - - - - 46.300 2.202.700<br />

Bahia 8.112.500 10.963.800 712.500 264.500 - 27.748.850 - - - - 8.468.750 208.300 56.209.200<br />

17.293.600 16.969.825 2.669.650 750.479 6.982.750 60.246.021 1.473.500 405.950 3.366.925 1.602.250 9.443.250 666.450 121.911.200<br />

14,0% 14,2% 3,0% 0,7% 5,5% 49,2% 1,2% 0,4% 2,6% 1,2% 7,5% 0,5% 100%<br />

Regiões mais úmid<strong>as</strong> com possibilidades para a produção permanente de gêneros alimentícios:<br />

Regiões<br />

Mata e vales úmidos<br />

Agreste<br />

Serr<strong>as</strong><br />

Baci<strong>as</strong> de Irrigação<br />

Regiões cuja ridez recomenda aproveitamento com cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>:<br />

Sertão<br />

Caatinga<br />

Cariris Velhos<br />

Curimataú<br />

Seridó<br />

Regiões cuj<strong>as</strong> condições de aridez e solo exigem estudos especiais para lavour<strong>as</strong> e pecuária:<br />

Carr<strong>as</strong>co<br />

Cerrado<br />

Não aproveitáveis prai<strong>as</strong>, dun<strong>as</strong><br />

Hectares<br />

17.293.600<br />

16.969.825<br />

2.669.650<br />

790.479 37.723.554 (3,2%)<br />

6.982.750<br />

60.246.021<br />

1.473.500<br />

405.950<br />

3.366.925 72.475.146 (58,5%)<br />

1.602.250<br />

98.443.800 11.046.050 (9,0%)<br />

666.450 (0,5%)<br />

Total 121.911.200


Tabela 26 - Regiões naturais com <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e populações<br />

continua<br />

ESTADOS<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

ESTADOS<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

98<br />

MATA<br />

1956 1950<br />

Ha. cultiv. População<br />

39.909<br />

-<br />

-<br />

53.710<br />

258.686<br />

179.863<br />

51.302<br />

482.469<br />

1.065.939<br />

76.325<br />

-<br />

47.076<br />

8.126<br />

353.640<br />

19.835<br />

-<br />

247.356<br />

752.858<br />

220.960<br />

-<br />

-<br />

396.205<br />

1.538.615<br />

677.599<br />

336.173<br />

1.897.075<br />

5.066.627<br />

AGRESTE<br />

1956 1950<br />

Ha. cultiv. População<br />

287.143<br />

-<br />

290.204<br />

24.021<br />

992.714<br />

80.773<br />

-<br />

1.395.641<br />

3.070.496


Tabela 26 - Regiões naturais com <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e populações<br />

continuação<br />

SERRAS<br />

ESTADOS<br />

1956<br />

Ha. cultiv.<br />

1950<br />

População<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

-<br />

109.346<br />

62.483<br />

174.673<br />

177.119<br />

13.381<br />

-<br />

34.660<br />

-<br />

302.898<br />

48.465<br />

352.731<br />

314.795<br />

66.025<br />

-<br />

105.199<br />

Som<strong>as</strong><br />

571.662 1.190.113<br />

ESTADOS<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

ESTADOS<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

SERTÃO<br />

1956 1950<br />

Ha. cultiv. População<br />

-<br />

-<br />

324.732<br />

689.579<br />

196.062<br />

228.894<br />

283.511<br />

----<br />

313.816<br />

----<br />

804.305 1.232.289<br />

CAATINGA<br />

1956 1950<br />

Ha. cultiv. População<br />

122.770<br />

493.241<br />

231.764<br />

65.502<br />

251.892<br />

108.125<br />

94.233<br />

278.204<br />

522.040<br />

1.483.683<br />

284.742<br />

144.727<br />

535.031<br />

268.740<br />

308.230<br />

1.436.735<br />

1.645.731 1.983.948<br />

99


Tabela 26 - Regiões naturais com <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e populações<br />

continuação<br />

CARIRIS VELHOS<br />

ESTADOS<br />

1956<br />

Ha. cultiv.<br />

1950<br />

População<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

-<br />

-<br />

-<br />

99.635<br />

----<br />

-<br />

-<br />

-<br />

325.835<br />

----<br />

Som<strong>as</strong><br />

99.635<br />

325.835<br />

ESTADOS<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

ESTADOS<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

100<br />

CURIMATAÚ<br />

1956 1950<br />

Ha. cultiv. População<br />

-<br />

-<br />

-<br />

31.322 ----<br />

31.322<br />

-<br />

147.270<br />

69.876<br />

88.561 ----<br />

305.707<br />

-<br />

-<br />

-<br />

60.733 ----<br />

60.733<br />

SERIDÓ<br />

1956 1950<br />

Ha. cultiv. População<br />

-<br />

219.790<br />

115.616<br />

95.191 ----<br />

430.597


Tabela 26 - Regiões naturais com <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> e populações<br />

conclusão<br />

CERRADO<br />

ESTADOS<br />

1956 1950<br />

Ha. cultiv. População<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

ESTADOS<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

Rio Grande do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

1.419<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

1.419<br />

240.423<br />

1.074.589<br />

607.261<br />

805.040<br />

1.041.337<br />

321.204<br />

145.535<br />

1.043.189<br />

5.278.578<br />

15.553<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

15.553<br />

TOTAIS<br />

1956 1950<br />

Ha. cultiv. População<br />

1.045.696<br />

2.695.950<br />

967.921<br />

1.713.259<br />

3.381.155<br />

1.093.137<br />

644.403<br />

4.834.670<br />

16.376.191<br />

Fonte: - Serviço Estatístico da Produção - M.A.<br />

Censo de 1950 - ETENE - BNB<br />

Nota - Os dados estatísticos foram tirados por municípios e <strong>as</strong> regiões naturais não coincidem<br />

exatamente com a divisão municipal.<br />

101


REGIÕES NATURAIS ESTIMATIVA<br />

a) Adequad<strong>as</strong> para a<br />

produção de gêneros<br />

alimentícios:<br />

Mata e vales úmidos<br />

do litoral<br />

Agreste<br />

Serr<strong>as</strong><br />

Baci<strong>as</strong><br />

b) Própri<strong>as</strong> para<br />

cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> e<br />

p<strong>as</strong>tagens:<br />

Sertão<br />

Caatinga<br />

Cariris Velhos<br />

Curimataú<br />

Seridó<br />

c) Aproveitamento<br />

dependendo de<br />

estudos:<br />

Carr<strong>as</strong>co<br />

Cerrado<br />

d) Não aproveitáveis:<br />

Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong><br />

102<br />

A. Totais Ha.<br />

17.293.600<br />

16.969.825<br />

2.669.650<br />

790.479 37.723.554<br />

6.982.750<br />

60.246.021<br />

1.473.500<br />

405.950<br />

3.366.925 72.475.146<br />

1.602.250<br />

9.243.800 11.046.050<br />

666.450 666.450<br />

121.911.200<br />

(*) Estimativa - (M. A. - D.N.O.C.S - C.V.S.F. - Particulares)<br />

A. Cult. Ha<br />

1.065.939<br />

752.858<br />

571.662<br />

02.000(+)<br />

804.305<br />

1.645.731<br />

99.6353<br />

31.322<br />

305.677<br />

1.419<br />

-<br />

-<br />

Ha. cultiváveis<br />

15.908.280<br />

5.279.677<br />

562.479<br />

790.479 12.541.434<br />

2.079.825<br />

17.833.390<br />

147.350<br />

40.595<br />

160.225 20.261.385<br />

-<br />

-<br />

-<br />

32.807.819 (26%)


3.3 - Caatinga<br />

“A caatinga é um conjunto de árvores e arbustos espontâneos, densos,<br />

baixos, retorcidos, de <strong>as</strong>pecto seco, de relh<strong>as</strong> pequen<strong>as</strong> e caduc<strong>as</strong> no verão<br />

seco, com proteção contra a desidratação pelo calor e pelo vento. As raízes<br />

são muito desenvolvid<strong>as</strong>, gross<strong>as</strong> e penetrantes. O solo é silicoso ou sílicoargiloso,<br />

enxuto, qu<strong>as</strong>e sem humo, pedregoso ou arenoso, pobre em azoto,<br />

porém contendo regular teor de cálcio e potássio, como atesta a vegetação<br />

do algodoeiro e do caroá. Na caatinga, a <strong>as</strong>sociação florística, com o solo e<br />

a atmosfera, é qu<strong>as</strong>e uma simbiose, tal o regime de economia rígida da água<br />

para entreter <strong>as</strong> funções em equilíbrio. A caatinga alta, fechada, impenetrável<br />

pela densidade e pelos espinhos, foi a primitiva, mais rica de elementos arbóreos,<br />

mais povoada de espécies nobres, mais secular na idade, porque conseguiu<br />

escapar do fogo indígena, que sobreviveu ao avanço dos primeiros<br />

colonizadores, menos lavradores e mais criadores, m<strong>as</strong> que sucumbiu, em<br />

parte, ao segundo p<strong>as</strong>so da civilização, quando <strong>as</strong> boc<strong>as</strong> mais numeros<strong>as</strong> e<br />

<strong>as</strong> necessidades de matéria-prima apelaram para amplos roçados e plantios.<br />

Em poucos lugares resta, escondida, a caatinga verdadeira; a mais visível,<br />

curta e magra, sem epifitismo, com sub-bosque de bromeliáce<strong>as</strong> selvagens e<br />

arbúsculos endurecidos, chão sem capins, e uma amostra, um vestígio do<br />

que foi a “floresta seca’’ (9)<br />

A caatinga é uma <strong>as</strong>sociação de plant<strong>as</strong> com <strong>as</strong>pecto seco, com árvores<br />

e arbustos unidos, dotados de espinhos, de folh<strong>as</strong> caidiç<strong>as</strong>, caules retorcidos,<br />

porte baixo, com subvegetação de macambira e caroá.<br />

As espécies que compõem uma caatinga variam conforme esteja ela em<br />

altitude alta ou baixa, em solo arenoso sedimentar ou de origem arqueana.<br />

As plant<strong>as</strong> que mais caracterizam a caatinga são: o umbuzeiro (Spondia<br />

tuberosa), a barriguda (Chorizia ventricosa), o icó (Capparis Ico), a baraúna<br />

(Schnopsis br<strong>as</strong>iliensis) o faveleiro (Cnidosculus phyllacanthus), o<br />

pau ferro (Caesalpinia ferrea, Mart); na caatinga da Bahia aparecem também,<br />

o licuri (Syagrus coronata, Mart) e a camaratuba (Cratylia mollis);<br />

na caatinga litorânea do Ceará e R.G. Norte a carnaubeira (Copernicia cerifera)<br />

também uma palmeira do sertão; <strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong> comuns na caatinga são<br />

<strong>as</strong> Opunti<strong>as</strong>, os Cereus, os Pilocereus, os Cephalocereus; a vegetação<br />

103


<strong>as</strong>teira, que cobre o chão da caatinga, é formada principalmente pela macambira<br />

(Bromelia laciniosa, Mart) e o caroá (Neoglaziovia variegata).<br />

O matuto diz que a caatinga tem mais espinho do que o sertão e que os<br />

capins não gostam d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong>.<br />

A caatinga baixa, do interior, é mais saca durante o dia e à noite; a situada<br />

em altitude superior a 400m ou a do litoral tem noites fresc<strong>as</strong>, com maior<br />

umidade atmosférica.<br />

Quatro plant<strong>as</strong> indicam <strong>as</strong> caating<strong>as</strong> mais úmid<strong>as</strong>: o agave, a palma o<br />

aveloz e o cajueiro.<br />

Conforme a altitude, a proximidade do Oceano, o solo sedimentar, arenoso<br />

ou o de piçarra (arqueano), o grau de aridez da caatinga varia de 3,9 a<br />

6, 2. A relação chuva versus evaporação oscila entre 1: 4,8 a 1: 2,2.<br />

No futuro, os estudos da caatinga poderão estabelecer uma cl<strong>as</strong>sificação<br />

mais subdividida e especificada.<br />

As áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> nos Estados se distribuem do seguinte modo,<br />

determinad<strong>as</strong> com o planímetro no mapa:<br />

Estados<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

R. G. do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

104<br />

Tabela 27 - Áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> nos Estados<br />

N o . de municípios<br />

(total ou parcialmente<br />

abrangidos)<br />

30<br />

46<br />

20<br />

8<br />

26<br />

11<br />

25<br />

51<br />

217<br />

km 2<br />

133.339,5<br />

72.958,0<br />

23.281,71<br />

4.462,5<br />

65.095,0<br />

11.490,0<br />

14.345,00<br />

277.488,5<br />

602.460,21<br />

Hectares<br />

13.333.950<br />

7.295.800<br />

2.328.171<br />

446.250<br />

6.509.500<br />

1.149.000<br />

1.434.500<br />

27.748.850<br />

60.246.021


Estados<br />

Tabela 28 - Caatinga: áre<strong>as</strong> totais cultivad<strong>as</strong> e população<br />

Piauí<br />

Ceará<br />

R. G. do Norte<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alago<strong>as</strong><br />

Sergipe<br />

Bahia<br />

Som<strong>as</strong><br />

Áre<strong>as</strong> Totais<br />

Ha.<br />

13.333.950<br />

7.295.800<br />

2.328.171<br />

446.250<br />

6.509.500<br />

1.149.000<br />

1.434.500<br />

27.748.850<br />

60.246.021<br />

Cultivad<strong>as</strong><br />

Ha. 1956<br />

122.770<br />

493.241<br />

231.764<br />

65.502<br />

251.892<br />

108.125<br />

73.215<br />

274.266<br />

1.620.775<br />

População<br />

1950<br />

522.040<br />

1.483.683<br />

284.742<br />

144.727<br />

535.031<br />

268.740<br />

223.021<br />

1.372.584<br />

4.834.568<br />

Fonte: Serv. Estat. Produção - M. A. Censo: IBGE - 1950. Etene - BNB<br />

Nota: As áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> foram tomad<strong>as</strong> por municípios, cuj<strong>as</strong> superfícies<br />

não coincidem exatamente com <strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong>.<br />

A caatinga do Piauí, até 300m de altitude, abrangendo municípios como:<br />

Oeir<strong>as</strong>, Floriano, Jurumenha, Canto do Buriti, São João do Piauí, Jaicós,<br />

Bom Jesus e outros, de solo silicoso, branco, amarelo ou marrom, de fraca<br />

fertilidade, é mais adequada para a pecuária e <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> resistentes à seca.<br />

O clima mais seco, de solo enxuto, com pouc<strong>as</strong> epizooti<strong>as</strong>, a vegetação<br />

nativa de capins e ram<strong>as</strong> e camaratuba, de favaleiro, de muquém (canafístula),<br />

de juazeiro e outr<strong>as</strong>, tornam o ambiente propício à criação de gado. Há<br />

pouc<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong> nos municípios citados. Em São João do Piauí aparecem<br />

mais o xique-xique, o mandacaru, o facheiro e, também, os acompanhantes<br />

da caatinga típica: macambira e caroá. A topografia ondulada, em geral, e<br />

plana, n<strong>as</strong> chapad<strong>as</strong>, permite a mecanização d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de pouca chuva,<br />

com adubação.<br />

O prefeito de São João do Piauí, Sr. Luís Carvalho, plantou 150ha. de<br />

palma e algum<strong>as</strong> algarob<strong>as</strong>; n<strong>as</strong> margens do rio Piauí, em terreno salgado,<br />

plantou 80ha. de carnaubeir<strong>as</strong>. Ainda não fui perfurado poço profundo em<br />

105


São João do Piauí. A lagoa de Nazaré, entre Floriano e Oeir<strong>as</strong>, alimentada<br />

pelo rio Piauí, poderá ser aumentada, mediante barragem e servir<br />

para lavour<strong>as</strong> regad<strong>as</strong> e de vazantes; a de Parnaguá, também, poderá<br />

ter melhor aproveitamento.<br />

Na caatinga piauiense, o algodão mocó não abre o capulho; os algodões<br />

cultivados, ali, são o “Verdão” e o “Maranhão”, nos baixios<br />

menos secos.<br />

N<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> alt<strong>as</strong>, acima de 300m, como nos municípios de Pio<br />

IX, Fronteir<strong>as</strong>, Picos, Paulistana, São Raimundo Nonato, Caracol e<br />

outros, aparecem <strong>as</strong> gleb<strong>as</strong>, ora de arenito, ora de piçarra amarela e<br />

pedr<strong>as</strong>; ali, <strong>as</strong> árvores e os arbustos de rama mantêm a folhagem por<br />

mais tempo, <strong>as</strong> noites são mais úmid<strong>as</strong> e mais fresc<strong>as</strong>, a palma cresce<br />

melhor; o aveloz e a algaroba já foram introduzidos, a mamona é cultivada<br />

ao lado da mandioca e dos cereais, os capins jaraguá e colonião<br />

estão prosperando bem, nos baixios, em Correntes e Bertolínia, onde<br />

foram introduzidos pelo agrônomo Augusto Paranaguá.<br />

As fazend<strong>as</strong> são grandes, faltam <strong>as</strong> cerc<strong>as</strong>, a criação de gado é<br />

muito extensiva e, onde predomina o capim-agreste, o fogo é usado<br />

para provocar a brotação, mesmo sem chuva.<br />

A formação sedimentar do Piauí, com a abundância da água subterrânea,<br />

tem facilitado a perfuração de poços artesianos e os estudos futuros<br />

darão conclusões sobre o volume d’água explorável e d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> regáveis<br />

.. Já existem 11 poços jorrantes, em Picos, no vale do Rio Guarib<strong>as</strong>;<br />

<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de cebola e alho, no leito desse rio atingem 30km de<br />

extensão. Esse vale começa no pé da Serra dos Cariris Novos e desce<br />

até Oeir<strong>as</strong>. A fonte d’água, em Bocaína, no leito do Rio Guarib<strong>as</strong>, corre<br />

pelo leito do rio até 1 légua de Picos, ou seja, uma extensão de 36km.<br />

Uma perfuratriz de percursão, do Dnocs, em Picos, preparou<br />

11 poços de 8", todos jorrantes, com a profundidade de 70 a 150m,<br />

revestimento de canos de 20m iniciais e vazões de 3 a 10 litros d’água,<br />

por segundo. O custo médio por poço, com o revestimento, tem sido<br />

106


de Cr$ 20.000,00 pagos pelo proprietário e Cr$ 20.000,00 por conta<br />

do Dnocs.<br />

No vale do Guarib<strong>as</strong>, predomina a pequena propriedade rural. Se fosse<br />

possível dispor de mais perfuratrizes, seria conveniente preparar poços para<br />

irrigar mais de 15.000ha. nesse vale, dispendendo o governo, com 2.000<br />

poços, a quantia de Cr$ 40 milhões de cruzeiros e os particulares igual quantia.<br />

Já há irrigação com os 11 poços e os lavradores estão entusi<strong>as</strong>mados.<br />

Abrisse a repartição os poços, os lavradores fariam todo o trabalho da lavoura<br />

regada. Há outros vales no Piauí com poços jorrantes como o do rio<br />

Sambito, em C<strong>as</strong>telo e o do rio Cais, em São Miguel do Tapuio.<br />

Quanto à pecuária, há possibilidade de melhorar a caatinga para p<strong>as</strong>tagem,<br />

retirando a vegetação sem valor, deixando os arbustos e árvores de ram<strong>as</strong>,<br />

semeando capins e leguminos<strong>as</strong>, corrigindo a acidez do solo com calcáreo<br />

moído, dividindo <strong>as</strong> mang<strong>as</strong> em p<strong>as</strong>tos menores com cerc<strong>as</strong> de aveloz, para<br />

alternar o p<strong>as</strong>toreio e preparando bebedouros com poços profundos equipados<br />

com cata-vento e tanque. O plantio da palma e o armazenamento de feno<br />

completariam <strong>as</strong> providênci<strong>as</strong> sobre forragens. O combate às queimad<strong>as</strong> e às<br />

doenç<strong>as</strong> do gado são fatores importantes para o êxito da pecuária.<br />

O litoral do Ceará foi cl<strong>as</strong>sificado como caatinga baixa (altitude), em face<br />

de a vegetação cerrada, arbórea-arbustiva, solo silicoso ou argiloso, seco,<br />

de a exposição ao vento e de <strong>as</strong> observações meteorológic<strong>as</strong> de Parangaba<br />

terem dado uma relação chuva versus evaporação de 1:2,2 e o índice de<br />

aridez, na fórmula de Mangenot, ter acusado 6,2. Essa caatinga sofre a influência<br />

marítima e sua temperatura à noite é mais amena do que a da caatinga<br />

do interior.<br />

Os solos da caatinga litorânea, do Ceará, apresentam variações; <strong>as</strong>sim,<br />

os arenitos terciários predominam nos municípios de Acaraú, Camocim, Chaval,<br />

Aquiraz, Fortaleza, Caucaia, C<strong>as</strong>cavel, São Gonçalo do Amarante, e<br />

Trairi; os derivados dos gneisses e dos xistos aparecem em Granja, M<strong>as</strong>sapê,<br />

Marco, Itapajé, Itapipoca, Maranguape, e Pentecoste; os de origem cretácea<br />

são, possivelmente, <strong>as</strong> várze<strong>as</strong> de Aracati, Jaguaruana, Russ<strong>as</strong> e Limoeiro.<br />

107


A produção de mandioca, de frut<strong>as</strong>, de hortaliç<strong>as</strong> e, talvez, a de cereais,<br />

n<strong>as</strong> proximidades dos centros urbanos nos fazem julgar que essa caatinga<br />

será mais utilizável para gêneros alimentícios.<br />

O cajueiro, a oiticica, a carnaubeira e a mangueira vegetam nativ<strong>as</strong> e<br />

vencem a competição com o mato.<br />

Sem dúvida, a grande lavoura do litoral cearense será o cajueiro para a<br />

indústria de doces, de óleo, de amêndo<strong>as</strong> e de resina. Árvore de grande<br />

porte que “briga” com o mato, cobrindo o solo, adaptada ao clima irregular<br />

e ao solo silicoso, com longa duração, podendo ultrap<strong>as</strong>sar <strong>as</strong> crises de seca<br />

e dando safr<strong>as</strong> de setembro a novembro, o cajueiro é uma planta industrial,<br />

ao mesmo tempo que uma essência de reflorestamento.<br />

A irrigação, por meio de poços, para hortaliç<strong>as</strong> e frut<strong>as</strong>, é possível, neste<br />

litoral, desde que sejam perfurados mais de 100m para se tentar maior vazão<br />

d’água.<br />

Na caatinga do interior cearense estão incluídos os municípios de Juazeiro<br />

do Norte, Mauriti, Barbalha, Brejo Santo, Milagres, Missão Velha e Porteir<strong>as</strong>,<br />

cujos solos são considerados por Paul Vageler e outros como arenitos<br />

cretáceos. O critério geográfico tem sido adotado por muitos estudiosos para<br />

julgar os cariris-novos, que abrangem esses municípios citados e diversos<br />

outros incluindo até Serr<strong>as</strong>.<br />

Faltam ainda estações meteorológic<strong>as</strong>, estudos de solos e da flora para<br />

cl<strong>as</strong>sificar ecologicamente os cariris-novos.<br />

A influência da Serra do Araripe, a presença d<strong>as</strong> fontes d’água deram, a<br />

esses sete municípios, de caatinga alta, a vantagem de mais umidade no solo<br />

e no ar, o que os torna recomendáveis para roç<strong>as</strong> de gêneros alimentícios.<br />

Os outros municípios da caatinga elevada, do interior do Ceará, com formações<br />

ora de arqueano, ora sedimentar, com flora nativa xerófila, são: Cococi,<br />

Tauá, Monsenhor Tabosa, Independência, Campos Sales, Anueiros, Fari<strong>as</strong><br />

Brito, Várzea Alegre, Catarina, Assaré, Pedra Branca, Pereiro e outros. Nestes,<br />

a pecuária e plantações tolerantes à seca são <strong>as</strong> mais adequad<strong>as</strong>.<br />

108


A caatinga potiguar de João Câmara, Pedro Avelino, Açu, Ipanguaçu,<br />

Macau, Mossoró, Areia Branca e Apodi, Grossos, Pendência, Upanema, S.<br />

B. Norte, é pouco úmida, de solo pedregoso para o interior é mais silicoso<br />

perto do mar, serve para a criação de gado e lavour<strong>as</strong> resistentes à falta de<br />

chuv<strong>as</strong>. Os outros municípios de Taipu, S. P. Potengi, Serra Caiada, J. Cicco,<br />

Santo Antônio, S. J. do Campestre e N. Cruz, fazem parte da caatinga<br />

mais úmida, entre o agreste e o sertão, compõem os campos mais cultivados<br />

do Rio Grande do Norte para os alimentos humanos.<br />

A grande necessidade da agricultura desta caatinga são <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> de<br />

conservação do solo; a erosão e o empobrecimento dest<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> tem sido<br />

muito acelerados, nos últimos anos.<br />

A caatinga paraibana, onde estão situados os municípios de Itabaina,<br />

Sapé, Alagoa Grande, Serra Redonda, Arueir<strong>as</strong>, Ingá, Alagoinha, dentro d<strong>as</strong><br />

isoiet<strong>as</strong> de 700 a 900mm, de solos areno-argilosos, mais profundos, poderia<br />

figurar, também, como produtores de gêneros alimentícios.<br />

A caatinga pernambucana envolve os municípios de Afogados de Ingazeira,<br />

Águ<strong>as</strong> Bel<strong>as</strong>, Jatinã, Bodocó, Cabrobó, Carnaíba, Custódia, Exu, Flores,<br />

Floresta, Inajá, Itapetim, Orobó, Ouricuri, Parnamirim, Petrolândia, Petrolina,<br />

Salgueiro, Santa Maria da Boa Vista. M. da Boa Vista, São José do Egito,<br />

Serra Talhada, Serrita, Sertânia, Tabira, Tacaratu, São José do Belmonte. Há<br />

solos de piçarra e pedr<strong>as</strong> como Sertânia, Custódia, Serra Talhada, Salgueiro,<br />

Jatinã, Floresta (parte), São José do Egito, Serrita, Afogados da Ingazeira,<br />

Flores, Manissobal. Os outros municípios são de terr<strong>as</strong> de arenito.<br />

Fora os municípios de Petrolina, Coripós, Orocó, Cabrobó, Jatinã, Floresta<br />

e Petrolândia, que podem ser irrigados parcialmente com águ<strong>as</strong> do rio<br />

São Francisco, os restantes municípios são mais adequados para lavour<strong>as</strong><br />

xerófil<strong>as</strong> e para a pecuária.<br />

À margem esquerda, em território de Pernambuco, a lavoura regada poderá<br />

atingir cerca de 85.000 hectares. Com os açudes públicos e particulares<br />

e com poços profundos na chapada Mirim-Petrolândia, talvez seja possível<br />

irrigar 15.000 hectares.<br />

109


Pelo esquema de Hans Singer, nessa caatinga deverá desenvolver-se a<br />

pecuária, pelo melhoramento dos p<strong>as</strong>tos e da conservação d<strong>as</strong> forragens e<br />

ampliarem-se cultur<strong>as</strong> perenes, resistentes à seca, principalmente <strong>as</strong> oleaginos<strong>as</strong><br />

e <strong>as</strong> fibr<strong>as</strong>, por meio da extensão agrícola, do fomento e do financiamento<br />

e a criação de pequen<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> com matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> locais.<br />

Os municípios encostados n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> da Conceição, Boa Vista, Vermelha<br />

e Baixa Verde têm mais umidade atmosférica e são menos secos; aqueles<br />

situados em menor altitude e mais próximos do rio São Francisco são mais<br />

secos e mais quentes; ali, a relação chuva versus evaporação é de 1: 4,8 e o<br />

grau de aridez é 3,9.<br />

Na caatinga alagoana ficam localizados os municípios de Arapiraca, Batalha,<br />

Delmiro Gouveia, M. Izidoro, Olho d’Água d<strong>as</strong> Flores, Palmeira dos<br />

Índios, Pão de Açúcar, Quebrângulo, Ipanema, e Traipu, conforme o mapa<br />

organizado pelo engenheiro agrônomo João Guilherme de Pontes Sobrinho.<br />

Nesse mapa, a caatinga úmida está separada da caatinga seca.<br />

Os solos resultaram da decomposição do granito, do gneiss e do mic<strong>as</strong>histo;<br />

são raros, com piçarra e pedr<strong>as</strong>; com manch<strong>as</strong> salin<strong>as</strong>, especialmente<br />

quando os riachos secam.<br />

A topografia é ondulada e, salvo na margem do rio S. Francisco, <strong>as</strong> terr<strong>as</strong><br />

não parecem indicad<strong>as</strong> para a irrigação devido ao teor de sal.<br />

O desbravamento dessa caatinga pelos roçados, pelo fogo, pelo destocamento<br />

e pel<strong>as</strong> capin<strong>as</strong>, destruiu a cobertura natural antiga e modificou a<br />

composição da flora desaparecendo a vegetação alta, seca, inicial.<br />

A restauração da cobertura de porte elevado, nos morros, mediante o<br />

reflorestamento com a jurema, o angico, a caatingueira, a umburana, o aveloz<br />

e a introdução da algaroba e do sabiá, são uma necessidade para fonte de<br />

lenha e de madeira, abrigo da fauna útil e proteção contra a erosão.<br />

As plant<strong>as</strong> que se desenvolvem bem ali são a palma, o agave, a pinha, o<br />

algodão, a mandioca, o cajueiro, a mangueira, o umbuzeiro, o juazeiro e <strong>as</strong><br />

forrageir<strong>as</strong> gramíne<strong>as</strong> e leguminos<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>. É uma região típica de pecuária<br />

110


leiteira ou de engorda e de plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, como demonstram <strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong><br />

dos criadores e lavradores de Batalha, M. Izidoro, Pão de Açúcar e Palmeira<br />

dos Índios. O ambiente comporta a introdução do sorgo, da algaroba, do<br />

sabiá, da videira e do capim sempre verde.<br />

Cerca de 50% do número total de propriedades têm menos de 10 hectares,<br />

o que prova não ser conveniente o aumento da população no setor rural.<br />

Talvez fosse aconselhável a fixação de parte dessa população n<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong><br />

regáveis, marginais do rio São Francisco ou, então, tomar medid<strong>as</strong> para promover<br />

a industrialização da região.<br />

É viável também um deslocamento de parte da população para colôni<strong>as</strong><br />

agrícol<strong>as</strong> no Maranhão ou no Piauí.<br />

Ousamos apresentar aqui algum<strong>as</strong> sugestões que, talvez, tenham o mérito<br />

de encontrar <strong>as</strong> soluções racionais para esses problem<strong>as</strong>:<br />

1) Estudar os solos e fazer levantamento cad<strong>as</strong>tral e de rendimento d<strong>as</strong><br />

fazend<strong>as</strong> para aquisição de mais conhecimento d<strong>as</strong> condições agrícol<strong>as</strong>, econômic<strong>as</strong>.<br />

2) Tentar uma solução para os minifúndios antieconômicos na colonizaçao<br />

à margem do rio São Francisco ou no Maranhão.<br />

3) Introduzir melhoramentos na organização interna d<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong>, especialmente<br />

quanto ao uso adequado de solos para lavour<strong>as</strong>, para p<strong>as</strong>tos e<br />

para caating<strong>as</strong>, instalação de bebedouros, melhoramentos n<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens,<br />

estabelecer a escrituração d<strong>as</strong> despes<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> receit<strong>as</strong>, construir cistern<strong>as</strong><br />

para armazenar a água de chuva para beber.<br />

4) Construir instalações para a higienização do leite, como estábulos e<br />

manjedour<strong>as</strong> e esterilizadores dos recipientes.<br />

5) Substituir os carros de bois por carroções, nos transportes locais.<br />

6) Reparar <strong>as</strong> estrad<strong>as</strong>.<br />

7) Fazer <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> periódic<strong>as</strong> de sementes de capins e leguminos<strong>as</strong><br />

nativ<strong>as</strong> para a semeadura n<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens mist<strong>as</strong>, com palma.<br />

111


8) Dividir os p<strong>as</strong>tos grandes em menores, por meio de cerc<strong>as</strong> de aveloz<br />

para facilitar o p<strong>as</strong>toreio rotativo.<br />

112<br />

9) Conservar forragens sob a forma de feno ou pela silagem.<br />

10) Dar <strong>as</strong>sistência agrícola e veterinária em forma extencionist<strong>as</strong>, mediante<br />

convênio entre os Departamentos do Ministério da Agricultura, a AN-<br />

CAR e a CVSF.<br />

11) Articular os trabalhos da experimentação agrícola, especialmente d<strong>as</strong><br />

lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, com os do Fomento, com os da educação da comunidade<br />

e os do financiamento.<br />

12) Apressar, e óbvio a alfabetização do povo, e preparar operários<br />

especializados.<br />

A caatinga sergipana limita-se com a mata, pois o agreste é tão estreito e<br />

difícil de delimitar que resolvemos considerá-lo como caatinga. Desse modo,<br />

a caatinga incluiria os municípios do R. Dant<strong>as</strong>, S. R. Lima, C. Brito, Itabaína,<br />

M. dos Bois, M. S. da Glória, Nossa Senhora d<strong>as</strong> Dores, Pinhão, P.<br />

Redondo, P. Verde, Porto Folha, Propriá, Ribeirópolis, S. Di<strong>as</strong>, Tamanduá,<br />

T. Barreto, A. S. Francisco, Aquidabã, Canhoba, Carira, Cumbe, F. Paulo,<br />

Gararu, Itabi, Macambira e Cedro S. João.<br />

Essa cl<strong>as</strong>sificação está de acordo com o engenheiro Jorge de Oliveira<br />

Netto no notável livro “Sergipe e o problema da seca”, pág. 46.<br />

Essa região, de topografia ondulada, com pouc<strong>as</strong> elevações, tem solos<br />

sedimentares, silicosos, bem como argilosos de origem arqueana. A chuva é<br />

irregular, como em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> caating<strong>as</strong>; <strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> d<strong>as</strong> precipitações variam<br />

de 700 a 800mm, médi<strong>as</strong> anuais.<br />

As observações meteorológic<strong>as</strong> de Propriá, que não é o município mais<br />

seco, denotam um índice de aridez de 5,1.<br />

Diz o engenheiro agrônomo Emmanuel Franco, em sua valiosa obra “Estudo<br />

de Ecologia Vegetal e Reflorestamento”, pág. 136:


“Os tabuleiros de Sergipe e do Norte da Bahia próximos aos limites de<br />

Sergipe, têm a mangaba, Hancronia apeciosa; acá ou pêssego do mato,<br />

Lucuma torta; João Leite; Cucuma ramiflora; o tingui, Magonia glabrata;<br />

os muricis, Byrsonina Spp; o cajuí, Anacardium sp; Aspidosperma tomentonum;<br />

a curatela americana; biriba, Lecithin sp.” E mais adiante afirma:<br />

“O grande perigo dos nossos solos não é a inv<strong>as</strong>ão de plant<strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong><br />

ou do litoral e sim a dos campos, porque estes em Sergipe denotam<br />

terrenos erodidos, pobres em humus e carentes de sais minerais”.<br />

A produção agrícola da caatinga sergipana é de algodão, arroz (n<strong>as</strong> margens<br />

do rio S. Francisco), feijão, mandioca, fumo (lagarto), milho e fruteir<strong>as</strong>.<br />

A caatinga baiana compreende a maior superfície do Estado, com os<br />

municípios de Angical, Ant<strong>as</strong>, Barra, Barrei r<strong>as</strong>, Boa Nova, Bom Jesus da<br />

Lapa, B. Macaúb<strong>as</strong>, Caetité, Carinhama, C<strong>as</strong>a Nova, Cícero Dant<strong>as</strong>, Chorrochó,<br />

Conc. Coité, Correntina, Cotegipe, Euclides da Cunha, Irecé, Itiúba,<br />

Jaguarari, Jeremoaba, Juazeiro, Macaúb<strong>as</strong>, M. Santo, M. Chapéu, Oliv. dos<br />

Brejinhos, Paramirim, L. Monte Alto, Paratinga, Parapiranga, Pilão Arcado,<br />

Gentio do Ouro, Poções, Queimad<strong>as</strong>, Remanso, R. Jacuípe, Santa Luz, Santa<br />

Maria da Vitória, Santana, Seabra, Sento Sé, Serrinha, Uauá, Xique Xique,<br />

Glória. Guanambi, R. Santana, Itapicuru, Nova Soure e Cipó.<br />

Pode ser baixa e muito seca, como a que acompanha o curso médio do<br />

rio São Francisco e trecho d<strong>as</strong> corredeir<strong>as</strong>; apresenta-se, às vezes em altitudes<br />

mais elevad<strong>as</strong> e com relativa umidade, como em Irecê (700 a 900m ).<br />

As observações meteorológic<strong>as</strong> de Barra e de Ibipetuba mostram a relação<br />

chuva versus evaporação 1: 2,5 a 1: 2,2 e o índice de aridez de 4,9 e 5, 0.<br />

As isoiet<strong>as</strong> mais baix<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong>, 500 a 600m, atingem C<strong>as</strong>a Nova,<br />

Patamuté, Uauá, Canudos, Glória e Curaçá.<br />

Segundo Gregório Bondar (10) , <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> variam muito, desde<br />

<strong>as</strong> argilos<strong>as</strong> do arqueano aos calcáreos paleozóicos, algonquianos até os<br />

aluviões fluviais inundáveis pel<strong>as</strong> chei<strong>as</strong> do rio S. Francisco.<br />

113


A caatinga baiana é povoada de cactáce<strong>as</strong> espinhent<strong>as</strong> (palmatóri<strong>as</strong>,<br />

mandacaru, facheiro), de umbuzeiros, de umburan<strong>as</strong>, de licuri, de icó de pau<br />

de rato, de c<strong>as</strong>satinga, de alecrim, de azedinha, de serrofeiro, de barriguda,<br />

de macambira e de caroá. N<strong>as</strong> altitudes maiores, os galhos d<strong>as</strong> árvores estão<br />

enfeitados com epifit<strong>as</strong>, denunciando a umidade do ar. A erosão n<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong><br />

do Norte da Bahia está tornando um <strong>as</strong>pecto <strong>as</strong>sustador tanto pel<strong>as</strong> enxurrad<strong>as</strong><br />

como pelo vento. Além do fogo nos roçados, a retirada de lenha e o<br />

p<strong>as</strong>toreio incontrolado dos caprinos e dos ovinos expõem o solo nu às intempéries.<br />

O problema mais difícil do aproveitamento d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> são <strong>as</strong> extensões<br />

de areia, onde <strong>as</strong> pouc<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> não encontram capacidade de retenção<br />

na profundidade mais conveniente.<br />

A lavoura do sisal está aumentando n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> úmid<strong>as</strong>. A procura da<br />

baga e do óleo de mamona incrementou a produção dessa Euforbiácea. O<br />

algodão é outra cultura importante da caatinga.<br />

A chapada de Irecê com umidade e altitude é um centro fornecedor de<br />

gêneros alimentícios. Mundo Novo, pela influência da montanha, tem regular<br />

produção agrícola.<br />

Os solos de m<strong>as</strong>sapê cretáceo, de 120 a 350m de altitude, nos baixios e<br />

valados de Itapicuru, Soure, Pombal, Cícero Dant<strong>as</strong>, Jeremoabo, Tucano,<br />

Euclides da Cunha, são aproveitados com lavour<strong>as</strong> rotineir<strong>as</strong>.<br />

A caatinga elevada apresenta ótim<strong>as</strong> condições para o agave, a goiabeira,<br />

o licuri, o umbuzeiro, o aveloz e outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> de pouca chuva.<br />

As plant<strong>as</strong> extrativ<strong>as</strong> dessa região são o licuri (amêndoa oleaginosa e<br />

cera da folha), o faveleiro (óleo e farinha da semente), o caroá (fibra da<br />

folha), o umbu (fruto para doces), o cipó-de-breu (pó resinoso), a maniçoba<br />

(borracha do caule), o tucum (fibra e óleo), o pequi (fruto alimentício e óleo)<br />

e muitos outros vegetais da caatinga, rica de espécies fornecedor<strong>as</strong> de produtos<br />

medicinais e estimulantes.<br />

114


É de grande importância o estudo completo dess<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong><br />

de solo, de água, de <strong>as</strong>sociação, de melhoramento dos seus produtos,<br />

que serão riquez<strong>as</strong> colossais quando a v<strong>as</strong>tidão d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> abandonad<strong>as</strong><br />

estiverem plantad<strong>as</strong> em lavour<strong>as</strong> racionais.<br />

Outra possibilidade dess<strong>as</strong> chapad<strong>as</strong> e ondulações é a formação de campos<br />

para p<strong>as</strong>toreio com o capim sempre-verde, o colonião, <strong>as</strong> gramíni<strong>as</strong> e<br />

<strong>as</strong> leguminos<strong>as</strong> espontâne<strong>as</strong>, <strong>as</strong> ram<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong>, com <strong>as</strong> palm<strong>as</strong> e os fenos<br />

para a criação de milhares de animais para leite e carne. Uma programação<br />

para <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens, com fazend<strong>as</strong> bem organizad<strong>as</strong> internamente, é uma garantia<br />

de rend<strong>as</strong>.<br />

A irrigação d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> da caatinga baiana é possível nos baixios do rio<br />

São Francisco, do Itapicuru, do Vaza Barris, por meio de barragens ou elevação<br />

e, também, por poços nos planos sedimentares.<br />

Não é demais prever uma área de 264.000 hectares, onde <strong>as</strong> safr<strong>as</strong><br />

garantid<strong>as</strong> de alimentos poderão ajudar muito à pecuária e <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong><br />

no desenvolvimento econômico do Estado.<br />

115


3.300<br />

2.900<br />

2.500<br />

81<br />

77<br />

73<br />

34<br />

30<br />

26<br />

22<br />

18<br />

2.500<br />

2.100<br />

2.700<br />

1.300<br />

900<br />

500<br />

116<br />

Hor<strong>as</strong> totais de insolação<br />

Gráu higrométrico médio do ar<br />

Média dos Máximos<br />

INSOLAÇÃO<br />

UMIDADE RELATIVA<br />

TEMPERATURAS EXTREMAS DO AR<br />

Média dos mínimos Mínima mensal 9ºC- Junho 1929<br />

Chuva<br />

Evaporação<br />

MILÍMETROS DE CHUVA<br />

Máxima mensal 35,7ºC - Nov. 1928<br />

1913<br />

14<br />

1915<br />

16<br />

17<br />

18<br />

19<br />

20<br />

21<br />

22<br />

23<br />

24<br />

1925<br />

26<br />

27<br />

28<br />

29<br />

30<br />

31<br />

32<br />

33<br />

34<br />

1935<br />

36<br />

37<br />

38<br />

39<br />

1940<br />

41<br />

42<br />

43<br />

44<br />

1945<br />

46<br />

47<br />

48<br />

Gráfico 5 - Observações meteorológic<strong>as</strong> Parangaba - CE; 1913 a 1947


Milímetros de chuva<br />

Chuva média, anual..............................................812 mm<br />

Chuva máxima, anual 1924 .............................1.558 mm<br />

Chuva máxima, anual 1938 .............................<br />

Nº de anos com chuva acima da média ......................16<br />

Nº de anos com chuva abaixo da média .....................24<br />

Umidade relativa do ar, médi<strong>as</strong> mensais ..........62 a 90%<br />

1.800<br />

1.600<br />

1.400<br />

1.200<br />

1.000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

1913<br />

Milímetros de chuva<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

M F M A M J J A S O N D<br />

M E S E S<br />

16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54<br />

A N O S<br />

DISTRIBUIÇÃO MENSAL DAS<br />

CHUVAS EM 40 ANOS<br />

M = 812 mm.<br />

Gráfico 6 - Observações meteorológic<strong>as</strong> em Nova Cruz - Rio Grande<br />

do Norte - Zona da caatinga nos anos 1913 - 1954<br />

117


118<br />

Desvios da chuva, em mm. em relação à normal.<br />

+800<br />

+700<br />

+600<br />

+500<br />

+400<br />

+300<br />

+200<br />

+100<br />

719<br />

-100<br />

-200<br />

-300<br />

-400<br />

-500<br />

-400<br />

1914<br />

- 55%<br />

1915<br />

1916<br />

1917<br />

1918<br />

1919<br />

+ 61%<br />

1920<br />

+ 97%<br />

1921<br />

1922<br />

Normal 719 mm.<br />

1923<br />

1924<br />

1925<br />

1926<br />

+ 78%<br />

1927<br />

1928<br />

+ 56%<br />

1929<br />

1930<br />

PÃO DE AÇUCAR - ALAGOAS<br />

Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à normal.<br />

Periodo.......................................1914 - 1938<br />

Normal...........................................719 mms.<br />

Chuv<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> anual, 1921:....1.415 mm.<br />

Chuv<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> anual, 1938:.......305 mm.<br />

Nº de anos acima da normal......................9<br />

Nº de anos abaixo da normal...................16<br />

1931<br />

-55% -56%<br />

Gráfito 7 - Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, em mm, em relação à normal.<br />

Fonte: Atl<strong>as</strong> Pluviométrico do Br<strong>as</strong>il M. A. Etene/BNB Setembro-1958; Org. J.G.D. Cap. Asa<br />

Anos<br />

1932<br />

1933<br />

1934<br />

1935<br />

1936<br />

1937<br />

1938


Chuv<strong>as</strong> em mms.<br />

500<br />

450<br />

400<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

JAN.<br />

FEV.<br />

MAR.<br />

Altitude: 296 ms.<br />

Médi<strong>as</strong> mensais de chuv<strong>as</strong>.<br />

Período de 1913 a 1933<br />

ABR.<br />

MAI.<br />

JUN.<br />

154 mm.<br />

JUL.<br />

AGO.<br />

M E S E S<br />

Gráfico 8 - Palmeira dos Índios - Alago<strong>as</strong><br />

Fonte: Etene/BNB Setembro-1958; Org. J.G.D. Cap. Asa<br />

SET.<br />

OUT.<br />

19 mm.<br />

NOV.<br />

DEZ.<br />

888 mm. - média anual.<br />

1.000<br />

mm.<br />

500<br />

mm.<br />

0<br />

119


120<br />

Foto 4 - Trecho da caatinga do Apodi, não muito alterada pelo homem.<br />

Subvegetação de bromeliáce<strong>as</strong>, solo calcáreo.<br />

Foto 5 - Caatinga modificada pela foice e pelo fogo, persistindo a<br />

macambira na cobertura do solo.


Chuva anual, média de 20 anos.........396mm.<br />

Chuva anual, máxima, 1940..............1.195 “<br />

Chuva anual, mínima, 1946..................159 “<br />

EVAPORAÇÃO ANUAL, TOTAL:<br />

Máximo, 1939...................................2.794 mm.<br />

Mínimo, 1955....................................1.117 “<br />

TEMPERATURAS EXTREMAS DO AR:<br />

Média de janeiro 1942.........................38ºC.<br />

Média de agosto 1955.........................17ºC<br />

UMIDADE RELATIVA:<br />

Média de agosto 1949............................92%<br />

Média de outubro 1943..........................31%<br />

INSOLAÇÃO: TOTAL DE HORAS POR ANO:<br />

Máxima, 1951.......................................3.159 hs.<br />

Mínima, 1946........................................2.478 hs.<br />

mm. de chuva<br />

1.400<br />

1.200<br />

1.000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

SERVIÇO AGROINDUSTRIAL<br />

Média = 396 mm.<br />

mm. de chuva<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

MÉDIAS MENSAIS DAS CHUVAS<br />

1939 - 1958<br />

S O N D J F M A M J J A<br />

M E S E S<br />

0<br />

1939 40 42 44 46 48 50 52 54 56 1958<br />

A N O S<br />

Gráfico 9 - Observações meteorológic<strong>as</strong> no Posto Agrícola do rio<br />

São Francisco - Icó - Floresta - Pernambuco, zona da<br />

caatinga, nos anos 1939 a 1958<br />

Fonte: Etene/BNB Des. Asa/Crs<br />

121


122<br />

Foto 6 - Caatinga pernambucana, em solo arenoso profundo. Trecho<br />

Petrolândia-Floresta.<br />

Foto 7 - Caatinga alta, época d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.


3. 4 - Cariris-velhos<br />

Sobre <strong>as</strong> ondulações da Serra da Borborema, na Paraíba, envolvendo<br />

oito municípios (Campina Grande, Cabaceir<strong>as</strong>, Pocinhos, Soledade, Taperoá,<br />

Sumé, São João do Cariri e Monteiro), <strong>as</strong>sentam-se os cariris-velhos.<br />

Os ventos, vindos do mar, forçados a subir o paredão de serra resfriamse,<br />

fazem chover no brejo (mata) e p<strong>as</strong>sam sabre os cariris já secos, o que<br />

causa, em parte, a deficiência d<strong>as</strong> precipitações, no relevo mais ou menos<br />

chato.<br />

As chuv<strong>as</strong> incert<strong>as</strong>, ora em forma de neblin<strong>as</strong>, ora de aguaceiros, não<br />

têm mês para começar ou terminar.<br />

O município de Cabaceir<strong>as</strong> tem a fama de ser o mais seco do Br<strong>as</strong>il.<br />

Os dados do “Atl<strong>as</strong> Pluviométrico”, para três municípios, em 25 anos, são:<br />

Cabaceir<strong>as</strong><br />

Chuva normal, anual ........................................................... 279 mm<br />

Chuva máxima, anual (1929) ............................................... 646 mm<br />

Chuva mínima, anual (1915) ................................................ 19 mm<br />

N o de anos de chuv<strong>as</strong> acima do normal ............................... 12 mm<br />

N o de anos de chuv<strong>as</strong> abaixo do normal .............................. 13 mm<br />

Monteiro<br />

Chuva normal, anual ........................................................... 642 mm<br />

Chuva máxima, anual (1924) ............................................... 2.595 mm<br />

Chuva mínima, anual (1915) ................................................ 99 mm<br />

N o de anos de chuv<strong>as</strong> acima do normal ............................... 11 mm<br />

N o de anos de chuv<strong>as</strong> abaixo do normal .............................. 14 mm<br />

Campina Grande<br />

Chuva normal, anual ........................................................... 819 mm<br />

Chuva máxima, anual (1914) ............................................... 2.220 mm<br />

Chuva mínima, anual (1930) ................................................ 306 mm<br />

N o de anos de chuv<strong>as</strong> acima do normal ............................... 12 mm<br />

N o de anos de chuv<strong>as</strong> abaixo do normal .............................. 13 mm<br />

123


124<br />

Os meses mais chuvosos são os de março, abril e maio.<br />

O ambiente é salubre, a temperatura à noite é agradável, havendo algum<br />

orvalho, porém somente na parte leste do platô. Não existe estação meteorológica<br />

nos cariris, m<strong>as</strong> unicamente pluviômetros instalados pelo Dnocs.<br />

Possuindo um clima menos quente do que o seridó e e o sertão, eles são<br />

procurados pelos seridoenses, pelos sertanejos e pelos brejeiros. M<strong>as</strong>, dad<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições econômic<strong>as</strong> precári<strong>as</strong>, este platô não pode socorrer <strong>as</strong> lev<strong>as</strong><br />

migratóri<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, <strong>as</strong> quais então, se dirigem para a mata e <strong>as</strong> capitais.<br />

A formação arqueana deu solos pouco profundos, sílico-argilosos, fracos<br />

de humus, derivados da decomposição in loco do granito e do gneiss. O<br />

vento seco contribui mais para acentuar o grau de secura e o caráter xerófilo<br />

da vegetação. Não se pode adotar o dry farming, porque a terra não tem<br />

capacidade de acumulação hídrica, não serve para os cereais menores e não<br />

há neve ab<strong>as</strong>tecedora de umidade.<br />

Ecologicamente, os cariris são uma caatinga alta (altitude de 400 a 600m)<br />

composta de espécies espinhent<strong>as</strong>, de pequeno porte, de caules duros (exceto<br />

<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>), unid<strong>as</strong>, dens<strong>as</strong> ou fechad<strong>as</strong>, onde o chão é coberto de<br />

macambir<strong>as</strong>, de caroás e tillandsia, entremead<strong>as</strong> de arbustos lenhosos e<br />

retorcidos, e d<strong>as</strong> árvores típic<strong>as</strong> do umbuzeiro (Spondia tuberosa), cardeiro<br />

(Cereus peruvianus, Haw), catingueira (Caesalpini brateosa, Tul.), quixabeira<br />

e outr<strong>as</strong>. É a zona da predileção d<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>, devido à umidade do ar<br />

noturno. A ecologia do xerofilismo, típico dessa caatinga, explica a falta dos<br />

capins porque esses são menos resistentes à seca do que os arbustos. E<br />

demonstra a sobrevivência d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> lenhos<strong>as</strong> com <strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> de nutrientes<br />

e de água, n<strong>as</strong> raízes e nos caules, cujo exemplo clássico é o umbuzeiro.<br />

Perdendo <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> no verão, para economizar a água d<strong>as</strong> seiv<strong>as</strong>, a vegetação<br />

fornece ao gado, no chão, o feno natural d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, ric<strong>as</strong> de<br />

proteín<strong>as</strong> e de sais minerais. No verão, o panorama é cinzento-escuro, oferecendo<br />

uma natureza morta. Com <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, há mobilização d<strong>as</strong><br />

reserv<strong>as</strong>, formação de folh<strong>as</strong>; o ambiente torna-se verde e, numa semana,<br />

completa-se a ressurreição.


Tabela 29 - Cariris-Velhos: área, superfície plantada e população<br />

Municípíos Área Ha. Lavour<strong>as</strong> Habitantes<br />

1956 Ha<br />

Campina, Cabaceir<strong>as</strong>,<br />

Pocinhos, Soledade,<br />

Taperoá, S. J. Cariri,<br />

Sumé, Monteiro .............<br />

Cerca de 6% da superfície é cultivada.<br />

1.474.500 99.635 325.835<br />

Salvo <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, os cariris não têm condições para entusi<strong>as</strong>mar<br />

o incremento d<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de cereais.<br />

As lavour<strong>as</strong> capazes de produzir safr<strong>as</strong> compensador<strong>as</strong> são o agave, o<br />

sorgo, a manipeba, a palma forrageira, a algaroba, a mandioca, e, depois dos<br />

estudos genéticos e de melhoramentos, a cultura do umbuzeiro.<br />

Os minérios que ocorrem nos cariris são a c<strong>as</strong>siterita, em Soledade e<br />

Juazeirinho, a apatita, em Monteiro, a bismutita, em Soledade, etc.<br />

O principal ramo agrícola é a pecuária leiteira e de corte. Para avolumar<br />

essa fonte de renda, é imprescindível preparar p<strong>as</strong>tagens mais abundantes e<br />

mais ric<strong>as</strong> de nutrientes. A palma é a maior b<strong>as</strong>e para alimentação do gado,<br />

completada com <strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, os fenos e <strong>as</strong> tort<strong>as</strong>. A formação do p<strong>as</strong>to com a<br />

palma pode ser conseguida arrancando-se a vegetação de pouco valor, deixando<br />

<strong>as</strong> árvores e os arbustos de rama (caatingueira, jurema, juazeiro), plantando<br />

a palma com algaroba, mororó, c<strong>as</strong>si<strong>as</strong> e ac<strong>as</strong>si<strong>as</strong>, de modo a não ter<br />

mais de 50 árvores por hectare, e semeando, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, o capim-péde-galinha<br />

e <strong>as</strong> leguminos<strong>as</strong> r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>. Após dois anos, a p<strong>as</strong>tagem estará<br />

formada e, se a divisão d<strong>as</strong> “mang<strong>as</strong>” for bem-feita, com <strong>as</strong> cerc<strong>as</strong> de aveloz<br />

para controlar o p<strong>as</strong>toreio, haverá forragem garantida todos os anos.<br />

Se a palma for plantada com lavour<strong>as</strong> consorciad<strong>as</strong>, o enraizamento d<strong>as</strong><br />

árvores e <strong>as</strong> semeadur<strong>as</strong> dos capins e leguminos<strong>as</strong> serão feitos no segundo ano.<br />

125


Quando o fazendeiro quer trabalho rápido e não havendo vegetação a<br />

aproveitar, o desbravamento do solo, o destocamento e a gradeação podem<br />

ser executados a trator. No c<strong>as</strong>o, também, deve-se evitar o fogo, operando<br />

com a bulldozer em curva de nível, para dificultar a corrida da enxurrada. É<br />

conveniente deixar, entre os talhões de 100 a 200m de largura, um renque de<br />

caatinga nativa, de 20m de largura, em direção transversal ao vento dominante.<br />

O palmal com o p<strong>as</strong>to de rama, o p<strong>as</strong>toreio rotativo, o bebedouro para<br />

cada dois p<strong>as</strong>tos, o feno do sorgo, a torta de algodão, a vacinação sistemática<br />

do gado <strong>as</strong>seguram o êxito da pecuária.<br />

O umbuzeiro é uma árvore xerófila por excelência e cresce muito nos<br />

cariris-velhos. É uma d<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de pingo d’água que dispensa a irrigação.<br />

É possível transformar-se o umbuzeiro na ameixa da caatinga, mediante um<br />

trabalho de genética aplicada em que se procurariam melhorar <strong>as</strong> qualidades<br />

do fruto, diminuindo o caroço, aumentando o teor de açúcares, afinando a<br />

c<strong>as</strong>ca e, com a seleção d<strong>as</strong> árvores mais produtiv<strong>as</strong>, secar o fruto, fazer a<br />

embalagem em caixinh<strong>as</strong> ou lat<strong>as</strong> e exportá-lo como substituto da ameixa.<br />

A grande extensão de terr<strong>as</strong> propíci<strong>as</strong> para o umbuzeiro, a possibilidade<br />

de grandes lavour<strong>as</strong> indiferentes às variações pluviométric<strong>as</strong> e rend<strong>as</strong> vultos<strong>as</strong>,<br />

recomendam um estudo bem orientado do umbuzeiro.<br />

Apresentamos, abaixo, algum<strong>as</strong> sugestões sabre a agricultura nos caririsvelhos,<br />

sendo que, muit<strong>as</strong> del<strong>as</strong>, já estão sendo adotad<strong>as</strong> pelo grupo de trabalho<br />

dos cariris:<br />

1) Melhorar a organização interna d<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong> pelo uso mais adequado<br />

dos solos para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>, para <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens e para <strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> naturais;<br />

escriturar <strong>as</strong> receit<strong>as</strong> e <strong>as</strong> despes<strong>as</strong>; construir cistern<strong>as</strong> para guardar água d<strong>as</strong><br />

chuv<strong>as</strong> para uso humano; distribuir os trabalhos durante o ano e estar alerta<br />

n<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong> d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>.<br />

2) Programar o melhoramento dos p<strong>as</strong>tos e construir instalações para<br />

obter leite mais limpo.<br />

126


3) Ampliar a extensão agrícola com mais ênf<strong>as</strong>es n<strong>as</strong> ocupações doméstic<strong>as</strong>.<br />

4) Estimular <strong>as</strong> compr<strong>as</strong> de equipamento por 3 ou 4 fazendeiros vizinhos,<br />

para uso rotativo n<strong>as</strong> operações de campo e formação do espírito cooperativista.<br />

5) Fazer exposições dos produtos agrícol<strong>as</strong> e da pecuária para provocar<br />

reuniões, exibições de filmes e palestr<strong>as</strong>, e dar oportunidade aos criadores<br />

de trocarem idéi<strong>as</strong> sobre <strong>as</strong> su<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong>, bem como para exaltar os<br />

sucessos obtidos com <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong>.<br />

6) Fomentar principalmente <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> do agave, da palma, da mandioca,<br />

da manipeba, do sorgo, da algaroba e do umbuzeiro. Existe a cultura do<br />

algodoeiro arbóreo, porém o ambiente não e ótimo por causa do shedding.<br />

7) Racionalizar o uso dos farelos, tort<strong>as</strong> e concentrados n<strong>as</strong> rações, por<br />

motivos econômicos e devido à esc<strong>as</strong>sez dos produtos. Há grande disperdício<br />

de torta e farelo n<strong>as</strong> engord<strong>as</strong> de gado.<br />

8) Selecionar os animais de reprodução e vacinar os rebanhos.<br />

9) Usar, n<strong>as</strong> operações de campo, os princípios da conservação do solo.<br />

127


Precipitações mensais, em mms.<br />

128<br />

240<br />

220<br />

200<br />

180<br />

160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Região do Cariri-Paraíba.<br />

Chuv<strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, mensais, nos anos 1914-1938<br />

Cabaceir<strong>as</strong><br />

Campina Grande<br />

Monteiro<br />

J F M A N J J A S O N D<br />

M e s e s<br />

Gráfico 10 - Região do Cariri - Paraíba.<br />

Fonte: ETENE/BNB Outubro de 1958; Org. J. G. D./Asa


Foto 8 - Extensos plantios de palma. caririrs-velhos. Cabaceir<strong>as</strong>, Paraíba.<br />

Foto 9 - Gado alimentado com palma. Caatinga, Major Izidoro, Alago<strong>as</strong>.<br />

129


130<br />

Desvio d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em mms. em relação à normal.<br />

+700<br />

+600<br />

+500<br />

+400<br />

+300<br />

+200<br />

+100<br />

279<br />

-100<br />

-200<br />

-300<br />

-400<br />

-500<br />

-600<br />

1914<br />

1915<br />

-93%<br />

-62%<br />

1916<br />

CABACEIRAS - PARAÍBA<br />

Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à normal<br />

Período: ..................................1914-1938<br />

Normal:.......................................279 mm.<br />

Chuva máxima anual, 1929 .......649 mm.<br />

Chuva mínima anual, 1915 ..........19 mm.<br />

Nº de anos acima do normal................12<br />

Nº de anos abaixo do normal...............13<br />

1917<br />

-90%<br />

1918<br />

1919<br />

Normal 279 mm.<br />

-61%<br />

1920<br />

1921<br />

1922<br />

-57% -56%<br />

1923<br />

1924<br />

1925<br />

1926<br />

1927<br />

1928<br />

+132%<br />

1929<br />

A N O S<br />

Gráfico 11 - Cabaceir<strong>as</strong> - Paraíba - Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à normal.<br />

Fonte - Atl<strong>as</strong> Pluviométrico do Br<strong>as</strong>il M. A. ; Etene/BNB Setembro de 1958; Org. J.G.D. Cap. Asa<br />

1930<br />

+57%<br />

1931<br />

1932<br />

1933<br />

1934<br />

+82%<br />

1935<br />

1936<br />

+50%<br />

1937<br />

-62%<br />

1938


3. 5 - Curimataú<br />

Situado na parte leste da Borborema, na Paraíba, limitando-se com a<br />

mata, com o agreste e com a caatinga, o curimataú acompanha o vale do rio<br />

do mesmo nome, na altitude de 600 a 300m.<br />

Abrange os municípios de Caiçara, Pequi e os Distritos de Barra de Sta.<br />

Rosa, Pedra Lavrada, Cabati, Dona Inês, com a área total de 4.059,5km 2 .<br />

O curimataú é o prolongamento do leste da zona dos cariris-velhos, porém<br />

<strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições ecológic<strong>as</strong> são diferenciad<strong>as</strong> dos cariris pela elevação do<br />

maciço da Borborema, do lado de Areia e serr<strong>as</strong> de Araruma, Milagres e<br />

Conceição, do lado do norte, separando a região do seridó rio-grandense.<br />

Os ventos pesados de umidade, ao galgarem a testada da Serra da Borborema,<br />

despejam <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> na mata, formando o Brejo Paraibano. Predomina,<br />

<strong>as</strong>sim, sabre o curimataú o ar seco, fresco à noite, com precipitações esc<strong>as</strong>s<strong>as</strong><br />

no inverno. Com a influência da altitude, condensa-se a umidade do ar na<br />

forma de orvalho, pela madrugada. Não há observações meteorológic<strong>as</strong> no<br />

curimataú. O engenheiro agrônomo Lauro Xavier, nos seus excelentes estudos<br />

d<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> fisiográfic<strong>as</strong> da Paraíba, “A União”, setembro 1958, define bem esta<br />

zona quanto ao clima, relevo, vestimenta botânica e agricultura. A flora é constituída<br />

de uma subvegetação de bromeliáce<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, como a macambira (Bromelia<br />

laciniosa, Mart.), o caroá (Neogiaziovia varregata, Arr. C.), samambaia,<br />

beldroega (Portulaca oleracea, Linn), velame (Croton campestris, St.<br />

Hil.). A cobertura maior é de vegetais resistentes à seca, principalmente <strong>as</strong><br />

cactáce<strong>as</strong>, facheiro (Cereus squamosus, Guerke), cardeiro (Cereus adscendens,<br />

Guerk), coroa de frade (Melacactus bahiensis, Brítt et Roso) e <strong>as</strong> árvores<br />

craibeira (Tabebuia Caraiba, Mart), quixabeira (Bumelia sartorum, Mart),<br />

icó (Capparis Yco, Eichi), baraúna (Melanoxylon brauna, Schott), etc.<br />

A vegetação somente é verde na f<strong>as</strong>e rápida d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, perde <strong>as</strong> folh<strong>as</strong><br />

no verão e predomina o xerofilismo. Não há capins espontâneos no tapete<br />

superficial. As gramíne<strong>as</strong>, introduzid<strong>as</strong> como forrageir<strong>as</strong>, não medram bem,<br />

pois a ecologia do curimataú é mais favorável aos cactus, aos arbustos lenhosos<br />

e às madeir<strong>as</strong>.<br />

131


A geologia da zona é mista; aparecem <strong>as</strong> roch<strong>as</strong> ígne<strong>as</strong> e <strong>as</strong> sedimentares;<br />

o rio Curimataú erodiu o vale, n<strong>as</strong> cacimb<strong>as</strong> e n<strong>as</strong> escavações surgem<br />

muitos fósseis, donde concluiu o Dr. Leon Clerot que o curimataú é o mais<br />

rico depósito de fósseis do <strong>Nordeste</strong>.<br />

132<br />

A água subterrânea é pouca e salgada.<br />

Tabela 30 - Curimataú: áre<strong>as</strong>, lavour<strong>as</strong> e população - Paraíba<br />

Municípios<br />

Área Ha. Lavour<strong>as</strong> Habitantes<br />

Caiçara, Santa<br />

Rosa, Belém,<br />

1956 (11) 1950 (12)<br />

Picuí ............ 405.950 31.322 60.733<br />

Conforme já foi esclarecido, a superfície total foi calculada a planímetro,<br />

no mapa ecológico, o que não coincide exatamente com a divisão municipal.<br />

O solo arenoso retém pequena porção d’água. As lavour<strong>as</strong> são limitad<strong>as</strong><br />

ao agave, ao fumo, palma forrageira, milho e feijão. A criação de gado bovino,<br />

caprino e ovino é a atividade mais rendosa.<br />

A elevação do padrão de vida dos moradores do curimataú depende da<br />

decisão para vencerem <strong>as</strong> dificuldades, melhorando <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens nativ<strong>as</strong> com<br />

o desb<strong>as</strong>te da vegetação não forrageira, introdução dos plantios do sorgo,<br />

da algaroba, d<strong>as</strong> espécies de ram<strong>as</strong> nutritiv<strong>as</strong>, da preparação d<strong>as</strong> aguad<strong>as</strong>,<br />

do aumento dos campos de palma e divisão dos p<strong>as</strong>tos pel<strong>as</strong> cerc<strong>as</strong> de<br />

aveloz para estabelecer o p<strong>as</strong>toreio alternativo. Valeria a pena tentar, ali, a<br />

aclimação do sanfeno, a Hespanha, e de outr<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong> perenes. Devido<br />

à altitude, o clima é próprio para o algodoeiro mocó; os ensaios revelaram<br />

alta queda dos capulhos.<br />

O agave, fumo de estufa e o sorgo para grãos e forragem parecem ser<br />

<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> mais aconselháveis.<br />

A irrigação não encontra condições propíci<strong>as</strong>, pela esc<strong>as</strong>sez de água e<br />

presença do sal.


3.6 - Carr<strong>as</strong>co<br />

É a região menos estudada e menos explorada. Situa-se entre os limites do<br />

Ceará com o Piauí e parte no interior desse último Estado. Cerca de 15 a<br />

18km ao poente de Tianguá, na Serra da Ibiapaba, começa o carr<strong>as</strong>co com a<br />

largura aproximada de 25km, até um lugar chamado Queimad<strong>as</strong> na Rodovia<br />

BR; no sentido do comprimento, o carr<strong>as</strong>co acompanha a linha divisória Ceará-Piauí,<br />

abrangendo áre<strong>as</strong> dos dois Estados, na extensão de 175km, desde a<br />

Serra do Arco, ponta oriental da Ibiapaba, até o Boqueirão do Poti (via férrea<br />

Oiticica-Ibiapaba). São cerca de 4.992km 2 .<br />

Depois desse boqueirão, outro carr<strong>as</strong>co continua, de ambos os lados da<br />

divisa estadual, atingindo parte dos municípios de S. Miguel do Tapuio, Crateús,<br />

Novo Oriente, Independência, Tauá, Valência, até próximo Pio IX, sobre<br />

<strong>as</strong> Serr<strong>as</strong> Grande e Cariris-Novos, com a largura de 30 a 65km, comprimento<br />

de 200km, ou seja, uma área de 10.225km 2 , medida a planímetro, no mapa.<br />

No centro do Piauí, na Chapada Grande, entre Regeneração, Valença e Oeir<strong>as</strong>,<br />

há outro carr<strong>as</strong>co com a superfície de 770km 2 .<br />

Não há observações meteorológic<strong>as</strong> no carr<strong>as</strong>co, salvo <strong>as</strong> isoiet<strong>as</strong> calculad<strong>as</strong><br />

pela pluviosidade nos municípios vizinhos da fronteira Ceará-Piauí. Ess<strong>as</strong><br />

isoiet<strong>as</strong> são de 600m e estão influenciad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> da mata (parte úmida<br />

da Ibiapaba) e pel<strong>as</strong> precipitações do agreste (Piripiri-Piracuruca). Na realidade,<br />

o carr<strong>as</strong>co é mais seco.<br />

Os ventos que sopram do Ceará para o Piauí são forçados a subir pela<br />

muralha da Ibiapaba (altitude de 840m, em Tianguá), resfriam-se, precipitam<br />

<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> na faixa úmida e estreita (Viçosa e São Benedito) e p<strong>as</strong>sam, já secos,<br />

para o carr<strong>as</strong>co (altitude de 600 a 300m ), descendo a serra do lado ocidental.<br />

A estação úmida é de março a maio e resulta da sobra d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> na Mata<br />

da Ibiapaba; há nevoeiro seco, não se forma o orvalho. O verão é longo, com<br />

di<strong>as</strong> ensolarados e noites fresc<strong>as</strong>.<br />

O agrupamento botânico é muito denso, apertado, unido, com 10 a 15<br />

arbustos por metro quadrado, disputando o alimento e a umidade no solo<br />

e a luz no espaço, para sobreviverem, na altura de 2 a 5m, com folh<strong>as</strong><br />

133


dur<strong>as</strong>, coriáce<strong>as</strong>. A vegetação consiste na cobertura de caroá, macambira<br />

(não em todo o carr<strong>as</strong>co), de mandacaru, de facheiro, de umburana,<br />

de jacarandá, de banha de galinha (Machaerim sp), de alecrim (Rosmarinuos<br />

Officinalis), de canela de veado (Nectandra reticulada) e <strong>as</strong> espécies<br />

de rama; jiquiri ou malícia de boi (Mimosa sp), a catanduva (Piptadenia<br />

moniliformis, Benth), o cipó de tatu (?), o feijão-bravo (Ph<strong>as</strong>eolus<br />

? Centrosema ?).<br />

Ao contrário da caatinga, <strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong> têm baixa freqüência no<br />

carr<strong>as</strong>co; o conjunto vegetal baixo, duro, retorcido e entrelaçado é difícil<br />

de ser rompido; os espaços vazios entre os arbustos, com a relva, como<br />

aparecem no agreste, são desconhecidos no carr<strong>as</strong>co, salvo quando o<br />

lavrador faz roçados.<br />

A <strong>as</strong>sociação botânica, natural, conserva o solo, porque, entre outros<br />

motivos, <strong>as</strong> espécies anãs, rij<strong>as</strong>, requerem esc<strong>as</strong>sos minerais, satisfazemse<br />

com baixa umidade e impedem o vento de carregar a sílica solta.<br />

O solo do carr<strong>as</strong>co é silicoso ou arenoso, com ou sem pedr<strong>as</strong>,<br />

permeável e enxuto; a desidratação é conjugada na atmosfera e no solo.<br />

Não havendo humo, mesmo debaixo da vegetação velha, a insuficiência<br />

de b<strong>as</strong>es trocáveis, no perfil do solo explorável pel<strong>as</strong> raízes, e a carência<br />

hídrica, típica, o carr<strong>as</strong>co não indica aproveitamento para lavoura. Se<br />

existissem <strong>as</strong> observações meteorológic<strong>as</strong> e se fosse possível calcular o<br />

índice de aridez, o carr<strong>as</strong>co provavelmente ficaria situado, na escala,<br />

abaixo do seridó. Na cl<strong>as</strong>sificação d<strong>as</strong> regiões ecológic<strong>as</strong>, para exploração<br />

agrícola, ele figuraria como área de proteção; os estudos posteriores<br />

conduzirão a atividade p<strong>as</strong>toril mais racionalmente.<br />

É difícil haver alternação da lavoura com o carr<strong>as</strong>co, mesmo com o alqueive,<br />

porque não há acumulação de humo e a umidade com os nutrientes do solo<br />

são insuficientes para <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong>. É verdade que os poucos moradores<br />

plantam mandioca, feijão, milho, nos baixios dos riachos, n<strong>as</strong> depressões<br />

topográfic<strong>as</strong> menos sec<strong>as</strong>, porém est<strong>as</strong> pequen<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de subsistência apresentam<br />

baixo rendimento e são, freqüentemente, prejudicad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> estiagens.<br />

134


O carr<strong>as</strong>co é pouco habitado; há alguns moradores n<strong>as</strong> margens dos rios<br />

Pitanga e Pavuna, e dos riachos. Entre os dois rios citados, há um chapadão<br />

de 6km, sem água e sem habitantes. A falta de moradores não é causada<br />

somente pela falta d’água, m<strong>as</strong>, sobretudo, porque o solo não oferece condições<br />

para produzir alimentos. As fazend<strong>as</strong> são medid<strong>as</strong> em légu<strong>as</strong>.<br />

N<strong>as</strong> noss<strong>as</strong> viagens de estudo no carr<strong>as</strong>co, obtivemos informações locais,<br />

valios<strong>as</strong>, do engenheiro agrônomo José Avelino Machado Portela, do prefeito<br />

Pergentino Ferreira da Costa e dos Srs. Pedro Aragão Ximenes, Seb<strong>as</strong>tião<br />

Gomes Parente e Amadeu Ximenes de Araújo, que têm viajado a cavalo pelo<br />

carr<strong>as</strong>co, conhecem-no bem, sendo que, ali alguns deles têm fazend<strong>as</strong>.<br />

Não encontramos poço profundo perfurado no carr<strong>as</strong>co; há cacimb<strong>as</strong><br />

de 13m de profundidade, com a água de 3 e 4m da superfície, e todo o perfil<br />

da escavação é de arenito. A água é de boa qualidade, sem sal. O Sr. Francisco<br />

Cavalcante de Paula fez o açude “Varzea”, de cooperação com o Dnocs,<br />

em 1947, porque esse reservatório nunca sangrou “porque o solo é poroso e<br />

chove pouco”, segundo nos disse o proprietário.<br />

É possível a obtenção de água para uso doméstico e bebida do gado por<br />

meio de poços ou de cacimb<strong>as</strong>, utilizando o cata-vento.<br />

O agave cresce bem no carr<strong>as</strong>co nos anos chuvosos; quando surge uma<br />

seca, definha. Por essa razão, tem sido plantado na faixa subúmida da serra.<br />

O agrônomo J.A. Machado Portela divide a Ibiapaba em faixa chuvosa (café,<br />

cana e cereais), a subúmida (mandioca, agave, batatinha e fumo) e o carr<strong>as</strong>co<br />

(palma e gado). A subúmida é tão pequena e de difícil limitação que não a<br />

especificamos neste trabalho.<br />

A palma forrageira não tem sido plantada em maior escala no carr<strong>as</strong>co;<br />

existem poucos pés; talvez a falta de mud<strong>as</strong> e a ignorância do processo do<br />

arraçoamento do gado com esta cactácea sejam <strong>as</strong> caus<strong>as</strong> da inexistência<br />

dos palmais.<br />

O capim-milhã foi introduzido no carr<strong>as</strong>co e prospera nos terrenos baixos.<br />

Não resiste porém à seca.<br />

135


A criação do gado no carr<strong>as</strong>co é feita à salta; não há cerc<strong>as</strong>; os bovinos<br />

p<strong>as</strong>tam <strong>as</strong> ram<strong>as</strong> verdes e <strong>as</strong> falh<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>; quando esc<strong>as</strong>seiam esses alimentos,<br />

os vaqueiros queimam os espinhos da macambira, do xique-xique, e do<br />

mandacaru para salvar os rebanhos.<br />

136<br />

Os solos do carr<strong>as</strong>co parecem ácido, a julgar pela origem arenítica.<br />

N<strong>as</strong> investigações dos processos adequados para o aproveitamento ecológico<br />

e econômico, agrícola, do carr<strong>as</strong>co, teremos de considerar o preparo<br />

do solo, a prudência no corte da vegetação nativa para evitar a erosão eólia,<br />

a correção da acidez, a adubação, a alternação dos talhões para o pousio, <strong>as</strong><br />

espécies de cultur<strong>as</strong> adaptáveis em relação à pecuária, que é o ramo mais<br />

provável de exploração.<br />

Até que sejam feit<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> experimentações, não se podem recomendar<br />

prátic<strong>as</strong> rurais com segurança.


Foto 10 - Região do carr<strong>as</strong>co, Serra da Ibiapaba, depois de Tianguá,<br />

indo para o Piauí. Altitude de 600m. Solo de arenito.<br />

Foto 11 - Aspecto da vegetação no carr<strong>as</strong>co, no mês de janeiro de 1960.<br />

137


138<br />

3.7 - Cerrado<br />

A região oeste da Bahia, limítrofe com Goiás, que se estende até Gilbués,<br />

no Piauí, na altitude acima de 600m, é denominada localmente de cerrado ou<br />

campos gerais. Não sofre seca, pois é chuvosa, embora a planície não mantenha<br />

a água; os riachos e os rios cavaram a chapada e a água permanente<br />

existe mais em baixo. A temperatura é amena, o vento é constante e <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong><br />

ocorrem de outubro a maio. Não há estação meteorológica.<br />

Os campos gerais ou cerrado são constituídos de arenitos e quartzitos<br />

estratificados, com camad<strong>as</strong> de barro e areia cimentados, de espessura variável,<br />

de decomposição lenta, com subsolo duro e impermeável. O solo é<br />

amarelo, vermelho ou marrom, composto mais de areia do que de argila,<br />

ácido, pobre de matéria orgânica e de pouca fertilidade; tem pouco poder de<br />

retenção para a água, motivo por que, no verão, <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> apresentam o<br />

<strong>as</strong>pecto seco; <strong>as</strong> concreções ferruginos<strong>as</strong> lembram os solos lateríticos.<br />

O nosso contato com o cerrado se deu durante um mês, em 1955. O<br />

planalto é de formação arenítica cretácea e foi cortado pelos rios Grande,<br />

Preto, Correntes, Carinhama e seus afluentes, do que se originaram vales,<br />

embaixo, com diferenç<strong>as</strong> de altitude até de 400m, como acontece com o<br />

vale do Rio Grande, onde está a cidade de Barreir<strong>as</strong>.<br />

A erosão secular dos rios, ao cavarem <strong>as</strong> depressões, deixaram expost<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong> camad<strong>as</strong> inferiores de calcáreo. Na planicíe superior que se estende<br />

para dentro de Goiás, há brejos ou “vered<strong>as</strong>” de árvores alt<strong>as</strong> e buritizais.<br />

O chão é coberto de gramíne<strong>as</strong> dur<strong>as</strong> e de ciperáce<strong>as</strong>. Em larg<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong>,<br />

surgem arbustos e árvores separados, retorcidos, com caules protegidos<br />

de cortiça, de folh<strong>as</strong> caidiç<strong>as</strong>, mostrando sinais de queimad<strong>as</strong> repetid<strong>as</strong>,<br />

em anos anteriores.<br />

A vegetação r<strong>as</strong>teira é de capim-agreste, capim-barba-de-bode (Aristida<br />

sp), tucum anão (Astrocaryum campestre), barbatimão (Stryphnodendron<br />

barbatimão), catolé (Syagrus comosa), mangaba (Ribeira sorbilis A.<br />

C.), pequi (Caryocar glabrum), lixeira (Curatela americana). A flora é<br />

pobre de espécies, esparsa e rala, com arbustos e árvores independentes. As


queimad<strong>as</strong>, para provocar a brotação do p<strong>as</strong>to, em setembro e outubro,<br />

contribuíram para formar essa qu<strong>as</strong>e estepe, onde a vista enxerga longe a<br />

caça, a mangaba, o pequi, procurados pelos “Mangabeiros”, homens solitários,<br />

que vivem em abrigos de palha, ao pé d<strong>as</strong> árvores, e dormem no chão.<br />

Não há c<strong>as</strong>a ou população fixa nos “gerais”. Os poucos homens isolados<br />

trabalham na extração da borracha da mangabeira, na coleta dos cocos de<br />

catolé, na busca do pequi e caçam, especialmente, a ema para venderem <strong>as</strong><br />

pen<strong>as</strong> a Cr$ 150,00 cada quilo (1955). Periodicamente o “borracheiro” vem<br />

à feira mais próxima vender <strong>as</strong> su<strong>as</strong> “safr<strong>as</strong>” e comprar roup<strong>as</strong>, rapadura,<br />

farinha e aguardente.<br />

O fogo, o endurecimento do solo e a topografia plana permitiram aos<br />

comboios de burros e aos caminhões abrir “estrad<strong>as</strong> de pneus” transportar o<br />

sal para <strong>as</strong> fazend<strong>as</strong> de gado do norte de Goiás. Este sal, fabricado n<strong>as</strong><br />

prai<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, é levado de caminhão até Petrolina, transportado em<br />

chat<strong>as</strong> e vapores até Barreir<strong>as</strong> e, dali, para Goiás.<br />

Tabela 31 - Cerrados: áre<strong>as</strong> calculad<strong>as</strong> a planímetro no mapa<br />

Estados Hectares<br />

Piauí ............................................................................... 975.050<br />

Bahia .............................................................................. 8.468.750<br />

Total ............................................................................... 9.443.800<br />

A primitiva exploração do cerrado foi a extração de diamantes, de mica<br />

e de cristal de rocha, como ainda existe em Gilbués, no Piauí. Depois vem a<br />

engorda de gado com <strong>as</strong> queimad<strong>as</strong> anuais dos campos nativos. A terceira<br />

f<strong>as</strong>e depende dos estudos e da experimentação agrícola, da correção dos<br />

solos, da adubação, da adaptação d<strong>as</strong> espécies, etc., tanto para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />

como para a pecuária.<br />

A construção da estrada Fortaleza-Br<strong>as</strong>ília, p<strong>as</strong>sando por Caitité e Barreir<strong>as</strong>,<br />

cortando o cerrado baiano de norte a sul, possibilitará a comunicação<br />

com os mercados, se uma colonização bem planejada e orientada for empre-<br />

139


endida, com b<strong>as</strong>e na experimentação agrícola e na extensão rural. Os planos<br />

de irrigação, já estudados pela CVSF no vale do Rio Grande, em Barreir<strong>as</strong><br />

e no rio Correntes, se executados, serão sustentáculos para a alimentação<br />

dos colonos no altiplano, que estarão ocupados, possivelmente, com a pecuária<br />

e <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> arbóre<strong>as</strong>, mais adaptáveis à ecologia do cerrado.<br />

Assim, a integração do oeste baiano na economia nordestina será facilitada<br />

pela rede rodoviária, com a navegação do rio São Francisco, em Barreir<strong>as</strong><br />

e em Correntes, com a produção da irrigação pel<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> dos rios<br />

perenes e com a diversificação dos ramos agrícol<strong>as</strong> na colonização da grande<br />

área do planalto.<br />

M<strong>as</strong> essa vitória somente, será obtida, se houver compreensão dos homens<br />

do governo, cooperação entre os órgãos responsáveis, planejamento<br />

cuidadoso, aquisição de muita experiência na colonização e <strong>as</strong>sistência completa<br />

aos colonos.<br />

140


3. 8 - Agreste<br />

O agreste é uma região intermediária entre uma umidade e outra semiárida<br />

ou entre o mar e uma caatinga. É subúmida, com temperatura mais<br />

branda, à noite.<br />

Às vezes, essa região participa d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> da mata ou d<strong>as</strong> sobr<strong>as</strong> na<br />

pluviosidade na caatinga; permite <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de gêneros alimentícios, cereais,<br />

mandioca e até do tomate, como acontece com a grande lavoura industrial,<br />

em Pesqueira. As chuv<strong>as</strong> são um pouco mais tardi<strong>as</strong> do que no sertão e<br />

menos irregulares. Os solos podem ser r<strong>as</strong>os, de origem arqueana, como em<br />

Pernambuco, e silicosos, areníticos e profundos, como existem no agreste do<br />

Piauí.<br />

As áre<strong>as</strong> do agreste, calculad<strong>as</strong> pelo nosso mapa d<strong>as</strong> regiões naturais, se<br />

distribuem pelos diferentes Estados do seguinte modo:<br />

Tabela 32 - Agreste: áre<strong>as</strong><br />

Estados Hectares<br />

Piauí ............................................................................... 4.341.500<br />

Ceará ............................................................................. 25.000<br />

Rio Grande do Norte ...................................................... 344.275<br />

Paraíba ........................................................................... 56.250<br />

Pernambuco ................................................................... 1.239.000<br />

Alago<strong>as</strong> .......................................................................... 270.000<br />

Bahia .............................................................................. 10.693.800<br />

Total ............................................................................... 16.969. 825<br />

O agreste do Piauí, conforme nossa observação e na opinião d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

consultad<strong>as</strong>, residentes no Estado, limita-se com a mata, ao longo do rio<br />

Parnaíba, com a caatinga de Regeneração até Valença, com o carr<strong>as</strong>co acompanhando<br />

o pé da Serra da Ibiapaba, deixando fora a caatinga de Pedro II, e<br />

encostando, ao norte, na caatinga do litoral, abrangendo total ou parcialmente<br />

os municípios de Piracuruca, Pimenteir<strong>as</strong>, Água Branca, Altos, Campo Maior,<br />

141


Barr<strong>as</strong>, Batalha, Beneditinos, Cocal, Piripiri, Alto Longá, São Miguel do<br />

Tapuio, C<strong>as</strong>telo, Valença, E. Veloso, J. Freit<strong>as</strong>, S. Félix e São Pedro.<br />

É todo em formação sedimentar, com solo de arenito, ácido, profundo<br />

e tem abundância d’água subterrânea; a topografia e bem plana. O solo<br />

carece de corretivo e de adubação para lavour<strong>as</strong> alimentares. A vegetação<br />

é de árvores espaçad<strong>as</strong> com capim-agreste por baixo. As queimad<strong>as</strong> para<br />

os p<strong>as</strong>tos têm, certamente, impedido o crescimento de arbustos. O cajueiro,<br />

o faveiro, o pequi, a carnaubeira, o tucum são <strong>as</strong> espécies que mais<br />

ocorrem.<br />

Atualmente, o agreste piauiense tem sido mais explorado com a pecuária,<br />

como se pode verificar em Campo Maior. Entretanto, além da criação<br />

e engorda de gado, é provável o aproveitamento d<strong>as</strong> melhores gleb<strong>as</strong> com<br />

os cereais, a mandioca, <strong>as</strong> hortaliç<strong>as</strong> e <strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong>, com especialidade naqueles<br />

pontos onde estão surgindo os poços artesianos.<br />

Como exemplo da possibilidade de irrigação, no agreste, podemos citar<br />

o vale do rio Sambito, em Valença.<br />

A substituição da exploração extensiva por outra mais cuidada é perfeitamente<br />

possível, nessa região, desde que haja adubos, máquin<strong>as</strong>, melhores<br />

sementes e a conjugação dos trabalhos do fomento com a experimentação<br />

e a educação rural. Recebendo a maior influência d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> do<br />

Maranhão (isoiet<strong>as</strong> de 800 a 900mm), com os depósitos d’água no arenito,<br />

o agreste dispõe de recursos para o seu desenvolvimento, tendo ainda<br />

capacidade para abrigar uma população muito maior do que a atual.<br />

O agreste do Ceará tem pouca importância; é uma faixa na Serra do Araripe,<br />

depois da mata, na orla cearense da serra, quando caminhamos<br />

para o interior da chapada. Entre a mata, parte chuvosa e a caatinga interior,<br />

está o agreste, uma gleba estreita e longa, de solo muito arenoso, fraco,<br />

de pouc<strong>as</strong> possibilidades agrícol<strong>as</strong>, pois a água se encontra a grande profundidade.<br />

O agreste potiguar inclui onze municípios, desde Touros, seguindo<br />

a isoieta de chuv<strong>as</strong> de 1.000mm até à divisa da Paraíba, próximo a<br />

Nova Cruz.<br />

142


Desse modo, Touros, Ceará Mirim, Natal, Macaíba, S. J. Mipibu, Nísia<br />

Floresta, Ares, Goianinha, Monte Alegre, Pedro e Canguaretama estão no<br />

agreste.<br />

A região recebe parte d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> do Brejo da Paraíba, desviad<strong>as</strong> pelos<br />

ventos que esbarram nos contrafortes da Borborema; também, a presença<br />

do mar influi na umidade atmosférica.<br />

O solo é arenoso, amarelo, profundo, com água subterrânea, às vazes<br />

boa, outr<strong>as</strong> vezes salobra ou calcárea.<br />

Tem sido observado por nós que, no agreste do Rio Grande do Norte,<br />

frutificam bem o cajueiro, a goiabeira, o agave, o coqueiro, a mangueira, o<br />

abacaxi, o maracujá, a mandioca, o feijão e o algodão herbáceo, mesmo sem<br />

a irrigação. Com a topografia plana ou ondulada e a adubação, é possível a<br />

lavoura em grandes áre<strong>as</strong>.<br />

Mediante a aplicação de calcáreo para a correção da acidez dos solos e<br />

do osso moído, <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens poderão ser melhorad<strong>as</strong> para a criação intensiva<br />

de bovinos. O agrônomo Guilherme Azevedo está plantando bosques<br />

forrageiros de algaroba naquela região.<br />

A proximidade de Natal e de outr<strong>as</strong> cidades litorâne<strong>as</strong> indicam a possibilidade<br />

do aproveitamento do lixo decomposto para adubo.<br />

No agreste potiguar ficam os vales úmidos ou baixios enxarcados d’água,<br />

formados pelos rios Maxaranguape, Punaú, Curicaca, Goiabeira, Doce, Trairi,<br />

Jacu, Curimataú e outros, que desaguam no Atlântico, no litoral de Touros<br />

até a divisa da Paraíba. Ess<strong>as</strong> várze<strong>as</strong> de solos silicosos, aluvionais, turfosos<br />

e ácidos, ficaram incult<strong>as</strong> pela ocorrência do impaludismo, da falta de drenagem<br />

e de correção dos solos, e pela ausência de estrad<strong>as</strong> de acesso. O<br />

engenheiro agrônomo João Nogueira Gomes de Matos, ex-chefe do Fomento<br />

Agrícola do Rio Grande do Norte, informou-se que a área útil seria de<br />

12.000 hectares; o engenheiro agrônomo Antônio Coalho Malta estima a<br />

superfície em 30.000ha.<br />

Um convênio entre o Governo Estadual, o INIC, o ETA, e o acordo dos<br />

Bispos iniciou, em boa hora, a utilização dess<strong>as</strong> terr<strong>as</strong>, no Pium e no Panaú, com<br />

143


a colonização mista nipo-br<strong>as</strong>ileira. Foi criada a Fundação Pio X I I, entidade de<br />

economia mista com a finalidade de administrar o empreendimento.<br />

O agreste paraibano situa-se nos municípios de Esperança e Remígio,<br />

entre o brejo (mata), o cariri-velho e o curimataú. O clima é o da Serra da<br />

Borborema, com temperatura agradável e o ar meio úmido, vindo do município<br />

de Arei<strong>as</strong>.<br />

O solo é silicoso, ondulado e erodido. Outrora, esses dois municípios<br />

eram produtores de batatinha e feijão; atualmente, neles predomina a lavoura<br />

do agave.<br />

A vegetação primitiva foi dev<strong>as</strong>tada; são indispensáveis a adubação e <strong>as</strong><br />

prátic<strong>as</strong> da conservação do solo, dada a degradação deste.<br />

No Estado de Pernambuco, o agreste envolve 27 municípios, circunscritos<br />

ao Polígono formado por Carpina, na divisa da Paraíba, Pesqueira, Bom<br />

Conselho, Correntes, S. Bento, Gravatá, Caruaru, Surubim e, finalmente<br />

Carpina.<br />

O solo, formado pela decomposição do granito e do gnaisse, é muito<br />

r<strong>as</strong>o, já está erodido e depauperado, e a vegetação nativa encontra-se muito<br />

alterada na sua composição inicial. As plant<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> do agreste são:<br />

o umbuzeiro, <strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong> silvestres, a palma forrageira, o aveloz, o agave, a<br />

goiabeira.<br />

Dada a irregularidade d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> na caatinga e a ocupação da maior<br />

área da mata com a cana, o agreste tornou-se o produtor de cereais, de<br />

manteiga e de queijo de Pernambuco. Os trabalhos experimentais da grande<br />

lavoura de tomate, em Pesqueira, conduzidos pela técnica dos agrônomos.<br />

Moacir Brito e Pedro Barros, indicam: a prudência no emprego do arado, a<br />

necessidade do pousio de 2 anos, o aproveitamento do mato para a formação<br />

de humo, o controle da erosão e a adubação química.<br />

A criação de gado tem a sua indicação, b<strong>as</strong>eada na ecologia da região,<br />

n<strong>as</strong> forragens naturais, mist<strong>as</strong> de capins, leguminos<strong>as</strong> e ram<strong>as</strong>, e na adaptação<br />

da palma forrageira.<br />

144


O agreste pernambucano já apresenta um congestionamento de população<br />

no setor rural; a densidade demográfica, calculada para 1956, atinge 72<br />

habs por km 2 . Muit<strong>as</strong> propriedades agrícol<strong>as</strong> estão excessivamente subdividid<strong>as</strong>;<br />

cerca de 79% d<strong>as</strong> propriedades têm menos de 10 hectares e ocupam<br />

21% da área total da região; os sítios de superfície inferior a 10ha tem a área<br />

média, unitária, de 3,5ha.<br />

Torna-se difícil para a família do lavrador comprar inseticid<strong>as</strong>, adubos,<br />

máquin<strong>as</strong>, pagar empréstimos e adotar <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> ensinad<strong>as</strong> pelos<br />

agrônomos.<br />

Quando acompanhamos n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> viagens de estudo, pelo <strong>Nordeste</strong>, o<br />

economista Hans Singer, d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>, ideou um esquema de desenvolvimento<br />

econômico para <strong>as</strong> regiões de Pernambuco, prevendo a fixação<br />

de microfundiarios do agreste n<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> de irrigação n<strong>as</strong> margens do rio<br />

São Francisco, o deslocamento de parte da população do agreste para trabalho<br />

temporário, cada ano, na indústria da cana, na mata, a industrialização<br />

do Estado, a produção de adubos e <strong>as</strong>sistência agrícola extensionista aos<br />

lavradores.<br />

Podia-se sugerir aos menores minifundiários do agreste venderem <strong>as</strong> su<strong>as</strong><br />

gleb<strong>as</strong> aos vizinhos e serem localizados em lotes n<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> de irrigação da<br />

margem do rio.<br />

O baixo rendimento por área, à falta de adubos, o serviço manual e os<br />

minifúndios de tamanho antieconômicos são responsáveis, em parte, pela<br />

pobreza da maioria dos rurícol<strong>as</strong>. Essa região apresenta problem<strong>as</strong> muito<br />

sérios de densidade demográfica, de falta de empregos, de destruição do<br />

solo, de impreparação dos operários, de concentração microfundiária e de<br />

empobrecimento gradual dos lavradores.<br />

Para resolver questões tão graves urge, pensar em algum<strong>as</strong> soluções;<br />

articular o progresso do agreste com o da mata da caatinga, modificar a<br />

distribuição profissional do povo ativo, aproveitar a água do rio São Francisco<br />

para irrigar <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> marginais, promover a criação de colôni<strong>as</strong> rurais<br />

dentro ou fora do Estado e em formar indústri<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> onde possível.<br />

145


As simples providênci<strong>as</strong>, dentro da agricultura somente, não podem<br />

articular o progresso geral. Faltam uma ação mais geral, uma alteração de<br />

estrutura, um deslocamento de população, uma compreensão da política<br />

superior e medid<strong>as</strong> de longo alcance que possam vencer os pontos de estagnação<br />

econômica.<br />

Com a ramificação d<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> de distribuição de energia elétrica já foi<br />

dado grande p<strong>as</strong>so na industrialização, que por sinal, teria <strong>as</strong> vantagens de<br />

absorver a fração ociosa d<strong>as</strong> populações campesin<strong>as</strong>, de aumentar a renda<br />

per capita, de aproveitar melhor <strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong>, de produzir alimentos<br />

conservados para outros municípios e de provocar o crescimento do<br />

setor terciário.<br />

Além d<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> de fibr<strong>as</strong>, de óleos, de couros, poderiam ser instalad<strong>as</strong><br />

fábric<strong>as</strong> de conserv<strong>as</strong> de hortaliç<strong>as</strong>, de doces de goiaba, de farinha e<br />

amido de mandioca, cantin<strong>as</strong> produtor<strong>as</strong> de vinho e instalações para a secagem<br />

de frut<strong>as</strong>.<br />

As hortaliç<strong>as</strong> são cultivad<strong>as</strong> com sucesso de abril a agosto e, fora o<br />

tomate, já industrializado, em Pesqueira, o pimentão, o <strong>as</strong>pargo, a ervilha,<br />

o feijão-verde, a couve-flor, o repolho, etc., podem ser convertidos em<br />

conserv<strong>as</strong>.<br />

A goiaba e o abacaxi, com bo<strong>as</strong> condições de produção, podem ser<br />

transformados em doces e geléi<strong>as</strong>.<br />

A videira e a figueira, sem irrigação, ali, são du<strong>as</strong> frutícol<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> para<br />

pequenos lotes, para vend<strong>as</strong> de frut<strong>as</strong> fresc<strong>as</strong>, de vinho e de frutos secos.<br />

A criação de coelhos e de aves são iniciativ<strong>as</strong> bo<strong>as</strong> para sitiantes e<br />

fontes de proteína para a alimentação da família.<br />

Por último, porém não menos importante, está a fabricação de adubos<br />

diversos, de ferrament<strong>as</strong> e de inseticid<strong>as</strong>.<br />

O Estado de Alago<strong>as</strong> tem seis municípios na região do agreste: Feira<br />

Grande, Igreja Nova, L. Anadia, P. Jacinto, P. R. Colégio e S. Braz, todos<br />

situados entre a mata e a caatinga.<br />

146


Segundo os map<strong>as</strong> ecológicos, agrícol<strong>as</strong> e econômicos, de Alago<strong>as</strong>,<br />

organizados pelos engenheiros agrônomos. João Guilherme de Pontes Sobrinho,<br />

Roberto Gomes Maci<strong>as</strong> e António Monteiro do Amaral, o agreste<br />

está sobre solos de granito, gnaisse, dolomitos em geral e terrenos cretáceos<br />

marginais do rio S. Francisco; esta região produz cereais, algodão erbáceo,<br />

mandioca, frut<strong>as</strong>, arroz e <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens são de capins “sempre verde”,<br />

“angolinha” e outros.<br />

As isoiet<strong>as</strong> d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> são de 1.000 a 1.200mm anuais.<br />

No agreste da Bahia estão incluídos os municípios de Amargosa, Baixa<br />

Grande, Brejões, Brumado, Caculé, Campo Formoso, C<strong>as</strong>tro Alves, Cipó,<br />

Condemba, Encruzilhada, Ipirá, Itaberaba, Itambé, Itapicuru, Itaguara, Itiruçu,<br />

Ituaçu, Jacaraci, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Jiquiriçá, Lage, Livramento<br />

do Brumado, Macajuba, Mairi, Maracás, M. Calmon, Mundo Novo,<br />

Mutuipe, Nova Soure, Feira de Santana, Pindobaçu, Piritiba, Rib. Pombal,<br />

Rio Cont<strong>as</strong>, Rui Barbosa, Santa Inês, Santa Terezinha, Santo Antônio de<br />

Jesus, Santo Estêvão, S. M. Matos, Sapeaçu, Saúde, Senhor do Bonfim,<br />

Serra Preta, Tremedal, Uvaíra, Urandi, Utinga e Conquista.<br />

O índice de aridez, conforme <strong>as</strong> observações meteorológic<strong>as</strong> de Jaguaquara,<br />

e de 6,4; e a relação chuv<strong>as</strong> versus evaporação, de 1: 1,3.<br />

Com isoiet<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong> de 900 a 1.000mm, solos arqueanos, predominantes<br />

e calcáreos em alguns pontos e cretáceo em outros, o agreste<br />

apresenta bons solos em Poções, Jequié, Santa Inês, Itaberaba, Rui Barbosa,<br />

Brejões, etc.<br />

As cultur<strong>as</strong> são variad<strong>as</strong> nessa grande região de altitude e de solos diferentes;<br />

além dos cereais, há o sisal, a mamona, fumo, fruteir<strong>as</strong>, algodão erbáceo<br />

e p<strong>as</strong>tagens nativ<strong>as</strong> e o capim “sempre verde”. A área da região permite<br />

a ampliação do cultivo e maior população.<br />

147


Milímetros de chuva<br />

148<br />

Altitude de Piracuruca..............68 ms.<br />

Altitude de Campo Maior........125 ms.<br />

2500<br />

2300<br />

2100<br />

1900<br />

1700<br />

1500<br />

1300<br />

1100<br />

900<br />

700<br />

500<br />

300<br />

1914<br />

Milímetros de chuva<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

MEDIDAS MENSAIS DE CHUVAS - ZONA DO AGRESTE<br />

Piracuruca<br />

A S O N D J F M A M J J<br />

Campo Maior<br />

PIAUÍ - 1914 - 1938<br />

M E S E S<br />

Campo Maior<br />

Piracuruca<br />

15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37<br />

A N O S<br />

Gráfico 12 - Observações pluciométric<strong>as</strong> em Pracuruca e campo<br />

Maior - Piauí - Zona do agreste nos anos 1914 - 1938<br />

1938


149<br />

Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em mm. em relação à normal.<br />

+700<br />

+600<br />

+500<br />

+400<br />

+300<br />

+200<br />

+100<br />

713<br />

-100<br />

-200<br />

-300<br />

-400<br />

1914<br />

-57%<br />

1915<br />

1916<br />

1917<br />

1918<br />

1919<br />

1920<br />

Normal: 713 mm.<br />

1921<br />

1922<br />

1923<br />

+82%<br />

1924<br />

1925<br />

1926<br />

1927<br />

1928<br />

1929<br />

A N O S<br />

Gráfico 13 - Agreste - Pesqueira - pernambuco<br />

Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico. Etene/BNB Semtembro 1958; Org. J. G. D. Cop. Asa<br />

1930<br />

1931<br />

AGRESTE.<br />

PESQUEIRA - PERNAMBUCO<br />

Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à noermal.<br />

Período:...................................1914 - 1938<br />

Normal:.........................................713 mm.<br />

Chuva máxima, anual, 1914:.....1.384 mm.<br />

Chuva mínima, anual, 1915:.........304 mm.<br />

Nº de anos acima do normal:..................12<br />

Nº de anos abaixo do normal:.................13<br />

1932<br />

1933<br />

1934<br />

1935<br />

1936<br />

1937<br />

1938


150<br />

Milímetros de chuva<br />

ANOS<br />

+1.300<br />

+1.200<br />

+1.100<br />

+1.000<br />

+900<br />

+800<br />

+700<br />

+600<br />

+500<br />

+400<br />

+300<br />

+200<br />

+100<br />

661<br />

-100<br />

-200<br />

-300<br />

-400<br />

1914<br />

1915<br />

-59%<br />

1916<br />

1917<br />

1918<br />

Normal 661 mm.<br />

1919<br />

1920<br />

1921<br />

1922<br />

-55%<br />

1923<br />

1924<br />

1925<br />

1926<br />

+89%<br />

+186%<br />

+88%<br />

+126%<br />

Gráfico 14 - Agreste - Caruaru- Pernambuco<br />

Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico. Etene/BNB Outubro 1958; Org. J. G. D. Cop. Asa<br />

1927<br />

1928<br />

1929<br />

1930<br />

1931<br />

AGRESTE.<br />

CARUARU - PERNAMBUCO<br />

Desvios d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> em relação à noermal.<br />

Período:...................................1914 - 1938<br />

Normal:.........................................661 mm.<br />

Chuva máxima, anual, 1927:.....1.392 mm.<br />

Chuva mínima, anual, 1933:.........225 mm.<br />

Nº de anos acima do normal:...................4<br />

Nº de anos abaixo do normal:..................2<br />

1932<br />

-66%<br />

1933<br />

1934<br />

1935<br />

1936<br />

1937<br />

1938


Médi<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong> mensais, mms.<br />

300<br />

275<br />

250<br />

225<br />

200<br />

175<br />

150<br />

125<br />

100<br />

75<br />

50<br />

25<br />

0<br />

Região do Agreste-Pernambucano.<br />

Chuv<strong>as</strong> mensais-Médi<strong>as</strong> de 25 anos<br />

Caruaru<br />

Pesqueira<br />

J F M A N J J A S O N D<br />

M e s e s<br />

Gráfico 15 - Região do Agreste Pernambucano. Caruaru e Pesqueira.<br />

Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico. Etene/BNB Outubro 1958; Org. J. G. D./Asa<br />

151


152<br />

Foto 12 - Região do agreste, Piauí, com árvores distanciad<strong>as</strong> e capim-agreste sobre solo de arenito. Ipiracuruca.


3. 9 - Serr<strong>as</strong><br />

A denominação de serra, neste trabalho, foi dada às montanh<strong>as</strong> com<br />

altitude acima de 600m, com pluviosidade e umidade mais regulares, com ou<br />

sem fontes d’água, solos profundos de argila ou de sílica, com revestimento<br />

de florest<strong>as</strong> ou de capoeir<strong>as</strong> de <strong>as</strong>pectos mais higrófil<strong>as</strong> do que <strong>as</strong> caating<strong>as</strong>.<br />

Cumpre-nos confessar aqui, que, não existindo estações meteorológic<strong>as</strong>, n<strong>as</strong><br />

elevações, e com a dev<strong>as</strong>tação da vegetação alta, primitiva, e solo erodido,<br />

tivemos dificuldades em cl<strong>as</strong>sificar cert<strong>as</strong> montanh<strong>as</strong>. Talvez algum<strong>as</strong> del<strong>as</strong>,<br />

desprovid<strong>as</strong> de fontes d’água, possam, em estudo mais avançado, serem<br />

denominad<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> alt<strong>as</strong>.<br />

Adotamos, no mapa, a coloração azul para <strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, igual à da região<br />

da mata.<br />

El<strong>as</strong> exercem, no <strong>Nordeste</strong>, a função de barreir<strong>as</strong>, fazendo subir os ventos<br />

quentes que, ao se resfriarem na altitude, formam os nevoeiros, <strong>as</strong> neblin<strong>as</strong><br />

e <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, verificad<strong>as</strong> tant<strong>as</strong> vezes, n<strong>as</strong> vertentes leste da Ibiapaba, de<br />

Baturité, da Borborema, em Triunfo etc.<br />

Fazendo-se um desenho, na escala horizontal e vertical, de um corte transversal<br />

na Serra da Ibiapaba, começando, em Freicheirinha, p<strong>as</strong>sando por<br />

Tianguá, Piracuruca, Esperantina e Porto (margem do Parnaíba), na distância<br />

total de 220km, observamos que a Serra Grande contribuiu, direta ou indiretamente,<br />

para formar o sertão (Freicheirinha), a caatinga (subida da serra), a<br />

serra úmida (Tianguá), o carr<strong>as</strong>co seco (até o pe da Serra), o agreste (até<br />

Piracuruca) e a mata (até Porto). Esta série de regiões naturais se deve a um<br />

conjunto de fatores tetônicos, geológicos, de altitude, de direção dos ventos<br />

e d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, da capacidade dos solos de guardar mais ou menos água e da<br />

temperatura.<br />

O maciço da Borborema causa alterações mais ou menos idêntic<strong>as</strong> se<br />

observarmos o perfil, horizontal e vertical, partindo de Mulungu (Paraíba),<br />

p<strong>as</strong>sando por Lagoa Grande, Areia, Remígio, Barra de Sta. Rosa, Picuí até<br />

Currais Novos (Rio Grande do Norte). Aí, veremos a caatinga (Mulungu a<br />

A. Grande), o brejo ou mata (Areia), o agreste (Remígio), o curimataú (San-<br />

153


ta Rosa-Picuí) e o seridó (Currais Novos). Não afirmamos que a Borborema<br />

seja a única responsável por essa mudança de condições; <strong>as</strong>sinalamos o fato<br />

para mostrar que a montanha teve o seu grau de influência, pois é muito<br />

conhecido o fenômeno d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> no brejo, a subumidade do agreste, a<br />

secura fresca do curimataú e a aridez quente do seridó, onde a altitude menor<br />

com a insolação e temperatura elevad<strong>as</strong>, com ventos já secos, acentuam o<br />

xerofilismo.<br />

Um terceiro exemplo, entre outros, pode ser citado na Serra do Araripe,<br />

que divide os cariris-novos da caatinga pernambucana.<br />

Caminhando-se de Juazeiro do Norte a Crato, Boa Vista, Queimad<strong>as</strong> a<br />

Nova Exu (Pernambuco), encontra-se a caatinga úmida (Juazeiro a Crato), a<br />

mata (Crato a Boa Vista) com <strong>as</strong> fontes d’água na subida da serra, o agreste<br />

(Queimadinha) e a caatinga muito seca (Nova Exu).<br />

154<br />

As serr<strong>as</strong> têm ponderável influência nos microclim<strong>as</strong> regionais.<br />

Até que sejam feitos estudos mais minuciosos, <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de serr<strong>as</strong> dos<br />

Estados, calculad<strong>as</strong> a planímetro, no mapa, são <strong>as</strong> seguintes:<br />

Tabela 33 - Serr<strong>as</strong>: áre<strong>as</strong><br />

Estados Hectares<br />

Piauí ............................................................................... 89.250<br />

Ceará ............................................................................. 659.650<br />

Rio Grande do Norte ...................................................... 114.750<br />

Paraíba ........................................................................... 676.000<br />

Pernambuco ................................................................... 408.500<br />

Alago<strong>as</strong> .......................................................................... 9.000<br />

Sergipe ........................................................................... -<br />

Bahia .............................................................................. 712.500<br />

Total ............................................................................... 2.669. 650<br />

As montanh<strong>as</strong> do Piauí, cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> aqui no sentido ecológico de serr<strong>as</strong>,<br />

são os contrafortes da Serra do Araripe, que penetram no Piauí, na altitude


de 700m, e dividem esse Estado com o Ceará e com a Bahia. É uma chapada<br />

superior, de arenito, solos soltos, fracos, de limitado valor agrícola. As<br />

outr<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> do Piauí n<strong>as</strong> montanh<strong>as</strong> do Araripe, cariris-novos e Ibiapaba,<br />

divisóri<strong>as</strong> com o Ceará, foram cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições de secura<br />

como caatinga alta e carr<strong>as</strong>co.<br />

No Ceará, temos a região serrana de Viçosa, Tianguá, Ubajara, Ibiapina,<br />

S. Benedito e Inhuçu formando uma faixa estreita, de 700 a 900m de altitude,<br />

chuvoso, com solos silicosos e algum<strong>as</strong> manch<strong>as</strong> de argila amarela, onde<br />

predominam <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> do café sombreado, da cana e de alguns cereais. Há<br />

condições para a formação de florest<strong>as</strong>.<br />

As serr<strong>as</strong> da Meruoca, Uruburetama e Baturité contêm solos resultantes<br />

da desintegração de gnaisse e de xistos, muito íngremes e profundos; na<br />

de Baturité, o cafezal arborizado, a cana e <strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong> são <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> mais<br />

comuns.<br />

A Serra do Araripe é uma espessa camada de areia, friável, plana, que<br />

serve como mata-borrão para armazenar a água d<strong>as</strong> fontes na média encosta.<br />

As cultur<strong>as</strong> de mandioca e abacaxi, em roçados novos, mudando sempre<br />

de lugar, são <strong>as</strong> mais usad<strong>as</strong>.<br />

A Chapada do Araripe deve ser destinada para reserva florestal, evitando-se<br />

os cortes de lenha, para os engenhos de cana, do sopé.<br />

As serr<strong>as</strong> do R. G. do Norte (Luiz Gomes, Martins, Santana, Cuité e<br />

Milagres) são de solos argilosos e arenosos, de pouca umidade, e produzem<br />

cereais, mandioca e palma.<br />

Na Paraíba, <strong>as</strong> serr<strong>as</strong> compreendem partes dos municípios de Bananeir<strong>as</strong>,<br />

Areia, Alagoa Nova, Cuité, Araruna, Umbuzeiro, Teixeira, Princesa e<br />

Bonito; sobressaem <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de cana, agave, cereais e fruteir<strong>as</strong>. Com a<br />

topografia acidentada, a erosão, a repetição de cultur<strong>as</strong> e a densidade da<br />

população têm causado estragos n<strong>as</strong> terr<strong>as</strong>.<br />

O Estado de Pernambuco tem 14 municípios serranos: Alagoinha, Araripina,<br />

Arcoverde, Buíque, Camocim de São Félix, Canhotinho, Garanhuns, Jure-<br />

155


ma, Lagedo, Palmeirinha, Poção, Taguaritinga do Norte, Toritana e Triunfo. As<br />

lavour<strong>as</strong> de café, d<strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> hortaliç<strong>as</strong> e de grãos são <strong>as</strong> mais praticad<strong>as</strong>.<br />

A topografia d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> é um empecilho ao aumento da superfície cultivada.<br />

A população densa, em alguns municípios, está forçando o plantio de<br />

terrenos inclinados que deveriam ser cobertos com florest<strong>as</strong>. A topografia<br />

ondulada de Alago<strong>as</strong> somente permitiu formar dois municípios com característic<strong>as</strong><br />

parciais de Serr<strong>as</strong>: Água Branca e Mata Grande, com lavour<strong>as</strong> de<br />

mandioca, milho, feijão, fruteir<strong>as</strong> e café. Parte desses municípios fica situada<br />

na caatinga.<br />

156<br />

Sergipe não possui a região natural de serra.<br />

A Bahia tem muit<strong>as</strong> elevações, porém rar<strong>as</strong> com <strong>as</strong> condições ecológic<strong>as</strong><br />

de serr<strong>as</strong>; a secura forçou-nos a relacionar cert<strong>as</strong> montanh<strong>as</strong> com caatinga<br />

alta.<br />

Salvo opinião mais autorizada, <strong>as</strong> serr<strong>as</strong> da Bahia compreendem parte<br />

dos municípios de Andaraí, Barra da Estiva, Lençóis, Mucupê, Palmeira e<br />

Piatã. Predominam desses municípios <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> calcáre<strong>as</strong> e <strong>as</strong> resultantes do<br />

Algonquiano, como na Chapada Diamantina, com os arenitos e quartzitos<br />

calcáreos, próprios para lavour<strong>as</strong> de sisal, videira, figueira, oliveira, n<strong>as</strong> altitudes<br />

de 700 a 1.300m. As serr<strong>as</strong> baian<strong>as</strong>, com suficiente umidade e estrad<strong>as</strong><br />

de rodagem, devem ser aproveitad<strong>as</strong> para <strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong> européi<strong>as</strong>, obtendo-se,<br />

<strong>as</strong>sim, mais diversificação d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> no Estado.


Foto 13 - Baixio úmido do Crato, com canavial.<br />

Foto 14 - Rio Parnaíba. Porto de Floriano. Ligação<br />

por rodovia a Carolina, margem do rio Tocantins.<br />

157


Foto 15 - Cultura de cafeeiro sombreado na serra úmida (Ibiapaba perto de<br />

Tianguá).<br />

Foto 16 - Cafeeiro na parte úmida da Serra da Ibiapaba. Notar o porte dos<br />

cafeeiros, o espaçamento e <strong>as</strong> árvores de sombra.<br />

158


3. 10 - Mata<br />

Representando o trópico chuvoso, dentro do <strong>Nordeste</strong>, a região da mata<br />

situa-se na Costa Atlântica desde a Paraíba até o sul da Bahia; há ainda, du<strong>as</strong><br />

faix<strong>as</strong> marginais do rio Parnaíba, no Piauí, marcados com a coloração azul no<br />

mapa.<br />

As isoiet<strong>as</strong> d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> estão acima de 1.000mm, com a relação precipitação<br />

versus evaporação de 1:1 a 1: 0,5.<br />

O índice de aridez oscila de 7,0 a 9,8. O grau de umidade no ar e no solo<br />

é bem elevado e a temperatura alta, com pouca variação, é típica dos clim<strong>as</strong><br />

tropicais.<br />

Não sofre a seca, <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> são mais regulares e o solo profundo e<br />

permeável facilita a acumulação hídrica.<br />

O nome mata provém d<strong>as</strong> condições do clima e do solo para o crescimento<br />

d<strong>as</strong> florest<strong>as</strong>; m<strong>as</strong>, hoje, os bosques nativos são muito esc<strong>as</strong>sos.<br />

As áre<strong>as</strong> da mata, nos Estados, foram determinad<strong>as</strong> no mapa com o<br />

planímetro, e acusam os seguintes números.<br />

Tabela 34 - Mata - áre<strong>as</strong><br />

Estado ............................................................................ Hectares<br />

Piauí ............................................................................... 5.248.550<br />

Paraíba ........................................................................... 516.750<br />

Pernambuco ................................................................... 1.511.900<br />

Alago<strong>as</strong> .......................................................................... 1.222.000<br />

Sergipe ........................................................................... 681.900<br />

Bahia .............................................................................. 8.112.500<br />

Total ............................................................................... 17.293.600<br />

A mata do Piauí fica á margem direita do rio Parnaíba, recebe <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong><br />

vind<strong>as</strong> do Maranhão, com maior incidência nos meses de janeiro a maio; a<br />

média da pluviosidade, em 38 anos, foi 1.390mm. Na mata, do Baixo Parnaíba,<br />

Amarante até Murici, os solos de aluvião mostram 24m de profundida-<br />

159


de, conforme aconteceu com a abertura de cacimb<strong>as</strong> e de poços profundos,<br />

perto de Teresina. A terra é silico-argilosa, escura sob a mata e mais clara<br />

quando cultivada.<br />

A vegetação espontânea é composta de babaçu, unha-de-gato, caneleira,<br />

torém, urucu, pau-d’arco, jucá, cipó-mucuna e outr<strong>as</strong> espécies.<br />

As cultur<strong>as</strong> principais são mandioca, milho, feijão, hortaliç<strong>as</strong>, arroz, algodão<br />

anual, laranjeir<strong>as</strong>, cajueiros, mangueir<strong>as</strong>.<br />

Sobre a exploração do babaçu nativo e de alguns pés plantados, obtivemos<br />

do agrônomo Teobaldo Gomes Parente, diretor da Colônia David Cald<strong>as</strong>,<br />

<strong>as</strong> seguintes informações: os babaçus plantados dão cacho com oito<br />

anos de idade; com 16 anos atingem 8 a 10m de altura; que esta palmeira dá<br />

2 a 3 cachos de cocos por ano; que cada cacho contém 3 a 4 quilos de<br />

amêndo<strong>as</strong> ou 6 a 12 quilos de amêndo<strong>as</strong>, por pé, por ano; que 100 quilos de<br />

cocos dão 100 quilos de amêndo<strong>as</strong> com 6 quilos de óleo.<br />

O babaçu não dá safra uniforme, anualmente, muit<strong>as</strong> palmeir<strong>as</strong> não produzem.<br />

Para a colheita, o cacho não é cortado na palmeira; o coco é catado<br />

no chão.<br />

A limpeza do babaçu nativo, com o roço da vegetação fechada, tem<br />

contribuído para aumentar muito <strong>as</strong> safr<strong>as</strong>.<br />

Além da amêndoa, o babaçu fornece a c<strong>as</strong>ca do coco para combustível,<br />

<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> para construir caban<strong>as</strong>, fabricar esteir<strong>as</strong>, sacos grosseiros etc. Oito<br />

municípios da mata piauiense produziram, em 1955, conforme a Estatística<br />

Estadual, 3.463 tonelad<strong>as</strong> de amêndo<strong>as</strong> de coco de babaçu, d<strong>as</strong> 6.046 tonelad<strong>as</strong><br />

de todo o Estado, no mesmo ano.<br />

A mata do sul do Piauí, municípios de Urucuí, R. Gonçalves, Sta. Filomena,<br />

à margem do rio Parnaíba, têm condições, também, para produzir gêneros<br />

alimentícios, porém a pecuária é a principal ocupação, devido à falta de<br />

transportes, esc<strong>as</strong>sa população e fazend<strong>as</strong> muito grandes.<br />

A construção da barragem do rio Parnaíba, pelo Dnocs, a 70km acima<br />

de Floriano, para obter cerca de 200.000kw, servira, também, para auxiliar<br />

160


a regularização de vazão do rio, para irrigação e para pesca. Essa energia<br />

elétrica será levada ao longo do rio e a alguns municípios do Maranhão e do<br />

Piauí, possibilitando a organização de matadouros, frigoríficos, indústri<strong>as</strong> de<br />

conserv<strong>as</strong> de carnes, de laticínios, de curtumes, de óleos, de adubos, de<br />

beneficiamento de produtos agrícol<strong>as</strong>.<br />

Ess<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong>, juntamente com <strong>as</strong> de cimento, de ferrament<strong>as</strong>, de inseticid<strong>as</strong><br />

e <strong>as</strong> oficin<strong>as</strong>, ofereceriam às lavour<strong>as</strong> e à pecuária a prestação de<br />

serviços que está faltando para o progresso geral.<br />

A mata paraibana começa na divisa do Rio Grande do Norte, incluindo<br />

os tabuleiros do litoral, com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> arei<strong>as</strong>, cajueiros e mangabeir<strong>as</strong>, os vales<br />

úmidos, pantanosos e turfosos de Curemataú, Camaratuba, Miriri, Manguape,<br />

Gramame e Ibiaí. Nela estão os municípios de Mamanguape, Guarabira,<br />

João Pessoa, Espírito Santo, Pilar, Pedra de Fogo, Santa Rita e Solânea.<br />

As chuv<strong>as</strong> abundantes, a facilidade dos transportes, a proximidade dos<br />

mercados tornam os taboleiros adequados para gêneros alimentícios, desde<br />

que o lixo d<strong>as</strong> cidades fosse aproveitado para adubo, fosse dada a <strong>as</strong>sistência<br />

técnica eficiente e se efetu<strong>as</strong>sem vend<strong>as</strong> diret<strong>as</strong> ao consumidor.<br />

Os vales úmidos carecem de drenegem, seguida da colonização, da correção<br />

do solo, da criação d<strong>as</strong> sociedades ou cooperativ<strong>as</strong> de vend<strong>as</strong> e compr<strong>as</strong><br />

diret<strong>as</strong>.<br />

A colonização que está realizando o Governo do Rio Grande do Norte,<br />

em cooperação com o INIC, com o acordo dos bispos e com o ETA, nos<br />

vales do Pium e Punaú e outros, poderá servir de padrão para o aproveitamento<br />

de outros vales úmidos do <strong>Nordeste</strong>.<br />

Ecologicamente, o tabuleiro é ideal para <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> do abacaxi, do cajueiro<br />

e da mandioca.<br />

A descoberta da fosforita, nos estratos inferiores dess<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> paraiban<strong>as</strong>,<br />

será uma grande fonte de renda e de adubo para incrementar a<br />

agricultura.<br />

161


A mata de Pernambuco e a região da cana, por excelência, com os seus<br />

solos de m<strong>as</strong>sapê, profundos; também produz café, cereais, fruteir<strong>as</strong> e p<strong>as</strong>tos.<br />

Nela também estão os vales pantanosos dos rios Goiana, Tabatinga,<br />

Timbó, Serinhaem, Una, e outros, que podem e devem ser drenados e colonizados,<br />

para produzir alimentos para a população.<br />

A lavoura da cana ocupa a maior área plantada da mata de Pernambuco.<br />

O açúcar é alimento importante e, para aumentar o volume de cereais, talvez<br />

fosse recomendável intensificar a cultura da cana com adubação e irrigação,<br />

diminuindo a área e obtendo maiores safr<strong>as</strong>. Assim, <strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> desocupad<strong>as</strong><br />

seriam cedid<strong>as</strong> aos plantios de grãos.<br />

A mata de Alago<strong>as</strong>, segundo o mapa inédito do engenheiro agrônomo<br />

João Guilherme de Pontes Sobrinho, abrange total ou parcialmente os municípios<br />

de Anádia, Atalaia, Capela, Leopoldina, Coruripe, Junqueiro, Maceió,<br />

Maragogi, M. Deodoro, Murici, Penedo, Pi<strong>as</strong>sabussu, Pilar, Porto Calvo,<br />

Porto Pedr<strong>as</strong>, Rio Largo, S. J. Lage, Quitunde, São Miguel dos Campos,<br />

Palmares, Viçosa e Camaragibe.<br />

Os solos da faixa costeira são de folhelhos terciários onde estão os poços<br />

de petróleo, e mais para o interior, predominam <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> derivad<strong>as</strong> do<br />

complexo cristalino. As lavour<strong>as</strong> mais comuns são a cana, os cereais, os<br />

coqueiros e <strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong>. Não há estiagens prolongad<strong>as</strong>.<br />

Próximo a Penedo, está a colônia agrícola de Pindorama, em solo de<br />

tabuleiro, onde os colonos cultivam cereais, coqueiros e maracujá, sendo<br />

este último industrializado em suco concentrado; é provável obtermos boa<br />

experiência de colonização em Pindorama.<br />

No litoral de Alago<strong>as</strong>, estão os vales dos rios Caruão, Gurpiuna, Camandituba,<br />

Tatuamunha, Camaragibe, Sto. Antônio, Sapucaí, Meirim, Paraji,<br />

Sumauma, Jiquiá, Coruripe e outros onde há aluviões pouco aproveitados e<br />

pântanos que podem ser drenados e colonizados para produzir alimentos.<br />

Na opinião do chefe do Fomento Agrícola, em Alago<strong>as</strong>, <strong>as</strong> superfícies<br />

desses baixios variam de 30.000 a 50.000 hectares.<br />

162


N<strong>as</strong> margens do rio São Francisco, do lado alagoano, há possibilidade<br />

de irrigar uma área aproximada de 60.000 hectares.<br />

Em Sergipe, a mata se estende, também ao longo do litoral, compreendendo,<br />

em todo ou parte, os municípios de Maruim, Neópolis, Pacatuba,<br />

Pedrinh<strong>as</strong>, Riachuelo, R. do Catita, Salgado, S.L. Itanhi, S. A. Brot<strong>as</strong>, S.<br />

Cristóvão, Tomás Geru, Umbamba, Brocaju, Araruá, B. Coqueiros, Brejo<br />

Grande, Buquim, Carnópolis, D. P<strong>as</strong>tora, Estância, Andiroba, Itabaininha,<br />

Itaporanga, Japaratuba, Japoatã e Laranjeir<strong>as</strong>. Ali também, se acham os vales<br />

úmidos, formados pelos rios Taparatuba, Vaza Barris, Real e outros, que<br />

desaguam no Atlântico e formam aluviões suscetíveis de drenagem para cultur<strong>as</strong><br />

anuais.<br />

Cerca de 10.000 hectares podem ser recuperados mediante colonização.<br />

Os aluviões sergipanos do rio S. Francisco, com a drenagem d<strong>as</strong> lago<strong>as</strong><br />

e diques de controle d<strong>as</strong> chei<strong>as</strong>, podem ser irrigados na área a grosso modo<br />

avaliada de 40.000 hectares.<br />

A mata sergipana tem sido cultivada especialmente com a cana e cereais.<br />

Nos últimos anos, o Governo Estadual intensificou a <strong>as</strong>sistencia técnica nos<br />

plantios, em maior escala, do coqueiro para fins industriais.<br />

Na mata, há, ainda, muit<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> que podem ser destinad<strong>as</strong> às cultur<strong>as</strong><br />

alimentares, mediante a adubação, melhores sementes, <strong>as</strong>sistência efetiva,<br />

rotação cultural, combate às prag<strong>as</strong> e conservação dos grãos.<br />

A mata baiana atinge grande área da Costa Atlântica, avançando para o<br />

interior, em largura variável, conforme a topografia; a sua pluviosidade está<br />

acima de 1000mm, anuais. Dentro dessa está, em todo ou parte, os seguintes<br />

municípios: Acajutiba, Alagoinha, Alcobaça, Aratuípe, Belmonte, Cachoeira,<br />

Cairu, Camaçari, Camamu, Canavieir<strong>as</strong>, Caravel<strong>as</strong>, Catu, Coaraci, Conc.<br />

Freira, Conc. Almeida, Conde, Cor. Maria, Cruz Alm<strong>as</strong>, Entre Rios, Ibicuí,<br />

Iguaí, Ilhéus, Esplanada, Inhambupe, Ipiaú, Irará, Itabuna, Itacaré, Itajuípe,<br />

Itaparica, Itapetinga, Ituberá, Jaguaribe, Jandaia, Maracani, Maragogipe,<br />

Maraú, Mata S. João, Mucuri, Murituba, Nazaré, Nilo Peçanha, Pojuca,<br />

Porto Seguro, Potinaguá, Prado, Rio Real, Salvador, S. C. Cabrália, St°<br />

163


Amaro, S. Félix, S. Filipe, S. F. Conde, S. Seb. P<strong>as</strong>se, Taperoá, Ubaitaba,<br />

Ubatá, Una, Uruçuca, Valença e S.G. Campos.<br />

De Salvador, acompanhando o litoral até o rio Real e dali a Cipó, Soure,<br />

Irará, Catu, S. Francisco e Camaçari, encontramos um polígono de solo<br />

muito silicoso, fraco, profundo, semelhante ao laterito, com óxido de ferro e<br />

acidez, salvo nos baixios de aluviões e n<strong>as</strong> margens dos rios, onde se formaram<br />

solos mistos.A abundância de chuv<strong>as</strong> contribuiu para a lavagem vertical<br />

dos perfis e para o empobrecimento de b<strong>as</strong>es trocáveis deixando conseqüentemente,<br />

a sílica hidrogenada. O aproveitamento agrícola dess<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong><br />

extens<strong>as</strong> dependerá da experimentação, para conhecerem-se a correção e a<br />

adubação econômic<strong>as</strong> e <strong>as</strong> espécies que serão recomendáveis para lavour<strong>as</strong><br />

e p<strong>as</strong>tos. Até lá, parece-nos que ess<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> podem servir para a silvicultura.<br />

Felizmente, para a Bahia e para o Br<strong>as</strong>il, essa formação sedimentar deu petróleo<br />

e gás natural, nos campos de Candei<strong>as</strong>, Lobato, Itaparica e outros<br />

mais recentes.<br />

Do Recôncavo para o sul, seguindo a Costa, a mata apresenta, na faixa<br />

azul do mapa, solos de formação arqueana, aluviões n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> dos rios e<br />

manch<strong>as</strong> silicos<strong>as</strong>, marítim<strong>as</strong>, até Ilhéus, inclusive. Assis, Nazaré, Valença,<br />

Itaperoá, Camamú, Ubaitaba, Itabuna, Ilhéus e outros podem ser citados<br />

como de solos arqueanos.<br />

Ali estão <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de cana, de fumo, de cacau, de café, em terrenos<br />

ondulados ou acidentados.<br />

Com a construção de estrad<strong>as</strong>, <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> do Recôncavo até Ilhéus poderão<br />

produzir borracha, noz de cola, guaraná e dendê.<br />

De Ilhéus até Mucuri, seguindo a linha divisória entre mata e agreste, os<br />

solos de arqueano são entremeados de manch<strong>as</strong> sedimentares, de gleb<strong>as</strong><br />

calcáre<strong>as</strong> e de aluviões fluviais, mistos e marinhos (silicosos). São arenitos,<br />

em tabuleiros, atingindo parcialmente, Una, Canavieir<strong>as</strong>, Belmonte e em maiores<br />

áre<strong>as</strong> em Santa Cruz de Cabrália, Porto Seguro, Prado, Alcobaça, Caravel<strong>as</strong><br />

e Mucuri.<br />

164


Tratando-se de municípios com menor população nos distritos do interior<br />

e de solos fracos, com falta de estrad<strong>as</strong>, e aproveitamento racional de<br />

su<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> seria recomendável, se precedido de experimentação agrícola.<br />

A Bahia também possui muitos vales úmidos, sendo que, no litoral, alguns<br />

ainda não estão cultivados.<br />

Lembramos apen<strong>as</strong> os dos rios Inhambupe, Paraguaçu, Jequiriçá, Preto,<br />

d<strong>as</strong> Cont<strong>as</strong>, Salgado, Pardo, Jequitinhonha, Buranhem, Frade, Caraiva, Jucurunu,<br />

Itanhaém, Peruípe, Pau Alto, Mucuri, e outros cuj<strong>as</strong> terr<strong>as</strong>, se bem<br />

drenad<strong>as</strong> e usad<strong>as</strong>, aumentarão em cerca de 100.000 hectares <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />

alimentares do Estado.<br />

O sul úmido da Bahia carece de estrad<strong>as</strong>, de trabalhos experimentais, de<br />

colonização e navegação marítima, para citar somente <strong>as</strong> necessidades mais<br />

prementes.<br />

165


166<br />

Chuva média anual ........................................................1.390mm<br />

Chuva máxima, anual, 1924 ..........................................2.776mm<br />

Chuva mínima, anual, 1932...............................................656mm<br />

No. de anos com chuv<strong>as</strong> acima da média ................................15<br />

No. de anos com chuv<strong>as</strong> abaixo da média .............................. 23<br />

Insolação média, hor<strong>as</strong> por anos .........................................2.950<br />

Altitude de Teresina .............................................................. 74ms<br />

Milímetros<br />

de chuva<br />

2800<br />

2400<br />

2000<br />

1600<br />

1200<br />

800<br />

Milímetros<br />

de chuva<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

MÉDIAS MENSAIS DAS CHUVAS<br />

TERESINA - PIAUÍ<br />

ZONA DA MATA - 1914 - 1951<br />

0<br />

A S O N D J F M A M J J<br />

M e s e s<br />

M= 1.390 mm<br />

0<br />

1914 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 1951<br />

Gráfico 16 - Observações pluviométric<strong>as</strong> em Teresina - Piauí - Zona<br />

da Mata, nos anos 1914 - 1951<br />

Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico; Serviço meteorológico; Etene/BNB. Des.<br />

ASA/Crs - 1959


Foto 17 - Região da mata, Piauí, entre Esperantina e Porto.<br />

Foto 18 - Roçada e queima, na mata, para lavoura.<br />

167


168


4 - OS RECURSOS DOS SOLOS, A SUA UTILIZAÇÃO<br />

PROVÁVEL E O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO<br />

Este estudo d<strong>as</strong> regiões naturais é uma sondagem preliminar d<strong>as</strong> noss<strong>as</strong><br />

disponibilidades de terr<strong>as</strong> adequad<strong>as</strong> às atividades agrícol<strong>as</strong>, <strong>as</strong> quais mantêm,<br />

no momento, cerca de 13 milhões de habitantes.<br />

Havendo extensões erodid<strong>as</strong> que carecem de recuperação, crescendo<br />

de 500.000 habitantes anual do <strong>Nordeste</strong> e tornando-se urgente que cada<br />

lavrador cultive 2 ou 4 ou 6 hectares, por ano, e imprescindível que tentemos<br />

saber quais <strong>as</strong> superfícies existentes, os seus conteúdos climáticos e <strong>as</strong> su<strong>as</strong><br />

vocações para a exploração rural.<br />

N<strong>as</strong> págin<strong>as</strong> anteriores, tivemos ousadia de abordar o <strong>as</strong>sunto e expusemos<br />

os dados conseguidos, suscetíveis, evidentemente, de aperfeiçoamento<br />

futuro.<br />

O Dr. Tomaz Pompeu Sobrinho, em estudos não recentes, diz que, no<br />

Ceará, a lavoura tradicional, de gêneros alimentícios, dá, em cada 10 anos,<br />

du<strong>as</strong> safr<strong>as</strong> de 100%. Os lavradores velhos, entrevistados por nós, n<strong>as</strong> regiões<br />

mais sec<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, confirmam essa observação e, descendo às<br />

su<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong> nos rendimentos brutos dos outros anos, nos forneceram<br />

uma b<strong>as</strong>e para <strong>as</strong> avaliações a grosso modo. O que apuramos dess<strong>as</strong> convers<strong>as</strong><br />

foi que, tomando um período de 10 anos, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de milho, de<br />

feijão, de arroz, de batata, de hortaliç<strong>as</strong>, etc., no sertão, no seridó, na caatinga,<br />

no cariri, dão em media anual, colheita de 70% e 30% de perda. A estatística<br />

aponta que, em 1956, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> citad<strong>as</strong> ocuparam uma área de 1,8<br />

milhão de hectares, n<strong>as</strong> regiões acima referid<strong>as</strong> e em regime de chuva. Trinta<br />

por cento de 1,8 milhão de hectares são 540 mil hectares. Se, n<strong>as</strong> operações<br />

de preparo do solo, de plantios, d<strong>as</strong> limp<strong>as</strong>, etc. , g<strong>as</strong>tamos 600 hor<strong>as</strong> de<br />

169


trabalho, verificamos que 324 milhões de hor<strong>as</strong> de labor humano foram perdid<strong>as</strong>;<br />

a Cr$ 8,00 a hora de mão-de-obra, em 1956, teremos 2, 5 bilhões de<br />

cruzeiros, valor d<strong>as</strong> operações inúteis, porque faltou umidade, em alguma<br />

f<strong>as</strong>e até a frutificação.<br />

Assim, é conveniente procurar uma distribuição d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> em melhor<br />

concordância entre <strong>as</strong> su<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> e os ambientes ecológicos.<br />

O matuto insiste em plantar roç<strong>as</strong> ávid<strong>as</strong> de chuv<strong>as</strong> na frutificação, n<strong>as</strong><br />

comun<strong>as</strong> menos úmid<strong>as</strong>, porque <strong>as</strong>sim ale aprendeu, <strong>as</strong>sim se habituou e<br />

porque tem de comer du<strong>as</strong> vazes por dia. Os frac<strong>as</strong>sos na agricultura “desacomodada”<br />

com o meio empobrecem mais os rurícol<strong>as</strong> do que o processo<br />

rotineiro usado.<br />

Ponto importante é conciliar os tipos de lavour<strong>as</strong> com os graus de secura<br />

d<strong>as</strong> regiões naturais. Se os responsáveis pelos 46 órgãos, repartições ou<br />

entidades agrícol<strong>as</strong>, federais, estaduais e municipais, que atuam no <strong>Nordeste</strong>,<br />

concordarem, poder-se-ia elaborar um programa misto de fomento, de<br />

extensão agrícola, de experimentação, etc. , para <strong>as</strong> regiões mais sec<strong>as</strong> e<br />

outro para <strong>as</strong> mais úmid<strong>as</strong>, executando cada órgão especializado a sua tarefa.<br />

Como ponto de partida, estimular-se-iam ao máximo, com <strong>as</strong>sistência e<br />

auxílios diversos, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> alimentares na mata, nos vales úmidos, n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong><br />

chuvos<strong>as</strong> e n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> de irrigação, nos 12 milhões de hectares, em plantios<br />

alternados, periodicamente com os outros 12 milhões de hectares de<br />

p<strong>as</strong>tos; sobrariam, ainda, 13 milhões de hectares para florest<strong>as</strong>, cidades,<br />

açudes, lagos, etc.<br />

Esse acordo abrangeria, também, a colonização dos vales úmidos e a<br />

intensificação com mais ênf<strong>as</strong>e e decisão da irrigação n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> molháveis.<br />

No sertão, no seridó, na caatinga, no cariri e no curimataú talvez pudessem<br />

ser destinados 20 milhões de hectares para <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, 40<br />

milhões de hectares para p<strong>as</strong>tagens e 12 milhões para <strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> de vegetações<br />

nativ<strong>as</strong>, cidades, rios, maciços de pedr<strong>as</strong>, etc. aí o trabalho com experimentações,<br />

fomento e educação terá de ser muito sério para implantar cultur<strong>as</strong><br />

resistentes à seca, em larga escala, com métodos conservacionist<strong>as</strong>, de<br />

170


ecuperação dos solos, de combate às prag<strong>as</strong> e de estudos dos mercados.<br />

As diferentes repartições deveriam receber a tempo <strong>as</strong> verb<strong>as</strong> e o pessoal<br />

para cuidar, cada uma, mediante combinação, d<strong>as</strong> obrigações relativ<strong>as</strong> ao<br />

algodão, à oiticica, ao cajueiro, à palma, ao sisal, à algaroba, à maniçoba, ao<br />

umbuzeiro, ao faveleiro e outr<strong>as</strong>. As instalações de campo, existentes, seriam<br />

ampliad<strong>as</strong>, outr<strong>as</strong> seriam organizad<strong>as</strong>, os laboratórios teriam funções especificad<strong>as</strong>,<br />

outros teriam de ser montados, <strong>as</strong> escol<strong>as</strong> preparariam os técnicos e<br />

os operários especializados com a ajuda d<strong>as</strong> entidades. As reuniões temporári<strong>as</strong>,<br />

com homens de alto nível administrativo e científico, corrigiriam <strong>as</strong><br />

falh<strong>as</strong> dos planos e cobririam <strong>as</strong> execuções dos compromissos <strong>as</strong>sumidos.<br />

Do mesmo modo, esse planejamento incluiria os melhoramentos d<strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens<br />

e a <strong>as</strong>sistência efetiva à pecuária, com os zootecnist<strong>as</strong> e veterinários,<br />

com todos os elementos necessários, colocados n<strong>as</strong> posições de mais facilmente<br />

atender <strong>as</strong> solicitações dos interessados ou às missões impost<strong>as</strong> pelo<br />

desdobramento do programa.<br />

As regiões do carr<strong>as</strong>co e do cerrado, no total aproximado de 11 milhões<br />

de hectares, teriam os seus usos detalhados depois dos estudos e dos ensaios<br />

de campo indispensáveis.<br />

Se <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> alimentares e <strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> puderem, de fato, ocupar a superfície<br />

total de 32 milhões de hectares, após algum tempo e como resultado<br />

bem-sucedido do plano executado e se for possível manter uma populaçáo<br />

ativa de 5 milhões de pesso<strong>as</strong> ness<strong>as</strong> operações, o resultado seria 6 hectares<br />

lavrados por pessoa ativa, ou seja, 4 vezes a cifra atual. Seria compulsório o<br />

emprego do excedente de braços válidos na indústria, no setor terciário e na<br />

colonização do oeste úmido. As medid<strong>as</strong> correlat<strong>as</strong>, para oferecer ess<strong>as</strong> nov<strong>as</strong><br />

oportunidades de ocupação permanente às famíli<strong>as</strong> aumentad<strong>as</strong>, teriam<br />

de ser tomad<strong>as</strong> com antecedência. No c<strong>as</strong>o de se contar com 8 milhões de<br />

habitantes ativos, em 1970, seria obrigatória a colocação de 3 milhões deles<br />

na pecuária, nos setores secundário, terciário e n<strong>as</strong> colôni<strong>as</strong> do oeste.<br />

Todos estamos cientes de que a elevação da renda per capita e do padrão<br />

de vida dos nordestinos depende de cultivarem maior área por habitante,<br />

colherem mais produtos por hectare, diminuírem os braços ociosos, em-<br />

171


pregarem mais gente nos afazeres da transformação de matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> e<br />

nos encargos gerais. Para essa vitória impõem-se o deslocamento cauteloso<br />

de obreiros, o incentivo à <strong>as</strong>similação de hábitos, a distribuição de mais conhecimentos,<br />

o aprimoramento da administração, a criteriosa aplicação dos<br />

investimentos, a predisposição aos sacrifícios e a continuidade da ação.<br />

A conquista de um <strong>Nordeste</strong> melhor é um empreendimento de longo<br />

prazo, um desafio à nacionalidade; o amaciamento d<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> para uma harmonia<br />

de ação terá de começar pela concordância entre os homens do governo,<br />

os políticos e os administradores dos altos cargos, sobre o que deve<br />

ser feito. A modelagem da cúpula para um entendimento mínimo seria o primeiro<br />

p<strong>as</strong>so. Em seguida, seriam dados esclarecimentos aos funcionários,<br />

aos técnicos e aos interessados diretos. Há du<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong> de progredir materialmente:<br />

pela força e pela liberdade. A primeira não se coaduna com o<br />

nosso regime político e nem com a índole do povo, a segunda está sujeita ao<br />

consentimento, à vontade e à cooperação de todos.<br />

A heterogeneidade da educação, d<strong>as</strong> posses, do conhecimento e d<strong>as</strong><br />

qualidades d<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses populacionais do Br<strong>as</strong>il é um grave empecilho à marcha<br />

ordenada da civilização, devido à disparidade de idéi<strong>as</strong>, ao conflito dos<br />

interesses, à ambição dos cargos, à troca de favores e ao egoísmo individual.<br />

No nível mais baixo, <strong>as</strong> dificuldades são mais contornáveis.<br />

Para encaminhar <strong>as</strong> soluções dos problem<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, no regime<br />

democrático, urge, primeiramente, saber até aonde chega a concordância<br />

entre os elementos da cúpula, elaborar os planos dentro da deficiência administrativa,<br />

superior, e ter paciência para suportar os sofrimentos por mais<br />

tempo e aguardar os resultados mais remotos. Temos desejado o progresso,<br />

sem considerarmos a realidade br<strong>as</strong>ileira e sem encararmos a nossa<br />

capacidade de vencer os obstáculos do alto nível e de atender <strong>as</strong> necessidades<br />

da m<strong>as</strong>sa.<br />

A vitória rápida somente seria possível com o autoritarismo de comando,<br />

com o esmagamento da liberdade, o que seria um preço demais caro para o<br />

progresso material.<br />

172


173<br />

Tabela 35 - Áre<strong>as</strong> aproximad<strong>as</strong> d<strong>as</strong> regiões e su<strong>as</strong> prováveis vocações agrícol<strong>as</strong><br />

Regiões Total Ha. Lavouráveis P<strong>as</strong>tagens Florest<strong>as</strong>, reserv<strong>as</strong>, Aproveitamento Inaproveitáveis<br />

cidades, rios, pedr<strong>as</strong> a investigar<br />

Mat<strong>as</strong>, vales<br />

úmidos, agreste,<br />

serr<strong>as</strong> chuvos<strong>as</strong><br />

Bac. Irrigação<br />

Sertão<br />

Caatinga<br />

Cariris-velhos<br />

Curimataú<br />

Seridó<br />

Carr<strong>as</strong>co<br />

Cerrado<br />

Prai<strong>as</strong> e dun<strong>as</strong><br />

100%<br />

37.723.554<br />

100%<br />

72.475.146<br />

11.046.050<br />

666.450<br />

121.911.200<br />

100%<br />

33%<br />

12.541.426<br />

28%<br />

20.261.385<br />

33%<br />

12.541.426<br />

52%<br />

40.000.000<br />

Nota: Relação: 1 ha. cultur<strong>as</strong> alimentares: 1,6 ha. lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>: 4,2 ha. p<strong>as</strong>tos.<br />

-<br />

-<br />

32.802.811<br />

26.7%<br />

-<br />

-<br />

52.541.426<br />

43,3%<br />

34%<br />

12.640.702<br />

17%<br />

12.213.761<br />

-<br />

-<br />

24.854.463<br />

20.6%<br />

11.046.050<br />

11.046.050<br />

9,0%<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

666.450<br />

666.450<br />

0,5%


174


5 - QUESTÕES DO CULTIVO SECO<br />

N<strong>as</strong> regiões irregularmente sec<strong>as</strong>, muit<strong>as</strong> vezes, a fertilidade não é o fator<br />

limitante da produção e, sim, a umidade ou <strong>as</strong> condições físic<strong>as</strong> do solo. A<br />

pluviosidade deficiente formou, no p<strong>as</strong>sado, ac característic<strong>as</strong> do terreno e,<br />

agora, condiciona o procedimento do lavrador n<strong>as</strong> operações de campo. Ele<br />

precisa ter experiência de como lavourar, quanto cultivar e guando executar<br />

os serviços.<br />

O cultivo com pouca água deve visar a três finalidades: 1) conduzir a chuva<br />

para dentro do solo; 2) aumentar o humo na terra: 3) manter o terreno fértil.<br />

Uma pluviosidade de 500mm significa 5.000m3 d’água caíd<strong>as</strong> sobre um<br />

hectare; se o lavrador não controla a erosão, os 10% ou 20% da água escorrida<br />

podem ser o frac<strong>as</strong>so na colheita. Portanto, o bom aproveitamento da<br />

água equivale ao aumento da chuva.<br />

Os processos de preparo do solo e capina, posto deêm a vitória <strong>as</strong> plant<strong>as</strong><br />

cultivad<strong>as</strong> e busquem maior rendimento, expõem demais o solo à erosão,<br />

ao desg<strong>as</strong>te e ao empobrecimento. O clean tillage, nos clim<strong>as</strong> secos, permite<br />

ao vento e à água danificarem o solo e sacrifica <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> seguintes.<br />

Manter o solo sempre coberto, plantar, capinar, colher e permitir o repouso,<br />

sem descuidar a terra, não é fácil com os nossos hábitos e a maquinaria<br />

disponível.<br />

O preparo mecânico do solo, com a terra limpa, arr<strong>as</strong>ada, mexida e afofada,<br />

que necessitaria de estímulo como se estivesse doente, que dá ganho de<br />

causa à lavoura em face do mato, entrou em choque com os novos conceitos<br />

de que a terra é um organismo vivo, reagindo negativamente na produtividade,<br />

quando retirado do seu estado natural, ecológico. O lavrador chega, <strong>as</strong>sim, à<br />

conclusão de que está lidando com dois seres vivos, o solo e a planta, que não<br />

175


pode descuidar de um à vista do outro, porque sacrificará a harmonia do resultado<br />

final. Deste modo, a conservação do solo, em ótimo estado, emparelhouse<br />

com os cuidados e <strong>as</strong> atenções que vínhamos, de há muito, dispensando <strong>as</strong><br />

plant<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong>.<br />

Para o <strong>Nordeste</strong>, devemos aproveitar a água da melhor maneira, tratar o<br />

solo com mais proteção e empregar <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> resistentes à seca com o<br />

melhoramento genético d<strong>as</strong> espécies. A cultura d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> é mais<br />

coerente com a natureza.<br />

Sabemos que ess<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, adaptad<strong>as</strong> à secura e à umidade intermitentes,<br />

conservam os seus nutrientes em estado metabolizável, dão cobertura ao<br />

solo, têm vida longa, zombando dos períodos secos; há extens<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> para<br />

plantios desde os planos arenosos ou argilosos até os de morros empedrados;<br />

seus produtos são comestíveis, industrializáveis e forrageiros, acrescentam<br />

à fazenda uma nova valorização superior ao capital investido, permitem<br />

aos lavradores praticar uma policultura, escolhendo <strong>as</strong> espécies cultiváveis<br />

conforme a altitude, o grau de aridez, <strong>as</strong> qualidades do solo e <strong>as</strong> preferênci<strong>as</strong><br />

do mercado. M<strong>as</strong>, outr<strong>as</strong> vantagens dess<strong>as</strong> “teimos<strong>as</strong> do deserto” são a agricultura<br />

de dois andares ou colheit<strong>as</strong> em dois planos, como carnaubeira com<br />

p<strong>as</strong>tagens, palma com p<strong>as</strong>to, como a cultura do figo, na Ilha Maiorca, com<br />

trigo e trevo por baixo, e outr<strong>as</strong> combinações arbóre<strong>as</strong> versus erbáce<strong>as</strong>, que<br />

podem ser intercalad<strong>as</strong>, onde <strong>as</strong> raízes profund<strong>as</strong> d<strong>as</strong> perenes se harmonizam<br />

com <strong>as</strong> mais r<strong>as</strong><strong>as</strong> d<strong>as</strong> anuais e os frutos arbóreos não prejudicam <strong>as</strong><br />

safr<strong>as</strong> r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>. Não podendo ess<strong>as</strong> plantações “de pingo d’água” serem<br />

intensivamente explorad<strong>as</strong>, porque há limite d’água e parte d<strong>as</strong> energi<strong>as</strong> potenciais<br />

são destinad<strong>as</strong> a manter a vida vegetal, a economia da produção tem<br />

de ser b<strong>as</strong>eada na seleção de clones especiais, sem comprometer a resistência,<br />

no desdobramento de área nos dois andares e na captação do máximo<br />

de umidade ao nível d<strong>as</strong> raízes. Aumentos de área são possíveis até 150%.<br />

A policultura e a intercalação d<strong>as</strong> permanentes com <strong>as</strong> de ciclo curto<br />

significam reduzir o insucesso, seja nos rendimentos brutos por caus<strong>as</strong> climátic<strong>as</strong><br />

biológic<strong>as</strong>, seja na receita pel<strong>as</strong> variações dos preços.<br />

176


Podendo ser plantad<strong>as</strong> de sementes, de galhos ou de enxertos, el<strong>as</strong> oferecem<br />

mais oportunidades para enraizamento e para ultrap<strong>as</strong>sar <strong>as</strong> crises de<br />

seca, na vida longa.<br />

As prátic<strong>as</strong> de lavoura mais importantes, onde a chuva é desigual e caprichosa,<br />

consistem em armazenar no solo a maior parte do líquido precipitado<br />

ou, dizendo de outro modo, proporcionar às plant<strong>as</strong> um período mais longo<br />

de umidade útil. Os processos usuais são os seguintes, adotados conforme<br />

<strong>as</strong> condições do solo e a espécie de lavoura:<br />

1) Contornos em curva de nível<br />

2) Cultura em faix<strong>as</strong> ou lotes alterados<br />

3) Cobertura do solo-mulchagem<br />

4) Quebra-ventos<br />

5) Rotação ou alternância<br />

6) Repouso do solo<br />

7) Dispersão da enxurrada para infiltração na terra<br />

8) Bacia de chuva<br />

9) Terraços e patamares.<br />

1) O contorno ou curva de nível é a prática de arar, de gradear, de sulcar,<br />

de “subsolar” ou de escarificar, obedecendo a linha de nível, de modo que a<br />

água penetre na terra; em percentagem máxima. Também, a plantação seguirá<br />

no mesmo sentido, seja a cultura comercial ou sejam <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> unid<strong>as</strong>, de<br />

capins, de arbustos baixos, verdadeir<strong>as</strong> “cerc<strong>as</strong> viv<strong>as</strong>”, de distância em distância,<br />

visando a segurar o solo e reter a água. Onde o terreno é coberto de<br />

seixos rolados, é possível, com uma plaina, fazer cordões de pedr<strong>as</strong>, em<br />

nível, para dominar a corrida da água.<br />

2) Cultur<strong>as</strong> em faix<strong>as</strong> ou lotes alternados.<br />

A água, em colina desprotegida, adquire velocidade e avoluma-se; por<br />

isso, o poder erosivo da enxurrada aumenta com a extensão do declive.<br />

A lavoura em faix<strong>as</strong> ou lotes alternados transforma <strong>as</strong> inclinações long<strong>as</strong><br />

numa série de declives curtos; detendo a descida da água, há redução na<br />

capacidade desta de recolher detritos e transportá-los. Nos arvoredos em<br />

177


que ficam faix<strong>as</strong> de capins e leguminos<strong>as</strong>, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, <strong>as</strong> raízes e a densidade<br />

de mato r<strong>as</strong>teiro, atravessando o “greide” do terreno, forçam a penetração<br />

da água.<br />

Outrossim, um “pano” de terra com mato anual, pode ficar interposto<br />

entre du<strong>as</strong> faix<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong>; no ano seguinte, a gleba repousada recebe o<br />

cultivo, enquanto <strong>as</strong> laterais p<strong>as</strong>sam ao alqueive. É o c<strong>as</strong>o da produção de<br />

tomates para a indústria Peixe, em Pesqueira.<br />

O lote em xadrez significa plantar um quadrado, deixando, nos quatro<br />

lados, vegetação espontânea; no ano seguinte, outra quadra é lavrada e aquela<br />

fica em repouso; <strong>as</strong>sim, o panorama do terreno parece um tabuleiro de xadrez.<br />

Para lavour<strong>as</strong> de ciclo mais longo, esse processo carece de adaptação.<br />

178<br />

3) Cobertura do solo, “mulchagem”.<br />

Sempre que lançamos ao solo serragem, palh<strong>as</strong>, ou restos de cultur<strong>as</strong>, há<br />

uma absorção da chuva pelo tapete protetor e um isolamento da ação do sol<br />

e do vento sobre a terra. Poderá haver uma diminuição de erosão e de evaporação,<br />

porém há um maior consumo do nitrogênio do solo para a multiplicação<br />

da microflora e fauna que vão decompor aquela matéria orgânica; se<br />

o solo não for rico de azoto aparecerão <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> amarel<strong>as</strong> indicador<strong>as</strong> da<br />

fome de nitrogênio na lavoura.<br />

Os benefícios atribuídos ao solo pela cobertura com bagaços, serragem,<br />

lixo, palh<strong>as</strong>, capins secos, papéis, etc. são o abafamento d<strong>as</strong> erv<strong>as</strong>, a<br />

conservação da umidade, a repressão da enxurrada, atenuação d<strong>as</strong> variações<br />

da temperatura do solo, adição de matéria orgânica e melhoria da<br />

estrutura do solo.<br />

‘“Mulches” orgânicos (13) são <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> de cobrir a terra com camad<strong>as</strong><br />

de capins, palh<strong>as</strong>, resíduos ou qualquer material que pode apodrecer. As<br />

experiênci<strong>as</strong> de Rohtak Dry Farming Research Station, em Pungab, sobre<br />

cobertura com camad<strong>as</strong> de 5 a 10cm de capim (Pennisetum xiphoideum),<br />

camada de solo seco de 5, 10 e 15cm e testemunh<strong>as</strong> de solo nu, tratamentos<br />

com 4 replicações, em v<strong>as</strong>os, de 45cm de produndidade, revelaram que os<br />

v<strong>as</strong>os sem cobertura perderam inicialmente mais umidade; depois de prepa-


ada a camada fina de solo de cobertur<strong>as</strong> (soil mulch), os v<strong>as</strong>os cobertos<br />

com capim p<strong>as</strong>saram a perder água mais depressa do que os outros, inclusive<br />

o testemunha. Um ano após o início do ensaio, todos os v<strong>as</strong>os estavam<br />

com a umidade no ponto do murchamento. A cobertura com 10cm de capim<br />

foi mais eficiente do que a de 5cm. Houve mais absorção de chuv<strong>as</strong> nos<br />

v<strong>as</strong>os com mulch de capim.<br />

King, em Quennsland, Austrália, fez ensaios de cana-de-açúcar, adotando<br />

os tratamentos abaixo:<br />

1) solo nu, erv<strong>as</strong> arrancad<strong>as</strong> à mão; 2) capinado a enxada, 5cm de<br />

profundidade para formar uma superfícíe escarificada; 3) coberto com dupla<br />

camada de sacos; 4) coberto com bagaço de cana. Caiu uma chuva no<br />

começo da experiência: após 10 di<strong>as</strong>, o teor de umidade foi determinado<br />

em intervalos, na profundidade desde 15cm até 120cm. O exame mostrou<br />

que, nos primeiros 30cm de profundidade, o bagaço e o saco tiveram efeitos<br />

semelhantes e conservaram a umidade mais do que o solo nu e o capinado<br />

a enxada.<br />

Em Porto Rico (Vicente Chadler, 1953), (14) os ensaios com mulch de<br />

bagaço de cana demonstraram uma economia de umidade equivalente a 75mm<br />

de água de irrigação.<br />

Na Ilha de Trindade, (14) Griffith observou que 15cm de palha e capim -<br />

elefante, cobrindo o solo, interceptaram 27% da chuva caída, em 7 meses.<br />

Stephenson e Schuster (14) estudaram a influência do mulch em canteiros<br />

com os seguintes tratamentos: 1) macega ou relva não capinada; 2) terreno<br />

escarificado e nu; 3) mulch de terra fofa, 15cm; 4) solo mal escavado a<br />

15cm; 5) cobertura de palha de 15cms; 6) camada de bagaço de 15cm. Eles<br />

compararam os resultados com a umidade conservada em pomar adjacente<br />

com relva. Os tratamentos começaram em abril; em agosto, o canteiro escavado,<br />

o escarificado e o do pomar relvado tinham secado até o ponto de<br />

murchamento, nos primeiros 30cm de profundidade; o teor de umidade, no<br />

canteiro com palha, era de 16,3% acima do ponto de murchamento e aquele<br />

coberto com bagaço era de 8,8% acima do ponto de murchamento. A umi-<br />

179


dade guardada a 60cm de profundidade, debaixo de palha, era equivalente a<br />

50-75mm de chuva no tempo seco.<br />

Em Nebr<strong>as</strong>ka, Duley e Kelly (14) fizeram estudos sobre a infiltração da<br />

água <strong>as</strong>pergida sobre solos arenosos, silicosos, silico-argilosos e argilosos<br />

cobertos com palha e restos de cultura, comparados com solos capinados e<br />

limpos. Os resultados, julgados pela penetração da água no solo, foram favoráveis<br />

à cobertura de palha, 18mm de chuva por hora e capinado limpo<br />

6mm de chuva por hora.<br />

Duley e Russel (14) mediram a umidade conservada em solos tratados diferentemente<br />

e expostos a 447mm de chuva entre abril e dezembro. Os resultados<br />

do efeito da cobertura de palha e dos diferentes tratamentos no<br />

armazenamento de água no solo estão na seguinte tabela:<br />

180<br />

Tabela 36 - Nebr<strong>as</strong>ka<br />

Água de chuva Penetração da<br />

Tratamento conservada água no solo<br />

mm % cm<br />

Mulch palha, 2 ton. 243 54,3 180<br />

2 ton. palha, gradeado 173 38,7 150<br />

2 ton. palha, arado 153 34,2 150<br />

Sulco bacia 123 27,7 150<br />

Sem palha, arado 93 20,7 120<br />

Sem palha, gradeado 87 19,5 120<br />

Palha decomposta-arado 78 17,4 120<br />

Fonte: Duley e Kelly<br />

Goodmam (1952) (14) cobriu o solo, debaixo d<strong>as</strong> macieir<strong>as</strong>, com 90<br />

quilos de palh<strong>as</strong>, por pé, e concluiu que o principal efeito foi aumentar a<br />

capacidade de infiltração da água no solo, provavelmente pela maior atividade<br />

da pequena fauna perfuradora do solo; o mulch elevou a infiltração a 5<br />

vezes mais.


Depois de uma seca a field capacity era atingida mais cedo.<br />

Pereira e Jones (1954) (14) concluíram que a principal ação do mulch no<br />

cafezal, na zona seca da Kenia, era aumentar a penetração da chuva e melhorar<br />

a estrutura do solo. Uma camada de 10cm de capim-elefante, seco,<br />

sob os cafeeiros, duplicou a infiltração da água em comparação com o solo<br />

nu. O mulch, aplicado, também, antes d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, dá maiores rendimentos<br />

do que colocado depois d<strong>as</strong> precipitações.<br />

Kruger (1947), na África do Sul (14) conseguiu fazer a água de irrigação<br />

penetrar 75cm de profundidade no solo, em pomar, com cobertura de palha<br />

de 7cm de espessura, enquanto que dupla quantidade d’água, em terreno<br />

limpo, penetrou somente 45cm de profundidade.<br />

J. Quintiliano A. Marques (15) achou, na cobertura do solo de cafezal,<br />

com capim-seco, em Pindorama e R. Preto, com 1.300mm de chuva, um<br />

controle de 64% na erosão do solo e 54% n<strong>as</strong> perd<strong>as</strong> d’água.<br />

Boller e Stephenson (14) experimentaram a cobertura com palha, durante<br />

10 anos, em pomar, comparada com terreno sem cobertura; <strong>as</strong> análises da<br />

matéria orgânica, do fósforo, do potássio e do cálcio solúveis foram feit<strong>as</strong><br />

com amostr<strong>as</strong> tomad<strong>as</strong> de 0 a 15cm de profundidade. O palhiço adicionou<br />

mais humo e os minerais estavam mais solúveis em p.p.m.<br />

H. Landelant e H. du Bois (16) (Congo) esclareceram com os seus ensaios<br />

de palhagem no solo, em comparação com o clean weeding, que houve um<br />

aumento de 50% a 90% no número de fungos, na superfície, conforme a<br />

natureza arenosa ou argilosa.<br />

Predominaram os Penicillium sob a manta composta de palha de milho<br />

e capim elefante e os Aspergillus no terreno constantemente capinado. Os<br />

actinomycetos foram mais abundantes debaixo do palhiço, talvez pela ligeira<br />

atenuação da acidez.<br />

Constatou-se, durante a estação do algodão, uma dominância de trichoderma<br />

sob o mulch e, fato principal, a ação inibitória do trichoderma sobre<br />

a propagação, no solo, do murchamento (Fusarium v<strong>as</strong>infectum, Atk), atribuída<br />

<strong>as</strong> propriedades antibiótic<strong>as</strong> do trichoderma.<br />

181


A prática da palhagem, no Congo, não provou qualquer variação do teor<br />

de azoto em profundidade no solo; no chão, <strong>as</strong> amostr<strong>as</strong> de 0 a 5cm revelaram<br />

superioridade de nitrogênio em relação ao talhão limpo.<br />

Nos primeiros anos, o palhiço diminui a produção de nitratos, favorece o<br />

crescimento do raizame fino, superficial, sugador de azoto, impedindo o seu<br />

arr<strong>as</strong>tamento pel<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.<br />

O balanço do potássio é sempre favorável até 40cm de profundidade; há<br />

um enriquecimento considerável em sais de potássio.<br />

O palhiço diminui a variação do calor, protege <strong>as</strong> camad<strong>as</strong> de cima contra<br />

a insolação direta e o dano pel<strong>as</strong> pancad<strong>as</strong> da chuva.<br />

A decomposição da celulose do mulch requer multiplicação d<strong>as</strong> bactéri<strong>as</strong><br />

e fungos e, portanto, azoto; quando a terra dispõe de pouco nitrogênio,<br />

este é usado pelos microorganismos e <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> amarelecem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, sinal<br />

da fome de azoto. Nos terrenos pobres, a palhagem deve ser seguida de uma<br />

adubação, se há lavoura em crescimento.<br />

Devido a relação entre clima, calor e precipitação com a formação da<br />

m<strong>as</strong>sa vegetativa e sua desintegração, há um equilíbrio n<strong>as</strong> condições do solo<br />

virgem.<br />

Essa harmonia é desfeita quando a gleba entra em cultivo, porque <strong>as</strong><br />

operações da lavoura e a exposição do solo aceleram os processos microbianos.<br />

Essa diminuição da taxa humosa do terreno é gradativa e o sistema<br />

de exploração, com <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> conservacionist<strong>as</strong>, deve estabelecer um<br />

nível de sustentação da fertilidade, para garantir a economia da produção.<br />

A rotação cultural, o repouso, a estrumação, o sombreamento auxiliam a<br />

conservar ou a elevar o teor orgânico, ao p<strong>as</strong>so que a irrigação, a exposição<br />

ao sol, o enterrio do mato, a capina constante fazem decrescer a matéria<br />

orgânica no chão.<br />

Os campos com palh<strong>as</strong> de milho, de arroz, de feijão, capins e erv<strong>as</strong> não<br />

devem ser queimados, m<strong>as</strong> cortados com a grade de discos, pesada, e deixados<br />

como proteção do solo.<br />

182


Cobertura verde - No Posto Agrícola do rio S. Francisco, Floresta, Pernambuco,<br />

deixamos que nos pomares de laranjeir<strong>as</strong> e coqueiros irrigados,<br />

em terreno argiloso e arenoso, há 5 anos, crescesse o mato entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>,<br />

com roços de foice e gradagens periódic<strong>as</strong> e rega n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> limp<strong>as</strong>, em<br />

torno d<strong>as</strong> árvores.<br />

É uma tentativa para aumentar o humo, conservar a água e melhorar a<br />

estrutura granular do solo. As análises periódic<strong>as</strong> não indicaram acréscimo<br />

de matéria orgânica nem de azoto; a umidade, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, mantém-se<br />

baixa, enquanto a água é aplicada n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong>. A composição botânica do<br />

mato está melhorando com a predominância, cada ano maior, d<strong>as</strong> leguminos<strong>as</strong>,<br />

razão porque acreditamos na lenta melhoria física do solo. Houve diminuição<br />

na erosão pel<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> e pelos ventos.<br />

A manutenção de uma cobertura vegetal, atapetada, no meio dos pomares<br />

e arvoredos, não deixa de ser uma modalidade de adubação verde. É<br />

preciso então verificar a quantidade de nódulos que se formam n<strong>as</strong> raízes d<strong>as</strong><br />

leguminos<strong>as</strong>, o ciclo do azoto n<strong>as</strong> condições locais e se a produção de nitratos<br />

é superior à sua <strong>as</strong>similação pel<strong>as</strong> erv<strong>as</strong>, de modo a sobrar fertilizante<br />

para <strong>as</strong> árvores. A sega ou gradagem do mato mais maduro dá, em decomposição,<br />

menos nitratos e mais humo. Cortando o mato bem novo, com pouca<br />

fibra, obtem-se menos matéria orgânica e mais azoto.<br />

Na adubação verde, entre árvores, em que uma leguminosa é plantada<br />

para enterrio, urge providenciar boa inoculação de nódulos n<strong>as</strong> raízes, volume<br />

de m<strong>as</strong>sa verde e enterrio em condições de umidade. Há uma competição<br />

para o azoto entre <strong>as</strong> árvores e o adubo verde, na f<strong>as</strong>e da humificação:<br />

enterrada, a m<strong>as</strong>sa verde leva ao solo <strong>as</strong> proteín<strong>as</strong> e os hidratos de carbono<br />

para decomposição e nitrificação, o que consome os nitratos do solo e causa<br />

“fome” n<strong>as</strong> árvores.<br />

Terminada a nitrificação do adubo verde, haverá, no solo, excessos de<br />

azoto, que poderá ser perdido.<br />

Assim, na adubação verde, cumpre atenuar a falta e o excesso de nitrogênio,<br />

bem como a sua perda anual.<br />

183


As questões d<strong>as</strong> erv<strong>as</strong>, dos adubos verdes, dos palhiços, etc., no solo,<br />

carecem de ensaios de campo, conforme <strong>as</strong> condições locais, acompanhad<strong>as</strong><br />

de análises interpretativ<strong>as</strong> dos resultados. Tomando conhecimento do<br />

que está sendo estudado em outros países, perceberemos melhor os fatores<br />

a considerar n<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong>.<br />

Mulch do próprio solo - O clean tillage forma, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> de plant<strong>as</strong>,<br />

uma camada de terra fofa ou poeira de cima que, outrora, foi julgada de<br />

valor na conservação da umidade.<br />

As pesquis<strong>as</strong> (17) têm esclarecido que esse “colchão” de terra fofa e seca<br />

não impede a evaporação da água, somente há a economia parcial da umidade<br />

que seria absorvida pel<strong>as</strong> erv<strong>as</strong> que foram eliminad<strong>as</strong>.<br />

As estações experimentais (18) de clim<strong>as</strong> secos têm provado que <strong>as</strong> lavr<strong>as</strong><br />

profund<strong>as</strong> não mitigam os efeitos da seca e que a subsolagem não guarda<br />

mais água nem amplia a zona d<strong>as</strong> raízes.<br />

Aqueles que já abriram sondagens no sertão, na caatinga e no seridó<br />

sabem que, normalmente, o subsolo é enxuto, salvo <strong>as</strong> aluviões n<strong>as</strong> beir<strong>as</strong> de<br />

rios, onde pode haver água no lençol freático.<br />

Mulch de pedr<strong>as</strong> - Nos vinhedos da França, a cobertura do chão com<br />

pedra é usada para conservar a umidade.<br />

Lamb e Chapman, em Ithaca, (14) ensaiaram os efeitos da cobertura de<br />

pedr<strong>as</strong> com 65% e 18% da área, em comparação com a cobertura de palh<strong>as</strong><br />

e o solo nu, em declives de 18 a 20%. A remoção d<strong>as</strong> pedr<strong>as</strong> superficiais<br />

duplicou o run-off e aumentou 6 vazes <strong>as</strong> perd<strong>as</strong> do solo pela erosão; a<br />

cobertura de 65% da superfície com seixos reduziu mais <strong>as</strong> perd<strong>as</strong> de solo<br />

do que a de 18% de cobertura. A cobertura de palha foi mais eficiente para<br />

reter a água e o solo do que a proteção com pedrinh<strong>as</strong>.<br />

No seridó, há terrenos naturalmente cobertos com seixos rolados de 5 a<br />

10 e 15cm de espessura, em áre<strong>as</strong> não pequen<strong>as</strong>; os lavradores usam esses<br />

campos para plantio de algodão mocó; <strong>as</strong> cov<strong>as</strong> são fund<strong>as</strong>; arredando os<br />

seixos, o chão por baixo apresenta-se mais úmido e a malvácea prospera<br />

bem, apesar do empecilho à capina mecânica.<br />

184


4) Quebra-vento - Não é aconselhável fazer roçad<strong>as</strong> larg<strong>as</strong> e extens<strong>as</strong>,<br />

n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> e capoeir<strong>as</strong>, porque o intemperismo estraga e seca muito o<br />

solo. Em tais c<strong>as</strong>os, deixa-se em cada 100 ou 200 metros de roçado, uma<br />

faixa de vegetação nativa, com 20 a 30 metros de largura, perpendicular aos<br />

ventos dominantes. Se a vegetação espontânea, alta, já foi destruída, os renques<br />

de árvores são plantados com a largura e a distância citad<strong>as</strong>. A barragem<br />

de árvores unid<strong>as</strong> impele o vento baixo para cima e protege a terra. O<br />

aveloz, o eucalipto, o juazeiro, o tamarindo, a canafístula, o bambu, servem<br />

para esse fim, devendo escolher-se bem a espécie que melhor se adapte <strong>as</strong><br />

condições do solo e do clima. As paredes verdes são preparad<strong>as</strong> com a<br />

divisão dos talhões cultiváveis, com <strong>as</strong> estrad<strong>as</strong> e com a organização d<strong>as</strong><br />

p<strong>as</strong>tagens. A faixa arbórea, verde, unida, tem uma função especial na defesa<br />

do solo, porque serve de barragem contra a enxurrada, amortece a força do<br />

vento quente, sugando a umidade do chão, e permite abrigo à p<strong>as</strong>sarada<br />

comedora d<strong>as</strong> lagart<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong> d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>.<br />

5) Rotação ou afolhamento - A mudança sistemática d<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong>, nos<br />

talhões, numa série de anos, é prática que tem por finalidade ordenar <strong>as</strong><br />

operações, economizar trabalhos preparativos, auxiliar o controle d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong><br />

e evitar oscilações brusc<strong>as</strong> n<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>. N<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, permanentes,<br />

o afolhamento tem pouca aplicação; poderá ser usado n<strong>as</strong> plantações<br />

intercalares, anuais, sob <strong>as</strong> árvores. A longo prazo, a rotação ou troca d<strong>as</strong><br />

lavour<strong>as</strong> resistentes à seca poderá ser feita com <strong>as</strong> p<strong>as</strong>tagens no sertão, na<br />

caatinga, no seridó, etc.<br />

6) Alqueive - O repouso do solo com o mato nativo, seja erbáceo ou<br />

arbustivo, é o processo usado pelo matuto quando ele roça, cada ano, terreno<br />

nevo e deixa o último roçado entregue às plant<strong>as</strong> espontâne<strong>as</strong>. É o método<br />

natural, m<strong>as</strong>, com a repetição constante d<strong>as</strong> queimad<strong>as</strong>, com o declive e<br />

o abandono, sem outros meios de proteção, a gleba acaba transformando-se<br />

em deserto. lnegavelmente, o pousio, repouso ou alqueive, com a cobertura<br />

verde, evitando-se a erosão, é meio prático de restaurar ou de melhorar,<br />

periodicamente a fertilidade parcial de uma terra. As lavour<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> podem<br />

ser substituíd<strong>as</strong>, nos campos, pelos p<strong>as</strong>tos, embora os ciclos vegetativos<br />

sejam mais demorados; e uma forma de pousio a longo prazo.<br />

185


7) Dispersão da enxurrada para infiltração no solo. Esta operação consiste<br />

em obrigar, por diversos meios, a água da chuva, que escorre, a penetrar<br />

no talhão onde já existe lavoura ou onde a tencionam fazer. Essa umidade<br />

será, então, somada com a que lá está disponível para <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>.<br />

Não tem importância que o despejo dessa água, no terreno do arvoredo,<br />

seja irregular ou se dê somente quando chove, pois o xerofilismo mantém os<br />

vegetais vivos e todo acréscimo hídrico, no solo, é aproveitado para aumento<br />

de produção. O custo de derivar a enxurrada é mínimo, quando se faz um<br />

dique, oblíquo ao eixo do riacho, tapando a corrente e forçando-a a entrar<br />

no sulco ou canal lateral, bem largo, aberto com o arado, corrigido com a<br />

enxada e que transporta a água para o campo. Essa pequena barragem, com<br />

sangradouro de pedra, ao lado, e rip-rap, é preparada com “pé de cavalo”<br />

puxada a bois e o “canal” é marcado com régua e nível de pedreiro e declividade<br />

de 5 a 8cm por 100 metros de comprimento e feito com arado e<br />

triângulo de madeira com tração de bois; esse rego terá largura variável de 4<br />

a 10 metros e, na entrada, uma comporta de madeira, regulável. O dique não<br />

é de acumulação e, por isso, não carece de fundação; seu fim único é empurrar<br />

a corrente para o canal.<br />

Se a fazenda receber 500mm de chuva, por ano, e se a área de captação<br />

do riacho for de 10km 2 , com um run-off de 5%, o desvio poderá lançar<br />

250.000m 3 d’água na lavoura de 50 hectares ou sejam 5.000m 3 d’água por<br />

hectare, além da chuva direta sobre a plantação. Esta adição de umidade<br />

para lavour<strong>as</strong> de algodão mocó, de oiticica, de carnaubeira, de sisal, de cajueiro<br />

e outr<strong>as</strong> tem uma grande importância no rendimento. No campo, essa<br />

água é espalhada, entre <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong>, por sulcos em leque ou saíd<strong>as</strong> longitudinais.<br />

Antes do inverno, cada ano, a obra de derivação é revista, o “canal” é<br />

limpo e a lavoura permanece sulcada para a embebição da água.<br />

Outro processo de usar a enxurrada consiste em dirigir a corrente que<br />

desce os morros para <strong>as</strong> terr<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong>, em sulcos oblíquos ou em ziguezague.<br />

F.H. King (19) conta que viu, na China, os lavradores saírem de su<strong>as</strong><br />

c<strong>as</strong><strong>as</strong>, na aldeia, com a chuva, de madrugada, para conduzirem, por meio de<br />

regos, com enxada, a água da enxurrada, nos morros, para <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>.<br />

186


8) Bacia de chuva - As cov<strong>as</strong> grandes, para o plantio de árvores, em<br />

terrenos inclinados, servem, também, para coletar chuv<strong>as</strong> na zona d<strong>as</strong> raízes.<br />

Os buracos ou baci<strong>as</strong> são abertos com o volume de 1m3, pondo-se a terra<br />

da cova para o lado de baixo, dando-se inclinação para dentro; dois sulcos<br />

laterais encaminham a enxurrada de fora para dentro da bacia. A água e os<br />

detritos tendem a acumular nessa escavação. Essa prática é adotada na cultura<br />

da oliveira, na África do Norte, nos cafezais da América Central, nos<br />

seringais da Malásia, n<strong>as</strong> plantações de chá do Ceilão, etc. A chuva e conduzida,<br />

sem perda, para o nível d<strong>as</strong> raízes e mesmo a sua penetração profunda<br />

é útil para os órgãos subterrâneos em crescimento descendente.<br />

9) Terraços e patamares - Quando <strong>as</strong> árvores xerófil<strong>as</strong> têm de ser plantad<strong>as</strong><br />

em encost<strong>as</strong>, c<strong>as</strong>o em que o terreno deverá ter regular profundidade, o<br />

armazenamento de água e a erosão podem ser resolvidos com a construção<br />

de terraços, banquet<strong>as</strong> ou patamares, em curva de nível ou com pequenos<br />

declives no comprimento. Antes do plantio, o campo é marcado com piquetes,<br />

pelo nivelamento, dando o comprimento de cada banqueta e o intervalo<br />

entre el<strong>as</strong>. A construção é feita com sulcos de arado e plaina, encostando a<br />

terra fofa para o lado de baixo e dando-se largura suficiente e inclinação para<br />

dentro do terraço. As tabel<strong>as</strong> e os dados para a execução d<strong>as</strong> banquet<strong>as</strong><br />

podem ser lidos n<strong>as</strong> publicações especializad<strong>as</strong> (20 e 21) . No fundo do terraço,<br />

a água pode correr lentamente ou ficar parada para infiltração no solo, conforme<br />

a declividade, a porosidade, os intervalos dos patamares e a intensidade<br />

d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. Os equipamentos simples para fazer terraços são: régua, nível<br />

de pedreiro, enxada, arado, triângulo de madeira; os instrumentos mais perfeitos<br />

são: o nível de engenheiro, a plaina terraçadoura, o scraper, etc.<br />

187


188<br />

5.1 - Algodão Mocó<br />

Dizem os historiadores (22) que a cultura do algodão começou, no Ceará,<br />

em 1777, com a produção de 77 arrob<strong>as</strong>, na Serra da Uruburetama.<br />

Não há referência ao tipo ou variedade cultivada. O Dr. Idelfonso Albano<br />

registra (22) , <strong>as</strong> exportações do Ceará, dessa fibra, de 1777 a 1821, não<br />

seguidamente, e de 1845 a 1915.<br />

Ainda que a cultura do algodão mocó seja bem antiga no <strong>Nordeste</strong>, os<br />

agrônomos br<strong>as</strong>ileiros, estudiosos dessa planta, como Ursulino Veloso (23) ,<br />

Fernando Melo (24) , Carlos Faria (25) , Honorio Monteiro, João Batista Cortês,<br />

Alcides Franco, Pimentel Gomes e outros, não dão como esclarecida a origem<br />

dessa malvácea. Esses autores citados e alguns outros estrangeiros emitiram<br />

<strong>as</strong> seguintes opiniões, ainda não devidamente elucidad<strong>as</strong>: 1) que o mocó<br />

descende do algodão egípcio Mako, cultivado outrora no Rio Grande do<br />

Norte; 2) que ele veio do Sea-Island, plantado no seridó no século XIX; 3)<br />

que seria originário do seridó.<br />

O Engenheiro agrônomo Fernando Melo, em excelente monografia (24) ,<br />

diz às págin<strong>as</strong> 22 e 23: “quem primeiro trouxe, para o seridó, sementes de<br />

algodão, para cultivo e negócio, foi Alexandre Garcia do Amaral, vulgo Alexandre<br />

Menino, morador no rio S. José, município de Acary. “Matuto” que<br />

negociava com carne e queijo para Recife, numa dess<strong>as</strong> viagens, em 1861,<br />

trouxe sementes de algodão de espécies: quebradinho e herbáceo. Em 1887,<br />

deram um pouco de sementes pret<strong>as</strong>, miúd<strong>as</strong>, e plantei na mesma época”.<br />

Indagando a origem d<strong>as</strong> sementes, escreveu: “Cândido Fernandes de Araújo,<br />

vulgo Cândido Coxo, morador no rio S. José, município de Acary, indo a<br />

Bananeir<strong>as</strong>, Estado da Paraíba, hospedou-se em c<strong>as</strong>a de seu amigo João<br />

Marques, residente em Chan do Moreno, no município de Bananeir<strong>as</strong>: “Este<br />

indo ao porto daquele Estado, comprou uma arroba de sementes vind<strong>as</strong> do<br />

Egito, <strong>as</strong>sim disse-lhe uma pessoa. Deu um punhado ao seu hóspede, o qual<br />

plantou-<strong>as</strong> em seu sítio (Fernando de Melo do N<strong>as</strong>cimento, na história do<br />

algodão do seridó, escrita por Francisco Raymundo de Araújo)”.


A cl<strong>as</strong>sificação botânica do algodoeiro mocó tem sofrido modificações.<br />

Ursulino Veloso (23) aceita a de Gossypium purpur<strong>as</strong>cens, Poir.<br />

Habitat - O algodoeiro mocó é cultivado no <strong>Nordeste</strong> semiárido, especialmente<br />

no seridó e em alguns pontos do sertão d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> baix<strong>as</strong>. O seu<br />

ótimo ecológico é o seridó.<br />

As plant<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, indicador<strong>as</strong> d<strong>as</strong> condições edáfic<strong>as</strong> e climátic<strong>as</strong> para o<br />

mocó, são: Jurema (Mimosa verrucosa), capim pan<strong>as</strong>co (Aristida adscencionis),<br />

xique-xique (Pilocerus setosus), faveleiro (Cnidosculus phytacantus),<br />

puiba (Kallstroemia tribuloides), oiticical (Licania rigida). O ótimo ecológico<br />

para o algodoeiro mocó é encontrado no seridó, nos seguintes municípios:<br />

Serra Negra, Parelh<strong>as</strong>, Jucurutu, Jardim do Seridó, Ouro Branco, Carnaúba,<br />

Caicó, Florânia, Acari (RN) e Sta. Luzia, S. Mamede, Patos e Malta (PB); no<br />

Ceará, a zona do mocó se estende de Quixadá, Quixeramobim, Solonópoles,<br />

Frade, Canindé, Irauçuba. É verdade que há produção de algodão mocó em<br />

alguns municípios do sertão paraibano e cearense que não estão citados aqui.<br />

Procuramos situar o ótimo ecológico para o mocó n<strong>as</strong> maiores manch<strong>as</strong> de<br />

solos preferidos e de ambientes climáticos mais favoráveis, isto é, n<strong>as</strong> altitudes<br />

entre 100 e 300m, com chuv<strong>as</strong> médi<strong>as</strong> de 400mm a 759mm, com verão seco<br />

(apesar de que essa cultura dá safr<strong>as</strong> com 300mm), com noites quentes, sem<br />

orvalho e temperatur<strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, variando entre 20°C a 33°C, e nos solos argilosos,<br />

silico-argilosos ou piçarrentos.<br />

Dotado da capacidade de conservar reserv<strong>as</strong> nutritiv<strong>as</strong> n<strong>as</strong> raízes e nos<br />

galhos vegetativos, sóbrio n<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> d’água e soltando <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> n<strong>as</strong><br />

sac<strong>as</strong> para diminuir a evaporação, este algodoeiro perene é “uma d<strong>as</strong> maravilh<strong>as</strong><br />

desta retorta mágica que é a flora nordestina”. Sobre a raiz do algodoeiro<br />

mocó, o agrônomo F. M. do N<strong>as</strong>cimento <strong>as</strong>sim se manifesta (15) , “O<br />

sistema radicular do algodoeiro cultivado em seridó tem sido objeto de considerações<br />

dos que a ele se tem reportado, daí empreendermos divers<strong>as</strong><br />

verificações, plant<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong>, em terreno de “várzea”, procurando determinar,<br />

principalmente, o tamanho da raiz pivotante. Nossa atenção se derivou<br />

para esse fato vez que havia o seguinte testemunho: “raiz principal do<br />

algodão mocó é perpendicular e penetra <strong>as</strong> camad<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> do solo até en-<br />

189


contrar a umidade de que necessita, atingindo, algum<strong>as</strong> vezes, a profundidade<br />

de 7 metros, como já observei, no seridó, na Fazenda Cau<strong>as</strong>su, de propriedade<br />

do Sr. Joaquim da Virgem Pereira”. N<strong>as</strong> vári<strong>as</strong> sondagens que realizamos<br />

em campos de cultura, alcançamos a média de 0,65m para a raiz<br />

pivotante. As raízes laterais se desenvolviam mais, atingindo até 1,50m e<br />

começavam a ser encontrad<strong>as</strong> a 0,10m abaixo do nível do solo.<br />

Quanto aos nós, o mesmo autor esclarece: “Ao estudo botânico do algodoeiro<br />

mocó, executamos observações a respeito do número de nós como<br />

elemento de separação entre o tipo comumente conhecido como herbáceo,<br />

anual, simpodial, e o algodoeiro perene, de larga longevidade. O elevado<br />

número de nós tendendo para o arbóreo, daria maior ciclo de produção<br />

econômica, evitando-se, <strong>as</strong>sim, a tendência do algodoeiro ao tipo anual; o<br />

que se acentuava, em trabalhos seletivos de longa data, era a precocidade”.<br />

“O algodoeiro mocó que estudamos, dentro da IANE-S-9-l93, se enquadra,<br />

perfeitamente, neste objetivo, como um monopodial típico, com o<br />

número de nós variando em torno de 17. Para contagem do número de nós<br />

seguimos a técnica preconizada pelos breeders de algodoeiro, que trabalham<br />

nesta região, com o algodoeiro moco (11) .<br />

A função dos galhos vegetativos é, <strong>as</strong>sim, descrita pelo mesmo autor,<br />

página 20: “A determinação, por contagem, do número de galhos vegetativos<br />

foi prática que seguimos desde o início. Embora fosse necessário um maior<br />

número de anos n<strong>as</strong> investigações, para saber o limite máximo de número<br />

deles no c<strong>as</strong>o especial do algodoeiro mocó, sempre cuidamos de eliminar <strong>as</strong><br />

plant<strong>as</strong> que não os possuíam, dada a importância de sua fisiologia. No algodoeiro<br />

herbáceo, Gossypium hirsutum L. , de ciclo vegetativo curtíssimo, o<br />

melhoramento tem, como um dos objetivos, a eliminação total dos ramos<br />

vegetativos e aumento dos ramos frutíferos, ao contrário do algodoeiro mocó,<br />

em que a “eliminação dos ramos vegetativos, desse algodoeiro, tipo perene<br />

de região arada, implica na diminuição de sua resistência natural às vicissitudes<br />

mesológic<strong>as</strong>”. Em estudo posteriormente realizado, chegamos à conclusão:<br />

“Existe correlação positiva e significante entre os caracteres NÓS E<br />

NÚMERO DE GALHOS VEGETATIVOS”.<br />

190


Reprodução - O processo natural de reprodução do algodoeiro é a<br />

semente. Para fins de estudo e seleção, o agrônomo Lauro Bezerra, na<br />

Estação de Vila Bela, Pernambuco, iniciou, em 1936, a reprodução por<br />

enxertia, meio de “perpetuar” híbridos. A reprodução pelo enraizamento<br />

de estac<strong>as</strong>, buscando transmitir os caracteres d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>-mães por determinado<br />

tempo, foi introduzido na Estação Experimental de Cruzeta, em<br />

1951 (17) . Esse estabelecimento, situado no seridó, R.G. do Norte, cuida do<br />

melhoramento genético do mocó. Subordinado ao CNEPA, M. A., tem<br />

sido dirigido pelos agrônomos mais conhecedores desta malvácea, como:<br />

Otávio Lamartine, Sylvio Bezerra, Ursulino Veloso, Antídio Guerra, João<br />

Batista Cortês, Fernando Melo e outros.<br />

Na Secretaria da Agricultura da Paraíba, o agrônomo Carlos Faria vem,<br />

há anos, melhorando o mocó, com bons resultados práticos, mediante cooperação<br />

com a Cia. Br<strong>as</strong>ileira de Linh<strong>as</strong>, na Fazenda S. Miguel, em Angicos,<br />

Rio Grande do Norte.<br />

Segundo diz F. Melo, a seleção tem sido feita em m<strong>as</strong>sa e individualmente.<br />

No processo de seleção em m<strong>as</strong>sa têm sido observados os seguintes<br />

caracteres: comprimento da fibra, resistência, finura, <strong>as</strong>pecto vegetativo,<br />

porte, sanidade, nós e esterilidade. O agrônomo Carlos Faria, ensinando<br />

aos agricultores, recomenda selecionar <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> de boa frutificação,<br />

com 17 nós, galhos laterais médios, capulhos grandes não situados n<strong>as</strong><br />

pont<strong>as</strong> dos ramos, sementes pret<strong>as</strong>, lis<strong>as</strong>, com tufos de fibra n<strong>as</strong> pont<strong>as</strong>,<br />

fibr<strong>as</strong> long<strong>as</strong>, branc<strong>as</strong>, maci<strong>as</strong> e resistentes. Com ess<strong>as</strong> indicações, o lavrador<br />

prático e cuidadoso pode escolher <strong>as</strong> melhores plant<strong>as</strong> e plantar <strong>as</strong><br />

sementes de boa qualidade, cada ano.<br />

O agrônomo F. Melo chama a atenção para o número de nós e o número<br />

de galhos vegetativos n<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> eleit<strong>as</strong>, pois o número de nós, em<br />

torno de 17, determina a longevidade da planta e os galhos vegetativos<br />

caracterizam a resistência do mocó à aridez. Há necessidade de balancear,<br />

na seleção, ess<strong>as</strong> du<strong>as</strong> qualidades com outros atributos citados, especialmente<br />

aqueles da produção por área e <strong>as</strong> especificações d<strong>as</strong> fibr<strong>as</strong>.<br />

191


Não discutiremos a seleção individual, estandard, do algodoeiro mocó;<br />

recomendamos aos interessados <strong>as</strong> leitur<strong>as</strong> d<strong>as</strong> monografi<strong>as</strong> citad<strong>as</strong>.<br />

A longevidade revelada pelo número de nós do caule, o xerofilismo patenteado<br />

na elevada capacidade de sucção osmótica d<strong>as</strong> raízes, <strong>as</strong> qualidades<br />

da fibra demonstrad<strong>as</strong> no comprimento, resistência, maciez, etc. , são <strong>as</strong><br />

grandes vantagens que o mocó tem sabre qualquer outra variedade no seridó<br />

e no sertão. Aumentar a produção desse algodoeiro, por área, diminuir <strong>as</strong><br />

variações dos seus caracteres, para tornar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> fibr<strong>as</strong> mais homogêne<strong>as</strong> e<br />

com bo<strong>as</strong> qualidades de fiação, são os melhoramentos necessários, desde<br />

que mantenhamos inalteráveis a resistência à seca e a longevidade.<br />

Cultura do Mocó - Esta lavoura constitui, para o morador e o proprietário,<br />

a c<strong>as</strong>h crop que permite, após a safra, <strong>as</strong> compr<strong>as</strong> de roupa, de ferrament<strong>as</strong>,<br />

de remédios, de arame farpado, de equipamento e, às vezes, até de<br />

gado. Os sertanejos mais pobres, em alguns c<strong>as</strong>os, são forçados a venderem<br />

o algodão “na folha”, isto é, antes d<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>, por deficiência de capital ou de<br />

financiamento. Ess<strong>as</strong> compr<strong>as</strong> antecipad<strong>as</strong> são feit<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> companhi<strong>as</strong> algodoeir<strong>as</strong><br />

ou pelos comerciantes. Os produtores mais avisados preferem receber<br />

o numerário por oc<strong>as</strong>ião d<strong>as</strong> vend<strong>as</strong>, quando adquirem mercadori<strong>as</strong> ou<br />

bens em melhores condições.<br />

O algodão aumenta a circulação do dinheiro, no interior, no período de<br />

maio a setembro, época em que já existe previsão de safra ou em que a fibra<br />

já foi colhida. Os tratos d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong>, os combates às prag<strong>as</strong>, <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong>, os<br />

beneficiamentos e os transportes dão ocupação a maior número de pesso<strong>as</strong><br />

nos meses de março a setembro. Nos restantes cinco meses do ano, o algodão<br />

oferece pouc<strong>as</strong> oportunidades de trabalho. Por <strong>as</strong>se motivo, a lavoura<br />

dessa fibr<strong>as</strong> é sempre conjugada com a criação de gado, cultura de cana ou<br />

colheita de carnaúba, de oiticica ou de caju, que proporcionam ocupação<br />

depois de setembro.<br />

A distribuição de serviços n<strong>as</strong> fazend<strong>as</strong>, durante o ano, tem muita influência<br />

no bem-estar d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> dos moradores e dos <strong>as</strong>salariados. A exploração<br />

de mais de um ramo agrícola ajuda a diminuir o desemprego de braços.<br />

192


O pique do trabalho algodoeiro situa-se em julho, com a “apanha” manual do<br />

algodão.<br />

Há dois sistem<strong>as</strong> de lavoura; a <strong>as</strong>salariada e a de parceria. Em geral os<br />

pequenos proprietários preferem estabelecer os seus algodoais com o trabalho<br />

próprio e operários pagos a dia. Os fazendeiros gostam mais da parceria<br />

com os moradores, a qual consiste na combinação do proprietário fornecer a<br />

terra cercada, <strong>as</strong> sementes e os inseticid<strong>as</strong>: o parceiro entra com o trabalho<br />

de cuidar do algodoal até o fim do segundo ano; planta cereais entre <strong>as</strong><br />

fileir<strong>as</strong> de algodão, retém <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> e entrega o algodoal enraizado. Nesse<br />

c<strong>as</strong>o, o fazendeiro paga a colheita da fibra, por arroba. A parceria, às vezes,<br />

é “de meia” ou “de terça”, conforme a combinação entre os interessados.<br />

É hábito do sertanejo não capinar o algodoal arbóreo depois do segundo<br />

ano e, sim, fazer uma roçagem do mato entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, no inverno. Após <strong>as</strong><br />

colheit<strong>as</strong>, no verão, o criador põe o gado na lavoura para “aproveitar o p<strong>as</strong>to”.<br />

Pode-se cl<strong>as</strong>sificar a lavoura do algodão mocó, no <strong>Nordeste</strong>, em três<br />

tipos: 1) “matuta”; 2) mecanizada; 3) em covet<strong>as</strong>.<br />

A lavoura “matuta” consiste na roçagem da caatinga, na queima, sem<br />

destocamento, plantio do algodão sem alinhamento, intercalação de milho,<br />

feijão ou mandioca nos dois primeiros anos, capina de enxada enquanto há<br />

cultur<strong>as</strong> mist<strong>as</strong>, roço d<strong>as</strong> erv<strong>as</strong> depois do algodoeiro ter completado o porte<br />

e aproveitamento d<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong> pelo gado, no verão, após <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong>.<br />

Nesse trabalho tradicional, os instrumentos usados são a enxada, a foice e o<br />

machado; os roçados são transferidos periodicamente (cada 10 anos, em<br />

média) para novo talhão na caatinga repousada. Essa forma de agricultura<br />

abrange a maior área plantada no Polígono; tem semelhanç<strong>as</strong> com o tipo de<br />

lavoura “corridor”, usado no Congo, com a “milpa”, do milho, no México e<br />

com a prática de roça dos “kaingineros”, n<strong>as</strong> Filipin<strong>as</strong>.<br />

A roça matuta, alternando os talhões quando os algodoeiros envelhecem,<br />

empregando <strong>as</strong> capin<strong>as</strong> somente para o enraizamento, cortando o mato com<br />

a foice, em forma de limp<strong>as</strong>, permitindo às erv<strong>as</strong> cobrirem o solo, com o<br />

mínimo de trabalho, baixo rendimento (200kg-ha) e caráter extensivo, é uma<br />

193


forma de agricultura originada de intuição ou do ócio, e que conserva, em<br />

parte, a fertilidade da terra, quando o ciclo da exploração é seguido do alqueive<br />

demorado com a vegetação nativa.<br />

Esse sistema de cultura somente pode ser mantido com largueza de área<br />

e esc<strong>as</strong>sa população; quando a densidade dos habitantes cresce, diminui<br />

muito o tempo dos pousios e a repetição dos roçados, com intervalos curtos,<br />

nos mesmos talhões, surge o desg<strong>as</strong>te e o empobrecimento do solo. Já existem<br />

muit<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> erodid<strong>as</strong> e esgotad<strong>as</strong>, resultantes desse processo, especialmente<br />

nos municípios em que o setor rural está congestionado demograficamente.<br />

Com a modificação d<strong>as</strong> condições de vida do povo, do decréscimo<br />

d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> disponíveis per capita, da elevação dos salários, a lavoura<br />

“matuta” tem de ser melhorada com os plantios de sementes selecionad<strong>as</strong>,<br />

com o controle da erosão, com o combate mais eficiente às prag<strong>as</strong>, com a<br />

adubação e <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> mais cuidados<strong>as</strong>. A lavoura de covet<strong>as</strong>, citada mais<br />

adiante, representa um aperfeiçoamento no trabalho tradicional.<br />

A cultura mecanizada tem sido adotada para <strong>as</strong> plantações extens<strong>as</strong>, terrenos<br />

mais planos, com o intuito de industrializar a cotonicultura.<br />

A introdução de máquin<strong>as</strong> motorizad<strong>as</strong> nos campos nordestinos parecenos<br />

ser mais uma questão de grau de mecanização e de bom senso. Não<br />

somos contra <strong>as</strong> máquin<strong>as</strong>; refletindo-se no elevado empate de capital, n<strong>as</strong><br />

dificuldades de peç<strong>as</strong>, nos altos custos dos combustíveis e dos lubrificantes,<br />

na falta de mecânicos para os reparos, n<strong>as</strong> inconveniênci<strong>as</strong> do revolvimento<br />

do solo, acelerando a erosão pel<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> e pelo vento, na deficiência da<br />

organização administrativa d<strong>as</strong> propriedades, no excedente de braços ociosos,<br />

somos levados a julgar mais recomendável a meia-mecanização, na qual<br />

há melhor aproveitamento da tração animal, a substituição do arado pela<br />

grade de discos, o uso mais constante do cultivador de uma fileira, a adoção<br />

de prátic<strong>as</strong> de conservação do solo e de defesa contra a erosão, o emprego<br />

mais largo dos pulverizadores e d<strong>as</strong> polvilheir<strong>as</strong>.<br />

Assim como p<strong>as</strong>samos do carro de boi para o caminhão, sem a f<strong>as</strong>e da<br />

carroça, do telégrafo para o rádio, sem generalizar o telefone, também queremos<br />

mudar da enxada para o trator. Aconteceu que a introdução do trator<br />

194


evelou-se muito complexa. Os serviços agrícol<strong>as</strong> tomaram o trator para<br />

demonstrações por meio de empréstimos e os fazendeiros entenderam que o<br />

trabalho seria anual e gerou-se o paternalismo d<strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> feit<strong>as</strong> com <strong>as</strong><br />

máquin<strong>as</strong> do governo. Um ponto chegou em que não há quantidade de máquin<strong>as</strong>,<br />

nem peç<strong>as</strong>, nem reparos que sejam suficientes para atender a todos.<br />

Muitos esperam <strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> oficiais até para pequen<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong>, que poderiam<br />

ser feit<strong>as</strong> a tempo mais barat<strong>as</strong> com os seus próprios animais. Às vezes,<br />

a máquina e removida de 100 e 200km de distância para satisfazer pedido<br />

político. É preciso acabar com o paternalismo. O fomento agrícola deve ser<br />

transformado em trabalho de extensão rural. Aí, os outros fatores, que implicam<br />

na mecanização, serão estudados e resolvidos em cada c<strong>as</strong>o. A adoção<br />

de máquin<strong>as</strong> motorizad<strong>as</strong> depende de área cultivada, do capital do fazendeiro,<br />

do tamanho e da organização da fazenda, de haver mecânico e da distribuição<br />

dos serviços durante o ano.<br />

O novo método de plantar algodão mocó, que aproveita toda a chuva,<br />

que chamaremos cultura em corvet<strong>as</strong>, foi introduzido pelo agrônomo Carlos<br />

Faria, da D. P. da Paraíba, na Fazenda S. Miguel, da Cia. Br<strong>as</strong>ileira de Linh<strong>as</strong>.<br />

O seu autor <strong>as</strong>sim o descreve:<br />

“Levando em consideração a irregularidade d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> no <strong>Nordeste</strong>, a<br />

Estação Experimental de Pendência da Paraíba procede desde 1943, ao<br />

estudo de um método realmente técnico e prático do plantio do mocó, enraizamento,<br />

como diz o homem do sertão”.<br />

“Chegamos a conclusão de que nem a técnica agronômica normal, de<br />

arar e gradear do solo, estava certa, nem a prática do lavrador, usando cov<strong>as</strong><br />

raz<strong>as</strong> e plantando no seco ou molhado, é aconselhada”.<br />

“P<strong>as</strong>semos a fazer uma ligeira análise dos dois processos”.<br />

A técnica de arar e gradear ou mesmo só gradear implica em que o terreno<br />

esteja molhado. Como no <strong>Nordeste</strong>, ou temos chuva demais ou de menos,<br />

ora o trator pára, por falta de chuva ou por excesso. Em geral, quando<br />

terminamos os trabalhos de preparo do solo, pouca chuva resta para criar a<br />

planta. Esta é a experiência de muitos anos com uma equipe de 50 tratores.<br />

195


“A aração e mesmo o gradeamento sempre expõem o solo ao perigo da<br />

erosão, pois b<strong>as</strong>ta uma dess<strong>as</strong> bo<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> tipicamente sertanej<strong>as</strong> para levar<br />

para o riacho mais próximo uma lâmina ponderável de solo rico.”<br />

“A técnica do sertanejo de plantar no seco é uma verdadeira loteria: se<br />

chove pouco, <strong>as</strong> sementes fermentam e não germinam; se <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> são mais<br />

fortes, a planta n<strong>as</strong>ce, m<strong>as</strong> não consegue fixar-se no solo em face do endurecimento<br />

do mesmo; se <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> são bo<strong>as</strong>, o processo dá certo. M<strong>as</strong>, se<br />

chove forte mesmo, <strong>as</strong> sementes são arr<strong>as</strong>tad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> águ<strong>as</strong>”.<br />

“Este método tem o grave inconveniente, quer no plantio no seco ou no<br />

molhado, de não dar à planta uma b<strong>as</strong>e de solo fofo, e então o mocó se<br />

desenvolve mal na luta com a terra dura, não cresce, só se fixa. É sempre<br />

uma planta atrofiada”.<br />

196<br />

“É como uma criança mal alimentada na primeira infância”.<br />

“Em face do exposto, p<strong>as</strong>semos ao novo método, que consiste na covagem<br />

no seco, fazendo <strong>as</strong> cov<strong>as</strong> com enxadecos ou chibanc<strong>as</strong>, com um palmo<br />

em todos os sentidos. A profundidade de 30 centímetros é mais aconselhável.<br />

A cova fica aberta. Após <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, acaba-se de encher <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> com<br />

solo da superfície e se plantam <strong>as</strong> sementes a 2 centímetros de profundidade<br />

no nível do solo.”<br />

Este método apresenta <strong>as</strong> seguintes vantagens:<br />

1 o ) O alinhamento e covagem e feito no período seco, de outubro em<br />

diante, sem dificuldades.<br />

2 o ) Neste período há abundância de braços, promovendo amparo social,<br />

dando trabalho ao homem da região.<br />

3 o ) A cova fica aberta, arejando o solo e captando a água d<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong><br />

chuv<strong>as</strong>, umedecendo <strong>as</strong>sim a terra, porque <strong>as</strong> águ<strong>as</strong> convergem para <strong>as</strong> cov<strong>as</strong>,<br />

significando praticamente que na cova a coluna pluviométrica foi amentada<br />

muit<strong>as</strong> vazes, o que é de suma importância para uma região seca.<br />

4 o ) Fica sempre marcado o terreno para os eventuais replantios.


5 o ) As plant<strong>as</strong> agüentam no mínimo um mês de seca.<br />

6 o ) O afofamento do solo permite um enraizamento perfeito mesmo<br />

com pouc<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.<br />

7 o ) Não se perde nenhuma chuva. Esse fator é de máxima importância<br />

para o <strong>Nordeste</strong>.<br />

8 o ) O solo fica pouco exposto à erosão.<br />

9 o ) Não quebra o equilíbrio ecológico com referência às prag<strong>as</strong>, pois nos<br />

solos arados a incidência de broca é muito maior, reduzindo à metade a vida<br />

do mocó.<br />

10 o ) Permite e facilita a adubação de fundo de cova.<br />

“Como vemos a presente técnica é um misto de agronomia, unida à experiência<br />

do nosso sertanejo, constituindo uma nova orientação, apropriada<br />

<strong>as</strong> regiões sec<strong>as</strong>, dando à planta ótim<strong>as</strong> condições de vida, desde a primeira<br />

infância, evitando-se <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> atrofiad<strong>as</strong>, como é normal, que nunca darão<br />

bo<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>”.<br />

“Após o n<strong>as</strong>cimento d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong>, o cultivador com enxad<strong>as</strong> estreit<strong>as</strong> escarificará<br />

o solo n<strong>as</strong> entrelinh<strong>as</strong>, cruzando o campo. As enxad<strong>as</strong> estreit<strong>as</strong> de<br />

3 polegad<strong>as</strong> só devem ser usad<strong>as</strong> uma vez”.<br />

“Vem agora o estudo econômico: pelos testes feitos em solos leves, médios<br />

e pesados (duros), um homem por empreitada cava, em média, por dia,<br />

240 cov<strong>as</strong>, o que quer dizer que, para preparar um hectare, com 1.600<br />

cov<strong>as</strong>, com um espaçamento normal de 2,50 por 2,50 metros, sao necessários<br />

praticamente 7 di<strong>as</strong>”.<br />

“Representa Cr$ 280, 00 calculando-se mesmo uma diária de Cr$ 40,00”.<br />

“O preparo a trator não fica mais econômico, com a suprema vantagem de<br />

dar trabalho ao homem no período seco, quando não há outr<strong>as</strong> atividades”.<br />

“Onde a cultura não pode ser totalmente mecanizada até a colheita, o<br />

trator não pode expulsar o homem do campo”.<br />

197


“Esse método está sendo usado com absoluto sucesso, econômico e<br />

técnico, na Paraíba e no Rio Grande do Norte”.<br />

“Trata-se, sem dúvida, de uma norma simples e lógica de trabalho, de<br />

acordo com a ecologia do <strong>Nordeste</strong> e com a natureza do algodoeiro mocó,<br />

que, sendo árvore, requer os tratamentos aconselhados”.<br />

Sementes - O aumento da produção de algodão, no <strong>Nordeste</strong>, depende<br />

entre outros fatores, de ter bo<strong>as</strong> sementes, do combate às prag<strong>as</strong> e da<br />

cl<strong>as</strong>sificação correta do produto. Poderíamos dizer, também, que são importantes<br />

o controle da erosão, a colheita cuidadosa, a adubação e o financiamento.<br />

A seleção de sementes tem sido feita na Estação Experimental<br />

do Seridó e a multiplicação dest<strong>as</strong> é realizada pelos agrônomos do Fomento<br />

Agrícola, nos campos de cooperação com os lavradores. Os serviços<br />

agrícol<strong>as</strong>, estaduais e federais, compram est<strong>as</strong> sementes multiplicad<strong>as</strong><br />

e <strong>as</strong> revendem aos cotonicultores. Tem acontecido que algodões com sementes<br />

bo<strong>as</strong> e inferiores são descaroçados em mistur<strong>as</strong>, o que desvaloriza<br />

<strong>as</strong> sementes e inutiliza o trabalho da seleção. Para eliminar esse inconveniente,<br />

a Cia. Br<strong>as</strong>ileira de Linh<strong>as</strong>, com a SANBRA e outr<strong>as</strong> firm<strong>as</strong> algodoeir<strong>as</strong>,<br />

programaram com os serviços agrícol<strong>as</strong>, federais e estaduais, um<br />

plano para a produção de bo<strong>as</strong> sementes e da propaganda entre os agricultores.<br />

Consiste o plano na seguinte coordenação de esforços: 1) A s estações<br />

experimentais produzem <strong>as</strong> sementes selecionad<strong>as</strong>; 2) Os serviços agrícol<strong>as</strong><br />

recebem est<strong>as</strong> sementes e <strong>as</strong> multiplicam em campos de cooperação<br />

com particulares; 3) As firm<strong>as</strong>, que possuem descaroçadores, que fazem<br />

parte do acordo, separam <strong>as</strong> sementes dos campos de cooperação e <strong>as</strong><br />

venderão, para plantio, aos seus fornecedores ou fregueses. Trata-se de<br />

um trabalho harmônico entre <strong>as</strong> estações experimentais, os serviços agrícol<strong>as</strong>,<br />

os lavradores e os negociantes de algodão. O acordo tem dado<br />

bons resultados na Paraíba. A <strong>as</strong>sistência técnica aos cotonicultores é dada<br />

pelos agrônomos oficiais e os d<strong>as</strong> firm<strong>as</strong> algodoeir<strong>as</strong>.<br />

Prevê-se que esta cooperação, estendida a todos os Estados nordestinos,<br />

exigirá d<strong>as</strong> estações experimentais maior volume de sementes para os<br />

198


campos de multiplicação. O Ceará, pela sua larga superfície adequada ao<br />

mocó, precisará ter uma estação experimental.<br />

A substituição dos algodoeiros velhos por plantações nov<strong>as</strong> de melhores<br />

sementes, o interesse d<strong>as</strong> companhi<strong>as</strong> algodoeir<strong>as</strong> em combater <strong>as</strong> prag<strong>as</strong>, a<br />

contribuição d<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações comerciais de manter estoques de ferrament<strong>as</strong>,<br />

de inseticid<strong>as</strong>, de pulverizadores e de cultivadores, no interior, e a fiscalização<br />

da cl<strong>as</strong>sificação e do enfardamento do algodão, pelos órgãos competentes,<br />

abrirão novos horizontes ao progresso da lavoura algodoeira.<br />

Plantação - O plantio da semente de algodão depende do modo como<br />

a terra foi preparada. Na lavoura matuta, em que o solo não é destocado,<br />

<strong>as</strong> cov<strong>as</strong> são feit<strong>as</strong> a enxada, m<strong>as</strong> devem ser grandes e profund<strong>as</strong>, n<strong>as</strong><br />

distânci<strong>as</strong> de 1,50 x 1,50 metros ou 2,0 x 2,0 metros, colocando-se 4<br />

sementes em cada cova. O excesso de mud<strong>as</strong> na cova é retirado por oc<strong>as</strong>ião<br />

do desb<strong>as</strong>te, ficando um pé. Os meses de março, abril e maio são os<br />

preferidos para o plantio e replantios, conforme <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. As cultur<strong>as</strong> intercalares<br />

de cereais são plantad<strong>as</strong> na mesma época e, com el<strong>as</strong>, o lavrador<br />

procura baratear o enraizamento do algodoeiro e obter safra de gêneros<br />

alimentícios, no primeiro ano.<br />

A lavoura mecanizada não deve ser feita em solo íngreme; é obrigatório<br />

fazer o destocamento; e o arado, sempre que possível, deve ser substituído<br />

pela grade. N<strong>as</strong> várze<strong>as</strong>, o alinhamento d<strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> poderá ser feito em<br />

todos os sentidos e, nos declives suaves, há necessidade de sulco em curva<br />

de nível para reter a enxurrada e guardar a água no solo. Usa-se a cova<br />

grande, n<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> de 2,50 x 2,50 metros ou 3,0 x 3,0 metros para<br />

permitir a p<strong>as</strong>sagem da capinadeira. É preciso dar muita atenção ao controle<br />

da erosão e ao combate às lagart<strong>as</strong>, que destroem <strong>as</strong> plantinh<strong>as</strong> em<br />

pouc<strong>as</strong> hor<strong>as</strong>.<br />

No cultivo mecanizado, não se pode empregar a <strong>as</strong>sociação de lavour<strong>as</strong>,<br />

pois o espaço, entre <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong>, tem de ficar livre para o trabalho da<br />

capinadeira. Modernamente tem sido usado o torrão paulista para enraizar<br />

mudinh<strong>as</strong> de algodoeiro, que são, depois, plantad<strong>as</strong> nos campos.<br />

199


Esse processo é mais caro e adotado em cultur<strong>as</strong> cuidados<strong>as</strong>, de seleção,<br />

ou para a multiplicação de pequen<strong>as</strong> quantidades de sementes de alto<br />

valor. Ele é mais preferido para os plantios d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>.<br />

Combate às prag<strong>as</strong> - Pelos estragos n<strong>as</strong> plantinh<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> impedindo o<br />

enraizamento, pela destruição d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> antes da floração e pela perfuração<br />

dos troncos e dos galhos, os insetos tornam-se os agentes decisivos no<br />

êxito ou no frac<strong>as</strong>so da produção do algodão, se o fazendeiro faz ou não o<br />

controle d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong>. A proliferação rápida, a quantidade e o ataque às<br />

lavour<strong>as</strong> de dia e de noite, fizeram dos insetos os inimigos perigosos dos<br />

lavradores descuidados, que não guardam inseticid<strong>as</strong> e polvilhadeir<strong>as</strong> e<br />

não preparam operários para o combate imediato, logo que a praga se<br />

manifesta. O agricultor carece de espírito alerta, de ação rápida para vencer<br />

os insetos. Ele somente pode esperar do governo <strong>as</strong> demonstrações de<br />

como empregar inseticid<strong>as</strong>, em cada c<strong>as</strong>o. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> são da<br />

sua iniciativa e em seu próprio interesse.<br />

O coruquerê ou lagarta da folha (Alabama argilacea) é uma borboleta<br />

que deposita os ovos no lado inferior d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>; a eclosão dá-se em 3<br />

di<strong>as</strong>, e em 2 -3 seman<strong>as</strong>, <strong>as</strong> larv<strong>as</strong> atingem a maturidade. Durante o tempo<br />

em que o algodoeiro tem folh<strong>as</strong> verdes, a praga pode aparecer 3 vezes. O<br />

combate é feito com pulverizações de Fenatox 40, Rodiatox e BHC, como<br />

explicado na embalagem.<br />

A broca ou Entinibotrus br<strong>as</strong>iliensis ataca o caule e galhos ao nível<br />

do solo até 1,50m de altura; é um besouro pequeno. O remédio contra a<br />

broca consiste na pulverização de todo o algodoeiro com uma solução<br />

contendo 350 gram<strong>as</strong> de Toxafeno 20%, em 100 litros d’água. Para a<br />

caiação do tronco e dos galhos, adiciona-se enxofre ou talco para dar mais<br />

aderência. O polvilhamento é realizado com o Toxafeno ou Fenatox, quimicamente<br />

chamado canfeno clorado, na b<strong>as</strong>e de 15kg de pó a 20%, por<br />

hectare, com 2 a 3 aplicações.<br />

A lagarta rosada (Platyedra gossypiella) é a larva de uma borboleta que<br />

põe os ovos nos capulhos; com a eclosão <strong>as</strong> larvinh<strong>as</strong> penetram nos capu-<br />

200


lhos e vão alimentar-se d<strong>as</strong> sementes. Os únicos meios de combate são o<br />

expurgo d<strong>as</strong> sementes antes do plantio e a queima dos algodoeiros atacados.<br />

O pulgão e o percevejo são controlados pelos mesmos venenos usados<br />

para a lagarta d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>.<br />

Colheita - O algodoeiro mocó começa a abrir os capulhos em junho e a<br />

safra vai até setembro. Os colhedores, homens, mulheres e menores, devem<br />

estar munidos de 2 sacol<strong>as</strong>: numa, é colocado o algodão limpo, tirado dos<br />

galhos; e noutra, o que está no chão, depois de sacudidos o sujo e a poeira.<br />

Essa separação ajuda na cl<strong>as</strong>sificação dos melhores tipos.<br />

É importante colher a fibra seca. Um adulto pode colher 1 a 2 arrob<strong>as</strong><br />

por dia dependendo da produção, da limpeza da lavoura e de não haver<br />

falh<strong>as</strong>. A fibra colhida, sem apanhar chuva, será depositada em armazém<br />

limpo. A produção de algodão com caroço, por hectare, varia de 200 a 300<br />

quilos. Visitamos uma cultura de mocó irrigado, n<strong>as</strong> margens do rio S. Francisco,<br />

onde nos deram a informação de colheita superior a 1.000kg por ha.<br />

O descaroçamento será feito em máquin<strong>as</strong> de velocidade regulada, com<br />

<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> ou rolos ajustados, limp<strong>as</strong> periodicamente para não misturar os<br />

algodões erbáceos como o mocó e também para isolar <strong>as</strong> sementes destinad<strong>as</strong><br />

aos plantios. A boa colheita, o correto descaroçamento e o enfardamento<br />

adequado são operações decisiv<strong>as</strong> para a obtenção de melhor cl<strong>as</strong>sificação<br />

do algodão.<br />

Poda - Esta operação era executada, nos algodoais adultos, antes do<br />

início d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. Havia divergência de opinião quanto às su<strong>as</strong> vantagens.<br />

Recente experiência, na Fazenda São Miguel, realizada pelo agrônomo Carlos<br />

Faria, revelou que esta prática reduz a produção, conforme os dados que<br />

teve a gentileza de nos mostrar, b<strong>as</strong>eados em 8 reaplicações.<br />

Mercado internacional de algodão - Como toda matéria-prima, de baixa<br />

el<strong>as</strong>ticidade de consumo, o algodão tem sofrido oscilações brusc<strong>as</strong> de preço<br />

devido à estocagem, às variações de clima, às guerr<strong>as</strong> e às questões polític<strong>as</strong>.<br />

A produção anual, mundial, foi de 29,5 milhões de fardos, em 1938-39<br />

e de 41,1 milhões de fardos, em 1957-58; a estocagem, em conseqüência<br />

201


dos períodos anteriores, variou de 12 milhões a 25 milhões de fardos, nos<br />

últimos 20 anos; o consumo total do mundo absorveu 30,6 milhões de<br />

fardos em 1938 e 42,6 milhões de fardos, em 1958. Cada fardo pesa 216<br />

quilos.<br />

O consumo é influenciado pelo crescimento da população, pelo poder<br />

aquisitivo d<strong>as</strong> m<strong>as</strong>s<strong>as</strong> e pelo progresso tecnológico.<br />

A exportação mundial de tecidos de algodão tem diminuído nos últimos<br />

30 anos; atualmente, representa apen<strong>as</strong> 10% da produção universal, e sua<br />

importância, como fator determinante do consumo geral, decresceu correspondentemente.<br />

Essa exportação internacional de tecidos de algodão<br />

equivale a 2, 5 a 3 milhões de fardos de algodão bruto. Muitos países<br />

construíram fábric<strong>as</strong> de tecidos e procuram utilizar a fibra nacional. As exportações<br />

de tecido do mundo livre, representad<strong>as</strong> pelo Japão, Índia, Estados<br />

Unidos, Reino Unido, República Federal Alemã, Holanda, Bélgica,<br />

Hongkong e outr<strong>as</strong>, estão <strong>as</strong>sim distribuíd<strong>as</strong>:<br />

202<br />

Anos 1.000 tonelad<strong>as</strong> métric<strong>as</strong><br />

1954 542,4<br />

1955 947,2<br />

1956 483,7<br />

1957 535,0<br />

O fio de algodão, exportado pel<strong>as</strong> nações livres, acusa <strong>as</strong> cifr<strong>as</strong>:<br />

Anos 1.000 tonelad<strong>as</strong> métric<strong>as</strong><br />

1956 133,0<br />

1957 149,0<br />

O maior volume de algodão, produzido no mundo, é de fibra curta,<br />

inferior a 29mm. O tipo de fibra longa, de 30 a 34mm, não atinge 10% da<br />

produção mundial, porque <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> são limitad<strong>as</strong> e, também,<br />

porque o rendimento, por superfície, é menor. Nesse c<strong>as</strong>o esta o mocó<br />

nordestino cuja qualidade tem sido o fator determinante da procura no<br />

mercado.


Tabela 37 - Produção mundial de algodão de fibra longa - 30-34 mm (18)<br />

Países 1934 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957<br />

1938 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958<br />

1.000 fardos (de 216 quilos)<br />

Br<strong>as</strong>il 550 300 360 165 295 330 320 400 410 360<br />

Egito 1.265 1.054 1.169 1.028 1.132 960 1.074 989 885 1.022<br />

México - 116 139 149 165 166 233 252 210 267<br />

Peru 374 262 367 399 334 501 390 360 343 360<br />

Sudão 2 5 5 8 7 5 6 3 6 5<br />

Uganda 235 258 257 290 250 300 245 290 300 265<br />

EUA 865 396 290 323 330 388 450 572 472 407<br />

Outros 50 55 70 100 125 135 135 155 140 155<br />

Total 3.341 2.446 2.657 2.462 2.638 2.785 2.853 3.021 2.766 2.841<br />

Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />

Os algodões de fibra longa, resistente, alva, de bom grau de fuzz, macia<br />

e de boa maturidade (para a absorção d<strong>as</strong> tint<strong>as</strong>, são insubstituíveis na fabricação<br />

de linh<strong>as</strong> e de tecidos finos.<br />

Tabela 38 - Suprimento e distribuição mundial de algodão<br />

Milhões de fardos (de 216 quilos)<br />

Suprimentos Distribuição<br />

Anos<br />

EstoqueProdução<br />

Total ConsumoDestruídoEsto-<br />

que<br />

1938-39 25,2 29,5 54,7 30,6 0,2 23,9<br />

1947-48 19,6 25,3 44,9 29,8 0,1 15,0<br />

1948-49 15,0 29,7 44,7 29,1 0,3 15,4<br />

1949-50 15,4 32,8 48,2 31,0 0,2 17,0<br />

1950-51 17,0 30,5 47,5 35,1 0,2 12,2<br />

1951-52 12,2 38,6 50,8 35,2 0,1 15,5<br />

1952-53 15,3 40,1 55,6 36,9 0,2 18,5<br />

1953-54 18,5 41,6 60,1 38,8 0,2 21,1<br />

1954-55 21,1 41,0 62,1 39,8 0,2 22,1<br />

1955-56 22,1 43,6 65,7 41,1 0,3 24,3<br />

1956-57 24,3 42,0 66,3 42,9 0,3 23,1<br />

1957-58 23,1 41,0 64,6 42,6 0,1 21,5<br />

Nota: Os anos são contados a partir de l/agosto a 31/julho.<br />

Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />

203


204<br />

Tabela 39 - Estatística do Algodão no Br<strong>as</strong>il - (1.000 fardos)<br />

1934 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957<br />

1938 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958<br />

Produção 1.7931.650 1.950 1.600 1.510 1.675 1.700 1.340 1.270<br />

Consumo 512 840 825 800 900 1.000 1.050 1.030 1.050<br />

Estoque 935 530 625 1.400 2.000 1.200 825 650 575<br />

Exportação 1.065 698 350 153 1.402 1.040 814 381 216<br />

Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />

Tabela 40 - Consumo per capita de algodão nos países<br />

sul-americanos em cooperação com o dos Estados Unidos - 1957<br />

Países<br />

Kg de algodão<br />

per capita<br />

Argentina ......................................................................... 6<br />

Br<strong>as</strong>il ................................................................................ 4<br />

Colômbia .......................................................................... 2,7<br />

Uruguai ............................................................................ 2,6<br />

Chile ................................................................................. 2,6<br />

Paraguai ........................................................................... 2<br />

Peru ................................................................................. 1,6<br />

Venezuela......................................................................... 1,3<br />

Equador............................................................................ 0,8<br />

Bolívia ..............................................................................<br />

Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />

0,5<br />

Tabela 41 - Áre<strong>as</strong> cultivad<strong>as</strong> com algodão no mundo:<br />

Anos 1.000 de hectares<br />

1934-38 (média anual) .................................................. 32.696<br />

1955-56 ......................................................................... 33.647<br />

1956-57 ......................................................................... 32.972<br />

1957-58 ......................................................................... 32.167<br />

Fonte: “Cotton World Statistics - Oct./Nov. - 1958.<br />

Verifica-se que <strong>as</strong> superfícies plantad<strong>as</strong> anualmente têm variado muito<br />

pouco; além de estocagem, um dos motivos mais fortes tem sido o subsídio<br />

pago aos cotonicultores norte-americanos, pelo governo, para o controle de<br />

área cultivada e manutenção dos preços.


Tabela 42 - Áre<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> no Br<strong>as</strong>il, produção,<br />

consumo e estoque de algodão<br />

Área Produção Consumo Estoque<br />

Anos 1.000 1.000 1.000 1.000<br />

Hectares Fardos Fardos Fardos<br />

1934-38 2.072 1.793 512 -<br />

1955-56 2.000 1.700 1.050 650<br />

1956-57 1.720 1.340 1.030 575<br />

1957-58 1.480 1.270 1.050 575<br />

Fonte: “Cotton World Statistics” - Out./Nov. 1958.<br />

Tabela 43 - Cotações do algodão em Liverpool-CIF-Equivalentes<br />

a US$ cents por libra (peso $ 0,453 K.)<br />

Países Tipo de algodão<br />

1954<br />

1955<br />

1955<br />

1956<br />

1956<br />

1957<br />

1957<br />

1958<br />

Tex<strong>as</strong> M 15/16 37,31 32,95 28,38 28,86<br />

E. Unidos Memphis Terr SM-I-I/16 40,67 39,75 33,35 35,80<br />

Calif. SM-I-3/32 40,87 40,28 34,91 36,70<br />

México Matamoros SM-I-I/32 38,84 35,03 32,63 33,81<br />

Br<strong>as</strong>il S. Paulo, tipo 5 37,04 32,44 30,14 28,66<br />

289 F Funjab, S.G. 39,90 34,95 34,24 33,89<br />

Paquistão NT-Sind-R. G. - 32,37 31,06 30,15<br />

Síria Good quality 38,06 34,76 32,41 33,65<br />

Irã SM1-1/16 - 34,79 33,08 33,44<br />

Nicarágua SM 1-1/16" - - - 32,28<br />

Uganda B. P.52 42,98 42,54 43,65 37,93<br />

U.S.S.R. SM-I-I/32" - 34,69 32,75 34,60<br />

Índia M. G. Bengal Desi - 23,50 - 25,56<br />

Tanguis, tipo 5 40,97 37,89 42,44 37,98<br />

Peru Pima n<br />

205<br />

o 1 50,70 53,49 63,61 49,19<br />

Lambert seed G. 5L - 46,84 55,22 42,28<br />

Sudão Sakel seed G. 5S - 54,41 69,33 48,51<br />

Ashmouni, F.G 46,52 46,50 49,59 39,75<br />

Egito Giza 30 F.G. 49,18 52,95 54,76 41,53<br />

Karnak F. G. 59,60 64,65 72,11 49,57<br />

Fonte: “Cotton World Statistics” - Oct./Nov. 1958<br />

Observa-se que os algodões que conquistam os mais altos preços no mercado<br />

são os de fibra longa, produzidos no Egito, no Peru e no Sudão.


206<br />

Área cultivada em mil hectares<br />

1500<br />

1200<br />

800<br />

400<br />

Área cultivada<br />

A n o s<br />

Produção<br />

100<br />

1939 40 42 44 46 48 50 52 54 1956<br />

Gráfico 17 - Cultura do algodão no <strong>Nordeste</strong>, 1939-1956. Gráfico da área cultivada e da produção do<br />

algodão em caroço. Tendência do aumento da área 5,5% ano. Tendência do aumento 1% ano.<br />

Fonte: Atl<strong>as</strong> pluviométrico; Serviço meteorológico; Etene/BNB. Des. ASA/Crs - 1959<br />

500<br />

300<br />

Produção em mil tonelad<strong>as</strong>


Foto 19 - Lavoura matuta de algodão mocó. Limpa de roço, Ceará.<br />

Foto 20 - Lavoura de algodão mocó irrigada. Ilha da Assunção, rio São Francisco,<br />

Pernambuco.<br />

207


208<br />

Tabela 44 - Algodão em caroço<br />

Área cultivada<br />

(Hectares)<br />

ANOS PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />

1939<br />

1940<br />

1941<br />

1942<br />

1943<br />

1944<br />

1945<br />

1946<br />

1947<br />

1948<br />

1949<br />

1950<br />

1951<br />

1952<br />

1953<br />

1954<br />

1955<br />

1956<br />

14.812<br />

14.707<br />

11.672<br />

8.927<br />

6.950<br />

8.056<br />

13.403<br />

12.745<br />

15.250<br />

12.250<br />

14.861<br />

23.911<br />

31.618<br />

31.132<br />

29.633<br />

27.533<br />

29.524<br />

33.381<br />

173.240<br />

186.006<br />

146.229<br />

126.145<br />

180.176<br />

147.317<br />

217.069<br />

246.500<br />

281.558<br />

324.755<br />

320.909<br />

345.515<br />

281.253<br />

308.256<br />

310.464<br />

340.957<br />

357.907<br />

378.970<br />

124.743<br />

170.735<br />

96.296<br />

68.566<br />

112.925<br />

180.217<br />

241.964<br />

254.006<br />

274.818<br />

285.814<br />

297.658<br />

326.288<br />

317.631<br />

317.880<br />

260.780<br />

292.459<br />

315.164<br />

342.783<br />

1225.681<br />

237.136<br />

152.110<br />

110.604<br />

168.386<br />

201.528<br />

178.530<br />

206.671<br />

223.799<br />

235.981<br />

230.52<br />

243.090<br />

239.950<br />

259.564<br />

282.566<br />

302.045<br />

316.113<br />

337.464<br />

164.020<br />

140.832<br />

116.081<br />

93.973<br />

97.766<br />

210.945<br />

154.345<br />

162.802<br />

176.618<br />

182.752<br />

179.747<br />

189.157<br />

215.579<br />

235.272<br />

247.203<br />

235.717<br />

227.072<br />

216.260<br />

62.306<br />

47.167<br />

42.276<br />

33.629<br />

44.869<br />

50.824<br />

51.179<br />

46.611<br />

48.924<br />

51.389<br />

46.989<br />

45.738<br />

54.446<br />

57.288<br />

59.517<br />

59.563<br />

58.271<br />

52.417<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

28.891<br />

25.710<br />

24.155<br />

23.333<br />

25.860<br />

16.251<br />

12.393<br />

10.720<br />

13.947<br />

13.262<br />

18.742<br />

16.460<br />

21.696<br />

20.329<br />

23.064<br />

22.972<br />

21.652<br />

21.679<br />

40.530<br />

30.936<br />

22.574<br />

8.700<br />

14.094<br />

19.000<br />

20.079<br />

21.361<br />

24.437<br />

26.228<br />

30.408<br />

29.602<br />

31.327<br />

35.088<br />

39.731<br />

49.726<br />

57.942<br />

68.569<br />

834.223<br />

854.229<br />

611.393<br />

473.877<br />

651.326<br />

834.138<br />

888.962<br />

961.416<br />

1.059.351<br />

1.132.431<br />

1.140.066<br />

1.219.761<br />

1.193.500<br />

1.264.809<br />

1.252.958<br />

1.330.972<br />

1.383.645<br />

1.451.523<br />

2.272.552<br />

2.412.484<br />

2.492.594<br />

1.931.399<br />

2.423.716<br />

2.807.758<br />

2.721.584<br />

3.479.580<br />

2.470.091<br />

2.307.585<br />

2.497.295<br />

2.689.185<br />

2.486.699<br />

3.035.481<br />

2.587.366<br />

2.487.265<br />

2.617.086<br />

2.663.025


209<br />

Tabela 45 - Algodçao em caroço<br />

Área cutlivada<br />

(Tonelad<strong>as</strong>)<br />

ANOS PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />

1939<br />

1940<br />

1941<br />

1942<br />

1943<br />

1944<br />

1945<br />

1946<br />

1947<br />

1948<br />

1949<br />

1950<br />

1951<br />

1952<br />

1953<br />

1954<br />

1955<br />

1956<br />

6.802<br />

6.703<br />

5.397<br />

4.190<br />

3.262<br />

2.941<br />

4.640<br />

4.290<br />

5.221<br />

4.599<br />

4.613<br />

8.154<br />

6.828<br />

6.971<br />

5.422<br />

7.360<br />

9.251<br />

12.006<br />

95.459<br />

98.696<br />

74.605<br />

64.788<br />

92.078<br />

66.983<br />

81.419<br />

117.245<br />

122.867<br />

102.732<br />

130.810<br />

183.290<br />

57.226<br />

109.887<br />

85.697<br />

118.761<br />

133.957<br />

144.833<br />

75.102<br />

102.789<br />

56.992<br />

40.346<br />

65.752<br />

67.280<br />

73.880<br />

73.112<br />

83.242<br />

74.777<br />

82.511<br />

87.241<br />

55.635<br />

78.449<br />

48.072<br />

69.405<br />

95.672<br />

97.986<br />

133.567<br />

137.926<br />

86.921<br />

62.826<br />

85.911<br />

81.028<br />

62.111<br />

76.892<br />

69.364<br />

73.272<br />

74.409<br />

78.865<br />

42.890<br />

78.793<br />

67.141<br />

112.079<br />

111.642<br />

106.182<br />

80.893<br />

68.978<br />

57.252<br />

47.625<br />

49.880<br />

56.354<br />

59.858<br />

55.125<br />

53.923<br />

58.175<br />

51.968<br />

64.842<br />

50.044<br />

45.941<br />

49.544<br />

68.408<br />

63.065<br />

46.693<br />

31.153<br />

24.738<br />

21.857<br />

17.615<br />

21.530<br />

20.496<br />

16.361<br />

15.882<br />

17.894<br />

20.615<br />

19.334<br />

15.983<br />

17.779<br />

14.285<br />

17.909<br />

19.847<br />

18.381<br />

16.851<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

14.444<br />

12.505<br />

12.078<br />

11.905<br />

13.605<br />

12.040<br />

6.218<br />

4.088<br />

5.978<br />

4.817<br />

7.139<br />

6.642<br />

6.774<br />

7.387<br />

8.576<br />

5.260<br />

6.130<br />

18.196<br />

13.9945<br />

10.288<br />

3.551<br />

7.622<br />

10.141<br />

11.805<br />

10.062<br />

10.635<br />

11.634<br />

13.852<br />

13.775<br />

13.224<br />

12.879<br />

15.844<br />

24.350<br />

25.238<br />

30.757<br />

455.616<br />

466.329<br />

325.390<br />

252.846<br />

339.640<br />

317.263<br />

315.292<br />

356.124<br />

350.621<br />

369.124<br />

384.636<br />

458.792<br />

251.423<br />

353.979<br />

297.016<br />

428.786<br />

462.330<br />

461.438<br />

1.457.755<br />

1.595.211<br />

1.710.893<br />

1.282.156<br />

1.687.915<br />

1.786.974<br />

1.146.954<br />

1.144.748<br />

1.050.653<br />

968.436<br />

1.199.907<br />

1.190.909<br />

995.534<br />

1.505.439<br />

1.110.507<br />

1.166.457<br />

1.281.110<br />

1.193.878


210<br />

Tabela 46 - Algodçao em caroço<br />

Valor<br />

(Cr$ 1.000,00))<br />

ANOS PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />

1945<br />

1946<br />

1947<br />

1948<br />

1949<br />

1950<br />

1951<br />

1952<br />

1953<br />

1954<br />

1955<br />

1956<br />

3.864<br />

4.032<br />

5.021<br />

8.403<br />

10.679<br />

29.421<br />

35.625<br />

27.281<br />

23.074<br />

33.815<br />

48.926<br />

68.900<br />

90.152<br />

201.691<br />

227.936<br />

321.112<br />

475.146<br />

935.110<br />

506.572<br />

711.551<br />

576.662<br />

884.109<br />

1.081.666<br />

1.361.557<br />

104.335<br />

195.408<br />

230.065<br />

281.121<br />

357.454<br />

525.934<br />

612.526<br />

559.700<br />

344.276<br />

596.041<br />

838.302<br />

1.042.304<br />

106.071<br />

211.942<br />

187.577<br />

292.843<br />

350.604<br />

516.106<br />

415.863<br />

612.353<br />

488.751<br />

946.606<br />

1.039.056<br />

1.200.161<br />

96.912<br />

139.061<br />

136.088<br />

228.956<br />

218.873<br />

435.353<br />

414.116<br />

342.265<br />

348.378<br />

563.623<br />

556.744<br />

512.329<br />

25.096<br />

39.616<br />

40.032<br />

71.180<br />

63.748<br />

77.517<br />

100.852<br />

77.249<br />

100.535<br />

142.840<br />

133.237<br />

162.588<br />

FONTE: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

9.698<br />

9.894<br />

13.521<br />

16.859<br />

22.766<br />

34.352<br />

49.134<br />

35.649<br />

42.440<br />

57.657<br />

38.784<br />

49.848<br />

11.852<br />

9.640<br />

11.894<br />

18.259<br />

31.247<br />

39.218<br />

56.218<br />

53.675<br />

56.874<br />

112.716<br />

126.592<br />

164.644<br />

447.980<br />

811.284<br />

852.134<br />

1.238.733<br />

1.530.517<br />

2.593.458<br />

2.190.906<br />

2.419.723<br />

1.980.990<br />

3.337.407<br />

3.863.307<br />

4.562.381<br />

1.911.746<br />

2.941.399<br />

2.903.438<br />

3.495.455<br />

4.723.277<br />

5.782.010<br />

7.157.412<br />

8.800.336<br />

6.152.159<br />

7.953.657<br />

10.619.884<br />

11.284.681


211<br />

MUNICÍPIOS<br />

Alto Longá<br />

Altos<br />

Bom Jesus<br />

Cristino C<strong>as</strong>tro (II)<br />

Esperantina<br />

Fronteir<strong>as</strong><br />

Guadalupe<br />

Itainópolis (XXX)<br />

Paulistana<br />

Picos<br />

Pio Nono<br />

Piripiri<br />

Regeneração<br />

Simplício Mendes<br />

Valença do Piauí<br />

Elesbão Veloso (X)<br />

Conceição do Canindé (XX)<br />

Itaueira (I)<br />

Total<br />

Tabela 47 - Algodão arbóreo<br />

Piauí<br />

1953 1954 1956<br />

Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />

Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />

4<br />

375<br />

400<br />

-<br />

4<br />

1.160<br />

294<br />

-<br />

36<br />

1.490<br />

5.222<br />

4<br />

220<br />

68<br />

90<br />

-<br />

-<br />

-<br />

9.367<br />

3<br />

42<br />

375<br />

-<br />

2<br />

213<br />

41<br />

-<br />

19<br />

315<br />

100<br />

7<br />

203<br />

15<br />

68<br />

-<br />

-<br />

-<br />

1.403<br />

8<br />

196<br />

1.250<br />

-<br />

8<br />

1.065<br />

81<br />

-<br />

98<br />

1.575<br />

469<br />

22<br />

742<br />

60<br />

315<br />

-<br />

-<br />

-<br />

5.889<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção.<br />

(X) Criado em 13-05-54; (XX) Criado em 12-02-54; (XXX) Criado em 12-02-54; (I) Criado em 29-10-52; (II) Criado em 29-10-53;<br />

4<br />

788<br />

640<br />

-<br />

5<br />

1.200<br />

225<br />

-<br />

320<br />

1.503<br />

65<br />

4<br />

260<br />

59<br />

92<br />

-<br />

-<br />

-<br />

5.165<br />

4<br />

89<br />

630<br />

-<br />

3<br />

228<br />

26<br />

-<br />

156<br />

180<br />

44<br />

8<br />

240<br />

27<br />

68<br />

-<br />

-<br />

-<br />

1.703<br />

10<br />

354<br />

2.100<br />

-<br />

8<br />

1.444<br />

51<br />

-<br />

884<br />

1.080<br />

247<br />

20<br />

1.120<br />

117<br />

270<br />

-<br />

-<br />

-<br />

7.705<br />

6<br />

813<br />

380<br />

248<br />

6<br />

1.621<br />

38<br />

1.166<br />

176<br />

680<br />

146<br />

4<br />

272<br />

17<br />

27<br />

64<br />

44<br />

4<br />

5.712<br />

5<br />

153<br />

270<br />

174<br />

3<br />

405<br />

4.800<br />

204<br />

117<br />

150<br />

375<br />

6<br />

240<br />

8<br />

20<br />

62<br />

48<br />

2<br />

2.247<br />

36<br />

915<br />

900<br />

580<br />

15<br />

2.835<br />

24<br />

1.224<br />

624<br />

1.000<br />

2.000<br />

26<br />

1.440<br />

39<br />

117<br />

312<br />

256<br />

9<br />

12.352


212<br />

Tabela 48 - Algodão arbóreo<br />

Ceará<br />

1953 1954 1956<br />

MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />

Aracati<br />

Acaraú<br />

Acopiara<br />

Aracoiaba<br />

Araripe<br />

Assaré<br />

Aurora<br />

Baixio (X)<br />

Barro<br />

Baturité<br />

Boa Viagem<br />

Brejo Santo<br />

Campos Sales<br />

Canindé<br />

Cariré<br />

Capistrano<br />

Caririaçu<br />

Cariús<br />

Cedro<br />

Chaval<br />

Coreaú<br />

Crato<br />

Frecheirinha<br />

Granja<br />

Icó<br />

Iguatu<br />

Ipu<br />

Iracema<br />

Itapajé<br />

Itatira<br />

Itapipoca<br />

Jati<br />

Jaguaribe<br />

Jardim<br />

Juazeiro do Norte<br />

Jucás<br />

Lavr<strong>as</strong> da Mangabeira<br />

Maranguape<br />

Mocambo<br />

M<strong>as</strong>sapê<br />

Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />

-<br />

6<br />

4.410 4<br />

726<br />

800<br />

13.000<br />

16.000<br />

-<br />

1.800<br />

900<br />

12.000 -<br />

1.720<br />

35 -<br />

2.835<br />

-<br />

6.981 -<br />

26<br />

329 -<br />

137<br />

21.255<br />

20.812<br />

1 -<br />

4.000<br />

-<br />

19.583 -<br />

436<br />

136<br />

48<br />

2.000 -<br />

5.000<br />

-<br />

30<br />

-<br />

0<br />

1.680 3<br />

180<br />

420 5<br />

2.700<br />

-<br />

600<br />

210<br />

1.350 -<br />

1.076<br />

33 -<br />

300<br />

-<br />

1.890 -<br />

26<br />

123 -<br />

75<br />

3.450<br />

3.879<br />

1 -<br />

1.500<br />

-<br />

2.955 -<br />

360<br />

165<br />

15<br />

1.500 -<br />

2.438<br />

-<br />

35<br />

-<br />

3<br />

11.200<br />

16<br />

1.200<br />

3.220<br />

40.950<br />

25.200<br />

-<br />

4.000<br />

1.260<br />

10.800 -<br />

6.453<br />

154 -<br />

1.800<br />

-<br />

13.230 -<br />

170<br />

720 -<br />

350<br />

23.000<br />

27.090<br />

3 -<br />

9.600<br />

-<br />

19.700 -<br />

2.400<br />

825<br />

105<br />

10.000 -<br />

16.250<br />

-<br />

219<br />

-<br />

12<br />

18.079<br />

-<br />

832<br />

1.240<br />

13.000<br />

17.280<br />

-<br />

4.800<br />

900<br />

10.200<br />

-<br />

2.100<br />

36<br />

-<br />

2.295<br />

-<br />

6.353<br />

-<br />

6<br />

363<br />

-<br />

113<br />

21.375<br />

23.232<br />

2<br />

-<br />

4.000<br />

-<br />

19.856<br />

-<br />

439<br />

148<br />

726<br />

2.250<br />

-<br />

5.040<br />

-<br />

40<br />

-<br />

1<br />

4.821 -<br />

195<br />

651<br />

2.100<br />

5.250<br />

-<br />

1.800<br />

210<br />

2.295 -<br />

1.350<br />

41 -<br />

780<br />

-<br />

2.400 -<br />

6<br />

170 -<br />

45<br />

5.175<br />

6.000<br />

2 -<br />

1.575<br />

-<br />

3.209 -<br />

270<br />

140<br />

450<br />

21.000 -<br />

1.962<br />

-<br />

45<br />

-<br />

6<br />

35.354 -<br />

1.430<br />

5.034<br />

16.800<br />

43.750<br />

-<br />

12.000<br />

1.400<br />

22.950 -<br />

9.405<br />

324 -<br />

5.824<br />

-<br />

17.600 -<br />

46<br />

1.074 -<br />

210<br />

41.055<br />

48.000<br />

17 -<br />

1.700<br />

-<br />

22.460 -<br />

1.890<br />

1.157<br />

4.350<br />

16.100 -<br />

16.350<br />

-<br />

345<br />

24<br />

40<br />

15.975<br />

-<br />

997<br />

4.600<br />

9.000<br />

19.200<br />

-<br />

2.640<br />

1.125<br />

9.400<br />

-<br />

3.000<br />

48<br />

2.664<br />

3.150<br />

675<br />

5.730<br />

19<br />

10<br />

336<br />

3<br />

158<br />

21.240<br />

29.262<br />

15<br />

4.000<br />

5.000<br />

2.000<br />

19.805<br />

136<br />

445<br />

36<br />

761<br />

2.250<br />

7.850<br />

4.996<br />

-<br />

60<br />

10 3<br />

3.570 -<br />

247<br />

2.415<br />

1.425<br />

3.000<br />

-<br />

1.500<br />

135<br />

2.115 -<br />

1.710<br />

50<br />

1.800<br />

900<br />

900<br />

3.8498 8<br />

10<br />

189 6<br />

60<br />

6.150<br />

9.000<br />

14<br />

1.575<br />

2.250<br />

2.136<br />

7.031<br />

51<br />

343<br />

34<br />

225<br />

3.000<br />

24.400<br />

2.436<br />

-<br />

56<br />

(continua)<br />

102<br />

26<br />

35.700 -<br />

1.978<br />

23.826<br />

14.250<br />

29.000<br />

-<br />

13.000<br />

990<br />

22.560<br />

33.600<br />

15.960<br />

470<br />

18.000<br />

7.200<br />

9.000<br />

28.226<br />

40<br />

88<br />

1.764<br />

59<br />

440<br />

61.500<br />

37.661<br />

124<br />

14.700<br />

22.500<br />

17.088<br />

56.751<br />

544<br />

3.256<br />

236<br />

2.250<br />

30.000<br />

22.560<br />

29.979<br />

-<br />

526


213<br />

1953 1954 1956<br />

MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />

Meruoca<br />

Monsenhor Tabosa<br />

Mauriti<br />

Milagres<br />

Missão Velha<br />

Nova Russ<strong>as</strong><br />

Pacajus<br />

Pacatuba<br />

Pedra Branca<br />

Pentecoste<br />

Pereiro<br />

Porteir<strong>as</strong><br />

Quireré<br />

Quixadá (XX)<br />

Quixeramobim<br />

Redenção<br />

Saboeiro<br />

Santa Quitéria<br />

Sobral<br />

Santonópole<br />

Solonópole<br />

Tamboril<br />

Tianguá<br />

Ubajara<br />

São Luiz do Curu<br />

Uruburetama<br />

Tauá<br />

Várzea Alegre<br />

Senador Pompeu<br />

Independência<br />

Total<br />

Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />

-<br />

-<br />

2.499<br />

3.600<br />

882<br />

338<br />

650<br />

1.670<br />

160<br />

1.200<br />

7.000<br />

-<br />

5.760<br />

4.800<br />

8.550<br />

1.400<br />

12.869<br />

6<br />

200 -<br />

6.000<br />

200 5<br />

1 -<br />

2.400<br />

-<br />

10.000 -<br />

-<br />

205.215<br />

Tabela 48 - Algodão arbóreo - Ceará<br />

-<br />

-<br />

369<br />

1.080<br />

245<br />

39<br />

98<br />

1.703<br />

192<br />

375<br />

2.100<br />

-<br />

2.700<br />

375<br />

1.950<br />

1.050<br />

1.566 1<br />

263 -<br />

2.500<br />

45 21<br />

-<br />

1.950 -<br />

1.995 --<br />

51.277<br />

-<br />

-<br />

2.706<br />

7.056<br />

1.304<br />

234<br />

585<br />

10.783<br />

1.088<br />

2.500<br />

14.000<br />

-<br />

14.400<br />

2.250<br />

13.000<br />

7.350<br />

8.352 5<br />

1.750 -<br />

10.000<br />

300<br />

10<br />

50<br />

-<br />

3.000 -<br />

19.285 --<br />

359.997<br />

-<br />

-<br />

4.372<br />

4.000<br />

1.238<br />

360<br />

950<br />

1.692<br />

100<br />

800<br />

7.000<br />

-<br />

8.064<br />

1.600<br />

10.125<br />

1.600<br />

12.415 -<br />

199<br />

2.856<br />

4.000<br />

200 61<br />

-<br />

3.000 -<br />

8.600 --<br />

73.194<br />

-<br />

-<br />

1.458<br />

1.800<br />

720<br />

300<br />

215<br />

14.058<br />

105<br />

600<br />

2.625<br />

-<br />

9.377<br />

225<br />

3.300<br />

1.200<br />

3.311 -<br />

266<br />

755<br />

2.100<br />

45 21<br />

-<br />

2.250 -<br />

3.600 -<br />

50<br />

36.227<br />

-<br />

-<br />

14.580<br />

13.560<br />

7.200<br />

2.300<br />

1.573<br />

1.708<br />

700<br />

4.800<br />

17.500<br />

-<br />

62.510<br />

1.575<br />

23.100<br />

8.000<br />

22.070 -<br />

2.124<br />

5.785<br />

15.400<br />

300<br />

14 5<br />

-<br />

16.950 -<br />

29.950 -<br />

66<br />

263.727<br />

-<br />

100<br />

4.373<br />

1.360<br />

1.350<br />

788<br />

1.250<br />

1.950<br />

200<br />

1.600<br />

3.001<br />

1.746<br />

8.903<br />

1.400<br />

12.375<br />

2.00<br />

5.791 6<br />

191<br />

3.080<br />

4.200<br />

100 71<br />

440<br />

3620<br />

2.250<br />

11.200<br />

1.549 -<br />

274.087<br />

-<br />

23<br />

1.358<br />

900<br />

375<br />

525<br />

469<br />

1.950<br />

210<br />

270<br />

1.125<br />

554<br />

6.750<br />

450<br />

4.050<br />

1.500<br />

3.617<br />

3<br />

255<br />

2.250<br />

1.260<br />

23 2<br />

1<br />

225<br />

2.713<br />

1.050<br />

3.300<br />

239<br />

-<br />

101.139<br />

(conclusão)<br />

-<br />

150<br />

13.575<br />

9.000<br />

3.750<br />

4.725<br />

4.375<br />

19.500<br />

1.820<br />

5.624<br />

11.250<br />

5.907<br />

67.500<br />

3.600<br />

37.800<br />

15.000<br />

36.171<br />

23<br />

2.890<br />

19.500<br />

11.760<br />

180<br />

22 8<br />

240<br />

28.960<br />

7.000<br />

41.800<br />

2.385 -<br />

972.262<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção; (2) ) O total é superior à soma d<strong>as</strong> parcel<strong>as</strong>, em virtude de<br />

terem sido computad<strong>as</strong> <strong>as</strong> frações d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> inferiores a 10 ha. (X) Ipaumirim. (XX) Fari<strong>as</strong> Brito. (XXX) Santana do Cariri.


214<br />

Tabela 49 - Algodão arbóreo<br />

Rio Grande do Norte<br />

1953 1954 1956<br />

MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />

Acari<br />

Açu<br />

Alexandria<br />

Angicos<br />

Augusto Severo<br />

Caicó<br />

Caraúb<strong>as</strong><br />

Currais Novos<br />

Florânia<br />

Itaretama<br />

Jardim de Piranh<strong>as</strong><br />

Jardim do Seridó<br />

Jucurutu<br />

Luiz Gomes<br />

Macau<br />

Mossoró<br />

Parelh<strong>as</strong><br />

Patu<br />

Portalegre<br />

Santa Cruz<br />

Santana de Matos<br />

São João do Sabugi<br />

São José de Campestre<br />

São Miguel<br />

São Paulo de Potengi<br />

São Tomé<br />

Serra Negra do Norte<br />

Coronel Ezequiel<br />

Januário Cicco<br />

Afonso Bezerra<br />

Grossos<br />

Pedro Avelino<br />

Pendênci<strong>as</strong><br />

São Rafael<br />

Carnaúba Dant<strong>as</strong><br />

Cerro Corá<br />

Cruzeta<br />

Ouro Branco<br />

São Vicente<br />

Upauna<br />

Almino Afonso<br />

Marcelino Vieira<br />

Martins<br />

Pau dos Ferros<br />

Total<br />

Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />

10.890<br />

6.000<br />

8.000<br />

24.000<br />

2.200<br />

1.045<br />

7.456<br />

10.400<br />

8.000<br />

5.905<br />

320<br />

1.740<br />

2.430<br />

10.480<br />

1.044<br />

560<br />

9.680<br />

9.000<br />

840<br />

38.985<br />

5.200<br />

1.243<br />

3.200<br />

4.800<br />

3.206<br />

17.280<br />

1.113<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

.-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

195.017<br />

2.700<br />

113<br />

750<br />

648<br />

330<br />

162<br />

623<br />

780<br />

432<br />

366<br />

60<br />

594<br />

810<br />

1.575<br />

3<br />

120<br />

225<br />

4.500<br />

378<br />

6.075<br />

180<br />

207<br />

600<br />

2.700<br />

375<br />

4.500<br />

173<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

29.978<br />

18.540<br />

713<br />

4.750<br />

6.480<br />

2.530<br />

1.328<br />

4.150<br />

6.240<br />

3.744<br />

3.904<br />

480<br />

5.227<br />

6.480<br />

9.450<br />

24<br />

720<br />

1.875<br />

33.000<br />

2.394<br />

40.500<br />

1.440<br />

1.697<br />

4.000<br />

19.800<br />

2.750<br />

38.400<br />

1.380<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

221.997<br />

7.308<br />

6.000<br />

8.640<br />

4.240<br />

1.680<br />

1.791<br />

8.000<br />

8.800<br />

4.147<br />

5.324<br />

320<br />

1.582<br />

2.430<br />

8.821<br />

5<br />

480<br />

8.228<br />

4.000<br />

840<br />

33.713<br />

2.400<br />

2.619<br />

3.200<br />

5.400<br />

3.206<br />

17.299<br />

2.207<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

152.680<br />

1.130<br />

225<br />

1.200<br />

2.250<br />

441<br />

555<br />

2.100<br />

660<br />

968<br />

368<br />

87<br />

771<br />

405<br />

2.859<br />

3<br />

150<br />

1.200<br />

2.025<br />

255<br />

9.300<br />

975<br />

224<br />

600<br />

3.038<br />

1.125<br />

4.505<br />

684<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

38.103<br />

10.542<br />

1.875<br />

9.600<br />

18.000<br />

3.528<br />

5.106<br />

15.400<br />

5.940<br />

8.385<br />

3.308<br />

650<br />

7.402<br />

3.240<br />

28.872<br />

29<br />

900<br />

11.600<br />

16.200<br />

1.870<br />

86.800<br />

8.775<br />

1.788<br />

5.400<br />

20.250<br />

10.125<br />

40.541<br />

6.156<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

332.282<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção; (2) Criados em 1953. (X) Lage.<br />

7.357<br />

6.000<br />

10.400<br />

18.000<br />

1.750<br />

1.955<br />

12.000<br />

9.000<br />

5.465<br />

4.840<br />

640<br />

1.740<br />

4.320<br />

9.665<br />

160<br />

560<br />

9.196<br />

4.800<br />

1.080<br />

34.099<br />

6.000<br />

2.745<br />

3.600<br />

5.520<br />

3.228<br />

17.875<br />

2.439<br />

6.020<br />

800<br />

22.000<br />

4<br />

4.000<br />

400<br />

1.264<br />

4.913<br />

3.600<br />

6.776<br />

721<br />

2.476<br />

668<br />

4.800<br />

6.600<br />

8.000<br />

4.700<br />

262.176<br />

1.824<br />

2.250<br />

1.800<br />

2.069<br />

656<br />

606<br />

3.150<br />

2.025<br />

1.275<br />

600<br />

270<br />

848<br />

540<br />

2.130<br />

90<br />

189<br />

1.950<br />

2.025<br />

270<br />

11.880<br />

1.800<br />

458<br />

675<br />

1.800<br />

968<br />

4.655<br />

756<br />

1.800<br />

210<br />

2.475<br />

2<br />

3.300<br />

150<br />

270<br />

1.275<br />

810<br />

1.650<br />

322<br />

428<br />

233<br />

2.700<br />

1.650<br />

4.500<br />

2.528<br />

71.861<br />

20.064<br />

19.125<br />

19.200<br />

25.862<br />

6.563<br />

7.272<br />

35.700<br />

22.275<br />

17.002<br />

7.500<br />

3.240<br />

8.369<br />

5.782<br />

21.300<br />

1.200<br />

2.205<br />

23.400<br />

20.250<br />

2.430<br />

139.009<br />

28.600<br />

4.575<br />

6.075<br />

15.600<br />

9.684<br />

51.204<br />

9.062<br />

23.400<br />

1.890<br />

33.000<br />

12<br />

39.600<br />

12.000<br />

2.430<br />

15.300<br />

8.100<br />

20.625<br />

3.179<br />

5.702<br />

2.094<br />

26.100<br />

16.500<br />

37.500<br />

25.275<br />

805.255


215<br />

Tabela 50 - Algodão aróreo<br />

Pernambuco<br />

1953 1954 1956<br />

MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />

Águ<strong>as</strong> Bel<strong>as</strong><br />

Afogados da Ingazeira<br />

Altinho<br />

Arcoverde<br />

Bodocó<br />

Brejo da Madre de Deus<br />

Buíque<br />

Cabrobó<br />

Caruaru<br />

Custódia<br />

Exu<br />

Floresta<br />

Gravatá<br />

Jatinã<br />

Ouricuri<br />

Parnamirim<br />

Petrolândia<br />

Salgueiro<br />

São Joaquim do Monte<br />

Serra Talhada<br />

Serrita<br />

Vertentes<br />

Riacho d<strong>as</strong> Alm<strong>as</strong><br />

Tacaratu<br />

Total<br />

Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />

-<br />

4.800<br />

947<br />

60<br />

3.120<br />

1.960<br />

100<br />

938<br />

7.547<br />

5.000<br />

3.328<br />

1.800<br />

106<br />

602<br />

2.975<br />

2.284<br />

29<br />

706<br />

9<br />

12.500<br />

2.432<br />

400<br />

-<br />

-<br />

51.643<br />

-<br />

1.350<br />

233<br />

9<br />

458<br />

461<br />

50<br />

270<br />

276<br />

893<br />

125<br />

242<br />

39<br />

120<br />

20<br />

354<br />

14<br />

300<br />

3<br />

5.318<br />

75<br />

63<br />

-<br />

-<br />

10.859<br />

-<br />

10.800<br />

2.170<br />

82<br />

2.745<br />

2.303<br />

446<br />

1.800<br />

2.070<br />

6.545<br />

996<br />

1.449<br />

234<br />

840<br />

1.050<br />

2.149<br />

68<br />

1.800<br />

18<br />

36.691<br />

600<br />

441<br />

-<br />

-<br />

75.565<br />

-<br />

4.800<br />

-<br />

72<br />

3.520<br />

2.058<br />

104<br />

938<br />

7.160<br />

5.000<br />

2.400<br />

1.900<br />

102<br />

620<br />

2.960<br />

1.662<br />

53<br />

753<br />

9<br />

12.500<br />

818<br />

420<br />

-<br />

-<br />

48.849<br />

-<br />

1.950<br />

-<br />

15<br />

276<br />

968<br />

39<br />

240<br />

860<br />

1.775<br />

360<br />

570<br />

38<br />

375<br />

389<br />

990<br />

15<br />

357<br />

3<br />

6.000<br />

249<br />

78<br />

-<br />

-<br />

15.047<br />

-<br />

19.500<br />

-<br />

125<br />

2.760<br />

7.740<br />

338<br />

1.600<br />

6.590<br />

11.900<br />

3.600<br />

3990<br />

283<br />

2.625<br />

2.720<br />

6.930<br />

108<br />

1.785<br />

32<br />

44.000<br />

2.656<br />

624<br />

-<br />

-<br />

119.906<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção. (X) Belém de São Francisco.<br />

750<br />

4.800<br />

947<br />

52<br />

4.000<br />

1.980<br />

104<br />

938<br />

7.160<br />

4.840<br />

3.000<br />

1.860<br />

104<br />

620<br />

1.960<br />

2.710<br />

77<br />

695<br />

9<br />

12.320<br />

400<br />

420<br />

28<br />

29<br />

50.803<br />

42<br />

1.500<br />

180<br />

8<br />

150<br />

1.478<br />

29<br />

165<br />

540<br />

1.035<br />

330<br />

402<br />

32<br />

24<br />

180<br />

375<br />

9<br />

180<br />

3<br />

1.500<br />

90<br />

83<br />

4<br />

3<br />

8.339<br />

420<br />

15.000<br />

2.400<br />

117<br />

1.800<br />

14.775<br />

285<br />

1.540<br />

4.320<br />

13.800<br />

3.300<br />

5.896<br />

315<br />

224<br />

1.260<br />

4.500<br />

90<br />

1.920<br />

31<br />

15.000<br />

900<br />

869<br />

55<br />

30<br />

88.847


216<br />

Tabela 51 - Algodão arbóreo<br />

Bahia<br />

1953 1954 1956<br />

MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />

Correntina<br />

Curaçá<br />

Jacobina<br />

Santana<br />

Serrinha<br />

Uauá<br />

Jequié<br />

Chorrochó<br />

Ibitiara<br />

Total<br />

Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />

510<br />

1.890<br />

14<br />

1.742<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

4.156<br />

143<br />

630<br />

5<br />

690<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

1.468<br />

380<br />

4.200<br />

11<br />

2.070<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

6.661<br />

510<br />

1.890<br />

54<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

2.454<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

Nota: (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção.<br />

218<br />

1.796<br />

23<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

2.037<br />

Tabela 52 - Algodão arbóreo<br />

Alago<strong>as</strong><br />

798<br />

11.970<br />

53<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

11.821<br />

522<br />

30<br />

54<br />

2.025<br />

12<br />

56<br />

16<br />

29<br />

4<br />

2.748<br />

1953 1954 1956<br />

MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />

Mata Grande<br />

Palmeira dos Índios<br />

P<strong>as</strong>so Camaragibe<br />

Total<br />

227<br />

39<br />

20<br />

1.073<br />

2<br />

84<br />

6<br />

36<br />

2<br />

1.489<br />

Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />

160<br />

-<br />

-<br />

160<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

51<br />

-<br />

-<br />

51<br />

255<br />

-<br />

-<br />

255<br />

160<br />

-<br />

-<br />

160<br />

53<br />

-<br />

-<br />

53<br />

315<br />

-<br />

-<br />

315<br />

240<br />

15<br />

33<br />

288<br />

75<br />

2<br />

5<br />

82<br />

1.134<br />

260<br />

47<br />

5.363<br />

5<br />

672<br />

32<br />

288<br />

8<br />

7.809<br />

524<br />

20<br />

90<br />

634


217<br />

Tabela 53 - Algodão arbóreo<br />

Paraíba<br />

1953 1954 1956<br />

MUNICÍPIOS Área(1) Quant. Valor Área Quant. Valor Área Quant. Valor<br />

Antenor Navarro<br />

Araruna<br />

Areia<br />

Bonito de Santa Fé<br />

Brejo do Cruz<br />

Cabaceir<strong>as</strong><br />

Cajazeir<strong>as</strong><br />

Campina Grande<br />

Catolé<br />

Conceição<br />

Cuité<br />

Itaporanga<br />

S. José de Piranh<strong>as</strong> (X)<br />

Monteiro<br />

Patos<br />

Piancó<br />

Picuí<br />

Pombal<br />

Santa Luiza<br />

São João do Cariri<br />

Soledade<br />

Souza<br />

Sumé<br />

Taperoá<br />

Teixeira<br />

Umbuzeiros<br />

Aroeir<strong>as</strong> (2)<br />

Malta (2)<br />

Corem<strong>as</strong> (2)<br />

Princeza Isabel<br />

Pocinhos (2)<br />

São Mamede<br />

Uiraúna (2)<br />

Total<br />

Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) (Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000) Cultiv.(ha) (Ton) (Cr$ 1.000)<br />

13.699<br />

18 6<br />

2.336<br />

5.600<br />

2.250<br />

16.092<br />

320<br />

10.000<br />

2.650<br />

2.000<br />

18.000<br />

5.508<br />

3.200<br />

15.756<br />

12.033<br />

16<br />

7.600<br />

17.908<br />

3.200<br />

4.000<br />

17.600<br />

6.800 9<br />

6.100<br />

3.189 --<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

175.890<br />

1.218<br />

5<br />

2<br />

176<br />

1.050<br />

375<br />

1.056<br />

216<br />

1.800<br />

1.395<br />

525<br />

4.800<br />

255<br />

540<br />

3.723<br />

5.255<br />

21<br />

1.200<br />

1.950<br />

450<br />

900<br />

3.390<br />

1.148 4<br />

630<br />

1.418 --<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

33.499<br />

8.526<br />

39<br />

11<br />

1.229<br />

7.700<br />

2.625<br />

9.856<br />

1.584<br />

13.440<br />

8.370<br />

4.375<br />

28.800<br />

2.380<br />

5.220<br />

28.047<br />

56.048<br />

154<br />

9.200<br />

14.690<br />

3.600<br />

7.800<br />

25.538<br />

8.798<br />

28<br />

5.670<br />

10.962 --<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

264.688<br />

9.749<br />

21 6<br />

2.400<br />

4.800<br />

2.259 -<br />

-<br />

12.000<br />

11.800<br />

1.920<br />

19.125<br />

6.156<br />

10.400<br />

15.764<br />

12.816<br />

16<br />

6.408<br />

14.917<br />

3.200<br />

4.000<br />

19.200<br />

6.820<br />

11<br />

6.000<br />

1.382 -<br />

1.000<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

172.170<br />

2.193<br />

6<br />

2<br />

720<br />

2.700<br />

377 -<br />

-<br />

5.400<br />

2.400<br />

600<br />

5.100<br />

2.850<br />

5.187<br />

5.912<br />

7.650<br />

23<br />

2.400<br />

5.700<br />

1.200<br />

1.500<br />

6.594<br />

8<br />

525<br />

600<br />

-<br />

525 -<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

63.106<br />

17.544<br />

56<br />

44<br />

5.424<br />

21.600<br />

2.836 --<br />

43.200<br />

19.200<br />

4.800<br />

35.700<br />

28.500<br />

51.870<br />

47.292<br />

81.600<br />

180<br />

20.800<br />

52.820<br />

9.600<br />

15.800<br />

56.269<br />

22.103<br />

69<br />

5.320<br />

4.800<br />

-<br />

4.550 -<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

551.947<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />

Nota: (X) Jatobá. (1) Considerada apen<strong>as</strong> a área ocupada com pés em produção. (2) Criados em 1953.<br />

14.660<br />

60 8<br />

2.800<br />

7.600<br />

2.700<br />

17.240<br />

1.360<br />

13.200<br />

15.400<br />

1.920<br />

21.600<br />

8.748<br />

10.400<br />

16.400<br />

19.500<br />

45<br />

6.428<br />

10.174<br />

3.600<br />

4.480<br />

24.000<br />

4.800<br />

11<br />

6.200<br />

1.357<br />

1.789<br />

1.003<br />

4.689<br />

4.900<br />

160<br />

6.534<br />

6.885<br />

240.651<br />

2.260<br />

17 2<br />

630<br />

2.550<br />

450<br />

4.626<br />

918<br />

2.520<br />

2.888<br />

960<br />

5.760<br />

6.008<br />

4.170<br />

5.535<br />

7.950<br />

60<br />

3.616<br />

2.400<br />

1.500<br />

1.680<br />

5.625<br />

375<br />

75<br />

600<br />

522<br />

954<br />

564<br />

1.547<br />

3.150<br />

107<br />

1.695<br />

2.310<br />

74.022<br />

24.864<br />

198<br />

18<br />

6.300<br />

27.200<br />

6000<br />

52.888<br />

9.180<br />

26.880<br />

31.763<br />

12.800<br />

57.600<br />

48.600<br />

55.600<br />

77.490<br />

119.899<br />

680<br />

48.210<br />

32.000<br />

15.000<br />

16.800<br />

61.875<br />

5.250<br />

110<br />

7.600<br />

5.742<br />

9.540<br />

8.276<br />

17.536<br />

31.500<br />

1.172<br />

22.600<br />

25.410<br />

166.579


218<br />

5. 2 - Cultura da carnaubeira<br />

Ligeiro histórico (29) - Foram os naturalist<strong>as</strong> Macgrave e Piso os primeiros<br />

que deram notícia da carnaubeira. Em 1790, o padre José Mariano da Conceição<br />

Veloso procurou cl<strong>as</strong>sificá-la. O botânico paraibano Manoel de Arruda<br />

Câmara apresentou-a como Corypha cerifera. Em 1780, Von Martius<br />

identificou-a como Coperncea cerífera. Em 1796, Arruda Câmara anunciou<br />

a existência da cera e começou a estudá-la, porém faleceu em 1810. A<br />

primeira monografia sobre a árvore foi da autoria do Dr. Marcos de Macedo,<br />

“Notice sur le Palmier Carnaúba”, editada em Paris, em 1857. Foi o<br />

rio-grandense do norte, Manoel Antônio de Macedo, morador em Russ<strong>as</strong><br />

que, primeiramente, descobriu o modo de extrair a cera e ensinou o processo<br />

aos nordestinos, n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> viagens ao interior até o Piauí. A cera foi usada,<br />

a princípio, para <strong>as</strong> vel<strong>as</strong> de iluminação preparad<strong>as</strong> em c<strong>as</strong>a. A exportação<br />

teve início em 1856-57, para Pernambuco, nos totais de 538.568kg e 26.<br />

112kg, embarcados em Aracati e Fortaleza, respectivamente.<br />

Habitat da palmeira - A ecologia da carnaubeira está delimitada pela região<br />

semi-árida do <strong>Nordeste</strong>, havendo alguns municípios no Maranhão com<br />

pequenos carnaubais. Essa palmeira requer muita luz, chuv<strong>as</strong> espars<strong>as</strong>, temperatura<br />

média entre 209 o C a 309 o C, ar seco no verão para a colheita, e<br />

solo de aluvião, argiloso, com pH acima de 7,0. Acredita-se que ela exija<br />

pot<strong>as</strong>sio, magnésio e sódio para facilitar o processo clorofiliano de formação<br />

da cera. Não temos notícia de produção comercial de cera de carnaúba fora<br />

do Br<strong>as</strong>il.<br />

Os municípios mais florestados com carnaubais são: no Piauí, Altos, Batalha,<br />

Campo Maior, Floriano, Miguel Alves, Oeir<strong>as</strong>, Parnaíba, Pedro II,<br />

Piripiri, Picos, Regeneração, S. João do Piauí, Simplício Mendes, União e<br />

Valença.; no Ceará, Acaraú, Aquiraz, Aracati, Aracoiaba, Arneiroz, Camocim,<br />

C<strong>as</strong>cavel, Coité, Fortaleza, Granja, Limoeiro, Maranguape, Morada<br />

Nova, M<strong>as</strong>sapé, Palma, Paracuru, Russ<strong>as</strong>, Sta. Quitéria, Sobral, Caucaia,<br />

Trairi e União; no R. G. do Norte, Apodi, Areia Branca, Açu, Augusto Severo,<br />

Caraúb<strong>as</strong>, Macau, Mossoró e Sta. Ana de Matos; na Paraíba, Cajazei-


<strong>as</strong>, Misericórdia, Piancó, Antenor Navarro e Souza; em Pernambuco e na<br />

Bahia, a carnaubeira ocorre em alguns municípios, porém em pequena quantidade.<br />

São muitos os municípios com carnaubais pequenos e esparsos; m<strong>as</strong><br />

nem todos produzem cera, porque onde a palmeira vegeta com grandes espaçamentos,<br />

não compensa o trabalho da colheita.<br />

O ótimo ecológico é encontrado nos vales do Açu, do Baixo Jaguaribe,<br />

do Acaraú e do Parnaíba. No estudo agrológico e cad<strong>as</strong>tral dos vales do<br />

Açu e do Baixo Jaguaribe foram calculados existirem 10.767ha com<br />

28.205.270 carnaubeir<strong>as</strong> e 27.585ha com 43.761.108 carnaubeir<strong>as</strong>, respectivamente.<br />

Se tomarmos a produção média, anual, de 10.000 tonelad<strong>as</strong> de cera<br />

para o Ceará, o Piauí e o Rio Grande do Norte, com 100grs., por pé, concluiremos<br />

que existem, nesses três Estados, 100.000.000 de carnaubeir<strong>as</strong><br />

em produção.<br />

A produção é qu<strong>as</strong>e toda de árvores nativ<strong>as</strong>; <strong>as</strong> plantações são pequen<strong>as</strong>,<br />

considerando-se a grande área adaptada a essa cerífera e da sua contribuição<br />

em dólares para a região. Depois de um século de exportação, <strong>as</strong><br />

lavour<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> pouco ultrap<strong>as</strong>sam os 2.000.000 de palmeir<strong>as</strong>.<br />

Cultura - A carnaubeira pode ser considerada a planta de valor econômico<br />

mais resistente à seca, depois da palma, do faveleiro e do umbuzeiro.<br />

Uma vez enraizada, é difícil morrer, salvo quando estiagem muito prolongada<br />

for conjugada com o fogo, ou com o solo arenoso e r<strong>as</strong>o ou com a salinização<br />

da terra sob a influência d<strong>as</strong> marés. Pode-se dizer que é uma lavoura que<br />

não preocupa o homem quanto à variação d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. Ela não somente produz<br />

a cera, como também a madeira para construções e <strong>as</strong> palh<strong>as</strong> para o<br />

fabrico de chapéus, de bols<strong>as</strong>, de redes, de cord<strong>as</strong>, de peneir<strong>as</strong> e outros<br />

artefatos que dão ocupação rendosa a milhares de milhares de moç<strong>as</strong>.<br />

A cultura cuidadosa começa com a obtenção da semente ou fruto. A<br />

maturação deste dá-se após a colheita d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong>, isto é, nos meses de janeiro-fevereiro,<br />

com pequena variação. Os cachos maduros, sacudidos com<br />

um gancho, na ponta de uma vara, soltam os frutos, que são secados à som-<br />

219


a e, para eliminar o cauncho, são misturados com inseticida em pó ou<br />

armazenados com terra pulverizada, seca, para esperar o plantio em abril ou<br />

maio.<br />

Como o crescimento é lento e demora 8 anos para a primeira colheita, a<br />

carnaubeira é sempre intercalada com a mandioca, o algodão ou o milho,<br />

para baratear o custo do estabelecimento do carnaubal. O preparo do solo é<br />

feito como para <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong>, com o destocamento, a terra arada,<br />

gradeada ou simplesmente capinada, conforme o “sistema”, o g<strong>as</strong>to ou <strong>as</strong><br />

posses do lavrador. Sempre que há consociação, o cultivo mecânico é difícil,<br />

<strong>as</strong> capin<strong>as</strong> têm de ser feit<strong>as</strong> à enxada. As cov<strong>as</strong> são abert<strong>as</strong> com o intervalo<br />

de 3x3 metros ou 3x4 metros, em linh<strong>as</strong> ret<strong>as</strong> ou em contorno, dependendo<br />

da declividade do campo. Colocam-se <strong>as</strong> sementes, e, ao mesmo tempo,<br />

planta-se a outra lavoura. A germinação se processa em 1 mês ou dois, segundo<br />

o grau de umidade. É desigual. Usa-se por mais de uma semente na<br />

cova e fazer o desb<strong>as</strong>te mais tarde, para evitar o replantio.<br />

Pode-se conseguir 6 safr<strong>as</strong> da cultura intercalar e, depois, faz-se a semeadura<br />

de capins e leguminos<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, r<strong>as</strong>teir<strong>as</strong>, e deixa-se formar a p<strong>as</strong>tagem<br />

em um ou dois anos. As plantações mist<strong>as</strong> e a combinação da p<strong>as</strong>tagem<br />

com o carnaubal são meios de que o lavrador lança mão para eliminar a<br />

vegetação ruim, ajudar o crescimento d<strong>as</strong> palmeir<strong>as</strong>, obter colheit<strong>as</strong> todos os<br />

anos, aumentar a renda da área e manter o solo sob cobertura constante.<br />

Apesar de já empregada, esta <strong>as</strong>sociação é uma prática suscetível de aperfeiçoamento<br />

e de evolução para o moderno sistema de agricultura de “dois<br />

tetos”, recomendável para os trópicos. As palmeir<strong>as</strong> controlam o vento, ganham<br />

luz e <strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong> protegem o terreno contra a erosão, evitam a insolação<br />

direta e fornecem humus. A arboricultura dos clim<strong>as</strong> quentes, por motivos<br />

econômicos, ecológicos e de preservação dos recursos naturais está<br />

progredindo para a exploração em dois planos visando colheit<strong>as</strong> diversificad<strong>as</strong>,<br />

especialmente quando é possível dar à cultura caráter extensivo. A conjugação<br />

dos carnaubais com os prados está fadada a adquirir grande importância<br />

pela v<strong>as</strong>ta superfície adequada, pela sua harmonização com o clima,<br />

pela ocupação da mão-de-obra no verão, época folgada e, também, porque<br />

220


concilia o melhoramento da pecuária com uma c<strong>as</strong>h crop que não exporta<br />

minerais do solo. No <strong>Nordeste</strong>, salvo o algodão e a mandioca, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong><br />

são competitiv<strong>as</strong> com a produção animal.<br />

Quando abrangendo extensões maiores, os prados-carnaubais carecem<br />

ser divididos por cerc<strong>as</strong>, em p<strong>as</strong>tos menores, a fim de facilitar o p<strong>as</strong>toreio<br />

alternado, o controle do número de cabeç<strong>as</strong> de gado, para preservar a macega<br />

com <strong>as</strong> sementes e raízes que brotarão no próximo inverno.<br />

Tabela 54 - Análise d<strong>as</strong> cinz<strong>as</strong> da raiz da carnaubeira. (Irmãos Pekolt)<br />

Elemento Percentual<br />

Água 18,539%<br />

Ácido carbônico ................................................................ 1,109%<br />

Cloro ................................................................................ 37,666%<br />

Ácido sulfúrico .................................................................. 6,456%<br />

Magnésia ........................................................................... 0,142%<br />

Cal .................................................................................... 0,032%<br />

Pot<strong>as</strong>sa ............................................................................. 13,697%<br />

Soda ................................................................................. 21,511%<br />

Subst. orgânica, sílica ......................................................... 0,850%<br />

Fonte: “Contribuição ao estudo da cera da carnaubeira”, prof. Juarez<br />

Furtado - pág. 22.<br />

Operações da colheita e obtenção da cera - Os carnaubais plantados<br />

ainda são poucos; a produção da cera constitui uma indústria extrativa, isto<br />

é, b<strong>as</strong>eia-se no aproveitamento dos palmais nativos. Alguns proprietários<br />

fazem a colheita por conta própria, porém a regra geral é o arrendamento<br />

dos carnaubais: o rendeiro contrata a exploração com o proprietário para<br />

fazer dois cortes de folh<strong>as</strong>, realizar tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> operações até a fusão do pó,<br />

com a mão-de-obra e o material por sua conta. Terminada a safra, o rendeiro<br />

entrega um terço da cera obtida ao dono da terra e fica com os dois<br />

terços restantes. Quando o proprietário dispõe de máquina extratora de<br />

221


cera, empresta-a ao rendeiro para receber a metade da cera produzida.<br />

Há, também, c<strong>as</strong>os em que o arrendatário paga, em dinheiro, o aluguel do<br />

carnaubal.<br />

Os cortes são feitos em agosto-setembro e outro em novembro-dezembro.<br />

O processo tradicional d<strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e preparação da cera<br />

e todo manual e consiste no corte d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> com uma faca, atada na<br />

ponta de uma vara; no ajuntamento d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> verdes; no corte dos pecíolos;<br />

no transporte d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong>, em jumentos, para o terreiro da secagem,<br />

onde permanecem até 4 di<strong>as</strong>, sob cuidado contra a chuva ou a inv<strong>as</strong>ão<br />

de animais; no armazenamento d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, em cômodo forrado; no<br />

r<strong>as</strong>gamento do limbo; na batedura d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong> sobre uma táboa, para retirar<br />

o pó, e na fusão deste. Como se verifica, o processo é trabalhoso e<br />

demorado, há perd<strong>as</strong> até de 30% do cerídio na movimentação d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong><br />

e o produto recebe muit<strong>as</strong> impurez<strong>as</strong> de detritos e poeira. Depois de<br />

obtido, o pó é peneirado e posto em lata de querosene, com um copo de<br />

água e uma colher de sal de azeda (ácido oxálico). A lata vai ao fogo, em<br />

temperatura não acima de 90 o C para evitar o escurecimento da cera.<br />

Agita-se a m<strong>as</strong>sa fundida, despejando-a num pano, cuj<strong>as</strong> pont<strong>as</strong> se torcem<br />

a fim de, separá-la do resíduo. O material coado é posto em moldes,<br />

para esfriar e endurecer.<br />

A folha fornece a cera gordurosa e o “olho”, folha nova, não aberta, é<br />

manipulada em separado, para a produção de cera de primeira qualidade.<br />

O rendimento quantitativo da cera varia com o terreno, a idade d<strong>as</strong> palmeir<strong>as</strong>,<br />

no número de cortes, a ausência de prag<strong>as</strong>, os cuidados tomados n<strong>as</strong><br />

operações e o beneficiamento do produto. Em alguns carnaubais, é possível<br />

obter uma arroba de cera (15kg) com 2.000 folh<strong>as</strong>. Em outros, são<br />

necessári<strong>as</strong> 4.000 a 6.000 palh<strong>as</strong>. Nos carnaubais novos, em terr<strong>as</strong> frac<strong>as</strong>,<br />

são precis<strong>as</strong> 10.000 folh<strong>as</strong>.<br />

D<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> com os exploradores de carnaubais nativos, em Cauípe,<br />

Ceará, obtivemos <strong>as</strong> seguintes hor<strong>as</strong> médi<strong>as</strong> de trabalho para <strong>as</strong> operações<br />

de produção de 15kg de cera.<br />

222


Corte d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> .................................................................. 8 hor<strong>as</strong><br />

Ajuntamento d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> ........................................................ 8 hor<strong>as</strong><br />

Cortes dos pecíolos ............................................................. 8 hor<strong>as</strong><br />

Transporte ........................................................................... 24 hor<strong>as</strong><br />

Secagem e fiscalização ......................................................... 25 hor<strong>as</strong><br />

Armazenamento d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong> .................................................. 6 hor<strong>as</strong><br />

R<strong>as</strong>gamento dos limbos ....................................................... 30 hor<strong>as</strong><br />

Batedura ............................................................................. 16 hor<strong>as</strong><br />

Fusão do pó ........................................................................ 10 hor<strong>as</strong><br />

Mão-de-obra para 15kg de cera ... ..................................... 135 hor<strong>as</strong><br />

Mão-de-obra para 1kg de cera ... ....................................... 9 hor<strong>as</strong><br />

A mão-de-obra para a obtenção da cera, como para <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong><br />

extrativ<strong>as</strong>, varia com a densidade do palmeiral, a altura d<strong>as</strong> árvores, <strong>as</strong> distânci<strong>as</strong>,<br />

a habilidade dos operários, etc.<br />

“A extração da cera de árvores nativ<strong>as</strong> (30) , pelo processo normal, para<br />

a verificação do custo da colheita, foi feita pelo agrônomo Paulo de Brito<br />

Guerra, no Instituto J.A. Trindade, Souza, Paraíba. Ele fez dois cortes experimentais<br />

em 231 carnaubeir<strong>as</strong> adult<strong>as</strong>, nativ<strong>as</strong>, e obteve 5.004 folh<strong>as</strong> e<br />

“olhos” que deram o total de 59.939kg de pó de cera ou 255 gram<strong>as</strong> por<br />

árvore. As folh<strong>as</strong> perderam, em dois di<strong>as</strong> de secagem ao sol, 42% do peso<br />

e os “olhos” 55%.<br />

Colheita e beneficiamento em hor<strong>as</strong>:<br />

Preparo da ferramenta ......................................................... 20 hor<strong>as</strong><br />

Corte d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> .................................................................. 240 hor<strong>as</strong><br />

Transporte ........................................................................... 8 hor<strong>as</strong><br />

Secagem e vigilância ............................................................ 57 hor<strong>as</strong><br />

R<strong>as</strong>gamento d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e ext. do pó. .................................... 256 hor<strong>as</strong><br />

Trabalho p/conseguir 59.939kg/pó ....................................... 581 hor<strong>as</strong><br />

Trabalho p/conseguir 1 quilo de pó ....................................... 9 hor<strong>as</strong><br />

Sendo a colheita d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e o beneficiamento da cera operações muito<br />

manuais, a elevação dos salários dos trabalhadores, em conseqüência da<br />

inflação, tornou essa indústria extrativa pouco rendosa, a partir de 1953.<br />

Cremos que o custo da mão-de-obra (vide gráficos anexos) é um dos fato-<br />

223


es que tem contribuído para o pequeno aumento da produção. Com o novo<br />

salário mínimo, a ser decretado brevemente, a produção da cera tornar-se-á<br />

deficitária. Somente os processos tecnológicos poderão baixar o custo da<br />

produção, razão por que julgamos de alta importância o estudo de um processo<br />

econômico e rápido de extração da cera. Será uma d<strong>as</strong> taref<strong>as</strong> do<br />

Instituto de Tecnologia, em boa hora criado pela Universidade do Ceará.<br />

As máquin<strong>as</strong> de bater <strong>as</strong> palh<strong>as</strong> diminuem o número de hor<strong>as</strong> do r<strong>as</strong>gamento<br />

dos limbos e da batedura, m<strong>as</strong> <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> operações continuam a depender<br />

da mão-de-obra. A picagem d<strong>as</strong> palh<strong>as</strong> não permite o emprego dest<strong>as</strong><br />

como matéria-prima no artesanato.<br />

Mercados - Os produtos secundários da carnaubeira, como os arfefatos<br />

de palha e a madeira são consumidos no país. Atualmente, cogita-se da instalação,<br />

no Br<strong>as</strong>il, de fábric<strong>as</strong> para industrializar a cera (Cia. Johnson). O<br />

mercado internacional tem consumido, praticamente, toda a cera nordestina.<br />

Os maiores compradores são os Estados Unidos, a Alemanha, a França, a<br />

Bélgica, a Inglaterra, a Itália. A Tabela 57 indica <strong>as</strong> noss<strong>as</strong> exportações de<br />

cera nos últimos 37 anos (1920 a 1956). Verifica-se que o aumento anual é<br />

pequeno, comparado com a importância do produto e a razão parece estar<br />

nos embaraços da produção. Os fatores que têm inibido de avolumar a produção<br />

parecem ser os seguintes: 1) baixa produção por hectare; 2) operações<br />

manuais de colheita e de extração do pó com elevado custo de produção;<br />

3) perd<strong>as</strong> no beneficiamento; 4) fraudes e falsificações que desvalorizam<br />

a mercadoria; 5) contrabando, que diminui a estatística e desvia divis<strong>as</strong>;<br />

6) competição d<strong>as</strong> cer<strong>as</strong> de outros tipos e procedênci<strong>as</strong>.<br />

Na indústria estrangeira, a cera de carnaúba é empregada para papéis<br />

impermeáveis, papel carbono, grax<strong>as</strong> para polimentos de <strong>as</strong>soalhos e de calçados,<br />

lac<strong>as</strong> e vernizes, proteção de frutos embalados, pólvora, gom<strong>as</strong> divers<strong>as</strong>,<br />

etc. Esta cera é a mais dura dos cerídios conhecidos, resiste à insolação<br />

e aos raios ultravioleta, dá corpo e compacidade aos polimentos e serve<br />

de mistura para a correção d<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> cer<strong>as</strong>.<br />

O engenheiro-agrônomo J. B. de Morais Carvalho, após estudar o mercado<br />

da cera de carnaúba, nos Estados Unidos, apresenta <strong>as</strong> seguintes<br />

conclusõe:s (31) :<br />

224


a) Qualidade - Falta uniformidade na cor e n<strong>as</strong> especificações de estabilidade<br />

do produto.<br />

b) Preço - Flutuações crescentes no mercado e altos preços, dando<br />

origem ao maior interesse pelos substitutos sintéticos; falta de estabilidade<br />

comercial nos preços.<br />

c) Produção - Não acompanha <strong>as</strong> necessidades e a expansão dos mercados.<br />

É relativamente constante e os industriais que a aplicariam, se<br />

existisse em quantidade, procuram os sucedâneos e sintéticos. Além<br />

disso, é preciso destacar a possibilidade de uma diminuição natural<br />

da produção, em conseqüência de não se estar plantando carnaubeir<strong>as</strong><br />

em quantidade suficiente para aumentar a produção, diminuída<br />

pela constante exploração de velh<strong>as</strong> palmeir<strong>as</strong>.<br />

d) Fraude - Aplicada sabre divers<strong>as</strong> modalidades, a fraude, em qualidade<br />

e peso, constitui um dos maiores incentivos ao progresso dos sucedâneos<br />

e sintéticos. A desmoralização do produto oc<strong>as</strong>ionará a sua<br />

própria ruína.<br />

e) Competição - Cer<strong>as</strong> naturais; cana-de-açúcar; candelila, licuri, linho,<br />

sisal, esparto e outr<strong>as</strong>; cer<strong>as</strong> minerais e sintétic<strong>as</strong>-microcristalin<strong>as</strong>, etc.;<br />

resin<strong>as</strong> naturais e sintétic<strong>as</strong> que entram agora em vári<strong>as</strong> fórmul<strong>as</strong>, em<br />

substituição à cera de carnaúba. Gosam da vantagem de serem produzid<strong>as</strong><br />

no próprio país. Esses elementos concorrem para “três” grandes<br />

fabricantes não usarem mais carnaúba nos seus produtos e vários<br />

deles estão diminuindo a percentagem de cera de carnaúba n<strong>as</strong> fórmul<strong>as</strong>.<br />

Auxiliam o progresso dos sintéticos e <strong>as</strong> dificuldades citad<strong>as</strong><br />

conduzirão os fabricantes a empregar o mínimo de carnaúba. Já se<br />

sabe que a indústria de emulsão de cara com água, produção desde<br />

1928 nos Estados Unidos, e que está em desenvolvimento, usa, hoje,<br />

menos de 50% da cera que usava.<br />

“A situação poderá ser melhorada, b<strong>as</strong>tando para isto a garantia de qualidade,<br />

de preço, aumento de produção e diminuição do seu custo. O melhoramento<br />

da cor d<strong>as</strong> cer<strong>as</strong> de carnaúba e de licuri dará maiores oportunidades<br />

225


a ess<strong>as</strong> cer<strong>as</strong> e o instituto de óleos já obteve resultados muito animadores<br />

com o sistema de clarificação empregado”.<br />

A Chemical Week, publicou o estudo econômico dos Drs. James E.<br />

Sayre e Charles J. Marsel sobre o mercado de cer<strong>as</strong>, e dele destacamos,<br />

com devida vênia, o seguinte:<br />

226<br />

Tabela 55 - Consumo de cer<strong>as</strong> nos Estados Unidos - 1950<br />

Cera Libr<strong>as</strong> U.S.$<br />

Petróleo 1.038.000.000 61.500.000<br />

Vegetais:<br />

Carnaúba 20.400.000 18.800.000<br />

Candelila 5.699.000 2.900.000<br />

Ouricuri 2.757.000 2.200.000<br />

Cana-de-açúcar 1.000.000 700.000<br />

Divers<strong>as</strong> 1.657.000 750.000<br />

31.513.000<br />

Sintéticos 21.000.000 7.270.000<br />

Inset. e animais 10.479.000 5.483.000<br />

Minerais 4.008.000 1.030.000<br />

35.457.000<br />

Total 1.104.970.000 100.633.000<br />

Fonte: Chemical Week, 27 sept. 1952, p 29.<br />

A produção de cera originária do petróleo foi, em 1939, de 464.520.000<br />

Lbs., em 1948, de 984.200.000 Lbs. e em 1951 de 1.347.920.000 Lbs. O<br />

emprego de cer<strong>as</strong>, em milhões de libr<strong>as</strong>, foi o seguinte, em 1951:


Usos Petróleo Carnaúba Candelila Licuri Cana Total Lb<br />

Papel, impermeáveis 760,0 1,0<br />

Vel<strong>as</strong><br />

50,0 -<br />

Eletricidade<br />

20,0 -<br />

Polim. calçados, <strong>as</strong>soalho 15,0 8,6<br />

Parafina clorotinada 23,0 -<br />

Têxtis<br />

18,0 -<br />

Couro<br />

10,0 -<br />

Proteção de frutos<br />

10,0 1,0<br />

Papel carbono<br />

- 4,1<br />

Chewing gum<br />

- -<br />

Diversos<br />

2,3 1,4<br />

Totais<br />

908,3 16,0<br />

Fonte: Chemical Week, 27 sept. 1952, p 29.<br />

Anos<br />

1920<br />

1921<br />

1922<br />

1923<br />

1924<br />

1925<br />

1926<br />

1927<br />

1928<br />

1292<br />

1930<br />

1931<br />

1932<br />

1933<br />

Tabela 56 - Emprego de cer<strong>as</strong> - 1951<br />

-<br />

0,7<br />

-<br />

2,1<br />

-<br />

-<br />

0,6<br />

-<br />

0,2<br />

0,6<br />

0,1<br />

4,3<br />

-<br />

-<br />

-<br />

1,2<br />

-<br />

-<br />

0,2<br />

-<br />

1,2<br />

-<br />

0,1<br />

2,7<br />

-<br />

-<br />

-<br />

0,5<br />

-<br />

-<br />

-<br />

0,1<br />

0,4<br />

-<br />

0,4<br />

Tabela 57 - Produção, exportação e valor da cera de<br />

carnaúba no <strong>Nordeste</strong><br />

Anos de 1920 a 1956<br />

1,4<br />

761,0<br />

50,7<br />

20,0<br />

27,4<br />

23,0<br />

18,0<br />

10,8<br />

11,1<br />

5,8<br />

0,6<br />

4,3<br />

912,7<br />

Produção Exportação Valor a bordo<br />

Tonelad<strong>as</strong> Tonelad<strong>as</strong> Cr$<br />

3.514<br />

3.904<br />

5.001<br />

4.341<br />

4.993<br />

5.219<br />

6.122<br />

7.350<br />

7.735<br />

7.225<br />

7.940<br />

8.321<br />

7.262<br />

8.599<br />

3.516<br />

3.906<br />

5.005<br />

4.341<br />

4.992<br />

5.115<br />

5.768<br />

7.034<br />

6.981<br />

6.433<br />

6.714<br />

7.471<br />

6.380<br />

6.875<br />

continua<br />

10.873.000,00<br />

10.395.000,00<br />

14.138.000,00<br />

14.015.000,00<br />

16.578.000,00<br />

19.970.000,00<br />

23.456.000,00<br />

31.657.000,00<br />

28.625.000,00<br />

24.766.000,00<br />

23.363.000,00<br />

23.776.000,00<br />

19.885.000,00<br />

21.570.000,00<br />

227


Anos<br />

1934<br />

1935<br />

1936<br />

1937<br />

1938<br />

1939<br />

1940<br />

1941<br />

1942<br />

1943<br />

1944<br />

1945<br />

1946<br />

1947<br />

1948<br />

1949<br />

1950<br />

1951<br />

1952<br />

1953<br />

1954<br />

1955<br />

1956<br />

228<br />

Tabela 57 - Produção, exportação e valor da cera de<br />

carnaúba no <strong>Nordeste</strong><br />

Anos de 1920 a 1956 conclusão<br />

Produção Exportação Valor a bordo<br />

Tonelad<strong>as</strong> Tonelad<strong>as</strong> Cr$<br />

8.059<br />

7.785<br />

10.675<br />

10.577<br />

9.925<br />

11.421<br />

9.852<br />

11.326<br />

8.852<br />

9.504<br />

10.719<br />

12.583<br />

11.633<br />

9.083<br />

11.370<br />

9.735<br />

10.625<br />

11.312<br />

10.490<br />

7.686<br />

6.284<br />

5.606<br />

7.799<br />

6.146<br />

6.607<br />

8.774<br />

8.942<br />

9.158<br />

10.001<br />

8.653<br />

11.766<br />

8.509<br />

9.046<br />

11.130<br />

9.432<br />

10.019<br />

8.388<br />

9.292<br />

11.109<br />

12.758<br />

9.579<br />

7.196<br />

7.375<br />

9.211<br />

12.466<br />

12.003<br />

27.862.000,00<br />

48.264.000,00<br />

97.526.000,00<br />

96.822.000,00<br />

101.016.000,00<br />

120.179.000,00<br />

169.411.000,00<br />

288.435.000,00<br />

240.695.000,00<br />

227.027.000,00<br />

298.222.000,00<br />

270.437.000,00<br />

492.075.000,00<br />

383.779.000,00<br />

285.738.000,00<br />

343.397.000,00<br />

408.463.000,00<br />

321.441.000,00<br />

216.019.000,00<br />

303.977.000,00<br />

490.104.000,00<br />

713.151.000,00<br />

907.696.000,00<br />

Fonte - Mensário Estatístico - S. E. E. F. n o 74 - 1957 - Pág 40<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1939 - 40<br />

Br<strong>as</strong>il 1939 - 40 - Pág. 272<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1955 - Pág. 81<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1956 - Pág.489<br />

Indústria de óleos vegetais do Br<strong>as</strong>il - J. Bertinho - Pág. 202<br />

A exploração da carnaúba - S.I.A. - M. A. - 1929.


Escala aritmética<br />

Produção de cera, milhões de tonelad<strong>as</strong><br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

1930<br />

32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54<br />

A n o s<br />

Produção<br />

Mão-de-obra<br />

1956<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

80<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

Custo total da mão de obra, em milhões de cruzeiros, para a extração<br />

da cera produzida calculada na b<strong>as</strong>e de 9 hor<strong>as</strong> de trabalho por quilo<br />

de cera e salários correspondentes aos anos<br />

ETENE/BNB<br />

Des. Asa/Crs<br />

Gráfico 18 - Cera de carnaúba no <strong>Nordeste</strong> 1930 - 1956 - Gráfico da<br />

tendência da produção da cera e do custo da mão-de-obra<br />

Fonte - IBGE - Anuário Estatístico, 1939; 1940; 1955; 1956.<br />

Escala em semi-logaritmos<br />

229


Valor da cera exportada em milhões de cruzeiros<br />

230<br />

1000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

80<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

1950<br />

Valor da Exportação<br />

Mão-de-obra<br />

32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54<br />

A n o s<br />

1956<br />

Custo da mão de obra, em milhões de cruzeiros, para a extração da<br />

cera exportada, calculada na b<strong>as</strong>e de 9 hor<strong>as</strong> de trabalho por quilo<br />

de cera e salários correspondentes aos anos<br />

Gráfico 19 - Cera de carnaúba no <strong>Nordeste</strong>, 1930 - 1956. - Gráfico<br />

em semi logaritmos mostrando a tendência da diminuição<br />

da margem de lucro entre o valor da cera exportada<br />

e a elevação dos salários<br />

Fonte: Mensário Estatístico -SEEF - N o 50 - 19855, N o 74 - 1957<br />

Salários: Folh<strong>as</strong> de pagamento dos operários. SAI e DNOCS -<br />

Etene/BNB Des. Asa/Crs


Espes-<br />

Espe<br />

sur<strong>as</strong>-<br />

SONDA sura<br />

SONDA- Cms<br />

- Cms<br />

GEM<br />

GEM<br />

231<br />

25-I<br />

25-II<br />

25-III<br />

7-I<br />

7-II<br />

7-III<br />

1-I<br />

1-II<br />

1-III<br />

50<br />

25<br />

135<br />

35<br />

65<br />

80<br />

30<br />

60<br />

60<br />

SONDA-<br />

GEM<br />

25-I<br />

25-II<br />

25-III<br />

7-I<br />

7-II<br />

7-III<br />

1-I<br />

1-II<br />

1-III<br />

Umidade<br />

seca secado<br />

ao ar ar<br />

2.28<br />

1.23<br />

2.19<br />

1.51<br />

1.21<br />

1.32<br />

1.25<br />

1.57<br />

2.20<br />

Água<br />

Natural<br />

Porosi<br />

Ar<br />

Ar<br />

Porosi-<br />

dade<br />

Na-<br />

Natural Natur<br />

dade<br />

tural Natural al<br />

POR CENTO DO VOLUME<br />

3.35<br />

2.96<br />

4.37<br />

2.92<br />

4.54<br />

2.46<br />

2.42<br />

2.41<br />

2.37<br />

46.4<br />

47.0<br />

45.3<br />

41.30<br />

47.90<br />

46.74<br />

45.98<br />

45.79<br />

45.03<br />

41.6<br />

49.8<br />

51.1<br />

44.2<br />

52.4<br />

49.2<br />

48.4<br />

48.4<br />

47.4<br />

Materia<br />

Mate-<br />

Higro<br />

ria Só- Densi-<br />

Sólida Densi- Higros- s-<br />

lida dadedade<br />

Copici<br />

ApaCopi-<br />

Real -<br />

rentecidade<br />

dade<br />

5.84<br />

5.02<br />

4.89<br />

55.8<br />

47.6<br />

50.8<br />

51.6<br />

51.8<br />

52.6<br />

1.431<br />

1.260<br />

1.223<br />

1.435<br />

1.234<br />

1.320<br />

1.320<br />

1.320<br />

1.320<br />

2.45<br />

2.51<br />

2.50<br />

2.57<br />

2.59<br />

2.60<br />

2.56<br />

2.55<br />

2.51<br />

DETERMINAÇÕES FÍSICAS<br />

4.77<br />

2.96<br />

5.33<br />

2.76<br />

2.68<br />

2.92<br />

2.49<br />

3.04<br />

4.35<br />

Pedra<br />

%<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

0,5<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

ANÁLISE MECÂNICA ASCENSÃO CAPILAR<br />

Dispersão Total<br />

Areia<br />

%<br />

0.3<br />

0.1<br />

0.3<br />

4.8<br />

8.0<br />

6.4<br />

4.7<br />

4.1<br />

2.3<br />

Limo<br />

%<br />

83.2<br />

89.7<br />

83.0<br />

86.4<br />

84.2<br />

85.2<br />

85.9<br />

86.1<br />

84.9<br />

Argila<br />

%<br />

16.5<br />

10.2<br />

16.7<br />

88<br />

7.8<br />

8.4<br />

9.4<br />

9.8<br />

12.8<br />

Disp.<br />

NaturalArgila<br />

%<br />

5.1<br />

2.7<br />

9.2<br />

2.0<br />

3.2<br />

2.8<br />

2.8<br />

2.1<br />

2.1<br />

DETERMINAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DETERMINAÇÕES QUÍMICAS<br />

PH<br />

6.63<br />

6.85<br />

7.42<br />

7.05<br />

6.95<br />

7.08<br />

7.10<br />

6.60<br />

7.40<br />

Tabela 58 - Análise de solo de aluvião fluvial, com carnaubais nativos no<br />

Vale do Açu - Rio Grande do Norte<br />

RESISTÊNCIA<br />

ELÉTRICA<br />

Ohms.<br />

30 o C<br />

0.288<br />

1.956<br />

1.067<br />

1.280<br />

1.648<br />

1.610<br />

1.598<br />

1.765<br />

1.581<br />

Salini-<br />

dade %<br />

0.042<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

T BASES TROCÁVEIS<br />

T<br />

ME/100<br />

15.46<br />

6.78<br />

13.36<br />

8.43<br />

8.44<br />

8.44<br />

8.47<br />

7.26<br />

11.00<br />

V<br />

Sx100<br />

T<br />

79.56<br />

92.92<br />

88.02<br />

95.02<br />

100.00<br />

100.00<br />

100.00<br />

81.0? 81.09<br />

Fonte: Laboratório do Serviço Agroindustrial<br />

Ca Na Mg K Mn S<br />

8.63<br />

4.62<br />

5.83<br />

5.87<br />

5.42<br />

5.59<br />

4.09<br />

5.02<br />

7.76<br />

Maté-<br />

ria<br />

Orgâ-<br />

nica<br />

CarbonoOrgânico<br />

Coef. Coef.<br />

Disper- Disper<br />

-são sãoNome-<br />

Nome<br />

nclaturaclaturaInter-<br />

Interna<br />

nacional<br />

-cional<br />

30.90 L.<br />

26.47 L.<br />

55.08 L.<br />

22.73 L.<br />

41.02 L.<br />

33.33 L.<br />

29.78 L.<br />

21.43 L.<br />

16.41 L.<br />

AzotoTotal <br />

Fósforo<strong>as</strong>similável<br />

Me. Por por 100 gr. De de solo<br />

Miligram<strong>as</strong> por 100 grs de solo<br />

0.56 3.86 0.13 0.32 12.30 20.21 1.189 96 38.30<br />

1.54 2.20 0.18 0.07 6.30 4.96 292 50 25.3<br />

3.86 4.28 0.11 0.10 11.76 7.61 448 44 14.6<br />

0.45 0.88 0.47 0.19 8.01 1.194 702 Nihil 48<br />

0.33 2.83 0.47 0.14 8.44 464 273 29 36<br />

0.44 1.76 0.48 0.14 8.44 397 234 Nihil 37<br />

0.33 3.12 0.56 0.34 8.47 960 565 40 44<br />

0.20 2.94 0.21 0.37 8.86 430 312 29 39<br />

0.37 3.88 0.37 0.26 8.92 862 962 507 38 38<br />

NaC1<br />

4.798.7<br />

31.303.0<br />

1.162.4<br />

11.232.5<br />

17.103.4<br />

-<br />

7.278.3<br />

6.597.8<br />

-<br />

Peso<br />

H 2 O


Foto 21 - Carnaubeir<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>.<br />

Foto 22 - Carnaubeir<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong>.<br />

232


5.3 - A cultura da Oiticica<br />

A descoberta do óleo secativo na semente da oiticica deu-nos a possibilidade<br />

de diminuir a importação do óleo de linhaça, na fabricação de tint<strong>as</strong>,<br />

vernizes, esmaltes finos, oleados, lon<strong>as</strong>, etc. A importância dessa matériaprima,<br />

que regulava de 2.000 a 5.000 tonelad<strong>as</strong> anuais, até 1930, baixou<br />

para 84 tonelad<strong>as</strong>, em 1938. Concorreu, também para essa economia de<br />

divis<strong>as</strong>, o aumento da produção de linho, no R. G. do Sul onde a safra de<br />

sementes de 1938 alcançou 14.239 tonelad<strong>as</strong> (33) .<br />

A China, a Coréia e o Japão eram os fornecedores de óleos secativos<br />

(tungue e perila) à indústria ocidental até 1937, quando, em 1938, o mercado<br />

norte-americano, diminuindo de 40% e 25%, respectivamente, a importação<br />

desses óleos, p<strong>as</strong>sou a preferir o de oiticica do <strong>Nordeste</strong> e o de tungue<br />

d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> plantações, na Flórida.<br />

O óleo de tungue é fornecido pel<strong>as</strong> sementes da Aleurites Forddi e A.<br />

Molucana (Euforbiáce<strong>as</strong>), àrvores que crescem até 10m de altura e vivem<br />

cerca de 30 anos. El<strong>as</strong> produzem óleo secativo em clima subtropical, com<br />

teor de 40% a 50% do peso d<strong>as</strong> sementes e sua produção por árvore é<br />

inferior à da oiticica.<br />

O óleo de perila é produzido n<strong>as</strong> sementes da Perila ocymoides e<br />

P.nankinensis (Labiatae), planta anual, cultivada no norte da Índia, em Kwantung<br />

na China, na Coréia e no Japão. Ali, o rendimento é aproximadamente<br />

de 500kg de sementes por ha e a colheita exige muita mão-de-obra devido à<br />

deiscência d<strong>as</strong> vagens e amadurecimento desigual, motivo porque essa cultura<br />

não se desenvolveu nos Estados Unidos.<br />

Os óleos secativos, naturais, concorrentes do de oiticica no mercado<br />

mundial são, portanto, o de tungue, o de perila e o de linhaça. Por motivos<br />

políticos e pela industrialização do Oriente parece-nos af<strong>as</strong>tada a competição<br />

dos dois primeiros no mercado Ocidental, o que, possivelmente, abre<br />

nov<strong>as</strong> perspectiv<strong>as</strong> para a expansão da lavoura da oiticica, no <strong>Nordeste</strong>.<br />

A história da oiticica (33) começou em 1843, quando Martius cl<strong>as</strong>sificou-a<br />

no gênero Moquílea, Rosace<strong>as</strong>. Em 1866, Joaquim da Cunha Freire, Barão<br />

233


da Ibiapaba, montou uma pequena fábrica para extrair o óleo d<strong>as</strong> sementes<br />

da oiticica, para fins industriais. A empresa frac<strong>as</strong>sou no tratamento do óleo e<br />

a preparação do sabão dava um produto de má qualidade. Em 1914-18, a<br />

Cia. Fabril e Navegação (34) , de Natal, tentou explorar o óleo da oiticica para<br />

sabão e para tint<strong>as</strong>, porém com resultados medíocres, e a exportação foi mal<br />

sucedida, porque o óleo endurecia dentro dos tambores por defeitos de tratamento.<br />

Havia, na época, no <strong>Nordeste</strong> poucos conhecimentos sobre <strong>as</strong> característic<strong>as</strong><br />

do óleo. A f<strong>as</strong>e vitoriosa da indústria da oiticica foi iniciada em<br />

1927, por Franklin Monteiro Gondim e Carlos Narbal Pamplona, que fundaram<br />

a firma C. N. Pamplona e Cia. e instalaram a fábrica Myriam, posta a<br />

funcionarem 1929 (34) . Em 1930 <strong>as</strong> compr<strong>as</strong> de sementes de oiticica atingiram<br />

2.800.000 de quilos.<br />

Os estudos do químico Menezes Sobrinho e do arquiteto Martins Barros<br />

ajudaram no tratamento do óleo e na preparação de tint<strong>as</strong> para madeira.<br />

Com a cria comercial, Franklin M. Gondin e C. Pamplona, com o Sr. E.<br />

Marvin, organizaram, em 1934, a empresa Br<strong>as</strong>il Oiticica S.A.<br />

As 17 fábric<strong>as</strong> de óleos, existentes no <strong>Nordeste</strong>, trabalham com óleos de<br />

caroço de algodão, de mamona e algum<strong>as</strong> como de oiticica, sendo a Br<strong>as</strong>il<br />

Oiticica a mais importante del<strong>as</strong>.<br />

A partir de 1934, a exportação de óleo de oiticica proporcionou dólares<br />

ao <strong>Nordeste</strong> e, embora com variações, não foi interrompida.<br />

A árvore e o seu habitat - A oiticica ocorre nos Estados do Piauí até<br />

Pernambuco, principalmente no sertão, em altitude de 50 até 300m com<br />

cerca de 3. 000 hor<strong>as</strong> de luz solar, por ano, nos aluviões marginais dos rios,<br />

nativa, espalhada entre outr<strong>as</strong> vegetações. No litoral do Ceará, do Piauí e do<br />

Rio Grande do Norte são encontrad<strong>as</strong> algum<strong>as</strong> árvores. Os pássaros, os<br />

morcegos e <strong>as</strong> correntes d’água, no inverno, são os disseminadores d<strong>as</strong> sementes.<br />

Planta de grande porte, atingindo, às vezes, até 15m de altura, de<br />

vida longa, de falh<strong>as</strong> perenes, é uma xerófila que armazena nutrientes no<br />

caule e n<strong>as</strong> raízes, na forma de água, de tanino, de hidratos de carbono, de<br />

ácidos orgânicos, de muscilagens, etc., para sobreviver aos períodos de se-<br />

234


c<strong>as</strong>. As mud<strong>as</strong>, que crescem no mato, não são comid<strong>as</strong> pelo gado, porque <strong>as</strong><br />

su<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> são repelentes para os animais.<br />

Antes do emprego d<strong>as</strong> sementes para óleo, <strong>as</strong> oiticiqueir<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong> foram<br />

muito dev<strong>as</strong>tad<strong>as</strong> para a ocupação d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> aluvionais, mais férteis, com <strong>as</strong><br />

cultur<strong>as</strong> de cereais e de algodão. Estimou-se, em 1938, que existiam, no<br />

<strong>Nordeste</strong>, cerca de 1 milhão de árvores. O seu crescimento é lento, a primeira<br />

frutificação, n<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, aparece depois dos cinco ou dos 10 anos de<br />

idade. A produção de frutos, por árvore, é muito irregular, algum<strong>as</strong> falham e<br />

outr<strong>as</strong> p<strong>as</strong>sam anos sem dar sementes.<br />

(35) “Como acontece com tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> árvores florestais, destinad<strong>as</strong> pela natureza<br />

a produzir lenho, a frutificação de oiticica é retardada e irregular; a<br />

perpetuação da espécie está garantida por pouc<strong>as</strong> sementes durante uma<br />

vida longa. O aproveitamento industrial d<strong>as</strong> sementes, produzida <strong>as</strong>sim irregularmente,<br />

traz dificuldades na fabricação do óleo e do comércio. A frutificação<br />

tardia é um caráter normal d<strong>as</strong> espécies selvagens, reproduzid<strong>as</strong> sexualmente<br />

ou de pé franco. A descotinuidade d<strong>as</strong> safr<strong>as</strong> foi estudada pelo agrônomo<br />

Manoel Alves de Oliveira, no Instituto J. A. Trindade, que procurou,<br />

na ma distribuição d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, a causa d<strong>as</strong> falh<strong>as</strong> anuais da frutificação. Entretanto,<br />

aquele agrônomo diz, em seu relatório, que não encontrou correlação<br />

positiva entre chuva e safra de oiticica. Achamos que os dados de produção<br />

anual da oiticica não são b<strong>as</strong>tante exatos e, no esc<strong>as</strong>so período de 10<br />

anos, não permitem ainda uma análise estatística digna de crédito. Não sabemos<br />

informar que grau de influência a chuva tem sabre <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> de oiticica”.<br />

Esta opinião foi escrita em 1943.<br />

Calcula-se a vida da árvore em 50 a 100 anos. Há oiticic<strong>as</strong> que dão mais<br />

de 500kg de sementes em 1 ano e, na colheita seguinte, produzem apen<strong>as</strong><br />

50kg ou nada. Pode-se considerar que a safra, por árvore, varia de 20 a<br />

50kg, por ano. A floração aparece de junho até setembro e a maturação e a<br />

colheita, de janeiro a março.<br />

Os vales nordestinos, mais densamente florestados com a oiticica são: o<br />

da Paraíba, do Acaraú, do Jaguaribe, do Açu, do Apodi, do Ipanema, do<br />

Piancó, do Piranh<strong>as</strong> e do rio do Peixe.<br />

235


Característic<strong>as</strong> do óleo (36) - O mais antigo estudo de óleo de oiticica é o<br />

dos químicos ingleses Richard Bolton e Cecil Revis, publicado na revista<br />

The Analist, de julho de 1931. O químico alemão C. Grimme, em 1919,<br />

publicou su<strong>as</strong> análises no Chemiche Umschau, Henry Gardner, em 1923,<br />

publicou a circular n o 177, de Paint Manufaturers Association of U. S. A.,<br />

intitulada Oiticica Oil, a possible adjunt to tung oil. O Dr. E. Teixeira da<br />

Fonseca enviou amostr<strong>as</strong> de sementes de oiticica ao Imperial Institute, de<br />

Londres, e recebeu um relatório do diretor William Furse dando o resultado<br />

de 3 análises. A Chemical abstracts, de 10.2.1930, transcreve um resumo<br />

dos trabalhos elaborados pelos químicos F. Wilborn e A. Lowa sobre analises<br />

de óleo de sementes de oiticica, e publicados na revista Farbein Zeitung,<br />

n o 35 de 1929. A Chemical abstracts, de 10.3.1930, divulgou um<br />

resumo do artigo de F. W. Freise relativo a análises, do mesmo óleo secativo,<br />

e vindo a lume na revista Seifensieder Zeitung, n o 56, de 1929.<br />

No Br<strong>as</strong>il o óleo de oiticica foi estudado por J. B. M. Carvalho. H. P. da<br />

Cunha Bahiana, Antenor Machado, Jayme Santa Rosa, Luiz Augusto de Oliveira<br />

e outros.<br />

Constantes físicos e químicos do óleo de oiticica, determinad<strong>as</strong> por químicos<br />

estrangeiros:<br />

Análises de Bolton e Revis:<br />

Densidade a 15, 5/15, 5°C ................................................ 0,96<br />

Ponto de fusão incipiente ................................................... 21,5°C<br />

Ponto de fusão completa .................................................... 65,09°C<br />

Índice de refração a 40°C além da escala, do<br />

butyrorefratometro de Zeiss ...............................................<br />

Índice de saponificação ...................................................... 188,6<br />

Índice de iodo ................................................................... 179,5<br />

Ácidos graxos livres (em ácido oleico) ............................... 5,7%<br />

Matéria insaponificável ....................................................... 0,9%<br />

Ponto de fusão incipiente dos ácidos gord .......................... 53,7°C<br />

Ponto de fusão completa dos ácidos gord .......................... 67,0°C<br />

Ponto de saturação dos ácidos gordurosos ......................... 42,8°C<br />

236


Análise de Grimme:<br />

Densidade a 15,5°C .......................................................... 0,9518<br />

Índice de refração a 30°C .................................................. 1,4945<br />

Ponto de fusão incipiente ................................................... 15,9°C<br />

Ponto de fusão completa .................................................... 57°C<br />

Índice de saponificação ...................................................... 195,3<br />

Índice de Iodo ................................................................... 83,65<br />

Matéria insaponficável ....................................................... 6,14%<br />

Índice de ácidos ................................................................ 10,5<br />

Ponto de fusão incipiente dos ácidos gordurosos ................ 63°C<br />

Ponto de fusão completa dos ácidos gordurosos. ............... 68°C<br />

Análises de H. Gardner:<br />

Índice de refração .............................................................. 1,49<br />

Número ácido ................................................................... 45,3<br />

Índice de saponificação ...................................................... 203,2<br />

Índice de Iodo (Wijs) ......................................................... 123<br />

Análises feit<strong>as</strong> no Imperial Institute, de Londres:<br />

Densidade de 15,5/15,5° C ............................................... 0,9675<br />

Índice de refração a 40° C ................................................. 1,5069<br />

Índice de acidez ................................................................. 1,8<br />

Índice de saponificação ...................................................... 189,5<br />

Índice de Iodo (Wijs) ......................................................... 140,5<br />

Matéria insaponificável ....................................................... 0,5%<br />

Ponto de solidificação dos ácidos gordurosos ..................... 47,4 o C<br />

Análises de F. Wilborn e A. Lowa:<br />

Índice de refração a 21°C .................................................. 1,5094<br />

Índice de saponificação ...................................................... 186,3<br />

Índice do Iodo (Hanus) ...................................................... 178<br />

Índice do Iodo (Wijs) ........................................................ 152,5<br />

Índice de acidez ................................................................. 3,0<br />

Análise de F. W. Freise<br />

Densidade a 15°C ............................................................. 0,966<br />

Ponto de fusão .................................................................. 21 a 65°C<br />

237


Índice de saponificação ...................................................... 189<br />

Índice de Iodo ................................................................... 180<br />

Índice de acidez ................................................................. 5,7<br />

Análises de H. P. da Cunha Bahiana (amostr<strong>as</strong> da fábrica Myriam):<br />

Cor-amarelo (Lovibond-36°C) .......................................... 40,5<br />

Cor-vermelho (Lovibond-36°C) ........................................ 3,6<br />

Densidade corrigida a 15, 5/15, 5°C .................................. 0,9718<br />

Índice de refração (Abbe-Zeiss-40°C) ............................... 1,5154<br />

Ponto de fusão incipiente ................................................... 19°C<br />

Ponto de fusão completa .................................................... 62°C<br />

Índice de saponificação ...................................................... 190,2<br />

Índice de acidez ................................................................. 4,1<br />

Índice de éter (determinado indiretamente) ......................... 186,1<br />

Índice de iodo (Hugl) ......................................................... 149,7<br />

Insaponificável ................................................................... 0,78%<br />

O químico H. P. da Cunha Bahiana, em sua publicação citada, resume <strong>as</strong><br />

vantagens do óleo de oiticica para tint<strong>as</strong>, sobre o de linhaça, apresentando <strong>as</strong><br />

seguintes razões: 1) serem <strong>as</strong> tint<strong>as</strong> mais adesiv<strong>as</strong>; 2) mais resistentes à erosão;<br />

3) mais resistentes às lavagens; 4) manterem a cor branca por mais<br />

tempo; 5) possuirem maior homogeneidade para a aplicação sem brilho; 6)<br />

corpo mais compacto; 7) mais resistência ao sol e ao ar marinho.<br />

Cultura da oiticica - Os estudos sobre a oiticica, como planta de valor<br />

econômico, foram iniciados no Instituto J. A. Trindade, em 1937, por uma<br />

equipe composta do Dr. Phillipp Von Luetzelburg, parte botânica, pelos agrônomos<br />

J. G. Duque e Paulo de Brito Guerra, reprodução e cultura (37, 38, 39) ,<br />

agrônomo Manoel Alves de Oliveira, prag<strong>as</strong> e doenç<strong>as</strong> (40) e químico Luiz<br />

Augusto de Oliveira, estudo do óleo.<br />

Sendo a produção da oiticica, de pé “franco”, muito tardia e irregular, é<br />

preferível, na cultura racional, obter <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> por enxertia.<br />

A formação d<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> para a enxertia começa com a preparação da<br />

sementeira, ao sol, semeadura d<strong>as</strong> sementes madur<strong>as</strong>, nov<strong>as</strong> ou recém-co-<br />

238


lhid<strong>as</strong>, nos meses de fevereiro ou março. A germinação é desigual, inicia-se<br />

após 22 di<strong>as</strong> do plantio d<strong>as</strong> sementes. E a freqüência máxima do aparecimento<br />

d<strong>as</strong> mudinh<strong>as</strong> dá-se do 30 o ao 50 o dia. O crescimento varia de 2 a 4<br />

mm por dia. Cerca de 60 di<strong>as</strong> depois da germinação, <strong>as</strong> mudinh<strong>as</strong>, com 10 a<br />

16cms de altura, são transplantad<strong>as</strong> para o viveiro, com o intervalo de lm x 0,<br />

50m. Essa operação é feita com du<strong>as</strong> colheres própri<strong>as</strong>, extraindo-se o bloco<br />

de terra, sem afetar muito a raiz pivotante, que é grande.<br />

O solo do viveiro deverá ser bem preparado, adubado com esterco,<br />

curtido (para a muda “dar a c<strong>as</strong>ca” na enxertia) e disposto para irrigação. A<br />

“pega” no transplantio regula 83% e <strong>as</strong> falh<strong>as</strong> deverão ser replantad<strong>as</strong>. As<br />

reg<strong>as</strong> são feit<strong>as</strong> um dia antes do transplantio, semanalmente após essa operação<br />

e com o intervalo de 10 a 15 di<strong>as</strong> até 6 a 8 meses da duração do viveiro,<br />

aplicam-se 300 a 400m 3 d’água em cada hectare a cada rega. Um homem<br />

com pequeno sulcador e um burro faz os sulcos, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> de 1 hectare,<br />

em 6 hor<strong>as</strong>, e, em seguida, 3 homens distribuem a água, na vazão de 10 litros<br />

por segundo, nos sulcos, no período de 10 hor<strong>as</strong>, para 1ha.<br />

Um dia ou dois, após cada molhadura, deverão ser feitos; um cultivo ou<br />

escarificação, entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, e uma capina no pé d<strong>as</strong> mud<strong>as</strong>. Estimulad<strong>as</strong><br />

pela umidade, pela adubação e pelo tratamento do solo, <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> crescerão<br />

coma c<strong>as</strong>ca elástica para a enxertia de borbulha, que é feita quando <strong>as</strong> mud<strong>as</strong><br />

têm de 5 a 6 meses de viveiro ou a altura média de 80cm.<br />

Antes da enxertia, arrancam-se <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> frac<strong>as</strong>. As borbulh<strong>as</strong> são tirad<strong>as</strong><br />

de galhinhos com 3 a 6mm de diâmetro, de árvores-mães produtiv<strong>as</strong> e<br />

precoces e enxertad<strong>as</strong> n<strong>as</strong> mud<strong>as</strong>, no mesmo dia. Faz-se a enxertia do mesmo<br />

modo como para a laranjeira, isto é, procede-se a toilete, inserção da<br />

borbulha em T. mantendo-se a aderência d<strong>as</strong> borbulh<strong>as</strong> nos “cavalos” com<br />

m<strong>as</strong>tique de pano encerado. Mais ou menos 10 a 20 di<strong>as</strong> depois dessa operação,<br />

ou quando a borbulha brotar, pratica-se a decepagem do “cavalo”,<br />

acima do ponto de inserção.<br />

Continuam os cuidados com <strong>as</strong> reg<strong>as</strong>, os cultivos e <strong>as</strong> “desbrot<strong>as</strong>” dos<br />

“cavalos” até, aproximadamente, 280 di<strong>as</strong>, época em que os enxertos ja<br />

alcançaram mais de 1 metro de altura, quando se procede a poda desfolha-<br />

239


mento e escavação, para tirar os blocos grandes com <strong>as</strong> raízes e transportar<br />

<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> para o plantio definitivo, no pomar.<br />

A reprodução <strong>as</strong>sexuada da oiticica pode, também, ser feita pelo processo<br />

da “encostia”, que é o mais adotado, atualmente, no Instituto J. A.<br />

Trindade. Para <strong>as</strong>se fim, terminada a f<strong>as</strong>e da sementeira, deixa-se que <strong>as</strong><br />

mud<strong>as</strong> cresçam em lat<strong>as</strong> de querosene, chei<strong>as</strong> com solo do boa qualidade ou<br />

em v<strong>as</strong>os de barro de 15 litros de capacidade. E aí <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> permanecem,<br />

bem cuidad<strong>as</strong>, até atingirem 40 a 50cm de altura e diâmetro de 5mm, no<br />

caule, quando são levad<strong>as</strong> para giraus de tábu<strong>as</strong>, em tôrno d<strong>as</strong> árvoresmães,<br />

escolhid<strong>as</strong>. Pratica-se um corte leve no caule, descobrindo a zona<br />

cambial, em ponto escolhido e com igual corte no galhinho preferido da árvore-mãe;<br />

unem-se os dois galhos, justapondo-se os dois cortes e amarr<strong>as</strong>e<br />

o ponto de união com m<strong>as</strong>tique de pano encerado e barbante. Providencia-se<br />

de modo a não haver balanço dos galhos com o vento e cuida-se de<br />

molhar semanalmente <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> nos v<strong>as</strong>os. O “desmame” é feito um a dois<br />

meses depois da justaposição do “cavalo” com o “cavaleiro”. É conveniente<br />

não “desmamar” o enxerto de uma vez, m<strong>as</strong> aos poucos; vai-se cortando um<br />

pouco, cada semana, a h<strong>as</strong>te do “cavalo”, acima da união, e o galho do<br />

“cavaleiro”, abaixo da inserção. Quando se verificar que a ligação dos tecidos<br />

está completa, dá-se o corte final, e o v<strong>as</strong>o com o enxerto poderá ir ao<br />

pomar para o plantio definitivo.<br />

Preparo do solo - Na preparação da terra para o oiticical procede-se do<br />

mesmo modo como para os pomares. Se há tocos, é preciso arrancá-los; ar<strong>as</strong>e,<br />

gradeia-se e providenciam-se a marcação d<strong>as</strong> cov<strong>as</strong> e respectiva abertura.<br />

O alinhamento d<strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> pode ser conseguido com barbante grosso; o espaçamento<br />

pode ficar entre 14m a 20m, ou sejam, 50 a 25 cov<strong>as</strong> por hectare.<br />

Os buracos de 1 x 1 x 1m são cheios com terra preta misturada com<br />

estrume de curral ou composto e 2 quilos de pó de osso. O pomar será cercado,<br />

e terá cultur<strong>as</strong> intercalares, nos 3 primeiros anos. Os plantios são feitos no<br />

inverno e, se houver seca, é indispensável irrigar <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> no primeiro ano.<br />

A plantação no pomar deve ser feita em cov<strong>as</strong> de 1m 3 , chei<strong>as</strong> de solo<br />

adubado com esterco curtido ou composto. O bloco da muda trazida do<br />

240


viveiro ou retirada do v<strong>as</strong>o é colocado no centro da cova, com o coleto da<br />

planta um pouco abaixo do nível do solo, molha-se bem cada muda. A distância<br />

d<strong>as</strong> cov<strong>as</strong> é regulada para 14 metros e fração, de cada lado, de modo<br />

a comportar 50 árvores por hectare. A poda de formação da copa será alta,<br />

preferivelmente a 1,50m acima do solo.<br />

A oiticica prefere os solos de aluvião, marginais dos riachos, de cor escura,<br />

férteis, de pH, 7,0 e mais ou menos planos. O quadro anexo dá <strong>as</strong> análises,<br />

feit<strong>as</strong> no Laboratório do Serviço Agroindustrial, dá amostr<strong>as</strong> de solos de<br />

aluvião, na bacia do rio Piranh<strong>as</strong>, na Paraíba (41) .<br />

Nos primeiros anos, é conveniente fazer plantio intercalar com a oiticica,<br />

para cobrir o solo e pagar <strong>as</strong> despes<strong>as</strong> de instalação. Assim, <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> de<br />

feijão, de milho, de mandioca poderão ser feit<strong>as</strong>, entre <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong>, deixando-se<br />

os restos culturais para adubar o terreno. No clima do <strong>Nordeste</strong>, a<br />

terra não deve ficar exposta à insolação e ao vento. Do quarto ano em diante,<br />

será abolida a outra plantação e adotada a adubação verde, com leguminos<strong>as</strong><br />

nativ<strong>as</strong> e gradações períodic<strong>as</strong>.<br />

A irrigação será aplicada somente no primeiro ano, se <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> forem<br />

esc<strong>as</strong>s<strong>as</strong>. O primeiro pomar plantado no Instituto J.A. Trindade, em 1939,<br />

foi de 425 mud<strong>as</strong> enxertad<strong>as</strong> com borbulh<strong>as</strong> de árvores nativ<strong>as</strong> e o segundo<br />

com 200 mud<strong>as</strong> obtid<strong>as</strong> de borbulh<strong>as</strong> d<strong>as</strong> melhores árvores do pomar n o 1.<br />

Dois anos depois, o crescimento médio d<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> apresentava o seguinte<br />

resultado (42) :<br />

Enxertos Pés francos da mesma idade<br />

Altura .......................... 2,850 m ................................... 2,550 m<br />

Diam. do tronco .......... 0,082 m ................................... 0, 063 m<br />

Diama da copa ............ 4,075 m ................................... 2,560 m<br />

Com 10 anos de idade, <strong>as</strong> oiticic<strong>as</strong> enxertad<strong>as</strong> tinham a altura média de<br />

10m e 30m de circunferência de copa. Algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> enxertad<strong>as</strong> já deram<br />

100 quilos de sementes, por pé, anualmente. A qualidade do óleo secativo<br />

não é afetada pela enxertia.<br />

241


A torta da semente da oiticica, depois de extraído o óleo com solvente,<br />

apresentou a seguinte composição química conforme <strong>as</strong> análises do químico<br />

Luiz Augusto de Oliveira (43) :<br />

Média Média<br />

Umidade ....................... 10,75% Extrato não azotado . 29,41%<br />

Matéria Seca ................. 89,250% Matéri<strong>as</strong> minerais ..... 4,41%<br />

Proteína ......................... 6, 64% CaO ........................ 0,60%<br />

Extrato etéreo ................ 21,29% P 2 O 5 .......................................... 0,381%<br />

Fibr<strong>as</strong> ............................ 27,50% K 2 O ........................ 1,24%<br />

Azoto ...................... 1,06%<br />

Como se vê, a oiticica retirado solo preferentemente potássio, azoto,<br />

cálcio e fósforo. Desse modo, cada colheita de 5.000kg de sementes por ha,<br />

retira do solo 62kg de K 2 O, 53kg de N, 30kg de CaO e 10kg de P 2 O 5 .<br />

Embora o fósforo não seja o elemento absorvido em maior quantidade, é ele,<br />

entretanto, o que mais influencia a elaboração dos óleos no processo fotosintético.<br />

Para recomendar-se uma adubação química é necessário o conhecimento<br />

antecipado d<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> minerais do solo. Nunca foi feita uma adubação<br />

química na cultura da oiticica. A julgar pela adubação do coqueiro, outra<br />

oleaginosa, em terreno de aluvião, não tem sido necessário suprir o potássio<br />

nem o cálcio; <strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> são de azoto e de fósforo, em forma de sulfato de<br />

amônio e de superfosfato ácido, na quantidade de meio a um quilo por pé,<br />

cada 2 a 3 anos. Na falta de experiência, esses dados poderão servir de<br />

orientação na abubação de oiticica.<br />

Floração - A licânia rígida emite brotação nova nos meses de maio a<br />

junho; deste último mês até outubro, ela solta <strong>as</strong> flares, em rácimos, n<strong>as</strong> pont<strong>as</strong><br />

dos brotos. As florad<strong>as</strong> são contínu<strong>as</strong> durante qu<strong>as</strong>e 100 di<strong>as</strong>, desde a<br />

primeira até a derradeira flor. Os primeiros frutos já têm 3cm, quando fecunda<br />

a última flor. A abertura d<strong>as</strong> flores coincide com a época mais saca do<br />

ano. Pequenin<strong>as</strong>, hermafrodit<strong>as</strong>, amarel<strong>as</strong> internamente, de 2 a 3mm de diâ-<br />

242


metro, agrupam-se às centen<strong>as</strong> na inflorescência e são muito visitad<strong>as</strong> pelos<br />

insetos. Em geral, uma flor fica aberta 4 di<strong>as</strong> e o estigma torna-se mais úmido<br />

de madrugada.<br />

Uma vez fecundad<strong>as</strong> <strong>as</strong> flores, os frutinhos começam a crescer rapidamente,<br />

formando primeiramente a c<strong>as</strong>ca, oca por dentro, até 3 a 4cm, quando<br />

então, a amêndoa se vai desenvolvendo, enchendo o espaço interior da c<strong>as</strong>ca.<br />

Colheita - De novembro até janeiro-fevereiro, os frutos se completam,<br />

amadurecem e caem. A colheita consiste na catagem d<strong>as</strong> sementes, no chão,<br />

e como nesta oc<strong>as</strong>ião, podem ocorrer chuv<strong>as</strong>, é preciso cuidar da secagem e<br />

no armazenamento da safra, a fim de evitar a fermentação d<strong>as</strong> sementes. O<br />

expurgo dos frutos, com inseticid<strong>as</strong>, no depósito, é indispensável para eliminar<br />

<strong>as</strong> broc<strong>as</strong>. A semente bem madura, limpa, sem fermentação e bem guardada<br />

dará boa cl<strong>as</strong>sificação e óleo de melhor qualidade. Frutos bons se formam<br />

n<strong>as</strong> árvores bem cuidad<strong>as</strong>, tratad<strong>as</strong> com inseticid<strong>as</strong> na f<strong>as</strong>e da frutificação,<br />

pois os estragos provocam óleos oxidados e rançosos.<br />

Produção - As oiticic<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong> não produzem todos os anos. As carg<strong>as</strong><br />

grandes aparecem uma vez em longos anos. No mesmo bosque, algum<strong>as</strong><br />

frutificam, outr<strong>as</strong> não. É verdade que alguns sertanejos já pesaram, de uma<br />

ou outra árvore, centen<strong>as</strong> de quilos de sementes, em um ano. São exceções.<br />

Acreditamos que a produção média anual, de uma nativa, no curso de 10<br />

anos, entre árvores de um só estado, não atinge 30kg de sementes.<br />

Nos pomares enxertados, a produção é anual, com variações menores,<br />

desde que <strong>as</strong> prag<strong>as</strong> sejam debelad<strong>as</strong>. Já pesamos, nos pomares de enxerto,<br />

árvores de 10 anos, com carg<strong>as</strong> unitári<strong>as</strong> de 75kg de frutos, por ano. É<br />

possível contar, nesses arvoredos, com produções médi<strong>as</strong>, unitári<strong>as</strong>, de 100<br />

a 200kg, com o combate aos insetos.<br />

Prag<strong>as</strong> e inimigos - Os frutos da oiticica são atacados pel<strong>as</strong> larv<strong>as</strong> de um<br />

coleóptero (Conotrachelus sp) e <strong>as</strong> larv<strong>as</strong> de dois Leptidopteros (Pionea<br />

sp) e Piralilfde<strong>as</strong>. Os ovos são postos na superfície dos frutos, n<strong>as</strong> árvores<br />

ou no chão e, com a eclosão, <strong>as</strong> larvinh<strong>as</strong> penetram n<strong>as</strong> sementes em crescimento<br />

ou madur<strong>as</strong> e destroem <strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong>. Depois da colheita, continua a<br />

243


destruição dos frutos. Se não houver expurgo, outr<strong>as</strong> gerações de insetos<br />

serão criad<strong>as</strong>.<br />

As folh<strong>as</strong> e os galhos são depredados pel<strong>as</strong> formig<strong>as</strong> e pel<strong>as</strong> lagart<strong>as</strong><br />

de borbolet<strong>as</strong> (Heterocera).<br />

Os frutos novos, os brotos tenros e <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> são sugad<strong>as</strong> pelos<br />

Trips (Thysanoptera), pelos membracídeos coccideos.<br />

244<br />

Os cupins corroem os troncos e os caules.<br />

As doenç<strong>as</strong> são Cephaleuros (alga d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>) e Capnodium (fungo<br />

d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>).<br />

O combate às prag<strong>as</strong> é feito mediante pulverizações ou polvilhamentos<br />

d<strong>as</strong> árvores com endrin, aldrin, fenatox, rodiatox ou BHC, usando-se<br />

máquina motorizada para atingir tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> partes da planta. Na época da<br />

floração e do crescimento dos frutos, é necessário dar uma pulverização<br />

por mês ou cada 2 meses, conforme a intensidade do ataque. No armazém<br />

d<strong>as</strong> sementes e imprescindível uma aplicação, pelo menos.<br />

Mercado - O óleo de oiticica, produzido no <strong>Nordeste</strong> tem sido empregado<br />

para tint<strong>as</strong> n<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong> e exportado para a América<br />

do Norte. Se a China diminuir a exportação de tung-oil para o Ocidente,<br />

como prevemos, haverá maior procura dos secativos originados da<br />

oiticica e da linhaça. Abrir-se-á, <strong>as</strong>sim, uma perspectiva de alargamento<br />

do mercado. Entretanto, urge lembrar que uma indústria b<strong>as</strong>eada em<br />

matéria-prima extrativa não oferece garantia para o ritmo expansionista<br />

do comércio internacional. É o c<strong>as</strong>o de os responsáveis pela agricultura,<br />

nordestina, ao combinarem um plano conjunto de ação, promoverem a<br />

produção de mud<strong>as</strong> enxertad<strong>as</strong> e cooperarem com os fazendeiros n<strong>as</strong><br />

plantações racionais e no ensino do combate às prag<strong>as</strong>, e de como obter<br />

e conservar <strong>as</strong> bo<strong>as</strong> sementes e estudar os mercados.<br />

O triângulo fomento x experimentação x extensão agrícola deve ser<br />

posto a funcionar.


Tabela 59 - Produção e valor de sementes de oiticica, no <strong>Nordeste</strong><br />

Anos Quilos Valor-Cr$<br />

1936 22.067.906 8.262.150,00<br />

1937 6.496.000 2.602.000,00<br />

1938 47.597.000 20.414.000,00<br />

1939 10.993.000 10.088.000,00<br />

1940 2.9.785.000 38.882.000,00<br />

1941 40.581.000 49.1 - 97.000,00<br />

1942 12.833.000 19.717.000,00<br />

1943 6.448.000 7.160.000,00<br />

1944 20.024.000 21.046.000,00<br />

1945 35.848.000 32.746.000,00<br />

1946 32.349.000 39.498.000,00<br />

1947 23.664.000 25.720.000,00<br />

1948 29.310.000 28.241.000,00<br />

1949 32.646.000 32.1195.000,00<br />

1950 33.529.000 36.727.000,00<br />

1951 30.553.000 53.274.000,00<br />

1952 29.535.000 44.883.000,00<br />

1953 23.409.000 31.495.000,00<br />

1954 25.956.000 35.411.000,00<br />

1955 24.097.000 33.975.000,00<br />

1956 26.089.000 50.903.000,00<br />

Fonte: Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1951 - Pág. 70<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1952-54<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1955 - Pág. 82<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1956 - Pág. 92<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1957 - Pág. 67<br />

“Oiticica” - Engenheiro agrônomo Cunha Bayma - M.A.<br />

Pág. 139.<br />

245


Tabela 60 - Produção (x) e exportação de óleo de oiticica pelo Br<strong>as</strong>il (1)<br />

Anos<br />

1934<br />

1935<br />

1936<br />

1937<br />

1938<br />

1939<br />

1940<br />

1941<br />

1942<br />

1943<br />

1944<br />

1945<br />

1946<br />

1947<br />

1948<br />

1949<br />

1950<br />

1951<br />

1952<br />

1953<br />

1954<br />

1955<br />

1956<br />

246<br />

Produção de Exportação de<br />

óleo - quilos óleo - quilos<br />

-<br />

-<br />

-<br />

2.067.000<br />

16.191.000<br />

3.165.000<br />

7.820.000<br />

18.191.000<br />

495.000<br />

1.322.000<br />

8.220.000<br />

11.260.000<br />

15.805.000<br />

5.452.000<br />

17.955.000<br />

7.006.000<br />

12.777.000<br />

11.852.000<br />

4.398.000<br />

8.611.000<br />

5.819.000<br />

11.435.000<br />

12.494.000<br />

87.539<br />

1.655.475<br />

3.393.825<br />

1.520.839<br />

3.716.721<br />

9.283.661<br />

7.820.368<br />

18.191.000<br />

320.075<br />

1.136.257<br />

6.394.000<br />

11.758.000<br />

14.515.000<br />

5.386.000<br />

12.126.000<br />

6.388.000<br />

9.872.000<br />

9.921.658<br />

5.428.134<br />

5.039.000<br />

5.186.000<br />

8.993.000<br />

9.316.000<br />

Fontes: Br<strong>as</strong>il - 1939-40 - Pág. 262-263 (anos de 1934 a 1939)<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1956 Pág 247 e 163<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1951 - Pág. 260 e 144<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1955 - Pág. 163<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1949<br />

Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il - 1957 - Pág. 239<br />

“Oiticica” - Engenheiro agrônomo Cunha Bayma Pág. 113.<br />

Valor - Cr$<br />

-<br />

3.377.763,00<br />

8.242.637,00<br />

6.616.513,00<br />

8.973.164,00<br />

34.295.742,00<br />

37.812.546,00<br />

86.689.245,00<br />

2.463.779,00<br />

10.043.589,00<br />

40.571.000,00<br />

87.834.000,00<br />

122.179.000,00<br />

54.419.000,00<br />

87.124.000,00<br />

42.555.000,00<br />

67.736.000,00<br />

104.344.093,00<br />

48.778.938,00<br />

40.872.000,00<br />

45.575.000,00<br />

109.863.000,00<br />

135.563.000,00


247<br />

Milhares de<br />

tonelad<strong>as</strong><br />

48<br />

44<br />

40<br />

36<br />

32<br />

28<br />

24<br />

20<br />

16<br />

12<br />

8<br />

4<br />

0<br />

1936<br />

Tendência<br />

37 39 41 43 45 47 49 51 53 55<br />

- A N O S -<br />

Gráfico 20 - Produção de sementes de oiticica no <strong>Nordeste</strong><br />

Fonte: Etene/BNB<br />

Média móvel<br />

Tendência de aumento da produção: 0,6%/ano<br />

1936


248<br />

Estados<br />

Tabela 61 - Produção de sementes de oiticica, em tonelad<strong>as</strong><br />

1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955<br />

Piauí 2.287 2.466 422 554 141 196 361 354 870 914 1.029<br />

Ceará 20.546 16.929 11.222 11.420 15.836 16.728 17.400 14.547 123.734 14.420 12.100<br />

R. G. do Norte 4.259 3.261 3.000 3.895 3.092 4.331 4.473 3.394 2.842 3.371 3.194<br />

Paraíba 6.760 9.406 9.000 13.441 13.577 121.274 8.319 11.240 6.963 7.251 7.766<br />

Piauí 647 478 24 344 - 175 - - 213 - -<br />

Ceará 8.423 12.164 5.110 14.509 5.476 8.927 8.780 1.503 5.605 2.674 -<br />

R. G. do Norte 144 291 117 351 676 1.207 1.004 639 751 950 -<br />

Paraíba 2.155 2.968 201 2.750 944 2.468 2.069 2.208 2.042 2.195 -<br />

Piauí S 1.372 1.516 549 368 91 205 529 225 464 904 810<br />

O 4.531 2.928 146 2.065 - 1.225 - - 1.384 - 262<br />

Ceará S 20.394 22.998 13.171 11.376 15.445 18.768 29.532 20.941 18.248 20505 19.593<br />

O 41.530 70.326 40.689 87.102 25.463 46.185 60.809 11.838 39.028 17.331 46.724<br />

R. G. do Norte S 3.583 2.982 2.000 3.452 2.613 4.512 6.574 5.184 3.590 4.364 4.459<br />

O 701 1.548 1.276 1.757 2.909 4.234 8.005 5.777 6.256 7.279 12.886<br />

Paraíba S 7.397 12.002 10.000 12.955 14.046 13.242 16.639 18.533 9.193 9.628 9.113<br />

O 8.955 18.567 1.005 13.210 4.674 13.706 17.159 16.684 15.684 17.683 35.382<br />

Fonte: Anuários Estatísticos do Br<strong>as</strong>il - 1945 - 1956.<br />

Survey of the Vegetable oil industry in the Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - ETA - K. S. Markley.<br />

Anos<br />

Produção de óleo de oiticica, em tonelad<strong>as</strong>:<br />

Valor d<strong>as</strong> sementes e do óleo de oiticica, em Cr$ 1.000:<br />

S = sementes - O - Óleo


249<br />

SONDA-<br />

GEM<br />

Permea-<br />

bilidade<br />

K<br />

1000<br />

cp<br />

Tabela 62 - Análise de solo de aluvião fluvial, com oiticica nativa, no vale do rio Piranh<strong>as</strong> Souza, Paraíba<br />

Bacia de irrigação do açude São Gonçalo<br />

579 A1<br />

579 A2<br />

579 A3<br />

303 A1<br />

303 A2<br />

272 A1<br />

272 A2<br />

272 A3<br />

1.98<br />

7.45<br />

10.49<br />

2.45<br />

0.45<br />

4.88<br />

6.17<br />

16.31<br />

Umidade Umi-<br />

Água<br />

dade<br />

Água<br />

Seca ao<br />

Natural Na-<br />

Seca Ar tural<br />

do Ar<br />

S.<br />

Cms<br />

85.1<br />

76.8<br />

89.2<br />

52.1<br />

50.0<br />

70.0<br />

81.6<br />

79.6<br />

3,0<br />

2,1<br />

1,9<br />

3,1<br />

3,7<br />

5,4 3,4<br />

2,6<br />

4,5<br />

DETERMINAÇÕES FÍSICAS<br />

Ascensão Capilar<br />

Altura Peso<br />

Mobi-<br />

lidade<br />

S<br />

Q<br />

2,7<br />

5,1<br />

13,7<br />

17,2<br />

18,0<br />

13,3<br />

13,8<br />

14,1<br />

6350.7<br />

5096.1<br />

11584.4<br />

2357.4<br />

2192.9<br />

4761.9<br />

7351.3<br />

22111.1<br />

S.<br />

Gr.<br />

de<br />

H2O<br />

117.8<br />

73.4<br />

76.5<br />

46.6<br />

?<br />

57.2<br />

67.7<br />

64.0<br />

Ar<br />

Natural Natural<br />

38,3<br />

38,6<br />

29,6<br />

23,3<br />

24,4<br />

28,8<br />

30,0<br />

30,4<br />

Potencial<br />

de<br />

Capilaridade<br />

COP<br />

em<br />

cms<br />

d’água<br />

503.9<br />

134.3<br />

95.3<br />

407.0<br />

2182.5<br />

204.8<br />

162.1<br />

61.3<br />

Porosi-<br />

dade<br />

Natural<br />

Diâme-<br />

tro dos<br />

capilares<br />

m/m<br />

0.0060<br />

0.0223<br />

0.0315<br />

0.0074<br />

0.0049<br />

0.0146<br />

0.0185<br />

0.0489<br />

Volu-<br />

me Míni-<br />

mo Poros<br />

POR CENTO DO VOLUME<br />

41,0<br />

43,7<br />

43,2<br />

40,5<br />

42,4<br />

42,1<br />

42,1<br />

43,8<br />

32,8<br />

30,2<br />

33,4<br />

29,4<br />

38,8<br />

33,1<br />

40,1<br />

41,5<br />

Tipo de<br />

solo<br />

Aluv. Fluv.<br />

Aluv. Fluv.<br />

Aluv. Fluv.<br />

Aluv. Fluv.<br />

Aluv. Fluv.<br />

Aluv. Fluv.<br />

Aluv. Fluv.<br />

Aluv. Fluv<br />

Mate-<br />

ria Só-<br />

lida<br />

59,0<br />

56,3<br />

56,3 56,8<br />

59,5<br />

57,6<br />

57,9<br />

56,2<br />

55,5<br />

SONDA-<br />

GEM<br />

579 A1<br />

579 A2<br />

579 A3<br />

303 A1<br />

303 A2<br />

272 A1<br />

272 A2<br />

273 A3<br />

Mate-<br />

ria<br />

Sólida<br />

Teor<br />

Máximo<br />

67,1<br />

69,8<br />

66,6<br />

70,6<br />

61,2<br />

66,9<br />

59,9<br />

58,5<br />

DETERMINAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DETERMINAÇÕES QUÍMICAS<br />

PH<br />

7.1<br />

7.1<br />

7.3<br />

6.6<br />

6.7<br />

7.1<br />

7.2<br />

6.8<br />

PorosidadeRelativa<br />

RESISTÊNCIA<br />

Ohms.<br />

30 o C<br />

1941<br />

1183<br />

2085<br />

1190<br />

1600<br />

1380<br />

1800<br />

2040<br />

1.25<br />

1.45<br />

1.29<br />

1.38<br />

1.09<br />

1.27<br />

1.09<br />

1.07<br />

ELÉTRICA<br />

DETERMINAÇÕES FÍSICAS<br />

Salini-<br />

dade %<br />

Traço<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

DensidadeAparente<br />

1.458<br />

1.414<br />

1.466<br />

1.422<br />

1.422<br />

1.466<br />

1.466<br />

1.466<br />

T BASES TROCÁVEIS<br />

ME/100<br />

Gr. solo<br />

15.06<br />

10.28<br />

?<br />

12.70<br />

9.70<br />

10.65<br />

9.41<br />

5.93<br />

Densi-<br />

Dade<br />

Real<br />

2.47<br />

2.51<br />

2.58<br />

2.39<br />

2.47<br />

2.53<br />

2.61<br />

2.64<br />

V<br />

Sx100<br />

T<br />

94.16<br />

91.54<br />

?<br />

81.88<br />

79.44<br />

80.94<br />

90.33<br />

98.31<br />

Higros-<br />

Copici-<br />

dade<br />

6.1<br />

4.3<br />

3.7<br />

5.7<br />

10.5<br />

4.6<br />

4.4<br />

3.3<br />

Ca Na Mg K Mn S<br />

9.21<br />

8.54<br />

8.44<br />

9.41<br />

7.10<br />

6.92<br />

6.87<br />

4.03<br />

0.40<br />

0.41<br />

0.62<br />

0.35<br />

0.66<br />

0.27<br />

031<br />

0.29<br />

Dispersão Total<br />

Pedra<br />

%<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

Mate-<br />

ria<br />

Orgâ-<br />

nica<br />

Car-<br />

bono <br />

Orgâ-<br />

nico <br />

Azo-<br />

to <br />

To-<br />

tal <br />

Fós-<br />

foro <br />

<strong>as</strong>si-<br />

milá<br />

Me. Por 100 gr. De solo Miligram<strong>as</strong> por 100 grs de solo<br />

0.10<br />

0.11<br />

0.85<br />

2.19<br />

1.97<br />

1.69<br />

1.15<br />

0.41<br />

Areia<br />

%<br />

0.16<br />

0.20<br />

0.10<br />

0.15<br />

0.12<br />

0.08<br />

0.08<br />

0.08<br />

2.7<br />

8.3<br />

15.7<br />

5.0<br />

2.8<br />

17.6<br />

17.8<br />

19.9<br />

0.35<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

0.44<br />

0.27<br />

0.29<br />

0.26<br />

0.14<br />

ANÁLISE MECÂNICA<br />

Limo<br />

%<br />

74.4<br />

75.1<br />

71.0<br />

75.5<br />

79.1<br />

66.7<br />

66.3<br />

70.7<br />

14.18<br />

9.41<br />

11.24<br />

14.00<br />

13.00<br />

8.62<br />

8.50<br />

5.83<br />

Argila<br />

%<br />

1921<br />

1365<br />

867<br />

930<br />

1.605<br />

235<br />

405<br />

1.319<br />

765<br />

22.9<br />

16.6<br />

13.3<br />

19.6 19.5<br />

18.1<br />

15.7<br />

15.9<br />

9.4<br />

380 655<br />

215 371<br />

1130<br />

803<br />

510<br />

930<br />

235<br />

765<br />

380<br />

215<br />

84<br />

62<br />

54<br />

92<br />

?<br />

32 82<br />

32<br />

23<br />

48.9<br />

vel<br />

27<br />

37<br />

40<br />

?<br />

?<br />

17<br />

26<br />

28<br />

NaC1<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

Nihil<br />

1<br />

1<br />

Traço<br />

Traço<br />

Traço<br />

Tipos de solo<br />

Aluv. Fluvial<br />

Aluv. Fluvial<br />

Aluv. Fluvial<br />

Aluv. Fluvial<br />

Aluv. Fluvial<br />

Aluv. Fluvial<br />

Aluv. Fluvial<br />

Aluv. Fluvial


250<br />

Foto 23 - Pomar de oiticica enxertada com 12 anos.<br />

Foto 24 - Pulverização de pomar de oiticica enxertada, com inseticida, para<br />

combater a broca dos frutos, no período da floração: julho, agosto.


251<br />

Foto 25 - Árvore de oiticica nativa, em terreno de baixio, no litoral do Ceará, Pacajus.


252<br />

5.4 - O Cajueiro<br />

Primeiramente conhecido na América do Sul, o cajueiro foi, depois, introduzido<br />

pelos portugueses, na África e na Índia. A família dos Anacardiace<strong>as</strong>,<br />

abrangendo cerca de 60 gêneros e mais de 400 espécies, inclui o cajueiro, a<br />

mangueira, o umbuzeiro, o cajá e outr<strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong> valios<strong>as</strong>.<br />

Cl<strong>as</strong>sificado como Anacardium occidentale, o cajueiro tem o seu habitat<br />

nativo no litoral br<strong>as</strong>ileiro, do Pará até Salvador. Prefere o ar marinho, iodado,<br />

brisa úmida, insolação e temperatura entre 16 a 36°C. Não tem exigência de<br />

solo fértil, como atestam os cajueiros nativos n<strong>as</strong> arei<strong>as</strong> pobres, no meio da<br />

caatinga litorânea. Gosta d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> leves na floração e frutificação, desde<br />

setembro até novembro.<br />

É uma árvore sempre verde, que pode atingir até 12 metros de altura, polígama,<br />

com flôres estaminad<strong>as</strong> (unisexuada) e outr<strong>as</strong> bisexuais na mesma panícula.<br />

O fruto compõem-se do pedúnculo desenvolvido, carnoso e sucoso, e da<br />

semente ou c<strong>as</strong>tanha. O cajueiro é, atualmente, objeto de exploração importante<br />

na Índia, em Madag<strong>as</strong>car, no México e no Peru. No <strong>Nordeste</strong>, o aproveitamento<br />

dessa árvore valiosa ainda se limita aos arvoredos nativos. As plantações<br />

ainda são pequen<strong>as</strong>.<br />

A extensa faixa litorânea, própria para o cajueiro, a rusticidade deste permitindo<br />

grandes safr<strong>as</strong>, sem irrigação, a possibilidade de selecionar <strong>as</strong> melhores<br />

variedades, a proteção que essa árvore dá ao solo e os numerosos produtos<br />

dela extraídos recomendam essa Anacardeacea como uma fruteira de elevado<br />

valor econômico.<br />

O engenheiro-agrônomo Esmerino Parente (44) estima o número de cajueiros,<br />

no Ceará, em 3.700.000.<br />

Os produtos que podem ser obtidos do cajueiro são os seguintes: do tronco<br />

da árvore, resina, c<strong>as</strong>ca taninosa, e madeira; do fruto, bebid<strong>as</strong>, doces, óleo<br />

da amêndoa e óleo da c<strong>as</strong>ca. As resin<strong>as</strong> do cajueiro já são preparad<strong>as</strong> e cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong><br />

por uma fábrica de Alago<strong>as</strong>, para exportação.<br />

As c<strong>as</strong>c<strong>as</strong> são empregad<strong>as</strong> nos curtumes.


O engenheiro agrônomo Renato Braga (45) informa que 100g de suco de<br />

caju amarelo contém 210 miligram<strong>as</strong> de vitamina C em comparação com 45<br />

miligram<strong>as</strong> da mesma vitamina em 100g. do suco da laranja comum.<br />

Conhecemos du<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong>, no Ceará, que industrializam a polpa do caju<br />

para doces, que enlatam a c<strong>as</strong>tanha <strong>as</strong>sada e que extraem óleo isolante da c<strong>as</strong>ca<br />

da c<strong>as</strong>tanha. A c<strong>as</strong>ca da c<strong>as</strong>tanha contém 35% de óleo e a amêndoa 41%.<br />

Composição da c<strong>as</strong>tanha do caju (47)<br />

Gordur<strong>as</strong> .............................................................................. 47,13%<br />

Matéria azotada .................................................................... 9,7%<br />

Amido .................................................................................. 5,9%<br />

Há muit<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> de cajuína, bebida preparada com suco de caju destaninado<br />

e p<strong>as</strong>teurizado, sem alcool. O mocororó é bebida c<strong>as</strong>eira, tradicional<br />

do <strong>Nordeste</strong>.<br />

Além do doce em p<strong>as</strong>ta e em calda, a polpa do caju presta-se muito bem<br />

para fazer o caju seco, cristalizado ou não. Esse aproveitamento industrial da<br />

polpa encerra <strong>as</strong> vantagens da fácil preparação no clima saco e ensolarado,<br />

na barateza da embalagem em caix<strong>as</strong> de papelão ou de madeira (não exigindo<br />

lat<strong>as</strong>), na conservação por longo tempo e na diminuição do peso transportes<br />

distantes. Muitos remédios são extraídos do cajueiro. Entre ales, cumpre<br />

ressaltar os mencionados nos estudos do Prof. J. Juarez Furtado (46) .<br />

Os historiadores como Guilherme Piso, Renato Braga, Gustavo Barroso<br />

e outros, nos contam que os indígen<strong>as</strong> do Ceará aproveitavam <strong>as</strong> safr<strong>as</strong> de<br />

pequi, na Serra do Araripe e, depois, caminhando pelos leitos dos rios secos,<br />

vinham desfrutar a temporada dos cajus, no litoral, balanceando su<strong>as</strong> rações<br />

com <strong>as</strong> proteín<strong>as</strong> e minerais dos mariscos pescados n<strong>as</strong> lago<strong>as</strong> e n<strong>as</strong> prai<strong>as</strong>.<br />

Uma grande fonte de divis<strong>as</strong> pode ser conseguida com os plantios racionais<br />

dos cajueiros e a exploração ordenada dos seus produtos. Esta racionalização<br />

terá de começar com a seleção dos melhores tipos de frutos; os mais<br />

doces, menos fibrosos, mais coloridos, menos rançosos originados de pés<br />

253


mais produtivos. A investigação dos melhores tipos permitiria marcar <strong>as</strong><br />

árvores padrões de onde se tirariam <strong>as</strong> sementes e <strong>as</strong> borbulh<strong>as</strong> dos enxertos<br />

para os pomares de observação que mostrariam os indivíduos de valor<br />

econômico, <strong>as</strong> variações ou mutações, com vantagens comerciais, que seriam<br />

perpetuad<strong>as</strong> por meio da reprodução <strong>as</strong>sexuada.<br />

O tipo ou variedade de cajueiro desejado seria plantado em pomares<br />

devidamente planejados, com terreno preparado, talhões divididos por estrad<strong>as</strong>,<br />

cov<strong>as</strong> grandes e adubad<strong>as</strong>, com <strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> de 8 metros, com<br />

lavour<strong>as</strong> intercalares de mandioca ou feijão nos primeiros anos para cobrir<br />

<strong>as</strong> despes<strong>as</strong> da instalação dos pomares.<br />

As plantações seriam organizad<strong>as</strong>, tendo em vista o fornecimento d<strong>as</strong><br />

matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> às fábric<strong>as</strong> existentes ou a outr<strong>as</strong> que se estabelecerem.<br />

Pouca atenção tem sido dada à comercialização dos produtos agrícol<strong>as</strong>.<br />

Cultura - Sendo uma fruteira precoce, o cajueiro é, geralmente, reproduzido<br />

por sementes, apesar de que a enxertia e fácil.<br />

O terreno é preparado em talhões de 200m de largura, com faix<strong>as</strong><br />

protetor<strong>as</strong> de “quebra-vento” com 20 a 30m deixad<strong>as</strong> com vegetação nativa,<br />

alta, por oc<strong>as</strong>ião da roçada. Nos talhões, projetam-se estrad<strong>as</strong> de<br />

acesso para atender aos serviços e ao transporte d<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>. Cada talhão é<br />

destocado e gradeado: depois, por meio de b<strong>as</strong>tões fortes, faz-se o alinhamento<br />

e marcam-se <strong>as</strong> cov<strong>as</strong> distanciad<strong>as</strong> de 8m x8m,<br />

Abrem-se buracos grandes, não menores de 1m 3 , que são cheios com<br />

lixo curtido, trazido d<strong>as</strong> cidades mais próxim<strong>as</strong>. Esse adubo é barato porém<br />

se deve tomar o cuidado para não conter a tiririca e outr<strong>as</strong> erv<strong>as</strong> daninh<strong>as</strong>.<br />

Na sua falta, podem, tambem, servir o estrume de gado e o composto.<br />

Cada hectare comporta 154 mud<strong>as</strong>.<br />

As mud<strong>as</strong> são criad<strong>as</strong> com o plantio d<strong>as</strong> melhores sementes em v<strong>as</strong>os ou<br />

“torrão paulista” e, quando têm um palmo de altura, são plantad<strong>as</strong> no pomar.<br />

A melhor lavoura, para combinar com o cajueiro, é a mandioca, durante três<br />

anos ou du<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>. Os tratos culturais, após o quarto ano, são os roços do<br />

mato r<strong>as</strong>teiro ou <strong>as</strong> gradagens de discos, 3 a 4 vezes no inverno.<br />

254


Colheita - A partir do terceiro ano, o cajueiro dá safr<strong>as</strong> que vão aumentando<br />

em peso até alcançar o máximo entre 10 e 20 anos de idade. O<br />

tempo de colher é de setembro-outubro a dezembro e os apanhadores,<br />

empunhando var<strong>as</strong>, com sacol<strong>as</strong> de aro metálico nos bordos e garr<strong>as</strong> para<br />

cima, vão, de manhã e de tarde, retirando, d<strong>as</strong> árvores os frutos maduros,<br />

antes de cairem no chão. O transporte carece de ser feito em condições<br />

higiênic<strong>as</strong> e com rapidez para evitar a fermentação. Fruto mole, perecível,<br />

o caju tem de ser transformado em bebida ou doce no mesmo dia da colheita<br />

ou, então, preservado para futura industrialização.<br />

Os controles de produção indicam que um cajueiro, no litoral do Ceará,<br />

fornece, por ano, de 30 a 150 quilos de frutos inteiros, conforme a<br />

idade do cajual, o trato e <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>. O que se chama de fruto são pedúnculo<br />

entumescido e a semente. M<strong>as</strong> a botânica ensina que o fruto verdadeiro<br />

é a c<strong>as</strong>tanha. O fruto maduro, parte carnosa e semente, varia de peso<br />

desde 30 gram<strong>as</strong> até mais de 100 gram<strong>as</strong>. O Dr. Rossini Carvalho já pesou<br />

caju com 500 gram<strong>as</strong>. É raro. N<strong>as</strong> noss<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong>, com cajus de 50<br />

gram<strong>as</strong>, obtivemos os seguintes resultados, de frutos maduros e frescos:<br />

C<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong> ............................................................. 16% do peso total<br />

Bagaço ................................................................. 34% do peso total<br />

Suco ..................................................................... 50% do peso total<br />

As c<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong>, depois de <strong>as</strong>sad<strong>as</strong>, perderam 40% a 50% do peso com<br />

a evaporação da água, a volatilização do óleo do tegumento externo e a<br />

retirada da c<strong>as</strong>ca seca.<br />

Se um cajueiro der uma safra de 50 quilos, significa um rendimento de:<br />

C<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong> madur<strong>as</strong> .............................................................. 8kg<br />

Bagaço ................................................................................ 17kg<br />

Suco .................................................................................... 25kg<br />

Total .................................................................................... 50kg<br />

255


Um hectare, com 154 cajueiros, com a produção média, acima, daria<br />

por ano:<br />

C<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong> ....................................................................... 1.232kg<br />

Bagaço ........................................................................... 2.618kg<br />

Suco ............................................................................... 3.850kg<br />

Total ............................................................................... 7.700kg<br />

Prai<strong>as</strong> e doenç<strong>as</strong> - Os inimigos mais comuns são os cupins, <strong>as</strong> formig<strong>as</strong>,<br />

os thrips e os fungos.<br />

Quando aparecem <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> “c<strong>as</strong><strong>as</strong>” de cupins, faz-se nel<strong>as</strong>, um furo<br />

com um pau pontudo e derramam-se, dentro, algum<strong>as</strong> gram<strong>as</strong> de arsênico<br />

branco, em pó. Os cristais aderem ao corpo dos insetos e, com o hábito<br />

biológico de lamberem uns aos outros, ingerem a droga e morrem.<br />

Os outros inimigos são combatidos com <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> drog<strong>as</strong> usad<strong>as</strong> para<br />

<strong>as</strong> fruteir<strong>as</strong>, em geral.<br />

Indústri<strong>as</strong> do caju - Sendo a safra do caju muito breve, cerca de 2 a 3<br />

meses (outubro a dezembro), <strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> preparam a m<strong>as</strong>sa e armazenam<br />

<strong>as</strong> c<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong> para operar durante o ano. O suco do caju se presta para o<br />

fabrico de refrigerantes, de cajuína, de vinho, de vinagre; a polpa é usada<br />

para doces do tipo marmelada. A polpa sucosa, sem a c<strong>as</strong>tanha, serve para<br />

a confecção de compota e doce seco, cristalizado.<br />

Da c<strong>as</strong>ca da c<strong>as</strong>tanha é extraído o óleo escuro, cáustico, usado como<br />

isolante de material elétrico; a c<strong>as</strong>tanha torrada é exportada em lat<strong>as</strong>. A<br />

resina da árvore é purificada pela fervura em água com ácido, para separação<br />

d<strong>as</strong> impurez<strong>as</strong>, depois secada em tambores rotativos, aquecidos, até<br />

obter a forma de lâmin<strong>as</strong> fin<strong>as</strong>, como e ensacada para exportação.<br />

Fornecendo cerca de oito produtos industriais e servindo, ao mesmo<br />

tempo, para reflorestamento, o cajueiro é uma lavoura muito indicada para<br />

o litoral e para <strong>as</strong> caating<strong>as</strong> úmid<strong>as</strong>; a sua rusticidade, a produção ao fim de<br />

três anos a sua popularidade entre lavradores são vantagens que tornam a<br />

cultura fácil de ser fomentada.<br />

256


Mercado - O consumo br<strong>as</strong>ileiro de produtos do cajueiro tende a aumentar.<br />

Os países europeus e da América do Norte são os grandes compradores.<br />

A Índia, n<strong>as</strong> provínci<strong>as</strong> de Madr<strong>as</strong>, Kerala, Andamam, Misore e<br />

Orissa, produziu e exportou 29.500 tonelad<strong>as</strong> de sementes, da safra de<br />

1955-56, em valor superior a 24 milhões de dólares. A campanha de produção<br />

d<strong>as</strong> cinco estações experimentais do cajueiro, intensificando os plantios<br />

em nov<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong>, levaram o governo a planejar uma exportação de 90.<br />

000 tonelad<strong>as</strong> de c<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong>, em 1961. A Índia exporta, também, <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong><br />

da África Oriental e de Madag<strong>as</strong>car.<br />

O Br<strong>as</strong>il, para ter a oportunidade de ampliar o comércio internacional<br />

de c<strong>as</strong>tanh<strong>as</strong>, de óleo e de resina do cajueiro, terá de desenvolver trabalhos<br />

árduos de pesquisa, de produção e de acordos comerciais, nos próximos<br />

anos.<br />

257


Foto 26 - Pomar de cajueiros, em solo arenoso, altitude inferior a 100m de litoral<br />

do Ceará.<br />

Foto 27 - Cajueiros nativos, aproveitados para formação pomar, mediante roçada<br />

da vegetação arbórea a arbustiva. Litoral do Ceará.<br />

258


Foto 28 - Cajueiro com últimos frutos da safra de 1959. Mês de dezembro. Litoral<br />

do Ceará.<br />

Foto 29 - Folh<strong>as</strong>, flores e frutos de cajueiro. Notar que, quando não maduro, a<br />

c<strong>as</strong>tanha é maior do que o pedúnculo entumescido.<br />

259


260<br />

Foto - 30 - Coleção de cajus com diferenç<strong>as</strong> no tamanho, na forma e na cor.


5.5 - A cultura de palma<br />

A palma foi introduzida, no <strong>Nordeste</strong>, provavelmente, depois de 1900.<br />

M<strong>as</strong> somente após a seca de 1932, por ordem do ministro da Viação, Dr.<br />

José Américo de Almeida, com a criação do atual Serviço Agroindustrial,<br />

foram plantados, do Piauí até Bahia, 222 campos de propagação dessa cactácea<br />

forrageira. As palm<strong>as</strong>, para esses plantios, foram comprad<strong>as</strong> em Custódia,<br />

Caruaru e Monteiro. Em 1935, o Governo Federal mandou entregar<br />

esses campos às prefeitur<strong>as</strong>. Foi o primeiro grande trabalho de difusão da<br />

palma, no <strong>Nordeste</strong> e, a partir dessa data, os criadores tiveram facilidade na<br />

obtenção de mud<strong>as</strong> para os seus campos.<br />

Atualmente, há três centros maiores de produção de palma; na Caatinga<br />

de Alago<strong>as</strong> (Batalha, M. Izidoro, Pão de Açúcar), no agreste de Pernambuco<br />

e nos cariris-velhos (Paraíba).<br />

A experiência demonstrou que a palma não tem acentuada exigência quanto<br />

ao solo, porém requer noites fresc<strong>as</strong>, com umidade atmosférica, altitude e<br />

chuv<strong>as</strong> fin<strong>as</strong>; <strong>as</strong> caating<strong>as</strong> alt<strong>as</strong>, o agreste e <strong>as</strong> serr<strong>as</strong> de pouca chuva são os<br />

seus habitats preferidos. No sertão, seridó e no litoral, vegeta com menor<br />

rendimento. É uma xerófila verdadeira e, no ambiente próprio, não sofre<br />

redução de colheita.<br />

Apesar de ter sido selecionada na Califórnia, não é mais cultivada ali,<br />

como forrageira. Fora do <strong>Nordeste</strong>, é importante como alimento do gado,<br />

no México e na África do Sul, por exemplo.<br />

Ainda não foi bem estudado o seu valor nutritivo para os animais e qual a<br />

sua influência sobre a digestibilidade dos capins, d<strong>as</strong> ram<strong>as</strong> e da torta. Observa-se<br />

que, na caatinga alagoana, no agreste e no cariris-velhos, o gado<br />

prospera com a ração combinada de palma, p<strong>as</strong>to e torta, produzindo leite e<br />

engordando facilmente. Acreditamos que <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> favoráveis para os campos<br />

de palma, da Bahia até o Piauí, são v<strong>as</strong>t<strong>as</strong> e que essa xerófila exercerá<br />

uma função muito importante no melhoramento da pecuária, quando os criadores<br />

da região se convencerem de que a alimentação, no êxito da criação, é<br />

mais decisiva do que o raciamento.<br />

261


Cultura - Atualmente, os fazendeiros plantam a palma (1) para corte (2) ou<br />

p<strong>as</strong>tagem. Nos dois c<strong>as</strong>os, os plantios são, em geral, feitos pelos moradores<br />

que recebem os terrenos cercados, plantam a palma e os cereais ficam com<br />

<strong>as</strong> colheit<strong>as</strong> e, depois de 2 anos, entregam a palma ao proprietário.<br />

Em Cabeceir<strong>as</strong>, Paraíba, já há um criador com mais de 1.000ha plantados<br />

de palma.<br />

A ecologia da palma é a mesma do agave, do aveloz, do caroá, do umbuzeiro<br />

e da manipeba. Esta cactácea representa uma solução para <strong>as</strong> zon<strong>as</strong><br />

de pouca chuva e que não têm rios perenes ou grandes açudes para irrigação.<br />

Ela, com <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> da sua ecologia, forma a verdadeira cultura seca, do<br />

<strong>Nordeste</strong>, onde o sistema do dry farming americano não encontrou condições<br />

de adaptação.<br />

Ao contrário do dry farming americano, <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong> b<strong>as</strong>eiamse<br />

na fisiologia d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> e não n<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> do solo. O dry farming<br />

requer solo permeável e profundo, um período fresco, o degelo da neve, e<br />

cereais de baixo consumo d’água. O xerofilismo surgiu d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> irregulares,<br />

do calor, do solo r<strong>as</strong>o e da capacidade d<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> perenes armazenarem<br />

água e reserv<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong>. O revolvimento do solo, a formação do<br />

mulch superficial de poeira pela ação do cultivador não resultou em economia<br />

de água nos solos tropicais.<br />

Na prática dos criadores, está predominando a formação dos palmais de<br />

p<strong>as</strong>toreio sobre os de corte, devido à economia da mão-de-obra na colheita.<br />

Quando o fazendeiro quer trabalho rápido e não havendo vegetação a<br />

aproveitar, o desbravamento do solo, o destocamento e a gradagem podem<br />

ser feitos a trator. Nesse c<strong>as</strong>o, deve-se evitar o fogo, operando com a bulldozer<br />

em curva de nível, para dificultar a corrida da enxurrada. É conveniente<br />

deixar, entre os talhões de 100 a 200m de largura, um renque de caatinga<br />

nativa, de 20m de largura, em direção transversal ao vento dominante, para<br />

servir de quebra-vento.<br />

É costume plantar a palma na distância de 2x2m, com a raqueta deitada<br />

ou em pá. Nos primeiros anos, distribuem-se <strong>as</strong> sementes de capins ou de<br />

262


leguminos<strong>as</strong> entre <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong>, plantam-se árvores de rama (algaroba, juazeiro,<br />

acáci<strong>as</strong>) em larg<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong>, e, no terceiro ano, começa-se o p<strong>as</strong>toreio<br />

rotativo, nos palmais-p<strong>as</strong>tos divididos e com um bebedouro preparado<br />

para cada 2 p<strong>as</strong>tos. No verão, o número de animais por hectare e diminuído<br />

ou da-se um “descanso” em cada campo para resguardar a macega protetora<br />

do solo.<br />

Rendimento - O engenheiro-agrônomo Humberto Melo, de Alago<strong>as</strong>,<br />

organizou o seguinte quadro da produção de palma por ha no intervalo de<br />

2x2 metros até 4 anos de idade:<br />

Idade Distânci<strong>as</strong> N o de pés No de fo- N o de fo- Peso<br />

lh<strong>as</strong>/ha lh<strong>as</strong>/ha. total kg/ha.<br />

1 o ano 2 x 2 2.500 20 50.000 15.000<br />

2 o ano 2 x 2 ” 80 200.000 60.000<br />

3 o ano 2 x 2 ” 120 300.000 90.000<br />

4 o ano 2 x 2 ” 100 250.000 75.000<br />

P<strong>as</strong>tagens com palma - Registramos aqui, <strong>as</strong> informações que nos foram<br />

dad<strong>as</strong> por alguns criadores de gado, em Alago<strong>as</strong>, em ag<strong>as</strong>to de 1958:<br />

1) Antônio Amaral - Fazenda Pilões - Major Izidoro. Possui 800 taref<strong>as</strong><br />

de terr<strong>as</strong>, plantad<strong>as</strong> com palma e p<strong>as</strong>to e com palma intercalada de<br />

cereais e algodão; mantém 200 cabeç<strong>as</strong> de bovinos, sendo que, nesse total,<br />

estão incluíd<strong>as</strong> 65 vac<strong>as</strong> leiteir<strong>as</strong>, com a produção de 500 a 600 litros<br />

diários. Durante o inverno, o gado se sustenta com a palma e o p<strong>as</strong>to intercalar<br />

e, no verão, com palma e torta. O leite é vendido a Cr$ 3,70 cada<br />

litro e a torta é comprada a Cr$ 7,00 cada quilo, inclusive frete. Há a aftosa<br />

e o carrapato.<br />

As colheit<strong>as</strong> de cereais, consorciad<strong>as</strong> com a palma, nos primeiros e<br />

segundo anos, pertencem aos moradores. Faz du<strong>as</strong> ordenh<strong>as</strong> e a maior<br />

produção registrada, da melhor vaca, foi de 29 litros de leite em um dia.<br />

Uma vaca, que produz de 15 a 20 litros, custa Cr$ 20.000, 00. Um hectare<br />

de terra boa custa de Cr$ 6.000,00 a Cr$ 9.000,00.<br />

263


2) Antônio Figueredo - Fazenda Nova - Jacaré dos Homens. Tem uma<br />

área de 1.800 taref<strong>as</strong>, sendo 1.700 taref<strong>as</strong> ocupad<strong>as</strong> com palma e p<strong>as</strong>to e<br />

palma com lavour<strong>as</strong> intercalares. Possui 500 bovinos, sendo 250 de engorda.<br />

A produção média, por vaca, é de 6 a 8 litros por dia. Alimenta <strong>as</strong><br />

vac<strong>as</strong> com palma e p<strong>as</strong>to, no inverno, e palma com torta, no verão. O<br />

período de engorda é de 3 a 4 meses e ele acentuou que a água de bebida<br />

do gado não deve ser muito salgada. Ele resolveu a questão de bebedouro<br />

para o gado do seguinte modo: cavou um açude no meio do morro, abriu<br />

sulcos laterais, na encosta, para conduzir <strong>as</strong> enxurrad<strong>as</strong> para dentro do<br />

reservatório; trabalhou sem máquina e g<strong>as</strong>tou Cr$ 100.000,00.<br />

Disse que um ha de palma com p<strong>as</strong>to alimenta 3 bovinos (grandes e<br />

pequenos) por ano; que, no inverno, 1ha de palma e p<strong>as</strong>to engorda 2 bois,<br />

e, finalmente, que um palmal dura 20 anos.<br />

3) Mair Amaral - Prefeito de Batalha - Fazenda Boa Vista. Possui 8.000<br />

taref<strong>as</strong> de terr<strong>as</strong>, sendo 5. 000 taref<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> com palma x capins nativos<br />

e 1.500 cabeç<strong>as</strong> de bovinos. As 220 vac<strong>as</strong> leiteir<strong>as</strong> fornecem 1.500 a<br />

2.600 litros por dia. Dá 3kg de resíduo ou farelo de algodão, a cada vaca,<br />

por dia, e vende o leite a Cr$ 3,70 cada litro. O concentrado de algodão<br />

custa Cr$ 7,00 por quilo. Em 1957, ele engordou 500 garrotes com palma<br />

e p<strong>as</strong>to verde ou p<strong>as</strong>to seco. Calcula que uma tarefa de palmal sustenta um<br />

bovino. Recomenda que a palma seja plantada nos meses de dezembro até<br />

maio e julga ser o solo o fator principal na engorda do gado com a palma.<br />

4) Hildebrando Pinto - Fazenda Cintra - Major Izidoro. Mutuário da<br />

ANCAR (BNB). Na oc<strong>as</strong>ião da nossa visita, estava engordando 400 novilhos<br />

com palma e p<strong>as</strong>to.<br />

Planta palma, algodão e cereais em curva de nível, por influência do<br />

agrônomo Rubens Guedes, da ANCAR, usa silagem em silo trincheira, está<br />

- satisfeito; é homem progressista, com qualidades de líder e, certamente influenciará<br />

outros criadores no sentido de aceitarem <strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> de melhoramento<br />

da criação. Perdeu, em 1957, cerca de Cr$ 1.200.000, 00 de gado, de-<br />

264


vido ao frac<strong>as</strong>so na vacina contra a aftosa. Outros criadores também se queixaram<br />

d<strong>as</strong> más qualidades dessa partida de vacin<strong>as</strong>.<br />

O município de São Bento do Una, na Zona do Agreste de Pernambuco, é<br />

outro onde os criadores já acumularam, através dos anos, muita experiência na<br />

cultura da palma miúda. Cerca de 30% da área do município é ocupada com a<br />

palma. Está situada, ali a fazenda experimental de criação, da Secretaria da<br />

Agricultura, sob a direção do engenheiro-agrônomo Sílvio Parente Viana.<br />

Essa fazenda possui um rebanho de 160 bovinos da raça holandesa, pura<br />

por cruz<strong>as</strong>, tem 2 silos para milho, gir<strong>as</strong>sol, de guandu e capins.<br />

A melhor ração para vaca leiteira experimentada na fazenda é a seguinte:<br />

40 quilos de palma<br />

12 quilos de silagem<br />

5 quilos de mandioca<br />

2, 5 quilos de torta de algodão<br />

O peso máximo da palma consumida por uma vaca, num dia, foi de 90kg.<br />

No controle leiteiro da fazenda, uma vaca produziu 6.106kg de leite, em 12<br />

meses de lactação, ou sejam, 17kg diários.<br />

Na fazenda Santa Quitéria, de Ludgero Simões de Moraes, vimos um belo<br />

plantel de vac<strong>as</strong> mestiç<strong>as</strong>, holandes<strong>as</strong>, alimentad<strong>as</strong> com palma, p<strong>as</strong>to e torta.<br />

O controle leiteiro de uma vaca registrou 6.179kg de leite em 365 di<strong>as</strong>.<br />

Na granja leiteira, de Délio César Valença, vimos um silo de 100 tonelad<strong>as</strong><br />

no segundo ano de uso e a produção média por vaca num dia, era de<br />

13kg.<br />

O supervisor agrícola Heuderson Dutra de Almeida organizou <strong>as</strong> cont<strong>as</strong><br />

culturais da palma de 10 agricultores do agreste.<br />

Os dados a seguir representam <strong>as</strong> médi<strong>as</strong>:<br />

Valor de 1ha de terra ................................................... Cr$ 2. 866, 00<br />

Preparo do solo ........................................................... 490, 00<br />

Custo d<strong>as</strong> vazantes do plantio ...................................... 449,00<br />

265


Tratos culturais no 1 o ano ............................................. 304,00<br />

Duração média do palmal ............................................ (11 anos)<br />

Rendimento/Ha no 2 o ano ............................................ 20.000kg<br />

Rendimento/Ha no 3 o ano ............................................ 40. 000kg<br />

Palma consumida/bovinos 1 dia .................................... 60kg<br />

O solo de São Bento do Una é ondulante, arenoso, r<strong>as</strong>o sabre piçarra.<br />

As chuv<strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, anuais, na zona do agreste variam de 661mm em Caruaru,<br />

a 713mm em Pesqueira, no período de 1939 a 1941.<br />

Na região dos cariris-velhos, situada n<strong>as</strong> ondulações da Serra da Borborema,<br />

altitude acima de 400m, o Serviço Agroindustrial, instalou, em<br />

1933 - 34, campos de cooperação de palma em Soledade, Cabaceir<strong>as</strong>,<br />

Taperoá e São João do Cariri. Esses campos contribuíram para a disseminação<br />

dos palmais naqueles municípios. Atualmente, já existem em Cabaceir<strong>as</strong>,<br />

extensos campos de palma, com capins nativos, como mostram <strong>as</strong><br />

fotografi<strong>as</strong> insert<strong>as</strong> adiante.<br />

Organizamos os gráficos que se seguem para o aperfeiçoamento da<br />

alimentação do gado, nos cariris-velhos. Eles estão apoiados n<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong><br />

médi<strong>as</strong>, na palma, n<strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> forragens conservad<strong>as</strong>, no p<strong>as</strong>toreio alternado<br />

e na proteção do solo. Dividimos o ano em du<strong>as</strong> estações: 1) a do<br />

inverno, de março a junho, em que há 4 meses de vegetação verde, crescida,<br />

quando o gado se sustenta d<strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, dos capins e da palma e 2)<br />

outra, de verão, de julho a janeiro, com 8 meses, em que há menos rama e<br />

p<strong>as</strong>to, e o rebanho precisa ser mantido com palma p<strong>as</strong>tada mais feno ou<br />

torta, dada em cocho, no campo. Previu-se a manutenção de uma cobertura<br />

mínima do solo, com <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> espontâne<strong>as</strong>, para evitar a erosão.<br />

Em Cabaceir<strong>as</strong> e em Alago<strong>as</strong>, os criadores põem os animais a p<strong>as</strong>tar a<br />

palma; o corte e a distribuição em manjedoura encarecem o arraçoamento,<br />

onde há grande criação pela exigência da mão-de-obra.<br />

O Grupo de Trabalho dos Cariris Velhos é um convênio com representantes<br />

do BNB, do BB, do DNOCS, do DNPA, do DNPV e do Acordo<br />

dos Bispos, com sede em Campina Grande; está constituído de homens<br />

266


experientes, dedicados e conhecedores da região. A equipe estuda, planeja,<br />

orienta e financia os campos de palma, a fenação, a silagem, a construção<br />

de açudes, a abertura de poços, a aquisição de reprodutores e outros<br />

melhoramentos. O que vimos, já realizado pelo Grupo, é animador, e tudo<br />

indica que resultados admiráveis serão obtidos.<br />

267


Chuv<strong>as</strong> médi<strong>as</strong>, mensais, mms.<br />

268<br />

160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Tentativa para estabelecer um regime de alimentação<br />

para gado leiteiro, b<strong>as</strong>eada n<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> prováveis, na palma,<br />

n<strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> forragens conservad<strong>as</strong> e na proteção do solo.<br />

A curva d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> foi traçada pel<strong>as</strong> médi<strong>as</strong> d<strong>as</strong><br />

observações, durante 25 anos, em cabaceir<strong>as</strong>, Campina Grande<br />

e Monteiro.<br />

Inverno: 4 meses<br />

Crescimento<br />

d<strong>as</strong> ram<strong>as</strong><br />

P<strong>as</strong>toreio<br />

rotativo<br />

Palma + rama<br />

B<strong>as</strong>e: 2 bovi. Ha<br />

Ração:<br />

Palma + silagem ou feno ou torta<br />

Cocho<br />

Vegetação de cobertura<br />

do solo<br />

M A M J J A S O N D J P<br />

M e s e s<br />

Gráfico 21 - Região do cariri - Paraíba.<br />

Fonte: Etene/BNB. Org. J. G. D./Cap. ASA<br />

Verão: 8 meses<br />

P<strong>as</strong>toreio<br />

Meda Feno<br />

Curva chuv<strong>as</strong><br />

25 anos


Foto 31 - Palmeira dos Ìndios, Alago<strong>as</strong>. Cultura de palma intercalada com milho.<br />

Foto 32 - Lavoura de palma entre Caruaru e Campina Grande.<br />

269


270<br />

5.6 - A cultura da goiabeira<br />

Na opinião de Afonso de Candolle, a goiabeira é originária da América<br />

Tropical, talvez do México ou do Peru. Árvore que cresce até 10m de altura,<br />

de galhos rígidos, tronco liso, de folh<strong>as</strong> oblongo-elíptic<strong>as</strong> a ovais, de 8 a<br />

10cm de comprimento, de flores branc<strong>as</strong>, solitári<strong>as</strong>, pétal<strong>as</strong> ovais, com um<br />

grupo de estames centrais.<br />

O fruto tema forma redonda ou ovóide ou piriforme, de 3 a 10 cm de<br />

comprimento, com polpa de cor variando do branco até o vermelho. Como<br />

o eucalipto, o araçá, a jaboticaba, a goiabeira pertence à família d<strong>as</strong> Murtáce<strong>as</strong>.<br />

Seu nome científico é Psidum guajava.<br />

Vegeta, nativa ou plantada, no <strong>Nordeste</strong>, n<strong>as</strong> altitudes pouco acima do<br />

nível do mar até 1. 000 metros. Embora não seja rigorosamente uma xerófila,<br />

a goiabeira dá bo<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>, todos os anos, com <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> irregulares desde<br />

que o ar seja úmido, à noite, e o solo tenha profundidade. Assim é que a<br />

goiabeira é cultivada no litoral do Ceará, na Serra da Aratanha, na Serra de<br />

Pesqueira e no agreste (pernambucano) e na Bahia. As zon<strong>as</strong> da sua predileção<br />

são a da mata, d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, o agreste e o litoral. Os solos vermelhos,<br />

argilosos e os silicosos, profundos, são os que mais convém, especialmente<br />

os ricos de potássio, que dão os frutos de melhor qualidade e mais doces.<br />

Fora do <strong>Nordeste</strong> e do Br<strong>as</strong>il, a goiabeira é explorada, também, na<br />

América Central, na Flórida, na Califórnia, no Havaí, no Oriente e na Guiné.<br />

Tem sido reproduzida por sementes e pela enxertia de borbulha ou de encostia,<br />

como se faz para o abacateiro e a mangueira. A formação de mud<strong>as</strong> por<br />

meio do enraizamento de galhos também é usada.<br />

Cultura (48) - O preparo do solo para a goiabeira é feito pelo mesmo processo<br />

dos outros pomares, isto é, com a roçada e o destocamento, em terreno<br />

virgem, e aração ou simples gradeação, conforme <strong>as</strong> condições de terra.<br />

A marcação dos lugares d<strong>as</strong> cov<strong>as</strong> é executada em alinhamento com corda,<br />

em quadrado ou em quincôncio, com 6 a 8m entre <strong>as</strong> estac<strong>as</strong>, ou sejam, 270<br />

a 156 árvores por hectare; é mais recomendável abrir os buracos com 1m 3 e<br />

enchê-los de terra preta, misturada com estrume ou outro adubo.


O plano dos pomares deverá prever os “quebra-vento”, cada 200m de<br />

distância e <strong>as</strong> estrad<strong>as</strong> de penetração nos talhões.<br />

As mud<strong>as</strong> são preparad<strong>as</strong> em sementeir<strong>as</strong> sombread<strong>as</strong>, regad<strong>as</strong> e catado<br />

o mato todos os di<strong>as</strong>; quando atingem 5cms de altura são transplantad<strong>as</strong>,<br />

com a terra d<strong>as</strong> raízes, para os viveiros, no campo, n<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> de 1x<br />

0,50m, entre <strong>as</strong> mud<strong>as</strong>. No momento em que os caules d<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> atingem a<br />

grossura de um lápis, é feito o enxerto de borbulha ou de encostia. A muda<br />

enxertada, com cerca de meio metro de altura, é plantada na cova do pomar<br />

na estação chuvosa. Se o agricultor deseja o “pé franco”, tira a mudinha do<br />

v<strong>as</strong>o ou do viveiro, com bloco de terra e altura de 20cm, e planta-a no<br />

pomar.<br />

Ficará ao nível do solo o coleto da muda e essa deve ser molhada após o<br />

plantio. No <strong>Nordeste</strong>, são identificados 3 tipos de goiabeir<strong>as</strong> pela cor dos<br />

frutos, vermelha, amarela e branca, sendo a última a mais apreciada. A seleção<br />

d<strong>as</strong> matrizes para a reprodução é muito importante, considerando-se o<br />

crescimento da árvore, sua rusticidade, produção e qualidade dos frutos.<br />

Para baratear a instalação do pomar, admite-se uma lavoura intercalar de<br />

feijão ou de mandioca, até o terceiro ano; há a vantagem de manter o arvoredo<br />

limpo d<strong>as</strong> erv<strong>as</strong>, obtendo-se renda.<br />

No agreste, n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong>, no litoral, e n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> úmid<strong>as</strong>, a goiabeira<br />

dispensa a irrigação.<br />

Colheita - Em geral, a primeira safra, ainda que pequena, começa dos 3<br />

aos 5 anos, segundo <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> são de enxerto ou de reprodução natural. Nos<br />

pomares bons, obtém-se du<strong>as</strong> safr<strong>as</strong>, por ano, em janeiro a março e de<br />

setembro a novembro. O engenheiro-agrônomo Fernandes Silva (49) estima a<br />

produção da goiaba por pé, num ano, em 38 quilos para o agreste de Pernambuco.<br />

Entretanto, o rendimento de qualquer cultura varia muito conforme<br />

o cuidado, a adubação, <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, <strong>as</strong> prag<strong>as</strong>, etc.<br />

Prag<strong>as</strong> e molésti<strong>as</strong> - Como toda fruta carnosa e tenra, a goiaba perseguida<br />

pel<strong>as</strong> mosc<strong>as</strong> d<strong>as</strong> frut<strong>as</strong> (Ceratitis capitata e An<strong>as</strong>trepha), pel<strong>as</strong> broc<strong>as</strong><br />

271


do caule, pelo gorgulho da goiaba, pela lagarta d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, pelos pulgões e pelo<br />

cogumelo da ferrugem (Puccinia psidii). O sucesso na eliminação de qualquer<br />

inseto ou fungo, prejudiciais, depende do agricultor estar com o espírito prevenido<br />

e equipado com os aparelhos e <strong>as</strong> drog<strong>as</strong> de combate para agir logo no<br />

início da infestação. Polvilhadeir<strong>as</strong> e pulverizadores manuais e os produtos<br />

Toxofeno, BHC, Aldrin, Eldrin, calda bordaleza, emulsões à b<strong>as</strong>e de petróleo,<br />

e outros devem existir em estoque em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> fazend<strong>as</strong>. Os modos de aplicar<br />

e a proteção aos operários são ensinados, para cada c<strong>as</strong>o, n<strong>as</strong> instruções escrit<strong>as</strong><br />

n<strong>as</strong> lat<strong>as</strong> e nos f<strong>as</strong>cículos distribuídos pel<strong>as</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong> vendedor<strong>as</strong>.<br />

Indústria e mercado - A goiaba é matéria-prima de primeira ordem para<br />

preparar doces e geléi<strong>as</strong> n<strong>as</strong> ocupações c<strong>as</strong>eir<strong>as</strong> ou n<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong>, como a “Peixe”.<br />

A fruta madura tem a seguinte composição química (50) :<br />

Água ............................ 84,08% Fibr<strong>as</strong> ........................ 5,57%<br />

Cinz<strong>as</strong> .......................... 0,67% Açúcares .................... 5,45%<br />

Proteín<strong>as</strong> ...................... 0,76% Gordura ..................... 0,95%<br />

A f<strong>as</strong>e da colheita é curta e, por isso, os fabricantes preparam <strong>as</strong> m<strong>as</strong>s<strong>as</strong> e<br />

<strong>as</strong> guardam, para distribuir o trabalho de confecção dos doces e d<strong>as</strong> vend<strong>as</strong><br />

durante o ano. As operações, na indústria, consistem em chegar a goiaba fresca<br />

à fábrica, desc<strong>as</strong>car os frutos, cozinhá-los em autoclave e macerá-los em tambores<br />

rotativos para separar <strong>as</strong> sementes; adiciona-se o açúcar à m<strong>as</strong>sa, em<br />

quantidade igual à metade do peso inicial d<strong>as</strong> goiab<strong>as</strong>, cozinha-se a m<strong>as</strong>sa<br />

doce para evaporar a água até o ponto de goiabada e enlata-se ou embala-se<br />

em caixinh<strong>as</strong> de madeira.<br />

Um hectare de goiabeira, com 154 árvores, dando 5.800kg de frutos, pode,<br />

com a adição de 2.900 kg de açúcar, render 5.800 quilos de goiabada que, a<br />

Cr$ 40,00 por quilo, significa um rendimento bruto de Cr$ 232.000,00. Cumpre,<br />

entretanto, ressaltar que somente o açúcar e <strong>as</strong> lat<strong>as</strong> de embalagem importam<br />

em despesa superior a Cr$ 100.000,00.<br />

A indústria de doces e de conserv<strong>as</strong>, em geral, está enfrentando a esc<strong>as</strong>sez<br />

de folh<strong>as</strong> de flandres, artigo caro por falta do óleo de dendê para a sua fabricação.<br />

272


A goiabada é uma sobremesa de largo consumo no Br<strong>as</strong>il. Para uma indústria<br />

de maior escala, porém será preciso cuidar da exportação. Os estudos do<br />

mercado, provavelmente, concluirão pela conveniência da fabricação da geléia<br />

de goiaba, mais do gosto dos estrangeiros.<br />

273


274<br />

5.7 - Maniçoba<br />

Habitat - Entre os vegetais que estão transformando o viveiro botânico<br />

d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> em fontes de divis<strong>as</strong>, estão <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong>, Manihot Glaziovii,<br />

Muell Arg., Manihot pi auhyensis, Ule, da família d<strong>as</strong> Euforbiáce<strong>as</strong>.<br />

Espécies ávid<strong>as</strong> de luz, el<strong>as</strong> compõem <strong>as</strong> caating<strong>as</strong> de diferentes altitudes,<br />

com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> cop<strong>as</strong> até 15m de altura, tronco linheiro, folh<strong>as</strong> palmad<strong>as</strong>,<br />

glabr<strong>as</strong>, verde-clar<strong>as</strong>, sementes dur<strong>as</strong>, amarelo-c<strong>as</strong>tanho. São tipicamente<br />

resistentes à mica, guardam reserv<strong>as</strong> n<strong>as</strong> raízes e nos caules, soltam <strong>as</strong><br />

folh<strong>as</strong> no verão para economia de água e, com <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, emitem<br />

a floração antes da folhagem nova.<br />

Capazes de vegetar até nos altos pedregosos do sertão, do carr<strong>as</strong>co,<br />

do seridó e d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong>, <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong> estão acompanhad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>,<br />

pereiros, mororós, faveleir<strong>as</strong>, pinhões, marmeleiro, cançanções, barrigud<strong>as</strong>,<br />

imburan<strong>as</strong>, muricis, etc.<br />

As maniçob<strong>as</strong> parecem ser originári<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>; pelo menos a Manihot<br />

Glaziovvi é nativa do Ceará.<br />

O Dr. Leo Zehntner, no seu livro “Estudo nobre Maniçob<strong>as</strong> da Bahia<br />

em relação ao problema d<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>” apresenta observações interessantes<br />

sobre a cultura e o aproveitamento dessa xerófila industrial.<br />

História - Conta o historiador Raymundo Girão (51) que <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong><br />

d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> de Maranguape, Pacatuba, Baturité, Jubaia, Juá, Machado e<br />

Uruburetama começaram a ter função econômica após 1845, fornecendo o<br />

látex para a borracha cl<strong>as</strong>sificada comercialmente como Ceará scrap.<br />

Com a descoberta da vulcanização da borracha por Goodyear, na América<br />

do Norte, e Hanncock na Inglaterra, a exportação da Scrap Cearense<br />

subiu a 239.325kg na safra de 1854-55.<br />

O mesmo historiador cearense nos ensina que o presidente Correia de<br />

V<strong>as</strong>concelos incentivou, por meio de prêmios, os plantios dessa euforbiácea,<br />

em 1847.


A má preparação do produto e <strong>as</strong> fraudes no comércio resultaram na<br />

queda da exportação para somente 57.780kg em 1855-56. Outra f<strong>as</strong>e de<br />

alta nos preços, de 1870 a 1878, elevaram a exportação do Ceará para a<br />

média anual de 250.000kg.<br />

Continuaram <strong>as</strong> oscilações na exportação: 300.000 tonelad<strong>as</strong> em 1886-<br />

87, 1.001.856kg em 1898 e 666.659kg em 1912. A partir deste último ano,<br />

o movimento comercial da borracha caiu muito em conseqüência da produção<br />

da Hévea no Ceilão e na Malásia. Somente nos períodos de guerra, a<br />

borracha nordestina teve procura no comércio internacional.<br />

Como se verifica, a borracha teve, também, os seus ciclos de grandeza e<br />

decadência, característic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong>, extrativ<strong>as</strong>.<br />

Cultura - A maniçoba é uma árvore que se presta bem para o reflorestamento<br />

d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, de morro, em plantios puros ou no meio de outr<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>; <strong>as</strong><br />

cov<strong>as</strong> são abert<strong>as</strong> com a enxada n<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> de 2,50 x 3m, onde são colocad<strong>as</strong><br />

2 a 3 sementes, para, mais tarde, desb<strong>as</strong>tar e deixar um pé.<br />

N<strong>as</strong> plantações grandes, convém estabelecer talhões, com estrad<strong>as</strong> divisóri<strong>as</strong>,<br />

cercamento e usar, no meio d<strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, lavour<strong>as</strong> de mandioca ou de<br />

algodão, para recuperar <strong>as</strong> despes<strong>as</strong> da instalação. A construção de barracões,<br />

no centro da lavoura, para depósito da borracha e para o abrigo dos<br />

trabalhadores, é boa medida administrativa. Enquanto há cultura <strong>as</strong>sociada é<br />

necessário capinar; com o crescimento do bosque b<strong>as</strong>ta uma roçada no mato,<br />

antes da colheita.<br />

A prevenção contra o fogo, no verão, é uma providência importante e,<br />

para esse fim, <strong>as</strong> estrad<strong>as</strong>, entre os talhões, servirão de aceiros.<br />

O Dr. Leo Zehntner, no seu livro “Estudo sobre <strong>as</strong> Maniçob<strong>as</strong> da Bahia<br />

em relação ao problema da seca”, apresenta observações interessantes quanto<br />

à cultura e ao aproveitamento dessa xerófila industrial.<br />

O Dr. Tomaz Pompeu de Souza.Brazil (52) , entre outros trabalhos importantes,<br />

nos legou preciosos dados e informações sobre <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong>, no<br />

Ceará. Aconselhava aquele renomado escritor plantar <strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong> em<br />

275


novembro e dezembro para a germinação em janeiro e fevereiro; que, com<br />

um mês após a germinação e com <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, <strong>as</strong> mudinh<strong>as</strong> atingem 30cm de<br />

altura e que os talhões devem ser cercados para evitar o p<strong>as</strong>toreio dos<br />

animais. A extração do latex começa aos 4 anos com 150 a 250 gram<strong>as</strong><br />

por árvore, para atingir o máximo de 300 a 600 gram<strong>as</strong> no sexto e oitavo<br />

anos decrescendo depois dessa idade. Para a colheita, devem ser feit<strong>as</strong><br />

incisões, com ferramenta própria, no caule, desde 2m até o nível do chão,<br />

colhendo o líquido branco em tigelinh<strong>as</strong> de flandres. A extração do látex<br />

começa no fim do inverno, quando se obtém o sernamby, seiva leitosa, que<br />

coagula em 6 hor<strong>as</strong>, em plac<strong>as</strong> amarelo-escur<strong>as</strong>, com perda de 25% do<br />

seu peso. O choro é a borracha extraída, no verão, em menor quantidade,<br />

com perda semente de 5% no seu peso.<br />

As maniçob<strong>as</strong> preferem os solos argilo-silicosos d<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> sec<strong>as</strong> e d<strong>as</strong><br />

chapad<strong>as</strong> e são indicad<strong>as</strong> para o reflorestamento dos terrenos altos, cheios<br />

de pedr<strong>as</strong>, que não servem para outros fins e que carecem ser cobertos<br />

para defesa contra a erosão. Os maniçobais nativos, <strong>as</strong>sociados às caating<strong>as</strong>,<br />

em distânci<strong>as</strong> irregulares, longe de água e de estrad<strong>as</strong>, exigem a residência<br />

temporária dos borracheiros no mato, em caban<strong>as</strong> improvisad<strong>as</strong>,<br />

para cada homem colher de 10 a 20kg de látex por semana, ou sejam, 6 a<br />

9kg de lap<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, provenientes d<strong>as</strong> sangri<strong>as</strong> semanais de 600 a 900 maniçobais.<br />

Na Bahia, segundo o Dr. Zehntner, <strong>as</strong> sangri<strong>as</strong> são feit<strong>as</strong> nos<br />

meses de janeiro e agosto.<br />

A extração do latex nos maniçobais nativos, sem queima, sem derrubad<strong>as</strong>,<br />

com o crescimento de nov<strong>as</strong> mud<strong>as</strong> pode ser feita continuamente, sem<br />

nenhum perigo de erosão ou de empobrecimento do solo. É uma forma de<br />

exploração extensiva e de baixo rendimento.<br />

A monografia do Dr. Zehntner registra que os plantios d<strong>as</strong> Manihot, na<br />

Bahia, para fins comerciais, começaram em 1904. Eles foram feitos por sementes<br />

e por estac<strong>as</strong>, cabendo 1.200 árvores em cada hectare. Os rendimentos<br />

de borracha seca, por hectare, nos bosques plantados, variam de<br />

100 a 300kg, conforme a idade d<strong>as</strong> árvores e os cuidados dispensados.<br />

N<strong>as</strong> plantações comerciais, devem ser selecionad<strong>as</strong> <strong>as</strong> sementes ou estac<strong>as</strong><br />

d<strong>as</strong> matrizes mais produtiv<strong>as</strong>, separados os talhões por estrad<strong>as</strong>, plan-<br />

276


tada mandioca entre <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong>, nos primeiros anos, para cobrir <strong>as</strong> despes<strong>as</strong> e<br />

colher o látex em tigelinh<strong>as</strong>, para evitar o contato com a terra. Para o controle<br />

da erosão, é preferível fazer <strong>as</strong> carreir<strong>as</strong> em curva de nível.<br />

O planejamento da produção da borracha requer a organização interna<br />

da fazenda, a escolha d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> a serem ocupad<strong>as</strong> pelos outros ramos<br />

agrícol<strong>as</strong>, como os cereais, a pecuária, etc., a divisão dos talhões, a locação<br />

d<strong>as</strong> estrad<strong>as</strong>, <strong>as</strong> fontes d’água, <strong>as</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong> dos moradores, <strong>as</strong> anotações<br />

d<strong>as</strong> despes<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> receit<strong>as</strong>, os depósitos para <strong>as</strong> colheit<strong>as</strong>, a organização<br />

dos transportes com animais de carroç<strong>as</strong>, <strong>as</strong> compr<strong>as</strong> de ferrament<strong>as</strong>, de<br />

inseticid<strong>as</strong>, polvilhadeir<strong>as</strong> e o conhecimento do comércio dos produtos que<br />

serão vendidos.<br />

Por motivos econômicos, a borracha d<strong>as</strong> maniçob<strong>as</strong> terá de ser um produto<br />

entre os outros da fazenda. A diversificação racional da produção é um<br />

dos fatôres do seu êxito financeiro.<br />

Exportação - O Dr. Tomaz Pompeu de Souza Br<strong>as</strong>il apresenta, em livro<br />

(52) , <strong>as</strong> seguintes exportações de borracha, do Ceará, em médi<strong>as</strong> qüinqüenais:<br />

Tabela 63 - Exportação de borracha - Ceará<br />

continua<br />

Anos ........................................ Quilos ................................... Valor Cr$<br />

1845-50 ................................... 4.134 ................................ 415,40<br />

1850-55 ................................... 49.854 ................................ 22.249,00<br />

1855-60 ................................... 24.160 ................................ 6.102,30<br />

1860-65 ................................... 67.268 ................................ 43.012,50<br />

1865-70 ................................... 67.660 ................................ 69.364.50<br />

1870-75 ................................... 254.781 ................................ 326.532,00<br />

1875-80 ................................... 115.621 ................................ 111.742,00<br />

1880-85 ................................... 57.743 ................................ 96.364,80<br />

1885-89 (4 anos) ..................... 170.040 ................................ 133.533,70<br />

1890-94 ................................... 134.712 ................................ 288.617,00<br />

1895-99 ................................... 502.606 ................................ 2.928.178,00<br />

1900-04 (4 anos) ..................... 372.170 ................................ 1.671.804,00<br />

277


278<br />

Tabela 63 - Exportação de borracha - Ceará<br />

Anos ........................................ Quilos ................................... Valor Cr$<br />

1905-09 ................................... 519.738 ................................ 1.559.208,00<br />

1910-14 ................................... 513.379 ................................ 2.171.497,00<br />

1915-19 ................................... 555.858 ................................ 1.190.974,00<br />

1920 (1 ano) ............................ 116.935 ................................ 8.957,00<br />

1921 (1 ano) ............................ 88.638 ................................ 41.436,00<br />

Fonte: Dr. Tomaz Pompeu de Souza Br<strong>as</strong>il.<br />

Tabela 64 - Estados nordestinos que mais produzem borracha<br />

Tonelad<strong>as</strong><br />

Anos Piauí Ceará R. G. do Norte Bahia <strong>Nordeste</strong><br />

1947 445 65 100 198 808<br />

1950 329 78 96 167 670<br />

1951 261 58 98 161 578<br />

1952 245 100 85 137 567<br />

1953 119 89 53 87 348<br />

1954 87 67 49 79 282<br />

1955 66 46 58 119 289<br />

Fonte: Serviço de Estatística da Produção. M.A. BNB-ETENE.<br />

conclusão


5.8 - Umbuzeiro<br />

Habitat - O umbuzeiro tem <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> ecológic<strong>as</strong> do sisal, do<br />

caroá, da palma, do aveloz. Cresce, em estado nativo, n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> elevad<strong>as</strong>,<br />

de ar seco, noites fresc<strong>as</strong> e di<strong>as</strong> ensolarados, em <strong>as</strong>sociação com a<br />

vegetação natural composta de facheiro, mulungu, macambira, canudo, malva<br />

e muit<strong>as</strong> cactáce<strong>as</strong>. A sua presença é notada, também, na região do agreste<br />

e, menos freqüentemente, no sertão. Nos cariris-velhos, Paraíba, é onde<br />

existe o maior número dest<strong>as</strong> árvores; n<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> da Bahia e de Pernambuco,<br />

no agreste do Piauí, essa frutífera encontrou larga área com bo<strong>as</strong> condições<br />

para o seu crescimento.<br />

A maior ocorrência da Spondia tuberosa é nos municípios com pluviosidade<br />

entre 400 e 800mm, chuv<strong>as</strong> começando em janeiro e terminando em<br />

maio, temperatura do ar variando entre 12 o C e 38 o C, grau higrométrico do<br />

ar entre 30 e 90% e insolação de 2.000 a 3.000 hor<strong>as</strong> de luz solar, por ano.<br />

O gênero Spondia, da família d<strong>as</strong> anacardiáce<strong>as</strong>, nos deu o umbuzeiro<br />

(Spondia tuberosa, A. Câmara), a cajarana ou cajá-manga (Spondia Cytherea,<br />

Sonnerat), a cajazeira (Spondia lutea, Engl.), a seriguela (Spondia Mombin,<br />

L.) e outr<strong>as</strong>. A silhueta do umbuzeiro adulto dá idéia de um semi-círculo<br />

pela limitada altura (6m) e pela extensão lateral dos galhos, cuja projeção no<br />

solo forma uma sombra com a circunferência de 30m, para proteger o solo.<br />

As flores são branc<strong>as</strong>, em panícul<strong>as</strong>, compost<strong>as</strong> de um cálice com 4 ou 5<br />

segmentos e uma corola com 3 ou 5 pétal<strong>as</strong> valvad<strong>as</strong>; os estames são em<br />

número de 8 a 10 e os estilos de 3 a 5. Não parece ter exigênci<strong>as</strong> definid<strong>as</strong><br />

sobre <strong>as</strong> qualidades do solo, pois vegeta bem nos terrenos sílico-argilosos e<br />

nos arenosos, de origem granítico ou sedimentar, profundos e bem drenados.<br />

Salvo nos di<strong>as</strong> chuvosos, o teor de umidade no solo é muito baixo, especialmente<br />

no verão. As raízes laterais, muito long<strong>as</strong>, ocupam o primeiro metro da<br />

profundidade do solo.<br />

A sobrevivência da Spondia tuberosa, por mais de trinta anos, mesmo<br />

com <strong>as</strong> sec<strong>as</strong>, é <strong>as</strong>segurada pelos xilopódios ou batat<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> raízes, com o<br />

armazenamento de água, de mucilagens, de glucose, de tanino, de amido, de<br />

279


ácido, etc., que nutrem o vegetal, quando o céu lhe nega água. Perdendo <strong>as</strong><br />

folh<strong>as</strong>, depois do inverno, para evitar a transpiração, o umbuzeiro atravessa<br />

o verão em estado de dormência vegetativa, com os xilopódios cheios de<br />

reserv<strong>as</strong> nutritiv<strong>as</strong>. Ao iniciar o inverno, <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, modificando a<br />

temperatura e o grau higrométrico do ar, aceleram o metabolismo interno<br />

como aparecimento d<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> flores e folh<strong>as</strong> nos meses de janeiro a fevereiro.<br />

Em março e abril, os frutos amadurecem. O xerofilismo do umbuzeiro<br />

faz reserv<strong>as</strong> por adiantamento, uma f<strong>as</strong>e ativa de elaboração de alimentos,<br />

enquanto existem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> no inverno e permanece economizando ess<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong><br />

durante a f<strong>as</strong>e de estagnação vegetativa, no verão quente e seco.<br />

O Dr. Mário Ferri, estudando o umbuzeiro, em Paulo Afonso, esclareceu<br />

que os estômatos d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> começam a abrir às 8 hor<strong>as</strong> da manhã e a fechar<br />

às 12 hor<strong>as</strong> (53) . Esta árvore tem, <strong>as</strong>sim, dois reguladores de economia da<br />

água: um diário e outro anual.<br />

Estudos - O engenheiro-agrônomo Paulo B. Guerra, em 1938, estudou<br />

os umbuzeiros da Serra da Borborema; colheu e pesou os 15.680 frutos<br />

encontrados em uma árvore, no total de 153 quilos. A produção, anteriormente<br />

colhida, desse pé, foi estimada em 150 quilos e o agrônomo calculou<br />

em mais de 300 quilos a produção anual. O peso de um umbu maduro varia<br />

entre 10 a 20 gram<strong>as</strong>. O relatório do mesmo agrônomo dá o estudo de 600<br />

frutos, pesando 12.780 gram<strong>as</strong>, contendo 27% de polpa, 8% de caroço e<br />

65% de c<strong>as</strong>c<strong>as</strong>.<br />

A safra não pequena de umbus, de árvores após 6 anos de idade, somente<br />

é possível porque <strong>as</strong> grandes batat<strong>as</strong> d<strong>as</strong> raízes guardam água e alimentos<br />

para <strong>as</strong> époc<strong>as</strong>. Esta vitória de planta sobre o clima encerra enorme<br />

vantagem para a população, cabendo aos técnicos e ao governo promoverem<br />

o melhoramento de planta e a propaganda para o seu fomento. A grande<br />

área adaptável ao umbuzeiro, no <strong>Nordeste</strong>, a considerável produção por pé,<br />

a extraordinária resistência aos períodos secos, a longevidade da árvore, nos<br />

fazem pensar na possibilidade de, por meio de estudo, da enxertia e da seleção,<br />

conseguir-se considerável melhoramento no tamanho do fruto, no aumento<br />

da polpa doce com redução do tanino, na diminuição do caroço e no<br />

280


afinamento da c<strong>as</strong>ca para a secagem do fruto e obtenção de “ameix<strong>as</strong>” comerciáveis<br />

em condições econômic<strong>as</strong>.<br />

Esse trabalho genético, semelhante ao que foi realizado com a oiticica no<br />

Instituto J. A. Trindade, consistiria na escolha d<strong>as</strong> árvores nativ<strong>as</strong> mais precoces,<br />

mais produtiv<strong>as</strong> e de frutos mais doces, sua reprodução por estac<strong>as</strong><br />

ou por enxertia, plantios em fileir<strong>as</strong> identificad<strong>as</strong>, análise química d<strong>as</strong> drup<strong>as</strong><br />

e repetição d<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> até encontrar um clone com <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> desejáveis.<br />

Também, poder-se-ia provocar o aparecimento de mutações com<br />

o emprego da colchicina ou outra substância e, se conseguido um exemplar<br />

valioso, a perpetuação d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> qualidades seria feita pelo enraizamento de<br />

estac<strong>as</strong> ou pelo enxerto sobre cavalos do umbu ou da cajarana. O custo da<br />

experiência seria compensador. O umbu poderá converter-se na “ameixa”<br />

d<strong>as</strong> caating<strong>as</strong> e o umbuzeiro se transformaria em mais uma árvore industrial,<br />

alimentícia, saída da flora espinhenta e agressiva. Árvore capaz de guardar<br />

umidade e nutrientes, no meio hostil, representa um milagre de acomodação.<br />

Essa árvore foi introduzida na Flórida e, ali, enxertada sobre a cajarana<br />

ou cajá-manga (Spondia Cytherea, Sonnerat, Spondia Dulcis, Forst.), Entretanto,<br />

não fez sucesso como fruteira, talvez devido ao clima ou ao solo<br />

calcáreo.<br />

O engenheiro-agrônomo Trajano Nóbrega, fazendeiro em Soledade, Paraíba,<br />

onde há umbuzais nativos, informou-nos que <strong>as</strong> observações de seu<br />

pai e <strong>as</strong> su<strong>as</strong> indicam que esta anacardiácea vegeta mais de 100 anos; que,<br />

em geral, <strong>as</strong> flores aparecem primeiro do que <strong>as</strong> folh<strong>as</strong>; que, ali, a floração<br />

surge de novembro a janeiro e os frutos amadurecem de abril a junho; que,<br />

se <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> vêm cedo, antes da floração, o umbuzeiro solta primeiro <strong>as</strong><br />

falh<strong>as</strong> e, depois, <strong>as</strong> flores, o que reduz a produção de frutos; que, quando <strong>as</strong><br />

chuv<strong>as</strong> aparecem depois da floração, a safra é mais abundante; que o tipo de<br />

frutos lisos é de melhor qualidade do que o de frutos pilosos.<br />

Possibilidade de industrialização - O umbuzeiro oferece um v<strong>as</strong>to campo<br />

de atividades para a iniciativa particular pelos múltiplos produtos que oferece.<br />

A professora Carmélia Barbosa Régis, de Campo Formoso, Bahia, em<br />

281


entrevista ao “Correio da Manhã”, de 22.1.1959, enumera 48 produtos que<br />

podem ser extraídos dessa planta. “Doces os mais variados feitos do fruto<br />

do umbuzeiro, a farinha da raiz, bebida feita com o caroço torrado e moído,<br />

gelatin<strong>as</strong>, umbuzad<strong>as</strong>, acetona, torta para animais, água medicinal da raiz,<br />

extrato semelhante ao de tomate, vinagre, vinho e outros produtos”.<br />

O fato de serem conseguid<strong>as</strong> tant<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> úteis aconselha a organização<br />

de um programa para estudar a reprodução, a seleção de tipos com frutos<br />

industrializáveis, a cultura racional e, em instalações pilotos junto aos campos<br />

experimentais, testar a fabricação econômica dos subprodutos possíveis. O<br />

aproveitamento do umbuzeiro, bem como de outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, está impondo<br />

uma pesquisa séria e intensiva, com equipes de especialist<strong>as</strong>, tendo à<br />

sua disposição os recursos e <strong>as</strong> instalações apropriad<strong>as</strong>, no habitat dess<strong>as</strong><br />

plant<strong>as</strong>.<br />

Sem dúvida, a xerófila citada é uma fonte de divers<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong><br />

que os Institutos Agronômicos e Tecnológicos do <strong>Nordeste</strong> poderão investigar,<br />

tendo em vista a elaboração de bens de consumo, cujos processos divulgados<br />

estimulariam os investimentos de capitais privados para a criação<br />

de nov<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>.<br />

282


Foto 33 - Árvore do umbuzeiro, nativa, em solo de formação arqueana na<br />

caatinga baiana, Itiuba<br />

Foto 34 - Umbuzeiro com folh<strong>as</strong> e flores após <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, na caatinga.<br />

Açude Jacurici-Itiúba-Bahia.<br />

283


284<br />

Foto 35 - Ramos, folh<strong>as</strong> e flores de umbuzeiro, no mês de dezembro, na caatinga baiana.


5.9 - Os Bosques de Algaroba<br />

Habitat - A área de ocorrência da algaroba abrange qu<strong>as</strong>e tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

regiões quentes d<strong>as</strong> Améric<strong>as</strong>. Originária do Chile, espalhou-se pelo Peru,<br />

México, Sudoeste dos Estados Unidos, <strong>Nordeste</strong> do Br<strong>as</strong>il, Índia, África<br />

do Sul e Austrália.<br />

Foi introduzida também na Jamaica, no Havai e outr<strong>as</strong> regiões chuvos<strong>as</strong>.<br />

A algaroba (Prosopis juliflora) é uma árvore muito parecida com a<br />

nossa jurema; tem folh<strong>as</strong> miúd<strong>as</strong>, é sempre verde, 4m de altura e vagens de<br />

10 a 20cm. Denomina-se o mesquite, nos Estados Unidos, c<strong>as</strong>haw na<br />

Jamaica e algaroba na América do Sul. É uma xerófila que não perde <strong>as</strong><br />

folh<strong>as</strong> na seca, vegeta em solos argilosos, piçarrentos ou arenosos, dá boa<br />

lenha e estac<strong>as</strong>, cobre terrenos erodidos e su<strong>as</strong> vagens são alimento concentrado<br />

para os animais. O poder inv<strong>as</strong>or e de resistência à seca da algaroba<br />

tem dado motivo a opiniões contrári<strong>as</strong> ao seu plantio, sob a alegação<br />

de que é uma praga, como aconteceu no deserto norte-americano. Julgamos<br />

que essa leguminosa é útil ao <strong>Nordeste</strong> como forrageira, no melhoramento<br />

dos p<strong>as</strong>tos, como florestadora dos terrenos baldios, erodidos e impróprios<br />

para lavoura e como planta da cobertura d<strong>as</strong> gleb<strong>as</strong> desnud<strong>as</strong>.<br />

As superfícies adequad<strong>as</strong> a essa planta, no sertão, no seridó, no agreste<br />

e na caatinga, são muito extens<strong>as</strong>. As plantações já existentes, em diversos<br />

tipos de solo, demonstram a boa adaptação dessa planta ao nosso<br />

meio.<br />

Além da lenha e da estaca, da folhagem, como rama, para o gado, o<br />

seu verdadeiro valor está n<strong>as</strong> vagens e n<strong>as</strong> sementes, como alimentos concentrados.<br />

A vagem compõe-se de epicarpo (cobertura), do mesocarpo<br />

(polpa doce) e do endocarpo (sementes). Nem tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> sementes são digerid<strong>as</strong><br />

pelos animais e, saindo inteir<strong>as</strong> n<strong>as</strong> fezes, são propagad<strong>as</strong> nos<br />

p<strong>as</strong>tos.<br />

Composição (54) - Análise da vagem da algaroba procedida no Instituto<br />

de Química Agrícola.<br />

285


Umidade ........................... 17,02% Minerais ............. 3,75%<br />

Proteína ............................. 12,93% Fósforo em P 2 0 5 .. 0,51%<br />

Ext. não azotado ................ 43,16% Cálcio em CaO... 0,68%<br />

Fibr<strong>as</strong> ................................ 19,08% Relação nutritiva . 1:8<br />

286<br />

Análise do feno da algaroba:<br />

Umidade ........................... 18,43% Fibr<strong>as</strong> ................. 28,25%<br />

Proteína ............................. 13,56% Minerais ............. 5,77%<br />

Extrato etéreo .................... 4,30% Fósforo em P 2 0 5 .. 0,42%<br />

Ext. não azotado ................ 29,69% Cálcio em CaO... 1,86%<br />

Outr<strong>as</strong> análises químic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> vagens revelam o seguinte (55) :<br />

Vagem Cinz<strong>as</strong> Gord. Prot. Fibr<strong>as</strong> Ext. não<br />

seca azotado<br />

Havai 100 3,7 0,7 10,2 26,8 58,6<br />

Arizona 100 4,8 2,7 13,5 26,2 52,8<br />

Califórnia 100 4,5 1,2 10,9 25,6 57,8<br />

New México 100 3,6 2,6 12,8 33,6 47,4<br />

Ensaios - Garcia e Foster (56) demonstraram, em experiênci<strong>as</strong>, que a vagem<br />

da algaroba, como alimento para porcos, vale 80 cents por 100 libr<strong>as</strong><br />

de peso, enquanto que o milho vale 1,50 dólares por 100 libr<strong>as</strong>. Eles estimaram<br />

que a vagem inteira apresenta os seguintes nutrientes digestíveis por 100<br />

libr<strong>as</strong>: Proteín<strong>as</strong> 8,34 libr<strong>as</strong>; Carboidratos 54,02 libr<strong>as</strong> e gordur<strong>as</strong> 2,4<br />

libr<strong>as</strong>.<br />

No Havai, L. A. Henke (57) concluiu que <strong>as</strong> vagens moíd<strong>as</strong> de algaroba,<br />

para alimentar porcos, apesar de bo<strong>as</strong>, não eram iguais à ração padrão da<br />

zona de milho. No arizona, David Griffiths (58) registrou a voracidade com<br />

que todos os animais comem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e <strong>as</strong> vagens da mesquite, no verão e


no inverno. E. V. Wilcos (59) estabeleceu que a algaroba é reconhecida como<br />

uma d<strong>as</strong> mais valios<strong>as</strong> forrageir<strong>as</strong> introduzid<strong>as</strong> do território do Havai. As<br />

vagens desintegrad<strong>as</strong> são bo<strong>as</strong> até para <strong>as</strong> aves.<br />

A preparação de xarope comercial (melado) d<strong>as</strong> vagens é feito pela<br />

moagem, fervura em água, filtração e evaporação para a concentração desejada.<br />

O extrato em água quente contém 19,6% de matéria sólida da vagem e,<br />

do extrato, 53% sucrose.<br />

Em média, uma vagem recém-colhida pesa 4 gram<strong>as</strong> e, depois de sêca<br />

ao ar, pesa 3 gram<strong>as</strong> (com 10% de umidade). A produção, por árvore e por<br />

ano, varia de um país a outro. W.R. Brown (60) cita que, no Norte da Índia,<br />

uma algaroba de bom rendimento produz 80kg de vagens; que um acre (0,4ha)<br />

de algaroba rende 800kg de vagens por ano e que um trabalhador do Novo<br />

México colheu, em um dia, 60 quilos de vagens.<br />

E. V. Wilcox diz que <strong>as</strong> vagens de algaroba, colhid<strong>as</strong> por mulheres e<br />

meninos, no Havai, foram vendid<strong>as</strong> a 7,59 e 10,00 dólares por tonelada.<br />

Mud<strong>as</strong> - A formação de mud<strong>as</strong> de algaroba consiste em colocar <strong>as</strong> sementes<br />

na sementeira, depois de serem esfregad<strong>as</strong> na areia para facilitar a<br />

penetração da umidade no tegumento. É possível obter a germinação d<strong>as</strong><br />

sementes com 10 di<strong>as</strong>. Com 5cm de altura, <strong>as</strong> mud<strong>as</strong> são transplantad<strong>as</strong><br />

para os blocos de torrão paulista ou para v<strong>as</strong>os. Quando el<strong>as</strong> têm 20cm, nos<br />

meses chuvosos, os plantios são feitos em cov<strong>as</strong> distanciad<strong>as</strong> de 3 x 3m, nos<br />

bosques florestais de 6 x 6m, nos p<strong>as</strong>tos arbóreos. Se os p<strong>as</strong>tos têm capins<br />

e espécies de rama, a distância será muito maior, cerca de 10m ou nos “claros”<br />

existentes.<br />

P<strong>as</strong>tos - Reputamos a algaroba de grande valor no melhoramento dos<br />

p<strong>as</strong>tos nordestinos. Nesse c<strong>as</strong>o, devem-se dividir <strong>as</strong> grandes “mang<strong>as</strong>” em<br />

campos menores para facilitar o p<strong>as</strong>toreio rotativo, colocar um bebedouro<br />

entre cada dois p<strong>as</strong>tos, arrancar a vegetação ruim, deixando <strong>as</strong> árvores e os<br />

arbustos de rama, semear capins e leguminos<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, no inverno, plantar<br />

algarob<strong>as</strong>, caatingueir<strong>as</strong> e sabiás, em larg<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> manch<strong>as</strong> descobert<strong>as</strong>,<br />

sem causar excessivo sombreamento e deixar o p<strong>as</strong>to “descansar”<br />

287


dois anos. Assim, ficarão formados a macega e grande volume de rama; o<br />

controle do número de animais, no inverno e no verão, garantirá a germinação<br />

d<strong>as</strong> sementes e a brotação d<strong>as</strong> ram<strong>as</strong>, sem desnudar o solo.<br />

A algaroba, como rama, é empregada também n<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> de palma<br />

misturad<strong>as</strong> com os capins, para tornar a ração mais rica de nutrientes. Em<br />

semelhante combinação, essa leguminosa será plantada na distância de 20 x<br />

20m.<br />

A produção de mud<strong>as</strong> e os plantios têm sido feitos pelos agrônomos do<br />

Serviço Florestal, João Nogueira G. de Matos e Paulo Botelho; o trabalho<br />

em maior escala está sendo realizado pelo Dr. Guilherme de Azevedo, no Rio<br />

Grande do Norte.<br />

Os pequenos plantios do S. A. I. foram feitos com sementes e mud<strong>as</strong><br />

cedid<strong>as</strong> pelos agrônomos Carlos Faria e Fernando Melo.<br />

Ultimamente, o engenheiro-agrônomo C. B. Tigre, chefe da Comissão<br />

de Reflorestamento do Dnocs, está distribuindo sementes e mud<strong>as</strong> dessa<br />

leguminosa.<br />

288


Foto 36 - Bosque de algarob<strong>as</strong> no sertão da Paraíba<br />

Foto 37 - Galho de algaroba com flores<br />

289


290<br />

5.10 - O faveleiro ou favela<br />

Ecologia - As condições especiais do clima e do solo nordestino determinaram<br />

<strong>as</strong>sociação florístic<strong>as</strong> ou vegetações típic<strong>as</strong> onde, entre muit<strong>as</strong> espécies,<br />

sobressaem plant<strong>as</strong> de grande valor econômico.<br />

A combinação de fatores meteorológicos, agrológicos e biológicos resultou<br />

na formação de um ambiente ecológico ou região quente e periodicamente<br />

seca com nuances intern<strong>as</strong> da variação ecológica conhecid<strong>as</strong> como<br />

regiões denominad<strong>as</strong> sertão, caatinga, agreste, seridó, etc. sem querer falar<br />

n<strong>as</strong> serr<strong>as</strong> e nos litorais.<br />

A grande “zona” interior vulgarmente chamada sertão, m<strong>as</strong> que, ecologicamente,<br />

os cientist<strong>as</strong> dividiram em sertão típico, caatinga, agreste, seridó,<br />

etc, por causa de diferenç<strong>as</strong> n<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações florístic<strong>as</strong>, topografia, solos e<br />

outros fatores, é uma zona sem similar no mundo pel<strong>as</strong> su<strong>as</strong> característic<strong>as</strong>, é<br />

um imenso laboratório botânico onde a inteligência do nordestino foi buscar<br />

grandes riquez<strong>as</strong> e nov<strong>as</strong> comodidades para a civilização em matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong><br />

vegetais extraíd<strong>as</strong> da carnaúba, da oiticica, do algodão mocó, da maniçoba,<br />

do caroá, para citar somente <strong>as</strong> de maior importância.<br />

Muit<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> de valor econômico esperam a sua vez de entrar<br />

para o rol d<strong>as</strong> “importantes” e, entre el<strong>as</strong>, podemos citar o faveleiro, o “matap<strong>as</strong>to”<br />

(forrageira seca contém 17% de proteína), o “pega-pinto roxo” (seco<br />

contém 49% de proteína), o “engorda-magro” (seco contém 22% de proteína),<br />

o cumaru, o pinhão-bravo, o umbuzeiro, etc.<br />

O faveleiro ou favela (Cnidosculos phyeacanthus, Martius), cujo estudo<br />

foi iniciado em 1937 pelo botânico Phylipp von Luetzelburg, é uma árvore<br />

de 3 a 5m de altura, espinhenta, da família d<strong>as</strong> euforbiáce<strong>as</strong>, que vegeta na<br />

caatinga e no sertão de solo seco, pedregoso, sem humo, sem cobertura<br />

protetora, exposta à forte irradiação e calor médio de 25 graus, em <strong>as</strong>sociação<br />

com pinhão bravo, maniçob<strong>as</strong>, marmeleiros, pereiro, xique-xique e cançanção.<br />

Ela aparece em grande quantidade no sertão e caating<strong>as</strong> do Piauí, Ceará,<br />

Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia.


Luetzelburg, que mais estudou o xerofilismo da vegetação nordestina,<br />

esclareceu, com os seus trabalhos, ainda não publicados, a razão por que <strong>as</strong><br />

plant<strong>as</strong> resistem à seca e ressurgem fisiologicamente com folh<strong>as</strong>, flores e frutos,<br />

mal aparecem <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>.<br />

Além da queda d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, diminuição de superfície folhear, proteção dos<br />

estomatos com pelos contra o excesso de evaporação, abundância de cortiça<br />

no caule, etc. há ainda outro meio mais eficaz de o vegetal lutar contra a<br />

seca e que é o armazenamento de reserv<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong> em form<strong>as</strong> disfarçad<strong>as</strong><br />

no caule e n<strong>as</strong> raízes (xilopódios, raízes engrossad<strong>as</strong>, tubérculos).<br />

O faveleiro, demonstrou aquele botânico, como outr<strong>as</strong> plant<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>,<br />

possui raízes tuberculad<strong>as</strong>, xilopódios, com reserv<strong>as</strong> alimentares elaborad<strong>as</strong><br />

durante <strong>as</strong> chuv<strong>as</strong> mediante a fotossíntese n<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e minerais absorvidos<br />

pel<strong>as</strong> raízes; ess<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong> acumulam-se nos órgãos subterrâneos para manutenção<br />

do vegetal na seca e permitir o aparecimento de nov<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, flores<br />

e frutos.<br />

As raízes, engrossad<strong>as</strong>, tuberculad<strong>as</strong>, são revestid<strong>as</strong> externamente de<br />

camad<strong>as</strong> suberosa forte, impregnada de suberina gordurosa, impermeável, e<br />

internamente contém um líquido viscoso composto de amido, água, ácidos<br />

orgânicos, mucilagem, cristais de oxalato de cálcio, carbonatos, fosfatos e<br />

açúcares diversos.<br />

Assim, <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> do sertão são previdentes, guardando seus alimentos<br />

para <strong>as</strong> époc<strong>as</strong> de esc<strong>as</strong>sez. O matuto precisa também aprender com <strong>as</strong><br />

árvores a armazenar reserv<strong>as</strong> alimentíci<strong>as</strong> para atravessar a seca.<br />

A favela floresce em janeiro e fevereiro e os frutos estão maduros de<br />

maio a julho.<br />

As flores são hermafrodit<strong>as</strong>, branc<strong>as</strong>, de 4mm de diâmetro e em cachos;<br />

os frutos são deiscentes e <strong>as</strong> sementes têm alguma semelhança com a da<br />

mamona.<br />

A árvore, cortada em qualquer parte, exuda uma seiva branca, semelhante<br />

a um látex, pegajosa, e que, uma vez seca, se torna quebradiça.<br />

291


Composição - O faveleiro é uma árvore de grande valor industrial por<br />

causa de su<strong>as</strong> sementes oleaginos<strong>as</strong> e alimentíci<strong>as</strong>. O químico Luiz Augusto<br />

de Oliveira e os agrônomos Manoel Aldes de Oliveira e Roberto Carvalheira,<br />

do Serviço Agroindustrial, em São Gonçalo, fizeram os estudos dessa<br />

planta; <strong>as</strong> análises do laboratório nos deram o teor do óleo su<strong>as</strong> característic<strong>as</strong><br />

e a composição alimentícia da torta.<br />

Análise do óleo<br />

Óleo extraído d<strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong> c/solvente ................................ 51,9%<br />

Índice de saponificação ........................................................ 192,6<br />

Índice de acidez ................................................................... 0,67<br />

Acidez ácido oleico ............................................................. 0,38<br />

Densidade 15% ................................................................... 0,9226<br />

Índice de refração nD20 ...................................................... 1,4718<br />

O óleo é fino, cor semelhante à da água e pode ser usado para alimentação,<br />

pois o flagelado come a semente quebrada com farinha.<br />

Análise da torta<br />

Umidade ............................................................................ 2,98%<br />

Matéri<strong>as</strong> minerais ................................................................ 8,32%<br />

CaO................................................................................... 0,68%<br />

P 2 0 5 (anidro fosfórico) ........................................................ 4,28%<br />

Proteín<strong>as</strong> ............................................................................ 66,31%<br />

Açúcares reduzidos (glicose) ............................................... 3,58%<br />

O engenheiro-agrônomo Hugo Smidt escreveu o interessante trabalho<br />

“Farelo do caule da favela”, publicado pela Secretaria da Agricultura, de<br />

Pernambuco, em 1953.<br />

292<br />

Permitimo-nos a liberdade de transcrevê-lo aqui:<br />

“A seca está afligindo o nordestino. O sertanejo pernambucano, mais do<br />

que os seus irmãos da zona denominada “Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong>”, sente, atualmente,<br />

os efeitos maléficos decorrentes da falta de inverno.


“A crise reinante é muito séria e somente a açudagem, n<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> melhor<br />

servid<strong>as</strong> pelo armazenamento d<strong>as</strong> chuv<strong>as</strong>, vem <strong>as</strong>sinalando certos centros<br />

rurais onde a situação não é desesperadora.<br />

“Embora esses reservatórios constituam sustentáculos de cultur<strong>as</strong> alimentares<br />

mantid<strong>as</strong> à custa da irrigação, mal chegam para atender <strong>as</strong> necessidades<br />

mínim<strong>as</strong> de delimitad<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> adjacentes.<br />

“Durante essa quadra aflitiva, o rebanho sertanejo entra em declínio pela<br />

esc<strong>as</strong>sez de forragem e o criador nordestino apela para a sua própria inteligência<br />

ou curiosidade, lançando mão dos parcos elementos vegetais que ainda<br />

lhe restam na “caatinga” ressequida, e foi nessa ânsia de sobrevivência<br />

que se idealizou o farelo do caule da faveleira para a alimentação do gado.<br />

“O Sr. Estanislau Chaves, homem observador e fazendeiro domiciliado<br />

no distrito de Algodões, município de Sertânia, tendo verificado que a rês<br />

faminta roía a faveleira, não teve dúvida em preparar o farelo do caule dessa<br />

planta tão bem conhecida dos sertanejos.<br />

“Administrou-o aos animais, primeiramente sob ração misturada com o<br />

caroço de algodão, e, logo mais, isoladamente, obtendo excelente resultado,<br />

positivado pelo aumento do peso, fartura de leite, melhoramento do pelo e<br />

da sanidade do rebanho.<br />

Tabela 65 - Análises comparativ<strong>as</strong> dos farelos da faveleira<br />

e da c<strong>as</strong>ca do caroço do algodão<br />

Mat. Orig. Mat. Seca C<strong>as</strong>ca Caroço<br />

100 o C algodão<br />

Umidade 7,72 - 9,3 - 9,4<br />

Mat. seca 92,28 100 90,6<br />

Proteína 4,15 4,50 3,9<br />

Mat. graxa 0,75 0,81 0,90<br />

Mat. Mineral 1,83 1,98 2,5<br />

Mat. Fibrosa 28,00 30,34 46,6<br />

Ext. não azotado 57,55 62,37 36,7<br />

Fonte: Smidt, M. farelo do caule da favela, 1953<br />

293


“Os dados acima, registrados através da análise procedida em São Paulo,<br />

são b<strong>as</strong>tante elucidativos da semelhança constatada entre o farelo do caule<br />

da faveleira e o da c<strong>as</strong>ca do caroço de algodão, notando-se, porém, que<br />

este último é mais rico em substânci<strong>as</strong> minerais, circunstância prevista de vez<br />

que provém de uma semente, parte vegetal incontestavelmente mais rica,<br />

principalmente em fósforo.<br />

“Entretanto, é muito significativo que o farelo da faveleira se apresente<br />

superior quanto a dois índices de grande importância, isto é, maior quantidade<br />

de extrativos não azotados e menor quantidade de matéria fibrosa.<br />

“Devidamente consultado sobre o <strong>as</strong>sunto em foco, o Dr. Plínio Brotero<br />

Junqueira, técnico em forrageamento, prestou-nos os esclarecimentos que se<br />

seguem:<br />

“A c<strong>as</strong>ca do caroço de algodão é extensivamente usada nos Estados<br />

Unidos como alimento para o gado, n<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> afligid<strong>as</strong> pela seca. Nos Estados<br />

Unidos, a mistura de 20% de farelo de torta de caroço de algodão e 80%<br />

de c<strong>as</strong>ca de caroço de algodão, é muito usado para alimentação e mesmo<br />

engorda do gado, em regiões onde existe abundância dess<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>. Similarmente,<br />

aconselharíamos a mistura de farelo de caroço de algodão com o<br />

farelo de favela, também n<strong>as</strong> proporções de 20 e 80%, como alimento muito<br />

bom para o gado no <strong>Nordeste</strong>, n<strong>as</strong> regiões afetad<strong>as</strong> pela seca.<br />

“Valendo-nos do trabalho denominado “Flora da Bahia”, de A.Ignácio<br />

de Menezes, este descreve a planta da seguinte maneira: “A favela ou faveleira,<br />

(Cnidosculus Phyllacanthus, Martius) é uma Euforbiácea, arbórea d<strong>as</strong><br />

caating<strong>as</strong>.<br />

“Tem folh<strong>as</strong> long<strong>as</strong>, de bordos irregulares; flores alv<strong>as</strong>, em pequenos cachos<br />

axilares e terminais; fruto cápsulo edule. Seu látex urente exacerbando a<br />

dor provocada pelos abundantes espinhos, d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e dos ramos, é combustível,<br />

alimenta <strong>as</strong> candei<strong>as</strong> e é balsâmico; é conhecido como “Bálsamo do<br />

Vaqueiro”; o gado come <strong>as</strong> folh<strong>as</strong> e o cortex; os porcos, <strong>as</strong> raízes e os galinaceos<br />

<strong>as</strong> sementes.<br />

“Como sabemos, a favela ou faveleira é planta nativa da “caatinga” do<br />

sertão, e eis aqui esta comunicação aos fazendeiros dessa região, sobre essa<br />

294


ação, boa e barata, que poderá ser feita na própria fazenda com o uso<br />

apen<strong>as</strong> de um “rodete” destinado a triturar o caule da favela, cujo farelo,<br />

misturado com o do caroço de algodão, dá uma boa ração de emergência<br />

para a época que atravessamos”.<br />

Estudos - Cultura - Industrialização - O químico Jayme Santa Rosa, estudioso<br />

d<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong>, fez estudos da semente do faveleiro e os resultados<br />

interessantes foram publicados na “Revista de Química Industrial” e em separata.<br />

O óleo do faveleiro é o substituto do de oliveira; já comemos salada<br />

de hortaliç<strong>as</strong>, preparada com o azeite da favela, e não notamos diferença de<br />

gosto. Em 1954, o Br<strong>as</strong>il importou 15.279 tonelad<strong>as</strong> de azeite de oliveira, no<br />

valor total de Cr$ 482.472.000,00.<br />

Os extensos favelais do interior do Piauí, da Paraíba, do Rio Grande do<br />

Norte, de Pernambuco e da Bahia podem servir para os primeiros estudos<br />

dos tipos mais produtivos, indeiscentes, observações dos solos adequados,<br />

etc. e fornecer o material para os ensaios industriais.<br />

Depois, virão <strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> mais complex<strong>as</strong>, em campos experimentais,<br />

nos laboratórios, n<strong>as</strong> fábric<strong>as</strong> e os esclarecimentos d<strong>as</strong> questões de mercados:<br />

interno e externo. Para o início do consumo no país, podem ser utilizad<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong> bag<strong>as</strong> dos bosques naturais. O teste nacional poderia ser promovido<br />

pel<strong>as</strong> atuais fábric<strong>as</strong> de óleo, mediante limitado auxílio do governo e cooperação<br />

dos técnicos; a tentativa sondaria <strong>as</strong> chances do consumo, a aceitação<br />

e o futuro do óleo e da torta, na alimentação humana. Há anos, o Serviço<br />

Agroindustrial entregou à Fábrica “Br<strong>as</strong>il-Oiticica” du<strong>as</strong> tonelad<strong>as</strong> de sementes<br />

de faveleiro, provenientes do seridó; o óleo e a torta resultantes foram<br />

enviados para os Estados Unidos; não lemos a carta de resposta, m<strong>as</strong> o<br />

gerente, de então, nos informou que a firma, com <strong>as</strong> su<strong>as</strong> ocupações com a<br />

oiticica, a mamona e o caju, não poderia cuidar do <strong>as</strong>sunto.<br />

A pesquisa agrícola terá de ser paralela à da indústria e à dos <strong>as</strong>suntos<br />

econômicos.<br />

Dotado de grande resistência à secura, prestando-se ao reflorestamento<br />

de v<strong>as</strong>t<strong>as</strong> extensões erodidos e proporcionando o óleo e torta de alto valor<br />

energético para o povo, o faveleiro é, talvez, o vegetal de maior importância<br />

econômica, no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong>.<br />

295


296<br />

Foto 38 - Bosque de faveleiros nativos no sertão da Paraíba.<br />

Foto 39 - Galhos, folh<strong>as</strong> e frutos do faveleiro.


5.11 - Licuri<br />

A palmeira licuri (Syagrus coronata) é nativa dos municípios baianos de<br />

Jaguarari, Bonfim, Carrapichel, Pindobaçu, Saúde, Caldeirão Grande, Caié,<br />

Jacobina, Itiuba, Cansanção, Monte Santo, Queimad<strong>as</strong>, Miguel Calmon, Campo<br />

Formoso, Jacuípe e outros.<br />

Esta Palmeira prefere o agreste e a caatinga úmida (com epifit<strong>as</strong>), solo<br />

silicoso e vegeta em <strong>as</strong>sociação com o icó, mandacaru, c<strong>as</strong>satinga, facheiro,<br />

pau-de-rato, umbu, barriguda, azedinha e a palma forrageira; tem raízes profund<strong>as</strong><br />

e vida longa.<br />

A árvore demora 6 anos para produzir os primeiros cachos de frutos. A produção<br />

diminui após uma seca intensa; de 10 em 10 anos, dá uma grande safra.<br />

A colheita dos cachos do licuri é trabalho d<strong>as</strong> gentes pobres; os fazendeiros<br />

não se interessam por essa extrativa.<br />

O Sr. Augusto Rotter, da fábrica de óleo de Bonfim, informou-nos que, em<br />

média, uma palmeira de licuri produz, por ano, dois quilos de amêndo<strong>as</strong>, com<br />

45% a 60% de óleo. Quando falta trabalho, os homens, <strong>as</strong> mulheres e os<br />

meninos colhem os cachos, nos meses de abril a julho, quebram os coquilhos<br />

com um macete de madeira dura e vendem <strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong> à razão de Cr$ 16,00<br />

a Cr$ 28,00 por quilo, conforme <strong>as</strong> cotações do mercado.<br />

Os cachos do licurizeiro são cortados, secados e debulhados os seus coquilhos;<br />

estes são desc<strong>as</strong>cados manualmente com du<strong>as</strong> pedr<strong>as</strong> ou um machado<br />

e um martelete de pau; uma pessoa obtém 6 a 7 quilos de amêndo<strong>as</strong>, por<br />

dia. Ao preço de Cr$ 20,00 cada quilo de amêndoa, um operário poderá<br />

perfazer Cr$ 120,00 a Cr$ 140,00, por dia.<br />

As famíli<strong>as</strong> colhedor<strong>as</strong> não vendem <strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong> diretamente às fábric<strong>as</strong>,<br />

m<strong>as</strong> aos intermediários, n<strong>as</strong> feir<strong>as</strong>, onde vão comprar os artigos para su<strong>as</strong> necessidades.<br />

As famíli<strong>as</strong> mais operos<strong>as</strong>, com <strong>as</strong> quais conversamos, conseguem uma<br />

renda de 2.000 a 3.000 cruzeiros semanais, na época da safra.<br />

A safra baiana de licuri tem variado de 2.000 a 4.000 tonelad<strong>as</strong> anuais. Os<br />

fabricantes de óleo de licuri dizem que o progresso da indústria depende de:<br />

297


298<br />

1) Não aumentar os Impostos;<br />

2) Auxílio, na importação de máquin<strong>as</strong>;<br />

3) Aliviar o ágio na b<strong>as</strong>e da exportação do óleo;<br />

4) Crédito bancário.<br />

Alegam ainda os mesmos industriais que é melhor trabalhar com <strong>as</strong> amêndo<strong>as</strong><br />

do licuri do que com <strong>as</strong> bag<strong>as</strong> da mamona, pois há mais competição no<br />

comércio da última.<br />

Tabela 66 - Produção de coquinhos e óleo de licuri, Bahia<br />

Anos Coquinhos Ton. Óleo Ton.<br />

1945 2.703 54<br />

1946 3.731 30<br />

1947 2.746 10<br />

1948 4.485 179<br />

1949 2.600 607<br />

1950 3.056 825<br />

1951 2.803 543<br />

1952 2.811 232<br />

1953 1.945 292<br />

1954 1.640 258<br />

1955 1.906 405<br />

1956 2.088 ?<br />

Fonte: “A indústria de óleos, cer<strong>as</strong> e gordur<strong>as</strong> vegetais no Polígono d<strong>as</strong><br />

sec<strong>as</strong>” - ETENE - BNB.<br />

As amêndo<strong>as</strong> de licuri eram, em parte, exportad<strong>as</strong> para o sul do país e<br />

também industrializad<strong>as</strong> na Bahia; a tendência é beneficiar toda a amêndoa<br />

localmente, para economizar frete e ter a torta para a alimentação dos suínos e<br />

dos bovinos.<br />

Os preços da amêndoa e do óleo têm subido muito nos últimos anos, por<br />

causa da inflação e da fabricação de sabonetes, porém <strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> pobres que<br />

colhem e desc<strong>as</strong>cam os coquilhos não têm participado dessa melhoria de preço.<br />

Por esse motivo, não há estímulo para o aumento da safra; os rurícol<strong>as</strong><br />

somente se dedicam a beneficiar o licuri, quando não há outro serviço mais<br />

rendoso.


A palmeira do licuri também produz cera na folha, porém somente num de<br />

seus lados.<br />

A extração é feita mediante o corte d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, separação do talo ou nervura<br />

central, enfeixamento em molhos de 100 folh<strong>as</strong>, e transporte da caatinga<br />

para c<strong>as</strong>a; r<strong>as</strong>pagem do limbo verde da folha (sem secar) com uma faca e<br />

venda do pó n<strong>as</strong> feir<strong>as</strong>.<br />

Esse serviço é feito por mulheres, mocinh<strong>as</strong> e meninos. Os grupos de mulheres<br />

que entrevistamos disseram que, em média, são necessári<strong>as</strong> 16 hor<strong>as</strong> de<br />

trabalho para cortar <strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, transportar e r<strong>as</strong>par um quilo de cera. Na b<strong>as</strong>e<br />

do salário mínimo atual, ess<strong>as</strong> 16 hor<strong>as</strong> valem Cr$ 200,00. Cada quilo de cera<br />

em Bonfim é vendido por Cr$ 100,00. Desse modo, o salário diário de cada<br />

mulher era de Cr$ 50,00.<br />

A cera do licuri é, também, usada para a fabricação do papel carbono, de<br />

graxa para sapatos, para móveis, para pintur<strong>as</strong> de automóveis. A exportação<br />

dessa cera começou em 1935.<br />

Tabela 67 - Produção e valor da cera de licuri<br />

Anos Tonelad<strong>as</strong> Cr$ 1.000<br />

1945 1.538 28.715<br />

1946 2.387 84.167<br />

1947 2.131 51.599<br />

1948 1.498 37.572<br />

1949 1.580 26.146<br />

1950 1.560 31.749<br />

1951 1.970 44.484<br />

1952 2.405 56.926<br />

1953 3.450 82.601<br />

1954 1.780 43.039<br />

1955 510 17.856<br />

1956 418 ?<br />

Fonte: “A indústria de óleos, cer<strong>as</strong> e gordur<strong>as</strong> vegetais no Polígono d<strong>as</strong><br />

Sec<strong>as</strong> - ETENE-BNB”.<br />

299


Os baianos informam que, quando se extraem <strong>as</strong> folh<strong>as</strong>, o licurizeiro demora<br />

dois anos para produzir os coquilhos. Depois de r<strong>as</strong>pada a cera, os<br />

limbos d<strong>as</strong> fôlh<strong>as</strong> são postos a secar ao sol, branqueados pela luz e são<br />

usados na confecção de bols<strong>as</strong>, de cest<strong>as</strong>, de chapéus, de espanadores, etc.<br />

Desse artesanato vivem milhares de famíli<strong>as</strong>.<br />

300<br />

Outr<strong>as</strong> xerófil<strong>as</strong><br />

Sobre <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> do sisal e do caroá aconselhamos os interessados a<br />

lerem <strong>as</strong> excelentes monografi<strong>as</strong>:<br />

O Caroá - engenheiro-agrônomo Lauro Xavier.<br />

Sisal - (Problem<strong>as</strong> econômicos) - Vol I - Econ. Jader F. Andrade e H.<br />

Scholz - BNB-Etene - 1957.<br />

Sisal - (Problem<strong>as</strong> técnicos) - Vol II - H. Scholz - BNB-Etene - 1959.


Foto 40 - Licurizeiros nativos, em solo arenoso, entre Itiúba e Cansanção<br />

- Bahia.<br />

Fotot 41 - Cacho de flores do licurizeiro, no mês de dezembro, na caatinga<br />

alta da Bahia.<br />

301


Foto 42 - Cacho de coquilhos do licurizeiro. Dezembro 1959 - caatinga - Bahia.<br />

302


303<br />

Foto 43 - Bahia. Cacho de coquilhos do licurizeiro.<br />

Foto 44 - Bahia. Bonfim a Itiúba. Folh<strong>as</strong> do licurizeiro<br />

para a r<strong>as</strong>pagem da cera.


304<br />

Not<strong>as</strong><br />

1, 2, 3 - Écologie Végétale - Colloque de Montpellier - Pág. 20, 34, 41 -<br />

UNESCO.<br />

4 - Écologie Végétale - Pág. 137 - UNESCO.<br />

5 - Écologie Végétale - Pág. 219 - UNESCO.<br />

6 - Divisão municipal e população conforme “Censos Demográficos -<br />

IBGE”.<br />

7 - Fonte: S. E. P. - M. da Agricultura - Confec. ETENE-BNB<br />

8 - Atl<strong>as</strong> Pluviométrico do Br<strong>as</strong>il - M.A.<br />

9 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong>.<br />

10 - Solos da Bahia - Gregório Bondar.<br />

11 - Serviço de Estatística da Produção - M.A. 12 - Censo Demográfico -<br />

IBGE<br />

13 - Mulching - G.V. Jacks, W. D. Brind, R. Smith. Common-wealth Bureau<br />

of Soil Science.<br />

14 - Mulching - Pág. 16, 17 e 18.<br />

14 - Mulching - Pág. 19 e 30.<br />

15 - Conservação do solo em cafezal - Pág. 62<br />

16 - Boletim de I.N.E.A.C. - Vol. 1 - n o 3 - Set. 1952.<br />

17 - Soil and Men - The Yearbook of Agriculture - Pág. 683.<br />

18 - Water - The Yearbook of Agriculture - 1955 - Pág. 413.<br />

19 - Farmers of Forty Centuries - F.H. King.<br />

20 - Manual de Conservação do Solo.<br />

21 - Apreciação sobre os solos do <strong>Nordeste</strong>- 1950-J. G. Duque.<br />

22 - A Cultura do algodoeiro no Ceará - Dep. Idelfonso Albano - 1918.<br />

23 - O Algodão mocó - Engenheiro-agrônomo Ursulino Veloso - 1957.<br />

24 - Estudos sobre o melhoramento do algodoeiro mocó - engenheiroagronômo<br />

Fernando Melo do N<strong>as</strong>cimento-1957. 25 - O algodão mocó<br />

e o seu melhoramento na Paraíba - Engenheiro-agronomo Carlos Faria -<br />

1940.<br />

26 - Estudo sobre o melhoramento do algodoeiro mocó - Agronômo F. M.<br />

do N<strong>as</strong>cimento - Pág. 19.


27 - Nota preliminar sobre multiplicação por estaquia, do algodoeiro mocó -<br />

Engenheiro F.M. do N<strong>as</strong>cimento.<br />

28 - Cotton - World statistics - Vol 12 - n o 4 - out. nov. 1958.<br />

29 - A exploração da carnaúba - Serv. de Informações - M. A. 1929 -<br />

História do Ceará - R. Giro - Pág. 372-379. O Ceará no Centenário da<br />

Independência do Br<strong>as</strong>il - Dr. T. P. Sousa Br<strong>as</strong>il - 1926 - Pág. 245.<br />

30 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - 3 a . edição - Pág.111 e 112.<br />

31 - Cer<strong>as</strong> vegetais - Boletim n o 11 do Instituto de óleos - 1953 - Pág. 320.<br />

32 - Br<strong>as</strong>il 1939-40 - Pág. 260, 261.<br />

33 - Observações para a cultura da oiticica - Bol. da IFOCS. Vol. 11, n o 1.<br />

34 - Óleos Vegetais Br<strong>as</strong>ileiros - Engenheiro-agrônomo J. B. Morais Carvalho.<br />

35 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - 3 a . edição - Pág. 123 e 124.<br />

36 - Not<strong>as</strong> sobre a indústria de óleos vegetais no Br<strong>as</strong>il J. B. M. Carvalho.<br />

Óleo de oiticica - H. P. Cunha Bahiana - 1930. Vegetable Fats and oils -<br />

George Jamieson - 1932. Óleo de oiticica - Antenor Machado - 1940.<br />

37 - Ensaio preliminar sabre a formação da muda de oiticica. Boletim da<br />

IFOCS - Vol. 9 - n o 1 - 1938 - J. G. Duque-SAI.<br />

38 - Observações para a cultura de oiticica - Bol. da IFOCS Vol. 11, n o 1 -<br />

1939 - J. G. Duque e Paulo de Brito Guerra - SAI.<br />

39 - Cultura da oiticica - Boletim da IFOCS - Vol. 15, n o 2 - 1941 - J. G.<br />

Duque e P. B. Guerra.<br />

40 - Contribuição ao estudo d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong> e molésti<strong>as</strong> da oiticica - Boletim da<br />

IFOCS - Vol. 16 - 1941 - SAI.<br />

41 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - l a . edição - Pág. 73.<br />

42 - Cultura da oiticica - Agrônomo Paulo Guerra - Boletim IFOCS Vol. 15<br />

- n o 1 - 1941.<br />

43 - Relatório-Arquivo do SAI - Solo e Água - 3 a . edição - Pág. 125-6.<br />

44 - Norm<strong>as</strong> para a elaboração da cajuína - 1958 - Publicação da S. do F.<br />

Agrícola.<br />

45 - Plant<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong>, especialmente do Ceará - 1953.<br />

46 - O óleo do caju e a lepra - Anais do Instituto do <strong>Nordeste</strong>.<br />

47 - Manual of Tropical and Subtropical Fruits -W. Popenoe.<br />

305


48 - Manual of Tropical and Subtropical Fruits -W. Popenoe. Pág. 272 -<br />

Fruticultura Br<strong>as</strong>ileira - S. Decker - Pag. 143.<br />

49 - A Fruticultura no Br<strong>as</strong>il - Engenheiro-agrônomo Fernandes e Silva.<br />

50 - Manual of Tropical and Sub-tropical Fruits -W.Poper:oe.<br />

51 - História Econômica do Ceará - 1947.<br />

52 - O Ceará no Centenário da Independência do Br<strong>as</strong>il - Vol. 11 - 1922 -<br />

Dr. Tomaz. Pompeu de Sousa Br<strong>as</strong>il.<br />

53 - Balanço de águes de plant<strong>as</strong> da Caatinga - Mário G. Ferri.<br />

54 - A cultura da algaroba - Dr. Guilherme de Azevedo (Unitário 7..9.1958).<br />

55 - A chemical and strutural study of mesquite - USDA-Bul. 1.194.<br />

56 - Feeding value of mesquite beans - New México Farm Courier, 4 -<br />

N.9.4.5.<br />

Mesquite beans for pigs fee ding - New México Agr. Exp. Sta. Bul. 17.<br />

57 - The algaroba beam <strong>as</strong> feed for hogs - Annual Report Col. Hawai - Dpt.<br />

Agr. Bul. 5.<br />

58 - Range improvement in Arizona - USDA - Bul. 4.<br />

59 - The algaroba in Hawai - Bul. 26.<br />

60 - The Mesquite, a famine fodder for the Karroo - in J. Dpt. Agric. Union<br />

of South África - 6.<br />

306


Referênci<strong>as</strong><br />

1 - Écologie Végétale - Colloque de Montpellier - UNESCO.<br />

2 - Ecologia Vegetal - J. E. Weaver y F. C. Clemente.<br />

3 - Sociologia Vegetal - J. Braun - Blanquet.<br />

4 - Caating<strong>as</strong> e Chapadões - Engenheiro-agrônomo F. A. Iglési<strong>as</strong>.<br />

5 - Atl<strong>as</strong> Pluviométrico do Br<strong>as</strong>il - M. A.<br />

6 - Balanço d’água de plant<strong>as</strong> da caatinga - Prof. Mário F. Ferri.<br />

7 - Solo e Água no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> - J.G. Duque.<br />

8 - Estudo de Ecologia vegetal e Reflorestamento - Engenheiro-agrônomo<br />

Emmanuel Franco.<br />

9 - Mapa Ecológico da Paraíba - “Paraíba Agrícola” e “União” - Engenheiro-agrônomo<br />

Lauro Xavier.<br />

10 - Regiões Naturais de Pernambuco - Prof. V<strong>as</strong>concelos Sobrinho.<br />

11 - Sergipe e o problema da Seca - Engenheiro Jorge de Oliveira Netto.<br />

12 - Tree crops - A permanent agriculture - J. Russel Smith.<br />

13 - O <strong>Nordeste</strong> - Professor Gilberto Freire.<br />

14 - Agricultura Geral - Professores J.D.Oliveira Di<strong>as</strong> e Humberto Carneiro.<br />

15 - Uma comunidade rural no Br<strong>as</strong>il antigo (Bahia)-Lycurgo Santos Filho.<br />

16 - Folkways - William Grant Summer.<br />

17 - Le progrés Téchnique et la personalité humaine - Professor Emile Girardeau.<br />

18 - Hungry people and empty lands - S. Chandr<strong>as</strong> e Khar.<br />

19 - Extensão agrícola - Engenheiro-agrônomo Miguel Bechara.<br />

20 - Bandeirantes e Pioneiros - Viana Moog.<br />

21 - Tree planting practiee for arid áre<strong>as</strong> - FAO.<br />

22 - The future of Arid Lands - American Association for the Advancment of<br />

Science.<br />

23 - Plant<strong>as</strong> no <strong>Nordeste</strong>, especialmente do Ceará - Professor Renato Braga.<br />

24 - Solos da Bahia - Gregório Bondar.<br />

25 - História Econômica do Ceará - Dr. R. Girão.<br />

26 - A cultura do algodoeiro do Ceará - Dr. Idelfonso Albano.<br />

307


27 - Algodão mocó - Engenheiro-agrônomo Ursulino Veloso.<br />

28 - Estudo sobre o melhoramento do algodoeiro mocó - Engenheiro-agrônomo<br />

F. M. N<strong>as</strong>cimento.<br />

29 - O algodoeiro mocó e o seu melhoramento na Paraíba - Engenheiroagrônomo<br />

Carlos Fari<strong>as</strong>.<br />

30 - Cotton World Statistics - Out. Nov. 1958.<br />

31 - Cer<strong>as</strong> Vegetais - Boletim do Inst. de Óleos.<br />

32 - A exploração da carnaubeira - SIA - M.A.<br />

33 - A Carnaubeira - Engenheiro-agrônomo R. Pimentel Gomes.<br />

34 - Contribuição ao estudo da cera da carnaubeira - Professor Juarez Furtado.<br />

35 - A Carnaubeira - Engenheiro-agrônomo Humberto de Andrade.<br />

36 - A indústria de óleos vegetais no Br<strong>as</strong>il - Engenheiro-agrônomo J. B.<br />

Morais Carvalho.<br />

37 - A indústria de óleos, cer<strong>as</strong> e gordur<strong>as</strong> vegetais no Polígono d<strong>as</strong> Sec<strong>as</strong> -<br />

K. S. Markley - BNB - ETENE.<br />

38 - Observações para a cultura da oiticica - Agrônomo Paulo Guerra -<br />

Boletim IFOCS - Vol. 2 - n o 1.<br />

39 - Oiticica - Engenheiro - agrônomo Cunha Bayma.<br />

40 - Vegetable Fats and Oils - G. Jamieson.<br />

41 - Óleo de Oiticica - Dr. Antenor Machado.<br />

42 - Contribuição ao estudo d<strong>as</strong> prag<strong>as</strong> e molésti<strong>as</strong> da oiticica -Engenheiroagrônomo<br />

M. A. Oliveira - Boletim da IFOCS - Vol. 16 - n o 1.<br />

43 - Óleo de Oiticica - Dr. H. C. Cunha Bahiana.<br />

44 - Manual of Tropical en Subtropical fruits - W . Popenoe.<br />

45 - Fruticultura Br<strong>as</strong>ileira - S. Decker.<br />

46 - A fruticultura no Br<strong>as</strong>il - Engenheiro-agrônomo Fernandes e Silva<br />

47 - Estudos sobre <strong>as</strong> Maniçob<strong>as</strong> da Bahia em relação ao problema da Seca<br />

- Dr. Leo Zehntner.<br />

48 - O Ceará no Centenário da Independência do Br<strong>as</strong>il - Dr. T. P. Sousa<br />

Br<strong>as</strong>il.<br />

49 - História da Seca - Dr. Tomaz Pompeu Sobrinho.<br />

50 - Manual de estatístic<strong>as</strong> básic<strong>as</strong> do <strong>Nordeste</strong> -BNB-ETENE .<br />

308


O NORDESTE E AS<br />

LAVOURAS XERÓFILAS<br />

APÊNDICE (1)<br />

(1) Com o propósito de possibilitar a atualização de algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> informações<br />

contid<strong>as</strong> no presente trabalho, são apresentad<strong>as</strong>, a seguir, divers<strong>as</strong><br />

tabel<strong>as</strong> estatístic<strong>as</strong>. Optou-se por sua publicação em apêndice tendo em<br />

vista respeitar ao máximo o conteúdo e a apresentação originais.<br />

309


310


311<br />

Tabela 1 – Produção de Algodão em Caroço<br />

1957-71<br />

a) Área Cultivada (ha)<br />

ANOS MA PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />

1957<br />

1958<br />

1959<br />

1960<br />

1961<br />

1962<br />

1963<br />

1964<br />

1965<br />

1966<br />

1967<br />

1968<br />

1969<br />

1970<br />

1971<br />

104.366<br />

100.168<br />

116.097<br />

126.345<br />

156.215<br />

166.157<br />

174.994<br />

146.934<br />

150.925<br />

135.059<br />

97.437<br />

104.876<br />

111.055<br />

109.536<br />

106.632<br />

38.409<br />

38.586<br />

47.655<br />

51.170<br />

67.467<br />

70.266<br />

101.661<br />

107.176<br />

121.654<br />

112.907<br />

106.954<br />

116.582<br />

124.041<br />

109.178<br />

104.052<br />

411.467<br />

361.876<br />

406.781<br />

430.517<br />

500.077<br />

568.965<br />

642.268<br />

749.181<br />

876.993<br />

979.447<br />

1.007.136<br />

1.114.758<br />

1.201.181<br />

1.172.334<br />

1.249.615<br />

347.518<br />

345.790<br />

346.880<br />

388.086<br />

403.757<br />

421.713<br />

440.961<br />

469.845<br />

490.361<br />

475.107<br />

495.058<br />

509.977<br />

518.687<br />

485.112<br />

499.809<br />

337.719<br />

331.960<br />

348.859<br />

420.634<br />

438.237<br />

391.159<br />

398.691<br />

395.664<br />

422.307<br />

452.045<br />

469.726<br />

467.159<br />

477.062<br />

483.981<br />

513.111<br />

284.950<br />

343.946<br />

356.503<br />

345.932<br />

351.847<br />

399.415<br />

394.445<br />

394.001<br />

328.491<br />

302.549<br />

348.721<br />

369.112<br />

377.757<br />

363.246<br />

391.128<br />

63.990<br />

76.528<br />

81.023<br />

79.101<br />

87.323<br />

98.943<br />

85.342<br />

80.364<br />

77.462<br />

80.452<br />

80.513<br />

79.150<br />

75.131<br />

52.607<br />

76.070<br />

23.854<br />

23.307<br />

24.085<br />

24.314<br />

26.111<br />

27.645<br />

29.917<br />

23.049<br />

24.592<br />

39.583<br />

40.005<br />

39.079<br />

35.249<br />

23.257<br />

28.774<br />

81.103<br />

79.774<br />

80.67<br />

99.325<br />

108.313<br />

116.244<br />

136.545<br />

146.414<br />

148.861<br />

115.554<br />

122.095<br />

133.202<br />

147.343<br />

154.039<br />

158.322<br />

2.770.653<br />

2.706.543<br />

2.745.592<br />

2.930.361<br />

3.233.779<br />

3.457.857<br />

3.553.766<br />

3.748.597<br />

4.004.444<br />

3.897.709<br />

3.719.805<br />

3.902.238<br />

4.194.676<br />

4.298.573<br />

...<br />

1.693.376<br />

1.701.935<br />

1.807.950<br />

1.965.424<br />

2.139.347<br />

2.260.507<br />

2.404.824<br />

2.512.628<br />

2.641.646<br />

2.692.703<br />

2.767.645<br />

2.933.895<br />

3.067.506<br />

2.953.390<br />

3.127.513<br />

b) Quantidade (t)<br />

1957<br />

1958<br />

1959<br />

1960<br />

1961<br />

1962<br />

1963<br />

1964<br />

1965<br />

1966<br />

1967<br />

1968<br />

1969<br />

1970<br />

1971<br />

37.591<br />

25.522<br />

41.339<br />

46.862<br />

58.425<br />

62.591<br />

69.897<br />

70.470<br />

56.229<br />

30.896<br />

22.232<br />

24.262<br />

36.102<br />

24.826<br />

26.136<br />

17.490<br />

11.724<br />

16.452<br />

19.548<br />

28.148<br />

29.241<br />

40.687<br />

51.342<br />

48.112<br />

25.199<br />

36.906<br />

40.175<br />

37.260<br />

9.879<br />

27.915<br />

160.976<br />

66.569<br />

148.434<br />

175.185<br />

208.795<br />

217.074<br />

253.333<br />

230.172<br />

271.477<br />

245.950<br />

294.679<br />

341.155<br />

333.691<br />

171.898<br />

379.397<br />

94.826<br />

33.287<br />

95.612<br />

119.793<br />

117.923<br />

104.965<br />

128.384<br />

104.273<br />

120.289<br />

96.391<br />

121.784<br />

113.481<br />

105.386<br />

54.924<br />

110.513<br />

106.111<br />

73.720<br />

110.077<br />

168.403<br />

149.691<br />

130.662<br />

151.075<br />

112.625<br />

160.398<br />

117.020<br />

128.116<br />

134.844<br />

131.643<br />

74.815<br />

153.228<br />

78.604<br />

65.517<br />

89.851<br />

100.926<br />

101.523<br />

94.369<br />

97.693<br />

87.466<br />

94.586<br />

86.889<br />

106.038<br />

106.782<br />

102.888<br />

62.580<br />

106.343<br />

19.968<br />

27.224<br />

30.098<br />

31.738<br />

28.523<br />

29.569<br />

22.082<br />

19.044<br />

23.852<br />

22.645<br />

24.790<br />

23.139<br />

20.787<br />

10.419<br />

21.064<br />

8.187<br />

8.018<br />

7.409<br />

8.641<br />

7.812<br />

9.358<br />

8.478<br />

7.425<br />

7.393<br />

11.625<br />

11.499<br />

11.380<br />

9.964<br />

5.037<br />

7.726<br />

29.447<br />

35.860<br />

34.952<br />

46.834<br />

50.789<br />

48.339<br />

60.551<br />

65.072<br />

70.483<br />

60.600<br />

66.711<br />

81.289<br />

95.864<br />

102.537<br />

87.760<br />

1.177.369<br />

1.143.320<br />

1.396.254<br />

1.615.141<br />

1.828.475<br />

1.902.335<br />

1.956.895<br />

1.770.288<br />

1.986.313<br />

1.865.430<br />

1.692.066<br />

1.999.465<br />

2.110.775<br />

1.954.993<br />

...<br />

553.200<br />

357.441<br />

574.224<br />

717.630<br />

750.629<br />

726.168<br />

832.180<br />

747.889<br />

852.819<br />

697.215<br />

812.755<br />

876.507<br />

863.585<br />

516.915<br />

920.082<br />

Fonte: Etea - MA - Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il.<br />

35.522<br />

27.523<br />

8.341


312<br />

Tabela 2 – Produção de Algodão em Caroço<br />

Valor (Cr$ 1.000)<br />

1957-71<br />

ANOS MA PI CE RN PB PE AL SE BA NE BRASIL<br />

1957<br />

1958<br />

1959<br />

1960<br />

1961<br />

1962<br />

1963<br />

1964<br />

1965<br />

1966<br />

1967<br />

1968<br />

1969<br />

1970<br />

1971 (1)<br />

221<br />

381<br />

493<br />

732<br />

1.349<br />

2.580<br />

3.421<br />

6.183<br />

7.566<br />

5.801<br />

5.181<br />

7.201<br />

8.456<br />

13.312<br />

16.145<br />

112<br />

140<br />

228<br />

400<br />

809<br />

1.496<br />

2.317<br />

8.191<br />

10.122<br />

6.034<br />

11.483<br />

16.292<br />

15.190<br />

6.836<br />

24.297<br />

1.685<br />

1.559<br />

3.154<br />

5.143<br />

7+940<br />

14.142<br />

19.490<br />

48.184<br />

71.872<br />

68.973<br />

113.823<br />

174.034<br />

173.019<br />

173.365<br />

362.464<br />

1.092<br />

855<br />

2.177<br />

3.776<br />

4.776<br />

7.617<br />

11.866<br />

25.830<br />

39.400<br />

32.242<br />

54.778<br />

55.713<br />

56.169<br />

65.625<br />

126.060<br />

Fonte: Etea - MA - (1) Dados sujeitos a retificação.<br />

1.316<br />

1.881<br />

3.000<br />

6.068<br />

6.673<br />

10.954<br />

14.202<br />

25.846<br />

48.694<br />

38.613<br />

60.260<br />

75.402<br />

77.299<br />

87.845<br />

178.834<br />

989<br />

1.518<br />

2.198<br />

3.334<br />

4.277<br />

5.867<br />

8.653<br />

18.532<br />

28.164<br />

26.172<br />

43.931<br />

57.395<br />

54.001<br />

55.951<br />

115.601<br />

215<br />

529<br />

631<br />

865<br />

1.296<br />

1.920<br />

1.820<br />

3.448<br />

6.459<br />

6.297<br />

9.566<br />

10.636<br />

10.363<br />

11.220<br />

9.923<br />

21.276<br />

79<br />

140<br />

155<br />

215<br />

334<br />

646<br />

798<br />

1.315<br />

1.601<br />

2.479<br />

3.669<br />

4.561<br />

4.439<br />

3.925<br />

7.009<br />

211<br />

342<br />

460<br />

974<br />

1.314<br />

2.122<br />

3.300<br />

7.848<br />

13.071<br />

14.239<br />

17.072<br />

27.804<br />

35.253<br />

59.028<br />

70.011<br />

5.920<br />

7.345<br />

12.496<br />

21.507<br />

28.768<br />

47.344<br />

65.867<br />

145.377<br />

226.949<br />

200.850<br />

319.763<br />

429.038<br />

435.046<br />

475.810<br />

941.697<br />

12.844<br />

17.015<br />

25.677<br />

42.775<br />

67.574<br />

103.147<br />

146.875<br />

296.958<br />

493.297<br />

512.287<br />

611.128<br />

915.360<br />

1.048.688<br />

1.343.567<br />

...


313<br />

MICRORREGIÕES<br />

MICROREGIÕ<br />

ES<br />

Fonte: M.A. - Etea.<br />

Tabela 3 – Maranhão<br />

Produção de Algodão em Caroço<br />

1971<br />

Área<br />

( ha)<br />

Quantid<br />

ade<br />

( t)<br />

Valo<br />

r<br />

( Cr$<br />

1.<br />

000)<br />

Baixada Oriental<br />

Maranhense<br />

( 32)<br />

2 2 1<br />

Chapada do<br />

Sul<br />

Maranhense<br />

( 42)<br />

280 240 160<br />

Baixo Bals<strong>as</strong><br />

( 43)<br />

660 323 129<br />

P<strong>as</strong>tos Bons<br />

( 44)<br />

2. 610<br />

609 299<br />

TOTAL 3. 552<br />

1. 174<br />

589


314<br />

MMICRORREGIÕES<br />

ICRO-REGI<br />

ÕES<br />

Fonte: Etea - M.A.<br />

Tabela 4 – Piauí<br />

Produção de Algodão em Caroço<br />

1971<br />

Área<br />

( ha)<br />

Quantid<br />

ade<br />

( t)<br />

Valo<br />

r<br />

( Cr$<br />

1.<br />

000)<br />

Baixo Parnaíba<br />

Piauie<br />

nse<br />

( 45)<br />

112 37 33<br />

Campo Maior<br />

( 46)<br />

219 106 56<br />

Teresina ( 47)<br />

1. 334<br />

291 131<br />

Médio Parnaíba<br />

Piauie<br />

nse<br />

( 48)<br />

2. 487<br />

659 466<br />

Vale nça<br />

do<br />

Piauí<br />

( 49)<br />

459 124 82<br />

Floriano ( 50)<br />

1. 336<br />

489 412<br />

Baixões Agrícola<br />

s Piauie<br />

nses<br />

( 51)<br />

74. 474<br />

17. 632<br />

16.<br />

830<br />

Alto Parnaíba<br />

Piauie<br />

nse<br />

( 52)<br />

69 31 17<br />

Médio Gurguéia<br />

( 53)<br />

2.209<br />

. 209<br />

957 787<br />

Altos Piauí<br />

e Canindé<br />

( 54)<br />

9. 249<br />

3. 363<br />

2.<br />

945<br />

Chap. do<br />

Extremo<br />

Sul<br />

Piauie<br />

nse<br />

( 55)<br />

165 79 59<br />

TOTAL 92. 113<br />

23. 768<br />

21.<br />

818


Fonte: Etea - M.A.<br />

Tabela 5 – Ceará<br />

Produção de Algodão em Caroço<br />

1971<br />

MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />

(Cr$ 1.000)<br />

Litoral de<br />

Camocim<br />

e Acaraú<br />

( 56)<br />

996 336 319<br />

Baixo Médio<br />

Acaraú<br />

( 57)<br />

5. 760<br />

1. 728<br />

1.<br />

672<br />

Uruburetama ( 58)<br />

85. 624<br />

44. 435<br />

44.<br />

458<br />

Fortaleza ( 59)<br />

116. 185<br />

29. 408<br />

23.<br />

068<br />

Litoral de<br />

Pacajus<br />

( 60)<br />

980 309 309<br />

Baixo Jaguarib<br />

e ( 61)<br />

2. 640<br />

942 979<br />

Ibiapaba ( 62)<br />

7 6 6<br />

Sobral ( 63)<br />

22. 662<br />

8. 345<br />

8.<br />

589<br />

Sertões de<br />

Canindé<br />

( 64)<br />

72. 920<br />

12. 926<br />

12.<br />

898<br />

Serra de<br />

Baturité<br />

( 65)<br />

26. 545<br />

9. 386<br />

9.<br />

023<br />

Ibiapaba Meridiona<br />

l ( 66)<br />

6. 000<br />

1. 800<br />

1.<br />

800<br />

Sertões de<br />

Crateús<br />

( 67)<br />

9. 742<br />

1. 363<br />

1.<br />

370<br />

Sertões de<br />

Quixera<br />

mobim<br />

( 68)<br />

128. 506<br />

30. 038<br />

31.<br />

046<br />

Sertões de<br />

Sen.<br />

Pompeu<br />

( 69)<br />

132. 380<br />

22. 522<br />

23.<br />

331<br />

Médio Jaguarib<br />

e ( 70)<br />

1. 768<br />

882 882<br />

Serra do<br />

Pereiro<br />

( 71)<br />

8. 000<br />

2. 070<br />

2.<br />

198<br />

Sertões dos<br />

Inhamun<br />

s ( 72)<br />

85. 500<br />

22. 935<br />

22.<br />

646<br />

Iguatu ( 73)<br />

103. 220<br />

23. 610<br />

23.<br />

798<br />

Sertão do<br />

Salgado<br />

( 74)<br />

70. 864<br />

18. 722<br />

19.<br />

779<br />

Serrana de<br />

Caririaç<br />

u ( 75)<br />

75. 083<br />

17. 160<br />

16.<br />

958<br />

Sertão do<br />

Cariri<br />

( 76)<br />

67. 706<br />

15. 275<br />

20.<br />

825<br />

Chapada do<br />

Araripe<br />

( 77)<br />

64. 461<br />

41. 032<br />

43.<br />

491<br />

Cariri ( 78)<br />

20. 928<br />

7. 030<br />

7.<br />

688<br />

TOTAL 1. 108.<br />

477<br />

312. 260<br />

317.<br />

133<br />

315


316<br />

MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />

(Cr$ 1.000)<br />

Saline ira<br />

Norte-Rio<br />

grandense<br />

( 79)<br />

27. 135<br />

5. 985<br />

7.<br />

192<br />

Litoral de<br />

São<br />

Bento<br />

do<br />

Norte<br />

( 80)<br />

5. 040<br />

1. 014<br />

1.<br />

004<br />

Açu e Apodi<br />

( 81)<br />

25. 221<br />

5. 784<br />

5.<br />

937<br />

Sertão de<br />

Angico<br />

s ( 82)<br />

67. 072<br />

16. 020<br />

24.<br />

072<br />

Serra Verde<br />

( 83)<br />

20. 050<br />

3. 936<br />

4.<br />

522<br />

Serrana Norte-Rio<br />

grandense<br />

( 85)<br />

116. 163<br />

27. 460<br />

30.<br />

274<br />

Seridó ( 86)<br />

52. 021<br />

11. 710<br />

13.<br />

630<br />

Borborema Potigua<br />

r ( 87)<br />

99. 169<br />

18. 295<br />

21.<br />

219<br />

Agreste Potiguar<br />

( 88)<br />

2. 637<br />

768 976<br />

TOTAL 414. 508<br />

90. 972<br />

108.<br />

826<br />

Fonte: Etea - M.A.<br />

Tabela 6 – Rio Grande do Norte<br />

Produção de Algodão em Caroço<br />

1971


317<br />

Catolé do<br />

Rocha<br />

( 89)<br />

23. 172<br />

3. 915<br />

3.<br />

916<br />

Seridó Paraibano<br />

( 90)<br />

22. 128<br />

5. 948<br />

7.<br />

138<br />

Curima taú<br />

( 91)<br />

5. 620<br />

1. 531<br />

1.<br />

619<br />

Sertão de<br />

Cajazeir<strong>as</strong><br />

( 94)<br />

122. 628<br />

33. 784<br />

39.<br />

070<br />

Depressão do<br />

Alto<br />

Piranh<strong>as</strong><br />

( 95)<br />

184. 855<br />

51. 516<br />

67.<br />

959<br />

Cariris- velhos<br />

( 96)<br />

59. 921<br />

20. 472<br />

25.<br />

298<br />

Agreste da<br />

Borborema<br />

( 97)<br />

1. 956<br />

462 521<br />

Brejo Paraibano<br />

( 98)<br />

1. 250<br />

308 338<br />

Serra do<br />

Teixe<br />

ira<br />

( 100)<br />

8. 451<br />

1. 227<br />

1.<br />

603<br />

TOTAL 429. 981<br />

119. 163<br />

147.<br />

462<br />

Fonte: Etea - M.A.<br />

Tabela 7 – Paraíba<br />

Produção de Algodão em Caroço<br />

1971<br />

MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />

(Cr$ 1.000)


318<br />

Araripin a ( 101)<br />

40. 135<br />

10. 733<br />

10.<br />

735<br />

Salgueir o ( 102)<br />

33. 145<br />

10. 973<br />

11.<br />

894<br />

Sertão Pernambuc<br />

ano<br />

de<br />

S.<br />

Fco.<br />

( 103)<br />

24. 608<br />

8. 057<br />

8.<br />

233<br />

Alto Pajeú<br />

( 104)<br />

118. 844<br />

27. 230<br />

30.<br />

785<br />

Sertão do<br />

Moxotó<br />

( 105)<br />

27. 539<br />

6. 774<br />

10.<br />

596<br />

Arcoverde ( 106)<br />

15. 177<br />

4. 992<br />

5.<br />

201<br />

Agreste Setent.<br />

Pernambuc<br />

ano<br />

( 107)<br />

1. 150<br />

323 362<br />

Vale do<br />

Ipojuca<br />

( 108)<br />

8. 034<br />

1. 702<br />

1.<br />

539<br />

Agreste Merid.<br />

Pernambuc<br />

ano<br />

( 109)<br />

715 218 300<br />

TOTAL 269. 347<br />

71. 002<br />

79.<br />

645<br />

Fonte: Etea - M.A.<br />

Tabela 8 – Pernambuco<br />

Produção de Algodão em Caroço<br />

1971<br />

MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />

(Cr$ 1.000)


319<br />

Sertão Alagoano<br />

( 113)<br />

860 195 152<br />

TOTAL 860 195 152<br />

Fonte: Etea - M.A.<br />

Fonte: Etea - M.A.<br />

Tabela 9 – Alago<strong>as</strong><br />

Produção de Algodão em Caroço<br />

1971<br />

MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />

(Cr$ 1.000)<br />

Tabela 10 – Bahia<br />

Produção de Algodão em Caroço<br />

1971<br />

MICRORREGIÕES Área (ha) Quant. (t) Valor<br />

(Cr$ 1.000)<br />

Chap. do<br />

Alto<br />

Riogrand<br />

e ( 131)<br />

2 1<br />

Chap. do<br />

Rio<br />

Corrente<br />

( 132)<br />

3. 070<br />

1. 668<br />

1.<br />

188<br />

Chap. Diam.<br />

Meridiona<br />

l ( 136)<br />

8 5 1<br />

Corredeir<strong>as</strong> do<br />

São<br />

Francisco<br />

( 140)<br />

949 2. 704<br />

2.<br />

704<br />

Sertão de<br />

Canudos<br />

( 141)<br />

60 20 20<br />

Jequié ( 144)<br />

23 8 4<br />

TOTAL 4. 114<br />

4. 407<br />

3.<br />

918


320<br />

Tabela 11 – <strong>Nordeste</strong><br />

Produção de Sementes de Oiticica<br />

1957-71<br />

A n o s<br />

Q uantidad<br />

e ( t)<br />

Valo<br />

r ( Cr$<br />

)<br />

1957 30. 718<br />

0. 067.<br />

213<br />

1958 12. 491<br />

0. 033.<br />

517<br />

1959 2 4.<br />

659<br />

0. 141.<br />

082<br />

1960 3 7.<br />

934<br />

0. 284.<br />

505<br />

1961 6 0.<br />

019<br />

0. 562.<br />

099<br />

1962 5 1.<br />

682<br />

0. 837.<br />

927<br />

1963 50. 753<br />

1.<br />

705.<br />

279<br />

1964 53. 254<br />

2.<br />

848.<br />

189<br />

1965 52. 334<br />

4.<br />

488.<br />

749<br />

1966 38. 341<br />

4.<br />

519.<br />

133<br />

1967 40. 600<br />

4.<br />

027.<br />

342<br />

1968 42. 179<br />

4.<br />

251.<br />

463<br />

1969 34. 797<br />

4.<br />

081.<br />

618<br />

1970 20. 064<br />

3.<br />

432.<br />

000<br />

1971 49. 974<br />

5.<br />

683.<br />

000<br />

Fonte: Etea/MA (Anuários Estatísticos do Br<strong>as</strong>il)


Tabela 12 – Produção de Sementes de Oiticica<br />

1956-71<br />

(t)<br />

ANOS Piauí Ceará R. G.<br />

Norte<br />

Paraíba<br />

1956 1. 058<br />

13. 414<br />

4. 077<br />

7.<br />

610<br />

1957 808 17. 581<br />

5. 734<br />

6.<br />

595<br />

1958 523 4. 977<br />

2. 391<br />

4.<br />

600<br />

1959 428 17. 441<br />

2. 642<br />

4.<br />

148<br />

1960 553 24. 854<br />

4. 175<br />

8.<br />

352<br />

1961 849 38. 373<br />

6. 132<br />

14.<br />

665<br />

1962 1. 229<br />

28. 576<br />

4. 586<br />

17.<br />

291<br />

1963 991 33. 397<br />

5. 319<br />

11.<br />

046<br />

1964 1. 106<br />

35. 231<br />

5. 576<br />

11.<br />

341<br />

1965 1. 196<br />

33. 866<br />

6. 013<br />

11.<br />

259<br />

1966 728 22. 932<br />

5. 367<br />

9.<br />

314<br />

1967 1. 052<br />

25. 127<br />

5. 245<br />

9.<br />

176<br />

1968 602 27. 631<br />

4. 913<br />

9.<br />

033<br />

1969 318 22. 700<br />

4. 085<br />

7.<br />

694<br />

1970 125 12. 383<br />

2. 542<br />

4.<br />

949<br />

1971 710 30. 477<br />

8. 570<br />

10.<br />

217<br />

Fonte: Etea - MA<br />

321


322<br />

Tabela 13 – Produção e Exportação de Óleo de Oiticica do Br<strong>as</strong>il<br />

1956-71<br />

ANOS<br />

Produção<br />

( t)<br />

Fonte: 1) CACEX/BB (Anuários Est. do Br<strong>as</strong>il)<br />

2) Etea - MA (Anuários Estatísticos do Br<strong>as</strong>il)<br />

(*) Dados sujeitos a retificação.<br />

Exportação<br />

Q uantidad<br />

e ( t)<br />

Valo<br />

r ( Cr$<br />

1.<br />

000)<br />

1 957<br />

# 9 . 888<br />

# 6 . 941<br />

# # # 120<br />

1958 1 6.<br />

237<br />

# 6 . 581<br />

# # # 124<br />

1 959<br />

# # # 4 78<br />

# 3 . 157<br />

# # # 76<br />

1960 1 9.<br />

555<br />

# 9 . 069<br />

# # # 407<br />

1961 16. 483<br />

1 1.<br />

785<br />

# # # 766<br />

1962 25. 141<br />

1 9.<br />

001<br />

# # 1.<br />

833<br />

1 963<br />

# 5 . 784<br />

# 6 . 317<br />

# # 1.<br />

551<br />

1964 17. 133<br />

1 2.<br />

488<br />

# # 4.<br />

953<br />

1965 1 2.<br />

118<br />

# 9 . 534<br />

# # 6.<br />

779<br />

1966 1 7.<br />

850<br />

# 9 . 816<br />

# # 7.<br />

711<br />

1 967<br />

# 2 . 049<br />

# 5 . 804<br />

# # 4.<br />

661<br />

1968 29. 403<br />

1 0.<br />

549<br />

# # 6.<br />

279<br />

1 969<br />

# 1 . 909<br />

# 7 . 486<br />

# # 4.<br />

831<br />

1970 1 8.<br />

107<br />

# 7. 885<br />

11.<br />

323<br />

1971 ( * ) 193<br />

. . .<br />

.<br />

. .


Tabela 14 – Produção de Óleo de Oiticica<br />

1956-71 (t)<br />

ANOS Piauí Ceará R. G.<br />

Norte<br />

Paraíba<br />

1 956<br />

# 17 1 0.<br />

005<br />

# # 807 1.<br />

665<br />

1 957<br />

# # 1 # 7 . 285<br />

# # 703 1.<br />

899<br />

1 958<br />

# 34 10. 930<br />

1. 557<br />

3.<br />

716<br />

1959 - # # # 2 39<br />

# # # 9 9 # # 140<br />

1960 130 14. 063<br />

2. 199<br />

3.<br />

163<br />

1 961<br />

# 7 8 # 9. 942<br />

2. 152<br />

4.<br />

311<br />

1962 - 20. 109<br />

1. 517<br />

3.<br />

515<br />

1963 - # 3 . 061<br />

# # 633 2.<br />

090<br />

1964 - 11. 432<br />

1. 855<br />

3.<br />

846<br />

1 965<br />

# 2 7 # 7. 336<br />

1. 411<br />

3.<br />

344<br />

1966 - # 8. 512<br />

4. 093<br />

5.<br />

245<br />

1967 - # 1 . 102<br />

# # 2 82<br />

# # 665<br />

1 968<br />

# 24 17. 831<br />

4. 178<br />

7.<br />

370<br />

1969 - # # # 175 1. 734<br />

-<br />

1970 - 11. 511<br />

2. 328<br />

4.<br />

268<br />

1971 - - # # 193 -<br />

Fonte: Etea - MA<br />

Nota: (1) Dados sujeitos a retificação.<br />

323


324<br />

ANOS<br />

Fonte: Etea - M.A.<br />

Tabela 15 – Valor d<strong>as</strong> Sementes e do Óleo de Oiticica<br />

1956-71 – (Cr$ 1.000)<br />

PIAUÍ CEARÁ R.G. NORTE PARAÍBA<br />

Sementes Óleo Sementes Óleo Sementes Óleo Sementes Óleo<br />

1956 1 - 29 99 7 10 14 19<br />

1957 1 - 41 90 12 11 13 27<br />

1958 1 1 17 129 5 26 11 55<br />

1959 1 - 108 3 17 2 16 2<br />

1960 3 5 188 408 31 95 63 89<br />

1961 6 4 381 311 65 88 111 152<br />

1962 14 - 514 1. 240<br />

73 92 237 161<br />

1963 21 - 1. 144<br />

595 158 83 382 253<br />

1964 41 - 1. 818<br />

2. 770<br />

350 506 639 1.<br />

132<br />

1965 64 11 2. 932<br />

3. 237<br />

527 606 966 2.<br />

006<br />

1966 49 - 2. 992.666<br />

9 6. 804<br />

602 1. 120<br />

1. 203<br />

3.<br />

221<br />

1967 76 - 2. 310<br />

708 555 170 1. 087<br />

399<br />

1968 52 9 2. 745<br />

10. 139<br />

413 1. 929<br />

1. 041<br />

4.<br />

715<br />

1969 40 - 2. 583<br />

69 414 1. 141<br />

1. 045<br />

-<br />

1970 21 - 1. 746<br />

7. 797<br />

564 2. 084<br />

1. 081<br />

4.<br />

755<br />

1971971(1) 1(<br />

1)<br />

79 - 3. 386<br />

- 921 277 1. 297<br />

-


325<br />

7<br />

5<br />

9<br />

1<br />

8<br />

5<br />

9<br />

1<br />

9<br />

5<br />

9<br />

1<br />

0<br />

6<br />

9<br />

1<br />

1<br />

6<br />

9<br />

1<br />

2<br />

6<br />

9<br />

1<br />

3<br />

6<br />

9<br />

1<br />

4<br />

6<br />

9<br />

1<br />

5<br />

6<br />

9<br />

1<br />

6<br />

6<br />

9<br />

1<br />

7<br />

6<br />

9<br />

1<br />

8<br />

6<br />

9<br />

1<br />

9<br />

6<br />

9<br />

1<br />

0<br />

7<br />

9<br />

1<br />

1<br />

7<br />

9<br />

1<br />

3<br />

4<br />

0<br />

.<br />

3<br />

1<br />

4<br />

4<br />

.<br />

2<br />

1<br />

1<br />

8<br />

.<br />

7<br />

8<br />

1<br />

8<br />

.<br />

7<br />

5<br />

1<br />

9<br />

.<br />

4<br />

1<br />

7<br />

7<br />

.<br />

4<br />

3<br />

0<br />

5<br />

.<br />

5<br />

7<br />

2<br />

8<br />

.<br />

4<br />

2<br />

8<br />

5<br />

.<br />

7<br />

5<br />

6<br />

2<br />

.<br />

7<br />

0<br />

5<br />

5<br />

.<br />

9<br />

9<br />

7<br />

9<br />

.<br />

8<br />

2<br />

3<br />

7<br />

.<br />

9<br />

8<br />

1<br />

9<br />

.<br />

2<br />

4<br />

4<br />

9<br />

7<br />

.<br />

0<br />

2<br />

1<br />

5<br />

5<br />

8<br />

9<br />

5<br />

2<br />

7<br />

6<br />

2<br />

0<br />

1<br />

.<br />

1<br />

0<br />

2<br />

5<br />

1<br />

8<br />

2<br />

0<br />

6<br />

3<br />

.<br />

1<br />

1<br />

2<br />

2<br />

.<br />

.<br />

.<br />

3<br />

3<br />

1<br />

.<br />

1<br />

8<br />

7<br />

2<br />

.<br />

2<br />

1<br />

6<br />

0<br />

.<br />

1<br />

1<br />

1<br />

8<br />

.<br />

1<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

9<br />

5<br />

4<br />

1<br />

5<br />

4<br />

3<br />

0<br />

2<br />

2<br />

1<br />

2<br />

7<br />

5<br />

1<br />

2<br />

9<br />

1<br />

0<br />

7<br />

3<br />

8<br />

7<br />

1<br />

5<br />

8<br />

1<br />

6<br />

3<br />

2<br />

9<br />

1<br />

2<br />

1<br />

4<br />

2<br />

0<br />

9<br />

1<br />

3<br />

3<br />

1<br />

8<br />

6<br />

1<br />

Tabela 16 – Bahia<br />

Produção e Coquilhos, Óleo e Cera de Licuri<br />

1956-71<br />

ANOS Quantidade (t)<br />

Coquilhos Óleo Cera<br />

Fonte: Etea - M.A. - SEP


326<br />

Tabela 17 – Estados Nordestinos que mais Produzem Borracha<br />

1956-71 – Quantidade (t)<br />

6<br />

5<br />

9<br />

1<br />

7<br />

5<br />

9<br />

1<br />

8<br />

5<br />

9<br />

1<br />

9<br />

5<br />

9<br />

1<br />

0<br />

6<br />

9<br />

1<br />

1<br />

6<br />

9<br />

1<br />

2<br />

6<br />

9<br />

1<br />

3<br />

6<br />

9<br />

1<br />

4<br />

6<br />

9<br />

1<br />

5<br />

6<br />

9<br />

1<br />

6<br />

6<br />

9<br />

1<br />

7<br />

6<br />

9<br />

1<br />

8<br />

6<br />

9<br />

1<br />

9<br />

6<br />

9<br />

1<br />

0<br />

7<br />

9<br />

1<br />

1<br />

7<br />

9<br />

1<br />

8<br />

7<br />

5<br />

0<br />

1<br />

9<br />

0<br />

1<br />

1<br />

6<br />

1<br />

1<br />

2<br />

2<br />

7<br />

4<br />

2<br />

6<br />

4<br />

1<br />

4<br />

7<br />

9<br />

5<br />

0<br />

5<br />

5<br />

3<br />

3<br />

4<br />

-<br />

3<br />

8<br />

8<br />

0<br />

9<br />

0<br />

5<br />

4<br />

9<br />

4<br />

6<br />

5<br />

5<br />

4<br />

5<br />

1<br />

5<br />

7<br />

4<br />

4<br />

4<br />

1<br />

3<br />

3<br />

4<br />

5<br />

2<br />

0<br />

2<br />

0<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1<br />

2<br />

3<br />

2<br />

8<br />

1<br />

6<br />

3<br />

1<br />

4<br />

4<br />

3<br />

6<br />

3<br />

0<br />

4<br />

2<br />

4<br />

0<br />

4<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1<br />

2<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1<br />

0<br />

1<br />

8<br />

0<br />

1<br />

6<br />

9<br />

4<br />

7<br />

0<br />

4<br />

2<br />

3<br />

1<br />

3<br />

3<br />

8<br />

2<br />

1<br />

6<br />

8<br />

.<br />

1<br />

9<br />

2<br />

2<br />

.<br />

2<br />

5<br />

4<br />

3<br />

.<br />

2<br />

1<br />

1<br />

5<br />

.<br />

2<br />

6<br />

2<br />

4<br />

.<br />

2<br />

3<br />

1<br />

4<br />

.<br />

3<br />

5<br />

1<br />

3<br />

.<br />

3<br />

5<br />

3<br />

4<br />

.<br />

3<br />

6<br />

2<br />

8<br />

.<br />

3<br />

1<br />

8<br />

8<br />

.<br />

3<br />

5<br />

9<br />

2<br />

4<br />

1<br />

3<br />

1<br />

5<br />

2<br />

1<br />

3<br />

5<br />

9<br />

3<br />

6<br />

6<br />

4<br />

9<br />

7<br />

1<br />

1<br />

.<br />

2<br />

3<br />

0<br />

4<br />

.<br />

2<br />

5<br />

9<br />

4<br />

.<br />

2<br />

8<br />

4<br />

6<br />

.<br />

2<br />

7<br />

8<br />

4<br />

.<br />

2<br />

4<br />

7<br />

4<br />

.<br />

3<br />

7<br />

5<br />

3<br />

.<br />

3<br />

3<br />

7<br />

4<br />

.<br />

3<br />

7<br />

4<br />

8<br />

.<br />

3<br />

5<br />

0<br />

9<br />

.<br />

3<br />

Fonte: Etea - M.A.<br />

í<br />

u<br />

a<br />

i<br />

P á<br />

r<br />

a<br />

e<br />

C e<br />

t<br />

r<br />

o<br />

N<br />

.<br />

G<br />

.<br />

R a<br />

i<br />

h<br />

a<br />

B e<br />

t<br />

s<br />

e<br />

d<br />

r<br />

o<br />

N<br />

Anos


327<br />

Tabela 18 – <strong>Nordeste</strong><br />

Produção e Exportação de Cera de Carnaúba<br />

1957-71<br />

Fonte: Anuário Estatístico do Br<strong>as</strong>il (CACEX)<br />

Produção (t)<br />

Anos<br />

Exportação<br />

Quantidade (t) Valor (Cr$)<br />

7<br />

5<br />

9<br />

1<br />

8<br />

5<br />

9<br />

1<br />

9<br />

5<br />

9<br />

1<br />

0<br />

6<br />

9<br />

1<br />

1<br />

6<br />

9<br />

1<br />

2<br />

6<br />

9<br />

1<br />

3<br />

6<br />

9<br />

1<br />

4<br />

6<br />

9<br />

1<br />

5<br />

6<br />

9<br />

1<br />

6<br />

6<br />

9<br />

1<br />

7<br />

6<br />

9<br />

1<br />

8<br />

6<br />

9<br />

1<br />

9<br />

6<br />

9<br />

1<br />

0<br />

7<br />

9<br />

1<br />

1<br />

7<br />

9<br />

1<br />

0<br />

7<br />

7<br />

.<br />

8<br />

0<br />

7<br />

9<br />

.<br />

8<br />

9<br />

7<br />

1<br />

.<br />

0<br />

1<br />

0<br />

8<br />

9<br />

.<br />

0<br />

1<br />

5<br />

4<br />

4<br />

.<br />

1<br />

1<br />

2<br />

0<br />

1<br />

.<br />

2<br />

1<br />

7<br />

6<br />

7<br />

.<br />

1<br />

1<br />

1<br />

3<br />

0<br />

.<br />

3<br />

1<br />

9<br />

2<br />

7<br />

.<br />

2<br />

1<br />

7<br />

1<br />

2<br />

.<br />

2<br />

1<br />

4<br />

3<br />

4<br />

.<br />

7<br />

1<br />

8<br />

5<br />

6<br />

.<br />

7<br />

1<br />

5<br />

3<br />

1<br />

.<br />

0<br />

2<br />

8<br />

7<br />

3<br />

.<br />

0<br />

2<br />

6<br />

3<br />

6<br />

.<br />

1<br />

2<br />

6<br />

7<br />

9<br />

.<br />

1<br />

1<br />

7<br />

7<br />

0<br />

.<br />

1<br />

1<br />

5<br />

0<br />

8<br />

.<br />

9<br />

0<br />

8<br />

0<br />

.<br />

1<br />

1<br />

3<br />

0<br />

4<br />

.<br />

0<br />

1<br />

8<br />

7<br />

4<br />

.<br />

9<br />

3<br />

7<br />

2<br />

.<br />

1<br />

1<br />

8<br />

8<br />

0<br />

.<br />

1<br />

1<br />

9<br />

1<br />

1<br />

.<br />

2<br />

1<br />

3<br />

8<br />

5<br />

.<br />

3<br />

1<br />

8<br />

8<br />

8<br />

.<br />

0<br />

1<br />

8<br />

6<br />

2<br />

.<br />

3<br />

1<br />

5<br />

1<br />

4<br />

.<br />

3<br />

1<br />

2<br />

0<br />

6<br />

.<br />

3<br />

1<br />

7<br />

1<br />

7<br />

.<br />

2<br />

1<br />

8<br />

3<br />

0<br />

.<br />

0<br />

3<br />

0<br />

.<br />

1<br />

1<br />

4<br />

0<br />

.<br />

8<br />

1<br />

1<br />

.<br />

1<br />

8<br />

0<br />

9<br />

.<br />

9<br />

4<br />

5<br />

.<br />

1<br />

7<br />

6<br />

6<br />

.<br />

3<br />

3<br />

1<br />

.<br />

3<br />

8<br />

3<br />

2<br />

.<br />

0<br />

1<br />

4<br />

.<br />

3<br />

5<br />

6<br />

8<br />

.<br />

4<br />

2<br />

5<br />

.<br />

3<br />

3<br />

5<br />

1<br />

.<br />

9<br />

0<br />

4<br />

.<br />

5<br />

7<br />

2<br />

0<br />

.<br />

2<br />

0<br />

3<br />

.<br />

1<br />

1<br />

0<br />

3<br />

8<br />

.<br />

2<br />

1<br />

6<br />

.<br />

9<br />

1<br />

6<br />

0<br />

6<br />

.<br />

8<br />

5<br />

0<br />

.<br />

1<br />

2<br />

6<br />

0<br />

7<br />

.<br />

4<br />

0<br />

1<br />

.<br />

9<br />

1<br />

5<br />

4<br />

0<br />

.<br />

7<br />

5<br />

0<br />

.<br />

0<br />

3<br />

0<br />

0<br />

0<br />

.<br />

4<br />

0<br />

5<br />

.<br />

7<br />

3<br />

0<br />

0<br />

0<br />

.<br />

7<br />

6<br />

6<br />

.<br />

3<br />

4<br />

0<br />

0<br />

0<br />

.<br />

5<br />

2<br />

7<br />

.<br />

5<br />

5


328<br />

Tabela 19 – <strong>Nordeste</strong><br />

Produção de C<strong>as</strong>tanha de Caju no <strong>Nordeste</strong><br />

1950-71<br />

Fonte: Etea - M. A.<br />

0<br />

5<br />

9<br />

1<br />

1<br />

5<br />

9<br />

1<br />

2<br />

5<br />

9<br />

1<br />

3<br />

5<br />

9<br />

1<br />

4<br />

5<br />

9<br />

1<br />

5<br />

5<br />

9<br />

1<br />

6<br />

5<br />

9<br />

1<br />

7<br />

5<br />

9<br />

1<br />

8<br />

5<br />

9<br />

1<br />

9<br />

5<br />

9<br />

1<br />

0<br />

6<br />

9<br />

1<br />

1<br />

6<br />

9<br />

1<br />

2<br />

6<br />

9<br />

1<br />

3<br />

6<br />

9<br />

1<br />

4<br />

6<br />

9<br />

1<br />

5<br />

6<br />

9<br />

1<br />

6<br />

6<br />

9<br />

1<br />

7<br />

6<br />

9<br />

1<br />

8<br />

6<br />

9<br />

1<br />

9<br />

6<br />

9<br />

1<br />

0<br />

7<br />

9<br />

1<br />

1<br />

7<br />

9<br />

1<br />

0<br />

0<br />

3<br />

.<br />

1<br />

8<br />

7<br />

0<br />

.<br />

2<br />

5<br />

5<br />

4<br />

.<br />

2<br />

5<br />

3<br />

6<br />

.<br />

1<br />

0<br />

8<br />

7<br />

.<br />

1<br />

3<br />

5<br />

8<br />

.<br />

1<br />

1<br />

2<br />

4<br />

.<br />

2<br />

0<br />

0<br />

3<br />

.<br />

3<br />

2<br />

0<br />

3<br />

.<br />

2<br />

1<br />

7<br />

5<br />

.<br />

5<br />

6<br />

0<br />

5<br />

.<br />

5<br />

0<br />

7<br />

6<br />

.<br />

9<br />

5<br />

8<br />

9<br />

.<br />

1<br />

1<br />

9<br />

1<br />

6<br />

.<br />

3<br />

1<br />

2<br />

4<br />

6<br />

.<br />

9<br />

8<br />

8<br />

7<br />

.<br />

3<br />

1<br />

6<br />

7<br />

6<br />

.<br />

3<br />

1<br />

0<br />

8<br />

1<br />

.<br />

4<br />

2<br />

2<br />

8<br />

6<br />

.<br />

3<br />

2<br />

2<br />

4<br />

4<br />

.<br />

3<br />

2<br />

0<br />

4<br />

0<br />

.<br />

0<br />

2<br />

8<br />

9<br />

5<br />

.<br />

8<br />

2<br />

0<br />

9<br />

0<br />

.<br />

1<br />

7<br />

4<br />

6<br />

.<br />

1<br />

7<br />

4<br />

2<br />

.<br />

2<br />

9<br />

5<br />

6<br />

.<br />

1<br />

7<br />

2<br />

4<br />

.<br />

2<br />

0<br />

1<br />

2<br />

.<br />

3<br />

5<br />

4<br />

8<br />

.<br />

5<br />

3<br />

7<br />

6<br />

.<br />

0<br />

1<br />

4<br />

1<br />

3<br />

.<br />

9<br />

8<br />

2<br />

3<br />

.<br />

4<br />

2<br />

1<br />

0<br />

7<br />

.<br />

4<br />

3<br />

1<br />

5<br />

0<br />

.<br />

7<br />

9<br />

4<br />

2<br />

2<br />

.<br />

5<br />

8<br />

1<br />

5<br />

8<br />

7<br />

.<br />

2<br />

0<br />

3<br />

5<br />

0<br />

6<br />

.<br />

1<br />

3<br />

4<br />

0<br />

6<br />

9<br />

.<br />

6<br />

5<br />

2<br />

.<br />

1<br />

1<br />

4<br />

9<br />

.<br />

0<br />

8<br />

5<br />

.<br />

1<br />

6<br />

6<br />

3<br />

.<br />

0<br />

1<br />

8<br />

.<br />

4<br />

1<br />

0<br />

5<br />

.<br />

4<br />

5<br />

5<br />

.<br />

6<br />

5<br />

8<br />

9<br />

.<br />

3<br />

8<br />

3<br />

.<br />

8<br />

0<br />

0<br />

0<br />

.<br />

5<br />

2<br />

2<br />

.<br />

9<br />

0<br />

0<br />

0<br />

.<br />

6<br />

5<br />

1<br />

.<br />

5<br />

1<br />

Anos Quantidade (t) Valor (Cr$)


Tabela 20 – <strong>Nordeste</strong><br />

Exportação de C<strong>as</strong>tanha de Caju<br />

1960-71<br />

Anos Quantidade (t) Valor (Cr$)<br />

1960<br />

1961<br />

1962<br />

1963<br />

1964<br />

1965<br />

1966<br />

1967<br />

1968<br />

1969<br />

1970<br />

1971<br />

527<br />

249<br />

397<br />

959<br />

863<br />

514<br />

1.<br />

734<br />

1.<br />

4562<br />

3.<br />

339<br />

4.<br />

942<br />

6.<br />

486<br />

4.<br />

205<br />

348<br />

167<br />

235<br />

652<br />

616<br />

497<br />

1.<br />

717<br />

1.<br />

343<br />

3.<br />

440<br />

4.<br />

644<br />

7.<br />

138<br />

4.<br />

990<br />

Fonte: Comércio Exterior do Br<strong>as</strong>il - Ministério da Fazenda<br />

329


978.85.87062.36.9<br />

9 788587 062369<br />

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