18.10.2013 Views

Óptica Moderna Fundamentos e aplicações - Fotonica.ifsc.usp.br ...

Óptica Moderna Fundamentos e aplicações - Fotonica.ifsc.usp.br ...

Óptica Moderna Fundamentos e aplicações - Fotonica.ifsc.usp.br ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Óptica</strong> ptica <strong>Moderna</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Fundamentos</strong> e <strong>aplicações</strong><<strong>br</strong> />

aplica ões<<strong>br</strong> />

Sérgio rgio C. Zilio


Prefácio<<strong>br</strong> />

Este é um texto destinado à introdução dos conceitos básicos da<<strong>br</strong> />

óptica moderna, elaborado para estudantes de física ou engenharia<<strong>br</strong> />

elétrica. Seu enfoque principal está voltado para a óptica física, onde<<strong>br</strong> />

fenômenos ondulatórios, tais como difração e interferência , são<<strong>br</strong> />

abordados. Entretanto, no Cap. 2 são introduzidos alguns tópicos de óptica<<strong>br</strong> />

geométrica, onde o caráter ondulatório da luz é ignorado. A apresentação<<strong>br</strong> />

destes conceitos é importante, pela analogia que historicamente foi<<strong>br</strong> />

realizada entre a equação de Schrödinger e a equação das ondas<<strong>br</strong> />

eletromagnéticas, via óptica geométrica.<<strong>br</strong> />

Na exposição do material admite-se que o aluno já tenha<<strong>br</strong> />

conhecimentos de eletromagnetismo e que possua algumas noções de<<strong>br</strong> />

física matemática. No final do Cap. 2, quando se faz a analogia entre a<<strong>br</strong> />

óptica geométrica e a mecânica clássica, são necessários conhecimentos<<strong>br</strong> />

relativos ao formalismo de Hamilton-Jacobi. Cada capítulo apresenta<<strong>br</strong> />

inicialmente os conceitos básicos, seguidos por uma lista de problemas<<strong>br</strong> />

propostos. No capítulo final são sugeridas demonstrações a serem<<strong>br</strong> />

realizadas pelo professor para a melhor fixação das idéias apresentadas.<<strong>br</strong> />

Tais demonstrações podem ser realizadas com um instrumental<<strong>br</strong> />

relativamente barato, acessível a qualquer instituição ministrando cursos<<strong>br</strong> />

ao nível de graduação.<<strong>br</strong> />

O texto começa fazendo uma introdução do desenvolvimento das<<strong>br</strong> />

idéias na área de óptica. Isto é interessante para se localizar os tópicos que<<strong>br</strong> />

veremos nos capítulos subseqüentes dentro de certo contexto histórico.<<strong>br</strong> />

Nos capítulo seguinte tratamos da propagação dos raios (óptica de raios),<<strong>br</strong> />

mas depois o texto detém-se no assunto central, a óptica ondulatória.<<strong>br</strong> />

Inicialmente discute-se no Cap. 3 a equação que descreve as ondas<<strong>br</strong> />

eletromagnéticas, suas soluções e propriedades. O Cap. 4 trata da fase do<<strong>br</strong> />

campo eletromagnético e alguns efeitos lidados a ela, porém sem exaurir o<<strong>br</strong> />

assunto. O conceito de fase será utilizado freqüentemente nos capítulos<<strong>br</strong> />

subseqüentes.<<strong>br</strong> />

No Cap. 5 daremos atenção à natureza vetorial do campo elétrico<<strong>br</strong> />

e introduziremos o conceito de polarização. Ênfase é dada à dedução das<<strong>br</strong> />

equações de Fresnel pela sua utilidade e importância histórica. Em


seguida são apresentados vários dispositivos e técnicas que permitem<<strong>br</strong> />

alterar a polarização da luz e muitas vezes controlar sua intensidade. Estes<<strong>br</strong> />

efeitos são de grande importância em <strong>aplicações</strong> que envolvem o<<strong>br</strong> />

chaveamento da luz, como por exemplo, em comunicações ópticas.<<strong>br</strong> />

O fenômeno de interferência é abordado no Cap. 6. Nele são<<strong>br</strong> />

discutidos o princípio da superposição, e as interferências de dois feixes e<<strong>br</strong> />

múltiplos feixes. Interferômetros de grande aplicação prática, tais como o<<strong>br</strong> />

de Michelson, Mach-Zehnder e Fa<strong>br</strong>y-Perot são discutidos em detalhes.<<strong>br</strong> />

Um outro assunto tratado, a teoria de películas, é de grande interesse<<strong>br</strong> />

prático, pois permite o cálculo do efeito de um conjunto de filmes finos<<strong>br</strong> />

dielétricos so<strong>br</strong>e o espectro de transmissão, ou reflexão, de espelhos<<strong>br</strong> />

multicamadas, filtros interferenciais e revestimentos anti-refletores. Para a<<strong>br</strong> />

observação de padrões de interferência, faz-se em geral necessário que<<strong>br</strong> />

haja coerência na luz utilizada. Este tópico é tratado no Cap. 7.<<strong>br</strong> />

O Cap. 8 refere-se ao fenômeno de difração. Inicialmente<<strong>br</strong> />

introduzimos a formulação matemática que resulta na fórmula de Fresnel-<<strong>br</strong> />

Kirchhoff. Os casos de difração de Fraunhofer e Fresnel são discutidos e a<<strong>br</strong> />

aplicação em redes de difração é apresentada. Neste capítulo também<<strong>br</strong> />

procuramos tratar tópicos de interesse prático tais como, microscopia por<<strong>br</strong> />

contraste de fase e óptica difrativa (óptica de Fourier).<<strong>br</strong> />

Estes oito capítulos compõem o núcleo central de um curso de<<strong>br</strong> />

óptica básico, que deve ser conhecido por profissionais que trabalham<<strong>br</strong> />

nesta área. Nos capítulos finais procuramos complementar alguns<<strong>br</strong> />

conceitos já introduzidos e abordar tópicos mais específicos.<<strong>br</strong> />

Apresentamos no Cap. 9 um modelo clássico para a interação da radiação<<strong>br</strong> />

com a matéria, para em seguida discutir os princípios de funcionamento<<strong>br</strong> />

do laser. É apresentado o modelo semi-clássico da interação da radiação<<strong>br</strong> />

com a matéria (Cap. 10), discutimos cavidades ópticas (Cap. 11), ação<<strong>br</strong> />

laser (Cap. 12) e regimes de operação de um laser (Cap. 13). Finalmente,<<strong>br</strong> />

introduzimos alguns conceitos de óptica não linear (Cap. 14), óptica de<<strong>br</strong> />

cristais (Cap. 15) e guiamento de luz (Cap. 16).


1. Uma visão histórica<<strong>br</strong> />

1.1 Considerações preliminares....................................................................................1<<strong>br</strong> />

1.2 Desenvolvimentos iniciais......................................................................................2<<strong>br</strong> />

1.3 <strong>Óptica</strong> ondulatória versus corpuscular....................................................................4<<strong>br</strong> />

1.4 Ressurgimento da teoria ondulatória.......................................................................6<<strong>br</strong> />

1.5 Ondas eletromagnéticas e luz..................................................................................8<<strong>br</strong> />

1.6 A relatividade restrita.............................................................................................12<<strong>br</strong> />

1.7 A óptica quântica...................................................................................................13<<strong>br</strong> />

Bibliografia...........................................................................................................14<<strong>br</strong> />

2. <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

2.1 Introdução..............................................................................................................15<<strong>br</strong> />

2.2 Propagação de luz em meios homogêneos.............................................................16<<strong>br</strong> />

2.3 Propagação de luz em meios não homogêneos......................................................17<<strong>br</strong> />

2.4 A lei de Snell generalizada.....................................................................................19<<strong>br</strong> />

2.5 O princípio de Fermat.............................................................................................22<<strong>br</strong> />

2.6 A equação dos raios...............................................................................................26<<strong>br</strong> />

2.7 A função eikonal....................................................................................................29<<strong>br</strong> />

2.8 Analogia entre a mecânica clássica e a óptica geométrica.....................................32<<strong>br</strong> />

2.9 Obtenção da equação de Schrödinger....................................................................35<<strong>br</strong> />

2.10 O potencial óptico................................................................................................38<<strong>br</strong> />

Bibliografia..........................................................................................................41<<strong>br</strong> />

Problemas............................................................................................................41<<strong>br</strong> />

3. Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

Índice<<strong>br</strong> />

3.1 Introdução ao conceito de ondas............................................................................43<<strong>br</strong> />

3.2 Ondas eletromagnéticas..........................................................................................45<<strong>br</strong> />

3.3 Ondas harmônicas unidimensionais.......................................................................47<<strong>br</strong> />

3.4 Ondas planas e esféricas.........................................................................................50<<strong>br</strong> />

i


ii<<strong>br</strong> />

3.5 Ondas gaussianas....................................................................................................54<<strong>br</strong> />

3.6 Propagação do feixe gaussiano...............................................................................59<<strong>br</strong> />

3.7 Formulação matricial da óptica geométrica...........................................................60<<strong>br</strong> />

3.7 Vetor de Poynting. Intensidade..............................................................................62<<strong>br</strong> />

Bibliografia........................................................................................... .................64<<strong>br</strong> />

Problemas..............................................................................................................64<<strong>br</strong> />

4. A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

4.1 Velocidades de fase e de grupo. Dispersão............................................................67<<strong>br</strong> />

4.2 Efeito Doppler. Aplicações astronômicas..............................................................72<<strong>br</strong> />

4.3 Alargamento de linhas espectrais...........................................................................74<<strong>br</strong> />

4.4 <strong>Óptica</strong> relativística.................................................................................................75<<strong>br</strong> />

4.5 Modulação eletro-óptica de freqüência..................................................................79<<strong>br</strong> />

4.6 Auto-modulação de fase.........................................................................................82<<strong>br</strong> />

Bibliografia...........................................................................................................84<<strong>br</strong> />

Problemas..............................................................................................................84<<strong>br</strong> />

5. Polarização das ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

5.1 Polarização linear...................................................................................................87<<strong>br</strong> />

5.2 Polarização elíptica................................................................................................88<<strong>br</strong> />

5.3 Polarização circular................................................................................................91<<strong>br</strong> />

5.4 Lâminas de quarto de onda e meia onda................................................................91<<strong>br</strong> />

5.5 Obtenção de luz linearmente polarizada................................................................92<<strong>br</strong> />

5.6 Equações de Fresnel...............................................................................................94<<strong>br</strong> />

5.7 Polarização por reflexão total interna...................................................................103<<strong>br</strong> />

5.8 Matrizes de Jones.................................................................................................105<<strong>br</strong> />

5.9 Atividade óptica...................................................................................................109<<strong>br</strong> />

5.10 Efeito Faraday....................................................................................................112<<strong>br</strong> />

5.11 Isoladores ópticos...............................................................................................113<<strong>br</strong> />

5.12 Efeito Pockels.....................................................................................................115<<strong>br</strong> />

5.13 Efeitos Kerr e Cotton-Mouton............................................................. ..............116<<strong>br</strong> />

5.14 Chaveamento eletro-óptico................................................................................117<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................118<<strong>br</strong> />

Problemas............................................................................................................119


6. Interferência<<strong>br</strong> />

6.1 Princípio da superposição....................................................................................121<<strong>br</strong> />

6.2 Interferência por divisão da frente de onda..........................................................124<<strong>br</strong> />

6.3 Interferência por divisão de amplitudes...............................................................134<<strong>br</strong> />

6.4 Interferômetro de Fa<strong>br</strong>y -Pérot..............................................................................136<<strong>br</strong> />

6.5 Analisador de espectro óptico..............................................................................139<<strong>br</strong> />

6.6 Teoria de películas...............................................................................................140<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................144<<strong>br</strong> />

Problemas...........................................................................................................145<<strong>br</strong> />

7. Coerência<<strong>br</strong> />

7.1 Introdução............................................................................................................147<<strong>br</strong> />

7.2 Coerência temporal..............................................................................................149<<strong>br</strong> />

7.3 Resolução espectral de um trem de ondas finito..................................................152<<strong>br</strong> />

7.4 Coerência espacial................................................................................................155<<strong>br</strong> />

7.5 Medidas de diâmetros de estrelas.........................................................................158<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................159<<strong>br</strong> />

Problemas............................................................................................................160<<strong>br</strong> />

8. Difração<<strong>br</strong> />

8.1 Princípio de Huygens...........................................................................................161<<strong>br</strong> />

8.2 Fórmula de Fresnel- Kirchhoff.............................................................................163<<strong>br</strong> />

8.3 Princípio de Babinet.............................................................................................168<<strong>br</strong> />

8.4 Difração de Fraunhofer .......................................................................................169<<strong>br</strong> />

8.5 Difração por uma abertura circular......................................................................173<<strong>br</strong> />

8.6 Rede de difração...................................................................................................175<<strong>br</strong> />

8.7 Padrões de difração de Fresnel.............................................................................177<<strong>br</strong> />

8.8 <strong>Óptica</strong> de Fourier .................................................................................................183<<strong>br</strong> />

8.9 Microscopia por contraste de fase........................................................................187<<strong>br</strong> />

8.10 Holografia .........................................................................................................189<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................191<<strong>br</strong> />

Problemas............................................................................................................191<<strong>br</strong> />

iii


iv<<strong>br</strong> />

9. Interação luz-matéria: tratamento clássico<<strong>br</strong> />

9.1 Modelo do oscilador harmônico...........................................................................195<<strong>br</strong> />

9.2 Dispersão cromática do índice de refração..........................................................197<<strong>br</strong> />

9.3 Absorção............................................................................................................. 201<<strong>br</strong> />

9.4 Espalhamento.......................................................................................................202<<strong>br</strong> />

9.5 Forças radiativas so<strong>br</strong>e átomos neutros...............................................................204<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................207<<strong>br</strong> />

Problemas............................................................................................................208<<strong>br</strong> />

10. Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

10.1 Introdução..........................................................................................................209<<strong>br</strong> />

10.2 Emissões espontânea e estimulada....................................................................211<<strong>br</strong> />

10.3 A susceptibilidade atômica................................................................................215<<strong>br</strong> />

10.4 Os coeficientes A e B de Einstein......................................................................218<<strong>br</strong> />

10.5 O coeficiente de ganho.......................................................................................220<<strong>br</strong> />

10.6 Alargamentos homogêneo e não homogêneo....................................................221<<strong>br</strong> />

10.7 Saturação de ganho em meios com alargamentos homogêneo e não homogêneo<<strong>br</strong> />

...........................................................................................................................222<<strong>br</strong> />

10.8 Espectroscopia de saturação...............................................................................226<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................228<<strong>br</strong> />

Problemas........................................................................................................... 228<<strong>br</strong> />

11. Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

11.1 Introdução..........................................................................................................231<<strong>br</strong> />

11.2 Álge<strong>br</strong>a de cavidades ópticas.............................................................................232<<strong>br</strong> />

11.3 Freqüências de ressonância........ ........................................................................237<<strong>br</strong> />

11.4 Perdas em cavidades ópticas..............................................................................239<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................240<<strong>br</strong> />

Problemas........................................................................................................... 241<<strong>br</strong> />

12. Ação laser<<strong>br</strong> />

12.1 Condição de limiar.............................................................................................243<<strong>br</strong> />

12.2 Freqüências de oscilação....................................................................................244<<strong>br</strong> />

12.3 Potência de saída do laser..................................................................................246


12.4 Considerações finais...........................................................................................250<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................252<<strong>br</strong> />

Problemas........................................................................................................... 252<<strong>br</strong> />

13. Regimes de operação de um laser<<strong>br</strong> />

13.1 Introdução...... ....................................................................................................255<<strong>br</strong> />

13.2 Regimes multimodos e monomodo....................................................................257<<strong>br</strong> />

13.3 Regime de modos travados…............................................................................258<<strong>br</strong> />

13.4 Obtenção do regime de modos travados…........................................................260<<strong>br</strong> />

13.5 Q-switching.......................................................................................................263<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................268<<strong>br</strong> />

Problemas........................................................................................................... 268<<strong>br</strong> />

14. <strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

14.1 Propagação de luz em meios anisotrópicos........................................................269<<strong>br</strong> />

14.2 Elipsóide de índices............................................................................................270<<strong>br</strong> />

14.3 Propagação de uma onda plana num meio anisotrópico....................................272<<strong>br</strong> />

14.4 Superfície normal...............................................................................................275<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................280<<strong>br</strong> />

Problemas............................................................................................................280<<strong>br</strong> />

15. Guiamento da luz<<strong>br</strong> />

15.1 Guias de ondas metálicos...................................................................................281<<strong>br</strong> />

15.2 Guias de ondas dielétricos..................................................................................289<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................294<<strong>br</strong> />

Problemas............................................................................................................294<<strong>br</strong> />

16. <strong>Óptica</strong> não linear<<strong>br</strong> />

16.1 Introdução..........................................................................................................295<<strong>br</strong> />

16.2 Modelo do oscilador não harmônico..................................................................296<<strong>br</strong> />

16.3 Aproximação da variação lenta da amplitude....................................................298<<strong>br</strong> />

16.4 Geração de soma de freqüências........................................................................301<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................306<<strong>br</strong> />

Problemas............................................................................................................306<<strong>br</strong> />

v


vi<<strong>br</strong> />

16. Demonstrações<<strong>br</strong> />

16.1 <strong>Óptica</strong> geométrica..............................................................................................297<<strong>br</strong> />

16.2 Ondas eletromagnéticas.....................................................................................302<<strong>br</strong> />

16.3 Polarização das ondas eletromagnéticas............................................................306<<strong>br</strong> />

16.4 Interferência.......................................................................................................313<<strong>br</strong> />

Bibliografia.........................................................................................................323


Uma visão histórica 1<<strong>br</strong> />

Uma visão<<strong>br</strong> />

histórica<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1.1 Considerações preliminares<<strong>br</strong> />

A área de óptica é um campo de estudos fascinante. De maneira<<strong>br</strong> />

simplificada, podemos dizer que ela é o ramo da Física que estuda a<<strong>br</strong> />

propagação da luz e sua interação com a matéria. Em muitas áreas da<<strong>br</strong> />

ciência e tecnologia, o entendimento de determinados conceitos pode ser<<strong>br</strong> />

difícil porque seus efeitos não são facilmente visualizados. Na óptica,<<strong>br</strong> />

entretanto, o simples uso de um laser permite a visualização de um dado<<strong>br</strong> />

efeito como função de vários parâmetros, facilitando o aprendizado. Isto<<strong>br</strong> />

se deve principalmente à coerência, monocromaticidade e colimação da<<strong>br</strong> />

luz proveniente deste instrumento, que permitem a observação de<<strong>br</strong> />

fenômenos tais como interferência e difração, nos quais a natureza<<strong>br</strong> />

ondulatória da luz se manifesta claramente. Entretanto, para se chegar ao<<strong>br</strong> />

desenvolvimento deste dispositivo, e de vários outros que são importantes<<strong>br</strong> />

no nosso cotidiano, um longo caminho foi percorrido e este percurso<<strong>br</strong> />

gerou um histórico bastante rico. Alguns aspectos que merecem destaque<<strong>br</strong> />

estão ligados às idéias so<strong>br</strong>e a natureza da luz e aos caminhos paralelos<<strong>br</strong> />

que a óptica e o eletromagnetismo trilharam durante séculos. Para se<<strong>br</strong> />

entender um pouco estes fatos, faremos, no transcorrer desta seção, uma<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>eve revisão histórica do desenvolvimento dos conceitos principais<<strong>br</strong> />

ligados à óptica.<<strong>br</strong> />

Um outro fato importante para o qual deve-se chamar a atenção<<strong>br</strong> />

refere-se à analogia existente entre a óptica física e a mecânica quântica.<<strong>br</strong> />

No estado estacionário, ambas são descritas pela mesma equação de ondas<<strong>br</strong> />

e assim, vários fenômenos que se observa num laboratório de óptica<<strong>br</strong> />

podem ser usados para um melhor entendimento da mecânica quântica.<<strong>br</strong> />

Apenas como exemplo, o princípio da incerteza de Heisenberg pode ser<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


2 Uma visão histórica<<strong>br</strong> />

verificado num experimento de difração de luz por uma fenda, como<<strong>br</strong> />

veremos no Cap. 8. Similarmente, outros fenômenos nos quais a matéria<<strong>br</strong> />

comporta-se de forma ondulatória encontra seu análogo na óptica física.<<strong>br</strong> />

Desta forma, o aprendizado da mecânica quântica torna-se mais simples<<strong>br</strong> />

com o auxílio da óptica.<<strong>br</strong> />

1.2 Desenvolvimentos iniciais<<strong>br</strong> />

Antes do século XVII existia pouco embasamento teórico para os<<strong>br</strong> />

fenômenos ópticos observados. Eram conhecidos alguns elementos tais<<strong>br</strong> />

como lentes e espelhos, mas a teoria descrevendo seu princípio de<<strong>br</strong> />

funcionamento não estava sedimentada. A primeira grande evolução da<<strong>br</strong> />

óptica ocorreu durante o século XVII, quando houve um desenvolvimento<<strong>br</strong> />

significativo da sua formulação matemática, possibilitando a explicação<<strong>br</strong> />

dos fenômenos observados até então. Nas duas primeiras décadas foram<<strong>br</strong> />

introduzidos os sistemas ópticos que combinam duas lentes. O primeiro<<strong>br</strong> />

deles, o telescópio refrativo, foi patenteado em 1608 por Hans Lippershey<<strong>br</strong> />

(1587-1619), um holandês fa<strong>br</strong>icante de óculos. Seu dispositivo utilizava<<strong>br</strong> />

uma ocular côncava, conforme esquematizado na Fig. 1.1. Ouvindo falar<<strong>br</strong> />

desta invenção, Galileo Galilei (1564-1642) construiu seu próprio<<strong>br</strong> />

telescópio e em 1610 desco<strong>br</strong>iu as luas de Júpiter, os anéis de Saturno e a<<strong>br</strong> />

rotação do Sol. Estas descobertas popularizaram este instrumento óptico e<<strong>br</strong> />

a configuração que utiliza a ocular côncava leva hoje o nome de<<strong>br</strong> />

telescópio Galileano. O telescópio com ocular convexa, também mostrado<<strong>br</strong> />

na Fig. 1.1, foi introduzido por Johannes Kepler (1571-1630), que o<<strong>br</strong> />

utilizou para fazer importantes observações astronômicas, que se tornaram<<strong>br</strong> />

conhecidas como as leis de Kepler. O telescópio Kepleriano tornou-se<<strong>br</strong> />

mais difundido por possibilitar maior tolerância na acomodação visual.<<strong>br</strong> />

telescópio Galileano<<strong>br</strong> />

(ocular côncava)<<strong>br</strong> />

telescópio Kepleriano<<strong>br</strong> />

(ocular convexa)<<strong>br</strong> />

Fig. 1.1 - Tipos de telescópios refrativos.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Uma visão histórica 3<<strong>br</strong> />

O segundo tipo de sistema óptico que combina duas lentes é o<<strong>br</strong> />

microscópio. Ele foi inventado provavelmente pelo holandês Zacharias<<strong>br</strong> />

Janssen (1588-1632) por volta de 1609, na versão possuindo ocular<<strong>br</strong> />

côncava. É interessante notar que a invenção deste instrumento ocorreu<<strong>br</strong> />

praticamente ao mesmo tempo que a do telescópio. O microscópio com<<strong>br</strong> />

ocular convexa foi introduzido logo a seguir por Francisco Fontana<<strong>br</strong> />

(1580-1656).<<strong>br</strong> />

Além do desenvolvimento tecnológico destes instrumentos<<strong>br</strong> />

refrativos de duas lentes, começou-se neste período a elaboração da<<strong>br</strong> />

formulação matemática que permite o cálculo da propagação dos raios.<<strong>br</strong> />

Em seu livro Dioptrice, de 1611, Kepler apresenta a lei de refração para<<strong>br</strong> />

pequenos ângulos, estabelecendo que os ângulos de incidência e refração<<strong>br</strong> />

são proporcionais. Esta aproximação, chamada de paraxial, possibilitou o<<strong>br</strong> />

tratamento matemático de sistemas ópticos simples, compostos de lentes<<strong>br</strong> />

finas. Neste mesmo trabalho, ele introduz de forma pioneira o conceito de<<strong>br</strong> />

reflexão total interna. Apesar deste sucesso inicial, podemos dizer que a<<strong>br</strong> />

maior contribuição para o desenvolvimento da óptica nesta primeira<<strong>br</strong> />

metade do século XVII deveu-se a Wille<strong>br</strong>ord Snell (1591-1626), que em<<strong>br</strong> />

1621 introduziu a lei da refração (lei dos senos). O conhecimento desta lei<<strong>br</strong> />

deu origem à óptica aplicada moderna, permitindo o cálculo de sistemas<<strong>br</strong> />

ópticos mais complexos, não tratáveis pela aproximação paraxial<<strong>br</strong> />

introduzida por Kepler. A lei de Snell foi deduzida pela primeira vez em<<strong>br</strong> />

1637, por René Descartes (1596-1650), que lançou mão de uma<<strong>br</strong> />

formulação matemática baseada em ondas de pressão num meio elástico.<<strong>br</strong> />

Aparentemente, esta foi a primeira vez em que a luz foi tratada como<<strong>br</strong> />

onda.<<strong>br</strong> />

Uma outra dedução interessante da lei de Snell foi realizada por<<strong>br</strong> />

Pierre de Fermat (1601-1665) em 1657, utilizando o princípio do tempo<<strong>br</strong> />

mínimo. Anteriormente a Fermat, Heron, de Alexandria, havia<<strong>br</strong> />

introduzido o princípio da menor distância, que previa que os raios<<strong>br</strong> />

andariam sempre em linha reta, que é a menor distância entre dois pontos.<<strong>br</strong> />

Com o princípio de Fermat, existe a possibilidade do raio executar uma<<strong>br</strong> />

trajetória curva se o meio não for homogêneo. Abordaremos este ponto<<strong>br</strong> />

com maiores detalhes no próximo capítulo, apresentando inclusive outras<<strong>br</strong> />

formulações matemáticas além daquela baseada no princípio de Fermat.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


4 Uma visão histórica<<strong>br</strong> />

1.3 <strong>Óptica</strong> ondulatória versus corpuscular<<strong>br</strong> />

Na segunda metade do século XVII, descobertas interessantes<<strong>br</strong> />

foram realizadas e novos conceitos foram introduzidos. O fenômeno de<<strong>br</strong> />

difração foi descoberto por Francesco Maria Grimaldi (1618-1663),<<strong>br</strong> />

através da observação de bandas de luz na som<strong>br</strong>a de um bastão iluminado<<strong>br</strong> />

por uma pequena fonte. Em seguida, Robert Hooke (1635-1703) refez os<<strong>br</strong> />

experimentos de Grimaldi so<strong>br</strong>e difração e observou padrões coloridos de<<strong>br</strong> />

interferência em filmes finos. Ele concluiu, corretamente, que o fenômeno<<strong>br</strong> />

observado devia-se à interação entre a luz refletida nas duas superfícies do<<strong>br</strong> />

filme e propôs que a luz originava-se de um movimento ondulatório<<strong>br</strong> />

rápido no meio, propagando-se a uma velocidade muito grande. Surgiam<<strong>br</strong> />

assim as primeiras idéias da teoria ondulatória, ligadas às observações de<<strong>br</strong> />

difração e interferência que eram conhecidas no caso das ondas so<strong>br</strong>e uma<<strong>br</strong> />

superfície de águas calmas.<<strong>br</strong> />

Contribuições relevantes para a óptica foram feitas por Isaac<<strong>br</strong> />

Newton (1642-1727). Em 1665 ele realizou experimentos de dispersão<<strong>br</strong> />

num prisma, que o levou à conclusão da composição espectral da luz<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>anca. Também introduziu a teoria corpuscular que afirmava que “a luz é<<strong>br</strong> />

composta de corpos muito pequenos, emitidos por substâncias<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilhantes”. Esta sua afirmação foi provavelmente baseada no fato de que<<strong>br</strong> />

raios de luz se propagam em linhas retas num meio homogêneo e daí a<<strong>br</strong> />

analogia com o movimento retilíneo que uma partícula descreve quando<<strong>br</strong> />

não existe força agindo so<strong>br</strong>e ela. A teoria corpuscular explicava, por<<strong>br</strong> />

exemplo, a formação de som<strong>br</strong>as, de imagens geradas por uma lente, etc..<<strong>br</strong> />

Nesta época Newton aceitava as duas teorias, tanto a corpuscular como a<<strong>br</strong> />

ondulatória. A dispersão de luz por um prisma era explicada por ele com<<strong>br</strong> />

sendo devida à excitação de ondas no meio, por corpúsculos de luz; cada<<strong>br</strong> />

cor correspondia a um modo normal de vi<strong>br</strong>ação, sendo que a sensação de<<strong>br</strong> />

vermelho correspondia às vi<strong>br</strong>ações mais longas, enquanto que o violeta,<<strong>br</strong> />

às mais curtas. Com o passar do tempo, Newton inclinou-se para a teoria<<strong>br</strong> />

corpuscular, provavelmente devido à dificuldade de se explicar a<<strong>br</strong> />

propagação retilínea da luz através de ondas que se estendiam em todas as<<strong>br</strong> />

direções. Newton também introduziu o telescópio por reflexão em 1668,<<strong>br</strong> />

para contornar os problemas de aberração cromática existentes nos<<strong>br</strong> />

telescópios por refração. Ele acreditava que estas aberrações presentes nas<<strong>br</strong> />

lentes jamais poderiam ser evitadas, o que se provou não ser verdade com<<strong>br</strong> />

a introdução do dubleto acromático no século XVIII.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Uma visão histórica 5<<strong>br</strong> />

Christiaan Huygens (1629-1695), contemporâneo de Newton,<<strong>br</strong> />

inclinava-se para a interpretação ondulatória da natureza da luz. Esta<<strong>br</strong> />

concepção explicava certos fenômenos, como por exemplo, a interferência<<strong>br</strong> />

e a difração dos raios de luz. Ele estendeu a teoria ondulatória com a<<strong>br</strong> />

introdução do conceito das ondas secundárias (princípio de Huygens),<<strong>br</strong> />

com as quais deduziu as leis da reflexão e refração. Fez ainda várias<<strong>br</strong> />

outras contribuições importantes, como por exemplo, estabelecendo que a<<strong>br</strong> />

velocidade de propagação da luz variava inversamente com uma<<strong>br</strong> />

propriedade do material, denominada índice de refração (v ∝ 1/n). A dupla<<strong>br</strong> />

refração da calcita também foi descoberta por ele.<<strong>br</strong> />

Independente da natureza corpuscular ou ondulatória da luz, um<<strong>br</strong> />

dado importante a ser obtido era sua velocidade de propagação. Muitos<<strong>br</strong> />

acreditavam que ela se propagava instantaneamente, com velocidade<<strong>br</strong> />

infinita. Porém, em 1676, Dane Ole Christensen Römer (1644-1710)<<strong>br</strong> />

sugeriu a medida da velocidade da luz pela verificação do intervalo entre<<strong>br</strong> />

eclipses da lua Io, de Júpiter, que se move praticamente no mesmo plano<<strong>br</strong> />

que este planeta se move em torno do Sol. A realização destas medidas,<<strong>br</strong> />

baseadas no princípio mostrado na Fig. 1.2, demonstrou que embora<<strong>br</strong> />

muito grande, a velocidade da luz é finita. Observando-se o diâmetro<<strong>br</strong> />

aparente de Júpiter, era possível saber como a distância deste à Terra, r(t),<<strong>br</strong> />

mudava com o tempo. Como o intervalo entre duas eclipses consecutivas<<strong>br</strong> />

variava com o tempo, associou-se esta variação à velocidade de<<strong>br</strong> />

propagação finita da luz, de acordo com Δτ = Δr/c, de onde se obteve c ≈<<strong>br</strong> />

2.3x10 8 m/s.<<strong>br</strong> />

Io<<strong>br</strong> />

r (t)<<strong>br</strong> />

Órbita da Terra<<strong>br</strong> />

Órbita de Júpiter<<strong>br</strong> />

Fig. 1.2 - Medida da velocidade da luz realizada por Römer. As linhas<<strong>br</strong> />

pontilhadas definem o ângulo de visão de Júpiter por um observador<<strong>br</strong> />

na Terra.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


6 Uma visão histórica<<strong>br</strong> />

Ao final do século XVII, ambas as teorias (corpuscular e<<strong>br</strong> />

ondulatória) eram aceitas. Durante o século XVIII acabou prevalecendo a<<strong>br</strong> />

teoria corpuscular, principalmente devido ao grande peso científico de<<strong>br</strong> />

Newton, que havia se inclinado na direção desta. Não houve grandes<<strong>br</strong> />

avanços da óptica naquele século, exceto pela construção do dubleto<<strong>br</strong> />

acromático em 1758, por John Dollond (1706-1761).<<strong>br</strong> />

1.4 Ressurgimento da teoria ondulatória<<strong>br</strong> />

O início do século XIX presenciou o ressurgimento da teoria<<strong>br</strong> />

ondulatória. Entre 1801 e 1803, Thomas Young (1773-1829) propôs o<<strong>br</strong> />

princípio da superposição e com ele explicou o fenômeno de interferência<<strong>br</strong> />

em filmes finos. Devido ao peso científico de Newton e suas idéias so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a teoria corpuscular, Young foi bastante criticado pela comunidade<<strong>br</strong> />

científica inglesa devido a estes trabalhos. Desconhecendo os avanços<<strong>br</strong> />

realizados por Young, já que a difusão de conhecimentos era lenta naquela<<strong>br</strong> />

época, Augustin Jean Fresnel (1788-1827) propôs, 13 anos mais tarde,<<strong>br</strong> />

uma formulação matemática dos princípios de Huygens e da interferência.<<strong>br</strong> />

Na sua concepção, a propagação de uma onda primária era vista como<<strong>br</strong> />

uma sucessão de ondas esféricas secundárias que interferiam para refazer<<strong>br</strong> />

a onda primária num instante subsequente. Esta proposição, chamada de<<strong>br</strong> />

princípio de Huygens-Fresnel, também recebeu muitas críticas da<<strong>br</strong> />

comunidade científica francesa, principalmente por parte de Laplace e<<strong>br</strong> />

Biot. Entretanto, do ponto de vista matemático, a teoria de Fresnel<<strong>br</strong> />

explicava uma série de fenômenos, tais como os padrões de difração<<strong>br</strong> />

produzidos por vários tipos de obstáculos e a propagação retilínea em<<strong>br</strong> />

meios isotrópicos, que era a principal objeção que Newton fazia à teoria<<strong>br</strong> />

ondulatória na época. Pouco tempo depois, Gustav Robert Kirchhoff<<strong>br</strong> />

(1824-1887) mostrou que o princípio de Huygens-Fresnel era<<strong>br</strong> />

conseqüência direta da equação de ondas e estabeleceu uma formulação<<strong>br</strong> />

rigorosa para o fenômeno de difração, como veremos no Cap. 8. Ao saber<<strong>br</strong> />

que a idéia original do princípio da superposição devia-se a Young,<<strong>br</strong> />

Fresnel ficou decepcionado, porém os dois acabaram tornando-se amigos<<strong>br</strong> />

e eventuais colaboradores. Fresnel também colaborou com Dominique<<strong>br</strong> />

François Jean Arago (1786-1853), principalmente em assuntos ligados à<<strong>br</strong> />

polarização da luz.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Uma visão histórica 7<<strong>br</strong> />

Nos primórdios da teoria ondulatória, pensava-se que a luz era<<strong>br</strong> />

uma onda longitudinal, similar à uma onda sonora propagando-se num<<strong>br</strong> />

meio tênue, porém com alta constante elástica, chamado éter. Tal meio<<strong>br</strong> />

precisava ser suficientemente tênue para não perturbar o movimento dos<<strong>br</strong> />

corpos e a constante de mola deveria ser elevada para sustentar as<<strong>br</strong> />

oscilações de alta frequência da luz. Por outro lado, a dupla refração da<<strong>br</strong> />

calcita já havia sido observada por Huygens, que notou que a luz tem<<strong>br</strong> />

“dois lados opostos”, atribuídos à presença do meio cristalino.<<strong>br</strong> />

Posteriormente, Étienne Louis Malus (1775-1812) observou que os “dois<<strong>br</strong> />

lados opostos” também se manifestavam na reflexão e que não eram<<strong>br</strong> />

inerentes a um meio cristalino, mas sim, uma propriedade intrínseca da<<strong>br</strong> />

luz. Fresnel e Arago realizaram uma série de experimentos visando<<strong>br</strong> />

observar seu efeito no processo de interferência, mas os resultados não<<strong>br</strong> />

podiam ser explicados com o conceito de onda longitudinal aceito até<<strong>br</strong> />

então. Por vários anos, Fresnel, Arago e Young tentaram explicar os<<strong>br</strong> />

resultados observados, até que finalmente Young propôs que a luz era na<<strong>br</strong> />

verdade composta por ondas transversais (duas polarizações), como as que<<strong>br</strong> />

existem numa corda. A partir daí, Fresnel utilizou um modelo mecanicista<<strong>br</strong> />

de propagação de ondas transversais para deduzir suas famosas equações<<strong>br</strong> />

de reflexão e transmissão numa interface dielétrica, para as duas<<strong>br</strong> />

polarizações. Esta dedução está apresentada no Cap. 5.<<strong>br</strong> />

Em 1825, a teoria ondulatória já era bastante aceita enquanto que<<strong>br</strong> />

a teoria corpuscular tinha poucos defensores. Até meados do século,<<strong>br</strong> />

foram realizadas várias medidas terrestres da velocidade da luz. Em 1849,<<strong>br</strong> />

Armand Hippolyte Louis Fizeau (1819-1896) utilizou uma roda dentada<<strong>br</strong> />

rotatória (chopper) para gerar pulsos de luz e um espelho distante que<<strong>br</strong> />

refletia os raios de volta para a roda. Variando a velocidade angular desta,<<strong>br</strong> />

variava-se o período entre duas aberturas consecutivas e era possível fazer<<strong>br</strong> />

com que os pulsos passassem ou fossem bloqueados pela roda. A partir<<strong>br</strong> />

das equações do movimento retilíneo uniforme, Fizeau determinou a<<strong>br</strong> />

velocidade da luz como sendo 315.300 km/s. Outro conjunto de medidas<<strong>br</strong> />

visando a determinação da velocidade da luz foi realizado por Jean<<strong>br</strong> />

Bernard Léon Foucault (1819-1868), com a utilização de um espelho<<strong>br</strong> />

rotatório desenvolvido em 1834 por Charles Wheastone (da ponte de<<strong>br</strong> />

Wheastone) para a medida da duração de uma descarga elétrica. Arago<<strong>br</strong> />

havia proposto o uso deste dispositivo para a determinação da velocidade<<strong>br</strong> />

da luz em meios densos, mas não conseguiu realizar o experimento.<<strong>br</strong> />

Entretanto, Foucault logrou êxito nesta tarefa e em 1850 verificou que a<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


8 Uma visão histórica<<strong>br</strong> />

velocidade de propagação da luz na água era menor que no ar. Isto era<<strong>br</strong> />

contrário ao previsto pela teoria corpuscular de Newton e reforçou ainda<<strong>br</strong> />

mais a teoria ondulatória.<<strong>br</strong> />

1.5 Ondas eletromagnéticas e luz<<strong>br</strong> />

Enquanto isso, a eletricidade e o magnetismo desenvolviam-se<<strong>br</strong> />

paralelamente à óptica. Em 1845 foi feita a primeira ligação entre o<<strong>br</strong> />

magnetismo e a luz por Michael Faraday (1791-1867). O efeito Faraday,<<strong>br</strong> />

que veremos com detalhes no Cap. 5, consiste na rotação da polarização<<strong>br</strong> />

da luz quando esta passa por certos tipos de materiais submetidos a<<strong>br</strong> />

campos magnéticos intensos. Entretanto, o relacionamento completo entre<<strong>br</strong> />

a óptica e o eletromagnetismo só foi estabelecido por James Clerk<<strong>br</strong> />

Maxwell (1831-1879). Inicialmente ele introduziu a corrente de<<strong>br</strong> />

deslocamento e re-escreveu, numa forma diferencial, as equações<<strong>br</strong> />

empíricas existentes na época. As expressões resultantes, hoje conhecidas<<strong>br</strong> />

como equações de Maxwell, foram combinadas e geraram uma equação<<strong>br</strong> />

de ondas para o campo eletromagnético, cuja velocidade de propagação<<strong>br</strong> />

dependia das grandezas μ 0 e ε0 (c = 1/ ε 0μ<<strong>br</strong> />

), que podiam ser<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

determinadas com medidas de capacitância e indutância.<<strong>br</strong> />

Surpreendentemente, o valor obtido era numericamente igual à velocidade<<strong>br</strong> />

da luz, já bem determinada experimentalmente. Com isto concluiu-se que<<strong>br</strong> />

a luz era uma onda transversal, de natureza eletromagnética. Esta<<strong>br</strong> />

descoberta foi ratificada pelo trabalho de Heinrich Rudolf Hertz (1857-<<strong>br</strong> />

1894), que em 1888 produziu e detectou ondas longas através de uma<<strong>br</strong> />

antena. Nós hoje sabemos que a luz visível é uma forma de onda<<strong>br</strong> />

eletromagnética, mas com comprimento de onda restrito ao intervalo que<<strong>br</strong> />

vai de 4 x 10<<strong>br</strong> />

-5 -5<<strong>br</strong> />

cm a 7.2 x 10 cm, como mostra a Fig. 1.3.<<strong>br</strong> />

A intuição na época é que para uma onda se propagar era<<strong>br</strong> />

necessária a existência de algum meio que a suportasse, no caso, o éter.<<strong>br</strong> />

Assim, grande parte dos esforços subsequentes foram na direção de se<<strong>br</strong> />

determinar a natureza física e as propriedades do éter. Uma das questões<<strong>br</strong> />

relevantes na época era se o éter estava ou não em repouso. A origem<<strong>br</strong> />

desta questão estava ligada à observação da aberração estelar, realizada<<strong>br</strong> />

em 1725 por James Bradley (1693-1762). Neste fenômeno, ocorre um<<strong>br</strong> />

desvio da luz das estrelas devido ao movimento de translação da Terra em<<strong>br</strong> />

torno do Sol. Ele podia ser explicado facilmente pela teoria corpuscular;<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Uma visão histórica 9<<strong>br</strong> />

neste caso, seria equivalente à inclinação da trajetória de gotas de chuva<<strong>br</strong> />

que um observador localizado num trem em movimento observa, mesmo<<strong>br</strong> />

que elas estejam caindo na vertical para um observador em repouso. Podia<<strong>br</strong> />

também ser explicado pela teoria ondulatória, desde que se considerasse o<<strong>br</strong> />

éter em repouso e a Terra passando sem perturbações por ele. Com esta<<strong>br</strong> />

motivação, iniciou-se uma série de estudos para a determinação do estado<<strong>br</strong> />

de movimento do éter.<<strong>br</strong> />

λ (Å)<<strong>br</strong> />

10 7<<strong>br</strong> />

10 6<<strong>br</strong> />

10 5<<strong>br</strong> />

10 4<<strong>br</strong> />

10 3<<strong>br</strong> />

10 2<<strong>br</strong> />

10 1<<strong>br</strong> />

10 0<<strong>br</strong> />

10 -1<<strong>br</strong> />

Microondas e<<strong>br</strong> />

ondas de rádio<<strong>br</strong> />

Infravermelho<<strong>br</strong> />

Visível<<strong>br</strong> />

Ultravioleta<<strong>br</strong> />

Raios X<<strong>br</strong> />

Raios γ<<strong>br</strong> />

Fig.1.3 - O espectro eletromagnético (1 Å = 10 -8 cm).<<strong>br</strong> />

Arago realizou experimentos mostrando que fontes de luz<<strong>br</strong> />

terrestres e extra-terrestres tinham o mesmo comportamento, como se a<<strong>br</strong> />

Terra estivesse em repouso com relação ao éter. Para explicar estes<<strong>br</strong> />

resultados, Fresnel sugeriu que a luz era parcialmente arrastada pelo éter,<<strong>br</strong> />

conforme a Terra passasse por ele. Esta hipótese de arrastamento de<<strong>br</strong> />

Fresnel era aparentemente confirmada por experimentos feitos por Fizeau,<<strong>br</strong> />

com a passagem de luz por colunas cheias de água em movimento e por<<strong>br</strong> />

George Biddell Airy (1801-1892), que em 1871 usou um telescópio cheio<<strong>br</strong> />

de água para observar a aberração estelar. Supondo que o éter estava em<<strong>br</strong> />

repouso absoluto, Hendrik Antoon Lorentz (1853-1928) desenvolveu uma<<strong>br</strong> />

teoria englobando as idéias de Fresnel, e que resultou nas conhecidas<<strong>br</strong> />

fórmulas de Lorentz.<<strong>br</strong> />

Maxwell sugeriu em 1879, ano de sua morte, um esquema para se<<strong>br</strong> />

determinar a velocidade com que o sistema solar se movia com relação ao<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


10 Uma visão histórica<<strong>br</strong> />

éter. O físico americano Albert A<strong>br</strong>aham Michelson (1852-1931), na<<strong>br</strong> />

época com 26 anos, decidiu realizar o experimento proposto por Maxwell<<strong>br</strong> />

e esquematizado na Fig. 1.4. A montagem experimental faz uso de um<<strong>br</strong> />

interferômetro de dois feixes, hoje conhecido como interferômetro de<<strong>br</strong> />

Michelson, que será discutido no Cap. 6. A luz proveniente de uma fonte é<<strong>br</strong> />

dividida por um espelho semi-transparente (divisor de feixes), é refletida<<strong>br</strong> />

por dois espelhos e retorna ao divisor de feixes. Parte da luz chega ao<<strong>br</strong> />

observador e parte retorna à fonte (Fig. 1.4 (a)). Se a Terra estiver<<strong>br</strong> />

andando para a direita com velocidade v e o éter estacionário, os feixes<<strong>br</strong> />

horizontal e vertical levarão tempos diferentes para chegar ao observador.<<strong>br</strong> />

De acordo com a Fig. 1.4 (b), estes tempos são:<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2cd<<strong>br</strong> />

(1.1)<<strong>br</strong> />

c − v c + v<<strong>br</strong> />

h 2 2<<strong>br</strong> />

c − v<<strong>br</strong> />

onde c é a velocidade da luz e d é a distância do divisor de feixes ao<<strong>br</strong> />

espelho. O primeiro termo representa o tempo que a luz demora a ir do<<strong>br</strong> />

divisor de feixes até o espelho da direita e o segundo é o tempo de volta.<<strong>br</strong> />

Para o feixe vertical temos:<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

v t<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

(1.2)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

de onde se obtém t = 2d<<strong>br</strong> />

/ c −v<<strong>br</strong> />

, de forma que a diferença de tempos<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

entre os dois caminhos é dada por:<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ c 1 ⎟ dv<<strong>br</strong> />

Δ t = t h − t v = 2d<<strong>br</strong> />

⎜ − ⎟ ≈<<strong>br</strong> />

⎜ 2 2 2 2 3<<strong>br</strong> />

c −v<<strong>br</strong> />

c −v<<strong>br</strong> />

⎟ c<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

que corresponde a uma diferença de fase:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(1.3)<<strong>br</strong> />

2πc<<strong>br</strong> />

2πd<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ ⎞<<strong>br</strong> />

Δ φ = ωΔt<<strong>br</strong> />

= Δt<<strong>br</strong> />

≈ ⎜ ⎟ (1.4)<<strong>br</strong> />

λ λ ⎝ c ⎠<<strong>br</strong> />

onde λ é o comprimento de onda da luz. Como as velocidades da luz e da<<strong>br</strong> />

Terra eram conhecidas, esperava-se medir uma variação de pelos menos<<strong>br</strong> />

1/3 de franja de interferência quando o interferômetro fosse rodado 90 0<<strong>br</strong> />

com relação à geometria da Fig. 1.4. Entretanto não foi observada<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Uma visão histórica 11<<strong>br</strong> />

nenhuma variação e em 1881 Michelson publicou os resultados provando<<strong>br</strong> />

que a Terra estava em repouso com relação ao éter. Estes experimentos<<strong>br</strong> />

foram refeitos com maior precisão em 1887, com a participação de<<strong>br</strong> />

Edward Williams Morley (1838-1923), e novamente obteve-se um<<strong>br</strong> />

resultado nulo. Fitzgerald e Lorentz tentaram explicar o resultado nulo do<<strong>br</strong> />

experimento de Michelson e Morley admitindo que um corpo se contrai<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

na direção de seu movimento através do éter, na razão 1− v / c . Este<<strong>br</strong> />

encurtamento, conhecido como contração de Fitzgerald–Lorentz, igualaria<<strong>br</strong> />

os dois caminhos ópticos de tal maneira que não haveria qualquer<<strong>br</strong> />

deslocamento de franja. Entretanto, esta explicação ad hoc não era muito<<strong>br</strong> />

satisfatória, pois esta contração não era passível de medição, já que<<strong>br</strong> />

qualquer aparelho se contrairia junto com o objeto a ser medido.<<strong>br</strong> />

fonte<<strong>br</strong> />

fonte<<strong>br</strong> />

observador<<strong>br</strong> />

observador<<strong>br</strong> />

espelho<<strong>br</strong> />

espelho<<strong>br</strong> />

espelho<<strong>br</strong> />

espelho<<strong>br</strong> />

Fig. 1.4 - Diagrama simplificado do experimento de Michelson-Morley: (a)<<strong>br</strong> />

interferômetro e (b) caminhos ópticos.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

(b)


12 Uma visão histórica<<strong>br</strong> />

1.6 A relatividade restrita<<strong>br</strong> />

A observação da aberração estelar não poderia ser explicada pela<<strong>br</strong> />

postulação de um éter em repouso com relação à Terra. Os resultados<<strong>br</strong> />

obtidos por Michelson e Morley eram contrários a esta possibilidade e a<<strong>br</strong> />

explicação de Fitzgerald–Lorentz não era convincente. Poder-se-ia admitir<<strong>br</strong> />

o caráter corpuscular da luz e o efeito da aberração estaria explicado.<<strong>br</strong> />

Entretanto, a teoria ondulatória já estava bem estabelecida e praticamente<<strong>br</strong> />

não foi questionada. Como explicar então o fenômeno da aberração<<strong>br</strong> />

estelar?<<strong>br</strong> />

Já em 1900, Jules Henri Poincaré (1854-1912), baseado no<<strong>br</strong> />

experimento de Michelson e Morley questionava a necessidade da<<strong>br</strong> />

existência do éter. Porém, apenas em 1905, quando Albert Einstein (1879-<<strong>br</strong> />

1955) introduziu a teoria da relatividade restrita, foi possível a explicação<<strong>br</strong> />

da aberração estelar sem a necessidade de se postular a existência do éter.<<strong>br</strong> />

Como veremos no Cap. 6, com dois postulados simples, as transformações<<strong>br</strong> />

de Lorentz, e o uso do produto escalar de quadrivetores, é fácil obter-se os<<strong>br</strong> />

efeitos Doppler longitudinal e transversal, bem como explicar os<<strong>br</strong> />

fenômeno de aberração estelar e da velocidade de arraste de Fizeau. Com<<strong>br</strong> />

isto chega-se à conclusão que a onda eletromagnética existe por si só, sem<<strong>br</strong> />

a necessidade de um meio para se propagar.<<strong>br</strong> />

Em 1905, Einstein também realizou seu famoso trabalho so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

efeito fotoelétrico, que lhe rendeu o prêmio Nobel de 1921. O<<strong>br</strong> />

desenvolvimento da relatividade restrita havia dispensado a necessidade<<strong>br</strong> />

do éter e favorecia o conceito ondulatório da luz. Paradoxalmente, no<<strong>br</strong> />

efeito fotoelétrico admitia-se a natureza corpuscular da luz, a mesma<<strong>br</strong> />

defendida por Newton. Atualmente, entende-se que a luz tem uma<<strong>br</strong> />

natureza dual porque, devido aos trabalhos de quantização do campo de<<strong>br</strong> />

radiação eletromagnética, mencionados na próxima seção, concluiu-se que<<strong>br</strong> />

as ondas eletromagnéticas são constituídas por partículas relativísticas,<<strong>br</strong> />

chamadas de fótons. Portanto, certos fenômenos, como interferência,<<strong>br</strong> />

podem ser descritos considerando-se o caráter ondulatório e outros<<strong>br</strong> />

fenômenos, como o efeito fotoelétrico, considerando-se o caráter de<<strong>br</strong> />

partícula.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Uma visão histórica 13<<strong>br</strong> />

1.7 A óptica quântica<<strong>br</strong> />

Em 1900, Max Karl Ernst Ludwig Planck (1858-1947) introduz o<<strong>br</strong> />

conceito de quanta para a explicação do espectro da radiação emitida por<<strong>br</strong> />

corpos aquecidos a uma dada temperatura T, como por exemplo, fornos de<<strong>br</strong> />

fundição. Surgiu então a idéia de que a radiação era absorvida pelos<<strong>br</strong> />

átomos da cavidade de forma discreta, o que deu origem à mecânica<<strong>br</strong> />

quântica. Foi introduzida a constante de Planck e a energia absorvida por<<strong>br</strong> />

átomos com frequência de ressonância ν como Eν = hν. Embora Planck<<strong>br</strong> />

tivesse quantizado os átomos da cavidade, foi Einstein, que com a<<strong>br</strong> />

explicação do efeito fotoelétrico, quantizou a onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

associando a ela uma partícula, que posteriormente foi denominada fóton.<<strong>br</strong> />

Com as idéias introduzidas por Niels Bohr e pelos cientistas da<<strong>br</strong> />

escola de Copenhagen, a mecânica quântica foi desenvolvida na sua quase<<strong>br</strong> />

totalidade até 1927. O trabalho de Schrödinger, que introduziu a função de<<strong>br</strong> />

onda na descrição de um sistema quântico, está fortemente baseada na<<strong>br</strong> />

analogia que existe entre a óptica geométrica e a mecânica clássica, que<<strong>br</strong> />

será revisada no próximo capítulo. Portanto, como já mencionamos, o<<strong>br</strong> />

entendimento dos fenômenos que ocorrem na óptica ondulatória auxilia<<strong>br</strong> />

bastante o aprendizado da mecânica quântica.<<strong>br</strong> />

De acordo com o que foi explanado acima, podemos dividir o<<strong>br</strong> />

estudo da óptica em três partes:<<strong>br</strong> />

a) óptica geométrica - trata-se a luz como raios que se propagam em linha<<strong>br</strong> />

reta nos meios homogêneos, de acordo com a descrição de Newton. Este<<strong>br</strong> />

tópico não será tratado neste texto, mas o leitor poderá encontrar material<<strong>br</strong> />

a este respeito na Ref. 1.3.<<strong>br</strong> />

b) óptica física - leva em conta a natureza ondulatória das ondas<<strong>br</strong> />

eletromagnéticas e como conseqüência, temos a aparição de fenômenos<<strong>br</strong> />

tais como interferência e difração. Esta parte da óptica está relacionada<<strong>br</strong> />

com o entendimento que Huygens tinha a respeito da natureza da luz, e<<strong>br</strong> />

será apresentada nos capítulos de 3 a 8.<<strong>br</strong> />

c) óptica quântica - nesta parte quantiza-se o campo eletromagnético,<<strong>br</strong> />

aparecendo assim o fóton. Com esta teoria podemos tratar da interação<<strong>br</strong> />

entre fótons e átomos e explicar detalhadamente o funcionamento do<<strong>br</strong> />

laser.<<strong>br</strong> />

Neste curso estaremos interessados principalmente em óptica<<strong>br</strong> />

física, embora façamos uma <strong>br</strong>eve revisão de óptica geométrica. Veremos,<<strong>br</strong> />

no Cap. 3, a origem da equação de ondas e sua solução para em seguida<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


14 Uma visão histórica<<strong>br</strong> />

abordarmos problemas ligados à polarização das ondas eletromagnéticas,<<strong>br</strong> />

tais como a geração de uma dada polarização e seu uso. Descrevemos<<strong>br</strong> />

vários dispositivos que geram ou alteram uma dada polarização. No<<strong>br</strong> />

capítulo subseqüente, analisaremos o fenômeno de interferência,<<strong>br</strong> />

discutindo vários tipos de interferômetros e suas <strong>aplicações</strong>. No Cap. 7,<<strong>br</strong> />

veremos um tópico importante para a obtenção de interferência, que é a<<strong>br</strong> />

coerência da fonte de luz utilizada. Também estudaremos a difração de luz<<strong>br</strong> />

e suas <strong>aplicações</strong> práticas, dentre as quais se destaca a rede de difração.<<strong>br</strong> />

Este curso certamente será mais bem aproveitado se for<<strong>br</strong> />

acompanhado com demonstrações dos vários tópicos abordados. Levando<<strong>br</strong> />

este fato em conta, incluímos no capítulo final, práticas demonstrativas<<strong>br</strong> />

que ilustram e complementam os assuntos apresentados.<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

1.1 E. Hecht, Optics, Addison-Wesley Publishing Company, 2 a edição,<<strong>br</strong> />

1987.<<strong>br</strong> />

1.2 G. R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt, Rinehart and<<strong>br</strong> />

Winston, Inc, 1968.<<strong>br</strong> />

1.3 S. C. Zilio, Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>, veja e-book no site:<<strong>br</strong> />

http://www.fotonica.if.sc.<strong>usp</strong>.<strong>br</strong>/ebook/e-book2.php<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 15<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> 2<<strong>br</strong> />

de raios<<strong>br</strong> />

2.1 Introdução<<strong>br</strong> />

Ao tratarmos o tópico óptica de raios, também conhecido como<<strong>br</strong> />

óptica geométrica, não levamos em consideração o caráter ondulatório da<<strong>br</strong> />

luz, nem sua polarização. Nestas condições, efeitos tais como difração e<<strong>br</strong> />

interferência não se evidenciam. Como veremos adiante, isto corresponde<<strong>br</strong> />

ao caso em que o comprimento de onda tende a zero (λ→0), que é<<strong>br</strong> />

análogo ao limite clássico que se obtém da mecânica quântica ao<<strong>br</strong> />

tomarmos h→0 . Este raciocínio foi utilizado por Schrödinger na obtenção<<strong>br</strong> />

da sua famosa equação, como mostraremos no final do capítulo.<<strong>br</strong> />

Entende-se como meio homogêneo aquele no qual o índice de<<strong>br</strong> />

refração não depende da posição, sendo, portanto constante. Note que o<<strong>br</strong> />

meio pode ser simultaneamente homogêneo e anisotrópico, caso comum<<strong>br</strong> />

em cristais, para os quais o índice de refração tem valores diferenciados<<strong>br</strong> />

para distintas direções de propagação da luz. Já no meio não homogêneo,<<strong>br</strong> />

o índice de refração é dependente da posição, em geral devido às<<strong>br</strong> />

flutuações de densidade, temperatura ou composição química do material.<<strong>br</strong> />

Este capítulo inicia-se com uma <strong>br</strong>eve exposição das propriedades<<strong>br</strong> />

de propagação de raios em meios homogêneos, com ênfase na sua<<strong>br</strong> />

refração ao atingir uma interface dielétrica plana. Este é um tópico que<<strong>br</strong> />

será revisto no Cap. 5, depois que abordarmos os conceitos de polarização<<strong>br</strong> />

da luz e condições de contorno do campo eletromagnético, necessárias à<<strong>br</strong> />

dedução das equações de Fresnel. Em seguida, trataremos de uma situação<<strong>br</strong> />

bem mais interessante, a propagação de luz em meios não homogêneos.<<strong>br</strong> />

Mostraremos que os raios de luz podem descrever uma trajetória curva,<<strong>br</strong> />

diferentemente dos meios homogêneos, nos quais a propagação é retilínea.<<strong>br</strong> />

Serão apresentados quatro tratamentos teóricos para este tipo de problema.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


16 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

Em particular, faremos, no final do capítulo, uma analogia entre a<<strong>br</strong> />

mecânica clássica e a óptica geométrica. Esta analogia será importante<<strong>br</strong> />

para a obtenção da equação de Schrödinger.<<strong>br</strong> />

2.2 Propagação de luz em meios homogêneos<<strong>br</strong> />

Os trabalhos realizados até a primeira metade do século XVII<<strong>br</strong> />

estabeleceram que um raio de luz que se propaga obedece aos seguintes<<strong>br</strong> />

princípios: a) nos meios homogêneos a propagação é retilínea e b) quando<<strong>br</strong> />

um raio (raio 1) atinge a interface que separa dois meios distintos temos<<strong>br</strong> />

uma fração refletida (raio 2) e outra refratada (raio 3), conforme mostra a<<strong>br</strong> />

Fig. 2.1.<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

φφ’<<strong>br</strong> />

’<<strong>br</strong> />

φ<<strong>br</strong> />

n n’<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

φ”<<strong>br</strong> />

normal<<strong>br</strong> />

Fig. 2.1 - Reflexão e refração de um raio luminoso numa interface dielétrica.<<strong>br</strong> />

Como discutido por Huygens, cada meio é caracterizado por um<<strong>br</strong> />

parâmetro chamado índice de refração, n, que determina a velocidade com<<strong>br</strong> />

que o raio se propaga naquele meio. A direção seguida pelos raios 2 e 3<<strong>br</strong> />

não é arbitrária. Demonstraremos na seção 5.6, usando as condições de<<strong>br</strong> />

contorno para o campo eletromagnético, que eles obedecem as seguintes<<strong>br</strong> />

regras: (i) os raios 1, 2 e 3 estão todos num mesmo plano, chamado de<<strong>br</strong> />

plano de incidência, (ii) φ = φ’ e (iii) n sen φ = n’sen φ” (lei de Snell).<<strong>br</strong> />

Estas leis são muito importantes para o traçado dos raios ópticos na<<strong>br</strong> />

presença de interfaces dielétricas. Note que pela expressão (iii), quando<<strong>br</strong> />

um raio penetra num meio de índice de refração maior ele se aproxima da<<strong>br</strong> />

normal. Pela interpretação corpuscular de Newton isto só seria possível se<<strong>br</strong> />

a componente de velocidade do raio paralela à normal aumentasse. Mas<<strong>br</strong> />

isto é contrário à descoberta experimental de Foucault, que constatou que<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 17<<strong>br</strong> />

um raio de luz diminui sua velocidade ao adentrar um meio de maior<<strong>br</strong> />

índice de refração, como apresentamos na seção 1.4.<<strong>br</strong> />

Em seguida trataremos o caso da propagação de luz em meios não<<strong>br</strong> />

homogêneos, para o qual obviamente um meio homogêneo é um caso<<strong>br</strong> />

particular. Através do princípio do tempo mínimo, ou princípio de Fermat,<<strong>br</strong> />

vamos deduzir a lei dos senos. Apresentaremos ainda quatro abordagens<<strong>br</strong> />

teóricas diferentes, que serão aplicadas a algumas situações específicas,<<strong>br</strong> />

em particular ao caso em que o índice de refração depende de apenas uma<<strong>br</strong> />

coordenada.<<strong>br</strong> />

2.3 Propagação de luz em meios não<<strong>br</strong> />

homogêneos<<strong>br</strong> />

A motivação para o estudo da propagação de raios em meios não<<strong>br</strong> />

homogêneos encontra-se nas diversas <strong>aplicações</strong> práticas e situações que<<strong>br</strong> />

ocorrem no nosso cotidiano. Dentre os vários exemplos que podem ser<<strong>br</strong> />

citados, destacamos os seguintes:<<strong>br</strong> />

(i) turbulências atmosféricas – ao olharmos para as estrelas numa<<strong>br</strong> />

noite de céu claro, notamos que elas tremem ou piscam. Isto se deve às<<strong>br</strong> />

turbulências atmosféricas, tais como flutuações de pressão e densidade,<<strong>br</strong> />

que levam à formação de correntes de vento e variações do índice de<<strong>br</strong> />

refração do ar. Como conseqüência, o caminho percorrido pelo raio de luz<<strong>br</strong> />

não é estável, levando a dificuldades para as observações astronômicas de<<strong>br</strong> />

corpos celestes distantes, que o<strong>br</strong>igam o uso de satélites, como por<<strong>br</strong> />

exemplo, o Hubble, ou o emprego de óptica adaptativa. Na óptica<<strong>br</strong> />

adaptativa emprega-se um laser de corante para excitar átomos de sódio<<strong>br</strong> />

existentes na camada superior da atmosfera. Isto gera uma mancha<<strong>br</strong> />

circular <strong>br</strong>ilhante devido à luminescência do sódio, que devido às<<strong>br</strong> />

flutuações atmosféricas é vista de uma forma distorcida pelo telescópio.<<strong>br</strong> />

Um sistema servo-mecânico corrige então a curvatura de um dos espelhos<<strong>br</strong> />

do telescópio, de maneira a eliminar estas distorções. O tempo de resposta<<strong>br</strong> />

deste sistema de correção é da ordem de 0.1 s.<<strong>br</strong> />

(ii) efeito miragem – o aquecimento do ar próximo à superfície da<<strong>br</strong> />

Terra modifica seu índice de refração e isto faz com que a luz execute<<strong>br</strong> />

uma trajetória não retilínea. Este efeito é claramente observado nas<<strong>br</strong> />

transmissões de corridas de carros pela TV. O ar, aquecido pelo contato<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


18 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

com o asfalto, realiza um movimento convectivo ascendente fazendo<<strong>br</strong> />

tremer as imagens dos carros, como se houvesse uma tênue fumaça diante<<strong>br</strong> />

deles. O efeito do desvio da luz é ainda mais evidente para os raios<<strong>br</strong> />

rasantes, como quando viajamos de carro e observamos a imagem do céu<<strong>br</strong> />

e nuvens refletidas no asfalto, dando a impressão de poças d’água. Nesta<<strong>br</strong> />

situação, os raios rasantes são desviados pelo ar aquecido localizado<<strong>br</strong> />

próximo ao asfalto e atingem o olho do observador. Este efeito, conhecido<<strong>br</strong> />

como miragem, é comum em desertos, mas também pode ocorrer no mar,<<strong>br</strong> />

só que neste caso, a água resfria o ar e a imagem é invertida.<<strong>br</strong> />

(iii) comunicações ópticas – na transmissão de informações com<<strong>br</strong> />

luz, o meio no qual o raio se propaga desempenha um papel importante.<<strong>br</strong> />

Na transmissão de microondas por visada direta, onde o sinal gerado por<<strong>br</strong> />

uma antena parabólica é captado por outra, flutuações na atmosfera<<strong>br</strong> />

produzem ruído no sinal transmitido, devido à instabilidade na trajetória<<strong>br</strong> />

dos raios, que por vezes não atingem perfeitamente a antena receptora.<<strong>br</strong> />

Nas comunicações por fi<strong>br</strong>a óptica, a luz gerada por um laser<<strong>br</strong> />

semicondutor fica confinada principalmente no núcleo, que possui índice<<strong>br</strong> />

de refração maior que a casca. Assim, a variação do índice de refração<<strong>br</strong> />

novamente modifica a propagação dos raios. A própria focalização de luz<<strong>br</strong> />

em fi<strong>br</strong>as ópticas é muitas vezes realizada por uma lente do tipo GRIN<<strong>br</strong> />

(gradient index), cujo índice de refração diminui radialmente, de forma<<strong>br</strong> />

contínua. A propagação de luz nestes meios do tipo lente será discutida<<strong>br</strong> />

após introduzirmos as ferramentas matemáticas necessárias.<<strong>br</strong> />

(iv) efeitos auto-induzidos – ocorrem quando um feixe de luz laser<<strong>br</strong> />

percorre um meio do tipo Kerr, cujo índice de refração depende da<<strong>br</strong> />

intensidade de acordo com: n(I) = n0 + n2I, onde n0 é o índice de refração<<strong>br</strong> />

para baixas intensidades e n2 é chamado de índice de refração não linear.<<strong>br</strong> />

O feixe de luz laser possui em geral um perfil transversal de intensidade<<strong>br</strong> />

do tipo gaussiano, que modifica o índice de refração na direção radial,<<strong>br</strong> />

produzindo o efeito de uma lente. A origem de n2 pode ter natureza<<strong>br</strong> />

térmica ou eletrônica, e sua determinação constitui um assunto de<<strong>br</strong> />

pesquisa atual. Em comunicações por fi<strong>br</strong>as ópticas, a presença deste tipo<<strong>br</strong> />

de efeito pode compensar a dispersão da velocidade de grupo e dar origem<<strong>br</strong> />

a sólitons. Trataremos deste assunto <strong>br</strong>evemente no Cap. 4.<<strong>br</strong> />

Além dos exemplos citados acima, o estudo da propagação de luz<<strong>br</strong> />

em meios não homogêneos é importante do ponto de vista histórico, pois<<strong>br</strong> />

permite entender como a mecânica ondulatória foi introduzida por<<strong>br</strong> />

Schrödinger. Mesmo assim, o material relativo a este tópico está disperso<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 19<<strong>br</strong> />

em vários livros e artigos, e sua compilação justifica a existência do<<strong>br</strong> />

presente texto.<<strong>br</strong> />

Do ponto de vista teórico, a propagação de luz em meios não<<strong>br</strong> />

homogêneos pode ser tratada de quatro maneiras distintas, que<<strong>br</strong> />

cronologicamente seguem a seguinte ordem: a) lei de Snell generalizada,<<strong>br</strong> />

b) princípio de Fermat, c) equação do eikonal e d) limite clássico da<<strong>br</strong> />

equação de Schrödinger. No restante do capítulo, desenvolveremos estas<<strong>br</strong> />

análises teóricas, com a aplicação a alguns casos particulares.<<strong>br</strong> />

2.4 A lei de Snell generalizada<<strong>br</strong> />

Como se tornará evidente mais adiante, este tipo de abordagem se<<strong>br</strong> />

aplica ao caso unidimensional, ou seja, quando o índice de refração varia<<strong>br</strong> />

em apenas uma direção. Como exemplo desta situação, tomemos uma<<strong>br</strong> />

mistura não homogênea de água (n=1.333) e álcool (n=1.361), que<<strong>br</strong> />

apresenta uma variação de índice de refração como indicada na Fig. 2.2.<<strong>br</strong> />

Vamos ainda supor que o raio de luz penetra nesta mistura a uma altura y0,<<strong>br</strong> />

localizada na região de transição água-álcool, propagando-se ao longo do<<strong>br</strong> />

eixo z. Esta situação está esquematizada na Fig. 2.3. Como a variação de n<<strong>br</strong> />

é pequena e ocorre numa região relativamente grande (da ordem de um<<strong>br</strong> />

centímetro), admitiremos que o desvio sofrido pelo feixe é pequeno.<<strong>br</strong> />

Assim, o raio deslocar-se-á pouco da altura y0 e o índice de refração pode<<strong>br</strong> />

ser expandido em série de Taylor, de acordo com:<<strong>br</strong> />

nal<<strong>br</strong> />

nag<<strong>br</strong> />

n(y)<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

( y)<<strong>br</strong> />

= n 0 + ( y − y )<<strong>br</strong> />

(2.1)<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

n 0<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

água álcool<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

Fig. 2.2 - Variação do índice de refração numa mistura não homogênea de água<<strong>br</strong> />

e álcool (nág=1.333 e nal=1.361).<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

n0<<strong>br</strong> />

y


20 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

índice maior<<strong>br</strong> />

θi-1<<strong>br</strong> />

θi<<strong>br</strong> />

índice menor<<strong>br</strong> />

Fig. 2.3 - Desvio de um raio de luz que incide na mistura água-álcool a uma<<strong>br</strong> />

altura y0. A magnitude do desvio foi exagerada para melhor<<strong>br</strong> />

visualização.<<strong>br</strong> />

onde n e dn/dy]<<strong>br</strong> />

0 y0 são respectivamente o índice de refração e seu<<strong>br</strong> />

gradiente na altura y0. A seguir, vamos utilizar a lei de Snell, que já era<<strong>br</strong> />

conhecida experimentalmente em 1621. Para isto, vamos imaginar a<<strong>br</strong> />

região de transição água-álcool dividida num grande número de lâminas<<strong>br</strong> />

planas e paralelas, de espessuras tão finas quanto se queira, de forma que<<strong>br</strong> />

em cada uma delas o índice de refração pode ser considerado constante.<<strong>br</strong> />

As lâminas são paralelas ao eixo z e, portanto perpendiculares à direção<<strong>br</strong> />

em que n varia. O paralelismo entre as faces de cada lâmina é motivado<<strong>br</strong> />

pelo fato de n variar apenas ao longo de y. Podemos aplicar a lei de Snell<<strong>br</strong> />

na interface que separa duas lâminas consecutivas i e i-1: ni-1 sen θi-1= ni<<strong>br</strong> />

senθ , onde θ<<strong>br</strong> />

i i é o ângulo que o raio faz com o eixo y. Como o índice de<<strong>br</strong> />

refração é constante em cada uma das lâminas, o raio se propaga em linha<<strong>br</strong> />

reta até a próxima interface, onde chega com o ângulo de incidência θi.<<strong>br</strong> />

Novamente aplicamos a lei de Snell: ni senθ = n<<strong>br</strong> />

i i+1 sen θi+1. Desta forma, o<<strong>br</strong> />

produto nsenθ mantém-se constante conforme o raio se propaga pelas<<strong>br</strong> />

diferentes lâminas. Tomando o limite em que as espessuras das lâminas<<strong>br</strong> />

tendem a zero, obtemos a lei de Snell generalizada:<<strong>br</strong> />

n ( y)<<strong>br</strong> />

sen θ(<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

constante<<strong>br</strong> />

i+1<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

i-1<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

(2.2)<<strong>br</strong> />

que estabelece que o ângulo θ varia continuamente com y, conforme n<<strong>br</strong> />

varia. Podemos ainda trabalhar com o ângulo β(y) que o raio faz com as<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 21<<strong>br</strong> />

faces das lâminas. Levando em conta que β é o ângulo complementar de θ<<strong>br</strong> />

e que o raio inicialmente propaga-se ao longo do eixo z (β(y0) = 0), a lei<<strong>br</strong> />

de Snell generalizada fica:<<strong>br</strong> />

n ( y)<<strong>br</strong> />

cosβ(<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

O raio descreve uma trajetória curva dada por y = y(z), cuja inclinação é:<<strong>br</strong> />

dy senβ<<strong>br</strong> />

= tgβ<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

dz cosβ<<strong>br</strong> />

(2.3)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

n 0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

cos β<<strong>br</strong> />

cosβ<<strong>br</strong> />

(2.4)<<strong>br</strong> />

Usando as expressões de cosβ e n(y) dadas pelas equações (2.3) e (2.1),<<strong>br</strong> />

temos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dy n 2 dn<<strong>br</strong> />

= − 1 = ( y − y 0 ) (2.5)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dz n n dy<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

onde o termo quadrático em dn/dy foi desprezado. A eq. (2.5) pode ser<<strong>br</strong> />

facilmente integrada resultando em:<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

1 dn 2<<strong>br</strong> />

y = y0<<strong>br</strong> />

+ z<<strong>br</strong> />

(2.6)<<strong>br</strong> />

2n<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

que representa a trajetória parabólica do raio dentro do meio. É possível se<<strong>br</strong> />

fazer uma demonstração na qual se mede o desvio de um raio de luz laser<<strong>br</strong> />

ao percorrer certa distância dentro do meio. Isto possibilita a medida do<<strong>br</strong> />

gradiente do índice de refração como função da altura y. Devido ao fato<<strong>br</strong> />

deste gradiente não ser constante, observamos a focalização (ou<<strong>br</strong> />

desfocalização) da luz do laser, como descrito a seguir.<<strong>br</strong> />

Consideremos um feixe de luz laser com diâmetro Δy, de tal<<strong>br</strong> />

forma que a parte inferior do raio penetra no meio a uma altura y0 e a parte<<strong>br</strong> />

superior em y0 +Δy. Vamos ainda considerar Δy suficientemente pequeno<<strong>br</strong> />

tal que o índice de refração seja aproximadamente o mesmo (n0) ao longo<<strong>br</strong> />

de todo o perfil transversal do feixe. A uma distância z no interior do<<strong>br</strong> />

meio, a parte inferior do feixe satisfará a eq. (2.6), enquanto que a parte<<strong>br</strong> />

superior executará uma trajetória descrita por:<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1 dn 2<<strong>br</strong> />

y'=<<strong>br</strong> />

( y0<<strong>br</strong> />

+ Δy)<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

(2.7)<<strong>br</strong> />

2n<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

y +<<strong>br</strong> />

0 Δ<<strong>br</strong> />

y


22 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

e assim, o diâmetro do feixe, Φ = y’-y, como função da distância de<<strong>br</strong> />

propagação, fica:<<strong>br</strong> />

Φ = Δy<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2n<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎧dn<<strong>br</strong> />

⎨<<strong>br</strong> />

⎩dy<<strong>br</strong> />

y0+<<strong>br</strong> />

Δy<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

⎬ z<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎧<<strong>br</strong> />

= Δy⎨1<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎩<<strong>br</strong> />

2n<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

d n<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

⎫ 2<<strong>br</strong> />

z ⎬<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

(2.8)<<strong>br</strong> />

Desta forma, o desvio sofrido pelo feixe está ligado ao gradiente de n,<<strong>br</strong> />

enquanto que seu diâmetro fornece a derivada segunda de n. De acordo<<strong>br</strong> />

com a Fig. 2.2, próximo da água o feixe será desfocalizado e na região<<strong>br</strong> />

mais próxima do álcool haverá focalização.<<strong>br</strong> />

2.5 O princípio de Fermat<<strong>br</strong> />

Introduzido em 1657, o princípio de Fermat estabelece que a luz<<strong>br</strong> />

se propaga entre dois pontos no menor tempo possível, no caso em que ela<<strong>br</strong> />

não sofre reflexões. Consideremos um raio se propagando por meios com<<strong>br</strong> />

diferentes índices de refração, conforme mostra a Fig. 2.4. O tempo total<<strong>br</strong> />

para ele realizar o percurso indicado é dado pela somatória dos tempos<<strong>br</strong> />

gastos em cada meio:<<strong>br</strong> />

N N<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

di<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

t ∑ t i = ∑ =<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

i 1 i 1 i c∑<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

i=<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= n d<<strong>br</strong> />

(2.9)<<strong>br</strong> />

onde di é a distância percorrida em cada meio, com velocidade vi = c/ni. c<<strong>br</strong> />

é a velocidade da luz no vácuo e ni é o índice de refração do i-ésimo meio.<<strong>br</strong> />

A somatória [Δ] = Σnidi é denominada de caminho óptico. Como c é<<strong>br</strong> />

constante, o tempo mínimo implica no menor caminho óptico possível.<<strong>br</strong> />

n1 n2 n3 n4 n5 n6<<strong>br</strong> />

d1 d3 d4 d5 d6<<strong>br</strong> />

d2<<strong>br</strong> />

Fig. 2.4 - Propagação de um raio por uma série de meios homogêneos com<<strong>br</strong> />

índices de refração diferentes.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

i


<strong>Óptica</strong> de raios 23<<strong>br</strong> />

Uma aplicação simples do princípio de Fermat é a dedução da lei<<strong>br</strong> />

de Snell, que apresentamos a seguir. Consideremos um raio que se<<strong>br</strong> />

propaga entre dois pontos fixos, P 1 e P2,<<strong>br</strong> />

localizados em meios com<<strong>br</strong> />

índices de refração distintos, n 1 e n2,<<strong>br</strong> />

conforme mostra a Fig. 2.5. As<<strong>br</strong> />

distâncias x 1 e x 2 são fixas, mas y 1 e y2<<strong>br</strong> />

podem variar para a minimização<<strong>br</strong> />

do tempo. Entretanto, como os pontos P 1 e P 2 são fixos, y1+y2<<strong>br</strong> />

= Y é<<strong>br</strong> />

constante. O caminho óptico será dado por:<<strong>br</strong> />

normal<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

x1<<strong>br</strong> />

θ1<<strong>br</strong> />

d1<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

Fig. 2.5 - Geometria utilizada na dedução da lei de Snell pelo princípio de<<strong>br</strong> />

Fermat.<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

n2<<strong>br</strong> />

d2<<strong>br</strong> />

x2<<strong>br</strong> />

θ2<<strong>br</strong> />

[ ] = n d i = n 1d<<strong>br</strong> />

1 + n 2d<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Δ ∑<<strong>br</strong> />

i=<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

y2<<strong>br</strong> />

y1<<strong>br</strong> />

P2<<strong>br</strong> />

(2.10)<<strong>br</strong> />

que de acordo com a geometria da Fig. 2.5, [Δ] pode ser expresso como:<<strong>br</strong> />

[ ]<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Δ = n x + y + n x + y = n x + y + n x + ( Y−y<<strong>br</strong> />

) (2.11)<<strong>br</strong> />

1 1 1 2 2 2 1 1 1 2 2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

A eq. (2.11) fornece a variação de [Δ] com y1. Para encontrarmos<<strong>br</strong> />

seu valor mínimo igualamos sua derivada a zero:<<strong>br</strong> />

[ Δ]<<strong>br</strong> />

n y n ( Y − y )<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

+ y<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

( Y<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

− y<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= 0<<strong>br</strong> />

(2.12)<<strong>br</strong> />

De acordo com a geometria da Fig. 2.5, as frações da eq. (2.12)<<strong>br</strong> />

correspondem aos senos de θ 1 e θ2,<<strong>br</strong> />

de forma que assim obtemos a lei de<<strong>br</strong> />

Snell:<<strong>br</strong> />

n1 sen θ1<<strong>br</strong> />

− n 2 sen θ2<<strong>br</strong> />

= 0<<strong>br</strong> />

(2.13)


24 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

Até agora nossa apresentação do princípio de Fermat restringiu-se<<strong>br</strong> />

ao caso em que a luz se propaga através de vários meios homogêneos,<<strong>br</strong> />

porém com diferentes índices de refração. Queremos agora analisar o caso<<strong>br</strong> />

em que a propagação ocorre num meio em que o índice de refração varia<<strong>br</strong> />

continuamente ao longo do percurso do raio. Neste caso, a somatória da<<strong>br</strong> />

eq. (2.9) deve naturalmente ser substituída por uma integral:<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

[ ] = n(<<strong>br</strong> />

s)<<strong>br</strong> />

ds<<strong>br</strong> />

Δ (2.14)<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

onde s é distância percorrida pelo feixe entre os pontos P 1 e P2<<strong>br</strong> />

e n(s)ds é o<<strong>br</strong> />

caminho óptico elementar. O princípio de Fermat estabelece a existência<<strong>br</strong> />

de um caminho muito bem definido para o raio ir de P1 e P2. Trata-se de<<strong>br</strong> />

um princípio variacional que pode ser colocado da seguinte maneira:<<strong>br</strong> />

P2<<strong>br</strong> />

δ∫ n(<<strong>br</strong> />

s)<<strong>br</strong> />

ds = 0<<strong>br</strong> />

(2.15)<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

Quando um raio se propaga no espaço, ds é expresso em<<strong>br</strong> />

coordenadas cartesianas como:<<strong>br</strong> />

ds & + &<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

= dx + dy + dz = dz 1+<<strong>br</strong> />

x y (2.16)<<strong>br</strong> />

onde x& =dx/dz e y& =dy/dz. Note que dz foi arbitrariamente colocado em<<strong>br</strong> />

evidência, mas também poderíamos ter escolhido dx ou dy. Assim, o<<strong>br</strong> />

princípio de Fermat fica:<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

δ∫ n(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

x&<<strong>br</strong> />

+ y&<<strong>br</strong> />

dz = 0 ⇒ δ f ( x,<<strong>br</strong> />

y,<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

dz = 0<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

∫ & &<<strong>br</strong> />

(2.17)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

com:<<strong>br</strong> />

f ( x,<<strong>br</strong> />

y,<<strong>br</strong> />

x&<<strong>br</strong> />

, y&<<strong>br</strong> />

, z)<<strong>br</strong> />

& + &<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

= n(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

x y<<strong>br</strong> />

(2.18)<<strong>br</strong> />

onde supusemos que n pode variar nas três direções. A solução da eq.<<strong>br</strong> />

(2.17) já foi estabelecida no contexto da mecânica clássica, explicitamente<<strong>br</strong> />

ao se tratar o princípio da mínima ação:<<strong>br</strong> />

δ∫<<strong>br</strong> />

P2<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

L ( x,<<strong>br</strong> />

y,<<strong>br</strong> />

z,<<strong>br</strong> />

x&<<strong>br</strong> />

, y&<<strong>br</strong> />

, z&<<strong>br</strong> />

, t)<<strong>br</strong> />

dt = 0<<strong>br</strong> />

(2.19)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 25<<strong>br</strong> />

onde L(x,y,z, x& , y&<<strong>br</strong> />

, z&<<strong>br</strong> />

,t) é a Lagrangeana do sistema mecânico, x, y, e z são<<strong>br</strong> />

as coordenadas cartesianas e t é o tempo. Comparando as equações (2.17)<<strong>br</strong> />

e (2.19), notamos que f(x,y, x& , y&<<strong>br</strong> />

,z) faz o papel da Lagrangeana e z, o de<<strong>br</strong> />

tempo. Como já estudado na mecânica clássica, a solução da eq. (2.17)<<strong>br</strong> />

leva a um conjunto de equações do tipo Euler-Lagrange:<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

⎛ ∂f<<strong>br</strong> />

⎞ ∂f<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ − = 0<<strong>br</strong> />

⎝ ∂x&<<strong>br</strong> />

⎠ ∂x<<strong>br</strong> />

⎛ ∂f<<strong>br</strong> />

⎞ ∂f<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ − = 0<<strong>br</strong> />

⎝ ∂y&<<strong>br</strong> />

⎠ ∂y<<strong>br</strong> />

(2.20a)<<strong>br</strong> />

(2.20b)<<strong>br</strong> />

Queremos agora aplicar estas equações na análise da trajetória do<<strong>br</strong> />

raio se propagando na mistura de água e álcool. De acordo com a simetria<<strong>br</strong> />

do problema, a trajetória do raio está confinada ao plano yz e a função f<<strong>br</strong> />

independe de x e x& . Em geral, a análise de problemas onde o índice de<<strong>br</strong> />

refração depende apenas de uma coordenada torna-se matematicamente<<strong>br</strong> />

mais simples se a coordenada “tempo” for tomada na direção em que n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

varia. Assim, tomaremos ds = 1+<<strong>br</strong> />

z&<<strong>br</strong> />

dy , onde agora dy foi colocado em<<strong>br</strong> />

evidência. Neste caso, a equação de Euler -Lagrange torna-se:<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

⎛ ∂f<<strong>br</strong> />

⎞ ∂f<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ − = 0<<strong>br</strong> />

⎝ ∂z&<<strong>br</strong> />

⎠ ∂z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= n(<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

1 z independe de z e portanto ∂f<<strong>br</strong> />

/ ∂z<<strong>br</strong> />

= 0<<strong>br</strong> />

(2.21)<<strong>br</strong> />

onde f ( z&<<strong>br</strong> />

, y)<<strong>br</strong> />

+ &<<strong>br</strong> />

. Isto<<strong>br</strong> />

simplifica a solução da eq. (2.21) pois ∂f / ∂z&<<strong>br</strong> />

será constante. Desta forma,<<strong>br</strong> />

temos:<<strong>br</strong> />

∂f<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

∂z&<<strong>br</strong> />

n(<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

z&<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

z&<<strong>br</strong> />

= n 0<<strong>br</strong> />

(2.22)<<strong>br</strong> />

onde a condição inicial β(y0) = 0 foi usada. Note que tg β(y0) = dy/dz = 0<<strong>br</strong> />

para z = 0 (y=y0). Portanto, z& = cotgβ = ∞ neste ponto e os z& do<<strong>br</strong> />

numerador e denominador da eq. (2.22) se cancelam. Elevando esta<<strong>br</strong> />

equação ao quadrado obtemos:<<strong>br</strong> />

2 ( 1 z )<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

n ( y)<<strong>br</strong> />

z&<<strong>br</strong> />

n & 0 +<<strong>br</strong> />

= (2.23)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


26 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

Substituindo a expressão aproximada para o índice de refração n(y) ≅ n0 +<<strong>br</strong> />

(dn/dy)(y-y0) e considerando que z & = dz/dy =1/(dy/dz) =1/ y& , obtemos:<<strong>br</strong> />

dy 2 dn<<strong>br</strong> />

y& = = ( y − y 0 )<<strong>br</strong> />

(2.24)<<strong>br</strong> />

dz n dy<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

onde o termo quadrático em dn/dy foi desprezado. Esta equação é idêntica<<strong>br</strong> />

à eq. (2.5) e sua integração leva à trajetória parabólica da eq. (2.6) obtida<<strong>br</strong> />

na seção precedente. Com esta análise chegamos ao mesmo resultado<<strong>br</strong> />

obtido com a lei de Snell generalizada. Entretanto convém salientarmos<<strong>br</strong> />

que as equações de Euler-Lagrange são mais gerais pois permitem tratar<<strong>br</strong> />

problemas onde o índice de refração varia nas três direções.<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2.6 A equação dos raios<<strong>br</strong> />

Através da manipulação matemática das equações de Euler–<<strong>br</strong> />

Lagrange, obtidas com o princípio de Fermat, é possível a obtenção de<<strong>br</strong> />

uma equação vetorial elegante, que descreve a propagação de um raio<<strong>br</strong> />

num meio óptico não homogêneo. Para deduzirmos esta equação dos<<strong>br</strong> />

raios, começaremos com a eq. (2.20a):<<strong>br</strong> />

⎛ ∂f<<strong>br</strong> />

⎞ ∂f<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ = =<<strong>br</strong> />

dz ⎝ ∂x&<<strong>br</strong> />

⎠ ∂x<<strong>br</strong> />

d 2 2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

x&<<strong>br</strong> />

+ y&<<strong>br</strong> />

∂n<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

(2.25)<<strong>br</strong> />

onde a expressão para f, dada pela eq. (2.18), foi utilizada na derivada<<strong>br</strong> />

relativa a x. Efetuando também a derivada com relação a obtemos:<<strong>br</strong> />

x&<<strong>br</strong> />

d ⎛ nx<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ & ⎟<<strong>br</strong> />

2 2 ∂n<<strong>br</strong> />

= 1+<<strong>br</strong> />

x&<<strong>br</strong> />

+ y&<<strong>br</strong> />

dz ⎜ 2 2<<strong>br</strong> />

1 x y ⎟<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

⎝ + & + & ⎠<<strong>br</strong> />

(2.26)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

Da eq. (2.16) temos: . Portanto, usando a regra da<<strong>br</strong> />

( ds / dz)<<strong>br</strong> />

= 1 + x&<<strong>br</strong> />

+ y&<<strong>br</strong> />

cadeia no termo x& =dx/dz do lado esquerdo da equação temos:<<strong>br</strong> />

⎛ dx ⎞<<strong>br</strong> />

⎜n<<strong>br</strong> />

⎟ =<<strong>br</strong> />

dz ⎝ ds ⎠<<strong>br</strong> />

d 2<<strong>br</strong> />

2 ∂n<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

x&<<strong>br</strong> />

+ y&<<strong>br</strong> />

(2.27)<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 27<<strong>br</strong> />

Aplicando novamente a regra da cadeia na derivada relativa a z chegamos<<strong>br</strong> />

a:<<strong>br</strong> />

d ⎛ dx ⎞ ∂n<<strong>br</strong> />

⎜n<<strong>br</strong> />

⎟ =<<strong>br</strong> />

(2.28)<<strong>br</strong> />

ds ⎝ ds ⎠ ∂x<<strong>br</strong> />

Partindo da outra equação de Euler-Lagrange, eq. (2.20b),<<strong>br</strong> />

obtemos de forma análoga a expressão envolvendo a coordenada y:<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

ds<<strong>br</strong> />

⎛ dy ⎞ ∂n<<strong>br</strong> />

⎜n<<strong>br</strong> />

⎟ =<<strong>br</strong> />

⎝ ds ⎠ ∂y<<strong>br</strong> />

(2.29)<<strong>br</strong> />

Combinando as equações (2.28) e (2.29) é possível encontrar uma<<strong>br</strong> />

expressão análoga para a coordenada z:<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

ds<<strong>br</strong> />

⎛ dz ⎞ ∂n<<strong>br</strong> />

⎜n<<strong>br</strong> />

⎟ =<<strong>br</strong> />

⎝ ds ⎠ ∂z<<strong>br</strong> />

(2.30)<<strong>br</strong> />

Multiplicando as equações (2.28), (2.29) e (2.30) respectivamente pelos<<strong>br</strong> />

versores î, jˆ e k ˆ , e somando as três, obtemos a equação vetorial que<<strong>br</strong> />

fornece a propagação do raio dentro do meio não homogêneo:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

d ⎛ dr<<strong>br</strong> />

⎞ r<<strong>br</strong> />

⎜n<<strong>br</strong> />

⎟ = ∇n<<strong>br</strong> />

(2.31)<<strong>br</strong> />

ds ⎝ ds ⎠<<strong>br</strong> />

d r r<<strong>br</strong> />

A Fig. 2.6 mostra a geometria de s, ds, r e . É interessante notar que<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

d r = ds . A direção de propagação do raio de luz é caracterizada por um<<strong>br</strong> />

versor . O vetor r r<<strong>br</strong> />

û = dr<<strong>br</strong> />

/ ds<<strong>br</strong> />

é definido a partir da escolha de uma origem<<strong>br</strong> />

arbitrária, s é o deslocamento ao longo do raio e ds é um incremento<<strong>br</strong> />

infinitesimal deste deslocamento.<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

ds<<strong>br</strong> />

d r<<strong>br</strong> />

Fig. 2.6 - Geometria das grandezas utilizadas na equação dos raios.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

z


28 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

Para finalizarmos esta seção, vamos aplicar a equação dos raios à<<strong>br</strong> />

análise da propagação de luz pela mistura de água e álcool. O uso da eq.<<strong>br</strong> />

(2.31) é em geral simples na aproximação paraxial, onde o desvio do raio<<strong>br</strong> />

é pequeno. Neste caso, ds está praticamente na direção z e assim podemos<<strong>br</strong> />

substituir d/ds por d/dz. Como a trajetória do raio se dá no plano yz,<<strong>br</strong> />

escrevemos , de onde tiramos kˆ r<<strong>br</strong> />

k d r/<<strong>br</strong> />

dz = dy/<<strong>br</strong> />

dz jˆ +<<strong>br</strong> />

ˆ r<<strong>br</strong> />

= yjˆ<<strong>br</strong> />

+ z<<strong>br</strong> />

. O gradiente<<strong>br</strong> />

de n pode ser calculado a partir da eq. (2.1) e resulta em j ˆ<<strong>br</strong> />

∇n = dn / dy<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

Substituindo estas grandezas na equação dos raios obtemos:<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

k jˆ<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

⎡ ⎛ dy ⎞⎤<<strong>br</strong> />

⎢n(<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

⎜ jˆ + ⎟ =<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

(2.32)<<strong>br</strong> />

⎣ ⎝ ⎠⎦<<strong>br</strong> />

Como n(y) não depende de z, ele pode ser tirado para fora da derivada. k<<strong>br</strong> />

é um vetor constante e sua derivada relativa a z é nula. Portanto, da<<strong>br</strong> />

equação vetorial (2.32) so<strong>br</strong>a apenas a componente na direção , dada por:<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

jˆ<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dn ⎤ d y<<strong>br</strong> />

⎢n<<strong>br</strong> />

0+<<strong>br</strong> />

( y − y 0 ) ⎥ = 2<<strong>br</strong> />

⎢ dy<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

y ⎥<<strong>br</strong> />

0 ⎦<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

(2.33)<<strong>br</strong> />

onde n(y), dado pela eq. (2.1) já foi substituido.<<strong>br</strong> />

Na aproximação paraxial, o raio se desvia pouco do eixo z (y ≈ y0)<<strong>br</strong> />

e além disto dn/dy é pequeno. Logo podemos desprezar o segundo termo<<strong>br</strong> />

entre colchetes do lado esquerdo da equação e assim obtemos uma<<strong>br</strong> />

expressão onde a derivada segunda de y é constante (equação da<<strong>br</strong> />

parábola). A solução desta equação é simples e leva aos resultados já<<strong>br</strong> />

obtidos anteriormente:<<strong>br</strong> />

que implica em:<<strong>br</strong> />

de forma que:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

d y 1 dn<<strong>br</strong> />

= (2.34)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dz n dy<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

y0<<strong>br</strong> />

1 dn<<strong>br</strong> />

= z<<strong>br</strong> />

(2.35)<<strong>br</strong> />

n dy<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

y0


<strong>Óptica</strong> de raios 29<<strong>br</strong> />

1 dn ⎤ 2<<strong>br</strong> />

y = y0<<strong>br</strong> />

+ z<<strong>br</strong> />

2n<<strong>br</strong> />

0 dy<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

(2.36)<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

onde as condições iniciais y& (z=0) = 0 e y(z=0) = y0<<strong>br</strong> />

foram utilizadas.<<strong>br</strong> />

Portanto, recuperamos os resultados já encontrados pela lei de Snell<<strong>br</strong> />

generalizada e pelas equações de Euler-Lagrange.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2.7 A função eikonal<<strong>br</strong> />

Neste ponto, deixaremos de lado a óptica geométrica para<<strong>br</strong> />

introduzirmos o conceito de eikonal. Esta função, obtida a partir da óptica<<strong>br</strong> />

ondulatória, é importante pois representa o papel da função característica<<strong>br</strong> />

de Hamilton na mecânica clássica e é de grande valia quando se faz a<<strong>br</strong> />

analogia desta com a óptica geométrica. Como veremos no Cap. 3, a<<strong>br</strong> />

equação das ondas eletromagnéticas na sua forma reduzida (sem<<strong>br</strong> />

dependência temporal) é dada por:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

∇ E + k E = 0<<strong>br</strong> />

(2.37)<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

onde k( r ) = 2πn( r )/λ é o é vetor de propagação, que depende da posição,<<strong>br</strong> />

uma vez que n( r ) depende da posição num meio não homogêneo. A<<strong>br</strong> />

solução da equação de ondas é uma grandeza complexa, que contém um<<strong>br</strong> />

termo de amplitude e outro de fase, e pode ser escrita como:<<strong>br</strong> />

r r r r r r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

iφ(<<strong>br</strong> />

r ) r ik 0S(<<strong>br</strong> />

r )<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

= E 0(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

e = E 0(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

(2.38)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

sendo E0( r ) a amplitude (envelope), φ( r ) a fase da onda e S( r ) a função<<strong>br</strong> />

eikonal, que dá a direção de propagação da onda em termo de seus co-<<strong>br</strong> />

senos diretores. k 0 é o vetor de onda no vácuo, dado por k0<<strong>br</strong> />

= 2πn/λ, onde<<strong>br</strong> />

λ é o comprimento de onda da luz no vácuo (n=1). As superfícies S( r ) =<<strong>br</strong> />

constante formam as equifases da onda, e esta se propaga<<strong>br</strong> />

perpendicularmente a estas superfícies. Para visualizarmos este fato,<<strong>br</strong> />

consideremos uma onda plana, cuja fase é dada por:<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

φ r)<<strong>br</strong> />

= k.<<strong>br</strong> />

r = k x + k y + k z<<strong>br</strong> />

( x y z<<strong>br</strong> />

como veremos posteriormente. Assim, a função eikonal fica sendo:<<strong>br</strong> />

(2.39)


30 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

S(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

k k x y k<<strong>br</strong> />

= x + y +<<strong>br</strong> />

k k k<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

(2.40)<<strong>br</strong> />

A direção perpendicular a esta superfície pode ser encontrada pelo cálculo<<strong>br</strong> />

de seu gradiente:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

∇S(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

= = nû<<strong>br</strong> />

(2.41)<<strong>br</strong> />

k 0<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

onde û é um versor paralelo a e que portanto define a direção de<<strong>br</strong> />

propagação da onda. Realizando o produto escalar ∇S∇ . S<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

obtemos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 ⎛ ∂S<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛ ∂S<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛ ∂S<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

∇S = ⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ = n<<strong>br</strong> />

⎝ ∂x<<strong>br</strong> />

⎠ ⎝ ∂y<<strong>br</strong> />

⎠ ⎝ ∂z<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(2.42)<<strong>br</strong> />

que é conhecida como a equação do eikonal. Esta equação também pode<<strong>br</strong> />

ser obtida diretamente pela substituição da eq. (2.38) em (2.37), mas isto<<strong>br</strong> />

será deixado como exercício.<<strong>br</strong> />

O conceito de função eikonal pode ser utilizado na dedução da<<strong>br</strong> />

equação dos raios que obtivemos na seção 2.6. Fazendo uso da Fig. 2.6, de<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

onde temos d r = ds e û = dr<<strong>br</strong> />

/ ds,<<strong>br</strong> />

podemos escrever ∇S<<strong>br</strong> />

= nû<<strong>br</strong> />

= ndr<<strong>br</strong> />

/ ds ,<<strong>br</strong> />

sendo que este último termo já é o que entra na equação dos raios. Tendo<<strong>br</strong> />

em mente a eq. (2.31) escrevemos:<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

ds<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

⎛ dr<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜n<<strong>br</strong> />

⎟ =<<strong>br</strong> />

⎝ ds ⎠<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

ds<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

∇S<<strong>br</strong> />

(2.43)<<strong>br</strong> />

O lado direito da equação pode ser trabalhado com o uso da regra da<<strong>br</strong> />

cadeia:<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

d dx ∂ r<<strong>br</strong> />

i dr<<strong>br</strong> />

= . ∇<<strong>br</strong> />

(2.44)<<strong>br</strong> />

ds ds ∂x<<strong>br</strong> />

ds<<strong>br</strong> />

= ∑<<strong>br</strong> />

i= 1<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

e pelo cálculo do gradiente da eq. (2.42) (equação do eikonal):<<strong>br</strong> />

S 2 S.<<strong>br</strong> />

S 2n<<strong>br</strong> />

2 r r r r r r<<strong>br</strong> />

∇ ∇ = ∇ ∇ ∇ = ∇<<strong>br</strong> />

( ) n<<strong>br</strong> />

(2.45)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 31<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

Usando ∇S<<strong>br</strong> />

= ndr/<<strong>br</strong> />

ds no segundo termo desta equação obtemos:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

dr<<strong>br</strong> />

r r d r r<<strong>br</strong> />

. ∇(<<strong>br</strong> />

∇S)<<strong>br</strong> />

= ∇S<<strong>br</strong> />

= ∇n<<strong>br</strong> />

ds ds<<strong>br</strong> />

(2.46)<<strong>br</strong> />

onde a eq. (2.44) foi utilizada no primeiro termo da esquerda. Substituindo<<strong>br</strong> />

a igualdade da direita na eq. (2.43) recuperamos a equação dos raios.<<strong>br</strong> />

Com a função eikonal é possível obter-se as condições de<<strong>br</strong> />

contorno para os raios de luz. Lem<strong>br</strong>ando que o rotacional do gradiente é<<strong>br</strong> />

nulo, temos:<<strong>br</strong> />

[ x ∫ ∇ ( ∇S)]<<strong>br</strong> />

. da<<strong>br</strong> />

= ∫∇S.<<strong>br</strong> />

dl<<strong>br</strong> />

= 0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

(2.47)<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

onde o teorema de Stokes foi usado. Como ∇S<<strong>br</strong> />

= ndr<<strong>br</strong> />

/ ds , temos:<<strong>br</strong> />

dr<<strong>br</strong> />

∫ n . dl<<strong>br</strong> />

= nds = 0<<strong>br</strong> />

ds ∫<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

(2.48)<<strong>br</strong> />

Nesta última passagem supusemos que o caminho de integração coincide<<strong>br</strong> />

com o caminho dos raios de luz, isto é, û é paralelo a l r<<strong>br</strong> />

d . De acordo com<<strong>br</strong> />

a Fig. 2.7 podemos definir os caminhos C 1 e C2,<<strong>br</strong> />

e a eq. (2.48) pode ser<<strong>br</strong> />

expressa como:<<strong>br</strong> />

∫ nds1<<strong>br</strong> />

= ∫ nds2<<strong>br</strong> />

(2.49)<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

de onde concluimos que dois raios de luz que deixam um ponto P1 e<<strong>br</strong> />

chegam até um ponto P2 por caminhos geométricos diferentes, o fazem<<strong>br</strong> />

com o mesmo valor de caminho óptico. Exemplificando, todos os raios<<strong>br</strong> />

que saem de um dado ponto de um objeto colocado na frente de uma lente<<strong>br</strong> />

e chegam ao mesmo ponto da imagem, o fazem de tal forma que as<<strong>br</strong> />

integrais de linha de nds por diferentes caminhos geométricos fornecem o<<strong>br</strong> />

mesmo valor.<<strong>br</strong> />

P2<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

Fig. 2.7 - Possíveis caminhos seguidos pelos raios de luz.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

C2


32 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

Podemos também usar a eq. (2.48) para deduzir a lei de Snell.<<strong>br</strong> />

Neste caso, o caminho de integração dado pela curva C não corresponde à<<strong>br</strong> />

direção de propagação dos raios de luz. Considere a Fig. 2.8, que mostra<<strong>br</strong> />

raios incidentes so<strong>br</strong>e uma interface que separa dois meios. Neste caso<<strong>br</strong> />

temos:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

⎛ dr<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛ dr<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

n1 ⎜ ⎟ . ê = n 2⎜<<strong>br</strong> />

⎟ . ê ⇒ n1û1.<<strong>br</strong> />

ê = n 2û<<strong>br</strong> />

2.<<strong>br</strong> />

ê (2.50)<<strong>br</strong> />

⎝ ds ⎠ ⎝ ds ⎠<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

que nos leva diretamente à lei de Snell, já que û.ê = senθ. A seguir, vamos<<strong>br</strong> />

usar a idéia de função eikonal para estabelecer um paralelo entre a óptica<<strong>br</strong> />

geométrica e a mecânica clássica.<<strong>br</strong> />

û1<<strong>br</strong> />

θ1<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

ê<<strong>br</strong> />

Fig 2.8 - Raios de luz que incidem numa interface dielétrica.<<strong>br</strong> />

2.8 Analogia entre a mecânica clássica e a óptica<<strong>br</strong> />

geométrica<<strong>br</strong> />

Em 1828, Hamilton formulou a analogia entre a óptica geométrica<<strong>br</strong> />

e a mecânica Newtoniana de uma partícula. Esta formulação está discutida<<strong>br</strong> />

em detalhes na referência 2.3 e aqui fazemos apenas um <strong>br</strong>eve resumo das<<strong>br</strong> />

idéias envolvidas. Já vimos um pouco desta analogia quando estudamos o<<strong>br</strong> />

princípio de Fermat, que é equivalente ao princípio da mínima ação, ou<<strong>br</strong> />

ação estacionária. Vamos ver agora outros aspectos desta equivalência.<<strong>br</strong> />

Para a obtenção da equação de Hamilton-Jacobi, lem<strong>br</strong>emo-nos que a ação<<strong>br</strong> />

é dada por:<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

n2<<strong>br</strong> />

û2<<strong>br</strong> />

θ2<<strong>br</strong> />

A(<<strong>br</strong> />

q,<<strong>br</strong> />

p,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= L(<<strong>br</strong> />

q,<<strong>br</strong> />

p,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

dt + C<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

(2.51)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 33<<strong>br</strong> />

onde L é a Lagrangeana, q e p são respectivamente a coordenada e<<strong>br</strong> />

velocidade generalizadas, t é o tempo e C é uma constante. Denominando<<strong>br</strong> />

de H o Hamiltoniano do sistema mecânico e fazendo uma transformação<<strong>br</strong> />

canônica tal que o novo Hamiltoniano, K, seja nulo, obtemos a equação de<<strong>br</strong> />

Hamilton-Jacobi:<<strong>br</strong> />

∂A<<strong>br</strong> />

∂A<<strong>br</strong> />

K ( q,<<strong>br</strong> />

p,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= H ( q,<<strong>br</strong> />

, t)<<strong>br</strong> />

+ = 0<<strong>br</strong> />

(2.52)<<strong>br</strong> />

∂q<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

No caso em que a energia se conserva, H não depende do tempo e a eq.<<strong>br</strong> />

(2.52) pode ser integrada, resultando em:<<strong>br</strong> />

A ( q,<<strong>br</strong> />

p,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= W ( q,<<strong>br</strong> />

p)<<strong>br</strong> />

− Et<<strong>br</strong> />

(2.53)<<strong>br</strong> />

onde H = E é a energia da partícula, A é a função principal de Hamilton e<<strong>br</strong> />

W é conhecida como função característica de Hamilton. Na eq. (2.52), o<<strong>br</strong> />

momentum é representado por ∂A / ∂q<<strong>br</strong> />

, e como nos sistemas conservativos<<strong>br</strong> />

apenas W depende de q, como visto na eq. (2.53), temos p = ∂W<<strong>br</strong> />

/ ∂q<<strong>br</strong> />

. Este<<strong>br</strong> />

resultado pode ser estendido para três dimensões fornecendo:<<strong>br</strong> />

= ∇W<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

p (2.54)<<strong>br</strong> />

Isto significa que a partícula caminha perpendicularmente à superfície<<strong>br</strong> />

definida pela função W. Neste ponto já é possível notar-se alguma<<strong>br</strong> />

semelhança com a óptica geométrica, pois de acordo com a eq. (2.41), um<<strong>br</strong> />

raio de luz propaga-se perpendicularmente à superfície S(x,y,z), com o<<strong>br</strong> />

índice de refração fazendo o papel de momentum.<<strong>br</strong> />

Para analisarmos o movimento de uma partícula, consideremos a<<strong>br</strong> />

superfície A = constante = a, como uma frente de onda propagando-se no<<strong>br</strong> />

espaço das configurações. De acordo com a Fig. 2.9, a variação da função<<strong>br</strong> />

W num intervalo de tempo dt é dada por:<<strong>br</strong> />

dW = W’ - W = E dt (2.55)<<strong>br</strong> />

Usando o conceito de derivada direcional temos:<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

dW<<strong>br</strong> />

= ∇W.ds<<strong>br</strong> />

= ∇W<<strong>br</strong> />

ds<<strong>br</strong> />

(2.56)<<strong>br</strong> />

ds r<<strong>br</strong> />

onde é um vetor perpendicular à superfície A = constante. Igualando<<strong>br</strong> />

as equações (2.55) e (2.56) obtemos a velocidade de fase para a<<strong>br</strong> />

propagação da frente de onda como:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


34 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

v f<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

ds<<strong>br</strong> />

dt<<strong>br</strong> />

E E E<<strong>br</strong> />

= r = =<<strong>br</strong> />

(2.57)<<strong>br</strong> />

∇W<<strong>br</strong> />

p 2mT<<strong>br</strong> />

onde T = p /2m é a energia cinética da partícula. Deste modo, vemos que<<strong>br</strong> />

a velocidade de fase aumenta quando a velocidade da partícula diminui.<<strong>br</strong> />

Entretanto, como veremos posteriormente, é a velocidade de grupo<<strong>br</strong> />

(velocidade de um pacote de onda) que é igual à velocidade da partícula, e<<strong>br</strong> />

não a velocidade de fase.<<strong>br</strong> />

ds r<<strong>br</strong> />

W = a W’ = a + Edt<<strong>br</strong> />

A (0) = a A (dt) = a<<strong>br</strong> />

Fig. 2.9 - Propagação da superfície A(t)=a no espaço das configurações.<<strong>br</strong> />

Para realizarmos uma comparação formal entre a óptica<<strong>br</strong> />

geométrica e a mecânica clássica, vamos inicialmente mostrar que a<<strong>br</strong> />

equação do eikonal tem sua origem na óptica ondulatória no limite em que<<strong>br</strong> />

λ → 0. Para isto não podemos usar a equação de ondas na forma reduzida,<<strong>br</strong> />

dada pela eq. (2.37), mas sim sua forma completa, que envolve a derivada<<strong>br</strong> />

temporal. Esta equação, que será deduzida no Cap. 3, é dada por:<<strong>br</strong> />

2 r 2<<strong>br</strong> />

2 n ( r)<<strong>br</strong> />

∂ E<<strong>br</strong> />

∇ E − = 0<<strong>br</strong> />

(2.58)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

c ∂t<<strong>br</strong> />

onde o aspecto vetorial do campo elétrico foi ignorado para simplificar as<<strong>br</strong> />

contas. A solução desta equação é obtida generalizando-se a eq. (2.38) de<<strong>br</strong> />

acordo com:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

B( r ) ik0<<strong>br</strong> />

[ S(<<strong>br</strong> />

r ) −ct]<<strong>br</strong> />

, t)<<strong>br</strong> />

= e e<<strong>br</strong> />

(2.59)<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

onde a amplitude do campo elétrico foi escrita como E 0 ( r)<<strong>br</strong> />

= exp{ B(<<strong>br</strong> />

r)}<<strong>br</strong> />

por conveniência. A substituição de (2.59) em (2.58), que será deixada<<strong>br</strong> />

como exercício, nos leva a:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

r


<strong>Óptica</strong> de raios 35<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r 2 r<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

{ ik [ 2∇B.<<strong>br</strong> />

∇S<<strong>br</strong> />

+ ∇ S]<<strong>br</strong> />

+ [ ∇ B + ( ∇B)<<strong>br</strong> />

− k ( ∇S)<<strong>br</strong> />

+ n k ]} E = 0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(2.60)<<strong>br</strong> />

Como as grandezas B e S são reais, cada termo entre colchetes deve se<<strong>br</strong> />

anular separadamente. Assim temos:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2∇B.<<strong>br</strong> />

∇S<<strong>br</strong> />

+ ∇ S = 0<<strong>br</strong> />

(2.61a)<<strong>br</strong> />

r 2 r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

∇ B + ∇B<<strong>br</strong> />

− k ∇S<<strong>br</strong> />

+ n k = (2.61b)<<strong>br</strong> />

( ) ( ) 0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

No limite em que λ → 0 (k0 → ∞), apenas os dois últimos termos de<<strong>br</strong> />

(2.61b) são relevantes, o que nos leva à equação do eikonal já discutida<<strong>br</strong> />

anteriormente.<<strong>br</strong> />

Em resumo, a solução da equação de ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

possui uma fase que é dada por:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

φ(<<strong>br</strong> />

r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= k 0 S(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

− ct<<strong>br</strong> />

(2.62)<<strong>br</strong> />

[ ]<<strong>br</strong> />

e no limite em que λ → 0 obtemos que o raio de luz se propaga com uma<<strong>br</strong> />

direção definida por ∇S = nû<<strong>br</strong> />

. Já na mecânica clássica, a direção de<<strong>br</strong> />

propagação de uma partícula é dada pela eq. (2.54). Assim, a função<<strong>br</strong> />

característica W(q,p) faz o papel de eikonal e<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

p = 2mT<<strong>br</strong> />

= 2m(<<strong>br</strong> />

E − V)<<strong>br</strong> />

(onde V representa a energia potencial), faz o papel de índice de refração.<<strong>br</strong> />

A análise da equação de Hamilton-Jacobi indica que a mecânica clássica é<<strong>br</strong> />

análoga ao limite da óptica geométrica da equação de ondas. Raios de luz<<strong>br</strong> />

ortogonais às frentes de onda (equifases) correspondem à trajetórias de<<strong>br</strong> />

partículas, ortogonais as superfícies de ação constante. Na seção seguinte,<<strong>br</strong> />

vamos ver como Schrödinger estendeu a analogia de Hamilton para obter<<strong>br</strong> />

uma equação básica na mecânica quântica, que hoje leva seu nome.<<strong>br</strong> />

2.9 Obtenção da equação de Schrödinger<<strong>br</strong> />

Embora Hamilton tivesse desenvolvido a analogia exposta na<<strong>br</strong> />

seção precedente ainda em 1828, ele não tinha motivos para atribuir<<strong>br</strong> />

qualquer caráter ondulatório a uma dada partícula. Desta forma, por falta<<strong>br</strong> />

de evidências experimentais não foi possível a ele encontrar uma equação<<strong>br</strong> />

de ondas para descrever o comportamento da partícula. Foi Erwin<<strong>br</strong> />

0


36 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

Schrödinger que, em 1925, estendeu a analogia de Hamilton e encontrou<<strong>br</strong> />

uma equação de ondas para descrever o movimento de um ponto material.<<strong>br</strong> />

A idéia seguida por Schrödinger está esquematizada na Fig. 2.10. Sabia-se<<strong>br</strong> />

que a óptica geométrica era um caso limite da óptica ondulatória e que era<<strong>br</strong> />

análoga à mecânica Newtoniana de uma partícula. Seria possível obter<<strong>br</strong> />

alguma equação, no mesmo pé de igualdade da equação de ondas<<strong>br</strong> />

eletromagnéticas, que levaria à mecânica clássica no limite em que<<strong>br</strong> />

alguma grandeza, α, inerente à esta teoria tendesse a zero?<<strong>br</strong> />

Mecânica<<strong>br</strong> />

Newtoniana<<strong>br</strong> />

p r r<<strong>br</strong> />

∇W =<<strong>br</strong> />

α→0<<strong>br</strong> />

??????<<strong>br</strong> />

A = W - Et<<strong>br</strong> />

Analogia de<<strong>br</strong> />

Hamilton (1828)<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />

geométrica<<strong>br</strong> />

∇S = nû<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />

ondulatória<<strong>br</strong> />

φ = S − ct<<strong>br</strong> />

k 0<<strong>br</strong> />

Fig. 2.10 - Conjectura de Schrödinger.<<strong>br</strong> />

λ→0<<strong>br</strong> />

[ ]<<strong>br</strong> />

Da analogia de Hamilton, W corresponde ao eikonal S. Levandose<<strong>br</strong> />

em conta a parte temporal, a ação A = W - Et deve corresponder à fase<<strong>br</strong> />

da onda eletromagnética, dada por:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r r ⎡S(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

φ( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= k [ S(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

− ct]<<strong>br</strong> />

= 2π<<strong>br</strong> />

⎢ − νt⎥<<strong>br</strong> />

(2.63)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎣ λ 0 ⎦<<strong>br</strong> />

onde as substituições k 0 = 2π/λ 0 e λ0<<strong>br</strong> />

= c/ν foram introduzidas.<<strong>br</strong> />

Comparando os termos com dependência temporal na fase da onda e na<<strong>br</strong> />

ação, Schrödinger concluiu que a energia da partícula deveria ser<<strong>br</strong> />

proporcional à frequência de alguma onda associada a ela, cuja<<strong>br</strong> />

propagação está mostrada na Fig. 2.9. Assim,<<strong>br</strong> />

E = hν (2.64)<<strong>br</strong> />

onde h é uma constante de proporcionalidade, que mais tarde foi<<strong>br</strong> />

identificada como sendo a constante de Planck. Associando um<<strong>br</strong> />

comprimento de onda à propagação da superfície A(t) no espaço das<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 37<<strong>br</strong> />

configurações e levando em conta que esta se propaga com uma<<strong>br</strong> />

velocidade de fase dada por v = E/p, temos:<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

λ =<<strong>br</strong> />

v f<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

( E / p)<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

( E / h)<<strong>br</strong> />

p<<strong>br</strong> />

(2.65)<<strong>br</strong> />

Desta forma, Schrödinger conseguiu associar um comprimento de<<strong>br</strong> />

onda à partícula de momentum p. Este comprimento de onda foi<<strong>br</strong> />

posteriormente deduzido por de Broglie de uma outra maneira e por isso<<strong>br</strong> />

leva o nome de comprimento de onda de de Broglie. A eq. (2.65) permite<<strong>br</strong> />

encontrar o vetor de propagação como:<<strong>br</strong> />

2 2 2m(<<strong>br</strong> />

E − V)<<strong>br</strong> />

k =<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

p =<<strong>br</strong> />

(2.66)<<strong>br</strong> />

λ h h<<strong>br</strong> />

onde = h/2π, e as relações p 2<<strong>br</strong> />

h = 2mT e E = T+V foram utilizadas.<<strong>br</strong> />

Substituindo o valor de k dado em (2.66) na equação de ondas reduzida,<<strong>br</strong> />

eq. (2.37), chegamos à equação de Schrödinger:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

h 2<<strong>br</strong> />

− ∇ ψ + Vψ<<strong>br</strong> />

= Eψ<<strong>br</strong> />

2m<<strong>br</strong> />

(2.67)<<strong>br</strong> />

onde o vetor campo elétrico foi substituido por uma nova função, ψ, cuja<<strong>br</strong> />

interpretação será deixada para os textos de mecânica quântica.<<strong>br</strong> />

Em resumo, para se obter a equação de Schrödinger, é necessário<<strong>br</strong> />

associar um comprimento de onda à partícula de momentum p<<strong>br</strong> />

(comprimento de onda de de Broglie) e isto pode ser feito estendendo-se a<<strong>br</strong> />

analogia de Hamilton. A partir disto, usa-se a conservação de energia e a<<strong>br</strong> />

equação de ondas na sua forma reduzida para a obtenção da equação de<<strong>br</strong> />

Schrödinger.<<strong>br</strong> />

Para finalizarmos esta seção, vamos mostrar que a velocidade de<<strong>br</strong> />

grupo associada à propagação da superfície de ação constante corresponde<<strong>br</strong> />

à velocidade da partícula. Como veremos no Cap. 4, a velocidade de<<strong>br</strong> />

grupo, ou de pacote de onda, é dada por:<<strong>br</strong> />

v g<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

dν<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

(2.68)<<strong>br</strong> />

dk d(<<strong>br</strong> />

1/<<strong>br</strong> />

λ)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


38 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

com ω = 2πν. Usando a eq. (2.65), e considerando que p = 2m(<<strong>br</strong> />

E − V)<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

E = hν, temos:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

2m(<<strong>br</strong> />

E − V)<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

(2.69)<<strong>br</strong> />

-1<<strong>br</strong> />

cuja derivada com respeito a ν nos fornece v g :<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

v g<<strong>br</strong> />

d(<<strong>br</strong> />

1/<<strong>br</strong> />

λ)<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

dν<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

(2.70)<<strong>br</strong> />

2m(<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

− V)<<strong>br</strong> />

Substituindo hν por E e p 2m(<<strong>br</strong> />

E − V)<<strong>br</strong> />

, obtemos v<<strong>br</strong> />

= g<<strong>br</strong> />

= p/m = v.<<strong>br</strong> />

2.10 O potencial óptico<<strong>br</strong> />

Como vimos na seção anterior, as equações de ondas<<strong>br</strong> />

eletromagnéticas e de Schrödinger são formalmente equivalentes desde<<strong>br</strong> />

que se associe o comprimento de onda de de Broglie à partícula. No limite<<strong>br</strong> />

clássico da equação de Schrödinger, que corresponde ao caso h → 0 (λ →<<strong>br</strong> />

0), recuperamos as equações da mecânica clássica. Para sistemas<<strong>br</strong> />

conservativos temos:<<strong>br</strong> />

F = −∇V<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

(2.71)<<strong>br</strong> />

e este tipo de equação também deve existir na óptica geométrica devido à<<strong>br</strong> />

equivalência entre as duas equações de ondas. Usando (2.66), podemos<<strong>br</strong> />

definir um potencial óptico como:<<strong>br</strong> />

2 2 r<<strong>br</strong> />

r h k ( r)<<strong>br</strong> />

V(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

= E −<<strong>br</strong> />

(2.72)<<strong>br</strong> />

2m<<strong>br</strong> />

Na presente analogia, a óptica geométrica está ligada ao limite<<strong>br</strong> />

clássico da equação de Schrödinger, no qual a 2 a lei de Newton é válida.<<strong>br</strong> />

Desta forma,<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2 r<<strong>br</strong> />

r r r h k(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

F = ma<<strong>br</strong> />

= −∇V(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

= ∇k<<strong>br</strong> />

(2.73)<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

Como k( r ) = k0 n( r ) e k 0 = ω/c, temos:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

m


<strong>Óptica</strong> de raios 39<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

a =<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( hω<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

) n(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

∇n<<strong>br</strong> />

mc<<strong>br</strong> />

(2.74)<<strong>br</strong> />

Assim, obtemos a aceleração que atua so<strong>br</strong>e uma partícula de luz quando<<strong>br</strong> />

esta atravessa um meio com índice de refração variável. Entretanto, a eq.<<strong>br</strong> />

(2.74) mistura o caráter de uma partícula de massa m com o de onda (ω,c).<<strong>br</strong> />

Para eliminarmos a massa desta equação, faremos uso da relação de de<<strong>br</strong> />

Broglie:<<strong>br</strong> />

v hω<<strong>br</strong> />

mv = h k ⇒ =<<strong>br</strong> />

(2.75)<<strong>br</strong> />

n mc<<strong>br</strong> />

onde k0 = ω/v = nω/c. Substituindo (2.75) em (2.74) obtemos uma<<strong>br</strong> />

expressão para a aceleração de um raio de luz que se propaga com<<strong>br</strong> />

velocidade v = c/n num meio cujo índice de refração depende da posição:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r v r<<strong>br</strong> />

a = ∇n<<strong>br</strong> />

(2.76)<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

Entretanto, a solução desta equação é complicada, uma vez que v também<<strong>br</strong> />

pode depender da posição. Para simplificá-la, vamos tomar a aproximação<<strong>br</strong> />

paraxial que estabelece que o movimento do raio está confinado em torno<<strong>br</strong> />

do eixo de propagação, que denominaremos de z. Neste caso, v ≅ dz/dt e a<<strong>br</strong> />

aceleração pode ser expressa como:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r dv<<strong>br</strong> />

dv<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

a = =<<strong>br</strong> />

(2.77)<<strong>br</strong> />

dt dz dt<<strong>br</strong> />

onde a regra da cadeia foi utilizada. Substituindo (2.77) em (2.76) e<<strong>br</strong> />

cancelando v obtemos:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

dv<<strong>br</strong> />

v r<<strong>br</strong> />

= ∇n<<strong>br</strong> />

(2.78)<<strong>br</strong> />

dz n<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

Usando v = dr<<strong>br</strong> />

/ dt e aplicando novamente a regra da cadeia chegamos a:<<strong>br</strong> />

2r<<strong>br</strong> />

d r dz v r<<strong>br</strong> />

= ∇n<<strong>br</strong> />

(2.79)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dz dt n<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


40 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

que nos leva à equação de propagação de raios:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

d r<<strong>br</strong> />

n = ∇n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

(2.80)<<strong>br</strong> />

Podemos comparar este resultado com a equação dos raios obtida<<strong>br</strong> />

anteriormente. Usando a aproximação paraxial (d/ds→d/dz) na eq. (2.31)<<strong>br</strong> />

e realizando a primeira derivada com respeito a z, temos:<<strong>br</strong> />

r 2r<<strong>br</strong> />

dn dr<<strong>br</strong> />

d r r<<strong>br</strong> />

+ n = ∇n<<strong>br</strong> />

(2.81)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dz dz dz<<strong>br</strong> />

Vemos então que o primeiro termo desta equação não aparece em (2.80).<<strong>br</strong> />

Para efeitos práticos isto não tem muita importância, pois a duas equações<<strong>br</strong> />

são válidas apenas na aproximação paraxial, que só tem sentido quando a<<strong>br</strong> />

variação de n é muito pequena. Na solução da eq. (2.81), despreza-se em<<strong>br</strong> />

geral o primeiro termo e aproxima-se n por n 0 no segundo termo.<<strong>br</strong> />

Podemos entender a ausência do termo proporcional a dn/dz em<<strong>br</strong> />

(2.80) re-escrevendo o potencial óptico como:<<strong>br</strong> />

2 2 2 2 2 2 2 r<<strong>br</strong> />

r ⎡ h ω n ⎤ ⎡ ω ( − ) ⎤<<strong>br</strong> />

0 h n 0 n ( r)<<strong>br</strong> />

V(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

= ⎢E<<strong>br</strong> />

− ⎥ + 2 ⎢<<strong>br</strong> />

2 ⎥⎦ (2.82)<<strong>br</strong> />

⎣ 2mc<<strong>br</strong> />

⎦ ⎣ 2mc<<strong>br</strong> />

que corresponde a um termo constante e outro muito pequeno. Para<<strong>br</strong> />

passarmos do caso quântico para o clássico devemos ter h → 0. Isto<<strong>br</strong> />

significa que os níveis de energia do sistema são quase contínuos e para<<strong>br</strong> />

isto o potencial deve variar lentamente no espaço. Assim, o primeiro<<strong>br</strong> />

termo de (2.81) pode ser considerado como de segunda ordem e portanto<<strong>br</strong> />

desprezado.<<strong>br</strong> />

Em conclusão, introduzimos um potencial óptico com o qual<<strong>br</strong> />

obtivemos uma equação que descreve a propagação dos raios na<<strong>br</strong> />

aproximação paraxial. Este conceito é interessante porque através dele<<strong>br</strong> />

podemos entender porque os raios de luz procuram sempre as regiões de<<strong>br</strong> />

maior índice de refração (menor potencial). Como exemplo, numa fi<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

óptica o núcleo possui índice de refração levemente superior ao da casca,<<strong>br</strong> />

o que garante que os raios de luz fiquem confinados próximos ao seu<<strong>br</strong> />

centro.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de raios 41<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

nd<<strong>br</strong> />

2.1 D. Marcuse, Light Transmission Optics, 2 ed., van Nostrand<<strong>br</strong> />

Reinholt Company, NY (1982).<<strong>br</strong> />

rd<<strong>br</strong> />

2.2 M. Born and E. Wolf, Principles of Optics, 3 ed., Pergamon,<<strong>br</strong> />

Oxford (1970).<<strong>br</strong> />

2.3. H. Goldstein, Classical Mechanics, Addison-Wesley Publishing Co.,<<strong>br</strong> />

6 th ed. (1969), pg. 307.<<strong>br</strong> />

2.4. G. R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt, Rinehart and<<strong>br</strong> />

Winston, NY (1968).<<strong>br</strong> />

2.5. R. Köberle, Rev. Bras. Fís. 9, 243 (1979).<<strong>br</strong> />

2.6. D. A. Krueger, Am. J. Phys. 48, 183 (1980).<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

2.1. Um raio de luz incide so<strong>br</strong>e uma placa de espessura d de tal maneira a<<strong>br</strong> />

formar 10 0 com a normal, conforme mostra a Fig. 2.11. O índice de<<strong>br</strong> />

refração é dado por n = 1+ z/d. Use a lei de Snell generalizada para<<strong>br</strong> />

encontrar o ângulo com que o raio deixa a placa.<<strong>br</strong> />

2.2. Ainda com relação ao exercício 1, use as equações de Euler-Lagrange<<strong>br</strong> />

para encontrar: a) a equação da trajetória do raio dentro do meio e b)<<strong>br</strong> />

a que distância y do eixo z ele sai fora do meio.<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

10 0<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

Fig. 2.11 - Relativa aos exercícios 2.1 e 2.2.<<strong>br</strong> />

2.3. Repita o problema 2.2 usando a equação dos raios.<<strong>br</strong> />

2.4. Uma lente do tipo GRIN (índice gradual) consiste de uma placa plana<<strong>br</strong> />

e paralela cujo índice de refração varia quadraticamente com a<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

z


42 <strong>Óptica</strong> de raios<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

distância ao eixo óptico z de acordo com n(x,y) = n0 - α(x +y )/2.<<strong>br</strong> />

Considere um raio entrando com um ângulo θ0 (pequeno) neste<<strong>br</strong> />

material, como mostra a Fig. 2.12 A espessura da lente é d e α


Ondas eletromagnéticas 43<<strong>br</strong> />

Ondas 3<<strong>br</strong> />

eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

3.1 Introdução ao conceito de onda<<strong>br</strong> />

Para entendermos a propagação, bem outros aspectos físicos<<strong>br</strong> />

relacionados à luz, vamos inicialmente rever algumas idéias ligadas ao<<strong>br</strong> />

conceito de onda. Começaremos analisando uma onda mecânica, que é<<strong>br</strong> />

uma perturbação que caminha num meio material. Um exemplo bastante<<strong>br</strong> />

conhecido é o de uma corda estirada no chão so<strong>br</strong>e a qual se exerce um<<strong>br</strong> />

rápido puxão para cima. Sabemos que se forma um pulso nesta corda e<<strong>br</strong> />

que ele caminha (ou propaga-se) ao longo dela. Esta situação corresponde<<strong>br</strong> />

ao caso de propagação em uma dimensão (direção), ilustrado na Fig. 3.1.<<strong>br</strong> />

Outro exemplo de onda mecânica é o caso de uma pedra que cai na<<strong>br</strong> />

superfície absolutamente calma de um lago. Ao tocar na água, a pedra<<strong>br</strong> />

provoca um movimento do líquido, na forma de um círculo que aumenta<<strong>br</strong> />

radialmente. Neste caso, temos uma onda que se propaga em duas<<strong>br</strong> />

dimensões, so<strong>br</strong>e o plano definido pela superfície do lago. Estes são<<strong>br</strong> />

exemplos de perturbações que podem ser caracterizados como<<strong>br</strong> />

movimentos ondulatórios chamados pulsos.<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

corda parada<<strong>br</strong> />

corda com pulso<<strong>br</strong> />

Fig. 3.1 - Ilustração de um pulso propagando-se numa corda.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


44<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

Uma pergunta pertinente seria: podemos descrever este efeito<<strong>br</strong> />

matematicamente? A resposta é obviamente sim e a equação que descreve<<strong>br</strong> />

a propagação da onda, bem como sua solução, já eram conhecidas desde o<<strong>br</strong> />

século XVIII. Se estivermos tratando com ondas unidimensionais, que<<strong>br</strong> />

caminham apenas na direção z, por exemplo, a equação que descreve sua<<strong>br</strong> />

propagação é dada por:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂ u = 1 ∂ u<<strong>br</strong> />

(3.1)<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

∂ z<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

que envolve derivadas parciais de segunda ordem com relação às variáveis<<strong>br</strong> />

espaço e tempo. A função u representa a perturbação provocada pela onda<<strong>br</strong> />

no meio, como por exemplo, a altura do pulso na corda. Por sua vez, v é a<<strong>br</strong> />

velocidade com que a onda caminha. Esta equação diferencial tem como<<strong>br</strong> />

soluções possíveis quaisquer funções que possuam o argumento<<strong>br</strong> />

descrevendo um movimento retilíneo uniforme, dado por: z = z0 ± vt, ou<<strong>br</strong> />

alternativamente, z ± vt = constante. Nesta última expressão, o sinal<<strong>br</strong> />

negativo corresponde a um movimento na direção do eixo z, enquanto que<<strong>br</strong> />

o sinal positivo descreve um movimento na direção negativa do eixo z.<<strong>br</strong> />

Estas soluções referem-se às ondas que se propagam sem dispersão, isto é,<<strong>br</strong> />

o pulso caminha com velocidade constante, sem que haja distorção no seu<<strong>br</strong> />

formato. No Cap. 4 trataremos do caso mais geral em que existe<<strong>br</strong> />

dispersão, a qual provoca mudanças no formato do pulso ao se propagar.<<strong>br</strong> />

Uma onda pode ser descrita de maneira geral como: u1 = f(z-vt) e<<strong>br</strong> />

u2 = g(z+vt), onde f e g são funções quaisquer. Se houver no meio ondas<<strong>br</strong> />

se propagando simultaneamente nas duas direções, a solução geral é dada<<strong>br</strong> />

pela combinação linear:<<strong>br</strong> />

∂ t<<strong>br</strong> />

u = a1<<strong>br</strong> />

u1<<strong>br</strong> />

+ a 2u<<strong>br</strong> />

2 = a1f(z<<strong>br</strong> />

− vt) + a 2g(z<<strong>br</strong> />

+ vt)<<strong>br</strong> />

(3.2)<<strong>br</strong> />

onde u e u<<strong>br</strong> />

1 2 representam respectivamente, pulsos caminhando nas<<strong>br</strong> />

direções +z e -z. A combinação linear das ondas presentes no meio,<<strong>br</strong> />

expressa pela eq. (3.2), é conhecida como princípio da superposição e será<<strong>br</strong> />

abordada no problema 3.1. A forma de cada pulso é estabelecida pelas<<strong>br</strong> />

funções f e g, e depende das condições iniciais do problema, isto é, de<<strong>br</strong> />

como se gera o pulso no meio. Ao contrário das ondas mecânicas, as<<strong>br</strong> />

ondas eletromagnéticas, que discutimos a seguir, não precisam de um<<strong>br</strong> />

meio material para se propagarem.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Ondas eletromagnéticas 45<<strong>br</strong> />

3.2 Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

Por volta de 1870, James Clerk Maxwell introduziu um conjunto<<strong>br</strong> />

de equações envolvendo os campos elétrico e magnético, colocando de<<strong>br</strong> />

forma clara as equações empíricas existentes na época. Também<<strong>br</strong> />

introduziu o conceito de corrente de deslocamento, tornando a lei de<<strong>br</strong> />

Ampère mais geral. Estas equações, conhecidas atualmente como<<strong>br</strong> />

equações de Maxwell, estão discutidas em detalhes nos textos básicos de<<strong>br</strong> />

eletromagnetismo (ver referência 3.1). Temos:<<strong>br</strong> />

∇. D = ρ<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

(3.3a)<<strong>br</strong> />

∇. B = 0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

(3.3b)<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

∇xE<<strong>br</strong> />

= −∂B/<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

(3.3c)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r v r ∂D<<strong>br</strong> />

∇xH<<strong>br</strong> />

= J +<<strong>br</strong> />

(3.3d)<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

onde o sistema internacional (MKSA) foi adotado. O último termo da eq.<<strong>br</strong> />

(3.3d) representa a corrente de deslocamento introduzida por Maxwell.<<strong>br</strong> />

Cada uma destas equações corresponde a uma lei física descoberta<<strong>br</strong> />

empiricamente. De acordo com a ordem usada acima temos: lei de Gauss,<<strong>br</strong> />

inexistência de monopolo magnético, lei da indução de Faraday e lei de<<strong>br</strong> />

Ampère-Maxwell. O significado das grandezas que aparecem neste<<strong>br</strong> />

conjunto de equações é o usual: B r<<strong>br</strong> />

E r é o campo elétrico, é a indução<<strong>br</strong> />

magnética, ρ é a densidade de portadores livres, J r é a densidade de<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

corrente devida aos portadores livres, D = ε 0E<<strong>br</strong> />

+ P é o deslocamento<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

elétrico e H = B / μ M é o campo magnético. Introduzimos assim, a<<strong>br</strong> />

0 −<<strong>br</strong> />

polarização elétrica P r<<strong>br</strong> />

M r<<strong>br</strong> />

e a magnetização , que correspondem à resposta<<strong>br</strong> />

do meio devido à presença dos campos elétrico e magnético,<<strong>br</strong> />

respectivamente. As constantes ε0 = 8.854x10 -12 F/m e μ = 4πx10 -7<<strong>br</strong> />

0 H/m,<<strong>br</strong> />

determinadas empiricamente, são denominadas respectivamente de<<strong>br</strong> />

permissividade e permeabilidade do vácuo.<<strong>br</strong> />

As equações de Maxwell podem ser combinadas de forma a gerar<<strong>br</strong> />

uma nova equação que descreve a onda eletromagnética. Antes, porém,<<strong>br</strong> />

vamos fazer hipóteses simplificadoras para as relações constitutivas que<<strong>br</strong> />

nos dão a resposta do meio à presença dos campos. Vamos supor relações<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


46<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

r t r r t r r r<<strong>br</strong> />

lineares do tipo = ε χE<<strong>br</strong> />

, = χ H e J = σE<<strong>br</strong> />

(conhecida como lei de<<strong>br</strong> />

P 0 M m<<strong>br</strong> />

Ohm), onde χ t e χ t m são respectivamente as susceptibilidades elétrica e<<strong>br</strong> />

magnética e σ é a condutividade elétrica. Em geral χ t é um tensor, de<<strong>br</strong> />

forma que as polarizações e os campos podem não ser paralelos.<<strong>br</strong> />

Entretanto, neste capítulo vamos considerar apenas meios isotrópicos, nos<<strong>br</strong> />

quais χ e<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

χ t m são escalares, isto é, χij = χδij. Voltaremos a abordar o<<strong>br</strong> />

caráter tensorial destas grandezas quando tratarmos da propagação da luz<<strong>br</strong> />

em meios anisotrópicos dentre os quais se enquadram diversos tipos de<<strong>br</strong> />

cristais. Desta forma, D r<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

= ε<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

D = ε 0E<<strong>br</strong> />

+ P = ε 0 ( 1+<<strong>br</strong> />

χ)<<strong>br</strong> />

E , onde e são<<strong>br</strong> />

paralelos. Analogamente, B r = μ H r , onde μ = μ 0 (1+ χm).<<strong>br</strong> />

Definiremos a<<strong>br</strong> />

constante dielétrica como ke = ε/ ε0<<strong>br</strong> />

= (1+χ) e a constante magnética como<<strong>br</strong> />

km = μ/μ0 = (1+ χm).<<strong>br</strong> />

Estamos interessados em estudar a propagação de ondas<<strong>br</strong> />

eletromagnéticas num meio livre e homogêneo, isto é, ρ = J r = 0, μ e ε não<<strong>br</strong> />

dependem da posição. Tomando-se o rotacional da eq. (3.3c) temos:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r r r r ⎛ ∂B<<strong>br</strong> />

⎞ ∂ r r ∂ r r<<strong>br</strong> />

∇ x(<<strong>br</strong> />

∇xE)<<strong>br</strong> />

= −∇x⎜<<strong>br</strong> />

⎟ = − ( ∇xB)<<strong>br</strong> />

= −μ<<strong>br</strong> />

( ∇x<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

H)<<strong>br</strong> />

(3.4)<<strong>br</strong> />

t ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ ∂ ⎠ ∂t<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r r r r r r<<strong>br</strong> />

Usando a eq. (3.3d) com J = 0, a identidade vetorial ∇x(<<strong>br</strong> />

∇xE)<<strong>br</strong> />

= ∇(<<strong>br</strong> />

∇.<<strong>br</strong> />

E)<<strong>br</strong> />

∇. E = 0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

− ∇ e o fato que num meio livre e homogêneo, , obtemos a<<strong>br</strong> />

equação de ondas:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 ∂ r ∂ E<<strong>br</strong> />

∇ E = μ D = με<<strong>br</strong> />

(3.5)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

Analogamente, tomando o rotacional da lei de Ampère-Maxwell e<<strong>br</strong> />

usando as eq. (3.3b) e (3.3c), obtemos uma equação similar para o campo<<strong>br</strong> />

magnético:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

2 ∂ H<<strong>br</strong> />

∇ H = με<<strong>br</strong> />

(3.6)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

Se considerarmos a propagação em apenas uma dimensão (apenas<<strong>br</strong> />

na direção z, por exemplo), o Laplaceano se transforma numa derivada<<strong>br</strong> />

segunda com relação a z, e assim as eq. (3.5) e (3.6) tem a forma da<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Ondas eletromagnéticas 47<<strong>br</strong> />

equação de ondas dada por (3.1). Este tipo de equação já era conhecido na<<strong>br</strong> />

época, de forma que Maxwell pode concluir que se tratava de uma onda<<strong>br</strong> />

com velocidade de propagação v = 1/<<strong>br</strong> />

με . É interessante enfatizar que<<strong>br</strong> />

quando estas equações foram obtidas pouco se conhecia so<strong>br</strong>e a natureza<<strong>br</strong> />

da luz. Apenas quando Maxwell substituiu os valores de ε e μ, conhecidos<<strong>br</strong> />

empiricamente através de medidas de capacitância e indutância, obteve-se<<strong>br</strong> />

que a onda eletromagnética tinha uma velocidade de propagação igual à<<strong>br</strong> />

da luz, e assim pode ser feito o relacionamento entre a óptica e o<<strong>br</strong> />

eletromagnetismo. No caso tridimensional, as equações (3.5) e (3.6) são<<strong>br</strong> />

cada uma um conjunto de três equações para as componentes, isto é:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E x<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 ∂<<strong>br</strong> />

∇ E x = με<<strong>br</strong> />

(3.7a)<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

∇<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂<<strong>br</strong> />

= με<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(3.7b)<<strong>br</strong> />

2 ∂<<strong>br</strong> />

∇ E z = με<<strong>br</strong> />

(3.7c)<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

Existe ainda um conjunto de equações similares para o campo<<strong>br</strong> />

magnético. Todas são equações diferenciais lineares, de segunda ordem,<<strong>br</strong> />

que podem ter uma infinidade de soluções, dependendo das condições de<<strong>br</strong> />

contorno impostas pela geometria de cada situação particular. Nas seções<<strong>br</strong> />

seguintes vamos discutir os tipos de soluções mais comuns.<<strong>br</strong> />

3.3 Ondas harmônicas unidimensionais<<strong>br</strong> />

A equação para a onda eletromagnética unidimensional tem a<<strong>br</strong> />

forma da equação para u e, portanto, sua solução se constitui de pulsos do<<strong>br</strong> />

tipo:<<strong>br</strong> />

E = E(z±vt) (3.8a)<<strong>br</strong> />

H = H(z±vt) (3.8b)<<strong>br</strong> />

caminhando com velocidade v = 1/<<strong>br</strong> />

με = 1/<<strong>br</strong> />

k eε<<strong>br</strong> />

0k<<strong>br</strong> />

mμ<<strong>br</strong> />

0 = c / k ek<<strong>br</strong> />

, onde c<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

é a velocidade da luz no vácuo (k e = km<<strong>br</strong> />

=1). Para meios dielétricos e não<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


48<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

magnéticos (km=1), temos v = c /<<strong>br</strong> />

refração do meio.<<strong>br</strong> />

k c / n,<<strong>br</strong> />

onde n =<<strong>br</strong> />

e =<<strong>br</strong> />

k e é o índice de<<strong>br</strong> />

Um caso particular muito interessante das soluções expressas<<strong>br</strong> />

pelas eq. (3.8a) e (3.8b) é o das ondas harmônicas, que são perturbações<<strong>br</strong> />

periódicas da forma:<<strong>br</strong> />

onde definimos:<<strong>br</strong> />

[ k(z ± vt) ] = E cos[<<strong>br</strong> />

(kz ± ωt) ]<<strong>br</strong> />

[ k(z ± vt) ] = H cos[<<strong>br</strong> />

(kz ± ωt)<<strong>br</strong> />

]<<strong>br</strong> />

E = E o cos<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

(3.9a)<<strong>br</strong> />

H = Hocos<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

(3.9b)<<strong>br</strong> />

ω = kv<<strong>br</strong> />

(3.10)<<strong>br</strong> />

sendo ω a freqüência angular da onda e k a constante de propagação ou<<strong>br</strong> />

módulo do vetor de propagação. Posteriormente, veremos com mais<<strong>br</strong> />

detalhes o significado físico destas grandezas. Assim como a expressão<<strong>br</strong> />

co-senoidal apresentada acima, soluções do tipo seno também satisfazem<<strong>br</strong> />

a equação de ondas e também são chamadas de ondas harmônicas. Como<<strong>br</strong> />

exemplo, no caso das ondas mecânicas funções do tipo seno ou co-seno<<strong>br</strong> />

podem ser obtidas conectando um diapasão numa das extremidades de<<strong>br</strong> />

uma corda esticada. Existe ainda uma terceira maneira de se expressar a<<strong>br</strong> />

onda harmônica, mais conveniente para a realização da operação de<<strong>br</strong> />

multiplicação dos campos, que é a forma exponencial:<<strong>br</strong> />

{ i [ k(z ± vt) ] } = E exp { i (kz ± ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

E = E oexp<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

(3.11)<<strong>br</strong> />

que também satisfaz a equação de ondas. De acordo com a fórmula de<<strong>br</strong> />

Euler (exp{iθ} = cosθ + i senθ) esta expressão contém um termo real e<<strong>br</strong> />

outro imaginário. Como o campo elétrico (assim como o magnético) deve<<strong>br</strong> />

ser uma variável real, é costume tomar-se apenas a parte real (ou<<strong>br</strong> />

imaginária) da eq. (3.11).<<strong>br</strong> />

Vamos enfatizar aqui que uma onda tem três partes importantes:<<strong>br</strong> />

a) a amplitude (Eo), b) a orientação espacial dos campos (polarização) e c)<<strong>br</strong> />

a fase (kz±ωt). A amplitude está ligada à intensidade, que determina a<<strong>br</strong> />

potência que está sendo transportada pela onda. A polarização dos campos<<strong>br</strong> />

está vinculada à orientação do vetor campo elétrico no espaço. Esta<<strong>br</strong> />

orientação define o que chamamos de polarização de uma onda e será<<strong>br</strong> />

tema de muitas discussões ao longo do texto, como por exemplo, quando<<strong>br</strong> />

estudarmos os fenômenos de reflexão e refração. Veremos ainda que a<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Ondas eletromagnéticas 49<<strong>br</strong> />

fase, que é o argumento da função que descreve a onda, é um elemento<<strong>br</strong> />

fundamental no entendimento de vários fenômenos, como por exemplo, o<<strong>br</strong> />

da interferência de ondas.<<strong>br</strong> />

O argumento das funções dadas nas eq. (3.8a) e (3.8b) possui um<<strong>br</strong> />

termo descrevendo a variação espacial da onda, e outro, a temporal. De<<strong>br</strong> />

fato, não é algo simples a visualização conjunta das variações no espaço e<<strong>br</strong> />

no tempo, e a maneira mais funcional para analisar a fase é fazê-la<<strong>br</strong> />

separadamente. Para simplificar ainda mais a discussão, faremos uso das<<strong>br</strong> />

ondas harmônicas definidas nas eq. (3.9a) e (3.9b). Vamos somar 2π ao<<strong>br</strong> />

argumento da função, o que não altera o valor da amplitude do campo da<<strong>br</strong> />

onda, pois cos φ = cos (φ + 2π). Ao fazermos este incremento de fase, sua<<strong>br</strong> />

origem pode ser oriunda tanto da parte espacial quanto temporal, isto é, a<<strong>br</strong> />

variação pode ser no valor de z ou no de t.<<strong>br</strong> />

Tomemos inicialmente a variação de fase como sendo de origem<<strong>br</strong> />

temporal. Consideremos um dado instante de tempo t e que decorrido um<<strong>br</strong> />

intervalo de tempo T, a fase total se altera de 2π. Desta forma, temos:<<strong>br</strong> />

E = E o cos[<<strong>br</strong> />

kz ± ω(t<<strong>br</strong> />

+ T) ] = E ocos[<<strong>br</strong> />

kz ± ωt<<strong>br</strong> />

+ ωT]<<strong>br</strong> />

= E ocos[<<strong>br</strong> />

kz ± ωt<<strong>br</strong> />

+ 2π<<strong>br</strong> />

] . Neste<<strong>br</strong> />

caso, ωT = 2π, que nos leva a:<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

ω = = 2π<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

(3.12)<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

O intervalo de tempo T para o qual a onda harmônica se repete é chamado<<strong>br</strong> />

de período temporal da onda. A eq. (3.12) define a relação que deve<<strong>br</strong> />

existir entre período, freqüência angular ω e freqüência f.<<strong>br</strong> />

Tomemos a seguir a variação de 2π na fase como sendo oriunda<<strong>br</strong> />

da parte espacial. Desta forma, consideramos a onda em um dado ponto z<<strong>br</strong> />

e, no mesmo instante, o ponto (z+λ), tal que este deslocamento espacial<<strong>br</strong> />

gere a variação de fase citada. Temos então que E = Eo<<strong>br</strong> />

cos [ k(z + λ) ± ωt]<<strong>br</strong> />

= Eo cos[<<strong>br</strong> />

kz±<<strong>br</strong> />

ωt<<strong>br</strong> />

+ kλ]<<strong>br</strong> />

= Eocos[<<strong>br</strong> />

kz±<<strong>br</strong> />

ωt<<strong>br</strong> />

+ 2π]<<strong>br</strong> />

. Disto vem que kλ = 2π e,<<strong>br</strong> />

consequentemente:<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

k (3.13)<<strong>br</strong> />

Portanto, chegamos à conclusão que existe um período espacial dado por<<strong>br</strong> />

λ, à semelhança do período temporal já discutido. A eq. (3.13) define a<<strong>br</strong> />

relação entre o módulo do vetor de propagação e este período espacial,<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


50<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

chamado de comprimento de onda. Isto evidencia que as partes espacial e<<strong>br</strong> />

temporal de uma onda participam em pé de igualdade, ou seja, tanto é<<strong>br</strong> />

possível haver alteração de uma onda através da passagem do tempo<<strong>br</strong> />

quanto da mudança de posição no espaço. A Fig. 3.2 ilustra o<<strong>br</strong> />

comportamento de uma onda harmônica como função da variável espacial<<strong>br</strong> />

para diversos tempos, isto é, como se a onda fosse fotografada<<strong>br</strong> />

periodicamente.<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

Fig. 3.2 – Evolução temporal-espacial de uma onda harmônica. Conforme o<<strong>br</strong> />

tempo passa, a onda caminha para a direita com velocidade v<<strong>br</strong> />

constante.<<strong>br</strong> />

A mudança de uma onda no tempo é algo muito comum em<<strong>br</strong> />

eletrônica, enquanto que a mudança de fase no espaço é algo próprio da<<strong>br</strong> />

óptica. Assim sendo, em eletrônica se faz a modulação de sinal no tempo,<<strong>br</strong> />

enquanto em óptica se pode modular não apenas no tempo, mas também<<strong>br</strong> />

no espaço.<<strong>br</strong> />

3.4 Ondas planas e esféricas<<strong>br</strong> />

O caso discutido na seção anterior é o das ondas harmônicas<<strong>br</strong> />

unidimensionais, para as quais a propagação ocorre apenas ao longo do<<strong>br</strong> />

eixo z. No caso de uma onda que se propaga numa direção qualquer do<<strong>br</strong> />

espaço, além de z, as coordenadas x e y também aparecem na solução da<<strong>br</strong> />

equação de ondas se utilizarmos o Laplaceano em coordenadas<<strong>br</strong> />

cartesianas. Assim, generalizando a eq. (3.11) temos:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

E = E o exp { i ( k xx<<strong>br</strong> />

+ k yy<<strong>br</strong> />

+ k zz<<strong>br</strong> />

± ωt)<<strong>br</strong> />

} = E oexp{<<strong>br</strong> />

i ( k.<<strong>br</strong> />

r ± ωt)<<strong>br</strong> />

} (3.14)<<strong>br</strong> />

onde o vetor k define a direção de propagação da onda e<<strong>br</strong> />

é chamado de vetor de propagação, cujo módulo, como já vimos é 2π/λ .<<strong>br</strong> />

é chamado de vetor posição. Os versores indicam a<<strong>br</strong> />

direção e sentido dos eixos x, y e z, do sistema de coordenadas cartesianas.<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

k = k x î + k y jˆ + k z<<strong>br</strong> />

kˆ r<<strong>br</strong> />

= xî<<strong>br</strong> />

+ yjˆ<<strong>br</strong> />

+ z<<strong>br</strong> />

kˆ î,<<strong>br</strong> />

jˆ e<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

z


Ondas eletromagnéticas 51<<strong>br</strong> />

A solução dada por (3.14) é de extrema importância uma vez que qualquer<<strong>br</strong> />

pulso f( k. r 0t)<<strong>br</strong> />

ω −<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

pode ser gerado fazendo uma superposição de campos<<strong>br</strong> />

elétricos E(ω), isto é, calculando a transformada de Fourier de E0(ω):<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

f ( k.<<strong>br</strong> />

r − ω0t)<<strong>br</strong> />

= ∫ E(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

= ∫ E0<<strong>br</strong> />

( ω)<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

r − ωt)<<strong>br</strong> />

} dω<<strong>br</strong> />

(3.15)<<strong>br</strong> />

sendo que ω0<<strong>br</strong> />

entra nos limites de integração. Desta forma, podemos ver<<strong>br</strong> />

que a solução harmônica é uma espécie de onda básica e as soluções mais<<strong>br</strong> />

complicadas são derivadas a partir dela. Voltaremos a este assunto no<<strong>br</strong> />

Cap. 7, quando estudarmos a resolução espectral de um trem de ondas<<strong>br</strong> />

finito. Entretanto, devemos afirmar que embora esta solução seja<<strong>br</strong> />

importante do ponto de vista matemático, ela não tem significado físico, já<<strong>br</strong> />

que as condições de contorno demandariam fontes de dimensões infinitas<<strong>br</strong> />

(planos), como veremos a seguir.<<strong>br</strong> />

De acordo com a eq. (3.14), a fase da onda é φ(r,t) = k. r -ωt.<<strong>br</strong> />

Vamos encontrar para quais pontos no espaço esta fase tem o mesmo<<strong>br</strong> />

valor, isto é, queremos determinar as superfícies equifases. Assim, para<<strong>br</strong> />

um dado instante de tempo φ deve ser constante e isto só é possível se<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

k. r r<<strong>br</strong> />

kû. r = constante. Aqui, û é um versor que especifica a direção e<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

o sentido do vetor de propagação k . A realização do produto escalar nos<<strong>br</strong> />

leva a: kxx + kyy<<strong>br</strong> />

+ kzz = constante, que é a equação do plano visto na Fig.<<strong>br</strong> />

3.3, cuja normal é o próprio vetor de propagação. Desta forma concluímos<<strong>br</strong> />

que a onda plana possui como superfícies equifases, planos que se<<strong>br</strong> />

propagam na direção de k , com velocidade v.<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

k = kû<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

Fig. 3.3 - Superfície equifase de uma onda plana.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

y


52<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

Para entendermos melhor o significado de vamos fazer uso da<<strong>br</strong> />

Fig. 3.4, que representa duas superfícies equifases tais que os argumentos<<strong>br</strong> />

das funções seno diferem exatamente de 2π, significando que a onda se<<strong>br</strong> />

repete. Logo, a separação entre os dois planos é λ, como discutido<<strong>br</strong> />

anteriormente. Assim, para um dado tempo t, k. r1<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

- ωt = constante e k. r2<<strong>br</strong> />

-<<strong>br</strong> />

ωt = const.+2π. Subtraindo estas duas igualdades temos:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

.( r − r ) = 2π.<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

1r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r 2 − r1<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

Fig. 3.4 - Significado de .<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

k 2 1<<strong>br</strong> />

frente de<<strong>br</strong> />

onda<<strong>br</strong> />

Levando em conta que o produto escalar seleciona apenas a<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

componente de ( r2<<strong>br</strong> />

− r1<<strong>br</strong> />

) paralela a k (portanto perpendicular aos planos<<strong>br</strong> />

equifases), e que esta corresponde à separação entre os dois planos<<strong>br</strong> />

consecutivos, concluímos que kλ = 2π e consequentemente k = 2π/λ,<<strong>br</strong> />

como no caso da onda unidimensional. Como para a translação com<<strong>br</strong> />

velocidade constante, o espaço é igual à velocidade vezes o tempo, temos<<strong>br</strong> />

λ = Tv = v/f. Assim obtemos v = λf = ω/<<strong>br</strong> />

k , que é a velocidade de fase da<<strong>br</strong> />

onda, que será abordada com maiores detalhes no próximo capítulo.<<strong>br</strong> />

Um outro tipo de solução para a equação de ondas é a onda<<strong>br</strong> />

esférica, que está ligada à condição de contorno correspondente à radiação<<strong>br</strong> />

emitida por uma fonte pontual. Quando tal fonte emite radiação<<strong>br</strong> />

eletromagnética, a onda gerada se espalha em todas as direções, como<<strong>br</strong> />

mostrado na Fig. 3.5, diferentemente da onda plana que caminha apenas<<strong>br</strong> />

na direção do vetor de propagação k r . Neste caso, o campo elétrico é dado<<strong>br</strong> />

por:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Ondas eletromagnéticas 53<<strong>br</strong> />

E0<<strong>br</strong> />

E = cos(<<strong>br</strong> />

kr − ωt)<<strong>br</strong> />

(3.16)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

Nesta expressão vemos que a amplitude decresce com r e a razão<<strong>br</strong> />

para isto está ligada ao princípio da conservação de energia. A potência<<strong>br</strong> />

(energia por unidade de tempo) é o produto da intensidade pela área<<strong>br</strong> />

atravessada pela onda, que no caso da esfera é A = 4πr 2 . Logo, devido à<<strong>br</strong> />

conservação de energia (ou potência), 4πr 2 I deve ser constante conforme a<<strong>br</strong> />

onda esférica se propaga. Como veremos no final do capítulo, I ∝ E 2 (ver<<strong>br</strong> />

eq. (3.41)) de onde concluimos que E depende de 1/r. Conforme mostra a<<strong>br</strong> />

Fig. 3.5, o produto kr dá origem a uma superfície equifase esférica,<<strong>br</strong> />

dependente de r. Note que no argumento da exponencial aparecem apenas<<strong>br</strong> />

os módulos dos vetores k r r<<strong>br</strong> />

e r , e não o seu produto escalar.<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

Fig. 3.5 - Onda esférica.<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

superfície equifase<<strong>br</strong> />

Existem outros tipos de soluções para a equação de ondas e um<<strong>br</strong> />

dos mais comuns é a solução do tipo gaussiana, que abordaremos na seção<<strong>br</strong> />

3.5.<<strong>br</strong> />

Uma identidade importante é a que relaciona H r<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

e . Para derivála<<strong>br</strong> />

devemos notar que de acordo com a expressão da onda plana,<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

∇xE<<strong>br</strong> />

= ikxE<<strong>br</strong> />

(3.17a)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

∂E<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

= −iωE<<strong>br</strong> />

(3.17b)<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

∂H<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

= −iωH<<strong>br</strong> />

(3.17c)<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


54<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

Como ∇xE<<strong>br</strong> />

= −∂B<<strong>br</strong> />

/ ∂t<<strong>br</strong> />

= − μ∂H<<strong>br</strong> />

/ ∂t<<strong>br</strong> />

, temos ikxE = iμωH<<strong>br</strong> />

, isto é,<<strong>br</strong> />

H r e E r são perpendiculares entre si. Por outro lado,<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

∇.<<strong>br</strong> />

E = ik.<<strong>br</strong> />

E = 0<<strong>br</strong> />

(3.18a)<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

significando que e E r são perpendiculares. Também,<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

∇.<<strong>br</strong> />

H = ik.<<strong>br</strong> />

H = 0<<strong>br</strong> />

(3.18b)<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

H r<<strong>br</strong> />

H r<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

e assim, e são perpendiculares. Logo, concluímos que , e<<strong>br</strong> />

são mutuamente perpendiculares, como mostra a Fig. 3.6. É claro que isto<<strong>br</strong> />

só é válido em meios isotrópicos, onde ∇. E = 0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

. Nos meios<<strong>br</strong> />

anisotrópicos, a condição a ser utilizada é k r<<strong>br</strong> />

∇. D = 0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

H r , e neste caso, , e<<strong>br</strong> />

D r são mutuamente perpendiculares.<<strong>br</strong> />

Fig. 3.6 - Geometria dos vetores k r , H r e E r<<strong>br</strong> />

3.5 Ondas gaussianas<<strong>br</strong> />

Uma solução importante da equação de ondas é aquela obtida ao se<<strong>br</strong> />

utilizar o Laplaceano em coordenadas cilíndricas:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

H r<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2 ∂ ∂ 1 ∂ ∂<<strong>br</strong> />

∇ = ∇T<<strong>br</strong> />

+ = + +<<strong>br</strong> />

(3.19)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂z<<strong>br</strong> />

∂r<<strong>br</strong> />

r ∂r<<strong>br</strong> />

∂z<<strong>br</strong> />

onde ∇T<<strong>br</strong> />

é a parte associada à coordenada radial. Fisicamente, o uso<<strong>br</strong> />

destas coordenadas implica que o meio possui condições de contorno com<<strong>br</strong> />

simetria azimutal, isto é, podem existir obstáculos circulares, meios do<<strong>br</strong> />

tipo lente como discutido no Cap. 2, etc. A solução que vamos obter a<<strong>br</strong> />

seguir é de observação bastante comum em laboratórios de óptica, pois<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

2


Ondas eletromagnéticas 55<<strong>br</strong> />

corresponde ao tipo de luz emitida pela maioria dos lasers. Como o<<strong>br</strong> />

sistema de coordenadas particulares escolhido para o Laplaceano não tem<<strong>br</strong> />

influência na parte temporal do campo elétrico, é de se esperar que, como<<strong>br</strong> />

nos dois casos discutidos na seção anterior, ele seja dado por uma<<strong>br</strong> />

expressão do tipo:<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

E( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= E(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

exp − iωt<<strong>br</strong> />

(3.20)<<strong>br</strong> />

{ }<<strong>br</strong> />

Substituindo esta solução tentativa na eq. (3.5), obtemos a equação de<<strong>br</strong> />

ondas na forma reduzida, que envolve apenas as coordenadas espaciais:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

∇ E + k ( r)<<strong>br</strong> />

E = 0<<strong>br</strong> />

(3.21)<<strong>br</strong> />

onde k 2 = μεω 2 pode depender da coordenada radial se tivermos um meio<<strong>br</strong> />

do tipo lente. Entretanto, com o objetivo de simplificar os cálculos<<strong>br</strong> />

seguintes, vamos supor que o meio seja homogêneo, isto é, k é constante.<<strong>br</strong> />

Tomando apenas uma componente vetorial de E r e supondo que a onda<<strong>br</strong> />

tem sua propagação confinada em torno do eixo z, fazemos a mudança de<<strong>br</strong> />

variáveis:<<strong>br</strong> />

que quando substituida na eq. (3.21) resulta em:<<strong>br</strong> />

{ ikz}<<strong>br</strong> />

E( r,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

= ψ(<<strong>br</strong> />

r,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

exp −<<strong>br</strong> />

(3.22)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∇ T ψ − 2ikψ'=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(3.23)<<strong>br</strong> />

∂ψ<<strong>br</strong> />

onde ψ'=<<strong>br</strong> />

ψ'<<strong>br</strong> />

'<<strong>br</strong> />

∂z<<strong>br</strong> />

e o termo proporcional a foi desprezado. Esta é ainda<<strong>br</strong> />

uma equação difícil de ser resolvida e sem nenhuma justificativa ad hoc,<<strong>br</strong> />

vamos tentar uma solução do tipo:<<strong>br</strong> />

Substituindo na eq. (3.23) obtemos:<<strong>br</strong> />

⎪<<strong>br</strong> />

⎧ ⎡ Q(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2 ⎤⎪<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

ψ(<<strong>br</strong> />

r,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

= ψ 0 exp⎨−<<strong>br</strong> />

i ⎢P(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

+ ⎥⎬<<strong>br</strong> />

(3.24)<<strong>br</strong> />

⎪⎩<<strong>br</strong> />

⎢ 2<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

⎥⎦<<strong>br</strong> />

⎪⎭<<strong>br</strong> />

Q<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2iQ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+ kr Q'+<<strong>br</strong> />

2kP'=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(3.25)<<strong>br</strong> />

onde as derivadas de P e Q são relativas a z. Como esta igualdade é válida<<strong>br</strong> />

para qualquer r, devemos analisar as partes que possuem a mesma<<strong>br</strong> />

potência em r. Assim,<<strong>br</strong> />

Q 2<<strong>br</strong> />

+ kQ'=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(3.26a)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


56<<strong>br</strong> />

iQ + kP'=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

(3.26b)<<strong>br</strong> />

Desta forma, obtemos equações diferenciais, que embora não lineares, são<<strong>br</strong> />

de primeira ordem, e consequentemente fáceis de serem resolvidas. A<<strong>br</strong> />

solução da eq. (3.26a) resulta em:<<strong>br</strong> />

Q(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

z + q<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(3.27)<<strong>br</strong> />

onde q0 é uma constante de integração, que será analisada posteriormente.<<strong>br</strong> />

Utilizando este resultado na eq. (3.26b) é fácil mostrar que:<<strong>br</strong> />

⎛ z ⎞<<strong>br</strong> />

P(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

= −iln<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎜1<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝ q0<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(3.28)<<strong>br</strong> />

Podemos agora substituir os valores de P(z) e Q(z) na eq. (3.24)<<strong>br</strong> />

para encontrarmos a função ψ(r,z). Antes porém, vamos re-escrever a<<strong>br</strong> />

constante de integração como q 0 = iz0, com z0<<strong>br</strong> />

real. A razão de se<<strong>br</strong> />

considerar q0 imaginário é que esta é a única maneira de se obter uma<<strong>br</strong> />

solução que está confinada em torno do eixo z; caso contrário, o campo<<strong>br</strong> />

elétrico se estenderia exponencialmente até o infinito e esta é uma solução<<strong>br</strong> />

que não nos interessa. Desta forma temos:<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

{ − iP(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

} = exp{<<strong>br</strong> />

− ln[<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

z / z ) ] }<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

z / z0<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

( z / z<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i tg ( z / z0<<strong>br</strong> />

) }<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

⎧ Q(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

exp⎨−<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

⎩ 2<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

⎬ =<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

⎪⎧<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

kr ⎛ z − iz<<strong>br</strong> />

= exp⎨−<<strong>br</strong> />

i ⎜<<strong>br</strong> />

⎪⎩<<strong>br</strong> />

2 ⎜ 2<<strong>br</strong> />

⎝ z + z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎪⎧<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

k ⎛ r<<strong>br</strong> />

exp⎨−<<strong>br</strong> />

i ⎜<<strong>br</strong> />

⎪⎩ 2 ⎜<<strong>br</strong> />

⎝ z + iz<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎞⎪⎫<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎬<<strong>br</strong> />

⎠⎪⎭<<strong>br</strong> />

⎪⎫<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎞ ⎧ r ikr ⎫<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎬ = exp⎨−<<strong>br</strong> />

− 2 ⎬<<strong>br</strong> />

⎠⎪⎭<<strong>br</strong> />

⎩ w ( z)<<strong>br</strong> />

2R(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

onde as grandezas w(z) e R(z) foram introduzidas como:<<strong>br</strong> />

{ } { } 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

(z/<<strong>br</strong> />

z ) = w 1 (z/<<strong>br</strong> />

z )<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

w (z)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0 +<<strong>br</strong> />

(3.29)<<strong>br</strong> />

(3.30)<<strong>br</strong> />

2z<<strong>br</strong> />

= 0 (3.31a)<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Ondas eletromagnéticas 57<<strong>br</strong> />

onde w0 2 = 2z0/k é o valor de w(z) na origem (z = 0) e<<strong>br</strong> />

R (z) = z +<<strong>br</strong> />

{ } 2<<strong>br</strong> />

1 (z /<<strong>br</strong> />

0 z)<<strong>br</strong> />

Com estas definições o campo elétrico fica:<<strong>br</strong> />

E(r, z)<<strong>br</strong> />

= E<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

w<<strong>br</strong> />

⎧<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

0 ⎧ r ⎫ ⎡<<strong>br</strong> />

kr ⎤<<strong>br</strong> />

exp⎨−<<strong>br</strong> />

⎬ xexp⎨−<<strong>br</strong> />

i⎢kz<<strong>br</strong> />

− η(z) +<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎥⎬<<strong>br</strong> />

w(z) ⎩ w (z) ⎭ ⎩ ⎣ 2R(z) ⎦⎭<<strong>br</strong> />

(3.31b)<<strong>br</strong> />

(3.32)<<strong>br</strong> />

-1<<strong>br</strong> />

onde η(z) = tg (z/z0)<<strong>br</strong> />

é conhecida como fase de Gouy. Podemos agora<<strong>br</strong> />

fazer uma interpretação do significado desta expressão. A primeira parte<<strong>br</strong> />

da eq. (3.32) está ligada à amplitude do campo. Vemos que ao se<<strong>br</strong> />

modificar a coordenada radial o campo decai exponencialmente, de forma<<strong>br</strong> />

a seguir uma função gaussiana. O comportamento de E contra r está<<strong>br</strong> />

mostrado na Fig. 3.7. Para uma distância r = w(z), o valor de E decai para<<strong>br</strong> />

1/e do valor em r = 0. Esta distância é chamada de raio do feixe. Na<<strong>br</strong> />

origem, o raio mínimo é w0, de acordo com a eq. (3.31a). Nesta posição<<strong>br</strong> />

temos a “cintura do feixe”. Ainda de acordo com esta equação, vemos que<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

z0 = kw0 /2 = πnw0 /λ. Este parâmetro é chamado de comprimento de<<strong>br</strong> />

Rayleigh. Para z = z 0 , o raio do feixe aumenta de um fator 2 quando<<strong>br</strong> />

comparado com o valor em r = 0. Ainda com relação à amplitude do<<strong>br</strong> />

campo, para r = 0, o feixe vai se a<strong>br</strong>indo conforme z aumenta e a<<strong>br</strong> />

amplitude decai com z, de acordo com w ( ) 2<<strong>br</strong> />

0 /w(z) = 1 / 1+<<strong>br</strong> />

z/<<strong>br</strong> />

z . É<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

interessante notar que existe um tamanho mínimo para o diâmetro do<<strong>br</strong> />

feixe e isto está ligado ao fenômeno de difração, que veremos no Cap. 8.<<strong>br</strong> />

Para z muito maior que z0, a eq. (3.31a) prediz que w(z) ≈ w0z/z0. Usando<<strong>br</strong> />

a relação entre w 0 e z0,<<strong>br</strong> />

e considerando que o raio do feixe satisfaz: r =<<strong>br</strong> />

w(z), temos:<<strong>br</strong> />

2w(z)<<strong>br</strong> />

E(z,r)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

- r /w<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

Fig. 3.7 - Variação da amplitude do campo com<<strong>br</strong> />

a coordenada radial.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

r


58<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

r = z<<strong>br</strong> />

πnw<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

(3.33)<<strong>br</strong> />

que é a equação de uma reta, que nos dá o ângulo de divergência do feixe<<strong>br</strong> />

como tgθ ≈ θ = λ/πnw0. Iremos obter uma expressão similar a esta<<strong>br</strong> />

quando tratarmos da difração de luz por uma fenda circular de raio w0.<<strong>br</strong> />

A segunda metade da eq. (3.32) está ligada à fase da onda. O<<strong>br</strong> />

termo mais interessante é o que possui R(z), que corresponde ao raio de<<strong>br</strong> />

curvatura da frente de onda. Quando a onda se propaga, a curvatura do<<strong>br</strong> />

feixe vai mudando conforme mostra a Fig. 3.8. Para r = 0 e r = ∞ o raio de<<strong>br</strong> />

curvatura é infinito. O valor mínimo de R(z) ocorre para z = ±z0 e vale<<strong>br</strong> />

R min = 2z0.<<strong>br</strong> />

Para z > 0, o raio de curvatura é positivo e se a luz caminha<<strong>br</strong> />

para a direita temos a divergência do feixe. Por outro lado para z < 0, o<<strong>br</strong> />

raio de curvatura é negativo e o feixe estará convergindo.<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

R(z<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

Fig.<<strong>br</strong> />

3.8 - Propagação de um feixe gaussiano (a) e variação da amplitude do<<strong>br</strong> />

campo com coordenada radial.<<strong>br</strong> />

O feixe definido pela eq. (3.32)<<strong>br</strong> />

é chamado feixe gaussiano de<<strong>br</strong> />

ordem zero (TEM00), podendo existir feixes de ordem superior, cujas<<strong>br</strong> />

distribuições de intensidade na direção radial são mostrados na Fig. 3.9.<<strong>br</strong> />

Embora não demonstremos aqui, a amplitude do campo elétrico é<<strong>br</strong> />

modulada por um polinômio de Hermite. Alguns pontos a serem<<strong>br</strong> />

enfatizados com relação à eq. (3.32) são: (i) o raio da curvatura R(z) e o<<strong>br</strong> />

diâmetro do feixe mudam conforme ele se propaga na direção z,<<strong>br</strong> />

implicando numa divergência (ou convergência) do mesmo, (ii) em w(z) o<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

campo é 1/e do valor em r = 0, (iii) o intervalo de Rayleigh z0<<strong>br</strong> />

= πw<<strong>br</strong> />

0n<<strong>br</strong> />

/ λ<<strong>br</strong> />

é a distância z em que o raio w(z) do feixe aumenta por um fator 2 , (iv)<<strong>br</strong> />

w0 é o raio mínimo do feixe, obtido no ponto focal e (v) a propagação do<<strong>br</strong> />

feixe não segue as leis da óptica geométrica devido à difração da luz no<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2w0<<strong>br</strong> />

2w<<strong>br</strong> />

z


Ondas eletromagnéticas 59<<strong>br</strong> />

ponto focal, mas pode ser descrita através de matrizes (lei ABCD), como<<strong>br</strong> />

discutido na referência 3.3 e na seção seguinte.<<strong>br</strong> />

TEM00 TEM10 TEM20 TEM30 TEM40 TEM01 TEM11 TEM21 TEM31 TEM22 Fig. 3.9 - Distribuições transversais de intensidade para feixes gaussianos de<<strong>br</strong> />

várias ordens.<<strong>br</strong> />

3.6 Propagação do feixe gaussiano<<strong>br</strong> />

Como mencionamos<<strong>br</strong> />

na seção anterior, a propagação de um feixe<<strong>br</strong> />

gaussiano<<strong>br</strong> />

não segue as leis da óptica geométrica, mas sim da óptica<<strong>br</strong> />

ondulatória, onde o fenômeno de difração é importante. O que devemos<<strong>br</strong> />

fazer para caracterizar o feixe gaussiano é determinar como w(z) e R(z)<<strong>br</strong> />

variam conforme a onda se propaga. Isto é feito através da lei ABCD que<<strong>br</strong> />

discutiremos a seguir. Vamos definir um parâmetro q(z) = k/Q(z), tal que<<strong>br</strong> />

para a propagação num meio homogêneo obtemos q(z) = q0 + z, como<<strong>br</strong> />

indica a eq. (3.27). Por outro lado, vemos da eq. (3.30) que:<<strong>br</strong> />

1 Q(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

1 iλ<<strong>br</strong> />

= = −<<strong>br</strong> />

(3.34)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

q(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

k R(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

πnw<<strong>br</strong> />

( z)<<strong>br</strong> />

Desta forma, sabendo como q(z) varia com z, a parte real de 1/q(z)<<strong>br</strong> />

d ará R(z),<<strong>br</strong> />

enquanto que a parte imaginária está ligada a w(z). Se<<strong>br</strong> />

conhecermos w 0, podemos encontrar z 0, e q 0 = iz0.<<strong>br</strong> />

Substituindo em q(z) =<<strong>br</strong> />

q0 + z obtemos a eq. (3.31). Entretanto, um dado sistema óptico pode<<strong>br</strong> />

conter componentes tais como lentes e outros elementos. Neste caso, a<<strong>br</strong> />

variação do parâmetro q é dado pela lei ABCD:<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Aq 1 + B<<strong>br</strong> />

= (3.35)<<strong>br</strong> />

Cq + D<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1


60<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

onde q1 e q2 se referem a dois planos quaisquer<<strong>br</strong> />

perpendiculares ao eixo<<strong>br</strong> />

óptico (z), enquanto que A, B, C, e D são<<strong>br</strong> />

os elementos da matriz que<<strong>br</strong> />

caracteriza a propagação geométrica de um raio de luz entre os planos 1 e<<strong>br</strong> />

2, como veremos na próxima seção. No caso da propagação no ar, usamos<<strong>br</strong> />

a matriz de translação com A = 1, B = z, C = 0 e D = 1, e obtemos q2 = q1<<strong>br</strong> />

+ z, como anteriormente. O cálculo da propagação do feixe gaussiano em<<strong>br</strong> />

alguns sistemas particulares será deixado como exercício.<<strong>br</strong> />

3.7 Formulação matricial da óptica geométrica<<strong>br</strong> />

O tratamento matemático na forma matricial é um formalismo de<<strong>br</strong> />

muita<<strong>br</strong> />

importância para a descrição da propagação de feixes gaussianos e<<strong>br</strong> />

cálculos<<strong>br</strong> />

de cavidades ressonantes para lasers. É também adequado para<<strong>br</strong> />

descrever<<strong>br</strong> />

sistemas que incluem muitos elementos ópticos, já que o efeito<<strong>br</strong> />

do conjunto pode ser encontrado através de multiplicação de matrizes.<<strong>br</strong> />

Vamos levar em conta apenas os raios paraxiais confinados ao<<strong>br</strong> />

redor do eixo óptico (θ muito pequeno). Considere a situação mostrada na<<strong>br</strong> />

Fig. 3.10. Podemos supor que, na aproximação paraxial, existe uma<<strong>br</strong> />

relação linear entre as características geométricas dos feixes de entrada e<<strong>br</strong> />

saída do sistema óptico. Desta forma, tomando Y i como a altura e θi<<strong>br</strong> />

como<<strong>br</strong> />

o ângulo do raio incidente no sistema óptico, e Ye e θe como os parâmetros<<strong>br</strong> />

do feixe emergente, podemos escrever um conjunto de equações<<strong>br</strong> />

envolvendo estas grandezas:<<strong>br</strong> />

Ye<<strong>br</strong> />

= S11Yi<<strong>br</strong> />

+ S12θ<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

θ = S Y + S θ<<strong>br</strong> />

que pode ser colocada na forma matricial:<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

⎛Ye<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛ S11<<strong>br</strong> />

S12<<strong>br</strong> />

⎞⎛Yi<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ θ ⎟<<strong>br</strong> />

i ⎠<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟ = ⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝<<strong>br</strong> />

θe S21<<strong>br</strong> />

S22<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

(3.36)<<strong>br</strong> />

(3.37)<<strong>br</strong> />

ou esquematicamente,<<strong>br</strong> />

na notação de Dirac utilizada na mecânica<<strong>br</strong> />

quântica, ⏐ R e = S⏐ R i . Para um sistema óptico composto de vários<<strong>br</strong> />

elementos, fazemos a multiplicação de suas matrizes respeitando a ordem<<strong>br</strong> />

com que os raios incid em nos elementos. Logo,⏐ R n =SnSn-1...S2S1⏐ R 1 .<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

22<<strong>br</strong> />

i


Ondas eletromagnéticas 61<<strong>br</strong> />

Fig. 3.10 - Raios incidentes e emergentes de um sistema óptico. Na aproximação<<strong>br</strong> />

paraxial,<<strong>br</strong> />

dy/dz = tgθ ≈ θ.<<strong>br</strong> />

Como exemplo, vamos encontrar a matriz S para uma<<strong>br</strong> />

lente<<strong>br</strong> />

positiva (convergente) de distância focal f. A Fig. 3.11 mostra os raios<<strong>br</strong> />

principais para uma lente convergente.<<strong>br</strong> />

Note que quando o raio estiver<<strong>br</strong> />

descendo<<strong>br</strong> />

dy/dz


62<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

d′<<strong>br</strong> />

= S d<<strong>br</strong> />

11d′<<strong>br</strong> />

+ S<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

(3.39 a)<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

0 = S d<<strong>br</strong> />

21d′<<strong>br</strong> />

+ S<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

22<<strong>br</strong> />

(3.39b)<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

Para o raio (2), temos Yi = -d, θi = 0, Ye (2) = -d e θe (2) (2) (2)<<strong>br</strong> />

= arctg d/f ≅ d/f.<<strong>br</strong> />

Portanto,<<strong>br</strong> />

de onde se obtém:<<strong>br</strong> />

d S11<<strong>br</strong> />

S12<<strong>br</strong> />

d⎞<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

(3.40)<<strong>br</strong> />

S S 0<<strong>br</strong> />

⎛−<<strong>br</strong> />

⎛− ⎞ ⎛ ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝ f ⎠ ⎝ 21 22 ⎠ ⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

- d = -S11<<strong>br</strong> />

d ⇒ S11<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

(3.41a)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= −S21d<<strong>br</strong> />

⇒ S21<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

(3.42b)<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

Substituindo estes valores na eq. (3.39) encontramos<<strong>br</strong> />

S 12 = 0 e S22<<strong>br</strong> />

= 1, de<<strong>br</strong> />

forma que a matriz da lente positiva fica:<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

S = ⎜<<strong>br</strong> />

-<<strong>br</strong> />

⎝ f<<strong>br</strong> />

Para uma lente negativa (divergente)<<strong>br</strong> />

basta que se troque o sinal de<<strong>br</strong> />

f, como será demonstrado no problema 3.6. A determinação das matrizes<<strong>br</strong> />

de vários sistemas ópticos e su as combinações será d eixada para a seção<<strong>br</strong> />

de exercícios. O procedimento a ser adotado na solução destes<<strong>br</strong> />

problemas<<strong>br</strong> />

é análogo ao que usamos para a lente positiva. Um fato que merece<<strong>br</strong> />

destaque é que as matrizes que representam os elementos ópticos, a<<strong>br</strong> />

exemplo da matriz da lente convergente, são unitárias. Logo, quando<<strong>br</strong> />

temos um sistema óptico composto de vários elementos, sua matriz<<strong>br</strong> />

também é unitária, pois é a resultante de um produto de matrizes unitárias.<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

1⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(3.43)<<strong>br</strong> />

3.8 Vetor de Poynting. Irradiância<<strong>br</strong> />

A potência por unidade de área que se propaga na direção k r é<<strong>br</strong> />

dada pelo vetor de Poynting, que é definido como:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Ondas eletromagnéticas 63<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

S = E xH<<strong>br</strong> />

(3.44)<<strong>br</strong> />

Usando a relação entre H r e E r dada logo após as eq. (3.17) temos:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r r ( k x E)<<strong>br</strong> />

1 r r r r r r<<strong>br</strong> />

S = Ex<<strong>br</strong> />

= [ − E(<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

E)<<strong>br</strong> />

+ k(<<strong>br</strong> />

E.<<strong>br</strong> />

E)<<strong>br</strong> />

] =<<strong>br</strong> />

μω μω<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

E r E r r<<strong>br</strong> />

0 2 r<<strong>br</strong> />

= k = cos [ k.<<strong>br</strong> />

r − ωt]k<<strong>br</strong> />

μω μω<<strong>br</strong> />

(3.45)<<strong>br</strong> />

Os detetores existentes não possuem velocidade suficiente para<<strong>br</strong> />

acompanhar a variação rápida do campo elétrico e fazem<<strong>br</strong> />

uma média<<strong>br</strong> />

temporal do sinal. Portanto, devemos calcular a média temporal do vetor<<strong>br</strong> />

de Poynting, isto é:<<strong>br</strong> />

t0<<strong>br</strong> />

+ T<<strong>br</strong> />

2 t0<<strong>br</strong> />

+ T<<strong>br</strong> />

r 1 r r E r<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2 r r<<strong>br</strong> />

< S > = S(<<strong>br</strong> />

r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

dt = cos ( k.<<strong>br</strong> />

r − ωt)<<strong>br</strong> />

dt k<<strong>br</strong> />

T ∫ μωT<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

[ 1 + cos2y]<<strong>br</strong> />

2 1<<strong>br</strong> />

Usando a identidade cos y = obtemos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Eo<<strong>br</strong> />

= 2<<strong>br</strong> />

2μω<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

sen<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

{ 1 r<<strong>br</strong> />

ωT<<strong>br</strong> />

+ sen[<<strong>br</strong> />

2(<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

r − ωt<<strong>br</strong> />

0 − ωT)<<strong>br</strong> />

]<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r r [ 2 ( k.<<strong>br</strong> />

r − ωt<<strong>br</strong> />

0 ) ]}<<strong>br</strong> />

Integrando em um período, que é dado por T = 2π/ ω , obtemos:<<strong>br</strong> />

(3.46)<<strong>br</strong> />

(3.47)<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

E r 1 r r<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

< S > = k = Re{<<strong>br</strong> />

E x H}<<strong>br</strong> />

(3.48)<<strong>br</strong> />

2μω<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Definimos densidade de fluxo radiante ou irradiância como:<<strong>br</strong> />

r E<<strong>br</strong> />

I = < S > =<<strong>br</strong> />

2μω<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

0k E0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= = cn<<strong>br</strong> />

2μv<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ε<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

E (3.49)<<strong>br</strong> />

que possui unidades de W/m il na<<strong>br</strong> />

prática, pois permite relacionar a intensidade da luz com o campo elétrico.<<strong>br</strong> />

2 . Esta é uma expressão bastante út<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


64<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

3.1. J. R. Reitz, F. J. Milford and R. W. Christy, <strong>Fundamentos</strong> da Teoria<<strong>br</strong> />

Eletromagnética, Editora Campus, RJ (1982)<<strong>br</strong> />

3.2. G. R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt,<<strong>br</strong> />

Rinehart and<<strong>br</strong> />

Winston, NY (1968).<<strong>br</strong> />

3.3. A. Yariv, Quantum Electronics, 2 nd edition, John Wiley and Sons,<<strong>br</strong> />

NY, (1975) Cap. 6.<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

∂ ψ 1 ∂ ψ<<strong>br</strong> />

3 .1. As soluções da equação de ondas 2 − 2 2 = 0 podem se dividir<<strong>br</strong> />

∂x<<strong>br</strong> />

c ∂t<<strong>br</strong> />

em dois tipos: ondas progressivas e estacionárias. a) Para obter<<strong>br</strong> />

soluções tipo ondas progressivas faça as seguintes mudanças<<strong>br</strong> />

de<<strong>br</strong> />

variáveis: v- = x - ct e v+<<strong>br</strong> />

= x + ct e mostre que a solução<<strong>br</strong> />

mais geral é<<strong>br</strong> />

dada por ψ = f ( x - ct) + g (x +ct), onde f e g são funções arbitrárias<<strong>br</strong> />

(método de D’Alembert). b) Para obter soluções estacionárias faça<<strong>br</strong> />

ψ(x,t) = X(x)T(t) e mostre que as soluções possíveis são do tipo:<<strong>br</strong> />

ψ1 = (A cospx + B senpx) (C cospct + D senpct) e ψ2 = (A’ e px + B’<<strong>br</strong> />

e -px ) (C’e pct + D’e -pct ) (método da separação das variáveis).<<strong>br</strong> />

3.2.<<strong>br</strong> />

Obter a equação de ondas para a propagação de luz em meio não<<strong>br</strong> />

homogêneo, onde ε = ε (x,y,z) e μ = μ (x,y,z).<<strong>br</strong> />

3.3. Complete as passagens que levam à eq. (3.23).<<strong>br</strong> />

3.4. Complete as passagens que levam as eqs. (3.25) e (3.26).<<strong>br</strong> />

3.5. Considere um raio propagando-se num meio isotrópico<<strong>br</strong> />

de maneira a<<strong>br</strong> />

formar um ângulo θ (pequeno) como o eixo óptico. Mostre que a<<strong>br</strong> />

matriz que descreve a propagação do raio entre dois<<strong>br</strong> />

planos<<strong>br</strong> />

perpendiculares ao eixo óptico e separados por uma distância d, é<<strong>br</strong> />

dada, na aproximação paraxial, por:<<strong>br</strong> />

M<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

3.6. Derive a matriz de uma lente divergente.<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

2


Ondas eletromagnéticas 65<<strong>br</strong> />

3.7. Considere uma interface esférica de raio R separando dois meios<<strong>br</strong> />

dielétricos de índices de refração n1 e n2 e a luz indo do meio 1 para o<<strong>br</strong> />

meio 2. Mostre que a matriz que descreve a propagação do raio<<strong>br</strong> />

através da interface é dada, na aproximação<<strong>br</strong> />

paraxial, por:<<strong>br</strong> />

( ) ⎟ ⎛ 1 0 ⎞<<strong>br</strong> />

M = ⎜ 1-n<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎝ nR n ⎠<<strong>br</strong> />

onde n = n2/n1 é o índice de refração relativo. R é positivo se o centro<<strong>br</strong> />

de curvatura estiver à direita da interface e negativo se estiver à<<strong>br</strong> />

esquerda.<<strong>br</strong> />

3.8. Considere um feixe gaussiano incidente so<strong>br</strong>e uma lente fina de<<strong>br</strong> />

distância focal f, tal que sua cintura coincida com a lente. Usando a<<strong>br</strong> />

lei ABCD encontre a localização da nova cintura do feixe e o<<strong>br</strong> />

diâmetro da mancha focal.<<strong>br</strong> />

3.9. Suponha que um feixe gaussiano incida so<strong>br</strong>e a face de um bloco<<strong>br</strong> />

sólido muito longo de índice de refração n, tal que sua cintura esteja<<strong>br</strong> />

dentro do bloco. Usando a lei ABCD encontre a localização da<<strong>br</strong> />

cintura do feixe e o diâmetro da mancha focal, em comparação com o<<strong>br</strong> />

caso que não existe prisma.<<strong>br</strong> />

3.10. Considere um feixe gaussiano de cintura 2w0 que incide so<strong>br</strong>e uma<<strong>br</strong> />

lente fina de distância focal f. A que distância d do foco deve ser<<strong>br</strong> />

colocada a lente para que a divergência do feixe emergente seja<<strong>br</strong> />

mínima? Deduza a equação de formação de imagem para o caso de<<strong>br</strong> />

feixes Gaussianos.<<strong>br</strong> />

3.11. Um material possui índice de refração complexo ñ = n + iα, onde n e<<strong>br</strong> />

α são reais. Explique os efeitos produzidos por n e α. Calcule o vetor<<strong>br</strong> />

de Poynting para uma onda plana se propagando neste meio.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


66<<strong>br</strong> />

Ondas eletromagnéticas<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A fase da onda eletromagnética 67<<strong>br</strong> />

A fase da onda 4<<strong>br</strong> />

eletromagnética<<strong>br</strong> />

4.1 Velocidades de fase e de grupo. Dispersão<<strong>br</strong> />

Como vimos no capítulo anterior, a onda eletromagnética é<<strong>br</strong> />

caracterizada por uma fase que possui dependência nas coordenadas<<strong>br</strong> />

espaciais e temporal, φ = φ( r ,t). Esta grandeza é a característica mais<<strong>br</strong> />

importante da onda eletromagnética já que define a direção de<<strong>br</strong> />

propagação, através do gradiente da função eikonal (vide Cap. 2), a<<strong>br</strong> />

frequência e também sua velocidade de propagação. No presente capítulo,<<strong>br</strong> />

vamos concentrar nossa atenção aos aspectos ligados à frequência e<<strong>br</strong> />

velocidade da onda, e como proceder para transmitir informações através<<strong>br</strong> />

dela.<<strong>br</strong> />

De acordo com o exposto no Cap. 3, as coordenadas espaciais e<<strong>br</strong> />

temporal das fases das ondas analisadas estão separadas em dois termos,<<strong>br</strong> />

da forma k. r r<<strong>br</strong> />

-ωt. Entretanto, pode acontecer o caso em que estas<<strong>br</strong> />

coordenadas estão misturadas, e um exemplo disto é quando o índice de<<strong>br</strong> />

refração depende do tempo. Como k é proporcional a n, a fase passa a ser<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

φ(r,t)= k(<<strong>br</strong> />

t).<<strong>br</strong> />

r −ωt, que é conhecida como fase generalizada. A frequência<<strong>br</strong> />

da onda estará então associada à variação temporal da fase generalizada,<<strong>br</strong> />

tópico que veremos com mais detalhes quando tratarmos da modulação<<strong>br</strong> />

eletro-óptica e varredura de frequência. Por enquanto, vamos concentrar<<strong>br</strong> />

nossa atenção na velocidade de propagação da onda. Começaremos por<<strong>br</strong> />

dizer que quando se deseja transmitir sinais, é impossível fazê-lo através<<strong>br</strong> />

de uma onda de frequência única (monocromática), porque os detetores<<strong>br</strong> />

existentes medem a intensidade do sinal e não a fase. Para tal fim,<<strong>br</strong> />

devemos modular a onda, como explicado a seguir.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


68<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

Vamos considerar duas ondas planas monocromáticas, de<<strong>br</strong> />

frequências ω + Δω e ω − Δω, propagando-se ao longo da direção z, com<<strong>br</strong> />

os correspondentes vetores de onda k + Δk e k − Δk. Aplicando o princípio<<strong>br</strong> />

da superposição introduzido por Young, temos:<<strong>br</strong> />

E = E 0exp<<strong>br</strong> />

E exp<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

{ i ( k + Δk)<<strong>br</strong> />

z − i ( ω + Δω)<<strong>br</strong> />

t}<<strong>br</strong> />

{ i ( k − Δk)<<strong>br</strong> />

z − i ( ω − Δω)<<strong>br</strong> />

t}<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

(4.1)<<strong>br</strong> />

Através de uma manipulação matemática simples desta equação<<strong>br</strong> />

chegamos a:<<strong>br</strong> />

E = E 0exp<<strong>br</strong> />

⇒ E<<strong>br</strong> />

{ i(<<strong>br</strong> />

kz − ωt)<<strong>br</strong> />

} [ exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

Δkz<<strong>br</strong> />

− Δωt)<<strong>br</strong> />

} + exp{<<strong>br</strong> />

−i<<strong>br</strong> />

( Δkz<<strong>br</strong> />

− Δωt)<<strong>br</strong> />

}]<<strong>br</strong> />

= 2E<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

kz −ωt<<strong>br</strong> />

) } cos(<<strong>br</strong> />

Δkz<<strong>br</strong> />

− Δωt)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(4.2)<<strong>br</strong> />

Como usualmente feito nos livros de eletromagnetismo, tomamos<<strong>br</strong> />

apenas a parte real desta expressão, o que nos leva a:<<strong>br</strong> />

( kz − ωt)<<strong>br</strong> />

cos(<<strong>br</strong> />

Δkz<<strong>br</strong> />

− Δ t)<<strong>br</strong> />

E = 2E<<strong>br</strong> />

0cos ω<<strong>br</strong> />

(4.3)<<strong>br</strong> />

Isto nos dá uma onda de frequência ω modulada por outra, de frequência<<strong>br</strong> />

Δω, como mostra a Fig. 4.1.<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

Fig. 4.1 - Modulação da amplitude da onda.<<strong>br</strong> />

De acordo com a equação anterior, vemos que a onda portadora,<<strong>br</strong> />

de frequência maior, tem a forma cos(kz-ωt) e a modulação é dada por<<strong>br</strong> />

cos(Δkz − Δωt). Vamos concentrar nossa atenção nos pontos A e B, que<<strong>br</strong> />

são respectivamente máximos da modulação e da onda portadora, e<<strong>br</strong> />

determinar as velocidades com que estes pontos se propagam. Estes<<strong>br</strong> />

máximos satisfazem as condições:<<strong>br</strong> />

Ponto A: Δkz - Δωt = 2πm (4.4a)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

B


A fase da onda eletromagnética 69<<strong>br</strong> />

Ponto B: kz - ωt = 2πn (4.4b)<<strong>br</strong> />

onde m e n são inteiros. Diferenciando z com relação a t nas expressões<<strong>br</strong> />

acima obtemos:<<strong>br</strong> />

⎛ dz ⎞ Δω<<strong>br</strong> />

Ponto A: ⎜ ⎟ = vg<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(4.5a)<<strong>br</strong> />

⎝ dt ⎠ Δk<<strong>br</strong> />

Ponto B:<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

⎛ dz ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ dt ⎠<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

= v<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

(4.5b)<<strong>br</strong> />

que são respectivamente as velocidades da modulação e da onda<<strong>br</strong> />

portadora. A velocidade da onda portadora leva o nome de velocidade de<<strong>br</strong> />

fase e a da modulação o de velocidade de grupo. Neste caso em que temos<<strong>br</strong> />

duas ondas monocromáticas, o espectro de frequências é composto por<<strong>br</strong> />

duas “funções delta”. Para o caso de um “pacote” ou grupo de ondas cujo<<strong>br</strong> />

espectro de frequências é uma função caixa, como mostra a Fig. 4.2,<<strong>br</strong> />

teremos que somar (integrar) todas as componentes de frequências para<<strong>br</strong> />

encontrar a expressão do campo elétrico como fizemos para as duas ondas<<strong>br</strong> />

monocromáticas na eq. (4.1). Assim,<<strong>br</strong> />

Δω<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

{ i(<<strong>br</strong> />

kz − ωt)<<strong>br</strong> />

} dω<<strong>br</strong> />

E ( z,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= ∫ E 0 exp<<strong>br</strong> />

(4.6)<<strong>br</strong> />

E0<<strong>br</strong> />

E(ω)<<strong>br</strong> />

Δω<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Fig.<<strong>br</strong> />

4.2 - Espectro de freqüências tipo caixa.<<strong>br</strong> />

Para efetuar esta integração devemos levar em conta<<strong>br</strong> />

que pode<<strong>br</strong> />

haver dispersão do pacote, isto é, k pode ser uma função de ordem<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

Δω<<strong>br</strong> />

ω


70<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

superior a ω, como veremos quando tratarmos a interação entre a luz e a<<strong>br</strong> />

matéria no Cap. 9. Vamos expandir k em torno de ω0, de acordo com:<<strong>br</strong> />

2 [ ( ω − ) ]<<strong>br</strong> />

dk<<strong>br</strong> />

k( ω ) = k 0 + ( ω − ω0<<strong>br</strong> />

) + ϕ ω<<strong>br</strong> />

( 4.7)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

O termo quadrático pode ocorrer no caso em que houver<<strong>br</strong> />

dispersão<<strong>br</strong> />

no índice de refração, isto é, quando n = n(ω). Desprezando termos de<<strong>br</strong> />

ordens superiores à linear em ω (caso sem dispersão) temos:<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

Δω<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎪⎧ ⎡⎛<<strong>br</strong> />

dk ⎞ ⎤⎪⎫<<strong>br</strong> />

E ( z,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= ∫ E ⎨ ⎢⎜<<strong>br</strong> />

+ ω − ω ⎟<<strong>br</strong> />

0exp<<strong>br</strong> />

i ⎜k<<strong>br</strong> />

0 ( 0)<<strong>br</strong> />

⎟ z−<<strong>br</strong> />

iωt⎥⎬<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

(4.8)<<strong>br</strong> />

Δω<<strong>br</strong> />

⎪⎩ ⎣⎝<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

0 ⎠ ⎦⎪⎭<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Fazendo a substituição Ω = ω − ω0 obtemos:<<strong>br</strong> />

E(z, t)<<strong>br</strong> />

Δω<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎧ ⎡ dk<<strong>br</strong> />

E 0 exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k 0z<<strong>br</strong> />

ω0t<<strong>br</strong> />

) } . ∫ exp iΩ z t dΩ<<strong>br</strong> />

Δω dω 0 ⎭ ⎬⎫<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

⎨ ⎢ − ⎥ (4.9)<<strong>br</strong> />

⎩ ⎣ ⎦<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

O primeiro termo desta expressão representa a onda portadora e o<<strong>br</strong> />

segundo é a função forma ou modulação que passaremos a chamar g(z,t).<<strong>br</strong> />

Assim,<<strong>br</strong> />

Δω<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

g 0<<strong>br</strong> />

( z,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= E 0<<strong>br</strong> />

x ∫<<strong>br</strong> />

Δω<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎧ ⎡ dk<<strong>br</strong> />

exp⎨<<strong>br</strong> />

iΩ<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

⎩ ⎣dω<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎤⎫<<strong>br</strong> />

z − t⎥⎬<<strong>br</strong> />

dΩ<<strong>br</strong> />

= 2E<<strong>br</strong> />

⎦⎭<<strong>br</strong> />

sen φ ⎛ Δω<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

φ ⎝ 2 ⎠<<strong>br</strong> />

(4.10)<<strong>br</strong> />

onde ⎛ Δω<<strong>br</strong> />

⎞⎡<<strong>br</strong> />

dk ⎤<<strong>br</strong> />

φ = ⎜ ⎟⎢<<strong>br</strong> />

z − t . A Fig. 4.3 mostra o pacote de ondas obtido<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎝ 2 ⎠⎣dω<<strong>br</strong> />

0 ⎦<<strong>br</strong> />

através das equações (4.9) e (4.10). Seu valor máximo ocorre quando φ =<<strong>br</strong> />

0, ou seja, quando dk z = t. A velocidade com que o pacote se propaga,<<strong>br</strong> />

dω 0<<strong>br</strong> />

que é a já conhecida velocidade de grupo, é:<<strong>br</strong> />

dz<<strong>br</strong> />

v g = =<<strong>br</strong> />

dt<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

dk<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(4.11)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

F ig. 4.3 - Pacote de ondas correspondente ao espectro de frequências<<strong>br</strong> />

tipo caixa.<<strong>br</strong> />

Se houvéssemos tomado o termo de ordem quadrática na<<strong>br</strong> />

expansão de k, obteríamos a dispersão do pacote, isto é, ele mudaria de<<strong>br</strong> />

forma ao se propagar. Isto ocorre porque a velocidade de grupo passaria a<<strong>br</strong> />

ter um termo dependente da freqüência e assim, diferentes componentes<<strong>br</strong> />

espectrais se propagariam com velocidades diferentes. Desta forma,<<strong>br</strong> />

haveria uma separação cromática ao longo do pacote, efeito este que leva<<strong>br</strong> />

o nome de varredura em freqüência. O conhecimento de como um pacote<<strong>br</strong> />

se dispersa é de muita importância nas telecomunicações, em particular,<<strong>br</strong> />

quando se pretende transmitir uma seqüência de pulsos curtos numa fi<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

óptica. Se a taxa de repetição for alta, os pulsos estarão muito próximos e<<strong>br</strong> />

poderão se superpor, produzindo confusão na informação que está sendo<<strong>br</strong> />

transmitida. Deixaremos a análise da dispersão de um pulso como<<strong>br</strong> />

exercício, mas vamos mencionar aqui que esta dispersão da velocidade de<<strong>br</strong> />

grupo pode ser cancelada por um efeito não linear de terceira ordem<<strong>br</strong> />

chamado de auto-modulação de fase. Isto dá origem ao sóliton temporal<<strong>br</strong> />

que veremos na seção 4.6.<<strong>br</strong> />

Além da dispersão devida à variação do índice de refração com a<<strong>br</strong> />

frequência, que acabamos de ver, existe um outro tipo de dispersão nas<<strong>br</strong> />

fi<strong>br</strong>as ópticas, chamada de<<strong>br</strong> />

dispersão modal. Cada um dos modos<<strong>br</strong> />

transversais<<strong>br</strong> />

mostrados na Fig. 3.9 possui uma velocidade de propagação<<strong>br</strong> />

diferente. Se o pulso de luz constituir-se de uma soma destes modos, cada<<strong>br</strong> />

um deles caminhará com velocidade diferente, acarretando no<<strong>br</strong> />

alargamento do pulso. Para evitar esta complicação, costuma-se usar para<<strong>br</strong> />

as comunicações ópticas fi<strong>br</strong>as mono-modos que permitem a propagação<<strong>br</strong> />

apenas do modo TEM00.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

71


72<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

4.2 Efeito Doppler. Aplicações astronômicas<<strong>br</strong> />

Na seção anterior aprendemos a calcular a velocidade da onda<<strong>br</strong> />

eletromagnética.<<strong>br</strong> />

Vamos agora dedicar o restante do capítulo à analise de<<strong>br</strong> />

fatores que determinam sua frequência, começando pelo famoso efeito<<strong>br</strong> />

Doppler.<<strong>br</strong> />

Consideremos uma fonte S emitindo radiação eletromagnética de<<strong>br</strong> />

frequência f, num meio com índice de refração unitário, e um observador<<strong>br</strong> />

O. Temos quatro casos a tratar:<<strong>br</strong> />

a) O observador se aproxima da fonte com velocidade v0. Neste<<strong>br</strong> />

caso, o número de ondas que ele encontra num tempo τ é:<<strong>br</strong> />

v 0τ<<strong>br</strong> />

v 0<<strong>br</strong> />

f 'τ<<strong>br</strong> />

= fτ<<strong>br</strong> />

+ ⇒ f '=<<strong>br</strong> />

f +<<strong>br</strong> />

(4.12)<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

onde v0τ é a distância que ele percorre num tempo τ. Como c = λf, temos<<strong>br</strong> />

f’ = f (1+v0/c). Desta forma, o observador nota que a frequência da luz<<strong>br</strong> />

aumenta por um fator (1+v0/c) devido ao fato dele estar se aproximando<<strong>br</strong> />

da fonte.<<strong>br</strong> />

b) O observador se afasta da fonte com velocidade v 0. Este caso é<<strong>br</strong> />

similar ao anterior, apenas deve-se inverter o sinal de v 0:<<strong>br</strong> />

f’ = f (1- v /c) (4.13)<<strong>br</strong> />

c) A fonte se aproxima do observador com velocidade vs. Olhando<<strong>br</strong> />

para a Fig. 4.4 vemos que durante um certo tempo τ, a frente de onda<<strong>br</strong> />

percorre uma distância O′ A = cτ, enquanto que a fonte anda O 'S<<strong>br</strong> />

= vsτ. A<<strong>br</strong> />

distância S A é dada por S A = cτ - vsτ = (c-vs)τ. Assim, o comprimento de<<strong>br</strong> />

onda na região S A é dado por: λ = S A /número de ondas = S A /fτ e<<strong>br</strong> />

portanto,<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

λ = (c-vs)/f (4.14)<<strong>br</strong> />

A freqüência f’ observada por O será<<strong>br</strong> />

então dada por:<<strong>br</strong> />

c ⎛ c<<strong>br</strong> />

= = f ⎜<<strong>br</strong> />

⎝ − λ s v c<<strong>br</strong> />

f '<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(4.15)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A fase da onda eletromagnética 73<<strong>br</strong> />

O’<<strong>br</strong> />

S A<<strong>br</strong> />

Fig.<<strong>br</strong> />

4.4 - Demonstração ração do efeito Doppler no caso em que a fonte se aproxima<<strong>br</strong> />

do observador.<<strong>br</strong> />

d) A fonte se afasta do observador com velocidade vs, de forma<<strong>br</strong> />

q ue basta inverter o sinal no denominador:<<strong>br</strong> />

c ⎛ c ⎞<<strong>br</strong> />

f '=<<strong>br</strong> />

= f ⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

(4.16)<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠ + λ s v c<<strong>br</strong> />

Estes quatro casos podem ser resumidos em apenas uma<<strong>br</strong> />

expressão matemática:<<strong>br</strong> />

⎛ c + v<<strong>br</strong> />

f'=<<strong>br</strong> />

f ⎜<<strong>br</strong> />

⎝ c + v<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛1<<strong>br</strong> />

+ v c ⎞ 0/<<strong>br</strong> />

⎟ = f<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠ ⎝ 1+<<strong>br</strong> />

vs/c<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

(4.17)<<strong>br</strong> />

onde o sinal das velocidades será positivo se elas estiverem no sentido do<<strong>br</strong> />

observador para a fonte.<<strong>br</strong> />

No caso de estarmos tratando com luz visível, o<<strong>br</strong> />

efeito chama-se Doppler-Fizeau. Exemplo disto são as <strong>aplicações</strong><<strong>br</strong> />

astronômicas:<<strong>br</strong> />

(i) Estrelas duplas: são duas estrelas bastante próximas girando<<strong>br</strong> />

em torno do centro de massa do sistema, não separáveis através de<<strong>br</strong> />

telescópio. Porém, ao analisar-se o espectro de luz emitida, o efeito<<strong>br</strong> />

Doppler permite distinguir que são estrelas duplas. Esta situação está<<strong>br</strong> />

esboçada na Fig. 4.5.<<strong>br</strong> />

(ii) Expansão do universo: as estrelas têm uma velocidade de fuga<<strong>br</strong> />

de 10-30 km/s e os quasares de aproximadamente 0.8 c. Isto faz com que<<strong>br</strong> />

os espectros de luz emitidos por elementos químicos conhecidos tenham<<strong>br</strong> />

um deslocamento na direção do vermelho.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


74<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

Fig. 4.5 - Efeito Doppler-Fizeau no caso das estrelas duplas.<<strong>br</strong> />

4.3 Alargamento de linhas espectrais<<strong>br</strong> />

O funcionamento de lâmpadas de descarga e lasers a gás baseia-se<<strong>br</strong> />

no fato de que os átomos<<strong>br</strong> />

são excitados pela descarga elétrica e ao<<strong>br</strong> />

voltarem para o estado fundamental emitem luz de frequência ν0<<strong>br</strong> />

= E/h,<<strong>br</strong> />

onde E é a diferença de energia entre os estados fundamental e excitado, e<<strong>br</strong> />

h é a constante<<strong>br</strong> />

de Planck. Note que aqui estamos denominando a<<strong>br</strong> />

frequência de ν, enquanto que na seção anterior a mesma era f. Devido ao<<strong>br</strong> />

f1<<strong>br</strong> />

f1=f2<<strong>br</strong> />

fato das moléculas do gás possuírem movimento <strong>br</strong>owniano, a linha ν0<<strong>br</strong> />

adquire uma largura Δν que queremos calcular.<<strong>br</strong> />

Vamos considerar um gás com N moléculas/cm 3 , mantido à<<strong>br</strong> />

temperatura T num tubo de Geisler. Após a descarga elétrica observa-se a<<strong>br</strong> />

luz emitida na direção do eixo x com um espectrômetro, dando-se<<strong>br</strong> />

particular atenção à raia de frequência em torno de ν0. O número de<<strong>br</strong> />

moléculas/cm 3 com componente x de velocidade compreendida entre vx e<<strong>br</strong> />

vx + dv é dada por:<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

f2<<strong>br</strong> />

f1<<strong>br</strong> />

f2<<strong>br</strong> />

2 ( mvx<<strong>br</strong> />

/ 2kT)<<strong>br</strong> />

dvx<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

dN = N exp −<<strong>br</strong> />

(4.18)<<strong>br</strong> />

2πkT<<strong>br</strong> />

Admitamos que a intensidade total Idν emitida com frequência<<strong>br</strong> />

compreendida no intervalo ν e ν + dν é proporcional a dN. Assim temos:<<strong>br</strong> />

2 ( x /2kT mv exp<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

= AdN = AN<<strong>br</strong> />

) x<<strong>br</strong> />

Idν −<<strong>br</strong> />

2πkT<<strong>br</strong> />

dv (4.19)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A fase da onda eletromagnética 75<<strong>br</strong> />

Entretanto, vx e dvx podem ser tiradas da fórmula do efeito Doppler na<<strong>br</strong> />

qual a fonte está em movimento e o observador em repouso, eq. (4.15).<<strong>br</strong> />

Expandindo o denominador para vx/c


76<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

(i) Postulados:<<strong>br</strong> />

a) As leis físicas são invariantes em forma para diferentes referenciais<<strong>br</strong> />

inerciais (referenciais não acelerados).<<strong>br</strong> />

b) A velocidade da luz é a mesma para todos os observadores inerciais.<<strong>br</strong> />

(ii) Transformações de Lorentz:<<strong>br</strong> />

Considere dois<<strong>br</strong> />

sistemas de coordenadas cartesianas O e O’, sendo<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

que O’ se move com velocidade v = vˆ<<strong>br</strong> />

i , como mostra a Fig. 4.7. No<<strong>br</strong> />

instante t = 0 as duas origens coincidem. As transformações de Lorentz<<strong>br</strong> />

relacionam (x,y,z,t) do referencial O com (x’,y’,z’,t’) do referencial O’, de<<strong>br</strong> />

acordo com:<<strong>br</strong> />

o nde<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

γ = 1/ 1−<<strong>br</strong> />

v / c .<<strong>br</strong> />

x = γ(x’+vt’) x’ = γ(x-vt)<<strong>br</strong> />

y = y’ y’ = y<<strong>br</strong> />

z = z’ z’ = z<<strong>br</strong> />

t = γ(t’+vx’/c 2 ) t’ = γ(t-vx/c 2 )<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

v = vî<<strong>br</strong> />

x x’<<strong>br</strong> />

O O’<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

z’<<strong>br</strong> />

Fig. 4.7 - Referenciais com movimento relativo.<<strong>br</strong> />

(4.23)<<strong>br</strong> />

(iii) Quadrivetores:<<strong>br</strong> />

Como vimos em (ii), as coordenadas espaciais e temporal estão<<strong>br</strong> />

intimamente<<strong>br</strong> />

ligadas, por isso é conveniente se trabalhar com vetores de<<strong>br</strong> />

quatro<<strong>br</strong> />

componentes (quadrivetor). Exemplos de quadrivetores são os de<<strong>br</strong> />

posição,<<strong>br</strong> />

vetor de onda e momentum, mostrados respectivamente a seguir:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

y’


A fase da onda eletromagnética 77<<strong>br</strong> />

⎛ x ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ y ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟,<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ict<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

⎛ k x ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ k y ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟,<<strong>br</strong> />

k z ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝iω/<<strong>br</strong> />

c⎠<<strong>br</strong> />

⎛ p x ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ p y ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ p ⎟<<strong>br</strong> />

z ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝iE<<strong>br</strong> />

0/<<strong>br</strong> />

c⎠<<strong>br</strong> />

O produto escalar de dois quadrivetores é feito como normalmente<<strong>br</strong> />

se multiplicam matrizes. Como exemplo, tomemos o produto dos dois<<strong>br</strong> />

primeiros quadrivetores mostrados acima:<<strong>br</strong> />

r v<<strong>br</strong> />

φ = kxx + kyy + kzz - ωt = k. r − ωt<<strong>br</strong> />

(4.24)<<strong>br</strong> />

que é a fase da onda plana. Como o produto escalar de quadrivetores é<<strong>br</strong> />

invariante quando se muda de um referencial inercial para outro, a fase da<<strong>br</strong> />

onda plana é a mesma quando vista por observadores<<strong>br</strong> />

em O e O’.<<strong>br</strong> />

(iv) Efeito Doppler longitudinal:<<strong>br</strong> />

Considere uma onda plana propagan do-se na direção do eixo x<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

( k = kî<<strong>br</strong> />

). A fase vista pelo observador em O será φ = kx - ωt e em O’<<strong>br</strong> />

r v<<strong>br</strong> />

será φ’ = k'. r'−ω'<<strong>br</strong> />

t'<<strong>br</strong> />

= kx’x’+ ky’y’+ kz’z’- ω’t’, isto é, estamos supondo<<strong>br</strong> />

que em O’ a onda se propaga numa direção arbitrária. Como φ = φ’ temos:<<strong>br</strong> />

kx - ωt = kx’x’+ ky’y’+ kz’z’- ω’t’ (4.25)<<strong>br</strong> />

Usando as transformações dadas pela eq. (4.23), obtemos:<<strong>br</strong> />

⎛ vx'<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

γ ( x'+<<strong>br</strong> />

vt')<<strong>br</strong> />

− ωγ⎜<<strong>br</strong> />

t'+<<strong>br</strong> />

= k'<<strong>br</strong> />

x x'+<<strong>br</strong> />

k'<<strong>br</strong> />

y y'+<<strong>br</strong> />

k'<<strong>br</strong> />

z'−ω'<<strong>br</strong> />

t'<<strong>br</strong> />

2 ⎟<<strong>br</strong> />

(4.26)<<strong>br</strong> />

⎝ c ⎠<<strong>br</strong> />

k z<<strong>br</strong> />

Igualando os coeficientes de<<strong>br</strong> />

cada coordenada temos as seguintes relações:<<strong>br</strong> />

Mas como k = ω/c então,<<strong>br</strong> />

k ’ = k ’ = 0<<strong>br</strong> />

y z (4.27a)<<strong>br</strong> />

k x’ = γ (k-<<strong>br</strong> />

ω v<<strong>br</strong> />

) 2<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

(4.27b)<<strong>br</strong> />

ω’ = γ (ω-kv) (4.27c)<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

v/<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

ω '=<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

e consequentemente,<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

v / c<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


78<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

v/<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

ν '=<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

(4.28)<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

v/<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

que é a fórmula do efeito Doppler<<strong>br</strong> />

longitudinal obtida pela relatividade<<strong>br</strong> />

restrita. Para recuperarmos a fórm ula clássica devemos expandir<<strong>br</strong> />

este<<strong>br</strong> />

resultado para v


A fase da onda eletromagnética 79<<strong>br</strong> />

k′<<strong>br</strong> />

ωγv<<strong>br</strong> />

γv<<strong>br</strong> />

v/<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

tgα<<strong>br</strong> />

= = = =<<strong>br</strong> />

(4.32)<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

′ y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ωc<<strong>br</strong> />

/ c c<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

v / c<<strong>br</strong> />

Este fenômeno<<strong>br</strong> />

de mudança de direção é conhecido como aberração da<<strong>br</strong> />

luz das estrelas. Devido ao fato de que um observador na Terra tem uma<<strong>br</strong> />

velocidade finita ele verá a posição da estrela diferente da posição real que<<strong>br</strong> />

ela ocupa, devido ao problema de aberração citado acima. A Fig. 4.8<<strong>br</strong> />

ilustra este efeito.<<strong>br</strong> />

posição real<<strong>br</strong> />

z’<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

y’<<strong>br</strong> />

α<<strong>br</strong> />

k' r<<strong>br</strong> />

O’ x’<<strong>br</strong> />

posição aparente<<strong>br</strong> />

velocidade da Terra<<strong>br</strong> />

Fig. 4.8 - Aberração da luz proveniente das estrelas.<<strong>br</strong> />

4.5 Modulação eletro-óptica de frequência<<strong>br</strong> />

Na análise que fizemos<<strong>br</strong> />

até agora dos fenômenos envolvendo a<<strong>br</strong> />

fase, as partes espacial e temporal<<strong>br</strong> />

eram in dependentes, isto é,<<strong>br</strong> />

φ(z,t) = kz -<<strong>br</strong> />

ω t. Assim, a identificação da frequência da onda, associada à evolução<<strong>br</strong> />

temporal<<strong>br</strong> />

da fase, era imediata. Entretanto, podem ocorrer situações<<strong>br</strong> />

onde o<<strong>br</strong> />

índice<<strong>br</strong> />

de refração, e consequentemente o vetor de propagação, depende<<strong>br</strong> />

do tempo.<<strong>br</strong> />

Desta forma, a fase da onda torna-se φ(z,t) = k(t)z - ωt, e as<<strong>br</strong> />

partes espacial<<strong>br</strong> />

e temporal ficam misturadas pelo primeiro termo. Como a<<strong>br</strong> />

frequência<<strong>br</strong> />

encontra-se associada à evolução temporal da fase da onda<<strong>br</strong> />

eletromagnética, podemos definir:<<strong>br</strong> />

∂φ<<strong>br</strong> />

ω = −<<strong>br</strong> />

(4.33)<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

como sendo a frequência generalizada da onda. Com este conceito<<strong>br</strong> />

podemos analisar alguns efeitos responsáveis pelo surgimento de novas<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


80<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

componentes de frequência. Começaremos com o efeito eletro-óptico que<<strong>br</strong> />

pode modificar a frequência da onda, ou introduzir novas componentes de<<strong>br</strong> />

frequência, como veremos a seguir.<<strong>br</strong> />

Existem cristais anisotrópicos não lineares (KDP, LiNbO3,<<strong>br</strong> />

LiTaO , etc.) cujos índices de refração se modificam com a aplicação de<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

um campo elétrico externo. Estes cristais são denominados eletro-ópticos.<<strong>br</strong> />

Consideremos uma onda propagando-se pelo cristal ao longo do eixo<<strong>br</strong> />

óptico z, com polarização na direção do eixo x, conforme mostra a Fig.<<strong>br</strong> />

4.9. Um campo elétrico variável no tempo é aplicado, também na direção<<strong>br</strong> />

do eixo x. O índice de refração é dado por: n(t) = n0 + αV(t), onde V(t) é a<<strong>br</strong> />

voltagem aplicada, α é a resposta do cristal ao campo externo e n0 é o<<strong>br</strong> />

índice de refração na ausência de campo. Esta variação do índice de<<strong>br</strong> />

refração produz uma alteração na fase da onda, que passa a ser:<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

φ(t) = k0n0L - ω0t + k0αLV(t)<<strong>br</strong> />

(4.34)<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

L<<strong>br</strong> />

Fig.<<strong>br</strong> />

4.9 - Propagação de uma onda eletromagnética ao longo de um cristal<<strong>br</strong> />

eletro-óptico.<<strong>br</strong> />

onde<<strong>br</strong> />

L é o comprimento do cristal, ω0 é a frequência da luz incidente e k0<<strong>br</strong> />

é o vetor de onda no vácuo. Vamos em seguida considerar dois tipos de<<strong>br</strong> />

voltagens<<strong>br</strong> />

aplicadas so<strong>br</strong>e o cristal, que são os casos de maior interesse<<strong>br</strong> />

prático.<<strong>br</strong> />

a) Voltagem do tipo rampa - Nesta situação, V(t) = βt, e a fase de onda<<strong>br</strong> />

fica:<<strong>br</strong> />

φ(t) = k0n0L - ω0t + k0αLβt (4.35)<<strong>br</strong> />

de forma que obtemos a frequência generalizada como:<<strong>br</strong> />

V(t)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

z


A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

∂φ<<strong>br</strong> />

ω = − = ω0<<strong>br</strong> />

− k 0αβL<<strong>br</strong> />

(4.36)<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

isto é, o cristal eletro-óptico<<strong>br</strong> />

faz variar um pouco a frequência da luz,<<strong>br</strong> />

como mostrado na Fig. 4.10.<<strong>br</strong> />

k0αβL ω ω0 ω<<strong>br</strong> />

Fig.<<strong>br</strong> />

4.10 - Alteração da frequência da luz ao passar por um cristal<<strong>br</strong> />

eletro-óptico<<strong>br</strong> />

com voltagem do tipo rampa.<<strong>br</strong> />

b)<<strong>br</strong> />

Voltagem senoidal - Neste caso, vamos tomar V(t) = -AsenΩt, onde Ω<<strong>br</strong> />

é uma frequência gerada por uma fonte de rádio-frequência (em geral da<<strong>br</strong> />

ordem de 100 MHz), de forma que:<<strong>br</strong> />

φ(t) = k0n0L - ω0t<<strong>br</strong> />

- k0αLAsenΩt (4.37)<<strong>br</strong> />

que dá origem à uma frequência:<<strong>br</strong> />

φ<<strong>br</strong> />

ω ω0<<strong>br</strong> />

k αLAΩcosΩt<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

+ =<<strong>br</strong> />

∂<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

(4.38)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

∂<<strong>br</strong> />

que é modulada pelo<<strong>br</strong> />

termo cosΩt. Para entendermos como esta<<strong>br</strong> />

modulação altera o espectro de frequência<<strong>br</strong> />

da luz, vamos analisar o que<<strong>br</strong> />

acontece com a onda plana neste caso.<<strong>br</strong> />

E = E0 exp{i (k0n0L - ω0t - k0αLAsenΩt)}<<strong>br</strong> />

(4.39)<<strong>br</strong> />

O termo exp{-i MsenΩt}, com M = k0αLA, pode ser expandido numa<<strong>br</strong> />

série de funções de Bessel de acordo com:<<strong>br</strong> />

∑ +∞<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

exp{-i MsenΩt}<<strong>br</strong> />

= J (M)exp{ − inΩt}<<strong>br</strong> />

(4.40)<<strong>br</strong> />

de forma que o campo elétrico é dado por:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

81


82<<strong>br</strong> />

E = E 0 exp<<strong>br</strong> />

J ( M)<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

{ ik 0n<<strong>br</strong> />

0L}[<<strong>br</strong> />

J 0 ( M)<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

− iω<<strong>br</strong> />

0t}<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

{ − i(<<strong>br</strong> />

ω + Ω)<<strong>br</strong> />

t}<<strong>br</strong> />

+ J ( M)<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

− i(<<strong>br</strong> />

ω − Ω)<<strong>br</strong> />

t}<<strong>br</strong> />

+ .... ]<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

erais à frequência fundamental<<strong>br</strong> />

ω0. Lem<strong>br</strong>ando-se que J-n (M) = (-1) n de onde vemos a criação de vários picos lat<<strong>br</strong> />

Jn(M), temos um novo espectro de<<strong>br</strong> />

frequência da luz, que é mostrado na Fig. 4.11. Este tipo de modulação<<strong>br</strong> />

tem suas principais <strong>aplicações</strong> na geração de novas frequências para<<strong>br</strong> />

espectroscopia com laser e no “mode-locking” de lasers.<<strong>br</strong> />

J-2(M)<<strong>br</strong> />

ω0−2Ω<<strong>br</strong> />

ω0−Ω<<strong>br</strong> />

J-1(M)<<strong>br</strong> />

J (M)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

J (M)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

ω0 ω0+Ω ω0+2Ω ω<<strong>br</strong> />

Fig.<<strong>br</strong> />

4.11 - Geração de picos laterais (sidebands) através de modulação eletroóptica.<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

J (M)<<strong>br</strong> />

(4.41)<<strong>br</strong> />

4.6 Auto-modulação de fase<<strong>br</strong> />

O efeito eletro-óptico é conseqüência de um processo não linear de<<strong>br</strong> />

segunda ordem que<<strong>br</strong> />

pode ocorrer em cristais que não possuem simetria de<<strong>br</strong> />

inversão. A geração de segundo harmônico é um efeito que também tem<<strong>br</strong> />

origem na não linearidade de segunda<<strong>br</strong> />

ordem. Entretanto, em cristais que<<strong>br</strong> />

possuem<<strong>br</strong> />

simetria de inversão estes efeitos não se manifestam e a não<<strong>br</strong> />

linearidade de ordem mais baixa que pode ocorrer é a de terceira ordem.<<strong>br</strong> />

Meios do tipo Kerr se enquadram nesta classe de materiais; neles o índice<<strong>br</strong> />

de refração depende do quadrado do campo elétrico da luz (de sua<<strong>br</strong> />

intensidade), ao contrário do efeito eletro-óptico, que varia linearmente<<strong>br</strong> />

com o campo elétrico externo aplicado. A não linearidade Kerr pode ser<<strong>br</strong> />

expressa como:<<strong>br</strong> />

n(I) = n0 +n2I (4.42)<<strong>br</strong> />

onde n0 é o índice de refração na ausência de luz e n2 é denominado de<<strong>br</strong> />

índice de refração não linear. No caso em que a luz se constitui de pulsos<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2


A fase da onda eletromagnética 83<<strong>br</strong> />

curtos, o índice de refração dependerá do tempo devido à variação de I<<strong>br</strong> />

com t na eq. (4.42). Isto fará com que a frequência da luz se modifique de<<strong>br</strong> />

acordo com:<<strong>br</strong> />

ω = ω 0 – k0n2LdI/dt<<strong>br</strong> />

(4.43)<<strong>br</strong> />

Se o pulso for do tipo gaussiano, sua derivada terá uma forma dispersiva e<<strong>br</strong> />

as frequências<<strong>br</strong> />

geradas variarão no tempo, como mostra a Fig. 4.12. Por<<strong>br</strong> />

outro lado, um pulso curto<<strong>br</strong> />

tem associado a si um espectro de frequências<<strong>br</strong> />

com certa largura, como veremos posteriormente. Na região de dispersão<<strong>br</strong> />

anômala do índice de refração do meio (dn/dλ>0), as freqüências<<strong>br</strong> />

correspondentes ao azul caminharão mais rapidamente e tentarão ficar na<<strong>br</strong> />

parte frontal do pulso (t < 0 na Fig. 4.12).<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

Δω = ω −<<strong>br</strong> />

15<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

-5<<strong>br</strong> />

-10<<strong>br</strong> />

-15<<strong>br</strong> />

-150 -100 -50 0 50 100 150<<strong>br</strong> />

tempo<<strong>br</strong> />

Fig. 4.12 – Variação da frequência devido ao efeito Kerr ao longo de um pulso<<strong>br</strong> />

de luz. O tempo t = 0 corresponde ao centro do pulso.<<strong>br</strong> />

Entretanto, devido à auto-modulação de fase, componentes<<strong>br</strong> />

vermelhas são geradas na frente do pulso, que nada mais é que uma re-<<strong>br</strong> />

distribuição de energia. Como conseqüência, a dispersão quer<<strong>br</strong> />

jogar as<<strong>br</strong> />

frequências<<strong>br</strong> />

maiores (azul) para a parte frontal do pulso, enquanto que o<<strong>br</strong> />

efeito Kerr que jogar as frequências menores (vermelho). Na parte final do<<strong>br</strong> />

pulso ocorre o inverso: a dispersão joga as frequências menores<<strong>br</strong> />

(vermelho) para a parte final do pulso, enquanto que o efeito Kerr joga as<<strong>br</strong> />

frequências maiores. Para uma intensidade convenientemente escolhida,<<strong>br</strong> />

um efeito cancela o outro e o pulso acaba se propagando sem dispersão.<<strong>br</strong> />

Este pulso que se propaga sem modificações recebe o nome de sóliton.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


84<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

4.1. J. R. Reitz, F. J. Milford and R. W. Christy, <strong>Fundamentos</strong> da Teoria<<strong>br</strong> />

Eletromagnética, Editora Campus, RJ (1982)<<strong>br</strong> />

4.2. G. R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt,<<strong>br</strong> />

Rinehart and<<strong>br</strong> />

Winston, NY (1968).<<strong>br</strong> />

4.3. Efeito Doppler - veja vol. II da coleção Sears<<strong>br</strong> />

- Zemansky.<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

4.1.<<strong>br</strong> />

Demonstre a relação: 1 1 λ 0 dn<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

v g v f c dλ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

4.2. Mostre que a velocidade de grupo pode ser escrita como:<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

g =<<strong>br</strong> />

n + ω<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

4.3. A velocidade de grupo da luz numa certa substância varia<<strong>br</strong> />

inversamente proporcional ao comprimento de onda. Como varia o<<strong>br</strong> />

índice de refração com o comprimento de onda?<<strong>br</strong> />

4.4. O poder de dispersão do vidro é definido pela razão nD/(nF-nC), onde<<strong>br</strong> />

C, D e F referem-se aos comprimentos de onda Fraunhoffer: λC =<<strong>br</strong> />

6563 Å, λD = 5890 Å e λF = 4861 Å. Encontre<<strong>br</strong> />

a velocidade de<<strong>br</strong> />

grupo no vidro, cujo poder de dispersão é 30 e nD = 1,5.<<strong>br</strong> />

4.5. A constante dielétrica de um gás varia com a frequência angular de<<strong>br</strong> />

4.6.<<strong>br</strong> />

acordo com: ε =1+A(ω 2<<strong>br</strong> />

0 -ω 2 ), onde A e ω0 são constantes. Compute<<strong>br</strong> />

as velocidades de fase e de grupo para a propagação de<<strong>br</strong> />

supondo que o segundo termo de ε é


A fase da onda eletromagnética 85<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

4.8. Prove a correção Doppler relativística geral 1−<<strong>br</strong> />

( v/<<strong>br</strong> />

c)<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

' ⎢<<strong>br</strong> />

⎥ , onde<<strong>br</strong> />

ν = ν<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

v /<<strong>br</strong> />

θ é o ângulo que o vetor de onda k faz com o eixo x.<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

4.9. No problema anterior encontre θ’, o ângulo que o vetor de onda k’ faz<<strong>br</strong> />

com o eixo x’ (fórmula geral para a aberração).<<strong>br</strong> />

4.10. Prove que a velocidade da luz num meio em movimento é<<strong>br</strong> />

aproximadamente<<strong>br</strong> />

c −2<<strong>br</strong> />

+ v ( 1−<<strong>br</strong> />

n ) , onde v é a veloc<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

m idade do meio<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

com relação ao observador e n é o índice de refração do meio. O<<strong>br</strong> />

resultado mostra que a luz parece ser arrastada pelo meio.<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

−2<<strong>br</strong> />

quantidade ( 1−<<strong>br</strong> />

n ) é chamada coeficiente de arrastamento de<<strong>br</strong> />

Fresnel. Sugestão: us e dx dx'/<<strong>br</strong> />

dt'+<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

= 2 2<<strong>br</strong> />

dt 1+<<strong>br</strong> />

( v / c ) dx'/<<strong>br</strong> />

dt'<<strong>br</strong> />

4.11. a)<<strong>br</strong> />

A fase de uma onda é φ = k [0.5 x + 0.5 y + β z] - ωt. Encontre o<<strong>br</strong> />

ângulo que ela faz com o eixo z. b) A fase da componente espectral<<strong>br</strong> />

ω de uma onda é φ = ( ω/c) n(ω) z - ωt. Encontre a velocidade de<<strong>br</strong> />

grupo em torno da freqüência ω0. c) A fase de uma onda é φ = kz -<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ωt – βt /2. Encontre a freqüência instantânea da onda.<<strong>br</strong> />

4.12. Considere duas ondas planas monocromáticas de mesma amplitude<<strong>br</strong> />

E0, com freqüências ω 0 + δω e ω 0 − δω , (δω


86<<strong>br</strong> />

A fase da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 87<<strong>br</strong> />

A polarização da onda<<strong>br</strong> />

eletromagnética<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

5.1 Polarização linear<<strong>br</strong> />

No Cap. 2 analisamos a onda eletromagnética no que se refere à<<strong>br</strong> />

sua direção de propagação, dada pelo vetor de onda k r , e como esta se<<strong>br</strong> />

altera quando o raio percorre um meio com índice de refração variável.<<strong>br</strong> />

Este tópico está ligado à óptica geométrica, que é o limite clássico da<<strong>br</strong> />

óptica ondulatória. No Cap. 3 analisamos a equação de ondas e suas<<strong>br</strong> />

possíveis soluções, que como vimos, são dependentes das condições de<<strong>br</strong> />

contorno do problema sendo tratado. Já no Cap. 4 estivemos estudando a<<strong>br</strong> />

fase da onda eletromagnética, que é talvez sua característica mais<<strong>br</strong> />

importante. Vimos como calcular a velocidade de propagação e as<<strong>br</strong> />

mudanças em freqüência que ocorrem devido ao movimento relativo entre<<strong>br</strong> />

o observador e fonte, ou à variação temporal do índice de refração. Agora<<strong>br</strong> />

vamos analisar os fatores pré-exponenciais E 0<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

H r<<strong>br</strong> />

e cuja mudança de<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

direção no espaço e tempo determina os estados de polarização da luz.<<strong>br</strong> />

Considere uma onda eletromagnética plana, como discutido na<<strong>br</strong> />

seção 3.4, dada por:<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

E = E 0 exp{<<strong>br</strong> />

± i(<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

r − ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

(5.1a)<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

H = H0<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

± i(<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

r − ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

(5.1b)<<strong>br</strong> />

E 0<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

H 0<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

Se as amplitudes e são vetores reais e constantes, a<<strong>br</strong> />

polarização da onda é chamada linear. É tradicional em óptica especificarse<<strong>br</strong> />

a polarização da onda como sendo a direção do campo elétrico e plano<<strong>br</strong> />

de polarização aquele que o contém. Se a onda vier se propagando na<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


88<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

direção do observador, este verá o campo elétrico variando so<strong>br</strong>e um<<strong>br</strong> />

plano fixo conforme mostra a Fig. 5.1.<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

H r<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

plano de polarização<<strong>br</strong> />

Fig. 5.1 - Propagação de uma onda plana linearmente polarizada.<<strong>br</strong> />

5.2 Polarização elíptica<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

No caso da polarização linear, a projeção do vetor so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

plano xy descreve um segmento de reta. No entanto, quando E 0<<strong>br</strong> />

r (e<<strong>br</strong> />

conseqüentemente 0 Hr ) for um número complexo, a projeção será uma<<strong>br</strong> />

elipse (ou circunferência, como veremos na próxima seção). Considere a<<strong>br</strong> />

soma de dois campos e E 2<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E1 r<<strong>br</strong> />

, respectivamente nas direções x e y,<<strong>br</strong> />

propagando-se na direção z, conforme mostra a Fig. 5.2. Ambos possuem<<strong>br</strong> />

a mesma freqüência e vetor de onda, e são soluções possíveis da equação<<strong>br</strong> />

de ondas, que diferem por estarem rodados entre si de π/2. Além disto,<<strong>br</strong> />

eles podem também possuir uma diferença de fase relativa que<<strong>br</strong> />

chamaremos de δ. As duas soluções são linearmente independentes e,<<strong>br</strong> />

como tal, combinações lineares delas fornecem outras soluções possíveis<<strong>br</strong> />

da equação de onda. Vejamos quais novos tipos de soluções podem advir<<strong>br</strong> />

destas combinações lineares.<<strong>br</strong> />

O campo resultante é dado por:<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

iδ<<strong>br</strong> />

= E + E = (E e î + E jˆ ) exp i(kz − ωt) (5.2)<<strong>br</strong> />

E 1 2 10<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

ou alternativamente, tomando a parte real:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

(r, t) = E cos(kz−<<strong>br</strong> />

ωt + δ) î + E<<strong>br</strong> />

E 10<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

{ }<<strong>br</strong> />

cos(kz−<<strong>br</strong> />

ωt) jˆ<<strong>br</strong> />

(5.3)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 89<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

H r<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

Fig. 5.2 - Representação gráfica da orientação de duas soluções possíveis para a<<strong>br</strong> />

equação de onda.<<strong>br</strong> />

E( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

A variação de no espaço e tempo está mostrada na Fig. 5.3<<strong>br</strong> />

e sua projeção no plano xy, mostrada na Fig. 5.4, descreve uma elipse.<<strong>br</strong> />

H r<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

Fig. 5.3 - Onda plana com polarização elíptica .<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

E20<<strong>br</strong> />

H r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

E10<<strong>br</strong> />

Fig. 5.4 - Projeção do campo elétrico no plano xy.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

ψ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x


90<<strong>br</strong> />

Esta elipse é descrita pelas equações:<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E 2<<strong>br</strong> />

⎛ ⎞ ⎛ E ⎞<<strong>br</strong> />

1 2 E1E<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

2 cosδ sen<<strong>br</strong> />

E ⎟ +<<strong>br</strong> />

⎜ −<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

10 E ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠ ⎝ 20 ⎠ E10E<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

E E 20<<strong>br</strong> />

2ψ<<strong>br</strong> />

= 2 cos δ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E10<<strong>br</strong> />

− E 20<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

a + b<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= E<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+ E<<strong>br</strong> />

δ<<strong>br</strong> />

(5.4a)<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

tg (5.4b)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

(5.4c)<<strong>br</strong> />

ab = E10<<strong>br</strong> />

E 20 sen δ<<strong>br</strong> />

(5.4d)<<strong>br</strong> />

cuja demonstração deixaremos como exercício. A elipse é caracterizada<<strong>br</strong> />

por a, b, e ψ, que são conhecidos como parâmetros de Stokes. Alguns<<strong>br</strong> />

casos particulares desta situação que estamos estudando ocorrem quando:<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

a) 10<<strong>br</strong> />

δ = 0 ⇒ E1<<strong>br</strong> />

= E<<strong>br</strong> />

(Fig.5.5a)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E 20<<strong>br</strong> />

b)<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

δ = π ⇒ E1 = − E 2<<strong>br</strong> />

E 20<<strong>br</strong> />

(Fig. 5.5b)<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ E ⎞ 1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ E ⎞ 2<<strong>br</strong> />

c) δ = ⇒<<strong>br</strong> />

2 ⎜<<strong>br</strong> />

E ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ 10 ⎠<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

E ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ 20 ⎠<<strong>br</strong> />

= 1 (Fig. 5.5c)<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

Neste caso, a projeção de no plano xy nos dá uma elipse que<<strong>br</strong> />

roda no sentido horário, tal que: = E sen ωt<<strong>br</strong> />

e E = E cosωt<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

E1 10<<strong>br</strong> />

Quando δ = −π/2 teremos ainda uma elipse com os eixos<<strong>br</strong> />

principais, coincidindo com x e y, mas com polarização no sentido antihorário,<<strong>br</strong> />

como mostrado na Fig. 5.5d. De um modo geral, pode-se mostrar<<strong>br</strong> />

que para 0 < δ < π temos polarização no sentido horário e para π < δ < 2π<<strong>br</strong> />

no sentido anti-horário.<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

a) δ = 0 b) δ = π c) δ = π/2 d) δ = -π/2<<strong>br</strong> />

Fig. 5.5 - Alguns casos particulares de polarizações elípticas.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

x


A polarização da onda eletromagnética 91<<strong>br</strong> />

5.3 Polarização circular<<strong>br</strong> />

Trata-se novamente de um caso particular de luz elipticamente<<strong>br</strong> />

polarizada. Quando δ = ±π/2 e E = E = E , teremos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

E + E = E<<strong>br</strong> />

(5.6a)<<strong>br</strong> />

E1 0<<strong>br</strong> />

= E cosωt<<strong>br</strong> />

(5.6b)<<strong>br</strong> />

E 2 0<<strong>br</strong> />

= ± E senωt<<strong>br</strong> />

(5.6c)<<strong>br</strong> />

(+ para δ = π/2 e - para δ = π/2) e assim a elipse se transforma numa<<strong>br</strong> />

circunferência.<<strong>br</strong> />

5.4 Lâminas de quarto de onda e meia onda<<strong>br</strong> />

Queremos agora partir de luz linearmente polarizada e rodar seu<<strong>br</strong> />

plano de polarização ou gerar luz circularmente polarizada. Isto pode ser<<strong>br</strong> />

conseguido com um cristal anisotrópico cujo índice de refração depende<<strong>br</strong> />

da direção (birrefringência), como por exemplo, mica, quartzo, etc.<<strong>br</strong> />

Voltaremos a este tópico no capítulo que aborda a óptica de cristais.<<strong>br</strong> />

Considere a Fig. 5.6, onde luz linearmente polarizada incide so<strong>br</strong>e uma<<strong>br</strong> />

lâmina de espessura d com eixos rápido e lento respectivamente nas<<strong>br</strong> />

direções x e y.<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

y (nl) z<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

x (nr)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.6 - Incidência de luz so<strong>br</strong>e uma lâmina birrefringente.<<strong>br</strong> />

O campo elétrico incidente forma um ângulo de 45° com o eixo x<<strong>br</strong> />

de maneira que suas componentes são: Ex = E0 exp{i(k rz-ωt)} e Ey<<strong>br</strong> />

= E 0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


92<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

exp{i(kl z-ωt)}. A onda atinge a placa em z = 0, onde E x = E0<<strong>br</strong> />

exp{-iωt}<<strong>br</strong> />

e Ey = E 0 exp{-iωt}, e sai em z = d com: E x(d) = E 0 exp{i(k rd-ωt)} e<<strong>br</strong> />

Ey(d) = E exp{i(k<<strong>br</strong> />

0 ld-ωt)}. A diferença de fase entre as componentes<<strong>br</strong> />

emergentes é:<<strong>br</strong> />

⎛ 2π<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎛ n<<strong>br</strong> />

2πd<<strong>br</strong> />

l r<<strong>br</strong> />

( k − k r ) d = ⎜ − ⎟d<<strong>br</strong> />

= 2π⎜<<strong>br</strong> />

− ⎟d<<strong>br</strong> />

= ( n − n r<<strong>br</strong> />

δ = l ⎜ ⎟ ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

λ l λ r λ 0 λ0<<strong>br</strong> />

λ 0<<strong>br</strong> />

assim,<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

) (5.7)<<strong>br</strong> />

Para termos luz circularmente polarizada, devemos fazer δ = π/2 e<<strong>br</strong> />

π 2πd<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2 λ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

λ 0<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r d =<<strong>br</strong> />

(5.8)<<strong>br</strong> />

l l<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

( n − n ) ⇒ ( n − n )<<strong>br</strong> />

ou seja, a diferença de caminhos ópticos deve ser igual a um quarto de<<strong>br</strong> />

onda. Por outro lado, quando δ = π, o plano de polarização da onda será<<strong>br</strong> />

rodado de 90°. Neste caso, a diferença de caminhos ópticos deve ser meia<<strong>br</strong> />

onda:<<strong>br</strong> />

2πd λ 0<<strong>br</strong> />

= ( n − n r ) ⇒ ( n − n r ) d =<<strong>br</strong> />

(5.9)<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

π l<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Se a luz incidente so<strong>br</strong>e a lâmina de meia onda não estiver com<<strong>br</strong> />

polarização a 45°, o campo será rodado por um ângulo 2θ, como veremos<<strong>br</strong> />

na seção 5.7.<<strong>br</strong> />

5.5 Obtenção de luz linearmente polarizada<<strong>br</strong> />

Existe uma variedade de maneiras de se obter luz linearmente<<strong>br</strong> />

polarizada. Vamos sumarizar algumas delas.<<strong>br</strong> />

a) Por reflexão - quando estudarmos as equações de Fresnel mais<<strong>br</strong> />

adiante, veremos que ao se incidir luz não polarizada so<strong>br</strong>e uma superfície<<strong>br</strong> />

separando dois meios de índices de refração n e n<<strong>br</strong> />

1 2, a luz refletida sai<<strong>br</strong> />

polarizada, com E r paralelo à superfície, quando o ângulo de incidência<<strong>br</strong> />

for igual ao ângulo de Brewster, como indicado na Fig. 5.7.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 93<<strong>br</strong> />

NP P<<strong>br</strong> />

θB<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.7 - Polarização por reflexão.<<strong>br</strong> />

b) Dicroismo - certos materiais possuem moléculas orientadas numa<<strong>br</strong> />

direção preferencial e absorvem radiação com polarização paralela ao seu<<strong>br</strong> />

eixo. Conseqüentemente tal material deixará passar apenas a luz que tiver<<strong>br</strong> />

polarização perpendicular ao eixo da molécula como mostra a Fig. 5.8.<<strong>br</strong> />

Um exemplo disto é o polaróide.<<strong>br</strong> />

NP<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

n2<<strong>br</strong> />

vi<strong>br</strong>ação<<strong>br</strong> />

Fig. 5.8 - Polarização por dicroismo.<<strong>br</strong> />

c) Processo de difusão de luz - a luz espalhada por moléculas de um<<strong>br</strong> />

meio, geralmente está parcialmente polarizada. O maior grau de<<strong>br</strong> />

polarização ocorre quando as direções luz-molécula e moléculaobservador<<strong>br</strong> />

formarem um ângulo de 90 0 , conforme representado na Fig.<<strong>br</strong> />

5.9.<<strong>br</strong> />

NP<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

dipolo oscilante<<strong>br</strong> />

Fig. 5.9 - Polarização por espalhamento.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

z


94<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

d) Grade metálica - geralmente usada para infravermelho e micro-ondas.<<strong>br</strong> />

A componente de luz que tiver polarização paralela aos fios da grade<<strong>br</strong> />

produzirá uma corrente elétrica, sendo assim parte dissipada pelo efeito<<strong>br</strong> />

Joule e parte refletida. Por outro lado, a componente perpendicular passa e<<strong>br</strong> />

teremos assim luz linearmente polarizada na direção perpendicular à grade<<strong>br</strong> />

(ver Fig. 5.10).<<strong>br</strong> />

NP P<<strong>br</strong> />

Fig. 5.10 - Polarização por grade metálica.<<strong>br</strong> />

e) Dupla refração - aparece em materiais birrefringentes tais como<<strong>br</strong> />

mica, quartzo, calcita, KDP, etc. O conhecido prisma de Nicol usa este<<strong>br</strong> />

princípio para polarizar a luz. Considere radiação não polarizada incidente<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o prisma birrefringente mostrado na Fig. 5.11. A componente de<<strong>br</strong> />

campo elétrico que incidir no meio, com polarização paralela ao eixo<<strong>br</strong> />

rápido, não será praticamente defletida pois nr é pequeno (raio ordinário)<<strong>br</strong> />

ao passo que a outra componente será pois n l é bem maior (raio<<strong>br</strong> />

extraordinário).<<strong>br</strong> />

NP<<strong>br</strong> />

P2<<strong>br</strong> />

ordinário<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

extraordinário<<strong>br</strong> />

Fig. 5.11 - Polarização por dupla refração.<<strong>br</strong> />

5.6 Equações de Fresnel<<strong>br</strong> />

Estamos interessados em detalhar um pouco mais o que acontece<<strong>br</strong> />

com a radiação eletromagnética quando incide num meio com índice de<<strong>br</strong> />

refração diferente daquela na qual ela se propaga. Em particular queremos<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 95<<strong>br</strong> />

analisar os ângulos de reflexão e refração e as amplitudes dos campos<<strong>br</strong> />

elétricos transmitido e refletido.<<strong>br</strong> />

a) Leis da reflexão e refração<<strong>br</strong> />

Considere dois meios homogêneos isotrópicos, lineares e não<<strong>br</strong> />

condutores (σ = J = 0) com índices de refração n1 e n2, separados por uma<<strong>br</strong> />

interface localizada so<strong>br</strong>e o plano xz. Um raio de amplitude E,<<strong>br</strong> />

propagando-se no meio 1 incide so<strong>br</strong>e a interface, formando um ângulo θ<<strong>br</strong> />

com o eixo y. O raio refletido tem amplitude E’ e sua direção de<<strong>br</strong> />

propagação nˆ ′ é especificada pelos ângulos θ’ e φ’ Analogamente, o raio<<strong>br</strong> />

refratado é especificado por E”, θ” e φ”, como mostra a Fig. 5.12. Note o<<strong>br</strong> />

fato de estarmos supondo que os três raios não estão num mesmo plano.<<strong>br</strong> />

Das equações de Maxwell podemos deduzir condições de<<strong>br</strong> />

contorno que estabelecem a continuidade das componentes de E r<<strong>br</strong> />

H r<<strong>br</strong> />

e ao<<strong>br</strong> />

se passar de um meio para outro. Os campos E r<<strong>br</strong> />

E' r<<strong>br</strong> />

E" r<<strong>br</strong> />

, e são dados por:<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

E = E0<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

r − ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

(5.10a)<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

' r<<strong>br</strong> />

E'=<<strong>br</strong> />

E0<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k'.<<strong>br</strong> />

r − ω't)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

(5.10b)<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

" r<<strong>br</strong> />

E"<<strong>br</strong> />

= E exp i(<<strong>br</strong> />

k".<<strong>br</strong> />

r − ω"<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

(5.10c)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

{ }<<strong>br</strong> />

enquanto que os campos magnéticos se relacionam com os campos<<strong>br</strong> />

elétricos através de:<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

Fig. 5.12 - Geometria da reflexão e refração de um raio de luz.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

θ’<<strong>br</strong> />

θ’’<<strong>br</strong> />

k' r<<strong>br</strong> />

k" r<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

n2<<strong>br</strong> />

x


96<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r kxE<<strong>br</strong> />

H =<<strong>br</strong> />

μω<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r k'<<strong>br</strong> />

xE'<<strong>br</strong> />

H'=<<strong>br</strong> />

μω′<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r k"<<strong>br</strong> />

xE"<<strong>br</strong> />

H"<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

μω′<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

(5.11a)<<strong>br</strong> />

(5.11b)<<strong>br</strong> />

(5.11c)<<strong>br</strong> />

Tomando um pequeno elemento de volume S dh contendo parte da<<strong>br</strong> />

interface (Fig. 5.13), podemos aplicar a forma integral da lei de Gauss:<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

∇.<<strong>br</strong> />

Ddϑ<<strong>br</strong> />

= D.<<strong>br</strong> />

da<<strong>br</strong> />

= ρdϑ<<strong>br</strong> />

= ρdhda<<strong>br</strong> />

(5.12)<<strong>br</strong> />

∫υ ∫s∫υ ∫υ<<strong>br</strong> />

Como a carga superficial é dada por ∫ = σ, ficamos com:<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

→<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

lim dh<<strong>br</strong> />

dh 0<<strong>br</strong> />

= a d .<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

D (5.13)<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

∫ ∫ σ<<strong>br</strong> />

s s da<<strong>br</strong> />

Assim, de acordo com a Fig. 5.13, temos:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

D . nˆ da + D . nˆ da =<<strong>br</strong> />

s1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

nˆ 1<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

s2<<strong>br</strong> />

S1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

σda<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

(5.14)<<strong>br</strong> />

nˆ 2<<strong>br</strong> />

Fig. 5.13 - Elemento de volume usado na obtenção das condições de contorno.<<strong>br</strong> />

dh<<strong>br</strong> />

S2<<strong>br</strong> />

interface<<strong>br</strong> />

Note que S 1 = S 2 = S pois dh ≅ 0 e nˆ 1<<strong>br</strong> />

nos leva a:<<strong>br</strong> />

= −nˆ<<strong>br</strong> />

2 = nˆ . Logo, a eq. (5.14)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 97<<strong>br</strong> />

( D − D ) = σ<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

nˆ . 1 2<<strong>br</strong> />

(5.15)<<strong>br</strong> />

que estabelece que a variação da componente normal do deslocamento<<strong>br</strong> />

elétrico é igual à carga superficial. No nosso caso específico σ = 0, logo, a<<strong>br</strong> />

componente normal de D r é contínua:<<strong>br</strong> />

. D − D =<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

(5.16)<<strong>br</strong> />

( ) 0<<strong>br</strong> />

nˆ 1 2<<strong>br</strong> />

Procedendo de maneira análoga com as outras equações de Maxwell,<<strong>br</strong> />

obtemos:<<strong>br</strong> />

nˆ x ( E1<<strong>br</strong> />

− E2<<strong>br</strong> />

) = 0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

(5.17)<<strong>br</strong> />

nˆ . ( B1<<strong>br</strong> />

− B2<<strong>br</strong> />

) = 0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

(5.18)<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

x H − H = J =<<strong>br</strong> />

(5.19)<<strong>br</strong> />

( ) 0<<strong>br</strong> />

nˆ 1 2<<strong>br</strong> />

A eq. (5.17) estabelece que para y = 0 a componente tangencial do campo<<strong>br</strong> />

elétrico é contínua. Logo,<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

E 0x<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

r − ωt)<<strong>br</strong> />

} + E′<<strong>br</strong> />

0x<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k'.<<strong>br</strong> />

r − ω′ t)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

(5.20a)<<strong>br</strong> />

= E′<<strong>br</strong> />

′ exp i k".<<strong>br</strong> />

r − ω′ ′ t<<strong>br</strong> />

0x<<strong>br</strong> />

para a componente x e<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

0z<<strong>br</strong> />

= E ′′<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

0z<<strong>br</strong> />

{ ( ) }<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

{ i(<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

r − ωt)<<strong>br</strong> />

} + E′<<strong>br</strong> />

0z<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k'.<<strong>br</strong> />

r − ω′ t)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

r r { i(<<strong>br</strong> />

k".<<strong>br</strong> />

r − ω′ ′ t)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

(5.20b)<<strong>br</strong> />

para a componente z. Como estas igualdades são válidas para qualquer t e<<strong>br</strong> />

qualquer ponto r da interface, devemos ter:<<strong>br</strong> />

ω = ω′ = ω′ ′<<strong>br</strong> />

(5.21a)<<strong>br</strong> />

r r r r r r<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

r = k'.<<strong>br</strong> />

r = k".<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

(5.21b)<<strong>br</strong> />

onde kˆ r<<strong>br</strong> />

= xî<<strong>br</strong> />

+ z . Esta última igualdade estabelece que os vetores , k' e são coplanares, isto é, φ’ = φ” = 0 e, portanto:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

k" r<<strong>br</strong> />

k sen θ = k′<<strong>br</strong> />

sen θ′ = k′<<strong>br</strong> />

′ sen θ ′<<strong>br</strong> />

(5.22)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


98<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

Por outro lado, k = k’ pois k = ω/v 1 e k’ = ω’/v 1 = ω/v1.<<strong>br</strong> />

Logo, θ = θ’, ou<<strong>br</strong> />

seja, o ângulo de incidência θ é igual ao ângulo de reflexão θ’.<<strong>br</strong> />

O ângulo de refração θ” pode ser encontrado usando-se k = n1k0 e<<strong>br</strong> />

k”= n2k0 na eq. (5.22). Assim, n1sen θ = n2sen θ′ ′ , que é chamada de lei de<<strong>br</strong> />

Snell.<<strong>br</strong> />

Em resumo temos as seguintes regras: (i) os raios incidente,<<strong>br</strong> />

refletido e refratado são coplanares, (ii) o ângulo de incidência θ é igual<<strong>br</strong> />

ao ângulo de reflexão θ’, e (iii) os ângulos de incidência e refração se<<strong>br</strong> />

relacionam através da lei de Snell sen θ = n sen θ ′<<strong>br</strong> />

n1 2<<strong>br</strong> />

b) Amplitudes das ondas refletida e refratada<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

Vamos analisar dois casos: a) aquele em que é paralelo à<<strong>br</strong> />

interface (e, portanto, perpendicular ao plano xy) como mostrado na Fig.<<strong>br</strong> />

5.14(a), que leva o nome de onda TE (transversa elétrica) ou polarização<<strong>br</strong> />

σ (ou s) e b) quando H r for paralelo à interface, que corresponde à onda<<strong>br</strong> />

TM (transversa magnética) também chamada polarização π (ou p),<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

mostrada na Fig. 5.14(b). No caso (a) E = Ezˆ<<strong>br</strong> />

e para (b) H = Hzˆ<<strong>br</strong> />

, o<<strong>br</strong> />

mesmo se dando com as ondas refletida e refratada. Logo, usando as eq.<<strong>br</strong> />

(5.17) e (5.19) podemos fazer a seguinte análise:<<strong>br</strong> />

caso a) TE<<strong>br</strong> />

E + E’= E” (5.23a)<<strong>br</strong> />

H cosθ<<strong>br</strong> />

− H′<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

= H ′′ cosθ′′<<strong>br</strong> />

(5.23b)<<strong>br</strong> />

Usando a eq. (5.11) para eliminar H em função de E, obtemos:<<strong>br</strong> />

kE cos θ − kE′<<strong>br</strong> />

cos θ = k′<<strong>br</strong> />

′ E ′′ cos θ ′<<strong>br</strong> />

(5.24)<<strong>br</strong> />

de onde saem os coeficientes de transmissão e reflexão definidos por:<<strong>br</strong> />

τ σ<<strong>br</strong> />

ρ σ<<strong>br</strong> />

E′<<strong>br</strong> />

′ 2n<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

E n cosθ<<strong>br</strong> />

+ n cosθ<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

E′<<strong>br</strong> />

n cosθ<<strong>br</strong> />

− n 2 cosθ′′<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

E n cosθ<<strong>br</strong> />

+ n cosθ′<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 (5.25a)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1 (5.25b)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

n2<<strong>br</strong> />

2


A polarização da onda eletromagnética 99<<strong>br</strong> />

y E<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

θ’<<strong>br</strong> />

r k' r<<strong>br</strong> />

H r k r<<strong>br</strong> />

E' r<<strong>br</strong> />

H' r<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

θ θ’<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

H<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

k'<<strong>br</strong> />

r k r<<strong>br</strong> />

E' r<<strong>br</strong> />

H' r<<strong>br</strong> />

E" r<<strong>br</strong> />

θ”<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

k" (b)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

H" r<<strong>br</strong> />

n1 x<<strong>br</strong> />

n2<<strong>br</strong> />

θ”<<strong>br</strong> />

H" r<<strong>br</strong> />

Fig. 5.14 - Reflexão e refração de uma onda (a) TE (polarização s) e (b) TM<<strong>br</strong> />

(polarização p). O círculo aberto significa que o campo está saindo<<strong>br</strong> />

do plano e a cruz que ele está entrando no plano.<<strong>br</strong> />

Caso b) TM<<strong>br</strong> />

E" r<<strong>br</strong> />

k" r<<strong>br</strong> />

H - H’= H” (5.26a)<<strong>br</strong> />

E cos θ + E′<<strong>br</strong> />

cos θ = E′<<strong>br</strong> />

′ cos θ ′<<strong>br</strong> />

(5.26b)<<strong>br</strong> />

Novamente, usando a eq. (5.11) para eliminar H em função de E,<<strong>br</strong> />

obtemos: k(<<strong>br</strong> />

E - E′<<strong>br</strong> />

) = k′<<strong>br</strong> />

′ E′<<strong>br</strong> />

′ , de onde sai:<<strong>br</strong> />

τ π<<strong>br</strong> />

ρ π<<strong>br</strong> />

E′<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

E n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2n1<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

+ n cos<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

θ ′<<strong>br</strong> />

E′<<strong>br</strong> />

− n<<strong>br</strong> />

θ ′<<strong>br</strong> />

2 cosθ<<strong>br</strong> />

+ n1<<strong>br</strong> />

cos<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

E n cosθ<<strong>br</strong> />

+ n cosθ<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

(5.27a)<<strong>br</strong> />

(5.27b)<<strong>br</strong> />

As equações acima podem ser modificadas usando-se a lei de<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

Snell para cos θ " = 1−<<strong>br</strong> />

sen θ"<<strong>br</strong> />

= 1−<<strong>br</strong> />

( n1<<strong>br</strong> />

n 2 ) sen θ , e o índice de<<strong>br</strong> />

refração relativo (n = n2/n1):<<strong>br</strong> />

ρ σ<<strong>br</strong> />

cos θ −<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

cos θ +<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

− sen θ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

− sen θ<<strong>br</strong> />

(5.28a)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


100<<strong>br</strong> />

ρ π<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

− n cos θ + n − sen θ<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

n cos θ + n − sen θ<<strong>br</strong> />

(5.28b)<<strong>br</strong> />

A Fig. 5.15 mostra a variação do coeficiente de reflexão em<<strong>br</strong> />

função do ângulo de incidência quando n > n<<strong>br</strong> />

2 1 (reflexão externa). O sinal<<strong>br</strong> />

negativo de ρ significa que o campo elétrico muda a fase em 180° após a<<strong>br</strong> />

reflexão. Note que ρπ = 0 quando:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n 2 cosθ<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

B − n − sen θB<<strong>br</strong> />

= 0 ⇒ tg θB<<strong>br</strong> />

= n = (5.29)<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

1,0<<strong>br</strong> />

0,5<<strong>br</strong> />

0,0<<strong>br</strong> />

θB<<strong>br</strong> />

Ângulo (graus)<<strong>br</strong> />

ρπ<<strong>br</strong> />

-0,5<<strong>br</strong> />

ρσ<<strong>br</strong> />

-1,0<<strong>br</strong> />

0 15 30 45 60 75 90<<strong>br</strong> />

Fig. 5.15 - Coeficiente de reflexão externa.<<strong>br</strong> />

Como n > n temos tgθ > 1 e, consequentemente, θB B 2 1 B > 45°. θ B B é<<strong>br</strong> />

conhecido com ângulo de Brewster.<<strong>br</strong> />

A Fig. 5.16 mostra o caso da reflexão interna (n1 > n2) com o<<strong>br</strong> />

ângulo de Brewster, sendo agora menor que 45°. Por outro lado, quando n<<strong>br</strong> />

= senθ temos um ângulo crítico θC acima do qual ρσ = ρπ = 1. Para n <<<strong>br</strong> />

senθ temos:<<strong>br</strong> />

cos θ − i sen 2 θ − n 2<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

⇒ ρ = 1 (5.30)<<strong>br</strong> />

σ<<strong>br</strong> />

cos θ + i sen 2 θ − n 2<<strong>br</strong> />

ρ σ<<strong>br</strong> />

Um conceito erroneamente empregado é que se a refletividade é<<strong>br</strong> />

unitária, nenhuma luz penetra no meio menos denso. Isto não é verdade,<<strong>br</strong> />

como veremos a seguir. Supondo que a onda incidente na interface é plana<<strong>br</strong> />

e tomando o campo elétrico na forma exponencial, podemos escrever:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

n


A polarização da onda eletromagnética 101<<strong>br</strong> />

1,0<<strong>br</strong> />

0,5<<strong>br</strong> />

0,0<<strong>br</strong> />

-0,5<<strong>br</strong> />

θB<<strong>br</strong> />

θC<<strong>br</strong> />

ângulo (graus)<<strong>br</strong> />

ρσ<<strong>br</strong> />

0 15 30 45 60<<strong>br</strong> />

ρπ<<strong>br</strong> />

75 90<<strong>br</strong> />

Fig. 5.16 - Coeficiente de reflexão interna.<<strong>br</strong> />

= E exp i<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

k.<<strong>br</strong> />

r −ω<<strong>br</strong> />

t = E exp<<strong>br</strong> />

i k x + k y −ω<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

{ ( ) } ( )<<strong>br</strong> />

{ }<<strong>br</strong> />

E o<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

x y<<strong>br</strong> />

(5.31)<<strong>br</strong> />

onde na última passagem usamos o fato que ao onda se propaga no plano<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

xy ( r = xî<<strong>br</strong> />

+ yjˆ<<strong>br</strong> />

). Note que kx<<strong>br</strong> />

= k senθ e ky<<strong>br</strong> />

= k cosθ são as projeções de<<strong>br</strong> />

k no plano xy. O módulo de k é (ω/c) n<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

1. No meio com índice n2, o<<strong>br</strong> />

campo elétrico pode ser escrito de maneira similar:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

E " = E"<<strong>br</strong> />

exp { i ( k"<<strong>br</strong> />

. r ωt<<strong>br</strong> />

) } E"<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i ( k"<<strong>br</strong> />

x k "<<strong>br</strong> />

0 − = 0<<strong>br</strong> />

x + yy<<strong>br</strong> />

−ω<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

} (5.32)<<strong>br</strong> />

sendo as projeções de k ” dadas por k<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

x” = k” senθ” e ky” = k” cosθ”, e seu<<strong>br</strong> />

módulo por k”= (ω/c)n 2. Lem<strong>br</strong>ando que n = n 2/n1, pela lei de Snell temos<<strong>br</strong> />

senθ = n senθ” e consequentemente:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

ncosθ<<strong>br</strong> />

" = n 1−<<strong>br</strong> />

sen θ"<<strong>br</strong> />

= n −sen<<strong>br</strong> />

θ = i sen θ−<<strong>br</strong> />

n (5.33)<<strong>br</strong> />

Desta forma, a parte espacial da fase da onda fica:<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

( senθ<<strong>br</strong> />

x + i sen θ − n y)<<strong>br</strong> />

" "<<strong>br</strong> />

k x + k y = k<<strong>br</strong> />

(5.34)<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

Como i 2 = -1, o campo é dado por:<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

"<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

{ i ( k senθ<<strong>br</strong> />

x −ω<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

"<<strong>br</strong> />

= E exp(<<strong>br</strong> />

−αy)<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

(5.35)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

onde . Note que a luz se propaga paralelamente à<<strong>br</strong> />

α = k sen θ−<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

interface, na direção do eixo x. Por outro lado, ela penetra no meio menos<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


102<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

denso, porém decaindo de forma exponencial. Em geral, a profundidade<<strong>br</strong> />

de penetração é da ordem do comprimento de onda da luz. Pictoricamente,<<strong>br</strong> />

é como se houvesse uma rampa na qual uma partícula (fóton) sobe um<<strong>br</strong> />

pouco, mas depois volta. Este processo na óptica leva o nome de<<strong>br</strong> />

penetração em barreira ou tunelamento fotônico. Isto fica mais claro se<<strong>br</strong> />

colocarmos dois prismas próximos, separados por uma distância da ordem<<strong>br</strong> />

do comprimento de onda da luz, como representado na Fig. 5.17.<<strong>br</strong> />

Desprezando as reflexões de Fresnel nas faces de entrada e saída, vemos<<strong>br</strong> />

que a intensidade da luz transmitida decai exponencialmente com a<<strong>br</strong> />

separação entre os prismas, de acordo com IT = I0 exp (-αd). No interior<<strong>br</strong> />

de cada prima o campo elétrico oscila harmonicamente, mas entre eles<<strong>br</strong> />

decai exponencialmente como mostrado na Fig. 5.17.<<strong>br</strong> />

Io<<strong>br</strong> />

IR<<strong>br</strong> />

Fig. 5.17 – Tunelamento fotônico.<<strong>br</strong> />

Este é um fato muito importante, principalmente no que se refere<<strong>br</strong> />

à propagação de luz em fi<strong>br</strong>as óptica. Nelas, o núcleo (com cerca de 5 μm<<strong>br</strong> />

de diâmetro) possui o índice de refração levemente superior à da casca<<strong>br</strong> />

(diâmetro da ordem de 120 μm) e a tendência da luz é a de propagar<<strong>br</strong> />

confinada no meio com maior índice de refração. Porém, como acabamos<<strong>br</strong> />

de ver, uma parte não desprezível da radiação propaga pela casca, devido<<strong>br</strong> />

ao tunelamento fotônico e qualquer imperfeição (trincas, bolhas, etc.)<<strong>br</strong> />

acarreta em perdas de intensidade.<<strong>br</strong> />

Com relação à energia transmitida ou refletida, podemos escrever:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

IT


A polarização da onda eletromagnética 103<<strong>br</strong> />

{ } kˆ r 1 r r 1 r 2 r n r 2<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

< S > = E x H = E0<<strong>br</strong> />

k = E0<<strong>br</strong> />

(5.36)<<strong>br</strong> />

2 2μ ω 2μ c<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Chamando de nˆ a normal à interface, a energia se propagando<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

nesta direção é J = < S > . nˆ = n r 2<<strong>br</strong> />

E cos θ , a energia refletida é:<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2μ<<strong>br</strong> />

0c<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

J'<<strong>br</strong> />

= < S'><<strong>br</strong> />

. nˆ = n r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E ' cos θ e a transmitida é dada por: J"<<strong>br</strong> />

= < S"<<strong>br</strong> />

> . nˆ =<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2μ<<strong>br</strong> />

0c<<strong>br</strong> />

n r 2<<strong>br</strong> />

E "<<strong>br</strong> />

0 cos θ"<<strong>br</strong> />

. Define-se refletividade R e transmissividade T como:<<strong>br</strong> />

2μ<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

T =<<strong>br</strong> />

J"<<strong>br</strong> />

J<<strong>br</strong> />

onde necessariamente T + R = 1.<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

J′<<strong>br</strong> />

E′<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

R = = = ρ 2<<strong>br</strong> />

J<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E 0<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

n E"<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0 cosθ<<strong>br</strong> />

′′ n 2<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

= τ<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

1 E cosθ<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

′′<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

(5.37a)<<strong>br</strong> />

(5.37b)<<strong>br</strong> />

5.7 Polarização por reflexão total interna<<strong>br</strong> />

No caso da reflexão total interna, os coeficientes de reflexão para<<strong>br</strong> />

as polarizações s e p, podem ser escritos como ρσ= exp{ iθσ}<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

ρπ= exp{<<strong>br</strong> />

iθπ}<<strong>br</strong> />

, onde as mudanças de fase θσ e θπ<<strong>br</strong> />

, que ocorrem durante<<strong>br</strong> />

a reflexão, são dadas por:<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

σ<<strong>br</strong> />

= −2tg<<strong>br</strong> />

= −2tg<<strong>br</strong> />

1 2 2<<strong>br</strong> />

( sen θ − n / cosθ)<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

( sen θ − n / n cosθ)<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

(5.38a)<<strong>br</strong> />

(5.38b)<<strong>br</strong> />

Se a onda incidente possuir as duas polarizações (s e p) haverá<<strong>br</strong> />

uma diferença de fase induzida pela reflexão total interna:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


104<<strong>br</strong> />

δ = θ<<strong>br</strong> />

σ<<strong>br</strong> />

− θ<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

= −2<<strong>br</strong> />

− tg<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

{ tg −1<<strong>br</strong> />

( sen 2 θ − n 2 / cos θ)<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

( sen 2 θ − n 2 / n 2 cos θ)<<strong>br</strong> />

} (5.39)<<strong>br</strong> />

A Fig. 5.18 mostra a diferença de fase δ como função do ângulo<<strong>br</strong> />

de incidência θ para a reflexão total interna no vidro (n1 ≈ 1.5, n2 = 1) cujo<<strong>br</strong> />

ângulo crítico é θC = 41.9°. Vemos que próximo ao ângulo de 50°, a<<strong>br</strong> />

diferença de fase é 45° e assim podemos pensar em obter luz<<strong>br</strong> />

circularmente polarizada, fazendo duas reflexões internas no vidro. Isto<<strong>br</strong> />

pode ser conseguido com o rombo de Fresnel, mostrado na Fig. 5.19 (a),<<strong>br</strong> />

tomando-se o cuidado de fazer as amplitudes dos campos com<<strong>br</strong> />

polarizações s e p iguais. Por outro lado, se provocarmos quatro reflexões<<strong>br</strong> />

internas, a diferença de fase induzida será de 180° e como resultado<<strong>br</strong> />

teremos uma rotação no plano de polarização da luz linearmente<<strong>br</strong> />

polarizada incidente (Fig. 5.19 (b)). Neste caso, não é necessário fazer as<<strong>br</strong> />

polarizações s e p de mesma amplitude. A vantagem deste método de<<strong>br</strong> />

obtenção de luz circularmente polarizada e rotação do campo elétrico é a<<strong>br</strong> />

acromaticidade, isto é, a independência do comprimento de onda, ao<<strong>br</strong> />

contrário das lâminas de λ/4 e λ/2.<<strong>br</strong> />

δ (graus)<<strong>br</strong> />

60<<strong>br</strong> />

45<<strong>br</strong> />

30<<strong>br</strong> />

15<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

30 45 60 75 90<<strong>br</strong> />

θ (graus)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.18 - Diferença de fase como função do ângulo de incidência para a<<strong>br</strong> />

reflexão total interna no vidro.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

Ep<<strong>br</strong> />

Es<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

(a) (b)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.19 - (a) obtenção de luz circularmente polarizada (rombo de Fresnel) e<<strong>br</strong> />

(b) rotação do plano de polarização da luz.<<strong>br</strong> />

Para finalizarmos esta seção, convém chamar<<strong>br</strong> />

a atenção para o<<strong>br</strong> />

fato de que o dispositivo da Fig. 5.19 (b) roda continuamente o plano de<<strong>br</strong> />

polarização da luz incidente, como é mostrado na Fig. 5.20. Este mesmo<<strong>br</strong> />

efeito ocorre para a lâmina de meia onda que estudamos na seção 5.4. Ao<<strong>br</strong> />

rodarmos o dispositivo (ou lâmina λ/2), ou então mudando o plano de<<strong>br</strong> />

polarização da luz incidente de um ângulo θ, a luz emergente sai com o<<strong>br</strong> />

plano de polarização rodado de 2θ.<<strong>br</strong> />

θ1<<strong>br</strong> />

θ2<<strong>br</strong> />

entrada saída<<strong>br</strong> />

Fig.<<strong>br</strong> />

5.20 - Rotação do plano de polarização da luz pela ação do dispositivo da<<strong>br</strong> />

Fig. 5.19(b).<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

θ2<<strong>br</strong> />

θ1<<strong>br</strong> />

105<<strong>br</strong> />

5.8 Matrizes de Jones<<strong>br</strong> />

Considere um campo elétrico onde as componentes x e y estão<<strong>br</strong> />

defasadas de um ângulo δ:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

−iδ<<strong>br</strong> />

E = E ˆi<<strong>br</strong> />

+ E e jˆ exp i kz − ωt<<strong>br</strong> />

(5.40)<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

0x<<strong>br</strong> />

0y<<strong>br</strong> />

{ ( ) }<<strong>br</strong> />

E


106<<strong>br</strong> />

Jones escreveu este campo da forma matricial:<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

⎛ E0x<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝E<<strong>br</strong> />

0ye<<strong>br</strong> />

= −iδ<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(5.41)<<strong>br</strong> />

Usando este formalismo podemos escrever o campo elétrico para<<strong>br</strong> />

as várias polarizações já vistas:<<strong>br</strong> />

⎛E<<strong>br</strong> />

0x<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

(a) LP (δ = 0)<<strong>br</strong> />

E = ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

(5.42a)<<strong>br</strong> />

⎝E<<strong>br</strong> />

0y<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(b) CPH (δ = π/2)<<strong>br</strong> />

(c) CPAH (δ = - π/2)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

⎛ E<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝E<<strong>br</strong> />

e ainda definir operações tais como:<<strong>br</strong> />

(i) Soma:<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛ 1 ⎞<<strong>br</strong> />

⎟ = E ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎠ ⎝−<<strong>br</strong> />

i⎠<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

E = −iπ<<strong>br</strong> />

/ 2 0<<strong>br</strong> />

0e<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

⎛ E<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝E<<strong>br</strong> />

0e<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛1⎞<<strong>br</strong> />

⎟ = E ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎠ ⎝i<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

E = iπ<<strong>br</strong> />

/ 2 0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

E + E'<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(5.42b)<<strong>br</strong> />

(5.42c)<<strong>br</strong> />

⎛ 1 ⎞ ⎛1⎞<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ + E ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

0 2E<<strong>br</strong> />

⎝−<<strong>br</strong> />

i⎠<<strong>br</strong> />

⎝i<<strong>br</strong> />

⎠ ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝0⎠<<strong>br</strong> />

E 0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

⎛a<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

= ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝b<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E' ⎛ c ⎞<<strong>br</strong> />

= ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝d<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

(ii) Produto escalar: tomando e temos:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E'<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E'<<strong>br</strong> />

⎛c<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

= ( a * b*<<strong>br</strong> />

) ⎜ ⎟ = a * c + b*<<strong>br</strong> />

d . Dois vetores são ortogonais quando<<strong>br</strong> />

⎝d<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

= 0 . Como exemplo, temos: e , e<<strong>br</strong> />

Dentro desta abordagem podemos associar, a cada sistema óptico,<<strong>br</strong> />

uma matriz que modifica o campo incidente, dando origem ao campo<<strong>br</strong> />

emergente desejado, de maneira análoga ao que foi feito na óptica<<strong>br</strong> />

geométrica. Vamos escrever as matrizes para os elementos já vistos:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 107<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

a) lâmina de quarto de onda (λ/4): devemos ter ' = M E , onde<<strong>br</strong> />

E λ / 4<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

⎛1⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

= E ,<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E'<<strong>br</strong> />

⎛1⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎛ M11<<strong>br</strong> />

= E e M<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

λ / 4 =<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟ ⎜<<strong>br</strong> />

⎝i<<strong>br</strong> />

⎝M<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

M12<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

. Realizando o produto<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

M 22 ⎠<<strong>br</strong> />

matricial temos: =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

E . Logo,<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎟ ⎟<<strong>br</strong> />

⎛1⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎛ M11<<strong>br</strong> />

E 0<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

⎟ ⎜<<strong>br</strong> />

⎝M<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

M12<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛ ⎞<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

M11 + M12<<strong>br</strong> />

= 1 e<<strong>br</strong> />

M ⎠ ⎜<<strong>br</strong> />

22 ⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

M 21 + M 22 = i . Existem várias matrizes que satisfazem estas condições.<<strong>br</strong> />

Devemos lem<strong>br</strong>ar que se o campo tem polarização ao longo de um dos<<strong>br</strong> />

eixos principais, esta polarização não é alterada. Assim, temos:<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ M<<strong>br</strong> />

⇒<<strong>br</strong> />

⎜ M<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

= 0<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ 11 12<<strong>br</strong> />

11<<strong>br</strong> />

E0 =<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ ⎜<<strong>br</strong> />

⎟ E0<<strong>br</strong> />

(5.43)<<strong>br</strong> />

M 21 M 22<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

⎝0<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

⎛ M<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

M<<strong>br</strong> />

e desta forma a matriz que descreve a lâmina de quarto de onda é:<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

0 ⎞<<strong>br</strong> />

= ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝0<<strong>br</strong> />

i ⎠<<strong>br</strong> />

M (5.44)<<strong>br</strong> />

λ / 4<<strong>br</strong> />

b) lâmina de meia onda (λ/2): procedendo de maneira análoga podemos<<strong>br</strong> />

encontrar a matriz para a lâmina de λ/2:<<strong>br</strong> />

r ⎛1⎞<<strong>br</strong> />

⎛ ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ r 1<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

E = E 0<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

, E'<<strong>br</strong> />

= E 0<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝1⎠<<strong>br</strong> />

⎝−<<strong>br</strong> />

1⎠<<strong>br</strong> />

⇒ M λ / 2<<strong>br</strong> />

⎛ 1 0 ⎞<<strong>br</strong> />

= ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝0<<strong>br</strong> />

-1⎠<<strong>br</strong> />

(5.45)<<strong>br</strong> />

c) polarizador com eixo de transmissão horizontal: considere um campo<<strong>br</strong> />

elétrico E r linearmente polarizado, formando um ângulo θ com o eixo x e<<strong>br</strong> />

propagando-se na direção z. A Fig. 5.21 mostra este campo incidindo num<<strong>br</strong> />

polarizador com eixo de transmissão na direção x. Neste caso temos:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

⎛cos<<strong>br</strong> />

θ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

= E 0<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

⎝sen<<strong>br</strong> />

θ⎠<<strong>br</strong> />

E 0<<strong>br</strong> />

A intensidade de luz emergente é proporcional a:<<strong>br</strong> />

r ⎛cos θ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ ⎛1<<strong>br</strong> />

0 ⎞<<strong>br</strong> />

E'<<strong>br</strong> />

= E<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⇒ M = ⎜<<strong>br</strong> />

(5.46)<<strong>br</strong> />

⎝ 0 ⎝0<<strong>br</strong> />

0⎠<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


108<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

E'<<strong>br</strong> />

E'<<strong>br</strong> />

= E<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎛cos θ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝ 0 ⎠<<strong>br</strong> />

( cos θ 0)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E cos θ ⇒ I = I cos θ (5.47)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Esta é a lei de Malus, que não vale para um polaróide porque ele não<<strong>br</strong> />

extingue completamente a componente y, mas vale para o prisma de<<strong>br</strong> />

Nicol.<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

eixo de<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

transmissão<<strong>br</strong> />

Fig. 5.21 - Polarizador com eixo de transmissão horizontal.<<strong>br</strong> />

c) polarizador com eixo de transmissão a 45° : o campo incidente é o<<strong>br</strong> />

mesmo que o do caso anterior, mas o eixo de transmissão do polarizador<<strong>br</strong> />

faz 45° com o eixo x, conforme mostra a Fig. 5.22.<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

eixo de<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

transmissão<<strong>br</strong> />

45 0<<strong>br</strong> />

Fig. 5.22 - Polarizador com eixo de transmissão a 45°.<<strong>br</strong> />

Na direção do eixo de transmissão, o campo incidente é<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 E 0 ( cosθ<<strong>br</strong> />

+ sen θ)<<strong>br</strong> />

que é também o campo emergente. Decompondo-o<<strong>br</strong> />

r E ⎛cos<<strong>br</strong> />

θ + senθ⎞<<strong>br</strong> />

em duas componentes, E ′ 0<<strong>br</strong> />

x e E′<<strong>br</strong> />

y , obtém-se: E'<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

2 ⎝ cosθ<<strong>br</strong> />

+ senθ<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

z


A polarização da onda eletromagnética 109<<strong>br</strong> />

para<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

⎛cosθ<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

= E , de onde se tira a matriz para este sistema:<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝sen<<strong>br</strong> />

θ⎠<<strong>br</strong> />

1 ⎛1<<strong>br</strong> />

1⎞<<strong>br</strong> />

M = ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

(5.48)<<strong>br</strong> />

2 ⎝1<<strong>br</strong> />

1⎠<<strong>br</strong> />

5.9 Atividade óptica<<strong>br</strong> />

Atividade óptica é a propriedade que certos materiais possuem de<<strong>br</strong> />

rodar o plano de polarização de um feixe de luz linearmente polarizada, da<<strong>br</strong> />

maneira indicada na Fig. 5.23. O ângulo de rotação θ do plano de<<strong>br</strong> />

polarização depende da distância l percorrida pela luz dentro do meio e de<<strong>br</strong> />

uma característica intrínseca do material, chamada de poder rotatório.<<strong>br</strong> />

Costuma-se definir o poder rotatório específico como sendo o ângulo<<strong>br</strong> />

rodado por unidade de comprimento.<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

Fig. 5.23 - Rotação do plano de polarização da luz devido à atividade óptica do<<strong>br</strong> />

meio.<<strong>br</strong> />

Olhando para a direção z > 0, se a luz rodar para a direita o<<strong>br</strong> />

material é chamado de destro-rotatório e se rodar para a esquerda, levorotatório.<<strong>br</strong> />

Alguns exemplos de meios opticamente ativos são: quartzo<<strong>br</strong> />

cristalino (com a luz se propagando na direção do eixo óptico), clorato de<<strong>br</strong> />

sódio, molécula de DNA e alguns tipos de açúcares. Na Fig. 5.24 vê-se o<<strong>br</strong> />

poder rotatório do quartzo como função do comprimento de onda.<<strong>br</strong> />

Notamos que esta grandeza varia com λ e esta variação, chamada de<<strong>br</strong> />

dispersão rotatória, pode ser usada na determinação do comprimento de<<strong>br</strong> />

onda de luz monocromática, ou como monocromador por atividade óptica,<<strong>br</strong> />

colocando-se um polarizador na entrada do meio e um analisador na saída<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

z


110<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

deste. Variando-se o ângulo do analisador podemos alterar o comprimento<<strong>br</strong> />

de onda que sai do monocromador.<<strong>br</strong> />

graus/mm<<strong>br</strong> />

60<<strong>br</strong> />

40<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

400 500 600 700<<strong>br</strong> />

λ (nm)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.24 - Poder rotatório específico do quartzo cristalino como função do<<strong>br</strong> />

comprimento de onda.<<strong>br</strong> />

A atividade óptica pode ser explicada levando-se em conta a<<strong>br</strong> />

simetria das moléculas que compõem o meio, que neste caso é chamada<<strong>br</strong> />

de simetria chiral. Para facilitar o entendimento, vamos pensar nestas<<strong>br</strong> />

moléculas como tendo a forma de molas helicoidais. Quando a luz<<strong>br</strong> />

linearmente polarizada incide so<strong>br</strong>e o material, as componentes x e y<<strong>br</strong> />

estarão sujeitas a mesma simetria (o diâmetro das molas é o mesmos nas<<strong>br</strong> />

direções x e y) e portanto possuem a mesma velocidade de propagação<<strong>br</strong> />

(mesmo índice de refração). Já no caso de luz circularmente polarizada, as<<strong>br</strong> />

componentes polarizadas à direita (σ+) e à esquerda (σ-) “encontram” o<<strong>br</strong> />

passo da mola de formas diferentes (positivo ou negativo) e, portanto,<<strong>br</strong> />

“vêem” simetrias diferentes. Isto faz com que os índices de refração n+ e<<strong>br</strong> />

n- para estas duas polarizações sejam diferentes e como conseqüência,<<strong>br</strong> />

estas polarizações adquirem fases diferentes durante sua propagação pela<<strong>br</strong> />

amostra. Este fato pode ser melhor apreciado se usarmos o formalismo<<strong>br</strong> />

matricial de Jones.<<strong>br</strong> />

Consideremos um feixe de luz linearmente polarizada na direção<<strong>br</strong> />

x, propagando-se ao longo do eixo z. Podemos decompor esta luz em duas<<strong>br</strong> />

componentes circularmente polarizadas, ortogonais. No formalismo de<<strong>br</strong> />

Jones, este fato se expressa como:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 111<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

⎞ 1 ⎛1<<strong>br</strong> />

⎞ 1 ⎛1⎞<<strong>br</strong> />

= ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ + ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝0<<strong>br</strong> />

⎠ 2 ⎝−<<strong>br</strong> />

i⎠<<strong>br</strong> />

2 ⎝i<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(5.49)<<strong>br</strong> />

Após percorrer uma distância l dentro do meio, as componentes<<strong>br</strong> />

σ+ e σ- adquirem fases diferentes e o campo elétrico na saída da amostra<<strong>br</strong> />

pode ser escrito da forma:<<strong>br</strong> />

r 1 ⎛1<<strong>br</strong> />

⎞ ik l 1 ⎛1⎞<<strong>br</strong> />

⎡ ⎞ ⎛ ⎞ ⎤<<strong>br</strong> />

iψ 1 ⎛ 1 iθ 1 1<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

ik −l<<strong>br</strong> />

−iθ<<strong>br</strong> />

E ' = ⎜ ⎟e<<strong>br</strong> />

+ ⎜ ⎟e<<strong>br</strong> />

= e ⎢ ⎜ ⎟e<<strong>br</strong> />

+ ⎜ ⎟e<<strong>br</strong> />

⎥ (5.50)<<strong>br</strong> />

2 ⎝−<<strong>br</strong> />

i⎠<<strong>br</strong> />

2 ⎝i<<strong>br</strong> />

⎠ ⎣2<<strong>br</strong> />

⎝−<<strong>br</strong> />

i⎠<<strong>br</strong> />

2 ⎝i<<strong>br</strong> />

⎠ ⎦<<strong>br</strong> />

onde foram introduzidas as quantidades ψ = ( k + + k − ) l / 2 e<<strong>br</strong> />

θ = (k − k ) / 2.<<strong>br</strong> />

Somando as matrizes obtemos:<<strong>br</strong> />

+ − l<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E'<<strong>br</strong> />

= e<<strong>br</strong> />

iψ<<strong>br</strong> />

⎡(e<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

⎣(e<<strong>br</strong> />

iθ<<strong>br</strong> />

iθ<<strong>br</strong> />

+ e<<strong>br</strong> />

− e<<strong>br</strong> />

−iθ<<strong>br</strong> />

−iθ<<strong>br</strong> />

)/2 ⎤<<strong>br</strong> />

⎥ = e<<strong>br</strong> />

)/2i⎥⎦<<strong>br</strong> />

iψ<<strong>br</strong> />

⎛cosθ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝senθ⎠<<strong>br</strong> />

(5.51)<<strong>br</strong> />

que representa uma onda linearmente polarizada, cuja direção do plano de<<strong>br</strong> />

polarização encontra-se rodado de um ângulo θ com relação a direção<<strong>br</strong> />

inicial (antes da luz penetrar no meio). De acordo com a definição de θ<<strong>br</strong> />

temos:<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

θ = ( n + − n − ) l<<strong>br</strong> />

(5.52)<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

de forma que o poder rotatório específico é dado por:<<strong>br</strong> />

θ π<<strong>br</strong> />

δ = = ( n + − n − )<<strong>br</strong> />

l λ<<strong>br</strong> />

(5.53)<<strong>br</strong> />

que explica a forma da Fig. 5.24. Note, porém, que Δn = n+ - n-<<strong>br</strong> />

pode ter<<strong>br</strong> />

dispersão com o comprimento de onda e assim, a forma funcional de δ é<<strong>br</strong> />

mais complicada do que uma hipérbole.<<strong>br</strong> />

Um fator importante de se notar é que se tivermos a mola<<strong>br</strong> />

orientada ao longo do eixo z, por exemplo, a polarização do campo rodará<<strong>br</strong> />

de +θ se ele estiver se propagando no sentido +z e -θ se ele estiver no<<strong>br</strong> />

sentido –z. desta forma, se a luz atravessa o meio, reflete num espelho e<<strong>br</strong> />

atravessa novamente o meio no sentido oposto, o efeito de uma rotação<<strong>br</strong> />

cancela o da outra e a luz volta a ter a polarização original. Isto impede<<strong>br</strong> />

que a atividade óptica seja usada em isoladores ópticos.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


112<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

5.10 Efeito Faraday<<strong>br</strong> />

Certos meios isotrópicos podem provocar a rotação da luz pela<<strong>br</strong> />

aplicação de um campo magnético uniforme B r na direção de propagação<<strong>br</strong> />

da luz. Esta propriedade, conhecida como efeito Faraday, é comumente<<strong>br</strong> />

aplicada na construção de isoladores ópticos ou diodos ópticos. Na<<strong>br</strong> />

ausência de campo magnético, o material comporta-se da mesma forma<<strong>br</strong> />

para as polarizações circulares σ+ e σ-. Entretanto, a presença do campo<<strong>br</strong> />

B r que<strong>br</strong>a a simetria para rotações à direita e à esquerda, da maneira<<strong>br</strong> />

apresentada na Fig. 5.25 e o material passa a ter atividade óptica. Quando<<strong>br</strong> />

a luz linearmente polarizada incide so<strong>br</strong>e o material, as componentes de<<strong>br</strong> />

polarização x e y estarão sujeitas à mesma simetria e portanto possuem a<<strong>br</strong> />

mesma velocidade de propagação (mesmo índice de refração). Já no caso<<strong>br</strong> />

de luz circularmente polarizada, as componentes polarizadas à direita (σ+)<<strong>br</strong> />

e à esquerda (σ-) “encontram” os triângulos de formas diferentes e,<<strong>br</strong> />

portanto, “vêem” simetrias diferentes. Isto faz com que os índices de<<strong>br</strong> />

refração n e n<<strong>br</strong> />

+ - para estas duas polarizações sejam diferentes e como<<strong>br</strong> />

conseqüência, estas polarizações adquirem fases diferentes durante sua<<strong>br</strong> />

propagação pela amostra. Este efeito pode ser calculado pelo formalismo<<strong>br</strong> />

matricial de Jones, da mesma forma que na seção anterior..<<strong>br</strong> />

Ey<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

Ex<<strong>br</strong> />

Fig. 5.25 - Explicação do efeito Faraday baseado na simetria do meio.<<strong>br</strong> />

No efeito Faraday, o ângulo que o plano de polarização roda está<<strong>br</strong> />

ligado à resposta do material ao campo magnético, através da constante de<<strong>br</strong> />

Verdet, de acordo com:<<strong>br</strong> />

σ−<<strong>br</strong> />

σ+<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

θ = BV l<<strong>br</strong> />

(5.49)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 113<<strong>br</strong> />

onde B é módulo do campo magnético, V é a constante de Verdet e l é o<<strong>br</strong> />

comprimento do meio. Os materiais mais comumente utilizados para este<<strong>br</strong> />

tipo de aplicação e que obviamente possuem um valor elevado da<<strong>br</strong> />

constante de Verdet são alguns tipos de vidros densos (flint), alguns<<strong>br</strong> />

semicondutores e o TGG (Terbium Galium Garnet). Na Fig. 5.26<<strong>br</strong> />

podemos observar o comportamento de V contra λ para o TGG.<<strong>br</strong> />

Um fator importante para a construção dos isoladores ópticos está<<strong>br</strong> />

ligado aos sentidos relativos do campo magnético e do vetor de<<strong>br</strong> />

propagação . Digamos que a luz se propaga na direção do campo ( k r k e<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

B r paralelos) e que roda um ângulo θ no sentido horário. Se ela se<<strong>br</strong> />

propagar no sentido inverso ( k r<<strong>br</strong> />

B r<<strong>br</strong> />

e anti-paralelos), ela novamente rodará<<strong>br</strong> />

um ângulo θ, só que agora no sentido anti-horário, pois verá os triângulos<<strong>br</strong> />

da Fig. 5.25 orientados no sentido inverso. Como conseqüência, se a luz<<strong>br</strong> />

atravessar o meio e depois voltar, o efeito total será o de rodar o plano de<<strong>br</strong> />

polarização da onda de 2θ, diferentemente do que acontece na atividade<<strong>br</strong> />

óptica. Veremos a seguir como este fato pode ser usado para a construção<<strong>br</strong> />

de diodos ópticos.<<strong>br</strong> />

segundos/(Gauss*mm)<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

15<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2<<strong>br</strong> />

λ (μm)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.26 - Variação da constante de Verdet com o comprimento de onda para o<<strong>br</strong> />

TGG.<<strong>br</strong> />

5.11 Isoladores ópticos<<strong>br</strong> />

Os lasers, principalmente os dos tipos diodo e corante, têm sua<<strong>br</strong> />

estabilização em freqüência bastante perturbada pela realimentação de luz<<strong>br</strong> />

devido à reflexões parasitas nas superfícies dos elementos ópticos que<<strong>br</strong> />

compõem uma determinada montagem experimental. Para se evitar este<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


114<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

tipo de problema é necessário um diodo óptico, ou isolador óptico, que<<strong>br</strong> />

permite a passagem de luz do laser para o experimento, mas impede a<<strong>br</strong> />

passagem no sentido inverso. Este isolador é baseado no efeito Faraday,<<strong>br</strong> />

que descrevemos na seção anterior.<<strong>br</strong> />

Considere, como mostra a Fig. 5.27, um meio que quando sujeito<<strong>br</strong> />

a um campo B r roda o plano de polarização da luz de 45°. Na entrada do<<strong>br</strong> />

sistema existe um polarizador P1, com eixo de transmissão paralelo ao<<strong>br</strong> />

eixo y e na saída um polarizador P 2,<<strong>br</strong> />

com eixo de transmissão na direção<<strong>br</strong> />

1 ( î + jˆ ) . A luz proveniente do laser passa pelo polarizador P1, roda 45°<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

no sentido horário e passa por P2. A luz refletida pelos componentes<<strong>br</strong> />

ópticos (retornando ao laser) passa por P2, roda 45° no sentido antihorário<<strong>br</strong> />

(pois vê o sentido de B r invertido) e é bloqueada pelo polarizador<<strong>br</strong> />

P1, sendo assim impedida de retornar ao laser.<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

E k<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

Fig. 5.27 - Esquema de um isolador óptico baseado no efeito Faraday.<<strong>br</strong> />

Devido ao fato da constante de Verdet variar com o comprimento<<strong>br</strong> />

de onda, a isolação óptica apresentada acima funciona apenas para luz<<strong>br</strong> />

monocromática. Para um dado λ, seleciona-se o valor de B que produz a<<strong>br</strong> />

rotação de 45°; para outro λ devemos tomar um valor diferente de B para<<strong>br</strong> />

compensar a dependência da constante de Verdet com o comprimento de<<strong>br</strong> />

onda ou trabalhar com o polarizador P2 numa outra orientação. Neste<<strong>br</strong> />

último caso teremos perda de intensidade da luz na direção reversa.<<strong>br</strong> />

Para finalizar esta seção devemos mencionar que é possível se<<strong>br</strong> />

construir um isolador óptico com uma lâmina de quarto de onda ou rombo<<strong>br</strong> />

de Fresnel. Imagine que a luz passe por um polarizador P e por uma<<strong>br</strong> />

lâmina λ/4, de maneira a se tornar circularmente polarizada. Quando ela<<strong>br</strong> />

retorna, após reflexão nos componentes ópticos do sistema experimental,<<strong>br</strong> />

passa novamente pela lâmina λ/4. Esta dupla passagem pela placa<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

P2<<strong>br</strong> />

x


A polarização da onda eletromagnética 115<<strong>br</strong> />

retardadora faz com que seu efeito seja o de uma lâmina de meia onda,<<strong>br</strong> />

rodando o plano de polarização da luz de 90°, que é finalmente barrada<<strong>br</strong> />

pelo polarizador P. A desvantagem deste método é que durante as<<strong>br</strong> />

reflexões nos componentes ópticos, a polarização circular pode ser<<strong>br</strong> />

afetada, tornando-se elíptica e o efeito total da dupla passagem pela placa<<strong>br</strong> />

retardadora não é exatamente o de uma lâmina de λ/2. Já no caso do diodo<<strong>br</strong> />

óptico com efeito Faraday, o efeito das reflexões so<strong>br</strong>e a polarização não é<<strong>br</strong> />

relevante pois o polarizador P2 re-polariza a luz que volta ao diodo.<<strong>br</strong> />

A isolação é usualmente medida em dB, de acordo com a<<strong>br</strong> />

expressão:<<strong>br</strong> />

⎛ I V ⎞<<strong>br</strong> />

I = 10 log ⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

(5.55)<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

⎝ Ii<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

onde IV e Ii são respectivamente as intensidades de luz que passa e que<<strong>br</strong> />

incide so<strong>br</strong>e o diodo no sentido em que ele bloqueia . Assim, uma isolação<<strong>br</strong> />

de -40 dB significa que se incidirmos luz na direção reversa do diodo,<<strong>br</strong> />

apenas 0,01% desta luz passará por ele.<<strong>br</strong> />

5.12 Efeito Pockels<<strong>br</strong> />

Como mencionamos na seção 4.5, existem cristais cujos índices<<strong>br</strong> />

de refração se modificam face à aplicação de um campo elétrico. Quando<<strong>br</strong> />

esta variação for diretamente proporcional ao campo elétrico, teremos o<<strong>br</strong> />

conhecido efeito Pockels, que é utilizado na modulação eletro-óptica da<<strong>br</strong> />

luz, tanto em frequência (seção 4.5), como em intensidade. Este efeito<<strong>br</strong> />

aparece em cristais anisotrópicos, que são caracterizados por um elipsóide<<strong>br</strong> />

de índices de refração escrito como:<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

y z<<strong>br</strong> />

+ + = 1<<strong>br</strong> />

(5.56)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

n n<<strong>br</strong> />

No caso em que nx = n ≠ n<<strong>br</strong> />

y z temos um cristal uniaxial, cujo eixo de<<strong>br</strong> />

simetria (z) é chamado de eixo óptico (e.g. KDP, quartzo, etc.). O índice<<strong>br</strong> />

de refração para a luz polarizada nesta direção é denominado de<<strong>br</strong> />

extraordinário (ne), enquanto que para a luz com polarização nas direções<<strong>br</strong> />

x e y tem-se o índice de refração ordinário (n0). Esta anisotropia dá origem<<strong>br</strong> />

aos fenômenos de birrefringência discutidos na seção 5.4. Além desta<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z


116<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

anisotropia natural, certos cristais uniaxiais podem ter uma anisotropia<<strong>br</strong> />

extra, induzida pela aplicação do campo elétrico externo, sendo que este<<strong>br</strong> />

pode ser aplicado na direção de propagação da luz (efeito Pockels<<strong>br</strong> />

longitudinal) ou perpendicular a ela (efeito Pockels transversal).<<strong>br</strong> />

Consideremos o caso em que a luz se propaga ao longo do eixo<<strong>br</strong> />

óptico (z), de forma que as componentes x e y da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

estão ambas sujeitas ao mesmo índice de refração (n0). Vamos supor que<<strong>br</strong> />

um campo elétrico estático, V/l, é aplicado longitudinalmente ao cristal,<<strong>br</strong> />

onde V é a voltagem e l é o comprimento da amostra. Nestes casos, as<<strong>br</strong> />

componentes x e y da onda estarão sujeitas a índices de refrações rápido<<strong>br</strong> />

(n r)<<strong>br</strong> />

e lento (nl) dados por:<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

n 0rV<<strong>br</strong> />

n r = n 0 −<<strong>br</strong> />

(5.57a)<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

n 0rV<<strong>br</strong> />

= n 0 +<<strong>br</strong> />

(5.57b)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

onde r é uma componente de um tensor eletro-óptico, que dá a resposta do<<strong>br</strong> />

meio em resposta à aplicação do campo elétrico. Vemos então a aparição<<strong>br</strong> />

de uma birrefringência induzida pelo campo elétrico, efeito este que pode<<strong>br</strong> />

ser usado para chaveamento eletro-óptico da luz, como veremos na seção<<strong>br</strong> />

5.14.<<strong>br</strong> />

5.13 Efeitos Kerr e Cotton-Mouton<<strong>br</strong> />

Em meios ópticos isotrópicos tais como líquidos e cristais de<<strong>br</strong> />

simetria cúbica, o efeito Pockels não existe. Entretanto, para campos<<strong>br</strong> />

elétricos intensos pode existir uma birrefringência induzida pelo<<strong>br</strong> />

alinhamento das moléculas do meio. A substância neste caso comporta-se<<strong>br</strong> />

opticamente como se fosse um cristal uniaxial no qual o campo elétrico<<strong>br</strong> />

define o eixo óptico. Este efeito foi descoberto em 1875 por J. Kerr e é<<strong>br</strong> />

chamado de efeito Kerr. A magnitude da birrefringência induzida é<<strong>br</strong> />

proporcional ao quadrado do campo elétrico, de acordo com:<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

// − n ⊥<<strong>br</strong> />

= KE<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

(5.53)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 117<<strong>br</strong> />

onde K é a constante de Kerr, λ é o comprimento de onda da luz no vácuo,<<strong>br</strong> />

n// é o índice de refração na direção do campo elétrico estático E r aplicado<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a amostra e n é o índice perpendicular a ele.<<strong>br</strong> />

⊥<<strong>br</strong> />

O efeito Kerr é utilizado em moduladores de luz ultra-rápidos,<<strong>br</strong> />

conhecidos como células Kerr. Este dispositivo, mostrado na Fig. 5.28,<<strong>br</strong> />

consiste de dois condutores paralelos imersos num líquido com constante<<strong>br</strong> />

de Kerr elevada (nitrobenzeno, por exemplo). A cela contendo o líquido é<<strong>br</strong> />

colocada entre dois polarizadores cruzados, que fazem ângulos de ±45°<<strong>br</strong> />

com a direção do campo elétrico aplicado. Na presença do campo E r , a<<strong>br</strong> />

birrefringência induzida no líquido permite a passagem de luz pelo<<strong>br</strong> />

polarizador de saída. Para uma certa voltagem, Vλ/2, a cela se comporta<<strong>br</strong> />

como uma lâmina de meia onda e o conjunto se torna transparente à luz<<strong>br</strong> />

incidente so<strong>br</strong>e ele (exceto pelas reflexões nos polarizadores e nas janelas<<strong>br</strong> />

da cela).<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

Fig. 5.28 - Esboço de uma cela de Kerr usada como modulador eletro-óptico de<<strong>br</strong> />

luz.<<strong>br</strong> />

O efeito Cotton-Mouton é o análogo magnético do efeito Kerr e é<<strong>br</strong> />

atribuído ao alinhamento das moléculas de um líquido devido à presença<<strong>br</strong> />

de um campo magnético. A grandeza deste efeito é proporcional ao<<strong>br</strong> />

quadrado do campo magnético aplicado, similarmente ao que ocorre no<<strong>br</strong> />

efeito Kerr.<<strong>br</strong> />

5.14 Chaveamento eletro-óptico<<strong>br</strong> />

Como visto na seção anterior, a cela de Kerr pode ser usada como<<strong>br</strong> />

modulador ou chave eletro-óptica rápida, ou seja, aplicando-se pulsos<<strong>br</strong> />

elétricos nos eletrodos, a transmissão óptica do sistema também será<<strong>br</strong> />

pulsada. Assim, este dispositivo pode ser usado, por exemplo, como um<<strong>br</strong> />

chopper rápido (f ~ MHz) para vários tipos de experimentos. A chave<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

+V<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

P2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

z


118<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

eletro-óptica mais comumente utilizada, no entanto, é aquela baseada no<<strong>br</strong> />

efeito Pockels. A cela de Pockels é bastante similar àquela mostrada na<<strong>br</strong> />

Fig. 5.28, porém, com o meio eletro-óptico sendo um cristal anisotrópico<<strong>br</strong> />

e o campo elétrico sendo, em geral, aplicado na direção longitudinal. Esta<<strong>br</strong> />

cela permite uma aplicação muito importante na construção de alguns<<strong>br</strong> />

tipos de laser de alta potência, através do uso da técnica de Q-switching<<strong>br</strong> />

(chaveamento do fator de qualidade da cavidade do laser). Voltaremos a<<strong>br</strong> />

abordar este assunto quando discutirmos o princípio de operação dos<<strong>br</strong> />

lasers.<<strong>br</strong> />

Finalmente, uma outra aplicação que se pode dar à cela de Pockels<<strong>br</strong> />

é na eliminação das flutuações de potência da luz que sai de um laser. Este<<strong>br</strong> />

dispositivo, chamado de eliminador de ruidos (noise eater), está mostrado<<strong>br</strong> />

esquematicamente na Fig. 5.29. Um divisor de feixes DF coleta uma<<strong>br</strong> />

pequena fração da luz e a envia para um detector. O sinal deste é<<strong>br</strong> />

comparado com uma referência fixa e a diferença Δv realimenta a cela de<<strong>br</strong> />

Pockels, junto com um nível D.C. de voltagem (V), de tal forma que a<<strong>br</strong> />

intensidade de luz indo para o experimento é sempre constante.<<strong>br</strong> />

DF<<strong>br</strong> />

LASER<<strong>br</strong> />

V<<strong>br</strong> />

CELA DE<<strong>br</strong> />

POCKELS<<strong>br</strong> />

V+Δυ<<strong>br</strong> />

Δυ<<strong>br</strong> />

Exp.<<strong>br</strong> />

detector<<strong>br</strong> />

Fig. 5.29 - Diagrama esquemático de um eliminador de ruídos.<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

5.1. W. Schurcliff, Polarized Light, Production and Use, Harward<<strong>br</strong> />

University Press, Cam<strong>br</strong>idge, MA, (1962).<<strong>br</strong> />

5.2. G. R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt, Rinehard and<<strong>br</strong> />

Winston, NY (1968).<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


A polarização da onda eletromagnética 119<<strong>br</strong> />

5.3. M. Born and E. Wolf, Principles of Optics, terceira edição,<<strong>br</strong> />

Pergamon, Oxford (1970).<<strong>br</strong> />

5.4. E. Hecht and A. Zajac, Optics, segunda edição Addison-Wesley<<strong>br</strong> />

Publishing Company, Reading, MA (1987).<<strong>br</strong> />

5.5. J. C. Castro, Optical barrier penetration – a simple experimental<<strong>br</strong> />

arrangement, Am. J. Phys. 43, 107 (1975).<<strong>br</strong> />

5.6. R. C. Jones, J. Opt. Soc. Am. 31, 488 (1941).<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

5.1. Um feixe de luz viajando no vácuo atinge a superfície de uma placa<<strong>br</strong> />

de vidro. Quando o ângulo de incidência é 56°, o feixe refletido está<<strong>br</strong> />

completamente polarizado. Qual é o índice de refração do vidro?<<strong>br</strong> />

5.2. Faça um esboço do plano x-y mostrando o estado de polarização das<<strong>br</strong> />

seguintes ondas:<<strong>br</strong> />

(a) Ex = Acos(ωt-kz) Ey = 2Acos(ωt-kz)<<strong>br</strong> />

(b) E x = Acos(ωt-kz+π/4) Ey<<strong>br</strong> />

= Acos (ωt-kz)<<strong>br</strong> />

(c) Ex = Acos(ωt-kz-π/4) Ey = 0,5Acos (ωt-kz)<<strong>br</strong> />

5.3. Escreva as matrizes de Jones para os campos acima.<<strong>br</strong> />

5.4. O ângulo crítico para reflexão total interna numa peça de vidro é 45°.<<strong>br</strong> />

Qual é o ângulo de Brewster para (a) reflexão interna e (b) reflexão<<strong>br</strong> />

externa?<<strong>br</strong> />

5.5. Qual a espessura que deve ter uma peça de quartzo para se fazer uma<<strong>br</strong> />

lâmina de λ/4 para λvácuo = 6.000 Å? Dados: n 1 = 1,5422 e n2<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

1,5533.<<strong>br</strong> />

5.6. Prove que T+R=1 para a polarização σ. Idem para polarização π.<<strong>br</strong> />

5.7. Descreva o princípio de funcionamento de um isolador óptico feito<<strong>br</strong> />

com um polarizador e uma lâmina de quarto de onda.<<strong>br</strong> />

5.8. Demonstre a eq. (5.4a).<<strong>br</strong> />

5.9. Encontre a matriz de Jones que descreve um meio exibindo atividade<<strong>br</strong> />

óptica descrita pelo poder rotatório θ.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


120<<strong>br</strong> />

A polarização da onda eletromagnética<<strong>br</strong> />

⎡3⎤<<strong>br</strong> />

5.10. Luz elipticamente polarizada descrita pelo vetor de Jones: ⎢ ⎥ é<<strong>br</strong> />

⎣i<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

enviada através de um meio com atividade óptica descrita pelo<<strong>br</strong> />

poder rotatório θ = π/2 e de um polarizador linear com eixo de<<strong>br</strong> />

transmissão vertical. Que fração da intensidade de luz é transmitida<<strong>br</strong> />

pelo sistema?<<strong>br</strong> />

5.11. Um feixe de luz circularmente polarizada incide numa superfície<<strong>br</strong> />

plana de vidro (n = 1.5) de maneira a formar 45 0 com a normal.<<strong>br</strong> />

Descreva o estado de polarização da luz refletida.<<strong>br</strong> />

⎡A<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

5.12. Mostre que a onda representada pelo vetor de Jones ⎢ é, em<<strong>br</strong> />

iδ<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎣Be<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

geral, elipticamente polarizada e que o semi-eixo maior da elipse<<strong>br</strong> />

1 −1<<strong>br</strong> />

2AB<<strong>br</strong> />

faz um ângulo tg cosδ<<strong>br</strong> />

com o eixo x. Discuta os casos<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2 A − B<<strong>br</strong> />

especiais: (a) A = 0, (b) B = 0, (c) δ = 0, (d) δ = π/2 e (e) A = B.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interferência 121<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

6.1 Princípio da superposição<<strong>br</strong> />

Interferência é o fenômeno que tem como origem a adição vetorial<<strong>br</strong> />

dos campos eletromagnéticos (princípio da superposição). Ao se calcular a<<strong>br</strong> />

intensidade do campo resultante, através da eq. (3.49), veremos que esta<<strong>br</strong> />

pode ser maior ou menor que a soma das intensidades dos campos que se<<strong>br</strong> />

superpuseram. Em geral, estes são oriundos da mesma fonte e percorrem<<strong>br</strong> />

caminhos ópticos distintos, de forma que haverá uma diferença de fase<<strong>br</strong> />

entre eles. A Fig. 6.1 mostra um exemplo de como o processo de<<strong>br</strong> />

interferência pode ser obtido. Para efeitos práticos, é como se os raios 1 e<<strong>br</strong> />

2 fossem provenientes de duas fontes virtuais, F e F<<strong>br</strong> />

1 2. Vários outros casos<<strong>br</strong> />

serão descritos posteriormente. Veremos no Cap. 7 que se a fonte for<<strong>br</strong> />

coerente teremos interferência estacionária, ao passo que se a fonte for<<strong>br</strong> />

incoerente teremos interferência não estacionária.<<strong>br</strong> />

F1<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

F2<<strong>br</strong> />

Fig. 6.1 - Diagrama esquemático mostrando a obtenção de interferência.<<strong>br</strong> />

Para entender melhor o princípio da superposição, vamos<<strong>br</strong> />

considerar duas fontes pontuais F 1 e F2<<strong>br</strong> />

emitindo ondas esféricas,<<strong>br</strong> />

monocromáticas e coerentes num meio não polarizável (vácuo) conforme<<strong>br</strong> />

está mostrado na Fig. 6.2. No ponto P temos:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

P


122<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

{ i[<<strong>br</strong> />

k r − r − ωt<<strong>br</strong> />

− ] }<<strong>br</strong> />

01<<strong>br</strong> />

E1 = r r exp<<strong>br</strong> />

1 φ1<<strong>br</strong> />

r − r1<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

{ i[<<strong>br</strong> />

k r − r − ωt<<strong>br</strong> />

− ] }<<strong>br</strong> />

02<<strong>br</strong> />

E 2 = r r exp<<strong>br</strong> />

2 φ 2<<strong>br</strong> />

r − r2<<strong>br</strong> />

que são os campos produzidos pelas fontes F1 e F2,<<strong>br</strong> />

respectivamente.<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r − r<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

F1<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

(6.1a)<<strong>br</strong> />

(6.1b)<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

F2<<strong>br</strong> />

Fig. 6.2 - Arranjo para a observação de interferência de duas fontes pontuais<<strong>br</strong> />

monocromáticas.<<strong>br</strong> />

E1 r<<strong>br</strong> />

E2 r<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

O campo resultante vem da superposição de e , isto é, da<<strong>br</strong> />

adição vetorial ( E . E)<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

E = E1<<strong>br</strong> />

+ E 2 . A intensidade é proporcional a ,<<strong>br</strong> />

logo:<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

Ι α E*<<strong>br</strong> />

. E = E<<strong>br</strong> />

2 r<<strong>br</strong> />

+ E<<strong>br</strong> />

2 r r<<strong>br</strong> />

+ E*<<strong>br</strong> />

. E<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

+ E . E<<strong>br</strong> />

(6.2)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r − r<<strong>br</strong> />

Os dois últimos termos são aqueles responsáveis pela interferência,<<strong>br</strong> />

como veremos a seguir. Podemos escrever estes termos como:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r r r r 2E<<strong>br</strong> />

01.<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

* 02<<strong>br</strong> />

E *<<strong>br</strong> />

1.<<strong>br</strong> />

E 2 + E1.<<strong>br</strong> />

E 2 = r r r r<<strong>br</strong> />

r − r1<<strong>br</strong> />

r − r2<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

cos ( k r − r1<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

− k r − r2<<strong>br</strong> />

+ φ1<<strong>br</strong> />

− φ 2 ) (6.3)<<strong>br</strong> />

E 01<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E 02<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

Supondo que e são paralelos e definindo:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

A1<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

= E 01/<<strong>br</strong> />

r − r1<<strong>br</strong> />

(6.4a)<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

= E<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

/ r − r<<strong>br</strong> />

(6.4b)<<strong>br</strong> />

A 2 02 2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

* 2


Interferência 123<<strong>br</strong> />

temos:<<strong>br</strong> />

ou alternativamente,<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

δ = k φ<<strong>br</strong> />

( r − r1<<strong>br</strong> />

− r − r2<<strong>br</strong> />

) + φ1<<strong>br</strong> />

− 2<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

. E = A + A + 2A<<strong>br</strong> />

. A cosδ<<strong>br</strong> />

E* 1 2 1 2<<strong>br</strong> />

(6.4c)<<strong>br</strong> />

(6.5)<<strong>br</strong> />

Ι = Ι1<<strong>br</strong> />

+ Ι 2 + 2 Ι1Ι<<strong>br</strong> />

2 cosδ<<strong>br</strong> />

(6.6)<<strong>br</strong> />

E1 r<<strong>br</strong> />

E 2<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

onde o último termo, oriundo da mistura de e varia com a<<strong>br</strong> />

diferença de fase entre os campos e dá origem ao fenômeno chamado<<strong>br</strong> />

interferência. Para a obtenção da eq. (6.6) tomamos E 01<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E 02<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

e paralelos.<<strong>br</strong> />

Se isto não ocorrer, o termo de interferência deverá ser multiplicado por<<strong>br</strong> />

cosΦ, onde Φ é o ângulo entre E 01<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E 02<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

e . Voltando à análise da eq.<<strong>br</strong> />

(6.6), podemos ver que a intensidade máxima é:<<strong>br</strong> />

max<<strong>br</strong> />

que é maior que a soma ( Ι Ι )<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( ) 2<<strong>br</strong> />

Ι +<<strong>br</strong> />

Ι = Ι + Ι + 2 Ι . Ι = Ι<<strong>br</strong> />

(6.7a)<<strong>br</strong> />

1 + . Isto acontece quando o co-seno vale 1,<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ou seja, quando δ = 2mπ (interferência construtiva). Por outro lado, a<<strong>br</strong> />

intensidade mínima é dada por:<<strong>br</strong> />

min<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( ) 2<<strong>br</strong> />

Ι −<<strong>br</strong> />

Ι = Ι + Ι − 2 Ι . Ι = Ι (6.7b)<<strong>br</strong> />

que é menor que (Ι . Isto acontece para cos δ = −1, ou seja, quando<<strong>br</strong> />

1 + Ι2)<<strong>br</strong> />

δ = (2m+1)π (interferência destrutiva). A Fig. 6.3 mostra como a<<strong>br</strong> />

intensidade varia com δ.<<strong>br</strong> />

I(δ)<<strong>br</strong> />

Imax<<strong>br</strong> />

Imin<<strong>br</strong> />

0 π 3π 5π 7π<<strong>br</strong> />

δ<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2


124<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

Fig. 6.3 - Intensidade dos campos superpostos com função da diferença da fase.<<strong>br</strong> />

No caso em que I1 = I2 = I0 temos I = 4I<<strong>br</strong> />

max 0 e Imin = 0. Costuma-se<<strong>br</strong> />

definir a visibilidade das franjas (visibilidade de Michelson) como:<<strong>br</strong> />

Ι<<strong>br</strong> />

− Ι<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

Ι . Ι<<strong>br</strong> />

max min<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

η =<<strong>br</strong> />

(6.8)<<strong>br</strong> />

Ι max + Ι min Ι1<<strong>br</strong> />

+ Ι 2<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

No caso particular em que φ 1 = φ 2 temos δ = k{<<strong>br</strong> />

r − r2<<strong>br</strong> />

− r − r1<<strong>br</strong> />

} , de<<strong>br</strong> />

forma que se considerarmos os máximos, veremos que eles satisfazem:<<strong>br</strong> />

δ 2mπ<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

k k<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

r } = constante (6.9)<<strong>br</strong> />

{ − r2<<strong>br</strong> />

− r − r1<<strong>br</strong> />

que é um hiperbolóide de revolução. δ pode ser colocado em termos da<<strong>br</strong> />

diferença de caminhos óticos, que neste caso é dada por:<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

Δ = n r − r − r − r<<strong>br</strong> />

(6.10)<<strong>br</strong> />

Logo:<<strong>br</strong> />

{ }<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

δ = Δ + ( φ2<<strong>br</strong> />

− φ1<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

(6.11)<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

Geralmente φ1 = φ (t) e φ = φ<<strong>br</strong> />

1 2 2(t), isto é, as fases mudam com o<<strong>br</strong> />

tempo. Chamando τ0 de tempo de coerência, que é um tempo<<strong>br</strong> />

característico ligado à mudança de fase, e T de tempo de observação,<<strong>br</strong> />

quando τ0


Interferência 125<<strong>br</strong> />

a) Experiência de Young (fenda dupla)<<strong>br</strong> />

Um experimento clássico que demonstra a interferência da luz foi<<strong>br</strong> />

feito por Thomas Young, em 1802. Considere o arranjo experimental<<strong>br</strong> />

mostrado na Fig. 6.4. Luz proveniente de uma fonte F passa por um<<strong>br</strong> />

pequeno orifício S e incide so<strong>br</strong>e duas fendas paralelas estreitas, S1 e S2,<<strong>br</strong> />

separadas por uma distância h. Um anteparo colocado após as fendas<<strong>br</strong> />

mostrará listas claras e escuras, definindo assim o padrão de interferência<<strong>br</strong> />

que estamos interessados em encontrar. Note que o orifício S é de<<strong>br</strong> />

fundamental importância, pois é ele que fornece a coerência espacial<<strong>br</strong> />

necessária entre a radiação vinda das duas fendas.<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

S1<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

S2<<strong>br</strong> />

Fig. 6.4 - Experimento de Young para a observação de interferência.<<strong>br</strong> />

Como vimos anteriormente na eq. (6.11),<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

δ = Δ + ( φ 2 − φ1<<strong>br</strong> />

) ,<<strong>br</strong> />

λ 0<<strong>br</strong> />

onde n ( S 2P<<strong>br</strong> />

S1P<<strong>br</strong> />

− = Δ ) é a diferença de caminhos ópticos. Usando o<<strong>br</strong> />

teorema de Pitágoras temos:<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

( y h )<<strong>br</strong> />

2 ⎧ 2 ⎫<<strong>br</strong> />

⎛ h ⎞ ⎪<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2 1 ⎪<<strong>br</strong> />

S 2P<<strong>br</strong> />

= ⎜ y + ⎟ + D ≈ D ⎨1<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 ⎬ (6.12.a)<<strong>br</strong> />

⎝ 2 ⎠ ⎪ 2 D<<strong>br</strong> />

⎩<<strong>br</strong> />

⎪<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

y


126<<strong>br</strong> />

S P<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎛ h ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ y − ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ 2 ⎠<<strong>br</strong> />

( y h )<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+ D<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

⎧ 2 ⎫<<strong>br</strong> />

⎪ 1 −<<strong>br</strong> />

⎪<<strong>br</strong> />

≈ D ⎨1<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎬ (6.12.b)<<strong>br</strong> />

⎪ 2 D<<strong>br</strong> />

⎩<<strong>br</strong> />

⎪<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

que são expressões válidas apenas quando h


Interferência 127<<strong>br</strong> />

Fig. 6.5 - Padrão de interferência obtido com a fenda dupla.<<strong>br</strong> />

Maneiras alternativas de se demonstrar interferência por divisão<<strong>br</strong> />

da frente de ondas são vistas na Fig. 6.6. Dentre elas se incluem também<<strong>br</strong> />

os interferômetros de Michelson e de Mach-Zehnder, que devido a sua<<strong>br</strong> />

importância serão tratados separadamente.<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

S .<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

S’<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

S’ .<<strong>br</strong> />

Fig. 6.6 - Alguns dispositivos que produzem interferência por divisão de frente de<<strong>br</strong> />

onda: (a) espelho simples de Lloyd, (b) espelho duplo de Fresnel e (c)<<strong>br</strong> />

biprisma de Fresnel.<<strong>br</strong> />

b) Interferômetro de Michelson<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

S’’<<strong>br</strong> />

S’<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

S’’<<strong>br</strong> />

d1<<strong>br</strong> />

O interferômetro de dois feixes mais conhecido foi desenvolvido<<strong>br</strong> />

por Michelson em 1880. O desenho básico está mostrado na Fig. 6.7. A<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

S .<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

(b)<<strong>br</strong> />

(c)


128<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

radiação proveniente de uma fonte F é colimada e dividida por um divisor<<strong>br</strong> />

de feixes DF. Os feixes divididos são refletidos pelos espelhos E 1 e E2<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

voltam para o divisor de feixes. O padrão de interferência é observado em<<strong>br</strong> />

P, ao se variar a posição de um dos espelhos.<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

L1<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

E2<<strong>br</strong> />

DF<<strong>br</strong> />

L2<<strong>br</strong> />

E1<<strong>br</strong> />

Fig. 6.7 - Interferômetro de Michelson.<<strong>br</strong> />

Supondo ser a fonte monocromática e o interferômetro estar no<<strong>br</strong> />

vácuo (n = 1), a diferença de caminhos ópticos é dada por Δ = x1 – x2 e,<<strong>br</strong> />

portanto, a diferença de fase é:<<strong>br</strong> />

( x1<<strong>br</strong> />

− x 2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

x1/2<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

δ =<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

(6.17)<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

onde x e x<<strong>br</strong> />

1 2 são respectivamente as distâncias percorridas pelos feixes 1 e<<strong>br</strong> />

2. Note que ao se mover o espelho E1 de uma distância x1/2, o feixe anda<<strong>br</strong> />

x (vai e volta). A intensidade observada em P é:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

( ) ⎟ ⎛ 2π ⎞<<strong>br</strong> />

Ι Δ = Ι + Ι + Ι Ι<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

2 2 1 2 cos Δ<<strong>br</strong> />

⎝ λ 0 ⎠<<strong>br</strong> />

1 (6.18)<<strong>br</strong> />

Como os feixes 1 e 2 são refletidos e transmitidos de maneira igual pelo<<strong>br</strong> />

divisor D, temos I = I<<strong>br</strong> />

1 2 = I0. Desta forma,<<strong>br</strong> />

⎡ ⎛ 2π ⎞⎤<<strong>br</strong> />

Ι ( Δ)<<strong>br</strong> />

= 2Ι<<strong>br</strong> />

⎢1<<strong>br</strong> />

+ cos<<strong>br</strong> />

⎜ Δ<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎟⎥<<strong>br</strong> />

⎣ ⎝ λ 0 ⎠⎦<<strong>br</strong> />

0 (6.19)<<strong>br</strong> />

, podemos re-escrever a eq. (6.19) como:<<strong>br</strong> />

Observando que I(0) = 4I0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interferência 129<<strong>br</strong> />

ou, alternativamente:<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

Ι<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

⎞⎤<<strong>br</strong> />

( Δ)<<strong>br</strong> />

= Ι(<<strong>br</strong> />

0)<<strong>br</strong> />

⎢1<<strong>br</strong> />

+ cos<<strong>br</strong> />

⎜ Δ<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎟⎥<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎝ λ 0 ⎠⎦<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

⎛ 2π<<strong>br</strong> />

⎛ 2π<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝ λ 0<<strong>br</strong> />

( ) ( ) ⎟ Δ = Ι Δ − Ι(<<strong>br</strong> />

0)<<strong>br</strong> />

= Ι(<<strong>br</strong> />

0)<<strong>br</strong> />

cos⎜<<strong>br</strong> />

Δ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(6.20)<<strong>br</strong> />

(6.21)<<strong>br</strong> />

É interessante notar que P(Δ) é a transformada de Fourier do<<strong>br</strong> />

espectro da fonte, isto é, de uma função δλ ( − λ0<<strong>br</strong> />

) . Este instrumento é<<strong>br</strong> />

bastante utilizado para a realização de medidas espectroscópicas na região<<strong>br</strong> />

do infravermelho, como veremos na próxima seção.<<strong>br</strong> />

c) Espectroscopia por transformada de Fourier (ETF)<<strong>br</strong> />

Medidas espectroscópicas na região do infravermelho médio (de<<strong>br</strong> />

2.5 a 25 μm) e longínquo (de 25 a 1000 μm) são importantes para o<<strong>br</strong> />

estudo de propriedades vi<strong>br</strong>acionais de moléculas na fase gasosa e de<<strong>br</strong> />

defeitos em sólidos. Entretanto, neste intervalo espectral ocorrem sérias<<strong>br</strong> />

dificuldades experimentais criadas pela falta de fontes de banda larga<<strong>br</strong> />

intensas e de detectores suficientemente sensíveis à esta radiação de baixa<<strong>br</strong> />

energia. A necessidade de se operar sob condições tão adversas fez com<<strong>br</strong> />

que os espectrômetros interferométricos se tornassem preferidos aos<<strong>br</strong> />

espectrômetros dispersivos (ED) convencionais, que utilizam prismas ou<<strong>br</strong> />

redes de dispersão, devido ao fato de possuírem uma razão sinal/ruído<<strong>br</strong> />

(S/R) melhor, possibilitando a obtenção de espectros de boa qualidade em<<strong>br</strong> />

intervalos de tempo relativamente curtos. Entretanto, antes de entrarmos<<strong>br</strong> />

nos detalhes da técnica de ETF, convém salientarmos que na região do<<strong>br</strong> />

infravermelho é tradicional usar-se como unidades o número de onda, σ,<<strong>br</strong> />

dado em cm -1 , que é o inverso do comprimento de onda. Assim, a região<<strong>br</strong> />

do infravermelho médio se estende de 400 a 4000 cm -1 , enquanto que a do<<strong>br</strong> />

infravermelho longínquo co<strong>br</strong>e de 10 a 400 cm -1 .<<strong>br</strong> />

As duas maiores vantagens da ETF so<strong>br</strong>e a ED são conhecidas<<strong>br</strong> />

como vantagens de Fellgett e Jacquinot. A vantagem de Fellgett (ou da<<strong>br</strong> />

multiplexação) baseia-se no fato de que o método interferométrico cada<<strong>br</strong> />

elemento espectral de uma banda larga Δσ é observado durante todo o<<strong>br</strong> />

tempo τ da medida, de forma que o sinal integrado de uma pequena banda<<strong>br</strong> />

δσ é proporcional a τ. Se o ruído da medida for predominante devido ao<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


130<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

detector, isto é, aleatório e independente do nível de sinal, a razão S/R do<<strong>br</strong> />

interferômetro será proporcional a τ . Já no método dispersivo, cada<<strong>br</strong> />

elemento espectral é observado isoladamente durante o tempo τ /M, onde<<strong>br</strong> />

M = Δσ/δσ é o número de elementos espectrais. Isto nos dá uma razão<<strong>br</strong> />

S/R proporcional a τ / M , que será menor quanto maior for o número de<<strong>br</strong> />

elementos espectrais a serem estudados. Entretanto, a vantagem de<<strong>br</strong> />

multiplexação deixa de existir se o ruído for devido a flutuações de<<strong>br</strong> />

intensidade da fonte, como ocorre em lâmpadas onde existe descarga<<strong>br</strong> />

elétrica.<<strong>br</strong> />

A vantagem de Jacquinot (ou da throughput) afirma que é<<strong>br</strong> />

possível transmitir mais energia através do ETF do que pelo ED. O fluxo<<strong>br</strong> />

de energia, Φ, transmitido por um sistema óptico é proporcional à<<strong>br</strong> />

throughput que é dada pelo produto AΩ, onde A é a área do colimador de<<strong>br</strong> />

entrada e Ω é o ângulo sólido subtendido pela fonte. O interferômetro<<strong>br</strong> />

pode ter uma fonte extensa, com grande ângulo sólido. Já no caso do ED,<<strong>br</strong> />

a resolução depende linearmente da largura da fenda do instrumento e a<<strong>br</strong> />

energia transmitida do quadrado de sua área. É possível mostrar que na<<strong>br</strong> />

condição em que os dois aparelhos operam com a mesma resolução, a<<strong>br</strong> />

energia transmitida pelo ETF chega a ser até 200 vezes maior que a do<<strong>br</strong> />

ED. Esta é realmente uma vantagem muito importante, pois como foi dito<<strong>br</strong> />

anteriormente, as fontes na região do infravermelho são muito fracas. A<<strong>br</strong> />

principal desvantagem do método interferométrico é que o espectro se<<strong>br</strong> />

interesse não é imediatamente visível, sendo necessário um computador<<strong>br</strong> />

para calculá-lo a partir do padrão de interferência.<<strong>br</strong> />

No caso de uma fonte de banda larga, para se obter a intensidade<<strong>br</strong> />

total atingindo o detector é necessário somar todas as freqüências<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

presentes. Usando σ =1/λ e I = ½ cnε0 E na eq. (6.19) temos:<<strong>br</strong> />

ou ainda,<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

⎧ 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

I( Δ) = cnε0<<strong>br</strong> />

⎨∫<<strong>br</strong> />

Ε(<<strong>br</strong> />

σ)<<strong>br</strong> />

dσ<<strong>br</strong> />

+ ∫ Ε(<<strong>br</strong> />

σ)<<strong>br</strong> />

cos(<<strong>br</strong> />

2πσΔ)<<strong>br</strong> />

dσ⎬<<strong>br</strong> />

(6.22)<<strong>br</strong> />

⎩ 0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

I(<<strong>br</strong> />

Δ)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

I(0) + cnε0<<strong>br</strong> />

Ε(<<strong>br</strong> />

σ)<<strong>br</strong> />

cos(<<strong>br</strong> />

2πσΔ)<<strong>br</strong> />

dσ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(6.23)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interferência 131<<strong>br</strong> />

O interferograma I(Δ) nada mais é do que a função de<<strong>br</strong> />

autocorrelação do campo elétrico, como veremos no Cap. 7. O primeiro<<strong>br</strong> />

termo da eq. (6.23) é a soma das intensidades individuais de cada feixe e o<<strong>br</strong> />

segundo é a modulação provocada pela sua interferência. Para se obter o<<strong>br</strong> />

espectro a partir do interferograma basta apenas calcular a transformada<<strong>br</strong> />

de Fourier inversa de I(Δ) – ½ I(0):<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

= ∫ ∞<<strong>br</strong> />

cnε<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

0 2<<strong>br</strong> />

( σ ) Ε(<<strong>br</strong> />

σ ) = ( const)<<strong>br</strong> />

Ι(<<strong>br</strong> />

Δ)<<strong>br</strong> />

− Ι(<<strong>br</strong> />

0)<<strong>br</strong> />

cos(<<strong>br</strong> />

2πσΔ)<<strong>br</strong> />

dΔ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

(6.24)<<strong>br</strong> />

A maneira experimental de se determinar o espectro B(σ) com o<<strong>br</strong> />

interferômetro é a seguinte:<<strong>br</strong> />

1. Mede-se I(Δ), que é a intensidade de luz incidente no detector como<<strong>br</strong> />

função do deslocamento do espelho;<<strong>br</strong> />

2. Experimentalmente determina-se I(0) ou I(∞) = ½ I(0);<<strong>br</strong> />

3. Substitui-se I(Δ) – I(∞) na eq. (6.24) e calcula-se a integral num<<strong>br</strong> />

computador para um σ particular;<<strong>br</strong> />

4. Repete-se a operação 3 para outros σ ´ s obtendo-se então B(σ) a menos<<strong>br</strong> />

de uma constante multiplicativa.<<strong>br</strong> />

Para a obtenção do espectro de transmissão de uma amostra são<<strong>br</strong> />

necessárias duas medidas sob as mesmas condições operacionais, uma<<strong>br</strong> />

com a amostra no feixe e a outra fora dele. Dividindo-se estes dois<<strong>br</strong> />

espectros obtém-se a transmissão da amostra, além de se eliminar a<<strong>br</strong> />

constante multiplicativa. Na prática, o espelho móvel do interferômetro<<strong>br</strong> />

percorre uma distância finita, L, que limita o conhecimento de I(Δ) a<<strong>br</strong> />

apenas um intervalo finito de valores de Δ. Esta truncagem do<<strong>br</strong> />

interferograma afeta a resolução do instrumento, como veremos a seguir.<<strong>br</strong> />

Consideremos uma fonte de luz monocromática de freqüência σ0 e<<strong>br</strong> />

intensidade conhecida. O interferograma para este caso é dado por:<<strong>br</strong> />

I(Δ) = ½ I (0) + (const) cos (2πσ0Δ)<<strong>br</strong> />

(6.25)<<strong>br</strong> />

Usando-se a eq. (6.24) para calcular B(σ), teremos uma distribuição<<strong>br</strong> />

δ(σ -σ0) se o espelho andar uma distância infinita, mas para distâncias<<strong>br</strong> />

finitas (-L< Δ < L) obteremos uma função sinc:<<strong>br</strong> />

sen[<<strong>br</strong> />

2π(<<strong>br</strong> />

σ − σ ) L]<<strong>br</strong> />

B(<<strong>br</strong> />

σ)<<strong>br</strong> />

α<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2π(<<strong>br</strong> />

σ − σ ) L<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0 sinc z (6.26)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


132<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

onde z = 2π(σ −σ )L.<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

A função sinc z, chamada de forma de linha instrumental, é a<<strong>br</strong> />

aproximação que se consegue para o feixe monocromático. Esta função<<strong>br</strong> />

tem meia largura de 1.21/L e porções que se estendem 0.22 abaixo de zero<<strong>br</strong> />

como se pode ver na Fig. 6.8. Podemos tolerar a meia largura do pico<<strong>br</strong> />

central como um decréscimo da resolução, mas os picos laterais podem<<strong>br</strong> />

dar a aparência de falsas fontes de energia. Para reduzir este problema<<strong>br</strong> />

introduz-se um tratamento matemático do interferograma, chamado<<strong>br</strong> />

apodização, cujo objetivo é diminuir os picos laterais. A apodização<<strong>br</strong> />

consiste em multiplicar o interferograma por uma função por cujo valor<<strong>br</strong> />

em Δ = 0 é 1 e em Δ = L é zero. Tomemos como exemplo a função<<strong>br</strong> />

triangular:<<strong>br</strong> />

A(Δ) = 1 - Δ /L (6.27)<<strong>br</strong> />

Multiplicando-se I (Δ) por esta função e usando-se novamente a<<strong>br</strong> />

eq. (6.24) com intervalo de integração finito, obtém-se a função sinc 2 (z/2)<<strong>br</strong> />

para B (σ), que também é mostrada na Fig. 6.8.<<strong>br</strong> />

− 2π<<strong>br</strong> />

−π<<strong>br</strong> />

a)<<strong>br</strong> />

b)<<strong>br</strong> />

Fig. 6.8 - a) sinc z, b) sinc 2 (z/2).<<strong>br</strong> />

O efeito da apodização, além de eliminar praticamente os picos<<strong>br</strong> />

laterais, é o de aumentar a meia-largura da linha para 1.79/L, piorando<<strong>br</strong> />

assim a resolução. Para definir formalmente a resolução do interferômetro<<strong>br</strong> />

(com truncagem e apodização) podemos usar o critério de Rayleigh, que<<strong>br</strong> />

afirma que duas linhas freqüências σ e σ<<strong>br</strong> />

1 2 estarão resolvidas quando o<<strong>br</strong> />

pico da primeira cair no primeiro zero da segunda, conforme mostra a Fig.<<strong>br</strong> />

6.9. O critério de Rayleigh estará satisfeito quando (z – z<<strong>br</strong> />

1 2) = 2π e assim<<strong>br</strong> />

podemos definir a resolução do interferômetro como:<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

δσ ≡ (σ1-σ2) = 1/L (6.28)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

z


Interferência 133<<strong>br</strong> />

Com esta análise vemos que a resolução de um espectrômetro por<<strong>br</strong> />

transformada de Fourier depende apenas de quanto o espelho móvel se<<strong>br</strong> />

desloca. Já no caso da espectroscopia dispersiva, a resolução depende<<strong>br</strong> />

inversamente da largura da fenda. Assim, para se obter boa resolução na<<strong>br</strong> />

ED, a fenda deve ser bastante estreita, o que diminui a throughput,<<strong>br</strong> />

enquanto que na ETF, basta apenas aumentar o deslocamento do espelho<<strong>br</strong> />

móvel.<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

a b<<strong>br</strong> />

z1 z2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Fig. 6.9 - Critério de Rayleigh para definir resolução. a) sinc (z-z 1)<<strong>br</strong> />

/ 2, b) sinc<<strong>br</strong> />

(z-z2)<<strong>br</strong> />

/2 e c) soma.<<strong>br</strong> />

d) Interferômetro de Mach-Zehnder<<strong>br</strong> />

Um outro interferômetro de dois feixes importante é o<<strong>br</strong> />

interferômetro de Mach-Zehnder. O desenho básico está mostrado na Fig.<<strong>br</strong> />

6.10 e o princípio de funcionamento é similar ao de Michelson. A<<strong>br</strong> />

radiação proveniente de uma fonte F é colimada e dividida por um divisor<<strong>br</strong> />

de feixes DF1. Os feixes divididos são refletidos pelos espelhos E 1 e E2<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

vão para um outro divisor de feixes DF2. O padrão de interferência é<<strong>br</strong> />

observado na saida 1 ou na saida 2, ao se variar a posição de um dos<<strong>br</strong> />

espelhos.<<strong>br</strong> />

A característica principal deste instrumento é que se variando a<<strong>br</strong> />

diferença de caminhos ópticos é possível fazer com que a luz comute entre<<strong>br</strong> />

uma e outra saída. Isto tem importância em comunicações ópticas porque<<strong>br</strong> />

possibilita alterar a direção de tráfego do sinal. Já no caso do<<strong>br</strong> />

interferômetro de Michelson, a luz ou vai para o observador, ou retorna<<strong>br</strong> />

para a fonte.<<strong>br</strong> />

saida 2<<strong>br</strong> />

L1<<strong>br</strong> />

E1<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – EB2<<strong>br</strong> />

<strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

DFB1<<strong>br</strong> />

xB1B<<strong>br</strong> />

DF2<<strong>br</strong> />

saida 1<<strong>br</strong> />

2


134<<strong>br</strong> />

Fig. 6.10 - Interferômetro de Mach-Zehnder.<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

6.3 Interferência por divisão de amplitudes<<strong>br</strong> />

No nosso estudo de interferência nos concentramos até agora no<<strong>br</strong> />

problema de interferência entre apenas dois feixes. Queremos agora tratar<<strong>br</strong> />

o problema de interferência entre múltiplos feixes. Uma maneira de se<<strong>br</strong> />

produzir um grande número de feixes mutuamente coerentes é por<<strong>br</strong> />

reflexão múltipla entre duas superfícies planas e paralelas, parcialmente<<strong>br</strong> />

refletoras, como por exemplo, a placa de vidro mostrada na Fig. 6.11.<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

Placa de vidro<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

C´<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

θ”<<strong>br</strong> />

B D<<strong>br</strong> />

Fig. 6.11 - Interferência por múltiplas reflexões.<<strong>br</strong> />

Vamos inicialmente considerar apenas os raios (1) e (2) atingindo<<strong>br</strong> />

o ponto P. Posteriormente tomaremos um número maior de raios.<<strong>br</strong> />

Tomando a origem da propagação no ponto A, a situação do campo<<strong>br</strong> />

elétrico será:<<strong>br</strong> />

Incidente: E0 exp{-iωt} (6.29a)<<strong>br</strong> />

em A: Refletido: ρE0 exp{-iωt} (6.29b)<<strong>br</strong> />

Transmitido: τE0 exp{-iωt} (6.29c)<<strong>br</strong> />

Incidente: E0 exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k2AB−<<strong>br</strong> />

ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

em B: Refletido: τE<<strong>br</strong> />

0 exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k 2AB<<strong>br</strong> />

− ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

Transmitido: τ′ E exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k AB − ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

n2<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

τ (6.30a)<<strong>br</strong> />

ρ′ (6.30b)<<strong>br</strong> />

τ (6.30c)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2


Interferência 135<<strong>br</strong> />

ρ′ τE<<strong>br</strong> />

0 exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k 2AB<<strong>br</strong> />

+ k 2BC<<strong>br</strong> />

− ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

em C: Refletido: ( ρ ) τE 0exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k 2AB<<strong>br</strong> />

+ k 2BC<<strong>br</strong> />

− ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

ρ′ ττ′<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k AB + k BC − ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

por:<<strong>br</strong> />

Incidente: (6.31a)<<strong>br</strong> />

′ (6.31b)<<strong>br</strong> />

Transmitido: (6.31c)<<strong>br</strong> />

E0 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

A frente de onda é constituída pelos campos em C e C’, dados<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

= ρ′ ττ′<<strong>br</strong> />

E 0 exp<<strong>br</strong> />

= ρ′ ττ′<<strong>br</strong> />

E exp<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

{ i [ k 2 ( AB + BC)<<strong>br</strong> />

− ωt<<strong>br</strong> />

] }<<strong>br</strong> />

{ i ( 2k<<strong>br</strong> />

2 AB−<<strong>br</strong> />

ωt<<strong>br</strong> />

) }<<strong>br</strong> />

{ i(<<strong>br</strong> />

k AC′<<strong>br</strong> />

− ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

(6.32a)<<strong>br</strong> />

E C′<<strong>br</strong> />

= ρE<<strong>br</strong> />

0 exp<<strong>br</strong> />

(6.32b)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

onde AB = BC . Por outro lado, vemos que AB = d / cos θ'<<strong>br</strong> />

' e<<strong>br</strong> />

AC′<<strong>br</strong> />

= ACsen<<strong>br</strong> />

θ , implicando que A C′<<strong>br</strong> />

= 2d tgθ′<<strong>br</strong> />

′ senθ.<<strong>br</strong> />

Definimos:<<strong>br</strong> />

φ = AC′<<strong>br</strong> />

= 2dk<<strong>br</strong> />

tgθ''sen<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

φ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

k1 1<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

k AB = 2dk<<strong>br</strong> />

/ cos θ''<<strong>br</strong> />

(6.33a)<<strong>br</strong> />

(6.33b)<<strong>br</strong> />

Podemos ainda obter através das equações de Fresnel que<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ρ=− ρ′ e ττ′ = 1−ρ<<strong>br</strong> />

. Desta forma o campo elétrico total na frente de<<strong>br</strong> />

onda será:<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

total<<strong>br</strong> />

= E +<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

E 2 = E [ e i 1 e i 2<<strong>br</strong> />

0 ρ φ + ρ′ ττ′<<strong>br</strong> />

φ ] exp{<<strong>br</strong> />

− iωt<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

[ i ( φ −ωt)<<strong>br</strong> />

] [ 1 − ( 1−<<strong>br</strong> />

ρ 2 ) exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

φ − ) } ]<<strong>br</strong> />

= ρE<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

φ (6.34)<<strong>br</strong> />

de forma que a intensidade será proporcional a:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

{ 1+<<strong>br</strong> />

( 1−<<strong>br</strong> />

ρ ) [ ( 1−<<strong>br</strong> />

ρ ) − 2cos(<<strong>br</strong> />

φ − ) ] }<<strong>br</strong> />

2 *<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

E total E total.<<strong>br</strong> />

E total = ρ E0<<strong>br</strong> />

2 φ1<<strong>br</strong> />

= (6.35)<<strong>br</strong> />

Se tivermos trabalhando com vidros teremos ρ ~ 0,2 ⇒ ρ 2 = 0,04<<strong>br</strong> />

1− ρ2<<strong>br</strong> />

= 0,<<strong>br</strong> />

96<<strong>br</strong> />

⇒ ( ) ~ 1. Então:<<strong>br</strong> />

A diferença de fases é:<<strong>br</strong> />

[ 1 − cos ( φ − ) ]<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

E total 2ρ<<strong>br</strong> />

E 0<<strong>br</strong> />

2 φ1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= (6.36)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1


136<<strong>br</strong> />

Usando a lei de Snell, k1 sen θ<<strong>br</strong> />

2k<<strong>br</strong> />

2d<<strong>br</strong> />

δ = φ<<strong>br</strong> />

θ ′ ′<<strong>br</strong> />

2−<<strong>br</strong> />

φ1<<strong>br</strong> />

= − 2k1d<<strong>br</strong> />

sen θ tg<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

′ ′<<strong>br</strong> />

2d<<strong>br</strong> />

= { k − k sen θsen<<strong>br</strong> />

θ ′ ′<<strong>br</strong> />

2 1 }<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

′ ′<<strong>br</strong> />

= k sen θ ′ ′<<strong>br</strong> />

2 , temos:<<strong>br</strong> />

4π<<strong>br</strong> />

δ = 2dk cosθ<<strong>br</strong> />

′ ′ = n d cosθ<<strong>br</strong> />

′ ′<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

(6.37)<<strong>br</strong> />

(6.38)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

As condições de máximo e mínimo de interferência são dadas<<strong>br</strong> />

respectivamente por:<<strong>br</strong> />

4πn<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

d cos θ ′ ′ = ( 2m<<strong>br</strong> />

+ 1 π<<strong>br</strong> />

2 ) (6.39a)<<strong>br</strong> />

4πn<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

d cos θ ′ ′ = 2mπ<<strong>br</strong> />

2 (6.39b)<<strong>br</strong> />

6.4 Interferômetro de Fa<strong>br</strong>y-Pérot<<strong>br</strong> />

Voltamos agora à discussão da interferência de múltiplos feixes<<strong>br</strong> />

considerando todos os feixes emergindo da placa como indicado na Fig.<<strong>br</strong> />

6.12. Usando o princípio da superposição encontramos o campo elétrico<<strong>br</strong> />

transmitido como:<<strong>br</strong> />

E =<<strong>br</strong> />

E0<<strong>br</strong> />

E1’<<strong>br</strong> />

E1<<strong>br</strong> />

E2’ E3’ E4’<<strong>br</strong> />

E2<<strong>br</strong> />

E3<<strong>br</strong> />

E4<<strong>br</strong> />

Fig. 6.12 - Interferência de múltiplos feixes.<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

i=<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

= E<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ττ′<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ττ′<<strong>br</strong> />

ρ′<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

2 iδ<<strong>br</strong> />

+ E<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ττ′<<strong>br</strong> />

ρ′<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

4 i2δ<<strong>br</strong> />

+ ...<<strong>br</strong> />

(6.40)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interferência 137<<strong>br</strong> />

onde E , a origem das fases foi tomada no ponto B da<<strong>br</strong> />

0 ( t)<<strong>br</strong> />

= E 0 exp{<<strong>br</strong> />

− iωt}<<strong>br</strong> />

Fig. 6.11 e δ é a diferença de fase obtida na seção anterior<<strong>br</strong> />

( 4π<<strong>br</strong> />

= d cosθ<<strong>br</strong> />

′ ′ ). Colocando E ττ′<<strong>br</strong> />

em evidência obtemos:<<strong>br</strong> />

δ λ n<<strong>br</strong> />

0 2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2 iδ 4 i2δ E 0ττ<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

( 1 + ρ′<<strong>br</strong> />

e + ρ′<<strong>br</strong> />

e + ... ) = 2 iδ<<strong>br</strong> />

E = E 0ττ<<strong>br</strong> />

′<<strong>br</strong> />

(6.41)<<strong>br</strong> />

1 − ρ′<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

Nesta última passagem foi usado o fato de que o termo entre parênteses é<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

uma série geométrica. Além disso, ττ′ = 1 − ρ<<strong>br</strong> />

portanto o campo elétrico será dado por:<<strong>br</strong> />

= 1 − R<<strong>br</strong> />

2 e ρ′ 2<<strong>br</strong> />

= ρ = R ,<<strong>br</strong> />

de onde se calcula a intensidade como:<<strong>br</strong> />

ou seja,<<strong>br</strong> />

sen 2<<strong>br</strong> />

Ι<<strong>br</strong> />

( δ)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

R<<strong>br</strong> />

Iα<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

( 1−<<strong>br</strong> />

R)<<strong>br</strong> />

E 0<<strong>br</strong> />

E =<<strong>br</strong> />

(6.42)<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

Reiδ<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

E 0 ( 1−<<strong>br</strong> />

R)<<strong>br</strong> />

( 1−<<strong>br</strong> />

Rei<<strong>br</strong> />

)( 1−<<strong>br</strong> />

Re −iδ<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

( 1−<<strong>br</strong> />

R)<<strong>br</strong> />

( 1−<<strong>br</strong> />

R)<<strong>br</strong> />

2 E 0<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

δ 1+<<strong>br</strong> />

R 2 − 2R<<strong>br</strong> />

cosδ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Ι 0<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2 4R<<strong>br</strong> />

− 2R(<<strong>br</strong> />

cos 2 δ/<<strong>br</strong> />

2 − sen 2δ<<strong>br</strong> />

/ 2)<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

( 1 R )<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(6.43)<<strong>br</strong> />

Ι 0<<strong>br</strong> />

sen 2<<strong>br</strong> />

2 δ / 2<<strong>br</strong> />

− (6.44)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Quando δ = 2nπ temos sen δ / 2 = 0 e Imax = I0, mas quando<<strong>br</strong> />

δ / 2 = 1 e Ι min<<strong>br</strong> />

Ι 0<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

4R<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

. A função I(δ), chamada de função de Airy,<<strong>br</strong> />

( ) 2<<strong>br</strong> />

1−R<<strong>br</strong> />

está mostrada na Fig. 6.13. Costuma-se escrever:<<strong>br</strong> />

() δ<<strong>br</strong> />

I 0<<strong>br</strong> />

= (6.45)<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

Fsen δ/<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Ι 2<<strong>br</strong> />

onde F = 4R/(1-R) 2 indica o contraste das franjas de interferência. A<<strong>br</strong> />

função de Airy pode ser também graficada como função da frequência ν.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


138<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

Chamando de Δv a distância entre dois picos consecutivos<<strong>br</strong> />

desta função<<strong>br</strong> />

(free spectral range) e de δν a largura de cada<<strong>br</strong> />

pico, podemos definir a<<strong>br</strong> />

finesse do interferômetro como:<<strong>br</strong> />

I0<<strong>br</strong> />

Ι(δ)<<strong>br</strong> />

Δν<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

F = = F<<strong>br</strong> />

(6.46)<<strong>br</strong> />

δν 2<<strong>br</strong> />

Fig. 6.13 - Função de Airy.<<strong>br</strong> />

R=0.2<<strong>br</strong> />

R=0.9<<strong>br</strong> />

0 2π 4π 6π δ<<strong>br</strong> />

O dispositivo inventado por C. Fa<strong>br</strong>y e A Pérot é usado<<strong>br</strong> />

geralmente para medidas de comprimentos de onda com alta precisão e<<strong>br</strong> />

para o estudo da estrutura fina de linhas espectrais. Um interferômetro<<strong>br</strong> />

deste tipo consiste essencialmente de dois espelhos parcialmente refletores<<strong>br</strong> />

de vidro ou quartzo, podendo ser planos ou esféricos, mas estando<<strong>br</strong> />

alinhados para se obter o contraste de franjas máximo.<<strong>br</strong> />

Se a distância entre<<strong>br</strong> />

as placas puder ser variada mecanicamente, o dispositivo é chamado<<strong>br</strong> />

interferômetro,<<strong>br</strong> />

mas se as placas forem fixas o termo usado é étalon. As<<strong>br</strong> />

Figs.<<strong>br</strong> />

6.14 (a) e (b) mostram as duas situações.<<strong>br</strong> />

fonte extensa<<strong>br</strong> />

fonte pontual<<strong>br</strong> />

lente<<strong>br</strong> />

colimadora<<strong>br</strong> />

lente<<strong>br</strong> />

focalizadora<<strong>br</strong> />

plano<<strong>br</strong> />

focal<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – fotodetetor<<strong>br</strong> />

<strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

(b)


Interferência 139<<strong>br</strong> />

Fig. 6.14 - (a) étalon Fa<strong>br</strong>y-Perot e (b) interferômetro de Fa<strong>br</strong>y-Pérot.<<strong>br</strong> />

O interferômetro é usualmente montado entre lentes colimadora e<<strong>br</strong> />

focalizadora. Se uma fonte extensa de luz é usada, franjas circulares<<strong>br</strong> />

concêntricas aparecem no plano focal da lente focalizadora. Uma outra<<strong>br</strong> />

maneira de se usar o interferômetro é no método de varredura, utilizando<<strong>br</strong> />

uma fonte pontual que é colocada de tal forma que apenas um ponto<<strong>br</strong> />

aparece no plano focal de saída. A varredura pode ser obtida<<strong>br</strong> />

mecanicamente, variando a distância entre os espelhos, ou,<<strong>br</strong> />

opticamente,<<strong>br</strong> />

variando<<strong>br</strong> />

a pressão do gás (índice de refração) no interferômetro. A<<strong>br</strong> />

intensidade de saída é medida foto-eletronicamente e consiste numa soma<<strong>br</strong> />

de funções de Airy, uma<<strong>br</strong> />

para cada componente espectral.<<strong>br</strong> />

6.5 Analisador de espectro óptico<<strong>br</strong> />

Em todo o mundo, os lasers são amplamente empregados em<<strong>br</strong> />

diversas áreas do conhecimento humano. Durante sua utilização,<<strong>br</strong> />

principalmente no desenvolvimento de ciência e tecnologia, vários fatores<<strong>br</strong> />

influenciam a eficácia e precisão de uma determinada técnica. O<<strong>br</strong> />

comprimento de onda da luz do laser está sempre sujeito a pequenas<<strong>br</strong> />

variações devido às flutuações térmicas do ambiente, da tensão de<<strong>br</strong> />

alimentação, ruídos acústicos, etc. Para que se possa corrigir, ou pelo<<strong>br</strong> />

menos monitorar, as variações de comprimento de onda de lasers, é<<strong>br</strong> />

necessária a utilização de instrumentos ópticos com alto poder de<<strong>br</strong> />

resolução, capazes de distinguir freqüências bem próximas. Este tipo de<<strong>br</strong> />

instrumento é o analisador de espectro óptico, que consiste de um<<strong>br</strong> />

interferômetro de Fa<strong>br</strong>y-Pérot confocal, cujo tamanho da cavidade é<<strong>br</strong> />

alterado por meio de<<strong>br</strong> />

um transdutor piezoelétrico, como mostra a Fig.<<strong>br</strong> />

6.15. O principio de funcionamento do interferômetro de Fa<strong>br</strong>y-Pérot foi<<strong>br</strong> />

discutido na seção anterior, onde encontramos que sua transmissão é dada<<strong>br</strong> />

pela função de Ary:<<strong>br</strong> />

Ι<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

PZT<<strong>br</strong> />

Ι<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

2F<<strong>br</strong> />

2 2 ( ) sen δ/<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

(6.47)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

detetor<<strong>br</strong> />

lente<<strong>br</strong> />

espelhos


140<<strong>br</strong> />

Fig. 6.15 - Vista esquemática do analisador de espectro óptico.<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

onde I0 é a intensidade da luz incidente, F é a finesse da cavidade óptica<<strong>br</strong> />

( = π R / ( 1 − R ) )<<strong>br</strong> />

F e δ = 4πνd/c é a fase ganha pela onda ao efetuar uma<<strong>br</strong> />

volta completa na cavidade. A expressão acima é válida para uma onda<<strong>br</strong> />

plana incidindo normalmente num interferômetro de espelhos planos,<<strong>br</strong> />

separados por uma distância d. Num caso real, o feixe é gaussiano e os<<strong>br</strong> />

espelhos são esféricos, porém, o formato da curva é essencialmente o<<strong>br</strong> />

mesmo, exceto pela fase δ, que no caso do interferômetro confocal passa a<<strong>br</strong> />

ser a metade.<<strong>br</strong> />

A finesse caracteriza a qualidade da cavidade; quanto maior ela<<strong>br</strong> />

for, menor a largura dos picos de intensidade e maior o poder de resolução<<strong>br</strong> />

do interferômetro. Vemos da expressão para F que a finesse depende da<<strong>br</strong> />

refletividade dos espelhos, de maneira que quanto maior a refletividade,<<strong>br</strong> />

maior a finesse. Na prática, outros fatores são importantes<<strong>br</strong> />

na<<strong>br</strong> />

determinação de F, apesar da refletividade continuar sendo o termo<<strong>br</strong> />

principal. Estes outros fatores são: irregularidade nas superfícies,<<strong>br</strong> />

desalinhamento dos espelhos, perdas por absorção e por difração.<<strong>br</strong> />

Se a distância entre os espelhos for variada continuamente por<<strong>br</strong> />

meio de um transdutor piezoelétrico, a intensidade medida pelo detetor<<strong>br</strong> />

apresentará um perfil como o mostrado pela linha cheia da Fig. 6.16. Se o<<strong>br</strong> />

laser apresentar outro modo, de frequência ν', a ele corresponderá outra<<strong>br</strong> />

função de Airy, mostrada pela linha tracejada da Fig. 6.16. A distância<<strong>br</strong> />

entre picos consecutivos ( Δv = c / 4d<<strong>br</strong> />

no caso da cavidade confocal) é<<strong>br</strong> />

chamado<<strong>br</strong> />

de intervalo espectral livre (free spectral range) que em geral é<<strong>br</strong> />

da<<strong>br</strong> />

ordem de GHz. O espectro repete-se periodicamente em cada intervalo<<strong>br</strong> />

espectral livre.<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

ν’<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interferência 141<<strong>br</strong> />

Fig. 6.16 - Funções de Airy para as frequências ν e ν '.<<strong>br</strong> />

6.6 Teoria das películas<<strong>br</strong> />

Uma das <strong>aplicações</strong> da interferência de múltiplos feixes é na<<strong>br</strong> />

confecção de componentes ópticos que transmitem ou refletem<<strong>br</strong> />

seletivamente a radiação eletromagnética. Tais componentes são feitos<<strong>br</strong> />

depositando-se filmes finos de materiais dielétricos so<strong>br</strong>e um substrato de<<strong>br</strong> />

vidro ou quartzo opticamente polido. Os materiais mais utilizados para<<strong>br</strong> />

este fim são: MgF2 (n = 1,38), SiO2 (n = 1,45), ZnS(n = 2,38), criolita (n =<<strong>br</strong> />

1,34), TiO2 (n = 2.4), ZrO2 (n = 2.2), etc..<<strong>br</strong> />

No tratamento deste problema não usaremos a soma de campos<<strong>br</strong> />

transmitidos ou refletidos como foi feito o interferômetro de Fa<strong>br</strong>y-Pérot.<<strong>br</strong> />

Ao invés, faremos uso das condições de contorno para E r e H nas<<strong>br</strong> />

terfaces entre os fil efração<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

in mes. Considere três meios com índices de r<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

0, n1 e n2 conforme mostra a Fig. 6.17.<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

'<<strong>br</strong> />

E0 r '<<strong>br</strong> />

E1 r<<strong>br</strong> />

'<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

'<<strong>br</strong> />

k 1<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

n0<<strong>br</strong> />

E1 r 2 Er<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

Fig. 6.17 - Geometria dos campos elétricos para a determinação das condições de contorno.<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

O campo E incide do meio n<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0 so<strong>br</strong>e o meio n1. O campo total<<strong>br</strong> />

'<<strong>br</strong> />

refletido é E0 mpo total transmitido é<<strong>br</strong> />

cami mo as polarizações não se alteram na<<strong>br</strong> />

passagem de um meio para o outro, podemos escrever as condições de<<strong>br</strong> />

contorno ódulos de<<strong>br</strong> />

r . O campo total caminhando para a direita no meio n1 é E1 r e<<strong>br</strong> />

para a esquerda '<<strong>br</strong> />

E1 r r<<strong>br</strong> />

e no meio n2 o ca<<strong>br</strong> />

E 2 ,<<strong>br</strong> />

nhando para a direita. Co<<strong>br</strong> />

para os m E r e H r 0 l x<<strong>br</strong> />

como:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

n2<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

2


142<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

⎧E<<strong>br</strong> />

′ ′<<strong>br</strong> />

0 + E 0 = E1<<strong>br</strong> />

+ E1<<strong>br</strong> />

em x = 0: ⎨<<strong>br</strong> />

(6.48a)<<strong>br</strong> />

⎩H<<strong>br</strong> />

− ′ = − ′<<strong>br</strong> />

0 H 0 H1<<strong>br</strong> />

H1<<strong>br</strong> />

em x = l :<<strong>br</strong> />

⎧E1exp<<strong>br</strong> />

⎨<<strong>br</strong> />

⎩H1exp<<strong>br</strong> />

{ ik } ′<<strong>br</strong> />

1l<<strong>br</strong> />

+ E1exp{<<strong>br</strong> />

− ik1l}<<strong>br</strong> />

= E 2exp{<<strong>br</strong> />

ik 2l}<<strong>br</strong> />

{ ik l}<<strong>br</strong> />

− H′<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

− ik l}<<strong>br</strong> />

= H exp{<<strong>br</strong> />

ik l<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

} (6.48b)<<strong>br</strong> />

Como H = nE/ μc<<strong>br</strong> />

, as duas equações envolvendo o campo<<strong>br</strong> />

magnético se transformam em:<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

( E E′<<strong>br</strong> />

) = n ( E − E′<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

− (6.49a)<<strong>br</strong> />

( E exp{<<strong>br</strong> />

ik } E′<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

− ik l}<<strong>br</strong> />

) = n E exp{<<strong>br</strong> />

ik l}<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1l<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

− (6.49b)<<strong>br</strong> />

Das equações anteriores para o campo elétrico e destas duas<<strong>br</strong> />

últimas sai que:<<strong>br</strong> />

⎛ E′<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

n 0 ⎜<<strong>br</strong> />

⎜1<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

[ − in sen k + n cos k l]<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

ik l<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

− 1 1l<<strong>br</strong> />

2 1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E ⎟<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

} (6.50a)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

E 0<<strong>br</strong> />

E′<<strong>br</strong> />

0 ⎡ n 2 ⎤ E 2<<strong>br</strong> />

1+ = ⎢cos<<strong>br</strong> />

k1l<<strong>br</strong> />

− i sen k1l⎥<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

ik 2l}<<strong>br</strong> />

(6.50b)<<strong>br</strong> />

E 0 ⎣ n1<<strong>br</strong> />

⎦ E 0<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>ando-se que τ = E 2 / E0<<strong>br</strong> />

e ρ = E0′<<strong>br</strong> />

/ E0<<strong>br</strong> />

, e que o fator exp<<strong>br</strong> />

não é importante, pois sempre estamos interessados em calcular<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

, podemos escrever as equações acima na forma matricial:<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛ 1 ⎞ ⎜cos<<strong>br</strong> />

k1l<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟ + ⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎟ρ<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

⎝n<<strong>br</strong> />

0 ⎠ ⎝−<<strong>br</strong> />

n 0 ⎠ ⎜<<strong>br</strong> />

⎝−<<strong>br</strong> />

in1senk1l<<strong>br</strong> />

- (<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

) senk<<strong>br</strong> />

cos k l<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

l⎟<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

⎟ ⎜<<strong>br</strong> />

⎟⎝<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛ 1 ⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎟τ<<strong>br</strong> />

= M ⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎟τ<<strong>br</strong> />

⎠ ⎝n<<strong>br</strong> />

2 ⎠<<strong>br</strong> />

{ ik l}<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

(6.51)<<strong>br</strong> />

onde M é chamada de matriz de transferência de um filme com índice de<<strong>br</strong> />

refração n1. Podemos generalizar este raciocínio para N filmes,<<strong>br</strong> />

escrevendo:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interferência 143<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝n<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎞ ⎛1<<strong>br</strong> />

⎟ + ⎜<<strong>br</strong> />

⎠ ⎝−<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎟ρ<<strong>br</strong> />

= M1M<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

M<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

...M<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

⎛1<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝n<<strong>br</strong> />

N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟ τ<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(6.52)<<strong>br</strong> />

⎛A<<strong>br</strong> />

B⎞<<strong>br</strong> />

onde M1M2...MN = ⎜ ⎟ é a matriz de transferência para N filmes. Da<<strong>br</strong> />

⎝C<<strong>br</strong> />

D⎠<<strong>br</strong> />

igualdade matricial acima obtém-se:<<strong>br</strong> />

acima.<<strong>br</strong> />

An<<strong>br</strong> />

An<<strong>br</strong> />

0 N+<<strong>br</strong> />

1 0<<strong>br</strong> />

N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

ρ =<<strong>br</strong> />

(6.53a)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

+ Bn<<strong>br</strong> />

+ Bn<<strong>br</strong> />

N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

− C − Dn<<strong>br</strong> />

+ C + Dn<<strong>br</strong> />

2n<<strong>br</strong> />

n + C + Dn<<strong>br</strong> />

N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

τ =<<strong>br</strong> />

(6.53b)<<strong>br</strong> />

An<<strong>br</strong> />

+ Bn<<strong>br</strong> />

N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

A seguir vamos ver duas <strong>aplicações</strong> simples do que foi exposto<<strong>br</strong> />

a) Película anti-refletora<<strong>br</strong> />

Tomemos inicialmente apenas uma película depositada so<strong>br</strong>e um<<strong>br</strong> />

substrato. Através da eq. (6.51) vemos que a matriz de transferência deste<<strong>br</strong> />

filme possui os elementos A = cos k1l, B = −i sen k1l/<<strong>br</strong> />

n 1, C = −i n1<<strong>br</strong> />

sen<<strong>br</strong> />

k1l e D = cos k1l, que quando substituídos na eq. (6.53a), com n0 = 1 (ar),<<strong>br</strong> />

resulta em:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( 1−<<strong>br</strong> />

n ) cosk<<strong>br</strong> />

l + i(<<strong>br</strong> />

n − n )<<strong>br</strong> />

n1<<strong>br</strong> />

2 1 1 2 senk1l<<strong>br</strong> />

ρ =<<strong>br</strong> />

(6.54)<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( 1+<<strong>br</strong> />

n ) cosk<<strong>br</strong> />

l − i(<<strong>br</strong> />

n + n ) senk l<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( n − n ) / ( n + n )<<strong>br</strong> />

Se k1l<<strong>br</strong> />

= π/2 temos ρ = 2 1 2 1 e, portanto, R =<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

ρ = [ ( n 2 − n1<<strong>br</strong> />

) / ( n 2 + n1<<strong>br</strong> />

)] . Se quisermos uma película anti-refletora<<strong>br</strong> />

( ρ = 0)<<strong>br</strong> />

as seguintes condições devem ser satisfeitas:<<strong>br</strong> />

b) Espelho de alta refletividade<<strong>br</strong> />

2πn<<strong>br</strong> />

l π<<strong>br</strong> />

k =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1l<<strong>br</strong> />

= = ⇒ l<<strong>br</strong> />

(6.55a)<<strong>br</strong> />

λ 0 2 4n1<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= n<<strong>br</strong> />

(6.55b)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1


144<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

Considere agora 2N películas onde as ímpares têm espessura λi/4<<strong>br</strong> />

e índice de refração ni, enquanto que as pares possuem espessura λp/4 e<<strong>br</strong> />

índice de refração np conforme mostra a Fig. 6.18. A matriz de<<strong>br</strong> />

transferência para uma camada dupla ímpar/par é:<<strong>br</strong> />

n0<<strong>br</strong> />

λi/4 λp/4<<strong>br</strong> />

ni np ni np ni np<<strong>br</strong> />

1 2 3 4 2N<<strong>br</strong> />

n2N+1<<strong>br</strong> />

Fig. 6.18 - Configuração para um espelho de alta refletividade.<<strong>br</strong> />

M M<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

M =<<strong>br</strong> />

p<<strong>br</strong> />

⎛−<<strong>br</strong> />

n p/n<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

⎝ 0<<strong>br</strong> />

( M M )<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

p<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

0 ⎞<<strong>br</strong> />

⎟ ⇒<<strong>br</strong> />

− n ⎟<<strong>br</strong> />

i/n<<strong>br</strong> />

p ⎠<<strong>br</strong> />

( − n /n )<<strong>br</strong> />

( ) ( ) N<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

− n /n , B = C = 0 e D = n /n<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

p<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

( ) ⎟⎟ N<<strong>br</strong> />

− n /n<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

p<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(6.56)<<strong>br</strong> />

e assim, tomando n<<strong>br</strong> />

Portanto, A = p i<<strong>br</strong> />

− i p<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

= 1 temos:<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

( − n p/n<<strong>br</strong> />

i ) − ( − n i/n<<strong>br</strong> />

p ) . n 2N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

( − n p/n<<strong>br</strong> />

i ) + ( − n i/n<<strong>br</strong> />

p ) . n 2N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

ρ =<<strong>br</strong> />

(6.57)<<strong>br</strong> />

⇒ R = ρ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

= ⎢<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

( n p/n<<strong>br</strong> />

i )<<strong>br</strong> />

( n /n )<<strong>br</strong> />

p<<strong>br</strong> />

2N<<strong>br</strong> />

2N<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

− n<<strong>br</strong> />

+ n<<strong>br</strong> />

2N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2N+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎥⎦<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(6.58)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interferência 145<<strong>br</strong> />

( ) N 2<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

Quando np < ni e N é muito grande, ~ 0 e portanto R ~ 1.<<strong>br</strong> />

p i /n<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

6.1. G. R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt, Rinehart and<<strong>br</strong> />

Winston, NY (1968).<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

6.1. Calcule e grafique o padrão de interferência que seria obtido se 3<<strong>br</strong> />

fendas igualmente espaçadas fossem usadas na experiência de<<strong>br</strong> />

Young.<<strong>br</strong> />

6.2. Um espelho duplo de Fresnel possui um ângulo Φ (muito pequeno)<<strong>br</strong> />

entre os dois espelhos. Calcule o valor da interfranja como função<<strong>br</strong> />

deste ângulo.<<strong>br</strong> />

6.3. Um interferômetro de Michelson é usado para medir o índice de<<strong>br</strong> />

refração de um gás. O gás flui para dentro de uma célula evacuada de<<strong>br</strong> />

comprimento L colocada num dos <strong>br</strong>aços do interferômetro. O<<strong>br</strong> />

comprimento de onda é λ.<<strong>br</strong> />

(a) Se N franjas são contadas conforme a célula vai do vácuo para a<<strong>br</strong> />

pressão atmosférica, qual o índice de refração em termos de N, λ e L?<<strong>br</strong> />

(a) Quantas franjas serão contadas se o gás for CO2 (n = 1,00045)<<strong>br</strong> />

para uma célula de 10 cm usando luz de sódio (λ = 5890 Å)?<<strong>br</strong> />

6.4. Numa experiência usando o espelho simples de Lloyd, o ângulo de<<strong>br</strong> />

incidência é 89 0 . Qual é o espaçamento entre as franjas quando se usa<<strong>br</strong> />

luz de 6000 Å?<<strong>br</strong> />

6.5. Considere duas ondas planas monocromáticas de mesma amplitude e<<strong>br</strong> />

freqüência que se interceptam de maneira que seus vetores de<<strong>br</strong> />

propagação formam um ângulo θ entre si. Supondo que os campos<<strong>br</strong> />

são linearmente polarizados na mesma direção, qual o período do<<strong>br</strong> />

padrão espacial formado?<<strong>br</strong> />

6.6. Luz colimada com λ = 0.5 μm incide perpendicularmente so<strong>br</strong>e um<<strong>br</strong> />

biprisma de Fresnel, de índice de refração n = 1.5. Numa parede após<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


146<<strong>br</strong> />

Interferência<<strong>br</strong> />

o biprisma, observam-se franjas separadas de 0.5 mm. Qual é o<<strong>br</strong> />

ângulo do biprisma?<<strong>br</strong> />

6.7. Um biprisma de Fresnel, de índice de refração n = 1.5, está a 1 m de<<strong>br</strong> />

uma fonte pontual monocromática, com λ = 0.5 μm. Numa parede<<strong>br</strong> />

distante 1 m do biprisma, observam-se franjas separadas de 0.5 mm.<<strong>br</strong> />

Qual é o ângulo do biprisma?<<strong>br</strong> />

6.8. Um feixe de luz colimado, de comprimento de onda λ incide<<strong>br</strong> />

normalmente numa placa de vidro de índice de refração n e espessura<<strong>br</strong> />

d. Dê uma expressão para a fração da intensidade incidente que é<<strong>br</strong> />

transmitida.<<strong>br</strong> />

6.9. Um feixe de luz colimado incide so<strong>br</strong>e uma película plano-paralela de<<strong>br</strong> />

espessura d e índice de refração n, localizada no ar. Encontre a<<strong>br</strong> />

transmissão do filme como função do comprimento de onda<<strong>br</strong> />

incidente. Para que comprimento de onda a transmissão é mínima e<<strong>br</strong> />

qual o seu valor?<<strong>br</strong> />

6.10. Desenvolva uma expressão para a refletância no ar (n0 = 1) de uma<<strong>br</strong> />

camada dupla de filmes finos depositados so<strong>br</strong>e uma placa de vidro<<strong>br</strong> />

de índice de refração n. Chame de n 1 e n2,<<strong>br</strong> />

e l 1 e l2<<strong>br</strong> />

os índices de<<strong>br</strong> />

refração e espessuras das camadas.<<strong>br</strong> />

6.11. Qual seria a menor variação de índice de refração possível de ser<<strong>br</strong> />

detectada com um interferômetro de Fa<strong>br</strong>y-Pérot onde os espelhos<<strong>br</strong> />

distam 1 mm e λ0 = 6000 Å?<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Coerência 147<<strong>br</strong> />

Coerência<<strong>br</strong> />

7<<strong>br</strong> />

7.1 Introdução<<strong>br</strong> />

No capítulo anterior deduzimos fórmulas para a interferência de<<strong>br</strong> />

ondas eletromagnéticas supondo serem elas monocromáticas, coerentes e<<strong>br</strong> />

de amplitudes constantes. Em casos reais, a amplitude e a fase variam com<<strong>br</strong> />

o tempo de maneira aleatória, produzindo assim, intensidades de luz que<<strong>br</strong> />

flutuam rapidamente. No caso da superposição dos campos E1 r e E 2 , a<<strong>br</strong> />

intensidade será, a menos de constante multiplicativa, dada por:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r r r r r 2 r 2 r r<<strong>br</strong> />

I α ( E + E ) * . ( E + E ) = E + E + 2 Re E . E (7.1)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

E1<<strong>br</strong> />

I 2α<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

E 2<<strong>br</strong> />

onde significa média temporal, I1α<<strong>br</strong> />

e . No que<<strong>br</strong> />

segue, vamos supor que e 2 Er E1 r<<strong>br</strong> />

são paralelos. A Fig. 7.1 mostra um caso<<strong>br</strong> />

típico de interferência. Supondo que os feixes 1 e 2 deixam fonte S em t =<<strong>br</strong> />

0, eles chegarão ao ponto de observação P após decorridos os tempos t e t<<strong>br</strong> />

+τ, respectivamente, posto que caminham distâncias diferentes. Logo, E1 =<<strong>br</strong> />

E1(t) e E2 = E 2(t<<strong>br</strong> />

+τ).<<strong>br</strong> />

A 1<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

Fig. 7.1 - Interferência de dois campos E1 e E2.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

2


148<<strong>br</strong> />

Coerência<<strong>br</strong> />

Na expressão para a intensidade temos um termo “cruzado” em<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

E1 e E 2 . Vamos definir uma função de correlação ou coerência mútua<<strong>br</strong> />

como:<<strong>br</strong> />

e a função de correlação normalizada:<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

Γ ( τ)<<strong>br</strong> />

= E ( t)<<strong>br</strong> />

E ( t + τ)<<strong>br</strong> />

(7.2)<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

Γ12<<strong>br</strong> />

( τ)<<strong>br</strong> />

< E1(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

E 2 ( t + τ)<<strong>br</strong> />

><<strong>br</strong> />

γ 12 ( τ)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(7.3)<<strong>br</strong> />

Γ ( 0)<<strong>br</strong> />

Γ ( 0)<<strong>br</strong> />

Γ ( 0)<<strong>br</strong> />

Γ ( 0)<<strong>br</strong> />

11<<strong>br</strong> />

22<<strong>br</strong> />

onde Γ11 (0) =<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

E1<<strong>br</strong> />

(t) E1<<strong>br</strong> />

(t) α I1<<strong>br</strong> />

e Γ 22 ( 0)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

E 2 (t) E 2 (t) α I . Assim, com<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

base nas equações (7.1) e (7.3) podemos escrever:<<strong>br</strong> />

11<<strong>br</strong> />

I 1 2 1 2 12<<strong>br</strong> />

= I + I + 2 I I Re γ ( τ)<<strong>br</strong> />

(7.4)<<strong>br</strong> />

A função γ 12 ( τ)<<strong>br</strong> />

é geralmente uma função periódica de τ.<<strong>br</strong> />

Portanto, teremos um padrão de interferência se γ 12 ( τ),<<strong>br</strong> />

chamado de grau<<strong>br</strong> />

de coerência, tiver um valor diferente de 0. Em termos de γ 12 ( τ)<<strong>br</strong> />

temos<<strong>br</strong> />

os seguintes tipos de coerência:<<strong>br</strong> />

0 <<<strong>br</strong> />

γ 12 = 1 Coerência completa<<strong>br</strong> />

γ 12 < 1 Coerência parcial<<strong>br</strong> />

γ 12 = 0 Incoerência completa<<strong>br</strong> />

No capítulo anterior definimos visibilidade das franjas como:<<strong>br</strong> />

Como a função γ ( )<<strong>br</strong> />

12 τ<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

− I<<strong>br</strong> />

22<<strong>br</strong> />

max min<<strong>br</strong> />

η =<<strong>br</strong> />

(7.5)<<strong>br</strong> />

I max + I min<<strong>br</strong> />

pode ser positiva ou negativa, temos:<<strong>br</strong> />

I max 1 2 1 2 12<<strong>br</strong> />

= I + I + 2 I I γ ( τ)<<strong>br</strong> />

(7.6)<<strong>br</strong> />

I min 1 2 1 2 12<<strong>br</strong> />

= I + I − 2 I I γ ( τ)<<strong>br</strong> />

(7.7)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Coerência 149<<strong>br</strong> />

Logo, em termos de γ τ<<strong>br</strong> />

12 ( ) a visibilidade é dada por:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( τ)<<strong>br</strong> />

1 2 12<<strong>br</strong> />

η =<<strong>br</strong> />

(7.8)<<strong>br</strong> />

I1<<strong>br</strong> />

+ I 2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

I I<<strong>br</strong> />

e no caso particular em que I , η assume uma expressão simples:<<strong>br</strong> />

1 = I2<<strong>br</strong> />

γ<<strong>br</strong> />

η = γ12 τ ()<<strong>br</strong> />

(7.9)<<strong>br</strong> />

Desta forma, para intensidades de mesmo valor, a visibilidade das franjas<<strong>br</strong> />

nos indica o grau de coerência da luz.<<strong>br</strong> />

7.2 Coerência temporal<<strong>br</strong> />

Para mostrar como o grau de coerência está relacionado com as<<strong>br</strong> />

características da fonte, vamos considerar luz quase monocromática com a<<strong>br</strong> />

seguinte propriedade: o campo varia senoidalmente por um tempo τ0,<<strong>br</strong> />

chamado de tempo de coerência, e então muda de fase a<strong>br</strong>uptamente. Esta<<strong>br</strong> />

seqüência se repete indefinidamente e a mudança de fase que ocorre a<<strong>br</strong> />

cada τ0 está aleatoriamente distribuída entre 0 e 2π, como mostra a Fig.<<strong>br</strong> />

7.2.<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

φ(t)<<strong>br</strong> />

Δ1 Δ2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0 τ0 2τ0 3τ0 4τ0 t<<strong>br</strong> />

Fig. 7.2 - Variação aleatória da fase a cada intervalo de tempo τ0.<<strong>br</strong> />

Δ3<<strong>br</strong> />

Δ4<<strong>br</strong> />

O campo elétrico pode ser expresso como:<<strong>br</strong> />

Supondo novamente que 1<<strong>br</strong> />

amplitude, temos:<<strong>br</strong> />

Δ5<<strong>br</strong> />

{ i[<<strong>br</strong> />

− ωt<<strong>br</strong> />

+ ( t)<<strong>br</strong> />

] }<<strong>br</strong> />

E( t)<<strong>br</strong> />

= E 0 exp φ<<strong>br</strong> />

(7.10)<<strong>br</strong> />

Er e 2<<strong>br</strong> />

Er são paralelos e que possuem a mesma


150<<strong>br</strong> />

γ<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

() τ<<strong>br</strong> />

e portanto,<<strong>br</strong> />

< E 0exp<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

{ i[<<strong>br</strong> />

−ωt<<strong>br</strong> />

+ φ(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

] } E exp{<<strong>br</strong> />

− i[<<strong>br</strong> />

−ω(<<strong>br</strong> />

t + τ)<<strong>br</strong> />

+ φ(<<strong>br</strong> />

t + τ)<<strong>br</strong> />

] }<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

1 1<<strong>br</strong> />

< E E<<strong>br</strong> />

> <<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 () τ = exp{ iωτ}<<strong>br</strong> />

E 0 exp{<<strong>br</strong> />

i[<<strong>br</strong> />

φ(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

− φ(<<strong>br</strong> />

t + τ)<<strong>br</strong> />

] } / E 0<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

* 2<<strong>br</strong> />

><<strong>br</strong> />

Coerência<<strong>br</strong> />

><<strong>br</strong> />

(7.11)<<strong>br</strong> />

γ (7.12)<<strong>br</strong> />

Escrevendo a média temporal de forma explícita obtemos:<<strong>br</strong> />

1 T<<strong>br</strong> />

γ12 () τ = exp{<<strong>br</strong> />

iωτ}<<strong>br</strong> />

lim exp{<<strong>br</strong> />

i[<<strong>br</strong> />

φ()<<strong>br</strong> />

t − φ(<<strong>br</strong> />

t + τ)<<strong>br</strong> />

}dt<<strong>br</strong> />

T T ∫<<strong>br</strong> />

] (7.13)<<strong>br</strong> />

→∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Para resolver esta integral devemos considerar dois casos: τ0 > τ e<<strong>br</strong> />

τ0 < τ, que serão analisados a seguir.<<strong>br</strong> />

Caso a) τ 0 > τ<<strong>br</strong> />

A Fig. 7.3 mostra como Δφ(t) = φ(t) - φ(t +τ) varia com o tempo.<<strong>br</strong> />

Para n τ 0 < t < (n+1) τ 0 - τ temos Δ φ = 0 e para (n + 1) τ 0 - τ < t <<<strong>br</strong> />

(n+1) τ 0 , temos Δ φ = Δ n+1. Logo, realizando explicitamente a integral<<strong>br</strong> />

temos:<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

[ i Δφ()<<strong>br</strong> />

t ]<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

dt<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Δφ(t) nτ0 t t+τ (n+1)τ0<<strong>br</strong> />

Δ1 Δ2<<strong>br</strong> />

Δ3<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

τ0 2τ0 3τ0<<strong>br</strong> />

τ0-τ 2τ0-τ 3τ0-τ<<strong>br</strong> />

Fig. 7.3 - Variação de Δφ com o tempo.<<strong>br</strong> />

∞ ( n+<<strong>br</strong> />

1)<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

−τ<<strong>br</strong> />

( n+<<strong>br</strong> />

1)<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

= ∑ { ∫ e xp(<<strong>br</strong> />

i0)<<strong>br</strong> />

dt + ∫ exp(<<strong>br</strong> />

i Δ n+<<strong>br</strong> />

1 ) dt }<<strong>br</strong> />

nτ<<strong>br</strong> />

( n+<<strong>br</strong> />

1)<<strong>br</strong> />

τ −τ<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

[ ( n + 1)<<strong>br</strong> />

τ − τ − nτ<<strong>br</strong> />

] + exp[<<strong>br</strong> />

iΔ<<strong>br</strong> />

] [ ( n + 1)<<strong>br</strong> />

τ − ( n + 1)<<strong>br</strong> />

τ + τ]<<strong>br</strong> />

= ∑<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0 ∑<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

n+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

( τ − τ)<<strong>br</strong> />

+ τ exp(<<strong>br</strong> />

i Δ ) = n(<<strong>br</strong> />

τ − τ)<<strong>br</strong> />

= ∑ 0 ∑<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

n+<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(7.14)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Coerência 151<<strong>br</strong> />

A segunda somatória é nula pois as variações de fase são<<strong>br</strong> />

aleatórias e quando somamos exp{i Δ n+1}, os vários termos se cancelam.<<strong>br</strong> />

Assim sendo, substituímos a eq. (7.14) em (7.13) e obtemos:<<strong>br</strong> />

γ<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

Caso b)<<strong>br</strong> />

⎡ 1 ⎤ ⎛ τ ⎞<<strong>br</strong> />

exp ⎢<<strong>br</strong> />

0 ⎥ ⎜<<strong>br</strong> />

(7.15)<<strong>br</strong> />

n→∞<<strong>br</strong> />

⎣nτ<<strong>br</strong> />

0 ⎦ ⎝ τ0<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

() { } { } ⎟ τ = iωτ<<strong>br</strong> />

lim n(<<strong>br</strong> />

τ − τ)<<strong>br</strong> />

= exp iωτ<<strong>br</strong> />

⎜1−<<strong>br</strong> />

τ> τ0<<strong>br</strong> />

Agora, Δφ será sempre diferente de zero, pois em t e t +τ0 as fases<<strong>br</strong> />

são diferentes. Assim, temos um termo exp iΔ<<strong>br</strong> />

= e não teremos<<strong>br</strong> />

o termo não nulo em que Δφ = 0. Logo, para<<strong>br</strong> />

γ () τ = 0 .<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

[ ] 0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

n 0<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

n + 1<<strong>br</strong> />

τ > τ teremos sempre<<strong>br</strong> />

Para utilizarmos a eq. (7.4), devemos tomar a parte real de γ12(τ),<<strong>br</strong> />

dada por:<<strong>br</strong> />

⎧ ⎛ τ ⎞<<strong>br</strong> />

⎪cos<<strong>br</strong> />

ωτ<<strong>br</strong> />

τ τ<<strong>br</strong> />

() ⎨ ⎜<<strong>br</strong> />

⎜1<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

⎟ para < 0<<strong>br</strong> />

Re γ12<<strong>br</strong> />

τ =<<strong>br</strong> />

⎝ τ<<strong>br</strong> />

(7.16)<<strong>br</strong> />

0 ⎠<<strong>br</strong> />

⎪⎩ 0<<strong>br</strong> />

para τ > τ<<strong>br</strong> />

Com este resultado, podemos fazer o gráfico de I(τ), mostrado na Fig. 7.4.<<strong>br</strong> />

= I = I<<strong>br</strong> />

2I<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

cos ωτ 1−<<strong>br</strong> />

τ / τ<<strong>br</strong> />

Se I [ ( )( ) ]<<strong>br</strong> />

1 2 0, temos I(τ) = 0<<strong>br</strong> />

0 para τ < τ0 e 2I0<<strong>br</strong> />

para τ > τ .<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

( ) 2<<strong>br</strong> />

I + I<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

I + I<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( ) 2<<strong>br</strong> />

I − I<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

I(τ)<<strong>br</strong> />

Fig. 7.4 - Interferência entre dois feixes parcialmente coerentes.<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

0


152<<strong>br</strong> />

Coerência<<strong>br</strong> />

7.3 Resolução espectral de um pulso de luz<<strong>br</strong> />

Um outro ponto interessante a ser tratado neste capítulo é como o<<strong>br</strong> />

fato de um trem de ondas não ser temporalmente infinito altera sua<<strong>br</strong> />

composição espectral. Considere o campo elétrico E(t) num certo ponto<<strong>br</strong> />

do espaço. Esta função está relacionada com a transformada de Fourier da<<strong>br</strong> />

função g(ω), que dá a composição espectral do campo através da<<strong>br</strong> />

transformação:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

E = ∫<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

∫ −∞<<strong>br</strong> />

+ ∞<<strong>br</strong> />

+ ∞<<strong>br</strong> />

( t)<<strong>br</strong> />

g(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

exp(<<strong>br</strong> />

− iωt)<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

⇔ g(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

= E()<<strong>br</strong> />

t exp(<<strong>br</strong> />

i t)dt<<strong>br</strong> />

(7.17)<<strong>br</strong> />

Tomemos um trem de ondas temporalmente finito, como o<<strong>br</strong> />

mostrado na Fig. 7.5. Ele pode ser expresso como:<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

() t<<strong>br</strong> />

−τ0/2<<strong>br</strong> />

⎧<<strong>br</strong> />

⎪exp<<strong>br</strong> />

= ⎨<<strong>br</strong> />

⎪ 0<<strong>br</strong> />

⎩<<strong>br</strong> />

E(t)<<strong>br</strong> />

Fig. 7.5 - Trem de ondas finito<<strong>br</strong> />

( − iω<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

τ0/2<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

para - ≤ t ≤<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

para t ≥<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(7.18)<<strong>br</strong> />

Desta forma, podemos encontrar g(ω) dado pela eq. (7.17) como:<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

sen[<<strong>br</strong> />

( ) ]<<strong>br</strong> />

2 ω − ω0<<strong>br</strong> />

{ i ( ω − ω ) t}<<strong>br</strong> />

dt =<<strong>br</strong> />

1 τ0<<strong>br</strong> />

/ 2<<strong>br</strong> />

g(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

= exp<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

∫ (7.19)<<strong>br</strong> />

−τ0<<strong>br</strong> />

/ 2<<strong>br</strong> />

π(<<strong>br</strong> />

ω − ω )<<strong>br</strong> />

que podemos re-escrever como:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0


Coerência 153<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

⎡τ<<strong>br</strong> />

0 ⎤<<strong>br</strong> />

g ( ω) = sinc⎢<<strong>br</strong> />

( ω − ω0<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

⎥⎦<<strong>br</strong> />

(7.20)<<strong>br</strong> />

⎣ 2<<strong>br</strong> />

2 1<<strong>br</strong> />

∫ ∞ +<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

A intensidade do feixe é I α E = E(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

dt.<<strong>br</strong> />

Entretanto, através do<<strong>br</strong> />

teorema de Parceval podemos relacionar<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

dt =<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

e como:<<strong>br</strong> />

g(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

g( ω)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

(7.21)<<strong>br</strong> />

Vamos chamar g( ω)<<strong>br</strong> />

de G(ω), que é a função de distribuição espectral,<<strong>br</strong> />

ou seja, a energia do trem compreendida entre ω e ω +d ω . As duas<<strong>br</strong> />

funções g(ω) e G(ω) estão esboçadas na Fig. 7.6. G(ω ) é dado por:<<strong>br</strong> />

2 τ0<<strong>br</strong> />

G ( ω)<<strong>br</strong> />

= sinc2φ<<strong>br</strong> />

, onde<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

φ = ( ω − ω ) .<<strong>br</strong> />

4π2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

-2π<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

g(ω) ~ sincφ<<strong>br</strong> />

G(ω) ~ sinc 2 φ<<strong>br</strong> />

π 2π<<strong>br</strong> />

Fig. 7.6 - Composição espectral do campo elétrico, g(ω) e função de distribuição<<strong>br</strong> />

espectral, G(ω).<<strong>br</strong> />

2 τ<<strong>br</strong> />

Notando que 0<<strong>br</strong> />

G(<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

) = , podemos encontrar as freqüências que dão a<<strong>br</strong> />

4π2<<strong>br</strong> />

meia largura do pico central através de:<<strong>br</strong> />

G<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( ω ) = G(<<strong>br</strong> />

ω ) = G(<<strong>br</strong> />

ω )<<strong>br</strong> />

±<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

sen<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

φ<<strong>br</strong> />

( ω − ω )<<strong>br</strong> />

( ) 2<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

ω − ω<<strong>br</strong> />

±<<strong>br</strong> />

±<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

(7.22)


154<<strong>br</strong> />

Coerência<<strong>br</strong> />

Esta igualdade pode ser resolvida para nos dar os valores de ω+ e<<strong>br</strong> />

ω − com os quais se calcula a meia largura da distribuição espectral:<<strong>br</strong> />

2π<<strong>br</strong> />

= 2πΔν<<strong>br</strong> />

= (7.23)<<strong>br</strong> />

±<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

ω ≅ ω0<<strong>br</strong> />

± π / τ0<<strong>br</strong> />

⇒ Δω<<strong>br</strong> />

= ω+<<strong>br</strong> />

− ω−<<strong>br</strong> />

Logo, a largura da linha espectral está relacionada com o tempo<<strong>br</strong> />

de coerência através de:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Δ ν =<<strong>br</strong> />

(7.24)<<strong>br</strong> />

τ0<<strong>br</strong> />

Podemos ainda chamar l = cτ como diferença de caminhos<<strong>br</strong> />

ópticos (supondo que n = 1) e l c = cτ0<<strong>br</strong> />

como comprimento de coerência.<<strong>br</strong> />

Se quisermos ter interferência estacionária a desigualdade l < l c deve ser<<strong>br</strong> />

satisfeita. A seguir, vamos ver alguns exemplos numéricos para diferentes<<strong>br</strong> />

tipos de luz e para isto vamos usar a expressão τ0 = 1/Δν, onde Δν é a<<strong>br</strong> />

largura de linha, que será demonstrada na seção seguinte. Consideremos<<strong>br</strong> />

as seguintes fontes emissoras de luz:<<strong>br</strong> />

i) Lâmpada espectral: temos tipicamente λ = 5000 Å e Δλ ~ 1Å. O<<strong>br</strong> />

comprimento de coerência é l c = cτ0<<strong>br</strong> />

= c/Δν. Mas Δν/ν = Δλ/λ, ou<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

cλ<<strong>br</strong> />

λ2<<strong>br</strong> />

( 5X10−5<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

Δν = ν Δλ/λ, ο que nos leva a l c = = =<<strong>br</strong> />

= 2.5 mm.<<strong>br</strong> />

νΔλ<<strong>br</strong> />

Δλ<<strong>br</strong> />

10−8<<strong>br</strong> />

ii) Luz <strong>br</strong>anca: agora temos λ = 5500 Å e Δλ ~ 1500 Å, que resulta em<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

l c = = 0.002 mm = 2 μm.<<strong>br</strong> />

Δλ<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

iii) Radiação coerente (laser): um valor típico para Δν é de 10 Hz . Logo,<<strong>br</strong> />

c 3 x1010<<strong>br</strong> />

l c = = = 3 x 10<<strong>br</strong> />

Δν<<strong>br</strong> />

104<<strong>br</strong> />

6 cm = 30 Km.<<strong>br</strong> />

7.4 Coerência espacial<<strong>br</strong> />

Na seção anterior tratamos o problema da coerência de dois<<strong>br</strong> />

campos chegando ao mesmo ponto do espaço através de caminhos<<strong>br</strong> />

diferentes. Queremos agora, discutir o problema mais geral de coerência<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0


Coerência 155<<strong>br</strong> />

entre dois campos em diferentes pontos do espaço. Isto é importante ao se<<strong>br</strong> />

estudar coerência de campos de radiação produzidos por fontes extensas.<<strong>br</strong> />

Considere a fonte pontual quase-monocromática da Fig. 7.7 e os<<strong>br</strong> />

pontos de observação P 1, P2 e P 3 com campos E1,<<strong>br</strong> />

E 2 e E3<<strong>br</strong> />

respectivamente.<<strong>br</strong> />

Os pontos P 1 e P3<<strong>br</strong> />

estão localizados na mesma direção da fonte, por isso<<strong>br</strong> />

entre eles dizemos que existe uma coerência espacial longitudinal, ao<<strong>br</strong> />

passo que entre P1 e P2, localizados à mesma distância da fonte, a<<strong>br</strong> />

coerência espacial é transversal. É evidente que a coerência longitudinal<<strong>br</strong> />

dependerá apenas de r = r<<strong>br</strong> />

13 3 – r1, ou equivalentemente, de t13 = r13/c. Para<<strong>br</strong> />

qualquer valor de E (t), E<<strong>br</strong> />

1 3(t) variará da mesma maneira, mas a um tempo<<strong>br</strong> />

t haverá uma alta coerência entre P<<strong>br</strong> />

13 mais tarde. Se t13 > τ0 a coerência será pequena ou mesmo nula.<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

r2<<strong>br</strong> />

r1<<strong>br</strong> />

P2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

r3<<strong>br</strong> />

P3<<strong>br</strong> />

Fig. 7.7 - Fonte pontual quase-monocromática.<<strong>br</strong> />

Já que uma fonte extensa pode ser considerada como composta<<strong>br</strong> />

por uma infinidade de fontes pontuais independentes, é conveniente<<strong>br</strong> />

estudar o caso de duas fontes pontuais isoladas. SA e SB B são fontes<<strong>br</strong> />

completamente incoerentes mostradas na Fig. 7.8. Os campos elétrico nos<<strong>br</strong> />

pontos P<<strong>br</strong> />

1 e P2 são dados por:<<strong>br</strong> />

E1 1a<<strong>br</strong> />

1a<<strong>br</strong> />

1b<<strong>br</strong> />

1b<<strong>br</strong> />

( t)<<strong>br</strong> />

= E ( t − t ) + E ( t − t ) (7.25.a)<<strong>br</strong> />

E 2 2a<<strong>br</strong> />

2a<<strong>br</strong> />

2b<<strong>br</strong> />

2b<<strong>br</strong> />

( t)<<strong>br</strong> />

= E ( t − t ) + E ( t − t ) (7.25.b)<<strong>br</strong> />

e a função de correlação normalizada entre os campos E1 e E é:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

< E1E<<strong>br</strong> />

2 ><<strong>br</strong> />

γ 12 =<<strong>br</strong> />

(7.26)<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

< E E >< E E ><<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2


156<<strong>br</strong> />

SA<<strong>br</strong> />

r2a<<strong>br</strong> />

r1a<<strong>br</strong> />

r2b<<strong>br</strong> />

d l<<strong>br</strong> />

P2<<strong>br</strong> />

SB<<strong>br</strong> />

r1b<<strong>br</strong> />

P1<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

Fig. 7.8 - Fontes pontuais completamente incoerentes.<<strong>br</strong> />

Coerência<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

Vamos chamar t ′ = t − t1a<<strong>br</strong> />

, t ′′ = t − t1b<<strong>br</strong> />

, t1a<<strong>br</strong> />

− t 2a = τa<<strong>br</strong> />

e t1b<<strong>br</strong> />

− t 2b = τ<<strong>br</strong> />

onde τ e τ são os tempos de coerência transversal de SA<<strong>br</strong> />

e SB. Logo,<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

E E E ( t′<<strong>br</strong> />

) E ( t′<<strong>br</strong> />

+ τ ) + E ( t ′′ ) E ( t′<<strong>br</strong> />

′ + τ )<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= (7.27)<<strong>br</strong> />

1a<<strong>br</strong> />

2a<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

Note que na expressão acima não comparecem os termos<<strong>br</strong> />

E1a<<strong>br</strong> />

E 2b<<strong>br</strong> />

e E 2aE<<strong>br</strong> />

2b<<strong>br</strong> />

, pois as fontes são completamente incoerentes. Apenas<<strong>br</strong> />

os termos diretos não são nulos, isto é,<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

γ<<strong>br</strong> />

(7.29)<<strong>br</strong> />

Logo,<<strong>br</strong> />

1b<<strong>br</strong> />

2b<<strong>br</strong> />

( ) 2<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E E E ( t − t ) + E t − t<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= (7.28.a)<<strong>br</strong> />

1a<<strong>br</strong> />

1a<<strong>br</strong> />

1b<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

1b<<strong>br</strong> />

( ) 2<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

E E E ( t − t ) + E t − t<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= (7.28.b)<<strong>br</strong> />

2a<<strong>br</strong> />

Como as fontes são equivalentes podemos escrever:<<strong>br</strong> />

1 < E<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( t′<<strong>br</strong> />

) E<<strong>br</strong> />

< E<<strong>br</strong> />

( t′<<strong>br</strong> />

+ τ )<<strong>br</strong> />

1a<<strong>br</strong> />

> 1 < E<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2b<<strong>br</strong> />

( t′<<strong>br</strong> />

′ ) E<<strong>br</strong> />

< E<<strong>br</strong> />

* *<<strong>br</strong> />

1a<<strong>br</strong> />

2a<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

1b<<strong>br</strong> />

2b<<strong>br</strong> />

γ12 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1a<<strong>br</strong> />

><<strong>br</strong> />

1b<<strong>br</strong> />

1b<<strong>br</strong> />

( t′<<strong>br</strong> />

′ + τb<<strong>br</strong> />

) ><<strong>br</strong> />

><<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

( τ ) + γ(<<strong>br</strong> />

τ ) = ⎜1−<<strong>br</strong> />

⎟exp(<<strong>br</strong> />

iωτ<<strong>br</strong> />

) + ⎜1−<<strong>br</strong> />

⎟exp(<<strong>br</strong> />

iωτ<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

1 ⎛<<strong>br</strong> />

2 ⎜<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

1 ⎛<<strong>br</strong> />

2 ⎜<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

[ ω(<<strong>br</strong> />

τ − τ ) ]<<strong>br</strong> />

⎛ τa<<strong>br</strong> />

⎞ 1+<<strong>br</strong> />

cos<<strong>br</strong> />

*<<strong>br</strong> />

a b<<strong>br</strong> />

γ 12 = γ12γ<<strong>br</strong> />

12 =<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎜1−<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

(7.30)<<strong>br</strong> />

⎝ τ0<<strong>br</strong> />

⎠ 2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

b


Coerência<<strong>br</strong> />

onde:<<strong>br</strong> />

r1a − r2a<<strong>br</strong> />

r1b<<strong>br</strong> />

− r2b<<strong>br</strong> />

r1a<<strong>br</strong> />

− r1b<<strong>br</strong> />

r2a<<strong>br</strong> />

− r2b<<strong>br</strong> />

dl<<strong>br</strong> />

τ a − τb<<strong>br</strong> />

= − = − ≅ (7.31)<<strong>br</strong> />

c c c c rc<<strong>br</strong> />

Se fizermos um esboço de γ como função da distância entre os<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

pontos P1<<strong>br</strong> />

e P2 teremos o gráfico da Fig. 7.9, onde os primeiros mínimos<<strong>br</strong> />

saem da expressão:<<strong>br</strong> />

⎛ ωdl<<strong>br</strong> />

ωd<<strong>br</strong> />

0 ⎞ l 0<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

cos⎜<<strong>br</strong> />

⎟ = 0 ⇒ = ± π<<strong>br</strong> />

⎝ rc ⎠ rc<<strong>br</strong> />

(7.32)<<strong>br</strong> />

πrc rc rλ<<strong>br</strong> />

⇒ l 0 = ± ⇒ l 0 = =<<strong>br</strong> />

ωd 2νd<<strong>br</strong> />

2d<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

lγ12l<<strong>br</strong> />

- l0 l0<<strong>br</strong> />

Fig. 7.9 - Correlação entre os campos 1 e 2.<<strong>br</strong> />

Podemos chamar lω<<strong>br</strong> />

= 2l0 = rλ/d de comprimento de coerência<<strong>br</strong> />

transversal. Uma outra expressão interessante pode ser derivada definindo<<strong>br</strong> />

θ d = d/r como na Fig. 7.10. Assim, lω<<strong>br</strong> />

= λ/ θd. Esta expressão é muito<<strong>br</strong> />

importante para a medida de diâmetros estelares através do experimento<<strong>br</strong> />

de dupla fenda.<<strong>br</strong> />

SA<<strong>br</strong> />

SB<<strong>br</strong> />

d θ<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong><<strong>br</strong> />

e Aplicações<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

157


158<<strong>br</strong> />

Fig. 7.10 - Definição do ângulo de coerência.<<strong>br</strong> />

Coerência<<strong>br</strong> />

7.5 Medidas de diâmetros de estrelas<<strong>br</strong> />

Na seção precedente introduzimos o conceito de comprimento de<<strong>br</strong> />

coerência transversal entre duas fontes pontuais completamente<<strong>br</strong> />

incoerentes. Este conceito pode ser utilizado na medida de diâmetros<<strong>br</strong> />

angulares de estrelas distantes. Se ao invés de duas fontes pontuais<<strong>br</strong> />

tivermos uma fonte circular, é possível mostrar que o comprimento de<<strong>br</strong> />

coerência transversal é dado por:<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

l ω = 1.<<strong>br</strong> />

22<<strong>br</strong> />

(7.33)<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

onde o fator 1.22 corresponde ao primeiro zero da função de Bessel de<<strong>br</strong> />

primeira ordem dividido por π. Esta expressão também aparece na<<strong>br</strong> />

difração por uma fenda circular que veremos no próximo capítulo.<<strong>br</strong> />

Inicialmente selecionamos o comprimento de onda de alguma raia<<strong>br</strong> />

espectral emitida pela estrela por meio de um filtro óptico de banda<<strong>br</strong> />

estreita. A seguir, realizamos o experimento de interferência de Young,<<strong>br</strong> />

numa configuração em que é possível variar a distância (e portanto o grau<<strong>br</strong> />

de coerência) entre as duas fendas. Na situação em que a distância h entre<<strong>br</strong> />

as fendas é l0 , γ12<<strong>br</strong> />

se torna nulo e as franjas de interferência<<strong>br</strong> />

desaparecem. Desta forma podemos encontrar l ω = 2l0 e determinar o<<strong>br</strong> />

diâmetro angular θd da estrela. Como as estrelas se encontram muito<<strong>br</strong> />

distantes da Terra, θd é muito pequeno (da ordem de centésimos de<<strong>br</strong> />

segundo de arco) e assim lω é da ordem de metros.<<strong>br</strong> />

Uma maneira alternativa de se medir diâmetros estrelares com<<strong>br</strong> />

uma precisão melhor foi proposta por Hanbury-Brown e Twiss. Este<<strong>br</strong> />

método, conhecido como interferometria de intensidades, mede a função<<strong>br</strong> />

de coerência de segunda ordem dos campos, isto é, I ( t)<<strong>br</strong> />

I ( t′<<strong>br</strong> />

1 2 ) , onde I1<<strong>br</strong> />

e I2 são as intensidades nos detetores 1 e 2, mostrados na Fig. 7.11. É<<strong>br</strong> />

possível mostrar que a coerência de segunda ordem exibe um efeito de<<strong>br</strong> />

interferência similar ao mostrado na Fig. 7.9. Ao invés de se variar a<<strong>br</strong> />

distância entre os detetores, como se faz com as duas fendas da<<strong>br</strong> />

experiência de Young, é introduzida uma linha de atraso eletrônica depois<<strong>br</strong> />

de um dos detetores (para variar o tempo t’) e desta forma os detetores<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

d


Coerência 159<<strong>br</strong> />

podem ficar estacionários, separados por uma distância de vários<<strong>br</strong> />

quilômetros, o que permite a medida de diâmetros angulares muito<<strong>br</strong> />

pequenos, da ordem de milionésimos de segundo de arco.<<strong>br</strong> />

atraso<<strong>br</strong> />

correlator () t I ( t )<<strong>br</strong> />

Fig. 7.11 - Interferometria de intensidade para medir diâmetros de estrelas.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

I ′<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

7.1. M.V. Klein, Optics, John Wiley and Sons, NY (1970).<<strong>br</strong> />

7.2. G.R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt, Rinehart and<<strong>br</strong> />

Winston, NY (1968).<<strong>br</strong> />

7.3. M. Françon, Modern Applications of Physical Optics, Intersience,<<strong>br</strong> />

NY (1963).<<strong>br</strong> />

7.4. R. Hanbury-Brown and R. Q. Twiss, Proc. Roy. Soc. A243, 291<<strong>br</strong> />

(1957).<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

7.1. Um orifício de 1 mm de diâmetro é usado como fonte para a<<strong>br</strong> />

experiência da fenda dupla usando uma lâmpada de sódio (λ = 5890<<strong>br</strong> />

Å). Se a distância entre o orifício e as fendas é de 2 m, qual é a<<strong>br</strong> />

máxima distância entre as fendas tal que as franjas de interferência<<strong>br</strong> />

ainda são observáveis?<<strong>br</strong> />

7.2. Calcule o espectro de potência, G(ω), de um trem de ondas<<strong>br</strong> />

amortecido:<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

() t<<strong>br</strong> />

{ − ( at + iω<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

⎧A exp<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

t ≥ 0<<strong>br</strong> />

= ⎨<<strong>br</strong> />

⎩ 0<<strong>br</strong> />

t < 0


160<<strong>br</strong> />

Coerência<<strong>br</strong> />

{ − ( at 2 + iω<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

7.3. Mostre que para um trem gaussiano E(t) = A exp<<strong>br</strong> />

0 ,<<strong>br</strong> />

G(ω) também é uma função gaussiana centrada em ω 0 .<<strong>br</strong> />

7.4. Mostre que a função de correlação normalizada (grau de coerência) de<<strong>br</strong> />

um campo é dado pela transformada de Fourier normalizada do<<strong>br</strong> />

espectro de potência, isto é,<<strong>br</strong> />

γ<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

( τ)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

G(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

exp(<<strong>br</strong> />

iωτ)<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

G(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

7.5. Certa lâmpada tem uma função de distribuição espectral gaussiana,<<strong>br</strong> />

i.e, B(v) { ( ) } 2<<strong>br</strong> />

= A exp − α 2 ν − ν 0 . Encontre o tempo médio de<<strong>br</strong> />

coerência para os trens de onda oriundos desta fonte.<<strong>br</strong> />

7.6. Usa-se a fonte do exercício anterior num interferômetro de<<strong>br</strong> />

Michelson. Como será o interferograma? Faça um gráfico de I x x.<<strong>br</strong> />

7.7. Uma fonte de luz colimada, com espectro de potência G(ω) = cos<<strong>br</strong> />

[π(ω−ω 0)/Δω] na região (ω0 − Δω/2) < ω < (ω0<<strong>br</strong> />

+ Δω/2)<<strong>br</strong> />

e zero fora<<strong>br</strong> />

desta região, é usada como fonte num interferômetro de Michelson.<<strong>br</strong> />

Encontre o interferograma produzido por esta fonte.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Difração 161<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

8<<strong>br</strong> />

8.1 Princípio de Huygens<<strong>br</strong> />

Neste capítulo vamos considerar o fenômeno da difração da<<strong>br</strong> />

radiação eletromagnética, que é conseqüência da natureza ondulatória da<<strong>br</strong> />

luz. Ela se constitui na distorção causada na frente de uma onda<<strong>br</strong> />

eletromagnética que incide so<strong>br</strong>e um obstáculo de dimensões comparáveis<<strong>br</strong> />

ao seu comprimento de onda. Estes obstáculos podem ser aberturas num<<strong>br</strong> />

anteparo, objetos opacos tais como esferas, discos e outros. Em todos<<strong>br</strong> />

esses casos, o caminho seguido pelo raio não obedece às leis da óptica<<strong>br</strong> />

geométrica, sendo desviado sem haver mudanças no índice de refração do<<strong>br</strong> />

meio. Assim, temos a presença de radiação em locais nos quais ela não<<strong>br</strong> />

seria esperada, como nas regiões de som<strong>br</strong>a indicadas Fig. 8.1.<<strong>br</strong> />

Raio de luz<<strong>br</strong> />

Região de som<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

Região de som<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

Fig. 8.1 - Ilustração de um experimento de difração em uma abertura.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


162<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

É como se a interação da radiação com as bordas do anteparo, ou do<<strong>br</strong> />

obstáculo, causasse uma perturbação na radiação em propagação e a<<strong>br</strong> />

espalhasse por regiões onde ela não deveria normalmente ser detectada.<<strong>br</strong> />

Como vimos no Cap. 2, este efeito é equivalente ao princípio da incerteza<<strong>br</strong> />

de Heisenberg, já que as equações do campo eletromagnético e a de<<strong>br</strong> />

Schrödinger são formalmente iguais.<<strong>br</strong> />

Os aspectos essenciais da difração podem ser explicados<<strong>br</strong> />

qualitativamente pelo princípio de Huygens. Segundo ele, cada ponto na<<strong>br</strong> />

frente de onda age como uma fonte produzindo ondas secundárias que<<strong>br</strong> />

espalham em todas as direções. A função envelope das frentes de onda das<<strong>br</strong> />

ondas secundárias forma a nova frente de onda total. A Fig. 8.2 ilustra este<<strong>br</strong> />

conceito. Com este princípio podemos perceber que cada nova frente de<<strong>br</strong> />

onda é formada pela interferência de infinitas fontes, as quais estão<<strong>br</strong> />

irradiando a partir da frente de onda num instante anterior. Isto pode ser<<strong>br</strong> />

traduzido em forma matemática dizendo-se que em cada ponto da nova<<strong>br</strong> />

frente de onda teremos um campo óptico que é igual à soma dos campos<<strong>br</strong> />

irradiados por todas as fontes secundárias. Note que o fenômeno de<<strong>br</strong> />

difração está fortemente baseado no de interferência. Como o número de<<strong>br</strong> />

fontes é infinito, a soma dos campos referentes a cada fonte secundária se<<strong>br</strong> />

transformará numa integral.<<strong>br</strong> />

frente de onda<<strong>br</strong> />

fonte<<strong>br</strong> />

secundária<<strong>br</strong> />

frente de onda<<strong>br</strong> />

secundária<<strong>br</strong> />

nova<<strong>br</strong> />

frente de onda<<strong>br</strong> />

direção de<<strong>br</strong> />

propagação<<strong>br</strong> />

Fig. 8.2 – Ilustração do princípio de Huygens para a construção geométrica de<<strong>br</strong> />

uma frente de onda, a partir de uma frente de onda anterior.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Difração 163<<strong>br</strong> />

O princípio de Huygens, posteriormente utilizado por Fresnel,<<strong>br</strong> />

pode ser enunciado matematicamente pela soma (integral) das várias<<strong>br</strong> />

ondas secundárias geradas numa área iluminada, como por exemplo, uma<<strong>br</strong> />

fenda. A geometria para esta situação está esquematizada na Fig. 8.3. A<<strong>br</strong> />

equação resultante de várias ondas secundárias no ponto P é:<<strong>br</strong> />

θ2<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

n )<<strong>br</strong> />

θ1<<strong>br</strong> />

r 1<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

{ i ( kr2<<strong>br</strong> />

− ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

dA<<strong>br</strong> />

= ∫∫ (8.1)<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

Fig. 8.3 - Difração por uma fenda de área A.<<strong>br</strong> />

onde UA é a amplitude da onda primária que se origina na fonte F e<<strong>br</strong> />

ilumina a fenda. A partir dela, cada elemento dA da abertura gera uma<<strong>br</strong> />

onda esférica secundária que interfere no ponto P com outras ondas<<strong>br</strong> />

esféricas geradas em diferentes elementos da abertura. Vamos em seguida<<strong>br</strong> />

ver com mais detalhes matemáticos a obtenção da eq. (8.1).<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

8.2 Fórmula de Fresnel-Kirchhoff<<strong>br</strong> />

Após a abordagem inicial realizada por Huygens e Fresnel, um<<strong>br</strong> />

tratamento matemático mais preciso do princípio de Huygens foi proposto<<strong>br</strong> />

por Kirchhoff, da forma como segue. Vamos partir da segunda identidade<<strong>br</strong> />

de Green, que é expressa como:<<strong>br</strong> />

S’


164<<strong>br</strong> />

I =<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( V∇<<strong>br</strong> />

U − U∇<<strong>br</strong> />

V)<<strong>br</strong> />

dυ<<strong>br</strong> />

= ( V∇U<<strong>br</strong> />

- U V)<<strong>br</strong> />

. nˆ dS<<strong>br</strong> />

∫∫∫ ∫∫ ∇<<strong>br</strong> />

V A<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

(8.2)<<strong>br</strong> />

onde U e V são funções contínuas e integráveis que obedecem a equação<<strong>br</strong> />

de ondas:<<strong>br</strong> />

1 ∂ 2U<<strong>br</strong> />

∇ 2U<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(8.3a)<<strong>br</strong> />

v 2 ∂ t 2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

∂ V<<strong>br</strong> />

∂ t<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∇ 2V<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(8.3b)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

Estamos supondo que o meio é homogêneo, de forma que v não<<strong>br</strong> />

depende de r. As soluções da equação de ondas são da forma:<<strong>br</strong> />

( r, t)<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

± i t}<<strong>br</strong> />

U = ω<<strong>br</strong> />

(8.4a)<<strong>br</strong> />

V<<strong>br</strong> />

( r, t)<<strong>br</strong> />

V(<<strong>br</strong> />

r)<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

± iωt}<<strong>br</strong> />

= (8.4b)<<strong>br</strong> />

que quando substituídas nas equações (8.3) resultam em:<<strong>br</strong> />

ω 2<<strong>br</strong> />

∇ 2U = − U()<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

(8.5a)<<strong>br</strong> />

v 2<<strong>br</strong> />

ω 2<<strong>br</strong> />

∇ 2V = − V()<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

(8.5b)<<strong>br</strong> />

v 2<<strong>br</strong> />

Com isto notamos que o integrando do lado esquerdo da eq. (8.2) é nulo,<<strong>br</strong> />

isto é,<<strong>br</strong> />

ω 2<<strong>br</strong> />

V∇<<strong>br</strong> />

2 U − U∇<<strong>br</strong> />

2V<<strong>br</strong> />

= − ( VU − UV)<<strong>br</strong> />

= 0<<strong>br</strong> />

v 2<<strong>br</strong> />

(8.6)<<strong>br</strong> />

Assim,<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

V∇U<<strong>br</strong> />

- U∇V<<strong>br</strong> />

. nˆ dS = 0 A superfície fechada A envolve o<<strong>br</strong> />

∫∫<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

( ) .<<strong>br</strong> />

volume de interesse, que podemos tomar como sendo aquele da Fig. 8.4.<<strong>br</strong> />

Neste caso, podemos dividir a integral em duas regiões, S 1 e S2,<<strong>br</strong> />

tal que:<<strong>br</strong> />

= + .<<strong>br</strong> />

∫∫ ∫∫ ∫∫<<strong>br</strong> />

A S1 S2


Difração 165<<strong>br</strong> />

S1<<strong>br</strong> />

n ) 1<<strong>br</strong> />

Volume de interesse<<strong>br</strong> />

Fig. 8.4 - Geometria utilizada para o cálculo da integral de superfície.<<strong>br</strong> />

Queremos encontrar o valor da função U no ponto de observação<<strong>br</strong> />

P e para isto tomaremos V(r,t) como sendo uma onda esférica da forma<<strong>br</strong> />

V( r, t)<<strong>br</strong> />

= V0exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

kr − ωt)<<strong>br</strong> />

} /r. O gradiente em coordenadas esféricas é<<strong>br</strong> />

dado por:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

θ φˆ<<strong>br</strong> />

rsenθ φ<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

∂ 1 ∂ ∂<<strong>br</strong> />

∇ = rˆ + +<<strong>br</strong> />

∂ r r ∂ θ ∂<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

(8.7)<<strong>br</strong> />

de forma que a integral de superfície em S2 fica:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

J V∇U<<strong>br</strong> />

- U∇V<<strong>br</strong> />

. nˆ dS<<strong>br</strong> />

⎡V<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

n ) 2<<strong>br</strong> />

( ) =<<strong>br</strong> />

= ∫∫ 2 2<<strong>br</strong> />

S2<<strong>br</strong> />

{ i ( kr − ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r ⎛ exp<<strong>br</strong> />

S2<<strong>br</strong> />

{ i ( kr - ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

⎞⎤<<strong>br</strong> />

. nˆ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

∫∫ exp<<strong>br</strong> />

U - UV0<<strong>br</strong> />

S ⎢<<strong>br</strong> />

∇ ∇ ⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

2 r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

⎠⎦<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

onde = ρ dΩ e nˆ = −rˆ<<strong>br</strong> />

, que substituidos na eq. (8.8) resulta em:<<strong>br</strong> />

dS2 2<<strong>br</strong> />

J = V e<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

−iωt<<strong>br</strong> />

∫∫<<strong>br</strong> />

S2<<strong>br</strong> />

⎡e<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

⎣ r<<strong>br</strong> />

ikr<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

∇U<<strong>br</strong> />

- Ue<<strong>br</strong> />

ikr<<strong>br</strong> />

⎛ 1 ik ⎞ ⎤<<strong>br</strong> />

⎜ − + rˆ<<strong>br</strong> />

2 ⎟ ⎥<<strong>br</strong> />

⎝ r r ⎠ ⎦<<strong>br</strong> />

r=<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

2 ( − rˆ ) ρ dΩ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dS<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(8.8)


166<<strong>br</strong> />

−iωt<<strong>br</strong> />

= V0e<<strong>br</strong> />

∫∫<<strong>br</strong> />

S2<<strong>br</strong> />

ik<<strong>br</strong> />

⎡e<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

⎣ ρ<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

ikρ⎛<<strong>br</strong> />

1 ik ⎞⎤<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( − ∇U.<<strong>br</strong> />

rˆ ) + Ue ⎜−<<strong>br</strong> />

+ ⎟ ρ dΩ<<strong>br</strong> />

r=<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

Tomando o limite ρ → 0 obtemos<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎠⎦<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(8.9)<<strong>br</strong> />

= −V<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

− iωt}<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

P)∫<<strong>br</strong> />

dΩ<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

J 0<<strong>br</strong> />

− 4πV0 exp{<<strong>br</strong> />

− iωt}<<strong>br</strong> />

U(P)<<strong>br</strong> />

∫∫ ∫∫ ∫∫ =<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

4πV<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

{ i ( kr − ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

. Logo, como = + 0 temos:<<strong>br</strong> />

A S1 S2<<strong>br</strong> />

{ iωt}<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

P)<<strong>br</strong> />

= ( V∇U<<strong>br</strong> />

- U∇V)<<strong>br</strong> />

. nˆ dS =<<strong>br</strong> />

− ∫∫S1 r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

{ i ( kr − ωt)<<strong>br</strong> />

} ⎜−<<strong>br</strong> />

+ ⎟ rˆ . nˆ 1dS1<<strong>br</strong> />

∫∫S ⎢V0<<strong>br</strong> />

∇U<<strong>br</strong> />

− UV0<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1 r<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠ ⎦ S1<<strong>br</strong> />

que nos leva à equação básica da teoria da difração:<<strong>br</strong> />

4πU<<strong>br</strong> />

⎡e<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

ikr<<strong>br</strong> />

⎛ ⎞<<strong>br</strong> />

∫∫S ⎢<<strong>br</strong> />

2 ⎥<<strong>br</strong> />

1 ⎣ r ⎝ r r ⎠ ⎦ S1<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

ik ⎞<<strong>br</strong> />

ikr<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

= ∇U<<strong>br</strong> />

− U ⎜ − + ⎟ rˆ e . nˆ 1dS1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

ik<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

(8.10)<<strong>br</strong> />

(8.11)<<strong>br</strong> />

Esta expressão é chamada de teorema integral de Kirchhoff. Ela<<strong>br</strong> />

relaciona o valor da função no ponto de observação P com valores desta<<strong>br</strong> />

função e sua derivada so<strong>br</strong>e a superfície S1 que envolve o ponto P. Como<<strong>br</strong> />

tomamos ρ → 0, a Fig. 8.4 se modifica da maneira mostrada na Fig. 8.5.<<strong>br</strong> />

Particularizando a eq. (8.11) para o caso em que U é também uma onda<<strong>br</strong> />

esférica da forma:<<strong>br</strong> />

U 0<<strong>br</strong> />

U( r1,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= exp{<<strong>br</strong> />

i ( kr1<<strong>br</strong> />

− ωt)}<<strong>br</strong> />

(8.12)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

o teorema integral de Kirchhoff pode ser escrito de forma mais explícita<<strong>br</strong> />

como:<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

−iωt<<strong>br</strong> />

πU = ikU 0e<<strong>br</strong> />

∫∫S<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

{ ik(<<strong>br</strong> />

r1<<strong>br</strong> />

+ r2<<strong>br</strong> />

) }<<strong>br</strong> />

[ cosθ1<<strong>br</strong> />

− cosθ<<strong>br</strong> />

2 ] dS1<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

ikr2<<strong>br</strong> />

ikr1<<strong>br</strong> />

−iωt<<strong>br</strong> />

⎡e<<strong>br</strong> />

e ⎤<<strong>br</strong> />

− U 0e<<strong>br</strong> />

∫∫ ⎢ cos θ1<<strong>br</strong> />

− cos θ 2 ⎥ dS1<<strong>br</strong> />

(8.13)<<strong>br</strong> />

S 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1 ⎣r2<<strong>br</strong> />

r1<<strong>br</strong> />

r1r2<<strong>br</strong> />


Difração 167<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

(fonte)<<strong>br</strong> />

r 1<<strong>br</strong> />

n ) 1<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

Fig. 8.5 - Geometria usada no cálculo da integral Kirchhoff.<<strong>br</strong> />

onde θ1 é o ângulo entre nˆ 1 e rˆ 1 , e θ2<<strong>br</strong> />

é o ângulo entre nˆ 1 e rˆ 2 . O termo<<strong>br</strong> />

( cosθ1 − cosθ2)<<strong>br</strong> />

é chamado de fator de obliqüidade.<<strong>br</strong> />

Nos fenômenos de difração r1 e r2 são geralmente grandes, de<<strong>br</strong> />

forma que podemos desprezar o segundo termo. Assim obtemos:<<strong>br</strong> />

−iωt<<strong>br</strong> />

ikU 0e<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

{ ik(<<strong>br</strong> />

r1<<strong>br</strong> />

+ r2<<strong>br</strong> />

) }<<strong>br</strong> />

U P ≈ [ cosθ1<<strong>br</strong> />

− cosθ<<strong>br</strong> />

2 dS1<<strong>br</strong> />

4π<<strong>br</strong> />

∫∫<<strong>br</strong> />

] (8.14)<<strong>br</strong> />

S1<<strong>br</strong> />

r1r2<<strong>br</strong> />

Esta é a conhecida fórmula de Fresnel-Kirchhoff. Vamos<<strong>br</strong> />

particularizá-la para o caso de difração por uma fenda de área A, na<<strong>br</strong> />

geometria da Fig. 8.3, com S1 = S’+ A. Pode-se mostrar que a integral<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e S’ é desprezível e assim,<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

S1<<strong>br</strong> />

{ ik(<<strong>br</strong> />

r1<<strong>br</strong> />

+ r2<<strong>br</strong> />

) }<<strong>br</strong> />

( )dA<<strong>br</strong> />

−iωt<<strong>br</strong> />

ikU 0e<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

U( P)<<strong>br</strong> />

≈ cosθ1<<strong>br</strong> />

− cosθ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

4π<<strong>br</strong> />

∫∫A<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

(8.15)<<strong>br</strong> />

A fórmula de Fresnel-Kirchhoff nada mais é do que a afirmação<<strong>br</strong> />

matemática do princípio de Huygens. Para examinar melhor este ponto<<strong>br</strong> />

vamos tomar uma abertura circular com a fonte F localizada no eixo de<<strong>br</strong> />

simetria da abertura conforme mostra a Fig. 8.6. A superfície de<<strong>br</strong> />

integração A é um pedaço de casca esférica de raio r1 e centro em F, de<<strong>br</strong> />

forma que θ = π. Logo:<<strong>br</strong> />

1


168<<strong>br</strong> />

{ i ( kr2<<strong>br</strong> />

− ωt)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

( )dA<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

ik exp<<strong>br</strong> />

U( P)<<strong>br</strong> />

= − U A<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

4π<<strong>br</strong> />

∫∫ (8.16)<<strong>br</strong> />

A r<<strong>br</strong> />

n ) r r 1<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

Fig. 8.6 - Difração em uma fenda circular.<<strong>br</strong> />

{ ikr1}<<strong>br</strong> />

/ r1<<strong>br</strong> />

onde U A = U0<<strong>br</strong> />

exp é a amplitude da onda primária incidente.<<strong>br</strong> />

A partir dela, cada elemento dA da abertura gera uma onda esférica<<strong>br</strong> />

secundária U ⎧ exp⎨<<strong>br</strong> />

i ⎜<<strong>br</strong> />

⎛kr t ⎟<<strong>br</strong> />

⎞ − ω / r ] dA . No princípio de Huygens não<<strong>br</strong> />

A[ 2 ⎭ 2<<strong>br</strong> />

⎬⎫<<strong>br</strong> />

⎩ ⎝<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

existe o fator de obliqüidade nem a fase -π/2 introduzida no campo pela<<strong>br</strong> />

difração. Note que a difração na direção da fonte é zero pois θ2<<strong>br</strong> />

≈ π e o<<strong>br</strong> />

fator de obliqüidade é nulo.<<strong>br</strong> />

8.3 Princípio de Babinet<<strong>br</strong> />

Considere uma abertura A que produz um campo difratado U(P)<<strong>br</strong> />

no ponto de observação P. Suponha agora que a abertura é dividida em<<strong>br</strong> />

duas porções A1 e A tal que A = A + A<<strong>br</strong> />

2 1 2. As duas novas aberturas são<<strong>br</strong> />

ditas complementares. Um exemplo está mostrado na Fig. 8.7.<<strong>br</strong> />

P


Difração 169<<strong>br</strong> />

Fig. 8.7 - Exemplo de geometria ilustrativa do princípio de Babinet.<<strong>br</strong> />

Da fórmula de Fresnel-Kirchhoff é fácil ver que U(P) = U1(P) +<<strong>br</strong> />

U2(P). Esta equação, conhecida como princípio de Babinet, é uma<<strong>br</strong> />

conseqüência direta da possibilidade de divisão da região de integração<<strong>br</strong> />

em diversas partes.<<strong>br</strong> />

8.4 Difração de Fraunhofer<<strong>br</strong> />

No tratamento detalhado da difração é usual distinguir-se dois<<strong>br</strong> />

casos gerais conhecidos como difração de Fraunhofer e Fresnel.<<strong>br</strong> />

Qualitativamente falando, a difração de Fraunhofer ocorre quando as<<strong>br</strong> />

ondas incidente e difratada são planas. Este é o caso quando as distâncias<<strong>br</strong> />

r e r<<strong>br</strong> />

1 2 são tão grandes que a curvatura da frente de onda pode ser<<strong>br</strong> />

desprezada, como mostra a Fig. 8.8(a). Por outro lado, se a fonte e o ponto<<strong>br</strong> />

de observação estão suficientemente próximos da abertura temos então<<strong>br</strong> />

difração de Fresnel (Fig. 8.8(b)), onde a curvatura da frente de onda na<<strong>br</strong> />

abertura não pode ser desprezada.<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

∞<<strong>br</strong> />

(a) Fraunhofer (b) Fresnel<<strong>br</strong> />

Fig. 8.8 - Tipos de difração.<<strong>br</strong> />

O arranjo experimental para se observar difração de Fraunhofer<<strong>br</strong> />

está mostrado na Fig. 8.10. Em particular, vamos analisar o caso da<<strong>br</strong> />

difração pela fenda estreita mostrada na Fig. 8.10. O campo elétrico no<<strong>br</strong> />

ponto P será dado por:<<strong>br</strong> />

ikU 0 − iωt<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

ik(<<strong>br</strong> />

r1<<strong>br</strong> />

+ r2<<strong>br</strong> />

) }<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

P)<<strong>br</strong> />

= e<<strong>br</strong> />

[ cos 1 cos 2 dA<<strong>br</strong> />

4 ∫∫<<strong>br</strong> />

θ − θ ] (8.17)<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

A r r<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

P


170<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

onde r1 e r2 são respectivamente as distâncias de F e P ao elemento de área<<strong>br</strong> />

dA. Levando-se em conta que os pontos F e P estão infinitamente<<strong>br</strong> />

afastados, de forma que r 1 e r2<<strong>br</strong> />

não variam muito ao fazer-se a integração<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e A, podemos escrever:<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

−iωt<<strong>br</strong> />

ike U ⎡cos θ − cos θ ⎤<<strong>br</strong> />

4π<<strong>br</strong> />

⎣ r1r2<<strong>br</strong> />

1444424444<<strong>br</strong> />

4 3⎦<<strong>br</strong> />

0 1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

≈ ⎢<<strong>br</strong> />

⎥∫∫<<strong>br</strong> />

exp ik(<<strong>br</strong> />

r1<<strong>br</strong> />

+ r2<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

Lente<<strong>br</strong> />

colimadora<<strong>br</strong> />

{ }dA<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

Lente<<strong>br</strong> />

focalizadora<<strong>br</strong> />

Fig. 8.9 - Arranjo para observar difração de Fraunhofer.<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

L<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

(8.18)<<strong>br</strong> />

Plano<<strong>br</strong> />

focal<<strong>br</strong> />

x z<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

θ 2<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

r 1<<strong>br</strong> />

Fig. 8.10 - Fenda estreita (L >> b).<<strong>br</strong> />

b / 2<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

≈ CL exp{<<strong>br</strong> />

ik(<<strong>br</strong> />

r + r )<<strong>br</strong> />

∫ −b<<strong>br</strong> />

/ 2<<strong>br</strong> />

U } dy (8.19)<<strong>br</strong> />

pois dA = Ldy. Uma segunda aproximação a ser feita é considerar r1<<strong>br</strong> />

constante so<strong>br</strong>e A. Além disto, r2 = r0 + y senθ, logo:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

r r 0<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

P


Difração 171<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

b / 2<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

≈ CL exp{<<strong>br</strong> />

ikr } exp ik(<<strong>br</strong> />

r + ysenθ)<<strong>br</strong> />

1 ∫ −b<<strong>br</strong> />

/ 2<<strong>br</strong> />

b / 2<<strong>br</strong> />

{ ik(<<strong>br</strong> />

r + r ) } exp{<<strong>br</strong> />

= CLexp<<strong>br</strong> />

1 0<<strong>br</strong> />

14424443<<strong>br</strong> />

C′<<strong>br</strong> />

∫ −b<<strong>br</strong> />

/ 2<<strong>br</strong> />

{ }dy<<strong>br</strong> />

Esta última integral é fácil de ser calculada e nos leva a:<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

P)<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

= C′<<strong>br</strong> />

ik sen θ<<strong>br</strong> />

kb<<strong>br</strong> />

Fazendo β = senθ<<strong>br</strong> />

, temos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ikysenθ}<<strong>br</strong> />

dy (8.20)<<strong>br</strong> />

b / 2<<strong>br</strong> />

kb<<strong>br</strong> />

{ ikysen<<strong>br</strong> />

θ}<<strong>br</strong> />

sen(<<strong>br</strong> />

sen θ)<<strong>br</strong> />

−b<<strong>br</strong> />

/ 2<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

C′<<strong>br</strong> />

b ⇒ I(<<strong>br</strong> />

P)<<strong>br</strong> />

= C′<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

kb<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

sen θ<<strong>br</strong> />

(8.21)<<strong>br</strong> />

senβ<<strong>br</strong> />

sen 2 β<<strong>br</strong> />

= = I0<<strong>br</strong> />

(8.22)<<strong>br</strong> />

β<<strong>br</strong> />

β2<<strong>br</strong> />

O padrão de difração I(P) está mostrado na Fig. 8.11. O máximo<<strong>br</strong> />

central ocorre para β = 0 (θ = 0) enquanto que os mínimos localizam-se<<strong>br</strong> />

em β = ± n π, onde n é um inteiro. I(P) terá máximos relativos para β = ±<<strong>br</strong> />

l,43 π, ± 2,46π, etc. que são raízes de β = tgβ.<<strong>br</strong> />

-2π<<strong>br</strong> />

−-π<<strong>br</strong> />

I0<<strong>br</strong> />

I(β)<<strong>br</strong> />

π 2π<<strong>br</strong> />

Fig. 8.11 - Padrão de difração para uma fenda estreita.<<strong>br</strong> />

Consideremos apenas a franja central para deduzir uma expressão<<strong>br</strong> />

para o ângulo no qual a luz se espalha. Para este fim vamos considerar a<<strong>br</strong> />

Fig. 8.12. Como os primeiros mínimos ocorrem para β = ±π e θ = φ/2,<<strong>br</strong> />

temos:<<strong>br</strong> />

β


172<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

kb φ 2π<<strong>br</strong> />

φ<<strong>br</strong> />

π = sen = bsen<<strong>br</strong> />

(8.23a)<<strong>br</strong> />

2 2 2λ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

φ<<strong>br</strong> />

Fig. 8.12 - Ângulo de abertura da franja central.<<strong>br</strong> />

Fazendo a aproximação de pequenos ângulos (φ


Difração 173<<strong>br</strong> />

Fig. 8.13 - Ângulo de abertura da franja central.<<strong>br</strong> />

hφ<<strong>br</strong> />

2λ<<strong>br</strong> />

b ~ h ⇒ φ =<<strong>br</strong> />

2λ<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

(8.25)<<strong>br</strong> />

que reproduz a eq. (8.23b), demonstrando a analogia entre a óptica<<strong>br</strong> />

ondulatória e a mecânica quântica.<<strong>br</strong> />

No caso de uma fenda retangular, com os lados a e b da mesma<<strong>br</strong> />

ordem de grandeza, teremos:<<strong>br</strong> />

sen 2 α sen 2 β<<strong>br</strong> />

I(<<strong>br</strong> />

P)<<strong>br</strong> />

= I0<<strong>br</strong> />

(8.26)<<strong>br</strong> />

α 2 β2<<strong>br</strong> />

onde α =<<strong>br</strong> />

ka<<strong>br</strong> />

sen γ . Deixaremos a demonstração desta expressão como<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

exercício.<<strong>br</strong> />

8.5 Difração por uma abertura circular<<strong>br</strong> />

No caso de uma abertura circular, vamos usar a variável y para<<strong>br</strong> />

integração, similarmente ao que foi feito para a fenda estreita. Chamando<<strong>br</strong> />

de R o raio da abertura, o elemento de área será tomado como sendo uma<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

faixa de comprimento 2 R − y e largura dy, como mostra a Fig. 8.14.<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

R y<<strong>br</strong> />

r0<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

Fig. 8.14 - Ilustração da geometria envolvida na difração por uma abertura<<strong>br</strong> />

circular.<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

z


174<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

Consideremos, dentro da aproximação de Fraunhofer, que a onda<<strong>br</strong> />

incidente na abertura circular seja plana. A amplitude da onda no ponto P<<strong>br</strong> />

é dada, de acordo com a eq. (8.17), por:<<strong>br</strong> />

R<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

≈ Cexp{<<strong>br</strong> />

ikr } exp{<<strong>br</strong> />

ikysenθ}<<strong>br</strong> />

0 ∫−R 2 2<<strong>br</strong> />

U 2 R − y dy (8.27)<<strong>br</strong> />

onde foi utilizado r2 = r 0 + y senθ e dA= 2 R y dy . Introduzindo as<<strong>br</strong> />

grandezas u = y/R e ρ = kRsenθ, a integral acima se torna:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio -10 -5 <strong>Óptica</strong> 0 <strong>Moderna</strong> 5 – <strong>Fundamentos</strong> 10 e Aplicações<<strong>br</strong> />

2 −<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2 ( P)<<strong>br</strong> />

≈ 2CR exp{<<strong>br</strong> />

ikr } exp{<<strong>br</strong> />

iρu}<<strong>br</strong> />

∫ +<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

U 1−<<strong>br</strong> />

u du (8.28)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Esta é uma integral padrão (tabelada), cujo valor é π J1(ρ)/ρ , onde<<strong>br</strong> />

J1(ρ) é uma função especial chamada de função de Bessel de primeira<<strong>br</strong> />

ordem. Desta forma, a intensidade do feixe difratado se torna:<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2 2J1(<<strong>br</strong> />

ρ)<<strong>br</strong> />

2J1(<<strong>br</strong> />

ρ)<<strong>br</strong> />

= ( CπR<<strong>br</strong> />

) = I0<<strong>br</strong> />

(8.29)<<strong>br</strong> />

uma vez que J1(ρ)/ρ → 1/2 quando ρ → 0. A dependência de I em R 4<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

indica uma rápida redução (ou aumento) na intensidade de luz com a<<strong>br</strong> />

diminuição (ou aumento) do raio da abertura circular. Outro ponto<<strong>br</strong> />

importante a ser considerado é quanto aos zeros da função J1(ρ). Eles<<strong>br</strong> />

determinam os pontos de intensidade nula, os quais estão localizados em<<strong>br</strong> />

círculos concêntricos em torno do ponto θ = 0. As raízes da função J1(ρ)<<strong>br</strong> />

ocorrem para os valores de ρ iguais a 3.83, 7.02, 10.17, etc., como mostra<<strong>br</strong> />

a Fig. 8.15. Com eles são obtidos os ângulos θ que correspondem à<<strong>br</strong> />

intensidade nula. Tais ângulos serão: θ1 = 3,83/kR = 0,61λ/R, θ2 =<<strong>br</strong> />

7,02/kR = 1,12λ/R, θ = 10,17/kR = 1.62λ/R.<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

I(P)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ρ<<strong>br</strong> />

ρ


Difração 175<<strong>br</strong> />

Fig. 8.15 - Padrão de difração para uma abertura circular.<<strong>br</strong> />

8.6 Rede de difração<<strong>br</strong> />

Vamos utilizar uma análise similar à anteriormente realizada para<<strong>br</strong> />

a fenda estreita na aproximação de Fraunhofer para entendermos o<<strong>br</strong> />

funcionamento da rede de difração mostrada na Fig. 8.16. Começaremos<<strong>br</strong> />

com a expressão dada pela eq. (8.20) e somaremos para as várias fendas<<strong>br</strong> />

paralelas. Assim temos:<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

Fig. 8.16 - Rede de difração.<<strong>br</strong> />

{ ikysenθ}<<strong>br</strong> />

dy = C exp{<<strong>br</strong> />

ikysenθ}<<strong>br</strong> />

dy +<<strong>br</strong> />

≈ ∫ ∫ b<<strong>br</strong> />

C exp<<strong>br</strong> />

2h+<<strong>br</strong> />

{ ikysenθ}<<strong>br</strong> />

dy + C exp{<<strong>br</strong> />

ikysenθ}<<strong>br</strong> />

dy + L<<strong>br</strong> />

h+<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

+ C ∫ exp ∫<<strong>br</strong> />

(8.30)<<strong>br</strong> />

h<<strong>br</strong> />

onde o número de integrais do lado direito é igual ao número de fendas<<strong>br</strong> />

paralelas, que tomaremos como N+1 ≈ N, para N >> 1. Esta expressão<<strong>br</strong> />

pode ser escrita da forma:<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

∑∫<<strong>br</strong> />

j=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2h<<strong>br</strong> />

jh+<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

{ ikysenθ}<<strong>br</strong> />

U = C exp dy (8.31)<<strong>br</strong> />

para N+1 fendas. Assim, realizando a integração temos:<<strong>br</strong> />

jh<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

x


176<<strong>br</strong> />

U = C<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

j=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

exp<<strong>br</strong> />

{ ik(<<strong>br</strong> />

jh + b)<<strong>br</strong> />

senθ}<<strong>br</strong> />

− exp{<<strong>br</strong> />

ik(<<strong>br</strong> />

jh)<<strong>br</strong> />

senθ}<<strong>br</strong> />

iksenθ<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

ikbsenθ}<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i k jh<<strong>br</strong> />

senθ}<<strong>br</strong> />

iksenθ<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

0,0 0,5 Linha de<<strong>br</strong> />

1,0 1,5 2,0 Linha de 2,5 3,0<<strong>br</strong> />

ordem zero ordem um<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

j=<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Desta expressão é possível mostrar, embora não o façamos aqui, que<<strong>br</strong> />

1,0I0<<strong>br</strong> />

0,8<<strong>br</strong> />

0,6<<strong>br</strong> />

0,4<<strong>br</strong> />

0,2<<strong>br</strong> />

0,0<<strong>br</strong> />

I(θ)<<strong>br</strong> />

FD<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

(8.32)<<strong>br</strong> />

⎛ senβ ⎞⎛<<strong>br</strong> />

senNγ ⎞<<strong>br</strong> />

U = 2bCNexp { i[β + (N −1)γ<<strong>br</strong> />

} ⎜ ⎟⎜<<strong>br</strong> />

⎟ (8.33)<<strong>br</strong> />

⎝ β ⎠⎝<<strong>br</strong> />

Nsenγ ⎠<<strong>br</strong> />

kbsen θ kh sen θ<<strong>br</strong> />

onde β = e γ = . Logo,<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ sen β ⎞<<strong>br</strong> />

FD = ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ β ⎠<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 ⎛ sen β ⎞ ⎛ sen Nγ<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

I U(<<strong>br</strong> />

P)<<strong>br</strong> />

⇒ I = I 0 ⎜ ⎟ ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

β ⎝ N sen γ ⎠<<strong>br</strong> />

α (8.34)<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

FD FI<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ sen Nγ<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

FI = ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ N sen γ ⎠<<strong>br</strong> />

com sendo o fator de difração e o fator<<strong>br</strong> />

de interferência. A Fig. 8.17 mostra o padrão de difração e interferência<<strong>br</strong> />

para a rede considerada. Vemos que FD = 0 para β = ± nπ (n = inteiro<<strong>br</strong> />

diferente de zero) e FD é máximo para β = 0, ± 1,43π, etc. Por outro lado,<<strong>br</strong> />

FI = 0 quando sen Nγ = 0, ou seja, quando γ = mπ/N, e máximo para sen γ<<strong>br</strong> />

= 0, o que implica em γ = mπ e consequentemente, sen θ = mλ/h.


Difração 177<<strong>br</strong> />

Fig. 8.17 - I(θ) para uma rede de difração.<<strong>br</strong> />

O poder de resolução da rede de difração é definido como PR =<<strong>br</strong> />

λ/Δλ, onde Δλ é a separação entre duas linhas espectrais, que pode ser<<strong>br</strong> />

obtida usando-se o critério de Rayleigh, mostrado na Fig. 8.18. Este<<strong>br</strong> />

critério estabelece que duas linhas estarão resolvidas quando o máximo de<<strong>br</strong> />

uma coincide com o zero da outra. A dispersão angular de uma rede é<<strong>br</strong> />

dada por DA = dθ/dλ, mas como senθ = mλ/h (condição de máximo de FI),<<strong>br</strong> />

temos que cosθ dθ = m dλ/h e, portanto, DA = dθ/dλ = m/(h cosθ). Por<<strong>br</strong> />

outro lado, γ = ( kh / 2)<<strong>br</strong> />

sen θ e assim Δγ = ( πh<<strong>br</strong> />

/ λ)<<strong>br</strong> />

cosθ<<strong>br</strong> />

dθ<<strong>br</strong> />

. Do critério de<<strong>br</strong> />

Rayleigh temos que Δγ = π/<<strong>br</strong> />

N ⇒ Δθ<<strong>br</strong> />

= λ / ( Nhcosθ)<<strong>br</strong> />

. Como DA =<<strong>br</strong> />

Δθ /Δλ = m/h cosθ, obtemos Δλ = ( Δθ<<strong>br</strong> />

h / m)<<strong>br</strong> />

cos θ = λ/mN e portanto o<<strong>br</strong> />

poder de resolução da rede é:<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

PR = = mN<<strong>br</strong> />

(8.35)<<strong>br</strong> />

Δλ<<strong>br</strong> />

1+2<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

λ λ+Δλ<<strong>br</strong> />

Fig. 8.18 - Critério de Rayleigh.<<strong>br</strong> />

8.7 Padrões de difração de Fresnel<<strong>br</strong> />

Vamos agora analisar o caso de difração de Fresnel e para isto<<strong>br</strong> />

vamos considerar a Fig. 8.19, na qual as coordenadas da fonte e do<<strong>br</strong> />

observador são dadas respectivamente por: F:(0,0,-h1) e P:(0,0,h2). Note<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


178<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

que estamos tratando do caso em que tanto a fonte como o observador<<strong>br</strong> />

encontram-se so<strong>br</strong>e o eixo óptico. Partindo da eq. (8.14) temos:<<strong>br</strong> />

−iωt<<strong>br</strong> />

ikU 0e<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

ik(<<strong>br</strong> />

r1<<strong>br</strong> />

+ r2<<strong>br</strong> />

) }<<strong>br</strong> />

U( P)<<strong>br</strong> />

= [ cos θ1<<strong>br</strong> />

− cos θ 2 dA<<strong>br</strong> />

4π<<strong>br</strong> />

∫∫<<strong>br</strong> />

] (8.36)<<strong>br</strong> />

S1<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

r 1<<strong>br</strong> />

h1<<strong>br</strong> />

nˆ<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

R r<<strong>br</strong> />

h2<<strong>br</strong> />

dA<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

Fig. 8.19 - Geometria para a difração de Fresnel.<<strong>br</strong> />

Antes de tratarmos a solução desta integral, vamos fazer uma<<strong>br</strong> />

análise qualitativa do que devemos esperar da difração de Fresnel. Vamos<<strong>br</strong> />

considerar inicialmente uma área com simetria azimutal, como por<<strong>br</strong> />

exemplo, uma abertura circular, e dividi-la em regiões delimitadas por<<strong>br</strong> />

círculos de raios constantes tal que r 1 + r2<<strong>br</strong> />

difiram de λ/2 entre dois círculos<<strong>br</strong> />

consecutivos. Estas regiões são denominadas de zonas de Fresnel e<<strong>br</strong> />

possuem a propriedade que a fase ik(r1 + r2) muda de sinal ao se passar de<<strong>br</strong> />

uma zona para outra. Fazendo as aproximações r 1 =<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

h1<<strong>br</strong> />

+ R =<<strong>br</strong> />

h 1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎡ 2<<strong>br</strong> />

R 2 1 R ⎤ 1 R<<strong>br</strong> />

1 R<<strong>br</strong> />

1 + ≈ h1<<strong>br</strong> />

⎢1<<strong>br</strong> />

+ ⎥ = h 1 + e r 2 ≈ h 2 + temos<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

h ⎣ 2 h1<<strong>br</strong> />

⎦ 2 h1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

h 2<<strong>br</strong> />

R 2 ⎡ 1<<strong>br</strong> />

r 1 + r2<<strong>br</strong> />

≈ h1 + h 2 + ⎢<<strong>br</strong> />

2 ⎣h<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 ⎤<<strong>br</strong> />

R 2 1 ⎡ 1<<strong>br</strong> />

+ ⎥ = h1<<strong>br</strong> />

+ h 2 + , onde = ⎢<<strong>br</strong> />

h 2 ⎦<<strong>br</strong> />

2L<<strong>br</strong> />

L ⎣h<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1 ⎤<<strong>br</strong> />

+ ⎥ .<<strong>br</strong> />

h 2 ⎦<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

z


Difração 179<<strong>br</strong> />

Desta expressão vemos que os raios das zonas de Fresnel são dados por R1<<strong>br</strong> />

= λL<<strong>br</strong> />

, R 2 = 2λ L ,....., Rn<<strong>br</strong> />

= nλL.<<strong>br</strong> />

Assim, se a n-ésima zona for<<strong>br</strong> />

definida pelo raio interno R n e pelo raio externo Rn+1,<<strong>br</strong> />

sua área será<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

π R n+<<strong>br</strong> />

1 − πR<<strong>br</strong> />

n = πR<<strong>br</strong> />

1 , sendo portanto independente de n. Desta forma, as<<strong>br</strong> />

áreas das zonas de Fresnel são todas iguais. Como a fase muda de sinal ao<<strong>br</strong> />

se passar de uma zona para a próxima, pois:<<strong>br</strong> />

Podemos escrever:<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

= k = π<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

k( r1<<strong>br</strong> />

+ r2<<strong>br</strong> />

) n+<<strong>br</strong> />

1 − k(<<strong>br</strong> />

r1<<strong>br</strong> />

+ r2<<strong>br</strong> />

) n<<strong>br</strong> />

(8.37)<<strong>br</strong> />

U 1 2 3 4<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

= U − U + U − U + .... (8.38)<<strong>br</strong> />

onde Un é a contribuição da n-ésima zona ao campo difratado. Como as<<strong>br</strong> />

áreas das zonas de Fresnel são iguais, os módulos das contribuições de<<strong>br</strong> />

cada uma será aproximadamente igual. Desta forma, se abertura circular<<strong>br</strong> />

contiver um número inteiro de zonas e se este número for par, o campo<<strong>br</strong> />

difratado será aproximadamente nulo e haverá uma mancha escura no<<strong>br</strong> />

centro do padrão de difração. Por outro lado, se o número de zonas de<<strong>br</strong> />

Fresnel for ímpar, o campo difratado terá apenas a contribuição de U 1 .<<strong>br</strong> />

Na prática, o valor de Un decresce lentamente com n devido ao fator de<<strong>br</strong> />

obliqüidade e à dependência radial dada pelo produto r1 r2<<strong>br</strong> />

que aparece no<<strong>br</strong> />

denominador. Isto faz com que o campo difratado no ponto P seja metade<<strong>br</strong> />

da contribuição da primeira zona sozinha no caso de uma abertura circular<<strong>br</strong> />

infinitamente grande (n →∞).<<strong>br</strong> />

Para verificarmos este fato podemos reescrever<<strong>br</strong> />

a eq. (8.38) como:<<strong>br</strong> />

U( P)<<strong>br</strong> />

= ½ U1<<strong>br</strong> />

+ ( ½ U1<<strong>br</strong> />

− U 2 + ½ U 3 ) + ( ½ U 3 − U 4 + ½ U 5 ) + ....<<strong>br</strong> />

(8.39)<<strong>br</strong> />

Os termos entre parênteses são aproximadamente nulos uma vez<<strong>br</strong> />

que o valor de U n é igual á média aritmética dos dois U’s adjacentes.<<strong>br</strong> />

Desta forma, o campo difratado no ponto P é aproximadamente igual a ½<<strong>br</strong> />

U quando não existir abertura (n →∞).<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


180<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

Se ao invés de uma abertura circular tivéssemos considerado um<<strong>br</strong> />

disco centrado no eixo óptico, a construção das zonas de Fresnel<<strong>br</strong> />

começariam na borda do disco. De acordo com a eq. (8.39), o feixe<<strong>br</strong> />

difratado em P será a metade da contribuição da primeira zona não<<strong>br</strong> />

obstruída e assim veríamos uma mancha <strong>br</strong>ilhante (spot de Poisson) so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

o eixo óptico, como se o disco não existisse. Esta é uma situação que vai<<strong>br</strong> />

contra as conclusões que intuitivamente se tira da óptica geométrica.<<strong>br</strong> />

Pela análise qualitativa feita até agora, podemos ver da eq. (8.38)<<strong>br</strong> />

que as zonas de Fresnel ímpares dão uma contribuição positiva para a<<strong>br</strong> />

difração, enquanto que as zonas pares contribuem negativamente. Assim,<<strong>br</strong> />

poderíamos pensar em construir uma abertura, como a mostrada na Fig.<<strong>br</strong> />

8.20, que eliminaria as contribuições das zonas pares, resultando em:<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

= U + U + U + ....<<strong>br</strong> />

(8.40)<<strong>br</strong> />

U 1 3 5<<strong>br</strong> />

Este tipo de abertura produz uma intensidade do feixe difratado em<<strong>br</strong> />

P muito maior do que se não existisse a abertura e sob este aspecto<<strong>br</strong> />

funciona como se fosse uma lente (lente de Fresnel), com distância focal<<strong>br</strong> />

efetiva dada por L = R1 2 /λ. Este tipo de lente é usado em retro-projetores e<<strong>br</strong> />

possui o inconveniente de ser fortemente cromática devido à dependência<<strong>br</strong> />

de L com o inverso de λ.<<strong>br</strong> />

Fig. 8.20 – Placa com zonas de Fresnel.<<strong>br</strong> />

Após esta discussão qualitativa so<strong>br</strong>e a difração de Fresnel por<<strong>br</strong> />

aberturas e obstáculos com simetria azimutal, voltemos à eq. (8.36) para<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Difração 181<<strong>br</strong> />

aplicá-la ao caso de aberturas retangulares. Tomando r1r 2 ≈ h1<<strong>br</strong> />

h2 e supondo<<strong>br</strong> />

que o fator de obliqüidade varia pouco, podemos escrever:<<strong>br</strong> />

−iωt<<strong>br</strong> />

ikU e<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ik(<<strong>br</strong> />

h1<<strong>br</strong> />

h 2 ) ⎪⎧<<strong>br</strong> />

kR ⎪⎫<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

P)<<strong>br</strong> />

= [ cos θ1<<strong>br</strong> />

− cos θ 2 ] e exp i dA<<strong>br</strong> />

4 h h<<strong>br</strong> />

∫∫ ⎨ ⎬<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

S1<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

⎪⎩ 2L<<strong>br</strong> />

⎪⎭ 2 2 ( x y ) ⎫<<strong>br</strong> />

dxdy<<strong>br</strong> />

⎧ k +<<strong>br</strong> />

≈ C∫∫ exp⎨<<strong>br</strong> />

i ⎬<<strong>br</strong> />

(8.41)<<strong>br</strong> />

S1<<strong>br</strong> />

⎩ 2L<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

onde a constante defronte à integral foi denominada C. Fazendo as<<strong>br</strong> />

substituições u = x k/<<strong>br</strong> />

πL<<strong>br</strong> />

, v = y k/<<strong>br</strong> />

πL<<strong>br</strong> />

e dxdy = πL/<<strong>br</strong> />

k dudv<<strong>br</strong> />

obtemos finalmente:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

C πL<<strong>br</strong> />

u 2 ⎧ πu<<strong>br</strong> />

⎫ v2<<strong>br</strong> />

⎧ πv<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

P)<<strong>br</strong> />

= exp i du exp i dv<<strong>br</strong> />

k ∫ ⎨ ⎬<<strong>br</strong> />

u1<<strong>br</strong> />

2 ∫ ⎨ ⎬ (8.42)<<strong>br</strong> />

v1<<strong>br</strong> />

⎩ ⎭ ⎩ 2 ⎭<<strong>br</strong> />

Façamos agora um <strong>br</strong>eve parêntese para discutir as integrais<<strong>br</strong> />

acima, chamadas de integrais de Fresnel:<<strong>br</strong> />

∫ ω<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎧iπω′ exp⎨<<strong>br</strong> />

⎩ 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

⎬ dω′<<strong>br</strong> />

= C<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

( ω)<<strong>br</strong> />

+ iS(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

(8.43)<<strong>br</strong> />

onde C( ω ) e S( ω<<strong>br</strong> />

) são dadas graficamente pela espiral de Cornu<<strong>br</strong> />

mostrada na Fig. 8.21. Alguns casos limites desta integral são: C(∞) =<<strong>br</strong> />

S(∞) = ½, C(-∞) = S(-∞) = -½ e C(0) = S(0) = 0.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


182<<strong>br</strong> />

Logo,<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

-0.5<<strong>br</strong> />

ω2<<strong>br</strong> />

ω2 ω2 ω1<<strong>br</strong> />

∫ = + = −<<strong>br</strong> />

ω ∫ ∫ 1 ω1<<strong>br</strong> />

0 ∫0 ∫0<<strong>br</strong> />

0.5<<strong>br</strong> />

S(ω)<<strong>br</strong> />

0.5<<strong>br</strong> />

0.5<<strong>br</strong> />

C(ω)<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

-0.5<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

Fig. 8.21 - Espiral de Cornu.<<strong>br</strong> />

= C<<strong>br</strong> />

No caso da eq. (8.42) que estamos estudando,<<strong>br</strong> />

( ω2<<strong>br</strong> />

) − C(<<strong>br</strong> />

ω1<<strong>br</strong> />

) + iS(<<strong>br</strong> />

ω2<<strong>br</strong> />

) − iS(<<strong>br</strong> />

ω1<<strong>br</strong> />

CπL<<strong>br</strong> />

U( P)<<strong>br</strong> />

= { [ C(<<strong>br</strong> />

u 2 ) − C(<<strong>br</strong> />

u1<<strong>br</strong> />

) ] + i[<<strong>br</strong> />

S(<<strong>br</strong> />

u 2 ) −S(<<strong>br</strong> />

u1<<strong>br</strong> />

) ] }<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

x{ [ C(<<strong>br</strong> />

v ) C(<<strong>br</strong> />

v ) ] + i[<<strong>br</strong> />

S(<<strong>br</strong> />

v ) − S(<<strong>br</strong> />

v ) ] }<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

) (8.44)<<strong>br</strong> />

− (8.45)<<strong>br</strong> />

Para uma abertura infinita, isto é, sem nenhum obstáculo para<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

difração, u1<<strong>br</strong> />

= v 1 = -∞ e u2<<strong>br</strong> />

= v 2 = ∞ e, portanto, U 0 = (CπL/k)(1 + i) .<<strong>br</strong> />

Assim, a expressão para a difração por uma abertura retangular pode ser<<strong>br</strong> />

re-escrita como:<<strong>br</strong> />

U 0<<strong>br</strong> />

U( P)<<strong>br</strong> />

= { [ C(<<strong>br</strong> />

u 2 ) − C(<<strong>br</strong> />

u1<<strong>br</strong> />

) ] + i[<<strong>br</strong> />

S(<<strong>br</strong> />

u 2 ) − S(<<strong>br</strong> />

u1<<strong>br</strong> />

) ] }<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

{ [ C(<<strong>br</strong> />

v ) C(<<strong>br</strong> />

v ) ] + i[<<strong>br</strong> />

S(<<strong>br</strong> />

v ) S(<<strong>br</strong> />

v ) ] }<<strong>br</strong> />

x − −<<strong>br</strong> />

(8.46)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1


Difração 183<<strong>br</strong> />

Esta expressão pode ser usada para o cálculo da difração por uma<<strong>br</strong> />

fenda estreita, considerada como um caso limite da abertura retangular,<<strong>br</strong> />

onde u1 = -∞ e u2 = ∞. Desta forma temos:<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

U = − ] (8.47)<<strong>br</strong> />

( P)<<strong>br</strong> />

0 { [ C(<<strong>br</strong> />

v2<<strong>br</strong> />

) − C(<<strong>br</strong> />

v1)<<strong>br</strong> />

] + i[<<strong>br</strong> />

S(<<strong>br</strong> />

v2<<strong>br</strong> />

) S(<<strong>br</strong> />

v1)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

( 1+<<strong>br</strong> />

i)<<strong>br</strong> />

e finalmente, a difração por uma borda reta (como uma lâmina de barbear)<<strong>br</strong> />

constitui-se no caso limite da eq. (8.47) quando v = -∞, tal que:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

( ) [ ( ) ( ) ] ( ) ⎬<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

⎭ ⎫<<strong>br</strong> />

U0<<strong>br</strong> />

⎧<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

U P = ⎨ C v2<<strong>br</strong> />

+ iS v2<<strong>br</strong> />

+ 1+<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

i ⎩<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(8.48)<<strong>br</strong> />

ficando apenas como função da variável v2, que dá a posição da borda<<strong>br</strong> />

refratora. Se a borda estiver so<strong>br</strong>e o eixo z (v2 = 0), a eq. (8.48) nos<<strong>br</strong> />

fornece U(P) = ½ U0, isto é, a amplitude do campo difratado é a metade da<<strong>br</strong> />

do caso em que não existe abertura nenhuma e, consequentemente, a<<strong>br</strong> />

intensidade é ¼ da que se observa no espaço livre. A Fig. 8.22 mostra a<<strong>br</strong> />

intensidade da luz difratada no ponto P como função da posição da borda.<<strong>br</strong> />

As oscilações vistas no gráfico correspondem às rotações em torno do<<strong>br</strong> />

ponto ½ da espiral de Cornu.<<strong>br</strong> />

região de som<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

I/I0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0,5<<strong>br</strong> />

Fig. 8.22 – Intensidade do sinal difratado por uma borda reta como função de<<strong>br</strong> />

sua posição.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

v2


184<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

8.8 <strong>Óptica</strong> de Fourier<<strong>br</strong> />

Vamos considerar novamente o caso da difração de Fraunhofer,<<strong>br</strong> />

porém supondo que a abertura, além de possuir uma forma arbitrária,<<strong>br</strong> />

também pode alterar a fase da onda incidente. Vamos supor que a abertura<<strong>br</strong> />

esteja colocada num plano xy, defronte a uma lente de distância focal f,<<strong>br</strong> />

como mostra a Fig. 8.23. Queremos analisar o padrão de difração que<<strong>br</strong> />

ocorre no plano focal, que denominaremos de XY. De acordo com o que<<strong>br</strong> />

vimos no Cap. 3, podemos usar o cálculo matricial para ver que na<<strong>br</strong> />

aproximação paraxial, todos os raios que saem da abertura com o mesmo<<strong>br</strong> />

ângulo, portanto paralelos entre si, serão focalizados no mesmo ponto P<<strong>br</strong> />

do plano XY, com coordenadas dadas por X ≈ f cosα e Y ≈ f cosβ, sendo α<<strong>br</strong> />

e β os ângulos que o raio faz com os eixos x e y, respectivamente.<<strong>br</strong> />

Tomando o plano meridional contendo o eixo óptico z e um raio particular<<strong>br</strong> />

partindo de Q, vemos que a diferença de caminho entre este raio e outro<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

paralelo saindo da origem O é dada por δ r = R.<<strong>br</strong> />

nˆ , como mostrado na Fig.<<strong>br</strong> />

8.24, onde j ˆ<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

R = xî<<strong>br</strong> />

+ y é o vetor posição do ponto Q da abertura e<<strong>br</strong> />

k é um versor na direção de propagação do<<strong>br</strong> />

ˆ<<strong>br</strong> />

nˆ = cosα<<strong>br</strong> />

î + cosβ<<strong>br</strong> />

jˆ + cos γ<<strong>br</strong> />

raio. Assim temos:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

X<<strong>br</strong> />

δr<<strong>br</strong> />

= R.<<strong>br</strong> />

nˆ = x cosα<<strong>br</strong> />

+ ycosβ<<strong>br</strong> />

= x +<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

abertura<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

Q<<strong>br</strong> />

R r<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

lente<<strong>br</strong> />

Y<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

plano focal<<strong>br</strong> />

(8.49)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

Y<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

X


Difração 185<<strong>br</strong> />

Fig. 8.23 – Geometria para o cálculo do padrão de difração no plano focal.<<strong>br</strong> />

Q<<strong>br</strong> />

R r<<strong>br</strong> />

nˆ<<strong>br</strong> />

O δr<<strong>br</strong> />

Fig. 8.24 – Geometria para o cálculo do padrão de difração no plano focal.<<strong>br</strong> />

De acordo com a fórmula de Fresnel-Kirchhoff, simplificada para<<strong>br</strong> />

grandes distâncias, o campo difratado no plano XY é dado por:<<strong>br</strong> />

ikδr<<strong>br</strong> />

( X,<<strong>br</strong> />

Y)<<strong>br</strong> />

= C∫∫<<strong>br</strong> />

g(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

e dA = C∫∫<<strong>br</strong> />

ik(<<strong>br</strong> />

xX+<<strong>br</strong> />

yY)<<strong>br</strong> />

/ f<<strong>br</strong> />

U g(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

e dA (8.50)<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

onde g(x,y) é a amplitude do campo na abertura. Esta função pode ser<<strong>br</strong> />

complexa se houver variações de fase para diferentes pontos da abertura.<<strong>br</strong> />

A eq. (8.50) pode ser simplificada pela introdução das “freqüências<<strong>br</strong> />

espaciais” μ = kX/f e ν = kY/f, resultando em:<<strong>br</strong> />

( μ,<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

= C∫∫<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

μx+<<strong>br</strong> />

νy)<<strong>br</strong> />

U g(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

e dA (8.51)<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

Vemos então que o padrão de difração no plano focal é a<<strong>br</strong> />

transformada de Fourier da função abertura g(x,y) e formalmente, a<<strong>br</strong> />

análise que se faz é a mesma que a empregada na seção 6.2c). Tomemos<<strong>br</strong> />

como exemplo uma fenda estreita de largura b paralela ao eixo x. O<<strong>br</strong> />

padrão de difração observado no plano focal será:<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

U ν = C∫−<<strong>br</strong> />

b / 2<<strong>br</strong> />

b / 2<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

iνy<<strong>br</strong> />

dy = Cb<<strong>br</strong> />

sen(<<strong>br</strong> />

νb/<<strong>br</strong> />

2)<<strong>br</strong> />

νb/<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(8.52)<<strong>br</strong> />

que é a mesma função apresentada na Fig. 6.8. Vemos que ela possui<<strong>br</strong> />

picos laterais que podem ser minimizados pelo processo de apodização,<<strong>br</strong> />

que neste caso teria que ser feito pela inserção de alguns tipos de objeto,<<strong>br</strong> />

como um slide, no plano de abertura. Isto é diferente do que é feito na<<strong>br</strong> />

espectroscopia por transformada de Fourier, onde se realiza a<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


186<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

transformada de Fourier matematicamente, sendo a função de apodização<<strong>br</strong> />

multiplicada pelo interferograma.<<strong>br</strong> />

Um exemplo bastante interessante para se entender o conceito de<<strong>br</strong> />

freqüência espacial é o da rede de difração formada por fendas de largura<<strong>br</strong> />

b separadas por uma distância h. A função g(y) mostrada na Fig. 8.25(a)<<strong>br</strong> />

pode ser representada por uma série de Fourier do tipo:<<strong>br</strong> />

g(y) = g0<<strong>br</strong> />

+ g1 cos(ν0y) + g2<<strong>br</strong> />

cos(2ν0y) + g3<<strong>br</strong> />

cos(3ν0y) + .... (8.53)<<strong>br</strong> />

onde ν0 = 2π/h é a freqüência espacial fundamental. A transformada de<<strong>br</strong> />

Fourier desta função produz uma série de distribuições δ(ν - nν0) cuja<<strong>br</strong> />

amplitude é proporcional ao coeficiente gn, como mostra na Fig. 8.25(b).<<strong>br</strong> />

Na origem temos o termo constante go, os primeiros picos laterais em ±<<strong>br</strong> />

ν correspondem a g<<strong>br</strong> />

0 1 e assim por diante. Picos mais afastados da origem<<strong>br</strong> />

correspondem às componentes de Fourier de ordens mais altas. Isto<<strong>br</strong> />

permite a realização do processo de filtragem espacial da maneira que<<strong>br</strong> />

explicamos a seguir.<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

(c)<<strong>br</strong> />

g´(y´)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

g´(y´)<<strong>br</strong> />

(d)<<strong>br</strong> />

g(y)<<strong>br</strong> />

-2h -h 0 h 2h<<strong>br</strong> />

(b)<<strong>br</strong> />

U( ν)<<strong>br</strong> />

-3ν0 -2ν0 -ν0 0 ν0 2ν0 3ν0<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

y´<<strong>br</strong> />


Difração 187<<strong>br</strong> />

Fig. 8.25 – (a) Função abertura de uma rede periódica, (b) sua transformada de<<strong>br</strong> />

Fourier, (c) filtragem espacial das freqüências altas e (d) filtragem<<strong>br</strong> />

espacial das freqüências baixas.<<strong>br</strong> />

Na Fig. 8.23, se o feixe continuar se propagando, haverá a<<strong>br</strong> />

formação de uma imagem da abertura no plano da imagem, que<<strong>br</strong> />

chamaremos de plano x’y’. Matematicamente, isto corresponde à<<strong>br</strong> />

realização da transformada de Fourier inversa da função U(μ,ν). Se todas<<strong>br</strong> />

as freqüências espaciais no intervalo -∞ ≤ μ ≤ +∞ e -∞ ≤ ν ≤ +∞ forem<<strong>br</strong> />

igualmente transmitidas pelo sistema óptico, a imagem será fiel ao objeto,<<strong>br</strong> />

a menos de um fator de magnificação e algumas aberrações. Entretanto, se<<strong>br</strong> />

no plano focal μν (plano de Fourier) algumas freqüências espaciais forem<<strong>br</strong> />

removidas através de algum tipo de abertura, de forma a modificar a<<strong>br</strong> />

função U(μ,ν), a imagem formada será alterada de acordo com:<<strong>br</strong> />

∫∫<<strong>br</strong> />

( μ,<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

μ,<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

−i(<<strong>br</strong> />

μx´<<strong>br</strong> />

+ νy´)<<strong>br</strong> />

g ´( x´,<<strong>br</strong> />

y´)<<strong>br</strong> />

= C T<<strong>br</strong> />

e dμdν<<strong>br</strong> />

(8.54)<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

onde T(μ,ν) é chamada de função transferência, que será unitária no caso<<strong>br</strong> />

em que nenhum objeto é colocado no plano de Fourier. O processo de<<strong>br</strong> />

filtragem espacial consiste em se colocar obstáculos ou aberturas no plano<<strong>br</strong> />

de Fourier de forma a se modificar a função de transferência e alterar<<strong>br</strong> />

deliberadamente a imagem. Isto é equivalente a se alterar um sinal elétrico<<strong>br</strong> />

por meio de filtros passivos.<<strong>br</strong> />

Para se ter uma idéia do resultado da filtragem espacial, voltemos<<strong>br</strong> />

ao exemplo da rede de difração cuja função g(y) está mostrada na Fig.<<strong>br</strong> />

8.25(a). Se no espectro de Fourier da Fig. 8.25(b) eliminarmos<<strong>br</strong> />

componentes de Fourier com n > 3, ficamos com a função g’(y’) mostrada<<strong>br</strong> />

na Fig. 8.25(c), que corresponde a uma onda quadrada suavizada. Se por<<strong>br</strong> />

outro lado eliminarmos as freqüências mais baixas, com n < 3, a nova<<strong>br</strong> />

imagem formada terá as bordas realçadas, como mostra a Fig. 8.25(d).<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


188<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

8.9 Microscopia por contraste de fase<<strong>br</strong> />

Esta técnica, introduzida pelo físico holandês Zernicke, é utilizada<<strong>br</strong> />

para a observação de objetos microscópicos transparentes cujo índice de<<strong>br</strong> />

refração difere levemente daquele do meio transparente circundante. O<<strong>br</strong> />

tratamento deste problema é similar aquele feito na filtragem espacial,<<strong>br</strong> />

exceto que o objeto e o filtro espacial colocado no plano de Fourier<<strong>br</strong> />

modificam apenas a fase e não a intensidade do campo elétrico.<<strong>br</strong> />

Para se obter alguma intuição no tratamento do contraste de fase,<<strong>br</strong> />

vamos considerar uma grade de fase constituída de faixas transparentes<<strong>br</strong> />

alternadas de materiais com índices de refração alto e baixo. Neste caso, a<<strong>br</strong> />

função representando o objeto é g(y) = exp{iφ(y)}, onde o fator de fase<<strong>br</strong> />

φ(y) está mostrado na Fig. 8.26(a). A altura dos degraus é Δφ = kzΔn,<<strong>br</strong> />

sendo z a espessura de cada faixa e Δn a diferença de índices de refração<<strong>br</strong> />

dos dois materiais. Como Δφ é usualmente muito pequeno, podemos<<strong>br</strong> />

escrever g(y) ≈ 1 + iφ(y) e assim o padrão de difração no plano focal é<<strong>br</strong> />

dado por:<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

iνy<<strong>br</strong> />

iνy<<strong>br</strong> />

U ν = ∫[<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

iφ(<<strong>br</strong> />

y)]<<strong>br</strong> />

e dy = ∫ e dy + i ∫<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

= U ( ν)<<strong>br</strong> />

+ iU ( ν)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

φ(<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

(b)<<strong>br</strong> />

UB2B( ν)<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

iνy<<strong>br</strong> />

dy<<strong>br</strong> />

(8.55)<<strong>br</strong> />

U 1(ν) contém apenas contribuição de freqüências baixas (U1(ν)<<strong>br</strong> />

= δ(ν))<<strong>br</strong> />

enquanto que U2(ν) é a transformada de Fourier de uma rede periódica e<<strong>br</strong> />

portanto possui componentes de freqüência maiores, como mostra a Fig.<<strong>br</strong> />

8.26(b). Se o campo da eq. (8.55) se propagar até o plano da imagem,<<strong>br</strong> />

passando por uma ocular para produzir o aumento desejado, reco<strong>br</strong>aremos<<strong>br</strong> />

g(y), que não é possível de ser visualizado porque o objeto é transparente.<<strong>br</strong> />

(a) φ(y)<<strong>br</strong> />

Δφ<<strong>br</strong> />

-2h -h 0 h 2h<<strong>br</strong> />

-3νB0B -2νB0B -νB0B 0 νB0B<<strong>br</strong> />

UB1B( ν)<<strong>br</strong> />

2νB0B<<strong>br</strong> />

3νB0B<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

y


Difração 189<<strong>br</strong> />

Fig. 8.26 – (a) Função de fase de uma grade periódica e (b) transformada de<<strong>br</strong> />

Fourier.<<strong>br</strong> />

Devido ao fator i na eq. (8.55), as componentes U1(ν) e U2(ν) estão 90°<<strong>br</strong> />

fora de fase, o que leva a um g(y) onde apenas a fase é modulada. Para<<strong>br</strong> />

fazer com que a amplitude da imagem seja modulada, é necessário<<strong>br</strong> />

remover a diferença de fase entre as duas componentes. Isto pode ser feito<<strong>br</strong> />

colocando-se no plano de Fourier uma placa de fase que se constitui numa<<strong>br</strong> />

lâmina de vidro com uma pequena seção central com espessura λ/4 maior<<strong>br</strong> />

que o restante. Assim, a componente central U1(ν) ganha uma fase extra<<strong>br</strong> />

de π/2 de maneira a ficar em fase com U2(ν). Como resultado, a imagem<<strong>br</strong> />

será dada por:<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

−iνy´<<strong>br</strong> />

−iνy´<<strong>br</strong> />

( y´<<strong>br</strong> />

) U ( ν)<<strong>br</strong> />

e dy´<<strong>br</strong> />

+ U ( ν)<<strong>br</strong> />

e dy´<<strong>br</strong> />

= g ( y´)<<strong>br</strong> />

+ g ( y´)<<strong>br</strong> />

g´ = ∫ 1 ∫ 2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

(8.56)<<strong>br</strong> />

O primeiro termo corresponde a um fundo de iluminação<<strong>br</strong> />

constante enquanto que o segundo corresponde a uma rede regular com<<strong>br</strong> />

faixas alternadas transparentes e opacas. Isto faz com que a rede de fase se<<strong>br</strong> />

transforme numa rede de amplitude visível. Embora esta análise tenha<<strong>br</strong> />

sido realizada para o caso de uma rede periódica, ela também é válida para<<strong>br</strong> />

qualquer objeto transparente de forma arbitrária.<<strong>br</strong> />

8.10 Holografia<<strong>br</strong> />

A técnica de holografia, proposta por Gabor em 1947, permite a<<strong>br</strong> />

visão tridimensional da fotografia de um objeto devido à reconstrução da<<strong>br</strong> />

frente de onda baseada no processo de difração. É um método que,<<strong>br</strong> />

embora introduzido em 1947, tornou-se prático apenas após a invenção do<<strong>br</strong> />

laser, que é uma fonte de luz coerente. Durante o processo de gravação,<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


190<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

mostrado na Fig. 8.27(a), um feixe de luz monocromática colimado é<<strong>br</strong> />

dividido em dois, sendo que um deles ilumina o objeto, enquanto que o<<strong>br</strong> />

outro é utilizado como referência para a fase a ser gravada. A luz<<strong>br</strong> />

espalhada pelo objeto interfere com a de referência so<strong>br</strong>e uma chapa<<strong>br</strong> />

fotográfica localizada no plano xy. Como estamos considerando luz<<strong>br</strong> />

colimada (onda plana), onde o feixe de referência so<strong>br</strong>e a chapa será dado<<strong>br</strong> />

por:<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

μx+<<strong>br</strong> />

νy)<<strong>br</strong> />

U ( x,<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

= a e<<strong>br</strong> />

(8.57)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

onde ao é a amplitude da onda plana, e μ = k senα e ν = k senβ são as<<strong>br</strong> />

freqüências espaciais. Os ângulos α e β especificam a direção do feixe de<<strong>br</strong> />

referência ao atingir o plano xy. Da mesma forma, o feixe espalhado pelo<<strong>br</strong> />

objeto e atingindo o filme é:<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

holograma<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

iφ(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

= a(<<strong>br</strong> />

x,<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

(8.58)<<strong>br</strong> />

onde a(x,y) é um número real. O padrão de interferência gravado na chapa<<strong>br</strong> />

fotográfica pode ser escrito como:<<strong>br</strong> />

I(x, y) α<<strong>br</strong> />

aa<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

U + U0<<strong>br</strong> />

−i[<<strong>br</strong> />

φ (x, y) −μx−νy]<<strong>br</strong> />

0e<<strong>br</strong> />

feixe de laser<<strong>br</strong> />

= a<<strong>br</strong> />

= a<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+ a<<strong>br</strong> />

feixe de laser<<strong>br</strong> />

imagem virtual<<strong>br</strong> />

+ a<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

+ aa<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

i[ φ (x, y) −μx−νy]<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

+ 2aa cos[ φ(x,<<strong>br</strong> />

y) − μx − νy]<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

espelho<<strong>br</strong> />

objeto<<strong>br</strong> />

observador<<strong>br</strong> />

feixe direto<<strong>br</strong> />

imagem<<strong>br</strong> />

real<<strong>br</strong> />

(8.59)


Difração 191<<strong>br</strong> />

Fig. 8.27 – (a) Geometria usada para a produção de um holograma e (b) uso<<strong>br</strong> />

do holograma para a visualização das imagens real e virtual.<<strong>br</strong> />

Para a visualização do holograma, devemos iluminá-lo com um<<strong>br</strong> />

feixe colimado de luz laser, similar ao empregado no processo de<<strong>br</strong> />

gravação. A luz transmitida será proporcional ao campo incidente vezes a<<strong>br</strong> />

transmitância que foi gravada no ponto (x,y), que é proporcional a I(x,y),<<strong>br</strong> />

de acordo com:<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

( x,<<strong>br</strong> />

y)<<strong>br</strong> />

+ a a e<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= U I = a ( a + a ) e<<strong>br</strong> />

0 0<<strong>br</strong> />

−i[<<strong>br</strong> />

φ−2μx<<strong>br</strong> />

−2νy<<strong>br</strong> />

]<<strong>br</strong> />

= ( a<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0U<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

i[<<strong>br</strong> />

μx+<<strong>br</strong> />

νy]<<strong>br</strong> />

+ a ) U + a<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

+ a a e<<strong>br</strong> />

iφ<<strong>br</strong> />

+ U<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

−2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(8.60)<<strong>br</strong> />

O holograma funciona como uma rede de difração, produzindo<<strong>br</strong> />

um feixe direto e outros dois difratados em primeira ordem, em cada lado<<strong>br</strong> />

do holograma, conforme mostra a Fig. 8.26(b). O primeiro termo<<strong>br</strong> />

corresponde ao feixe direto. O segundo termo é um dos feixes difratados,<<strong>br</strong> />

e como é uma constante vezes U, representa luz refletida do objeto,<<strong>br</strong> />

formando, portanto, uma imagem virtual. O último termo corresponde a<<strong>br</strong> />

uma imagem real.<<strong>br</strong> />

Bibliografia


192<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

8.1. G.R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt, Rinehart and<<strong>br</strong> />

Winston, Inc., NY (1968).<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

8.1. Resolva o problema da difração de Fraunhofer para as seguintes<<strong>br</strong> />

configurações: a) fenda retangular de lados a e b; b) abertura circular<<strong>br</strong> />

de raio r e c) abertura em cruz com L >> b, conforme a Fig. 8.27.<<strong>br</strong> />

L/2<<strong>br</strong> />

Fig. 8.27 - Abertura em forma de cruz.<<strong>br</strong> />

8.2. Calcular a intensidade no ponto P como função de y, h 2 e λ (h1<<strong>br</strong> />

= ∞)<<strong>br</strong> />

para a Fig. 8.28. (Theorie de Champ, Laudau e L<strong>ifsc</strong>hitz - pg. 203)<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

P(0,0,h2)<<strong>br</strong> />

Fig. 8.28 – Borda iluminada por luz colimada.<<strong>br</strong> />

8.3. Usando a transformada de Fourier, calcule U(P) para o retângulo de<<strong>br</strong> />

lados a e b, isto é:<<strong>br</strong> />

z


Difração 193<<strong>br</strong> />

⎧0<<strong>br</strong> />

x ∉−<<strong>br</strong> />

f ( x)<<strong>br</strong> />

= ⎨<<strong>br</strong> />

⎩ 1 x ∈ - a<<strong>br</strong> />

a a [ 2, 2]<<strong>br</strong> />

a [ 2, 2]<<strong>br</strong> />

b b [ 2, 2]<<strong>br</strong> />

b [ 2, 2]<<strong>br</strong> />

⎧0<<strong>br</strong> />

y ∉−<<strong>br</strong> />

hy ( ) = ⎨<<strong>br</strong> />

⎩ 1 y ∈ - b<<strong>br</strong> />

8.4. Repetir o cálculo acima para a abertura circular.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

8.5. a) Considere o padrão de difração na aproximação de Fraunhofer<<strong>br</strong> />

devido as duas fendas desiguais, onde a e b são duas larguras e c a<<strong>br</strong> />

distância entre seus centros. Derive uma expressão para a intensidade<<strong>br</strong> />

da difração como função do ângulo θ, considerando que a luz<<strong>br</strong> />

incidente tem comprimento de onda λ.<<strong>br</strong> />

b) Use a fórmula de a) para obter expressões nos casos especiais (i) a<<strong>br</strong> />

= b e (ii) a = 0. Faça esboços destes padrões.<<strong>br</strong> />

8.6. Uma rede de difração é usada para resolver as linhas D do sódio<<strong>br</strong> />

(5890 Å e 5896 Å), na linha de ordem l. Quantas fendas são<<strong>br</strong> />

necessárias para tal?<<strong>br</strong> />

8.7. Considere uma abertura circular de raio R. Na difração de Fresnel, o<<strong>br</strong> />

campo elétrico so<strong>br</strong>e o eixo é dado por:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎪<<strong>br</strong> />

⎧ kρ<<strong>br</strong> />

⎪<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

1 ⎡ 1 1 ⎤<<strong>br</strong> />

U(<<strong>br</strong> />

P)<<strong>br</strong> />

= C∫∫<<strong>br</strong> />

exp⎨<<strong>br</strong> />

i ⎬ dA , onde =<<strong>br</strong> />

S ⎢ + ⎥ , e h1<<strong>br</strong> />

e h2 são<<strong>br</strong> />

1 2L<<strong>br</strong> />

L ⎣h<<strong>br</strong> />

1 h 2 ⎦<<strong>br</strong> />

⎪⎩<<strong>br</strong> />

⎪⎭<<strong>br</strong> />

as posições da fonte e do observador, respectivamente. Encontre uma<<strong>br</strong> />

expressão para o campo elétrico difratado e os valores de L para os<<strong>br</strong> />

quais ele é nulo.<<strong>br</strong> />

8.8. Uma fonte pontual monocromática, com λ = 0.5 μm, encontra-se a<<strong>br</strong> />

uma distância h = 40 cm de uma abertura circular de raio R = 1 mm.<<strong>br</strong> />

A que distância h’ se deve posicionar um observador para ver 10<<strong>br</strong> />

zonas de Fresnel contidas na abertura?<<strong>br</strong> />

8.9. Uma fenda estreita, de largura b, é colocada a uma dada distância de<<strong>br</strong> />

uma lente de foco f. Tratando o problema como unidimensional,<<strong>br</strong> />

encontre a distribuição de freqüência espacial, U(ν), no foco da lente<<strong>br</strong> />

quando luz monocromática ilumina a fenda.


194<<strong>br</strong> />

Difração<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interação luz-matéria: tratamento clássico 195<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria:<<strong>br</strong> />

tratamento clássico<<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

9.1 Modelo do oscilador harmônico<<strong>br</strong> />

Neste ponto queremos aprofundar nosso conhecimento so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

índice de refração e para isto vamos lançar mão de um modelo bastante<<strong>br</strong> />

tradicional em óptica, que utiliza um oscilador harmônico para representar<<strong>br</strong> />

o átomo. Este é um modelo puramente clássico uma vez que tanto a<<strong>br</strong> />

posição do elétron assim como o campo eletromagnético são tratados<<strong>br</strong> />

como variáveis clássicas. Já no modelo semi-clássico, o átomo é<<strong>br</strong> />

considerado como um sistema quântico, apresentando níveis discretos de<<strong>br</strong> />

energia, mas o campo elétrico continua sendo tratado como uma variável<<strong>br</strong> />

clássica. No modelo completamente quântico, quantiza-se o campo<<strong>br</strong> />

elétrico, que assim como o átomo, é tratado como variável quântica.<<strong>br</strong> />

Consideremos um meio dielétrico isotrópico, onde é sabido que os<<strong>br</strong> />

elétrons estão permanentemente ligados aos núcleos. Supomos que cada<<strong>br</strong> />

elétron, de carga -e desloca-se uma distância x da posição de equilí<strong>br</strong>io.<<strong>br</strong> />

Neste caso, haverá um dipolo elétrico induzido no átomo, que é dado por<<strong>br</strong> />

p = -ex. Se houver N átomos por unidade de volume e todos tiverem o<<strong>br</strong> />

mesmo deslocamento na direção x, a polarização do meio será a soma da<<strong>br</strong> />

contribuição de todos os dipolos, de acordo com:<<strong>br</strong> />

P = -Nex (9.1)<<strong>br</strong> />

Para encontrarmos o deslocamento x, vamos considerar o modelo<<strong>br</strong> />

em que o elétron de massa m está ligado harmonicamente ao núcleo de<<strong>br</strong> />

massa M através de uma mola de constante elástica K, como mostra a Fig.<<strong>br</strong> />

9.1. Neste desenho, o átomo já possui um momento de dipolo estático<<strong>br</strong> />

permanente, mas isto não influi na análise que realizaremos para o cálculo<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


196<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento clássico<<strong>br</strong> />

do dipolo induzido pela onda eletromagnética. Para eliminarmos o dipolo<<strong>br</strong> />

permanente bastaria tomarmos o elétron distribuído so<strong>br</strong>e uma casca<<strong>br</strong> />

esférica concêntrica com o núcleo (shell model). Quando este oscilador é<<strong>br</strong> />

submetido a um campo eletromagnético, o campo elétrico age apenas<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o elétron, resultando num movimento oscilatório forçado. Como M<<strong>br</strong> />

>> m, o deslocamento do núcleo devido a este campo que oscila<<strong>br</strong> />

rapidamente é pequeno e será desprezado. De outra forma, a massa<<strong>br</strong> />

reduzida poderia ser usada, levando basicamente ao mesmo resultado.<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

Fig. 9.1 - Oscilador harmônico amortecido sujeito a um campo elétrico<<strong>br</strong> />

linearmente polarizado na direção x .<<strong>br</strong> />

Vamos supor ainda que este oscilador harmônico seja<<strong>br</strong> />

viscosamente amortecido e vamos chamar a constante de amortecimento<<strong>br</strong> />

de mb. Iremos na seção 9.4 calcular este fator de amortecimento, fazendo<<strong>br</strong> />

sua ligação com a aceleração da carga, que emite radiação como se fosse<<strong>br</strong> />

uma antena (dipolo oscilante). Como estamos interessados na interação da<<strong>br</strong> />

luz com a matéria, vamos supor que o átomo está na presença de uma<<strong>br</strong> />

onda eletromagnética na qual o campo elétrico propaga-se na direção z e é<<strong>br</strong> />

linearmente polarizado na direção x, como mostra a Fig. 9.1. Isto dará<<strong>br</strong> />

origem a um deslocamento em torno da posição de equilí<strong>br</strong>io, que é<<strong>br</strong> />

descrito pela segunda lei de Newton como:<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

K<<strong>br</strong> />

M<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

d x dx<<strong>br</strong> />

+ mb + Kx = −eE<<strong>br</strong> />

(9.2)<<strong>br</strong> />

dt dt<<strong>br</strong> />

m 2<<strong>br</strong> />

onde E é amplitude do campo elétrico sentido pelo elétron. A solução<<strong>br</strong> />

desta equação diferencial é bem conhecida dos textos básicos de mecânica<<strong>br</strong> />

clássica. No estado estacionário, supomos que x(t) tem um comportamento<<strong>br</strong> />

harmônico, com frequência ω igual à do termo forçante (campo elétrico).


Interação luz-matéria: tratamento clássico 197<<strong>br</strong> />

Para facilitar as contas, vamos tomar o campo elétrico e o deslocamento<<strong>br</strong> />

na forma exponencial como:<<strong>br</strong> />

E(t) = E 0 exp − iωt<<strong>br</strong> />

(9.3a)<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

( iωt)<<strong>br</strong> />

x(t) = x 0 exp −<<strong>br</strong> />

(9.3b)<<strong>br</strong> />

x0 é amplitude do deslocamento do elétron no regime estacionário, que<<strong>br</strong> />

pode ser um número complexo para levar em conta qualquer atraso da<<strong>br</strong> />

resposta face à excitação aplicada pelo campo elétrico. Pela substituição<<strong>br</strong> />

das equações (9.3) na eq. (9.2) obtemos o valor de x através da igualdade:<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(-mω 2 - iωmb + K) x0 = -eE0 (9.4)<<strong>br</strong> />

onde as exponenciais em ωt foram canceladas. Desta expressão obtemos o<<strong>br</strong> />

deslocamento x(t), o que nos permite escrever a polarização como:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Ne<<strong>br</strong> />

P =<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

(9.5)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

-mω − iωmb<<strong>br</strong> />

+ K<<strong>br</strong> />

Dos livros textos de eletromagnetismo (ver referência 9.1) temos<<strong>br</strong> />

que o campo elétrico sentido pelo átomo (E0) está relacionado ao campo<<strong>br</strong> />

elétrico dentro do meio através de:<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

E 0 = E +<<strong>br</strong> />

(9.6)<<strong>br</strong> />

3ε<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

que quando substituído na eq. (9.5) nos leva à expressão final para a<<strong>br</strong> />

polarização elétrica induzida no meio:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Ne<<strong>br</strong> />

/ m<<strong>br</strong> />

P =<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

(9.7)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

ω − ω − iωb<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

onde ω0<<strong>br</strong> />

= K/ m − Ne / 3mε<<strong>br</strong> />

é a frequência de ressonância do átomo. Este<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

é o resultado central que origina do modelo do oscilador harmônico.<<strong>br</strong> />

Vamos em seguida utilizá-lo para obter informações so<strong>br</strong>e o índice de<<strong>br</strong> />

refração do meio.<<strong>br</strong> />

9.2 Dispersão cromática do índice de refração<<strong>br</strong> />

Vimos na seção 3.2 que a polarização está ligada à<<strong>br</strong> />

susceptibilidade elétrica do meio por:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


198<<strong>br</strong> />

Por comparação com a eq. (9.7) temos:<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento clássico<<strong>br</strong> />

P = ε χ<<strong>br</strong> />

~ ~<<strong>br</strong> />

0 E = ( ε - ε0)E (9.8)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

~ Ne<<strong>br</strong> />

/mε 0<<strong>br</strong> />

χ =<<strong>br</strong> />

( 9.9)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

− ω − iωb<<strong>br</strong> />

de onde vemos que χ<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

é um número complexo. Para realçar este fato<<strong>br</strong> />

estaremos usando um ~ so<strong>br</strong>e uma variável sempre que ela for complexa.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, da eq. (9.8) temos que<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

ε /ε0 = ke =<<strong>br</strong> />

~ 2<<strong>br</strong> />

n = 1+ χ<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

. Com isto<<strong>br</strong> />

conseguimos estabelecer a dependência do índice de refração com a<<strong>br</strong> />

susceptibilidade do meio, que por sua vez especifica como este responde<<strong>br</strong> />

ao campo elétrico da onda. Notamos que o índice de refração também<<strong>br</strong> />

passa a ter uma natureza de número complexo. Supondo que χ ~ é muito<<strong>br</strong> />

menor que 1, podemos expandir o índice de refração em série de Taylor e<<strong>br</strong> />

assim obtemos:<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

1 ~<<strong>br</strong> />

(9.10)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( 1 + χ)<<strong>br</strong> />

≈1<<strong>br</strong> />

+ χ + ..... = n + i κ<<strong>br</strong> />

sendo n e κ as partes real e imaginária do índice de refração complexo,<<strong>br</strong> />

respectivamente. Como veremos na próxima seção, o primeiro está ligado<<strong>br</strong> />

à velocidade de fase da onda eletromagnética e o segundo à sua atenuação<<strong>br</strong> />

quando da propagação pelo meio.<<strong>br</strong> />

Vamos inicialmente concentrar nossa atenção na parte real de<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

n ,<<strong>br</strong> />

dada por:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ Ne<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

n = 1+<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ 2mε0<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

( ) ( ) 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

− ω<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

ω − ω + ωb<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(9.11)<<strong>br</strong> />

O primeiro fato que nos chama a atenção é a dependência de n<<strong>br</strong> />

com a frequência da luz. Esta dependência, que leva o nome de dispersão<<strong>br</strong> />

cromática, está mostrada na Fig. 9.2. Em geral, as transições atômicas<<strong>br</strong> />

mais intensas dos materiais transparentes ocorrem na região do<<strong>br</strong> />

ultravioleta e assim, nas regiões do visível (0.4 a 0.7 μm) e infravermelho<<strong>br</strong> />

próximo (0.7 a 2.5 μm) o índice de refração aumenta com a frequência<<strong>br</strong> />

(diminui com λ). Isto significa que quanto mais deslocado para o<<strong>br</strong> />

infravermelho for o comprimento de onda da luz, menor será n e


Interação luz-matéria: tratamento clássico 199<<strong>br</strong> />

consequentemente, maior será sua velocidade de propagação uma vez que<<strong>br</strong> />

v = c/n. Logo, se tivermos um pulso curto de luz com uma distribuição<<strong>br</strong> />

espectral contendo várias freqüências, as freqüências menores caminharão<<strong>br</strong> />

mais rapidamente que as freqüências maiores e o pulso alarga ao se<<strong>br</strong> />

propagar. Este fato é danoso na área das comunicações ópticas, pois o<<strong>br</strong> />

alargamento dos pulsos impõe um limite à taxa de repetição máxima<<strong>br</strong> />

possível de se transmitir por uma fi<strong>br</strong>a óptica.<<strong>br</strong> />

Nos meios compostos por moléculas, ω0 corresponde à frequência<<strong>br</strong> />

de vi<strong>br</strong>ação molecular que em geral se encontra no infravermelho médio<<strong>br</strong> />

(2.5 a 25 μm). Mesmo assim, o tratamento apresentado acima continua<<strong>br</strong> />

válido pois estaremos na região de dispersão normal localizada à direita de<<strong>br</strong> />

ω0, onde o índice de refração também aumenta com a frequência. A única<<strong>br</strong> />

região com comportamento diferente é a região de dispersão anômala, na<<strong>br</strong> />

qual o índice de refração diminui com a frequência. Porém, do ponto de<<strong>br</strong> />

vista das comunicações ópticas, esta região não tem interesse já que nela<<strong>br</strong> />

existe grande absorção de luz, como veremos a seguir.<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

n(ω)<<strong>br</strong> />

dispersão<<strong>br</strong> />

normal<<strong>br</strong> />

infravermelho visível<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

dispersão<<strong>br</strong> />

anômala<<strong>br</strong> />

dispersão<<strong>br</strong> />

normal<<strong>br</strong> />

Fig. 9.2 - Dependência do índice de refração com a frequência da luz.<<strong>br</strong> />

Do ponto de vista prático, costuma-se utilizar uma relação<<strong>br</strong> />

empírica entre o índice de refração n e o comprimento de onda para um<<strong>br</strong> />

dado meio transparente, conhecida como equação de Sellmeier. A forma<<strong>br</strong> />

usual desta equação para os vidros é:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 B1λ<<strong>br</strong> />

B2λ<<strong>br</strong> />

B3λ<<strong>br</strong> />

Biλ<<strong>br</strong> />

n ( λ)<<strong>br</strong> />

= 1+<<strong>br</strong> />

+ + + .... = 1+<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 ∑ (9.12)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

λ − C λ − C λ − C<<strong>br</strong> />

λ − C<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

i i<<strong>br</strong> />

ω


200<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento clássico<<strong>br</strong> />

onde B Bi e Ci<<strong>br</strong> />

são os coeficientes de Sellmeier, determinados<<strong>br</strong> />

experimentalmente, e λ é o comprimento de onda da luz no vácuo, medido<<strong>br</strong> />

em micrômetros. Cada termo da soma representa uma absorção óptica<<strong>br</strong> />

com força de oscilador Bi, no comprimento de onda C . Esta equação foi<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

deduzida em 1871 por W. Sellmeier como uma extensão da fórmula de<<strong>br</strong> />

Cauchy, resultante do trabalho de Augustin Cauchy para modelar a<<strong>br</strong> />

dispersão.<<strong>br</strong> />

Como exemplo, os coeficientes para um vidro crown comum de<<strong>br</strong> />

borosilicato, conhecido como BK7, são mostrados na Tabela 9.1. Eles<<strong>br</strong> />

correspondem a duas ressonâncias, uma no ultravioleta e outra no<<strong>br</strong> />

infravermelho. Perto de cada pico de absorção, a equação dá valores não<<strong>br</strong> />

físicos para n e nestas regiões um modelo mais preciso para a dispersão,<<strong>br</strong> />

conhecido como modelo de Helmholtz, deve ser usado. Os coeficientes de<<strong>br</strong> />

Sellmeier para muitos vidros óticos podem ser encontrados no catálogo de<<strong>br</strong> />

vidros da Schott.<<strong>br</strong> />

Tabela 9.1 - Coeficientes de Sellmeier para o BK7.<<strong>br</strong> />

Coeficiente Valor<<strong>br</strong> />

B 1.03961212<<strong>br</strong> />

B1<<strong>br</strong> />

-1<<strong>br</strong> />

BB2 2.31792344x10<<strong>br</strong> />

B 1.01046945<<strong>br</strong> />

B3<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

C3<<strong>br</strong> />

-3<<strong>br</strong> />

6.00069867x10 μm 2<<strong>br</strong> />

-2<<strong>br</strong> />

2.00179144x10 μm 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1.03560653x10 μm 2<<strong>br</strong> />

Longe dos picos de absorção, o valor de n tende a<<strong>br</strong> />

n ≈ 1+<<strong>br</strong> />

∑ Bi<<strong>br</strong> />

≈ k , onde ke é a constante dielétrica do meio. A<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

equação de Sellmeier também pode ser escrita como:<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

B λ<<strong>br</strong> />

B λ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( λ ) = A + +<<strong>br</strong> />

(9.13)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

λ − C1<<strong>br</strong> />

λ − C2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interação luz-matéria: tratamento clássico 201<<strong>br</strong> />

onde o coeficiente A representa a contribuição da absorção que ocorre no<<strong>br</strong> />

ultravioleta para o índice de refração no infravermelho.<<strong>br</strong> />

9.3 Absorção<<strong>br</strong> />

Vimos na seção 4.1 que a velocidade de fase da onda é dada por v<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

= λf = ω/k, ou alternativamente, k = ω/v =<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

n ω/c = (n + iκ)ω/c, onde<<strong>br</strong> />

agora explicitamos a natureza complexa do vetor de propagação. Uma<<strong>br</strong> />

onda plana descrita por um vetor de propagação complexo pode ser escrita<<strong>br</strong> />

como:<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

E = E exp i [ k z −ω<<strong>br</strong> />

t] = E exp − αz<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i kz −ω<<strong>br</strong> />

t]}<<strong>br</strong> />

(9.14)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

{ } { } [<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

onde k = n ω/c é a parte real do vetor de propagação, ligada à propagação<<strong>br</strong> />

da onda com velocidade c/n. Por outro lado, vemos que a intensidade da<<strong>br</strong> />

onda (I α E*E) é atenuada exponencialmente, com um decaimento dado<<strong>br</strong> />

pelo coeficiente de absorção α, ligado com a parte imaginária de n ~<<strong>br</strong> />

através de α = 2κω/c. De acordo com as equações (9.9) e (9.10) podemos<<strong>br</strong> />

escrever:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ Ne ⎞ ω b<<strong>br</strong> />

α(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

= ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

(9.15)<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

⎝ mcε0<<strong>br</strong> />

⎠ ω − ω + ωb<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( ) ( ) 2<<strong>br</strong> />

que é chamada forma de linha Lorentziana. Esta curva, mostrada na Fig.<<strong>br</strong> />

9.3, é mais pronunciada quanto menor for o fator de amortecimento b.<<strong>br</strong> />

Para um material com várias transições, a determinação das posições das<<strong>br</strong> />

freqüências de ressonância é chamada de espectroscopia.<<strong>br</strong> />

α(ω)<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

Fig. 9.3 – Dependência do coeficiente de absorção com a frequência da luz.<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

b


202<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento clássico<<strong>br</strong> />

9.4 Espalhamento<<strong>br</strong> />

O modelo do oscilador harmônico amortecido é bastante útil para<<strong>br</strong> />

descrever o espalhamento da radiação por átomos ou moléculas. Neste<<strong>br</strong> />

modelo é fundamental que o centro espalhador seja bem menor que o<<strong>br</strong> />

comprimento de onda da luz, tal que o campo elétrico possa ser<<strong>br</strong> />

considerado uniforme para efeito de simplificação dos cálculos. A seção<<strong>br</strong> />

de choque para o centro espalhador é definida como σ(ω) = α(ω)/N, onde<<strong>br</strong> />

α(ω) é o coeficiente de absorção dado pela eq. (9.15). Com isso obtemos:<<strong>br</strong> />

⎛ 2 ⎞<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

σ(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

ω b<<strong>br</strong> />

(9.16)<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

⎝ mcε<<strong>br</strong> />

0 ⎠ ω − ω + ωb<<strong>br</strong> />

( ) ( ) 2<<strong>br</strong> />

Temos três limites a considerar, dependendo de como ω se<<strong>br</strong> />

compara a ω :<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

ω ><<strong>br</strong> />

⎞⎛<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

ω0 σ( ω)<<strong>br</strong> />

≅ ⎜<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

⎜ 2 ⎟<<strong>br</strong> />

(9.19)<<strong>br</strong> />

⎝ mcε<<strong>br</strong> />

0 ⎠⎝<<strong>br</strong> />

ω ⎠<<strong>br</strong> />

Para continuarmos a análise precisamos agora determinar o valor<<strong>br</strong> />

de b. Consideramos na eq. (9.2) a existência de uma força de atrito<<strong>br</strong> />

viscoso do tipo Fat = -mbv, que é responsável por uma dissipação de<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

energia a uma taxa P = Fat<<strong>br</strong> />

v = -mbv , onde P é a potência dissipada. Por<<strong>br</strong> />

outro lado, é sabido dos textos mais avançados de eletromagnetismo que a<<strong>br</strong> />

potência emitida por uma carga acelerada é dada por:<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

P =<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

4πε<<strong>br</strong> />

3c<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

e 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

a =<<strong>br</strong> />

1 e<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

(9.20)<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

3 2πε0<<strong>br</strong> />

3c<<strong>br</strong> />

onde na última passagem tomamos a solução dada na eq. (9.3b) por x(t) =<<strong>br</strong> />

x0 exp(-iωt), que nos leva à v(t) = dx/dt = -iω x(t) e a(t) = dv/dt = -iω v(t)<<strong>br</strong> />

= -ω 2 x(t). Comparando a eq. (9.20) com a potência dissipada pelo atrito<<strong>br</strong> />

viscoso chegamos à seguinte expressão para b:


Interação luz-matéria: tratamento clássico 203<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

e 2<<strong>br</strong> />

(9.21)<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

0 3mc<<strong>br</strong> />

b =<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

2πε<<strong>br</strong> />

Substituindo este valor nos casos limites mencionados acima<<strong>br</strong> />

obtemos:<<strong>br</strong> />

Caso 1 - ω


204<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento clássico<<strong>br</strong> />

Vemos então que na ressonância a seção de choque é proporcional ao<<strong>br</strong> />

quadrado do comprimento de onda da radiação incidente,<<strong>br</strong> />

Caso 3 - ω >> ω - Espalhamento Thompson<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

σ(<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

6πε<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

e ⎞<<strong>br</strong> />

−25<<strong>br</strong> />

= 5 x10<<strong>br</strong> />

2 ⎟<<strong>br</strong> />

(9.24)<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝ mc<<strong>br</strong> />

Neste caso, a seção de choque é praticamente constante e este regime é<<strong>br</strong> />

chamado de espalhamento Thompson, caracterizado por espalhar<<strong>br</strong> />

igualmente todas as freqüências.<<strong>br</strong> />

9.5 Forças radiativas so<strong>br</strong>e átomos neutros<<strong>br</strong> />

O desenvolvimento de técnicas para aprisionar e resfriar íons<<strong>br</strong> />

revolucionou a área da física atômica há duas décadas. A possibilidade de<<strong>br</strong> />

se isolar um único íon e reduzir seu movimento térmico a uma<<strong>br</strong> />

temperatura de poucos mK permite a supressão dos deslocamentos<<strong>br</strong> />

Doppler de primeira e segunda ordens, possibilitando medidas<<strong>br</strong> />

espectroscópicas e padrões de tempo de precisão sem precedentes.<<strong>br</strong> />

O advento de vários experimentos bem sucedidos demonstrando o<<strong>br</strong> />

resfriamento de íons aprisionados sugeriu a possibilidade de se fazer o<<strong>br</strong> />

mesmo com átomos neutros. A neutralidade elétrica da espécie<<strong>br</strong> />

aprisionada a<strong>br</strong>e uma nova porta no estudo de efeitos onde altas<<strong>br</strong> />

densidades, não conseguidas com íons, são úteis ou necessárias, tal como<<strong>br</strong> />

em colisões atômicas frias e efeitos quânticos coletivos. Além do mais, o<<strong>br</strong> />

aprisionamento e resfriamento de átomos neutros fazem as medidas<<strong>br</strong> />

espectroscópicas mais simples devido à supressão do efeito Doppler e o<<strong>br</strong> />

aumento do tempo de trânsito do átomo num feixe de laser de prova.<<strong>br</strong> />

Melhorias substanciais na precisão de relógios atômicos e medidas de<<strong>br</strong> />

constantes fundamentais podem ser realizadas. A possibilidade de se<<strong>br</strong> />

estudar colisões com átomos lentos dá ao investigador um melhor<<strong>br</strong> />

entendimento das forças atômicas e ligações químicas entre os átomos.<<strong>br</strong> />

Em altas densidades, os pacotes de onda representando os átomos<<strong>br</strong> />

começam a se superpor de tal forma que os efeitos quânticos se<<strong>br</strong> />

manifestam. Para um sistema de bósons, a transição de fase conhecida<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />


Interação luz-matéria: tratamento clássico 205<<strong>br</strong> />

como condensação de Bose-Einstein pode ser observada, demonstrando<<strong>br</strong> />

uma previsão muito importante da estatística quântica.<<strong>br</strong> />

Armadilhas óticas eficientes para o aprisionamento de átomos<<strong>br</strong> />

neutros são agora construídas rotineiramente e resultados bastante<<strong>br</strong> />

interessantes são obtidos com esta técnica. Para entender como os átomos<<strong>br</strong> />

neutros podem ser freados e aprisionados com um feixe de laser, é<<strong>br</strong> />

importante saber a força a exercida so<strong>br</strong>e o átomo pelo campo de radiação<<strong>br</strong> />

laser. Embora existam um tratamento completamente quântico, assim<<strong>br</strong> />

como um tratamento semi-clássico para descrever a interação entre o<<strong>br</strong> />

átomo e a onda eletromagnética, uma abordagem clássica é importante<<strong>br</strong> />

como uma alternativa mais simples de introduzir este assunto ao nível de<<strong>br</strong> />

graduação. Para isto, utilizaremos novamente o modelo do oscilador<<strong>br</strong> />

harmônico amortecido introduzido na seção 9.1. Este modelo, entretanto,<<strong>br</strong> />

prevê que a força elétrica média exercida so<strong>br</strong>e elétron é nula uma vez que<<strong>br</strong> />

o campo elétrico varia harmonicamente no tempo. Assim, para explicar a<<strong>br</strong> />

existência da força, teremos que lançar mão do campo magnético. Uma<<strong>br</strong> />

vez que o elétron adquire uma velocidade finita devido à força elétrica, o<<strong>br</strong> />

campo magnético exerce uma força ao longo da direção do vetor de<<strong>br</strong> />

propagação do campo eletromagnético. Esta força é chamada de força<<strong>br</strong> />

espontânea. Existe também uma força induzida, também conhecida como<<strong>br</strong> />

força de dipolo ou de gradiente, cuja origem é que se segue: uma vez que<<strong>br</strong> />

o campo elétrico desloca o elétron da sua posição de equilí<strong>br</strong>io, o átomo<<strong>br</strong> />

adquire um momento de dipolo induzido que pode interagir com o<<strong>br</strong> />

gradiente do campo elétrico e levar a uma força na direção do gradiente. A<<strong>br</strong> />

força induzida é usada para aprisionar e resfriar transversalmente átomos<<strong>br</strong> />

neutros enquanto que a força espontânea é usada principalmente para<<strong>br</strong> />

resfriamento. Vamos agora calcular estas forças e discutir suas<<strong>br</strong> />

propriedades.<<strong>br</strong> />

A. Força espontânea<<strong>br</strong> />

Considerando a geometria da Fig. 9.1, vemos que a força<<strong>br</strong> />

magnética agindo so<strong>br</strong>e elétron é:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

= − e / c x&<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

(9.25)<<strong>br</strong> />

F s<<strong>br</strong> />

( ) zˆ<<strong>br</strong> />

onde, de acordo com as equações de Maxwell B = E/c. A solução para o<<strong>br</strong> />

caso estacionário da eq. (9.2) pode ser utilizado para encontrar da eq.<<strong>br</strong> />

x&<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


206<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento clássico<<strong>br</strong> />

(9.25). Fazendo uma média temporal so<strong>br</strong>e um período de oscilação,<<strong>br</strong> />

encontramos que a força magnética agindo so<strong>br</strong>e o elétron é dada por:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2 2 ⎛ e E ⎞<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

2mc ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ω b<<strong>br</strong> />

Fs 2 2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

( ) ( ) zˆ<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

ω − ω + ωb<<strong>br</strong> />

(9.26)<<strong>br</strong> />

com b dado pela eq. (9.21). Para obter esta expressão, consideramos que o<<strong>br</strong> />

núcleo é muito pesado para seguir a oscilação rápida do campo elétrico.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, como a eq. (9.26) tem um valor médio finito e o elétron<<strong>br</strong> />

está fortemente ligado ao núcleo, o átomo adquire uma velocidade v(t) ao<<strong>br</strong> />

longo da direção de propagação da onda eletromagnética. Esta velocidade<<strong>br</strong> />

induz um efeito Doppler e a freqüência de transição no referencial do<<strong>br</strong> />

laboratório se transforma de acordo com: ω0 → ω 0 ’ = ω0<<strong>br</strong> />

(1+v/c) e a<<strong>br</strong> />

equação que descreve a força espontânea agindo so<strong>br</strong>e átomo é:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2 2 ⎛ e E ⎞<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

2mc ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ω b<<strong>br</strong> />

Fs 2 2<<strong>br</strong> />

0 0<<strong>br</strong> />

[ ( )( ) ] ( ) zˆ<<strong>br</strong> />

'<<strong>br</strong> />

'<<strong>br</strong> />

ω − ω ω + ω + ωb<<strong>br</strong> />

(9.27)<<strong>br</strong> />

Estamos interessados no caso em que a freqüência da luz está próxima da<<strong>br</strong> />

freqüência de ressonância (ω ≈ ω0);<<strong>br</strong> />

portanto, supondo v/c


Interação luz-matéria: tratamento clássico 207<<strong>br</strong> />

−1 2<<strong>br</strong> />

com φ = tg [ωb/(ω −ω 2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

2 ⎛ e ⎞ cos ( ωt + φ)<<strong>br</strong> />

cosωt<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

Fi = −∇U<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

∇E<<strong>br</strong> />

m ⎟<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

( ω − ω ) + ( ωb)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(9.30)<<strong>br</strong> />

)] sendo o atraso de fase entre x e E. Realizando<<strong>br</strong> />

uma média temporal so<strong>br</strong>e um período de oscilação da mesma maneira<<strong>br</strong> />

que foi feito para a força espontânea, encontramos a força induzida como:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

⎛ e ⎞ ω0<<strong>br</strong> />

− ω r<<strong>br</strong> />

Fi = ⎜<<strong>br</strong> />

∇E<<strong>br</strong> />

2m ⎟<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

( ω − ω ) + ( ωb)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(9.31)<<strong>br</strong> />

Usando a transformação de referencial dado por: ω0 → ω 0 ’ = ω0<<strong>br</strong> />

(1+v/c) e<<strong>br</strong> />

a aproximação de ressonância próxima (v/c


208<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento clássico<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

9.1. Calcule o tempo de vida clássico, tclass = energia/(potência irradiada),<<strong>br</strong> />

de um elétron oscilando de acordo com: x = x cosωt.<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

9.2. Faça um esboço da seção de choque de espalhamento de um átomo<<strong>br</strong> />

em função de ω quando ω = 6.28 x10 15 rad/s.<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

9.3. Considere um átomo de sódio (Mat = 3.84x10 -26 kg e λ0 = 589 nm) em<<strong>br</strong> />

ressonância com um laser cuja irradiância é 200 mW/cm 2 . Qual será a<<strong>br</strong> />

aceleração sentida pelo átomo?<<strong>br</strong> />

9.4. Explique o que é força de oscilador.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria:<<strong>br</strong> />

tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

209<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

10.1 Introdução<<strong>br</strong> />

O laser é uma fonte especial de luz, coerente e colimada, que<<strong>br</strong> />

permite um grande número de <strong>aplicações</strong> práticas. Dentre estas, destacamse<<strong>br</strong> />

aquelas que envolvem a interação da radiação com a matéria, como por<<strong>br</strong> />

exemplo, a caracterização, processamento e ablação de materiais, além de<<strong>br</strong> />

outras <strong>aplicações</strong> importantes nas áreas de comunicações e medicina.<<strong>br</strong> />

Quase toda a luz que vemos no dia-a-dia, seja ela de lâmpadas<<strong>br</strong> />

incandescentes e fluorescentes, ou até mesmo dos nossos aparelhos de<<strong>br</strong> />

televisão, é gerada espontaneamente quando átomos ou moléculas se<<strong>br</strong> />

livram de excesso de energia neles depositados emitindo luz. Este tipo de<<strong>br</strong> />

luz ordinária é liberado por mudanças de energia dos níveis atômicos ou<<strong>br</strong> />

moleculares, que ocorrem sem qualquer intervenção externa. Entretanto,<<strong>br</strong> />

existe um segundo tipo de luz que ocorre quando um átomo ou molécula<<strong>br</strong> />

retém o excesso de energia até ser estimulado a emiti-lo na forma de luz.<<strong>br</strong> />

Os lasers são capazes de produzir e amplificar esta forma de luz<<strong>br</strong> />

estimulada, de forma a produzir feixes intensos e focalizados. A palavra<<strong>br</strong> />

laser foi cunhada como um anagrama de Light Amplification by<<strong>br</strong> />

Stimulated Emission of Radiation (amplificação da luz pela emissão<<strong>br</strong> />

estimulada de energia). A natureza especial deste tipo de radiação<<strong>br</strong> />

eletromagnética tornou a tecnologia laser uma ferramenta vital em quase<<strong>br</strong> />

todos os aspectos da vida diária, incluindo comunicações, diversão,<<strong>br</strong> />

fa<strong>br</strong>icação, e medicina.<<strong>br</strong> />

Albert Einstein foi quem deu o passo inicial no desenvolvimento<<strong>br</strong> />

do laser ao estabelecer a existência destes dois tipos de emissão num<<strong>br</strong> />

artigo publicado em 1917. Por muitos anos, os físicos pensaram que a


210<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

emissão espontânea de luz fosse o processo mais provável e dominante, e<<strong>br</strong> />

que qualquer emissão estimulada seria sempre muito mais fraca. Só depois<<strong>br</strong> />

do final da segunda guerra mundial é que se começou a busca por<<strong>br</strong> />

condições que possibilitassem a predominância da emissão estimulada e<<strong>br</strong> />

fizesse a emissão de um átomo ou molécula estimular muitos outros para<<strong>br</strong> />

produzir o efeito de amplificação da luz.<<strong>br</strong> />

Um cientista da Universidade de Columbia, Charles H. Townes,<<strong>br</strong> />

foi o primeiro a ter sucesso na amplificação de radiação estimulada no<<strong>br</strong> />

começo dos anos 50. Seu trabalho foi centrado na região de microondas,<<strong>br</strong> />

que possui um comprimento de onda muito mais longo do que o da luz<<strong>br</strong> />

visível, e o dispositivo inventado por ele foi denominado de maser, onde o<<strong>br</strong> />

m do início do anagrama indica microwave ao invés de light. Outros<<strong>br</strong> />

cientistas também foram bem-sucedidos na construção de masers, e a<<strong>br</strong> />

partir daí, um esforço bastante significativo foi desenvolvido na tentativa<<strong>br</strong> />

de se produzir emissão estimulada em comprimentos de onda mais curtos.<<strong>br</strong> />

Muitos dos conceitos principais para se produzir a radiação laser<<strong>br</strong> />

foram desenvolvidos no final dos anos 50, por Townes e Arthur<<strong>br</strong> />

Schawlow, dos laboratórios Bell, por Gordon Gould da Universidade de<<strong>br</strong> />

Columbia e por dois cientistas soviéticos, Nikolai Basov e Aleksander<<strong>br</strong> />

Prokhorov. Gould solicitou uma patente ao invés de publicar suas idéias, e<<strong>br</strong> />

embora tivesse obtido o crédito de cunhar a palavra laser nos seus<<strong>br</strong> />

cadernos de laboratório, quase 30 anos se passaram antes que ele tivesse a<<strong>br</strong> />

patente concedida. Existe ainda alguma discórdia so<strong>br</strong>e quem merece o<<strong>br</strong> />

crédito pelo conceito do laser. Basov e Prokhorov dividiram o prêmio<<strong>br</strong> />

Nobel de Física de 1964 com Townes pelo trabalho pioneiro so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />

princípios envolvendo os masers e lasers. Schawlow também recebeu uma<<strong>br</strong> />

parte do prêmio Nobel de Física de 1971 por suas pesquisas com lasers.<<strong>br</strong> />

A publicação do trabalho de Townes e Schawlow estimulou um<<strong>br</strong> />

grande esforço para se construir um sistema laser. Em maio de 1960,<<strong>br</strong> />

Theodore Maiman, trabalhando no Hughes Research Laboratories,<<strong>br</strong> />

construiu um dispositivo usando um bastão de rubi sintético com o qual<<strong>br</strong> />

demonstrou pela primeira vez a ação laser. O laser de rubi de Maiman<<strong>br</strong> />

emitia pulsos intensos de luz vermelha coerente em 694 nm, num feixe<<strong>br</strong> />

estreito e altamente concentrado, bastante típico das características<<strong>br</strong> />

mostradas pela maioria dos lasers atuais. O bastão de rubi possuía as<<strong>br</strong> />

extremidades com superfícies espelhadas para refletir a luz e era<<strong>br</strong> />

envolvido por uma lâmpada flash helicoidal, sendo suficientemente<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

pequeno para que coubesse na mão. Curiosamente, o fotógrafo designado<<strong>br</strong> />

pelo laboratório Hughes para divulgar a descoberta achou que o laser real<<strong>br</strong> />

era muito pequeno e fez Maiman posar com um laser maior, mas que não<<strong>br</strong> />

funcionava. As fotografias mostrando Maiman com este laser circulam<<strong>br</strong> />

ainda hoje e são usadas em muitas publicações.<<strong>br</strong> />

Embora os lasers que emitem luz visível sejam os mais comuns,<<strong>br</strong> />

seus princípios básicos de funcionamento se aplicam na maior parte do<<strong>br</strong> />

espectro eletromagnético. A primeira emissão estimulada foi conseguida<<strong>br</strong> />

na região de microondas, mas agora os lasers operam desde o<<strong>br</strong> />

infravermelho até o ultravioleta e pesquisas estão sendo realizadas para se<<strong>br</strong> />

produzir um laser operando na região dos raios X. Os lasers atualmente<<strong>br</strong> />

em uso possuem potências de que vão de menos de 1 mW até muitos kW<<strong>br</strong> />

de luz contínua, e alguns produzem trilhões de watts em pulsos<<strong>br</strong> />

extremamente curtos. As áreas militar e de energia tem desenvolvido<<strong>br</strong> />

lasers que ocupam edifícios inteiros, enquanto que o laser mais comum<<strong>br</strong> />

usa um dispositivo semicondutor que possui um tamanho típico de um<<strong>br</strong> />

grão de areia.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

211<<strong>br</strong> />

10.2 Emissões espontânea e estimulada<<strong>br</strong> />

O entendimento de alguns princípios fundamentais é essencial<<strong>br</strong> />

para a explicação de como a emissão estimulada é produzida e<<strong>br</strong> />

amplificada. O primeiro desses princípios relaciona-se com o fato de que<<strong>br</strong> />

o laser é um dispositivo inerentemente quântico e que a quantização da<<strong>br</strong> />

energia deve ser invocada para explicar sua operação. A Física Clássica<<strong>br</strong> />

parte do pressuposto que energia pode variar contínua e suavemente e que<<strong>br</strong> />

os átomos e moléculas podem possuir qualquer quantidade de energia. O<<strong>br</strong> />

trabalho de Niels Bohr, que se tornou a chave para o desenvolvimento da<<strong>br</strong> />

mecânica quântica, estabelece que os átomos e moléculas só podem ter<<strong>br</strong> />

quantidades discretas de energia, chamadas de quantas de energia. Alguns<<strong>br</strong> />

conceitos ligados ao fóton, átomo e quantização da energia, necessários<<strong>br</strong> />

para se entender a operação de um laser, são:<<strong>br</strong> />

• Na descrição quântica, um átomo possui níveis discretos de energia.<<strong>br</strong> />

• A emissão de luz espontânea e estimulada só ocorre se houver<<strong>br</strong> />

transições entre níveis de energia.


212<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

• É necessária uma inversão de população entre níveis de energia para<<strong>br</strong> />

que haja a amplificação da emissão estimulada de energia.<<strong>br</strong> />

Se um átomo ou molécula estiver num estado com energia maior<<strong>br</strong> />

que a do estado fundamental (estado de mais baixa energia do átomo), ele<<strong>br</strong> />

pode decair espontaneamente para um nível de energia mais baixo sem<<strong>br</strong> />

qualquer estímulo externo. Como resultado, temos a liberação de um<<strong>br</strong> />

excesso de energia, igual à diferença de energia dos dois níveis, como um<<strong>br</strong> />

fóton de luz. A freqüência do fóton emitido é dada pela relação de<<strong>br</strong> />

Einstein: ΔE = hν, onde h é a constante de Planck. Os átomos e moléculas<<strong>br</strong> />

excitados têm um tempo característico para emitir espontaneamente, que é<<strong>br</strong> />

o tempo médio que eles permanecem no estado excitado antes de<<strong>br</strong> />

decaírem para um nível de energia mais baixo. O tempo de vida do estado<<strong>br</strong> />

excitado é um fator importante para que ocorra a emissão estimulada.<<strong>br</strong> />

Se um átomo no estado excitado é iluminado por um fóton que<<strong>br</strong> />

tem a mesma energia da transição que ocorreria espontaneamente, o<<strong>br</strong> />

átomo pode ser estimulado a voltar ao estado de mais baixa energia e<<strong>br</strong> />

simultaneamente emitir um fóton com a mesma energia da transição e<<strong>br</strong> />

mesma direção do fóton incidente. Assim, um único fóton que interage<<strong>br</strong> />

com um átomo excitado pode resultar então em dois fótons. Se usarmos a<<strong>br</strong> />

descrição ondulatória da luz, a emissão estimulada terá a freqüência da luz<<strong>br</strong> />

incidente e estará em fase (coerente), resultando em amplificação da<<strong>br</strong> />

intensidade da onda de luz original. A Fig. 10.1 ilustra a absorção (a),<<strong>br</strong> />

emissão espontânea (b) e estimulada (c) com as duas ondas coerentes<<strong>br</strong> />

resultantes.<<strong>br</strong> />

antes depois<<strong>br</strong> />

antes depois antes depois<<strong>br</strong> />

(a) (b)<<strong>br</strong> />

(c)<<strong>br</strong> />

Fig. 10.1 – Absorção (a ), emissão espontânea (b) e estimulada (c).<<strong>br</strong> />

O problema principal para se conseguir a emissão estimulada é<<strong>br</strong> />

que, sob condições normais de equilí<strong>br</strong>io termodinâmico, a população<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

(número de átomos ou moléculas em cada nível de energia) não é<<strong>br</strong> />

favorável para a sua ocorrência. Devido à tendência dos átomos e<<strong>br</strong> />

moléculas decaírem espontaneamente para os níveis de mais baixas<<strong>br</strong> />

energias, a população em cada nível diminui com o aumento de energia.<<strong>br</strong> />

Em condições normais, para uma energia de transição correspondente a<<strong>br</strong> />

um comprimento de onda óptico (da ordem de 1eV), a razão entre o<<strong>br</strong> />

número de átomos ou moléculas na energia mais alta ao número no estado<<strong>br</strong> />

fundamental é de cerca de 10 -17 . Em outras palavras, virtualmente todos os<<strong>br</strong> />

átomos ou moléculas estarão no estado fundamental para uma transição<<strong>br</strong> />

com energia correspondente ao comprimento de onda da luz visível.<<strong>br</strong> />

Assim, embora a luz emitida espontaneamente pudesse facilmente<<strong>br</strong> />

estimular a emissão de outro átomo excitado, tão poucos estão disponíveis<<strong>br</strong> />

que o fóton emitido encontrará primeiro um átomo no estado fundamental<<strong>br</strong> />

e será absorvido (Fig. 1(a)). Em resumo, como o número de átomos no<<strong>br</strong> />

estado excitado é muito pequeno com relação ao do estado fundamental, o<<strong>br</strong> />

fóton emitido tem uma probabilidade muito maior de ser re-absorvido,<<strong>br</strong> />

fazendo a emissão estimulada insignificante quando comparada com a<<strong>br</strong> />

emissão espontânea (no equilí<strong>br</strong>io termodinâmico).<<strong>br</strong> />

O mecanismo pelo qual a emissão estimulada pode se tornar<<strong>br</strong> />

dominante é ter mais átomos no estado excitado que no estado<<strong>br</strong> />

fundamental, de forma que os fótons emitidos têm maior probabilidade de<<strong>br</strong> />

estimular a emissão do que serem absorvidos. Como esta condição é o<<strong>br</strong> />

inverso do que ocorre na situação de equilí<strong>br</strong>io normal, ela é denominada<<strong>br</strong> />

de inversão de população. Havendo mais átomos num estado excitado que<<strong>br</strong> />

no fundamental, a emissão estimulada pode dominar, resultando numa<<strong>br</strong> />

cascata de fótons. O primeiro fóton emitido estimulará a emissão de mais<<strong>br</strong> />

fótons, que estimularão a emissão de ainda mais fótons, e assim por<<strong>br</strong> />

diante. A cascata resultante de fótons cresce, produzindo a amplificação<<strong>br</strong> />

da luz emitida. Se a inversão de população termina (a população do estado<<strong>br</strong> />

fundamental domina), a emissão espontânea se tornará novamente o<<strong>br</strong> />

processo favorecido.<<strong>br</strong> />

Quando Einstein introduziu o conceito de emissão estimulada, a<<strong>br</strong> />

maioria dos físicos acreditava que qualquer condição diferente da do<<strong>br</strong> />

equilí<strong>br</strong>io termodinâmico seria instável e não poderia ser sustentada. Só<<strong>br</strong> />

muito mais tarde é que desenvolveram métodos para produzir as inversões<<strong>br</strong> />

de população necessárias para sustentar a emissão estimulada. Átomos e<<strong>br</strong> />

moléculas podem ocupar muitos níveis de energia, e embora algumas<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

213


214<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

transições sejam mais prováveis que outras (devido às regras de seleção da<<strong>br</strong> />

mecânica quântica), uma transição pode acontecer entre dois níveis de<<strong>br</strong> />

energia quaisquer. A condição necessária para ocorrer a emissão<<strong>br</strong> />

estimulada e amplificação, ou ação laser, é que pelo menos um nível de<<strong>br</strong> />

energia mais alto tenha uma população maior que um nível mais baixo.<<strong>br</strong> />

A abordagem mais comum para se produzir uma inversão de<<strong>br</strong> />

população num meio laser é fornecer energia ao sistema para excitar<<strong>br</strong> />

átomos ou moléculas para os níveis de energia mais altos. No equilí<strong>br</strong>io<<strong>br</strong> />

termodinâmico, a energia térmica não é suficiente para produzir uma<<strong>br</strong> />

inversão de população porque o calor só aumenta a energia média da<<strong>br</strong> />

população, mas não aumenta o número de espécies no estado excitado<<strong>br</strong> />

com relação ao estado fundamental. A razão entre os números de átomos<<strong>br</strong> />

num sistema com dois níveis de energia (1 e 2) em equilí<strong>br</strong>io<<strong>br</strong> />

termodinâmico é determinada pela distribuição de Boltzmann:<<strong>br</strong> />

N 2 = exp{<<strong>br</strong> />

− ( E 2 − E1)<<strong>br</strong> />

/ KT}<<strong>br</strong> />

(10.1)<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

onde N1 e N2 são respectivamente os números de átomos nos níveis 1 e 2,<<strong>br</strong> />

E1 e E2 as energias dos dois níveis, K é a constante de Boltzmann, e T é a<<strong>br</strong> />

temperatura em Kelvins. De acordo com esta equação, no equilí<strong>br</strong>io<<strong>br</strong> />

termodinâmico N2 só poderá ser maior que N1 se a temperatura for um<<strong>br</strong> />

número negativo. Antes da publicação das pesquisas descrevendo a ação<<strong>br</strong> />

maser, vários físicos achavam que a inversão de população seria<<strong>br</strong> />

impossível de ser conseguida porque necessitaria de tal temperatura<<strong>br</strong> />

negativa.<<strong>br</strong> />

Para produzir a inversão de população exigida para a ação laser,<<strong>br</strong> />

átomos ou moléculas devem ser excitados a níveis de energia específicos.<<strong>br</strong> />

Luz e corrente elétrica são os mecanismos de excitação usuais para a<<strong>br</strong> />

maioria dos lasers, mas também existem outras abordagens, que embora<<strong>br</strong> />

bastante complexas, produzem freqüentemente lasers com bom<<strong>br</strong> />

desempenho. Em geral se excita um átomo ou molécula a um nível de<<strong>br</strong> />

energia superior àquele que participa da emissão estimulada, após o que<<strong>br</strong> />

ele decai para o nível excitado de interesse. Excitação indireta através das<<strong>br</strong> />

colisões entre dois tipos de gases de uma mistura também pode ser<<strong>br</strong> />

empregada para produzir a inversão de população. Em outras palavras,<<strong>br</strong> />

excita-se um tipo de gás através da passagem de corrente elétrica e este<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

transfere, via colisões, a energia aos átomos ou moléculas responsáveis<<strong>br</strong> />

por produzir a ação de laser.<<strong>br</strong> />

Como já mencionado, o tempo que um átomo ou molécula<<strong>br</strong> />

permanece no estado excitado é crítico para estabelecer se a emissão será<<strong>br</strong> />

estimulada ou espontânea. Em geral, o estado excitado possui um tempo<<strong>br</strong> />

de vida típico da ordem de alguns nanossegundos antes da ocorrência da<<strong>br</strong> />

emissão espontânea e este período não é suficientemente longo para sofrer<<strong>br</strong> />

a provável excitação por outro fóton. Assim, uma exigência crítica para a<<strong>br</strong> />

ação laser é que o estado excitado tenha um tempo de vida longo. Estes<<strong>br</strong> />

estados existem em certos materiais e são chamados de estados<<strong>br</strong> />

metaestáveis. O tempo de vida de um estado metaestável varia tipicamente<<strong>br</strong> />

de microssegundos a milissegundos, que é um tempo realmente longo na<<strong>br</strong> />

escala atômica. Com vidas tão longas, átomos e moléculas excitados<<strong>br</strong> />

podem produzir quantidades significantes de emissão estimulada. A ação<<strong>br</strong> />

laser só é possível se a população do nível excitado se mantiver superior à<<strong>br</strong> />

do nível fundamental. Quanto mais longo for o tempo de decaimento da<<strong>br</strong> />

emissão espontânea, mais adequado uma molécula ou átomo será para a<<strong>br</strong> />

ação laser.<<strong>br</strong> />

A ação maser demonstrada por Charles Townes foi importante<<strong>br</strong> />

porque utilizou pela primeira vez a inversão de população para funcionar,<<strong>br</strong> />

e assim, provou para muitos físicos descrentes que tal inversão era<<strong>br</strong> />

possível de ser produzida. O maser desenvolvido por ele baseava-se na<<strong>br</strong> />

molécula de amônia, tendo apenas dois níveis que participam da ação<<strong>br</strong> />

laser. Townes empregou uma aproximação moderna para produzir a<<strong>br</strong> />

inversão de população - uma técnica de feixe molecular que separava<<strong>br</strong> />

magneticamente as moléculas excitadas das moléculas no estado<<strong>br</strong> />

fundamental. Estas eram descartadas e as moléculas excitadas restantes<<strong>br</strong> />

possuíam a inversão de população desejada. Outras técnicas mais<<strong>br</strong> />

eficientes de inversão de população para masers e lasers práticos foram<<strong>br</strong> />

desenvolvidas, requerendo a utilização de três, quatro, ou mais níveis de<<strong>br</strong> />

energia.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

215<<strong>br</strong> />

10.3 A susceptibilidade atômica<<strong>br</strong> />

Vimos no Cap. 9 que a suscetibilidade elétrica de um átomo<<strong>br</strong> />

clássico é dada pela expressão:


216<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

~ Ne<<strong>br</strong> />

/mε 0 Ne<<strong>br</strong> />

/mε 0<<strong>br</strong> />

χ =<<strong>br</strong> />

≈<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

ω − ω − iωb<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

( ω − ω)<<strong>br</strong> />

− iω<<strong>br</strong> />

b<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(10.2)<<strong>br</strong> />

onde na última passagem consideramos o caso em que a freqüência da luz<<strong>br</strong> />

incidente está próxima da ressonância atômica (ω ≈ ω0). Introduzindo o<<strong>br</strong> />

tempo de relaxação T = 2/b relacionado à potência emitida pelo elétron<<strong>br</strong> />

acelerado, podemos escrever explicitamente as partes real e imaginária da<<strong>br</strong> />

susceptibilidade como:<<strong>br</strong> />

χ′ =<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ Ne<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝ 2mω0ε<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ Ne<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

χ ′′ = ⎜<<strong>br</strong> />

⎝ 2mω0ε<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

( ω0<<strong>br</strong> />

− ω)<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

( ω − ω ) T<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

( ω − ω ) T<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(10.3a)<<strong>br</strong> />

(10.3b)<<strong>br</strong> />

que estão ligadas respectivamente ao índice de refração e ao coeficiente de<<strong>br</strong> />

absorção através das expressões aproximadas n = 1 + ½ χ´ e α = ½ (ω/c)<<strong>br</strong> />

χ”. O átomo clássico pode ter qualquer energia, bastando para isto o<<strong>br</strong> />

simples aumento da amplitude de oscilação do elétron. Entretanto, a ação<<strong>br</strong> />

laser só pode ser descrita considerando-se um átomo quântico, cuja<<strong>br</strong> />

energia assume valores discretos. O cálculo da suscetibilidade deste átomo<<strong>br</strong> />

é feita utilizando-se técnicas da mecânica quântica, em particular o<<strong>br</strong> />

formalismo da matriz de densidade. Este tipo de cálculo foge aos<<strong>br</strong> />

objetivos deste capítulo e assim, o que vamos fazer a seguir é apresentar a<<strong>br</strong> />

equação que descreve a suscetibilidade e discutir fisicamente a origem dos<<strong>br</strong> />

seus termos.<<strong>br</strong> />

No formalismo semi-clássico, onde o átomo é tratado como uma<<strong>br</strong> />

entidade quântica e o campo eletromagnético como uma variável clássica,<<strong>br</strong> />

as partes real e imaginária da susceptibilidade atômica são dadas por:<<strong>br</strong> />

χ′ =<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ μ ΔN<<strong>br</strong> />

0T<<strong>br</strong> />

−⎜<<strong>br</strong> />

⎝ hε<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

χ ′<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ μ ΔN0T<<strong>br</strong> />

−⎜<<strong>br</strong> />

⎝ hε<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( ω0<<strong>br</strong> />

− ω)<<strong>br</strong> />

T2<<strong>br</strong> />

μ ( ω0<<strong>br</strong> />

− ω)<<strong>br</strong> />

T2<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

g( ν)<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

( ω−<<strong>br</strong> />

ω ) T + 4Ω<<strong>br</strong> />

T τ 2hε<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

( ω−<<strong>br</strong> />

ω ) T<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

μ<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+ 4Ω<<strong>br</strong> />

T τ 2hε<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

g( ν)<<strong>br</strong> />

10.4a)<<strong>br</strong> />

(10.4b)


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

onde ΔN0 = (N2 – N1)0 , que substitui o N da eq. (10.3), é a diferença de<<strong>br</strong> />

população entre os níveis excitado (2) e fundamental (1) na ausência de<<strong>br</strong> />

luz. μ é o momento de dipolo da transição conectando os estados 1 e 2,<<strong>br</strong> />

sendo dado, no caso em que a luz estiver polarizada na direção x, por:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

μ = −e<<strong>br</strong> />

∫ ψ1(<<strong>br</strong> />

r ) x ψ 2 ( r )dV , onde as funções de onda ψi referem-se aos<<strong>br</strong> />

estados excitado (2) e fundamental (1). g(ν) é a forma de linha<<strong>br</strong> />

normalizada, dada pela Lorentziana:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

217<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

( ) ( ) ( ) 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2T2<<strong>br</strong> />

Δν<<strong>br</strong> />

/ 2π<<strong>br</strong> />

g(<<strong>br</strong> />

ν ) =<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(10.5)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

4π<<strong>br</strong> />

ν − ν T ν − ν + Δν<<strong>br</strong> />

/ 2<<strong>br</strong> />

que possui uma largura Δν = (πT2) -1 e é tal que g ( ν)<<strong>br</strong> />

dν<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

lado,<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

∫<<strong>br</strong> />

. Por outro<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

⎛ 1+<<strong>br</strong> />

( ω − ω ) ⎞<<strong>br</strong> />

0 T2<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

= ΔN<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

(10.6)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

⎝1<<strong>br</strong> />

+ ω − ω0<<strong>br</strong> />

T2<<strong>br</strong> />

+ 4Ω<<strong>br</strong> />

T2τ<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

é a diferença de população entre os níveis excitado (2) e fundamental (1)<<strong>br</strong> />

na presença de luz. As diferenças mais significativas entre as equações<<strong>br</strong> />

(10.3) e (10.4) devem-se ao termo de saturação 4Ω 2 T2τ existente no<<strong>br</strong> />

denominador e à interpretação dos termos de relaxação τ e T2.<<strong>br</strong> />

A grandeza Ω = μE/2ħ é conhecida como freqüência de Rabi e<<strong>br</strong> />

seu quadrado é proporcional à intensidade. Uma conseqüência da presença<<strong>br</strong> />

deste termo nas equações (10.4) e (10.6) é que tanto a suscetibilidade<<strong>br</strong> />

quanto a diferença de população diminuem conforme se aumenta a<<strong>br</strong> />

intensidade de luz. Este fenômeno, conhecido como saturação, se torna<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

bastante aparente quando 4Ω T<<strong>br</strong> />

. Outra conseqüência da<<strong>br</strong> />

2 > 1+<<strong>br</strong> />

( ω − ω0<<strong>br</strong> />

) T2<<strong>br</strong> />

saturação é o alargamento da linha Lorentziana de um valor Δν = (πT2)<<strong>br</strong> />

-1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

para Δνsat = Δν<<strong>br</strong> />

1 + 4Ω<<strong>br</strong> />

T2τ<<strong>br</strong> />

. Voltaremos a este ponto quando discutirmos<<strong>br</strong> />

a saturação do ganho.<<strong>br</strong> />

Um outro aspecto importante que distingue as equações (10.3) e<<strong>br</strong> />

(10.4) é aquele relacionado com os tempos de relaxação. No caso clássico,<<strong>br</strong> />

T é o tempo característico do amortecimento da vi<strong>br</strong>ação do elétron<<strong>br</strong> />

devido à emissão de radiação. Já no caso semi-clássico, foram<<strong>br</strong> />

introduzidos dois tempos de relaxação: τ, conhecido como tempo de<<strong>br</strong> />

relaxação longitudinal, é o tempo de decaimento da diferença de


218<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

população devido à emissão espontânea ou à processos não radiativos,<<strong>br</strong> />

enquanto que T2, conhecido como tempo de relaxação transversal, é<<strong>br</strong> />

responsável pela perda de coerência relativa entre os dipolos induzidos<<strong>br</strong> />

nos átomos pela luz incidente, devido principalmente às colisões<<strong>br</strong> />

interatômicas.<<strong>br</strong> />

10.4 Os coeficientes A e B de Einstein<<strong>br</strong> />

Em 1917 Einstein publicou um artigo onde analisou a interação de<<strong>br</strong> />

um conjunto de átomos idênticos com um campo de radiação com energia<<strong>br</strong> />

variando suavemente nas vizinhanças da freqüência de transição. Ele<<strong>br</strong> />

supôs a existência de dois processos estimulados, dependentes da<<strong>br</strong> />

densidade de energia de acordo com:<<strong>br</strong> />

W21 21<<strong>br</strong> />

= B ρ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

(10.7a)<<strong>br</strong> />

W12 12<<strong>br</strong> />

= B ρ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

(10.7b)<<strong>br</strong> />

onde Wij é a taxa de transição (número de transições por com unidade de<<strong>br</strong> />

tempo) e Bij são constantes a serem determinadas. De acordo com a Fig.<<strong>br</strong> />

10.2, o átomo estará em equilí<strong>br</strong>io com o campo de radiação (estado<<strong>br</strong> />

estacionário) quando o número de transições de 1→ 2 foi igual à de 2→1.<<strong>br</strong> />

Assim,<<strong>br</strong> />

W12 W21 A<<strong>br</strong> />

Fig. 10.2 – Átomo de dois níveis.<<strong>br</strong> />

N1 B12ρ<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

= N 2[<<strong>br</strong> />

B21ρ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

+ A]<<strong>br</strong> />

(10.8)<<strong>br</strong> />

sendo A a taxa de transições espontâneas e Ni a população do nível i. Para<<strong>br</strong> />

determinarmos os coeficientes A e Bij vamos supor que o campo de<<strong>br</strong> />

radiação tem como origem a emissão de corpo negro, cuja densidade de<<strong>br</strong> />

energia é dada pela fórmula de Planck:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

⎛ 8πn<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

ρ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

= ⎜ 3<<strong>br</strong> />

⎝ c<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎞⎛<<strong>br</strong> />

⎟ ⎜<<strong>br</strong> />

⎜e<<strong>br</strong> />

⎠⎝<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

KT<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

219<<strong>br</strong> />

(10.9)<<strong>br</strong> />

onde a primeira fração representa a densidade de modos para a radiação<<strong>br</strong> />

isotrópica de freqüência ν, a segunda fração o número de ocupação destes<<strong>br</strong> />

modos e o termo hν é a energia por modo (fóton). A consideração deste<<strong>br</strong> />

tipo de radiação específica não implica em que<strong>br</strong>a de generalidade uma<<strong>br</strong> />

vez que é de se esperar que os coeficientes A e Bij dependam apenas do<<strong>br</strong> />

átomo e não da radiação a que está exposto. Substituindo (10. 9) em (10.<<strong>br</strong> />

8) obtemos:<<strong>br</strong> />

N B<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎜e<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

KT<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

= N<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

⎢B<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎜e<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

KT<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

+ A⎥<<strong>br</strong> />

⎥⎦<<strong>br</strong> />

(10.10)<<strong>br</strong> />

Como os átomos estão em equilí<strong>br</strong>io térmico, a razão entre as populações<<strong>br</strong> />

dos níveis 1 e 2 é dada pelo fator de Boltzmann:<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

2 g −<<strong>br</strong> />

2 KT e<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= (10.11)<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

onde gi é a degenerescência do i-ésimo nível. Substituindo esta razão na<<strong>br</strong> />

eq. (10.10) e re-arranjando os termos obtemos:<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

3 3<<strong>br</strong> />

3 3<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

1 8πn<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

⎛ 8πn<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

⎞ −<<strong>br</strong> />

KT<<strong>br</strong> />

B 3 12 − A = ⎜ B 3 21 − A⎟<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

2 c<<strong>br</strong> />

⎝ c<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

que será válida para qualquer temperatura somente se:<<strong>br</strong> />

3 3<<strong>br</strong> />

A 8πn<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

(10.12)<<strong>br</strong> />

= (10.13a)<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

B 12 g 2<<strong>br</strong> />

= (10.13b)<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

Como num sistema atômico de dois níveis isolado a taxa de<<strong>br</strong> />

decaimento A é o inverso do tempo de vida espontâneo, A = 1/τesp, usando<<strong>br</strong> />

ν = c/λ obtemos:<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

1


220<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

21 = B12<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

⎛ ⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

(10.14)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

g 2 ⎝ n ⎠ 8πn<<strong>br</strong> />

hντesp<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

10.5 O coeficiente de ganho<<strong>br</strong> />

Considere a passagem de uma onda monocromática de freqüência<<strong>br</strong> />

ν e irradiância Iν através de um conjunto de átomos com densidades<<strong>br</strong> />

(átomos/m 3 ) N1 e N2 nos níveis 1 e 2, respectivamente. Desprezando a<<strong>br</strong> />

emissão espontânea, se tivermos um número de transições 2→1 maior que<<strong>br</strong> />

1→2 haverá um acréscimo na potência da luz dado por:<<strong>br</strong> />

Potência<<strong>br</strong> />

Volume<<strong>br</strong> />

= [ N W − N W hν<<strong>br</strong> />

2 21 1 12 ] (10.15)<<strong>br</strong> />

Tomando Iν g(ν) = (c/n) ρ(ν), onde Iν g(ν) é a irradiância efetivamente<<strong>br</strong> />

percebida pelo átomo, e usando as equações (10.7) e (10.14) obtemos:<<strong>br</strong> />

Potência<<strong>br</strong> />

Volume<<strong>br</strong> />

⎡ g ⎤ λ g(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

= ⎢N<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 −<<strong>br</strong> />

g1<<strong>br</strong> />

N1⎥<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎦ 8πn<<strong>br</strong> />

τesp<<strong>br</strong> />

(10.16)<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

Esta potência é acrescida à da onda incidente, que aumenta de<<strong>br</strong> />

acordo com:<<strong>br</strong> />

dIν<<strong>br</strong> />

( z)<<strong>br</strong> />

Potência<<strong>br</strong> />

= = γ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

Iν<<strong>br</strong> />

( z)<<strong>br</strong> />

(10.17)<<strong>br</strong> />

dz Volume<<strong>br</strong> />

Comparando as equações (10.17) e (10.16) vemos que o coeficiente de<<strong>br</strong> />

ganho é dado por:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

γ ( ν)<<strong>br</strong> />

= ΔN<<strong>br</strong> />

g(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

(10.18)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

onde ΔN foi generalizado como<<strong>br</strong> />

⎡ g 2 ⎤<<strong>br</strong> />

ΔN = ⎢N<<strong>br</strong> />

2 − N . O ganho nada mais<<strong>br</strong> />

1⎥<<strong>br</strong> />

⎣ g1<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

é do que um coeficiente de absorção negativo. Generalizando o tratamento<<strong>br</strong> />

da seção 9.2 para incluir o caso em que os átomos que sofrem a transição<<strong>br</strong> />

estão dispersos numa matriz hospedeira, podemos escrever:<<strong>br</strong> />

esp


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

221<<strong>br</strong> />

r r r r r r<<strong>br</strong> />

= ε E + P + P = εE<<strong>br</strong> />

+ ε χE<<strong>br</strong> />

(10.19)<<strong>br</strong> />

D 0<<strong>br</strong> />

trans<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

onde as contribuições não ressonante da matriz e ressonante devida à<<strong>br</strong> />

transição atômica foram separadas. Colocando E r em evidência<<strong>br</strong> />

encontramos a permissividade elétrica do material como ε′ = ε(<<strong>br</strong> />

1+ ε 0 χ / ε)<<strong>br</strong> />

e a constante de propagação como k′ = ω με′<<strong>br</strong> />

≅ k(<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

ε0<<strong>br</strong> />

χ / 2ε)<<strong>br</strong> />

no caso em<<strong>br</strong> />

que χ


222<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

2i<<strong>br</strong> />

(10.21)<<strong>br</strong> />

onde a soma leva em conta todos os mecanismos (colisões, transições,<<strong>br</strong> />

etc.) que interrompem a interação coerente luz-matéria.<<strong>br</strong> />

No alargamento não homogêneo, existem classes de átomos que<<strong>br</strong> />

diferem entre si por possuírem freqüências de ressonância distintas. Duas<<strong>br</strong> />

situações que levam a este tipo de alargamento são o efeito Doppler, no<<strong>br</strong> />

caso de um gás de átomos (ou moléculas) e as flutuações de campo<<strong>br</strong> />

cristalino que os diversos átomos sentem quando estão alojados numa<<strong>br</strong> />

matriz hospedeira. Estas flutuações têm como origem deformações, ou<<strong>br</strong> />

outros tipos de imperfeições cristalinas, que fazem com que os átomos<<strong>br</strong> />

vejam diferentes vizinhanças (e campos cristalinos) dependendo do lugar<<strong>br</strong> />

onde eles se encontram posicionados, levando a diferentes freqüências de<<strong>br</strong> />

transição, devido ao efeito Stark flutuante. No caso de átomos colocados<<strong>br</strong> />

em vidros, o alargamento não homogêneo é bem mais significativo porque<<strong>br</strong> />

a configuração de átomos se modifica bastante conforme se muda a<<strong>br</strong> />

posição no interior do material.<<strong>br</strong> />

Uma classe importante de lasers é aquela em que o meio ativo é<<strong>br</strong> />

um gas. Dentre os vários lasers deste tipo destacam-se o de CO2, argônio,<<strong>br</strong> />

kriptônio, He-Ne, excimer, etc. Já vimos na seção 4.3 que a forma de linha<<strong>br</strong> />

neste caso é dada por uma Gaussiana da forma:<<strong>br</strong> />

2 ln2<<strong>br</strong> />

⎡ ⎛ ν − ν<<strong>br</strong> />

g( ν)<<strong>br</strong> />

= exp⎢−<<strong>br</strong> />

4ln2⎜<<strong>br</strong> />

π Δν<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

⎝ Δν<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎥⎦<<strong>br</strong> />

(10.22)<<strong>br</strong> />

onde:<<strong>br</strong> />

kT<<strong>br</strong> />

Δ ν D = 2ν 0 2ln2<<strong>br</strong> />

(10.23)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

mc<<strong>br</strong> />

Vamos em seguida analisar como o ganho de um meio ativo<<strong>br</strong> />

satura quando temos estes tipos de alargamento de linha.<<strong>br</strong> />

10.7 Saturação do ganho em meios com<<strong>br</strong> />

alargamentos homogêneo e não homogêneo<<strong>br</strong> />

A distinção mais importante entre sistemas atômicos com<<strong>br</strong> />

alargamentos homogêneo e não homogêneo é a maneira com que o ganho


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

satura. Isto é muito importante para descrever a ação laser, como veremos<<strong>br</strong> />

adiante. Num sistema com alargamento homogêneo os átomos são<<strong>br</strong> />

indistinguíveis, de forma que o ganho total é dado pela eq. (10.18),<<strong>br</strong> />

deduzida na seção 10.5. Substituindo nesta equação g(ν) e ΔN dados<<strong>br</strong> />

respectivamente pelas equações (10.5) e (10.6), usando Iν = ½ cnε0E0 2 e<<strong>br</strong> />

Ω = ( μE<<strong>br</strong> />

/ 2 ) , obtemos o ganho no sistema com alargamento homogêneo<<strong>br</strong> />

0 h<<strong>br</strong> />

como:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

0λ<<strong>br</strong> />

g(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

1 γ 0 ( ν)<<strong>br</strong> />

γ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(10.24)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

τ 1+<<strong>br</strong> />

I / I ( ν)<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

I / I ( ν)<<strong>br</strong> />

esp<<strong>br</strong> />

onde γ0(ν) é o ganho não saturado que ocorre para intensidades muito<<strong>br</strong> />

pequenas (E0 ≈ 0) e Is(ν) é a intensidade de saturação, dada por<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

cnε0h<<strong>br</strong> />

4πn<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

Is ( ν)<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

(10.25)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

μ τg(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

τ/<<strong>br</strong> />

τ λ g(<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

( ) )<<strong>br</strong> />

onde na última passagem usamos a eq. (10.20) para a eliminação de μ 2 .<<strong>br</strong> />

Desta equação vemos que a intensidade de saturação é menor próximo ao<<strong>br</strong> />

centro da linha de absorção, o que torna maior o denominador da eq.<<strong>br</strong> />

(10.24). Assim, o ganho segue aproximadamente a forma de linha<<strong>br</strong> />

Lorentziana longe da freqüência de ressonância (Is(ν) é pequeno), mas nas<<strong>br</strong> />

vizinhanças do centro da linha ele diminui significativamente devido ao<<strong>br</strong> />

decréscimo de Is(ν).<<strong>br</strong> />

Já no caso de um sistema atômico com alargamento não<<strong>br</strong> />

homogêneo, os átomos são distinguíveis, cada um tendo uma determinada<<strong>br</strong> />

freqüência de transição. Um exemplo típico é o caso do efeito Doppler,<<strong>br</strong> />

que faz com que classes de átomos com velocidades diferentes tenham<<strong>br</strong> />

freqüências diferentes. Vamos definir uma função p(νξ) que representa a<<strong>br</strong> />

probabilidade da freqüência central de um átomo se localizar entre νξ e<<strong>br</strong> />

νξ + dνξ. Para o caso de um gás, esta função será a distribuição de<<strong>br</strong> />

Maxwell-Boltzmann, que por definição é normalizada de acordo com:<<strong>br</strong> />

∫ p ( ν ) dν<<strong>br</strong> />

= 1.<<strong>br</strong> />

Cada átomo com freqüência ν<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

ξ ξ<<strong>br</strong> />

ξ é considerado como<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

possuindo alargamento homogêneo, tendo uma função forma de linha<<strong>br</strong> />

g ξ ξ<<strong>br</strong> />

(ν) normalizada tal que: g ( ν)<<strong>br</strong> />

dν<<strong>br</strong> />

= 1.<<strong>br</strong> />

Podemos definir uma forma de<<strong>br</strong> />

∫ +∞<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

linha g(ν) para a transição, supondo que g(ν)dν representa a probabilidade<<strong>br</strong> />

esp<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

223


224<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

que uma emissão espontânea gere um fóton com freqüência ν e ν +dν.<<strong>br</strong> />

Com isso podemos escrever:<<strong>br</strong> />

ξ [ p(<<strong>br</strong> />

ν ξ ) g ( ν)<<strong>br</strong> />

dν<<strong>br</strong> />

ξ ] dν<<strong>br</strong> />

ν ν = ∫ +∞<<strong>br</strong> />

g ( ) d<<strong>br</strong> />

(10.26)<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

que nada mais é do que a média ponderada das contribuições de todas as<<strong>br</strong> />

classes de átomos cujas formas de linha possuam um valor não nulo na<<strong>br</strong> />

freqüência ν. Note que embora utilizemos a mesma denominação g(ν)<<strong>br</strong> />

para a forma de linha, aqui não se trata de uma Lorentziana, mas sim de<<strong>br</strong> />

uma soma delas, com freqüências variadas. No caso particular em que a<<strong>br</strong> />

linha homogênea é muito mais estreita que a linha não homogênea<<strong>br</strong> />

caracterizada pela distribuição p(νξ), g ξ (ν) pode ser aproximada pela<<strong>br</strong> />

função δ(ν-νξ) e assim g(ν) da eq. (10.26) se torna p(ν).<<strong>br</strong> />

Se a inversão total não saturada é ΔN0 (átomos/m 3 ), a inversão<<strong>br</strong> />

devida aos átomos no intervalo dνξ é ΔN0p(νξ)dνξ e a contribuição<<strong>br</strong> />

daquela classe sozinha ao ganho na freqüência ν é dada como:<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

[ ] [ ] ⎥ 2<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

λ ⎡ p(<<strong>br</strong> />

νξ<<strong>br</strong> />

) dν<<strong>br</strong> />

0 ξ ⎤<<strong>br</strong> />

γ ν =<<strong>br</strong> />

π τ<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

(10.27)<<strong>br</strong> />

ξ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ξ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8 n esp ⎣ 1/<<strong>br</strong> />

g ( ν)<<strong>br</strong> />

+ λ φI<<strong>br</strong> />

ν/<<strong>br</strong> />

4πn<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

onde a eq. (10.24) foi usada com φ = (τ/τesp). Como as contribuições das<<strong>br</strong> />

várias classes são aditivas, segue-se que:<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

γ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

= 2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

p(<<strong>br</strong> />

ν ) dν<<strong>br</strong> />

∫ [ ] [ ]<<strong>br</strong> />

∞ +<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0 ξ ξ<<strong>br</strong> />

(10.28)<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

ξ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

esp 1/<<strong>br</strong> />

g ( ν)<<strong>br</strong> />

+ λ φI<<strong>br</strong> />

ν / 4πn<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

Este é o nosso resultado básico. Para verificar a validade da eq.<<strong>br</strong> />

(10.28), vamos considerar o caso em que Iν é muito pequeno e assim os<<strong>br</strong> />

efeitos de saturação podem ser desprezados. Usando as equações (10.28) e<<strong>br</strong> />

(10.26) temos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

0λ<<strong>br</strong> />

ΔN0λ<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

p(<<strong>br</strong> />

ν ) g ( ν)<<strong>br</strong> />

dν<<strong>br</strong> />

= g(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

ξ<<strong>br</strong> />

(10.29)<<strong>br</strong> />

ξ ξ<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

γ ∫ ∞<<strong>br</strong> />

esp<<strong>br</strong> />

que é igual à eq. (10.24) no caso em que Iν = 0, exceto que g(ν) não é uma<<strong>br</strong> />

função Lorentziana, mas uma média ponderada delas. Isto mostra que na<<strong>br</strong> />

ausência de saturação as expressões para o ganho de sistemas com<<strong>br</strong> />

alargamentos homogêneo e não homogêneo são idênticos.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

esp


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

Nosso interesse principal nesta seção é derivar o ganho saturado<<strong>br</strong> />

para uma transição atômica alargada não homogeneamente. Supondo que<<strong>br</strong> />

os átomos de cada classe ξ são idênticos (e com alargamento homogêneo),<<strong>br</strong> />

podemos usar a eq. (10.5) para a função forma de linha para esta classe:<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ξ Δν<<strong>br</strong> />

/ 2π<<strong>br</strong> />

g ( ν)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(10.30)<<strong>br</strong> />

ν −ν<<strong>br</strong> />

+ Δν<<strong>br</strong> />

/ 2<<strong>br</strong> />

( ) ( ) 2<<strong>br</strong> />

onde Δν é chamada de largura homogênea da linha não homogênea.<<strong>br</strong> />

Átomos com freqüência de transição νξ agrupadas dentro de uma faixa<<strong>br</strong> />

Δν são considerados indistinguíveis e chamados de pacotes homogêneos.<<strong>br</strong> />

Usando as equações (10.28) e (10.30) temos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

λ Δν<<strong>br</strong> />

γ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

= 2 2<<strong>br</strong> />

16π<<strong>br</strong> />

n τ<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

ξ<<strong>br</strong> />

p(<<strong>br</strong> />

ν ) dν<<strong>br</strong> />

225<<strong>br</strong> />

∫ ( ) ( ) [ ]<<strong>br</strong> />

∞ +<<strong>br</strong> />

0 ξ ξ<<strong>br</strong> />

(10.31)<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

esp ν − ν ξ + Δν<<strong>br</strong> />

/ 2 + λ φI<<strong>br</strong> />

νΔν<<strong>br</strong> />

/ 8π<<strong>br</strong> />

n hν<<strong>br</strong> />

No caso em que o alargamento não homogêneo é muito maior que<<strong>br</strong> />

o homogêneo, p(νξ) varia suavemente na região onde o integrando têm seu<<strong>br</strong> />

máximo e pode ser retirado para fora da integral, so<strong>br</strong>ando apenas uma<<strong>br</strong> />

integral definida do tipo:<<strong>br</strong> />

Com isso obtemos:<<strong>br</strong> />

+ ∞<<strong>br</strong> />

∫−∞ x<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

π<<strong>br</strong> />

dx =<<strong>br</strong> />

+ a a<<strong>br</strong> />

(10.31)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

0λ<<strong>br</strong> />

p(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

γ 0 ( ν)<<strong>br</strong> />

γ ( ν)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(10.32)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

esp 1+<<strong>br</strong> />

λ φI<<strong>br</strong> />

/ 2π<<strong>br</strong> />

n hνΔν<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

I / I<<strong>br</strong> />

[ ] ν s<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

onde Is = 2π 2 n 2 hνΔν/φλ 2 é a intensidade de saturação da linha não<<strong>br</strong> />

homogênea. Uma comparação das equações (10.24) e (10.32) revela duas<<strong>br</strong> />

diferenças essenciais entre o comportamento da saturação em sistemas<<strong>br</strong> />

com alargamento homogêneo e não homogêneo. Primeiro, o sistema não<<strong>br</strong> />

homogêneo satura mais lentamente devido à raiz quadrada presente no<<strong>br</strong> />

denominador da eq. (10.32). Isso pode ser explicado pelo fato que mais<<strong>br</strong> />

classes começam a interagir com campo de radiação conforme sua<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

intensidade aumenta, de acordo com Δνsat = Δν<<strong>br</strong> />

1 + 4Ω<<strong>br</strong> />

T2τ<<strong>br</strong> />

, de forma a<<strong>br</strong> />

compensar parcialmente o decréscimo da inversão na classe ξ. Se


226<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

multiplicarmos a eq. (10.24) por Δνsat, o resultado é um ganho cuja<<strong>br</strong> />

dependência é do tipo dada pela eq. (10.32).<<strong>br</strong> />

Segundo, a intensidade de saturação no caso não homogêneo não<<strong>br</strong> />

depende da forma de linha, mas apenas de Δν. Isto é, Is não depende de<<strong>br</strong> />

g(ν) conforme ocorre na intensidade de saturação para o caso homogêneo.<<strong>br</strong> />

10.8 Espectroscopia de saturação<<strong>br</strong> />

Para apreciarmos melhor a diferença entre o comportamento da<<strong>br</strong> />

saturação em meios como alargamentos homogêneo e não homogêneo,<<strong>br</strong> />

vamos considerar o caso em que um campo forte, de freqüência ν, é<<strong>br</strong> />

aplicado a um meio que pode absorver a luz. Simultaneamente, um feixe<<strong>br</strong> />

de sonda bem fraco, de freqüência ν′ , é usado para medir o ganho γ( ν ′ ).<<strong>br</strong> />

Nosso objetivo é determinar a forma da curva de ganho para as duas<<strong>br</strong> />

situações.<<strong>br</strong> />

ν′<<strong>br</strong> />

Vamos considerar inicialmente o caso homogêneo. O ganho em<<strong>br</strong> />

é dado pela eq. (10.18), que transcrevemos abaixo:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

γ ( ν′ ) = ΔN<<strong>br</strong> />

g(<<strong>br</strong> />

ν′ )<<strong>br</strong> />

(10.34)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

onde ΔN é a inversão de população na presença do campo forte em ν,<<strong>br</strong> />

dada pela eq. (10.6), que quando usada com a equação do ganho leva a:<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

( ) ⎟ ⎟⎟⎟<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

4π<<strong>br</strong> />

ν − ν 0 T2<<strong>br</strong> />

γ(<<strong>br</strong> />

ν′ ) = γ 0 ( ν′ )<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

⎜ 2<<strong>br</strong> />

2 2 μ E 0<<strong>br</strong> />

⎜1<<strong>br</strong> />

+ 4π<<strong>br</strong> />

ν − ν 0 T2<<strong>br</strong> />

+ g1T2τ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

h ⎠<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

esp<<strong>br</strong> />

(10.35)<<strong>br</strong> />

onde E0 é a amplitude do campo forte em ν e γ0( ν′ ) é a função ganho não<<strong>br</strong> />

saturado:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

γ 0 ( ν′ ) = ΔN<<strong>br</strong> />

0 g(<<strong>br</strong> />

ν′ )<<strong>br</strong> />

(10.36)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

e g( ν′<<strong>br</strong> />

) é, neste caso, a função Lorentziana. Assim, vemos que o ganho<<strong>br</strong> />

tem a mesma dependência em freqüência que o ganho não saturado, mas<<strong>br</strong> />

sua magnitude é reduzida pelo fator dentro do parêntesis da eq. (10.35).<<strong>br</strong> />

esp


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

No caso de um sistema alargado não homogeneamente, a situação<<strong>br</strong> />

é mais complicada. Quando ν′ está nas vizinhanças de ν (ν´-ν < Δν), o<<strong>br</strong> />

feixe sonda interage com moléculas que possuem a diferença de<<strong>br</strong> />

população saturada pelo feixe de bombeio. Para esta freqüência podemos<<strong>br</strong> />

utilizar a eq. (10.30) para re-escrever a eq. (10.28) como:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

λ + ∞ ( ν − νξ<<strong>br</strong> />

) + ( Δν<<strong>br</strong> />

/ 2)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

ξ<<strong>br</strong> />

γ( ν)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

νξ<<strong>br</strong> />

ν νξ<<strong>br</strong> />

π τ ∫ p(<<strong>br</strong> />

) g ( ) d<<strong>br</strong> />

2 −∞<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

8 n esp ( ν − νξ<<strong>br</strong> />

) + ( Δν<<strong>br</strong> />

/ 2)<<strong>br</strong> />

+ [ λ φ ΔνIν<<strong>br</strong> />

/ 8π<<strong>br</strong> />

n hν]<<strong>br</strong> />

(10.37)<<strong>br</strong> />

O integrando é proporcional à contribuição do ganho em ν devido ao<<strong>br</strong> />

pacote atômico centrado em νξ , e a fração representa o fator pelo qual<<strong>br</strong> />

esta contribuição é reduzida devido ao campo saturante em ν. O ganho<<strong>br</strong> />

sentido pelo feixe de prova fraco em ν′ é, portanto o ganho não saturado<<strong>br</strong> />

multiplicado por esse fator de redução local, isto é:<<strong>br</strong> />

γ(<<strong>br</strong> />

ν′ ) = γ0<<strong>br</strong> />

( ν′ )<<strong>br</strong> />

( ν − ν′ )<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( ν − ν′ ) + ( Δν<<strong>br</strong> />

/ 2)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+ + λ φΔνI<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

( Δν<<strong>br</strong> />

/ 2)<<strong>br</strong> />

[ / 8π<<strong>br</strong> />

n hν]<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

227<<strong>br</strong> />

(10.38)<<strong>br</strong> />

Para as freqüências ν′ afastadas de ν, a diferença de população não está<<strong>br</strong> />

saturada pelo feixe forte e assim, o ganho sentido pelo feixe sonda será<<strong>br</strong> />

dado pela eq. (10.29). Em suma, γ( ν′ ) é essencialmente idêntico ao ganho<<strong>br</strong> />

não saturado, exceto para freqüências ν´ nas vizinhanças da freqüência de<<strong>br</strong> />

saturação ν, onde é diminuído num intervalo de freqüências da ordem de:<<strong>br</strong> />

Δ νdip<<strong>br</strong> />

= Δν<<strong>br</strong> />

1 + Iν<<strong>br</strong> />

/ I e o ganho em ν′ é reduzido por um fator (1+Iν/Is) s<<strong>br</strong> />

-1 . Is<<strong>br</strong> />

é a intensidade de saturação definida por Is = 8π 2 n 2 hν/Δνφλ 2 . Essa região<<strong>br</strong> />

de ganho mais baixo é usualmente chamada de Lamb dip e o fenômeno é<<strong>br</strong> />

utilizado para se obter a largura homogênea contida num perfil não<<strong>br</strong> />

homogêneo.<<strong>br</strong> />

A curva de ganho do sinal de prova está esquematizada na Fig.<<strong>br</strong> />

10.3 para as duas situações. Nela vemos que para o caso de alargamento<<strong>br</strong> />

homogêneo a curva de ganho diminui em toda a sua largura espectral,<<strong>br</strong> />

porém, no caso não homogêneo o decréscimo (saturação) do ganho ocorre<<strong>br</strong> />

apenas para algumas classes de velocidades. Isto faz com que a curva<<strong>br</strong> />

passe a apresentar buracos no seu perfil toda vez que houver luz presente<<strong>br</strong> />

naquela freqüência.


228<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

(a) (b)<<strong>br</strong> />

Fig. 10.3 – Ganho de um feixe de prova fraco de freqüência ν´ na presença de<<strong>br</strong> />

um campo saturante forte na freqüência ν para os casos de<<strong>br</strong> />

alargamentos (a) homogêneo e (b) não homogêneo<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

10.1. A. Yariv, Quantum Electronics, 3ª edição, John Wiley and Sons,<<strong>br</strong> />

NY (1989).<<strong>br</strong> />

10.1. Mostre que χ’ e χ” satisfazem a relação de Kramers-Kronig:<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

( ) ω′<<strong>br</strong> />

χ ′′ ω<<strong>br</strong> />

ω =<<strong>br</strong> />

π ω′ − ω<<strong>br</strong> />

+ 1 ( )<<strong>br</strong> />

( ) P.<<strong>br</strong> />

V.<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

(10.39a)<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

χ′ ∫ ∞<<strong>br</strong> />

( ) ω′<<strong>br</strong> />

χ′ ω<<strong>br</strong> />

χ ′ ω = −<<strong>br</strong> />

π ∫ ω′ − ω<<strong>br</strong> />

∞ + 1 ( )<<strong>br</strong> />

( ) P.<<strong>br</strong> />

V.<<strong>br</strong> />

d<<strong>br</strong> />

(10.39b)<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

no limite de saturação desprezível (Ω = 0). P.V. significa o valor<<strong>br</strong> />

principal de Cauchy.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

10.2 Determine o valor do coeficiente de absorção devido a uma transição<<strong>br</strong> />

em ν0 = 3x10 14 Hz, onde N2 = 0 e N1 = 10 18 cm -3 , a largura de linha<<strong>br</strong> />

não homogênea Gaussiana é 400 cm -1 e τesp = 10 -4 s. Definindo a<<strong>br</strong> />

densidade óptica como DO = -log10(I/I0), qual será seu valor em ν0<<strong>br</strong> />

para uma mostra com 1 cm de comprimento? A que temperatura a<<strong>br</strong> />

taxa de transições induzidas pela radiação de corpo negro se iguala<<strong>br</strong> />

à taxa de emissão espontânea?<<strong>br</strong> />

10.3. Mostre que quando os feixes de bombeio e de prova de mesma<<strong>br</strong> />

freqüência propagam em direções opostas num experimento de<<strong>br</strong> />

espectroscopia de saturação num gás sujeito ao efeito Doppler, eles<<strong>br</strong> />

interagem simultaneamente apenas com os átomos (ou moléculas)<<strong>br</strong> />

que possuem velocidades nulas na direção dos feixes.<<strong>br</strong> />

10.4. Mostre que a intensidade de saturação para um átomo de dois níveis<<strong>br</strong> />

é dada por Is(ν) = hν/(2σ(ν)τ), onde σ(ν) é a seção de choque de<<strong>br</strong> />

absorção na freqüência ν.<<strong>br</strong> />

10.5. Considere o efeito da dispersão na velocidade de grupo de um pulso<<strong>br</strong> />

óptico, com freqüência central igual à da ressonância atômica (ω0),<<strong>br</strong> />

propagando num meio atômico: a) para um meio amplificador e b)<<strong>br</strong> />

para um meio absorvente.<<strong>br</strong> />

Expresse a velocidade de grupo como função do ganho de pico para<<strong>br</strong> />

uma linha Lorentziana. Ignore hole-burning e suponha que o<<strong>br</strong> />

espectro do pulso é estreito comparado com Δν. Lem<strong>br</strong>e que:<<strong>br</strong> />

2 ( ν 0 − ν)<<strong>br</strong> />

χ '(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

= χ"<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

, γ ( ν)<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

χ"<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

, vg = dω/dk’, com<<strong>br</strong> />

2 Δν<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

⎡ χ'(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

k '(<<strong>br</strong> />

ν) = k<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

, onde k(ν) = ωn/c = 2πνn/c.<<strong>br</strong> />

2 2n<<strong>br</strong> />

⎥⎦<<strong>br</strong> />

10.6. a) Explique (fisicamente) o significado dos termos de relaxação τ e<<strong>br</strong> />

T2.<<strong>br</strong> />

b) Discuta o significado de χ com base na expressão<<strong>br</strong> />

⎡ ε0<<strong>br</strong> />

χ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

k'=<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

, onde k e ε referem-se à matriz onde são<<strong>br</strong> />

⎣ 2ε<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

colocados os átomos de susceptibilidade χ.<<strong>br</strong> />

c) Deduza os números de modos por unidade de freqüência que<<strong>br</strong> />

podem ser emitidos espontaneamente em torno da freqüência ν.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

229


230<<strong>br</strong> />

Interação luz-matéria: tratamento semi-clássico<<strong>br</strong> />

d) Deduza uma expressão relacionando o número de fótons do<<strong>br</strong> />

modo k r (freqüência ν) com a intensidade Iν naquela freqüência.<<strong>br</strong> />

e) Deduza uma expressão relacionando a intensidade Iν com a<<strong>br</strong> />

densidade de energia ρ(ν) naquela freqüência.<<strong>br</strong> />

10.7. A primeira linha da série principal do sódio é linha D em 5890 Å,<<strong>br</strong> />

que corresponde a uma transição do primeiro estado excitado (3p)<<strong>br</strong> />

para o estado fundamental (3s). a) Qual a energia em eV do<<strong>br</strong> />

primeiro estado excitado? b) Que a fração de átomos está no<<strong>br</strong> />

primeiro estado excitado em uma lâmpada de vapor de sódio a uma<<strong>br</strong> />

temperatura de 250 0 C? c) Qual é a razão entre a emissão<<strong>br</strong> />

estimulada, B21 ρ(ν), e a emissão espontânea, A, a uma temperatura<<strong>br</strong> />

de 250 0 C para a linha D do sódio?<<strong>br</strong> />

10.8. a) Calcule a constante de ganho aproximada de um laser de rubi com<<strong>br</strong> />

N0 = 10 19 íons de Cr 3+ /cm 3 em Al2O3. O comprimento de onda do<<strong>br</strong> />

laser é 6934 Å, o tempo de vida do estado excitado é de 3 ms e a<<strong>br</strong> />

largura de linha é de 1 Å. Suponha g1 = g2, e que 50% dos íons Cr 3+<<strong>br</strong> />

estão no primeiro estado excitado e 40% estão no estado<<strong>br</strong> />

fundamental.<<strong>br</strong> />

b) Calcule a densidade de inversão N2-N1(g2/g1) para um laser de<<strong>br</strong> />

He-Ne operando em 6328 Å. A constante de ganho é 0.04 cm -1 no<<strong>br</strong> />

centro da linha, e a largura Doppler é de 1 GHz. O tempo de vida<<strong>br</strong> />

do estado excitado é de 10 -7 s.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

231<<strong>br</strong> />

11<<strong>br</strong> />

11.1 Introdução<<strong>br</strong> />

Como exposto no capítulo anterior, é necessária a presença de luz<<strong>br</strong> />

para que ocorra a emissão estimulada e conseqüentemente, a ação laser.<<strong>br</strong> />

Do ponto de vista prático, isto é obtido por meio de uma cavidade<<strong>br</strong> />

ressonante, que nada mais é que o interferômetro de Fa<strong>br</strong>y-Pérot, já<<strong>br</strong> />

estudado no Cap. 6. Além de possibilitar o crescimento da intensidade da<<strong>br</strong> />

radiação eletromagnética, a cavidade também seleciona certas freqüências<<strong>br</strong> />

para as quais a ação laser ocorre. Para se realizar o cálculo de uma<<strong>br</strong> />

cavidade óptica é necessário o uso dos conhecimentos so<strong>br</strong>e feixes<<strong>br</strong> />

Gaussianos, que já vimos no Cap. 3. Apenas para recordar, o campo<<strong>br</strong> />

elétrico é dado por:<<strong>br</strong> />

E(r, z)<<strong>br</strong> />

= E<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

w<<strong>br</strong> />

⎧<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

0 ⎧ r ⎫ ⎡<<strong>br</strong> />

kr ⎤<<strong>br</strong> />

exp⎨−<<strong>br</strong> />

⎬ xexp⎨−<<strong>br</strong> />

i⎢kz<<strong>br</strong> />

− η(z) +<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎥⎬<<strong>br</strong> />

w(z) ⎩ w (z) ⎭ ⎩ ⎣ 2R(z) ⎦⎭<<strong>br</strong> />

(11.1)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

onde w0 = 2z0/k<<strong>br</strong> />

nos dá o valor da cintura do feixe (semi-diâmetro em z =<<strong>br</strong> />

0, η(z) = tg -1 (z/z 0)<<strong>br</strong> />

e,<<strong>br</strong> />

{ } { } 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

(z/<<strong>br</strong> />

z ) = w 1 (z/<<strong>br</strong> />

z )<<strong>br</strong> />

2z<<strong>br</strong> />

= 0 (11.2a)<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

w (z)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0 +<<strong>br</strong> />

R (z) = z +<<strong>br</strong> />

{ } 2<<strong>br</strong> />

1 (z /<<strong>br</strong> />

0 z)<<strong>br</strong> />

(11.2b)<<strong>br</strong> />

Além disso, a propagação do feixe gaussiano é descrita pela lei<<strong>br</strong> />

ABCD, que nos permite encontrar como w(z) e R(z) variam conforme a


232<<strong>br</strong> />

Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

onda se propaga. Definimos anteriormente o parâmetro q(z) de acordo<<strong>br</strong> />

com:<<strong>br</strong> />

1 1 iλ<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

(11.3)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

q(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

R(<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

πnw<<strong>br</strong> />

( z)<<strong>br</strong> />

de forma que, sabendo como q(z) varia com z, a parte real de 1/q(z) dará<<strong>br</strong> />

1/R(z), enquanto que a parte imaginária está ligada a w(z). Neste caso, o<<strong>br</strong> />

parâmetro q se transforma de acordo com a lei ABCD:<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Aq1<<strong>br</strong> />

+ B<<strong>br</strong> />

= (11.4)<<strong>br</strong> />

Cq + D<<strong>br</strong> />

onde q e q<<strong>br</strong> />

1 2 se referem a dois planos quaisquer perpendiculares ao eixo<<strong>br</strong> />

óptico (z), enquanto que A, B, C, e D são os elementos da matriz que<<strong>br</strong> />

caracteriza a propagação geométrica de um raio de luz entre os planos 1 e<<strong>br</strong> />

2, como vimos na seção 3.7.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

11.2 Álge<strong>br</strong>a de cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

Neste capítulo vamos nos concentrar apenas em cavidades com<<strong>br</strong> />

espelhos esféricos, como as mostradas na Fig. 11.1. Devemos notar que<<strong>br</strong> />

um espelho plano é um caso particular de superfície esférica onde o raio é<<strong>br</strong> />

infinito. Dada uma cavidade simples consistindo de dois espelhos<<strong>br</strong> />

esféricos, queremos encontrar o feixe Gaussiano que satisfaça as<<strong>br</strong> />

condições de contorno impostas pelos raios de curvatura dos espelhos.<<strong>br</strong> />

Começaremos por tratar o problema de forma inversa, ou seja, dando um<<strong>br</strong> />

feixe Gaussiano e determinando onde se deve colocar os espelhos tal que<<strong>br</strong> />

seus raios de curvatura coincidam com os da frente de onda. Nesta<<strong>br</strong> />

situação, o feixe volta so<strong>br</strong>e si mesmo e refaz o caminho anterior sem<<strong>br</strong> />

sofrer modificações em seu perfil transversal, resultando numa cavidade<<strong>br</strong> />

dita estável. Supondo que a superfície R1 está à esquerda e R2 à direita, e<<strong>br</strong> />

usando a eq. (11.2b) temos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z0<<strong>br</strong> />

R 1 = z1<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

(11.5a)<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z0<<strong>br</strong> />

R 2 = z 2 +<<strong>br</strong> />

(11.5b)<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2


Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

de onde se obtém :<<strong>br</strong> />

R1<<strong>br</strong> />

1 2 2<<strong>br</strong> />

z1 = ± R1<<strong>br</strong> />

− 4z<<strong>br</strong> />

(11.6a)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

R 2 1 2 2<<strong>br</strong> />

z 2 = ± R 2 − 4z<<strong>br</strong> />

(11.6b)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

que são as posições em que os espelhos devem ser localizados. No caso<<strong>br</strong> />

prático, sabemos os raios de curvatura dos espelhos e a distância entre<<strong>br</strong> />

eles, definida como l = z2-z1. Com estes dados, podemos encontrar o<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

valor de z0<<strong>br</strong> />

com o uso das equações (11.6):<<strong>br</strong> />

( )( )( )<<strong>br</strong> />

( ) 2<<strong>br</strong> />

2 l l + R1<<strong>br</strong> />

l − R 2 R 2 − R 1 − l<<strong>br</strong> />

z 0 = (11.7)<<strong>br</strong> />

R 2 − R1<<strong>br</strong> />

− 2l<<strong>br</strong> />

o que nos permite caracterizar completamente o feixe Gaussiano.<<strong>br</strong> />

M1 M2<<strong>br</strong> />

plano-paralelo<<strong>br</strong> />

M1 M2<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

M1 M2<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

Confocal<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

M1 M2<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

M1 M2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

C1 C2<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

M1 M2<<strong>br</strong> />

M1 M2<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

C1,2<<strong>br</strong> />

Concêntrico<<strong>br</strong> />

M1 M2<<strong>br</strong> />

Fig. 11.1 – Cavidades ópticas formadas por dois espelhos esféricos.<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

233


234<<strong>br</strong> />

Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

Uma vez determinado z0, e consequentemente w0 = (λz /πn) 1/2<<strong>br</strong> />

0 , o<<strong>br</strong> />

próximo passo consiste em encontrar o semi-diâmetro do feixe nas<<strong>br</strong> />

posições dos espelhos utilizando a eq. (11.2a). Para uma cavidade<<strong>br</strong> />

simétrica, onde R2 = -R1<<strong>br</strong> />

= R, isto pode ser feito com facilidade. Notamos<<strong>br</strong> />

da eq. (11.7) que:<<strong>br</strong> />

( 2R<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

2 − l l<<strong>br</strong> />

0 = (11.8)<<strong>br</strong> />

e portanto:<<strong>br</strong> />

λz<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

0 w 0 = = ⎜ ⎟ ⎜R<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

πn<<strong>br</strong> />

πn<<strong>br</strong> />

⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

λ ⎛ l ⎞ ⎛ l<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

(11.9)<<strong>br</strong> />

que quando substituído na eq. (11.2a) com z = ± l/2 (cavidade simétrica)<<strong>br</strong> />

resulta em:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

λl<<strong>br</strong> />

⎛ 2R<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

w1, 2 = ⎜ ⎟ (11.10)<<strong>br</strong> />

2πn<<strong>br</strong> />

⎝ l(<<strong>br</strong> />

R − l/<<strong>br</strong> />

2)<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

No caso em que R >> l (z λ ⎛ lR<<strong>br</strong> />

0 >> l), ≈ ≈<<strong>br</strong> />

⎞ e o feixe está<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

w1, 2 w 0 ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

πn<<strong>br</strong> />

⎝ 2 ⎠<<strong>br</strong> />

praticamente colimado dentro da cavidade. Por outro lado, w1,2 será<<strong>br</strong> />

mínimo para R = l e nesta situação temos uma cavidade simétrica<<strong>br</strong> />

confocal, uma vez que f = R/2 = l/2, onde a cintura do feixe e os semidiâmetros<<strong>br</strong> />

nos espelho são dados por:<<strong>br</strong> />

λl<<strong>br</strong> />

( w 0 ) =<<strong>br</strong> />

(11.11)<<strong>br</strong> />

conf<<strong>br</strong> />

2πn<<strong>br</strong> />

( w 1,<<strong>br</strong> />

2 ) = = 2(<<strong>br</strong> />

w 0 ) conf<<strong>br</strong> />

conf<<strong>br</strong> />

λl<<strong>br</strong> />

πn<<strong>br</strong> />

que quando substituído na eq. (11.10) resulta em:<<strong>br</strong> />

w<<strong>br</strong> />

( w ) ( l/<<strong>br</strong> />

R)<<strong>br</strong> />

( 2 − l/<<strong>br</strong> />

R)<<strong>br</strong> />

1,<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1,<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

conf<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

(11.12)<<strong>br</strong> />

(11.13)<<strong>br</strong> />

Este resultado está graficado na Fig. 11.2 como função de l/R.<<strong>br</strong> />

Notamos que quando a distância entre os espelhos se aproxima de 2R, ou


Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

quando R→ ∞, o semi-diâmetro no espelho diverge. Nesta situação temos<<strong>br</strong> />

uma cavidade que é dita instável uma vez que a energia confinada dentro<<strong>br</strong> />

dela começa a transbordar pela lateral do espelho.<<strong>br</strong> />

ω 1,2 /(ω 1,2 ) conf<<strong>br</strong> />

2,0<<strong>br</strong> />

1,5<<strong>br</strong> />

1,0<<strong>br</strong> />

0 1 2<<strong>br</strong> />

Fig. 11.2 – Semi-diâmetro nos espelhos de uma cavidade esférica simétrica.<<strong>br</strong> />

O problema da estabilidade da cavidade pode ser tratado de uma<<strong>br</strong> />

forma mais geral usando o método auto-consistente. Ao dar uma volta<<strong>br</strong> />

completa na cavidade, é de se esperar que tanto o raio de curvatura como<<strong>br</strong> />

o semi-diâmetro do feixe se reproduza. Nestas condições, a lei ABCD<<strong>br</strong> />

pode ser descrita como:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

l/R<<strong>br</strong> />

235<<strong>br</strong> />

Aq + B<<strong>br</strong> />

q = (11.14)<<strong>br</strong> />

Cq + D<<strong>br</strong> />

onde A, B, C e D são as matrizes dos elementos que formam a cavidade<<strong>br</strong> />

óptica. Resolvendo a eq. (11.14) obtemos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1 ( D − A)<<strong>br</strong> />

± ( D − A)<<strong>br</strong> />

+ 4BC<<strong>br</strong> />

= (11.15)<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

2B<<strong>br</strong> />

Como as matrizes que descrevem o sistema óptico são unitárias,<<strong>br</strong> />

AD-BC = 1, e a eq. (11.15) pode ser re-escrita como:


236<<strong>br</strong> />

Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

D A<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎛ +<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

1 ( D − A)<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

2 1 λ<<strong>br</strong> />

= ± i<<strong>br</strong> />

⎝ ⎠<<strong>br</strong> />

= − i<<strong>br</strong> />

(11.16)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

q 2B<<strong>br</strong> />

B R πw<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

onde na última passagem usamos a eq. (11.3). Assim, dependendo do<<strong>br</strong> />

sinal de B, apenas + ou – deve ser considerado na raiz, de forma a<<strong>br</strong> />

obtermos:<<strong>br</strong> />

2B<<strong>br</strong> />

R = (11.17a)<<strong>br</strong> />

( D − A)<<strong>br</strong> />

w =<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

λ ⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

πn<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

1/<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1/<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎡ D A<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎛ + ⎤<<strong>br</strong> />

⎢ −<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎣ ⎝ ⎠ ⎦<<strong>br</strong> />

1/<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

(11.17b)<<strong>br</strong> />

A análise desta equação mostra que só teremos solução real<<strong>br</strong> />

quando:<<strong>br</strong> />

D + A<<strong>br</strong> />

≤ 1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(11.18)<<strong>br</strong> />

Esta é a condição de confinamento (estabilidade) para uma<<strong>br</strong> />

cavidade genérica. No caso particular em que temos uma cavidade com<<strong>br</strong> />

dois espelhos de raios R1 e R2, e usando que f i = Ri/2,<<strong>br</strong> />

encontramos a<<strong>br</strong> />

matriz do sistema como:<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

M = ⎜<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

de onde tiramos que:<<strong>br</strong> />

( ) ( )<<strong>br</strong> />

( ) ⎟ ⎟⎟⎟<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

4l<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

2l<<strong>br</strong> />

2 / R1<<strong>br</strong> />

+ 1/<<strong>br</strong> />

R 2 +<<strong>br</strong> />

2l<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

l / R 2<<strong>br</strong> />

R1R<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

2l<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

− 2⎜1/<<strong>br</strong> />

R1<<strong>br</strong> />

+ 1/<<strong>br</strong> />

R 2 + ⎟ 1−<<strong>br</strong> />

2l<<strong>br</strong> />

/ R 2<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

R1R<<strong>br</strong> />

2 ⎠<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(11.19)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

D + A<<strong>br</strong> />

2l<<strong>br</strong> />

= 1−<<strong>br</strong> />

2l<<strong>br</strong> />

( 1/<<strong>br</strong> />

R1<<strong>br</strong> />

+ 1/<<strong>br</strong> />

R 2 ) + ≤ 1 (11.20)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

R R<<strong>br</strong> />

Com um pouco de manipulação algé<strong>br</strong>ica chegamos à condição de<<strong>br</strong> />

confinamento para a cavidade esférica simétrica:<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2


Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

( 1 − / R )( 1 − / R ) 1<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

237<<strong>br</strong> />

0 ≤ l l ≤<<strong>br</strong> />

(11.21)<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

Esta desigualdade pode ser colocada na forma gráfica indicada na<<strong>br</strong> />

Fig. 11.3. Dela vemos que as cavidades plano-paralelas e concêntrica são<<strong>br</strong> />

instáveis, enquanto que a confocal é estável.<<strong>br</strong> />

concêntrico<<strong>br</strong> />

1-l/R2<<strong>br</strong> />

simétrico<<strong>br</strong> />

confocal<<strong>br</strong> />

estável<<strong>br</strong> />

estável<<strong>br</strong> />

plano-paralelo<<strong>br</strong> />

1-l/R<<strong>br</strong> />

Fig. 11.3 – Diagrama de confinamento de cavidades ópticas esféricas.<<strong>br</strong> />

11.3 Freqüências de ressonância<<strong>br</strong> />

Como vimos na seção anterior, para que haja confinamento, e<<strong>br</strong> />

consequentemente estabilidade, é necessário que o feixe se reproduza<<strong>br</strong> />

geometricamente (raio de curvatura e semi-diâmetro) ao dar uma volta<<strong>br</strong> />

completa na cavidade. Por outro lado, para que a cavidade seja ressonante,<<strong>br</strong> />

a fase do campo eletromagnético deve ganhar uma diferença de fase<<strong>br</strong> />

múltipla de 2π de forma a haver interferência construtiva conforme o feixe<<strong>br</strong> />

dá a volta completa na cavidade. Para calcularmos as freqüências de<<strong>br</strong> />

1


238<<strong>br</strong> />

Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

ressonância que são decorrentes deste acréscimo de fase, vamos<<strong>br</strong> />

considerar o feixe Gaussiano numa ordem qualquer, isto é, não apenas o<<strong>br</strong> />

feixe TEM00 que vimos no início do capítulo. Sem fazer nenhuma<<strong>br</strong> />

demonstração detalhada, vamos usar resultados já conhecidos da literatura<<strong>br</strong> />

e escrever o campo eletromagnético como:<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

m,<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

w 0 ⎛<<strong>br</strong> />

(x,y,z) = E 0 H m ⎜<<strong>br</strong> />

w(z) ⎝<<strong>br</strong> />

x ⎞ ⎛<<strong>br</strong> />

2 ⎟H<<strong>br</strong> />

n ⎜<<strong>br</strong> />

w(z) ⎠ ⎝<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

y ⎞ ⎧ x + y ⎫<<strong>br</strong> />

2 ⎟exp⎨−<<strong>br</strong> />

2 ⎬<<strong>br</strong> />

w(z) ⎠ ⎩ w (z) ⎭<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

⎧ ⎡ k(<<strong>br</strong> />

x + y ) ⎤⎫<<strong>br</strong> />

exp⎨−<<strong>br</strong> />

i⎢kz<<strong>br</strong> />

− ( m + n + 1)<<strong>br</strong> />

η(z) + ⎥⎬<<strong>br</strong> />

⎩ ⎣<<strong>br</strong> />

2R(z)<<strong>br</strong> />

⎦⎭<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

(11.22)<<strong>br</strong> />

onde Hj são os polinômios de Hermite de ordem j. Se o feixe ganha uma<<strong>br</strong> />

diferença de fase múltipla de 2π ao dar a volta completa na cavidade, a<<strong>br</strong> />

diferença de fase será múltipla de π se ele realiza apenas meia volta, ou<<strong>br</strong> />

seja, θ m,n(z 2) – θ m,n(z1) = qπ, onde q é um inteiro qualquer e θm,n(z)<<strong>br</strong> />

= kz-<<strong>br</strong> />

(m+n+1) tg -1 (z/z0). Como estamos apenas pegando o resultado da volta<<strong>br</strong> />

completa e dividindo por 2, os raios de curvatura não aparecem.<<strong>br</strong> />

Chamando l = z -z obtemos:<<strong>br</strong> />

2 1<<strong>br</strong> />

-1 -1<<strong>br</strong> />

kql- (m+n+1) [tg (z2/z 0) -tg (z 1/z0)] = qπ (11.23)<<strong>br</strong> />

Logo, a separação entre dois modos adjacentes é dada por kq+1- kq = π/l,<<strong>br</strong> />

ou usando k = 2πνn /c, onde n<<strong>br</strong> />

0 0 é o índice de refração, Δν = νq+1- νq =<<strong>br</strong> />

c/2n0l. Esta diferença de freqüências corresponde ao inverso do tempo de<<strong>br</strong> />

trânsito do feixe na cavidade e o modo q é chamado de longitudinal. Os<<strong>br</strong> />

modos transversais também são separados em freqüência e isto pode ser<<strong>br</strong> />

visto tomando-se dois conjuntos de valores para m e n de forma que:<<strong>br</strong> />

e por subtração:<<strong>br</strong> />

-1 -1<<strong>br</strong> />

k1l - (m+n+1)1 [tg (z 2/z0) -tg (z 1/z0)] = qπ (11.24a)<<strong>br</strong> />

-1 -1<<strong>br</strong> />

k2l - (m+n+1)2 [tg (z 2/z0) -tg (z 1/z0)] = qπ (11.24b)<<strong>br</strong> />

-1<<strong>br</strong> />

(k1-k2)l = [(m+n+1)1 - (m+n+1)2] [tg (z2/z ) -tg -1 (z /z )] (11.25)<<strong>br</strong> />

0 1 0<<strong>br</strong> />

Usando que (k1-k2) = (ω1- ω2)n /c = 2πΔνn<<strong>br</strong> />

0 0/c temos:<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

-1 -1<<strong>br</strong> />

Δνt = Δ(m+n) [tg (z2/z 0) -tg (z 1/z0)] (11.26)<<strong>br</strong> />

2πn<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

0


Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

239<<strong>br</strong> />

11.4 Perdas em cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

Uma cavidade óptica é um dispositivo que permite o<<strong>br</strong> />

confinamento e aumento da radiação eletromagnética para que seja<<strong>br</strong> />

possível a emissão estimulada. Entretanto, existe uma série de fatores que<<strong>br</strong> />

impedem que a energia armazenada aumente indefinidamente. Os<<strong>br</strong> />

mecanismos de perda mais comum em cavidades óticas são basicamente<<strong>br</strong> />

três:<<strong>br</strong> />

1. Reflexões imperfeitas. A transmissão finita dos espelhos é necessária<<strong>br</strong> />

para que se retire da cavidade a energia produzida pela ação laser.<<strong>br</strong> />

Além disso, nenhum espelho é ideal e mesmo quando eles são feitos<<strong>br</strong> />

para dar a maior refletividade possível, alguma absorção residual e<<strong>br</strong> />

espalhamento reduzem a refletividade para um valor pouco menor que<<strong>br</strong> />

100%.<<strong>br</strong> />

2. Absorção e espalhamento no meio ativo. As transições de algum dos<<strong>br</strong> />

níveis atômicos populados durante o processo de bombeamento para<<strong>br</strong> />

níveis excitados mais altos constituem um mecanismo de perda que<<strong>br</strong> />

ocorre no meio ativo. O espalhamento por impurezas e imperfeições é<<strong>br</strong> />

bastante grave em meios ativos do tipo estado sólido.<<strong>br</strong> />

3. Perdas por difração. Para modos que se afastam consideravelmente do<<strong>br</strong> />

eixo óptico, a dimensão finita dos refletores faz com que alguma<<strong>br</strong> />

energia não seja interceptada por eles sendo, portanto, perdida. Para<<strong>br</strong> />

um dado conjunto de espelhos, esta perda será maior para os modos<<strong>br</strong> />

transversais de ordens mais altas porque neste caso a energia está mais<<strong>br</strong> />

concentrada fora do eixo óptico. Esse fato é utilizado para evitar a<<strong>br</strong> />

oscilação de modos de ordens altas. Introduzindo-se uma abertura<<strong>br</strong> />

dentro da cavidade óptica, cujo diâmetro é suficiente para permitir a<<strong>br</strong> />

passagem da maior parte do modo fundamental, aumenta as perdas dos<<strong>br</strong> />

modos de ordens mais altas.<<strong>br</strong> />

Historicamente, existem várias formas de se quantificar a perda da<<strong>br</strong> />

cavidade ótica. Uma das maneiras é através do tempo de vida, tc, do<<strong>br</strong> />

decaimento da energia de um modo da cavidade, definido através da<<strong>br</strong> />

equação:<<strong>br</strong> />

dε ε<<strong>br</strong> />

= −<<strong>br</strong> />

(11.27)<<strong>br</strong> />

dt t<<strong>br</strong> />

c


240<<strong>br</strong> />

Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

onde ε é a energia armazenada no modo. Uma outra maneira é através da<<strong>br</strong> />

perda por passagem, L, definida de acordo com:<<strong>br</strong> />

dε<<strong>br</strong> />

cL<<strong>br</strong> />

= − ε<<strong>br</strong> />

dt nl<<strong>br</strong> />

(11.28)<<strong>br</strong> />

onde l é o comprimento da cavidade e cL/nl é a fração de perda por<<strong>br</strong> />

unidade de tempo. Por comparação temos:<<strong>br</strong> />

nl<<strong>br</strong> />

t c = (11.29)<<strong>br</strong> />

cL<<strong>br</strong> />

No caso de uma cavidade com espelhos de refletividades R 1 e R2,<<strong>br</strong> />

e um coeficiente de absorção médio α, a perda média por passagem é<<strong>br</strong> />

L = αl<<strong>br</strong> />

− ln<<strong>br</strong> />

R<<strong>br</strong> />

1R 2<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

, tal que:<<strong>br</strong> />

nl<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

c(<<strong>br</strong> />

αl<<strong>br</strong> />

− ln R R<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

nl<<strong>br</strong> />

≈<<strong>br</strong> />

) c[<<strong>br</strong> />

αl<<strong>br</strong> />

+ ( 1−<<strong>br</strong> />

R R<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

)]<<strong>br</strong> />

(11.30)<<strong>br</strong> />

onde na última passagem usamos a hipótese que R1 e R2 são próximos de<<strong>br</strong> />

1. O fator de qualidade, Q, de uma cavidade ressonante é definido como:<<strong>br</strong> />

ωε ωε<<strong>br</strong> />

Q = = −<<strong>br</strong> />

(11.31)<<strong>br</strong> />

P dε<<strong>br</strong> />

/ dt<<strong>br</strong> />

onde ε é a energia armazenada e P = -dε/dt é a potência dissipada. Pela<<strong>br</strong> />

comparação das equações (11.27) e (11.31), obtemos Q = ωtc. O fator de<<strong>br</strong> />

qualidade é quem determina a largura da curva de resposta Lorentziana da<<strong>br</strong> />

cavidade como Δν1/2 = ν/Q = 1/2πtc, de forma que, de acordo com a eq.<<strong>br</strong> />

(11.30),<<strong>br</strong> />

c( αl<<strong>br</strong> />

− ln R1R<<strong>br</strong> />

2 )<<strong>br</strong> />

Δ ν1/<<strong>br</strong> />

2 =<<strong>br</strong> />

(11.32)<<strong>br</strong> />

2πnl<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

11.1. A. Yariv, Quantum Electronics, terceira edição John Wiley and<<strong>br</strong> />

Sons, NY (1989)


Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

241<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

11.1. a) Faça o diagrama 0 ≤ (1-l/R 1) (1-l/R2)<<strong>br</strong> />

≤ 1, indicando as regiões de<<strong>br</strong> />

estabilidade; b) localize neste diagrama as cavidades mostradas<<strong>br</strong> />

abaixo e c) liste as que são estáveis.<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

H<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

C2<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

G<<strong>br</strong> />

C1<<strong>br</strong> />

simétrico<<strong>br</strong> />

11.2 Deseja-se construir um laser de centro F (λ ≅ 3.14 μm) tal que a<<strong>br</strong> />

divergência do feixe seja 2 mrad e o diâmetro no espelho de saída<<strong>br</strong> />

seja 2 mm. Suponha que este espelho não altere as características do<<strong>br</strong> />

feixe gaussiano (R e w) na transmissão.<<strong>br</strong> />

a) Especifique uma dada geometria, dando os valores de R1, R2 e l,<<strong>br</strong> />

para uma cavidade com dois espelhos que produza as características<<strong>br</strong> />

desejadas.<<strong>br</strong> />

b) Localize esta cavidade no diagrama de estabilidade.<<strong>br</strong> />

c) Determine os valores de z0, w e a posição do foco.<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

11.3. Deseja-se construir um laser de CO2 (λ = 10 μm) com R 1 = ∞, R2<<strong>br</strong> />

= 6<<strong>br</strong> />

m e l = 1.5 m.<<strong>br</strong> />

a) Determine z 0, w0<<strong>br</strong> />

e w2 (no espelho R 2).<<strong>br</strong> />

b) Para se retirar a radiação da cavidade é feito um pequeno furo (φ<<strong>br</strong> />

= 1 mm) no espelho plano. Supondo que o furo não perturba o<<strong>br</strong> />

modo Gaussiano fundamental, calcule a transmissão.<<strong>br</strong> />

C2


242<<strong>br</strong> />

Cavidades ópticas<<strong>br</strong> />

11.4. O tamanho do spot nos espelhos de um laser de He-Ne é w = 0.5<<strong>br</strong> />

mm, a cavidade é do tipo confocal e o comprimento de onda é 6328<<strong>br</strong> />

Å.<<strong>br</strong> />

a) Qual é o comprimento da cavidade do laser?<<strong>br</strong> />

b} Qual o tamanho da mancha focal para a transição de 3.39 μm na<<strong>br</strong> />

mesma cavidade?<<strong>br</strong> />

c) Qual é a separação em freqüência entre os modos do laser?<<strong>br</strong> />

d) Se o tempo da cavidade é de 1 ns, qual será a largura de linha da<<strong>br</strong> />

emissão?<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Ação laser<<strong>br</strong> />

Ação laser<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

243<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

12.1 Condição de limiar<<strong>br</strong> />

Como vimos no Cap. 10, é possível amplificar a radiação<<strong>br</strong> />

eletromagnética quando ela se propaga através de um meio onde os níveis<<strong>br</strong> />

excitados possuem uma população maior do que a do nível fundamental.<<strong>br</strong> />

Esta inversão de população pode ser conseguida ao se fornecer energia<<strong>br</strong> />

para o meio ativo através de algum agente externo (bombeamento), de tal<<strong>br</strong> />

forma que ele passa a apresentar ganho. Entretanto, este é um processo<<strong>br</strong> />

que exibe o fenômeno de saturação, ou seja, ao ser amplificado o campo<<strong>br</strong> />

eletromagnético aumenta de intensidade e, consequentemente, devido à<<strong>br</strong> />

emissão estimulada, ele produz a despopulação do nível excitado,<<strong>br</strong> />

acarretando no decréscimo da inversão de população. Isto faz com que o<<strong>br</strong> />

sistema atinja o estado estacionário onde a amplificação sofrida pelo feixe<<strong>br</strong> />

é suficiente apenas para compensar as perdas que ele sofre, que vimos no<<strong>br</strong> />

final do capítulo anterior. Desta forma, ao dar uma volta completa na<<strong>br</strong> />

cavidade óptica, será necessário que o feixe além de se reproduzir<<strong>br</strong> />

geometricamente (estabilidade da cavidade), também se reproduza com<<strong>br</strong> />

relação à amplitude e fase. Matematicamente, isto equivale a dizer que<<strong>br</strong> />

após uma volta completa:<<strong>br</strong> />

E ]<<strong>br</strong> />

final i2<<strong>br</strong> />

k'l<<strong>br</strong> />

i2<<strong>br</strong> />

n'(<<strong>br</strong> />

ν) kl<<strong>br</strong> />

[ γ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

−α<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

= r1r2e<<strong>br</strong> />

= r1r2e<<strong>br</strong> />

e = 1<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

inicial<<strong>br</strong> />

(12.1)<<strong>br</strong> />

onde r1 e r2 são os coeficientes de reflexão dos espelhos, γ(ν) representa o<<strong>br</strong> />

ganho do meio ativo de comprimento l e α leva em conta todas as outras<<strong>br</strong> />

perdas da cavidade, incluindo a absorção e espalhamento do meio ativo.


244<<strong>br</strong> />

Ação laser<<strong>br</strong> />

Analisando apenas a amplitude do campo elétrico, dada pela eq. (12.1),<<strong>br</strong> />

[ γ( ν)<<strong>br</strong> />

−α]<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

temos r r e = 1,<<strong>br</strong> />

ou alternativamente,<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

γ ( ν)<<strong>br</strong> />

= α − ln( r1r2<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

(12.2)<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

que equivale a dizer que o ganho apenas compensa as perdas. Levando em<<strong>br</strong> />

conta a eq. (10.18) e supondo que a freqüência do campo eletromagnético<<strong>br</strong> />

está no centro da linha, obtemos a inversão de população que satisfaz esta<<strong>br</strong> />

equação como:<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

⎛ g ⎞ 8π<<strong>br</strong> />

n ν τ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

esp ⎛ 1<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

t = ⎜ N2<<strong>br</strong> />

− N1<<strong>br</strong> />

⎟ = ⎜α<<strong>br</strong> />

− ln r1r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ g1<<strong>br</strong> />

⎠ c g(<<strong>br</strong> />

ν0<<strong>br</strong> />

) ⎝ l<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(12.3)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

ν τespΔν<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

⎛ 1<<strong>br</strong> />

( )⎟<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜α<<strong>br</strong> />

− ln r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1r2<<strong>br</strong> />

c ⎝ l ⎠<<strong>br</strong> />

onde tomamos g(ν0) ≅ 1/Δν. Esta é a inversão de população de limiar<<strong>br</strong> />

(threshold). É importante salientar que ΔN estará sempre travado neste<<strong>br</strong> />

valor, de acordo com o seguinte argumento: se ele for menor, o ganho<<strong>br</strong> />

gerado pela emissão estimulada não será suficiente para compensar as<<strong>br</strong> />

perdas e o campo dentro da cavidade diminui até se extinguir. Por outro<<strong>br</strong> />

lado, se ele for maior, o campo eletromagnético tenderá a aumentar, e<<strong>br</strong> />

como conseqüência da emissão estimulada, ele reduzirá a população do<<strong>br</strong> />

estado excitado, acarretando no decréscimo da inversão de população. Em<<strong>br</strong> />

termos do tempo da cavidade, dado pela eq. (11.30), temos a inversão de<<strong>br</strong> />

população de limiar dada por:<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

ν τ Δν<<strong>br</strong> />

Δ N =<<strong>br</strong> />

(12.4)<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

3 2<<strong>br</strong> />

esp<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

tcc<<strong>br</strong> />

12.2 Freqüências de oscilação<<strong>br</strong> />

Assim como fizemos na seção 11.3, vamos considerar a fase de<<strong>br</strong> />

um feixe Gaussiano que dá meia volta na cavidade para calcular as<<strong>br</strong> />

freqüências de oscilação. Considerando apenas o modo TEM00 e supondo<<strong>br</strong> />

que as reflexões nos espelhos introduzem fases θm1 e θm2, podemos reescrever<<strong>br</strong> />

a eq. (11.23) como:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Ação laser<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

245<<strong>br</strong> />

kql- [tg -1 (z2/z0) -tg -1 (z1/z0)] +( θm1+θm2)/2 = qπ (12.5)<<strong>br</strong> />

onde o fator ½ vem da consideração de meia volta, como já fizemos na<<strong>br</strong> />

seção 11.3. Entretanto, diferentemente daquela análise, a cavidade agora<<strong>br</strong> />

está preenchida com o meio ativo e neste caso o índice de refração, e<<strong>br</strong> />

consequentemente o vetor de propagação k, será alterado pela ressonância.<<strong>br</strong> />

Neste caso temos:<<strong>br</strong> />

ωqn<<strong>br</strong> />

⎛ χ′ ( ν)<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜1+<<strong>br</strong> />

⎟ − 2<<strong>br</strong> />

c ⎝ 2n<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

-1<<strong>br</strong> />

-1<<strong>br</strong> />

[ tg (z /z ) -tg (z /z ) ] + ( θ + θ )/2 = qπ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Se considerarmos uma cavidade vazia (χ´ = 0) obtemos:<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

m1<<strong>br</strong> />

m2<<strong>br</strong> />

qc c ⎡ -1<<strong>br</strong> />

-1<<strong>br</strong> />

( θm1<<strong>br</strong> />

+ θm<<strong>br</strong> />

2 )<<strong>br</strong> />

= +<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

tg (z 2/z<<strong>br</strong> />

0)<<strong>br</strong> />

-tg (z1/z<<strong>br</strong> />

0)<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

2nl<<strong>br</strong> />

2πnl<<strong>br</strong> />

2 ⎥⎦<<strong>br</strong> />

que quando substituído na eq. (12.6) resulta em:<<strong>br</strong> />

(12.6)<<strong>br</strong> />

(12.7)<<strong>br</strong> />

⎛ χ′ ( ν)<<strong>br</strong> />

ν 1<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ + = ν 2 ⎟<<strong>br</strong> />

(12.8)<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

⎝ 2n<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

de onde vemos que a freqüência é modificada pela presença da<<strong>br</strong> />

ressonância atômica. Esta é uma equação transcendental e para simplificar<<strong>br</strong> />

sua solução vamos utilizar as equações (10.4) para escrever:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2(<<strong>br</strong> />

ν 0 − ν)<<strong>br</strong> />

2n<<strong>br</strong> />

( ν 0 − ν)<<strong>br</strong> />

χ′ ( ν)<<strong>br</strong> />

= χ ′<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

γ(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

(12.9)<<strong>br</strong> />

Δν<<strong>br</strong> />

kΔν<<strong>br</strong> />

onde na última passagem utilizamos γ(ν) = kχ”(ν)/n 2 . Substituindo na eq.<<strong>br</strong> />

(12.8) e considerando que o ganho se estabiliza no valor de limiar,<<strong>br</strong> />

teremos:<<strong>br</strong> />

⎛ ( ν 0 − ν)<<strong>br</strong> />

γ t ( ν)<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

ν ⎜1+<<strong>br</strong> />

⎟ = ν<<strong>br</strong> />

(12.10)<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

⎝ kΔν<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

e considerando que ν será muito próximo de νq,<<strong>br</strong> />

c ⎛ 1<<strong>br</strong> />

ν ≈ ν<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

q − ( ν q − ν 0 ) ⎜α<<strong>br</strong> />

− ln( r1r2<<strong>br</strong> />

) ⎟<<strong>br</strong> />

2πnΔν<<strong>br</strong> />

⎝ l ⎠<<strong>br</strong> />

(12.11)


246<<strong>br</strong> />

Ação laser<<strong>br</strong> />

onde a eq. (12.2) para γt(ν) foi utilizada. Alternativamente, podemos usar<<strong>br</strong> />

a definição de largura de linha da resposta da cavidade, eq. (11.32), e<<strong>br</strong> />

escrever:<<strong>br</strong> />

ν ≈ ν<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

Δν1/<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

− ( ν q − ν 0 )<<strong>br</strong> />

(12.12)<<strong>br</strong> />

Δν<<strong>br</strong> />

Se a freqüência atômica ν0 não coincidir com alguma freqüência de<<strong>br</strong> />

ressonância da cavidade passiva, a freqüência com que a ação laser<<strong>br</strong> />

ocorrerá será afastada de νq na direção deν0. A este efeito se dá o nome de<<strong>br</strong> />

puxamento de freqüência. Entretanto para Δν1/2


Ação laser<<strong>br</strong> />

A transição laser ocorre entre os níveis 2 e 1, sendo as taxas de<<strong>br</strong> />

bombeamento externo para eles dadas por B1 e B2. O tempo de vida do<<strong>br</strong> />

nível 2, t2, é determinado pela emissão espontânea, τesp, por transições não<<strong>br</strong> />

radiativas entre 2 e 1, e transições não radiativas para outros níveis que<<strong>br</strong> />

produzem sua de-população, enquanto que a população do nível 1 decai<<strong>br</strong> />

principalmente por transições não radiativas. A densidade de átomos nos<<strong>br</strong> />

níveis 1 e 2 são respectivamente N1 e N2, e sua degenerescência dada por<<strong>br</strong> />

g1 e g2. Considerando que as transições induzidas pelo campo<<strong>br</strong> />

eletromagnético no caso de alargamento homogêneo são dadas por:<<strong>br</strong> />

W<<strong>br</strong> />

λ g(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

247<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

≡ W ( ν)<<strong>br</strong> />

= I<<strong>br</strong> />

(12.13a)<<strong>br</strong> />

21 i<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ν<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

hντesp<<strong>br</strong> />

g2<<strong>br</strong> />

= W ( ν)<<strong>br</strong> />

(12.13b)<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

W12 i<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

podemos escrever a equação de taxas que descreve as populações dos<<strong>br</strong> />

níveis 1 e 2 como:<<strong>br</strong> />

dN<<strong>br</strong> />

dt<<strong>br</strong> />

dN<<strong>br</strong> />

dt<<strong>br</strong> />

N2<<strong>br</strong> />

g2<<strong>br</strong> />

= B2<<strong>br</strong> />

− −<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

N N<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1 Wi<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

⎜ −<<strong>br</strong> />

2 g<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

(12.14a)<<strong>br</strong> />

⎝ 1 ⎠<<strong>br</strong> />

2 ν<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= B1<<strong>br</strong> />

− + N2<<strong>br</strong> />

N1<<strong>br</strong> />

Wi<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

⎜ − ν +<<strong>br</strong> />

1 g<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

(12.14b)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

t 21<<strong>br</strong> />

No equilí<strong>br</strong>io (regime estacionário) podemos tomar as populações como<<strong>br</strong> />

sendo constantes (dN/dt = 0), de forma que as equações (12.14) levam a:<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= t ( B − ΔNW<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

(12.15a)<<strong>br</strong> />

N2 2 2<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

g2<<strong>br</strong> />

⎧<<strong>br</strong> />

⎡ t 2 ⎤ t 2<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

1 = t1⎨B1<<strong>br</strong> />

+ ΔNWi<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

+ ⎬<<strong>br</strong> />

⎩<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

⎥⎦<<strong>br</strong> />

B2<<strong>br</strong> />

g1<<strong>br</strong> />

t 21 t 21 ⎭<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

(12.15b)<<strong>br</strong> />

onde<<strong>br</strong> />

⎛ g 2 ⎞<<strong>br</strong> />

ΔN = ⎜ N 2 − N1<<strong>br</strong> />

⎟ . Subtraindo as equações (12.15a) e (12.15b)<<strong>br</strong> />

⎝ g1<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

encontramos a diferença entre as populações dos níveis 1 e 2 como:


248<<strong>br</strong> />

Ação laser<<strong>br</strong> />

B2t<<strong>br</strong> />

2 − ( B1<<strong>br</strong> />

+ δB2<<strong>br</strong> />

) t1(<<strong>br</strong> />

g2/<<strong>br</strong> />

g1)<<strong>br</strong> />

Δ N =<<strong>br</strong> />

(12.16)<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

[ t + ( 1−<<strong>br</strong> />

δ)<<strong>br</strong> />

t g / g ] W ( ν)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

onde δ = t2/t21. Na ausência de campo (Wi = 0) a inversão de população<<strong>br</strong> />

não saturada é dada por:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

g2<<strong>br</strong> />

g2<<strong>br</strong> />

( Δ N) 0 =<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

N2<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜ − 1 = B2t<<strong>br</strong> />

2 − ( B1<<strong>br</strong> />

+ δB2)<<strong>br</strong> />

t1<<strong>br</strong> />

g<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

(12.17)<<strong>br</strong> />

⎝ 1 ⎠<<strong>br</strong> />

g1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

que depende de parâmetros externos ao sistema atômico. A inversão de<<strong>br</strong> />

população pode ser escrita como:<<strong>br</strong> />

ΔN<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

Δ N =<<strong>br</strong> />

(12.18)<<strong>br</strong> />

1+<<strong>br</strong> />

φt<<strong>br</strong> />

21Wi<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

onde φ = δ [ 1+ ( 1−<<strong>br</strong> />

δ)(<<strong>br</strong> />

t1g<<strong>br</strong> />

2 / t 2g1<<strong>br</strong> />

)] depende apenas de parâmetros do<<strong>br</strong> />

sistema atômico. Na prática, os lasers conhecidos apresentam t1g2


Ação laser<<strong>br</strong> />

1 ⎛ γ 0l<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

Wi<<strong>br</strong> />

( ν) = ⎜<<strong>br</strong> />

−1⎟<<strong>br</strong> />

t 2 ⎝ αl<<strong>br</strong> />

− ln( r1r2<<strong>br</strong> />

) ⎠<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

249<<strong>br</strong> />

(12.23)<<strong>br</strong> />

Conhecendo a taxa de transições induzidas, podemos usar a mesma<<strong>br</strong> />

análise da seção 10.5 para encontrar a potência gerada dentro da cavidade<<strong>br</strong> />

óptica. Partindo da eq. (10.15) escrevemos: Pcav = ΔΝ Wi<<strong>br</strong> />

( ν)<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

V , onde<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

Vm é o volume do modo predominante na cavidade. Substituindo os<<strong>br</strong> />

valores de Wi(ν) e ΔN dados respectivamente pelas equações (12.23) e<<strong>br</strong> />

(12.3) encontramos:<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

cav<<strong>br</strong> />

( τ / t )<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

hc esp 2 ⎛ Vm<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎛ γ0l<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

= ⎜ ⎟(<<strong>br</strong> />

αl<<strong>br</strong> />

− ln(<<strong>br</strong> />

r r ) ) ⎜<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

λ g(<<strong>br</strong> />

ν0<<strong>br</strong> />

) ⎝ l ⎠<<strong>br</strong> />

⎝ αl<<strong>br</strong> />

− ln(<<strong>br</strong> />

r1r2<<strong>br</strong> />

) ⎠<<strong>br</strong> />

(12.24)<<strong>br</strong> />

onde supusemos novamente que a freqüência do campo eletromagnético<<strong>br</strong> />

está no centro da linha homogênea. Definindo o fator de perda interna por<<strong>br</strong> />

passagem como Li = αl, o ganho não saturado por passagem como g0 =<<strong>br</strong> />

γ0l, a área média do modo como sendo A =Vm/l, e supondo que os<<strong>br</strong> />

espelhos tem refletividades próximas de 1, tal que -ln(r1r2) ≈ 1- 1 2 R R =<<strong>br</strong> />

1 – R = T, chegamos ao resultado final:<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

hc<<strong>br</strong> />

⎛ g 0 ⎞<<strong>br</strong> />

= A(<<strong>br</strong> />

L + T)<<strong>br</strong> />

⎜ −1⎟<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

λ g(<<strong>br</strong> />

ν ) ( t / τ ) ⎝ ( Li<<strong>br</strong> />

+ T)<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

cav (12.25)<<strong>br</strong> />

0 2 esp<<strong>br</strong> />

Esta é a potência que está sendo gerada dentro da cavidade. Entretanto, o<<strong>br</strong> />

que nos interessa é a potência útil que se pode tirar do laser. Levando em<<strong>br</strong> />

conta que parte da potência gerada é perdida devido à absorção por<<strong>br</strong> />

passagem e que a outra parte sai pelo espelho, temos que a potência útil é<<strong>br</strong> />

dada pela fração Pútil = Pcav [T/(T+Li)], obtemos a expressão:<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

útil<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

hc ⎛ g 0 ⎞<<strong>br</strong> />

= A ⎜ −1⎟<<strong>br</strong> />

T (12.26)<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

λ g(<<strong>br</strong> />

ν ) ( t / τ ) ⎝ ( Li<<strong>br</strong> />

+ T)<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Um fator que se pode variar na construção de um laser é a<<strong>br</strong> />

transmissão do espelho de saída, também conhecido como acoplador de<<strong>br</strong> />

saída (output coupler). Isto possibilita que modifique a quantidade de<<strong>br</strong> />

energia que é extraída do laser, como mostrado na Fig. 12.2. Pela<<strong>br</strong> />

existência de um máximo nesta figura podemos concluir que existe uma<<strong>br</strong> />

esp


250<<strong>br</strong> />

Ação laser<<strong>br</strong> />

transmissão ótima que permite a maior retirada de energia de dentro do<<strong>br</strong> />

laser. Para encontrar este valor tomamos a derivada de Pútil e igualamos a<<strong>br</strong> />

zero, o que nos leva a:<<strong>br</strong> />

T = −L<<strong>br</strong> />

+ g L<<strong>br</strong> />

(12.27)<<strong>br</strong> />

que substituída na eq. (12.26) resulta em:<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

( t / τ )<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

esp<<strong>br</strong> />

ot<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( g − L ) = 2I<<strong>br</strong> />

A (<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

8πn<<strong>br</strong> />

hc<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Pot = A<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

0 i s g 0 − Li<<strong>br</strong> />

) (12.28)<<strong>br</strong> />

λ g(<<strong>br</strong> />

ν )<<strong>br</strong> />

onde Is é a intensidade de saturação da linha homogênea dada pela eq.<<strong>br</strong> />

(10.25).<<strong>br</strong> />

Potência útil (un. arbtrárias)<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0 5<<strong>br</strong> />

Transmissão (%)<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

Fig. 12.2 – Potência útil em função da transmissão para diferentes ganhos não<<strong>br</strong> />

saturados.<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

12.4 Considerações finais<<strong>br</strong> />

Após o desenvolvimento da teoria de funcionamento do laser que<<strong>br</strong> />

realizamos até agora, podemos nos deter para analisar quais são os<<strong>br</strong> />

parâmetros importantes para a sua construção. Inicialmente devemos<<strong>br</strong> />

caracterizar o meio ativo com relação à sua curva de absorção e de


Ação laser<<strong>br</strong> />

fluorescência. A medida das seções de choque de absorção e<<strong>br</strong> />

fluorescência, bem como dos tempos de decaimento, permitem estabelecer<<strong>br</strong> />

se o meio apresentará inversão de população de limiar. Em seguida,<<strong>br</strong> />

devemos escolher uma geometria adequada para a cavidade. Além da<<strong>br</strong> />

estabilidade, outros fatores devem ser levados em conta, tais como:<<strong>br</strong> />

a) Potência de saída - como vimos, a potência de saída é proporcional ao<<strong>br</strong> />

volume do modo. Assim, modos de maior volume produzem maior<<strong>br</strong> />

potência de saída desde que o meio seja suficientemente grande para<<strong>br</strong> />

conter tal modo. Para se ter o maior volume possível usa-se uma<<strong>br</strong> />

configuração que permite modos de ordens mais altas.<<strong>br</strong> />

b) Tamanho do meio – certos cristais usados como meio ativo só podem<<strong>br</strong> />

ser crescidos em tamanhos reduzidos. Neste caso, a cintura do feixe<<strong>br</strong> />

deve ser pequena para caber dentro do meio ativo.<<strong>br</strong> />

c) Ganho do meio – existem meios cujo ganho (γ0) é muito baixo. Para se<<strong>br</strong> />

atingir a condição de limiar deve-se aumentar o comprimento para que<<strong>br</strong> />

a condição de limiar g0 > Li +T seja satisfeita.<<strong>br</strong> />

d) Meios de alto limiar - a inversão de população é proporcional à taxa de<<strong>br</strong> />

bombeamento. Em meios com alto limiar deve-se focalizar o feixe de<<strong>br</strong> />

bombeamento para se obter uma inversão de população adequada.<<strong>br</strong> />

e) Divergência do feixe de saída – muitas vezes queremos ter um feixe<<strong>br</strong> />

com baixa divergência e isto definirá qual é a cintura do feixe que se<<strong>br</strong> />

pode ter.<<strong>br</strong> />

f) Estabilidade da cavidade - uma vez definida as características da<<strong>br</strong> />

cavidade com relação ao tipo de meio ativo e ao ângulo de divergência,<<strong>br</strong> />

seleciona-se os espelhos adequados e para isso vemos se satisfazem as<<strong>br</strong> />

condições de estabilidade.<<strong>br</strong> />

g) Potência ótima – finalmente, para se ter a maior potência de saída é<<strong>br</strong> />

necessário escolher o espelho com a transmissão adequada. Isto em<<strong>br</strong> />

geral é feito de uma forma experimental, construindo-se vários<<strong>br</strong> />

espelhos de refletividades diferentes e levantando uma curva como a<<strong>br</strong> />

da Fig. 12.2.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

251


252<<strong>br</strong> />

Ação laser<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

12.1. A. Yariv, Quantum Electronics, 3ª edição, John Wiley and Sons, NY<<strong>br</strong> />

(1989)<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

12.1. Considere um laser de Ar + oscilando em 514.5 nm numa cavidade<<strong>br</strong> />

óptica que possui comprimento ℓ = 100 cm e é totalmente<<strong>br</strong> />

preenchida pelo meio ativo. A perda por passagem (L = αℓ-<<strong>br</strong> />

ln 1 2 R<<strong>br</strong> />

R ) é 10%. A seção de choque da emissão estimulada é σe =<<strong>br</strong> />

2.5 10 -13 cm 2 (γ = ΔN σe) e o tempo de vida do estado excitado é t2<<strong>br</strong> />

= 5 ns. Supondo que o tempo de vida do estado inferior da transição<<strong>br</strong> />

laser é muito curto (t1


Ação laser<<strong>br</strong> />

12.4. Um laser de Nd +3 :YAG operando em 1064 nm, com largura de linha<<strong>br</strong> />

de 6 cm -1 , é constituído por uma cavidade óptica de comprimento ℓ<<strong>br</strong> />

= 50 cm e um meio ativo com 10 cm de comprimento, possuindo<<strong>br</strong> />

um coeficiente de absorção de 0.4 cm -1 . Os espelhos possuem<<strong>br</strong> />

refletividades R1 = 1 e R2 = 0.98. O tempo da emissão espontânea é<<strong>br</strong> />

τesp = 5.5 10 -4 s e n = 1.5. Calcule:<<strong>br</strong> />

(a) o coeficiente de perda por passagem,<<strong>br</strong> />

(b) a inversão de limiar, ΔNt.<<strong>br</strong> />

12.5. Mostre que o efeito do puxamento de freqüência é reduzir a<<strong>br</strong> />

separação dos modos da cavidade de c/2ℓ para<<strong>br</strong> />

c ⎛ γc<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜1−<<strong>br</strong> />

⎟ .<<strong>br</strong> />

2l<<strong>br</strong> />

⎝ 2πΔν<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

Calcule a redução para o caso Δν = 1 GHz, g = 4 cm -1 e ℓ = 1 m.<<strong>br</strong> />

12.6. Num laser de He-Ne com potência de saída de 1 mW e Δν1/2 = 10<<strong>br</strong> />

MHz (largura do modo da cavidade) ocorre o fenômeno de<<strong>br</strong> />

puxamento de freqüência. Calcule o valor da relação Δν/ν onde ν é<<strong>br</strong> />

a freqüência de oscilação e Δν a largura do espectro de saída.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

253


254<<strong>br</strong> />

Ação laser<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

Regimes de operação<<strong>br</strong> />

de um laser<<strong>br</strong> />

255<<strong>br</strong> />

13<<strong>br</strong> />

13.1 Introdução<<strong>br</strong> />

Vimos no Cap. 11 que uma cavidade óptica passiva, portanto sem<<strong>br</strong> />

o meio ativo, possui freqüências de ressonância dadas pela eq. (11.23) ou<<strong>br</strong> />

(12.7). Também vimos, no Cap. 10, que um meio ativo possui um<<strong>br</strong> />

coeficiente de ganho cuja distribuição espectral depende do tipo de<<strong>br</strong> />

alargamento, homogêneo ou não homogêneo. No primeiro caso, teremos<<strong>br</strong> />

uma linha com perfil Lorentziano, enquanto que no segundo, a linha<<strong>br</strong> />

possuirá um perfil Gaussiano. Finalmente, os dois conceitos foram<<strong>br</strong> />

unificados no Cap. 12, onde encontramos as freqüências de ressonância e<<strong>br</strong> />

a potência de saída de um oscilador laser. Agora, queremos entender um<<strong>br</strong> />

pouco melhor a distribuição espectral da luz emitida pelo laser e como ela<<strong>br</strong> />

influencia seu regime temporal.<<strong>br</strong> />

Para uma visualização do que acontece com a freqüência de saída<<strong>br</strong> />

do laser, vamos nos basear na Fig. 13.1, onde uma linha com alargamento<<strong>br</strong> />

não homogêneo é considerada. Em (a) são vistos os modos da cavidade<<strong>br</strong> />

passiva, que são separados por Δν = c/2L, no caso de considerarmos<<strong>br</strong> />

modos longitudinais de uma cavidade com dois espelhos planos. Em (b)<<strong>br</strong> />

temos o perfil espectral da curva de ganho (linha cheia) e também a curva<<strong>br</strong> />

de perda (linha pontilhada), que consideraremos independente da<<strong>br</strong> />

freqüência. A ação laser ocorre apenas nas freqüências de ressonância da<<strong>br</strong> />

cavidade, uma vez que só assim teremos radiação eletromagnética<<strong>br</strong> />

suficientemente intensa para produzir a emissão estimulada. Além disso, o<<strong>br</strong> />

ganho não saturado deve ser maior do que a perda, mas quando a emissão<<strong>br</strong> />

estimulada começa a ocorrer, o ganho satura e iguala a perda, como<<strong>br</strong> />

mostra a Fig. 13.1(c). Note que estamos considerando uma linha com<<strong>br</strong> />

alargamento não homogêneo. Como resultado, vemos que as freqüências<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


256<<strong>br</strong> />

Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

presentes no espectro de saída do laser são aquelas mostradas na Fig.<<strong>br</strong> />

13.1(d), onde a amplitude de cada uma corresponde à diferença entre o<<strong>br</strong> />

ganho não saturado e a perda. Esta figura indica claramente a presença de<<strong>br</strong> />

um conjunto de freqüências igualmente espaçadas de Δν = c/2L no<<strong>br</strong> />

espectro de saída do laser. Se estivermos considerando também os modos<<strong>br</strong> />

transversais, teremos ainda várias outras freqüências presentes neste<<strong>br</strong> />

espectro, mas esta situação não será considerada nesta seção.<<strong>br</strong> />

Fig. 13.1 – (a) Modos de uma cavidade passiva, (b) curva de ganho não saturado<<strong>br</strong> />

(linha cheia) e curva de perda (linha tracejada), (c) curva de ganho<<strong>br</strong> />

saturado e (d) espectro de saída do laser.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

(b)<<strong>br</strong> />

(c)<<strong>br</strong> />

(d)


Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

257<<strong>br</strong> />

13.2 Regimes multimodos e monomodo<<strong>br</strong> />

O regime de operação mais comum é o multimodos, que se vê na<<strong>br</strong> />

Fig. 13.1(d). Este regime ocorre principalmente para lasers operando no<<strong>br</strong> />

regime cw. Neste caso, o campo elétrico para uma das componentes de<<strong>br</strong> />

freqüência da radiação que sai do laser é dado por:<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

( t)<<strong>br</strong> />

i[<<strong>br</strong> />

2πνnt<<strong>br</strong> />

+ φ ( t)]<<strong>br</strong> />

= E(<<strong>br</strong> />

νn<<strong>br</strong> />

) e<<strong>br</strong> />

(13.1)<<strong>br</strong> />

onde νn = ν0 + nΔν, com n inteiro, são as freqüências da cavidade. Devido<<strong>br</strong> />

ao fato de existirem várias componentes de freqüência, podemos usar o<<strong>br</strong> />

princípio da superposição para encontrar o campo elétrico total:<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

i2πν0t<<strong>br</strong> />

i[<<strong>br</strong> />

2πnΔνt+<<strong>br</strong> />

φn<<strong>br</strong> />

( t)]<<strong>br</strong> />

= ∑E<<strong>br</strong> />

n ( t)<<strong>br</strong> />

= e ∑E(<<strong>br</strong> />

νn<<strong>br</strong> />

) e<<strong>br</strong> />

(13.2)<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

Como as fases φn(t) são em geral independentes entre si, não<<strong>br</strong> />

teremos interferência entre diferentes componentes de freqüência quando<<strong>br</strong> />

calculamos a intensidade da luz que sai do laser. Desta forma, a<<strong>br</strong> />

intensidade será dada simplesmente por:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

I α E(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= E(<<strong>br</strong> />

ν ) α I(<<strong>br</strong> />

ν )<<strong>br</strong> />

(13.3)<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

Em outras palavras, a intensidade total será a soma das intensidades de<<strong>br</strong> />

cada modo do laser. Este resultado é válido para um grande número de<<strong>br</strong> />

lasers que operam no regime contínuo, como por exemplo, os lasers de<<strong>br</strong> />

He-Ne, argônio, criptônio e outros. Assim, o laser multimodos possui<<strong>br</strong> />

várias componentes espectrais, podendo ter baixa pureza espectral se o<<strong>br</strong> />

número de modos for grande. Isto pode não ser conveniente para várias<<strong>br</strong> />

<strong>aplicações</strong> onde se deseja uma freqüência bem definida. Para contornar<<strong>br</strong> />

este problema devemos eliminar todos os modos longitudinais, exceto um.<<strong>br</strong> />

Isto pode ser feito adicionando-se à cavidade óptica elementos que<<strong>br</strong> />

produzem perdas dependentes da freqüência. O elemento óptico específico<<strong>br</strong> />

a ser adicionado à cavidade depende da largura espectral da curva de<<strong>br</strong> />

ganho e do número de modos longitudinais existentes. Se o espectro da<<strong>br</strong> />

luz emitida contiver poucos modos, tipicamente um número menor que<<strong>br</strong> />

100, basta apenas a adição de um étalon Fa<strong>br</strong>y-Pérot espesso. Como os<<strong>br</strong> />

n


258<<strong>br</strong> />

Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

intervalos espectrais livres da cavidade e do étalon são diferentes,<<strong>br</strong> />

podemos fazer que apenas um dos modos coincida, como mostra a Fig.<<strong>br</strong> />

13.2. A transmitância total será o produto das transmitâncias da cavidade e<<strong>br</strong> />

do étalon. Os pequenos picos que aparecem não serão amplificados;<<strong>br</strong> />

apenas o maior será, pois sua perda por transmissão é nula. Por outro lado,<<strong>br</strong> />

se existirem muitos modos, torna-se necessária a introdução de outros<<strong>br</strong> />

elementos intracavidade, como por exemplo, um étalon fino e um filtro<<strong>br</strong> />

birrefringente de placas inclinadas.<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

Fig. 13.2 – (a) Modos de uma cavidade passiva, (b) curva de transmissão do<<strong>br</strong> />

étalon grosso e (c) curva de transmissão total.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

(b)<<strong>br</strong> />

(c)<<strong>br</strong> />

13.3 Regime de modos travados<<strong>br</strong> />

Um regime muito importante para a operação de um laser é o<<strong>br</strong> />

regime de modos travados (mode-locking), também conhecido como<<strong>br</strong> />

regime de fases travadas. Este tipo de operação, que permite a obtenção de<<strong>br</strong> />

pulsos extremamente curtos, ocorre ao se inserir um elemento<<strong>br</strong> />

intracavidade que produz uma correlação entre as fases dos diversos<<strong>br</strong> />

modos longitudinais. Isto faz com que as fases presentes na eq. (13.1)<<strong>br</strong> />

sejam as mesmas para todos os modos, ou seja, φn(t) = φ0 = constante.<<strong>br</strong> />

Desta forma, a eq. (13.2) se transforma em:


Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

259<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

i[<<strong>br</strong> />

2πν0t+<<strong>br</strong> />

φ0<<strong>br</strong> />

]<<strong>br</strong> />

i2πnΔνt<<strong>br</strong> />

= ∑E<<strong>br</strong> />

n ( t)<<strong>br</strong> />

= e ∑E(<<strong>br</strong> />

νn<<strong>br</strong> />

) e<<strong>br</strong> />

(13.4)<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

com Δν = c/2L, como antes. Uma propriedade importante desta expressão<<strong>br</strong> />

está ligada à teoria da informação: como temos modos discretos, a função<<strong>br</strong> />

E(t) se repete no tempo com um período dado por T = 1/Δν, como<<strong>br</strong> />

facilmente demonstrado por:<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

+ T)<<strong>br</strong> />

= e<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

[ 2πν0<<strong>br</strong> />

t+<<strong>br</strong> />

φ ]<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

i 0<<strong>br</strong> />

i[<<strong>br</strong> />

2πnΔνt+<<strong>br</strong> />

2πn<<strong>br</strong> />

]<<strong>br</strong> />

∑ E(<<strong>br</strong> />

νn<<strong>br</strong> />

) e E(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

(13.5)<<strong>br</strong> />

n=<<strong>br</strong> />

−∞<<strong>br</strong> />

Se os modos possuírem um espaçamento bem menor do que a<<strong>br</strong> />

largura de banda do ganho, podemos aproximar a somatória por uma<<strong>br</strong> />

integral e neste caso o campo elétrico se torna uma transformada de<<strong>br</strong> />

Fourier das componentes espectrais:<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= e<<strong>br</strong> />

iφ<<strong>br</strong> />

+∞<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

∫ −∞<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

i2<<strong>br</strong> />

πνt<<strong>br</strong> />

dν<<strong>br</strong> />

= e<<strong>br</strong> />

iφ0<<strong>br</strong> />

ℑ{<<strong>br</strong> />

E(<<strong>br</strong> />

ν)<<strong>br</strong> />

} (13.6)<<strong>br</strong> />

No caso em que o meio ativo possui alargamento não homogêneo, o que<<strong>br</strong> />

ocorre na maioria dos lasers, E(ν) será uma função Gaussiana e<<strong>br</strong> />

consequentemente E(t) também será Gaussiana. Neste caso, a intensidade<<strong>br</strong> />

será dada por:<<strong>br</strong> />

I(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎪⎧<<strong>br</strong> />

⎪⎫<<strong>br</strong> />

2 ⎛ 2t<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

α E(<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

α exp⎨−<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

l n2⎬<<strong>br</strong> />

(13.7)<<strong>br</strong> />

⎪⎩ ⎝ τp<<strong>br</strong> />

⎠ ⎪⎭<<strong>br</strong> />

onde o tempo de duração do pulso, τp, depende da largura não homogênea<<strong>br</strong> />

ΔνNH, de acordo com: τp = 4l n2<<strong>br</strong> />

/ πΔν<<strong>br</strong> />

. Este é o caso conhecido como<<strong>br</strong> />

NH<<strong>br</strong> />

transformado por Fourier (Fourier transformed). Se houver varredura em<<strong>br</strong> />

freqüência (chirp), esta expressão não será mais válida. Usando a eq.<<strong>br</strong> />

(13.7) e lem<strong>br</strong>ando que o campo elétrico se repete no tempo devido ao<<strong>br</strong> />

fato de termos modos longitudinais discretos, concluimos que a luz sai do<<strong>br</strong> />

laser numa seqüência de pulsos de largura τp e taxa de repetição Δν =<<strong>br</strong> />

c/2L, que é o inverso do tempo de trânsito da luz pela cavidade. Em outras<<strong>br</strong> />

palavras, a interferência entre as diversas componentes espectrais produz a<<strong>br</strong> />

seqüência de pulsos mostrada na Fig. 13.3. No caso do laser operar no


260<<strong>br</strong> />

Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

regime multimodos sem travamento de fases, este termo de interferência<<strong>br</strong> />

será nulo pelo fato das fases serem aleatórias.<<strong>br</strong> />

τ p<<strong>br</strong> />

Fig. 13.3 – Seqüência de pulsos produzida pelo laser mode-locked.<<strong>br</strong> />

Para um laser cuja cavidade possui um comprimento L = 1.5 m, a<<strong>br</strong> />

taxa de repetição é da ordem de 100 MHz. Por outro lado, o tempo de<<strong>br</strong> />

duração do pulso depende da largura espectral da linha não homogênea do<<strong>br</strong> />

meio ativo. Na Tabela 13.1 vemos as largura de linhas não homogêneas e<<strong>br</strong> />

as durações dos pulsos obtidos em alguns sistemas lasers.<<strong>br</strong> />

Tabela. 13.1 – Pulsos curtos observados em sistemas laser mode-locked.<<strong>br</strong> />

Laser ΔνNH (Hz) (ΔνNH) -1 (s) Observado (s)<<strong>br</strong> />

He-Ne @ 632.8 nm 1.5 x 10 9<<strong>br</strong> />

6.7 x 10 -10<<strong>br</strong> />

6 x 10 -10<<strong>br</strong> />

Nd:YAG @ 1.064 μm 1.2 x 10 10<<strong>br</strong> />

8.3 x 10 -11<<strong>br</strong> />

7.6 x 10 -11<<strong>br</strong> />

Rodamina 6G @ 600 nm 5 x 10 12<<strong>br</strong> />

2 x 10 -13<<strong>br</strong> />

4 x 10 -13<<strong>br</strong> />

Ti: Al2O3 @ 800 nm<<strong>br</strong> />

13<<strong>br</strong> />

5 x 10<<strong>br</strong> />

-14<<strong>br</strong> />

2 x 10<<strong>br</strong> />

-14<<strong>br</strong> />

1.5 x 10<<strong>br</strong> />

13.4 Obtenção do regime de modos travados<<strong>br</strong> />

Existem diversas maneiras de se correlacionar as fases dos modos<<strong>br</strong> />

longitudinais do laser de forma a se obter o regime de modos travados. No<<strong>br</strong> />

mode-locking ativo, a aplicação de uma voltagem externa de freqüência Ω<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e um modulador acusto-óptico ou eletro-óptico produz uma<<strong>br</strong> />

modulação temporal das perdas da cavidade, como mostrado<<strong>br</strong> />

esquematicamente na Fig. 13.4. Isto faz com que o campo elétrico<<strong>br</strong> />

circulante também fique modulado, de acordo com:<<strong>br</strong> />

meio ativo<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

modulador<<strong>br</strong> />

Fig. 13.4 – Vista esquemática de um laser com mode-locking ativo.


Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

E n ( t)<<strong>br</strong> />

= E n cos ( 2πν<<strong>br</strong> />

nt<<strong>br</strong> />

+ φn<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

[ 1−<<strong>br</strong> />

α(<<strong>br</strong> />

1−<<strong>br</strong> />

cos[<<strong>br</strong> />

Ωt<<strong>br</strong> />

+ φ])<<strong>br</strong> />

]<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

261<<strong>br</strong> />

(13.7)<<strong>br</strong> />

O segundo termo entre colchetes representa as perdas na transmissão.<<strong>br</strong> />

Usando ω = 2πν , podemos desenvolver esta expressão como:<<strong>br</strong> />

n n<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

( t)<<strong>br</strong> />

α<<strong>br</strong> />

= En<<strong>br</strong> />

( 1−<<strong>br</strong> />

α)<<strong>br</strong> />

cos ( ωnt<<strong>br</strong> />

+ φn<<strong>br</strong> />

) + En<<strong>br</strong> />

cos[<<strong>br</strong> />

( ωn<<strong>br</strong> />

− Ω)<<strong>br</strong> />

t + φn<<strong>br</strong> />

− φ]<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

α<<strong>br</strong> />

− En<<strong>br</strong> />

cos[<<strong>br</strong> />

( ωn<<strong>br</strong> />

+ Ω)<<strong>br</strong> />

t + φn<<strong>br</strong> />

+ φ]<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(13.8)<<strong>br</strong> />

O primeiro termo mostra que o campo de freqüência angular ωn<<strong>br</strong> />

tem sua amplitude reduzida pelo fator α (α


262<<strong>br</strong> />

Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

absorvedor saturável. Este campo transmitido será amplificado pelo meio<<strong>br</strong> />

ativo e ganhará a amplitude necessária para continuar passando pelo<<strong>br</strong> />

absorvedor saturável. No estado estacionário, teremos apenas um pulso<<strong>br</strong> />

circulando pela cavidade óptica. Toda vez que ele passa pelo absorvedor<<strong>br</strong> />

saturável, sua parte inicial é bloqueada e sua subida se torna cada vez mais<<strong>br</strong> />

rápida, deformando o pulso, da forma indicada pela linha tracejada da Fig.<<strong>br</strong> />

13.6(c). O meio ativo possui, em geral, uma saturação do ganho, da forma<<strong>br</strong> />

mostrada Fig. 13.6(d), e assim, quando o pulso passa por ele, a parte final<<strong>br</strong> />

será bem menos amplificada que a subida inicial. Como conseqüência,<<strong>br</strong> />

após várias passagens pela cavidade, o pulso terá uma duração temporal<<strong>br</strong> />

bastante reduzida, como também é visto na Fig. 13.6(c).<<strong>br</strong> />

meio ativo AS<<strong>br</strong> />

Tempo<<strong>br</strong> />

1 Transmissão<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

T 0<<strong>br</strong> />

G 0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0 I s<<strong>br</strong> />

Ganho<<strong>br</strong> />

I S<<strong>br</strong> />

(b)<<strong>br</strong> />

(c) (d)<<strong>br</strong> />

Fig. 13.6 – (a) Vista esquemática de um laser com mode-locking passivo por<<strong>br</strong> />

absorvedor saturável (AS), (b) curva de transmissão do absorvedor<<strong>br</strong> />

saturável, (c) absorção da parte inicial do pulso e seu formato final<<strong>br</strong> />

após várias voltas pela cavidade, e (d) saturação do ganho do meio<<strong>br</strong> />

ativo.<<strong>br</strong> />

É possível mostrar, resolvendo-se a equação diferencial não linear<<strong>br</strong> />

que descreve este sistema óptico, que o pulso produzido é um sóliton, que<<strong>br</strong> />

possui uma dependência temporal do tipo sech. Este tipo de mode-locking<<strong>br</strong> />

(a)<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

I


Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

é em geral utilizado em lasers de corante, onde o meio ativo é a rodamina<<strong>br</strong> />

6G e o absorvedor saturável é o DODCI.<<strong>br</strong> />

O segundo tipo de mode-locking passivo utiliza o efeito Kerr<<strong>br</strong> />

óptico (KLM – Kerr lens mode-locking) e é aplicado principalmente<<strong>br</strong> />

quando o meio ativo é o cristal de Ti:Al O<<strong>br</strong> />

2 3. No efeito Kerr óptico, o<<strong>br</strong> />

índice de refração do meio ativo depende da irradiância, de acordo com<<strong>br</strong> />

n(t) = n0+n2I(t). Como o perfil transversal do feixe é Gaussiano, haverá a<<strong>br</strong> />

formação de uma lente induzida pela presença da luz, que altera a álge<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

da cavidade, levando-a de uma configuração instável para uma outra<<strong>br</strong> />

estável. Como no mode-locking passivo descrito previamente, flutuações<<strong>br</strong> />

estatísticas produzem um pulso que é amplificado pelo meio ativo. Este<<strong>br</strong> />

pulso encontrará a cavidade estável e será amplificado continuamente a<<strong>br</strong> />

cada volta. Devido ao fato do meio ativo ter um dado tempo de<<strong>br</strong> />

recuperação e ser depletado após a passagem do pulso, apenas ele será<<strong>br</strong> />

amplificado, levando a uma situação estacionária. Outros prováveis pulsos<<strong>br</strong> />

que poderiam ser gerados não serão amplificados e como conseqüência,<<strong>br</strong> />

não induzirão uma lente suficientemente forte para tornar a cavidade<<strong>br</strong> />

estável para sua propagação, e serão atenuados.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

263<<strong>br</strong> />

13.5 Q-switching<<strong>br</strong> />

O primeiro laser demonstrado, o de Rubi, opera no regime de Qswitching<<strong>br</strong> />

e gera pulsos de uma forma completamente diferente que no<<strong>br</strong> />

regime de mode-locking. Posteriormente, outros tipos de lasers também<<strong>br</strong> />

foram desenvolvidos para operar no regime de Q-switching, pois este<<strong>br</strong> />

permite a geração de pulsos gigantes de altíssimas intensidades. O termo<<strong>br</strong> />

Q-switching refere-se ao chaveamento do fator de qualidade da cavidade<<strong>br</strong> />

óptica, denominado de Q. Uma visão esquemática de um laser operando<<strong>br</strong> />

no regime Q-switched está mostrada na Fig. 13.7.<<strong>br</strong> />

ℓ<<strong>br</strong> />

meio ativo MEO<<strong>br</strong> />

L P<<strong>br</strong> />

Fig. 13.7 – Vista esquemática de um laser operando no regime Q-switching.<<strong>br</strong> />

MEO significa modulador eletro-óptico e P, polarizador. L e ℓ são<<strong>br</strong> />

respectivamente os comprimentos do meio e da cavidade.


264<<strong>br</strong> />

Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

No interior da cavidade existe uma célula de Pockels composta<<strong>br</strong> />

por um modulador eletro-óptico e um polarizador (ou lâminas em ângulo<<strong>br</strong> />

de Brewster). Esta célula funciona como uma chave óptica que permite,<<strong>br</strong> />

ou não, que a cavidade transmita. No estado normal, o cristal eletroóptico,<<strong>br</strong> />

em geral KDP, funciona como uma lâmina de quarto de onda.<<strong>br</strong> />

Como a luz passa duas vezes pelo cristal (ida e volta) seu efeito será o de<<strong>br</strong> />

uma lâmina de meia onda que rodará a polarização do campo elétrico de<<strong>br</strong> />

90 0 , fazendo com que ele seja bloqueado pelo polarizador. Ao se aplicar<<strong>br</strong> />

uma tensão no cristal, ele operará como uma lâmina de meia onda,<<strong>br</strong> />

fazendo com que o campo elétrico tenha sua polarização rodada de 180 0<<strong>br</strong> />

após a dupla passagem pelo cristal e assim ele não será bloqueado pelo<<strong>br</strong> />

polarizador. Como dissemos, no estado normal, a cavidade não transmite e<<strong>br</strong> />

sua perda é muito grande. Nesta situação, bombeia-se o meio ativo<<strong>br</strong> />

geralmente através de uma lâmpada flash ou um laser de diodo. A<<strong>br</strong> />

população vai se acumulando no estado metastável e a emissão<<strong>br</strong> />

espontânea começa a ocorrer. Porém, como a cavidade está obstruída, não<<strong>br</strong> />

existe emissão estimulada. Isso permite uma inversão de população muito<<strong>br</strong> />

grande, que não ocorreria se houvesse emissão estimulada. Após um<<strong>br</strong> />

tempo ótimo, escolhido experimentalmente, aplica-se uma tensão elétrica<<strong>br</strong> />

no modulador eletro-óptico, permitindo-se a assim a passagem de luz pela<<strong>br</strong> />

célula de Pockels. A emissão estimulada começa a ocorrer numa situação<<strong>br</strong> />

onde a inversão de população e, portanto o ganho, γ, é muito grande. Isto<<strong>br</strong> />

faz com que o sistema produza pulsos gigantes, cuja intensidade dentro do<<strong>br</strong> />

meio ativo evolui no tempo de acordo com:<<strong>br</strong> />

dI<<strong>br</strong> />

dt<<strong>br</strong> />

dI dz c<<strong>br</strong> />

= γI<<strong>br</strong> />

dz dt n<<strong>br</strong> />

= (13.9)<<strong>br</strong> />

onde a lei de Beer foi empregada, sendo n0 o índice de refração do meio<<strong>br</strong> />

ativo. Logo, no início de processo de amplificação, a intensidade aumenta<<strong>br</strong> />

exponencialmente no tempo com uma taxa γc/n0. Como o meio ativo e a<<strong>br</strong> />

cavidade possuem comprimentos L e ℓ, respectivamente, apenas uma<<strong>br</strong> />

fração L/ℓ dos fótons está dentro do meio ativo num dado instante de<<strong>br</strong> />

tempo e é amplificada. O número de fótons, Φ, é proporcional à<<strong>br</strong> />

intensidade, e assim podemos escrever uma equação de taxas da forma:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0


Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

dΦ<<strong>br</strong> />

⎛ γcL<<strong>br</strong> />

= Φ⎜<<strong>br</strong> />

−<<strong>br</strong> />

dt ⎝ n0l<<strong>br</strong> />

1 ⎞<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

tc<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

265<<strong>br</strong> />

(13.10)<<strong>br</strong> />

onde o primeiro termo entre parênteses leva em conta a fração de fótons<<strong>br</strong> />

que está sendo amplificada e o segundo representa as perdas da cavidade<<strong>br</strong> />

óptica devido à absorção do meio e à refletividade dos espelhos. O tempo<<strong>br</strong> />

tc já foi introduzido na seção 11.4 e é dado pela eq. (11.30). Definindo um<<strong>br</strong> />

tempo normalizado τ = t/tc, podemos re-escrever a eq. (13.10) como:<<strong>br</strong> />

dΦ<<strong>br</strong> />

⎛ γ ⎞ ⎛<<strong>br</strong> />

= Φ⎜<<strong>br</strong> />

−1⎟<<strong>br</strong> />

= Φ⎜<<strong>br</strong> />

dτ<<strong>br</strong> />

⎝ ( n0<<strong>br</strong> />

/ cLtc<<strong>br</strong> />

) ⎠ ⎝<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

γ<<strong>br</strong> />

γ<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

−1⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(13.11)<<strong>br</strong> />

O termo γ = n<<strong>br</strong> />

t 0ℓ/cLtc é o mínimo valor de ganho (threshold) que permite a<<strong>br</strong> />

existência de amplificação. Lem<strong>br</strong>ando que o ganho é proporcional à<<strong>br</strong> />

diferença de população, ΔN, podemos introduzir o parâmetro n = ΔNV e<<strong>br</strong> />

seu valor de limiar, n , o que nos leva à equação:<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

dΦ<<strong>br</strong> />

⎛<<strong>br</strong> />

= Φ⎜<<strong>br</strong> />

dτ<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

−1⎟<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

(13.12)<<strong>br</strong> />

onde o termo Φ(n/nt) dá o número de fótons gerados pela emissão<<strong>br</strong> />

estimulada por unidade de tempo normalizado. Como cada fóton gerado<<strong>br</strong> />

tem como origem uma única transição atômica, ele corresponde a um<<strong>br</strong> />

decréscimo de Δn = -2 na inversão total. Usando este argumento, podemos<<strong>br</strong> />

escrever:<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

= −2Φ<<strong>br</strong> />

dτ<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n t<<strong>br</strong> />

(13.13)<<strong>br</strong> />

que juntamente com a eq. (13.12) formam um par de equações diferenciais<<strong>br</strong> />

acopladas, que podem ser resolvidas numericamente. Não vamos aqui<<strong>br</strong> />

encontrar a evolução temporal de Φ e n, mas sim analisar como o número<<strong>br</strong> />

de fótons emitidos varia com a diferença de população total. Para isto<<strong>br</strong> />

escrevemos:


266<<strong>br</strong> />

Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

dΦ dΦ<<strong>br</strong> />

dτ<<strong>br</strong> />

⎛ n ⎞ n t 1<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

⎛ n t<<strong>br</strong> />

= = −Φ⎜<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎟ ⎜ −1⎟<<strong>br</strong> />

dn dτ<<strong>br</strong> />

dn ⎝ n t ⎠ 2Φn<<strong>br</strong> />

2 ⎝ n ⎠<<strong>br</strong> />

passando dn para o lado direito, temos:<<strong>br</strong> />

1 ⎛ dn<<strong>br</strong> />

Φ =<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

⎜n<<strong>br</strong> />

− dn⎟<<strong>br</strong> />

2 ⎝ n ⎠<<strong>br</strong> />

que pode ser integrada facilmente resultando em:<<strong>br</strong> />

(13.14)<<strong>br</strong> />

d t (13.15)<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

= [ n t n(<<strong>br</strong> />

n / ni<<strong>br</strong> />

) − ( n − ni<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Φ l )] (13.16)<<strong>br</strong> />

onde o número inicial de fótons na cavidade foi desprezado. Para<<strong>br</strong> />

encontrarmos a população remanescente após a emissão do pulso Qswitched,<<strong>br</strong> />

tomamos o limite em que t » tc para qual o número de fótons<<strong>br</strong> />

restantes na cavidade é nulo. Fazendo Φ = 0 na eq. (13.16) temos:<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

⎧n f − n<<strong>br</strong> />

= exp⎨<<strong>br</strong> />

⎩ n t<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

⎫<<strong>br</strong> />

⎬<<strong>br</strong> />

⎭<<strong>br</strong> />

(13.17)<<strong>br</strong> />

Esta é uma equação do tipo (x/a) = exp{x-a}, onde x = nf/nt e a = ni/nt. Ela<<strong>br</strong> />

pode ser resolvida graficamente, ou numericamente, para n i/nt em função<<strong>br</strong> />

de nf/ni, uma vez que da eq. (13.17) é possível ver que:<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

n(<<strong>br</strong> />

nf<<strong>br</strong> />

/ ni<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

n / n −1<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

(13.18)<<strong>br</strong> />

O resultado está mostrado na Fig. 13.8, porém com os eixos x e y<<strong>br</strong> />

invertidos para melhor visualização. A primeira conclusão que tiramos<<strong>br</strong> />

deste gráfico é que quanto maior a inversão de população inicial, menor<<strong>br</strong> />

será o número de átomos remanescentes no estado excitado após a<<strong>br</strong> />

emissão do pulso. Por outro lado, a fração de energia originalmente<<strong>br</strong> />

armazenada na inversão de população que é convertida em oscilação laser<<strong>br</strong> />

é (ni – n )/n<<strong>br</strong> />

f i, que tende a 1 conforme a inversão de população inicial<<strong>br</strong> />

aumenta.<<strong>br</strong> />

A potência de saída instantânea do laser é dada por P = Φhν/tc,<<strong>br</strong> />

que pelo uso da eq. (13.16) pode ser expressa da forma:


Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

267<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

P = [ n tl<<strong>br</strong> />

n(<<strong>br</strong> />

n / ni<<strong>br</strong> />

) − ( n − ni<<strong>br</strong> />

) ]<<strong>br</strong> />

(13.19)<<strong>br</strong> />

2t<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

É de interesse se calcular a potência de pico do pulso de saída.<<strong>br</strong> />

Fazendo ∂P/∂n = 0, encontramos que a potência máxima ocorre quando n<<strong>br</strong> />

= nt. Fazendo esta substituição na eq. (13.19) temos:<<strong>br</strong> />

hν<<strong>br</strong> />

Pmax [ n t n(<<strong>br</strong> />

n t / ni<<strong>br</strong> />

) − ( n t − ni<<strong>br</strong> />

]<<strong>br</strong> />

2t<<strong>br</strong> />

= l ) (13.20)<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

Se a inversão inicial é bem acima do valor de limiar obtemos finalmente<<strong>br</strong> />

que:<<strong>br</strong> />

n f /n i<<strong>br</strong> />

1,0<<strong>br</strong> />

0,8<<strong>br</strong> />

0,6<<strong>br</strong> />

0,4<<strong>br</strong> />

0,2<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

n hν<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

max = (13.21)<<strong>br</strong> />

2t<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

0,0<<strong>br</strong> />

1,0<<strong>br</strong> />

1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5<<strong>br</strong> />

n i /n t<<strong>br</strong> />

0,0<<strong>br</strong> />

0,2<<strong>br</strong> />

0,4<<strong>br</strong> />

0,6<<strong>br</strong> />

0,8<<strong>br</strong> />

(n i -n f )/n i<<strong>br</strong> />

Fig. 13.8 – Inversão remanescente (eixo à esquerda) e fator de utilização de<<strong>br</strong> />

energia (direita) após a emissão do pulso gigante.


268<<strong>br</strong> />

Modos de operação de um laser<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

13.1. A. Yariv, Quantum Electronics, 3ª edição, John Wiley and Sons, NY<<strong>br</strong> />

(1989)<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

13.1. Considere um laser oscilando com 2n modos longitudinais de<<strong>br</strong> />

mesma amplitude E0, separados de Δν = c/2ℓ. Calcule razão entre a<<strong>br</strong> />

potência de pico no regime de modos travados e a potência média<<strong>br</strong> />

quando as fases dos modos são aleatórias (multimodos contínuo).<<strong>br</strong> />

13.2. A largura de banda de um laser He-Ne de modos travados é 1 GHz,<<strong>br</strong> />

o espaçamento entre os modos é 150 MHz e a curva espectral pode<<strong>br</strong> />

ser descrita por uma função Gaussiana. Calcule a duração dos<<strong>br</strong> />

pulsos de saída e a taxa de repetição.<<strong>br</strong> />

13.3. Qual a potência máxima de saída e a energia do pulso quando o laser<<strong>br</strong> />

de rubi do problema 12.2 opera no regime Q-switched com ni =<<strong>br</strong> />

1.64 ΔN ?<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> de<<strong>br</strong> />

cristais<<strong>br</strong> />

14.1 Propagação de luz em meios anisotrópicos<<strong>br</strong> />

A aplicação de um campo elétrico em meios isotrópicos induz<<strong>br</strong> />

uma polarização que é paralela ao campo aplicado e proporcional à<<strong>br</strong> />

suscetibilidade χ, que é um escalar. Porém, quando o meio é anisotrópico,<<strong>br</strong> />

como na maioria dos cristais, a polarização não está necessariamente<<strong>br</strong> />

paralela ao campo aplicado, sendo sua direção e magnitude dependentes<<strong>br</strong> />

da direção de aplicação do campo. Nesses casos a suscetibilidade é um<<strong>br</strong> />

tensor e a polarização é dada por:<<strong>br</strong> />

r t r<<strong>br</strong> />

= ε χ : E<<strong>br</strong> />

(14.1)<<strong>br</strong> />

P 0<<strong>br</strong> />

Escrevendo esta expressão na forma matricial temos:<<strong>br</strong> />

⎡Px<<strong>br</strong> />

⎤ ⎡χ11<<strong>br</strong> />

χ12<<strong>br</strong> />

χ13<<strong>br</strong> />

⎤ ⎡E<<strong>br</strong> />

x ⎤<<strong>br</strong> />

⎢P<<strong>br</strong> />

⎥ ⎢<<strong>br</strong> />

χ χ<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⋅ ⎢ ⎥<<strong>br</strong> />

y = ε0<<strong>br</strong> />

⋅ χ21<<strong>br</strong> />

22 23 E y<<strong>br</strong> />

(14.2)<<strong>br</strong> />

⎢ ⎥ ⎢<<strong>br</strong> />

⎥ ⎢ ⎥<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

Pz<<strong>br</strong> />

⎥⎦<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

χ31<<strong>br</strong> />

χ32<<strong>br</strong> />

χ33⎥⎦<<strong>br</strong> />

⎢⎣<<strong>br</strong> />

Ez<<strong>br</strong> />

⎥⎦<<strong>br</strong> />

onde, tradicionalmente, 1, 2 e 3 correspondem a x, y e z. O tensor χ t<<strong>br</strong> />

possui em geral nove termos, porém é possível se fazer uma rotação<<strong>br</strong> />

conveniente do sistema de coordenadas tal que os elementos fora da<<strong>br</strong> />

diagonal sejam nulos. Estes eixos são conhecidos como os eixos<<strong>br</strong> />

dielétricos principais. Nesse novo sistema de eixos, as componentes da<<strong>br</strong> />

polarização são:<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

= ε<<strong>br</strong> />

= ε<<strong>br</strong> />

= ε<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

χ<<strong>br</strong> />

χ<<strong>br</strong> />

χ<<strong>br</strong> />

11<<strong>br</strong> />

22<<strong>br</strong> />

33<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

269<<strong>br</strong> />

14<<strong>br</strong> />

(14.3)


270<<strong>br</strong> />

forma:<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

A permissividade do meio se relaciona com a suscetibilidade na<<strong>br</strong> />

( ) 0 ε 1 χ + = ε<<strong>br</strong> />

t t<<strong>br</strong> />

(14.4)<<strong>br</strong> />

onde ε t , conhecido como tensor dielétrico, também possui em geral nove<<strong>br</strong> />

elementos, mas que também tem o número de componentes independentes<<strong>br</strong> />

reduzidas para três mediante o uso dos eixos dielétricos principais. Como<<strong>br</strong> />

o índice de refração do meio depende de ε t , ele também varia com a<<strong>br</strong> />

direção de propagação e com a polarização da luz incidente, sendo seus<<strong>br</strong> />

elementos definidos como:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n ij<<strong>br</strong> />

εij<<strong>br</strong> />

= (14.5)<<strong>br</strong> />

ε<<strong>br</strong> />

A expressão para a densidade de energia elétrica para um meio<<strong>br</strong> />

anisotrópico, homogêneo, não absorvedor e não magnético é dada por:<<strong>br</strong> />

U<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

1 r r 1<<strong>br</strong> />

= E ⋅ D =<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

ij<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

E ε E<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

ij<<strong>br</strong> />

j<<strong>br</strong> />

ε0<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

ij<<strong>br</strong> />

n E E<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ij<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

j<<strong>br</strong> />

(14.6)<<strong>br</strong> />

onde D r é o vetor deslocamento elétrico, que se relaciona com a<<strong>br</strong> />

polarização e o campo elétrico da forma:<<strong>br</strong> />

r r r t r<<strong>br</strong> />

= ε E + P = ε : E<<strong>br</strong> />

(14.7)<<strong>br</strong> />

D 0<<strong>br</strong> />

14.2 Elipsóide de índices<<strong>br</strong> />

Usando os eixos dielétricos principais, podemos escrever:<<strong>br</strong> />

n j ∑n iδij<<strong>br</strong> />

(14.8)<<strong>br</strong> />

= i<<strong>br</strong> />

que quando substituído na eq. (14.6) resulta em:<<strong>br</strong> />

2U<<strong>br</strong> />

ε<<strong>br</strong> />

Usando a eq. (14.7) na (14.9) obtemos:<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2 2 2 2 2 2<<strong>br</strong> />

( n E + n E + n )<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

x x y y zE<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

(14.9)


<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

271<<strong>br</strong> />

D D D<<strong>br</strong> />

2 ε 0U<<strong>br</strong> />

e = + +<<strong>br</strong> />

(14.10)<<strong>br</strong> />

n n n<<strong>br</strong> />

Tomando uma superfície onde Ue é constante e associando um<<strong>br</strong> />

vetor posição 0 e U 2 / D<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r = ε a cada ponto descrito pelo vetor D r , podemos<<strong>br</strong> />

re-escrever a eq. (14.10) como:<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

y z<<strong>br</strong> />

+ + = 1<<strong>br</strong> />

(14.11)<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

n n<<strong>br</strong> />

Esta é a equação do elipsóide mostrado na Fig. 14.1, que tem como eixos<<strong>br</strong> />

principais os índices de refração do material nas direções dos eixos<<strong>br</strong> />

dielétricos principais. Esse elipsóide é conhecido como elipsóide de<<strong>br</strong> />

índices ou indicatriz óptica. O conhecimento dos índices de refração, nx,<<strong>br</strong> />

ny e nz, é importante porque determina como uma onda eletromagnética se<<strong>br</strong> />

propaga no meio.<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

nx<<strong>br</strong> />

Fig. 14.1 - Elipsóide de índices ou indicatriz óptica de um cristal anisotrópico.<<strong>br</strong> />

Em cristais isotrópicos, os índices de refração nos três eixos<<strong>br</strong> />

principais são iguais e o elipsóide se reduz a uma esfera. Já para cristais<<strong>br</strong> />

anisotrópicos, existem duas possibilidades: nx = ny ≠ nz e nx ≠ ny ≠ nz. No<<strong>br</strong> />

primeiro caso, a seção transversal no plano xy é um circulo e os cristais<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

nz<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

ny<<strong>br</strong> />

y


272<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

que têm esse comportamento são chamados uniaxiais. No segundo caso, a<<strong>br</strong> />

seção transversal no plano xy é uma elipse e os cristais desse grupo são<<strong>br</strong> />

chamados de biaxiais.<<strong>br</strong> />

Os cristais anisotrópicos podem ainda ser classificados pelos<<strong>br</strong> />

valores relativos entre os índices de refração nos eixos principais. Quando<<strong>br</strong> />

num cristal uniaxial o valor de nz > nx,y o cristal é dito positivo e negativo<<strong>br</strong> />

quando nz < nx,y. Quando num cristal biaxial, ny é mais próximo de nx o<<strong>br</strong> />

cristal é positivo e se for mais próximo de nz é negativo. Aqui estamos<<strong>br</strong> />

usando convenção mais aceita que é: nx < ny < nz.<<strong>br</strong> />

Quando uma onda eletromagnética se propaga num cristal<<strong>br</strong> />

anisotrópico, seu campo elétrico pode ser decomposto em duas<<strong>br</strong> />

componentes, uma no plano xy (raio ordinário) e outra perpendicular a<<strong>br</strong> />

esta e à direção de propagação da onda (raio extraordinário), tendo assim<<strong>br</strong> />

velocidades de propagação diferentes, o que causa uma diferença de fase<<strong>br</strong> />

entre as componentes. Contudo, existem direções onde todas as ondas<<strong>br</strong> />

com o mesmo comprimento de onda, se propagam com a mesma<<strong>br</strong> />

velocidade, independente da polarização. Essas direções são chamadas de<<strong>br</strong> />

eixos ópticos e a seção transversal a esses eixos é um círculo. Em cristais<<strong>br</strong> />

uniaxiais existe um único eixo óptico que coincide com o eixo z. Em<<strong>br</strong> />

cristais biaxiais existem dois eixos ópticos que se localizam no plano xz.<<strong>br</strong> />

Definindo como 2V o menor ângulo entre os eixos ópticos, a bissetriz<<strong>br</strong> />

desse ângulo coincide com o eixo z quando o cristal é positivo, e com o<<strong>br</strong> />

eixo x quando é negativo. Na Fig. 14.2 são representadas as indicatrizes<<strong>br</strong> />

para cristais biaxiais positivos e negativos.<<strong>br</strong> />

14.3 Propagação de uma onda plana num meio<<strong>br</strong> />

anisotrópico<<strong>br</strong> />

Vamos tratar agora o problema de uma onda plana propagando-se<<strong>br</strong> />

num meio anisotrópico. Neste caso, devido à anisotropia do meio, a<<strong>br</strong> />

velocidade da luz depende tanto da polarização da onda quanto da direção<<strong>br</strong> />

da sua propagação. Portanto, dada uma direção de propagação no meio,<<strong>br</strong> />

existem duas soluções bem definidas de polarização e velocidade da fase<<strong>br</strong> />

da onda. Considerando o meio sem cargas livres, ρ = 0 , e sem correntes,<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

J = 0 , os campos elétrico e magnético são descritos por:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

onde:<<strong>br</strong> />

sendo:<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

e.o. e.o.<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

Seção Circular<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

Seção Circular<<strong>br</strong> />

2V<<strong>br</strong> />

Seção Circular<<strong>br</strong> />

2V<<strong>br</strong> />

Biaxial Positivo Biaxial Negativo<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

Seção Circular<<strong>br</strong> />

Fig. 14.2 – Indicatriz biaxial para cristais positivos e negativos.<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

H<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

E = E<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

H = H<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

−i<<strong>br</strong> />

0e<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

−i<<strong>br</strong> />

0e<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

( k⋅r<<strong>br</strong> />

−ωt<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

( k⋅r−ωt<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

kˆ = E î + E jˆ + E<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

kˆ = H î + H jˆ + H<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

r ω<<strong>br</strong> />

k = nsˆ<<strong>br</strong> />

= nk0sˆ<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

e.o.<<strong>br</strong> />

e.o.<<strong>br</strong> />

273<<strong>br</strong> />

(14.12)<<strong>br</strong> />

(14.13)<<strong>br</strong> />

(14.14)<<strong>br</strong> />

onde n é o índice de refração efetivo, correspondente à uma dada<<strong>br</strong> />

polarização real do campo elétrico. Das equações de Maxwell temos as<<strong>br</strong> />

relações:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r r ∂B<<strong>br</strong> />

∇×<<strong>br</strong> />

E = −<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

(14.15a)


274<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r r ∂D<<strong>br</strong> />

∇×<<strong>br</strong> />

H = −<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

(14.15b)<<strong>br</strong> />

Usando as expressões dos campos dadas pelas eqs. (14.12) em (14.15)<<strong>br</strong> />

obtemos:<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

k × E = ωµ H<<strong>br</strong> />

(14.16a)<<strong>br</strong> />

r r t r<<strong>br</strong> />

k × H = −ωε<<strong>br</strong> />

: E<<strong>br</strong> />

(14.16b)<<strong>br</strong> />

onde µ = µ0 é um escalar em meios não magnéticos, como é o caso que<<strong>br</strong> />

estamos tratando aqui. Fazendo o produto vetorial da eq. (14.16a) por k r e<<strong>br</strong> />

eliminando H r temos:<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

2 t r<<strong>br</strong> />

k × k × E + ω µ ε : E = 0<<strong>br</strong> />

(14.17)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

e usando o tensor n t , definido pela eq. (14.5), juntamente com a eq.<<strong>br</strong> />

(14.14), encontramos:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2 t r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n ( sˆ × sˆ × E)<<strong>br</strong> />

+ n : E = 0<<strong>br</strong> />

(14.18)<<strong>br</strong> />

r r r v r r r r r<<strong>br</strong> />

Usando a identidade vetorial: A × ( B×<<strong>br</strong> />

C)<<strong>br</strong> />

= B(<<strong>br</strong> />

A ⋅C)<<strong>br</strong> />

− C(<<strong>br</strong> />

A ⋅ B)<<strong>br</strong> />

, obtemos:<<strong>br</strong> />

r r r r r<<strong>br</strong> />

sˆ × sˆ × E = ( sˆ ⋅E<<strong>br</strong> />

) sˆ − ( sˆ ⋅sˆ<<strong>br</strong> />

) E = −E<<strong>br</strong> />

+ ( sˆ ⋅ E)sˆ<<strong>br</strong> />

(14.19)<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

t r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Assim, a eq. (14.18) fica na forma: n [ ( sˆ ⋅ E)<<strong>br</strong> />

sˆ − E]<<strong>br</strong> />

+ n : E = 0 , ou<<strong>br</strong> />

explicitamente para a componente i:<<strong>br</strong> />

2 ⎡⎛<<strong>br</strong> />

⎞ ⎤ 2<<strong>br</strong> />

n ⎢⎜∑<<strong>br</strong> />

s jE<<strong>br</strong> />

j ⎟s<<strong>br</strong> />

i − Ei<<strong>br</strong> />

⎥ + ∑n<<strong>br</strong> />

ij E j = 0 (14.20)<<strong>br</strong> />

⎣⎝<<strong>br</strong> />

j ⎠ ⎦ j<<strong>br</strong> />

Escrevendo esta equação num sistema de eixos dielétricos principais, onde<<strong>br</strong> />

a eq. (14.8) é válida, temos:<<strong>br</strong> />

2 2 [ + n ( s s − δ ) ] E = 0<<strong>br</strong> />

∑ nij j<<strong>br</strong> />

i j ij j<<strong>br</strong> />

(14.21)<<strong>br</strong> />

Esta equação pode ser considerada como uma equação de auto-valores.<<strong>br</strong> />

Sua solução leva aos valores de n 2 e às componentes Ej para cada direção<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

de propagação sˆ . O sistema formado por esta equação tem três equações<<strong>br</strong> />

homogêneas, que só tem solução não trivial se o seu determinante for<<strong>br</strong> />

igual a zero, ou seja:<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

xx<<strong>br</strong> />

+ n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n s s<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2 ( s −1)<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

yy<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

+ n<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n s s<<strong>br</strong> />

2 ( s −1)<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

+ n<<strong>br</strong> />

2 ( s −1)<<strong>br</strong> />

= 0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

zz<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

sys<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

275<<strong>br</strong> />

(14.22)<<strong>br</strong> />

Desse determinante resulta uma equação biquadrada, cujas raízes<<strong>br</strong> />

fornecem quatro valores para n. Só iremos considerar as raízes positivas,<<strong>br</strong> />

uma vez que n é positivo por definição. Se usarmos como sistema de<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

referência os eixos dielétricos principais, que diagonalizam o tensor n t , a<<strong>br</strong> />

equação biquadrada terá uma forma mais simples. Usando novamente a<<strong>br</strong> />

eq. (14.8), temos:<<strong>br</strong> />

4 2<<strong>br</strong> />

An + Bn + C = 0<<strong>br</strong> />

(14.23)<<strong>br</strong> />

onde:<<strong>br</strong> />

2 2 2 2 2 2<<strong>br</strong> />

A = n s + n s + n s<<strong>br</strong> />

(14.24a)<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2 2 2 2 2 2 2 2 2<<strong>br</strong> />

( 1−<<strong>br</strong> />

s ) n n + ( 1−<<strong>br</strong> />

s ) n n + ( 1 s ) n n<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

B = − (14.24b)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

C = n n n<<strong>br</strong> />

(14.24c)<<strong>br</strong> />

Resolvendo a eq. (14.23) encontramos os dois valores possíveis para n.<<strong>br</strong> />

Para se obter as componentes do campo elétrico, referentes a cada valor<<strong>br</strong> />

de n, basta substitui-lo na eq. (14.21).<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

14.4 Superfície normal<<strong>br</strong> />

Usando as eqs. (14.14) e (14.19) podemos escrever a eq. (14.17)<<strong>br</strong> />

na seguinte forma:<<strong>br</strong> />

⎛ωµε<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎝<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

ωµε<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

ωµε<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

⎞⎛E<<strong>br</strong> />

x ⎞<<strong>br</strong> />

⎟⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎟⎜<<strong>br</strong> />

E y ⎟ = 0<<strong>br</strong> />

⎟⎜<<strong>br</strong> />

E ⎟<<strong>br</strong> />

⎠⎝<<strong>br</strong> />

z ⎠<<strong>br</strong> />

(14.25)


276<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

Para que esse sistema tenha solução não trivial, seu determinante tem que<<strong>br</strong> />

ser igual a zero. Assim:<<strong>br</strong> />

ωµε<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

ωµε<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

= 0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

− k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

ωµε<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

(14.26)<<strong>br</strong> />

A equação acima pode ser representada por uma superfície<<strong>br</strong> />

tridimensional no espaço dos k’s, conhecida como superfície normal que é<<strong>br</strong> />

composta de duas camadas que se so<strong>br</strong>epõem em dois pontos, nos cristais<<strong>br</strong> />

uniaxiais, ou quatro pontos, nos cristais biaxiais. As retas que ligam dois<<strong>br</strong> />

pontos, diametralmente opostos, coincidem com os eixos ópticos do<<strong>br</strong> />

cristal. Para cada direção de propagação existem dois valores para k que<<strong>br</strong> />

são soluções da eq. (14.26), uma para o raio ordinário e outra para o<<strong>br</strong> />

extraordinário, sendo que nas direções dos eixos ópticos, as duas soluções<<strong>br</strong> />

coincidem. Estes valores são dados pela interseção da direção de<<strong>br</strong> />

propagação com a superfície. A visualização da superfície normal é um<<strong>br</strong> />

pouco difícil, por esse motivo é mais comum usar suas curvas de nível.<<strong>br</strong> />

Vamos verificar alguns casos particulares dessas curvas de nível.<<strong>br</strong> />

a) Plano kxky<<strong>br</strong> />

Neste caso, temos uma onda propagando numa direção paralela ao<<strong>br</strong> />

plano kxky, logo, kz = 0. Assim a eq. (14.26) é simplificada, ficando na<<strong>br</strong> />

forma:<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

( − k − k ) [ ( ωµε − k )( ωµε − k ) − k k ] = 0<<strong>br</strong> />

ωµε (14.27)<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

Para que esta equação seja satisfeita, um dos termos, ou ambos, deve ser<<strong>br</strong> />

igual a zero. Fazendo o primeiro termo nulo, temos:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2 2 ⎛ ω ⎞<<strong>br</strong> />

k x k y = ω µεz<<strong>br</strong> />

= ⎜n<<strong>br</strong> />

z ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ c ⎠<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

+ (14.28)<<strong>br</strong> />

Esta é a equação de uma circunferência de raio igual a nz ω/c no plano xy.<<strong>br</strong> />

Fazendo agora o segundo termo da eq. (14.27) nulo, temos:<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y


<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ω µε<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x y k x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

+ = + =<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y ω µεx<<strong>br</strong> />

( n y ω c)<<strong>br</strong> />

( n x ω c)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

277<<strong>br</strong> />

(14.29)<<strong>br</strong> />

Esta é a equação de uma elipse com os eixos principais dados pelos<<strong>br</strong> />

denominadores da eq. (14.29). Na Fig. 14.3 temos a representação gráfica<<strong>br</strong> />

das eqs. (14.28) e (14.29).<<strong>br</strong> />

Fig. 14.3 - Curva de nível da superfície normal no plano kz = 0. O índice de<<strong>br</strong> />

refração para os raios ordinários e extraordinário são determinados<<strong>br</strong> />

pela interseção da direção de propagação e as duas curvas, a<<strong>br</strong> />

circunferência (raio ordinário) e a elipse (raio extraordinário).<<strong>br</strong> />

b) Plano kxkz<<strong>br</strong> />

Repetindo o procedimento anterior para o plano ky = 0, a eq.<<strong>br</strong> />

(14.26) fica na forma:<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

( − k − k ) [ ( ωµε − k )( ωµε − k ) − k k ] = 0<<strong>br</strong> />

ωµε (14.30)<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

ky<<strong>br</strong> />

nxω/c<<strong>br</strong> />

nyω/c<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

Igualando os dois termos a zero encontramos equações análogas às eqs.<<strong>br</strong> />

(14.28) e (14.29), que são:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2 ⎛ ω ⎞<<strong>br</strong> />

k x k z = ⎜n<<strong>br</strong> />

y ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ c ⎠<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

kx<<strong>br</strong> />

nzω/c<<strong>br</strong> />

+ (14.31)<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

z


278<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

2 ( n ω c)<<strong>br</strong> />

( n ω c)<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(14.32)<<strong>br</strong> />

que são as equações de uma circunferência e de uma elipse. Na Fig. 14.4<<strong>br</strong> />

apresentamos a representação gráfica das eqs. (14.31) e (14.32). O plano<<strong>br</strong> />

kxky é conhecido como plano óptico por conter os eixos ópticos do cristal.<<strong>br</strong> />

Fig. 14.4 - Curva de nível da superfície normal no plano ky = 0, que contém os<<strong>br</strong> />

eixos ópticos.<<strong>br</strong> />

c) Plano kykz<<strong>br</strong> />

Novamente repetimos o procedimento anterior para o plano kx = 0.<<strong>br</strong> />

Assim, a eq. (14.26) fica na forma:<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

( − k − k ) [ ( ωµε − k )( ωµε − k ) − k k ] = 0<<strong>br</strong> />

ωµε (14.33)<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

Fazendo os dois termos nulos, temos:<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 2 ⎛ ω ⎞<<strong>br</strong> />

k y k z = ⎜n<<strong>br</strong> />

x ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ c ⎠<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

+ (14.34)<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

2 ( n ω c)<<strong>br</strong> />

( n ω c)<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

kz<<strong>br</strong> />

nyω/c<<strong>br</strong> />

e.o. e.o.<<strong>br</strong> />

nxω/c<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

= 1<<strong>br</strong> />

kx<<strong>br</strong> />

nzω/c<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

(14.35)


<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

que são as equações de uma circunferência de raio igual nxω/c e de uma<<strong>br</strong> />

elipse com eixos principais iguais aos denominadores da eq. (14.35). Na<<strong>br</strong> />

Fig. 14.5 são representadas graficamente as eqs. (14.34) e (14.35).<<strong>br</strong> />

Fig. 14.5 - Representação gráfica das curvas de nível no plano kx = 0.<<strong>br</strong> />

Podemos re-escrever a eq. (14.26) da curva normal usando a<<strong>br</strong> />

relação entre k e o índice de refração da onda propagando na direção k r ,<<strong>br</strong> />

dada pela eq. (14.14). Assim,<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

k xc<<strong>br</strong> />

= ,<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

ky<<strong>br</strong> />

nzω/c<<strong>br</strong> />

nxω/c<<strong>br</strong> />

k yc<<strong>br</strong> />

= ,<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

k zc<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

279<<strong>br</strong> />

x y<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

(14.34)<<strong>br</strong> />

Usando essas relações nas equações das curvas de nível da superfície<<strong>br</strong> />

normal, temos as curvas de nível em termos dos índices de refração, que<<strong>br</strong> />

são mostradas na Fig. 14.6. As distâncias entre a origem e as curvas são<<strong>br</strong> />

iguais aos índices de refração das duas polarizações que propagam numa<<strong>br</strong> />

dada direção.<<strong>br</strong> />

kz<<strong>br</strong> />

nyω/c


280<<strong>br</strong> />

Plano kxky<<strong>br</strong> />

n y<<strong>br</strong> />

n x<<strong>br</strong> />

n z<<strong>br</strong> />

n z<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

Plano kxkz<<strong>br</strong> />

nz e.o e.o<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> de cristais<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

n y<<strong>br</strong> />

n x<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

Plano kykz<<strong>br</strong> />

ny nz Fig. 14.6 - Curvas de nível da superfície normal do índice de refração. As<<strong>br</strong> />

interseção da direção de propagação com as curvas indicam os<<strong>br</strong> />

índices de refração das duas polarizações da onda que propaga no<<strong>br</strong> />

cristal.<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

14.1. A. Yariv and P. Yeh, Optical Waves in Crystals, John Wiley & Sons<<strong>br</strong> />

Inc., New York, 1984.<<strong>br</strong> />

14.2. R. K. Wangsness, Electromagnetic Fields, John Wiley & Sons Inc.,<<strong>br</strong> />

New York, 1986.<<strong>br</strong> />

14.3. E. E. Wahlstrom, Cristalografia <strong>Óptica</strong>, Ao Livro Técnico,1969.<<strong>br</strong> />

n x<<strong>br</strong> />

ny nz Problemas<<strong>br</strong> />

14.1. Partindo da definição do vetor de Poynting obtenha a eq. (12.6).


Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

Guiamento<<strong>br</strong> />

da luz<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

281<<strong>br</strong> />

15<<strong>br</strong> />

15.1 Guias de ondas metálicos<<strong>br</strong> />

Neste capítulo vamos abordar, de maneira bastante <strong>br</strong>eve, um dos<<strong>br</strong> />

mais importantes componentes ópticos existentes, o guia de ondas<<strong>br</strong> />

eletromagnéticas. Com ele, torna-se possível o confinamento da luz numa<<strong>br</strong> />

região limitada do espaço, fazendo-a propagar ao longo do dispositivo<<strong>br</strong> />

segundo caminhos pré-determinados e permitindo a possibilidade da<<strong>br</strong> />

transmissão de sinais luminosos de modo similar ao que se faz em<<strong>br</strong> />

eletrônica com fios metálicos. É o que encontramos numa fi<strong>br</strong>a óptica, um<<strong>br</strong> />

guia de forma cilíndrica, feito de vidro, e que faz o papel de um fio<<strong>br</strong> />

metálico. Além do mais, torna-se possível também o processamento do<<strong>br</strong> />

sinal dos guias que conduzem a radiação, através de processos de<<strong>br</strong> />

alteração das propriedades de guiamento. A integração destes<<strong>br</strong> />

componentes a outros componentes ópticos alarga em muito o escopo das<<strong>br</strong> />

suas <strong>aplicações</strong>, dando lugar a um novo ramo da engenharia - o da<<strong>br</strong> />

Fotônica. Portanto faz-se necessário dispensarmos alguma atenção a estes<<strong>br</strong> />

componentes do sistema de comunicação, o guia de ondas.<<strong>br</strong> />

Nosso objetivo inicial é entender como funciona um guia de<<strong>br</strong> />

ondas. Como o nome diz, um guia de ondas é um elemento capaz de<<strong>br</strong> />

confinar a luz no seu interior, levando-a a se propagar ao longo de uma<<strong>br</strong> />

dada direção, chamada de direção longitudinal. A Fig. 15.1 ilustra o<<strong>br</strong> />

guiamento da luz em um guia de ondas, como uma fi<strong>br</strong>a óptica. Para<<strong>br</strong> />

entendermos o funcionamento de um guia de ondas, se faz necessário<<strong>br</strong> />

entender qual é o significado do processo físico chamado guiamento da<<strong>br</strong> />

luz, ou seja, o processo através do qual a luz entra em um guia de ondas e<<strong>br</strong> />

consegue propagar no seu interior.


282<<strong>br</strong> />

Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

O guia mais simples que poderíamos falar seria um guia plano<<strong>br</strong> />

constituído de dois espelhos dispostos de forma paralela entre si.<<strong>br</strong> />

Fig. 15.1 - Guiamento de luz numa fi<strong>br</strong>a óptica.<<strong>br</strong> />

Imaginemos que neste arranjo de espelhos entre um feixe de luz,<<strong>br</strong> />

com raios paralelos, por um dos seus lados. Para facilitar a visualização a<<strong>br</strong> />

Fig. 15.2 mostra o arranjo mencionado com o raio de luz penetrando entre<<strong>br</strong> />

os espelhos por um dos seus lados, o esquerdo no caso da figura. Os raios<<strong>br</strong> />

estão contidos no plano xz. Através de múltiplas reflexões este feixe<<strong>br</strong> />

avança para a direita, podendo inclusive sair pelo lado oposto ao que<<strong>br</strong> />

entrou.<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

modos TE<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

Fig. 15.2 - Representação de um guia planar feito com dois espelhos planos. Na<<strong>br</strong> />

figura vemos os raios de luz se deslocando ao longo do guia devido<<strong>br</strong> />

às reflexões em ambos os espelhos, estando o campo elétrico<<strong>br</strong> />

orientado paralelamente a estes.<<strong>br</strong> />

O processo através do qual a luz fica aprisionada entre os dois<<strong>br</strong> />

espelhos pela reflexão é chamado de confinamento, e é ele que dá origem<<strong>br</strong> />

ao guiamento da luz. Porém, as múltiplas reflexões nos espelhos geram<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

z


Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

campos que se somam, produzindo interferência entre as ondas que estão<<strong>br</strong> />

sendo confinadas pelo guia. Vejamos como isto afeta a performance do<<strong>br</strong> />

guia de ondas. Para tanto, vamos usar a Fig. 15.3, que mostra um dos<<strong>br</strong> />

raios de luz com o seu vetor de onda, composto de duas componentes kz e<<strong>br</strong> />

kx. Na reflexão, a componente kx troca de sinal enquanto que a<<strong>br</strong> />

componente kz permanece inalterada. Num dado ponto P dois raios de luz<<strong>br</strong> />

se cruzam: um raio refletido no espelho superior e outro vindo de uma<<strong>br</strong> />

reflexão no espelho inferior. Estes campos se superpõem e, portanto, dão<<strong>br</strong> />

lugar ao fenômeno da interferência. Como sabemos, podemos ter na<<strong>br</strong> />

interferência dos dois campos duas situações extremas: a construtiva e a<<strong>br</strong> />

destrutiva. Nesta última os campos se anulam e somem. Isto nos indica<<strong>br</strong> />

que precisamos entender como a interferência afeta o guiamento de luz em<<strong>br</strong> />

um guia.<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x=a<<strong>br</strong> />

x=0<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

k a<<strong>br</strong> />

Fig. 15.3 - Diagrama de raios de luz penetrando e propagando em um guia<<strong>br</strong> />

metálico planar de espessura a.<<strong>br</strong> />

Tomando o campo elétrico do tipo harmônico, o princípio da<<strong>br</strong> />

superposição dá origem a um campo total:<<strong>br</strong> />

E r = E + E′<<strong>br</strong> />

= E1sen(k<<strong>br</strong> />

x x + k zz<<strong>br</strong> />

− ωt)<<strong>br</strong> />

+ E 2sen(-k<<strong>br</strong> />

x x + k zz<<strong>br</strong> />

− ωt)<<strong>br</strong> />

(15.1)<<strong>br</strong> />

onde os campos que estão se somando possuem vetores de propagação (kz,<<strong>br</strong> />

kx) para a onda que está subindo em x e (kz, -kx) para a onda que está<<strong>br</strong> />

descendo.<<strong>br</strong> />

Consideremos que a luz é totalmente refletida pelos espelhos<<strong>br</strong> />

metálicos. Num metal, a radiação evanesce numa profundidade δ a partir<<strong>br</strong> />

da superfície, cujo valor para freqüências ópticas é muito pequeno. Temos<<strong>br</strong> />

então que o campo total deve ser nulo em x = 0 e x = a. Usando estas<<strong>br</strong> />

condições de contorno para o campo dado na eq. (15.1) e a expressão<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

283


284<<strong>br</strong> />

Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

trigonométrica: sen α – sen φ = 2 sen (α−φ)/2 cos (α+φ)/2, obtemos que o<<strong>br</strong> />

campo sendo guiado é dado por:<<strong>br</strong> />

onde kx deve satisfazer a condição:<<strong>br</strong> />

[ cos(k<<strong>br</strong> />

z − ωt)<<strong>br</strong> />

]<<strong>br</strong> />

E r = −(<<strong>br</strong> />

2E<<strong>br</strong> />

osenk<<strong>br</strong> />

x x)<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

(15.2)<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

x =<<strong>br</strong> />

mπ<<strong>br</strong> />

para m = 1, 2, 3,... (15.3)<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

O resultado obtido mostra que devido às reflexões e interferências<<strong>br</strong> />

temos duas ondas: uma propagando-se ao longo de z e descrita por cos(ωtβz)<<strong>br</strong> />

e outra estacionária (senkxx), na direção perpendicular aos espelhos.<<strong>br</strong> />

Como vemos, enquanto kz não tem, aparentemente, nenhuma restrição, os<<strong>br</strong> />

valores permitidos de kx são discretos por conta da limitação espacial<<strong>br</strong> />

determinada pelos espelhos e pela necessidade de interferência<<strong>br</strong> />

construtiva. Cada um desses valores de kx, oriundo de um valor de m,<<strong>br</strong> />

corresponde a um modo transversal do guia (modo de vi<strong>br</strong>ação). A partir<<strong>br</strong> />

deste ponto usaremos a designação kz = β que é a constante de<<strong>br</strong> />

propagação do modo.<<strong>br</strong> />

Usando as eqs. (15.2) e (15.3) podemos esquematizar, como<<strong>br</strong> />

mostrado na Fig. 15.4, a distribuição espacial da intensidade de campo<<strong>br</strong> />

elétrico entre os espelhos que formam o guia metálico e a correspondente<<strong>br</strong> />

distribuição espacial da intensidade de luz, numa visão de frente para a<<strong>br</strong> />

saída do guia. Como se vê, os dois modos possuem diferenças nas suas<<strong>br</strong> />

distribuições espaciais dentro do guia.<<strong>br</strong> />

Continuando a análise dos modos de propagação, usamos a<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

relação k = k + k e a eq. (15.3) para escrever:<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 m π nω<<strong>br</strong> />

⎛ mcπ<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

β = k − = 1−<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟ (15.4)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

a c ⎝ naω<<strong>br</strong> />

⎠<<strong>br</strong> />

A eq. (15.4) é muito importante por determinar a relação de dispersão do<<strong>br</strong> />

guia, ou seja a relação β(ω) entre a constante de propagação do modo e a<<strong>br</strong> />

freqüência da onda. Ela pode ser escrita na forma βm= nmko, sendo nm<<strong>br</strong> />

dado por:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x=a<<strong>br</strong> />

x=0<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

x=a<<strong>br</strong> />

x=0<<strong>br</strong> />

vista lateral do guia<<strong>br</strong> />

m=1<<strong>br</strong> />

m=2<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

z<<strong>br</strong> />

m=1<<strong>br</strong> />

m=2<<strong>br</strong> />

intensidade de luz<<strong>br</strong> />

vista frontal<<strong>br</strong> />

Fig. 15.4 - A figura da esquerda mostra a distribuição de campo dos dois<<strong>br</strong> />

primeiros modos de propagação de um guia metálico planar. À<<strong>br</strong> />

direita está intensidade de luz dos mesmos modos numa vista frontal<<strong>br</strong> />

do guia.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

285<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

2 ⎤<<strong>br</strong> />

⎢ ⎛ mλ<<strong>br</strong> />

⎞<<strong>br</strong> />

n ⎜ ⎟ ⎥<<strong>br</strong> />

m = n 1 −<<strong>br</strong> />

(15.5)<<strong>br</strong> />

⎢ ⎝ 2na<<strong>br</strong> />

⎠ ⎥<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

e designado como o índice de refração efetivo do modo m. A onda<<strong>br</strong> />

propagante no guia tem uma velocidade de fase vf dada por:<<strong>br</strong> />

ω ⎛ k ⎞ c<<strong>br</strong> />

v f = ⎜ ⎟v<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

β ⎝ β ⎠ n m<<strong>br</strong> />

= (15.6)<<strong>br</strong> />

Como k > β, pois β é uma componente de k, temos que vf > v.<<strong>br</strong> />

Consequentemente, a velocidade de fase de uma onda guiada é maior do<<strong>br</strong> />

que a de fase v=ω/k, com a qual ela se propagaria, sem confinamento, em<<strong>br</strong> />

um meio igual ao que constitui o núcleo do guia. Caso o meio entre os<<strong>br</strong> />

espelhos do guia seja o vácuo, teremos n = 1 e nm < 1 para qualquer valor<<strong>br</strong> />

de m. Nestas condições vf > c, o que pode parecer um problema uma vez<<strong>br</strong> />

que nenhuma velocidade poderia superar a da luz no vácuo. Entretanto,


286<<strong>br</strong> />

Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

não ocorre nenhum problema com os princípios físicos uma vez que a<<strong>br</strong> />

velocidade de fase não tem significado físico!<<strong>br</strong> />

Outra velocidade importante, de fato a mais importante do ponto<<strong>br</strong> />

de vista prático, é a velocidade de grupo que fornece a velocidade com<<strong>br</strong> />

que um modo se propaga no guia. Usando-se a definição dada na eq.<<strong>br</strong> />

(4.11), obtemos:<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

⎛ β ⎞ 2 β<<strong>br</strong> />

vg<<strong>br</strong> />

= = ⎜ ⎟v<<strong>br</strong> />

= v<<strong>br</strong> />

(15.7)<<strong>br</strong> />

dβ<<strong>br</strong> />

⎝ ω ⎠ k<<strong>br</strong> />

e vemos nela a necessidade da relação de dispersão do guia. Como<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igatoriamente temos β < k, é inevitável que vg < v. Com a eq. (15.5)<<strong>br</strong> />

podemos mostrar que:<<strong>br</strong> />

onde<<strong>br</strong> />

dω<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

v g =<<strong>br</strong> />

dβ<<strong>br</strong> />

N m<<strong>br</strong> />

= (15.8)<<strong>br</strong> />

⎡ λ ∂n<<strong>br</strong> />

m ⎤<<strong>br</strong> />

N m = n m ⎢1<<strong>br</strong> />

− ⎥<<strong>br</strong> />

(15.9)<<strong>br</strong> />

⎣ n m ∂λ<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

sendo Nm é chamado de índice de grupo do modo m.<<strong>br</strong> />

Sabemos que se uma onda propaga em um meio material ela sofre<<strong>br</strong> />

um retardo por conta da interação da luz com o meio, tal que a velocidade<<strong>br</strong> />

de propagação depende do índice de refração. Com o resultado obtido na<<strong>br</strong> />

eq. (15.8) podemos dizer que cada modo do guia enxerga um índice de<<strong>br</strong> />

refração próprio. Ou seja, os modos que propagam num guia estão sujeitos<<strong>br</strong> />

a um efeito de atraso, pois têm velocidade menor do que a da luz no<<strong>br</strong> />

vácuo. Este efeito chamado de dispersão é causado pelo próprio guia,<<strong>br</strong> />

independentemente da existência de material no seu interior.<<strong>br</strong> />

Usando-se a eq. (15.5) podemos calcular o número de modos M que<<strong>br</strong> />

podem propagar no guia metálico planar. Obviamente, este número<<strong>br</strong> />

dependerá dos parâmetros do guia, bem como da radiação. Já que nm deve<<strong>br</strong> />

ser positivo, o termo (mλ0/2na) precisa ser menor do que um. Assim<<strong>br</strong> />

sendo, dados os valores do comprimento de onda, índice de refração do<<strong>br</strong> />

meio e tamanho do guia, o maior valor de M é aquele que satisfaz<<strong>br</strong> />

(Mλ0/2na) = 1, ou seja, M = 2na/λ0. Como o valor de M pode não ser<<strong>br</strong> />

inteiro, o número de modos é dado pela parte inteira de M.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

Se queremos que o guia seja monomodo, precisamos que (λ0/2na)<<strong>br</strong> />

= 1, fazendo com que M = 1 seja o maior valor permitido de m. Como<<strong>br</strong> />

λ0/n = λ é o comprimento de onda no meio que constitui o guia, vemos<<strong>br</strong> />

que o guia será monomodo quando o tamanho do guia for a metade do<<strong>br</strong> />

comprimento de onda da luz que está propagando nele. Um resultado<<strong>br</strong> />

importante que obtemos aqui é quanto à definição de guia monomodo (M<<strong>br</strong> />

=1 ) ou multimodo (M ≥ 2). Primeiro, devemos salientar que ele é<<strong>br</strong> />

chamado de multimodo se houver pelo menos dois modos propagantes.<<strong>br</strong> />

Uma segunda coisa a se considerar é que não há um guia monomodo ou<<strong>br</strong> />

multimodo por construção. O comportamento monomodo ou multimodo<<strong>br</strong> />

do guia dependerá do comprimento de onda com o qual ele está sendo<<strong>br</strong> />

operado, porque importa não apenas o valor de a mas a relação λ/a.<<strong>br</strong> />

Assim, um guia monomodo para um dado comprimento de onda poderá<<strong>br</strong> />

vir a ser multimodo caso se mude o comprimento de onda.<<strong>br</strong> />

Fica claro, observando-se a eq. (15.9), que diminuindo-se o valor<<strong>br</strong> />

de a, aumenta-se o valor de λ0/2na, o que reduz o maior valor possível de<<strong>br</strong> />

m. Logo, dado um comprimento de onda, a redução do tamanho do guia é<<strong>br</strong> />

o caminho para que o guia venha a ser monomodo. No caso deste guia<<strong>br</strong> />

metálico, para um dado comprimento de onda, a redução do tamanho do<<strong>br</strong> />

guia pode provocar a não existência de nenhum modo no guia.<<strong>br</strong> />

Outra propriedade importante é obtida examinando-se o fato de β ser<<strong>br</strong> />

sempre um número real. Deste modo, a onda no guia será do tipo<<strong>br</strong> />

propagante. Assim, através da eq. (15.5), modos propagantes existem caso<<strong>br</strong> />

seja satisfeita a condição:<<strong>br</strong> />

mcπ<<strong>br</strong> />

mπ<<strong>br</strong> />

v<<strong>br</strong> />

= ≤ 1<<strong>br</strong> />

naω<<strong>br</strong> />

a ω<<strong>br</strong> />

Logo, se a onda é propagante, sempre deverá ser satisfeita a condição:<<strong>br</strong> />

mπv<<strong>br</strong> />

ω ≥ ou<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

mv<<strong>br</strong> />

ν ≥ ou<<strong>br</strong> />

2a<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

287<<strong>br</strong> />

(15.10)<<strong>br</strong> />

2a<<strong>br</strong> />

c 2a<<strong>br</strong> />

λ ≤ =<<strong>br</strong> />

(15.11)<<strong>br</strong> />

m v mn<<strong>br</strong> />

onde n = c/v é o índice de refração do meio. Portanto, apenas as<<strong>br</strong> />

freqüências satisfazendo a eq. (15.11) podem propagar no guia metálico<<strong>br</strong> />

planar em estudo. Cada modo possível terá uma freqüência igual a νc =<<strong>br</strong> />

mv/2a, abaixo da qual a propagação é impossível. Tal valor de νc é<<strong>br</strong> />

chamado de freqüência de corte do modo. Logo, guias de ondas atuam<<strong>br</strong> />

como filtros de freqüências (ou de comprimentos de onda).


288<<strong>br</strong> />

Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

Após a discussão da dispersão de um guia, podemos passar à<<strong>br</strong> />

discussão do tempo de atraso referente aos modos. Tempo de atraso é o<<strong>br</strong> />

tempo gasto por um pacote de onda eletromagnética para percorrer uma<<strong>br</strong> />

dada distância L. Um modo pode ser considerado como um pacote de<<strong>br</strong> />

onda, possuindo pois uma velocidade de grupo. Dessa maneira, para que<<strong>br</strong> />

um modo percorra uma distância L, o tempo consumido será dado por:<<strong>br</strong> />

e com o uso da eq. (15.9), temos:<<strong>br</strong> />

τ<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

L LNm<<strong>br</strong> />

τ m = =<<strong>br</strong> />

(15.12)<<strong>br</strong> />

vgm<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

Ln<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

⎡ λ<<strong>br</strong> />

⎢1−<<strong>br</strong> />

⎣ n<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

∂n<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

∂λ<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎥<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

(15.13)<<strong>br</strong> />

Vemos na eq. (15.13) que os tempos de atraso variam para cada<<strong>br</strong> />

modo, já que dependem do número m que quantifica os modos. Desta<<strong>br</strong> />

forma, caso se esteja usando um guia multimodo para a transmissão de<<strong>br</strong> />

pulsos de luz, como o pulso será transportado pelos diferentes modos do<<strong>br</strong> />

guia, conquanto partam ao mesmo tempo, à medida que propagam vão se<<strong>br</strong> />

separando no espaço, logo também no tempo. Este efeito de atraso se<<strong>br</strong> />

rotula como dispersão modal, que é diferente da dispersão cromática. De<<strong>br</strong> />

fato, as duas se somam se o guia metálico contiver algum material entre os<<strong>br</strong> />

espelhos. O tempo de atraso por unidade de comprimento, expresso em<<strong>br</strong> />

unidades de ps/km, é dado simplesmente por Tm = τm/L. A Fig. 15.5 ilustra<<strong>br</strong> />

o alargamento de um pulso óptico que é transmitido em um guia<<strong>br</strong> />

multimodo, causado pela diferença de propagação dos modos.<<strong>br</strong> />

Antes de passarmos para a próxima seção, devemos dizer que é<<strong>br</strong> />

possível analisar-se o guia formado por espelhos planos paralelos através<<strong>br</strong> />

da solução da equação de ondas e das condições de contorno que<<strong>br</strong> />

estabelecem que o campo deve ser nulo em x = 0 e x = a. Para isto utilizase<<strong>br</strong> />

uma técnica matemática chamada de método da separação das<<strong>br</strong> />

variáveis. Esta análise produz resultados similares aos que já obtivemos e,<<strong>br</strong> />

portanto não será desenvolvida aqui.


Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

t = 0<<strong>br</strong> />

∆ t<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

L<<strong>br</strong> />

t =<<strong>br</strong> />

L<<strong>br</strong> />

v g<<strong>br</strong> />

m =0 m =1 m =2<<strong>br</strong> />

Fig. 15.5 - Ilustração do alargamento de um pulso óptico devido à diferença de<<strong>br</strong> />

velocidade de propagação dos diferentes modos envolvidos na<<strong>br</strong> />

transmissão do pulso. A área clara no pulso no tempo t=L/vg mostra o<<strong>br</strong> />

tamanho do alargamento sofrido por ele.<<strong>br</strong> />

289<<strong>br</strong> />

15.2 Guias de ondas dielétricos<<strong>br</strong> />

No caso de um guia formado por espelhos, é fácil entendermos<<strong>br</strong> />

(ou aceitarmos) o fenômeno do confinamento da radiação entre as paredes<<strong>br</strong> />

do guia. Afinal, elas são dois espelhos e, refletindo a radiação, provocam<<strong>br</strong> />

o confinamento. No caso atual pode não parecer tão fácil se entender<<strong>br</strong> />

como a radiação é confinada. Afinal, não há mais os espelhos do guia<<strong>br</strong> />

metálico. Entretanto, a capacidade dos espelhos refletirem a radiação, com<<strong>br</strong> />

a qual compreendemos o fenômeno do confinamento da radiação,<<strong>br</strong> />

permanece para o caso do guia dielétrico. Para isso, lem<strong>br</strong>emos que neste<<strong>br</strong> />

guia há duas interfaces de separação entre meios de índices de refração<<strong>br</strong> />

diferentes, conforme mostra a Fig. 15.6, podendo ocorrer reflexão entre<<strong>br</strong> />

elas. Esta depende do ângulo de incidência da radiação e dos valores dos<<strong>br</strong> />

índices de refração dos meios envolvidos. Em geral, a refletividade é<<strong>br</strong> />

parcial, indicando que uma porção de energia sai do guia, perdendo-se<<strong>br</strong> />

espaço afora. No entanto, caso a luz incida de um meio de índice de<<strong>br</strong> />

refração maior (nn) para outro de menor valor (nc), e com um ângulo de<<strong>br</strong> />

incidência igual ou maior do que o ângulo critico θc visto no Cap. 5, ela


290<<strong>br</strong> />

Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

será totalmente refletida. O ângulo critico, como vimos, é dado por θC =<<strong>br</strong> />

sen -1 (nc/nn), onde nc é o índice da casca e nn é o índice do núcleo.<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

α i<<strong>br</strong> />

casca<<strong>br</strong> />

núcleo<<strong>br</strong> />

casca<<strong>br</strong> />

meio 1<<strong>br</strong> />

n 1<<strong>br</strong> />

meio 2<<strong>br</strong> />

n 2<<strong>br</strong> />

meio 3<<strong>br</strong> />

n 3<<strong>br</strong> />

Fig. 15.6 - Guia de onda dielétrico constituido de duas regiões básicas, núcleo e<<strong>br</strong> />

casca. Na figura está indicado um raio de luz sofrendo reflexão total.<<strong>br</strong> />

Desta maneira, mesmo não sendo um espelho metálico, é possível haver a<<strong>br</strong> />

reflexão total da radiação na interface entre os dois meios dielétricos. Com<<strong>br</strong> />

tal reflexão, o confinamento da radiação eletromagnética em um guia<<strong>br</strong> />

construído com materiais dielétricos, é perfeitamente possível. Mas só a<<strong>br</strong> />

reflexão total não garante a existência de um modo propagante no guia,<<strong>br</strong> />

também se exige um processo adequado de interferência construtiva da<<strong>br</strong> />

radiação em constante reflexão total dentro dele, como ocorre em um guia<<strong>br</strong> />

metálico planar.<<strong>br</strong> />

Para entendermos em que condições a luz pode propagar em um<<strong>br</strong> />

guia dielétrico planar simétrico, vamos refazer o tratamento do caso de um<<strong>br</strong> />

guia formado por espelhos. Tomemos a Fig. 15.7, na qual está ilustrado<<strong>br</strong> />

um guia dielétrico simétrico. O índice de refração da lâmina central<<strong>br</strong> />

(núcleo do guia) é nn e a das adjacentes (camadas confinadas) tem o<<strong>br</strong> />

mesmo valor de índice de refração nc.<<strong>br</strong> />

Consideremos um raio luminoso, designado por I, incidindo com<<strong>br</strong> />

um angulo de incidência αi em relação à superfície. Seja αi tal que o seu<<strong>br</strong> />

complementar θi para os meios nn e nc, seja maior do que o ângulo critico<<strong>br</strong> />

θc. Tomemos também um segundo raio designado por II, paralelo ao raio<<strong>br</strong> />

I, e com mesmo ângulo de incidência α. Como está visível na Fig. 15.7,<<strong>br</strong> />

quando o raio I, atingir a interface em y = a, o segundo raio (II) ainda se<<strong>br</strong> />

encontra a uma distância CB da interface. Quando este raio atingir a<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

interface supra mencionada, o raio I já terá atingido a outra interface no<<strong>br</strong> />

ponto E. No ponto A, local da primeira reflexão do raio I, ele e o raio II<<strong>br</strong> />

estavam so<strong>br</strong>e uma mesma frente de fase, fato que volta a se repetir<<strong>br</strong> />

quando o primeiro raio se encontra no ponto E, após a segunda reflexão.<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

α i<<strong>br</strong> />

Raio I<<strong>br</strong> />

Raio II<<strong>br</strong> />

A B<<strong>br</strong> />

C<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

d 2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

α i<<strong>br</strong> />

d 1<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

meio 1<<strong>br</strong> />

n 1<<strong>br</strong> />

meio 2<<strong>br</strong> />

n 2<<strong>br</strong> />

meio 3<<strong>br</strong> />

n 3<<strong>br</strong> />

Fig. 15.7 - Ilustração da propagação de dois raios de luz em um guia dielétrico<<strong>br</strong> />

laminar.<<strong>br</strong> />

É possível calcular a condição a ser satisfeita pelos dois raios para<<strong>br</strong> />

que eles pertençam à mesma frente de onda é. Estes cálculos, que fogem<<strong>br</strong> />

ao escopo do presente texto, nos levam a:<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

291<<strong>br</strong> />

φ = mπ − n k a sen α<<strong>br</strong> />

(15.14)<<strong>br</strong> />

onde φ é a fase que ocorre na reflexão total interna pelo fato do coeficiente<<strong>br</strong> />

de reflexão ser um número complexo. Esta fase depende da polarização do<<strong>br</strong> />

campo incidente e assim haverá dois possíveis valores para esta grandeza,<<strong>br</strong> />

a saber:<<strong>br</strong> />

⎡ 2 2 2 ( ) ⎤<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

β − nck<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

modos TE φTE<<strong>br</strong> />

= −2<<strong>br</strong> />

tg ⎢<<strong>br</strong> />

(15.15)<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

⎣ n nk<<strong>br</strong> />

o − β<<strong>br</strong> />

modos TM<<strong>br</strong> />

φ<<strong>br</strong> />

TM<<strong>br</strong> />

( ) ⎥ ⎦<<strong>br</strong> />

( )<<strong>br</strong> />

( ) ⎥ 2 2 2<<strong>br</strong> />

β − n ⎤<<strong>br</strong> />

ck<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

n nk<<strong>br</strong> />

o −β<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

⎡ 2<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

nc<<strong>br</strong> />

= −2<<strong>br</strong> />

tg ⎢<<strong>br</strong> />

(15.16)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎣n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

onde β = nn k0 cosαi. Façamos as seguintes definições:<<strong>br</strong> />

2 2 2 ( n nk<<strong>br</strong> />

o − β ) = n nk<<strong>br</strong> />

osen<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

q = α<<strong>br</strong> />

(15.17)


292<<strong>br</strong> />

que nos levam a:<<strong>br</strong> />

e conseqüentemente,<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

2 2 2 2<<strong>br</strong> />

( β − n k ) = [ ( n − n ) k q ]<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

p = − (15.18)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

2 2 2 2<<strong>br</strong> />

[ ( n − n ) k q ]<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

p q = n c o −<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

+ (15.19)<<strong>br</strong> />

φ<<strong>br</strong> />

φ<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

⎡p<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

= −2tg<<strong>br</strong> />

⎢ ⎥<<strong>br</strong> />

⎣q<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

−1<<strong>br</strong> />

⎡n<<strong>br</strong> />

⎤ c p<<strong>br</strong> />

= −2tg<<strong>br</strong> />

⎢ 2 ⎥<<strong>br</strong> />

⎣n<<strong>br</strong> />

n q ⎦<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

TE (15.20)<<strong>br</strong> />

TM (15.21)<<strong>br</strong> />

Usando estas duas equações na eq. (15.14) obtemos as condições<<strong>br</strong> />

que determinam a propagação de um modo do guia dielétrico para as<<strong>br</strong> />

configurações TE e TM. Elas serão:<<strong>br</strong> />

p<<strong>br</strong> />

(TE) tg( qa − mπ ) = tg( qa)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

(15.22)<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

(TM) tg( qa − mπ) = tg( qa)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

⎛ p⎞<<strong>br</strong> />

⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

⎝ q⎠<<strong>br</strong> />

(15.23)<<strong>br</strong> />

Quando m é par (m = 0, 2, 4...), tg(qa-mπ) = tg(qa), enquanto que quando<<strong>br</strong> />

m é ímpar (m = 1, 3, 5...) teremos tg(qa-mπ) = -ctg(qa). Desta forma, tanto<<strong>br</strong> />

os modos do tipo TE quanto TM possuem dois sub-conjuntos de modos,<<strong>br</strong> />

normalmente designados por modos pares para o caso de valores pares de<<strong>br</strong> />

m e modos ímpares para o outro caso.<<strong>br</strong> />

As equações (15.22) e (15.23) são chamadas de equações<<strong>br</strong> />

transcendentais, uma vez que não há forma direta de resolvê-las a não ser<<strong>br</strong> />

por meios numéricos. Para resolvê-las, se expressa p em função de q,<<strong>br</strong> />

usando-se a eq. (15.18), fazendo a equação ter apenas uma variável, no<<strong>br</strong> />

caso, q. Resolvendo-as se obtém quais os possíveis valores de q são<<strong>br</strong> />

permitidos para o guia. Cada um destes valores corresponde a um modo<<strong>br</strong> />

guiado. De posse dos valores de q se pode calcular os outros parâmetros


Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

modais p e β. A Tabela I apresenta as equações transcendentais dos modos<<strong>br</strong> />

pares e ímpares referentes às configurações TE e TM.<<strong>br</strong> />

Tabela I – Equações transcendentais dos modos pares e ímpares nas<<strong>br</strong> />

configurações TE e TM.<<strong>br</strong> />

TE<<strong>br</strong> />

PAR ÍMPAR<<strong>br</strong> />

tg ( qa)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

p<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

TM ⎟ n c ⎛ p ⎞<<strong>br</strong> />

tg(<<strong>br</strong> />

qa)<<strong>br</strong> />

= ⎜<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n ⎝ q ⎠<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

− ctg ( qa)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

− ctg(<<strong>br</strong> />

qa)<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

p<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

⎛ p ⎞<<strong>br</strong> />

⎜<<strong>br</strong> />

⎟<<strong>br</strong> />

⎝ q ⎠<<strong>br</strong> />

Assim como no caso dos espelhos planos paralelos, é possível<<strong>br</strong> />

analisar-se o guia através da solução da equação de ondas pelo método da<<strong>br</strong> />

separação das variáveis. As condições de contorno agora são que o campo<<strong>br</strong> />

elétrico e suas derivadas devem ser contínuos nas interfaces. Esta análise,<<strong>br</strong> />

que não será desenvolvida aqui, apresenta soluções pares e ímpares tal<<strong>br</strong> />

que:<<strong>br</strong> />

(pares)<<strong>br</strong> />

(ímpares)<<strong>br</strong> />

tg(<<strong>br</strong> />

qa)<<strong>br</strong> />

ctg(<<strong>br</strong> />

qa)<<strong>br</strong> />

293<<strong>br</strong> />

2 2 2 2 2 2<<strong>br</strong> />

p ( n + n ) k a − q a<<strong>br</strong> />

n c o<<strong>br</strong> />

= =<<strong>br</strong> />

(15.24)<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

qa<<strong>br</strong> />

2 2 2 2 2 2<<strong>br</strong> />

p ( n n + n c ) k oa<<strong>br</strong> />

− q a<<strong>br</strong> />

= − = −<<strong>br</strong> />

(15.23)<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

qa<<strong>br</strong> />

Para finalizarmos esta seção devemos lem<strong>br</strong>ar que, como vimos<<strong>br</strong> />

no Cap. 5, parte da luz está fora do núcleo, ou seja, há penetração de luz<<strong>br</strong> />

na casca, ao longo do guia. Na Fig. 15.8 estão apresentadas as<<strong>br</strong> />

distribuições de campos dos modos m = 0 e m =1 , e como as intensidades<<strong>br</strong> />

de luz correspondentes numa secção transversal do guia (visão frontal),<<strong>br</strong> />

por exemplo na saída do guia. Podemos, mais uma vez perceber que um<<strong>br</strong> />

modo guiado é uma estrutura de campo eletromagnético que não se<<strong>br</strong> />

encontra apenas dentro do núcleo do guia, mas também fora dele (na<<strong>br</strong> />

casca). A penetração de luz na casca, além da sua interface com o núcleo,<<strong>br</strong> />

é chamada de tunelamento fotônico e tem um comportamento<<strong>br</strong> />

evanescente, quantificado pelo decaimento exponencial da intensidade de<<strong>br</strong> />

campo na casca do guia.


294<<strong>br</strong> />

modo par m=0 modo ímpar m=1<<strong>br</strong> />

Guiamento de luz<<strong>br</strong> />

visão lateral visão frontal visão lateral v isão frontal<<strong>br</strong> />

casca<<strong>br</strong> />

núcleo<<strong>br</strong> />

casca<<strong>br</strong> />

Intensidade<<strong>br</strong> />

casca<<strong>br</strong> />

núcleo<<strong>br</strong> />

casca<<strong>br</strong> />

Intensidade<<strong>br</strong> />

Fig. 15.8 – Distribuição de campo na direção transvesrsal e intensidade de luz<<strong>br</strong> />

na saída do guia para os modos par (m=0) e ímpar (m=1).<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

15.1. F. D. Nunes, Fi<strong>br</strong>as e Dispositivos para Comunicação <strong>Óptica</strong>s,<<strong>br</strong> />

Editora Renovarum Ltda, São Paulo, 2001.<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> não linear 295<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> não Linear<<strong>br</strong> />

16<<strong>br</strong> />

16.1 Introdução<<strong>br</strong> />

A óptica não linear trata do estudo da interação da luz com a<<strong>br</strong> />

matéria no regime em que suas propriedades ópticas são modificadas pela<<strong>br</strong> />

presença da luz. Muito embora as propriedades não lineares da constante<<strong>br</strong> />

dielétrica e da susceptibilidade magnética fossem conhecidas há muito<<strong>br</strong> />

tempo, os processos ópticos não lineares só começaram a ser observados<<strong>br</strong> />

experimentalmente no início da década de 60. Isto decorreu do fato de que<<strong>br</strong> />

tais processos necessitam de altas intensidades de campo eletromagnético<<strong>br</strong> />

para se manifestarem, o que só é possível com o uso de fontes de radiação<<strong>br</strong> />

laser. Temos, portanto, quase cinco décadas do surgimento da óptica não<<strong>br</strong> />

linear. Desde então, ocorreram enormes avanços, não só no entendimento<<strong>br</strong> />

dos aspectos fundamentais que regem a interação da radiação com a<<strong>br</strong> />

matéria, como também no desenvolvimento de uma grande variedade de<<strong>br</strong> />

<strong>aplicações</strong> tecnológicas. Para frisar este último ponto, citamos o<<strong>br</strong> />

nascimento da indústria opto-eletrônica, e também a corrida para se<<strong>br</strong> />

alcançar o desenvolvimento de dispositivos inteiramente fotônicos, ou<<strong>br</strong> />

seja, aqueles que funcionam apenas através da luz e de sua interação com<<strong>br</strong> />

matéria, dispensando assim a atual tecnologia eletrônica, que é mais lenta<<strong>br</strong> />

e consome mais energia. Usando a óptica não linear, podemos pensar que<<strong>br</strong> />

no futuro próximo teremos chaves rápidas puramente óticas, o que em<<strong>br</strong> />

muito beneficiará o campo das comunicações ópticas, e também memórias<<strong>br</strong> />

e computadores ópticos.<<strong>br</strong> />

Atualmente tem-se conhecimento de um vasto número de<<strong>br</strong> />

processos ópticos não lineares, como por exemplo, a geração de novas<<strong>br</strong> />

freqüências através de processos de geração de harmônicos, soma e<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


296<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> não linear<<strong>br</strong> />

diferença de freqüências, assim como auto-modulação de fase, mistura de<<strong>br</strong> />

ondas, conjugação de fase, e outros.<<strong>br</strong> />

16.2 Modelo do oscilador não harmônico<<strong>br</strong> />

Vimos no Cap. 9 que é possível calcular as propriedades de<<strong>br</strong> />

refração e a absorção de um meio utilizando o modelo do oscilador<<strong>br</strong> />

harmônico amortecido, que basicamente descreve o movimento de um<<strong>br</strong> />

elétron ligado ao núcleo atômico. Com aquele modelo pudemos calcular o<<strong>br</strong> />

deslocamento do elétron face à aplicação de um campo eletromagnético,<<strong>br</strong> />

que depois foi utilizado para o cálculo da polarização induzida no meio e<<strong>br</strong> />

posteriormente da susceptibilidade, que é a responsável pelas propriedades<<strong>br</strong> />

lineares de refração e absorção. O resultado obtido com o modelo do<<strong>br</strong> />

oscilador harmônico amortecido mostra que a susceptibilidade não<<strong>br</strong> />

depende da intensidade da luz. Matematicamente, como P = ε0 χ ~ E, a<<strong>br</strong> />

polarização varia linearmente com o campo aplicado. Porém, devemos ter<<strong>br</strong> />

em mente que fenômenos ópticos não lineares só ocorrem quando a<<strong>br</strong> />

resposta do meio material depender da intensidade do campo elétrico<<strong>br</strong> />

aplicado, ou seja, quando P = ε0<<strong>br</strong> />

~<<strong>br</strong> />

χ( E)<<strong>br</strong> />

E. Assim, é necessário estender este<<strong>br</strong> />

modelo com a inclusão de termos não harmônicos para deduzir a<<strong>br</strong> />

expressão clássica para a suscetibilidade não linear. Para isso adicionamos<<strong>br</strong> />

um termo quadrático à força restauradora da mola, de forma que a eq.<<strong>br</strong> />

(9.2) se torna:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

d x dx<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

m + mb + Kx + max = −eE<<strong>br</strong> />

(16.1)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

dt dt<<strong>br</strong> />

onde a é o termo que caracteriza a não linearidade de segunda ordem da<<strong>br</strong> />

resposta eletrônica, sendo muito menor que K. Para considerarmos o caso<<strong>br</strong> />

mais geral, vamos supor que o átomo está sujeito a duas ondas de<<strong>br</strong> />

freqüências diferentes, da forma:<<strong>br</strong> />

= E exp ( − iω t)<<strong>br</strong> />

+ E exp ( − iω t)<<strong>br</strong> />

(16.2)<<strong>br</strong> />

E(t) 1<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

A eq. (16.1) é difícil de ser resolvida pelo fato de ser uma equação<<strong>br</strong> />

diferencial não linear. Para facilitar sua solução, vamos supor que o termo<<strong>br</strong> />

não harmônico é suficientemente pequeno para que seja tratado como uma<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações


<strong>Óptica</strong> não linear 297<<strong>br</strong> />

perturbação. Desta forma, as soluções para a equação de movimento<<strong>br</strong> />

podem ser escritas como uma soma de soluções particulares,<<strong>br</strong> />

sucessivamente aproximadas:<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

( 3)<<strong>br</strong> />

x = x + x + x ....<<strong>br</strong> />

(16.3)<<strong>br</strong> />

onde x (1) é a já conhecida solução linear (a=0), x (2) é a solução<<strong>br</strong> />

correspondente ao efeito não linear de segunda ordem e assim por diante.<<strong>br</strong> />

A solução de primeira ordem é obtida desprezando-se o termo não<<strong>br</strong> />

harmônico:<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

x 1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

= x ( ω ) + x ( ω )<<strong>br</strong> />

(16.4)<<strong>br</strong> />

Substituindo a eq. (16.4) na eq. (16.1) com a = 0 obtemos:<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

Ne/m<<strong>br</strong> />

( ω i ) =<<strong>br</strong> />

E<<strong>br</strong> />

(16.5)<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

ω − ω − iω b<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

com i = 1 ou 2. Para as soluções de segunda ordem aproxima-se ax 2 por<<strong>br</strong> />

( ) 2 (1)<<strong>br</strong> />

a x na equação de movimento. Este termo passa então a ser um termo<<strong>br</strong> />

forçante, que devido ao fato de estar elevado ao quadrado, apresenta<<strong>br</strong> />

contribuições com diferentes freqüências, da forma:<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

= x<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

( ω + ω ) + x ( ω − ω ) + x ( 2ω<<strong>br</strong> />

) + x<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

(<<strong>br</strong> />

( 2ω<<strong>br</strong> />

) + x<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2)<<strong>br</strong> />

(<<strong>br</strong> />

0)<<strong>br</strong> />

(16.6)<<strong>br</strong> />

onde o termo em ω1 + ω2 é o responsável pela geração da soma de<<strong>br</strong> />

freqüências, ω1 - ω2 pela diferença de freqüências, 2ω1 e 2ω2 pela geração<<strong>br</strong> />

de harmônicos e 0 pela retificação óptica. Pela substituição na equação<<strong>br</strong> />

diferencial podemos encontrar cada um destes termos como:<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

− 2a(<<strong>br</strong> />

e/m)<<strong>br</strong> />

( ω1<<strong>br</strong> />

± ω2<<strong>br</strong> />

) =<<strong>br</strong> />

E E<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

( ω0<<strong>br</strong> />

− ω1<<strong>br</strong> />

− iω1b)(<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

− ω2<<strong>br</strong> />

m iω21b)<<strong>br</strong> />

(16.7)<<strong>br</strong> />

× 2 [ ω − ( ω<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

± ω ) − i(<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

− i(<<strong>br</strong> />

ω1<<strong>br</strong> />

± ω2<<strong>br</strong> />

) t}<<strong>br</strong> />

± ω ) b]<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

− a(<<strong>br</strong> />

e/m)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( 2ω<<strong>br</strong> />

) =<<strong>br</strong> />

E exp{<<strong>br</strong> />

− 2iω<<strong>br</strong> />

t}<<strong>br</strong> />

(16.8)<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

x i<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

2 2 2<<strong>br</strong> />

( ω0<<strong>br</strong> />

− ωi<<strong>br</strong> />

− iωib)<<strong>br</strong> />

( ω0<<strong>br</strong> />

− 4ωi<<strong>br</strong> />

− 2iωib)


298<<strong>br</strong> />

x<<strong>br</strong> />

( 0)<<strong>br</strong> />

= −2a(<<strong>br</strong> />

e/m)<<strong>br</strong> />

1 ⎡<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

⎢<<strong>br</strong> />

0 ⎣<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

( ) ( ) ⎥ 2 2<<strong>br</strong> />

2 2<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

− ω1<<strong>br</strong> />

− iω1b<<strong>br</strong> />

ω0<<strong>br</strong> />

− ω2<<strong>br</strong> />

− iω2b<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> não linear<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(16.9)<<strong>br</strong> />

Através de sucessivas interações é possível obtermos não<<strong>br</strong> />

linearidades de ordens superiores. Usando a expressão P = -Nex = ε0 χ ~ E,<<strong>br</strong> />

podemos encontrar as susceptibilidades não lineares.<<strong>br</strong> />

16.3 Aproximação da variação lenta da amplitude<<strong>br</strong> />

Nesta seção vamos deduzir uma equação de ondas simplificada,<<strong>br</strong> />

supondo que a amplitude do campo eletromagnético varia lentamente<<strong>br</strong> />

numa distância da ordem do comprimento de onda da luz. No Cap. 3<<strong>br</strong> />

vimos que a equação de ondas num meio dielétrico, não magnético e sem<<strong>br</strong> />

cargas livres é descrita como:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 ∂ r ∂ ( ε0E<<strong>br</strong> />

+ P)<<strong>br</strong> />

∇ E = μ0<<strong>br</strong> />

D = μ 2 0<<strong>br</strong> />

(16.10)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

que pode ser o re-escrita como:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∇ E − μ ε<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂ E<<strong>br</strong> />

= μ 2<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂ P<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

(16.11)<<strong>br</strong> />

O lado esquerdo corresponde à equação de ondas para a propagação da luz<<strong>br</strong> />

no vácuo, enquanto que o termo no lado direito leva em conta a interação<<strong>br</strong> />

do campo eletromagnético com o meio. A polarização pode ser<<strong>br</strong> />

r t r r<<strong>br</strong> />

relacionada com o campo elétrico de acordo com: P = ε0χ(<<strong>br</strong> />

E)<<strong>br</strong> />

: E , onde<<strong>br</strong> />

deixamos explícito o caráter tensorial da susceptibilidade de um meio<<strong>br</strong> />

anisotrópico e o fato que a resposta do meio, dada pela susceptibilidade,<<strong>br</strong> />

pode não ser constante, dependendo do campo aplicado como vimos na<<strong>br</strong> />

seção anterior para o modelo do oscilador não harmônico. Entretanto, esta<<strong>br</strong> />

dependência é muito fraca em meios transparentes e mesmo para altas<<strong>br</strong> />

intensidades de campo elétrico a polarização pode ser expandida em série<<strong>br</strong> />

de potências:<<strong>br</strong> />

r t<<strong>br</strong> />

P = ε χ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

r t<<strong>br</strong> />

: E + ε χ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

r r t<<strong>br</strong> />

: EE<<strong>br</strong> />

+ ε χ<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

( 3)<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

: EEE<<strong>br</strong> />

+ ...<<strong>br</strong> />

(16.12)


<strong>Óptica</strong> não linear 299<<strong>br</strong> />

onde novamente foi usada a notação de produto tensorial. Uma maneira<<strong>br</strong> />

mais explícita de escrevermos estes termos é:<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

Pi 0∑χ<<strong>br</strong> />

ij<<strong>br</strong> />

j<<strong>br</strong> />

j<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

= ε E ,<<strong>br</strong> />

(16.13a)<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

Pi 0∑χ<<strong>br</strong> />

ijk<<strong>br</strong> />

j,<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

j k<<strong>br</strong> />

( 3)<<strong>br</strong> />

i<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

= ε E E ,<<strong>br</strong> />

(16.13b)<<strong>br</strong> />

P = ε ∑χ E E E<<strong>br</strong> />

(16.13c)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

j,<<strong>br</strong> />

k,<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

e assim por diante. Desta forma, vemos que a suscetibilidade linear χ (1) é<<strong>br</strong> />

uma matriz 3x3, possuindo portanto 9 termos. Já as suscetibilidades de<<strong>br</strong> />

segunda e terceira ordens possuem respectivamente 27 e 81 termos.<<strong>br</strong> />

Entretanto, devido à simetria dos meios cristalinos utilizados, vários<<strong>br</strong> />

destes termos são nulos ou estão ligados entre si por uma relação de<<strong>br</strong> />

proporcionalidade. Em particular, χ (2) = 0 para meios com simetria de<<strong>br</strong> />

inversão. É conveniente escrevermos a polarização dada na eq. (16.11) de<<strong>br</strong> />

maneira a separarmos explicitamente as contribuições linear e não linear:<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

P(<<strong>br</strong> />

r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= P<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

( 3)<<strong>br</strong> />

ijkl<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

NL r<<strong>br</strong> />

( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

+ P ( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

. Desta forma, a equação de ondas se torna:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 NL<<strong>br</strong> />

2 t ( 1)<<strong>br</strong> />

∂ E ∂ P<<strong>br</strong> />

∇ E − μ0ε0<<strong>br</strong> />

( 1+<<strong>br</strong> />

χ ) : = μ 2 0<<strong>br</strong> />

(16.14)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

∂t<<strong>br</strong> />

Nos processos não lineares podem existir em geral várias ondas de<<strong>br</strong> />

mesma freqüência (degeneradas) ou de freqüências diferentes (não<<strong>br</strong> />

degeneradas) se propagando no meio. Podemos usar o princípio da<<strong>br</strong> />

superposição para escrever o campo elétrico de acordo com:<<strong>br</strong> />

r r r r r r r r<<strong>br</strong> />

E( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= ∑ El<<strong>br</strong> />

( k l,<<strong>br</strong> />

ωl)<<strong>br</strong> />

= ∑ εl<<strong>br</strong> />

( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

exp{<<strong>br</strong> />

i(<<strong>br</strong> />

k l.<<strong>br</strong> />

r − ωt)<<strong>br</strong> />

} (16.15)<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

Da mesma forma, também podemos escrever as polarizações linear e não<<strong>br</strong> />

linear em termos de suas componente de Fourier como:<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

t r r<<strong>br</strong> />

( 1)<<strong>br</strong> />

P ( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= ∑ Pl<<strong>br</strong> />

( k l,<<strong>br</strong> />

ωl)<<strong>br</strong> />

= ε0∑<<strong>br</strong> />

χ ( ωl)<<strong>br</strong> />

: El<<strong>br</strong> />

( k l,<<strong>br</strong> />

ωl<<strong>br</strong> />

) (16.16a)<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

j<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

l


300<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

NL r r<<strong>br</strong> />

( n)<<strong>br</strong> />

r r r<<strong>br</strong> />

NL<<strong>br</strong> />

P ( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= P ( r,<<strong>br</strong> />

t)<<strong>br</strong> />

= ∑ P ( k m,<<strong>br</strong> />

ωm<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

∑<<strong>br</strong> />

n≥2<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> não linear<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

(16.16b)<<strong>br</strong> />

Para um processo não linear onde existem n ondas não degeneradas,<<strong>br</strong> />

teremos n equações diferenciais acopladas, cada uma correspondendo a<<strong>br</strong> />

uma dada freqüência. Considerando ondas harmônicas teremos:<<strong>br</strong> />

r 2<<strong>br</strong> />

2 ω t r r<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

2 NL<<strong>br</strong> />

∇ E + ε : E(<<strong>br</strong> />

k,<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

= −μ0ω<<strong>br</strong> />

P ( k m,<<strong>br</strong> />

ωm<<strong>br</strong> />

= ω)<<strong>br</strong> />

(16.17)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

t t ( 1)<<strong>br</strong> />

onde ε = ( 1+<<strong>br</strong> />

χ ) é um tensor que leva em contra a anisotropia do meio e<<strong>br</strong> />

que dá origem a propriedades lineares tais como índice de refração,<<strong>br</strong> />

birrefringência, absorção e dicroísmo. Para a solução desta equação é<<strong>br</strong> />

importante sabermos como tomar o termo de polarização não linear na<<strong>br</strong> />

freqüência correta. Como exemplo, vamos considerar o efeito não linear<<strong>br</strong> />

de segunda ordem chamado soma de freqüências, onde ω = ω1 + ω2.<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

Temos, portanto, dois campos, E1( k1,<<strong>br</strong> />

ω1)<<strong>br</strong> />

e E2( k2,<<strong>br</strong> />

ω2)<<strong>br</strong> />

, incidentes no<<strong>br</strong> />

material e um terceiro campo, E( k,<<strong>br</strong> />

1 2)<<strong>br</strong> />

ω + ω = ω<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

, gerado. As equações<<strong>br</strong> />

não lineares acopladas ficam:<<strong>br</strong> />

2 ⎛ 2 ω t ⎞r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2 NL<<strong>br</strong> />

⎜∇<<strong>br</strong> />

+ ε1<<strong>br</strong> />

: ⎟E1(<<strong>br</strong> />

k1,<<strong>br</strong> />

ω1)<<strong>br</strong> />

= −μ0ω1<<strong>br</strong> />

P ( ω1)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎝ c ⎠<<strong>br</strong> />

(16.18a)<<strong>br</strong> />

2t<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

∗<<strong>br</strong> />

= −μ<<strong>br</strong> />

ε ω χ ( ω = ω − ω ) E ( k , ω ) E(<<strong>br</strong> />

k,<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2 ⎛ 2 ω t ⎞ r r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 NL<<strong>br</strong> />

⎜∇<<strong>br</strong> />

+ ε2<<strong>br</strong> />

: ⎟E2<<strong>br</strong> />

( k 2,<<strong>br</strong> />

ω2)<<strong>br</strong> />

= −μ0ω2P<<strong>br</strong> />

( ω2)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎝ c ⎠<<strong>br</strong> />

2t<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

∗<<strong>br</strong> />

= −μ<<strong>br</strong> />

ε ω χ ( ω = ω − ω ) E ( k , ω ) E(<<strong>br</strong> />

k,<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 ⎛ 2 ω t ⎞ r r<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 NL<<strong>br</strong> />

⎜∇<<strong>br</strong> />

+ ε : ⎟E(<<strong>br</strong> />

k,<<strong>br</strong> />

ω)<<strong>br</strong> />

= −μ0ω<<strong>br</strong> />

P ( ω)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎝ c ⎠<<strong>br</strong> />

2t<<strong>br</strong> />

r r r r<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

= −μ<<strong>br</strong> />

ε ω χ ( ω = ω + ω ) E ( k , ω ) E ( k , ω )<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(16.18b)<<strong>br</strong> />

(16.18c)


<strong>Óptica</strong> não linear 301<<strong>br</strong> />

Este conjunto de equações diferenciais de segunda ordem pode ser<<strong>br</strong> />

simplificado usando uma aproximação que supõe que a amplitude varia<<strong>br</strong> />

lentamente numa distância correspondente a um comprimento de onda. A<<strong>br</strong> />

variação rápida com a distância está contida no termo de fase, que será<<strong>br</strong> />

colocado em evidência como:<<strong>br</strong> />

r r<<strong>br</strong> />

E ( ω,<<strong>br</strong> />

z ) = ∈ ( ω,<<strong>br</strong> />

z ) exp { i(<<strong>br</strong> />

kz − ω t ) } , onde ∈ (ω,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

é a amplitude<<strong>br</strong> />

da onda. Como a variação desta amplitude é muito pequena para<<strong>br</strong> />

distâncias da ordem de λ, podemos tomar: k<<strong>br</strong> />

z z<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 r r<<strong>br</strong> />

∂ ∈ ∂ ∈<<strong>br</strong> />


302<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

∂ ∈ iμ0ω<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

3 NL<<strong>br</strong> />

= P ( ω3<<strong>br</strong> />

= ω1<<strong>br</strong> />

+ ω2,<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

exp 3 ω<<strong>br</strong> />

∂z<<strong>br</strong> />

2k<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

{ − i(<<strong>br</strong> />

k z − t)<<strong>br</strong> />

}<<strong>br</strong> />

onde a componente i da polarização não linear é dada por:<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

⎡<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> não linear<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

(16.20)<<strong>br</strong> />

NL<<strong>br</strong> />

( 2)<<strong>br</strong> />

{ i(<<strong>br</strong> />

k1z−ω1t<<strong>br</strong> />

) } { i(<<strong>br</strong> />

k2z−ω<<strong>br</strong> />

2t<<strong>br</strong> />

)}<<strong>br</strong> />

i ( ω3, z)<<strong>br</strong> />

= ε0<<strong>br</strong> />

⎢∑<<strong>br</strong> />

χijk<<strong>br</strong> />

( ω3<<strong>br</strong> />

= ω1<<strong>br</strong> />

+ ω2)<<strong>br</strong> />

E1jE<<strong>br</strong> />

2k<<strong>br</strong> />

⎥ e e<<strong>br</strong> />

(16.21)<<strong>br</strong> />

j,<<strong>br</strong> />

k<<strong>br</strong> />

⎣<<strong>br</strong> />

Para simplificar, podemos escrever o termo da somatória entre<<strong>br</strong> />

colchetes como P3i (ω3 = ω1 + ω2), de forma que a eq. (16.20) assume a<<strong>br</strong> />

forma:<<strong>br</strong> />

∂ ∈<<strong>br</strong> />

∂z<<strong>br</strong> />

iμ0ω<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

2k<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

0 3 3 Δ<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

⎦<<strong>br</strong> />

ε P ( ω ) exp{<<strong>br</strong> />

i kz}<<strong>br</strong> />

(16.22)<<strong>br</strong> />

onde a polarização P3(ω3) e o campo gerado ∈3( ω3)<<strong>br</strong> />

tem a mesma direção,<<strong>br</strong> />

de forma que apenas suas amplitudes foram consideradas. O termo Δk =<<strong>br</strong> />

k1+k2-k3 é conhecido como desajuste de fases ou descasamento de fases.<<strong>br</strong> />

Como as amplitudes E1 e E2 são constantes, P3(ω3) também o será e a eq.<<strong>br</strong> />

(16.22) é facilmente integrada, resultado em:<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

μ0ω3<<strong>br</strong> />

∈ 3 ( z)<<strong>br</strong> />

= ε0P3<<strong>br</strong> />

( ω3)<<strong>br</strong> />

[ exp{<<strong>br</strong> />

iΔkz}<<strong>br</strong> />

−1]<<strong>br</strong> />

(16.23)<<strong>br</strong> />

2k<<strong>br</strong> />

Δk<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

onde a condição inicial ∈ 3 ( z = 0)<<strong>br</strong> />

foi usada. A intensidade do campo<<strong>br</strong> />

gerado em ω3 é dada por:<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

( z)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2 sen(<<strong>br</strong> />

kz/<<strong>br</strong> />

2)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

cn 0 3 P3<<strong>br</strong> />

( 3)<<strong>br</strong> />

⎡ Δ<<strong>br</strong> />

= ε ∈ ≈ ω<<strong>br</strong> />

⎤<<strong>br</strong> />

z (16.24)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎢⎣ Δkz/<<strong>br</strong> />

2 ⎥⎦<<strong>br</strong> />

que, de acordo com a eq. (16.21), é proporciona a I1 e I2. O gráfico desta<<strong>br</strong> />

intensidade como função de Δkz/2 está mostrado na Fig. 16.1. O primeiro<<strong>br</strong> />

zero ocorre em π e para um determinado Δk, o comprimento que a luz<<strong>br</strong> />

deve percorrer para atingir esta condição é o chamado comprimento de<<strong>br</strong> />

coerência, dado por ℓc = 2π/Δk. Por exemplo, se ℓc = 1 cm, Δk = 2π cm -1 e<<strong>br</strong> />

para a luz visível, Δk/k ≈ 10 -4 . A condição de máxima eficiência é atingida


<strong>Óptica</strong> não linear 303<<strong>br</strong> />

quando Δk = k3 – k1 – k2 = 0, que é chamada de condição de casamento de<<strong>br</strong> />

fase, ou conservação de momentum. Como ki = ωi n(ωi)/c, para atingir esta<<strong>br</strong> />

condição devemos ter: ω1 [n(ω3) - n(ω1)] + ω2 [n(ω3) - n(ω2)] = 0. Em<<strong>br</strong> />

cristais cúbicos com dispersão normal, n aumenta com ω, de forma que<<strong>br</strong> />

n(ω3) > n(ω1), n(ω2). Para se contornar este problema é necessário o uso<<strong>br</strong> />

de cristais anisotrópicos. Num cristal uniaxial negativo, por exemplo, o<<strong>br</strong> />

índice de retração extraordinário é menor que o ordinário e assim,<<strong>br</strong> />

escolhe-se uma direção de propagação e as polarizações dos feixes de tal<<strong>br</strong> />

maneira que a condição de casamento de fases seja satisfeita, como<<strong>br</strong> />

veremos adiante.<<strong>br</strong> />

−2 π −π 0<<strong>br</strong> />

π 2π Δkz/2<<strong>br</strong> />

Fig. 16.1 – Intensidade do campo gerado na soma de freqüências.<<strong>br</strong> />

Para completar esta seção, vamos tomar o caso particular em que<<strong>br</strong> />

ω1 = ω2 = ω e ω3 = 2ω, conhecido como geração de segundo harmônico.<<strong>br</strong> />

Como vimos, o comprimento de coerência satisfaz a condição Δkℓc =<<strong>br</strong> />

[k(2ω) – 2k(ω)] = 2π. Como k(ωi) = ωi n(ωi)/c temos:<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

I3<<strong>br</strong> />

[2ω n(2ω)/c – 2ω n(ω)/c]ℓc = 2k0 [n(2ω) – n(ω)]ℓc = 2π (16.25)<<strong>br</strong> />

Como k0 = ω/c = 2π/λ0, obtemos o comprimento de coerência como:<<strong>br</strong> />

l c =<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

(16.26)<<strong>br</strong> />

2[<<strong>br</strong> />

n(<<strong>br</strong> />

2ω)<<strong>br</strong> />

− n(<<strong>br</strong> />

ω)]


304<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> não linear<<strong>br</strong> />

Assim, se a diferença de índices for 0,05, por exemplo, o comprimento de<<strong>br</strong> />

coerência será de apenas 10 λ0. Podemos entender o significado do<<strong>br</strong> />

comprimento de coerência analisando a propagação dos campos<<strong>br</strong> />

fundamental e de segundo harmônico. Digamos que numa dada posição é<<strong>br</strong> />

gerado um campo de segundo harmônico, que se propaga com velocidade<<strong>br</strong> />

diferente da do fundamental. Ao percorrer uma distancia ℓc, o campo em<<strong>br</strong> />

2ω estará 180° fora de fase com o campo em ω e o segundo harmônico<<strong>br</strong> />

gerado nesta posição produzirá interferência destrutiva com o campo<<strong>br</strong> />

gerado anteriormente, levando ao primeiro mínimo (em π) da Fig. 16.1.<<strong>br</strong> />

Como visto, o casamento de fases ocorre quando n(2ω) = n(ω).<<strong>br</strong> />

Vamos tomar um cristal uniaxial com o eixo óptico na direção z e com o<<strong>br</strong> />

feixe fundamental polarizado na direção x (eixo ordinário), como mostra a<<strong>br</strong> />

Fig. 16.2(a). Queremos calcular em que direção deve ocorrer a propagação<<strong>br</strong> />

para que haja o casamento de fases. De acordo com a Fig.16.2 (b), o<<strong>br</strong> />

índice de refração efetivo para o campo em 2ω é dado pela expressão:<<strong>br</strong> />

[ n<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

( θ)]<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

cos θ<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

sen θ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

[ n ] [ n ]<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

(16.27)<<strong>br</strong> />

que corresponde à elipse maior da figura. Para haver casamento de fases<<strong>br</strong> />

devemos impor que no(ω) = n(2ω), ou seja, escolher um ângulo θm tal que:<<strong>br</strong> />

[ n<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

( θ<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

)]<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

cos<<strong>br</strong> />

[ n<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

o ]<<strong>br</strong> />

+<<strong>br</strong> />

sen<<strong>br</strong> />

[ n<<strong>br</strong> />

θ<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

e ]<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

[ n ]<<strong>br</strong> />

Com isso obtemos o ângulo de casamento de fases como:<<strong>br</strong> />

ω −2<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

sen o<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

m = 2ω<<strong>br</strong> />

−2<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

−2<<strong>br</strong> />

[ ne<<strong>br</strong> />

] −[<<strong>br</strong> />

no<<strong>br</strong> />

]<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

(16.28)<<strong>br</strong> />

[ n ] −[<<strong>br</strong> />

n ]<<strong>br</strong> />

θ (16.29)<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

Para o caso de um cristal de KDP (KH2PO4) temos ne<<strong>br</strong> />

= 1.466,<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

ne<<strong>br</strong> />

= 1.487, no<<strong>br</strong> />

= 1.506 e no<<strong>br</strong> />

= 1.534, para λ = 6943 Å, que é o<<strong>br</strong> />

comprimento de onda de operação de um laser de rubi. Com estes valores<<strong>br</strong> />

obtemos θm<<strong>br</strong> />

= 50.4 0 .


<strong>Óptica</strong> não linear 305<<strong>br</strong> />

O casamento de fases onde n(2ω) = no(ω) é chamado do tipo I.<<strong>br</strong> />

Existe ainda o tipo II, onde dois feixes fundamentais tem polarizações<<strong>br</strong> />

ortogonais tal que n(2ω) =1/2 [no(ω) + ne(ω)].<<strong>br</strong> />

E r<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

x (no)<<strong>br</strong> />

z (ne)<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

E2ω r<<strong>br</strong> />

y (no)<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

k r<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

ne ( θ)<<strong>br</strong> />

n (<<strong>br</strong> />

2ω<<strong>br</strong> />

o θ<<strong>br</strong> />

ω<<strong>br</strong> />

no ( θ)<<strong>br</strong> />

n 2ω<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

)<<strong>br</strong> />

( θ)<<strong>br</strong> />

(a) (b)<<strong>br</strong> />

Fig. 16.2 – (a) Geometria de propagação na geração de segundo harmônico e (b)<<strong>br</strong> />

índices de refração em função de θ para os feixes fundamental e de<<strong>br</strong> />

segundo harmônico.<<strong>br</strong> />

A discussão realizada nesta seção considerou não haver depleção<<strong>br</strong> />

do feixe fundamental. Entretanto, se o efeito não linear for grande, a<<strong>br</strong> />

amplitude do campo em ω diminuirá e assim, duas equações acopladas do<<strong>br</strong> />

tipo da equação (16.22) devem ser resolvidas, uma para o feixe<<strong>br</strong> />

fundamental e outra para o segundo harmônico. Não demonstraremos<<strong>br</strong> />

aqui, mas a solução para estas equações é:<<strong>br</strong> />

onde:<<strong>br</strong> />

I3 1<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

( z)<<strong>br</strong> />

= I ( 0)<<strong>br</strong> />

tanh ( Κ ∈ ( 0)<<strong>br</strong> />

z)<<strong>br</strong> />

(16.30)<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎛ μ0<<strong>br</strong> />

Κ = χ<<strong>br</strong> />

⎞ ω<<strong>br</strong> />

ijk ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />

(16.31)<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

⎝ ε0<<strong>br</strong> />

⎠ n ( ω)<<strong>br</strong> />

n(<<strong>br</strong> />

2ω)


306<<strong>br</strong> />

O gráfico desta função está mostrado na Fig. 16.3.<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

I 3 (L)/I 1 (0)<<strong>br</strong> />

<strong>Óptica</strong> não linear<<strong>br</strong> />

Fig. 16.3 – Geração de segundo harmônico com depleção do feixe fundamental.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio <strong>Óptica</strong> <strong>Moderna</strong> – <strong>Fundamentos</strong> e Aplicações<<strong>br</strong> />

I 1 (0)<<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

16.1. J. R. Reitz, F. J. Milford and R. W. Christy, <strong>Fundamentos</strong> da Teoria<<strong>br</strong> />

Eletromagnética, Editora Campus, RJ (1982)<<strong>br</strong> />

16.2. G. R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt, Rinehart and<<strong>br</strong> />

Winston, NY (1968).<<strong>br</strong> />

16.3. A. Yariv, Quantum Electronics, 3ª edição, John Wiley and Sons,<<strong>br</strong> />

NY (1989).<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

16.1. Usando o modelo do oscilador não harmônico, obtenha o<<strong>br</strong> />

deslocamento do elétron na freqüência ω1+ω2, dado pela eq. (16.7).<<strong>br</strong> />

16.2. Complete os passos que levam à eq. (16.19).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!